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Perfil demográfico da microrregião

Patrocínio - MG

Pamella Shamyra de Oliveira1


Vitor Alberto Matos2

Resumo
A Microrregião Patrocínio, uma das três componentes do Alto
Paranaíba, possui características altamente diversificadas e imensas
assimetrias econômico-sociais. Buscando construir sólida base de
dados sobre o desenvolvimento e potencialidades regionais, este
trabalho procura contribuir com uma análise sobre as principais
características demográficas de uma região que nos últimos períodos
tem dado mostras de um acelerado desenvolvimento, principalmente
na agroindústria do Café, mesmo que apresente distorções neste
processo. O forte crescimento populacional, concentrado nas áreas
urbanas de maior presença feminina, a concentração etária nas faixas
de idade intermediária e a tendência ao envelhecimento resultam tanto
do crescimento da idade mediana regional, fruto de melhorias na
expectativa de vida e na mortalidade infantil, quanto de quedas dos
índices regionais de fecundidade e natalidade. Sua especialização na
agroindústria do Café atrai contingentes populacionais pouco
significativos no seu crescimento, mas provenientes de regiões onde
este produto apresenta grande ocupação e elevada capacitação.

Palavras-Chaves: Desenvolvimento regional, Demografia,


Sustentabilidade.

Recebimento: 10/3/2008 • Aceite: 31/3/2009


1
Aluna do Curso de Administração do Centro Universitário do Planalto de Araxá –
UNIARAXÁ e bolsista do PIBIC/FAPEMIG.
2
Professor do Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ, Doutor em
Economia (EAESP/FGV) e Coordenador do Núcleo de Pesquisas Econômico e Sociais –
NUPES/UNIARAXÁ atualmente também coordenando Pesquisa sobre o
Desenvolvimento Econômico e Social da Região Alto Paranaíba.
Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 247

Demographic profile of Patrocínio´s


microregion - MG

Abstract
Patrocínio´s Micro region, one of the three Alto Paranaíba components,
possesses highly diversified characteristics and immense socio-
economical asymmetries. Trying to build a solid regional database on
its development and potentialities, this study looks for to contribute
with an analysis on the main demographic characteristics of a region
that, lately, has showed a quick development, mainly in the Coffee Agro
industry, even showing some distortions in this process. The strong
population growth, concentrated in the urban areas of bigger feminine
presence, the population concentration in the intermediary age and the
“growing old” tendency, they all result from a regional median age
growth, fruit of improvements in the life expectancy and infantile
mortality, as well as a regional fecundity and birth rate’s levels drop.
Its specialization in the Coffee Agro industry attracts few significant
population contingents to its growth, but proceeding from regions
where this product presents high occupation areas and high
qualification people.

Keywords: Regional development, Demography, Sustentability.

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Introdução
Estudar uma população é procurar observá-la relacionada à
região onde ela se insere e às características de seu sistema produtivo,
uma vez que é notória sua relação com os estágios de desenvolvimento
da sua economia regional. Neste sentido, devemos sempre explicitar a
dinâmica evolutiva de uma população e os impactos decorrentes das
formas de produção aí desenvolvidas (CANO, 1985).
O espaço geográfico Alto Paranaíba reúne três microrregiões
conformando um agregado econômico-social caracteristicamente
diversificado e marcadamente assimétrico, que ao longo dos anos
assistiu a inúmeras interações entre suas microrregiões, causadoras de
transformações visíveis em sua dinâmica evolutiva. Estas modificações
e seus possíveis impactos sobre toda a população regional deixavam
evidente a necessidade de se buscar maior conhecimento sobre os
espaços que conformavam o Alto Paranaíba. Tal obrigatoriedade
tornava-se ainda mais relevante em razão da pequena quantidade de
trabalhos e avaliações sobre o processo evolutivo deste espaço com
vista ao subsídio a agentes públicos e privados de um conjunto
consistente, coerente e cada vez maior de informações para o
planejamento das decisões estratégicas e para a formulação de
políticas públicas que viessem a satisfazer as demandas da população3.
A Microrregião Geográfica Patrocínio é uma parcela do Alto
Paranaíba composta pelos municípios Abadia dos Dourados,
Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Douradoquara, Estrela do Sul,
Grupiara, Irai de Minas, Monte Carmelo, Patrocínio, Romaria e Serra
do Salitre. Dotada de privilegiada base de recursos naturais, esta
região possui vantagens locacionais não desprezíveis relativamente a
outras regiões do Estado, principalmente no setor agroindustrial do
café, apesar de apresentar acentuadas assimetrias em seu processo de
desenvolvimento (NARCISO SHIKI, 1998).
Neste sentido, este trabalho procurou analisar uma
microrregião cujas características são pouco conhecidas pelos diversos
agentes decisórios com informações voltadas ao planejamento de
oportunidades para o investimento produtivo. Durante o processo de
desenvolvimento deste trabalho realizamos um levantamento de suas

3
Esta análise é resultado de pesquisa em andamento sobre a Região do Alto Paranaíba
da qual originou o projeto de Iniciação Científica desenvolvido pela autora e apoiado
financeiramente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais –
FAPEMIG ambos desenvolvidos no Centro Universitário do Planalto de Araxá –
UNIARAXÁ.

