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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE DESPORTOS - CDS


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CURSO EDUCAÇÃO FÍSICA

Ana Cláudia Wolff

CORPO DE DOUTRINA DO JUDÔ E AS CONCEPÇÕES METODOLÓGICAS:


O que abordam autores científicos

Florianópolis
2020
Ana Cláudia Wolff

CORPO DE DOUTRINA DO JUDÔ E AS CONCEPÇÕES METODOLÓGICAS:


O que abordam autores científicos

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em


Educação Física do Centro de Desportos da
Universidade Federal de Santa Catarina como requisito
para a obtenção do título de Licenciada em Educação
Física.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Luiz Cardoso

Florianópolis
2020
CORPO DE DOUTRINA DO JUDÔ E AS CONCEPÇÕES METODOLÓGICAS:
O que abordam autores científicos

Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
“Licenciada em Educação Física” e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora.

Florianópolis, 04 de dezembro de 2020.

________________________
Prof. Carlos Luiz Cardoso
Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________
Prof. Carlos Luiz Cardoso
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Prof. Matheus Correa da Rosa
Examinador Titular

________________________
Prof. Rafael Kons
Examinador Titular

________________________
Profª. Daniele Detanico
Examinadora Suplente

AGRADECIMENTO
A todos os mestres, graduados e professores que tive a oportunidade de vivenciar seus
ensinos até hoje em minha vida, desde anos iniciais até nos processos acadêmicos, que de
alguma forma, a partir de seus ensinamentos, construí princípios e perceptiva de vida, que
assim desejo, que através deste trabalho, sensibilize olhares interessados em possibilitar essas
perspectivas. A todos os professores acadêmicos em especial a Daniele Detanico e Rafael
Kunz que em um período do processo acadêmico absorvi muitos conhecimentos e
experiências que fizeram parte da afirmação para a escolha desse tema específico de pesquisa.
A Universidade Federal de Santa Catarina, ao departamento de educação física, que
significativamente fez parte do meu processo e possibilitou vivências e experiências para
agregar aos meus conhecimentos, profissionalismo e parte da minha essência.
Aos meus pais, irmãos e amigos, que me incentivaram e me apoiaram durante o
processo acadêmico e estiveram ao meu lado independentes dos momentos. Em especial
gostaria de agradecer a três pessoas que foram pilares para conclusão da pesquisa e do
processo de formação em licenciatura e, sendo eles Giovana Bernardo, Matheus Corrêa e
Anderson Bento, agradeço profundamente pelos incentivos e apoios durante todos esses
ciclos. E meu orientador que entre idas e vindas dessa jornada, esteve ao meu lado, me ajudou
a organizar toda uma avalanche de informações que gostaria de passar nessa pesquisa e
acreditou que eu concluiria esse processo.

RESUMO
O presente trabalho contextualiza-se no âmbito escolar, na disciplina de educação física e na
prática de esportes como ferramenta pedagógica. Objetivo é expor através de concepções e
experiências de autores com o judô, uma forma a consolidar um ensino metodológico-
pedagógico. Este trabalho é sustentado pela abordagem de ensino crítico-emancipatório e
crítico-superadora. E justifica-se através das possibilidades e relevância de integrar as
lutas/Judô nas aulas de educação física, fugindo dos preceitos negativos dados a sua prática,
portanto caracteriza-se como uma revisão bibliográfica. O estudo é baseado principalmente
nas ideias de Elenor Kunz e Coletivo de Autores, as quais se sustentam nas abordagens
crítico-emancipatório e crítico-superadora e de outros autores que abordaram o judô em suas
pesquisas, como forma de concluir e sustentar a ideia de incluir judô nas aulas de educação
física. Este estudo aprofunda o processo de discussão sobre lutas/Judô nas aulas de educação
física.

Palavras-chave: Corpo de doutrina do judô. Educação Física escolar. Concepções


metodológicas.
ABSTRACT

This work is contextualized in the school environment, in the discipline of physical education
and in the practice of sports as a pedagogical tool. The objective is to expose through
conceptions and experience of authors with judo in order to consolidate for pedagogical
methodological teaching. This work is supported by the emancipatory critical teaching
approach. And it is justified through the possibilities and relevance of integrating
struggles/Judo in physical education classes, fleeing from the negative precepts given to its
practice. Characterized by a bibliographic review. This study is mainly based on the ideas of
Elenor Kunz and COLLECTIVE OF AUTHORS who are based on critical-emancipatory and
critical-blowing approaches and other authors who have addressed judo in their research. It is
expected with this study to deepen the process of discussion about struggles/Judo in physical
education classes.

Keywords: Body of judo doctrine. Physical education school. Methodological conceptions.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Unidades temáticas e objetos de conhecimento 8º e 9º ano do ensino 31

Figura 2 - Unidades temáticas e objetos de conhecimento 8º e 9º ano do ensino 31

Figura 3 - Habilidades objetivadas no 8º e 9º ano do ensino fundamental 32

Figura 4 - Habilidades objetivadas no 8º e 9º ano do ensino fundamental. 32

Figura 5 - Habilidades objetivadas no 8º e 9º ano do ensino fundamental. 32

Figura 6 - Habilidades da Educação Física 34


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior


BNCC – Base Nacional Comum Curricular
FEF – Faculdade de Educação Física
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
PNE – Plano Nacional da Educação
PPP – Projeto Político Pedagógico
RBCE – Revista Brasileira de Ciência do Esporte
RBEF – Revista Brasileira de Educação Física e Esporte
SOE – Serviço de Orientação Educacional
UFG – Universidade Federal de Goiás
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 11
1.1 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA 14

1.2 OBJETIVOS 14

1.2.1 Objetivo Geral: 14

1.2.2 Objetivos Específicos: 14

2 JUSTIFICATIVA 15
3 METODOLOGIA 16
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20
4.1 JUDÔ E SUAS FILOSOFIAS E PRINCÍPIOS 20

4.2 LUTAS/JUDÔ NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 26

4.2.1 As abordagens críticas da Educação Física Escolar 26

4.2.2 Aspectos legais: o que abordam os documentos normativos em relação às


lutas e o judô na escola 29

4.2.2.1 Plano Nacional da Educação (PNE) 29

4.2.2.2 LDB (Lei de Diretrizes e Bases) 30

4.2.2.3 Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 30

4.2.2.4 PCN’s 31

4.2.2.5 Plano de Ensino Estadual e Municipal de Santa Catarina 32

4.2.2.6 PPP – Projetos Políticos Pedagógicos 33

4.2.3 Etapas da Educação 33

4.2.3.1 Judô na educação infantil 34

4.2.3.2 O judô no ensino fundamental 36

4.2.3.3 O judô no ensino médio 39

4.3 Judô como conteúdo da educação física: experiências significativas 41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 50
REFERÊNCIAS 51
11

1. INTRODUÇÃO

O conjunto de propostas para o ensino e aprendizagem desde as fases iniciais até o


ensino médio é descomunal. A escolha dos temas abordados geralmente é estabelecida de
acordo com os PPPs (Projetos Político-Pedagógicos) da instituição, junto com os métodos de
ensino, planejados pelos professores e também pelos documentos governamentais, que
ajudam no desenvolvimento infantil e de adolescentes, como a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB), Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Parâmetro Nacional Curricular
(PCNs) e Plano Nacional da Educação (PNE). Com isso se observa questionamentos sobre
quais temas devem ser abordados no ensino-aprendizagem. “Discussões sobre conhecimento,
verdade, poder e identidade marcam, invariavelmente, as discussões sobre questões
curriculares” (SILVA, 1999). O que aponta a indispensável ampliação ou direcionamento de
outras áreas para os eixos de educação do Brasil, considerando assim os conhecimentos
adquiridos na escola como um bem comum à sociedade e aos estudantes.
De acordo com Coletivo de Autores (1992) e Kunz (2004), tendo em vista o
desenvolvimento integral dos alunos, analisando a realidade sociocultural desses é que a partir
desse momento se pode fazer uma construção conjunta entre sujeito e instituição, que
determina os conteúdos a serem desenvolvidos no âmbito escolar, possibilitando abordar
diversos conteúdos de aprendizagem.
Através desta pesquisa com base na prática do judô incluso nas aulas de educação
física, realizou um estudo para compreender se há uma relevância no ensino do judô, sua
filosofia e entendimento dessa cultura nas aulas de educação física escolar, seguindo o que
abordam os autores científicos. Observando pontos cruciais para que se reflita sobre a
implantação do judô nas aulas de educação física e o uso da sua filosofia como método de
ensino, agregando assim, conhecimentos históricos, culturais e experiências que despertam
questionamentos dos estudantes, como indivíduo crítico e autônomo.
O judô foi criado por Jigoro Kano, depois de um processo de estudos, análises e
sínteses das melhores técnicas de outras lutas, principalmente do jiu-jitsu. 1882 criou a escola
KODOKAN onde começou a difundir sua arte, onde o objetivo na luta era e é baseada na
utilização racional da energia humana, melhor forma de combater seu oponente com o
mínimo esforço. O judô chegou ao Brasil em 1920, quando cerca de cento e noventa mil
imigrantes japoneses vieram para o país. Em 1958 fundou-se a federação de judô no Brasil,
sendo ela a Federação Paulista de Judô. Hoje no Brasil é uma prática cultural esportiva muito
difundida, e segundo os autores Queiroz (2010) e Gomes (2008), as lutas/judô devem fazer
parte do ensino aprendizagem nas aulas de educação física, devido às diversas possibilidades
de aprendizagem que se estabelecem, ao considerar as dimensões cognitivas, motoras,
sociocultural e autocrítica.
Brasil (2011), diz que há uma relevância na presença dos conteúdos de lutas/judô nas
aulas de educação física, explorando as possibilidades de sua finalidade pedagógica desde as
séries iniciais do ensino infantil, sendo também fortemente aparentados como conteúdos da
educação física pelos PCNs. Este trabalho se refere aos PCNs e outras diretrizes
governamentais para ressaltar que as lutas/ judô estão pautadas como conteúdos da educação
física escolar.
Para compreender o judô como um elemento da cultura de movimento, do se-
movimentar humano, sendo a sustentação dessa cultura todas as atividades do movimento
humano, tanto no esporte, como em atividades fora âmbito escolar e no seu cotidiano,
concordamos com Kunz (2004, p.19), que ressalta “A pedagogia que estuda os esportes para a
educação física deve estudar o homem que se movimenta, relacionando a todas as formas de
manifestação deste se-movimentar, tanto no campo dos esportes sistematizado, como no
mundo do movimento, mundo vivido que não abrange o sistema esportivo. Ou seja, na
família, no contexto onde vive, no trabalho, etc..., pois o homem continua um ser que se
movimenta mesmo quando ele age fora dos contextos materiais previamente estabelecidos
para a prática do esporte”.

