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Versão 1
GRUPO I
Passaram-se 484 anos desde que Vila Franca do Campo, então capital dos Açores, foi totalmente
subvertida. Aconteceu a 22 de outubro de 1522 a maior catástrofe natural da história insular açoriana e a
segunda maior de Portugal.
O terramoto, estudado pela investigadora Dina Silveira, do Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos
Geológicos (CVARG), deverá ter tido epicentro em terra a NNW de Vila Franca do Campo e terá atingido
intensidade máxima de grau X (Escala Macrossísmica Europeia 98). Este sismo desencadeou, por grande
parte da ilha, inúmeros movimentos de vertente, tendo sido mais afetadas as áreas de Vila Franca do
Campo, Ponta Garça, Furnas, Fenais da Maia e Maia. O maior e mais catastrófico destes movimentos de
vertente teve origem num monte sobranceiro a Vila Franca do Campo, então chamado Monte do Rabaçal.
A lama cobriu muitas ruínas de casas afetadas pelo sismo, derrubando muitas outras, obstruiu caminhos,
destruiu terras de cultivo matando pessoas e animais, muitas soterradas enquanto fugiam de casa com
receio das réplicas. A enorme massa que varreu a vila por completo, ao entrar no oceano formou um
pequeno tsunami, destruindo algumas embarcações que se encontravam ancoradas junto do ilhéu de Vila
Franca.
Rui Marques, investigador do CVARG, estudou recentemente em detalhe os depósitos dos movimentos de
vertente gerados em resultado do terramoto de 1522 e reconstituiu a catástrofe. Para este autor, a fonte
principal do grande movimento de vertente, do tipo escoada de detritos, situou-se a NW de Vila Franca do
Campo, a sul do Pico da Cruz, onde é nítido o setor de rotura, esventrado para SSE. Imediatamente após o
sismo, aproximadamente 6,75 milhões de metros cúbicos de material foram mobilizados da vertente e
canalizados pela ribeira Mãe d’Água a uma velocidade de aproximadamente 1-3 m/s, espraiando-se sobre a
vila. De acordo com o investigador, um segundo movimento de vertente igualmente importante terá
ocorrido a jusante da Ribeira Seca, tendo o material sido canalizado pela ribeira até ao mar.
No total terão perdido a vida entre 3000 e 5000 pessoas, praticamente toda a população que ali se
encontrava. No palco desta catástrofe crescem hoje lindíssimas plantações e luxuriantes pastagens verdes
que lhe dão cor, mascarando o local onde outrora milhares de pessoas pereceram. Assim aconteceu a
maior catástrofe natural da história insular e a segunda maior do país, logo atrás do terramoto de 1755 que
destruiu Lisboa e matou cerca de 30 000 pessoas.
Baseado em Investigadores reconstituem a história da destruição de Vila Franca do Campo 484 anos depois da tragédia.
Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos, 22 de outubro de 2006 [Consult. em fevereiro de
2018]. Disponível em www.cvarg.azores.gov.pt/
1. Embora não chovesse no dia do sismo, os solos estavam saturados em resultado de chuvas intensas
ocorridas nos dias anteriores. Os materiais piroclásticos não consolidados _____ consistência quando
são atravessados por ondas sísmicas, o que associado ao _____ declive das vertentes aumenta o risco
de ocorrência de movimentos em massa.
(A) perdem … reduzido (C) perdem … elevado
(B) ganham … reduzido (D) ganham … elevado
2. O movimento em massa que destruiu a povoação de Vila Franca do Campo deslocou-se cerca de 3
m/s, com elevada capacidade _____ nas regiões de origem e ocorrência e elevada capacidade de
_____ junto ao oceano.
(A) deposicional … sedimentação
(B) erosiva … meteorização
(C) erosiva… sedimentação
(D) deposicional … meteorização
3. O movimento em massa de Vila Franca foi agravado
(A) pelo reduzido declive das vertentes a montante da cidade.
(B) pela existência de pequenas redes hidrográficas.
(C) pelo tsunami gerado por uma rotura no fundo oceânico.
(D) pela natureza consolidada das rochas que sofreram deslocamento.
6. Faça corresponder a cada uma das descrições de propriedades dos minerais expressos na coluna A, à
respetiva designação, que consta da coluna B. Utilize cada letra e cada número apenas uma vez.
COLUNA A COLUNA B
(1) Clivagem
(A) Tendência de um mineral partir segundo direções preferenciais. (2) Densidade
(B) Resistência de um mineral à abrasão. (3) Dureza
(C) Forma regular de como os átomos de um mineral se distribuem no (4) Fratura
espaço. (5) Estrutura
cristalina
7. Os movimentos em massa também podem ocorrer nas arribas das ilhas açorianas. Ordene as letras de A
a E, de modo a reconstituir a sequência cronológica dos acontecimentos relacionados com o recuo de
uma arriba, numa relação causa-efeito.
