Você está na página 1de 50

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

LUCAS JOSÉ ALBUQUERQUE GUIMARÃES

BRINQUEDO E EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

João Pessoa

2021
LUCAS JOSÉ ALBUQUERQUE GUIMARÃES

BRINQUEDO E EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à disciplina Seminário de
Monografia II como requisito parcial para
obtenção do grau de Licenciado em
Educação Física, no Departamento de
Educação Física na Universidade
Federal da Paraíba.

Orientadora: Profª. Drª. Elizara Carolina Marin.

João Pessoa

2021
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação

G963b Guimarães, Lucas José Albuquerque.


Brinquedo e educação física: uma revisão sitemática /
Lucas José Albuquerque Guimarães. - João Pessoa, 2021.
50 f.

Orientação: Elizara Carolina Marin.


TCC (Graduação) - UFPB/CCS.

1. Brinquedo. 2. Educação física. 3. Revisão


sitemática. I. Marin, Elizara Carolina. II. Título.

UFPB/CCS CDU 796.1

Elaborado por MARIA DALVANIR FAUSTO DE LIMA - CRB-0615 PB


LUCAS JOSÉ ALBUQUERQUE GUIMARÃES

BRINQUEDO E EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado a disciplina de
Seminário de Monografia II, como
requisito parcial para a obtenção do
grau de Licenciatura em Educação
Física, no Departamento de
Educação Física da Universidade
Federal da Paraíba.

Monografia aprovada em: 02/07/2021

Banca examinadora

Profa. Dra. Elizara Carolina Marin (UFPB)


Orientadora

Prof. Dr. Pierre Normando Gomes da Silva (UFPB)


Membro

Profa. Esp. Julia Elisa Albuquerque de Almeida (PMJP)


Membro

João Pessoa
2021
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Rosângela Albuquerque Guimarães e


Marconildo Guimarães da Silva, que sempre me ensinaram que a educação é o
melhor caminho para construir um bom futuro e ser um cidadão de bem.

Dedico também, a toda uma geração de exemplos de professoras da minha


família, que me fez escolher este caminho, dentre elas, Mãe, Avó e Tias.

À minha irmã, Roseane Albuquerque Guimarães, por todo incentivo, apoio e


amor dedicado a mim, a você, toda minha gratidão.

Por fim, a todos os professores que se dedicaram e se qualificaram para


continuar ensinando durante este período de pandemia da covid-19, da melhor
forma, a vocês, todo meu respeito e admiração.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que iluminou o meu caminho durante esta


caminhada, pois sem Ele eu não chegaria até aqui.

Aos meus pais, irmã, namorada, toda minha família que, com muito carinho e
apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha
vida.

À minha querida orientadora, Profa. Dra. Elizara Carolina Marin, por seus
ensinamentos, paciência e confiança ao longo das supervisões desta
monografia, foi um prazer tê-la comigo neste período.

À banca examinadora, Prof. Dr. Pierre Normando Gomes da Silva e Profa. Esp.
Julia Elisa Albuquerque de Almeida por terem aceito o convite.

A todas as amizades construídas ao longo do curso, em especial ao meu grande


amigo Marcos Antônio Viana Junior, minha eterna dupla em todos os trabalhos
acadêmicos, sua amizade foi essencial, admiro todo seu esforço e competência.

Muito obrigado!
RESUMO
Esta pesquisa tem como foco a relação dos brinquedos para formação humana
e para a Educação Física, entendendo-o como o instrumento do brincar, que
possui uma característica social, cultural e que na criança, enquanto sujeito, a
brincadeira acontece. Por meio de Revisão Sistemática busca compreender o
que a literatura traz sobre a relação do brinquedo com a Educação Física. Para
isso, foi realizado um levantamento e análise dos artigos científicos das
principais revistas de Educação Física, bibliotecas virtuais LILACS, SciELO e do
Google Acadêmico, publicados nos últimos seis anos (2015-2020), corroborando
com a temática a ser estudada. Ao final deste estudo, foi possível compreender
o panorama da produção do conhecimento realizada por pesquisadores
brasileiros sobre as relações entre o brinquedo e Educação Física, identificando
o brinquedo, como instrumento educacional e de valorização cultural,
incentivando a promoção de projetos institucionais, no campo da Educação
Física, que favoreçam o desenvolvimento da autonomia da criança, colocando-
a como sujeito da ação.
Palavras-chaves: Brinquedo. Educação Física. Revisão Sistemática.
ABSTRACT

This research focuses on the relationship of toys for human formation and
physical education, the toy is understood as the instrument of play, which has a
social, cultural characteristic, and that in the child, as a subject, play happens.
Through Systematic Review it seeks to understand what the literature brings
about the relationship between toy and Physical Education. For this purpose, a
survey and analysis of the scientific articles of the main journals of Physical
Education, virtual libraries LILACS, SciELO and Google Scholar published in the
last six years (2015-2020), corroborating with the thematic to be studied. At the
end of this study, it was possible to understand the panorama of the knowledge
production performed by Brazilian researchers on the relationships between toy
and Physical Education, identifying the toy as an educational instrument and
cultural valorization, encouraging the promotion of institutional projects in the
area of Physical Education, favoring the development of the child's autonomy,
placing it as the subject of the action.

Keywords: Toy. Physical Education. Systematic Review.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 11
2.1 Sobre o brinquedo.................................................................................... 11
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS................................................................. 15
3.1 Caracterização da Pesquisa .................................................................... 15
3.2 Base de dados .......................................................................................... 15
3.3 Critérios de inclusão/exclusão dos artigos ........................................... 16
3.4 Procedimentos metodológicos e análise de dados .............................. 16
3.5 Aspectos éticos ........................................................................................ 17
4 RESULTADOS .............................................................................................. 17
4.1 Artigos encontrados ................................................................................ 17
4.2 Concepção de brinquedo dos autores ................................................... 19
4.3 Relações entre Brinquedo e Educação Física ....................................... 25
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 29
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 31
9

1 INTRODUÇÃO

O brinquedo é uma ferramenta do brincar ancestral. Traz consigo a história e a


cultura de um povo, muitas vezes, passada de geração em geração. Na Educação
Física, o brinquedo possui um papel fundamental nas aulas do Ensino Básico,
contribuindo para formação do aluno. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
considera os jogos e brincadeiras como uma unidade temática, que precisa ser
estudada, sistematizada, experimentada na sua diversidade cultural, no decorrer do
período escolar.
Sabe-se que a Alemanha, foi um dos países pioneiros na produção de
brinquedos manufaturados na Europa, tornando-se reconhecida principalmente por
seus brinquedos belos, como os famosos soldadinhos de chumbo e suas bonecas.
Porém, a concepção de brinquedo que se tinha naquela época era bem diferente da
que se tem hoje. Os pais não diferenciavam a infância da fase adulta, ou seja, as
crianças eram vistas como adultos em miniaturas, e não tinham espaço para o
desenvolvimento do brincar. Como retrata Almeida (2006, p. 547, apud BENJAMIN,
1984, p. 64) “demorou muito tempo até que se desse conta de que as crianças não
são homens ou mulheres de dimensões reduzidas”. Portanto, o brinquedo, na visão
dos pais, não assumia um papel fundamental na vida dessas crianças.
Atualmente, o brinquedo tornou-se indispensável na vida da criança, pois, é na
relação do brinquedo e do brincar, que a criança cria o seu conteúdo imaginário. Para
Vygotsky (2007, p. 109) “... a criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo
ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e esse
mundo é o que chamamos de brinquedo”. É a partir desta teoria, que podemos
compreender a crítica apontada por Benjamin:
... talvez se possa esperar uma superação efetiva daquele equívoco básico
que acreditava ser a brincadeira da criança determinada pelo conteúdo
imaginário do brinquedo, quando, na verdade, dá-se o contrário. A criança
quer puxar alguma coisa e torna-se cavalo, quer brincar com areia e torna-se
padeiro, quer esconder-se e torna-se ladrão ou guarda.” (BENJAMIN, 1984,
p.70)

Portanto, a partir do conhecimento da história do brinquedo e todas as suas


implicações na relação adulto-criança e no imaginário infantil, podemos perceber que
essa temática, necessita ser discutida e aprofundada na área da Educação Física,
abordando seus pontos mais importantes e buscando entender as várias contribuições
que o brinquedo pode trazer para a criança, em toda a sua formação humana e social.
10

Do ponto de vista acadêmico, essa temática, assume relevância, por se tratar


de um tema pouco explorado na produção do conhecimento da Educação Física no
Brasil, ao mesmo tempo em que contribui para a compreensão das concepções de
brinquedo assumida pelos diferentes autores e suas relações com a Educação Física.
Além disso, trata-se de um tema, que permite reconhecer o brinquedo como
instrumento representativo da cultura da criança, o que reflete na possibilidade
pedagógica, da minha atuação profissional.
Nessa direção, a questão que norteia esta pesquisa é: o que a literatura traz
sobre a relação entre brinquedo e Educação Física? Para tal objetivamos:
 Realizar revisão sistemática dos artigos científicos publicados entre 2015-2020,
sobre brinquedos e Educação Física.
 Reconhecer as tipologias dos estudos e públicos atendidos.
 Identificar a concepção de brinquedo propostas pelos autores dos artigos.
11

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Sobre o brinquedo

O brinquedo é um dos objetos culturais mais importantes na vivência lúdica do


ser humano. Na educação, ele se encontra com um papel significativo na construção
das relações socias e produção de subjetividades. No Brasil, há autores que buscam
compreender a relação do brinquedo com a educação, tais como, Bomtempo (2011),
Kishimoto (1997), Oliveira (1989), Scaglia (2004), Volpato (2002) e Gomes-da-Silva
(2010). Neste estudo, a discussão sobre brinquedo toma como base Walter Benjamin,
através das obras “Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação” e “Magia e
técnica, arte e política”, além de autores que adotam como referência para suas
pesquisas o próprio Benjamin.
Benjamin (1984), um importante pesquisador da corrente da teoria crítica, em
seus escritos sobre brinquedos, compreende-os como um importante objeto que
assume o seu maior valor simbólico como instrumento do brincar. O brinquedo atua
como mediador da brincadeira, porém, não necessariamente determina a brincadeira
da criança. Para o autor, os brinquedos são “um mudo diálogo simbólico entre a
criança e seu povo”. (BENJAMIN, 1984, p. 70)
Walter Benjamin, por meio de suas produções nos leva a conhecer e nos
aprofundar sobre a história, os sentidos e significados atribuídos ao brinquedo através
de suas observações da obra de Karl Gröber “Brinquedos infantis dos velhos tempos”,
percorrendo seus processos de desenvolvimento desde a criação de brinquedos
artesanais, até os períodos industriais e pós-industriais. Benjamin (1984), revela, no
século XVIII, que os brinquedos não eram feitos por fabricantes especializados, mas
por trabalhadores de casas de fundição de estanho e talhadores de madeira, que
confeccionavam brinquedos como atividade secundária, assim como profissionais das
diversas indústrias manufatureiras.
Assim como se podia encontrar animais de madeira com o marceneiro, assim
também os soldadinhos de chumbo, com o caldeireiro, figuras de doces com
o confeiteiro, bonecas de cera com os fabricantes de vela. (BENJAMIN, 1984,
p. 68).