Kunz (2004 apud DIETRICH; LANDAU, 1990, p. 88) compartilha desse ponto de
vista ao afirmar que todas essas atividades do movimento humano [...] pertencem ao mundo
do se-movimentar humano, o que o homem por esse meio produz ou cria, de acordo com sua
conduta, seu comportamento e mesmo as resistências que se oferecem a essas condutas e
ações, “tudo isso podemos definir, como cultura do movimento”.
Lançanova, (2007) reforça dando ênfase nas lutas como parte dessa cultura de
movimento: "As lutas fazem parte da cultura do movimento humano. Sempre fizeram parte do
homem. Dentro de toda ação de defesa, contra uma fera ou um inimigo, ou de ataque, como a
caça ou o combate na guerra, usando o corpo ou armas, está presente na luta, de formação
organizada como as modalidades conhecida, ou instintiva, e manada da necessidade do ser
humano em proteger o seu próprio corpo”.
A escola sendo considerado um dos meios mais influenciadores à formação humana
pode-se concluir que é nesse meio que os estudantes tendem a ter acesso a todos os
conhecimentos possíveis em suas fases de ensino. Assim, a Educação Física faz parte desse
acesso ao conhecimento e deve proporcionar o máximo de aprendizagens e conhecimento e
com isso os seus conteúdos sejam indispensáveis nos Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs)
das escolas.
Vemos que as diversas práticas culturais fazem parte dos métodos de ensino, as quais
deveriam ser de ênfase, pois agrega todos os conhecimentos gerais sobre culturas diversas,
esportes diferentes e até mesmo empatia pelo outro. Isso acontece ao conhecer mais das outras
pessoas e suas culturas e se cria afinidade com o próximo, tornando-os seres de
conhecimentos. A essa forma de educação se diz “cabe-lhe formar o cidadão crítico e
consciente da realidade em que vive, para poder nela intervir na direção dos seus interesses de
classes” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 36). Portanto, o judô, estando inserido como
esporte e cultura podem ser tratados como ferramenta nos conhecimentos escolares. A partir
do olhar das abordagens pedagógicas crítico-superadora e crítico-emancipatória, que levam à
formação de indivíduos livres e críticos, o judô torna-se uma prática cultural importante, ou
seja, um dos conteúdos que podem ser tratados nas aulas de Educação Física na escola.
Para Medina (1989, p. 32) “o judô foi, entre nós, totalmente despojado dos seus
significados culturais, recebendo um tratamento exclusivamente técnico” Tal afirmação causa
dificuldades de compreensão dos limites e possibilidades que o judô assume como um
elemento da cultura de movimento. Com isso o judô passa a ser recebido como esporte de alto
rendimento e que o mesmo não pode ou não é relacionado com as aulas de educação. E às
vezes também não traz relevâncias para a mesma. Esse ponto de vista também se vê dentro de
uma avaliação para abordagem do judô nas aulas de educação física.
Portanto, entendendo o judô como cultura, argumentamos: há uma relevância ao
englobar o judô/lutas na Educação Física Escolar? Pensando nos processos de aprendizagem
escolares, nos objetivos a serem alcançados durante a aprendizagem, analisando fontes e
pesquisas com base em autores científicos que aplicaram o judô nas aulas de educação física
ou projetos educacionais, que estudaram o judô e suas possibilidades, buscou-se então
responder tal indagação.
Para esta pesquisa, buscamos analisar as fontes de forma qualitativa, atrelando
significados, tendo como procedimentos uma análise documental (leis, bases e planos
norteadores da educação brasileira) e revisão de literatura (artigos, teses, dissertações,
monografias e livros).

1.1 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA


Judô e educação física escolar.
Quais as relações do corpo de doutrina do Judô com os princípios metodológicos
didático-pedagógicos das aulas de educação física?

1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral:
Relacionar o corpo de doutrina do judô com os princípios metodológicos didático-
pedagógicos que autores científicos identificam com as aulas de educação física.

1.2.2 Objetivos Específicos:


1) Compreender se á uma relação relevante do judô como conteúdo das aulas de
educação física;
2) Identificar quais as relações do judô/lutas com os conteúdos das aulas de
educação física; e
3) Analisar quais as percepções acerca dos limites e possibilidades para abordar
o conteúdo judô nas aulas de educação física.
2 JUSTIFICATIVA
As justificativas para a realização desse projeto estão apoiadas em duas proposições:
a) reforçar e justificar a opção pelo tema já citado através de estudos científicos e a
necessidade de um aprofundamento teórico-metodológico acerca deste assunto; e b) organizar
um documento que estimule a prática do judô como conteúdo da educação física escolar.
Em relação à primeira suposição, cabe justificar que a opção em reforçar esta
proposta, é por existir uma matriz teórica que traz pontos relevantes do judô como prática
pedagógica. Consideramos que estes pontos discutem com relevância posições filosóficas,
sociais, políticas e educacionais, devidamente organizadas, que auxiliam os professores para
intervenção do tema na área de educação física. É um aprofundamento teórico-metodológico,
pois em nosso ponto de vista, existem vários equívocos em relação à interpretação desta
temática. Esse equívoco é até mesmo citado por Medina (1989, p.76), que afirma que “o judô
foi, entre nós, totalmente despojado dos seus significados culturais, recebendo um tratamento
exclusivamente técnico”. Tal afirmação provoca, assim, dificuldades de entendimento acerca
dos limites e possibilidades que o judô assume como um elemento da cultura de movimento.
Então, por esses equívocos, nosso trabalho tem o intuito de desconstruir também essa ideia de
Judô como esporte técnico.
Em relação ao segundo ponto, considero ser de fundamental importância à
organização dos elementos que constituem o judô, para que estes elementos incentivem uma
prática educacional conjunta. Portanto, estes são os pontos mais relevantes para escolha da
temática por trás das minhas justificativas acadêmicas e sociais.
Sempre estive envolvida em esportes, desde minha infância até durante meu período
acadêmico e os que mais me aproximei e me identifiquei, foram às lutas: judô, jiu-jitsu e
capoeira. Em meus estágios e experiências acadêmicas, sempre buscava trabalhar o judô ou a
capoeira por identificar nessas lutas pontos relevantes que trabalhassem o desenvolvimento
social e crítico das crianças. É por esses motivos que vimos desenvolver esse material, com o
intuito de buscar por outros autores e suas ideias e experiências, que envolvem o judô e as
aulas de educação física, aconselhando os pontos positivos e negativos dessa relação, e assim
agregar esses conhecimentos para a área acadêmica de educação física e educação escolar.
3 METODOLOGIA
O presente estudo é caracterizado como uma pesquisa qualitativa que está baseada
nas ciências sociais e que segundo Minayo (2002, p. 21) é um tipo de pesquisa que se
preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificada,
Ou seja, ela trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações de
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis.

Essa pesquisa utiliza fontes e documentos originais, materiais já elaborados,


constituídos principalmente de livros e artigos científicos, caracterizando uma pesquisa
bibliográfica, que descreve o contexto, a partir da revisão de literatura, e que se concentra em
trabalhos e estudos já desenvolvidos e analisados (GIL, 2008). Desta forma, a coleta de dados
ocorreu a partir das seguintes fontes: Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), Parâmetro Nacional Curricular (PCNs), Plano Nacional
da Educação (PNE) e Plano Político Pedagógico (PPP). Esses documentos foram obtidos nos
sites governamentais e instituições educacionais, e também foram encontradas as seguintes
reflexões:
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n. 9.394/1996, é um
conjunto de leis que regulamenta o sistema educacional brasileiro. A LDB propõe
concepções, valores e finalidade para educação brasileira, e pode-se considerar um documento
formado de referências que orientam de forma positiva as instituições de ensino.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normativo que define
o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagem essencial que todos os alunos devem
desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação básica (BNCC, 2019). A BNCC
se apoia em seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento que a educação básica deve
abordar nas práticas pedagógicas e nas competências gerais da educação básica. Sendo eles:
conviver, brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se.
Esses direitos asseguram na Educação Infantil, as condições para que as crianças
aprendem em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em
ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a
resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo
social e natural” (BNCC, 2019, p.38).

Segundo a BNCC, os campos de experiências constituem um arranjo curricular que


acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes,
entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são documentos referenciais para a
educação no Ensino Fundamental em todo o país. O objetivo é orientar os professores no
ensino, para que os alunos dominem os conhecimentos de que necessitam. Um dos objetivos
do Ministério da Educação e do Desporto, ao consolidar os Parâmetros, é apontar metas de
qualidade que ajudem o aluno a enfrentar o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo
e autônomo, conhecedor de seus direitos e deveres (PCN, educação física, Brasília, 1997).
Dentro desses preceitos, foram analisadas as orientações de perspectiva geral da área
de linguagem e específicas da Educação física. Junto a esses estudos específicos foram
realizadas a leitura do Plano Nacional de Educação (PNE), Lei n. 13.005, de 25 de junho de
2014, documento com validade de 10 anos que determina metas e estratégias para realizá-las
dentro deste período, as quais tem o objetivo de melhorar a qualidade da educação, dando
foco para atender as necessidades e suprir as carências educacionais do país.
Tendo esse conhecimento acima referido, foram feitos estudos dos Planos de ensino
Estadual e Municipal de Santa Catarina. Esses planos têm o intuito de mostrar o que cada
período de ensino deve abranger no seu desenvolvimento. Por exemplo, no ensino infantil, as
crianças devem se sentir acolhidas, por serem seus primeiros passos dentro da área de
educação, com isso devem começar a conhecer o que é o mundo. São planos que buscam que
os alunos desenvolvam autonomia em suas decisões e ser um indivíduo autônomo e crítico na
sociedade.
Para aprofundar a pesquisa sobre cada documento que aborda a educação escolar,
foram analisados alguns Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) de instituições de
Florianópolis, SC. São documentos criados especificamente dentro de cada instituição
educacional, são planejados com intuito de organizar o que será desenvolvido na instituição,
como serão realizados os eventos e criar processos de atendimento e usos das áreas dentro da
instituição. É nesse documento que geralmente encontramos o que será desenvolvido nas
disciplinas, porém os projetos que foram estudados a maioria deles no tópico que diz a
respeitos aos conteúdos a serem desenvolvidos, acabam por citar a somente Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), sem dar uma devida explicação e qual o objetivo para cada
disciplina e tema abordado, e também sobre o tempo de estudos.
A seguir descrevo o desenvolvimento na seleção de informações. Quanto à análise
documental, foi selecionada informações a partir das seguintes categorias de análise: currículo
escolar, área de linguagem, educação física, esportes, práticas corporais alternativas e judô.
Após leituras sucessivas e sistemáticas, foram realizadas análises individuais sobre o
conteúdo de cada um dos documentos (LDB, BNCC, PCNs, PNE, PPP). Essa análise tem o
intuito de trazer pontos e relações entre esses documentos.
Juntos a essas leituras e estudos, realizou-se uma revisão de literatura nas áreas: judô
e esporte; história do judô; currículo escolar brasileiro; conteúdos escolares; cultura escolar;
esporte na escola; educação física; práticas pedagógicas; abordagens pedagógicas da educação
física; práticas corporais na escola; judô na escola; judô e educação física escolar; judô; lutas
na escola; lutas na educação física; lutas como minimização das violências escolares; lutas e
violência; lutas como auxílio no desenvolvimento da autonomia; lutas e crianças com
deficiências; judô e suas filosofias; pedagógicas do judô; escola e sociedade; escola e padrões
de metodologia.
Os documentos encontrados que envolvem artigos, teses, dissertações, monografias,
livros e revistas eletrônicas foram arquivados e passaram por um processo de fichamento que
os caracteriza e separa os conteúdos principais da seguinte forma: título, resumo, referências e
citações relevantes sobre o assunto abordado. Esse processo é um meio de facilitar a leitura e
utilização desses documentos no desenvolvimento da monografia, possibilitando um melhor
aproveitamento das fontes literárias primárias e os documentos filtrados. Foram analisados
artigos e livros em português, inglês e em espanhol.
Os documentos encontrados e fichados, que auxiliaram no desenvolvimento dos
assuntos, foram retirados do portal de periódicos CAPES Scielo, Google Acadêmico, sites
governamentais, sites de educação e de revistas online da educação física, como RBCE
(Revista Brasileira de Ciência do Esporte), Recorde (Revista de História do Esporte), Motriz
(Revista de Educação Física) e RBEF (Revista Brasileira de Educação Física e Esporte). O
número de plataformas utilizadas teve um número considerável, visto a redução de artigos,
teses e dissertações que abordam sobre o judô incluso nas aulas de educação física. Diante
das buscas e análises, a revisão mostra que os estudos sobre esse esporte dentro do contexto
educacional ainda são pouco visados, apesar da popularidade do esporte.
Para agregar os materiais, utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin que tem como
objetivo “a manipulação de mensagens (conteúdos e expressão desse conteúdo), para
evidenciar os indicadores que permitam inferir sobre outra realidade que não a da
mensagem” (BARDIN, 1997, p. 46).
Em outras palavras, temos que atentar para as seguintes palavras de Moraes (1999):
[...] A compreensão do contexto evidencia-se como indispensável para entender o
texto. A mensagem da comunicação é simbólica para entender os significados de um
texto, portanto, é preciso levar o contexto em consideração. É preciso considerar,
além do conteúdo explícito, o autor, o destinatário e as formas de codificação e
transmissão da mensagem (p. 3).

