Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
4 Capitulo 18
4.1 Determinação de distâncias
O método mais comum para medir distâncias consideravelmente extensas entre pontos inacessíveis
é a triangulação.
1
Ao considerarmos a árvore como um dos vértices, procedemos à construção dos triângulos semel-
hantes ABC e DEC. A linha BC representa a base do triângulo maior, enquanto os segmentos AB
e AC representam os lados, correspondendo às direções do objeto (a árvore) observadas a partir de
cada extremidade da linha base. Portanto, temos o seguinte:
𝐴𝐵 𝐷𝐸
=
𝐵𝐶 𝐸𝐶
Como se pode medir BC, DE e EC, pode-se calcular o lado AB e, então,conhecer a distância da
árvore.
Observamos que a direção da árvore, quando vista de B, difere da direção da árvore quando vista
de C. Essa aparente alteração na orientação do objeto observado, devido à mudança na posição do
observador, é denominada paralaxe. No entanto, na astronomia, a paralaxe costuma ser definida
como a metade do deslocamento angular total medido, conforme ilustrado na figura a seguir.
2
Suponhamos que o ponto S represente o objeto cuja distância desejamos medir, semelhante à árvore
na figura anterior. A linha R é a linha de base do triângulo, e os ângulos Z e Z’ são os ângulos
entre a direção do objeto quando visto a partir de cada extremidade da linha de base e a direção
de um objeto consideravelmente mais distante, utilizado como ponto de referência (por exemplo,
uma montanha no horizonte, como no exemplo anterior). De acordo com a trigonometria, podemos
afirmar o seguinte:
𝐷
tan 𝑝 =
𝑑
Uma vez que p seja conhecido (𝑝 = 𝐴12 + 𝐴2) e D também seja conhecido, podemos medir a distância
d. Para ângulos pequenos, a tangente do ângulo é aproximadamente igual ao próprio ângulo, medido
em radianos. Portanto, se p for menor ou igual a 4 graus, podemos aproximar a tangente de p
3
como sendo igual a p (em radianos):
𝑡𝑎𝑛(𝑝) ≈ 𝑝(𝑟𝑎𝑑)
Essa aproximação é válida quando os ângulos envolvidos são pequenos, o que facilita o cálculo da
distância d utilizando essa fórmula.
𝐷
𝑑=
𝑝(𝑟𝑎𝑑)
𝑎
𝛼(rad) =
𝑟
onde:
𝛼(rad) : é o valor do ângulo em radianos.
(𝑎): é o arco da circunferência que o ângulo encerra.
(𝑟):é o raio da circunferência.
Para converter ângulos de graus para radianos, usamos a seguinte relação:
Ângulo em graus × 𝜋
Ângulo em radianos(rad) =
180
Ângulo em graus × 𝜋
Ângulo em radianos =
180
ou
4
Essas fórmulas são fundamentais para a conversão entre medidas angulares em graus e radianos.
Um ângulo completo, ou seja, um giro completo em torno de um ponto é de 360°. Usando a fórmula
de conversão de graus para radianos, podemos converter esses 360° para radianos. A fórmula é:
𝜋
radianos = graus ×
180
𝜋
radianos = 360° × = 2𝜋
180
180
graus = radianos ×
𝜋
180
graus = 1 rad × ≈ 57.29°
𝜋
5
A paralaxe geocêntrica é expressa pela seguinte fórmula:
𝑅Terra
𝑝(rad) =
𝑑
𝑅Terra
𝑑=
𝑝(rad)
1 UA
𝑑=
𝑝(rad)
Onde UA representa uma Unidade Astronômica, que é aproximadamente igual à distância média
entre a Terra e o Sol
O valor atual é de 149,59787069 milhões de km. A distância de qualquer objeto, calculada em
unidades astronômicas, é dada por:
1
𝑑( UA ) =
𝑝(rad)
6
A figura 2: descreve o conceito de paralaxe heliocêntrica
5.3 parsec
Um parsec é a distância de um objeto tal que um observador nesse objeto veria o raio da órbita
da Terra com um tamanho angular de 1”, ou, em outras palavras, é a distância de um objeto que
apresenta paralaxe heliocêntrica de 1”. A distância de qualquer objeto, em unidades astronômicas,
corresponde a:
1
𝑑(UA) =
𝑝(rad)
Se a distância for 1 parsec, então a paralaxe será 1”. O ângulo de 1”, expresso em radianos, vale:
1∘ 2𝜋 rad
1" = ( )( ) = 4.848 × 10−6 rad
3600 360∘
Logo:
1 UA
1 pc = = 206265 UA
4.848 × 10−6
1
𝑑(pc) =
𝑝(")
7
Um parsec, portanto, é igual a 206265 UA e é igual a 3.26 anos-luz.