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principais características demográficas visando a contribuir para a


produção de informações que incrementassem o volume disponível e
facilitassem ações de planejamento e formulação de estratégias e
políticas dos setores público e privado. Esta identificação foi realizada
a partir das informações contidas nos Censos Demográficos de 1991 e
2000 e nas Contagens Populacionais de 1996 e 2007 e também de outras
fontes e instituições sempre buscando proporcionar maior
fundamentação.

Aspectos teóricos sobre o estudo de uma região


O objeto da investigação científica atual, ao focar os aspectos
demográficos e se primar pela busca do entendimento dos fenômenos
ocorridos em uma determinada região, assume cada dia maior
relevância em razão dos impactos de caráter micro e macroeconômicos
por eles provocados e de seus rebatimentos muito além do local onde
ocorreram. O emaranhado de relacionamentos intermunicipais
surgidos a partir das diversas articulações entre as cidades, ao
expandir-se além dos limites de uma determinada região, atinge
proporções que dificultam muito o processo de coleta de dados.
Sendo assim, tornava-se necessário que a escolha de uma região
do Estado de Minas Gerais estivesse apoiada em algumas justificativas
de fundo e que, por isso mesmo, dispensassem maiores comentários.
Em primeiro lugar, julgamos que a inexistência de informações que
servissem de base ao planejamento e à gestão municipal se destacasse
como a de maior importância. Em seguida observou-se que a produção
de uma base de dados capazes de permitir o ponto de partida para
reflexões posteriores sobre a região seria um argumento muito
importante. Por fim, razões individuais nos levavam a julgar como
relevante contribuir para a criação de uma mentalidade prospectiva
associada à tomada de decisão, muito pouco disseminada no ambiente
das autoridades municipais de muitos municípios brasileiros.
A construção desta rede de apoio implicava considerar
inicialmente que na atualidade este termo paulatinamente tem sofrido
críticas severas quanto a uma forma simplista de análise, que somente
o considera como uma determinada porção espacial. Na realidade, a
delimitação de uma região como objeto de análise assume contornos
específicos determinados muito mais em razão de ações concomitantes
e de intensidade variáveis que ocorrem no seu interior ou em
decorrência de seus relacionamentos com o exterior.
A extensão dos impactos micro e macroeconômicos decorrentes
das inter-relações municipais vai muito além dos limites espaciais e

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nos obriga a tentar identificar alguns elementos definidores de uma


métrica que absorva os aspectos essenciais da realidade que circunda
determinada área espacial. A análise encontrada em VEIGA (2002)
explicita o que procuramos afirmar ao mostrar que um mapa do
território brasileiro deixa evidente a existência de 11 macropólos que
concentrariam sua influência em áreas específicas do território
nacional e funcionariam como centros de gravidade do sistema
econômico; e de nove macroeixos que articulariam logisticamente uma
economia regional e seus mercados nacionais e internacionais. Estas
afirmações mostram que a formação de uma região materializa-se
muito antes da determinação de sua limitação espacial, sempre em
decorrência de articulações que se explicitam através dos
relacionamentos intermunicipais.
O primeiro aspecto a ser considerado ao se buscar um
tratamento teórico mais aprofundado refere-se aos elementos
concretos e históricos presentes4. Uma análise de cunho regional deve
se iniciar pelo desenho do seu quadro físico atual que identifica a um
só tempo os dons e as restrições provenientes da natureza. Os fatores
naturais anteriormente presentes, associados ao seu elenco de
capacitações adquiridas pela aprendizagem e experiência aplicadas na
sua prospecção e obtenção, conformariam uma determinada posição
competitiva em relação às suas concorrentes. Ao prosseguir, é
relevante o reconhecimento dos condicionantes históricos que deram
forma a este espaço, aqueles fenômenos que possibilitam o
aprofundamento das articulações existentes ou que contribuem para
sua alteração em decorrência de múltiplos relacionamentos já
ocorridos ou por ocorrerem. Tais elementos, além de demonstrar o
caráter dinâmico adquirido pelo espaço regional explicitam sua
relevância como identificador de eixos de atuação dos gestores
municipais na condução de suas ações locais de desenvolvimento.
Uma determinada região, seja pelas relações desenvolvidas
seja pelas características comuns aí presentes, é palco do surgimento
de vários “laços” entre seus habitantes, que paulatinamente passam a
orientar um conjunto de coesões de caráter social, produtivo e
institucional capazes de imprimir certas homogeneidades que aos
poucos passam a diferenciá-la das demais e a pressionar a
institucionalização de formas organizacionais de caráter econômico e
social.