Desta forma, segundo Moraes (1999, p. 3) “a análise de conteúdo, é uma


interpretação pessoal por parte do pesquisador com relação à percepção que tem dos dados.
Não é possível uma leitura neutra. Toda leitura se constitui numa interpretação.” O tema
abordado é uma junção de expectativas sobre como agregar mais temas diferentes nas aulas
de educação física escolar, visando alternativas que o esporte oferece no desenvolvimento
pessoal, intelectual e autônomo das crianças e adolescentes, bem como o interesse, vivências
e credibilidade da autora no esporte. Com isso, o contexto utilizado para realizar a pesquisa
foi uma pesquisa realizada em escolas e também projetos sociais vinculados às instituições
educacionais.
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 JUDÔ: SUAS FILOSOFIAS E PRINCÍPIOS

O Japão durante séculos viveu isolado do resto do mundo, contudo no séc. XVIII
existiram drásticas mudanças a nível político e económico que obrigaram o país a abrir os
seus portos e postos comerciais aos comerciantes além mar. Até aqui o Jujutsu era um tipo de
luta bastante frequente entre camponeses e samurais como forma de defender os seus
interesses, para isso eles lutavam aplicando golpes, sem recursos a armas, que poderiam levar
à morte. Através do contato com outros povos e países o Japão evolui, ultrapassando a Era
dos samurais, e a necessidade de praticar golpes que levassem à morte deixou de fazer
sentido. (SANTOS, 2014. p 18.).
Jigoro Kano professor de educação física que buscava por uma prática baseada na
utilização racional da energia humana, melhor forma de combater seu oponente com o
mínimo esforço. Após muitos estudos e análises 1882, Kano elabora um novo métodos, um
sistema de educação física e formação de caráter, baseada no jujutsu (SANTOS, 2014. p. 19
apud. MAÇANEIRO, 2012). Fez sínteses das melhores técnicas, eliminou práticas perigosas,
aperfeiçoou a maneira de cair, criou vestimentas adequadas e confortáveis, incluiu mulheres e
crianças nas práticas e chamou a prática de JUDÔ que significa “caminho suave”. Em 1882
criou sua escola chamada KODOKAN, onde começou a difundir a prática. No final da década
de 1920, o Brasil recebeu cerca de cento e noventa mil imigrantes japoneses os quais
trouxeram o judô e sua maior difusão se deu em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em 1958
fundou-se a Federação de Judô no Brasil, sendo ela a Federação Paulista de Judô.
Dentre tantas lutas praticadas, a ênfase é no judô e seus princípios, pois dela se pode
de alguma maneira absorver pontos que auxiliam no desenvolvimento social, interpessoal,
autônomo e motor. SANTOS (2013, apud Monahan 2007), as artes marciais utilizam
dinamicamente vários testes de si mesmo, através de um sistema de acertos e erros, e sempre
propõem ao artista alcançar o princípio de “ser o que é”. Todas as suas ações terão uma
reação reflexiva que fará o aluno pensar nas suas atitudes e resultados que ela lhe propôs.

FILOSOFIAS
O judô tem seus princípios e máximas sustentadas por filosofias que fazem parte da
cultura religiosa e do modo de vida do povo japonês, sendo uma combinação dos preceitos do
Budismo, Xintoísmo, Confucionismo e do Taoísmo. Tendo ciência da dificuldade de
sintetizar o conteúdo de cada uma dessas vertentes, tendo em vista a riqueza e a profundidade
das mesmas, apresenta-se de forma sucinta para que auxilie no entendimento dos pressupostos
teóricos intrínsecos da cultura oriental e suas conjecturas que deram origem a várias artes
marciais, inclusive aos ensinamentos de Jigoro Kano.

BUDISMO
O Budismo é considerado uma religião sincretista, que provém da fusão de outras
pessoas na prática dessa religião. Buda, o condutor dessa religião não é visto como Deus,
permitindo a seus seguidores o convívio com outras religiões, sendo considerado o Budismo
uma filosofia de vida, que busca condicionar a mente de maneira a levá-la à paz, sabedoria,
alegria, serenidade e liberdade, de tal maneira que conseguindo compreender a verdade
integral da vida, se libertando da ignorância, e acabando definitivamente com o sofrimento e
as frustrações, adquirindo uma paz permanente e imoral (SANTOS 2014 apud RINPOCHE,
1999). A partir desse ponto de vista, o objetivo do budismo é fazer com que as pessoas
libertem-se de seus sofrimentos e encontrem a felicidade.
O ensinamento do Budismo está apoiado em 4 verdades nobres, que estão vinculadas ao
sofrimento humano, sendo a quarta, denominada de “O nobre caminho óctuplo”, uma prática
de oito passos, para conduzir as pessoas à felicidade. Não será especificada cada uma das
nobres verdades, apenas o conhecimento das nomenclaturas e superficialmente sua ideia.
Conforme SANTOS (2014, p. 27), as nobres verdades são conhecidas como:
1° A nobre verdade do sofrimento, que diz sobre todo o sofrimento, assim como toda
felicidade, está na própria mente, se entende que você mesmo e o que você cria em seus
pensamentos te levam a sofrer por algo ou alguém.
2° A nobre verdade da causa do sofrimento, onde vários fatores geram o sofrimento, como a
ignorância, o desejo, o apego, a cobiça, o ódio e a ilusão.
3° A nobre verdade da extinção da causa do sofrimento, estado que a pessoa consegue
extinguir fatores que causam o sofrimento, assim irá se desapegar e libertar-se dos
sofrimentos.
4° Aquela que leva à extinção do sofrimento nomeada A nobre verdade da senda que leva à
extinção do sofrimento, sendo os oitos passos para a felicidade, oito atitudes que são
instrumentos práticos, que colocados em nossas vidas, para equilíbrio e liberdade do apego e
aproximação da felicidade eterna.

Esses oitos passos consistem em:


1° Palavra correta: pensar antes falar;
2° Ação correta: todos os atos são uma consequência;
3° Meio de vida correto: jamais explorar o próximo para obter sucesso;
4° Reto esforço: o ser humano deve se esforçar, ser persistente e determinado independente da
área de trabalho;
5° Reta atenção: cuidado com a mente, estar atento para que a atuação seja sempre para o bem;
6° Reta concentração: aquela que advém da prática de meditação, cujos obstáculos para tal são
a ira, a luxúria, a agitação e a preguiça;
7° Reta compreensão: saber interpretar todas as coisas de forma coerente e não conveniente; e
8° Reto pensamento: Todos os pensamentos voltados na renúncia, no desapego e sempre
pensar pelo lado bom.

É por meio da meditação que elevamos todas essas ações para nosso cotidiano,
desenvolvendo o esforço correto para conseguir controlar a mente e evitando pensamentos
negativos. SANTOS (2014, p.28) faz uma analogia sobre a utilização do Budismo para prática
do judô:
Entende-se a questão ideológica de Jigoro Kano, quando ele argumentava ser o judô
uma forma de educação. Suas colocações de que a prática era para o
desenvolvimento da vontade e da moral, bem como meio autodomínio
e autoconhecimento, são inerentes ao óctuplo do conhecimento.

A partir desse ponto de vista se observa a relação do judô com o Budismo e assim
intrínseco nas atitudes tanto dentro quanto fora do dojo dos praticantes, sendo incentivados a
terem pensamentos e atitudes positivas, sempre se voltando para o bem comum a todos.

XINTOÍSMO
É uma religião praticada apenas no Japão, não por ser criada nos pais, mas pela prática
ser fluentemente forte no Japão. O Xintoísmo foi criado antes do Budismo, não possui um
fundador específico, livro sagrado, dogmas ou códigos morais, ao contrário da maior parte de
credos contemporâneos. Xinto significa “caminhos dos Deuses”, assim os que seguem o
Xintoísmo acreditam em seres divinos chamados de kami, que podem se hospedar em tudo
que existe, como árvores, rios, montes e naturalmente, nos antepassados. Acredita assim, que
tudo no universo é divino, interligado e interdependente, com isso na concepção do xintoísta,
o ser humano não pode viver em luta com a natureza, prática que explica o comportamento
respeitoso de boa parte do povo japonês.
O Xintoísmo segue três princípios, sendo o primeiro Musubi que indica solidariedade
e a harmonia, que devem unir entre si os membros de um grupo e família. O segundo é o
Makoto, que é a humildade e agradecimento de um ser humano ao encontrar-se com os kami e
resultam em virtudes como o amor, a piedade, a lealdade e a felicidade. E o terceiro
Tsunagari, que é o caminho da continuidade e relatividade, significa que todos devem
participar na família, na cidade, no país para conseguir a paz, o bem estar, o progresso e a
tolerância universal. (SANTOS, 2014, p. 30).
TAOÍSMO
É uma religião na qual o homem deve viver em harmonia com a natureza, pois faz
parte dela, buscam viver a vida de maneira mais simples possível, devem evitar todo o tipo de
obrigação, vivendo da forma mais espontânea e meditativa, voltada à natureza. Os que são
adeptos ao taoísmo, seguem a busca pelo Tao, que significa caminho, e representa a força do
universo. Acreditam que a sabedoria do Tao é a única fonte do universo onde a vida é regida
por dois elementos: o Yin (feminino) e o Yang (masculino), eles se contemplam para gerar o
equilíbrio. O taoísmo é um conjunto de crenças que envolvem práticas e ensinamentos que
guiam a vida daqueles que seguem o taoísmo, sendo assim considerada uma filosofia de vida.
As bases do Taoísmo estão apresentadas em seis conceitos fundamentais:
1° é a contemplação a natureza,
2° é não agir, tendo a ideia de pensar antes de agir ou não ter reação pois através do não agir se
encontra a paz e o equilíbrio.
3° Suavidade, sendo considerada mais eficiente do que a força.
4° é a humildade,
5° generosidade; e
6° é não violência.

Contemplando esses princípios se alcança a felicidade, paz e equilíbrio.

CONFUCIONISMO
O Confucionismo é uma doutrina do pensador chinês Koung Fou Tseu (Confúcio),
que mescla filosofia, ideologia, política, sociedade e religiosidade, uma doutrina oficial da
China durante quase dois mil anos, do século II até o século XX. Na filosofia de Confúcio não
há um Deus, unidade criadora ou até mesmo templos e igrejas, sua doutrina fundamenta-se
pela busca pelo Tao, harmonia da vida e do mundo. Confúcio conduzia sua doutrina fazendo
uma mescla de cultos religiosos mais antigos da China, apresentando para as pessoas como
deveriam se comportar e conduzir sua espiritualidade para obter a harmonia e felicidade. A
doutrina de Confúcio, segundo Santos (2014), se resume a uma só coisa, que abrange tudo:
toda sabedoria consiste em aperfeiçoar a si mesmo e amar aos outros como a si mesmo.
Somente aquele que respeitar o próximo é capaz de desempenhar seus deveres sociais. Para
Confúcio é por meio da educação que o indivíduo se transforma e se eleva.
Fazendo uma convergência entre a prática do judô e as filosofias que o norteiam
conseguimos compreender a questão ideológica de Jigoro Kano quando ele argumentava ser o
judô uma forma de educação. Suas colocações de que a prática era para o desenvolvimento da
vontade e da moral, bem como meio de autodomínio e autoconhecimento, pontos que são
específicos do Budismo. Assim, como o que fica enfatizado do Xintoísmo na prática do judô é
a questão da hierarquia, a fidelidade ao mestre, o desenvolvimento do autocontrole, a
perseverança e a solidariedade. Muitos pressupostos do Taoísmo estão presentes nos
ensinamentos do judô, como a generosidade, que deve ser demonstrada a partir de princípios
Jita-Kyoei (prosperidade e benefício mútuos), assim como a humildade, suavidade, utilizada
com um dos princípios máximos do Judô Seiryoku Zenyo.
Sobre a doutrina de Confúcio, se observa claramente a utilização de tais preceitos
como forma de educação na prática do judô, onde há uma aproximação da formação de um
cavalheiro para atuação em sociedade, a partir desse ponto de vista é o que Jigoro Kano
sempre pregou na utilização do judô para formação de um cidadão, ou seja, de um judoca. Tal
como a pregação do confucionismo em suas rotinas, onde por meio da meditação, da oração
ou qualquer outro termo que se possa analisar nosso dia e concluir como se transcorreu, o que
aprenderam, quais foram os atos e se certificar de que a cada dia estamos nos tornando seres
humanos melhores.

