Você está na página 1de 45

1

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DE MACAÉ
ADMINISTRAÇÃO

JULIANA DE FARIAS FERNANDES OLIVEIRA

MOTIVAÇÕES PARA UMA VIDA MINIMALISTA E OS IMPACTOS NO


COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

MACAÉ/RJ
2018
2

JULIANA DE FARIAS FERNANDES OLIVEIRA

MOTIVAÇÕES PARA UMA VIDA MINIMALISTA E OS IMPACTOS NO


COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Monografia apresentada na disciplina do curso


de Administração de Empresas, como parte dos
requisitos necessários para obtenção do título
de Bacharel em Administração de Empresas.

Orientadora: Renata Céli

MACAÉ/RJ
2018
3

JULIANA DE FARIAS FERNANDES OLIVEIRA

MOTIVAÇÕES PARA UMA VIDA MINIMALISTA E OS IMPACTOS NO


COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Monografia apresentada na disciplina ao curso


de Administração de Empresas, como parte dos
requisitos necessários para obtenção do título
de Bacharel em Administração de Empresas.

Orientadora: Renata Céli

Aprovada em _______ de _________________________ de __________.

BANCA EXAMINADORA:

NOME DO PROFESSOR(A)

____________________________________________________

NOME DO PROFESSOR(A)

____________________________________________________

NOME DO PROFESSOR(A)

____________________________________________________
4

Dedico este trabalho a todos os que não se conformam com o status quo.
A cada um que nunca se encaixou, mas que, ao invés de se encaixar,
preferiu construir um mundo novo.
Aos que não se escondem, mas oferecem
o seu melhor ao mundo.
5

A simplicidade é o último grau de sofisticação.

Leonardo da Vinci
6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que, para mim, é o autor de todas as habilidades humanas.


Agradeço à minha família que se emociona a cada uma das minhas conquistas. Meu
obrigada mais especial à minha mãe que me ensinou a ler e a amar os livros e conhece o
valor da educação. À minha irmã Geo, minha melhor amiga da vida, somos duas
sonhadoras ousadas. Ao meu esposo Daniel, por estar ao meu lado e me ajudar a ser
corajosa frente aos desafios.
Agradeço a minha orientadora, Renata Céli. Graças a esta excelente professora
levei a produção do meu TCC de forma leve e me orgulho do trabalho que conclui. A cada
professor ao longo da minha trajetória que me ajudou a cultivar a vontade de aprender e me
iluminou com seu fascínio pelo conhecimento.
Agradeço aos amigos que fiz nesta instituição, cada um foi especial à sua
maneira. Bia, Fê, Karol e Raquel: obrigada pelas risadas sem fim.
7

RESUMO

O presente estudo investigou as motivações para uma vida minimalista e seus impactos no
consumo. Foram utilizadas para tal a pesquisa bibliográfica e a pesquisa exploratória por
meio de entrevistas em profundidade com pessoas que se consideram adeptas ao estilo de
vida minimalista. Ao concluir a pesquisa foi possível identificar que as motivações para
uma vida minimalista são principalmente de cunho pessoal. As principais motivações são a
busca pela liberdade e felicidade, desejo de melhor utilização do tempo e dinheiro. Aderir
ao estilo de vida minimalista leva a grandes mudanças no consumo que afetam a forma de
se vestir, se locomover, morar e até mesmo a forma como se dão os relacionamentos
intrapessoais e interpessoais.

Palavras-chave: minimalismo, estilo de vida minimalista, consumo, vida simples.


8

ABSTRACT

In the proposed study it was investigated the motivations for a minimalist life and its
impacts in the consumption of products. Some thorough interviews with people who
consider living the minimalist lifestyle were applied for these bibliographic and
exploratory research. Concluding the research, it was possible to identify the reasons why
people takes a minimalist lifestyle and they are mainly about personal stamp. The major
reasons are the quest for freedom and happiness, the wish of making better use of time and
money. To join the minimalist lifestyle brings big changes in the consumption, affecting
the way of dressing, moving, residing and so the way of relating either intrapersonal or
interpersonal relationships.

Keywords: minimalism, minimalist lifestyle, consumption, simple life.


9

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – Motivação Para Aderir Ao Minimalismo................................................32


10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................11
1.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................................12
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................12
1.3 DELIMITAÇÃO............................................................................................................12
1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA.............................................................................12
2 CONSUMO MINIMALISTA.........................................................................................14
2.1 O QUE É MINIMALISMO...........................................................................................14
2.2 MOTIVAÇÃO PARA SE TORNAR MINIMALISTA.................................................19
2.3 BENEFÍCIOS DE SE TORNAR MINIMALISTA........................................................22
3 METODOLOGIA...........................................................................................................25
3.1 QUANTO AOS FINS....................................................................................................25
3.2 QUANTO AOS MEIOS.................................................................................................25
3.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS..............................................................................25
3.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA.....................................................................................27
4 ANÁLISE DE RESULTADOS......................................................................................29
4.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS................................................................................29
4.2 O QUE É O ESTILO DE VIDA MINIMALISTA PARA OS ENTREVISTADOS.....29
4.3 MUDANÇA DE HÁBITOS APÓS ADERIR AO MINIMALISMO............................30
4.4 MOTIVAÇÃO................................................................................................................32
4.4.1 Influência da Família...................................................................................................32
4.4.2 Busca Por Mais Tempo e Dinheiro.............................................................................33
4.4.3 Busca Por Liberdade de Escolhas e Felicidade..........................................................33
4.4.4 Preocupação com a Natureza......................................................................................35
4.5 MUDANÇAS NOS HÁBITOS DE CONSUMO..........................................................35
4.6 BENEFÍCIOS.................................................................................................................37
4.7 DIFICULDADES...........................................................................................................39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................41
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................43
ANEXOS.............................................................................................................................45
11

INTRODUÇÃO

Ao nascer em uma sociedade consumista, as crianças aprendem que precisam


conquistar bens materiais para alcançar a felicidade. Durante toda a vida, somos
incentivados a trabalhar cada vez mais para consumir coisas ou experiências, sem ter um
momento de reflexão sobre estas escolhas. Para a sociedade brasileira, sucesso é sinônimo
de grande posse de bens materiais. O cenário atual no país é de consumo exacerbado e com
baixa consciência de escolha, a publicidade e diversos outros campos incentivam cada vez
mais o hiperconsumo (NEGRETTO, 2013).
O consumismo tem ocasionado danos irreparáveis ao meio ambiente por conta da
exploração excessiva dos recursos naturais e descarte inapropriado de resíduos. Cada vez
mais, são realizados estudos em busca de mensurar os efeitos do tão contemporâneo
hiperconsumo, nas mudanças climáticas, crises econômicas e no futuro do planeta
(CÂNDIDO, 2016). Consequentemente, pesquisas também têm sido feitas para investigar
práticas de consumo verde e consciente (PORTILHO, 2005; TÓDERO, MACKE e
BIASUZ, 2011; BRAGA JÚNIOR et al., 2012; SILVA, OLIVEIRA e GÓMEZ, 2013)
Com isso, hoje se vive em um ritmo acelerado, sempre em busca de consumir
mais, seja com a intenção de se sentir capaz, de pertencer a algum grupo, ostentar, ou por
inúmeras outras razões. Entretanto, existem pessoas que vão na direção oposta ao status
quo do consumo: são pessoas que buscam ter um estilo de vida minimalista. Estas pessoas
tem uma relação com o consumo que envolve maior reflexão do porquê e para que
consumir determinado bem. Os adeptos ao estilo de vida minimalista vão na contramão do
consumismo. Este estilo de vida se norteia pela busca pela libertação da pressão de ser um
turbo consumidor (CÂNDIDO, 2016).
Existem pesquisas já publicadas por autores nacionais e internacionais que
esclarecem o conceito do minimalismo, suas raízes históricas e como as pessoas o
praticam. Existe também um documentário no Netflix sobre Minimalismo que tem feito
muito sucesso e chamado a atenção das pessoas.
Nesse contexto, este trabalho buscou investigar qual a motivação para as pessoas
que buscam viver o estilo de vida minimalista. No contexto plural de nossa sociedade, é
interessante que pessoas diversas procurem por um objetivo comum que vai contra o estilo
de vida que é enaltecido: viver o excesso de consumo e cultivar relações baseadas em bens
12

materiais. Por este motivo, este estudo buscou entender os porquês motivacionais dos
adeptos ao consumo minimalista.

1.1 OBJETIVO GERAL

Este estudo objetiva investigar qual a motivação que impulsiona uma pessoa a
adotar o estilo de vida minimalista e quais são os impactos causados por este estilo de vida
no consumo.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

O estudo possui objetivos intermediários. São eles:


• Entender o que é minimalismo;
• Investigar as motivações para se adotar o minimalismo;
• Investigar como colocar o minimalismo em prática;
• Investigar se existem desafios relacionados à prática do minimalismo;
• Investigar quais são os impactos causados por este estilo de vida no consumo.

1.3 DELIMITAÇÃO

O estudo será uma investigação da motivação para se tornar um adepto ao


Minimalismo e seus impactos no consumo. Nesse contexto, a delimitação da pesquisa
consiste em focar nos consumidores que se autodenominam minimalistas, ou seja, pessoas
que que adotam práticas de consumo minimalistas no seu dia a dia. Esse público foi
encontrado em uma comunidade virtual no Facebook dedicada ao tema.