Com o decorrer do século XVIII, observa-se o avanço das indústrias


especializadas na fabricação de brinquedos e com isso passam a surgir restrições das
12

corporações para os artesãos, que segundo Benjamin (1984, p. 68), “proibiam o


marceneiro de ele mesmo pintar as suas bonequinhas; para a produção de brinquedos
de diferentes materiais obrigavam várias manufaturas a dividir entre si os trabalhos
mais simples, o que encarecia sobremaneira a mercadoria”. Deste modo, começa a
se observar o interesse das indústrias capitalistas em buscar, no brinquedo, uma fonte
de lucro, provocando um distanciamento entre crianças, pais e brinquedos.
O que antes era produzido em conjunto entre pais e filhos ou por artesãos
passa a ser fabricado em larga escala e dentro de uma padronização.
Contudo, embora bastante atraentes e elaborados por muitas mãos, acabam
muitas vezes distanciando-se dos originais objetos de brincar. (LIRA, 2009,
p. 510)

Benjamin (1984, p. 70), afirma que: “quanto mais atraentes forem os


brinquedos, mais distantes estarão de seu valor como ‘instrumentos de brincar’;
quanto ilimitadamente a imitação anuncia-se neles, tanto mais se desviam da
brincadeira viva”. Mas é o próprio Benjamin (1984, p. 64) quem diz ser um equívoco
pensar que a produção fabril do brinquedo determina a situação imaginária do
brinquedo e o modo de brincar, pois “o brincar significa sempre libertação”.
Já na metade do século XIX, verifica-se que o brinquedo modifica o seu
tamanho, deixando de serem miniaturas, para assumirem formatos maiores. Benjamin
(1984), nota nesta mudança, como um reflexo do que estava acontecendo na relação
pais-crianças-brinquedos, na qual, antes o brinquedo em miniatura necessitava de
uma atenção mais íntima da mãe, para, em seguida não requerer mais.
Uma emancipação do brinquedo começa a se impor; quanto mais a
industrialização avança, mais decididamente o brinquedo subtrai-se ao
controle da família, tornando-se cada vez mais estranho não só às crianças,
mas também aos pais. (BENJAMIN, 1984, p. 68)
Ao perceber as mudanças que vinham acontecendo com o brinquedo
industrializado, seja no tamanho ou no material utilizado para sua fabricação,
Benjamin (1984) revela um sentimento de lamentação, pois antes, a produção de
brinquedos exibia uma variedade de materiais, entre eles a madeira, que apresentava
resistência, durabilidade e fácil assimilação de cores.
Madeira, ossos, tecidos, argila, representam nesse microcosmo os materiais
mais importantes, e todos eles já eram utilizados em tempos patriarcais,
quando o brinquedo era ainda a peça do processo de produção que ligava
pais e filhos. Mais tarde vieram os metais, vidro, papel e até mesmo o
alabastro. (BENJAMIN, 1984, p. 69)

Após o período da Revolução Industrial, o homem moderno, transfere suas


relações do mundo adulto para as crianças através dos brinquedos, como afirma
13

Benjamin (1984, p. 64), “... essas figuras (brinquedos), representam antes o que
adultos imaginam como aquilo que as crianças exigem de brinquedos” e a indústria
por sua vez, pensando sempre no lucro e em produzir em larga escala agrega
materiais mais baratos e de fácil manipulação, como o plástico, para vender mais e
despertar o prazer na criança em poder comprá-lo.
Benjamin (1984, p. 63), ao analisar sobre a exposição de Brinquedos do
“Markische Museum”, leva-nos a questionar a frase bastante dita atualmente sobre os
brinquedos artesanais ou “antigos”: “já não existe mais”. Todavia, são possíveis de
serem encontrados ou construídos e continuam a chamar atenção da criança.
Para Meira (2003), estes brinquedos com características artesanais,
atualmente são tratados como algo ultrapassado, no entanto, assumem um papel
importante para estimular a criatividade, sociabilidade, interação com diferentes
materiais e acessíveis. Além disso, o processo de construção e desconstrução de
brinquedos promove mais prazer a criança do que os brinquedos industrializados.
Conforme Antério e Gomes-da-Silva (2012, p. 933 apud Gomes-da-Silva 2010), “[...]
estes brinquedos artesanais, ao serem construídos criam um vínculo com o
construtor/brincante, que o sujeito o incorpora de tal forma que jamais o esquecerá,
tornando-o parte da ‘própria carne’”.
Os primeiros brinquedos artesanais, surgiram de materiais, como madeira,
corda, tecidos, chumbo, cera, que advinham dos restos das fábricas manufatureiras,
para em seguida serem utilizadas como parte do processo de construção dos
brinquedos. É notório que as crianças se utilizam até os dias atuais, de recursos
materiais presentes à sua volta, ou por meio da própria natureza, como, galhos,
pedras, areia, palhas, e através da sua criatividade transformam estes elementos em
instrumentos do brincar, porém, percebe-se, que estas características estão mais
presentes nas zonas rurais, tendo em vista, o convívio maior com este meio. Para
Antério e Gomes-da-Silva (2012, p. 932), “o material destes brinquedos sinaliza para
uma cultura em que nada se perde, tudo se transforma, basta criatividade,
combinação de materiais, arranjo artístico, pintura, que o brinquedo surge”.
Ao enxergar a grandiosidade do brinquedo artesanal, percebemos que eles
carregam traços da cultura local, assim como valores e crenças, que são heranças
passadas de geração em geração. Para Lima (2005), o objeto artesanal, não deve ser
visto apenas como mercadoria, mas sim, como um produto diferenciado no qual o seu
valor está na dimensão cultural embutida nele.
14

Todavia, com o amplo domínio das indústrias fabricantes de brinquedos


industrializados, o plástico se tornou o material mais usado por elas, sendo chamada
por Gomes-da-Silva (2010), como uma “ditadura do plástico”. Como o poder financeiro
também interfere na possibilidade de compra dos brinquedos, observamos que a
cultura da construção de brinquedos artesanais ainda resiste naquelas populações de
renda mais baixa tendo em vista que o brinquedo industrializado custa mais caro.
Como afirma Antério e Gomes-da-Silva (2012, p. 926), esta cultura é “encontrada com
maior frequência entre pessoas da classe trabalhadora, resiste, trazendo consigo
valores, significados e representações culturais desta classe”.
Contudo, entendemos o amplo valor cultural do brinquedo, pois independente
de ele ser industrializado ou artesanal, este objeto tem um importante papel na vida
da criança, pois para ela a essência da brincadeira está no faz de contas, na imitação,
na criação, na construção, pois ela vive em um constante diálogo com o mundo
imaginário.
Isso pode ser justificado porque, no momento da brincadeira, a criança e o
brinquedo se fundem de tal maneira que o contexto existente naquele
determinado momento desencadeia uma espécie de “mundo paralelo”, onde
o brincante e o brinquedo tornam-se um só. (ANTÉRIO; GOMES-DA-SILVA,
2012, p. 926)

Para Benjamin (1984), a característica que rege a totalidade do mundo do


brinquedo está na repetição, ou seja, o “fazer de novo” e que nada mais alegra a
criança do que o jogar/brincar mais uma vez. O autor, ao retratar sobre os “jogos”
alemães, compreende que o jogo nada mais é do que um hábito, tal como “comer,
dormir, vestir-se, lavar-se devem ser inculcados no pequeno irrequieto através de
brincadeiras, que são acompanhadas pelo ritmo dos versinhos”. (Benjamin, 1984, p.
75).
Sendo assim, ancorados nestes autores, fica claro a necessidade de debater
mais sobre o brinquedo, em especial no contexto da Educação Física, que possui
saberes relacionados a temática, para identificar as concepções dos autores, relações
com a Educação Física e o trato dado ao brinquedo artesanal, que vem ganhando
destaque na produção do conhecimento.
15

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1 Caracterização da Pesquisa

O presente estudo tratou-se de uma revisão sistemática de literatura. Segundo


a perspectiva de Sampaio e Mancini (2007, p.84): “Uma revisão sistemática, assim
como outros tipos de estudo de revisão, é uma forma de pesquisa que utiliza como
fonte de dados a literatura sobre determinado tema. Deste modo, seguindo os
pressupostos compreendido dos autores, esta pesquisa foi baseada em quatro
critérios: 1) elaboração de uma pergunta norteadora como estratégia de busca; 2)
variedade de fontes que envolvem termos adequados ao tema; 3) definição de
critérios de inclusão e exclusão e 4) averiguação da qualidade metodológica dos
estudos já realizados nos últimos seis anos.

3.2 Base de dados

O levantamento dos artigos foi realizado segundo a Plataforma Sucupira, em


revistas de qualis A2, B1 e B2, referente ao período de classificação do quadriênio
2013-2016 e encontradas nos seguintes periódicos: Movimento, Motrivivência, Pensar
á prática, Licere, Educación Física e Ciencia, Educação e Sociedade, Revista
Brasileira de Ciências do Esporte; nas bibliotecas virtuais, LILACS, SciELO; e no
Google Acadêmico (português). Foi utilizado também como fonte, o portal de
periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES). Utilizamos como pergunta norteadora da busca: “Como é estabelecida a
relação entre o brinquedo e a Educação Física?”.
Para realizar o levantamento da produção utilizamos os seguintes descritores:
“Brinquedos”; “Brinquedos e Educação Física”; “Brinquedos artesanais e Educação
Física”; “Construção de brinquedos e Educação Física”; “Brincar”; “Brincadeiras”.
Nesta etapa da construção da monografia, o principal objetivo foi abarcar, o maior
número de produções relacionadas ao tema, evitando que artigos importantes sejam
excluídos da pesquisa.
16

3.3 Critérios de inclusão/exclusão dos artigos

Foram incluídos na pesquisa somente artigos que tinham como foco, a relação
dos brinquedos com a Educação Física. Nesta etapa, a busca, ficou restrita a
produções com data de publicação, dos últimos 6 anos (2015-2020), incluindo apenas
aqueles disponíveis em português. Como critérios de exclusão, foram
desconsiderados livros, capítulos de livros, editoriais, teses e dissertações. Foram
excluídos também, estudos que foram publicados no período anterior à 2015 e
trabalhos disponíveis em outros bancos de dados, para além dos já citados, assim
como estudos que não tivessem como delineamento a relação dos brinquedos e/ou
brinquedos artesanais com a Educação Física. Portanto, foram considerados artigos
que tinham a palavra “Brinquedo/Brinquedos” em seus títulos, resumos ou palavras-
chaves, totalizando 12 artigos.

3.4 Procedimentos metodológicos e análise de dados

O levantamento bibliográfico ocorreu no período de outubro de 2020 à abril de


2021, com base nos critérios de inclusão estabelecidos. A primeira etapa de seleção
das produções, foi realizada mediante a leitura e a análise dos títulos e resumos de
todos os artigos identificados e resumindo os seguintes dados: Título, autores,
instituição dos autores e respectivo estado brasileiro, área, revista, ano e referência
nas normas científicas (anexo 1). Na segunda etapa, foi feita uma leitura integral
desses estudos, permitindo comparar os argumentos utilizados pelos diferentes
autores, acerca da temática, e assim fazer uma avaliação crítica e descritiva, assim
como, fichamento e organização dos seguintes dados: Título, resumo, palavras-
chave, metodologia, local de pesquisa e tamanho e perfil da amostra (conforme anexo
2). Na terceira etapa, as informações mais relevantes dos artigos, foram sintetizadas
e organizadas, para que fosse possível uma visão ampliada sobre o tema,
considerando: Título, concepção de brinquedo, autores utilizados para fundamentar
sobre brinquedo, relações entre brinquedo e Educação Física e principais conclusões
(anexo 3).
17

3.5 Aspectos éticos

O presente estudo por caracterizar-se como uma revisão sistemática e por ter
delineamento apenas teórico, ou seja, não incluir direta e ou indiretamente participante
na coleta de dados, não foi submetido para uma apreciação bioética em um Comitê
de Ética em Pesquisa conforme as normas para a realização de Pesquisas com Seres
Humanos e atendendo aos critérios do Conselho Nacional de Saúde na sua
Resolução 466/12 (BRASIL, 2013). Porém, todos os preceitos éticos estabelecidos
foram respeitados no que se refere a zelar pela legitimidade das informações
publicadas. Além disso, foram seguidas às normas vigentes para a elaboração de
trabalhos acadêmicos, de citação textual e referências de acordo com a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), prezando pela valorização intelectual da
autoria das informações e sem uso de plágio.

4 RESULTADOS

4.1 Artigos encontrados

O presente estudo, voltou-se para analisar os artigos, com o objetivo de


elaborar um panorama da produção científica relacionada ao brinquedo na Educação
Física, compreender o entendimento dos autores sobre o brinquedo e sua importância
na produção do conhecimento.
Observou-se que dentre os 12 artigos encontrados, a maioria dos artigos foram
produzidos por autores de instituições da região Sul e Sudeste do Brasil,
principalmente no estado do Rio Grande do Sul. Um artigo advindo da área das
Ciências Sociais e, os demais, da Educação Física. A revista Movimento, foi a que
apresentou mais artigos relacionados ao tema, durante o período estabelecido. Com
relação aos anos de publicação, em 2017 e 2019, houveram mais publicações a
respeito da temática estudada.
18

Quadro 1 – Informações referentes ao título, revista, ano e palavras-chave dos artigos encontrados.
TÍTULO REVISTA ANO PALAVRAS-CHAVE

Educação Física e Inclusão: A Mediação Pedagógica Educação Física Infantil. Mediação.


MOVIMENTO 2015
do Professor na Brinquedoteca Inclusão. Brinquedoteca.

O Brincar e O Se-Movimentar nas Aulas de Educação Jogos e brinquedos. Movimento.


MOVIMENTO 2015
Física Infantil: Realidades e Possibilidades Criança. Educação infantil.
Revista
"Jogando" com as Diferentes Linguagens: A Brasileira de Currículo; Educação Física; Jogos;
2016
Atualização dos Jogos na Educação Física Escolar Ciências do Brinquedos
Esporte
Relações de Gênero em Catálogos de Brinquedos: Educação e Brinquedos. Relações de gênero.
2017
(Contra)Indicações para o Brincar Sociedade Crianças.
Jogos e Brinquedos.
Biossegurança do Brinquedo no Brasil: Um estudo a
LICERE 2017 Poder(Psicologia). Desenvolvimento
partir das Normas do Inmetro
Industrial.Atividades de Lazer
A Cultura Infantil e a Relação com os Saberes da Educação Física. Jogos e
MOVIMENTO 2017
Educação Física na Escola brinquedos. Educação infantil.

