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O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DOS CONJUNTOS NÚMERICOS: UMA

PROPOSTA DE APLICAÇÃO PARA O ENSINO MÉDIO

Carine Aparecida Borsoi


Tecnólogo em Gestão Ambiental – FAI. Mestranda do curso Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário–
UNICENTRO. Acadêmica do Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Norte do Paraná. E-mail:
carineborsoi@hotmail.com

Elizete Altíssimo Beal


Professora e Tutora de Sala do Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Norte do Paraná.
Licenciada em Matemática pela UTFPR e Especialista em Educação Inclusiva. E-mail: elizete.beal@gmail.com

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo mostrar que o lúdico pode e deve estar
presente nas aulas de matemática para obtenção do aprendizado, principalmente no ensino
médio. Em geral, defende-se a utilização do lúdico no ensino infantil e fundamental,
ignorando sua aplicabilidade no ensino médio. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica. A proposta final do artigo é proporcionar o desenvolvimento de uma atividade
lúdica na qual os alunos do ensino médio identifiquem a que conjunto numérico pertence o
elemento solicitado. O nome do jogo é “Bingo dos Conjuntos Numéricos”. Na sequência,
deverão ser apresentadas situações problema cotidianas relacionadas ao diagrama de Venn,
que é uma representação gráfica que demonstra as relações existentes entre conjuntos. Logo,
espera-se que, por intermédio da atividade proposta neste artigo, que o lúdico proporcione
aos alunos do ensino médio um momento de descontração e interação social sem fugir do
foco principal que é o conteúdo matemático.

PALAVRAS-CHAVES: Teoria e prática, Lúdico, Conjuntos Numéricos.

INTRODUÇÃO

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), durante o ensino


fundamental, o aluno deve aprender os conceitos do número irracional, ampliar e construir
significados para os números naturais, inteiros e racionais. Nessa etapa o aluno deve saber
identificar, interpretar e utilizar diferentes representações desses números, além de conhecer o
conjunto dos números reais. Nos primeiros anos do ensino fundamental o aluno deve ter
noção de números naturais, pois quando estiver finalizando seus estudos no ensino
fundamental possa aprofundar seu aprendizado. Os números inteiros e racionais são
conteúdos do ensino fundamental, tendo uma breve introdução dos números reias sendo
retomado e aprofundado no ensino médio.

ISSN 2318-759X
As Diretrizes Curriculares para o Ensino da Matemática no Paraná -DCE (2008)
apresenta que os números estão presentes na vida do homem desde sempre, pois a
necessidade da contagem surge conforme o estilo de vida vai se moldando tornando assim
essencial para a sobrevivência trabalhar com os números. O sistema de numeração passou por
várias mudanças para chegar até o sistema que temos hoje.

As Diretrizes Curriculares para o Ensino da Matemática no Paraná -DCE (2008) descreve:

Ocorreram avanços na sua sistematização e hoje há diferentes formas de ler os


números, organizados nos seguintes conjuntos numéricos: naturais, inteiros,
racionais, irracionais, reais e complexos. O atual sistema de numeração, denominado
indo-arábico, configurou-se conforme a integração entre povos do ocidente e do
oriente, sobretudo em atividades comerciais do século XIII.

Na sociedade dos dias de hoje se subentende que a matemática deve desenvolver o


raciocínio, no entanto Pereira e Ponte (2012) descrevem que é necessário ter raciocínio para
compreender a matemática. A compreensão do conceito de matemática vai além de conhecer
sua definição, é preciso relacionar com outros conceitos bem como relacionar na prática. Para
que os alunos desenvolvam seu raciocínio não é preciso apenas decorar conceitos e
procedimentos, mas sim mostrar que a matemática é uma ciência lógica e coerente. Pereira e
Ponte (2012, p1) citam Lannin, Ellis, & Elliot (2011) que dizem: “Promover o raciocínio
matemático dos alunos é um aspecto central do trabalho do professor, que, no entanto, tem
sido muito pouco investigado”.

Uma prática pedagógica que pode promover o desenvolvimento desse raciocínio


matemático na construção do conceito dos conjuntos numéricos é a utilização de jogos. Os
jogos são como uma forma cultural adotada pelo ser humano, isso se justifica pelo fato de
encontrarmos em qualquer cultura e tempo histórico diferentes tipos de jogos. Grando (2000)
apresenta a necessidade do homem em desenvolver atividades lúdicas com a finalidade do
lazer, momento prazeroso que envolve as pessoas. Na matemática, por meio do lúdico ocorre
um momento de descontração e interação social sem fugir do conteúdo matemático que é o
foco principal.

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Neste trabalho pretende-se desenvolver uma atividade lúdica envolvendo o conteúdo
de conjuntos numéricos. A atividade será um bingo onde teremos a oportunidade de
classificarmos os conjuntos numéricos, Durante a brincadeira os alunos poderão diferenciar os
elementos de cada grupo como os pertencentes ao conjunto dos números naturais, inteiros,
racionais e reais.