1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA:

O estudo do Minimalismo tem sua importância porque não existe apenas um tipo
de consumidor. Constantemente surgem novos grupos de consumo, com características
distintas e especificações do que pretendem consumir e o que não pretendem. Os adeptos
ao Minimalismo demandam um novo tipo de consumo e novos produtos ou serviços
13

podem ser oferecidos pensando especificamente neste público. Para tal, é preciso entendê-
lo na sua essência.
Este estudo será relevante para profissionais de administração, marketing e
diversos outros profissionais que se relacionam com os estudos relacionados ao consumo,
pois mostra um olhar diferente do ‘comum’ sobre hábitos dos consumidores.
Academicamente, este estudo será relevante para pesquisadores de diversas áreas do
conhecimento por abordar um tema ainda pouco explorado pela área de marketing.
Estudantes de áreas como marketing, ciências sociais e comportamento do consumidor,
além de outras, poderão encontrar respostas a alguns questionamentos relacionados ao
comportamento dos consumidores adeptos ao Minimalismo.
Do ponto de vista gerencial, este estudo é relevante por abordar um novo olhar
sobre o comportamento do consumidor, mostrando que existem consumidores que não se
encaixam no padrão de consumo mais praticado hoje. Conhecendo o estilo de consumo
minimalista, poderão ser tomadas decisões estratégicas mais acertadas pensando também
neste público, quando este for o objetivo.
14

2 CONSUMO MINIMALISTA

2.1 O QUE É MINIMALISMO

O conceito do Minimalismo é algo bastante amplo e plural, portanto, serão


expostas a seguir várias definições a cerca deste estilo de vida. Estas diversas definições
foram coletadas das obras dos autores citados abaixo.
Segundo Candido (2016) falar sobre redução no consumo hoje não é mais visto de
forma preconceituosa, como acontecia nos anos 1970. Entretanto, Puls e Becker (2018)
afirmam que se fala muito pouco sobre o que significa consumo e consumismo.
Conforme comentam Puls e Becker (2018) em seu trabalho sobre moda e o estilo
de vida minimalista, a expressão “minimalismo” vem do inglês “minimal art”, fazendo
referência a movimentos nova-iorquinos das décadas de 1950 e 1960.Este estilo de vida,
segundo as autoras, seria uma forma de pesar as prioridades e deixar de lado o que não está
agregando valor à vida de cada um.
Segundo Mota (2009) estes movimentos formaram uma corrente artística sobre os
elementos de expressão essenciais. Esta corrente influenciou a literatura, a música e, mais
fortemente, as artes plásticas. Foi desta corrente que se tornou conhecida a expressão
“menos é mais”, dita pelo arquiteto alemão Mies Van der Rohe.
Apesar destas constatações, estudando a história percebemos que a busca por uma
vida simples e com mais propósito é algo que alguns grupos já praticavam desde a
antiguidade. Um exemplo eram os santos hindus, que buscavam a simplicidade extrema e
viver uma vida com propósito. A história cita estes fatos numa época muito remota, cerca
de mil anos antes de Cristo. A filosofia na Grécia antiga também se baseava nestes mesmos
princípios. Portanto, a busca pela simplicidade já é antiga na história humana, sendo
sempre praticada por grupos específicos. Buda já dizia que quanto mais coisas temos, mais
precisamos nos preocupar (NEGRETTO, 2013).
Candido (2016) descreve que embora o ato de consumir seja presente em todas as
sociedades humanas, é no período pós revolução industrial que começa a surgir a
“Sociedade do Consumo”. Como consequência do consumo em massa que é praticado a
partir deste período, começam a surgir efeitos colaterais para o meio ambiente, como o
desmatamento excessivo e a poluição da terra, ar e água.
Para Rojas e Mocarzel (2015), o minimalismo é um movimento crescente que tem
a internet como lugar central de propagação e discussão. Rojas e Mocarzel (2015)
15

esclarecem que a ideia do minimalismo se desenvolve em torno do conceito de


simplicidade voluntária. Isso significa que o minimalismo costuma se iniciar com a
diminuição do consumo e se estende, posteriormente, às mais diversas áreas da vida de
seus adeptos. Ou seja, o Minimalismo vai de encontro ao consumismo, na sua filosofia e
hábitos.
Para Candido (2016, p. 34), “a escolha por uma vida simples é um processo
consciente que tem como propósito uma melhor qualidade de vida”. Entendendo que a
qualidade de vida é algo que pode ser considerado relativo para cada indivíduo, a
simplicidade ou minimalismo não devem ser conceituados de forma rígida. Entretanto,
segundo a própria autora citada acima, existe um quadro de valores no qual essas
percepções “se vinculam e se opõem”. Candido (2016, p. 37) explica que:

A autonomia em relação ao uso do tempo, relações e vínculos sociais profundos,


autonomia em relação “ao sistema”, vida com maior sentido e propósito e
redução de impactos ambientais são aspectos percebidos como positivos pelos
grupos estudados, os quais estão relacionados aos estilos de vida simples. Já a
ênfase na materialidade, na perda da autonomia em relação ao uso do próprio
tempo, perda das liberdades individuais, vida sem sentido e sem propósito,
relações e vínculos sociais superficiais e contribuição com a degradação
ambiental são aspectos relacionados a estilos de vida consumista, percebidos
como negativos pelos participantes dos debates.

Entretanto, “os significados da noção de simplicidade e o status atribuído ao que


seria uma vida simples não são homogêneos nem estáticos, mas mudam de sociedade para
sociedade e se transformam dentro de uma mesma estrutura social”, afirma Candido (2016,
p. 32).
Segundo Negretto (2013), as pessoas adeptas ao Minimalismo podem ter decisões
bem variadas acerca do consumo, já que decidir o que é essencial é uma escolha muito
particular de cada indivíduo. Assim, o minimalista pode consumir até mesmo produtos
considerados de luxo como um Macbook ou morar em uma casa grande, enquanto outros
podem preferir não ter nem mesmo um celular e morar numa casa pequena e simples. O
que se torna relevante é a reflexão, a liberdade de escolhas, e não quantas ou quais coisas
uma pessoa possui, já que não existe regra a este respeito. Estas questões superficiais são
consideradas de pouco valor. O que se deve levar em conta é do que é preciso abrir mão,
quais escolhas precisam ser feitas para ser livre da pressão da hipermodernidade.
16

Puls e Becker (2018) consideram o consumo consciente como algo que está
diretamente atrelado às questões pessoais de cada indivíduo. O que é essencial para um, em
questões de estilo de vida e consumo de bens, não necessariamente será para outro. Isto
acontece porque nossas decisões não são tomadas pensando sempre no coletivo. Portanto,
o minimalismo não é como uma “receita de bolo”, cada um o vive de acordo com sua
individualidade.
O minimalismo parte de uma ótica individual, na qual o indivíduo ressignifica o
consumo e muda suas práticas como forma de melhorar a própria vida. A noção de
coletividade também conta, mas não é o ponto central. A mudança é, primeiramente,
individual, vindo depois a consciência maior de coletividade (NEGRETTO, 2013).
Em sua pesquisa acerca da “vida simples”, que seria outra forma de nomear o
minimalismo, Candido (2016) explica que não é possível dimensionar com limites rígidos
o que seria a vida simples, já que este é um estilo de vida do qual participam pessoas de
diferentes culturas, religiões e partes geograficamente distintas do Brasil e do mundo. A
autora classificou os adeptos e as ações do minimalismo/vida simples em “pontuais ou
contínuas” e “duras ou flexíveis”. Ela explica cada uma dessas classificações (CANDIDO,
2016):

Defino como movimentos e ações flexíveis aqueles que se apresentam e se


posicionam de forma mais maleável, dando abertura para que seus adeptos
possam combinar o que é proposto com uma variedade de elementos na
composição dos seus estilos de vida. Já os movimentos duros são aqueles que se
posicionam e se percebem como propostas localizadas mais próximas da margem
da sociedade do consumo e do sistema capitalista, dando pouco espaço para
flexibilizações. São propostas de modos de vida mais distantes dos modos de
vida da sociedade do consumo, mas que de alguma forma se utilizam de
ferramentas e mecanismos do próprio sistema ao qual se opõem.

Puls e Becker (2018) seguem pela mesma linha de raciocínio, declarando que
enquanto muitos pensam que o minimalismo tem a ver com usar roupas dentro de uma
cartela que limita a variedade de cores e ter poucos acessórios, ele pode não ser nada disso,
ou muito mais que isso, a vida minimalista se relaciona com aprender a trabalhar o dia-a-
dia com consciência e significado. As autoras afirmam que a vida simples é sobre se
libertar dos excessos para se concentrar no que tem real sentido.
Concordando que aderir ao estilo de vida minimalista é se libertar dos excessos,
Negretto (2013) faz uma observação. A autora argumenta que talvez o estado de
17

consciência que leva a uma vida minimalista seja alcançado após o indivíduo ter acesso a
uma vida de luxos e excessos. Uma vez que ter mais poder aquisitivo e adquirir muitos
bens pode levar o indivíduo a refletir sobre o que é necessário e o que é supérfluo.
Candido, que se graduou em Ciências Sociais, trabalhou promovendo ações que
tinham como objetivo gerar conscientização sobre consumo e sustentabilidade. Algumas
das referências provenientes de dados secundários utilizadas neste estudo foram retiradas
de suas pesquisas. Candido (2016) cita que movimentos em busca da vida simples, mesmo
sem líderes, vão ganhando forma e dimensão casa vez maiores, como forma de oposição ao
estilo de consumo na modernidade. A autora afirma que o hiperconsumo é a aprofundação
no consumismo, o que levaria à “mercantilização da vida”.
Silva e Hor-Meyll (2016) citaram alguns dos valores básicos da simplicidade
determinados por Elgin e Mitchell (1977):
1. “simplicidade material”, que seria valorizar o ser mais do que o ter;
2. “escala humana”, ou seja, valorizar o consumo de produtos artesanais em
detrimento dos industrializados, para “reduzir a complexidade da vida”;
3. “autodeterminação” para ter mais domínio próprio;
4. “consciência ambiental”, ou seja, conservação dos recursos do planeta;
5. “crescimento pessoal” que inclui os aspectos relacionados à vida interior,
como crescimento espiritual, psicológico e autorrealização.