Resumindo as três unidades, para uma estrela com paralaxe heliocêntrica qualquer, sua distância
será:
1 206265
𝑑(UA) = =
𝑝(rad) 𝑝(")
1
𝑑(pc) =
𝑝(")
3.26
𝑑(anos-luz) =
𝑝(")
A estrela mais próxima da Terra, Próxima Centauri, está a uma distância de 4.3 anos-luz, que é
maior do que 1 pc. Logo, mesmo para a estrela mais próxima, a paralaxe é menor do que 1” (na
verdade é 0.76”).
Até há poucos anos, com os telescópios de solo disponíveis na Terra, a maior distância de estrelas
que se podia medir com precisão melhor do que 10% era 20 pc, que corresponde a paralaxes � 0.05”.
O uso de CCDs e telescópios dedicados baixou a incerteza das observações feitas em solo para até
1 milissegundo de arco.
Para atingir essa precisão, foi necessário fazer a correção pelo efeito relativístico do desvio da luz
pelo Sol, que é de 1.7 segundos de arco na borda do Sol e 4 milissegundos de arco a 90° do Sol.
8
6 Capitulo 20
6.1 Fotometria
A fotometria é a medição da luz proveniente de um objeto. Até o final da Idade Média, o meio
mais significativo para observações astronômicas consistia no uso do olho humano, auxiliado por
diversos dispositivos mecânicos para medir a posição dos corpos celestes. Posteriormente, surgiu
a invenção do telescópio no início do século XVII, juntamente com as observações astronômicas
realizadas por Galileu. A fotografia astronômica teve seu início no final do século XIX, e nas
últimas décadas, diversos tipos de detectores eletrônicos vêm sendo empregados para estudar a
radiação eletromagnética proveniente do espaço. Atualmente, todo o espectro eletromagnético, que
vai desde a radiação gama até as ondas de rádio (conforme ilustrado na figura 20.1), está sendo
utilizado para fins de observações astronômicas.
Uma vez que a maioria das observações se baseia na utilização da radiação eletromagnética, é
possível obter informações detalhadas sobre a natureza física da fonte por meio do estudo da
distribuição de energia dessa radiação.
𝑐 𝑐
𝜆= 𝑣= 𝑐 = 𝜆𝑣
𝜈 𝜆
� = comprimento de onda
9
v = frequencia
𝑘𝑚
𝑐 ≈ 300000 𝑠 = velocidade da luz
A unidade de ângulo sólido (d� = sen � d� d�) é o esferorradiano (sr). O maior ângulo plano é aquele
que subtende toda a circunferência do círculo e vale 2� radianos; o maior ângulo sólido subtende
toda a área superficial da esfera e vale 4� esferorradianos.
10
8 Intensidade Específica
Quando a luz é emitida de uma fonte isotrópica em um meio homogêneo (que não depende da
direção), ela se expande esfericamente, em todas as direções. A energia que atravessa a unidade
de área da fonte, por unidade de tempo e por unidade de ângulo sólido, é chamada intensidade
específica:
𝑑𝐸
𝐼⟂ =
𝑑𝑡 𝑑𝐴 𝑑𝜔
𝑑𝐸
𝐼𝜈⟂ =
𝑑𝑡 𝑑𝐴 𝑑𝜔 𝑑𝜈
11
Num caso mais geral a energia não se propaga isotropicamente. (Por exemplo, se observamos a
fonte através de um orifício em uma placa opaca colocada na frente dela). Nesse caso, a energia
que atravessa a unidade de área não é a mesma em todas as direções, mas vai depender do ângulo
(�) entre a direção considerada e a normal à área, ou seja:
𝑑𝐸 cos 𝜃
𝐼𝜈 =
𝑑𝑡 𝑑𝐴 𝑑𝜔 𝑑𝜈
∞ ∞
𝐼 =∫ 𝐼𝜈 𝑑𝜈 = ∫ 𝐼𝜆 𝑑𝜆 (20.3)
0 0
A intensidade específica não varia com a distância da fonte, pois a quantidade de energia dentro
do ângulo sólido permanece sempre a mesma.