4
A relevância de se definirem os aspectos essenciais para o estudo de uma região é
tratada em detalhes por George, P et al (1980), em cuja parte este trabalho está apoiado.

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Além destas inter-relações, há que existir um “locus” – um


centro – irradiador, independente e dominante. Este eixo ou núcleo
onde se congregam as atividades da população somente se efetiva nas
cidades. Este “locus” comanda seu espaço ao circunscrever inúmeras
atividades comerciais, administrativas, sociais, políticas e
demográficas definidoras de relações entre empregados e
empreendedores. Desta forma, ali se definem os aspectos urbano e
rural, a população ativa e inativa, a ocupação e o desemprego, a
natalidade e a mortalidade e o crescimento vegetativo de sua
população. As interligações entre cada uma delas, decorrentes destas
inter-relações, se definem por todas as formas de intercomunicação
que se encarregam de dar contornos concretos de caráter espacial a
este “locus”.
Por fim, uma região é parte integrante de um conjunto maior
definido pelo seu exterior. Uma região se constitui somente quando,
além de seus relacionamentos internos, se volta para o exterior
deixando de unicamente se voltar para si mesma e se entender fazendo
parte de um conjunto nacional e internacional em uma economia
global. Quando assim se assume, descobre-se também dominada e
instrumento da dominação. Em alguns momentos as decisões no
interior de seu espaço definem relações de competência, como as que
delimitam o espaço urbano e rural, os tributos, taxas e contribuições
municipais; em outros, de autonomia, como as que emanam do poder
central para serem seguidas pelo poder local. Entretanto, todas se
definem pelos impactos que podem causar sobre outros espaços e,
neste sentido, adquirem posição administrativa intermediária como
espaço onde são aplicadas políticas específicas ditadas por objetivos
centrados em planos de ação de caráter nacional.
Concomitantemente ao desenvolvimento econômico e à
urbanização acelerada que se instaura em diversos locais do mundo
atual, também experimentamos uma regionalização acelerada, cada
vez mais impulsionada pelo progresso da tecnologia associada aos
meios de comunicação. Certamente, esta regionalização se efetivará
cada vez mais rapidamente à medida que avançar o processo de
interconectividade e tenderá a se alterar na medida em que a dinâmica
destes relacionamentos for influenciada ou influenciar de um lado, as
relações técnicas e econômicas, e de outro, os mecanismos de
organização e pressão das comunidades. Sendo assim, a região tornar-
se-á um espaço em processo de contínua mutação evolutiva.

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Características gerais da população residente na Microrregião


Patrocínio
Segundo as informações apresentadas na Tabela 1, em 2000
esta microrregião contava com uma população de 183.869 habitantes,
aproximadamente 18% maior do que as pessoas que residiam neste
espaço em 1991. Neste período observa-se que o crescimento de sua
participação no total da população regional evoluiu muito lentamente,
com seus valores passando de 30,34% em 1991 para 31,10% em 1996 e
31,14% em 2000. Esta dinâmica evolutiva caracteriza-se por grandes
contingentes nas áreas rurais e que numericamente se colocam acima
dos encontrados nas outras regiões do Alto Paranaíba.

Tabela 1: População residente na Região Alto Paranaíba e


Microrregião Patrocínio, por situação do domicílio e gênero – 1991 e
2000.
População residente por gênero e situação do domicílio
Região e
1991 1996 2000
Microrregião
Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural
Total
Alto
392.323 121.424 444.147 111.202 494.759 95.105
Paranaíba
Patrocínio 114.595 41.310 131.260 41.484 149.369 34.500
Homens
Alto
193.294 66.224 219.700 60.813 245.656 52.557
Paranaíba
Patrocínio 56.786 22.663 65.804 22.952 74.915 18.976
Mulheres
Alto
199.029 55.200 224.447 50.389 249.103 42.548
Paranaíba
Patrocínio 57.809 18.647 65.456 18.532 74.454 15.524
FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (SIDRA: Sistema de
recuperação automática de dados) Censos Demográficos 1991 e 2000, Contagem da
População 1996. Tabulação NUPES/UNIARAXÁ.

Apesar de possuir características específicas, a expansão


populacional observada nesta microrregião ocorreu segundo taxas
médias anuais de crescimento também superiores às verificadas no
Alto Paranaíba. Este movimento ocorre com ligeira superioridade do
segmento masculino explicada por diferenciais nas taxas de
crescimento médio de cada um dos gêneros (Tabela 2). No entanto,
quando inserirmos os valores da Contagem Populacional de 1996,
identificamos dois momentos distintos marcados pela desaceleração da

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taxa média de crescimento anual da população ocorrida no período


1991-1996, com maior intensidade no segmento masculino.