Candido (2016), interpreta que a sociedade contemporânea tem o consumo como


simbólico, ou seja, a construção e manutenção das relações são intermediadas pelo
consumo e uso de bens. Este conceito está associado aos Estudos Culturais e às teorias da
pós-modernidade. Isso significa que os bens expressam as “práticas e rituais’ das pessoas
que os utilizam, servindo assim, como forma de expressar a cultura dos mesmos, tornando-
a perceptível. O consumo simbólico, neste contexto, seria “uma forma de experimentar
diferentes versões do eu”.
Para Puls e Becker (2018), não seria correto afirmar que o estilo minimalista é
apenas evitar consumir, porque ele não está relacionado apenas a bens materiais. Mas com
o foco no que é essencial para o seu bem-estar, o adepto ao minimalismo acaba decidindo
por diminuir a quantidade de bens. É importante observar que este descarte não diz
respeito apenas a bens materiais, mas é também um processo mental.
18

Negretto (2013) confirma o mesmo pensamento ao mencionar que o


minimalismo não elimina o consumo, antes, está inserido no consumo, sendo apenas uma
forma consciente de fazê-lo. Optando por consumir o que é essencial, ao invés de comprar
apenas por desejo ou em busca de preencher algum vazio da vida. Este é um
comportamento que desafia o status quo, uma vez que a “moda” é comprar sem qualquer
questionamento ou reflexão, apenas com o intuito de autoafirmação e pertencimento a
determinadas tribos sociais. No consumo minimalista, há uma motivação individualista
proveniente de um grande autoconhecimento por parte do indivíduo que está praticando o
consumo.
Candido (2016) acrescenta que a forma vigente de consumo (o consumismo) tem
causado um grande desequilíbrio ao nosso planeta, por conta da exploração desenfreada de
matéria prima para a produção em massa. Assim, para os minimalistas, o consumo de bens
diminui, entretanto, eles passam a consumir mais experiências, como mostram Silva e Hor-
Meyll (2016, P.110):

Este é um achado relevante deste trabalho: o grupo ressaltou a valorização do


consumo de serviços. As experiências estavam relacionadas tanto a atividades
gratuitas, como a atividades que demandavam gastos financeiros, como viagens,
contato com a natureza, atividades culturais, cursos, contatos com familiares e
amigos, momentos de lazer e prática de esportes.

Negretto (2013) admite o mesmo pensamento de Candido ao mencionar que a


preocupação ambiental que hoje é uma preocupação para todo o mundo, assim como o
aquecimento global e desastres naturais está muito relacionada com o consumo
desenfreado. Principalmente porque o consumismo inconsequente gera demasiado
desperdício e lixo. Isto seria consequência da lógica da obsolescência programada, onde os
bens são pensados para ter vida útil curta e aumentar cada vez mais o desejo de consumo,
movimentando a economia.
Uma iniciativa global que comunica, de certa forma, o minimalismo, seria a Hora
do Planeta, que é praticada no Brasil desde 2009. Esta iniciativa, propõe, uma vez por ano,
em dia e horário pré-determinado, apagar as luzes por uma hora. A intenção é levar as
pessoas à reflexão sobre malefícios que o consumo tem causado ao planeta.
Para simplificar um pouco o conceito, Mota (2009) diz que minimalismo é
entender o que é essencial e eliminar todo o excesso. É neste sentido que os adeptos da
vida minimalista focam no consumo de bens mais duradouros, que não serão descartados
rapidamente e que não sejam supérfluos.
19

Entretanto, o consumo experiencial não deixa de fazer parte do consumo


minimalista. Uma vez que a pessoa adepta ao minimalismo deixa de comprometer seu
dinheiro com coisas fúteis ou de baixa qualidade, ele acaba o investindo no consumo de
serviços e experiências significantes, como, por exemplo: viagens, programas culturais e
momentos de lazer. O consumo experiencial é praticado tanto pelo minimalista quanto pelo
hiperconsumista (NEGRETTO, 2013). Entretanto, o minimalista parece considerar que o
consumo de experiências pode trazer mais satisfação do que o consumo de bens
(NEGRETTO, 2013).

2.2 MOTIVAÇÃO PARA SE TORNAR MINIMALISTA

Sobre o tema motivação, sabe-se que são várias. Este capítulo trata de estudos
ligados às motivações que levam pessoas a optarem por uma vida minimalista.
Candido (2016) cita que movimentos contra o consumo exagerado estiveram
presentes em vários momentos da história das sociedades. Estes movimentos eram
discursos contra o luxo, desperdício e consumo apenas por prazer. Na década de 1990,
quando o consumo exagerado veio a ser foco de estudo, percebeu-se que a crise ambiental
se deve, também, ao padrão elevado de consumo de bens.
Candido (2016) fala sobre um dos motivos que levariam pessoas a se tornarem
minimalistas. Ela explica que os impactos ambientais e sociais gerados pelos modelos de
produção e de consumo característicos da sociedade estão no centro de muitas das análises
relacionadas às mudanças climáticas, crises econômicas e ao futuro do planeta. Entre
outros, este é um importante motivo para que as práticas sejam revistas e assim o
movimento minimalista vai tomando forma.
Elgin e Mitchell (1977) e Elgin (2012) também ressaltam que muitos adeptos à
uma vida mais simples o fazem por causa de motivos ambientais, ou seja, porque têm uma
consciência ambiental e sabem que esse comportamento é benéfico para o planeta.
Já Negretto (2013) considera motivações pessoais e individualistas que levam o
indivíduo a aderir ao estilo de vida minimalista. Algumas destas motivações seriam a
vontade de obter alívio por se livrar das pressões sociais do consumismo,
autoconhecimento e maior controle sobre a própria vida. Assim, os indivíduos buscariam
alcançar estes benefícios através de uma vida mais simples, que inclui a diminuição da
quantidade de itens consumidos, bem com o descarte de bens anteriormente adquiridos que
possam ser considerados não essenciais. Estes efeitos almejados, de fato, são constatados
20

por indivíduos que decidem por viver uma vida minimalista, alcançando, muitas vezes, a
plenitude e o equilíbrio estimados.
Em seu estudo acerca das motivações para uma vida simples, Silva e Hor-Meyll
(2016), documentaram algumas motivações que levavam as pessoas a aderirem a este
estilo de vida. Seu estudo foi realizado em um grupo do Facebook, no qual as pessoas
discutiam sobre vida simples. Algumas das motivações percebidas foram: insatisfação com
o trabalho e insatisfação com o consumo exagerado. Conforme documentado, as pessoas
que participaram do estudo relataram que o desejo e a pressão pelo consumo exagerado
levavam as pessoas a trabalharem exageradamente para ter condições de arcar com os
custos de uma vida cara, mas que isso não estava lhes trazendo satisfação. Algumas
pessoas acrescentaram que a busca por uma vida de consumo seria como uma ilusão que
leva à frustração.
Silva e Hor-Meyll (2016) comentam que dentro do grupo, algumas pessoas
relataram terem deixado um trabalho remunerado, porém não prazeroso, para se dedicarem
a um trabalho com o qual se identificavam, mesmo com uma remuneração mais baixa.
Além disso, os mesmos passaram a usar o dinheiro ganho em atividades que lhes dessem
satisfação, ao contrário de apenas pagar luxos e extravagâncias. Ou seja, nesse caso, o
estudo de Silva e Hor-Meyll (2016) também revelou motivações pessoais para adotar esse
estilo de vida.
Negretto (2013) reforça este ponto quando diz que muitas pessoas procuram no
estilo de vida minimalista uma forma de desocupar espaço mental, com o objetivo de ter
melhores relacionamentos e viver uma vida com intenção, ao contrário de fazer o mesmo
que a maioria está fazendo, apenas para se “encaixar”. Um passo para uma ter vida com
mais propósito seria o “destralhamento mental”, não apenas esvaziando a casa de tudo que
não faz sentido, mas também os pensamentos e todas as atitudes do dia-a-dia.
Puls e Becker (2018) corroboram este ponto ao citar que algumas pessoas buscam
o minimalismo com a intenção de entender quais coisas são mais importantes para elas, no
sentido de descobrir seu propósito de vida. Elgin (2012) também vai nessa linha e o título
do seu livro inclusive cita que se trata de uma “vida exteriormente simples, mas
interiormente rico”.
Existe também, uma busca pela plenitude pelas pessoas que escolhem viver o
estilo de vida minimalista. O estilo de vida minimalista oferece uma ressignificação do
consumo, uma vez que o consumo é uma prática tão importante para minimalistas quanto
21

para consumismo. Apenas o significado é diferente: enquanto o consumista busca se sentir


