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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA EM REDE NACIONAL -
PROEF

GINÁSTICA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS NOS ANOS FINAIS


DO ENSINO FUNDAMENTAL

JULIENNE DE LUCENA SOUTO MARINHO

NATAL/RN
2022
JULIENNE DE LUCENA SOUTO MARINHO

GINÁSTICA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS NOS ANOS FINAIS


DO ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de


Mestrado Profissional em Educação
Física em Rede Nacional – PROEF, da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte e da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” UNESP, como
requisito parcial à obtenção do título de
mestre em Educação Física.

Linha de Pesquisa: Educação Física no


Ensino Fundamental

Orientador: Dr. Antônio de Pádua do


Santos

NATAL/RN
2022
JULIENE DE LUCENA SOUTO MARINHO

GINÁSTICA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS NOS ANOS FINAIS


DO ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Educação


Física em Rede Nacional – PROEF, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte e da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP, como
requisito parcial à obtenção do título de mestre em Educação Física.

Aprovada em: ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________
Prof. Dr. Antônio de Pádua dos Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Presidente da Comissão Examinadora

_______________________________________
Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Surdi
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Examinador Interno

_______________________________________
Prof. Dr. Alison Pereira Batista
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Examinador Externo
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
GINÁSTICA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS NOS ANOS FINAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL

RESUMO

Os professores de Educação Física que passaram em nossa vida estudantil


trouxeram os reflexos de suas formações, alguns conseguiram romper com o
esportivismo e outros não, percebe-se com isso uma carência na aplicação e
vivência do conteúdo de ginástica nas aulas de Educação Física, decorrente
possivelmente de poucas edições e publicações literária, falta de estímulos na
vivência de professores ou pouca importância dada ao conteúdo. Nosso objetivo
geral é propor possibilidades pedagógicas sobre o ensino da ginástica nos anos
finais do ensino fundamental. A pesquisa foi realizada durante as aulas de Educação
Física com alunos do 7º ano da E. E. E. F. Antenor Navarro, na cidade de
Guarabira/PB. Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram a aplicação de
questionário, a sequência pedagógica, a observação participante do tipo descritiva e
os recursos imagéticos, fotográficos e diário de campo. A pesquisa foi submetida e
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte e cadastrada na Plataforma Brasil, com parecer de número 5.257.813, em
22 de fevereiro de 2022. A mesma está de acordo com a Resolução de pesquisa
com seres humanos CNS 466/12, considerando o respeito pela dignidade humana e
pela especial proteção devida aos participantes das pesquisas científicas
envolvendo seres humanos. Os resultados foram descritos a analisados como uma
pesquisa-ação, a partir das vivências dos alunos, registros e observações da
professora-pesquisadora, acrescidos das anotações do diário de campo. A
intervenção atingiu seu objetivo em propor possibilidades pedagógicas no ensino da
ginástica, através de aula teóricas e práticas, tendo o envolvimento dos alunos.
Romper com o padrão cultural esportista, a cultura da “bola” nas aulas de Educação
Física, é algo desafiador, pois requer muita paciência, porém não é algo impossível
de ser rompido, basta que abramos novas possibilidades de vivências corporais que
fujam do elemento “bola”, estabelecido historicamente como algo indispensável na
realização de uma aula. Esse estudo vem corroborar com a prática docente de
vários professores, fortalecendo que é possível possibilitar o ensino da ginástica na
escola.

Palavras-chave: Educação Física escolar. Ensino fundamental. Ginástica.


GYMNASTIC AT SCHOOL: PEDAGOGICAL POSSIBILITIES IN THE FINAL
YEARS OF ELEMENTARY SCHOOL

ABSTRACT
LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - O universo da Ginástica...........................................................................24


Figura 2 - Saberes ginásticos...................................................................................25
Figura 3 - Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.......................30
Figura 4 - Educação Física nos anos finais do ensino fundamental.........................31
Figura 5 - Primeiro contato com os discentes...........................................................33
Figura 6 - Discente expressando por meio de desenhos sua compreensão de
ginástica.....................................................................................................................36
Figura 7 - Discentes expressando por meio de desenhos sua compreensão de
ginástica.....................................................................................................................37
Figura 8 - Quadrinhos sobre o tema ginástica elaborado por discente.....................38
Figura 9 - Representação do conteúdo ginástica atrelado aos movimentos circenses
................................................................................................................................... 39
Figura 10 - Diversas produções dos discentes.........................................................39
Figura 11 - Discentes vivenciando diferentes movimentos corporais da ginástica...41
Figura 12 - Discente performando movimentos circenses........................................41
Figura 13 - Discente performando movimentos circenses........................................42
Figura 14 - Questões norteadoras para a pesquisa dos discentes...........................43
Figura 15 - Momento de socialização dos resultados da pesquisa...........................44
Figura 16 - Momento de socialização dos resultados da pesquisa...........................44
Figura 17 - Momento de socialização dos resultados da pesquisa...........................45
Figura 18 - Momento de socialização dos resultados da pesquisa...........................45
Figura 19 - Exposição do conteúdo ginástica por meio de slides.............................47
Figura 20 - Exposição do conteúdo ginástica por meio de slides.............................47
Figura 21 - Exposição do conteúdo “ginástica” com uso de recursos midiáticos......50
Figura 22 - Discentes atentos à exposição do conteúdo..........................................50
Figura 23 - Apresentação das modalidades de ginástica.........................................51
Figura 24 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica.......................................53
Figura 25 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica.......................................53
Figura 26 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica.......................................54
Figura 27 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica.......................................54
Figura 28 - Atividades escritas entregues pelos discentes.......................................56
Figura 29 - Movimentos da ginástica artística...........................................................58
Figura 30 - Discentes realizam movimentos no solo.................................................59
Figura 31 - Equipamentos confeccionados pela pesquisadora para prática da
ginástica rítmica.........................................................................................................60
Figura 32 - Equipamentos confeccionados pela pesquisadora para prática da
ginástica rítmica.........................................................................................................61
Figura 33 - Discentes utilizam os equipamentos confeccionados pela pesquisadora
................................................................................................................................... 62
Figura 34 - Alguns discentes desvirtuam implemento da ginástica..........................63
Figura 35 - Discentes performam movimentos da ginástica acrobática....................65
Figura 36 - Discentes de outras turmas realizam os movimentos da ginástica........66
Figura 37 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica de trampolim.................67
Figura 38 - Discentes criam novos movimentos a partir de suas habilidades..........68
Figura 39 - Alguns discentes desviam o foco da atividade proposta........................69
Figura 40 - Discentes exploram os espaços internos e externos do ginásio............70
Figura 41 - Organização do espaço para a culminância...........................................71
Figura 42 - Registros das apresentações da culminância........................................72
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Percentuais de discentes que dizem saber o que é ginástica................34


Gráfico 2 - Percentuais de discentes que manifestam interesse em aprender sobre
ginástica.....................................................................................................................34
Gráfico 3 - Percentual de discentes que já vivenciaram alguma forma de ginástica 35
SUMÁRIO

1 INICIANDO A CONVERSA....................................................................................12
2 GINÁSTICA NA ESCOLA......................................................................................20
2.1 Percurso histórico da ginástica e sua inserção na escola............................22
2.2 O ensino da ginástica numa perspectiva crítico superadora........................26
2.3 O ensino da ginástica e os documentos oficiais norteadores......................29
3 TERCENDO SABERES GINÁSTICOS..................................................................33
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 76
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 78
APÊNDICES..............................................................................................................81
ANEXOS....................................................................................................................89
12

1 INICIANDO A CONVERSA

A hegemonia do esporte nas aulas de Educação Física na escola está


atrelada ao seu percurso histórico, como mostra Barroso (2020), que retrata
historicamente os momentos marcantes da inserção da Educação Física na escola e
a imposição do esporte através dos militares, ressaltando que aqueles que
praticavam esporte eram vencedores e lutadores.
Precisamos voltar nosso olhar à compreensão histórica dos momentos
passados, para compreendermos a Educação Física que vivemos em nossa vida
estudantil, em nossa realidade e, principalmente, a Educação Física que queremos
na escola.
Os professores de Educação Física que passaram em nossa vida estudantil
trouxeram os reflexos de suas formações, alguns conseguiram romper com o
esportivismo e outros não, contudo, é importante a reflexão de nossa atuação
conjuntura para que vislumbremos um novo momento.
A realidade atual não diferente muito dos argumentos sobre os conteúdos da
Educação Física citados por Barroso (2020), que diz que o conteúdo, na maioria das
vezes, se restringe às quatro modalidades convencionais – basquetebol, futebol,
handebol e voleibol.
Esta colocação retrata os esportes que vivenciei ao longo de minha vida
estudantil no ensino básico, unicamente estes e apenas estes, não havia um olhar
voltado para outras possibilidades nas aulas, as quais eram configuradas de acordo
com os conteúdos do esporte.
Refletindo sobre a Educação Física em minha vida, recordo que ela sempre
esteve presente na minha história, pois tenho como primeira referência meu pai,
Jaldir Marinho de Lucena (Professor Leão), também professor de Educação Física,
que desde os primeiros passos dados enquanto criança nos levou a viver várias
práticas corporais, práticas esportivas, destaco a natação, o basquete e a
musculação como as principais referências.
Na escola, percebo que não tive muitas vivências na Educação Física, minhas
recordações nos primeiros anos estudantis estavam presentes nas datas
comemorativas através das danças, e, ao longo do ensino fundamental e médio,
vivenciei na escola o handebol e o basquete, apenas.
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Na graduação em Licenciatura Plena, pude vivenciar práticas ainda não


vividas até então, o contato com as lutas, o ballet e a dança contemporânea, dentre
outras vivencias. Desde a graduação, trabalhei com atividades direcionadas a 3ª
idade, como natação, hidroginástica e dança.
O contato com o conteúdo “ginástica”, em minha graduação e ao longo dos 13
anos de formada, deu-se apenas com a ginástica aeróbica e a ginástica laboral.
Mesmo assim, a ginástica sempre me chamou atenção e este tema, escolhido para
ser tratado neste estudo, torna-se um desafio pessoal, pois me foi incutido que a
ginástica é um conteúdo que necessita de muitos equipamentos, estando bem
distante da realidade da escola.
Henrique (2017) destaca uma escassez na aplicação do conteúdo de
ginástica nas aulas, decorrente possivelmente da carência de literatura,
oportunidade de vivência dos profissionais ou da pouca importância dada ao
conteúdo.
Essa realidade acima retratada contribui com nossa inquietação enquanto
docente da rede municipal e estadual de ensino, da disciplina de Educação Física
nos anos finais do ensino fundamental no interior da Paraíba por mais de 10 anos,
que nos possibilitou perceber a ausência do trato com os conteúdos da ginástica em
nossa prática e em nossa região. Refletindo sobre isso, temos o interesse de
investigar em nossa realidade local se esse conteúdo é tratado nas aulas de
Educação Física e buscar construir um direcionamento possível de aulas pensando
nessa realidade regional, entendendo as dificuldades estruturais e pessoais para a
realização desse conteúdo.
Percebemos a importância dessa inquietação para nossa prática de ensino,
pois problematiza e busca meios para sociabilizar o ensino da ginástica. Desse
modo, como justificativa social, esta pesquisa pode contribuir com a formação
continuada de professores locais e de cidades vizinhas, uma vez que o presente
estudo pretende, através de sua produção de conhecimento, possibilitar vivências
que fortaleçam a cultura corporal dos alunos do ensino básico, pois pretendemos
contribuir com o crescimento do acervo educacional na cultura ginástica, conteúdo
da Educação Física.
O tema se torna desafiador para nós, por nos enquadrarmos nessa realidade
de não ter vivência da ginástica na escola, tanto pessoal como profissional. Assim,
pretendemos com essa propositura transpor nossas limitações enquanto professor
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de Educação Física e sugerir a inserção do ensino da ginástica nas aulas de


Educação Física.
Nosso objetivo geral é propor possibilidades pedagógicas sobre o ensino da
ginástica nos anos finais do ensino fundamental. Nossos objetivos específicos:
construir com os alunos uma proposta de trabalho da unidade temática ginástica;
descrever uma experiência de trabalho com a ginástica nas aulas de Educação
Física nos Anos Finais do Ensino Fundamental; verificar e avaliar a percepção da
ginástica ao final da sequência de aulas. Como resultado final do estudo,
pretendemos elaborar uma unidade didática que sirva de referência para o ensino da
ginástica nas aulas de Educação Física em consonância com as diretrizes de ensino
do estado da Paraíba.
Como intuito de fortalecer nossas inquietações acerca do ensino da ginástica
na escola, realizamos, em agosto de 2021, um levantado das publicações sobre
ginástica na escola entre os anos 2000 a 2021, através de periódicos online
classificados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(PORTAL CAPES) e que consta na relação QUALIS (classificação de periódicos),
com descrição de área da saúde, subárea Educação Física.
Utilizando o termo “ginástica” na busca, encontramos 3.416 artigos no geral,
quando refinamos nos tópicos sobre ginástica visualizamos 136 artigos, e com o
descritor gymnastics, encontramos 88 artigos publicados e reconhecidas em revistas
da área, a exemplo da Motrivivência, Movimento, Conexões entre outras. Ao utilizar
os descritores mencionados, tivemos acesso a 224 artigos que tratavam de vários
temas dentro da ginástica, apenas 13 desses artigos tratavam da ginástica na
escola, desse modo, 13 artigos se configuraram como nossa amostra. Após o
refinamento dos artigos que tratavam especificamente do ensino da ginástica na
escola, realizamos a nossa análise.
A partir dos 13 artigos analisados, destacamos que os enfoques dos estudos
estavam ligados, em sua maioria, para as pesquisas bibliográficas referentes às
produções dos últimos anos, 3 estudos destacaram as pedagogias críticas como
formas de ensino, relatos de experiências sobre práticas pedagógicas e
intervenções desenvolvidas.
Nesse contexto, 6 deles foram desenvolvidos com anos finais do ensino
fundamental e apenas 1 com o ensino infantil, mostrando a fragilidade acerca do
trabalho com esse conteúdo no ensino de base. Dois artigos trataram a respeito da
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formação continuada de professores, um desses, do ano de 2020, nos chama


atenção ao evidenciar que a falta de estudo sobre o tema ginástica na escola se
configura como empecilho para embasar a prática dos professores e contribuir para
melhora e mudança dos conteúdos gímnicos. Esses artigos encontram-se
detalhados na tabela abaixo:

Tabela 1 - Artigos consultados


Ano Título/ Revista Autor(es)
201 A ginástica nas aulas de Educação Física: O Ana Maria Pereira
1 aquecimento Corporal em questão. Marilene Cesário
Rev. da Educação Física UEM
201 Relações entre ginástica e saúde no Rio de Janeiro Victor Andrade de Melo
4 no séc. XIX: Reflexões a partir do caso do Colégio Fabio Faria Peres
Abílio 1872-1888.
Rev. História, ciência e saúde- Manguinhos
201 Ginástica e exame nacional do Ensino Médio. Flávio Zaghi
5 Rev. Conexões Regina Simões
Michele Carbinatto
201 A ginástica Geral no ensino fundamental na cidade Letícia Bartholomeu de Queiroz
5 de Rio Claro/SP: A perspectiva dos alunos. Lima, Marina Aggio Murbach, Paulo
Rev. Conexões Roveri de Afonso, Patrícia Gracioli
dos Santos, Laurita Marconi
Schiavon
201 A ginástica artística na proposta curricular para a Patricia Lima, Paulo Carrara, Luiz
5 Educação Física em São Paulo. Henrique Duarte, Douglas
Rev. Pensar a Prática Cirpriano, Myrian Numora.
201 Ensino da ginástica na escola pública: as três Daniel Teixeira Maldonado
5 dimensões do conteúdo e o desenvolvimento do Daniel Bocchini
pensamento crítico.
Rev. Motrivivência
201 Faces da Gymnastica e da Educação Physica nas Vanessa Bellani Lyra
6 escolas do Rio Grande do Sul nas primeiras décadas Janice Zarpellon Mazo
do Século XX. Rev. Movimento Tuany Defaveri Begossi

201 O ensino da ginástica de Itatiba/SP: De volta as Cibelle Amade Carride, Cintia de


7 aulas. Souza Moura, Laurita Marconi
Rev. Motrivivência Schiavon, Marco Antonio Coelho
Bortoleto
201 Ginástica e pedagogia histórico-crítica: primeiras Maria Luiza Costa, Rêgo Renan
8 aproximações na Escola. Santos Furtado, Leandro Henrique
Rev. Conexões Cruz da Silva
201 Os níveis de sistematização da ginástica para Ana Rita Lorenzini
8 formação de conceitos na educação escolar. Celi Nelza Zülke Taffarel
Rev. CBCE
201 Ginástica na Educação Infantil: Uma análise das Michely Oliveira, Priscila Lopes,
9 publicações do fórum internacional de ginástica para Juliana Nobre
todos.
Rev. Conexões
202 O ensino da ginástica na escola: um relato de Ludmila Siqueira Mota Viana
0 experiência com a pedagogia histórico-crítica. Rev.
Motrivivência

202 Produção de conhecimento sobre ginástica na Lucas Machado de Oliveira, Ieda


0 escola: Uma análise de artigos, teses e dissertações. Parra Barbosa-Rinaldi, Juliana
Rev. Movimento Pizani
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Fonte: Autoria própria.

Os resultados apontam que o conteúdo “ginástica” tem sido pouco abordado


na escola, e que a forma como é tratado muitas vezes está para o momento do
aquecimento apenas, perdendo muito dos aspectos gímnicos propriamente. A
fragilidade na formação da graduação e na formação continuada dos professores
contribuem para a falta do trato da ginástica na escola. Destacamos a urgência de
resgatar os aspectos gímnicos nas aulas de Educação Física.
A pesquisa foi desenvolvida na Escola Estadual de Ensino Fundamental
Antenor Navarro, situada no município de Guarabira, no interior da Paraíba.
Segundo o censo do IBGE (2021), sua população estima-se em 59.389 habitantes,
situada no agreste Paraibano estando a 96,6 km de distância da capital João
Pessoa, Guarabira é uma cidade Polo da região do Brejo e recebe o título de
“Rainha do Brejo”, por ser a cidade mais desenvolvida da região e dando suporte
para mais de vinte cidades circunvizinhas.
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Antenor Navarro há 88 anos tem
se dedicado ao ensino de qualidade preparando crianças, adolescentes e adultos
para um futuro melhor na sociedade, o que lhe confere o título de “escola tradição”.
Fundada e inaugurada através do decreto nº 369, de 09 de março de 1933, tendo
por patrono Anthenor de França Navarro, a escola supracitada oferece nos turnos
manhã e tarde as seguintes modalidades: Ensino Fundamental (7º ao 9º ano) e
Atendimento Educacional Especializado (AEE).
O estudo foi desenvolvido com 83 alunos, sendo 37 discentes do sexo
feminino e 46 do sexo masculino, com idades entre 12 a 15 anos, matriculados no 7º
ano dos anos finais do ensino fundamental da Escola Estadual de Ensino
Fundamental Antenor Navarro, na cidade de Guarabira/PB.
Tratando de nossa realidade local, destacamos que não há aulas de
Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental na rede municipal de
ensino, responsável por esse nível de aprendizado. Escolhemos realizar o estudo
com alunos do 7º ano, por entender que esses alunos possuem poucas vivências
nos conteúdos propostos pela Cultura Corporal.
A pesquisa é de natureza qualitativa, caracterizando-se como pesquisa-ação.
A abordagem qualitativa, segundo diz Gil (2006), consiste na interpretação dos
fenômenos e na atribuição de significados como premissas básicas no processo de
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pesquisa qualitativa, pois não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas, o


ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados, e o pesquisador é o
instrumento-chave. Este tipo de abordagem de pesquisa é aplicado quando o
fenômeno estudado é complexo, e não tende a quantificar (MARCONI; LAKATOS,
2010).
Thiollent (2011) menciona que a linguagem e as verbalizações oferecem ao
pesquisador melhores condições de compreensão, decifração, interpretação, análise
e síntese do “material” qualitativo gerado na situação investigativa.
Ao optar por uma pesquisa-ação, tomamos como referência Thiollent (2011),
quando afirma que esta caracteriza-se pelo envolvimento do pesquisador e dos
pesquisados no processo de pesquisa. Este tipo de pesquisa está distante dos
princípios da pesquisa empírica clássica, pois a realidade, para os teóricos da
pesquisa-ação, não é fixa, e o observador e seus instrumentos desempenham papel
ativo na coleta, análise e interpretação dos dados.
Assim, segundo Thiollent (2011, p. 21), uma pesquisa pode ser qualificada
como pesquisa-ação quando houver realmente uma ação por parte das pessoas ou
grupos implicados no problema sob observação, necessita de uma ação
problemática que haja investigação em sua elaboração e condução.
Os pesquisadores desempenham um papel ativo no equacionamento dos
problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações
desencadeadas em função dos problemas (THIOLLENT, 2011, p. 21).
Nesse sentido, a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da
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situação da realidade a ser investigada estão envolvidos de modo cooperativo e


participativo (THIOLLENT, 2011).
Através da pesquisa-ação, busca-se uma ação conjunta entre pesquisador e
pesquisados que resultem em transformações da realidade vivenciada, através de
uma abordagem estratégica que favoreça esses anseios.
A ideia de pesquisa-ação encontra um contexto favorável quando os
pesquisadores não querem limitar suas investigações aos aspectos acadêmicos e
burocráticos da maioria das pesquisas convencionais. Querem pesquisas nas quais
as pessoas implicadas tenham algo a “dizer” e a “fazer”, não é apenas um simples
levantamento de dados ou relatório a serem arquivados, os pesquisadores
pretendem desempenhar um papel ativo na própria realidade dos fatos observados
(THIOLLENT, 2011, p. 22).
Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram a aplicação de
questionário com perguntas abertas e de múltipla escolha, a observação participante
e os recursos imagéticos, fotográficos e diário de campo. Na observação
participante, o pesquisador participa junto ao grupo investigado, para que possamos
observar, descrever e analisar uma dada realidade.
Segundo Thiollent (2011), as principais vantagens da observação participante
são a agilidade no acesso aos dados sobre situações cotidianas em que os sujeitos
do grupo estão inseridos, a possibilidade de obter dados relevantes que o grupo
considere de domínio privado, e ainda a possibilidade de captar palavras, atitudes
que acompanham o grupo investigado.
No diário de campo, o registro das observações se caracterizara como
instrumento importante, considerando as impressões do pesquisador sobre as ações
e relações reveladas durante a aula.
O questionário constou de perguntas e respostas objetivas de múltiplas
escolhas e subjetivas sobre o tema abordado. Sua aplicação se deu no início do
processo, ao levantar informações acerca do entendimento que os alunos possuem
sobre ginástica. O questionário foi aplicado no início da pesquisa, após a assinatura
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Assentimento
Livre e Esclarecido (TALE), e ao final visando avaliar os impactos deste programa
pedagógico com os participantes.
A coleta de dados teve início com a apresentação do projeto junto à equipe
pedagógica e direção da escola, após consentida sua realização, seguimos algumas
19

etapas, para melhor organizar o trabalho pedagógico de nossa proposta de


intervenção na escola.
Esta fase da pesquisa, entre esclarecimento do estudo e intervenção de
aulas, deu-se por um bimestre letivo (3 meses), com duas aulas semanais
(aproximadamente 20 aulas, de 45 minutos de duração). As etapas foram
distribuídas da seguinte forma:
1° momento: inicialmente, a propositura da intervenção foi apresentada aos
alunos, posteriormente realizamos a aplicação do questionário, buscando investigar
o entendimento que os alunos possuíam sobre ginástica;
2° momento: elaboração da sequência de aulas, com uso de vídeos, músicas,
construção de materiais e desenhos, que favoreçam a apropriação dos saberes
gímnicos, através de saberes teóricos e práticos;
3° momento: nesta etapa, buscamos avaliar, compreender as impressões e
conhecimentos gerado em todo o percurso de aulas, a culminância se deu com a
construção coreográfica dos elementos gímnicos vividos pelos alunos e sua
apresentação.
O método de análise de conteúdo, baseado em Bardin (2011), subsidiou a
análise e interpretação dos dados, considerando a seguinte organização:
Primeiramente, após as informações recolhidas pelos diversos instrumentos,
estas foram classificadas em categorias para a realização da análise e interpretação
das informações obtidas.
Em seguida, realizamos uma leitura interpretativa em torno das categorias
temáticas, para a realização da análise e interpretação das informações obtidas.
A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte e cadastrada na Plataforma Brasil,
com o parecer de número 5.257.813, em 22 de fevereiro de 2022.
20

2 GINÁSTICA NA ESCOLA

A Educação Física, enquanto componente curricular da escola, deve cumprir


sua função educativa ligada às práticas corporais, bem como buscar refletir sobre
um ensino com sentidos e significados, cumprindo também sua função social no
espaço escolar.
Discorrendo sobre a importância da escola, Saviani (1994) diz que a
educação escolar tem por finalidade propiciar às massas populares instrumentos de
efetiva participação social, e, considerando o domínio do acervo de conhecimentos e
técnicas acumuladas pela humanidade como um dos mais importantes desses
instrumentos, compartilhamos a visão dos que atribuem à escola o duplo papel de
servir como fonte de informação e de organizar a atividade cognoscitiva dos alunos -
dentre outras funções.
Barroso (2011), por sua vez, entende que a escola nesse contexto apresenta
importante papel social, sendo um dos primeiros espaços de convívio social. Através
da diversidade de conteúdos da Educação Física Escolar é possível favorecer aos
alunos da educação básica várias possibilidades de experiências e vivências de
movimentos, contribuindo para que na vida adulta eles possam escolher uma
atividade física de sua preferência.
O sentido da cultura corporal tratado no Coletivo de autores (2009) mostra
que todo conhecimento é construído e acumulado historicamente pela humanidade,
e precisa ser vivenciado e entendido através dos conteúdos sugeridos nessa
perspectiva.
É preciso que o aluno entenda que o homem não nasceu pulando, saltando,
arremessando, balanceando, jogando etc. “Todas essas atividades corporais foram
construídas em determinadas épocas históricas, como respostas a determinados
estímulos, desafios ou necessidades humanas” (COLETIVO DE AUTORES, 2009, p.
40).
A cultura corporal busca, por meio dos conteúdos de dança, jogos, esportes,
lutas e ginástica, a reflexão dos valores pedagógicos atribuindo sentido, significados,
valores e compreensão nas aulas.
Ao longo da educação básica, o estudante vivencia as mais diversas
habilidades e conteúdos que compõem a Educação Física escolar. Sabe-se que a
Ginástica é um conteúdo que deve ser vivenciado na escola, como mostra a BNCC
21

(2018), Coletivo de autores (2009), Dario (2011), Souza (1997) entre outros autores,
porém são vários os relatos, como mostra Henrique (2019), que muitos profissionais
não aplicam esse conhecimento em suas aulas por diversos motivos.
Falta de conhecimento sobre os temas da ginástica, ausência de materiais,
estratégias para o ensino, falta de infraestrutura, uma deficiente formação
profissional e as variadas concepções políticas são alguns dos motivos que têm sido
apontados para um distanciamento da Ginástica na Educação Física Escolar
(MURBACH, 2017).
Acreditamos que estratégias precisam ser refletidas e adotadas para superar
e minimizar essa problemática, a fim de garantir os conhecimentos necessários à
formação humana, função primordial de uma escola que se propõe democrática.
Assim, destacamos o posicionamento de Darido (2011), quando fala que a escola
poderia adaptar a forma de ensinar as técnicas gímnicas, para que os alunos
possam ter acesso a esses conhecimentos, em suas mais diversas possibilidades e
dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais.
Historicamente, os métodos ginásticos se configuram como a primeira base
institucional para a educação física no mundo ocidental moderno. A inserção da
Educação Física no espaço escolar se deu, inicialmente, através da Ginástica, como
era conhecida, cujos primeiros registros de escolas gímnicas foram as escolas
inglesa, a alemã e a sueca (CARBINATTO, 2009).
O conteúdo da ginástica é uma modalidade bastante abrangente,
fundamentada nas atividades ginásticas, valendo-se de variadas manifestações,
como danças, expressões folclóricas e jogos, expressos por meio de atividades
livres e criativas, utiliza de elementos materiais, musicais e coreográficos,
preocupando-se em apresentar, nesse contexto, aspectos da cultura nacional,
sempre sem fins competitivos (CARBINATTO, 2009).
A aula propicia o conhecimento do próprio corpo, levando aos alunos
compreenderem seus próprios limites. Para o Coletivo de Autores (2009), a
abordagem da ginástica nos diferentes anos deve abranger desde as formas
espontâneas de solução dos problemas, com técnicas rústicas nos anos iniciais, até
a execução técnica aprimorada nos anos finais do Ensino Fundamental, sendo
concretizada no Ensino Médio.
A ginástica é uma arte rica culturalmente, inicialmente ela estava próxima dos
conteúdos do atletismo (saltar e correr), o que a caracterizava como natural, pois
22

seu limite estava no próprio corpo, razão pela qual se buscava corpos fortes
(COLETIVO DE AUTORES, 2009).
A ginástica na escola pode ser trabalhada com ou sem o uso de aparelhos,
porém, devem ser tratados seus fundamentos básicos de: saltar, equilibrar,
rolar/girar, trepar e balançar/embalar. Esse conteúdo carrega possibilidades
corporais infinitas, possibilitando aos alunos vivências que provoquem preciosas
experiências corporais, enriquecendo sua cultura corporal (COLETIVO DE
AUTORES, 2009).
A Ginástica Geral reúne práticas corporais que têm possibilidades acrobáticas
e expressivas do corpo, a interação social, o compartilhamento do aprendizado e a
não competitividade. Pode ser constituída de exercícios no solo, no ar (saltos), em
aparelhos (trapézio, corda, fita elástica), de maneira individual ou coletiva, e combina
um conjunto bem variado de piruetas, rolamentos, paradas de mão, pontes,
pirâmides humanas etc. Integram também essa prática os denominados jogos de
malabar ou malabarismo (BRASIL, 2018).
Souza (1997) propõe o ensino da Ginástica através dos elementos básicos
constitutivos, que podem ser encontrados em todas as Ginásticas, como os
exercícios acrobáticos, os exercícios de condicionamento físico e com uso de
aparelho.
Destacamos a importância de explorar os conteúdos inerentes à ginástica nas
aulas de Educação Física por entendê-la como um conhecimento historicamente
materializado na humanidade, repleta de sentidos e significados.