Tabela 2: Indicadores de Urbanização e Crescimento na Região Alto


Paranaíba e Microrregião Patrocínio segundo o gênero – 1991 e 2000.
Indicadores de Urbanização e Crescimento por gênero
Região e
Grau de Urbanização Taxa média de crescimento anual
Microrregião
1991 1996 2000 1991/1996 1996/2000 1991/2000
Total
Alto Paranaíba 76,36 79,97 83,87 1,57 1,52 1,54
Patrocínio 73,51 75,98 81,24 2,07 1,57 1,85
Homens
Alto Paranaíba 74,48 78,32 82,37 1,57 1,54 1,55
Patrocínio 71,47 74,14 79,79 2,24 1,41 1,87
Mulheres
Alto Paranaíba 78,28 81,66 85,41 1,57 1,49 1,53
Patrocínio 75,61 77,93 82,74 1,89 1,73 1,82
FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (SIDRA: Sistema de
recuperação automática de dados) Censos Demográficos 1991 e 2000, Contagem da
População 1996. Tabulação NUPES/UNIARAXÁ.

Embora a urbanização crescente resulte na conseqüente queda


dos quantitativos populacionais rurais, outra característica
diferenciadora desta microrregião é a presença de concentrações
populacionais, principalmente do gênero masculino, mais intensas nas
áreas rurais5, cujos resultados se materializam em um tipo de
comportamento sócio-cultural marcado por especificidades
eminentemente rurais mais intensas neste espaço.
Entre 1991 e 2000 as taxas de crescimento anual médio dos
gêneros masculino e feminino, calculadas a partir dos dados da Tabela
1, eram respectivamente –1,95% e –2,01%, e sinalizavam um
movimento de êxodo feminino rural, próprio de áreas de maior
ruralização (Tabela 2). Os maiores índices de urbanização do gênero
feminino encontrados de forma mais intensa no Alto Paranaíba em
relação a esta microrregião justificam a existência dos
comportamentos rurais destacados.

5
O diferencial entre os índices de urbanização dos contingentes masculino e feminino,
maiores no contingente feminino, confirmam a superioridade do segmento masculino
presente nas áreas rurais e um êxodo rural mais intenso do contingente feminino.

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Tabela 3: Razão de Sexo6 para o Alto Paranaíba e Microrregião


Patrocínio por situação do domicílio – 1991 e 2000.
Região e População Total População Urbana População Rural
Microrregiã
1991 1996 2000 1991 1996 2000 1991 1996 2000
o
Alto 102,0 102,0 102,2 97,1 97,8 119,9 120,6 123,5
98,61
Paranaíba 8 6 5 1 8 7 9 2
Micro 103,9 105,6 104,3 98,2 98,2 100,6 121,5 123,8 122,2
Patrocínio 1 8 4 3 3 1 3 5 3
FONTE: Tabela 1. Tabulação NUPES/UNIARAXÁ.

Atendo-nos à população total em todos os períodos observamos


supremacia do contingente masculino relativamente ao feminino. Os
valores crescentes do indicador Razão de Sexo encontrados na Tabela
3 (número de homens presentes para cada grupo de 100 mulheres)
traduzem de forma real esta supremacia. Estes quantitativos são mais
evidentes nas áreas rurais por resultarem do êxodo feminino para os
centros urbanos em busca de formação educacional mais elevada para
seus filhos, na maioria das vezes não encontrada nestes espaços.
A maior presença feminina nas áreas urbanas mostra-se mais
evidente nos períodos 1991 e 1996. No entanto, mesmo que os
resultados da pesquisa censitária de 2000 mostrem ligeira supremacia
masculina e possam sugerir uma inversão na dinâmica evolutiva
regional, isto ocorre devido à queda deste indicador nas áreas rurais.
Por fim, as características rurais próprias do Alto Paranaíba, mais
evidentes nesta microrregião, podem ser explicadas por sua elevada
especialização na produção agrícola, principalmente na cadeia
produtiva do café e responsável pelos elevados índices de participação
destas atividades na formação da produção bruta regional.
Com relação às áreas urbanas, a análise dos valores deste
indicador mostra que a supremacia feminina nestes espaços parece
estar perdendo força uma vez que os índices da maior presença
feminina estão diminuindo. No tocante aos valores encontrados no
espaço rural a superioridade masculina nestas áreas é evidente tanto
na região quanto na microrregião e com índices bem mais elevados do
que os encontrados para a população total.

6
Define-se Razão de Sexo como a relação entre a população do gênero masculino e a do
feminino. Este resultado indica o número de homens existentes para cada grupo de 100
mulheres.