completo, consumindo cada vez mais, o praticante do minimalismo busca a plenitude
através do controle que exerce sobre o consumo (NEGRETTO, 2013).
Silva e Hor-Meyll (2016) também ressaltam essa questão no estudo dos adeptos
da vida simples. Os autores mencionam que são pessoas que se diferenciam pelo não
consumo, enquanto as pessoas, de forma geral, buscam no consumo a diferenciação.
Candido (2016) confirma que não existe apenas uma motivação para as pessoas
que se tornam minimalistas, pois existe uma pluralidade de olhares, ideais e, acima de
tudo, interpretações do modo de viver a vida de cada um. As motivações são plurais.
Seguindo na mesma linha de pensamento de Candido (2016), Silva e Hor-Meyll
(2016) falam também sobre a motivação espiritual para se aderir ao minimalismo. Os
autores explicam que o termo espiritualidade não está relacionado a religião, mas seria um
termo que é o antônimo ao materialismo. Participantes da pesquisa realizada por Silva e
Hor-Meyll (2016) afirmaram que a espiritualidade foi um fator motivacional na opção de
aderir à vida simples, por considerarem que o essencial não está na matéria. A religião
também foi considerada um fator de influência para uma vida mais simples, uma vez que a
mesma os impulsionou a encontrar repostas para problemas pessoais na simplicidade
voluntária. Outra possível motivação apontada neste mesmo estudo, seria a necessidade de
dar sentido à vida. A vida simples seria como uma ferramenta para dedicar mais tempo as
coisas que para os participantes seriam consideradas mais importantes, como a convivência
com a família, por exemplo, dedicando mais tempo para os relacionamentos interpessoais e
intrapessoais.
Já Puls e Becker (2018) dizem que a principal razão para alguém aderir ao
minimalismo é a vontade de alcançar a realização pessoal, o equilíbrio e a plenitude. Os
minimalistas não buscam alcançar a felicidade através de bens materiais, porque eles
consideram impossível alcançar a realização dessa forma, já que uma coisa não estaria
ligada à outra. Isto vai totalmente contra o que é pregado pela sociedade consumista.
Negretto (2013) afirma que se, por um lado, o consumista pensa que sua vida será
melhor quando conseguir conquistar uma casa que considere ideal ou roupas de grife, o
minimalista, por outro lado, busca atingir a plenitude baseando-se em uma vida sem
supérfluos e outros bens que não considera necessários.
Outra motivação, citada pelo estudo de Silva e Hor-Meyll (2016), seria o resgate
de valores familiares. Pessoas de seu estudo relataram ter decidido voltar a ter uma vida
22

simples, como tinham na infância, por terem percebido que eram felizes com menos bens e
mais tempo para as coisas essenciais na vida. A “Libertação da Pressão da Sociedade”
também foi tida como fator importante para a decisão de ser adepto da simplicidade
voluntária. Não queriam mais “ser conduzidos por ambição profissional” ou viver em
busca de agradar a outros com suas posses, também não queriam se vestir de forma pré-
determinada pela moda. Os entrevistados sugeriram que gostam de se sentir livres do
consumo, para tal, eles procuram produzir alguns produtos em casa, como alimentos ou
produtos artesanais.
Para Candido (2016), na sociedade contemporânea existe uma maior autonomia
do indivíduo em relação ao consumo, pois, de certa forma, houve uma quebra na relação de
dependência entre status e estilo de vida. Conforme ela considera, as instituições não são,
no momento atual, influentes o suficiente para decidir pelo indivíduo, ou seja, está mais
forte a liberdade de escolha.

2.3 BENEFÍCIOS DE SE TORNAR MINIMALISTA

Existem diversos benefícios atrelados à decisão por uma vida minimalista. Os


benefícios são percebidos conforme os hábitos minimalistas são incorporados na vida do
participante. A seguir, serão expostas diversas visões a respeito dos benefícios trazidos
pela vida minimalista.
Puls e Becker (2018) falam sobre o maior benefício do minimalismo: a liberdade.
As autoras expõem que aderir a uma vida minimalista leva à libertação dos excessos, o que
abre espaço para focar naquilo que é essencial, ou seja: encontrar a felicidade e a
realização. A justificativa para esta afirmação seria que quando uma pessoa reflete sobre o
valor dos bens materiais e sua importância, ele tem a chance de avaliar e, assim, entender
quais desses bens trazem algo de positivo à sua vida e quais deles apenas ocupam espaço e
tempo, não contribuindo em nada.
É neste mesmo sentido que Puls e Becker (2018) afirmam que, em alguns casos, o
consumismo acaba escravizando as pessoas, pois as mesmas sempre buscam mais na
tentativa de satisfazer seus impulsos e desejos. Deste modo, o consumismo seria um
“impedimento à liberdade”.
Nesta perspectiva, segundo Negretto (2013 apud Santos 2008), é razoável afirmar
que vivemos para resolver questões relacionados ao consumo, ou seja, resolver problemas
23

causados pelos objetos que possuímos. A intenção do consumidor é que o consumo de


bens lhe traga luxo, conforto e facilite a vida, porém, quando o consumo é praticado sem a
crítica requerida, ele acaba trazendo mais problemas do que soluções. Um exemplo seria
quanto tempo pode ser perdido organizando um guarda roupa que abriga uma quantidade
desnecessária de peças. Já o consumidor minimalista é beneficiado, uma vez que não
precisa dedicar tanto tempo e recursos às coisas que possui. Deste modo, ele pode usufruir
de mais tempo e dinheiro para realizar atividades que considera mais relevantes, como o
cultivo de sonhos e relações sociais, desenvolvimento de uma consciência coletiva e da
espiritualidade.
Puls e Becker (2018) explicam que no minimalismo não há essa dependência de
estar sempre consumindo em excesso, para satisfazer-se, já que os adeptos ao minimalismo
buscam colocar seu foco nas relações e nas atividades que geram prazer e não
propriamente nos objetos. Isto, porque o minimalismo traz um novo modelo de consumo,
no qual a compra não é uma forma de aliviar tensões de uma vida desprovida de propósito,
a compra é algo consciente que se baseia no que é essencial para o indivíduo.
Segundo Negretto (2013) a “limpeza” que o estilo de vida minimalista traz
proporciona alcançar a felicidade através de práticas que levam a viver uma vida mais
simples, como o “destralhamento” mental. Isso porque a vida simples leva ao
contentamento, algo que dificilmente aconteceria no estilo de vida consumista. O
consumista consome cada vez mais por achar que terá uma vida melhor se possuir mais
objetos, já o minimalista acredita que terá felicidade se não tiver supérfulos consumindo
seu tempo e energia. Entretanto, a autora afirma que ter uma vida simples é questionar o
consumo exagerado, não deixar de consumir.
Elgin (2000) cita algumas mudanças que são percebidas entre os adeptos da vida
simples, são novos hábitos como passar mais tempo com a família, buscar ter uma
alimentação mais simples e de qualidade, trocar carros com altos níveis de poluição e
baixo custo-benefício por transporte público, dar preferência a carros mais eficientes ou
mesmo a bicicleta, trocar o consumismo por um nível de consumo reduzido, além de
consumir produtos de melhor qualidade, ou seja, que sejam mais duráveis, mesmo que
mais caros, boicotar produtos e serviços que sejam prestados/produzidos por meios
antiéticos, além de se envolver em causas pró meio ambiente e de defesa dos animais.
Os estudos de Silva e Hor-Meyll (2016, p. 110) apontaram os seguintes
benefícios:
24

Benefícios pessoais relatados envolveram felicidade, tranquilidade e maior


qualidade de vida (relacionados à vida mais prazerosa), saúde (devido à
alimentação saudável e redução de jornada de trabalho), economia (redução de
gastos desnecessários), economia de tempo gasto com trabalho excessivo e
compra de bens e liberdade (não se submeter à pressão social).

Por outro lado, os autores também identificaram pontos negativos, como a


falta de compreensão de amigos, que não aceitam sua nova forma de viver a vida (SILVA
e HOR-MEYLL, 2016).
Silva, Chauvel e Macedo-Soares (2012) também mencionaram os pontos positivos
e negativos. Os pontos positivos estariam ligados ao indivíduo de forma pessoal (como
felicidade e paz) e ligados à sociedade em geral (como a contribuição para a preservação
do planeta). Já os pontos negativos seriam a dificuldade de mudar os hábitos e o fato de
que eles estão “remando contra a maré”, ou seja, adotaram um estilo de vida que não é
adotado pela maioria. Essas questões acabam representando uma dificuldade na adoção
desse estilo de vida.
Entretanto, Negretto (2013) faz uma ressalva: estes benefícios são conquistados
gradualmente, uma vez que geralmente o processo de se aderir a uma vida minimalista é
lento e o percurso pode trazer muitos desconfortos. Isto é resultado do forte vínculo
simbólico que atribuímos às coisas que possuímos, por isso, pode ser difícil se libertar do
consumismo. Neste ponto, é perceptível mais um benefício de se a aderir ao minimalismo,
que é o auto aprendizado que proporciona crescimento ao se questionar o que manter e o
que deve ser descartado.
25

3 METODOLOGIA

Para a elaboração da presente pesquisa, foi considerado como critério de


classificação de pesquisa a proposta de Vergara (1990), que a qualifica em dois aspectos:
quanto aos fins e quanto aos meios.

3.1 QUANTO AOS FINS

Quanto aos fins, a metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória. De acordo


com Malhotra (2012, p. 59), “o objetivo da pesquisa exploratória é explorar ou fazer uma
busca em um problema ou em uma situação a fim de oferecer informações e maior
compreensão”. É uma pesquisa realizada quando um tema ainda foi pouco investigado. A
pesquisa foi realizada investigando diversos aspectos do minimalismo que foram
orientados pelos objetivos deste estudo.

3.2 QUANTO AOS MEIOS

Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica e de campo. A pesquisa de campo


foi realizada por meio de entrevista em profundidade, que consiste em uma técnica de
pesquisa qualitativa.
A pesquisa qualitativa é uma “metodologia de pesquisa não estruturada e
exploratória baseada em pequenas amostras que proporciona percepções e compreensão do
contexto do problema”. (MALHOTRA, 2012, p. 111).
Dentre os procedimentos de pesquisa qualitativa, optou-se pelas entrevistas em
profundidade, por serem adequadas ao problema de pesquisa. A entrevista em
profundidade é uma técnica de “entrevista não estruturada, direta, pessoal, em que um
único respondente é sondado por um único entrevistador (...). Uma entrevista em
profundidade pode levar de 30 minutos a mais de uma hora”. (MALHOTRA, 2012, p.
121).