A. As camadas superiores de rocha perdem sustentação.
B. Abatimento do bloco rochoso.
C. Abrasão marinha na base da arriba.
D. Recuo da linha de costa.
E. A abrasão marinha volta a atuar na arriba após a remoção do material.
8. O sismo de 1998, com epicentro perto do Faial, originou diversos movimentos em massa no vertente
noroeste do vulcão da Caldeira. Relacione este dado com a morfologia e constituição das caldeiras
vulcânicas açorianas. (10 pontos)
GRUPO II
Em 1946, Joshua Lederberg e Edward Tatum desenvolveram um estudo cujo objetivo era verificar se as
bactérias seriam capazes de trocar material genético.
Numa primeira experiência, os investigadores fizeram crescer duas estirpes mutantes de Escherichia coli
(estirpe A e estirpe B), que, para se desenvolverem em meio de cultura mínimo (MM)1, necessitavam do
fornecimento de determinados nutrientes, pois tinham defeitos na síntese de enzimas necessárias à
biossíntese desses mesmos nutrientes. Os ensaios 1, 2, 3 e 4, cujos resultados estão representados na
Experiência 1 da Figura 1, mostram o comportamento das estirpes A e B, em diversos meios de cultura.
Numa segunda experiência, os investigadores misturaram previamente as duas estirpes, durante algum
tempo, em MM contendo os aminoácidos metionina, biotina, treonina e leucina, para que as duas estirpes
se pudessem desenvolver. Seguidamente, fizeram crescer a cultura bacteriana em placas de Petri com dois
meios distintos. Os ensaios 5 e 6, cujos resultados estão representados na Experiência 2 da Figura 1,
mostram o comportamento das bactérias nos dois meios distintos.
Nota:
1 MM — meio sem suplemento de nutrientes que permite o crescimento de estirpes selvagens de Escherichia coli.
Figura 1
1. No estudo apresentado, a variável dependente é
(A) a alimentação fornecida.
(B) a espécie bacteriana.
(C) o crescimento de colónias.
(D) o meio de cultura mínimo.
8. Explique de que modo os resultados obtidos nas duas experiências permitem responder ao objetivo do
estudo apresentado. (10 pontos)
GRUPO III
A litologia e o registo fóssil da Bacia do Baixo Tejo permitem inferir que a região passou por diferentes fases
climáticas e que, como resultado de variações do nível médio do mar e de movimentos tectónicos, foi tendo
diferentes configurações paleogeográficas.
No Miocénico, de 23 a 5 milhões de anos (Ma), acompanhando a deriva da placa africana para norte, em
relação à Península Ibérica, algumas rochas, que tinham sido depositadas na Bacia Lusitânica durante o
Jurássico (de 199 a 145 Ma) e o Cretácico (de 145 a 66 Ma), sofreram deformação e deram origem às serras
do Maciço Calcário Estremenho, a norte, e à serra da Arrábida, a sul.
Mais tarde, há cerca de 5 Ma, formou-se uma vasta planície emersa, entre Lisboa e a serra da Arrábida, onde
se instalou o sistema fluvial precursor do Tejo atual, constituído por múltiplos canais que atravessavam a
península de Setúbal, desaguando alguns na zona onde hoje se situa a Lagoa de Albufeira.
Posteriormente, entre 1,7 e 1,5 Ma, a subsidência1 da bacia de sedimentação e a atividade da falha do Vale
Inferior do Tejo, entre Vila Nova da Barquinha e o Barreiro, e, mais a jusante, da falha do Gargalo do Tejo, a
oeste de Lisboa, com direção E-O, provocaram a reorganização da rede hidrográfica do Tejo.
A Figura 2 apresenta um mapa geológico simplificado da região.
Nota:
1 subsidência – movimento lento de descida do fundo de uma bacia de sedimentação.
1. Na Bacia do Baixo Tejo, foram encontrados fósseis de rinoceronte com cerca de 16 Ma, o que permite
deduzir que, nessa época, a região corresponderia a uma savana.
A dedução enunciada na afirmação anterior baseia-se no Princípio
(A) do Catastrofismo.
(B) da Sobreposição dos Estratos.
(C) da Identidade Paleontológica.
(D) do Atualismo.
2. Considere as seguintes afirmações, referentes à evolução da Bacia do Baixo Tejo.
I. Há cerca de 5 Ma, alguns dos canais do sistema fluvial desaguavam numa zona situada a sul da foz atual.
II. Parte dos sedimentos que se encontram na península de Setúbal resultaram da erosão de rochas que
afloravam no interior da Península Ibérica.
III. Na península de Setúbal, encontram-se calhaus rolados do granito de Sintra, o que indicia que, quando os
mesmos se depositaram, o Tejo já desaguava na zona do «Gargalo».
(A) III é verdadeira; I e II são falsas.
(B) I é verdadeira; II e III são falsas.
(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.
(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.
4. Em 1909, ocorreu um sismo na região de Benavente. Com os dados disponíveis, é de supor que este sismo
tenha estado associado à falha
(A) interplaca do Vale Inferior do Tejo.
(B) intraplaca do Vale Inferior do Tejo.
(C) interplaca do Gargalo do Tejo.
(D) intraplaca do Gargalo do Tejo.