2.1 Percurso histórico da ginástica e sua inserção na escola

Historicamente, a ginástica é um patrimônio materializado culturalmente,


inicialmente, ela estava associada aos movimentos naturais (correr, saltar, pular,
girar, entre outros), e, como já mencionamos, seu limite estava no próprio corpo.
Segundo os relatos de Carbinatto (2009), mesmo antes de Cristo, com o
homem pré-histórico, a ginástica já era praticada, pois a compreensão inicial partia
dos movimentos naturais executados pelo homem em busca de sua sobrevivência.
O termo “ginástica” pertence ao gênero feminino, mas, embora de designação
feminina, historicamente se constrói a partir de atributos culturalmente definidos
23

como masculinos – força, agilidade, virilidade, energia/ têmpera de caráter, entre


outros – e passa a compreender diferentes práticas corporais (SOUZA, 2013).
De acordo com Ayoub (2013), a denominação Ginástica remota às épocas
anteriores ao século XIX, tendo sua etimologia vinda dos gregos, e significando arte
ou ato de exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade, nu, despido. Remota
à ideia de exercitar o corpo nu. Algo contemplado e evidenciado incialmente na
cultura grega.
No período do Renascimento, mais precisamente na cultura grega, berço dos
Jogos Olímpicos, a ginástica estava atrelada à harmonia de corpo e espírito, à
exaltação de corpos fortes e hábeis.
O primeiro Movimento Ginástico a surgir foi o Europeu, segundo Souza
(2013), de onde partiram as teorias sobre o que hoje é denominada Educação Física
no Ocidente, trazendo a ideia de saúde, vigor, energia e moral. Nesse momento, em
outros países, nascem também outras correntes ginásticas, destacando-se a
Alemanha, a Suécia, a Inglaterra e a França.
Desse modo, a partir da Revolução Industrial, a ginástica surge como
integrante de políticas que buscam promover os hábitos relacionados à saúde da
população, mas ligados à assepsia do corpo.
A ginástica torna-se integrante da escola, como destaca Souza (2013),
através de uma educação higienista, médica e eugenista, buscando a
conscientização sobre medidas de higiene, haja vista as necessidades do momento
como também a necessidade de fortalecer fisicamente e moralmente os indivíduos.
No Brasil, a partir do parecer de Rui Babosa, segundo Ayoub (2013), que
conferia grande destaque à ginástica, vários métodos ginásticos europeus foram
introduzidos no país, porém Rui Barbosa considerava que o método Sueco era o
que mais se adequava à realidade do momento, devido ao seu caráter pedagógico.
Contudo, a partir de 1929, o método ginástico francês foi adotado como
método oficial do Brasil, gerando várias críticas por conta de seu viés militar, o que
se constituiu como referência básica para o desenvolvimento da Educação Física
escolar por muitos anos (AYOUB, 2013).
Com os avanços políticos e estudos voltados às pedagogias, o entendimento
e direcionamento da ginástica no espaço escolar toma novas configurações. Com
isso, a divisão atual dos campos de atuação da ginástica é demonstrada no
diagrama abaixo:
24

Figura 1 - O universo da Ginástica

Fonte: Paoliello (2011).

A partir da imagem, é possível observar os tipos de ginásticas e suas áreas


de atuação. Concordamos com o entendimento de Rinaldi (2014), segundo o qual,
estabelecer um único modelo de ginástica provavelmente restringiria o alcance de
seus elementos nas aulas de Educação Física.
Com isso, acreditamos que a escola é um espaço democrático e de
construção coletiva, que possibilita aos alunos vivências significativas e
reelaboradas a partir das suas experiências vividas. Corroboramos esses anseios
para o conteúdo ginástica, pois acreditamos que nas aulas de Educação Física os
alunos devem ser levados a experimentar movimentos da expressão gímnica, em
detrimento de um tipo de ginástica específico.
Rinaldi (2014) defende que o trabalho com a ginástica deva acontecer a partir
de uma prática educacional percebida em seus aspectos históricos, sociológicos,
antropológicos, filosóficos, biológicos etc., que não esteja centrado apenas na
técnica, em outras palavras, o desenvolvimento de uma ginástica democrática e
para todos.
Trazemos na imagem a seguir os saberes essenciais da ginástica apontados
por Rinaldi (2014):
25

Figura 2 - Saberes ginásticos

Fonte: Rinaldi (2014)


26

Nesse sentido, neste estudo, nos propomos a tratar da ginástica geral, por
entender que ela se configura como a primeira forma de ginástica no cenário
histórico, por trazer elementos que configuram todas as demais formas ginásticas
existentes.

2.2 O ensino da ginástica numa perspectiva crítico superadora

Por muito tempo, a Educação Física escolar esteve presa aos conteúdos
inerentes ao esporte, com os professores procurando transmitir aos alunos os
conteúdos que eles tinham mais afinidade e, muitas vezes, alguns conteúdos não
eram tratados nas aulas.
O conteúdo tratado na Educação Física dentro da perspectiva da cultura
corporal contém significados e sentidos que buscam elevar o padrão de Cultura
Corporal do indivíduo, sendo estes propostos aqui através dos seguintes temas:
Jogo, Esporte, Ginástica, Dança e Lutas. Estes conteúdos serão distribuídos de
forma relevantes ao entendimento e à realidade social dos alunos.
Entendemos que a ginástica na escola pode ser trabalhada com ou sem o uso
de aparelhos, porém, devem ser tratados seus fundamentos básicos de: saltar,
equilibrar, rolar/girar, trepar e balançar/embalar. Esse conteúdo carrega
possibilidades corporais infinitas, possibilitando aos alunos vivências que provoquem
preciosas experiências corporais, englobando desde a ginástica imitativa de animais,
a práticas corporais circenses, da ginástica geral, como também, as esportivizadas:
artística e rítmica.
Segundo o Coletivo de Autores (2009), são conteúdos do tema ginástica,
dentre outros: artística com ou sem aparelho, rítmica geral, acrobática, de
relaxamento, natural, de academia, atividades circense, origem e histórico, regras
oficiais, elementos básicos, características gerais, consciência corporal, legislação e
ginástica, modalidades e métodos ginásticos, manejo de aparelho ginásticos. Estes
têm como fundamentos básicos: alongamento, aquecimento, relaxamento,
sequência de movimentos, elaboração e sequencia coreográfica, sentido/significado
das competições, contexto socioeconômico, político e cultural, importância da
ginástica para manutenção e prevenção da saúde, participação de competições e
festivais.
27

Os conteúdos da cultura corporal a serem apreendidos na escola devem


emergir da realidade-dinâmica e concreta do mundo do aluno. Tendo em vista uma
nova compreensão da realidade social, um novo entendimento que supere o senso
comum, o professor orientará, através dos ciclos, uma nova leitura da realidade pelo
aluno, com referências cada vez mais amplas (COLETIVO DE AUTORES, 2009, p.
85).
Destacamos que o professor será responsável pela estruturação do
conhecimento dessa prática, possibilitando o diálogo com as diversas culturas,
utilizando uma metodologia que possibilite trabalhar as técnicas dos conteúdos
propostos de modo a fazer a reflexão sobre a Cultura Corporal.
Assim, os conteúdos tratados não são vivenciados apenas numa ação prática
de execução de movimentos, mas buscando conhecer a historicidade, os contextos
políticos, históricos, econômicos, sociais, a influência da mídia e outros aspectos das
modalidades trabalhadas, e, nesse sentido, defendemos que as aulas de Educação
Física favoreçam o diálogo com o conhecimento que os alunos possuem sobre o
conteúdo trabalhado, objetivando que eles se tornem críticos para que avancem no
conhecimento que já possuem.
Um ensino direcionado de forma significativa e reflexiva torna os alunos mais
críticos e conhecedores de seus direitos e deveres, pessoas que consigam enxergar
seu próximo, reflitam e ajam com pensamento na construção coletiva. Os quatro
princípios curriculares da perspectiva cultural apontados por Neira (2009) fortalecem
esse pensamento, fazendo a reflexão sobre como realizar esse direcionamento:

O primeiro é que a matriz de conteúdos deve dialogar com todos os


grupos que compõem a sociedade - e trabalhar só com esportes
modernos contradiz esse princípio. O segundo é a noção de que o
aluno precisa enxergar na sociedade as manifestações que está
estudando. O terceiro é entender e respeitar as possibilidades de
cada estudante, evitando, por exemplo, as avaliações por
performance. E o quarto é o professor repensar constantemente a
própria identidade cultural para aperfeiçoar o currículo. (NEIRA,
2009, p. 6).

Desse modo, possibilitar a construção do conhecimento e vivencias para que


os alunos possam protagonizar seu conhecimento, valorizar a solidariedade,
respeito e criatividade, evidenciar a importância do saber sobre, refletir sobre seus
conteúdos práticos e não apenas reproduzi-los nos parecem atitudes necessárias
para vislumbrarmos um novo fazer pedagógico.
28

Através dos conteúdos abordados na cultura corporal, o aluno pode se


apropriar criticamente, visando a transformação social por meio da construção do
cidadão crítico, reflexivo, consciente de sua importância na construção social.
Fensterseifer e González (2013) corroboram esse entendimento sobre a importância
da Educação Física escolar para a construção de cidadãos críticos em seu agir e
pensar, refletindo no exercício da cidadania.
Percebemos o cuidado dado ao saber sobre, rompendo um pouco com a
ideologia priorizada ao longo dos tempos sobre o saber fazer, mesmo assim, Neira
(2009) aponta que, apesar de a disciplina ter se tornado reflexiva, a prática continua
importante, pois relata que as vivências conversam com a sociedade, possibilitando,
assim, as transformações.
Acreditamos que os conteúdos sugeridos na cultura corporal buscam o
diálogo com as vivências dos alunos, estimulando a reflexão e superação de suas
realidades. Muito embora percebamos que os conteúdos dos esportes são mais
evidenciados nas aulas, a cultura hegemônica do esporte ainda sobressai em
relação aos demais, o que precisa ser descontruído dentro da escola, para favorecer
o acesso aos demais conteúdos da Educação Física.
Mediante o pensamento de Saviani (2015), o fundamental, primário e
essencial na Educação está entrelaçado como critérios úteis na seleção dos
conteúdos do trabalho pedagógico, são os elementos culturais que precisam ser
assimilados, a parte primordial do ato educacional, o que se deve aprender, uma vez
que a riqueza das aulas está além da transmissão de conteúdos pré-estabelecidos,
em um momento de aula todos os discursos e vivências tornam-se aprendizados se
os trouxermos de forma significativa. Dialogamos com o entendimento de Saviani
(2015), que destaca que o que é secundário (que não está no programa curricular)
pode tomar o lugar do principal.
Moreira e Pereira (2009, apud CORTELLA, 1999, p. 23) apontam para a
necessidade de a escola contribuir na formação de sujeitos que transformem a
sociedade em que vivem. A escola não pode negar o que existe e foi construído ao
longo da história, mas também não pode reproduzir as desigualdades existentes,
sendo que, para isso, conta com autonomia relativa, que possibilita influenciar e ser
influenciada nas relações que estabelece com a sociedade.
Assim, Moreira e Pereira (2009) dizem que a escola não pode ser vista
apenas como um local onde se adquire linguagem escrita e falada, mas deve buscar
29

a libertação do sujeito, para que ele compreenda a realidade que o cerca e busque a
superação de sua realidade.
Destacamos a importância de um ensino da Educação Física que possibilite
uma prática docente com um olhar contextualizado sobre a realidade onde nossos
alunos estão inseridos, que possibilitemos um ensino que privilegie os aspectos
culturais, fazendo-os refletir sobre seu cotidiano e, a partir daí, contribuir para a
superação das realidades em que os alunos estão inseridos, tornando-os sujeitos
críticos com o ensino cheio de sentidos e significados.

2.3 O ensino da ginástica e os documentos oficiais norteadores

Uma proposta curricular de ensino estruturada, que se faça presente no


ambiente escolar, fortalece o ensino, norteia e contempla conteúdos que serão
significantes à vida desses futuros cidadãos, buscando romper com os esportes de
massas e possibilitando novas vivências nos demais conteúdos.
Saviani (2010) diz que, tendo como premissa a importância da educação
escolar a fim de propiciar às massas populares instrumentos de efetiva participação
social, e considerando o domínio do acervo de conhecimentos e técnicas
acumuladas pela humanidade como um dos mais importantes desses instrumentos,
compartilhamos a visão dos que atribuem à escola o duplo papel de servir como
fonte de informação e de organizar a atividade cognoscitiva dos alunos - dentre
outras funções.
Nesse sentido, a proposta que se mostra mais condizente com as
necessidades da escola atual está enraizada na cultura corporal, defendida pelo
Coletivo de Autores (1992), por entender a importância da formação de um ser
humano crítico e reflexivo, reconhecendo-se como sujeito, que é produto, mas
também agente histórico, político, social e cultural.
A Educação Física como componente curricular no ensino básico está
inserida na área das Linguagens, estando interligada às disciplinas de Língua
Portuguesa, Língua Inglesa e Artes, segundo o direcionamento da Base Nacional
Comum Curricular (2017), documento que norteia atualmente o ensino da educação
básica em todo o território brasileiro.
Com isso, a BNCC é caracterizada como um documento normativo do ensino
de todas as disciplinas que compõem a esfera educacional e busca garantir o
30

acesso igualitário de conteúdos em todos os estados que compõem o território


brasileiro (BRASIL, 2018).
Na BNCC, podemos observar um direcionamento para a organização
curricular dos conteúdos, o que percebemos ser algo relevante para a estruturação
dos conteúdos, corroborando o exposto por Darido et al. (2016), quando mencionam
que a BNCC pode ser considerada como balizadora do currículo escolar, com
intencionalidade na formação dos brasileiros.
Segundo Callai et al. (2019), a BNCC vem como uma concepção que pensa o
currículo de forma comum entre as instituições e considera o contexto em que cada
escola está inserida. São várias as correntes contra e a favor deste documento, mas
consideramos sua função primordial em contribuir com a estruturação dos conteúdos
e o direcionamento do ensino.
A BNCC propõe que os conteúdos sejam fortalecidos a cada nível de ensino,
a partir desse entendimento e relacionando com o conteúdo ginástica, destacamos a
fragilidade que o conteúdo sofre nos anos iniciais do ensino fundamental no estado
da Paraíba, pois não temos aulas nesse nível com professor de Educação Física,
sendo o pedagogo que direciona as “práticas ou vivências corporais”. A BNCC
compreende a ginástica pela organização dos objetos de conhecimento que se dá
com base na diversidade dessas práticas e nas características de cada uma
(BRASIL, 2018). Os dois quadros abaixo trazem a organização de conteúdos
sugeridos para os anos iniciais e finais do ensino fundamental.