3.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas em profundidade com 10


participantes de um grupo sobre minimalismo no Facebook. A pesquisadora, por meio do
26

seu perfil na rede social Facebook, começou a integrar uma comunidade virtual chamada
“Minimalismo”.
A comunidade é fechada, ou seja, para entrar, é preciso enviar uma solicitação de
participação e aguardar a autorização.
Após ingressar no grupo virtual, a pesquisadora passou a observar as conversas
entre os participantes, porém sem interagir com os mesmos.
O grupo Minimalismo possui cerca de trinta e quatro mil membros que utilizam o
grupo para troca de experiências sobre este estilo de vida. Diariamente as pessoas postam
dúvidas e pedem dicas sobre descarte, compras, organização da casa, organização
financeira, metas de vida, etc.
Após pedir autorização para o administrador da comunidade virtual, foi feita uma
postagem aberta no grupo recrutando entrevistados. A mensagem dizia.:

“Boa tarde! Estou fazendo meu TCC para a faculdade com o tema “Consumo
Minimalista” e preciso entrevistar voluntários para enriquecer o trabalho.
Gostaria de saber se alguém aqui do grupo gostaria de participar. A entrevista será via
Messenger ou WhatsApp e qualquer pessoa que adota o minimalismo como estilo de vida
pode participar.
Caso alguém se interesse, favor comentar aqui na publicação para já agendarmos a
nossa conversa.
Obrigada!”

Algumas pessoas se mostraram dispostas a participar voluntariamente da


entrevista. No total, foram entrevistadas 10 pessoas.
As entrevistas foram guiadas por um roteiro semiestruturado, que se encontra no
Anexo. O roteiro foi construído com base nos objetivos da pesquisa e na revisão da
literatura. Ele buscava investigar profundamente quais são as motivações que levam
pessoas a aderir ao estilo de vida minimalista, como se dá a relação das mesmas com o
consumo, bem como dificuldades e benefícios de praticar o consumo minimalista.
Também buscou-se saber o que é minimalismo na visão dos entrevistados.
As entrevistas foram feitas por meio de aplicativos de conversa, foram usados o
Messenger e o WhatsApp, a critério do entrevistado. Existem autores que defendem esse
tipo de entrevista em profundidade online, visto que nos dias de hoje, as pessoas
27

encontram-se conectadas a todo tempo, sendo, portanto, um novo meio de coletar dados
(NICOLACI-DA-COSTA; ROMÃO-DIAS; DI LUCCIO, 2009). As entrevistas foram
marcadas nos horários sugeridos pelos entrevistados, para que eles tivessem tempo e
disposição para participar da pesquisa.
Após as entrevistas, os dados foram analisados. Buscou-se analisar as entrevistas
como um todo, buscando pontos em comum e diferenças, e a análise das entrevistas
individuais de forma detalhada (NICOLACI-DA-COSTA; ROMÃO-DIAS; DI LUCCIO,
2009).
Os nomes dos entrevistados foram trocados por siglas para preservação de sua
identidade. Dessa forma, pretende-se deixar os entrevistados mais à vontade para
responderem e comentarem o que quiserem.
Para identificar os homens foi utilizada a inicial “H” e para as mulheres a inicial
“M”. Dessa forma, a identificação dos entrevistados ficou como M1, M2, H1, H2, e assim
por diante.

3.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Na presente pesquisa houve algumas limitações, as quais são expostas a seguir:


Considerando que a pesquisa de campo foi realizada através de entrevistas em
profundidade com um pequeno grupo de dez pessoas, os resultados não devem ser
generalizados, pois as respostas das entrevistas foram baseadas na experiência e percepção
individual de cada entrevistado.
A falta de experiência da pesquisadora é outra limitação, pois não havia feito
entrevistas em profundidade anteriormente (MALHOTRA, 2012).
Outra possível limitação é que não há garantias de que os entrevistados tenham
entendido perfeitamente todas as perguntas e algumas informações podem ter sido
omitidas pelos mesmos. Tendo em vista a intenção de reduzir a limitação de entendimento,
buscou-se prestar esclarecimentos sobre as perguntas sempre que necessário, para tal, as
entrevistas foram realizadas por meio da internet, que permite uma conversa em tempo
real. O uso da internet também atua no sentido de permitir que o entrevistado se sinta mais
à vontade para se expressar de acordo com sua vontade, já que há a impressão de distância,
pois não há uma presença no mesmo espaço físico.
28

Buscou-se também aprofundar sempre os questionamentos, perguntando se o


entrevistado tinha algo mais a acrescentar e solicitando esclarecimentos quando uma
resposta não ficava totalmente compreendida, para evitar incoerências ou qualquer dúvida
que pudesse surgir.
29

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS

O perfil dos entrevistados foi identificado de acordo com as informações


fornecidas pelos mesmos durante as entrevistas e organizadas de forma a tornar sua
compreensão mais simples.
É possível observar que foram entrevistados oito voluntários do sexo masculino e
duas voluntárias do sexo feminino. As idades variaram entre 23 e 43 anos. Cinco das 10
pessoas entrevistadas possuem filhos e três afirmaram morar sozinhas. Os voluntários são
todos brasileiros e residentes em diversas cidades do país.

4.2 O QUE É O ESTILO DE VIDA MINIMALISTA PARA OS ENTREVISTADOS

Os entrevistados relacionaram primeiramente o estilo de vida minimalista à


mudança nos hábitos de consumo. Todos os participantes responderam que se consideram
minimalistas por consumir pouco e evitar possuir coisas em excesso.
Os participantes foram unânimes em afirmar que ter um estilo de vida minimalista
é mudar a forma de se relacionar com o consumo e até de pensar do indivíduo. Alguns
afirmaram que é buscar uma vida totalmente livre de supérfulos, enquanto outros
acreditam que há espaço para pequenos luxos algumas vezes. Interessante notar que os
conceitos de “luxo”, “supérfluo” e “essencial” se mostrou variado nas entrevistas, assim
como aponta Negretto (2013), cada indivíduo tem a sua percepção a respeito destas
classificações. Os entrevistados citaram que se sentem indo “contra a maré” ao optarem
pelo estilo de vida minimalista. Isto está ligado ao que Candido (2016) fala sobre a
“sociedade do consumo”
Foram dadas diferentes respostas para a pergunta “Para você, o que significa ter
uma vida minimalista?”.

Viver com poucas coisas, sem excessos, permitindo alguns luxos às vezes.
Um iPhone eu considero um luxo, pois tem smartphones que fazem o mesmo por
1/3 do valor ou menos. Mas eu tenho um iPhone e gosto muito dele. Um carro
maior pode ser um luxo se não precisamos dele, sendo que um usado e menor
também serviria na maioria dos casos. (ENTREVISTADO H1)

Já a entrevistada M3 acredita que ter o estilo de vida minimalista é “viver com o


básico, de forma confortável, claro, mas sem supérfluos e excessos”. A participante M8 diz
30

que, para ela, ter um estilo de vida minimalista é gastar menos dinheiro com coisas
“inúteis”. M6 acrescenta que, em sua opinião, o estilo de vida minimalista é tirar o foco
dos bens materiais e focar nas pessoas e no cuidado com o meio ambiente: “O estilo de
vida minimalista é ter uma vida com a felicidade em aproveitar momentos e pessoas e não
em ter mais coisas. E também reduzir o volume de lixo que produzimos.”
A entrevistada M4, afirma que ter uma vida minimalista é voltar atenção para si
mesma e viver orientada pelo seu propósito e não pela mídia ou vontade de outros. Sobre
o que significa ter um estilo de vida minimalista ela diz: “penso que significa olhar para o
outro com mais criticidade e humanidade e viver segundo nossos próprios desejos.”
A grande variedade de opiniões individuais sobre o minimalismo está de acordo
com o que afirma Cândido (2016) em seu estudo. Cândido diz que o conceito de
minimalismo não é apenas um, mas múltiplo, já que cada indivíduo o vive de acordo com a
sua realidade de forma única. Cândido explica que não há necessidade de definir um
conceito engessado, uma vez que o minimalismo não é estático, mas muda de uma
sociedade para outra e transforma-se dentro de cada sociedade.

4.3 MUDANÇA DE HÁBITOS APÓS ADERIR AO ESTILO DE VIDA


MINIMALISTA

Em geral, houve dois grupos percebidos na pesquisa: um composto por pessoas


que consideram que foram educadas pela família a ter uma vida simples e consumir de
forma consciente. Já o segundo grupo, é composto por pessoas que se consideravam
consumistas e em algum momento resolveram buscar um estilo de vida diferente e
acabaram encontrando o minimalismo. Todos os entrevistados afirmaram ter conhecido
este estilo de vida pela internet, através de documentários, grupos sugeridos pelo
Facebook, blogs e outros espaços virtuais.
Os entrevistados que afirmam que já viviam uma vida simples antes de conhecer o
minimalismo, percebem que passaram a viver com mais propósito após conhecerem o
conceito e pesquisar mais a fundo.
Já os entrevistados que antes se consideravam consumistas, passaram a aderir ao
minimalismo pouco a pouco, começando por mudar hábitos de consumo do dia a dia, como
adquirir menos roupas e outros objetos e aderir ao “destralhe”. “Destralhe” ou “desapego”
é um termo muito utilizado entre os consumidores minimalistas. Estes termos são usados
31

para se referir ao descarte de bens que não estejam sendo úteis. Geralmente este descarte é
feito em forma de doação ou troca com amigos. A entrevistada M4 relata que tem realizado
grandes mudanças em sua vida após aderir ao estilo de vida minimalista.

Hoje eu penso com muito mais criticidade e clareza sobre a vida. Aplico o
minimalismo em várias coisas na minha vida: alimentação, vestimenta,
decoração, criação do meu filho, compro com muito mais responsabilidade. [...]
meu filho, por exemplo, mostra que não precisa de muitas coisas que a indústria
inventa. Eu reciclo muita coisa que acaba servindo como brinquedo e percebo
que chama muito mais a atenção dele. Ele adora brincar com garrafa PET e
várias outras coisas que não são brinquedo e acabam sendo. (ENTREVISTADA
M4)

Ela continua relatando que usa o minimalismo como parâmetro para muitas
decisões em sua vida. A entrevistada conta que decidiu parar de trabalhar fora para se
dedicar completamente à educação do filho e isso foi possível por adotar este estilo de
vida. Ela explica que tomou essa decisão baseando-se na lógica financeira da família e
também no que considera mais importante oferecer ao seu filho nos primeiros anos de sua
vida: “Por essa razão, escolhi ser presente ao invés de dar presentes. Ser presente é
essencial.”
A entrevistada M3 avaliou que busca ter um estilo de vida minimalista até no que
diz respeito a relacionamentos e experiências, buscando viver de forma alinhada com seus
valores.