As relações do brinquedo industrializado com o brincar


Motrivivência 2018 Brincar. Criança. Educação física
e se movimentar: uma reflexão na Educação Física

Jogos e Brinquedos, Cultura, Escola,


O Jogo Lúdico na Escola de Ensino Básico LICERE 2018
Atividades de Lazer
Oficina de Brinquedos e Brincadeiras na Promoção de Educación Jogo, Ensino, Psicanálise, Educação
2019
Comportamentos Sociais Física y Ciencia Física.

Jogo como Patrimônio Cultural: Museus de Brinquedos Jogos e brinquedos. Características


MOVIMENTO 2019
no Brasil culturais. Museu. Educação Física.
Saúde e meio
Educação Física escolar. Educação
Construção de Brinquedos nas Aulas de Educação ambiente:
2019 Ambiental. Construção de
Física: Educação Ambiental revista
Brinquedos. Ensino Fundamental I.
interdisciplinar
A Educação Física e Educação Ambiental: uma análise Research, Educação Física; Educação
sobre a construção de brinquedos com materiais Society and 2020 Ambiental; Reciclagem; Brinquedo;
reciclados no Espaço Escolar Development Criança; Ensino.

Com relação a metodologia, a maioria dos estudos se caracterizaram por


pesquisas qualitativas, dentre elas, ensaios, estudos de caso, pesquisa-ação,
pesquisa teórica, análise documental, relato de experiência. Os principais autores
utilizados para fundamentar sobre o brinquedo nos artigos encontrados foram,
Benjamin (1984), Brougère (2000), Vygotsky (2009), Kishimoto (1988), Oliveira
(1989), Leontiev (1994), Amado (2010), Bomtempo (2011), Chicon (2005) e Volpato
(2002).
19

Houveram artigos em que a palavra “brinquedos”, foram encontradas nas


palavras-chaves, porém o/os autor/autores não se preocuparam em fundamentar
sobre o brinquedo no decorrer dos textos.

4.2 Concepção de brinquedo dos autores

Ao realizar um recorte temporal sobre a concepção de brinquedo, um dos


objetos de estudo desta monografia, foi possível perceber que a maioria dos autores
considera o brinquedo, como um instrumento do brincar, de mediação e suporte da
brincadeira, praticada de maneira livre e espontânea. Diante desta perspectiva,
passamos a ter um olhar voltado para a importância do brincar, como manifestação
fundamental na vida da criança e buscamos compreender a concepção de brinquedos
desses autores, de forma mais aprofundada.
No estudo de Burckardt; Costa e Kunz (2018), os autores investigaram a
relação entre o brincar e o brinquedo industrializado, através de Pesquisa Teórica,
que teve como objetivo evidenciar, como o brincar para a criança e para o adulto
organiza-se de formas diferentes. Os brinquedos são considerados como objetos
autênticos, longe da ideia de controle, consumo, mercadoria e do processo de
‘adultização’ em que os desejos dos adultos são repassados para as crianças de
forma a atribuir responsabilidades ao brincar, não as deixando viver o tempo presente,
ou seja, simplesmente brincar.
Nesta concepção, o brincar é entendido como escolha livre, voluntária, longe
de responsabilidades e objetivos. Significa dizer que, propor que a criança jogue para
ajudá-la no seu desenvolvimento e crescimento, não é brincar, pois o brincar da
criança não tem pretensões, seu foco está na criação, na imaginação, no brincar por
brincar.
Para compreender a relação do brinquedo com o “brincar e Se-movimentar”, é
necessário entender a perspectiva estabelecida por Kunz (2001) através da teoria do
Se-movimentar humano, pois para ele, o movimento humano está envolvido num
diálogo entre homem e mundo, também chamada de relação dialógica.
No olhar proposto por essa Teoria que busca uma relação dialógica, o
indivíduo é a centralidade, pois sua singularidade é resgatada e este é
compreendido como único e original, tendo a oportunidade de atuar através
de suas situações e intencionalidades com o mundo, propondo um jogo de
perguntas e respostas que não se dão apenas de forma verbal, mas também
20

com suas trocas e vivências, valorizando seu contexto. (BURCKARDT;


COSTA; KUNZ, 2018, p. 13)

Portanto, embasados nesta teoria, é possível entender que no brincar, a criança


é a centralidade, pois ela é autora de sua ação, e deste modo, os autores apontam
com aporte em Santin (2001), que os brinquedos industrializados, acabam por seguir
uma lógica do mundo adulto, transformando-os em um “embrião do trabalho” e dessa
forma retirando essa capacidade da criança de dominar o brincar e ser sujeito da ação.
Já Café (2018), no seu artigo em formato de ensaio, pautada na experiência de
trabalho em escolas públicas e privadas, nos níveis fundamental e médio, debate
como e por que a sociedade desvaloriza e impede as ações lúdicas nos ambientes de
aprendizagem. Essa autora objetiva contribuir para a construção de um planejamento,
prática de novas ações e reflexões com as análises em busca de respostas, com
intuito de construir possibilidades de atuação lúdica que envolvam o jogo, o brinquedo
e a brincadeira, como instrumentos significativos, que devem ser inseridos nas
estratégias de aprendizagem e desenvolvimento na formação do ser humano.
Com base em Huizinga (1971), a autora não diferencia, jogo, brinquedo e
brincadeira, compreende-o como manifestação lúdica, inerente ao ser humano
presente na história da sociedade. Porém com o advento das revoluções e
consequente mudança no modo de produção, o homem teve de se tornar mais
produtivo e o lazer passou a ser desvalorizado, por conseguinte, o jogo, brinquedo ou
brincadeira, inclusive na escola, tornou-se sinônimo de indisciplina.
Já no estudo de Martini e Viana (2016), as autoras buscaram uma aproximação
entre o campo de estudos e de intervenções do lazer e a Educação Física Escolar, a
partir das reflexões sobre uma experiência com a transposição de linguagens dos
jogos midiáticos para experiências no âmbito da escola, desenvolvidos em um curso
superior para a formação de professores de Educação Física. O estudo, caracterizado
como relato de experiência, foi realizado com alunos do curso de Licenciatura em
Educação Física do Centro Universitário de Sete Lagoas (Unifemm), onde foi possível
reformular e ampliar o campo de experiências, no que se refere aos jogos na
Educação, construindo uma nova linguagem, que considera a cultura e a necessidade
de cada indivíduo, integrando e desenvolvendo melhor as relações entre as pessoas
e o grupo.
Esse entendimento está pautado na ideia de que os jogos midiáticos trazem
em si, a vivencia de regras, busca por resultados e competividades, isto é, não levam
21

em consideração o processo que envolve o jogo em si e as relações humanas


inseridas nele. Por assim dizer, o lúdico do brinquedo, está relacionado às práticas
cotidianas contextualizada culturalmente. Conforme a autora, ancorada em Marcassa
(2008), a atividade lúdica surge como fruto das relações sociais e da coletividade da
vida humana e pode revelar, no jogo, no brinquedo e na brincadeira, sua característica
mais importante, o processo vivido.
O artigo de Chicon et al. (2015), descreveu e analisou por meio de estudo de
caso, a ação mediadora dos professores de Educação Física no processo de
interação de alunos com e sem deficiência na brinquedoteca. Participaram da
pesquisa quinze crianças não deficientes do Centro de Educação Infantil Criarte (Ufes)
e cinco com deficiências oriundas da comunidade do município de Vitória/ES,
buscando compreender de que forma a intervenção contribui para o aprendizado e
inclusão da criança no grupo, no espaço da brinquedoteca.
Para Chicon et al. (2015), o brinquedo é o instrumento mediador entre a
criança e a brincadeira, deste modo, como objeto, ele atua como suporte da
brincadeira de maneira a fluir o imaginário infantil. No contexto da brinquedoteca, os
autores defendem a importância de uma relação mediada no processo de
aprendizagem, pois é através das interações com o mundo e com os outros que o
sujeito se constitui. Deste modo, esta ação mediadora entre professor-brinquedo-
criança, pode ser usada também como ferramenta de inclusão.
No artigo de Dos Santos Soares; Marin e Gomes-da-Silva (2019), eles
apresentam os resultados de uma pesquisa-ação desenvolvida com alunos do 5º ano
do Ensino Fundamental, de uma escola pública, do município de João Pessoa/PB,
que apresentam condutas antissociais, utilizando o brinquedo como uma importante
ferramenta na promoção de comportamentos sociais na sala de aula. Nesta proposta,
o brincar, o brinquedo e o jogo, são compreendidos como sinônimos.
Por meio do programa didático da Pedagogia da Corporeidade denominado de
Oficina de Brinquedos e Brincadeiras (OBBA) propuseram aos alunos a construção
de brinquedos artesanais com materiais de baixo custo. Seguindo os princípios da
OBBA propuseram uma situação lúdica envolvente, com o propósito de propiciar aos
alunos conhecerem-se e refletirem melhor sobre si mesmos, através do sentir, reagir,
e refletir, para que dessa forma, seja possível promover transformações no modo de
relacionar-se com o mundo, gerando melhores atitudes/comportamentos sociais, não
só na escola, mas também fora dela.
22

Dos Santos Soares; Marin e Gomes-da-Silva (2019, p.3) concluem que, por
meio da proposição de jogos com aprendente com “tendência antissocial”, é possível
“reconfigurar o modo como as crianças convivem, ao favorecer situações de
movimento com ambiente seguro, gerador de confiança, para cada um realizar seu
potencial criativo”.
As autoras Kropeniscki e Perurena (2017) tratam das relações de gênero
referentes ao brinquedo em catálogos de brinquedos. As autoras utilizaram como
metodologia a semiologia dos discursos sociais e análise semiótica de imagens para
analisar uma Empresa X, localizada na Região Sul do Brasil, no período de 2009 a
2015. Em seus estudos, as autoras, concebem o brinquedo como objetos que dão
suporte nas brincadeiras e uma das formas das crianças interagirem e apropriarem-
se da cultura. Concluem que os brinquedos da empresa em análise contribuem para
referendar o que é adequado para meninas e para meninos e, por conseguinte,
referendar papéis sociais se preconceitos históricos.
Teixeira, Gomes-da-Silva e Caminha (2016) analisaram a discursividade do
brinquedo industrializado a partir de certificações elaboradas pelo Instituto Nacional
de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), os quais orientam, a fabricação e
produção de brinquedos no Brasil. Partindo do ponto de vista foucaultiano, os autores
assinalam que:
A certificação dos brinquedos é um enunciado que exerce poder sobre o
brinquedo desde o momento em que ele é concebido industrialmente,
atuando a partir de um princípio biopolítico normalizador. (TEIXEIRA;
GOMES-DA-SILVA; CAMINHA, 2016, p. 5)
Compreende-se que a produção dos brinquedos de forma geral, e
especificamente do brinquedo industrializado, assim como o seu consumo, é
caracterizada por enunciados de discursos que expressam sua lógica de
funcionamento, catalogados como faixa etária, sexo, número de participantes e tempo
de duração, que exercem poder e normatização sobre o brinquedo, sob a justificativa
de vigilância e proteção de riscos à criança, respaldado na medicina, no direito e na
economia, criando uma cultura de biossegurança. Entretanto, essas prescrições,
restrições e indicações, provocam uma redução do caráter criativo do brinquedo, e do
significado social, que a criança atribui ao ato de brincar, refletindo que haja uma
necessidade de reflexão pedagógica quanto a existência do brinquedo e suas
possibilidades de reconstrução.
23