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Tabela 4: População residente na Microrregião Patrocínio segundo o


gênero e grupos de idade – 1991 e 2000

Grupos 1991 2000


de Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres
Idade Absoluto % Absoluto % Absoluto % Absoluto % Absoluto % Absoluto %
0a4
16.733 10,73 8.547 10,75 8.186 11,75 17.106 9,30 8.701 9,26 8.405 9,34
anos
5a9
16.698 10,71 8.621 10,85 8.077 10,56 17.138 9,32 8.910 9,49 8.228 9,14
anos
10 a 14
17.171 11,02 8.713 10,95 8.478 11,08 17.865 9,71 9.131 9,72 8.734 9,71
anos
15 a 19
16.245 10,41 8.215 10,33 8.030 10,50 17.931 9,75 9.135 9,73 8.796 9,77
anos
20 a 24
15.842 10,16 8.120 10,22 7.722 10,09 17.128 9,31 8.914 9,49 8.214 9,13
anos
25 a 29
14.687 9,42 7.536 9,48 7.151 9,35 15.586 8,47 8.019 8,54 7.567 8,41
anos
30 a 34
12.284 7,87 6.369 8,01 5.915 7,73 15.812 8,60 8.166 8,69 7.646 8,49
anos
35 a 39
10.350 6,63 5.320 6,69 5.030 6,57 14.745 8,02 7.458 7,94 7.288 8,10
anos
40 a 44
8.456 5,42 4.330 5,45 4.126 5,39 11.949 6,49 6.197 6,60 5.752 6,39
anos
45 a 49
6.946 4,45 3.548 4,46 3.398 4,44 9.692 5,27 4.917 5,23 4.775 5,31
anos
50 a 54
5.709 3,66 2.955 3,71 2.754 3,60 7.633 4,15 3.965 4,22 3.667 4,07
anos
55 a 59
4.500 2,88 2.223 2,79 2.277 2,97 6.313 3,43 3.185 3,39 3.128 3,47
anos
60 a 64
3.652 2,34 1.834 2,30 1.818 2,37 5.310 2,89 2.609 2,78 2.701 3,00
anos
65 a 69
2.848 1,82 1.377 1,73 1.471 2,37 3.888 2,11 1.849 1,97 2.038 2,26
anos
70
anos e 3.764 2,40 1.741 2,18 2.023 2,63 5.772 3,14 2.735 2,91 3.038 3,37
mais
Total 155.906 100,00 79.449 100,00 76.456 100,00 183.869 100,00 93.891 100,00 89.978 100,00

FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (SIDRA: Sistema de


recuperação automática de dados) Censos Demográficos 1991 e 2000. Tabulação
NUPES/UNIARAXÁ.

A análise da dinâmica demográfica de uma região também se


preocupa com os dados sobre a distribuição etária de uma população
pelo fato de eles destacarem duas importantes características. Em
primeiro lugar dão origem ao cálculo dos indicadores idade mediana
da população, relação de dependência e índice de envelhecimento7; em
segundo lugar, a forma gráfica permite a visualização deste
comportamento através de suas pirâmides etárias, procedimento que
nos possibilita analisar a dinâmica evolutiva daquela população ao
longo dos anos e presumir sua possível forma futura.

7
Idade mediana é a idade que divide uma população em dois grupos de tamanho
equivalente (50% da população); Relação de dependência mostra o peso da população
inativa (crianças e idosos) para cada 100 pessoas potencialmente ativas (15 a 64 anos);
Índice de envelhecimento ou relação idoso/criança é o indicador do número de idosos
relativamente ao número de crianças existentes em uma população.

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De acordo com a Tabela 4 em 1991 esta microrregião possuía


uma população de 155.906 habitantes, dos quais 76,4% estavam
distribuídos nos grupos de idade até 39 anos. No entanto, em 2000 estes
números caem para 72,5% deixando claro que este espaço regional
estava se transformando relativamente à sua composição etária. Na
realidade, estes dados mostravam uma população que estaria
começando a envelhecer uma vez que era evidente a redução de seus
segmentos mais jovens, fato que necessitava de maiores evidências e
nos orientava para a análise dos indicadores de idade.
O indicador Idade Mediana, ao dividir os dados populacionais
da Tabela 4 em dois grupos de tamanho equivalente e ao comparar dois
ou mais períodos evolutivos da idade da população, serve como
sinalizador do comportamento da estrutura etária daquele contingente
populacional, uma vez que seus movimentos mostram os vários
momentos do desenvolvimento etário daquele grupo.

Tabela 5: Idade Mediana da população residente na Região do Alto


Paranaíba segundo o gênero – 1991 e 2000. (em anos de idade)
Idade Mediana da População 1991 2000
Total 23,51 25,49
Homens 22,52 25,34
Mulheres 22,51 25,81
FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (SIDRA:
Sistema de recuperação automática de dados) Censos Demográficos 1991 e 2000.
Tabulação NUPES/UNIARAXÁ.

De acordo com a Tabela 5 se verifica que a idade mediana da


população total e a de cada um de seus contingentes de gênero
aumentou no intervalo 1991-2000, embora ainda revelando a existência
de uma população predominantemente jovem, fruto de elevados
índices de fecundidade, de quedas dos níveis de natalidade, de maiores
facilidades no acesso à saúde e de melhorias nas condições de vida.
Entretanto, verifica-se que lentamente ela caminha para o
envelhecimento. Para compreendermos melhor esta dinâmica
dividimos a população da microrregião em três grandes grupos: as
crianças, o grupo com idade até 14 anos; a população em idade para o
trabalho ou aqueles com idade entre 15 e 64 anos e os idosos, grupo
com 65 anos e mais de idade.