As amizades também são avaliadas com mais critério, o que exponho diante dos
meus sentidos são coisas de utilidade para meu melhoramento pessoal, moral e
espiritual. Em relação a conversas, também costumo falar (tento) assuntos de
valor moral, espiritual, evitando frivolidades, fofocas, maledicências,
julgamentos. Esse é um processo mais demorado (o de não comentar certos
acontecimentos da vida de alguém). (ENTREVISTADA M3)

Puls e Becker (2018) registram em seu estudo que o minimalismo não está
relacionado apenas a posses, mas também a todos os outros aspectos da vida, assim como
relatou a entrevistada M3. Puls e Becker dizem que o consumo é uma parte do
minimalismo, mas não o único aspecto, por isso, muitos de seus adeptos o estendem para
relacionamentos e muitas outras áreas da vida.
32

4.4 MOTIVAÇÃO

Os participantes da pesquisa de campo deixaram claro que existem diversas


motivações para aderir ao estilo de vida minimalista. Ao mesmo tempo que as motivações
são diferentes para cada pessoa, cada uma apresentou várias motivações. As principais
motivações foram as apontadas na Tabela 1, a seguir:

Tabela 1 – Motivação Para Aderir ao Minimalismo

Motivação Para Aderir ao Minimalismo


Motivações Pessoais Motivações ambientais
Busca por liberdade e felicidade
Influência da família Preocupação com desmatamento
Busca por mais tempo livre e dinheiro Preocupação com uso de recursos naturais

As motivações foram divididas em motivações pessoais e motivações ambientais.


Dentre as motivações pessoais estão a busca por liberdade e felicidade, influência dos
familiares e a busca por mais tempo livre disponível e por mais dinheiro. Dentre as
motivações ambientais estão as preocupações com o desmatamento e com os recursos
naturais do planeta. Essas motivações estão mais detalhadas a seguir.

4.4.1 Influência da Família

Alguns participantes da pesquisa afirmaram que desde a infância foram ensinados


pela família sobre o valor do dinheiro e a pensar criticamente antes de adquirir qualquer
produto. Estes participantes vieram de famílias com baixo poder aquisitivo e tiveram uma
infância e adolescência sem luxos. Ao chegar à etapa da vida adulta, melhoraram seu
padrão financeiro, mas continuaram consumindo de forma contida, ou seja, menos do que a
maioria de seus colegas de trabalho e amigos consomem.
Silva e Hor-Meyll (2016) falam sobre o resgate de valores familiares como
motivação para a vida minimalista. No caso das pessoas que decidiram se manter numa
vida simples mesmo quando seu poder de consumo aumentou, é possível dizer que eles
tiveram como motivação a manutenção dos valores familiares por valorizarem coisas
simples, mas que consideram essenciais, como passar tempo com a família e amigos.
33

Os entrevistados que já vinham de uma família que praticava uma vida simples,
seja pela falta de recursos ou por escolha, afirmam que tiveram seus valores familiares
reforçados ao conhecer o minimalismo.
Já os outros entrevistados, viviam uma vida de consumo com pouca reflexão e
buscavam um estilo de vida que gerasse menos estresse e pressão causada pelo
hiperconsumo. Eles estavam em busca de uma vida leve e com praticidade. H1 diz que
desde a adolescência sempre prezou pela simplicidade, buscando economizar e ter atitudes
objetivas. Segundo ele, ainda não conhecia a expressão “minimalismo”, mas já seguia
vários pontos que o estilo de vida aborda, como comprar conscientemente e evitar
desperdícios.

4.4.2 Busca Por Mais Tempo e Dinheiro

A entrevistada M5 avalia que gastava muito dinheiro e tempo comprando coisas


que julgava inúteis. Passava muito tempo trabalhando para adquirir dinheiro e depois
escolhendo o que comprar, além do tempo que demandava manter tudo em ordem. Quando
conheceu o minimalismo através do documentário “Minimalism”, ela se identificou como
consumista e percebeu que poderia dispor de mais tempo e dinheiro se mudasse seus
hábitos. M5 conta que nem mesmo utilizava muitas coisas que estavam ocupando espaço
em sua casa.
A motivação “busca por mais tempo e dinheiro” foi citada pela maior parte dos
entrevistados. Alguns comentam que gastavam muito dinheiro com coisas que não
consideravam prioridade. Outros falam sobre gastar muito tempo organizando objetos que
muitas vezes nem eram utilizados, estavam em suas casas apenas por apego. Em relação ao
vestuário foi relatado que ter um excesso de peças demanda muito tempo na hora de se
arrumar para algum compromisso. O entrevistado H1 relatou que possuindo apenas uma
calça de boa qualidade para trabalhar, ele pode usar a mesma a semana inteira, sem se
preocupar em escolher.

4.4.3 Busca Por Liberdade e Felicidade


34

Duas participantes relataram ter aderido ao minimalismo momentos chave de suas


vidas. A M1 acredita que o término de um namoro a impulsionou a efetuar uma mudança
em sua vida. Foi nesta mesma época que ela conheceu o estilo de vida minimalista e se
identificou com as ideias apresentadas no documentário “The Minimalism”. A partir de
então, ela começou a pesquisar mais a fundo e aderiu a este estilo para sua vida.
Já a participante M4 descobriu o estilo de vida quando estava vivendo um
momento de grande transição: a maternidade. Ela relata que adotou o minimalismo como
estilo de vida após perceber que estava vivendo a vida que outros queriam para ela, ou seja,
segundo os “padrões imposto pela sociedade” e que não estava tomando suas decisões com
base em suas próprias convicções. A entrevistada M4 acredita que o estilo de vida
minimalista leva o indivíduo por um caminho de mais liberdade e, consequentemente,
felicidade. Sobre isto, M4 afirma: “Penso que não devemos nos importar com o que o
sistema espera de nós... precisamos olhar para o essencial e invisível, dentro de nós, e
escolher o lugar que desejamos ocupar no mundo, seja onde for, esse lugar é o nosso!”
O que a entrevistada M4 relata está de acordo com as descobertas da pesquisa de
Silva e Hor-Meyll (2016) que falam sobre a “libertação da pressão da sociedade”: a
entrevistada percebeu que não estava vivendo de acordo com seus próprios sonhos e
desejos e isto foi uma de suas motivações para aderir ao minimalismo.
Um pensamento que define bem a liberdade que os praticantes do minimalismo
buscam é o citado pelo entrevistado H1 que diz que “quanto mais coisas você tem, mais
tem com o que se preocupar”. O oposto dessa preocupação com coisas materiais, seria a
liberdade de possuir poucas coisas. A entrevistada M6 relata que decidiu aderir ao estilo
de vida minimalista após perceber que era mais feliz quando tinha menos coisas com as
quais se preocupar.

Passei 29 dias viajando com meu esposo com 2 malas, foi o período mais feliz
deste ano. Quando cheguei em casa me dei conta de que tinha muita coisa e
definitivamente não preciso de todas elas para ser feliz. Eu prefiro gastar meu
dinheiro e energias em planejar viagens, encontro com amigos.
(ENTREVISTADA M6)

A entrevistada M2 cita que ao fazer um intercâmbio na Alemanha percebeu que as


pessoas têm mais liberdade para se vestir como gostam e comprar apenas o que realmente
querem. Ela conta que percebeu que havia mais liberdade, porque as pessoas pareciam
estar mais preocupadas com o “ser” do que com o “ter”. Mesmo que eles não se
denominassem como minimalistas, as atitudes daquele povo despertaram algo novo para
35

ela: a vontade de ter uma vida mais simples, porque ela se sentiu “em casa” em meio aos
hábitos que observava dos alemães.
Puls e Becker (2018) e Negretto (2013) enriquecem este raciocínio ao pontuar que
os minimalistas não buscam a felicidade em posses materiais, por acreditarem que isto é
impossível, assim, eles veem o afastamento dos bens materiais em excesso como um
caminho para a felicidade.
A entrevistada M5 afirma que se sentia cansada mentalmente por ter tantos
objetos com os quais se preocupar, principalmente porque costuma se mudar a cada dois
anos. Ela decidiu aderir ao minimalismo para se livrar de toda esta carga e se sentir mais
livre de coisas materiais. Ou seja, se libertar da ansiedade que sentia. Ela sentia que o
excesso de coisas a limitava de viver a vida que almejava para si.

4.4.4 Preocupações Ambientais

Alguns entrevistados declararam buscar uma vida de consumo minimalista para


diminuir o prejuízo que o consumo em si causa à natureza. Um exemplo é a declaração da
participante M3 que diz que decidiu aderir ao ver que é necessário evitar o excesso de
consumo para amenizar “nosso impacto no planeta”. A participante também segue a
filosofia de vida vegana, que tem como premissa o respeito aos animais e a natureza de
forma geral. Após adotar o estilo de vida vegano, decidiu adotar também o estilo de vida
minimalista. Elgin e Mitchell (1977) e Elgin (2012) citam que é expressiva a motivação
ambiental para as pessoas que aderem ao minimalismo.
Entretanto, foi possível notar que esta motivação não foi apontada como principal
neste estudo, a motivação ambiental nem mesmo foi citada pela maioria dos entrevistados.
Portanto, o resultado encontrado em relação à motivação ambiental está mais de acordo
com o estudo de Negretto (2013) que considera que as motivações para o estilo de vida
minimalista são geralmente de origem pessoal. As mesmas observações podem ser
encontradas na pesquisa de Silva e Hor-Meyll (2016).