5. Atualmente, em algumas zonas do litoral oeste de Portugal, verifica-se um acentuado _______ da linha de
costa, relacionado com a _______ do nível médio da água do mar.
(A) avanço … subida
(B) avanço … descida
(C) recuo … subida
(D) recuo … descida
7. Estabeleça a correspondência entre as afirmações da coluna A e os termos da coluna B. Utilize cada letra
apenas uma vez.
Coluna A Coluna B
(a) Rocha rica em material vegetal que sofreu reduzida (1) Gás natural
evolução. (2) Antracite
(b) Corresponde ao último estádio de formação do carvão. (3) Hulha
(c) Acumula-se no topo da rocha-armazém, em resultado de (4) Petróleo
ser o menos denso. (5) Turfa
GRUPO IV
Na região de Carrazeda de Ansiães, ocorrem diversos granitos, x, y e z, de idade carbónica, que intruíram
formações de rochas metamórficas de baixo grau, de idade câmbrica.
Em alguns dos granitos x, y e z, e também nas rochas encaixantes, há vestígios de pequenas explorações
mineiras associadas aos filões de quartzo que cortam os granitos. Os granitos x, y e z definem uma série de
diferenciação magmática, em que a cristalização fracionada terá sido o mecanismo responsável pela origem
dos granitos z e x a partir do magma granítico y. A Figura 3 representa as séries reacionais de Bowen, que
constituem um modelo explicativo da cristalização fracionada.
O granito de duas micas y apresenta quantidades idênticas de biotite e de moscovite. O granito
moscovítico-biotítico z tem mais moscovite do que biotite, enquanto o granito x só apresenta moscovite.
No que se refere às plagióclases, o granito x é composto apenas por albite, enquanto nos granitos y e z a
composição varia de albite a oligóclase.
Figura 3
Na resposta a cada um dos itens de 1. a 3., selecione a única opção que permite obter uma afirmação
correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
1. No grupo das plagióclases, a albite e a anortite são minerais isomorfos, pois,
(A) têm composição química idêntica e rede cristalina diferente.
(B) possuem composição química distinta mas estrutura cristalina semelhante.
(C) apresentam composição química e rede cristalina idêntica, mas cores diferentes.
(D) têm a mesma rede cristalina, mas dureza diferente.
3. A olivina e a piroxena contêm, frequentemente, ferro na sua composição. A alteração destes minerais
provoca a passagem de Fe2+ a Fe3+, o que constitui um processo de meteorização
(A) física que ocorre por oxidação.
(B) física que ocorre por hidrólise.
(C) química que ocorre por oxidação.
(D) química que ocorre por hidrólise.
4. Ordene as letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência cronológica mais provável dos
acontecimentos relacionados com a instalação dos granitos da região de Carrazeda de Ansiães.
Escreva, na folha de respostas, apenas a sequência de letras.
A. Formação do granito moscovítico-biotítico z.
B. Formação do granito de duas micas y.
C. Formação do granito moscovítico x.
D. Metamorfismo regional de sedimentos durante o Câmbrico.
E. Instalação de filões de quartzo.
GRUPO V
A sequência aminoacídica de uma proteína resulta da sequência nucleotídica do gene que as codifica.
Ao longo do tempo surgem mutações genéticas que podem ter reflexo na estrutura das proteínas por eles
codificadas.
Alguns genes apresentam uma taxa de mutação relativamente constante ao longo da evolução, o que
permite que eles, ou os seus produtos, sejam usados como relógios moleculares.
O citocromo c é uma importante proteína da cadeia respiratória, presente na membrana interna das
mitocôndrias, muito usada como relógio molecular. A determinação da sequência dos seus aminoácidos tem
permitido o estabelecimento de relações filogenéticas entre diferentes grupos taxonómicos.
1. Tendo em conta os dados que permitiram construção da árvore filogenética da figura é possível
afirmar que
(A) o cavalo e o burro partilham um menor número de características do que o cavalo e o porco.
(B) o cavalo e o burro partilham um ancestral mais recente do que o cavalo e o porco.
(C) os citocromos dos coelhos e o dos cangurus diferem em cerca de 20 aminoácidos.
(D) os citocromos de Saccharomyces e de Candida krusei possuem apenas 20 aminoácidos iguais.
2. É possível estabelecer relações de ____ entre os citocromos das espécies estudadas, uma vez que
resultam de uma molécula ancestral ____.
(A) analogia ... diferente
(B) analogia ... comum
(C) homologia ... diferente
(D) homologia ... comum
3. Considerando que na formação dos gâmetas da pomba não ocorre separação dos cromossomas
homólogos do par 5, será de esperar, no final do processo, relativamente a esse par, a formação de
(A) 3 gâmetas com 2 cromossomas e 1 sem nenhum.
(B) 4 gâmetas com 2 cromossomas.
(C) 2 gâmetas com 2 cromossomas e 2 sem nenhum.
(D) 2 gâmetas com 1 cromossoma, 1 sem nenhum e outro com 2.
8. Explique, tendo em conta a sua função, o facto de o citocromo c ser uma proteína altamente
conservada, isto é, tem sofrido poucas alterações ao longo do tempo. (10 pontos)