Figura 3 - Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental


31

Fonte: Brasil (2018)

Figura 4 - Educação Física nos anos finais do ensino fundamental


32

Fonte: Brasil (2018)

A ginástica geral, também conhecida como ginástica para todos, reúne as


práticas corporais que têm como elemento organizador a exploração das
possibilidades acrobáticas e expressivas do corpo, a interação social, o
compartilhamento do aprendizado e a não competitividade.
As ginásticas de condicionamento físico se caracterizam pela exercitação
corporal orientada à melhoria do rendimento, à aquisição e à manutenção da
condição física individual ou à modificação da composição corporal. Geralmente, são
organizadas em sessões planejadas de movimentos repetidos, com frequência e
intensidade definidas. Podem ser orientadas de acordo com uma população
específica, como a ginástica para gestantes, ou atreladas a situações ambientais
determinadas, como a ginástica laboral (BRASIL, 2018, p. 217).
A BNCC, em sua estruturação de conteúdos, faz uma segunda distinção dos
conteúdos da ginástica, classificando-a também dentro dos esportes, mais
especificamente, como técnico-combinatório (BRASIL, 2018), que são modalidades
nas quais o resultado da ação motora comparado é a qualidade do movimento
segundo padrões técnico-combinatórios, trazendo à luz a ginástica artística,
ginástica rítmica.
A BNCC e a Proposta Curricular da Paraíba dialogam na mesma direção, com
relação ao conteúdo ginástica, ambas trazem a mesma proposta QUE
DESTACAMOS, qual seja, que o ensino da ginástica nos anos iniciais do ensino
33

fundamental esteja voltado para a ginástica geral e nos anos finais do ensino
fundamental o ensino da ginástica de condicionamento físico (PARAÍBA, 2018).
Discordamos com a propositura, pois sabemos que em nossa realidade local
não existe Educação Física ministrada por professor da área nos anos iniciais do
ensino fundamental, sendo necessário construir esse saber nos anos finais do
ensino fundamental e garantir seu acesso nas aulas dessa disciplina.
34

3 TERCENDO SABERES GINÁSTICOS

Em maio de 2022, na metade do 2º bimestre letivo, iniciamos os diálogos


junto aos alunos do 7º ano sobre a propositura do projeto de dissertação “Ginástica
na escola: possibilidades pedagógicas nos anos finais do ensino fundamental”.
Iniciamos os primeiros contatos investigativos sobre o tema ginástica, bem como os
esclarecimentos da proposta de nosso estudo com os discentes matriculados nos 7º
anos A, B e C, da E. E. E. F. Antenor Navarro, entregamos aos alunos os termos de
consentimento esclarecido para que os mesmos entregassem aos seus respectivos
responsáveis, a fim de que assinassem e consentissem a participação de seus filhos
no estudo.
Nesse momento, também dialogamos com os discentes para identificar o
entendimento que eles possuíam a respeito do tema ginástica, o que eles entendiam
por ginástica, qual a compreensão deles sobre o que era ginástica. A partir desse
contato inicial, estruturamos nosso questionário, pois com essa conversa inicial,
podemos perceber que os alunos trouxeram um novo olhar para a compreensão de
ginástica que possuíamos ao deslumbrar esta pesquisa.

Figura 5 - Primeiro contato com os discentes

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

No segundo encontro, realizamos a aplicação de um questionário com


perguntas objetivas e subjetivas, onde participaram 83 discentes, sendo 46 do sexo
masculino e 37 do sexo feminino.
35

No questionário, ao perguntarmos se o discente sabia o que era ginástica,


conforme vemos no gráfico 1, 69% deles afirmaram com propriedade que sabiam o
que era ginástica. Porém, ao perguntar qual tipo de ginástica você gostaria de
aprender, vimos algumas incompreensões sobre o que é próprio da ginástica.

Gráfico 1 - Percentuais de discentes que dizem saber o que é ginástica

Gráfico 1: Sabe o que é ginástica?

SIM
31%

69%

Fonte: Elaboração da pesquisadora.

Percebemos nas respostas apresentadas que os discentes ainda não


possuíam clareza do que é ginástica, para muitos, várias vivências corporais como o
futebol, natação baleada ou a capoeira podem ser caracterizados como um tipo de
ginástica. Nota-se que esta incompreensão talvez exista devido ao fato de não ser
ofertado o ensino da Educação Física na escola no nível de ensino anterior.
Indagados se gostariam de aprender sobre ginástica, obtivemos respostas
como: “Gostaria de aprender sobe a ginástica aquática” (Discente 01) e “Gosto de
jogar baleada e bola” (Discente 10). O gráfico 2 apresenta os percentuais de alunos
que manifestam interesse em saber mais sobre ginástica.

Gráfico 2 - Percentuais de discentes que manifestam interesse em aprender sobre


ginástica
Gráfico 2: Gostaria de aprender sobre ginás-
tica?

SIM
NÃO
34%

66%

Fonte: Elaboração da pesquisadora.


36

Segundo Ayoub (2013), o conteúdo da ginástica quase não existe na escola


devido ao entendimento errôneo, por parte de muitos professores, de que a ginástica
é um conteúdo difícil, que falta infraestrutura adequada, restringindo-se ao esporte e
deixando de lado os conteúdos da cultura corporal assim como a ginástica.
Acreditamos que a incompreensão dos alunos está ligada a esse
entendimento estabelecido ao longo dos tempos bem como ao fortalecimento dos
conteúdos esportivos.
No questionário, alguns discente expuseram que não tinham interesse em
aprender o conteúdo. Contudo, partimos do princípio de que a falta de conhecimento
do tema sugerido cause estranheza ou falta de interesse de alguns.
Esse entendimento foi reforçado quando perguntamos se os discentes já
haviam vivenciado em algum momento a ginástica, se possuíam alguma experiência
na ginástica, o que é demonstrado no gráfico abaixo.

Gráfico 3 - Percentual de discentes que já vivenciaram alguma forma de ginástica

Gráfico 3: Já vivenciou alguma ginás-


tica?
SIM
NÃO
40%
60%

Fonte: Elaboração da pesquisadora.

Desde a primeira conversa que tivemos com os discentes, a fim de perceber o


que eles compreendiam por ginástica, notamos que muitos alunos associavam
ginástica a elementos do circo, o que despertou em nós a necessidade de explorar
esse olhar trazido por nossos alunos, iniciar a compreensão da ginástica a partir dos
movimentos circenses, estes elementos que historicamente foram sistematizados e
transformados no que entendemos por ginástica hoje.
Soares (2005) retrata que o movimento ginástico nasce a partir da expressão
da cultura popular, através do circo, nas festas e no divertimento dos espetáculos
nas ruas, cultura esta construída nas relações do cotidiano.
A partir dessas compreensões mostradas pelos alunos, refletimos a
importância de construir nossas aulas de forma coletiva e não estabelecida
37

previamente pelo professor pesquisador. Vale salientar que essa construção


pedagógica acontece de forma coerente, para que ao final os alunos possam se
apropriar com clareza do que se compreende como conteúdos da ginástica.
O acesso a vários conteúdos transmitidos e materializados ao longo dos
tempos só é possível e vivenciado na escola. Viana (2020) fortalece a compreensão
da necessidade de possibilitar o ensino da ginástica, assim como os demais
conteúdos da cultura corporal, pois negar esse conhecimento na escola é privar o
aluno de seu pleno desenvolvimento.
Dando sequência ao terceiro encontro, suscitamos nos alunos o que era
ginástica através de um desenho, como eles compreendiam a ginástica de forma
criativa, trazendo novos elementos para a reflexão. Através dos desenhos foi
possível perceber a compreensão e as incompreensões do que compreende a
ginástica. Assim como nos questionários, percebemos a presença de outros
esportes que não fazem parte da ginástica, alunos que remetem a ginástica ao circo,
associando as apresentações dos malabares e trapezistas, e também os alunos que
já possuem a compreensão do que constitui a ginástica.

Figura 6 - Discente expressando por meio de desenhos sua compreensão de


ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


38

Figura 7 - Discentes expressando por meio de desenhos sua compreensão de


ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Esse momento criativo se caracterizou como um momento rico, de novos


olhares e possibilidades para o trato da Educação Física escolar. De forma não
verbalizada, os discentes expressaram os saberes próprios de forma prazerosa.
Percebemos a criação de elementos das histórias em quadrinhos, como podemos
visualizar na figura 8. Vários foram os registros apresentados nesta etapa.
39

Figura 8 - Quadrinhos sobre o tema ginástica elaborado por discente

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


40

Figura 9 - Representação do conteúdo ginástica atrelado aos movimentos circenses

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Figura 10 - Diversas produções dos discentes

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Foi notória a participação e envolvimento dos alunos dentro do que foi


proposto, eles puderam expressar através do imaginário suas representações de
ginástica, expondo-as com criatividade. Ao final da aula, fizemos uma reflexão do
41

momento vivido em que os alunos puderam construir um novo entendimento de


como contextualizar um tema sobre outro olhar, através do desenho. Poder expor
suas compreensões de forma artística se deslumbra como outra possibilidade no
campo da Educação Física, cada aluno construindo suas concepções para galgar o
conhecimento elaborado.
Saviani (2008) traz a compreensão de que a escola existe para propiciar o
acesso ao saber elaborado (ciência), bem como o acesso aos conhecimentos
rudimentares dos alunos, além de criar condições para modificá-los.
Percebemos que neste momento de expressão artística alguns discente
trazem em seus desenhos malabaristas de circo, bailarinas e trapezistas. Porém, em
conversa, quando questionamos se ginástica era circo, tivemos a resposta de um
discente: “Ginástica não é o mesmo que circo, pois ginástica é coisa séria e circo
não.” (Discente 05). Outro discente reforça esse pensamento falando: “Os atletas da
ginástica treinam muito.” (Discente 08).
Essa reflexão corrobora com Soares (2005), segundo a qual, para que a
ginástica fosse aceita socialmente e se estabelecesse como conhecimento, ela
precisava romper com o divertimento (possibilitado pelo o circo) e instaurar
princípios disciplinadores e de ordem parar atender os interesses da sociedade
burguesa.
No quarto encontro, questionamos os discentes: o que é ginástica através de
um movimento? Cada um deles poderia representar o que compreendiam como
ginástica através de um movimento. Incialmente, pedimos que os alunos se
organizassem em grupos e conversassem entre si a fim de saber quais movimentos
eram próprios da ginástica e como eles poderiam fazer esta representação. Como
registro do momento, ao adentrar na sala de aula, levei junto aos meus materiais
três blocos de tatames para que eles pudessem realizar aquele momento com mais
segurança. Ao verem os tatames, os alunos questionaram: “Teremos aula de luta
hoje?” (Discente 03), “Será aula de Yoga?” (Discente 20) e “Teremos Karatê?”
(Discente 15).
Os discentes associaram os tatames a vários esportes de luta, mas não
conseguiram associá-los ao conteúdo ginástica. Desse modo, mais uma vez
conseguimos perceber o quanto a escola tem um papel importante no sentido de
tornar acessível aos alunos saberes que de outra forma não lhes seria possível.
Com isso, ressaltamos o pensamento de Maldonado e Bocchini (2015) quando falam
42

que a escola é palco para vivenciar diversas possibilidades de movimentos e


construir as nossas próprias experiências sobre a manifestação da cultura corporal.

Figura 11 - Discentes vivenciando diferentes movimentos corporais da ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Na atividade vivenciada, antes que os discentes fizessem a demonstração do


movimento, foi pedido que ele eles dissessem qual seria o movimento e a qual
ginástica estava associado, caso soubessem. Percebemos que alguns alunos
trouxeram elementos das danças, das lutas, da ginástica, do circo e afirmaram que
aquele movimento era uma forma de ginástica. Ao final da vivência, refletimos sobre
o que foi vivido, uma minoria consegue identificar algum tipo de ginástica, por
exemplo, ao dizer: “Esse movimento que irei executar é da ginástica de acrobacia.”
(Discente 13) e “Esse movimento é da ginástica de contorcionismo.” (Discente 07).

Figura 12 - Discente performando movimentos circenses

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


43

Figura 13 - Discente performando movimentos circenses

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Destacamos que a aluna exposta nas figuras 12 e 13 é aluna circense, ou


seja, a mesma esteve matriculada na escola no período inicial da pesquisa e após o
recesso junino ela não participou das demais aulas. Suas habilidades e destrezas no
tema tratado em aula é algo que se torna evidente e chama atenção, notório
perceber que essas habilidades advêm da cultura em que ela está imersa e à qual
pertence, o circo.
Após esses quatro encontros, entendidos por nós como diagnóstico,
sugerimos no quinto encontro que os alunos realizassem uma pesquisa exploratória
na internet sobre o que era ginástica, os tipos de ginástica que existem, se os
elementos do circo são considerados como ginástica. Foi sugerido que os alunos se
dividissem em grupos e, ao modo deles, realizassem essa busca, para que na
próxima aula eles pudessem verbalizar o que compreenderam deste momento de
pesquisa. Também foi sugerida uma sequência de perguntas para nortear a
pesquisa, conforme se observa na figura 14.
44

Figura 14 - Questões norteadoras para a pesquisa dos discentes

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

As concepções de homem (ser social cujo desenvolvimento está


condicionado pela atividade que o vincula à natureza) e de
conhecimento (universal, clássico) em suas relações com a
educação escolar definem a aprendizagem e o ensino em suas
relações com o desenvolvimento psíquico, assim como no processo
contraditório do ensino-aprendizagem as aprendizagens cotidianas
são superadas pelas aprendizagens conceituais que provocam as
funções psíquicas superiores e, nisto, a aprendizagem escolar
cumpre com a função primordial de elevar o pensamento nos
estudantes sobre o conhecimento, formando os conceitos científicos,
autênticos, verdadeiros que possibilitam a identificação das
regularidades mais profundas do processo de formação dos
conceitos. (LORENZINI; TAFFAREL, 2018, p. 303).