4.5 MUDANÇAS NOS HÁBITOS DE CONSUMO


36

A entrevistada M6 diz que após aderir ao estilo de vida minimalista, passou a


pensar melhor antes de adquirir algo. Além disso, está sempre pensando o que pode ser
descartado, até que chegue a ter apenas o que considera necessário. Ela afirma que, em
relação ao consumo, é necessário reprogramar os pensamentos para minimizar as
influências sociais e da mídia que “nos faz acreditar que precisamos ter para ser feliz”.
A participante M1 relata que desde que aderiu ao minimalismo, evita qualquer
compra de excessos:

[...] é mais no sentido de evitar o consumismo exacerbado mesmo. Evitar


compras desnecessárias, coisas que se acumulam, não possuem funcionalidade
ou até possuem alguma que é irrelevante. Isso me economiza tempo de vida.
Gasta-se menos tempo arrumando menos coisas, menos dinheiro e,
consequentemente, sobra mais tempo e mais dinheiro para aproveitar com as
coisas que realmente importam. (ENTREVISTADA M1)

Alguns entrevistados afirmaram preferir morar em residências alugadas do que ter


a sensação de estarem “presos” a um lugar fixo e ter que arcar com uma dívida tão longa
como um financiamento de um imóvel. Assim, podem se mudar conforme sua vontade ou
necessidade.
O entrevistado H1 descreveu como muitos de seus hábitos mudaram, até mesmo
algumas ambições não são mais as mesmas, como o antigo sonho de ter uma biblioteca:
“Antes [de aderir ao estilo de vida minimalista] sonhava em ter uma biblioteca, mas
comprei um Kindle [aparelho eletrônico para ler e-books] e doei uns 30 livros para
biblioteca da empresa”. Ele relata que sempre busca consumir a medida do que precisa, só
comprando coisas novas para substituir as antigas, ao invés de ter vários objetos com
mesma função.

Tenho uma boa calça jeans (discreta) para trabalhar e uso a mesma a semana
inteira, trabalho administrativo, não suja. Não preciso me preocupar em escolher.
As camisas são uniforme, então [tenho] várias. Um tênis para trabalhar outro
para sair, peças chave, sem erro, sem preocupação. Quem precisa se preocupar
com essas coisinhas, é menos satisfeito. (ENTREVISTADO H1)

Os entrevistados comentaram que costumam avaliar cautelosamente se a


necessidade de adquirir determinado item é real quando vão às compras. Eles afirmam que
muitas vezes as pessoas são levadas a consumir por impulso, seja para “ostentar” ou
preencher carências emocionais em alguma área da vida ou comprar como válvula de
37

escape para o estresse e a ansiedade. Planejando bem as compras, eles buscam fugir de
compras que não sejam necessárias. Nas ocasiões de compra, alguns entrevistados
comentaram que optam por comprar produtos de segunda mão ou produtos de alta
qualidade, que possam durar mais tempo. Alguns citaram que preferem ter poucas coisas
de alta qualidade do que muitas coisas de baixa qualidade.
As mudanças nos hábitos de consumo citadas pelos entrevistados estão de acordo
com as referências encontradas nas pesquisas de Silva e Hor-Meyll (2016), Elgin (2000),
Negretto (2013) e Puls e Becker (2018), pois as mudanças adotadas foram no sentindo de
passar a consumir de forma mais planejada, optando por produtos de melhor qualidade,
mesmo que com preço mais elevado. Além de passar a ter hábitos de alimentação mais
caseiros, ao invés de comprar comidas já prontas, por exemplo. Percebe-se também a
diminuição da quantidade de compras realizadas.

4.6 BENEFÍCIOS

Para M3, ter uma vida minimalista é sinônimo de viver melhor, ser mais com
menos. Todos os entrevistados afirmaram perceber muitos benefícios na vida minimalista.

Bom, economizei grana. Mas o melhor mesmo tem sido a mudança na forma de
ver o mundo e a natureza. Ampliou meu senso de responsabilidade com o
cuidado com o planeta. Eu me sinto melhor em ser assim, melhor comigo
mesma, como se não devesse tanto a Deus e ao todo. (ENTREVISTADA M3)

Foi muito citada nas entrevistas o papel de ajudar a compreender a identidade do


indivíduo, de se perceber como singular. Segundo M3, ter o seu mínimo necessário bem
definido ajuda a dar norte a vida e à própria identidade, mesmo que de forma temporária
ou transitória. Ela diz ter se tornado menos apegada a objetos. Outro benefício muito citado
foi uma menor dependência dos bens materiais. A entrevistada M6 citou o fato de estar
menos rodeada de lembranças que são atribuídas aos objetos como uma vantagem do
consumo minimalista. Ela busca descartar objetos que não trazem sentimentos positivos.
Vários participantes disseram se sentir menos “pertencentes” às coisas que
possuíam e mais donos do próprio tempo, dinheiro, mais donos da própria decisão, assim
como a participante M3 que disse que após aderir ao minimalismo se sente mais apta a
doar objetos que não usa mais e até a receber doações de outros, como forma de gerar
38

menos demanda. Ao receber doações e, consequentemente, comprar menos, outro


benefício é percebido: a economia de dinheiro.
A economia de dinheiro foi citada por todos os participantes como um grande
benefício do minimalismo. A entrevistada M6 vê como benefício do estilo de vida
minimalista ter mais dinheiro e tempo para gastar com o que mais gosta de fazer, como
viajar e passar tempo com os amigos. Portanto, muitos passaram a adotar o minimalismo
com a motivação de ter mais tempo e dinheiro e, de fato, conseguiram conquistar esses
objetivos.
Uma vida mais “leve” no sentido de ter menos responsabilidades é também citada
por muitos dos entrevistados como um ponto positivo do minimalismo. Segundo eles, o
apego aos bens materiais restringe a liberdade, uma vez que cada pessoa deve se sentir
responsável por tudo que compra e muitas destas compras geram mais estresse e perda de
tempo do que conforto e felicidade.
Assim como o entrevistado H1, vários outros citaram a leveza, sensação de paz,
limpeza mental e economia de dinheiro como benefícios ao aderir uma vida minimalista.
“Satisfação” foi uma palavra muito utilizada para descrever como se sentem em relação a
este estilo de vida. Assim como a expressão “vida com proposto”, já que os adeptos ao
consumo minimalista buscam encontrar um propósito em tudo que fazem. Segundo os
participantes, ao selecionar melhor as amizades, pessoas que eles seguem nas redes sociais,
influências, locais onde frequenta eles aumentam seu nível de felicidade e sensação de
liberdade, pois diminuem a pressão na rotina, além de irem a eventos que realmente
querem ir e fazer coisas nas quais veem significado. M10 explica que ao aceitar um
excesso de demandas o resultado pode ser atender mal a todas elas ou não atender de fato
nenhuma. Estas demandas podem ser de trabalho, amizades, objetos ou estar relacionadas a
qualquer outra área da vida.
Silva e Hor-Meyll (2016) falam sobre a limpeza mental proporcionada pela vida
simples que levam a benefícios como não estar submetido à pressão do consumismo,
aceitar menos demandas, mais saúde, economia de dinheiro e a felicidade.
Os mesmos também comentam que após conhecer a teoria acerca do consumo
minimalista, passaram a intensificar suas atitudes de consumo consciente, não-desperdício
e não-acúmulo. Uma entrevistada citou que mesmo tendo tido sempre uma vida sem
muitos bens, após conhecer o conceito do minimalismo passou a evitar o desperdício de
alimentos com mais sucesso.
39

A entrevistada M4, que pratica o consumo minimalista há um ano, afirma que o


estilo de vida minimalista ajuda o indivíduo a olhar para dentro de si com mais atenção e a
viver segundo seu próprio propósito e não para atender a vontade de terceiros. Isto está de
acordo com o benefício que Negretto (2013) chama de “destralhamento mental”, que é o
conjunto de atitudes orientadas pelo estilo de vida minimalista que levam a ter uma vida
mais “leve” e feliz.
Pode-se verificar que os principais benefícios apontados foram:
• Economia de dinheiro;
• Melhor uso do tempo;
• Autoconhecimento;
• Menor dependência de bens materiais;
• Mais liberdade;
• Satisfação
• Limpeza mental
• Felicidade