REFERENCIAL TEÓRICO

Conforme Pierini, Valentim e Cardoso (2012), foi por volta do século XX junto com o
movimento da modernização da matemática escolar que o conteúdo de conjuntos numéricos
passou a compor o currículo de matemática. O conteúdo surge com o objetivo de estruturar os
conceitos relacionando com o dia a dia dos estudantes, porém nos afirma os autores que os
alunos na maioria das vezes passam pelo ensino básico sem obter o conhecimento necessário
sobre os conjuntos numéricos. Grando (2000) aponta que o que não só o conteúdo citado mas
todo o currículo da matemática está sendo feito de forma a não oferecer ao estudante o que
ele realmente necessita, [...] “o currículo vem sendo desenvolvido em termos de conteúdos
obsoletos, metodologias que pouco oferecem resultados e objetivos que não seriam os mais
relevantes e significativos para o indivíduo”. De acordo com as ideias do autor é necessário
reconstruir o currículo com a finalidade de que os conteúdos, objetivos metodologias estejam
de acordo com as necessidades e realidade de cada aluno.

Para minimizar essa falha os professores vêm optando pelo lúdico, pelos jogos
matemáticos. Os autores Pierini, Valentim e Cardoso (2012, p. 2), demonstram que ao
introduzir jogos nas aulas, em geral, o resultado é positivo, “[...] despertando a motivação e a
aprendizagem. Esses jogos, cujo objetivo é a aprendizagem, são chamados de “Jogos Sérios”.

Chaves (2009) afirma que a o uso dos jogos no processo de ensino aprendizagem é
significativo e importante para os alunos. Essa estratégia torna as aulas mais atrativas e
dinâmicas, além de desenvolver o raciocínio lógico e a interação entre os alunos.

Chaves (2009) cita Nunes (1990) que diz que realizar um trabalho pedagógico através
de jogos resgata o gosto dos alunos pela descoberta, pelo novo e faz com os estudantes
desenvolvam suas habilidades operatórios que é característico dessa idade.

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Chaves (2009) cita Grando (2005) que fala que as vantagens dos jogos para os
conteúdos matemáticos são inúmeros entre elas a interdisciplinaridade e a fixação do
conteúdo abordado. Além disso, proporciona o aprendizado ao aluno e alcance dos objetivos
do professor. Por meio do lúdico ocorre um momento de descontração e interação social sem
fugir do conteúdo matemático que é o foco principal.

Existe vantagens e desvantagem de se aplicar o lúdico em sala de aula. Maluta (2007)


afirma que “...podemos verificar que estas podem ser eliminadas se o professor tomar alguns
cuidados e realizar um planejamento para uma aula com jogos”. Podemos levar em conta aqui
os cuidados que o professor deve ter ao aplicar o jogo em sala de aula, como por exemplo,
explicar aos seus estudantes o motivo da aplicação e sua importância para o conteúdo bem
como a sua importância para a avaliação dos mesmos posteriormente. O profissional deve se
preparar para que o tempo previsto para a realização do lúdico não seja maior do que o
previsto causando assim problemas futuros, como prejudicar o andamento de outros
conteúdos. É importante que o professor conquiste o aluno de modo a desertar o seu interesse
pelo jogo e não de força-lo a jogar, pois isso pode perder todo o sentido da atividade.

O jogo e a solução de situações problemas estão relacionados de modo que, conforme


Grando (2010, p. 33) entende: “[...], psicologicamente, envolvem o pensar, o estruturar-se
cognitivamente a partir do conflito gerado pela situação-problema”.

DESENVOLVIMENTO

A proposta desta aula trata da utilização de um jogo, adaptado pelo Volume 1, Módulo
2 de Nova EJA: Educação de Jovens e Adultos (s/d) envolvendo o conteúdo dos conjuntos
numéricos, sendo assim denominado: “Bingo dos Conjuntos Numéricos”. Os objetivos do
jogo são:

- Fazer com que o aluno diferencie cada um dos quatro conjuntos numéricos: Naturais,
Inteiros, Racionais e Reais;

-Trabalhar a relação da inclusão entre os conjuntos e a relação de pertinência entre um


número e um conjunto numérico;

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- Identificar os números Irracionais e associá-los ao conjunto dos Reais;

-Trabalhar com o diagrama de Venn para a resolução de situações problemas que


envolvam a realidade do aluno.

Espera-se através do lúdico tornar esse conteúdo mais atrativo e fácil.

Para a aplicação do jogo primeiro é necessário realizar uma aula expositiva aos alunos
sobre os conjuntos numéricos, exemplificando e classificando os elementos pertencentes a
cada conjunto. Após esta explicação seria a hora de resolver alguns exemplos juntamente com
os alunos de situações problemas que estejam relacionados com sua realidade, usando o
diagrama de Veen.

