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Rosana de Oliveira
UERJ
rosanaol40@yahoo.com.br
Resumo:
Esse minicurso se destina ao âmbito da formação inicial e continuada de professores de
Matemática que atuam no Ensino Básico. As tarefas propostas fazem parte de um dos
livros do Projeto “A Formação de Professores que ensinam Matemática na Educação
Básica: outro olhar sobre a exploração de materiais manipuláveis”, aprovado pela
FAPERJ em 2014. O objetivo deste minicurso é discutir como o uso das Réguas de
Cuisenaire pode contribuir para a formação do pensamento combinatório aliados a um
espaço escolar e de formação produtivos, orientados pelos signos da cooperação, da
reflexão, da ludicidade e do dinamismo das práticas cotidianas. Durante o
desenvolvimento do trabalho, os participantes deverão realizar e refletir sobre tarefas
organizadas em três momentos: livre exploração, associação número-comprimento-cor-
letra e pensamento combinatório.
1. Introdução
Vinculado ao projeto “A Formação de Professores que ensinam Matemática na
Educação Básica: outro olhar sobre a exploração de materiais manipuláveis”, aprovado
pela FAPERJ em 2014, este minicurso objetiva primordialmente discutir com
professores e futuros professores a possibilidade de se trabalhar com as Réguas
Cuisenaire ao longo do Ensino Fundamental e Médio.
2. O material
Nos anos de 1931, Émile Georges Cuisenaire Hottelet, um professor belga que
trabalhou em Thuim observou que seus alunos do Ensino Fundamental, apresentavam
dificuldades para compreender os números. Ele então idealizou um material, as Réguas,
Barras ou Escalas de Cuisenaire e as experimentou com seus alunos durante 23 anos.
Este material é formado por um conjunto de dez barras coloridas e de diferentes
comprimentos, e descobriu que, fazendo uso da inclinação natural das crianças para
brincar, e dando-lhes um material atraente que mostrasse as relações entre as cores das
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réguas e suas medidas de comprimento (ou volume), era possível fornecer uma
compreensão para os números.
O trabalho de Cuisenaire ficou relativamente desconhecido até que em 1952 ele
publicou o livro “Les Nombres en Couleurs” (Os números em cores) onde mostrou
como o material poderia ser utilizado.
Em 1970, Caleb Gattegno iniciou publicações de livros sobre o uso didático para
este material, mostrando em sua abordagem representações numérica e operações, além
de difundir o uso das letras iniciais para representar as cores das réguas.
As Réguas de Cuisenaire é constituído por um conjunto de prismas retangulares
(paralelepípedos), cuja medida da área das faces menores é de 1 centímetro quadrado e
a medida da outra aresta variam de 1 a 10 centímetros. O comprimento dessas arestas
designam cores diferentes que de 1 a 10 centímetros correspondem, respectivamente, as
cores: branca (madeira), vermelha, verde-clara, roxa (ou rosa), amarela, verde-escura,
preta, marrom, azul e laranja. As Réguas de Cuisenaire se inserem no que denominamos
de material manipulável estruturado, pois foram pensados para desenvolver trabalhos
no ensino e na aprendizagem de matemática.
3. Fundamentação teórica
Nossa proposta neste minicurso prevê inicialmente a livre exploração das
Réguas de Cuisenaire, pois acreditamos que todo material utilizado em sala de aula
precisa ser manipulado livremente pelos estudantes. Esse processo permite que eles se
familiarizem, criem suas próprias relações e desenvolvam uma aprendizagem
matemática de forma intuitiva e informal. Nesse sentido, KINDEL e OLIVEIRA (2017)
afirmam que:
um modelo algébrico para o estudo da matemática, mas também pode permitir que os
estudantes investigassem a matemática de acordo com seu ponto de vista. Ainda de
acordo com o autor, as Réguas de Cuisenaire são de grande importância para a
matemática e para a psicologia. Matematicamente, trata-se de um material manipulável
estruturado que exemplifica muitas das relações aritméticas e geométricas presentes na
vida escolar e que pode ser trabalhado em qualquer faixa etária e em diferentes níveis de
ensino. O aspecto psicológico reside no fato de se tratar de um material semi-abstrato e
multissensorial, o que possibilita articular o pensamento concreto e o abstrato.
Os aspectos das Réguas de Cuisenaire destacados aqui estão de acordo com
ABRANTES (1999), quando afirma que aprender matemática é fazer matemática, pois
há uma identificação entre aprender matemática e compreender a sua natureza. Esta
forma de abordar a atividade matemática está cada vez mais difundida na Educação
Matemática e, nas perspectivas atuais, aprender é sempre produto de uma ação.
Especificamente sobre o pensamento combinatório, os problemas de contagem
consideram conjuntos, nos quais se deve agrupar ou ordenar elementos, de modo a
atender critérios específicos (BORBA, 2010). Esses problemas muitas vezes são
abordados somente no Ensino Médio, quando abordamos o tópico específico
denominado de Análise Combinatória. Entretanto, nessa abordagem, de acordo com os
PCNs de Matemática (BRASIL, 1997), o pensamento combinatório deve ser
desenvolvido ao longo do Ensino Fundamental. Nessa etapa, o aluno deve ter contato
com problemas de contagem utilizando desenhos, árvores de possibilidades, esquemas e
tabelas. Esse trabalho possibilita desenvolver a compreensão sobre o princípio
multiplicativo e de outras técnicas de contagem.
A 3ª versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aponta como objetos
de conhecimento e habilidades relativas aos 4º e 5º anos:
Quadro 1: Objetos de conhecimento e habilidades
Objetos do conhecimento Habilidades
Problemas de contagem (EF04MA08) Resolver, com o suporte de imagem e/ou
material manipulável, problemas simples de contagem,
como a determinação do número de agrupamentos
possíveis ao se combinar cada elemento de uma coleção
com todos os elementos de outra, utilizando estratégias
e formas de registro pessoais. (BRASIL, 2017. p.246-
247)
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4. Metodologia
Serão propostas tarefas que envolvem três temáticas: exploração livre;
associação entre número, cor, comprimento e representação por letras. Os cursistas
receberão as apostilas com a proposta das tarefas, um conjunto de Réguas de Cuisenaire
para o trabalho em grupo, papel sulfite e lápis de cor.
O minicurso terá duração de 3 horas e será composto de três diferentes
momentos, que correspondem às temáticas enunciadas.
Quadro 2: Momentos do Minicurso
Momentos Atividades propostas
1º Exploração livre
2º Associação entre número, cor, comprimento e representação por letras
3º Pensamento Combinatório
Fonte: As autoras.
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5. Considerações Finais
Com as Réguas de Cuisenaire podemos explorar além das construções livres,
diversos aspectos das aprendizagens da Educação Básica, como as operações
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6. Referências
ABRANTES, Paulo. Investigações em Geometria na sala de aula. In: ABRANTES P.,
PONTE, J.P.; FONSECA H.; BRUNHEIRA L. (Eds.), Investigações Matemáticas na
Aula e no Currículo. Lisboa: APM, 1999. p. 153-167. Disponível em: <
www.prof2000.pt/users/j.pinto/textos/texto1.PDF>. Acesso em 14 de fev. de 2018.
BARBOSA, Andreia Carvalho Maciel; KINDEL, Dora Soraia; OLIVEIRA, Rosana de;
SILVA, Ana Lucia Vaz da. Réguas de Cuisenaire: Um Olhar Sobre Materiais
Manipuláveis. Rio de Janeiro: DP&A, 2018. (no prelo)