4.7 DIFICULDADES

Duas dificuldades foram as mais apontadas durante a pesquisa, a primeira foi a


pressão de consumir exercida por outras pessoas, principalmente pessoas próximas como
parentes e amigos. A segunda dificuldade mais citada foi apego a bens materiais, como
objetos de valor sentimental.
A entrevistada M2 comenta que desde o primeiro emprego que teve após a
graduação, começou a sofrer pressão dos colegas de trabalho para gastar adquirindo
diversos itens. Ela guardava seus recursos em uma poupança para quando fosse sair da
casa dos pais e para viajar, que era o seu desejo. Mas ela conta que os colegas não
aceitavam que ela mantivesse o mesmo celular por muito tempo e a tratavam de forma
desagradável por ela escolher usar o transporte público ao invés de adquirir um carro. Ela
conta que passou momentos de estresse pelo tratamento que recebia dos colegas da
empresa, mas manteve seus objetivos.
A entrevistada M3 diz que a única dificuldade que teve ao aderir ao minimalismo
como estilo de vida foi ter que suportar as provocações feitas pelos parentes e amigos. Ela
40

conta que usa roupas e calçados de brechó e era muito criticada por isso, o que a fazia se
sentir envergonhada. A entrevistada também relata que desde que casou sofre pressão da
família para comprar um apartamento financiado, que não é o seu desejo nem de seu
marido, já que eles não têm vontade de morar por longos períodos em um único lugar,
então preferem manter uma casa alugada. A família diz “sentir pena” do casal, por achar
que eles querem comprar um apartamento, mas negam este desejo por não ter dinheiro. A
entrevistada M5 concorda neste ponto, ela diz que “às vezes é difícil se fazer entender por
quem não concorda ou apenas não leva este estilo de vida”.
Já a entrevistada M1 comenta que existe uma discriminação de acordo com a forma
como a pessoa se apresenta, por exemplo: vestindo-se de forma simples ou quando opta
por não possuir carro. Ela chega a citar um conhecido que quando vai visitar um cliente
aluga um carro, pois sabe que será prejulgado como malsucedido se chegar até lá por
meios de transporte alternativos, desacreditando sua capacidade profissional.
A entrevistada M6 afirmou que sua maior dificuldade é se desfazer de objetos aos
quais ela atribuiu valor sentimental. Além disso, ela acrescenta que é necessário ter
disciplina e muita força de vontade para praticar este estilo de vida e isto nem sempre é
fácil. A entrevistada M5 reforça este pensamento, pois também considera difícil se
desfazer de alguns objetos, como presentes que tenha recebido no passado.
As dificuldades relatadas pelos entrevistados, estão de acordo com os estudos de
Negretto que apontam que o processo de se tornar minimalista é gradual e é um processo
de grandes mudanças de hábitos. Estas mudanças de hábito muitas vezes incluem aprender
a ressignificar a relação que se tem com objetos e isto pode ser difícil para muitos. Silva e
Hor-Meyll (2016) também encontraram em seus estudos que os adeptos de uma vida mais
simples são incompreendidos pelas pessoas – familiares e amigos, o que foi chamado de
isolamento social.
Portanto, por mais que seja um estilo de vida que traz felicidade aos seus adeptos e
diversos outros benefícios, também existe um outro lado com dificuldades percebidas.
Porém, mesmo com essas dificuldades, os entrevistados continuam dispostos a praticar o
minimalismo, pois, para eles, é um estilo de vida que lhes dá um propósito de vida com o
qual se identificam.
As dificuldades mais citadas foram:
• Pressão exercida por pessoas próximas para consumir mais;
• Dificuldade para desapegar de bens materiais;
41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível notar que não há uma grande variedade de estudos sobre o consumo
minimalista. Existem algumas obras que se relacionam com o estilo de vida minimalista,
mas grande parte delas não trata diretamente sobre o comportamento do consumidor. O
presente estudo teve como objetivo investigar qual a motivação que impulsiona uma
pessoa a adotar o estilo de vida minimalista e quais são os impactos causados por este
estilo de vida no consumo. Para alcançar tal objetivo, foram aplicadas entrevistas em
profundidade a dez membros de um grupo do Facebook chamado “Minimalismo”, por
meio do qual também foram acompanhados conversas e debates de seus membros durante
8 meses.
Foi observado que existem diversas motivações para aderir ao estilo de vida
minimalista, sendo estas mais frequentemente de cunho individual. Cada indivíduo pode
ter mais de uma motivação. Geralmente as motivações estão relacionadas aos hábitos
aprendidos através da família, bem como a busca pela liberdade e felicidade, além do
desejo de ter mais tempo e dinheiro disponíveis, ou seja, motivações pessoais.
Secundariamente, foi apontada também a preocupação com o meio ambiente. Os
entrevistados para o estudo citaram que se preocupam com os danos que o hiperconsumo
causa ao meio ambiente, mas esta motivação não foi colocada como principal.
A escolha pelo estilo de vida minimalista está diretamente relacionada a mudanças
no consumo. Consumidores minimalistas deixam de consumir supérfluos com frequência,
alguns deles evitando ao máximo consumo que não seja essencial. Passaram a consumir
com frequência apenas produtos que consideram necessários e muitas vezes optando por
opções com maior padrão de qualidade, para maior durabilidade. Também é possível dizer
que eles compram itens de segunda mão e costumam doar ou vender o que não consideram
útil. Quando possível, eles preferem consertar produtos a comprar novos.
Ao aderir o estilo de vida minimalista, seus adeptos percebem como benefício
principal uma vida com mais felicidade e liberdade. Além de vantagens como menos uso
de tempo e dinheiro com coisas que não trazem satisfação. Foi possível notar que os
consumidores minimalistas puderam perceber uma melhora na qualidade de vida de um
modo geral, já que relatam ter mais tempo para fazer atividades que gostam, sentir menos
ansiedade e ter mais condições de realizar seus sonhos, como viagens e outras conquistas.
42

Dificuldades do estilo de vida minimalista também foram notadas. Uma delas é o


julgamento por parte de pessoas próximas como amigos e familiares e a pressão que
sentem para consumir mais. Outra dificuldade é o grande apego aos bens materiais que
tenham valor sentimental para as pessoas que estão começando a aderir à vida minimalista.
Percebe-se que é importante estudar este tema mais a fundo para maior
compreensão dos diversos aspectos que se relacionam com o minimalismo no consumo. O
estudo identificou que os praticantes do estilo de vida minimalista diminuem o consumo de
bens materiais, mas passam a investir em alimentação de qualidade, educação e lazer.
Portanto, considera-se importante continuar a pesquisar sobre o tema “Consumo
Minimalista”. Estas são sugestões de novos caminhos a serem explorados em futuros
estudos: realizar uma pesquisa quantitativa no grupo do Facebook “Minimalismo” como
forma de dar continuidade a este estudo, fazer pesquisas comparativas entre o Brasil e os
países em relação a como o minimalismo é praticado.
43

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA JÚNIOR, S. S.; SILVA, D.; MORETTI, S. L. A.; LOPES, E. L. UMA ANÁLISE
DA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA PARA O CONSUMO “VERDE” NO VAREJO
SUPERMERCADISTA. Revista de Gestão Social e Ambiental - RGSA, São Paulo, v. 6,
n. 2, p. 134-148, maio/ago. 2012.

CANDIDO, L. Quando Menos é Mais: Olhares, Discursos e Práticas Acerca da “Vida


Simples”. Dissertação de Mestrado, 2016.

ELGIN, D. Simplicidade Voluntária: em busca de um estilo de vida exteriormente simples,


mas interiormente rico. São Paulo: Cultrix, 2012.

ELGIN, D.; MITCHELL, A. Voluntary Simplicity. Te CoEvolution Quarterly, n. 14,


1977.

ELGIN, D. Voluntary Simplicity and The New Global Challenge. In: SCHOR, J. B.;
HOLT, D. B. (Orgs). The Consumer Society Reader. New York: The New Press: 2000.

MALHOTRA, N. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 6a edição. Porto


Alegre: Bookman, 2012.

MOTA, Dora. Gente feliz com menos. 2013. Disponível em:


http.//wwwdn.pt/revistas/mn/interior,aspx?content_id=3275609. Acesso em: out. 2018.

NEGRETTO, L. As Relações Entre a Dinâmica Pós-Moderna e o Consumo


Minimalista, 2018. Disponível
em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/graduacao/article/view/17827/11456
Acesso em: ago. 2018.

NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria; ROMÃO-DIAS, Daniela; DI LUCCIO, Flávia. Uso


de Entrevistas On-Line no Método de Explicitação do Discurso Subjacente (MEDS).
Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 22, n. 1, 2009.

PORTILHO, F. Consumo sustentável: limites e possibilidades de ambientalização e


politização das práticas de consumo. Cadernos EBAPE.BR, Edição Temática, 2005.

PULS, L; BECKER, M; O estilo de vida minimalista x consumo do vestuário de moda.


Revista Eletrônica Logo, 2018.
44

SILVA, R. C. M.; CHAUVEL, M.; MACEDO-SOARES, T. D. Investigando o


comportamento dos consumidores que buscam a simplicidade: Um estudo exploratório.
REVISTA PORTUGUESA E BRASILEIRA DE GESTÃO, JAN/MAR 2012.

SILVA, M. E.; OLIVEIRA, A. P. M; GÓMEZ, C. R. P. INDICADORES DE CONSUMO


CONSCIENTE: uma avaliação do recifense sob a ótica do consumo sustentável. Revista
Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM), v. 12, n. 2, p. 173-190, 2013.

SILVA, R. C. M.; HOR-MEYLL, L. F. Simplicidade Voluntária: escolhendo uma nova


forma de viver. Revista Pretexto, v. 17, n. 2, p. 98-116, 2016.

TÓDERO, M.; MACKE, J.; BIASUZ, T. S. O CONSUMO CONSCIENTE E SUA


RELAÇÃO COM AS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL.
Revista de Gestão Social e Ambiental - RGSA, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 158-175,
jan./abr., 2011.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração.


9 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
45

7 ANEXOS

7.1 ROTEIRO PARA AS ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE

Perguntas:
1. Para você, o que significa ter uma vida minimalista?

2. Há quanto tempo você pratica o minimalismo?

3. Por que você se considera minimalista?

4. O que o levou a buscar uma vida minimalista?

5. Como foi o processo de se tornar minimalista? Foi fácil? Por quê? Teve alguma
dificuldade? Qual?

6. Como você coloca o minimalismo em prática na sua vida?

7. O que mudou na sua vida ao adotar o minimalismo?

8. Como você descreveria seus hábitos de consumo? Mudou após adotar o


minimalismo? Como?

9. Na sua opinião, existem desafios na busca pela vida minimalista? Quais?

10. Para você, quais são os benefícios para quem adota um estilo de vida minimalista?
E os pontos negativos?

11. Há quanto tempo você participa do grupo no Facebook? Por que participa do
grupo?

12. Como você vê o minimalismo no Brasil?


Perguntas demográficas:
13. Sexo;
14. Idade;
15. Possui filhos? Quantos?
16. Mora com quantas pessoas?

Você também pode gostar