Cabe destacar também, o trabalho realizado pelas autoras Marin e Santiago


(2019), que trouxeram a ideia de que não há uma diferenciação entre brinquedo,
brincadeiras, jogos e até mesmo folguedo, e buscou inicialmente compreendê-lo como
patrimônio material e imaterial da humanidade e artefato museológico. Os seus
estudos utilizaram como metodologia, uma análise documental de entrevistas e
observações, procurando identificar os museus de jogos e/ou brinquedos catalogados
e cadastrados no Guia dos Museus Brasileiros/GMB e compreender a especificidade
do Museu do Brinquedo Popular, localizado no Rio Grande do Norte, que promovem
uma experiência lúdica, a fim de reunir brinquedos, que trazem à tona, a
representação e vivência da cultura local.
Essas autoras, ao descreverem os aspectos históricos sobre o brinquedo no
espaço “museal”, retratam especificamente do brinquedo Tradicional, baseado na
concepção de Cascudo (1972), como “brinquedo popular”, ou seja, é tudo aquilo que
abrange os jogos, divertimentos infantis, o objeto material de brincar, e a própria ação
do brincar, evidenciando que todos estão articulados entre si: jogo, brinquedo e
brincante, sendo difícil fazer uma diferenciação entre eles.
Com relação a construção de brinquedos a partir de materiais recicláveis,
encontramos o artigo de Galindo e Da Silva (2019), que analisaram os significados do
brincar e da construção de brinquedos para crianças do Ensino Fundamental através
de uma oficina-aula. Neste trabalho, os autores realizaram uma pesquisa bibliográfica
e de campo, do tipo participante, com 28 alunos (18 meninos e 10 meninas), na faixa
etária de 10 a 11 anos, de uma escola estadual do município de São José do Rio
Preto/SP.
Esses autores, compreenderam o brinquedo artesanal com materiais
recicláveis, como uma importante ferramenta no processo de aprendizagem das
crianças, pois estes brinquedos, desenvolvem atitudes e valores como o respeito ao
meio ambiente, o autoconhecimento, o reconhecimento e a valorização da cultura do
outro, além de, estimular a autonomia, a criatividade e a criticidade na relação de
consumo dos sujeitos. Essa ideia está baseada em uma perspectiva Cultural,
articulada à Educação Física Plural e à Educação Ambiental, definindo “Plural”,
através da proposta apresentada por Daolio (1997), que enxerga no contexto cultural
e local, o poder de transformar a realidade vivenciada pelas crianças.
Após a intervenção com a oficina-aula do professor-pesquisador, observou-se
através dos relatos das crianças que elas gostaram de construir brinquedos com
24

materiais recicláveis, e houve uma valorização sobre questões relacionas ao meio


ambiente (consumo, preservação, reciclagem).
Nessa mesma perspectiva, temos o artigo de Oliveira, Estevam e Maia (2020),
que aborda sobre a importância da confecção de brinquedos recicláveis no espaço
escolar, de forma lúdica e interdisciplinar, a partir de uma pesquisa-ação realizada em
uma Escola Municipal do Rio Grande do Norte, com alunos do 3 ano do Ensino
Fundamental, onde foram realizadas oficinas didáticas, durante o período de cinco
semanas.
Essa proposta permitiu compreender, que as crianças, a partir do momento que
constroem brinquedos recicláveis, não aprendem apenas sobre a preservação
ambiental e construção de novas habilidades, mas também externalizam, o seu nível
de conhecimento, sua visão de mundo, e como internalizam esse objeto, favorecendo
o desenvolvimento de sua autonomia e integração no espaço escolar, sendo o
professor, o mediador desta brincadeira.
Nesse contexto, da relação entre a criança e o brincar, é necessário
compreender o conceito de brinquedo na infância e suas representações, que aqui, é
entendido como um meio através do qual, a criança se apropria do mundo real,
refletindo sobre o mundo que elas vivem, e suas diferentes formas de relacionar-se
culturalmente, promovendo através do lúdico, o seu desenvolvimento cognitivo, social
e emocional.
O artigo de Surdi, Melo e Kunz (2015), trata do Brincar e Se-movimentar nas
aulas de Educação Física infantil, a partir de um estudo de caso, realizado durante 4
meses, em duas escolas municipais de Santa Catarina, apontando que as atividades
psicomotoras, assim como dança, brincadeiras e principalmente os jogos desportivos,
tinha como foco, a busca pelo rendimento e resultado das ações, sem considerar o
processo em si, da criança movimentar-se livremente, expressando sua emoções e
diferentes formas de relacionar-se com o mundo.
O artigo de Tonietto e Garanhani (2017), por sua vez, traz uma pesquisa com
entrevista semiestruturada, realizada em uma escola Municipal de Curitiba, com
professoras que atuam com crianças de 4 a 6 anos, abordando sobre a cultura infantil
e a relação com os saberes na Educação Física na escola, propondo que haja uma
incorporação dos quatro eixos estruturais da Cultura Infantil, que são, a reiteração, a
fantasia do real, a ludicidade e a interatividade, nas atividades pedagógicas, isto é,
25

jogos e brincadeiras que envolvam os saberes das crianças e suas diferentes formas
de expressão e movimentação, a partir do imaginar, inventar e recriar.
Esses artigos de Surdi, Melo e Kunz (2015) e Tonietto e Garanhani (2017),
apesar de utilizarem como palavra-chave “Jogos e brinquedos” em seus trabalhos,
não trazem as suas concepções descritas nos estudos, apenas o uso desses termos,
em função das perspectivas relacionadas ao brincar.

4.3 Relações entre Brinquedo e Educação Física

As relações entre o brinquedo e a Educação Física propostas pelos autores em


seus trabalhos, nos possibilita compreender o panorama do que se está sendo
discutido atualmente em torno desta temática, entretanto torna-se necessário fazer
uma análise de cada uma dessas relações.
A Teoria do Se-movimentar conhecida no Brasil por meio da obra de Elenor
Kunz, e abordada no artigo de Burckardt; Costa e Kunz (2018), através da sua relação
com o brinquedo industrializado, apontaram que a questão primordial é compreender
que a Educação física tem um importante papel como promotora do brincar e Se-
movimentar dentro da escola, proporcionando um brincar livre e espontâneo, isto é,
contrapõem-se ao grande investimento que é dado aos brinquedos industrializados
nas salas de aula, tendo em vista que, estes brinquedos de certa forma estão sendo
tratados como brinquedos didáticos e acabam por não transmitir valores culturais, tais
como ideias, hábitos e tradições que são passadas de geração em geração.
Entretanto, na prática, aproximar esta teoria do Brincar e Se-movimentar ao contexto
escolar ainda está distante, pois, historicamente, a construção do brincar, na maioria
das vezes está regrado pelo olhar do adulto e da indústria como um todo, no sentido
de que tudo já vem pronto, impondo alguns brinquedos, com suas regras e modos de
agir, e assim acaba, não deixando espaço para que a criança seja protagonista da
sua ação.
Colocando o foco na educação escolar, Café (2018), ao discutir sobre o jogo
lúdico na educação básica, relata que a manifestação lúdica não pode ser sufocada
neste ambiente, pois ela é da natureza humana e surge da espontaneidade. O jogo
no contexto escolar, é bem acolhido pelos alunos e pode ser trabalhado e pensado
por diversas áreas do conhecimento, cada uma com suas possibilidades, dentre elas,
a Educação Física.
26

Ao analisar sobre a mediação pedagógica do professor na brinquedoteca,


Chicon et al. (2015), demonstra que, o uso de brinquedos, jogos e brincadeiras nas
aulas de Educação Física e no espaço da brinquedoteca, permitem que as crianças
se relacionem com conteúdos e valores da cultura, de modo que ela se aproprie,
reproduza e ressignifique-as. Segundo Chicon et al. (2015, p. 282) “A brincadeira
também é um meio de a criança viver a cultura que a rodeia como ela é
verdadeiramente e não como ela deveria ser”.
O brinquedo estabelece relações com a Educação Física nos estudos de Dos
Santos Soares; Marin e Gomes-da-Silva (2019), que ao introduzir a Oficina de
Brinquedos e Brincadeiras (OBBA), parte da Pedagogia da Corporeidade, que é uma
metodologia de ensino para a Educação Física. Na educação escolar, a sociabilidade
está presente entre os indivíduos, pois existem interações dos alunos com os outros
e também com toda uma equipe pedagógica, de maneira que, atitudes como,
colaboração, cooperação e respeito fazem parte do cotidiano escolar. Sendo assim, a
Educação física por possuir como conteúdo em sua grade curricular os Jogos e
Brincadeiras, esta disciplina, fornece um espaço lúdico favorável para que as
interações sociais se desenvolvam e deste modo, se torne possível a implementação
do programa OBBA em suas aulas.
Ao compreender o brinquedo como patrimônio material e imaterial e artefato
museológico, o estudo de Marin e Santiago (2019), destacou como o envolvimento de
professores com a Educação Física e Educação Infantil, foi um fator importante para
que se desse início, as primeiras exposições de brinquedos e consequentemente a
criação do Museu do Brinquedo Popular, localizado no Rio Grande do Norte. Desta
forma, se aprofundar nos estudos sobre brinquedo/brinquedo artesanal, nos leva a
difundir a cultura lúdica na sociedade, além de, ampliar o campo para que profissionais
e pesquisadores da área da Educação Física e Lazer possam investigá-los.
Já na utilização de Jogos e Brinquedos, Martini e Viana (2016), propuseram
como estratégia de ensino no curso de Licenciatura em Educação Física do Centro
Universitário de Sete Lagoas (Unifemm), por meio da disciplina de Múltiplas
Linguagens do Ensino da Educação Física Escolar, a criação de novos jogos
baseados em jogos eletrônicos já conhecidos, fazendo com que os alunos
propusessem uma transposição de linguagem, que favorecessem a relação entre os
mesmos e fugissem da hegemonia do esporte como conteúdo nas aulas de educação
27

física. Sendo assim, as autoras se utilizaram de Jogos e brinquedos para incluir as


novas tecnologias e os diferentes usos da mídia na formação de professores.
Ao olhar para Educação infantil, percebemos que o brincar é a atividade
fundamental e indispensável na faixa etária de zero a seis anos de idade, disto isto, a
Educação Física com seus saberes, jogos, brinquedos e brincadeiras, se relacionam
intimamente com a cultura infantil. Tonietto e Garanhani (2017), compreenderam que,
os eixos estruturadores da cultura infantil (a reiteração, a fantasia do real, a ludicidade
e a interatividade), devem ser utilizados pelos professores de Educação Física da
Educação infantil em suas práticas pedagógicas, tendo em vista, suas contribuições
para formação e desenvolvimento da criança ao trabalhar as manifestações culturais
relacionadas ao movimento.
Para facilitar o processo pedagógico é necessário que a Educação Física se
desenvolva de forma lúdica. Assim, as crianças passam a se divertir, mas,
além disso, criam formas prazerosas de se relacionarem com os saberes.
Imaginando, fantasiando e criando, a criança abre portas para novas formas
de movimentos, por meio da fantasia do real. Mas a materialização das
fantasias deve fazer conexões com as ações reais, com a identificação de
possibilidades de movimentação. (TONIETTO; GARANHANI, 2017, p. 10)
O estudo de Galindo e Da Silva (2019), aponta o campo da Educação Física
como um espaço privilegiado e facilitador para o desenvolvimento da construção de
brinquedos artesanais com materiais recicláveis, pois trata-se de uma ciência que tem
como base o conhecimento corporal e suas diferentes formas de manifestação de
movimento. Assim, torna-se necessário que as práticas pedagógicas adotem novas
estratégias de ensino-aprendizagem, pois é, nas aulas de Educação Física que as
crianças entram em contato com os brinquedos, e todas as suas formas de criação.
Além disso, a partir da construção do seu próprio brinquedo na escola, as
crianças desenvolvem suas potencialidades, direcionando as ações educativas para
o seu próprio lazer, isto é, os conhecimentos que são aprendidos nas aulas, são
transferidos para a vivência do cotidiano da criança.
Já o artigo de Oliveira, Estevam e Maia (2020), traz como contribuição a ideia
de que a Educação Física, como disciplina, tem parte significativa sobre os processos
educacionais do corpo, facilitando diferentes modos de aprendizagens, além da
socialização dos alunos, a partir da confecção de brinquedos, criando assim um
espaço, em que as crianças, consigam desenvolver, comportamentos além do
habitual.
28

Os estudos de Teixeira, Gomes-da-Silva e Caminha (2016), que relata sobre a


biossegurança do brinquedo no Brasil e Kropeniscki e Perurena (2017), que fala sobre
a relação de gênero em catálogos de brinquedos, não estabeleceram em seus
objetivos relações entre o brinquedo e Educação Física.
29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desta revisão sistemática, evidencia-se que o brinquedo diz muito sobre
a cultura de um povo e reflete como a sociedade compreende-o e valoriza-o em
determinadas épocas ou período. Deste modo, o brinquedo se encontra nas
entrelinhas do cotidiano e aparece nos trabalhos associados a diferentes conceitos e
características.
Há certo consenso entre os autores, que os brinquedos são instrumentos do
brincar, associados ao lúdico, ao brincar natural e espontâneo da criança. Entretanto,
muitas vezes, os adultos, assim como professores no contexto escolar, atribuem
responsabilidades ao processo de brincar da criança, com o intuito de prepará-los
para o futuro, sempre focado nos resultados de cada ação, sem possuir uma visão do
processo como um todo, reduzindo assim, a capacidade da criança em tornar-se
sujeito da ação e de desenvolver mais sua autonomia, criatividade e senso crítico,
diante das infinitas possibilidades do brincar para o desenvolvimento humano.
Ficou evidenciado, que a maioria dos estudos realizados sobre a
importância do brinquedo para a formação humana, estavam pautados em pesquisas
e intervenções escolares, através de projetos inseridos na Educação Física Escolar,
trabalhando com a proposta do brincar; do brinquedo; do Se-Movimentar; de Oficinas
de Brinquedos; atualização dos jogos, tomando como referência o histórico da
realidade de cada criança; da promoção de didáticas pedagógicas relacionadas com
os aspectos da cultura Infantil; além disso, propõe a Educação Física, como um
espaço de inclusão, para crianças com deficiência, a partir do uso da Brinquedoteca,
intermediada pela ação dos professores. Ademais, criar espaços para a confecção de
brinquedos recicláveis, no contexto escolar, mostrou-se como uma ação primordial
para que a criança, conheça a si mesmo, colocando em evidência sua concepção de
mundo e suas diferentes formas de relacionar-se com os outros, com mais autonomia
e criticidade; além de ser considerado como um instrumento potencialmente educativo
e terapêutico, para promoção de condutas sociais.
O brinquedo também foi apontando a partir das contradições produzidas: no
âmbito das relações de gênero, direcionando, já no catálogo, o que é permitido ou não
para meninos e meninas; e no contexto da Biossegurança, que através do Inmetro,
norteiam e padronizam, o acesso e o manuseio dos mesmos, criando formas de
controle, à experiencia do brincar da criança.
30