PRINCÍPIOS E MÁXIMAS DO JUDÔ


A obtenção das qualidades necessárias ao judô tem como alicerce princípios
filosóficos definidos por Jigoro Kano onde ele mesmo ressalta "O judô pode ser resumido
como a elevação de uma simples técnica a um princípio de viver" (KANO, 1986). Judô vem
do antigo jujutsu, onde jitsu significa técnica e Do significa princípio ou caminho. Esses
princípios, quando se inicia a prática do judô, não são muitas vezes conscientemente
esclarecidos e compreendidos inicialmente, mas estão presentes em todos os atos e atividades
do praticante de judô. Porém, quando o praticante tiver fixado, e tomar consciência desses
princípios que norteiam o judô, irá observar que não são restritos ao Dojô e na luta, mas são
igualmente válidos em qualquer atividade da vida diária e quando se pretende atingir um
determinado objetivo.
Para compreender mais sobre os princípios e máximas que o judô traz para a luta e a
para a vida, veremos os princípios que inicia com o “JU” que significa suavidade. Suavidade
utilizada nos movimentos, atitudes e falas, sem ter que ser agressivo para obter a atenção do
oponente ou para alcançar objetivos na vida. A máxima SEIRYOKU-ZEN-YO, sendo a
máxima eficácia com o menor uso de energia. O princípio SEIRYOKU-ZEN-YO é a junção
do corpo-mente, onde se utilizará a mente para obter saídas e entradas dos movimentos, sem
ter que utilizar a força bruta. Pensar estratégias para enfrentar as dificuldades, observar os
espaços que podem ser utilizados para alcançar o objetivo. Esse princípio foi criado pelo
japonês Akyama Shirobei, e é chamado de “ceder para vencer”, do ponto de vista dentro da
luta e fora dela, é a melhor maneira de transpor obstáculos é não se opor a eles, mas pelo
contrário, ceder, adaptar-se, desviar seu objetivo é utilizá-lo de forma a não se desgastar,
preservando sua saúde mental e espiritual (SANTOS 2014).
A segunda máxima é JITA-KYOEI, princípio da prosperidade e benefício mútuo que
significa o bem-estar e benefícios mútuos. Praticar o judô traz para o corpo-mente uma junção
de atenção, respiração, concentração, movimentação e decisões que ocorrem durante a prática.
Também influência durante o cotidiano, onde a concentração e atenção fazem parte das suas
decisões diárias e a movimentação como a prática em si, traz benefícios ao corpo, desde
fortalecimentos, condicionamento e movimentação livre do corpo, sem dificuldades em se
movimentar em direções diferentes.
A meta final do JUDÔ KODOKAN é o aperfeiçoamento do indivíduo por si mesmo
(KANO, 1986), com isso Kano quis dizer que o indivíduo toma suas decisões e com isso
observa as reações advindas de suas ações e assim irá se desenvolver.
Existem nove princípios que compõem o judô, esses que marcam as maneiras de percorrer
o “suave caminho” (JUDÔ), sendo eles:
1. Conhecer-se é dominar-se, e dominar-se é triunfar;
2. Quem teme perder já está vencido;
3. Somente se aproxima da perfeição quem procura com constância, sabedoria e, sobretudo,
humildade.
4. Quando verificares que nada sabes, terás feito teu primeiro progresso na aprendizagem;
5. Nunca te orgulhes de ter vencido um adversário. Ao que venceste hoje, poderá derrotar-te
amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância;
6. O judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar;
7. O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam e paciência
para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes;
8. Saber cada dia um pouco mais, utilizando o saber para o bem. Esse é o caminho do
verdadeiro judoca; e
9. Praticar judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como educar o
corpo a obedecer com justeza. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão
com que se usa a inteligência.

Esses nove princípios são mais do que um conjunto, não são apenas os ensinamentos
fundamentais do judoca, mas sim as fases pelas quais ele passa desde como aprendiz até se
tornar um mestre. Importante ressaltar que resultam no ir e vir do Taoísmo, pois estamos
sempre aprendendo, onde os melhores mestres têm mestres.
Baseado em toda uma gama de estudos de Jigoro Kano, vê-se quantos benefícios se
pode alcançar mediante uma prática fundada em pressupostos teóricos, visando à formação de
judoca. Onde suas ações não estão firmadas somente para lutas de combates, mas também
para vida, em decisões, esforços, respeito pelo próximo, pela natureza, pelos mestres e pais.

4.2 LUTAS/JUDÔ NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

As lutas fazem parte do nosso aprendizado diariamente, tanto físico quanto moral. As
lutas diárias, sendo elas a par das dificuldades que encontramos no nosso cotidiano como
preconceitos, discriminações e relacionamento interpessoal, ou até mesmo relacionado à luta
de conquistas e perdas. Também as lutas físicas propriamente ditas, podendo elas estar dentro
de um contexto de competição, que vem crescendo ainda mais, sendo praticada como técnica
e competitiva ou de conteúdo de aulas para auxiliar na aprendizagem pedagógica.
Vendo por esse ponto de vista, podemos começar a analisar a relevância que as lutas
têm como conteúdos pedagógicos. Podendo ter uma importância filosófica que pode ser
estudada e praticada na escola, auxiliando na aprendizagem do aluno. Também podem servir
como ferramenta para os professores, agregando mais o seu desenvolvimento como
profissional da área.
Segundo Lançanova (2007, p. 8),
As lutas, como um ramo da educação física escolar, reúnem um conjunto de
conhecimentos e oportunidades que contribuem para o desenvolvimento integral do
educando. “Se considerado o seu potencial pedagógico, é um instrumento de enorme
valor, nas mãos do educador, por sua ação corporal exclusiva, sua natureza histórica,
e o rico acervo cultural que traz dos seus povos de origem”.

Assim, como ressaltado no início do trabalho, a afirmação de Lançanova (2007), que


diz que as lutas fazem parte da cultura de movimento, e do professor Kunz (2004), que diz
que a educação física estuda o se-movimentar humano, pode reconhecer que as lutas deveriam
estar integradas como conteúdo das aulas de educação física.
Porém, é raro encontrar aulas de educação física relacionadas ao judô ou outras lutas.
Silva (2012, apud FERREIRA, 2009) ao pesquisar sobre a utilização das lutas como conteúdo
das aulas de educação física, verificou que 68% dos professores no universo pesquisado, não
utilizavam as lutas como conteúdo em suas aulas. Com isso, as lutas, para ingressarem no
ambiente escolar têm se utilizado de programas e ações governamentais, que as incluem em
seus campos de atuação. Esse é um dos exemplos de estudo que mostra que as lutas são pouco
utilizadas nas aulas de educação física, porém com suas bases relevantes, elas tendem a se
inserir com mais frequências nas aulas e se tornar mais uma modalidade a ser escolhida como
conteúdo das aulas.
4.2.1 As abordagens críticas da Educação Física Escolar
A partir de leituras que são consideradas importantes obras da área da Educação
Física Escolar nomeada Metodologia do Ensino da Educação Física (COLETIVO DE
AUTORES, 1992) e Transformação Didático-Pedagógica do Esporte (KUNZ, 1996), buscou-
se interpretar duas abordagens pedagógicas. Com intuito da compreensão das proposições
pedagógicas do conteúdo do judô, como instrumento de ensino aprendizagem, considerando
que essas abordagens críticas foram utilizadas como base sustentadora para o
desenvolvimento deste trabalho.
Na Educação Física não se trata apenas de movimentos corporais, mas também de
linguagem corporal, coberto de significados, visto dessa maneira uma relação forte com as
concepções críticas da educação as quais estão fundamentadas na preocupação da exploração
do papel social da educação, com intervenções que sejam capazes de perceber as práticas
escolares, com base nas dimensões da compreensão, produção e reprodução, principalmente
da cultura.
À vista disso, Nogueira (2005, p. 204), diz que:
[...] uma técnica esportiva não é apenas uma forma de executar um movimento de
maneira mais eficiente, mas também é resultado das marcas sociais impressas no
corpo. Consequentemente, atuar sobre o corpo significa atuar sobre os princípios e
valores que regem determinada sociedade.

Atualmente, o que se introduz nas aulas de Educação Física Escolar está vinculado
ao conceito de cultura corporal de movimento, a qual condiz como o objeto de estudo e
intervenção, exercendo o papel de uma ferramenta fundamental que leva em consideração as
técnicas aprendidas culturalmente e que têm significados diferentes. Esses significados se
modificam de acordo com os sujeitos que vivenciam, e evidenciam a importância de tratar
distintas dimensões de um mesmo conhecimento. Na Educação Física Bracht (2003 apud
SOUZA JÚNIOR et al. 2011, p. 396). “[...] afirma que sua especificidade deverá se
relacionar, de forma direta, com a sua função social, nos remetendo às práticas corporais que
passam a ser entendidas como formas de comunicação que constroem cultura e é influenciada
por ela”.
Dessa maneira, a Educação Física Escolar, sendo um campo de conhecimento,
facilitadora na aplicação de métodos de temas variados, como de acordo com Betti (1992), o
que irá possibilitar a utilização de uma cultura corporal de movimento deve abranger os
âmbitos afetivos, sociais, cognitivos e motores, estando estes presentes nas aulas de Educação
Física. Ainda sobre esse assunto, diz-se que “(...) os conteúdos, presentes na cultura corporal
de movimento, são produções humanas carregadas de sentidos e significados” (ALVES, 2003,
p. 96). Possibilitando assim, efetivar como conteúdo para o ensino-aprendizagem o que diz
respeito à vida em sociedade, levando em consideração a realidade daqueles que nela se
encontram, fazendo com que se sintam comprometidos em absorver e apropriar-se de seus
conhecimentos.
A Educação Física atualmente tem seus métodos de ensino fundamentados em
diferentes abordagens de ensino. Apresento nesta pesquisa duas delas, considerando-as de
fundamental importância. Uma abordagem é a crítico-superadora e a outra crítico-
emancipatória. Ambas são apontadas na pesquisa, sendo base sustentadora de argumentação
às funções estabelecidas na Educação Física escolar e ao conteúdo pedagógico do judô.
A pedagogia crítico-superadora foi criada pelo coletivo de autores e está presente no
livro Metodologia do Ensino da Educação Física (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
Pedagogia que busca esclarecer através de questões epistemológicas e metodológicas os
conhecimentos que devem integrar o conteúdo e a forma de transmiti-los, além de conceituar
e afirmar a ideia de cultura corporal. Desenvolve-se um ensaio pedagógico acerca dos bens
produzidos pelos seres humanos ao longo da história, que são manifestados pelas expressões
corporais, sendo os principais objetos de ensino da educação física.
Essa abordagem pretende instigar o aluno a produzir suas próprias atividades
corporais, trazendo assim novos temas e conteúdos para a aprendizagem e seu sentido pessoal
dentro das próprias experiências de vida, e afirma que cada aluno é particular e, portanto,
possui seu ritmo para a aprendizagem (COLETIVO DE AUTORES, 1992). A partir da
perspectiva da compreensão crítico-superadora entende-se a aula:
[...] como um espaço intencionalmente organizado para possibilitar a direção da
apreensão, pelo aluno, do conhecimento específico da Educação Física e dos
diversos aspectos das suas práticas na realidade social. A aula, nesse sentido,
aproxima o aluno da percepção da totalidade das suas atividades, uma vez que lhe
permite articular uma ação (o que faz), com o pensamento sobre ela (o que pensa) e
com o sentido que dela tem (o que sente). (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.
62/63).

Outra abordagem é a crítico-emancipatória, que traz como abordagem principal a


cultura de movimento e “[...] precisa, na prática, estar acompanhada de uma didática
comunicativa, que se orienta pelo desenvolvimento de uma capacidade questionadora e
argumentativa consciente do aluno sobre os assuntos abordados em aula” (KUNZ, 2004). Ao
que foi afirmado, a linha de pensamento incita o processo educacional como necessariamente
atrelado às ações comunicativas, podendo-se presumir que no meio escolar essas ações devem
ser desenvolvidas, pois é essa didática comunicativa que “deverá fundamentar a função do
esclarecimento e da prevalência racional de todo agir educacional (KUNZ, 2004, p. 31)”.
Kunz (2004) também enfatiza sobre a questão da construção de pensamentos e reflexões
críticos, onde se aprende a desenvolver a capacidade de participar e problematizar a
construção dos significados e sentidos, visando à emancipação dos sujeitos.
O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua
participação na vida social, cultural e esportiva, o que significa a aquisição de uma
capacidade de ação funcional, mas também de reconhecer e problematizar sentidos e
significados nesta vida, através da reflexão crítica. (KUNZ, 2004, p. 31).

O autor sustenta em sua abordagem que a educação física deve visar à compreensão
dos Esportes pelo sentido de se-movimentar, portanto sendo estudadas, desenvolvidas e
construídas, desencadeando um processo de conhecimento do outro e de si. Kunz (1996, p.
144), objetiva “uma educação mais emancipadora, voltada para a formação da cidadania do
jovem do que de mera instrumentalização técnica para o trabalho”, sendo assim a aula torna-
se um espaço para a construção dos conhecimentos e não apenas a reprodução desses.