Corroboramos com esse entendimento colocado pelos autores, que


fortalecem a importância dos aspectos conceituais dos conteúdos, defendemos que
os conteúdos nas aulas de Educação Física sejam tratados a partir dos aspectos
conceituais e históricos, a fim de que possam agregar mais sentido e solidez aos
conteúdos vivenciados na prática.
Em cumprimento ao sugerido no encontro anterior, em nosso sexto encontro,
foram apresentados pelos alunos os resultados das pesquisas por eles realizadas.
Através de cartazes ilustrativos organizados por cada equipe, os alunos foram
protagonistas deste momento, ilustrados das figuras 15, 16, 17 e 18.
45

Figura 15 - Momento de socialização dos resultados da pesquisa

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Figura 16 - Momento de socialização dos resultados da pesquisa

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


46

Figura 17 - Momento de socialização dos resultados da pesquisa

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Figura 18 - Momento de socialização dos resultados da pesquisa

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


47

Conforme Freire (1996), ensinar exige pesquisa, duas ações indissociáveis.


Para ensinar, é necessário pesquisar, buscar indagações, já a pesquisa serve para
comprovar, constatar, indagar o que está sendo ensinado, gerando, portanto, o
aprendizado.
Trazemos para nossa prática docente esse entendimento defendido por
Freire, e, nesse sentido, através desse comportamento, buscamos romper com o
ensino tradicional e bancário, onde os discentes tornam-se meros ouvintes.
Percebemos que mesmo tendo tido o cuidado em sugerir uma sequência de
perguntas norteadoras para a pesquisa, alguns alunos fugiram do tema, levando a
compreensão mais uma vez para outras modalidades esportivas sem fazer o elo
com a ginástica, como podemos perceber nas imagens ilustrativas do trabalho
apresentado na figura 17.
Outro ponto importante que precisamos destacar é que os alunos ainda
continuam presos ao formato do ensino tradicional que consiste em decorar os
conteúdos, pois quando pedimos que expressassem com suas palavras o que era
ginástica, como surgiu a ginástica, muitos não conseguiram verbalizar o que tinha
pesquisado ou aprendido, eles ficam ainda muito presos à leitura de algo que
pesquisaram, não conseguem filtrar o que compreenderam e externar, e mesmo
aqueles que assim não o fizeram, foi por não ter estudado o conteúdo.
A compreensão que fazem da ginástica ainda está associada a todas as
práticas que compõem a Educação Física, o que, em alguns momentos, dificulta o
entendimento, por não saberem diferenciar alguns termos. Na realização de uma
atividade de pesquisa, por exemplo, espera-se que os discentes consigam
expressar, verbalizada ou não as compreensões que galgaram sobre determinado
tema. Nossa intenção, a partir de Freire (2003), é possibilitar uma formação
conectada, capaz de relacionar o que se aprende e o que se faz.
Assim, ao final desta aula, refletimos sobre o que eles tinham apresentado e
ficou nítida a necessidade de outro momento que conseguisse levá-los à
compreensão do que é ginástica, os tipos de ginástica, como a ginástica é
compreendida.
48

Figura 19 - Exposição do conteúdo ginástica por meio de slides

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Figura 20 - Exposição do conteúdo ginástica por meio de slides

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Em nosso sétimo encontro, estruturamos uma apresentação em slides


contando a história da ginástica, as modalidades que compreendiam as ginásticas
competitivas e as não competitivas, conforme ilustrado nas figuras 19 e 20. A partir
desse momento, percebemos que os alunos começaram a ter mais clareza do que
era ginástica e como ela se divide. Importante destacar que, ao visualizarem as
imagens contidas nos slides, os alunos sempre faziam o elo com o circo, relatando
que aquele movimento representado na imagem lembrava o circo, ou era do circo.
À medida que fomos apresentando os tipos de ginásticas, os discentes foram
associando o tipo de ginástica a outros elementos que estão intrínsecos nas
49

ginásticas, por exemplo, ao visualizarem os elementos da ginástica artística


mencionaram: “Essa ginástica é a ginástica do circo.” (Discente 10).
Os discentes trazem falas que corroboram com o início da história da
ginástica, destacado por Soares (2005), em que a ginástica nasce no meio da rua,
pelos circenses, e, posteriormente, para atender à burguesia, são criados os
ginásios para prática das ginásticas. Outras associações ao circo foram destacadas
a partir da ginástica acrobática e das maças da ginástica rítmica, como vemos
nestes comentários: “É a mesma coisa dos saltimbancos.” (Discente 35) e “Esses
equipamentos são iguais aos malabares do circo.” (Discente 21).
No final da aula, buscando investigar a compreensão que os alunos obtiveram
sobre os tipos de ginástica, suas diferenças, os elementos próprios de cada uma
delas, percebemos que os alunos conseguiam ter mais clareza e identificaram com
propriedade as diferenças entre as ginásticas, conforme expressaram em suas falas:
“Na ginástica rítmica dança enquanto faz ginástica.” (Discente 03), “A ginástica
artística faz exercícios com saltos.” (Discente 11) e “Ginástica Artística são uma
série de movimentos que exige força e flexibilidade.” (Discente 07).
Destacamos algo importante no que se refere ao tipo de pesquisa proposto, a
pesquisa-ação, pois ao final da aula uma discente nos questiona: “Professora, posso
fazer o espacate?” (Disecente13). Diante desse questionamento, perguntei onde ela
tinha escutado essa expressão, ao que ela respondeu: "Estou pesquisando sobre
ginástica com minhas primas e estamos fazendo os movimentos em casa.”
(Discente 15).
Esse registro vem fortalecer o quanto se torna significativo tratar a pesquisa-
ação na escola, na educação, pois, com o que foi apontado, percebemos que há
mudança social, a partir do momento em que os discentes têm acesso a um
conteúdo, pesquisam, se apropriam, criam formas de vivenciar em suas localidades
o que foi gerado na escola, fortalece a mudança social para novas formas de
compreender e vivenciar movimentos, muda as realidades.
Há nesse movimento o que Freire (2003) chama de “práxis”, como sendo a
capacidade de o sujeito atuar e refletir, isto é, de transformar a realidade de acordo
com as finalidades delineadas pelo próprio ser humano. Um movimento de ação e
reflexão no ato de aprender e se apropriar dos conteúdos.
Assim, dando continuidade, destacamos que a escola entrou no recesso
junino por duas semanas. No retorno às aulas, tivemos algumas mudanças, por
50

exemplo: o horário das turmas que foram modificados e precisamos traçar novas
estratégias para dar continuidade as nossas aulas, pois anteriormente nossas duas
aulas por turma eram seguidas, mas, a partir da modificação do horário, isso foi
quebrado, as aulas ficaram alternadas. Destacamos essa informação por perceber
nos encontros mais adiante que houve alguns reflexos em decorrência dessa
mudança.
Em nosso oitavo encontro, reforçamos os saberes apreendidos nos encontros
anteriores e demos sequência às nossas aulas, trouxemos vídeos sobre a ginástica
artística, ginástica rítmica, ginástica acrobática e a ginástica de trampolim,
mostrando as diferenças de provas em cada uma delas, além das diferenças entre
as provas femininas e masculinas. Essa exposição e diálogo foi importante para
fortalecer o conhecimento gerado nos encontros anteriores, bem como para dar
mais clareza e segurança de apropriação para os encontros futuros.
Iniciamos o encontro questionando os discentes sobre os tipos de ginásticas e
suas diferenças, os alunos estavam muito dispersos, percebemos algumas risadas
com relação aos movimentos e roupas usadas pelos atletas apresentados em
algumas das ginásticas, algo possivelmente esperado, pois estamos tratando de
algo novo, incomum em nossa região. Destacamos esse fato como um elemento
percebido durante a vivência.
Os discentes conseguiram evidenciar o nome de alguns equipamentos e
relacioná-los ao tipo de ginástica a que pertenciam. Percebemos que o tipo de
ginástica que gerou mais empolgação entre os discentes foi a ginástica de
trampolim, conforme expressa um discente: “Professora, eu tenho vontade de fazer
a ginástica de trampolim”.
51

Figura 21 - Exposição do conteúdo “ginástica” com uso de recursos midiáticos

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Figura 22 - Discentes atentos à exposição do conteúdo

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Os recursos midiáticos como vídeos, imagens e áudios contribuem


positivamente nas aulas de Educação Física, pois nos permitem apresentar e
ampliar o acervo cultural de nossos discentes, uma vez que muitas práticas
corporais estão distantes da escola por diversos motivos. Por meio desses recursos,
52

destacamos alguns equipamentos que são próprios de cada modalidade. Na


ginástica artística, por exemplo, as traves, as barras, as argolas e demais
equipamentos não são facilmente encontrados dentro da escola, porém as mídias
nos permitem levar este saber aos nossos discentes.
Após a apreciação dos vídeos, os discentes conseguem perceber que é
possível realizar alguns daqueles movimentos apresentados, conforme explicitam
em suas falas: “Dá pra fazer a ginástica acrobática.” (Discente 33); “Os movimentos
da ginástica rítmica são bons, movimentar com fita é fácil.” (Discente 08); “O Parkour
tem algo parecido com as ginásticas.” (Discente 03); “A ginástica é rítmica porque
tem ritmo.” (Discente 22).
Destacamos uma das falas dos discentes em que ele traz um elemento
diferente, o Parkour, uma atividade caracterizada dentro dos esportes de aventura,
porém ele faz uma associação com algum movimento da ginástica.

Figura 23 - Apresentação das modalidades de ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Durante a exposição, um discente perguntou: “A ginástica serve de que para


vida?” (Discente 13), então refiz a pergunta a ele e, como não soube responder,
remeti aos demais colegas, que responderam: “Serve pra vida.” (Discente 20);
“Serve pra saúde.” (Discente 11); “Pra ter uma vida saudável.” (Discente 33).
Compreendo que o conteúdo ginástica pareça “novo” para esses discentes, é
concebível que vários não se identifiquem, não valorizem, não queiram participar,
53

porém, assim como as demais disciplinas que necessitam transmitir vários


conteúdos que os discentes podem não gostar, corroboro que na Educação Física
não seja diferente, pois os discentes têm o direito de se apropriarem dos conteúdos
da Educação Física que não se limitem, por exemplo, somente ao futebol e a
baleada.
Ao final deste encontro, pedimos que os alunos realizassem nova pesquisa,
mas dessa vez pesquisassem sobre movimentos próprios da ginástica e seus
respectivos nomes científicos, para que no próximo encontro pudéssemos vivenciá-
los.
Nossa insistência na pesquisa sobre o conteúdo ginástica partiu da
necessidade de que os discentes compreendam que

A ginástica é um conhecimento clássico da área, portanto a sua


presença faz-se necessária no âmbito escolar, tendo como objetivo
oferecer conhecimentos historicamente produzidos que contribuam
com a educação formal dos estudantes. (CESÁRIO; PEREIRA, 2011,
p. 638).

Sendo assim, em nosso nono encontro, os discentes partilharam com os


demais colegas, na prática, os movimentos ginásticos que eles pesquisaram
previamente. Este encontro, diferentemente dos anteriores, foi realizado no ginásio
da escola. Utilizamos um tatamente de aproximademente 12 metros, e, quando os
alunos chegaram no ginásio, o espaço já encontrava-se preparado para a atividade
proposta, conforme ilustrado através das figuras 24, 25, 26 e 27.
54

Figura 24 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Figura 25 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


55

Figura 26 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Figura 27 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Neste encontro, diferente dos demais, inciamos a utilizar o ginásio, mudamos


o espaço físico em que vínhamos desenvolvendo nossa sequência de aulas, e isso
acarretou um fato que começou a incomodar a pesquisadora, que foi a insistência
por parte dos discentes do sexo masculino em querer jogar futsal, o que aconteceu
ao longo dos encontros futuros.
Evidencio mais um forte motivo em insistir em outros conteúdos nas aulas de
Educação Física, pois espaços como o ginásio culturalmente são estabelecidos
como próprios “apenas” para as práticas com a utilização de bola, sobretudo o
futebol ou futsal, que são os mais pedidos. Romper com esse padrão cultural foi algo
muito desafiador e estressante para a pesquisadora, que buscou oferecer novos
conteúdos a esses discentes na tentativa de romper com a cultura da bola nas
aulas.
Em muitos momentos, o diálogo com esses discentes do sexo masculino
necessitou resgatar a fala e posicionamento daquele professor tradicional visto no
56

passado, a fim de que pudesse prosseguir com o planejado. Com relação às


discentes do sexo femino, o problema que destacamos é mais relacionado à inibição
e, em alguns casos, à falta de interesse em particiar, algo que não podemos deixar
de destacar.
Conforme a figura 24, iniciamos nosso encontro com uma conversa inicial em
que os discentes começaram a expos o que tinham pesquisado, trouxeram em suas
falas os movimentos da ginástica rítmica e da ginástica artísitica, como: estrelinha,
ponte, escalete, rolamentos, giro, vel e mortal, alguns alunos realizaram os
movimentos que pesquisaram e outros ficaram apenas assistindo.
Os alunos estavam introvertidos e o encontro teve baixa participação, como já
mencionado anteriormente. Talvez esse fato tenha sido fortalecido pela mudança de
espaço, inibição e medo em se expor com novos movimentos em frente aos demais.
Alguns alunos, para não realizarem os movimentos, realizaram a mesma
pesquisa na internet, porém me entregaram um trabalho escrito, com desenhos e
elementos da ginástica, registrados na figura 28, trazendo mais uma vez algo
cultural da Educação Física escolar estabelecido ao longo dos anos: quando um
aluno não realiza uma prática, ele entrega uma atividade escrita.
57

Figura 28 - Atividades escritas entregues pelos discentes

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Após realizar uma avaliação diálogada no fim do encontro com os alunos,


pude perceber que a baixa participação se deu exatamete pelo que expomos antes,
o medo, a inibição, a insegurança foram elementos determinantes para essa não
participação.
Os encontros seguintes foram todos realizados no ginásio da escola.
Trabalhamos de forma individual os elementos básicos dos quatro tipos de ginástica:
ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica acrobática e ginástica de trampolim.
58

Em nosso décimo encontro, tratamos sobre a ginástica artística. O encontro


foi realizado no ginásio da escola e os discentes, mesmo sabendo qual tema iriamos
tratar em aula, no caminho para o ginásio já começaram a perguntar: “Tem futebol
hoje?” (Discente 02); “Tem bola hoje?” (Discente 05).
Reforçando um pensamento dito anteriormente, é um desafio tratar a
ginástica na escola, principalmente quando levamos esse conteúdo pra ser
trabalhado dentro de um ginásio, os discentes estão condicionados a realizarem
futsal ou baleada. Como já havia refletido muito antes de escolher a série para tratar
o tema, os discentes do 7º ano, poucos deles tiveram contatos com a Educação
Física na escola, mesmo assim é um desafio trabalhar a temática sugerida.