Por fim, para corroborar a importância cultural do brinquedo e como instrumento


educacional, pudemos encontrar o Museu de Brinquedos, que ressignifica o conceito
de brinquedo como patrimônio material e imaterial, evocando a diversidade local, e
trazendo à tona a incorporação do desejo não só de brincar, mas de conhecer toda a
história implícita que está por trás do brinquedo.
Todo esse apanhado de conhecimentos, promove uma reflexão, do quanto o
brinquedo pode ser um instrumento que favorece o desenvolvimento da criança,
colocando-a como protagonista de sua ação, interrelacionando essa prática com o
campo da Educação Física escolar, para que assim, possamos adotar em nossas
formas de atuação, diferentes metodologias de ensino, que envolvam mais o
brinquedo, juntamente com o lúdico e as brincadeiras, através de projetos
institucionais que transpassem as barreiras da escola, partindo da realidade concreta
da criança, contribuindo para sua formação humana.
31

REFERÊNCIAS

ALMEIDA.D.B.L. Sobre Brinquedos e Infância: Aspetos da experiência e da


cultura do brincar. Educ. Soc., Campinas, vol. 27, n. 95, p. 541-551, maio/ago.
2006.
AMADO, João. Prefácio. In: OLIVEIRA, Marcus Vinícius Farias, et al. Brinquedos e
brincadeiras populares: identidade e memória. Natal: IFRN Editora, 2010. p. 10–
14.
ANTÉRIO, Djavan; GOMES-DA-SILVA, Pierre Normando. Relação sociocultural
dos brinquedos artesanais vendidos em feiras livres. Educ. Real., v. 37, n. 3, p.
923-941, dez. 2012.
BENJAMIN, Walter. A criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Summus,
1984.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1987.
BOMTEMPO, E. A brincadeira de faz de conta: lugar do simbolismo, da
representação, do imaginário. In: KISHIMOTO, T.M. (Org.). Jogo, brinquedo,
brincadeira e a educação. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília,
2018.
BRASIL. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre diretrizes e
normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 jun. 2013. Disponível em:
<Disponível em: http://bit.ly/1mTMIS3 > Acesso em: 02 dez. 2020.
BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. Revisão técnica e versão brasileira
adaptada por Gisela Wajskop. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
Burckardt, E. V., Costa, L. C. Da, & Kunz, E. (2018). As relações do brinquedo
industrializado com o brincar e se movimentar: uma reflexão na Educação
Física. Motrivivência, 30(54), 278-294.
Café, Ângela B. (2018). O Jogo Lúdico na Escola de Ensino Básico. LICERE -
Revista Do Programa De Pós-graduação Interdisciplinar Em Estudos Do
Lazer, 21(4), 1-25.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 3. ed. Rio de


Janeiro: Instituto Nacional do Livro. Ministério da Educação e Cultura, 1972.
(Coleção Dicionários Especializados, 3)

CHICON, José Francisco. Inclusão na educação física escolar: construindo


caminhos. 2005. 484 f. Tese (Doutorado em Educação) — Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
32

CHICON, José Francisco et al. EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO: A MEDIAÇÃO


PEDAGÓGICA DO PROFESSOR NA BRINQUEDOTECA. Movimento
(ESEFID/UFRGS), Porto Alegre, p. 279-292, dez. 2015. ISSN 1982-8918.
Daolio J. Da cultura do corpo. 2. ed. Campinas: Papirus; 1994
DOS SANTOS SOARES, L.; MARIN, E.; GOMES-DA-SILVA, P. Oficina de
brinquedos e brincadeiras na promoção de comportamentos sociais. Educación
Física y Ciencia, v. 21, n. 3, p. e093, 19 dez. 2019.
GALINDO, V. A.; SILVA, C. L. da. Construção de brinquedos nas aulas de
educação física: educação ambiental. Saúde e meio ambiente: revista
interdisciplinar, [S. l.], v. 8, p. 219–236, 2019.
GOMES-DA-SILVA, Pierre Normando et al. (Org.). Oficinas de Brinquedos e
Brincadeiras. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2010.
GONÇALVES, Carlos Augusto Pereira. O BRINQUEDO: AS PERSPECTIVAS DE
WALTER BENJAMIN E VYGOTSKY PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DA
CRIANÇA.
HUIZINGA, J. Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva; Edusp, 1971.
KISHIMOTO, T. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo: Cortez,
1997.
KROPENISCKI, Fernanda; PERURENA, Fátima. Relações de gênero em
catálogos de brinquedos: (Contra) indicações para o brincar. Educação &
Sociedade, Santa Maria, v. 38, n. 141, p. 965-981, 2017.
KUNZ, Elenor. Educação Física: ensino e mudanças. 2. ed. Ijuí. Ed. Unijuí, 2001.
LEONTIEV, A. S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. In: LÚRIA, A. R.
(Org.) Pensamento e linguagem. São Paulo: Ícone, 1988.
LIMA, Ricardo. Artesanato: cinco pontos para discussão. Brasília, DF: Ministério
da Cultura, 2005.
LIRA, Aliandra Cristina Mesomo. Brinquedo: história, cultura, indústria e
educação. Atos de Pesquisa em Educação, v. 4, n. 3, p. 507-525, 2009.
Marcassa L. Lúdico. In: Gonzales, Fernando Jaime; Fens-Terseifer, Paulo Evaldo
(org). Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Ed. Unijuí, 2008. p. 269-273.
MARIN, Elizara Carolina; SANTIAGO, Mariani Guedes. JOGO COMO PATRIMÔNIO
CULTURAL: MUSEUS DE BRINQUEDOS NO BRASIL. Movimento
(ESEFID/UFRGS), Porto Alegre, p. e25052, out. 2019. ISSN 1982-8918.
MARTINI, Cristiane Oliveira Pisani; VIANA, Juliana de Alencar. "Jogando" com as
diferentes linguagens: a atualização dos jogos na educação física escolar. Rev.
Bras. Ciênc. Esporte, Porto Alegre, v. 38, n. 3, p. 243-250, set. 2016.
MEIRA, Ana Marta. Benjamin, os brinquedos e a infância
contemporânea. Psicologia & sociedade, v. 15, n. 2, p. 74-87, 2003.
33

MELO, M. de F. A. de Q. e; SOUZA, R. S. de; ROGÉRIO, Y. M. A. P.; LEAL, A. L. B.;


FERREIRA, F. R.; SILVA, L. M. da; ANDRADE, E. M. A. de. Um estudo ator-rede
para o brinquedo artesanal: herança que se traduz em Minas. Memorandum:
Memória e História em Psicologia, [S. l.], v. 22, p. 187–210, 2012.
OLIVEIRA, P. M. de; ESTEVAM, S. M.; MAIA, U. M. da C. A Educação Física e
Educação Ambiental: uma análise sobre a construção de brinquedos com
materiais reciclados no Espaço Escolar. Research, Society and Development, [S.
l.], v. 9, n. 8, p. e243985318, 2020.
OLIVEIRA, P.S. O que é brinquedo? 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. (Coleção
Primeiros Passos, 138).
SAMPAIO, R.F.; MANCINI, M.C. Estudos de Revisão Sistemática: um guia para
Síntese criteriosa da evidência científica. Rev. bras. fisioter. São Carlos, v. 11, n.
1, p. 83-89, jan./fev. 2007.
SANTIN, Santin. Educação Física: da alegria do lúdico à opressão do
rendimento. Porto Alegre:Edições EST/ESEF – UFRGS, 2001.
SCAGLIA, Alcides José. Investigações preliminares sobre o brinquedo. Revista
modular. Vol. I, n. 3. Faculdades Integradas Módulo. Caraguatatuba/SP, 2004.
SURDI, Aguinaldo Cesar; MELO, Jose Pereira de; KUNZ, Elenor. O BRINCAR E O
SE-MOVIMENTAR NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL:
REALIDADES E POSSIBILIDADES. Movimento (ESEFID/UFRGS), Porto Alegre, p.
459-470, dez. 2015. ISSN 1982-8918.
TEIXEIRA, F. L. S.; GOMES-DA-SILVA, P. N.; CAMINHA, I. de O. Biossegurança
do Brinquedo no Brasil: Um Estudo a Partir das Normas do Inmetro. LICERE -
Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, [S. l.],
v. 19, n. 4, p. 106–137, 2017.
TONIETTO, Marcos Rafael; GARANHANI, Marynelma Camargo. A CULTURA
INFANTIL E A RELAÇÃO COM OS SABERES DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA
ESCOLA. Movimento (ESEFID/UFRGS), Porto Alegre, p. 517-528, jun. 2017. ISSN
1982-8918.
VOLPATO, Gildo. Jogo e brinquedo: reflexões a partir da teoria crítica. Revista
Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 81, dez. 2002.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 7 ed. In: COLE, Michael;
JOHNSTEINER, Vera; SCRIBNER, Sylvia e SOUBERMAN, Ellen. (orgs). Trad. José
CipollaNeto, Luiz Silveira Menna Barreto e Solange Castro Afeche. São Paulo:
Martins Fontes, 2007.
34

ANEXOS
35

Anexo 1
INSTITUIÇÃO DOS
TÍTULO AUTORES AUTORES E RESPECTIVO ÁREA REVISTA ANO REFERENCIA NAS NORMAS CIENTÍFICAS
ESTADO BRASILEIRO
As relações do brinquedo Burckardt, E. V., Costa, L. C. Da, & Kunz, E. (2018).
Burckardt, E. V.,
industrializado com o brincar e Universidade Federal de Educação As relações do brinquedo industrializado com o
Costa, L. C. Da, & Motrivivência 2018
se movimentar: uma reflexão Santa Maria (UFSM) / RS Física brincar e se movimentar: uma reflexão na
Kunz, E
na Educação Física Educação Física. Motrivivência, 30(54), 278-294.
CAFÉ, Ângela B. O Jogo Lúdico na Escola de
O Jogo Lúdico na Escola de Universidade Federal de Educação Ensino Básico. LICERE - Revista do Programa de
CAFÉ, Ângela B LICERE 2018
Ensino Básico Goiás (UFG) / GO Física Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do
Lazer, [S. l.], v. 21, n. 4, p. 1–25, 2018.
CHICON, José Francisco et al. EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO FÍSICA E
FÍSICA E INCLUSÃO: A MEDIAÇÃO
INCLUSÃO: A MEDIAÇÃO
CHICON, José Universidade Federal do Educação PEDAGÓGICA DO PROFESSOR NA
PEDAGÓGICA DO MOVIMENTO 2015
Francisco et al Espírito Santo / ES Física BRINQUEDOTECA. Movimento
PROFESSOR NA
(ESEFID/UFRGS), Porto Alegre, p. 279-292, dez.
BRINQUEDOTECA
2015. ISSN 1982-8918.
DOS SANTOS SOARES, L.; MARIN, E.; GOMES-
DOS SANTOS Universidade Federal da
Oficina de brinquedos e Educación DA-SILVA, P. Oficina de brinquedos e
SOARES, L.; MARIN, Paraíba (UFPB) / PB; Educação
brincadeiras na promoção de Física y 2019 brincadeiras na promoção de comportamentos
E.; GOMES-DA- Universidade Federal de Física
comportamentos sociais Ciencia sociais. Educación Física y Ciencia, v. 21, n. 3, p.
SILVA, P Santa Maria (UFSM) / RS
e093, 19 dez. 2019.
RELAÇÕES DE GÊNERO EM KROPENISCKI, Fernanda; PERURENA, Fátima.
CATÁLOGOS DE KROPENISCKI, Relações de gênero em catálogos de
Universidade Federal de Ciências Educação e
BRINQUEDOS: Fernanda; 2017 brinquedos: (Contra) indicações para o
Santa Maria (UFSM) / RS Sociais Sociedade
(CONTRA)INDICAÇÕES PARA PERURENA, Fátima. brincar. Educação & Sociedade, Santa Maria, v.
O BRINCAR 38, n. 141, p. 965-981, 2017.
MARIN, Elizara Carolina; SANTIAGO, Mariani
JOGO COMO PATRIMÔNIO MARIN, Elizara Guedes. JOGO COMO PATRIMÔNIO
Universidade Federal de Educação
CULTURAL: MUSEUS DE Carolina; SANTIAGO, MOVIMENTO 2019 CULTURAL: MUSEUS DE BRINQUEDOS NO
Santa Maria (UFSM) / RS Física
BRINQUEDOS NO BRASIL Mariani Guedes. BRASIL. Movimento (ESEFID/UFRGS), Porto
Alegre, p. e25052, out. 2019. ISSN 1982-8918.
36