4.2.2 Aspectos legais: o que abordam os documentos normativos em relação às lutas e


o judô na escola

4.2.2.1 Plano Nacional da Educação (PNE)


Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014, o Plano Nacional da Educação (PNE),
estabelecedor das metas e estratégias que devem guiar as iniciativas acerca da educação no
país, seu principal objetivo é de conduzir a execução dessas metas da melhor forma possível,
para melhorar a qualidade da educação brasileira. O PNE estabelece 20 metas e as estratégias
para realizá-las, as quais cada unidade da federação deve elaborar especificidades
considerando as necessidades locais.
Levando em consideração a meta 2, estratégia 2.13 deve-se “promover atividades de
desenvolvimento e estímulo às habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um plano de
disseminação do desporto educacional e de desenvolvimento esportivo nacional” (BRASIL,
2014). Ao qual a educação física escolar tem um papel extremamente relevante. Através dela
temos também, meta 3, estratégia 3.4, que seja possível “garantir a fruição de bens e espaços
culturais, de forma regular, bem como a ampliação da prática desportiva, integrada ao
currículo escolar;” (BRASIL, 2014). Essa ampliação vai ao encontro com o que podemos
encontrar na BNCC que diz respeito à elaboração dos currículos e sua expansão.
4.2.2.2 LDB (Lei de Diretrizes e Bases)
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) é responsável também por regulamentar o sistema
educacional brasileiro, tanto público quanto privado. De acordo com Brasil (1996, p. 12) o
inciso IV do Art.9 “a União incumbir-se-á de:”.
IV – estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos.
Mínimos, de modo a assegurar formação básica comum. (BRASIL, 1996, p. 12)

Ou seja, estabelece a obrigatoriedade de conteúdos base ao currículo das instituições


educacionais nas suas diversas modalidades, ao passo de que não o torna restrito apenas a
esses conteúdos, tendo a liberdade de através de suas propostas pedagógicas ampliar a gama
de conhecimentos. Como descrito no
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino
médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de
ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida
pelas características regionais e locais da sociedade, da Cultura, da economia e dos
educandos. (BRASIL, 1996, p. 19)

4.2.2.3 Base Nacional Comum Curricular (BNCC)


É um documento de carácter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo
de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
modalidades de educação básica (BNCC).
Iniciando pela primeira etapa da educação básica a educação infantil, início do
processo de aprendizagem infantil. Nessa etapa a BNCC orienta que as estruturas das práticas
pedagógicas e as competências gerais da educação básica abordam seis direitos de
aprendizagens e desenvolvimentos, sendo eles: conviver, brincar, participar, explorar,
expressar e conhecer-se.
Esses direitos asseguram na Educação Infantil, as condições para que as crianças
aprendem em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as
convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam
construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural (BNCC, 2019).
Se conectando aos seis eixos de direitos na educação infantil, a BNCC traz junto ao
desenvolvimento educacional infantil cinco campos de experiência, dos quais são definidos os
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Segundo a BNCC, os campos de experiências
constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida
cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do
patrimônio cultural. Esses campos de experiência foram classificados seguindo a ideia das
experiências relacionadas com saberes e conhecimentos fundamentais que a criança irá
vivenciar.
Levando em consideração a extensão do território brasileiro, temos um país repleto
de diferenças e desigualdades, exaltando dessa forma a grande importância da BNCC, ela
torna o sistema educacional mais igualitário onde deixa claro o conhecimento geral que
devem ser seguidos por todas as instituições educacionais da nação e ao mesmo tempo abre a
possibilidade de levar em conta as singularidades tão encontradas na nossa realidade.
Seguindo as determinantes por ela estabelecidas, é também responsabilidade das
instituições de ensino criar sua autonomia de maneira competente, incluindo aos seus
currículos e propostas pedagógicas temas diversificados que estejam presentes na sociedade,
principalmente local, para que atendam às especificidades, para que todo o tipo de
conhecimento dali adquirido possa ser nitidamente percebido e, portanto, posto em prática.
“A escola, [...] deve fazer uma seleção dos conteúdos da Educação Física. Essa seleção e
organização de conteúdos exige coerência com o objetivo de promover a leitura da realidade”
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 43), para que aquele aluno seja capaz de perceber,
atuar e vivenciar aquilo que está aprendendo dentro da instituição escolar.

4.2.2.4 PCN’s
Um dos objetivos do Ministério da Educação e do Desporto, ao consolidar os
Parâmetros, é apontar metas de qualidade que ajudem o aluno a enfrentar o mundo atual como
cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos e deveres (PCN,
educação física, Brasília, 1997).
Os parâmetros nacionais dividem seus documentos de auxílio ao ensino e
aprendizagem em três partes: a do ensino fundamental de 1°a 4° ano; o ensino fundamental de
do 5° ano até o 9° ano; e o ensino médio. Os objetivos desses documentos são de buscar o que
se diz a respeito sobre os conteúdos das aulas e de educação física e se as lutas/judô são
citadas como metodologias de ensino.
No primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental existe um quadro com três
blocos dos conteúdos a serem desenvolvidos. O primeiro bloco consiste em conhecimentos do
corpo, o segundo bloco é esportes, jogos, lutas, ginásticas e o terceiro bloco diz sobre
atividades rítmicas e expressivas.
Sobre cada bloco é explicado o objetivo de trabalhar cada atividade esportiva e sobre
as lutas eles ressaltam:
As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve ser subjugado(s), mediante
técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um
determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se
por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de
deslealdade. “Podem ser citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de
cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô
e do caratê.” (PCN, 1997).

No terceiro e quarto ciclos, que consiste no 5° a 9°, também se encontram as lutas


como metodologia de ensino e com objetivo de trazer procedimentos e conceitos que
desenvolvam atitudes, normas, valores e autonomia aos alunos perante esses aspectos.
Para o ensino médio também existe um documento separado que diz sobre os
conteúdos da educação física a serem trabalhados. A LDB e Base Nacional Curricular
reformaram o currículo do ensino médio e dividiu-se em três áreas de estudo que são:
Linguagens, Códigos e suas tecnologias; Ciências da natureza, matemáticas e suas
tecnologias; e Ciências humanas e suas tecnologias.
Sobre a educação física iremos encontrar dentro das áreas de linguagens, códigos e
suas tecnologias. Onde está estabelecida como uma disciplina que irá desenvolver juntos aos
alunos a mesma ideia que no ensino fundamental, porém com atividades que mostrem e
comparem com suas realidades de vida e de mundo. Criar brincadeiras que possam ser
discutidas, problemas sociais e entre outros que surgem em seu cotidiano.
Não estão especificados os conteúdos a serem trabalhos no ensino médio, porém o
professor tem que ter essa visão de ensinar um determinado conteúdo visando o cotidiano do
aluno, trabalhar em grupos, atividades ligadas a outras disciplinas com intuito de ajudar no
aprendizado de outras matérias. Mas o objetivo da montagem dos conteúdos do ensino médio
vem da mesma ideia que do ensino fundamental, porém menos específico e mais focado em
um social inteiro.

4.2.2.5 Plano de Ensino Estadual e Municipal de Santa Catarina


Esses planos têm o intuito de mostrar o que cada período de ensino deve abranger no
seu desenvolvimento. Por exemplo, no ensino infantil, as crianças devem se sentir acolhidas,
por serem seus primeiros passos dentro da área de educação, com isso devem começar a
conhecer o que é o mundo.
Ensino fundamental segundo a LDB:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio
da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e
dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de
tolerância recíproca em que se assenta a vida social. (Artigo 32 da LDB)

E o ensino médio:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental,
possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo,
de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. (Artigo 35 da LDB)

Com esses pontos, o ensino deve ser desenvolvido nesse período, e o professor deve
utilizar de suas estratégias, temas a serem abordados e desenvolver esses pontos com os
alunos. Buscando com que os alunos desenvolvam seus pontos críticos e consigam ter seus
próprios pensamentos, opiniões e ser um indivíduo autônomo na sociedade.

4.2.2.6 PPP – Projeto Político Pedagógico


Os PPPs (Projetos políticos pedagógicos) são planejados com intuito de organizar o
que será desenvolvido na instituição, como serão realizados os eventos e criar processos de
atendimento e usos das áreas dentro da instituição.
É nesse documento que geralmente encontramos o que será desenvolvido nas
disciplinas, porém os projetos que foram estudados observaram que a maioria deles no tópico
que diz a respeito dos conteúdos a serem desenvolvidos, eles citam as bases nacional comum
curricular (BNCC).

4.2.3 Etapas da Educação


Após a compreensão de cada documento legislativo educacional para entender o
objetivo de cada um, o que ele exerce perante a educação e pontos onde são citadas lutas/
judô, serão apresentados às etapas da educação reconhecidas pela BNCC sendo a educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio. Sendo apresentada a obrigatoriedade dos
conteúdos e a perspectiva de ensino das lutas/judô sob o que aconselha as abordagens crítico-
superadora e crítico-emancipatória.

4.2.3.1 Judô na educação infantil


Iniciando pela primeira etapa da educação básica a educação infantil, início do
processo de aprendizagem infantil. É nessa etapa que a BNCC, como citado acima, orienta
que as estruturas das práticas pedagógicas e as competências gerais da educação básica
abordam os direitos de aprendizagens e desenvolvimentos, sendo eles: conviver, brincar,
participar, explorar, expressar e conhecer-se. Se conectando aos seis eixos de direitos na
educação infantil, a BNCC traz junto ao desenvolvimento educacional infantil cinco campos
de experiência dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.
Esses campos de experiência foram classificados nominalmente seguindo a ideia das
experiências relacionadas com saberes e conhecimentos fundamentais que a criança irá
vivenciar para tal: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e
formas; Escuta, fala pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações. Onde cada um desses tem definido objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento, nas diferentes faixas etárias. Idealizando a inserção do judô na escola e
levando em consideração os campos citados acima e seus objetivos, temos alguns deles e
como o judô poderia estar presente:
Corpo, gestos e movimentos - Com o corpo (por meio dos sentidos,
gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as
crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno,
estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si,
sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente,
conscientes dessa corporeidade. [...] Na Educação Infantil, o corpo das crianças
ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de
cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão.
(BRASIL, 2018, p. 40/41)

É com o corpo que a criança, nessa fase, pode explorar e ampliar seu repertório
linguístico e de movimentos, se descobrindo e descobrindo o espaço, seguindo o que se
propõe. Para o judô nesse caso, estaria o conhecimento da modalidade através da ludicidade,
trazendo um contato com objetos/equipamentos utilizados pelo esporte, assim como o contato
do corpo com sensações, como deitar, rolar no chão, abraçar o colega, movimentos livres no
tatame. No contato do corpo com o espaço dessa prática, iniciar uma vivência mesmo que
inconsciente com o ambiente do esporte, tornando isso parte comum da vida do indivíduo.
Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam
sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um
amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons, e mímicas com o corpo, para descobrir
variados de ocupação e uso do espaço com corpo.
Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes manifestações artísticas
culturais e científicas locais e universais, no cotidiano da instituição escolar
possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas
formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem,
colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras.
(BRASIL, 2018, p. 41)
Tais vivências desenvolvem na criança um senso de respeito e admiração pelas
culturas, além de desenvolver e permitir que elas criem gosto e se apropriem disso
permanentemente. Direcionando ao judô, pode-se proporcionar a essas crianças aulas de
música onde ela tem que se movimentarem de acordo com o ritmo da música, vídeos de
crianças realizando a prática, a observação de objetos ligados à cultura do judô, danças, fotos,
pinturas, onde seja possível a observação assim como a execução desses elementos pelas
próprias crianças, como recriar sua própria faixa.
Escuta, fala, pensamento e imaginação - [...] as primeiras formas de interação do
bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro
e outros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro. [...] Na
Educação Infantil, é importante promover experiências nas quais as crianças
possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é na
escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas
elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas
linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente
a um grupo social. (BRASIL, 2018, p. 42).

Nessa aproximação com as diversas formas de linguagem a criança cria um gosto,


um hábito para desenvolver as formas de representação da língua, sendo ela ilustrativa,
descritiva, sonora e imaginativa. É através disso também que elas podem melhor se expressar
e compreender tudo que as rodeia. Pensando em introduzir o judô como conteúdo e tendo
como objetivo desenvolver através dele essas questões, seria válido trazer livros e histórias
lúdicas sobre o esporte com personagens de interesse à faixa etária encontrada, assim como
filmes, teatros, desenhos, músicas e interpretações delas. Enfim uma gama de ferramentas que
estão ao alcance e que abrem novas oportunidades dentro da escola, podendo aproximar e
ganhar o interesse dos alunos.
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações - As crianças vivem
inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído
de fenômenos naturais e socioculturais. [...] Portanto, a Educação Infantil precisa
promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular
objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de
informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a
instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus
conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu
cotidiano. (BRASIL, 2018, p. 42/43).