A presença da ginástica se faz legítima na medida em que permite


ao aluno a interpretação subjetiva das atividades ginásticas, através
de um espaço amplo de liberdade para vivenciar as próprias ações
corporais. No sentido da compreensão das relações sociais, a
ginástica promove a prática das ações em grupo (COLETIVO DE
AUTORES, 2012, p. 76, apud VIANA, 2020).

Assim, não nos dobrando aos “padrões esportivos culturais” estabelecidos


historicamente, trabalhamos nesse encontro elementos de equilíbrio, saltos, giros e
rolamentos da ginástica artística.
O encontro foi dividido em três momentos. No primeiro momento, iniciamos
com os movimentos em pé, fora do tatame. A pesquisadora deu as orientações
necessárias sobre o que iríamos vivenciar, então realizamos os seguintes
movimentos: avião, giros, pulo afastado e grupado, tesourinha, galope, como
visualizamos nas imagens a seguir, onde houve boa participação dos discentes.
59

Figura 29 - Movimentos da ginástica artística

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


60

O segundo momento seu deu da seguinte maneira, realizamos os


movimentos no solo (tatame), a pesquisadora demonstrou os movimentos de vela,
ponte, escala e rolamentos pra frente e pra trás, em seguida, os alunos foram
realizando conforme foram orientados. Alguns discentes sentiram-se inibidos para
participar, talvez pelo espaço ser limitado e eles terem que realizar de dois ou três
no máximo, como visto nas imagens abaixo:

Figura 30 - Discentes realizam movimentos no solo

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

No terceiro momento do encontro, realizamos uma avaliação de toda a


vivência, os discentes relataram que o momento foi proveitoso, que os movimentos
realizados foram possíveis de ser vivenciados sem maiores dificuldades, muito
embora alguns discentes tenham se sentido inibidos na realização do segundo
momento.
61

No décimo primeiro encontro, tratamos da ginástica rítmica. O encontro foi


realizado no ginásio da escola, utilizamos o tatame para possibilitar a vivência com
alguns emplementos da ginástica rítmica. A pesquisadora confecionou as maças e
as fitas, utilizamos também os arcos (adaptamos com os bambolês), as bolas e
cordas.
Poderíamos ter confeccionado com os alunos as maças e fitas também,
porém devido a mudanças de horários que tivemos, e pensando em otimizar o
tempo de execução das vivências, optamos por não realizar a confecção junto com
os alunos, mas seria mais uma estratégia dentro do estudo.
Dessa forma, as maças confeccionadas pela pesquisadora foram feitas de
materiais reciclaveis, como: garrafinha pet, cano, bastão de madeira, tampa de
garrafa pet, sacola plástica e fita crepe. Imporante relatar essa possibilidade de
produzir um equipamento, pois, muitas vezes, usando nossa criatividade,
conseguimos adaptar os materiais e construir nossos equipamentos, tornando
possível alguma vivência corporal, antes tida como inviável.

Figura 31 - Equipamentos confeccionados pela pesquisadora para prática da


ginástica rítmica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


62

Para a confecção das fitas, utilizamos 2 metros de fita de cetim, argolinhas de


chaveiro e um bastão de bexiga. Outra possibilidade criativa para vivenciar os
movimentos da ginástica rítmica com fitas.

Ao refletir sobre nossa prática, percebemos que era necessário


romper com a lógica de aulas com conteúdos hegemônicos da
cultura corporal, restringidos pelos esportes e também repensar a
ginástica para compreendê-la como conteúdo a ser trabalhado na
Educação Física escolar, não apenas no viés da técnica, mas
valorizando aspectos relevantes como a autonomia, a criticidade e a
criatividade do educando. (VIANA, 2020, p. 4).

Repensar o conteúdo a ser trabalhado, através da criatividade, torna viável


aproximar os equipamentos próprios de qualquer modalidade. Acreditamos que o
que torna o ensino e a aprendizagem significativos são as possibilidades e variações
que o docente busca construir em sua prática pedagógica.

Figura 32 - Equipamentos confeccionados pela pesquisadora para prática da


ginástica rítmica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Assim, nosso encontro começou com os discentes sentados em círculos no


tatame. A pesquisadora apresentou o tema do encontro e demonstrou cada um dos
implementos da ginástica rítmica. Após esse momento inicial, orientei que os
discentes se dividissem em grupos e pegassem um dos implementos e fossem
manuseando-os conforme sentissem vontade.
63

Figura 33 - Discentes utilizam os equipamentos confeccionados pela pesquisadora

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


64

Figura 34 - Alguns discentes desvirtuam implemento da ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

O encontro foi muito proveitoso, pois os discentes buscaram dar uso aos
implementos relacionando-os com os movimentos da ginástica, porém o implemento
bola não teve seu uso voltado para a ginástica, como podemos perceber na figura
34, em que alguns discentes usaram o equipamento para jogar futsal. A
pesquisadora interveio na situação quando percebeu a desvirtuação, solicitando que
eles tentassem fazer uso da bola se remetendo aos movimentos da ginástica.
Na avaliação final do encontro, houve boa participação dos discentes, mais
uma vez eles contribuíram com o momento falando que foi importante. Ressaltamos
que boa parte nunca havia vivenciado movimentos com as fitas e maças, mas com
os arcos (bambolês) e cordas já tinham mais destreza, pois estes faziam parte do
cotidiano da escola.
Em nosso décimo segundo encontro, trabalhamos com a ginástica acrobática.
Trouxemos para esse momento movimentos de equilíbrio, força, movimentos de
base e estruturação de pirâmide. Entre todas as demais ginásticas trabalhadas,
destaco que essa, em especial, foi a que mais envolveu os discentes, a participação
foi em massa e houve entrosamento, empolgação e trabalho em equipe.
65

Iniciamos o encontro com as orientações sobre o tipo de ginástica que iríamos


trabalhar e os cuidados necessários para que os discentes não se machucassem,
pois nessa ginástica iríamos realizar os movimentos, em sua maior parte, em duplas
ou trios. Nesse sentindo, seria necessário ter alguns cuidados, como não subir em
cima da coluna do colega, ter sempre o cuidado de o colega mais pesado servir de
base nos movimentos.
Neste momento de conversa inicial, dois discentes, um do sexo masculino e
outro de sexo feminino, afirmaram em suas falas: “Não quero participar, pois não
vou conseguir fazer nada.” (Discente 16) e “Não sei fazer esses movimentos, não
vou participar.” (Discente 32).
Destacamos essas duas falas, em especial, pois antes mesmo de visualizar e
de vivenciar os movimentos que realizamos, os discentes se opuseram a participar.
Os dois discentes das falas em destaque não estão dentro dos padrões que muitos
compreendem como normais em nossa sociedade, são discentes corpulentos e que
estão acima do peso desejado.
Talvez por esse motivo, inicialmente, eles já se excluíram da possibilidade de
participar do encontro, porém, no momento da realização, todos os dois participaram
do início ao fim de todos os movimentos sugeridos em aula.
66

Figura 35 - Discentes performam movimentos da ginástica acrobática

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


67

O encontro com a ginástica acrobática foi muito motivante, desafiador e


criativo, envolveu todos os discentes da turma e, inclusive, discentes de outras
turmas, que do lado de fora do ginásio realizavam os movimentos que íamos
sugerindo no decorrer do encontro, como podemos perceber na figura a seguir. Mais
uma vez, fortalecemos a importância da pesquisa-ação na educação, pois os alunos
refletem, agem e modificam os espaços onde estão inseridos.

Figura 36 - Discentes de outras turmas realizam os movimentos da ginástica

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Em nossa avaliação final do encontro, questionamos os alunos sobre as


dificuldades em vivenciar o conteúdo, se na visão deles foi viável a vivência, se
encontraram dificuldades na realização, e obtivemos as seguintes respostas: “Ao
assistir os vídeos achei que não conseguia fazer nada.” (Discente 14) e “Desse jeito
que fizemos, dá pra fazer vários movimentos.” (Discente 06).
O planejamento da aula é um fator indispensável. Na organização de
movimentos a serem vivenciados, precisamos ter o cuidado de organizar a
sequência dos movimentos a partir dos básicos para os mais elaborados, pois os
discentes sentem-se mais encorajados a vivenciar outros movimentos mais difíceis.
No décimo terceiro encontro, vivenciamos a ginástica de trampolim. O
encontro foi realizado no auditório da escola, pois o ginásio estava sendo utilizado
68

por outro professor no mesmo horário, a troca de espaço foi algo positivo, uma vez
que, por ser um local menor, os alunos não ficaram dispersos. Assim, com o auxílio
de um jump de academia em tamanho maior, possibilitamos aos alunos vivenciar
alguns movimentos com saltos e acrobacias sobre o trampolim, conforme se
observa na figura 37.

Figura 37 - Discentes vivenciam movimentos da ginástica de trampolim

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Os movimentos sugeridos e exemplificados pela pesquisadora foram: salto


afastado, salto grupado, salto estendido e salto com giro. Os discentes formaram
uma fila e, um a um, foram realizando o movimento sugerido. Após realizarem os
movimentos sugeridos inicialmente, a pesquisadora solicitou que os discentes
criassem novas possibilidades de movimento com o uso do trampolim, com isso, os
alunos criaram movimento com estrelinha, sequência de movimentos ao entrar e sair
do trampolim, usaram a criatividade e as habilidades que cada uma possuía,
conforme a figura 38.
69

Figura 38 - Discentes criam novos movimentos a partir de suas habilidades

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Nesse encontro, destacamos também os dilemas com as questões de corpos,


pois alguns alunos corpulentos me fizeram algumas indagações: “Professora, esse
pula-pula não aguenta comigo.” (Discente 25) e “Se eu pular pode quebrar.”
(Discente 07).
Trago essas falas pela importância de contextualizá-las em nossas aulas, pois
mesmo previamente tendo orientado que todos poderiam saltar sobre o trampolim,
uma vez que o mesmo suportava até 150 kg, e mesmo a pesquisadora tendo
demonstrado alguns movimentos no equipamento, alguns discentes do sexo
masculino e feminino se sentiram inibidos em participar deste momento junto aos
demais colegas, principalmente a aluna do sexo feminino que esperou os colegas
saírem da sala pra poder experimentar os saltos no trampolim. Questionada sobre o
porquê de esperar todos saírem, ela respondeu: “Professora, fiquei com vergonha
de quebrar o pula-pula e todos rirem de mim.” (Discente 10).
Durante o encontro, os discentes do sexo masculino que participaram da
vivência dos movimentos, ouviram alguns comentários desrespeitosos, como: “-
Pronto, vai quebrar.” (Discente 01); “A baleia!” (Discente 13).
Esses comentários maldosos foram tratados no mesmo momento pela
pesquisadora, não foi necessário chamar atenção de todos e mostrar a importância
de respeitar o próximo da maneira como cada um é, e não permitir comentários
maldosos durante o encontro.
Ao final do encontro, realizamos uma breve avaliação da vivência proposta,
os discentes mostraram-se felizes e motivados com o que vivenciaram, alguns
70

nunca haviam se movimentado em cima de um trampolim. No final do encontro, a


pesquisadora informou aos discentes que no próximo encontro eles deveriam se
reunir em grupos e construir uma sequência de movimentos, a partir dos quatro tipos
de ginástica que experimentamos durante os encontros passados. Após a
construção da sequência de movimentos, teriam que apresentar na culminância das
sequências de aulas que seria no décimo quinto encontro.
No décimo quarto encontro os alunos dividiram-se em grupos como sugerido
no encontro anterior. Orientamos que cada grupo deveria conter até sete
integrantes. Desta forma, iniciamos o encontro no ginásio e a pesquisadora deixou
disponível pra o uso dos discentes os equipamentos da ginástica rítmica, o
trampolim e os tatames.
Os discentes ficaram à vontade para explorar os espaços do ginásio, dentro e
fora, iniciaram a construção da sequência de movimentos ginásticos explorando a
criatividade e as habilidades de cada um da equipe.
Os equipamentos ficaram expostos para os discentes se apropriarem e
utilizarem junto aos movimentos que eles fossem construir. Alguns dos alunos, como
acontecido em outro momento, utilizaram as bolas para jogar futsal, como podemos
perceber na figura 39. Inicialmente, deixei-os livres para criarem, porém devido
atrapalhar os grupos, precisei guardar as bolas, para que fossem utilizadas para o
fim proposto, a ginástica.

Figura 39 - Alguns discentes desviam o foco da atividade proposta

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


71

Os discentes utilizaram a criatividade, exploram vários espaços ao redor e


dentro do ginásio, como podemos visualizar na figura 40 a seguir. Alguns alunos
ficaram inibidos em realizar essa construção na frente dos colegas e pediram a
outros professores pra ensaiar no horário de aula de outras disciplinas.

Figura 40 - Discentes exploram os espaços internos e externos do ginásio

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

A maioria dos discente conseguiu se organizar entre suas equipes e construir


as sequências dos movimentos. Cabe salientar que os discentes do sexo feminino
foram os que mais se envolveram neste momento, alguns discentes do sexo
masculino ficaram mais dispersos querendo jogar futsal.
Encerramos o encontro avaliando o que foi vivenciado, fizemos a orientação
pra o próximo encontro, quando os discentes deveriam apresentar o que
conseguiram construir.
Nosso último encontro, o décimo quinto, se caracterizou como a culminância
das aulas e apresentação do que foi construído ao longo dos treze encontros
anteriores.
72

A culminância da sequência de aulas foi realizada no ginásio da escola,


sendo organizada pela pesquisadora. Evidencio que este momento de organização
e arrumação do espaço poderia ter sido partilhado ou ter sido organizado pelos
discentes, porém, com a mudança dos horários que tivemos, bem como os feriados
registrados nos dias das aulas, tornou-se inviável que isso acontecesse, evitando
atrapalhar o horário das demais disciplinas e pela questão do tempo, por isso a
pesquisadora achou por bem fazer a organização do espaço sem a ajuda dos
discentes.

Figura 41 - Organização do espaço para a culminância

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

Convidamos a coordenação e a direção escolar para prestigiar o momento.