MARTINI, Cristiane Oliveira Pisani; VIANA, Juliana


Centro Universitário de Sete
"Jogando" com as diferentes MARTINI, Cristiane Revista de Alencar. "Jogando" com as diferentes
Lagoas; Universidade
linguagens: a atualização dos Oliveira Pisani; Educação Brasileira de linguagens: a atualização dos jogos na
Federal de Minas Gerais; 2016
jogos na educação física VIANA, Juliana de Física Ciências do educação física escolar. Rev. Bras. Ciênc.
Instituto Federal de Minas
escolar Alencar Esporte Esporte, Porto Alegre, v. 38, n. 3, p. 243-250,
Gerais / MG
set. 2016.
SURDI, Aguinaldo Cesar; MELO, Jose Pereira de;
O BRINCAR E O SE- KUNZ, Elenor. O BRINCAR E O SE-
SURDI, Aguinaldo
MOVIMENTAR NAS AULAS MOVIMENTAR NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
Cesar; MELO, Jose Universidade Federal do Rio Educação
DE EDUCAÇÃO FÍSICA MOVIMENTO 2015 FÍSICA INFANTIL: REALIDADES E
Pereira de; KUNZ, Grande do Norte / RN Física
INFANTIL: REALIDADES E POSSIBILIDADES. Movimento (ESEFID/UFRGS),
Elenor
POSSIBILIDADES Porto Alegre, p. 459-470, dez. 2015. ISSN 1982-
8918.
TEIXEIRA, F. L. S.; GOMES-DA-SILVA, P. N.;
TEIXEIRA, F. L. S.; CAMINHA, I. de O. Biossegurança do Brinquedo
Biossegurança do Brinquedo
GOMES-DA-SILVA, Universidade Federal da Educação no Brasil: Um Estudo a Partir das Normas do
no Brasil: Um Estudo a Partir LICERE 2017
P. N.; CAMINHA, I. de Paraíba (UFPB) / PB Física Inmetro. LICERE - Revista do Programa de Pós-
das Normas do Inmetro
O graduação Interdisciplinar em Estudos do
Lazer, [S. l.], v. 19, n. 4, p. 106–137, 2017.
TONIETTO, Marcos Rafael; GARANHANI,
A CULTURA INFANTIL E A Marynelma Camargo. A CULTURA INFANTIL E A
TONIETTO, Marcos
RELAÇÃO COM OS SABERES Universidade Federal do Educação RELAÇÃO COM OS SABERES DA EDUCAÇÃO
Rafael; GARANHANI, MOVIMENTO 2017
DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA Paraná / PR Física FÍSICA NA ESCOLA. Movimento
Marynelma Camargo
ESCOLA (ESEFID/UFRGS), Porto Alegre, p. 517-528, jun.
2017. ISSN 1982-8918.
GALINDO, V. A.; SILVA, C. L. da. Construção de
CONSTRUÇÃO DE Saúde e meio
Centro Universitário do Norte brinquedos nas aulas de educação física:
BRINQUEDOS NAS AULAS GALINDO, V. A.; Educação ambiente:
Paulista / Universidade 2019 educação ambiental. Saúde e meio ambiente:
DE EDUCAÇÃO FÍSICA: SILVA, C. L. da Física revista
Metodista de Piracicaba, SP revista interdisciplinar, [S. l.], v. 8, p. 219–236,
EDUCAÇÃO AMBIENTAL interdisciplinar
(UNIMEP) 2019.
OLIVEIRA, P. M. de; ESTEVAM, S. M.; MAIA, U. M.
A Educação Física e Educação
da C. A Educação Física e Educação Ambiental:
Ambiental: uma análise sobre a OLIVEIRA, P. M. de;
Educação uma análise sobre a construção de brinquedos com
construção de brinquedos com ESTEVAM, S. M.; Research, 2020
Física materiais reciclados no Espaço Escolar. Research,
materiais reciclados no Espaço MAIA, U. M. da C Universidade do Estado do Rio Society and Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 8, p.
Escolar
Grande do Norte /RN Development e243985318, 2020.
37

Anexo 2
LOCAL DA TAMANHO E PERFIL
TÍTULO RESUMO PALAVRAS-CHAVE METODOLOGIA
PESQUISA DA AMOSTRA
Este estudo consiste na reflexão sobre o brincar e o brinquedo
industrializado, ressaltando a importância do brincar natural e
espontâneo da criança. O objetivo foi destacar como o brincar
para a criança e para o adulto se organiza de formas diferentes.
Este estudo caracteriza-se como uma Pesquisa Teórica, de
As relações do
modo que as reflexões realizadas não se estabelecem na direção
brinquedo
de negar os brinquedos industrializados ou de não incentivar as
industrializado com Este estudo
crianças a aprenderem, mas sim no intuito de alertar para uma Brincar. Criança. Rio Grande do
o brincar e se caracteriza-se como não se aplica
possibilidade de pensar o tempo de ser criança e atentar para o Educação física Sul
movimentar: uma uma Pesquisa Teórica.
fato de que se existe uma tentativa de rever esses caminhos e
reflexão na
que estes estão ligados ao brincar e Se-movimentar. A
Educação Física
compreensão do brincar e Se-movimentar para que se tornem
significativos perpassa professores, direção das instituições e
também pelos pais, de forma que, estudos e pesquisas são
fundamentais para orientar, esclarecer e considerar fatores
importantes desse processo.
38

Os discursos e interesses por pesquisas e estudos que envolvem


a o lúdico, o jogo, o brinquedo e a brincadeira na educação estão
crescendo em qualidade e quantidade nas pesquisas
acadêmicas, entretanto, não necessariamente correspondem à
um cenário de ações lúdicas dentro das escolas. Por mais que se
aponte a importância das atividades lúdicas na formação de
qualquer pessoa, em qualquer idade, é visível a manutenção de
uma prática na escola endurecida, rígida, repetitiva e
descontextualizada, cercadas por violências de todos os tipos. O
lugar do jogo e da brincadeira quase não acontece, nem nos
momentos “permitidos”, como as atividades festivas, nas datas
comemorativas. Este estudo vem contribuir com
contextualizações históricas em torno do lúdico e do que o
envolve, com vistas a superar a desvalorização de suas
Este ensaio, teve
manifestações associadas a atividades sérias, ampliando suas
como base
possibilidades de atuação na escola, por meio de elementos
observações Escolas públicas e
fundantes do jogo e de suas características, como espaço
O Jogo Lúdico na Jogos e Brinquedos, etnográficas privadas, nos níveis
propício à esta manifestação. Esse objetivo tem como pano de
Escola de Ensino Cultura, Escola, realizadas em escolas Goiânia - GO fundamental e médio,
fundo a crença de que um ambiente lúdico é favorável à um
Básico Atividades de Lazer e ao mesmo tempo a durante mais de 30
clima de partilha e aprendizagem. Este ensaio, teve como base
pesquisa participante anos de experiência.
observações etnográficas realizadas em escolas, em sua maioria
se fez presente por
de ensino público, nos níveis fundamental e médio, durante mais
fazer várias vezes
de 30 anos de experiência e que serviram de base aos
questionamentos e reflexões constantes no texto. Ao mesmo
tempo a pesquisa participante se fez presente por fazer várias
vezes, em percursos de idas e vindas entre planejamento, prática
de novas ações e reflexões com as análises em busca de
respostas, ainda que provisórias. A revisão bibliográfica
orientada neste percurso aponta múltiplas áreas do
conhecimento: Filosofia; Antropologia; Sociologia; Psicologia;
Pedagogia; Estudos do Lazer. As considerações finais apontam
para uma convergência nas possibilidades de atuação lúdica na
escola, utilizando o jogo, brinquedo ou brincadeira em qualquer
das áreas do conhecimento, considerando as características de:
estratégia, desenvolvimento e conhecimento, para um
ensino/aprendizagem mais significativos.
39

O estudo tem por objetivo descrever e analisar a ação mediadora Os participantes foram
EDUCAÇÃO dos professores de Educação Física no processo de interação de quinze crianças não
FÍSICA E alunos com e sem deficiência na brinquedoteca. Trata-se de uma deficientes do Centro
INCLUSÃO: A pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso. Os participantes Educação Física de Educação Infantil
Trata-se de uma
MEDIAÇÃO foram quinze crianças não deficientes do Centro de Educação Infantil. Mediação. Criarte (Ufes) e cinco
pesquisa qualitativa do Vitória - ES
PEDAGÓGICA DO Infantil Criarte (Ufes) e cinco com deficiência oriundas da Inclusão. com deficiência
tipo estudo de caso.
PROFESSOR NA comunidade do município de Vitória/ES. Conclui que o olhar Brinquedoteca. oriundas da
BRINQUEDOTEC sensível e a ação mediadora do professor têm papel fundamental comunidade do
A para provocar avanços no aprendizado e desenvolvimento da município de
criança, o que não ocorreria espontaneamente. Vitória/ES.
Este artigo apresenta a análise dos resultados de uma
intervenção com a Oficina de Brinquedos e Brincadeiras (OBBA)
no comportamento de crianças identificadas com condutas
antissociais. Pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo
Oficina de pesquisa-ação, realizada com uma turma do 5º ano do Ensino
brinquedos e Fundamental, numa escola pública de João Pessoa-PB. Os Uma turma do 5º ano
Jogo, Ensino, Pesquisa de
brincadeiras na alunos foram identificados por meio de um roteiro de observação do ensino
Psicanálise, abordagem qualitativa, João Pessoa-PB
promoção de e avaliados, antes e durante a OBBA, pela Escala de Tendência fundamental, com 24
Educação Física. do tipo pesquisa-ação.
comportamentos Antissocial (ETA). Após período de implementação do projeto, alunos matriculados.
sociais em suas diferentes etapas (Apresentação, Avaliação,
Implementação, Intervenção), evidenciou-se pela ETA um
aumento significativo de ações sociais de emprestar, oferecer,
auxiliar, agradecer, elogiar e dialogar, naqueles com condutas
antissociais.
Este artigo buscou discutir as relações de gênero retratadas nos
catálogos de brinquedos de uma Empresa X, localizada na
Região Sul do Brasil, no período de 2009 a 2015. A partir de uma
análise das imagens apresentadas nos catálogos, foram
RELAÇÕES DE
constatadas mudanças e permanências na produção e oferta de
GÊNERO EM Uma Empresa X,
brinquedos. Inicialmente direcionados para meninas ou meninos, Semiologia dos
CATÁLOGOS DE Brinquedos. localizada na Região
os brinquedos ofertados demarcavam limites para o feminino e discursos sociais e Região Sul do
BRINQUEDOS: Relações de gênero. Sul do Brasil, no
para o masculino. Quando todos os brinquedos passaram a ser análise semiótica de Brasil
(CONTRA)INDICA Crianças. período de 2009 a
indicados para elas e para eles, um binarismo camuflado foi imagens.
ÇÕES PARA O 2015
mantido e a problemática das cores entrou em cena. Diante
BRINCAR
desse cenário, considera-se que, em meio às transformações já
ocorridas nas relações de gênero, a produção e a oferta de
brinquedos também vêm se modificando, porém, a passos
lentos.
40

Esta pesquisa tem como objetivo situar os museus de brinquedos


no Brasil e, especificamente, compreender a história da
constituição, acervo e relação educativa do Museu do Brinquedo
Popular, localizado no Instituto Federal do Rio Grande do Norte -
Museu do
Cidade Alta, Natal/RN. Por meio de análise documental, de
Brinquedo
JOGO COMO entrevistas e observações, identificamos ser um museu de
Popular,
PATRIMÔNIO brinquedos constituído por artefatos elaborados pelos próprios Jogos e brinquedos. Oito museus
Análise documental, localizado no
CULTURAL: jogadores. Destaca-se a importância da pesquisa na Educação Características específicos de
de entrevistas e Instituto Federal
MUSEUS DE Física, identificando, registrando e reunindo no espaço museal culturais. Museu. brinquedos e/ou jogos
observações. do Rio Grande
BRINQUEDOS NO parte do patrimônio lúdico desenvolvido pelas comunidades. Educação Física. no território nacional.
do Norte -
BRASIL Muito do processo e significados destes brinquedos esmaece
Cidade Alta,
quando são transportados para o museu, mas, ali, ganham a
Natal/RN.
possibilidade educativa de congregar a diversidade que estava
dispersa, construir novas relações sociais, evocar a memória,
provocar o desejo de brincar e reconhecer o jogo como
patrimônio cultural material e imaterial.
Este texto busca uma aproximação entre o campo de estudos e
de intervenções do lazer e a educação física escolar, a partir das
reflexões sobre uma experiência com a transposição de
"Jogando" com as linguagens em um curso superior para a formação de Alunos do curso de
diferentes professores de educação física. A proposta consistiu na Licenciatura em
Currículo; Educação
linguagens: a transposição da linguagem midiática dos jogos eletrônicos para Educação Física do
Física; Jogos; Relato de experiência Sete lagoas - MG
atualização dos uma experiência corporal educativa que enriquecesse as práticas Centro Universitário
Brinquedos
jogos na educação da educação física escolar. Buscou-se incrementar uma de Sete Lagoas
física escolar formação crítica para apropriação, ressignificação e promoção de (Unifemm)
experiências a partir das mais diferentes linguagens, a fim de
ampliar o repertório de vivências e trazer implicações para a
formação e atuação em educação física escolar.
O objetivo deste artigo é o de investigar como acontece o brincar
e o se-movimentar de crianças nas aulas de Educação Física no
Foram investigadas,
O BRINCAR E O ensino infantil. Foram investigadas, durante quatro meses, duas
durante quatro meses,
SE-MOVIMENTAR turmas de Educação Física infantil de duas escolas municipais
duas turmas de
NAS AULAS DE da cidade de Capinzal/SC. Foi observado que as escolas Jogos e brinquedos. Pesquisa qualitativa
Educação Física
EDUCAÇÃO estudadas ainda possuem um forte direcionamento para o Movimento. Criança. do tipo estudo de Capinzal - SC
infantil de duas
FÍSICA INFANTIL: rendimento. Valorizam os resultados das ações, sejam eles nas Educação infantil. caso.
escolas municipais da
REALIDADES E atividades psicomotoras, na dança, nas brincadeiras e,
cidade de
POSSIBILIDADES principalmente, nos jogos desportivos. Sendo assim, priorizam o
Capinzal/SC.
movimento corporal dentro da sua funcionalidade e utilidade e
esquecem as pessoas que se movimentam.
41