Ao se tratar de uma prática que se situa preferencialmente no tatame, com


vestimentas, temos essa como um ótimo instrumento ao se tratar de espaços, lugar,
quantidades, relações e transformações. Ao pensar em exemplos temos como situar os alunos
sobre o local desse esporte, trazer elementos dele quando não houver a possibilidade de
presenciar, fazer essas crianças sentirem, compreenderem, perceberem os elementos do local.
De essa maneira tornar a experiência com o judô parte do cotidiano, um costume intrínseco
desde cedo.

4.2.3.2 O judô no ensino fundamental


Nessa etapa do ensino, a BNCC sistematiza os conteúdos base de ensino ao
determinar a existência de unidades temáticas e os objetos de aprendizagem que pretendem
ser abordados em cada uma delas, respeitando os anos escolares dos estudantes e as
habilidades. Aprofundando os estudos indo ao encontro ao que diz o ensino na educação
física, disciplina a qual compõem o currículo. Buscou identificar dentro desse conjunto de
unidades temáticas, objetos de conhecimentos e habilidades, o judô poderia estar. Para
compreender sua posição em meio à educação sabemos que é um esporte de luta, se
encaixando na unidade de esportes, posteriormente, foi possível identificar uma unidade
temática denominada “lutas”, nela:
[...] Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às
diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam. [...]
Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas do Brasil, valorizando a própria
segurança e integridade física, bem como as dos demais. [...] Experimentar e fruir a
execução dos movimentos pertencentes às lutas do mundo, adotando procedimentos
de segurança e respeitando o oponente. [...] Problematizar preconceitos e
estereótipos relacionados ao universo das lutas e demais práticas corporais,
propondo alternativas para superá-los, com base na solidariedade, na justiça, na
equidade e no respeito. [...] Discutir as transformações históricas, o processo de
esportivização e a midiatização de uma ou mais lutas, valorizando e respeitando as
culturas de origem. [...]. (BRASIL, 2018, p. 218/239).

Observa-se que no documento há uma unidade temática e um objeto de


conhecimento onde o judô se encaixa no currículo: lutas e lutas pelo mundo que devem ser
desenvolvidas segundo a BNCC no 8° e 9° ano do ensino fundamental e também podendo se
encaixar nos demais anos do ensino escolar, nos esportes técnico-combinatórios que de modo
geral “engloba as modalidades onde a ação motora se compara aos padrões de execução
daquela ação” (BRASIL 2018, p. 2016). Na escola se faz uso da vertente lúdica, enfatizando o
lado do esporte escolar e não performance.
Figura 1 - Unidades temáticas e objetos de conhecimento 8º e 9º ano do ensino

Fonte: BNCC (2019).

A figura 1 e 2 se refere às unidades temáticas e objetos de conhecimento dos anos finais do


ensino fundamental, onde se destacam lutas e esportes de combate. Nas figuras 3, 4 e 5 faz
referência às habilidades objetivas no 8º e 9º ano nas lutas.

Figura 2 - Unidades temáticas e objetos de conhecimento 8º e 9º ano do ensino

Fonte: BNCC (2019).


Figura 3 - Habilidades objetivadas no 8º e 9º ano do ensino fundamental
Fonte: BNCC (2019).

Figura 4 - Habilidades objetivadas no 8º e 9º ano do ensino fundamental

Fonte: BNCC (2019).

Figura 5 - Habilidades objetivadas no 8º e 9º ano do ensino fundamental

Fonte: BNCC (2019).


A BNCC afirma a importância de se tratar a função social das práticas corporais e
outras possibilidades, significando que dependendo da maneira com a qual determinada
prática é apresentada formalmente, ela pode e na verdade deve ser ressignificada pela escola,
sofrendo adaptações e sendo condicionada aos limites contextuais de cada instituição.
Segundo Brasil 2018 “Como toda prática social, o esporte é passível de recriação por quem se
envolve com ele. As práticas derivadas dos esportes mantêm, essencialmente, suas
características formais de regulação das nações, mas adaptam às demais normas institucionais
aos interesses dos participantes, às características do espaço, ao número de jogadores, ao
material disponível etc.”. (BRASIL 2018, p. 215)
A partir desse ponto de vista, se observa possibilidades da inclusão do judô como
área de conhecimento, de maneira a encaixá-lo dentro das possibilidades atribuídas por cada
instituição escolar.

4.2.3.3 O judô no ensino médio


Após entrar em vigor, a Lei n. 13.415 de 16 de fevereiro de 2017, alteraram a LDB e
passou a estabelecer que o currículo do ensino médio em sua estrutura fosse organizado em
cinco áreas de conhecimento, estando a educação física dentro da área de linguagens e suas
tecnologias. O objetivo dessa nova área está no desenvolvimento das diferentes formas de
linguagens, estabelecendo o diálogo delas com as realidades locais, na atualidade e nos
acontecimentos e expectativas futuras. Trazendo para a educação física a possibilidade de por
meio das práticas corporais dos múltiplos grupos culturais, explorarem a gestualidade e os
movimentos, assim como as dinâmicas sociais, estimulando a capacidade intelectual e de
argumentação e o desenvolvimento de gostos, interesses e apreciações nessa área.
Para tanto no ensino médio, conforme Brasil (2018, p. 484), a responsabilidade da
educação física, além de apresentar uma variedade de práticas, está ligado ao aprofundamento
do conhecimento das capacidades corpóreas e de seus limites, a fim de que aquele aprendiz
entenda e assuma o papel de responsável por sua saúde e qualidade de vida. Que eles também
se tornem participantes e exemplos para a sociedade, difundindo as possibilidades de uso dos
espaços públicos e privados, para ações de desenvolvimento das práticas corporais, tornando-
se não mais um aluno, mas um cidadão independente e adepto a um estilo de vida saudável e
ativo.
Ao que se aponta para a aprendizagem da educação física no ensino médio temos,
seguindo a figura 6 abaixo, o desenvolvimento de tais habilidades:

Figura 6 - Habilidades da Educação Física

Fonte: BNCC (2019).

Sobre as habilidades descritas na figura 6, segundo Brasil (2018, p. 495)


[...] ao final do Ensino Médio, jovem deverá apresentar uma compreensão
aprofundada e sistemática acerca da presença das práticas corporais em sua vida e na
sociedade, incluindo os fatores sociais, culturais, ideológicos, econômicos e
políticos envolvidos nas práticas e nos discursos que circulam sobre elas. Prevê
também que o jovem valorize a vivência das práticas corporais como formas
privilegiadas de construção da própria identidade, autoconhecimento e propagação
de valores democráticos. [...]

É possível observar durante a análise do documento, que não se encontram conteúdos


dirigidos e obrigatórios, mas orientações para que se desenvolvam nos educandos as
habilidades e competências discutidas acima. É de responsabilidade da instituição e dos
professores, determinar e desenvolver, de maneira coerente em direção aos objetivos, às
práticas corporais. “Para o desenvolvimento dessa competência, é fundamental que os jovens
experimentem práticas corporais acompanhadas de momentos de reflexão, leitura e produção
de discursos nas diferentes linguagens” (BRASIL, 2018, p. 495). Dessa forma a melhor
maneira para se incluir o judô como conteúdo a ser desenvolvido no ensino médio está
descrito nas características dessa modalidade: aspectos históricos, culturais, desportivos,
políticos, econômicos e sociais (como descritos no desenvolvimento da pesquisa), com a
percepção dos alunos durante as vivências teóricas e práticas, na relação esporte, aluno,
mediador.
Nessa fase, o aluno torna-se mais consciente, crítico, ativo e participativo, capaz de,
com a ajuda do professor, direcionador, aprofundar o pensamento em tais assuntos e se
perceber como sujeito atuante. Podendo, a partir dos valores adquiridos por tal prática
corporal, julgar com mais responsabilidade suas ações e atitudes, pensando em si, em sua
saúde, autoconhecimento e estilo de vida, ou para ou outros, agindo autonomamente e sendo
consciente de seu papel e de suas contribuições para com a sociedade.
Documentos como a Base Nacional Comum Curricular determinam conteúdos
básicos a serem tratados em ambiente escolar, porém não trazem, em momento algum,
restrições aos temas diferenciados, particulares a cada instituição, possibilitando a esses
espaços inovações e características únicas. De acordo com Brasil (1996), apenas sugere-se
que as aulas de Educação Física incluam os conteúdos nas dimensões conceituais,
procedimentais e atitudinais para que o ensino possa ser mais efetivo e motivador. Sendo
assim, os tratamentos dados aos temas incrementam o sistema de ensino, trazendo um
currículo diferenciado e possibilitando a compreensão dos alunos sobre os mais variados
assuntos, e que se mostram de grande valia para a construção do intelecto do aluno em todas
as etapas do ensino.
4.3 JUDÔ COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA: EXPERIÊNCIAS
SIGNIFICATIVAS

Nesse ponto da pesquisa abordamos autores que contemplaram o judô como tema de
suas aulas de educação física como conteúdo pedagógico de ensino e com discussões sobre
resultados dessas experiências, que influenciaram relevantemente a aprendizagem.
O autor Cordeiro Júnior (2000), fez uma pesquisa onde o projeto teve como objetivo
a construção de uma metodologia de ensino do judô adequada à realidade e às exigências do
contexto escolar, onde trabalhou com ensino fundamental e médio. A instituição onde foi feita
a pesquisa não tinha estrutura para aulas de educação física até mesmo para as aulas comuns.
O autor contou com a ajuda do ginásio de lutas da Faculdade de Educação Física (FEF) e da
Universidade Federal de Goiás (UFG). Com isso ele estipulou horário e conseguiu transportes
para os alunos até o local das aulas, quando eram práticas.
A turma tinha características como falta de atenção com o professor, ignoravam a
presença do mesmo e brigavam muito entre si. Com intuito de reverter essa situação, o autor
fez leituras sobre a própria história do judô e passou a considerar a realidade social dos
alunos. E aos poucos foram incluindo algumas características do judô, como as vestimentas,
saudações e as primeiras movimentações.
Durante o período da pesquisa ele conseguiu visualizar gradualmente as mudanças da
turma perante cada tema abordado. Nas primeiras aulas os alunos chegavam eufóricos e não
prestavam atenção, com isso o professor tinha que chamar muito atenção, mas com o tempo,
os alunos iam chegando mais calmos de forma que o professor conseguia conversar e explicar
sobre a aula.
Podemos observar que alguns alunos mostravam claramente um salto qualitativo,
sobretudo os do segundo ciclo, o da iniciação à sistematização do conhecimento. Os
alunos demonstravam consciência de suas atividades, de suas possibilidades de
abstração, confrontando dados da realidade com suas próprias representações.
Estabelecem nexos, dependências e relações complexas, as quais estavam
representadas em conceitos do judô elaborados por eles mesmos. [...] Não queremos
dizer que chegamos a uma fórmula pronta e acabada, mas podemos afirmar que
existe uma experiência obtida através das práticas junto a alunos reais de uma escola
pública. (CORDEIRO JÚNIOR, 2000, p. 103).

Silva (2012), em busca de demonstrar as mudanças, melhorias ou ganhos no


rendimento escolar e em outros aspectos do cotidiano escolar de um grupo de alunos, abordou
o judô como tema. O intuito foi buscar respostas sobre quais apropriações educativas da
prática do Judô influenciaram no desempenho e rendimento escolar de um grupo de alunos do
5º ao 9º ano. Analisou e comparou informações sobre as mudanças e evoluções de alguns
aspectos qualitativos e quantitativos do cotidiano escolar dos mesmos. Buscando evidenciar
as melhorias em aspectos cognitivos, na aprendizagem, na socialização, na diminuição da
agressividade, na motivação, na conduta, na disciplina e responsabilidade a partir de
comparações de indicadores que apontam o antes e depois do ingresso desses alunos no
projeto de judô extracurricular, oferecido na própria escola.
A pesquisa foi feita com um grupo de dezoito alunos, os mesmos seguiam o critério
de ter estudado na mesma instituição nos anos de 2011 e 2012 com os mesmos professores. A
pesquisa envolveu os pais, professores e o serviço de orientação educacional (SOE) da escola.
Ao término da pesquisa Silva (2012) ressalta:
A pesquisa clarificou a influência positiva da oferta do Judô em aspectos diversos
relacionados à rotina escolar dos alunos, entre as quais, cognição, interação,
aprendizagem, socialização, disciplina, agressividade, respeito, responsabilidade
entre outros. Também trouxe importantes conclusões a respeito da influência do
Judô em diversos aspectos da vida familiar e social dos alunos.