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Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 257

Tabela 6: População residente na Microrregião Patrocínio por grandes


grupos de Idade – 1991 e 2000
1991
Grupos de Homens Mulheres Total
Idade Absoluto % Absoluto % Absoluto %
0 – 14 anos 25.881 16,60 24.741 15,87 50.622 32,47
15 – 64 anos 50.450 32,36 48.221 30,93 98.671 63,29
65 anos e
3.118 1,99 3.494 2,25 6.612 4,24
maior
2000
Grupos de Homens Mulheres Total
Idade Absoluto % Absoluto % Absoluto %
0 – 14 anos 26.742 14,54 25.367 13,79 52.109 28,33
15 – 64 anos 62.565 34,02 59.534 32,38 122.099 66,40
65 anos e
4.584 2,49 5.076 2,76 9.660 5,26
maior
FONTE: Tabela 4 – Tabulação NUPES/UNIARAXÁ

Em 1991 o grupo das pessoas com idade até 14 anos (crianças)


representava 32,47% da população total da microrregião, com maior
participação do segmento masculino. No entanto, este grupo em 2000,
mesmo tendo apresentado crescimento na pesquisa censitária, perdeu
participação na população total. O crescimento anual médio do
segmento inicial da pirâmide etária desta microrregião foi de apenas
0,32%, dividido em 0,36% no gênero masculino e 0,27% no feminino.
A participação do segmento ativo (entre 15 e 64 anos) cresceu
de 63,29% para 66,40%, resultado de um crescimento médio anual total
de 2,39%, mostrando superioridade do gênero masculino (crescimento
médio de 2,42%) sobre o feminino (crescimento médio de 2,37%),
comportamento que indica aumento do número das pessoas com idade
intermediária. O destaque do processo de lento envelhecimento
aparece mais claramente quando analisamos a evolução do grupo das
pessoas idosas. Neste período a participação deste segmento no total da
população cresce de 4,26% em 1991 para 5,26% em 2000 (Tabela 6),
apresentando crescimento médio anual de 4,30%, distribuídos em
4,37% no gênero masculino e 4,23% no feminino dados que, ao
revelarem os maiores indicadores entre os grandes grupos de idade,
indicam uma transformação da distribuição etária regional.

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258 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional

Gráfico 1: Pirâmides etárias da população da Microrregião Patrocínio-


1991 e 2000

1991

70 e >
60 a 64

50 a 54

40 a 44

Mulheres 30 a 34 Homens

20 a 24

10 a 14

0a4
-15 -10 -5 0 5 10 15

2000
70 e >

60 a 64

50 a 54

40 a 44

Mulheres 30 a 34 Homens

20 a 24

10 a 14

0 a4

-15 -10 -5 0 5 10 15

FONTE: Tabela 3 – Tabulação NUPES/UNIARAXÁ

Para esta microrregião, o cálculo da relação entre os


quantitativos de idosos e crianças (relação idoso/criança) apresenta o
número de idosos para cada grupo de 100 crianças e nos dá maiores
informações sobre a realidade da ocorrência do envelhecimento
populacional. Em 1991 este valor, também conhecido por Índice de
envelhecimento, era igual a 13,06%. No entanto, o aumento para 18,53%
ocorrido em 2000 indica o crescimento do número de idosos

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Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 259

relativamente ao segmento inicial das pirâmides etárias mostrando


ainda que este movimento ocorre com maior intensidade no
contingente feminino onde os valores deste indicador são sempre mais
elevados do que aqueles calculados para o contingente masculino.
O grupo de idosos e crianças conforma os indivíduos inativos de
uma população, chamados assim por ainda não apresentarem idade
legal para o ingresso no mercado de trabalho ou por já estarem, na
grande maioria, afastados destas atividades. A relação entre inativos e
ativos recebe o nome de Razão de Dependência e informa a quantidade
de pessoas inativas para cada grupo de 100 pessoas potencialmente
ativas de uma população. Em 1991 esta microrregião apresentava
relação de dependência igual a 58,01, correspondendo a mais de 58
idosos para cada grupo de 100 crianças, valor que em 2000 cai para
50,59, indicando que o peso dos inativos estava diminuindo. Em
conjunto, estas observações mostram que a pirâmide etária referente
aos dados do Censo de 2000 para esta microrregião estaria começando
a assumir um formato losangular, bastante diferente daquele
apresentado em 1991 devido à compressão dos segmentos da base, do
aumento das pessoas no segmento com idade para o trabalho e do
aumento do número de idosos (Gráfico 1).
As pirâmides etárias mostram vários fatos interessantes. Na
representação relativa ao Censo de 2000, salientam o estreitamento de
sua parte central indicando a redução da participação das mulheres
nos segmentos de idade intermediária. Este movimento é explicado
pelo diferencial de crescimento médio anual ocorrido em cada um dos
contingentes populacionais relativamente ao crescimento observado na
população total.