Os grupo se organizaram entre si, alguns utilizaram música para a sequência de
movimentos, foi um momento emocionante perceber o compromentimento dos
discentes, a importância que deram ao momento, falarem com propriedade sobre o
que estavam fazendo. Algumas falas registradas nesse momento foram:
“Professora, a gente vai se apresentar mais vezes? Eu gostei muito de ensaiar.”
(Discente 25); “Teremos mais aulas assim?” (Discente 10).
Este momento de apresentação e culminância da sequência de aulas foi
enriquecedor pra todos os envolvidos, a cooperação e a responsabilidade de todos
73

possibilitaram brilhantes apresentações de forma consciente do que estavam


realizando e não meramente uma reprodução de movimentos.
Mesmo os discentes que não se apresentaram devido à logística adotada no
grupo, ou porque faltou algum componente, quiseram se apresentar, alguns ainda o
fizeram e outros não. Destaco que muitos alunos que estavam sem grupo ou mesmo
os pertencentes a algum grupo faltaram à aula. Alguns mandaram mensagem
falando que estavam doentes, mas foi algo que ficou muito perceptível, acredito que
este fato tenha se dado por medo ou insegurança em se apresentar para os demais.

Figura 42 - Registros das apresentações da culminância

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.


74

Após as apresentações, voltamos para a sala e os alunos responderam uma


avaliação sobre tudo o que envolveu as aulas, a construção da sequência de
movimentos e a apresentação.
Aplicamos um questionário com perguntas acerca do que os discentes
vivenciaram durante todo o processo de aulas, bem como a elaboração, ensaio e
apresentação da sequência de movimentos ginásticos, as respostas atribuídas pelos
discentes deram-se de forma aberta, com justificativa.
Ao questionarmos sobre a construção da sequência de movimentos e suas
impressões, os discentes trouxeram vários elementos, desde dificuldades por
inibição, falta de cooperação do grupo, falta de habilidades motoras para
desenvolver os movimentos e mesmo discentes que se sentiram confiantes e seguro
na realização da sequência de criação dos movimentos.

Foi um pouco difícil, pois tínhamos que nos equilibrar e alguns diziam
que não conseguiam, mas no final deu tudo certo. (Discente 07).
Foi difícil construir, pois os participantes (não todos), não cooperaram
muito na hora dos treinos. (Discente 23).
Pra mim não foi difícil, por que com tudo o que eu vivi com minha
professora eu aprendi o básico de tudo. (Discente 09).
Foi difícil em alguns momentos, pois algumas pessoas do grupo não
colaboraram para fazer alguns movimentos. (Discente 27).
Não, eu não participei. (Discente 38).

Na última parte referente à sequência das aulas, que se configurou com a


parte criativa, onde os discentes tiveram autonomia para criar a sequência de
movimentos, escolher os colegas que iriam construir a sequência em grupo, eles
materializaram e foram protagonistas de um conhecimento com o qual tiveram
contato previamente, assim, notamos nos relatos mencionados acima, várias
impressões do que eles vivenciaram neste momento valioso.
Faria e Bracht (2014) mencionam que o reconhecimento intersubjetivo está
atrelado à identidade do sujeito, e essa identidade só pode ser desenvolvida quando
aprendo com minha própria ação na perspectiva do outro sujeito. Assim, as aulas,
enquanto vivências interpessoais, tornam-se um momento de ressignificar, de
encorajar e fortalecer a confiança de cada sujeito partícipe.
Destacamos que a falta de comunicação ou cooperação dos grupos, criados
por eles previamente, pôde contribuir para a experiência positiva ou negativa que
tiveram. Outros discentes relatam que não encontraram dificuldade na realização do
proposto devido à sequência de aulas que tiveram. Outros poucos discentes trazem
75

em seus relatos que não tiveram vontade de participar, não participaram ou não
quiseram participar do que foi proposto. Entendemos que esta realidade está
associada às particularidades de cada um e, principalmente, aos conteúdos
culturalmente estabelecidos como o “futebol” ou o “futsal”.
Notamos que os discentes que estão condicionados à prática desses
esportes, possuem mais dificuldade em se abrir ao novo, em se permitir vivenciar
novas práticas, pois estão condicionados na vivência desses dois esportes, esses
discentes com mais resistência, na maioria, são do sexo masculino.
Quando questionamos os discentes sobre o que acharam ou sentiram em
criar uma sequência de movimentos ginásticos, destacamos as falas de superação,
de apropriação do conhecimentos gerado nas aulas referente aos quatro principais
tipos de ginástica trazendo em suas escritas nomes técnicos de alguns movimentos,
outros discentes relatam que gostariam de praticar mais, que este momento poderia
acontecer mais vezes, mas também encontramos nesta avaliação discentes que
dizem não ter gostado de nada, que não serve de nada.
Relevante trazer para a discussão esses discentes que se mostram contrários
e resistentes a novas vivências, ou que não conseguem perceber as mais diversas
práticas corporais como relevantes, pois são as que fogem do convencional. Essas
falas de oposição e resistência poderiam ser minimizadas se esses discentes
tivessem tido contato com os conteúdos da cultura corporal de forma sistematizada
no nível anterior de ensino que eles estudaram, mas, em nossa região, os anos
iniciais do ensino fundamental não ofertam Educação Física escolar.

Aprendi que o movimento da ginástica é muito importante para nossa


vida de trabalhar em equipe. Gostei de fazer a vela. (Discente 34).
Foi muito legal construir essa sequencias de movimentos. Eu gostei
da parte do bambolê e da pirâmide. (Discente 22).
Eu gostei de construir a apresentação e o que não gostei foi do
trampolim, pois é muito difícil. (Discente 37).
A parte que gostei mais foi quando fizemos a ponte e o avião.
(Discente 27).
Gostei de fazer alguns movimentos e o que não gostei muito foi que
fiquei nervosa e três colegas saíram do grupo de última hora.
(Discente 07).

Nas falas dos discentes, percebemos que eles conseguiram se apropriar do


conhecimento gerado acerca das ginásticas competitivas, pois conseguem
mencionar os termos técnicos de alguns movimentos, o que fortalece essa
apropriação, conseguem distinguir um tipo de ginástica do outro, trazendo em seus
76

discursos as diferenças entre elas. Percebemos também algo forte e importante que
este momento possibilitou aos discentes, que foi a toma de decisão, força de
vontade e superação de seus limites, exemplificado quando questionamos o que
eles aprenderem com esse momento. Em resposta, eles destacam mais uma vez
aspectos técnicos e aspectos de realização pessoal.

Aprendi a dar estrelinha. (Discente 37).


Aprendi movimentos que não conhecia como com o bambolê.
(Discente 21).
Foi muito bom, mas um pouco difícil alguns movimentos. (Discente
14).
Não aprendi nada, não gostei de nada. (Discente 38).
Aprendi várias coisas que eu não sábia que existia, a apresentação
foi perfeita. (Discente 27).
Aprendi a confiar nas pessoas. (Discente 30).

Após os relatos expostos até o presente momento, compreendemos que a


vivência estabelecida e gerada pelos discentes transcende as questões técnicas de
transmissão de conhecimentos e conteúdos, a ginástica nesta realidade reverbera-
se em valores além dos aspectos formais, transcendendo para valores humanos, de
convivência e formação de princípios, o que coaduna o pensamento de Viana
(2020), quando postula que:

Trabalho pedagógico deve partir da prática social dos indivíduos e do


nível de desenvolvimento atual dos alunos; passa pela teorização,
que supera o conhecimento imediato para se chegar a um novo nível
de desenvolvimento, mediada pelo professor; e retorna à prática
transformada e modifica sua realidade imediata. (VIANA, 2020, p. 5).

Os movimentos propostos pela ginástica fortalecem esses importantes


elementos destacados pelos discentes, fazendo-os perceber que para a realização
de alguns movimentos faz-se necessário confiar, para que assim seja possível
vivenciar determinado movimento.
77

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados obtidos na pesquisa bibliográfica, bem como os dados


coletados com a realização dos questionários e os diálogos estabelecidos com os
discentes, observamos que o conteúdo ginástico possui muita fragilidade em seu
entendimento, aplicação e vivência no espaço escolar.
A não cultura da ginástica na escola ocasiona a falta de compreensão dos
discentes, pois os mesmos não possuem propriedade no que se refere à ginástica,
desconhecem as principais modalidades ginásticas e o que se configura como
ginástica.
Há muita incompreensão a respeito dos saberes ginásticos, percebe-se que
as diversas modalidades esportivas existentes em alguns momentos são
compreendidas como um tipo de ginástica, por exemplo, o futebol, a natação e
outros esportes.
Diante da sequência didática desenvolvida, podemos destacar a possibilidade
de vivenciar os saberes ginásticos na escola, possibilitar o ensino da ginástica de
forma criativa, explorando a compreensão que os discentes possuem, através de
várias estratégias como desenhos, movimentos, discursos, trazendo os discentes
como participantes da construção desse conhecimento.
Com auxílio das mídias (vídeos e imagens), possibilitar a apropriação do
conhecimento ginástico a partir das ginásticas competitivas e não competitivas
estabelecidas historicamente.
As vivências desenvolvidas mostraram a necessidade de voltar o olhar para a
ginástica a partir da arte circense, pois os discentes trouxeram nas aulas vários
elementos do circo relacionando-os à ginástica.
Romper com o padrão cultural esportista, a cultura da “bola”, nas aulas de
Educação Física é algo desafiador, que requer muita paciência, porém não é algo
impossível de ser rompido, basta que abramos novas possibilidades de vivências
corporais que fujam do elemento “bola”, estabelecido historicamente como algo
indispensável na realização de uma aula.
O uso das mídias, vídeos, imagens e áudios fortalece a compreensão de
práticas corporais que não estão usualmente presentes na escola, bem como o
entendimento e a compreensão, amplia a cultura dos discentes e permite que se
apropriarem de vários outros elementos da Educação Física.
78

A pesquisa-ação na educação vem fortalecer os conhecimentos gerados nas


aulas, pois quando os discentes se apropriam de um conhecimento gerado
coletivamente e o levam pra sua realidade social, modificando a forma de perceber e
vivenciar as práticas corporais em seu dia a dia, conseguimos obter a função
primordial desse tipo de pesquisa, que é participar, compreender, refletir e modificar
as realidades.
A vivência da ginástica acrobática se torna viável em qualquer aula de
Educação Física, pois muitos dos movimentos que são possibilitados independem
de equipamentos mais elaborados. Destacamos que os discentes se sentem
motivados a construir e participar das aulas, pois é um conteúdo que desafia suas
habilidades e criatividade.
O professor de Educação Física precisa em suas aulas contextualizar a
temática do corpo, fortalecer a compreensão de que cada corpo possui suas
possibilidades de movimentos, independentemente de ser magro, alto, baixo, gordo,
cada ser, cada corpo possui suas experiências corpóreas que são individuais, essa
atitude contribui para o não fortalecimento do bullying nas aulas de Educação Física,
evidenciando o diálogo respeitoso entre todos.
As aulas de Educação Física necessitam abrir espaços para desconstruir as
imposições sociais e midiáticas no que se refere a padrões corporais. A escola deve
buscar dialogar levando a compreensão de que não existe um corpo perfeito, mas
um corpo, um ser humano único, que traz as características de seus familiares, de
sua genética e que deve ser respeitado, cada um de sua própria maneira.
Os movimentos e elementos próprios da ginástica favorecem e fortalecem
valores como respeito, superação, companheirismo, cooperação, pois as aulas
estão para além dos conteúdos abordados e trazem novos sentidos e significados
para a vida daqueles discentes que se envolvem nas atividades propostas.
Aponto que os movimentos próprios da ginástica contribuem para a
autoconfiança e a superação de limites de cada um que se torna partícipe desse
conteúdo rico de possibilidades pedagógicas, gestuais, sociais e culturais.
79

REFERÊNCIAS

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8042.2020e65327>. Acesso em: 08 ago. 2021.
82

APÊNDICES
83

APÊNDICE A

GINÁSTICA NA ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NOS ANOS FINAIS


DO ENSINO FUNDAMENTAL
Julienne de Lucena Souto Marinho
Orientador: Prof. Dr. Antônio de Pádua dos Santos

QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO
1- Identificação de gênero do aluno: ( ) masculino ( ) feminino

2- Você sabe o que é ginástica? ( ) sim ( ) não

3- Quais os tipos de ginástica você conhece?


( ) Ginástica Artística ( ) Ginástica Rítmica
( ) Ginástica Acrobática ( ) Ginástica de Trampolim
( ) Ginástica Aeróbica ( ) Nenhuma

4- Onde você conheceu o conteúdo ginástica?


( ) Na aula de Educação Física ( ) Na televisão
( ) Nas redes sociais ( ) Olimpíadas

5- Você já vivenciou na prática algum tipo de ginástica? ( ) sim ( ) não

6- Você gostaria de aprender sobre as ginásticas? ( ) sim ( ) não

7- Qual Ginástica você gostaria de aprender e vivenciar na prática? Por que?


____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_____________________________________________________

8- Você já viu ou ouviu falar na arte circense? ( ) sim ( ) não

9- Você acha que as apresentações do circo se parecem com a ginástica, ou podem


ser entendidos como ginástica? ( ) sim ( ) não

10- Tem algo nos espetáculos do circo que parece com a ginástica?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________
84

APÊNDICE B

Nome: ___________________________________7°:________

Avaliação das vivências

Com relação a montagem e criação da sequência de movimentos, responda as questões a


seguir:

1) Pra você, foi difícil construir a sequência de movimento? Sim ou não? Comente por que!
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2) O que você achou deste momento? Foi legal construir uma sequência de movimento
depois de conhecer os quatro tipos de ginástica?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
3) Fale do que você mais gostou e o que não gostou?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4) O que você aprendeu com esse momento?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
5) Comente como foi sua experiência com a ginástica, com a montagem e apresentação.
Você mudaria alguma coisa?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
85

APÊNDICE C - Planos de Aula

PLANO DE AULA 1
IDENTIFICAÇÃO/ PROFESSOR: Julienne de Lucena Souto Marinho

TURMA: TURNO: Manhã/tarde


7º ano
UNIDADE TEMÁTICA: OBJETIVO DA AULA:
Ginástica Identificar o que é ginástica
DIMENSÕES DO CONTEÚDO:
Conceitual: Identificar o que é ginástica
Procedimental: Realizar desenhos que mostre o que se entende sobre o que é
ginástica
Atitudinal: Refletir o que é ginástica através de desenho
DETALHAMENTO DA AULA:
1º MOMENTO- Conversa inicial, sondagem sobre o que os alunos sabem o que é
ginástica, o que eles identificam como ginástica, se os alunos conhecem algum tipo
de ginástica.
2º MOMENTO- Pedir que os alunos realizem desenhos que mostre o que eles
entendem sobre ginástica.
3º MOMENTO- Reflexão e discussão sobre a atividades que eles realizaram.
AVALIAÇÃO:
A avaliação dá-se de forma contínua, levando em consideração a participação dos
alunos, suas colocações, interesse e intervenção na atividade proposta.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Papel, canetas.