Este trabalho consiste numa análise arqueogenealógica sobre a


discursividade do brinquedo. Procurando investigar as micro-
histórias do fenômeno a partir de um ponto de vista foucaultiano,
buscou-se analisar a normalização do brinquedo industrializado a
partir de 10 portarias de certificação elaboradas pelo Instituto Buscou-se analisar a
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), os normalização do
quais norteiam não só a fabricação dos brinquedos brinquedo
Biossegurança do industrializados, mas toda e qualquer forma de produção de Jogos e Brinquedos. industrializado a partir
Brinquedo no brinquedos no Brasil. A análise revelou a existência de uma Poder (Psicologia). Este trabalho consiste de 10 portarias de
Brasil: Um Estudo quantidade considerável de indicações, prescrições e restrições Desenvolvimento numa análise Brasil certificação
a Partir das referentes à produção e ao consumo dos brinquedos. O estudo Industrial. Atividades arqueogenealógica. elaboradas pelo
Normas do Inmetro dos discursos possibilitou classificar as portarias em 03 de Lazer Instituto Nacional de
categorias: portarias informativas, portarias restritivas e portarias Metrologia, Qualidade
de avaliação. Um olhar sobre as rupturas e regularidades pôde e Tecnologia
revelar que todos os argumentos de certificação expressam dois (INMETRO).
tipos de populações de discursos que, por sua vez, indicam a
operacionalização de duas formas de controle atuantes sobre o
brinquedo que são a restrição etária ao brinquedo e da sua
medicalização.
O presente artigo apresenta parte de uma pesquisa que teve o
objetivo de compreender como os saberes de professores da
Educação Física Escolar se relacionam com a Cultura Infantil.
Para isso, utilizaram-se como referencial teórico os estudos de
A CULTURA Os sujeitos da
Sarmento e Florestan Fernandes. O instrumento metodológico
INFANTIL E A O instrumento pesquisa foram
para a produção de dados foi a entrevista semiestruturada, e os
RELAÇÃO COM Educação Física. metodológico para a professores da rede
sujeitos da pesquisa foram professores da rede municipal de
OS SABERES DA Jogos e brinquedos. produção de dados foi Curitiba - PR municipal de ensino
ensino de Curitiba que atuam com crianças de 4 a 6 anos.
EDUCAÇÃO Educação infantil. a entrevista de Curitiba que atuam
Conclui-se, no estudo, que a utilização dos elementos da Cultura
FÍSICA NA semiestruturada. com crianças de 4 a 6
Infantil – jogos e brincadeiras – pode ser indício de que os
ESCOLA anos.
saberes da Educação Física se relacionam com a Cultura Infantil.
Mas, para que isso ocorra, eles devem se relacionar com os
eixos estruturadores da Cultura Infantil: reiteração, fantasia do
real, ludicidade e interatividade.
42

O objetivo deste texto é analisar os significados do brincar e da


construção de brinquedos para crianças do Ensino Fundamental
em uma situação planejada de oficina-aula de construção de
brinquedos com materiais recicláveis, em uma perspectiva
cultural articulada com a Educação Física Plural em interface
com a educação ambiental. As crianças, ao serem incentivadas
ao consumo de produtos que incluem os brinquedos, os jogos e
objetos eletrônicos, podem não ter a oportunidade de refletir
sobre eles tanto quanto ao construir brinquedos, criar novas Crianças das séries
Neste estudo,
CONSTRUÇÃO maneiras de brincar no seu “tempo livre” e se conscientizar sobre iniciais do ensino
Educação Física realizou-se pesquisa
DE BRINQUEDOS questões relacionadas ao meio ambiente (consumo, reciclagem, fundamental (ciclo I),
escolar. Educação bibliográfica e de
NAS AULAS DE preservação). Neste estudo, realizou-se pesquisa bibliográfica e na faixa etária de 10 a
Ambiental. campo, de tipo São José do Rio
EDUCAÇÃO de campo, de tipo participante, constituindo-se em uma 11 anos, em uma sala
Construção de participante, Preto - SP
FÍSICA: investigação de abordagem qualitativa. A proposta pedagógica de 28 crianças de
Brinquedos. Ensino constituindo-se em
EDUCAÇÃO do professor, oficina-aula, teve como estratégia a participação ambos os sexos (18
Fundamental I. uma investigação de
AMBIENTAL das crianças na dinâmica dessas atividades diversificadas, meninos e 10
abordagem qualitativa.
aguçando a curiosidade e o interesse de todos. Para a realização meninas).
dessas oficinas-aulas foram utilizados materiais recicláveis como
matéria-prima na produção dos brinquedos. Construir e brincar
envolve cooperação, criatividade, preservação, reflexão e
habilidades motoras, tão importantes para a formação do
cidadão. Conclui-se que as crianças gostaram de brincar pelo
fato de serem brinquedos construídos com materiais recicláveis.
Além disso, as atividades estimularam a conscientização sobre a
valorização do meio ambiente.
43

O presente trabalho tem como objetivo compreender como a


confecção de brinquedos com materiais recicláveis, a partir de
uma perspectiva lúdica e interdisciplinar, contribui para o
desenvolvimento da criança no município de Encanto-RN.
Utilizou-se uma abordagem qualitativa, realizando uma pesquisa
ação numa turma do 3º ano do Ensino Fundamental I,
matriculados na Escola Municipal Antônio Pereira da Silva,
localizada no Sítio Carnaubinha município de Encanto Rio
Grande do Norte. A intervenção foi realizada semanalmente
através de oficinas didáticas com os alunos, durante cinco
A Educação Física semanas, nos meses de julho e agosto de 2019. A partir dos
e Educação resultados e discussões e tomando como base as experiências
Ambiental: uma vividas ao longo dessa trajetória das oficinas, vale dizer que a Educação Física; Uma turma do 3º ano
Utilizou-se uma
análise sobre a construção do brinquedo, vai além do desenvolvimento de novas Educação Ambiental; do ensino
abordagem qualitativa,
construção de habilidades, passando também pelo conhecimento do educando, Reciclagem; Encanto - RN. fundamental I, com 12
realizando uma
brinquedos com sua concepção de mundo e a internalização que cada um faz do Brinquedo; Criança; alunos, na faixa etária
pesquisa ação.
materiais objeto. Tudo isso, trouxe uma compreensão do nosso papel Ensino. de 7 a 8 anos.
reciclados no enquanto professores, a nossa prática pedagógica que precisa
Espaço Escolar ser resinificada no cotidiano na escola, com base na realidade
dos alunos. Apesar do pouco tempo, foi considerável e relevante
para o desenvolvimento e aprendizado obtido pelas crianças,
pois é indiscutível o reconhecimento da importância desta prática
pedagógica na Educação Física para o ensino aprendizagem da
criança, onde é evidente que essa prática esteja inserida no
ambiente escolar, trabalhando a conscientização ambiental e
reaproveitamento materiais descartados para a construção de
brinquedos, e assim despertar um interesse maior da criança por
ampliar sua autonomia e participação mais efetiva no processo
educativo.
44

Anexo 3
AUTORES UTILIZADOS
TÍTULO CONCEPÇÃO DE BRINQUEDO PARA FUNDAMENTAR RELAÇÕES ENTRE BRINQUEDO E EF PRINCIPAIS CONCLUSÕES
SOBRE BRINQUEDO
A ideia não é oferecer uma solução, mas sim,
A questão primordial, nesse sentido, é
O autor compreende o brinquedo chamar a atenção de que se existe uma tentativa
compreender a Educação Física como promotora
e o brincar através de uma de rever esses caminhos, ela certamente tem a ver
desse lugar para brincar e Se-movimentar e que
As relações do perspectiva fenomenológica, com o brincar e Se-movimentar. Nesse esforço, a
BENJAMIN (1984); nela a criança tem maior probabilidade de
brinquedo ressaltando a importância do compreensão do brincar e Se-movimentar para
HONORÉ (2009); CUNHA experimentar esse projeto e o adulto percebê-la
industrializado com o brincar livre e espontâneo. Para que se torne significativo perpassa pelos
E KUNZ (2015); em toda a sua potencialidade. No entanto, a
brincar e se movimentar: os autores, a criança e o seu professores, direção das instituições e também
BROUGÈRE (2000); grande inquietação é como conciliar esse brincar
uma reflexão na brincar são autênticos e pelos pais, por isso pesquisas como esta são
FANTIN (2000) espontâneo e livre
Educação Física esse fato deve estar longe da importantes para adultos de forma em geral, pois
da criança, em um lugar que exige controle e cada
ideia de controle, consumo e para que o entendimento do brincar e Se-
vez mais se investe em brinquedos
mercadoria. movimentar possa ter sentido para os adultos é
eletrônicos dentro das salas.
necessário conhecer a criança, por ela mesma.
Diante do exposto só resta vivenciar um jogo em
Colocando o foco na educação escolar, nosso sala de aula, ou em algum outro espaço
campo de interesse, trata-se de não deixar essa alternativo, para entender como este pode
manifestação ser sufocada, pois, é da natureza funcionar e mudar a realidade do cotidiano escolar,
A autora compreende o
humana e da espontaneidade natural da pessoa. provocando curiosidade e vontade de aprender nos
O Jogo Lúdico na brinquedo como uma Leontiev (1988); Vygotsky
Quando bem planejado o jogo é muito bem alunos. Da mesma forma o educador pode criar
Escola de Ensino Básico manifestação lúdica inerente ao (2009); Huizinga (1971)
acolhido na escola, pois, ao contrário do que se não só espaços para jogos, mas, adaptar jogos
ser humano.
pensa o jogo é ordem e criar ordem e, a escola específicos que movimentem os alunos, incitando
perde muito ao considerá-lo como indisciplina e participação e curiosidades, reflexões e reflexos
acaba por não conseguir contê-los. espontâneos, disponibilidade para o grupo e para a
aprendizagem.
Nessa experiência do brincar, constatamos o
Na relação da criança no espaço
quanto a ação mediadora dos professores/
da brinquedoteca, o brinquedo é Fazendo uso do jogo, brinquedos e brincadeiras
brinquedistas foi importante para que o processo
o instrumento mediador entre ela nas aulas de Educação Física e no espaço de
EDUCAÇÃO FÍSICA E de inclusão na brinquedoteca se consolidasse,
e a brincadeira. Segundo brinquedoteca, conforme o pensamento de Chicon
INCLUSÃO: A visto que, sem as ações desenvolvidas por eles, os
Kishimoto (1998), o vocábulo Vygotsky (1991); Chicon (2005, 2013), a criança se relaciona com
MEDIAÇÃO quadros de exclusão evidenciados nos episódios
brinquedo conota criança e tem (2005, 2013); Kishimoto conteúdos culturais dos quais ela se apropria,
PEDAGÓGICA DO citados poderiam não se modificar ou se alterar
uma dimensão material, cultural (1998); Leontiev (1994) reproduz e ressignifica. A brincadeira também é
PROFESSOR NA mais tardiamente. Sendo assim, o olhar sensível e
e técnica. Como objeto, é um meio de a criança viver a cultura que a rodeia
BRINQUEDOTECA a ação mediadora do professor têm papel
sempre suporte de brincadeira, é como ela é verdadeiramente e não como ela
fundamental para provocar avanços no
o estimulante material para fazer deveria ser.
aprendizado e desenvolvimento da criança que
fluir o imaginário infantil.
não ocorreriam espontaneamente.
45