Tabela 7: Pessoas não residentes na Microrregião Patrocínio em 1991


por origem do movimento migratório e sexo – 1996
1996
Origem
Homem Mulher Total
Outra unidade
3.093 2.364 5.457
da Federação
Mesma unidade
5.364 4.688 10.032
da Federação
País
17 15 32
Estrangeiro
Ignorada 20 11 31
Total 8.494 7.058 15.552
FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (SIDRA:
Sistema de recuperação automática de dados) Censo Demográfico 1991. Tabulação
NUPES/UNIARAXÁ.

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260 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional

As informações sobre imigração revelam que em 1996,


aproximadamente 65% da população residente nesta microrregião
eram pessoas nascidas no Estado de Minas Gerais e que, na sua grande
maioria, os 35% restantes eram provenientes de outros estados do
território nacional (Tabela 7). Observando mais detalhadamente a
distribuição dos imigrantes na Microrregião Patrocínio observou-se
que 72% deles são oriundos da Região Sudeste, na sua maioria
provenientes dos Estados de Minas Gerais e São Paulo e que a Região
Sul, através do Estado do Paraná, aparece como outra que mais oferece
mão-de-obra para o trabalho nesta microrregião (Tabela 8). Da Região
Centro-Oeste, principalmente do Estado de Goiás e do Distrito Federal,
chegaram para a Microrregião Patrocínio em 1996 aproximadamente
82,0% do total de imigrantes atraídos em razão das crescentes
oportunidades de emprego, sempre com a esperança voltada para a
conquista de melhores dias.

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Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 261

Tabela 8: Pessoas não residentes na Microrregião Patrocínio em 1991


por unidade da federação de residência anterior e sexo – 1996
1996
Origem
Homem % Mulher % Total %
REG. SUDESTE 5.981 70,41 5.184 73,44 11.165 71,79
Minas Gerais 5.364 63.15 4.668 66,14 10.032 64,51
Espírito Santo 8 0,09 10 0,14 18 0,11
Rio de Janeiro 35 0,41 39 0,55 74 0,47
São Paulo 574 6,75 467 6,61 1.041 6,69
REG. CENTRO-
765 9,00 698 9,89 1.463 9,41
OESTE
Mato Grosso do Sul 25 0,29 20 0,28 45 0,29
Mato Grosso 114 1,34 93 1,32 207 1,33
Goiás 467 5,49 419 5,93 886 5,69
Distrito Federal 159 1,87 166 2,35 325 2,09
REG. SUL 871 10,25 640 9,07 1.511 9,71
Paraná 842 9,91 620 8,78 1.462 9,41
Santa Catarina 19 0,22 11 0,15 30 0,19
Rio Grande do Sul 10 0,12 9 0,13 19 0,11
REG. NORDESTE 715 8,42 415 5,88 1.130 7,26
Maranhão 30 3,53 27 0,38 57 0,36
Piauí 4 -* 2 - 6 -
Ceará 32 0,37 21 0,29 53 0,34
Rio Grande do Norte 18 0,21 6 0,08 24 0,15
Paraíba 61 0,72 29 0,04 90 0,57
Pernambuco 66 0,77 43 0,06 109 0,71
Alagoas 12 0,14 6 - 18 0,11
Sergipe 26 0,31 12 0,17 38 0,24
Bahia 466 5,48 269 3,81 735 4,72
REG. NORTE 125 1,47 95 1,34 220 1,41
Rondônia 24 0,28 22 0,31 46 0,29
Acre 1 - 3 - 4 -
Amazonas 2 - 2 - 4 -
Roraima 12 0,14 6 0,08 18 0,11
Pará 49 0,57 33 0,47 82 0,52
Amapá - - - - - -
Tocantins 37 0,43 29 0,41 66 0,42
SEM DECLARAÇÃO 20 0,25 11 0,15 31 0,20
EXTERIOR 17 0,21 15 0,21 32 0,21
TOTAL 8.494 100,00 7.058 100,00 15.552 100,00
FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (SIDRA:
Sistema de recuperação automática de dados) Censo Demográfico 1991. Tabulação
NUPES/UNIARAXÁ.
*( - ) Valor numérico pouco significativo.

Este conjunto de pessoas e seus pontos de origem nos permitem


inferir que a atração para o Alto Paranaíba ocorre principalmente em
razão de sua maior adaptabilidade tecnológica ao setor cafeeiro, fator
que afeta mais significativamente os indicadores de participação desta
região na formação do produto bruto agrícola de Minas Gerais.