9 Fluxo
O fluxo (F) é a energia por unidade de área e por unidade de tempo que chega ao detector.
Formalmente, o fluxo em uma certa frequência, em um dado ponto e em uma dada direção, é a
quantidade líquida de energia radiante cruzando a unidade de área, por unidade de tempo, e por
intervalo de frequência:
𝑑𝐸 cos 𝜃
𝑑𝐹𝜈 = = 𝐼𝜈⟂ cos 𝜃𝑑𝜔
𝑑𝐴 𝑑𝑡 𝑑𝜈
𝜋
2𝜋 2
𝐹𝜈 = ∫ 𝐼𝜈 𝑑𝜔 = ∫ ∫ 𝐼𝜈⟂ cos 𝜃 sin 𝜃𝑑𝜃𝑑𝜙 (20.5)
0 0
O fluxo significa potência através de uma superfície, e é expresso em erg cm�² s�¹, ou em watt m�².
O fluxo integrado no espectro de frequências será:
∞ ∞
𝐹 =∫ 𝐹𝜈 𝑑𝜈 = ∫ 𝐹𝜆 𝑑𝜆
0 0
Ao contrário da intensidade específica, o fluxo de radiação cai com o quadrado da distância (r), de
forma que o fluxo que chega na Terra é muito menor do que o fluxo na superfície do astro, estando
diluído por um fator de 1/r².
Para uma estrela esférica de raio R, o fluxo na sua superfície será:
12
𝐿
𝐹 (𝑅) =
4𝜋𝑅2
onde L é a luminosidade intrínseca, que é a energia total emitida por unidade de tempo em todas
as direções.
O fluxo a uma distância r da estrela será:
𝐿
𝐹 (𝑟) =
4𝜋𝑟2
Nesse caso, F(r) é o fluxo integrado sobre toda a superfície da estrela, e a luminosidade da estrela
L pode ser obtida diretamente multiplicando o fluxo dela proveniente pela área sobre a qual o fluxo
se distribui, integrado sobre todas as frequências.
10 Magnitudes
O brilho aparente de um astro é o fluxo medido na Terra e, normalmente, é expresso em termos da
magnitude aparente m, que por definição é dada por:
13
10.1 Sistemas de Magnitudes
Quando medimos uma estrela, o fluxo obtido depende da sensibilidade espectral do equipamento,
ou seja, do conjunto telescópio + filtro + detector. Se chamamos de Φ(�) a eficiência espectral do
equipamento, normalizada, temos:
∞ ∞
𝐹obs = ∫ Φ(𝜆)𝐹 (𝜆)𝑑𝜆 ≈ 𝐹 (𝜆𝑜 ) ∫ Φ(𝜆)𝑑𝜆 (20.10)
0 0
𝐹 (𝑟)
𝑚 − 𝑀 = −2.5 log [ ]
𝐹 (10 pc)
Como
𝐹 (𝑅)
𝐹 (𝑟) 4𝜋𝑅2 10 pc 2 100 pc2
= 1 =( ) = (20.14)
𝐹 (10 pc) 4𝜋(10 pc)2
𝑟 𝑟2
100 pc2
𝑚 − 𝑀 = −2.5 log [ ] = 5 log 𝑟 − 5 (20.16)
𝑟2
o chamado módulo de distância. Nesta fórmula a distância da estrela, r, tem que ser medida em
parsecs.
Logo,
(𝑚−𝑀+5)
𝑟(pc) = 10 5
14
10.1.2 Magnitude Bolométrica
Teoricamente, poderíamos obter o fluxo em todo o intervalo espectral. A magnitude correspondente
ao fluxo em todos os comprimentos de onda é a magnitude bolométrica m���.