PLANO DE AULA 2
IDENTIFICAÇÃO/ PROFESSOR: Julienne de Lucena Souto Marinho

TURMA: 7º TURNO: Manhã/tarde TEMPO DE AULA: 45


ano minutos
UNIDADE TEMÁTICA: OBJETIVO DA AULA:
Ginástica Identificar o que é ginástica
DIMENSÕES DO CONTEÚDO:
Conceitual: Identificar e discutir o que é ginástica
86

Procedimental: Realizar movimentos corporais que expressem o que é ginástica


Atitudinal: Refletir sobre os movimentos apresentados
DETALHAMENTO DA AULA:
1º MOMENTO- Conversa inicial, pedimos que os alunos se reunissem em grupos
de quatro pessoas e demonstrassem através de um movimento ou mais o que é
ginástica, se os alunos conheciam algum tipo de ginástica.
2º MOMENTO- Construir e apresentar alguns movimentos que representem a
ginástica.
3º MOMENTO- Reflexão e discussão sobre as impressões sobre a vivencia
realizada e construída por ele, se conseguem identificar o que é e o que não é
ginástica.
AVALIAÇÃO:
A avaliação dá-se de forma contínua, levando em consideração a participação dos
alunos, suas colocações, interesse e intervenção na atividade proposta.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Tatame e espaço amplo.

PLANO DE AULA 3
IDENTIFICAÇÃO/ PROFESSOR: Julienne de Lucena Souto Marinho

TURMA: 7º ano TURNO: Manhã/tarde TEMPO DE AULA: 45


minutos
UNIDADE TEMÁTICA: OBJETIVO DA AULA:
Ginástica Identificar o que é ginástica
DIMENSÕES DO CONTEÚDO:
Conceitual: Discutir o que é ginástica
Procedimental: Explorar o que é ginástica, os tipos de ginástica que existe.
Atitudinal: Compreender que é ginástica
DETALHAMENTO DA AULA:
1º MOMENTO- No início da aula, realizamos uma roda de conversa sobre o que
os alunos ainda entendiam sobre o que é ginástica e os tipos de ginásticas
existentes.
2º MOMENTO- Pedimos que os alunos se dividissem em grupos, sugerimos uma
sequência de perguntas que possibilitem uma pesquisa exploratória na internet
por parte dos alunos sobre a ginástica, levando em consideração aspectos
históricos, tipos de ginásticas, diferenças de ginástica
3º MOMENTO- Reflexão sobre como realizar a pesquisa exploratória e a
posterior apresentação para toda turma.
87

AVALIAÇÃO:
A avaliação dá-se de forma contínua, levando em consideração a participação
dos alunos, suas colocações, interesse e intervenção na atividade proposta.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Caneta de quadro e papeis.

PLANO DE AULA 4
IDENTIFICAÇÃO/ PROFESSOR: Julienne de Lucena Souto Marinho

TURMA: 7º TURNO: Manhã/tarde TEMPO DE AULA: 45


ano minutos
UNIDADE TEMÁTICA: OBJETIVO DA AULA:
Ginástica Apropriar-se do que configura como ginástica
DIMENSÕES DO CONTEÚDO:
Conceitual: Expor o que é ginástica, tipos de ginásticas, o que se configura como
ginástica.
Procedimental: Apresentar e discutir através de imagens, cartazes, slides o que
compõem a ginástica.
Atitudinal: Refletir sobre o que é constituído a ginástica.
DETALHAMENTO DA AULA:
1º MOMENTO- Esta aula foi conduzida pelos os discentes através da exposição
das pesquisas realizadas pelos os mesmos desde a aula anterior.
2º MOMENTO- Após a apresentação dos trabalhos apresentados realizamos uma
roda de conversa para que os alunos expusessem a compreensão que galgaram
sobre o tema sugerido, bem como a experiência de realizar uma pesquisa
exploratória.
AVALIAÇÃO:
A avaliação dá-se de forma contínua, levando em consideração a participação dos
alunos, suas colocações, interesse e intervenção na atividade proposta.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Cartolinas, canetas, datashow e computador.

PLANO DE AULA 5
IDENTIFICAÇÃO/ PROFESSOR: Julienne de Lucena Souto Marinho

TURMA: 7º ano TURNO: Manhã/tarde TEMPO DE AULA: 45


minutos
88

UNIDADE TEMÁTICA: OBJETIVO DA AULA:


Ginástica Compreender os tipos de ginásticas
DIMENSÕES DO CONTEÚDO:
Conceitual: Discutir os tipos de ginásticas e suas diferenças
Procedimental: Conhecer e compreender as diferentes modalidades, provas e
estilos de ginásticas.
Atitudinal: Refletir as diferenças de cada tipo de ginástica.
DETALHAMENTO DA AULA:
1º MOMENTO- No início da aula realizamos uma conversa sobre o momento
anterior, mostrando que ainda existiam alguns equívocos por parte dos alunos
sobre o que era ginástica e o que compreendia ginástica.
2º MOMENTO- Com o uso de um Datashow e uma sequência de slides com
imagens sobre os tipos de ginásticas, elementos ginásticos, equipamentos,
espaços próprios da ginástica, realizamos a exposição e contextualizamos o que
se configura com ginástica e suas diferenças.
3º MOMENTO- Discutimos e refletimos sobre as diferenças entre as ginásticas
existentes.
AVALIAÇÃO:
A avaliação dá-se de forma contínua, levando em consideração a participação dos
alunos, suas colocações, interesse e intervenção na atividade proposta.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Datashow, slides e computador.

ANEXOS
89

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA EM REDE
NACIONAL - PROEF

Campus Universitário BR-101 - Lagoa Nova - Natal/RN - CEP 59078-900 CNPJ:


24.365.710/0001-83

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)


Esclarecimentos
Estamos solicitando a você a autorização para que o menor pelo qual você é responsável
participe da pesquisa: GINÁSTICA NA ESCOLA: Possibilidades pedagógicas nos anos
finais do ensino fundamental, que tem como pesquisador responsável: Julienne de
Lucena Souto Marinho. Esta pesquisa pretende analisar e propor possibilidades pedagógica
sobre o ensino da ginástica nos anos finais do ensino fundamental.
O motivo que nos leva a fazer este estudo possibilitar a construção pedagógica do
conteúdo Ginástica nas aulas de Educação Física.
Caso decida participar, aqui esclarecemos as principais etapas do estudo, onde serão
divididas em três momentos, no período de um bimestre letivo com duração de (03 meses),
em dois dias da semana (aproximadamente 12 aulas) com duração de 45 minutos, faremos
usos, leitura de textos, exibição de vídeos com a estimulação de síntese do vivenciado. As
etapas estarão distribuídas da seguinte forma:
1° Etapa: “Apresentação do projeto” - Inicialmente, o projeto de pesquisa será
apresentado aos alunos e realizaremos também a aplicação do questionário buscando
investigar o entendimento que os alunos possuem sobre ginástica;
2° Etapa: “Realização das aulas” - Nesse período, serão realizadas as aulas
propriamente ditas, onde utilizaremos textos, vídeos, músicas, construção de materiais,
desenhos que possibilitem possibilidades de vivencias dos movimentos gímnicos e
compreensão das ginasticas.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para
Julienne de Lucena Souto Marinho, no endereço: Praça da Matriz, centro Guarabira/PB.
Através do e-mail; julienne_marinho@hotmail.com e do telefone (83) 99148-0440.
Você tem o direito de não autorizar ou retirar o seu consentimento da participação do
menor em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para o mesmo.
Os dados que o menor irá fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas
em congressos ou publicações científicas, sempre de forma anônima, não havendo
divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar. Esses dados serão guardados pelo
pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.

Alguns gastos pela sua participação nessa pesquisa, eles serão assumidos pelo
pesquisado.
Se o menor sofrer qualquer dano decorrente desta pesquisa, sendo ele imediato ou
sanado.
90

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de
Ética em Pesquisa UFRN - Lagoa Nova Campus Central (CEP Central/UFRN) – instituição
que avalia a ética das pesquisas antes que elas comecem e fornece proteção aos
participantes das mesmas – da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos telefones
(84) 3215-3135 ou (84) 9.9193-6266, e-mail cepufrn@reitoria.ufrn.br. Você ainda pode ir
pessoalmente à sede do CEP, de segunda a sexta, das 08h00min às 12h00min e das
14h00min às 18h00min, na Rua das Artes, s/n. Campus Central UFRN. Lagoa Nova.
Natal/RN. CEP: 59075-000.

Consentimento Livre e Esclarecido


Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão
coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela
trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da
pesquisa GINÁSTICA NA ESCOLA: Possibilidades pedagógicas nos anos finais do
ensino fundamental e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em
congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

Guarabira, _______/__________/__________

---------------------------------------------- ----------------------------------------------
(Assinatura do Pesquisador) (Assinatura do Participante / Responsável
legal)
91

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA EM REDE NACIONAL - PROEF

Campus Universitário BR-101 - Lagoa Nova - Natal/RN - CEP 59078-900 CNPJ:


24.365.710/0001-83

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE)

Você está sendo convidado a participar da pesquisa GINÁSTICA NA ESCOLA:


Possibilidades pedagógicas nos anos finais do ensino fundamental, coordenada pela
pesquisadora Julienne de Lucena Souto Marinho, pesquisador responsável está aberto aos
esclarecimentos necessários no número de telefone (83) 99148-0440. Seus pais permitiram
que você participe desta pesquisa.
Tendo como objetivo, analisar e propor possibilidades pedagógica sobre o ensino da
ginástica nos anos finais do ensino fundamental.
Você só precisa participar da pesquisa se quiser, é um direito seu e não terá nenhum
problema se desistir. As crianças que irão participar desta pesquisa têm de 10 a 13 anos de
idade.
A pesquisa será realizada na E.E.E.F. Antenor Navarro, onde as crianças onde serão
divididas em três momentos, no período de um bimestre letivo com duração de (03 meses),
em dois dias da semana (aproximadamente 12 aulas) com duração de 45 minutos, faremos
usos, leitura de textos, exibição de vídeos com a estimulação de síntese do vivenciado. As
etapas estarão distribuídas da seguinte forma: 1º Apresentação do projeto, 2º Realização
das aulas, 3° Avaliação, interpretação e produção criativa das vivencias gímnicas.
Para isso, será usado/a materiais esportivos como bolas, tatame, criação de
equipamentos da ginástica, ele é considerado (a) seguro (a), mas é possível ocorrer
possíveis riscos proveniente das vivências corporais, assim como toda aula de Educação
Física oferece, caso aconteça algo errado, você pode nos procurar pelos telefones que tem
no começo do texto. Mas há coisas boas que podem acontecer como proporcionar ao aluno
vivências da ginástica nas aulas de educação física; ampliar o debate sobre o conteúdo da
ginástica; possibilitar novas vivências motoras; contribuir com a apropriação da cultura
corporal
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Ninguém saberá que você está participando da pesquisa; não falaremos a outras
pessoas, nem daremos a estranhos as informações que você nos der. Os resultados da
pesquisa vão ser publicados no ambiente escolar, em congressos e cursos, bem como junto
ao programa de mestrado, mas sem identificar as crianças que participaram.
=====================================================================
CONSENTIMENTO PÓS INFORMADO

Eu ___________________________________ aceito participar da pesquisa GINÁSTICA


NA ESCOLA: Possibilidades pedagógicas nos anos finais do ensino fundamental.
Entendi as coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer.
Entendi que posso dizer “sim” e participar, mas que, a qualquer momento, posso
dizer “não” e desistir e que ninguém vai ficar com raiva de mim.
Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus
responsáveis.
Recebi uma via deste termo de assentimento. A outra via ficará com o pesquisador
responsável (nome do pesquisador responsável). Li o documento e concordo em participar
da pesquisa.
Guarabira/PB, ____de _________de __________.
_______________________________ ______________________________
Assinatura do menor Assinatura do pesquisador
93

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA EM REDE NACIONAL - PROEF

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ E/OU


REGISTRO DE IMAGENS (FOTOS E/OU VÍDEOS)

Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa:GINÁSTICA NA ESCOLA:
Possibilidades pedagógicas nos anos finais do ensino fundamental , que tem como
pesquisador responsável Julienne de Lucena Souto Marinho. Esta pesquisa pretende
analisar e propor possibilidades pedagógica sobre o ensino da ginástica nos anos finais do
ensino fundamental. O motivo que nos leva a fazer este estudo surge com nossa inquietação
enquanto docente da disciplina de Educação Física nos anos finais do ensino fundamental no interior
da Paraíba por mais de 10 anos e perceber a ausência do trato com os conteúdos da ginástica em
nossa prática e em nossa região. Refletindo sobre isso, temos o interesse de investigar em nossa
realidade local se esse conteúdo é tratado nas aulas de Educação Física e buscar construir um
direcionamento possível de aulas pensando em nossa realidade regional, entendendo as dificuldades
estruturais e pessoais para o impedimento desse conteúdo. Gostaríamos de solicitar sua
autorização para efetuar a gravação de voz e/ou o registro de fotos e/ou vídeos, concedida
mediante o compromisso dos pesquisadores acima citados com os seguintes direitos:
1. Ter acesso às fotos e/ou vídeos e/ou à gravação e transcrição dos áudios;
2. Ter a garantia que as fotos e/ou vídeos e/ou áudios coletadas serão usadas
exclusivamente para gerar informações para a pesquisa aqui relatada e outras publicações
dela decorrentes, quais sejam: revistas e eventos científicos;
3. Não ter a identificação revelada em nenhuma das vias de publicação das informações
geradas, utilizando mecanismos para este fim (tarjas, distorção da imagem, distorção da
voz, entre outros).
4. Ter as fotos e/ou vídeos e/ou áudios obtidos de forma a resguardar a privacidade e
minimizar constrangimentos;
5. Ter liberdade para interromper a participação na pesquisa a qualquer momento e/ou
solicitar a posse das fotos e/ou vídeos.
Você não é obrigado a permitir o uso das suas fotos e/ou vídeos e/ou áudios, porém,
caso aceite, será de forma gratuita mesmo que imagens sejam utilizadas em publicações de
livros, revistas ou outros documentos científicos.
As fotos e/ou vídeos e/ou áudios coletados serão: A utilização imagens e vídeos se
farão presente nos momentos de aulas, pra registrar toda vivência.

Consentimento de Autorização de Uso de Imagens (fotos e/ou vídeos)


Após ter sido esclarecido sobre as condições para a minha participação no estudo,
eu, _______________________________________________________ autorizo o uso de:
( ) Minhas imagens (fotos e/ou vídeos)
( ) minha voz
( ) minhas imagens (fotos e/ou vídeos) e minha voz

____________________________ Guarabira, ____/____ /_______


Assinatura do participante da pesquisa
______________________________
Assinatura do pesquisador
Impressão
datiloscópica
do participante

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