Antes de realizar o bingo dos conjuntos numéricos é preciso que o professor faça um teste
para verificar o bom desempenho do seu lúdico. Esse teste é a preparação da atividade
antecipadamente, onde o professor deverá jogar o bingo sozinho para que ele verifique os
possíveis resultados bem como a veracidade de sua atividade.

Vale observar que durante a aplicação do bingo os alunos podem vir a confundir a
classificação dos elementos dos conjuntos numéricos, bem como pode haver dificuldade para
interpretar as situações problemas e isso demandar mais tempo para a solução.

Os materiais usados serão:

- Fichas para marcação conforme o modelo da figura 1 (uma para cada aluno);

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Figura 1 – Fichas para marcação.

Fonte: Próprio autor.

- Fichas para sorteio com números diversos, conforme modelo da figura 2;

Figura 2 – Fichas para sorteio

Fonte: próprio autor.

- Planilhas de Marcação, de acordo com a figura 3;

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Figura 3 – Planilhas de Marcação.

Fonte: próprio autor.

O professor deverá distribuir uma cartela para cada aluno e dar as instruções, dentro de
um saco deverá conter fichas com 40 números (10 para cada parte do diagrama– naturais,
negativos, não inteiros e irracionais), a cada número sorteado os alunos deverão preencher
suas cartelas no lugar correspondente, até que um ou mais alunos preencham todas as lacunas
e assim recomece a atividade com os vencedores até sobrar apenas um que será o grande
vencedor.

A planilha de marcação servirá para conferir se os números marcados foram sorteados,


deve-se observar se todos estão certos, sendo que essa análise pode ser feita junto com os
alunos.

A situação problema que os alunos irão resolver em um segundo momento faz parte da
atividade fazendo assim com que os alunos tenham a possibilidade de fixar o conteúdo com
maior facilidade. Esse exercício deve estar de acordo com a realidade em que o aluno está
situado. O exemplo a seguir pode ser aplicado em qualquer situação pois aborda como tema a
Olimpíada de Matemática.

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Situação problema: “Um professor de matemática fez a inscrição de seus alunos para a
Olimpíada de Matemática, totalizando 100 alunos inscritos. Na prova havia duas questões
sobre o conteúdo de conjuntos numéricos, onde 40 alunos acertaram a questão 1 e, 32 alunos
acertaram as duas questões. Sendo que no dia da prova houve 20 faltosos e que nenhum aluno
errou as duas questões, quantos acertaram apenas a questão numero 2?”. A resposta deste
situação problema está na figura 4, representado pelo diagrama de Veen.

Figura 4 – Resposta da Situação Problema.

Fonte: Próprio autor.

A avaliação da aplicação do jogo pelo professor pode ser realizada de forma diagnóstica e
continua. Em uma segunda etapa de correção o professor usará as planilhas do bingo e as situações
problemas resolvido pelos alunos. O professor pode ainda pedir para que os alunos descrevam em
uma folha como foi a experiência do bingo e das questões que estão relacionadas com sua realidade,
podendo assim avaliar a metodologia utilizada descrevendo se houve êxito para seu aprendizado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de jogos nas atividades de matemática quando realizadas sob orientação do


professor e relacionado com o conteúdo pode se tornar uma ferramenta de aprendizado. Por
meio da atividade proposta neste artigo espera-se que o lúdico proporcione aos alunos um

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momento de descontração e interação social sem fugir do foco principal que é o conteúdo
matemático: conjuntos numéricos. O jogo e a solução de situações problemas estão
relacionados de modo que, conforme Grando (2010, p. 33): “[...], psicologicamente, envolvem
o pensar, o estruturar-se cognitivamente a partir do conflito gerado pela situação-problema”.

Esse aprendizado diferenciado deverá ser lembrado sempre pelos alunos uma vez que
deixaram de lado a faceta “decorar” e estimula-se o aprendizado de forma exitosa.

REFERÊNCIAS

CHAVES, ENI FÁTIMA DE SOUZA; HORIZONTE, BELO. FACULDADE PEDRO II


INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO. O Lúdico e a Matemática. Disponível em:
http://www.fape2.edu.br/mono_3.pdf. Acesso em 24/03/2016.

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dissertação. UFSC, Florianópolis, 4a. edição, 2005. Disponível em:
http://200.17.83.38/portal/upload/com_arquivo/metodologia_da_pesquisa_e_elaboracao_de_dissert
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SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ- SEED. DCE- Diretrizes


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29/03/2016.

GRANDO, Regina Célia et al. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula.
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MALUTA, T.P. O Jogo nas Aulas de Matemática: Possibilidades e Limites. São Carlos,
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Cientifica. 7 ed. São Paulo:
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MATA-PEREIRA, Joana; PONTE, João Pedro da. Raciocínio matemático em conjuntos


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