A luminosidade L é dada por:
∞
𝐿 = 4𝜋𝑅2 ∫ 𝐹𝜈 𝑑𝜈 = 4𝜋𝑅2 𝐹bol
0
pois
∞ 𝑉− ∞
∫ 𝐹𝜈 𝑑𝜈 = ∫ 𝐹𝜈 𝑑𝜈 + 𝐹𝑉 + ∫ 𝐹𝜈 𝑑𝜈
0 0 𝑉+
11 Capítulo 24
11.1 A Escala do Universo
• 10 m: um edifício comum
• 10² m: uma quadra de uma cidade
• 10³ m: 1 km, uma rua
• 10� m: 10 km, uma cidade pequena
• 10� m: 100 km, uma cidade grande
• 10� m: 1000 km, um estado
• 10� m: 10 mil km, � o diâmetro da Terra (=12 700 km)
• 10� m: 100 mil km; cabem 10 Terras nesse comprimento, mas a Lua está mais distante. A
Terra percorre essa distância em 1 h na sua órbita em redor do Sol.
• 10� m: 1 milhão de km, comparável com o diâmetro da órbita da Lua (= 764 000 km); o
diâmetro do Sol é 1,3 milhões de km.
• 10¹� m: 10 milhões de km, é a distância percorrida pela Terra em 4 dias na sua órbita em
redor do Sol.
• 10¹¹ m: 100 milhões de km, é quase 1 UA (unidade astronômica) =150 000 000 km, que é
distância entre a Terra e o Sol.
• 10¹² m: 1 bilhão de km = 7 UA, ultrapassa o raio da órbita de Júpiter, que é de 5,2 UA.
• 10¹³ m: 10 bilhões de km = 70 UA, é, aproximadamente, o diâmetro do sistema planetário
do Sol inteiro. O raio médio da órbita de Plutão é de 39,5 UA, mas sua máxima distância
atinge 49,3 UA.
• 10¹� m: 100 bilhões de km = 700 UA. O sistema planetário do Sol ocupa apenas uma pequena
porção desse espaço, mas ainda é o domínio do Sol. O cinturão de asteroides de Kuiper se
estende até 150 UA.
15
• 10¹� m: 1 trilhão de km. A nuvem de cometas (Nuvem de Oort), ainda do Sistema Solar,
ocupa aproximadamente esta região do espaço.
• 10¹� m: 10 trilhões de km = 1 (AL) ano-luz. É o limite do Sistema Solar (Nuvem de Oort).
A estrela mais próxima, chamada Próxima Centauri, está a 4 AL do Sol, ainda 3 vezes mais
distante.
• 10¹� m: 10 AL = 3,4 pc (parsecs) é o tamanho de uma pequena nuvem molecular, ou de uma
região HII.
• 10¹� m: 100 AL é o tamanho da região central de um aglomerado globular, ou de uma região
HII grande.
• 10¹� m: 1000 AL, é uma parte do disco da nossa galáxia.
• 10²� m: 10.000 AL, é 1/10 do tamanho da nossa galáxia. O Sol está a 30.000 AL do centro
da nossa galáxia.
• 10²¹ m: 100 mil AL, é o tamanho da nossa galáxia, a Via Láctea. As Nuvens de Magalhães,
galáxias satélites da Via Láctea estão a cerca de 150 mil AL.
• 10²² m: 1 milhão de AL; a galáxia de Andrômeda, a galáxia normal mais próxima da Via
Láctea, está a 2 milhões de anos-luz; o diâmetro do Grupo Local de galáxias, que contém
apenas 25 galáxias é de 3 milhões de anos-luz.
• 10²³ m: é o tamanho de um aglomerado de galáxias.
• 10²� m: é o tamanho de um superaglomerado de galáxias, como o Superaglomerado de
Virgem, que inclui o Grupo Local.
• 10²� m: distância dos quasares observados (z=5 → d �4000 Mpc).
• 10²� m: é aproximadamente o tamanho do nosso Universo pois ele se formou há cerca de13
bilhões de anos atrás, no Big Bang, e 13 bilhões de anos-luz correspondem a aproximadamente
10²� m.
16