Cada aspecto citado pelo autor que teve uma mudança significativa tem uma
característica relevante isolada, como por exemplo, aspectos específicos no ambiente escolar,
onde os professores notaram mais harmonia no processo de ensino-aprendizagem, mais
respeitos dos alunos com seus educadores e colegas, melhora nos níveis cognitivos e a
diminuição da agressividade. Assim como no ambiente familiar, onde os responsáveis pelos
mesmos notaram um interesse maior pelos estudos, o bom convívio no ambiente familiar,
relacionando o respeito com os pais, às responsabilidades do mesmo com seus objetivos e
demandas. E a influência da prática do judô para a formação do indivíduo enquanto ser social
equilibrado, adaptável, capaz de transitar normalmente por ambientes múltiplos, diferentes e
heterogêneos.
Batista (2013) fez uma investigação no âmbito escolar em que as analisou
variáveis o autoconceito nas suas dimensões constituintes (competência escolar, aceitação
social, competência atlética, aspeto físico e comportamento); a autoestima e o rendimento
escolar. Trabalhou com uma amostra de 531 alunos dos quais 295 (55,6%) de género
masculino e 236 (44,4%) de género feminino, com uma média de 9,13 anos, variando num
mínimo de 8 anos e num máximo de 10 anos. Desta amostra, 394 alunos (74%) praticavam
pelo menos uma atividade física formal de carácter extracurricular e 96 alunos (24%)
praticavam judô, com uma experiência entre 9 meses e 5 anos de graduação entre faixa branco
e faixa verde. Como instrumento de recolha de dados utilizou-se a Escala de Autoconceito de
Susan Harter validada para a população portuguesa, esta escala é específica para mensurar
níveis de autoconceito e possui também uma escala de avaliação dos níveis de autoestima. O
rendimento escolar caracteriza o rendimento dos alunos no final do 3º período escolar do ano
letivo, nas disciplinas de matemática, língua portuguesa e estudo do meio, calculando-se
posteriormente a média das três disciplinas.
Criou grupos de debate de uma forma aleatória simples, com seis treinadores de Judo
dos clubes do distrito de Santarém, assim como com oito encarregados de educação de alunos
desses clubes, com a intenção de averiguar opiniões e argumentos sobre a prática de Judô e a
sua importância e relação com o autoconceito, autoestima e rendimento escolar. Estes grupos
de debate foram criados para oferecer uma visão complementar, desde outro ponto de vista,
dos resultados obtidos com a metodologia e análise quantitativa.
E os resultados foram que os alunos que fazem para além da modalidade de judô
outra atividade física e desportiva de carácter formal apresentam níveis de autoconceito,
autoestima e rendimento escolares mais elevados. E os que praticam o judô dentro das aulas
de educação física ou centros de treinamentos e com mais tempo de vivência têm esses
aspectos mais elevados comparado com os que não fazem nenhuma prática. Os argumentos
do grupo de debate, segundo o ponto de vista de responsáveis de educação física dos
treinadores dos alunos que praticam judô.
Esta deveria ser uma modalidade enfocada como unidade curricular obrigatória nos
programas de educação física nos diferentes ciclos de ensino, de acordo com os
grandes valores educativos, formativos e pedagógicos que caracterizam esta
modalidade, resultado de uma riqueza cultural que procede e se mantém desde a sua
origem. (BATISTA, 2013, p. 202)

Deste modo, os responsáveis de educação e os treinadores creem que o judô surge


como um enfoque disciplinar dentro do contexto escolar o como modalidade desportiva, com
grande valor pedagógico e de socialização, de forma que modela o perfil de comportamento
do indivíduo, no domínio dos valores éticos e morais, fundamentado na disciplina e
cumprimento das regras, fatores que contribuem para um bom rendimento escolar, resultado
da formação e evolução do autoconceito e de uma auto-estima adequada. (BATISTA, 2013, p.
2003).
Fazendo uma analogia desses estudos com a Educação Física escolar, enquanto
componente curricular da Educação Básica deve assumir o papel de introduzir e integrar o
aluno à cultura de movimento, segundo BETTI (2002; p. 75) “Formando o cidadão que
produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do
esporte, das lutas, das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e práticas de aptidão física
em benefício da qualidade de vida”.
Para isso, não basta aprender habilidades motoras e desenvolver capacidades físicas,
aprendizagem esta necessária, mas não suficiente. Se o aluno aprende os
fundamentos técnicos e táticos de um esporte coletivo, precisa também aprender a
organizar-se socialmente para praticá-lo, precisa compreender as regras como um
elemento que torna o jogo possível (portanto é preciso também que aprenda a
interpretar e aplicar as regras por si próprias), aprender a respeitar o adversário como
um companheiro e não um inimigo, pois sem ele não há competição esportiva.
(BETTI, 2002, p. 75).

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a concepção de cultura


corporal desenvolve a contribuição da Educação Física para o exercício da Cidadania,
intencionando que seus conteúdos propõem fortalecer ações socioculturais. E com isso
assume uma perspectiva metodológica de ensino que busca a autonomia, cooperação e
participação social o que se evidencia nas evoluções das práticas vivenciadas e exploradas
pelos autores SILVA, CORDEIRO e BATISTA.
Abordando esse pressuposto de mudança de personalidades dos alunos em que
conseguiram passar para os alunos os valores de suas ações e escolhas, outro trabalho
realizado por Cordeiro Júnior (2015) onde contemplou em seu plano de ensino o judô como
forma de minimização das violências entre os estudantes, abordou na estrutura do currículo
escolar, o tema violência nas escolas, como ela é vista e como é abordado esse tema e se por
ventura é abordado. Fez análise do tipo de violência verbal ou por agressão física, a partir
desses pontos, aplicou um questionário tanto para os alunos quanto para os professores e
funcionários da instituição abordando a violência e o ponto de vista de cada um. Para no final
do projeto analisar se houve mudanças a partir do ponto de vista dos profissionais e
funcionários. Os professores e funcionários relataram na pesquisa não terem sido violentados
pelos alunos, mas acreditavam que esse fato poderia acontecer.
A aplicação do questionário identificador das violências físicas possibilitou que
fosse reconhecida e mensurada em que medida os alunos demonstram afetividade
pela escola e compreendem a importância da instituição escolar para sua formação.
Permitiu ainda diagnosticar onde e como ocorrem as situações de violência física no
CEPAE, quem são os protagonistas e como agem, identificando que na maioria das
vezes, a linguagem verbal precede as brigas, e da necessidade de conscientização
dos alunos em denunciar essas situações. Em relação às brigas que acontecem na
escola, obtivemos por parte dos alunos explicações fragmentadas, pouco
argumentativas, que podem ser “reflexas”, da percepção que aquele aluno possui da
realidade em que vive e centradas nos fenômenos do fato ocorrido. CORDEIRO
(2015; p. 146).

Com a realização das aulas, foi possível perceber relações conflituosas entre os alunos,
o autor conseguiu observar e diagnosticar uma futilidade dos motivos que ocasionam esses
conflitos, uma banalização da violência física como meio para solução dos problemas e a
ausência em alguns alunos, de compreensão sobre possíveis consequências de suas atitudes.
[...] alguns alunos, eram incapazes de cumprimentar, com um aperto de mão outros
colegas, utilizavam uma linguagem verbal agressiva, rude, contendo inclusive
xingamentos na interação com o outro. Nas relações de conflito físico, o uso
desproporcional de força, que poderia na maioria das vezes, produzir lesões e
machucados (CORDEIRO 2015, p. 146).

Os pressupostos teórico-metodológicos adotados na pesquisa se fundamentam no


Materialismo Histórico-Dialético, que defende uma concepção de mundo e de homem que
nega a naturalização da violência física como um processo próprio e inato à condição humana.
Esse referencial compreende que tal fenômeno se manifesta na medida em que há conflito
entre os diferentes interesses econômicos de classes sociais e se manifesta nas relações
interpessoais. (CORDEIRO, 2015, p. 127). Para o tratamento pedagógico orientador para
selecionar, organizar e sistematizar os conteúdos de ensino foi sustentado no COLETIVO DE
AUTORES 2009. (CARDEIRO, 2015; p. 131/132 et. al. COLETIVO DE AUTORES, 2009;
p. 32) “O conteúdo da cultura corporal a ser aprendido na escola deve emergir da realidade
dinâmica e concreta do mundo dos alunos, de situações vivenciadas por eles. Considerar a
relevância social do conteúdo implica compreender o sentido e o significado do mesmo para a
reflexão pedagógica escolar”... “Este deverá estar vinculado à explicação da realidade social
concreta e oferecer subsídios para a compreensão dos determinantes sóciohistóricos do aluno,
particularmente a sua condição de classe social” (COLETIVO DE AUTORES, 2009, p. 32).
Com isso o autor juntou os fatores que norteava a vida social dos alunos, às questões
pelas quais que os levavam as violências e os questionou para compreender melhor o que
pensavam em relação à violência e em cima dessa análise montou um plano completo desde
primeiros passos, movimentação, conteúdos teóricos incluídos filosofias do judô até a
conexão entre o judô e a realidade de cada aluno com aulas com tema judô, atividades de
coletividade, de aproximação aos próximos, na teoria conhecimento das ações filosóficas que
norteiam judô e os praticantes com o intuito de diminuir a violência naquela escola.
Segundo Darido e Souza Júnior (2007), é papel do professor de Educação Física trazer
problematizações para suas aulas, discussões, interpretações, reflexões e análises juntamente a
seus alunos. Além disso, deve-se trabalhar com as diferentes manifestações da cultura
corporal de movimento, fazendo com que os alunos compreendam os verdadeiros sentidos e
significados intrínsecos nas práticas corporais. Isto nos permite ultrapassar a ideia de que a
Educação Física escolar está voltada apenas para o ensino do gesto motor “correto”.
A sistematização do conteúdo judô nas aulas de educação física nunca será um
estado final ao qual poderemos chegar, ela será muito mais um processo permanente
de construção para materialização de uma educação pública, gratuita e de qualidade.
Enriquecer e ampliar esta nossa proposta inicial, principalmente no que diz respeito
aos possíveis erros aqui contidos deve ser uma atividade coletiva, de professores
compromissados com um projeto histórico de modificação da realidade social.
(CORDEIRO, 2015, p. 141).

O judô dentro da escola além de ser mais um tema a ser vivenciado pelos estudantes, a
fim de fazer parte da construção de um indivíduo autônomo, crítico e abrindo o leque de
conhecimentos, também estará presente como prática de auxílio para o melhor
desenvolvimento de crianças com deficiências neuropsicológicas e motoras.
O trabalho de Resende Henrique 2009 que buscou a prática de atividade lúdico-
recreativo baseada nas pedagogias do judô para alunos do fundamental com sintomas de
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que favoreceram a motivação
desses alunos, os quais apresentaram melhorias no âmbito escolar, familiar e social. É um
exemplo de pesquisa da presença do judô no âmbito escolar como forma positiva e
construtiva. (García Rojas 2006 et. al RESENDE 2009, p. 150) afirma que a realização de
exercícios de aprendizagem de judô no tatame permite o trabalho tanto individual quanto em
grupo, sendo uma ferramenta muito adequada para a intervenção em alunos com sintomas de
TDAH.
Foram priorizadas atividades que facilitam a assimilação do respeito mútuo,
disciplina, cooperação, atenção e autocontrole, estruturadas de forma a serem motivadoras e
prazerosas para os alunos dentro de uma perspectiva lúdico-recreativa. Elaborou-se um
sistema composto por seis tipos básicos de atividades, a saber: atividades de concentração e
cooperação (atividades dinâmicas que exigem atenção, movimentos e ajuda mútua);
atividades de conquista de objetos (nas quais há aproximação dos alunos, mas as principais
ações de oposição – atacante e defensor – relacionam-se aos objetos a serem conquistados);
atividades de conquista de territórios (diversificam-se as ações desequilibrantes para se ter
êxito nos objetivos). A estratégia geral adotada era que cada aluno chegasse ao objetivo por
sua conta, respeitando seu ritmo. Assim, o objetivo e a tarefa eram claramente definidos
previamente. Aos alunos era apresentado um problema a ser resolvido, porém as respostas não
eram informadas. Ao professor interessava avaliar por que o aluno obteve ou não êxito na
tarefa. O encerramento das aulas se dava após um diálogo do professor com os alunos acerca
das tarefas cumpridas e uma reflexão sobre aquelas não cumpridas. (REZENDE 2009, p.
152). O autor relata que
‘Observou indicadores de motivação’, quais sejam: os alunos participam com
iniciativa das atividades propostas e buscam informação para a solução de
problemas; estabelecem relações com seus companheiros com o propósito de
encontrar soluções para os problemas propostos pelo professor; demonstram
confiança e segurança em si mesmos; têm vontade e disposição para aprender;
apresentam ações que os caracterizam como alunos com sede de aprender mais e
melhor; oferecem contribuições positivas para enriquecer o conteúdo da
aprendizagem, entre outros. (REZENDE, 2009, p. 149).