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262 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional

Relativamente aos habitantes de outras regiões mais distantes espacial


e tecnologicamente e de outros países, os números mostram-se pouco
significativos8.
Tais evidências de deslocamento interferem na distribuição
espacial das pessoas de uma região e nos levam à análise da densidade
demográfica, indicador da concentração espacial de determinada
população, que avalia a quantidade média de habitantes por quilômetro
quadrado de área geográfica ocupada. As informações obtidas e
dispostas na Tabela 9 indicam uma região de baixa concentração
populacional cuja expansão ocorre muito lentamente. Além disso,
sugerem que a evolução dos limites urbanos, fonte da arrecadação do
imposto territorial urbano, também ocorre de forma lenta indicando
que esta fonte de recursos públicos tem baixa participação na
arrecadação tributária de seus municípios. Aqueles municípios onde o
número de habitantes mostra-se muito superior à média regional são os
que apresentam as maiores taxas de concentração populacional,
consequentemente os maiores demandantes de serviços públicos.

Tabela 9: Área Geográfica, População Residente e Densidade


Demográfica da Microrregião Patrocínio e Municípios – 1991 e 2007.
1991 2007
Municípios Área (Km2)
População Densidade População Densidade
Microrregião 11.982 155.905 13,01 194.138 16,21
Abadia dos Dourados 895 6.492 7,25 6.556 7,32
Coromandel 3.296 24.954 7,57 27.392 8,30
Cruzeiro da Fortaleza 186 3.068 16,49 3.760 20,21
Douradoquara 313 1.583 5,06 1.846 5,89
Estrela do Sul 820 7.233 8,82 7.136 8,70
Grupiara 193 1.265 6,55 1.412 7,31
Irai de Minas 358 4.476 12,50 6.295 17,58
Monte Carmelo 1.354 34.705 25,63 44.367 32,77
Patrocínio 2.867 60.753 21,19 81.589 28,46
Romaria 402 3.392 8,44 3.561 8,86
Serra do Salitre 1.298 7.984 6,15 10.224 7,88
FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (SIDRA:
Sistema de recuperação automática de dados) Censos Demográficos 1991 e 2000.
Contagem Populacional 2007. Tabulação NUPES/UNIARAXÁ.

As maiores concentrações populacionais são encontradas em


apenas quatro municípios cuja densidade varia entre 17 e 33 habitantes

8
Segundo dados da Fundação João Pinheiro, através de seu Centro de Estatística e
Informações, o Alto Paranaíba perdia sistematicamente população para outras regiões
próximas tanto no período 1970/1980 quanto no intervalo entre 1980/1991. Ver para
maiores detalhes (FJP, 1997, p.45 e 46).

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Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 263

por quilômetro quadrado. Nos restantes esta média situa-se entre 5 e 9,


números que, por serem demasiadamente pequenos, sugerem fracos
índices de diversificação de atividades econômicas realizadas. Nas
regiões mais desenvolvidas são encontradas as principais unidades
produtivas regionais e as maiores concentrações de estabelecimentos e
empregos existentes. Sendo importante pólo de desenvolvimento do
setor cafeeiro presume-se que em algumas destas localidades se
encontram, concentrados ou pouco distantes, os principais segmentos
desta cadeia produtiva. Dependendo do estágio de evolução tecnológica
deste setor nesta região, também podem estar presentes unidades de
transformação ou de captação de matéria-prima das principais
cooperativas nacionais deste produto.

Considerações Finais
Ao longo do período estudado, esta microrregião apresentou
crescimento populacional concentrado nas áreas urbanas em que se
observou maior presença do gênero feminino. Este crescimento indica
concentração etária nas faixas de idade intermediária com tendência
ao envelhecimento, resultante dos baixos índices de crescimento das
populações da base e de maiores índices verificados nos segmentos do
topo das pirâmides etárias. Outro fator que explica o envelhecimento é
a queda dos índices regionais de fecundidade e natalidade. Também se
verificou crescimento da idade mediana regional em decorrência de
melhorias nos indicadores expectativa de vida e mortalidade infantil,
ambos resultantes de melhoras nas condições de vida da população.
Sendo uma região de elevada especialização no segmento agro-
industrial do café, este espaço atrai pessoas com níveis de capacitação
voltados para esta cultura, o que justifica a presença de maiores
contingentes de pessoas oriundas de regiões onde este produto ainda
apresenta elevado nível de ocupação populacional. No entanto, esta
atratividade mostrou-se pouco significativa para o crescimento
populacional.

Referências
CANO, W. Raízes da concentração industrial em São Paulo. São Paulo,
Difel, 1977.

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Centro de Estatística e Informações.,


Perfil Demográfico do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, v3. II.,
1997.

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264 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional

GEORGE, P. et all., Geografia Ativa. 3ª Ed. São Paulo, Difusão


Européia do Livro. 1980. 355 p.
NARCISO SHIKI, S. F. Desenvolvimento agrícola nos cerrados:
trajetórias de acumulação, desagregação ambiental e exclusão social
no entorno de Irai de Minas. Mestrado (Dissertação) Universidade
Federal de Uberlândia, 1998.
VEIGA da, J. E. Cidades Imaginárias, 2ª Ed., Campinas, SP: Editora
Autores Associados, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA –
IBGE., Censos Demográficos 1991 e 2000.

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