Por isso, a Pedagogia da Corporeidade (PC),


Os resultados apontam que, durante as aulas, a
como uma metodologia de ensino para a educação
provisão ambiental facultada pelos grupos de
física, toma o jogo como prática de linguagem
construção – com os decorrentes desafios
capaz de reconfigurar existências. Isto é, a PC
propiciados pela OBBA – foi capaz de integrar o
Oficina de brinquedos e Os autores compreendem o considera o jogo em sua produção de sentido, seja
comportamento antissocial dos alunos para saber
brincadeiras na brinquedo com uma ferramenta Gomes-da-Silva (2012, em relação ao contexto de sua organização
conviver com os demais, inclusive mais favoráveis
promoção de de promoção de 2013, 2014, 2015, 2016) histórico-social e econômico-cultural seja em
ao surgimento de atitudes sociais, se comparado
comportamentos sociais comportamentos sociais. relação aos aspectos biológicos e psíquicos que
com momento da vivência das brincadeiras. As
estão sendo vivenciados. De tal modo que nas
brincadeiras elaboradas mudaram a forma de agir
situações lúdicas são investigados os efeitos
dos alunos para brincar com os outros, já que
emocionais, energéticos e lógicos produzidos
foram gentis e adaptaram seus movimentos.
naqueles que jogam.
Após visualizar o panorama dos brinquedos
ofertados nesse período, ficou
As autoras compreendem o evidente a manutenção de um binarismo de
brinquedo como objetos que dão gênero, que delimita o que é masculino e
suporte às brincadeiras, o que é feminino. No período de 2009 a 2012, esse
RELAÇÕES DE apresentando variações binarismo ficou explícito, direcionando os
Brougère (2010); Oliveira
GÊNERO EM incontáveis; objetos que se brinquedos para elas e/ou para eles. Uma
(1989); Kishimoto (2011);
CATÁLOGOS DE transformam ora nisso, outrora construção desigual do brincar de
Benjamin (2002); Não se aplica.
BRINQUEDOS: naquilo, que carregam marcas meninas e meninos foi anunciada pela oferta de
Bomtempo (2011); Vianna e
(CONTRA)INDICAÇÕES de tempos e espaços diversos. blocos de encaixe apenas para meninos.
Finco (2009).
PARA O BRINCAR Os brinquedos são um dos A eles estava reservada a oportunidade de criar,
meios pelos quais as crianças de construir, de vivenciar as diferentes
interagem com a cultura e dela aventuras sugeridas pelas temáticas desses
se apropriam. brinquedos. Em contrapartida, às meninas
era possibilitada a reprodução do trabalho
doméstico, o cuidado da casa e de bebês.
46

O Museu apresenta a diversidade da experiência


lúdica de todas as idades e de diferentes origens, e
assinala a importância da pesquisa a fim de
identificar, registrar e reunir, no espaço museal,
parte do universo lúdico desenvolvido
Há uma relação entre o Museu do Brinquedo anonimamente, oralmente, difusamente pelas
JOGO COMO As autoras compreendem o
Popular, localizado no Rio Grande do comunidades. A pesquisa e os pesquisadores
PATRIMÔNIO brinquedo como patrimônio Cascudo (1972), Benjamin
Norte e a Educação Física, tendo em vista este facultaram ao público conhecer os jogos e/ou
CULTURAL: MUSEUS material (1984), Guedes (2003),
museu ter sido resultado de larga pesquisa de brinquedos; valorizaram e deram vozes aos
DE BRINQUEDOS NO e imaterial da humanidade e Amado (2010).
campo, coordenada por pesquisadores da área da sujeitos; potencializaram o pertencimento ao local;
BRASIL como artefato museológico.
Educação Física e lazer. romperam as limitações das políticas municipais,
estaduais, federais; e se entrelaçaram com a
formação dos discentes do IFRN e da Educação
Básica. Uniram a vontade de um grupo e deram
existência a uma ação pública no âmbito do
patrimônio lúdico.
Como visto, as práticas culturais estão imersas em
uma disputa de significados e os professores
carecem de assumir o currículo com um olhar mais
Dessa maneira, a fim de buscar opções à político, ético e estético. Insistir na monocultura do
hegemonia do esporte como monocultura da esporte --- em especial, alguns poucos esportes ---
educação física escolar, propusemos por meio da pode representar uma omissão do seu
Concebe o brinquedo/brincadeira
"Jogando" com as disciplina Múltiplas Linguagens do Ensino da compromisso político como professor, pois
como atividade lúdica como
diferentes linguagens: a Educação Física Escolar, a criação de novos jogos podemos construir, na medida do possível, uma
prática real das relações sociais, Marcassa (2008)
atualização dos jogos na baseados em outros conhecidos, que escola mais sensível a outros valores que não
como
educação física escolar favorecessem tipos distintos de relação entre os aqueles da lógica disciplinada como a do trabalho.
produto coletivo da vida humana
alunos, que incorporassem narrativas, cenários, Assim, parece necessário o investimento na
personagens, e que recriassem os tempos, formação docente que incentive um olhar mais
os espaços e as relações escolares. ampliado sobre as práticas corporais cotidianas e
sobre os conteúdos específicos da educação
física, o que não corrobora a limitada formação que
receberam ao longo da trajetória escolar.
47

Nos últimos anos, o debate sobre o uso


pedagógico do brinquedo continua a estimular
A escola, como espaço privilegiado de educação,
reflexões em áreas de estudo como a Educação
deve dar valor às diferentes
Física, de maneira que se pode verificar seu
manifestações dos seus alunos. As experiências
O BRINCAR E O SE- reconhecimento na literatura especializada
que os alunos trazem para o contexto escolar são
MOVIMENTAR NAS (GOSSO; MORAES; OTTA, 2006; PICCOLLI,
fundamentais para enriquecer o processo de
AULAS DE EDUCAÇÃO 2006; LEMOS, 2007). Por outro lado, um olhar
Não se aplica. Não se aplica ensino e aprendizagem traçado pela escola e pela
FÍSICA INFANTIL: sobre os discursos pedagógicos acerca da criança
Secretaria da Educação do Município. Entendemos
REALIDADES E e do brinquedo parece relevar intenções políticas -
que a abertura para uma maior participação dos
POSSIBILIDADES ainda não investigadas profundamente - que
alunos possa fornecer uma orientação mais
contribuíram (e ainda contribuem) para a formação
equilibrada e justa na condução
de um tipo de pensamento aparentemente
das atividades.
compulsório nas relações do tipo “experiência do
brincar/ ser criança” e “brinquedo/brincar/educar”.
Contudo, conforme foi possível observar, os
esforços para transformar crianças em
adultos parecem afetar os sujeitos bem antes de
chegarem a essa idade. Essa afirmativa não
Lira e Rúbio (2014), desejar negativar o processo de industrialização
Benjamin (1984), Lemos dos brinquedos que é problemático e abrangente.
Do ponto de vista
(2007), PICCOLLI (2006), Porém, as implicações desse processo sobre o
foucaultiano, é possível dizer que
ANTÉRIO; GOMES-DA- modo de ser criança precisam ser compreendidas
Biossegurança do o brinquedo é formado por
SILVA (2012), Volpato de maneira a resguardar a possibilidade de
Brinquedo no Brasil: Um enunciados que
(2002), Foucault (2008), Não se aplica. experiências criativas no ato de brincar. Assim,
Estudo a Partir das determinam a sua compreensão
Pereira (2009), PINSKY poder-se-ia ir além da mera aceitação do
Normas do Inmetro e que expressam o
(1979), brinquedo industrializado para reflexão pedagógica
funcionamento de um sistema de
BELMAIA; DANTAS (2006), sobre sua existência e suas possibilidades de
verdades em vigor na sociedade.
WASKMAN; HARADA reconstrução. Nesse sentido, é preciso que se
(2005) realizem investigações mais profundas sobre o
tema ampliando o recorte documental e abordando
a opinião de sujeitos envolvidos no processo,
sendo estes aspectos as limitações principais do
seguinte estudo.
48

Foi possível observar, na pesquisa, que os


professores demonstraram a existência
de elementos específicos da Cultura Infantil na
docência com as crianças pequenas e essa
evidência foi a aceitação por parte dos professores
dos jogos e brincadeiras. Assim, o que imprime os
Na pesquisa com professores da rede municipal de
significados dos símbolos culturais utilizados e
Curitiba foi possível observar que: quando os
transformados em um determinado contexto
professores procuram formas de ampliar seus
cultural é a sua aceitação. Dessa forma,
A CULTURA INFANTIL conhecimentos sobre as crianças, passam a dar
entendemos que a utilização de elementos da
E A RELAÇÃO COM OS abertura às suas formas de expressão. Neste
Não deixa evidente sua Cultura Infantil – jogos e brincadeiras – pode ser
SABERES DA Garanhani (2015) estudo, os jogos e brincadeiras foram formas de
concepção. uma forma de desenvolver metodologicamente os
EDUCAÇÃO FÍSICA NA expressão das crianças aceitas por parte dos
saberes da Educação Física com crianças
ESCOLA professores. Sendo assim, os elementos da
pequenas. E, consequentemente, a utilização dos
Cultura Infantil – jogos e brincadeiras – podem ser
elementos da Cultura Infantil – jogos e brincadeiras
utilizados para socialização de saberes da
– poderá ser um indício de que os saberes da
Educação Física.
Educação Física se relacionam com a Cultura
Infantil. Mas, para que isso ocorra, eles devem se
constituir por meio dos eixos estruturadores da
Cultura Infantil: a reiteração, a ludicidade, a
fantasia do real e a interatividade (SARMENTO,
2004).
Entendemos que a Educação Física escolar pode
Esses autores, compreenderam contribuir e sensibilizar as crianças a se
o brinquedo artesanal com familiarizarem com a construção de seus próprios
materiais recicláveis, como uma brinquedos artesanais e com eles brincar,
importante ferramenta no O estudo de Galindo e Da Silva (2019), aponta o promovendo a autonomia, a criatividade e a
processo de aprendizagem das Campos e Mello (2010); campo da Educação Física como um espaço criticidade na adoção de valores que tencionem
CONSTRUÇÃO DE
crianças, pois estes brinquedos, Schwartz (1992); Oliveira; privilegiado e facilitador para o desenvolvimento da atitudes consumistas e individualistas dos sujeitos.
BRINQUEDOS NAS
desenvolvem atitudes e valores Alvim (2009); Oliveira construção de brinquedos artesanais com No entanto, é fundamental também que as
AULAS DE EDUCAÇÃO
como o respeito ao meio (2010); Benjamim (2002); materiais recicláveis, pois trata-se de uma ciência instituições de ensino disponibilizem para as aulas
FÍSICA: EDUCAÇÃO
ambiente, o autoconhecimento, o Weiss (1997); Meirelles que tem como base o conhecimento corporal e de Educação Física, os materiais tradicionais –
AMBIENTAL
reconhecimento e a valorização (2007). suas diferentes formas de manifestação de bolas, arcos etc., já que compreendemos que o
da cultura do outro, além de, movimento. professor, ao ter acesso aos diferentes materiais
estimular a autonomia, a tradicionais ou recicláveis, poderá ter maiores
criatividade e a criticidade na opções para a elaboração de suas aulas e,
relação de consumo dos sujeitos. consequentemente, estas poderão ser mais
enriquecedoras para as crianças.
49

Essa proposta permitiu


compreender, que as crianças, a
Essa pesquisa contribuiu para Educação Física
partir do momento que
escolar no âmbito de transformação de princípios e
constroem brinquedos
de valores, favorecendo aos educandos reflexões
recicláveis, não aprendem Oliveira, Estevam e Maia (2020), traz como
Leontiev (1988); Benjamin a partir da reciclagem para construção de
A Educação Física e apenas sobre a preservação contribuição a ideia de que a Educação Física,
(2002); Pedro et. al., s/d; brinquedos a fim de produzir novos significados
Educação Ambiental: ambiental e construção de novas como disciplina, tem parte significativa sobre os
Silva (2011); Vygotsky atribuídos num contexto do seu próprio mundo
uma análise sobre a habilidades, mas também processos educacionais do corpo, facilitando
(2003); Bueno (2010); (imaginação ou fantasia) estimulando assim o seu
construção de externalizam, o seu nível de diferentes modos de aprendizagens, além da
Kishimoto (2010); desenvolvimento, através da criatividade, em que
brinquedos com conhecimento, sua visão de socialização dos alunos, a partir da confecção de
Marcellino (2007); Bertolleti foi possível observar as experiências e as histórias
materiais reciclados no mundo, e como internalizam brinquedos, criando assim um espaço, em que as
(2009); Aguiar (2010); de cada um, sendo trazidas e traduzidas em
Espaço Escolar esse objeto, favorecendo o crianças, consigam desenvolver, comportamentos
Campos (2010). brinquedos, por favorecer uma maior autonomia e,
desenvolvimento de sua além do habitual.
possivelmente, uma maior atenção e disposição à
autonomia e integração no
sua realização, já que os brinquedos estavam
espaço escolar, sendo o
sendo confeccionados por eles.
professor, o mediador desta
brincadeira.

Você também pode gostar