Diante de todas essas ponderações, surgiu a ideia de utilizar atividades lúdicas


recreativas baseadas na pedagogia do judô como instrumento para favorecer a motivação
escolar de alunos do ensino fundamental que apresentam sintomas do TDAH.
Neste trabalho se observa claramente a conexão da pedagogia de ensino crítico-
superadora, onde os alunos por si mesmo passo a passo constroem a solução para os
problemas encontrados nas aulas e atividades. A conexão do esporte com as aulas, porém não
o esporte desempenho, mas sim o lúdico, a vivência com as estruturas do judô de maneira
aberta a tomada de escolhas, decisões e discussões sobre as ações escolhidas, assim como
conhecimentos de outras culturas e histórias.
Na pesquisa de KRUMEL 2011 que aborda aspectos motivacionais no judô para
deficientes visuais. Sendo uma pesquisa aplicada dentro de um projeto do curso de educação
física no Rio Grande do Sul. O objetivo do estudo foi investigar teoricamente as motivações
que levam deficientes visuais a participar da prática do judô. Através de uma pesquisa
bibliográfica o autor buscou entender a deficiência visual e apontar fatores que motivam a
prática desportiva relacionada com o judô.
A ausência ou diminuição do sentido da visão coloca o ser humano especialmente
crianças, em desvantagens em vários aspectos. Ocorrem desvantagens psicomotoras,
má adaptação sensório-motora, sério comprometimento da autonomia e exploração
espacial do indivíduo, o que acabam prejudicando o processo de ensino/
aprendizagem e sua consequente integração na sociedade. No que diz a respeito à
forma de locomoção, orientação e mobilidade, o comprometimento da visão impõe a
pessoa a uma série de dificuldades. O medo de cair, esbarrar ou sofrer algum tipo de
acidente, acaba minando a autoconfiança, desencorajando o mesmo a explorar novos
ambientes e ter uma maior independência. (KRUMEL, 2011, p. 31).

Com isso o projeto que o autor cita, busca trabalhar com essas pessoas com DV a
mobilidade, orientações das necessidades gerais das pessoas, possibilitar a exploração, auto
realização, promover a independência pessoal. E o trabalho buscou o desenvolvimento de
certos estímulos como: esquema corporal, postura, treinamento de sentidos, equilíbrio,
técnicas específicas de mobilidade. E referente a esses aspectos o autor confirma:
[...] a prática do judô vem para reforçar esse trabalho, uma vez que desenvolvem de
forma segura e progressiva questões como deslocamentos, propriocepção,
lateralidade, movimentação corporal e ensina fundamentalmente o praticante a cair
de forma segura, através dos rolamentos, aprendendo a absorver impactos de
eventuais quedas. Como no judô o trabalho é realizado em um amplo espaço, como
o solo devidamente revestido por tatames, o aluno pode realizar as atividades com
segurança. Com o tempo se torna mais confiante nas realizações das atividades,
alterando de forma positiva seu grau de autonomia e independência funcional.
(KRUMEL, 2011, p. 32).
Pode se concluir dessa pesquisa que o desenvolvimento de autonomia, independência
e autoconfiança é os pontos que motivam as pessoas com deficiência visual praticarem
esportes e principalmente o judô que proporciona a elas não somente a vivência e experiência,
mas também um aprendizado para fora dos tatames, para o seu cotidiano, as motivando mais
ainda a continuação da prática.
A pesquisa de Krumel foi citada, pois apesar de ter transcorrido dentro do curso de
educação física e não dentro do âmbito escolar é um exemplo de prática com judô como
instrumento para auxiliar na aprendizagem de pessoas com deficiências na escola também,
assim como para o conhecimento do graduando do curso, significa que podem trazer para o
âmbito escolar.
O trabalho de FERRAZ 2015 faz um paralelo com os aspectos psicomotores com as
práticas do judô em escolares e observar se há alguma relevância na prática do judô com
melhoras no desenvolvimento desses aspectos. A pesquisa sucedeu em uma escola pública de
Brasília, com 30 alunos do 5° ano e a coleta de dados se deu por meio de testes e avaliação
motora da Escala de Desenvolvimento Motor: Motricidade Fina, Motricidade Global,
Equilíbrio, Esquema Corporal, Organização Espacial, Organização Temporal e Lateralidade
que irão avaliar os aspectos psicomotores dos alunos. As atividades realizadas tiveram
abordagens desde capacidade de controlar uma combinação de movimentos como recordar e
pintar até correr, saltar, equilibrar, movimentos que utilizam esquema corporal, tocar a ponta
do pé, assim como exercícios de lateralidade. E com as aulas de judô as crianças praticantes
por sua vez acabam por terem resultados elevados no seu desenvolvimento motor.
Conclui-se que o estímulo ao desenvolvimento da psicomotricidade na infância é de
suma importância para o desenvolvimento motor da criança e o judô pode ser
utilizado como uma rica ferramenta para esse processo. Quando bem trabalhado,
respeitando-se as fases de desenvolvimento do indivíduo, ele pode favorecer o
desenvolvimento completo da criança. (FERRAZ, M, 2015, p. 23).

Ferraz (2015) realizou uma pesquisa bem sistematizada aplicando os testes de


desenvolvimento motor em crianças praticantes de judô e observou em seus resultados dados
excelentes. Apesar de ser uma pesquisa que foge um pouco do nosso ponto de vista de
abordagem do judô nas aulas de educação física pela metodologia aplicada, foi citada como
forma de apontar as vantagens da prática do judô sistematizado e organizado com outra
abordagem metodológica, mas com benefícios tantos mútuos aos estudantes.
O Parâmetro Curricular Nacional voltado para Educação Física estimula fortemente a
utilização de lutas nas aulas de Educação Física ao incluir a luta como atividade que deve ser
utilizada nas aulas da mesma maneira que os jogos, as danças e a ginástica. Como definição
para luta, o PCN aponta.
As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), com
técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um
determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se
por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e de
deslealdade. Podem ser citados como exemplos de lutas desde as brincadeiras de
cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô
e do caratê (PCN, 1997).

Foram apontados estudos que abordam o judô em suas vivências como forma de
consolidar o judô como tema nas aulas de educação física, afirmando os benefícios mútuos da
educação escolar. RIZZO 2011 é exemplo de estrutura pedagógica que vivencia o judô nas
aulas de educação física que pode ser considerado como molde para professores da área da
educação física que tem dificuldades ou dúvidas de como abordar esse tema nas aulas.
O objetivo desta pesquisa foi pautado nas reais condições que a escola brasileira
possui. Levou em conta a situação fora do cotidiano escolar, na qual os alunos, sujeitos da
pesquisa, estavam inseridos e com isso foi construindo passo a passo as aulas de acordo com
estrutura escolar e especificidades da turma. Passando por um período de adaptação,
entendimentos históricos e aplicação da prática, tudo com cautela, para que a aprendizagem
fosse absorvida de forma gradual.
A elaboração das aulas foi pautada no método apresentado por SAVIANI 2003
(RIZZO 2011, p. 67 et. al. Saviani 2003) que entende que a educação tem por função fazer
com que o aluno apreenda o conteúdo sistematizado e elaborado historicamente pelos
homens, considerando a educação escolar um espaço para buscar e articular, em alguma
medida, as forças emergentes da classe dominada da sociedade por meio do processo
pedagógico e do conteúdo como instrumentos a serviço da instauração de uma sociedade
igualitária. O plano estava fundamentado na Pedagogia Histórico-Crítica de Educação e na
perspectiva Crítico-Superadora em Educação Física. Pedagogia que auxilia na construção
própria do indivíduo, onde o mesmo irá criticar e achar as soluções para os problemas
vivenciados.
Todas as pesquisas revisadas são questões fortes e aliadas para a inserção do judô no
currículo escolar. É na prática que realmente percebemos o nosso impacto e o quanto nossos
comportamentos influenciam e atingem a sociedade em que vivemos. Através da observação
daquilo que se faz em prática é o momento que a consciência se torna palpável e possível de
ser compreendida. Na educação infantil o melhor entendimento se dá pela concretização,
sendo esta uma maneira eficiente de se apresentar a variedade de conhecimento e criar um
entendimento sobre a diversidade cultural.
O esporte surgiu como prática cultural e por esse motivo está entranhado de valores e
significados, pensando dessa maneira o judô não se apresenta apenas como prática, ele possui
todo um contexto histórico-sociocultural. Diante disso, o judô apresenta elementos que o
possibilitam incluir nos conteúdos da Educação Física escolar como objeto da cultura corporal
(COLETIVO DE AUTORES, 1992) e/ou cultura corporal de movimento (KUNZ, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das reflexões sobre o tema abordado na pesquisa, observamos a necessidade


de um currículo escolar que aborde os conteúdos e os requisitos determinados nas leis e seus
princípios. Que julgue importante nas instituições de ensino os documentos (BNCC, PNE,
LDB) como forma de incentivo, visando um sistema de ensino igualitário, de forma que
possibilite conhecimentos capazes de serem empregados na vida e na realidade dos alunos,
que não seja um ensino fixo e engessado e que se atente às diferenças regionais e mundiais.
Identifica-se nas abordagens pedagógicas crítico-emancipatória e crítico-superadora
possibilidades didático-metodológicas de oferecer um ensino que contribua para a
fundamentação da prática pedagógica de professores de educação física na escola, onde se
idealize uma educação formadora de sujeitos críticos e emancipada.
A vivência do judô nas escolas não tem a ideia de formar atletas, mas sim a vivência
e experimentação da modalidade em geral, onde todo o contexto do esporte já enfatizado na
pesquisa estará envolvido. A educação, por meio do judô, pode estar na construção da empatia
e respeito pelo próximo, autonomia e socialização, promoção da saúde, melhora do
aproveitamento escolar, aspectos psicológicos, motores, cognitivos, capacidade de
concentração, superação, controle emocional e físico, contato com o outro, experimentação e
conhecimento do diferente e de si mesmo, bem como outros atributos e faculdades do ser
humano.
Pode-se julgar que todos esses aspectos e nessa concepção, o judô pode contribuir
para formação de pessoas mais atuantes, conscientes e responsáveis em suas ações e na
melhora da sua qualidade de vida em todos os pontos, desde a saúde, o convívio e também
abertura de leque de estudos e conhecimentos do mundo, tornando-se uma pessoa mais culta.
É plausível considerar que essa pesquisa possibilitou a aplicação dos conhecimentos
da realidade desse esporte no contexto da educação nacional, e contribui para a valorização do
judô como prática pedagógica, visto que seu papel é relevante, em muitos aspectos como
sociais e autônomo dos indivíduos.
Entender a fundo a diversidade dos conhecimentos de uma prática pedagógica torna
mais vasto o conjunto de saberes para a organização, inclusão dela na escola e na atuação dos
professores para realizá-la. Com a popularização do judô, esses conhecimentos podem ser
importantes na transposição dos limites, para uma elaboração segura e de qualidade, buscando
a consolidação dessa prática esportiva no currículo.
Em possibilidades de futuros estudos sobre o tema de judô e escola, recomenda-se
uma expansão nos estudos e nas análises sobre o judô, de forma que se identifiquem outras
possibilidades de tratar esse esporte como componente regular do currículo, dentro das
escolas, nas áreas de conhecimentos da Educação Física, a fim de contribuir com a formação
inicial e continuada de professores de Educação Física, assim como nos artigos analisados,
onde os autores que realizaram as práticas, introduziram de forma diferente o judô nas aulas
de educação física ou realizaram uma conexão ao tema e vivências para o conhecimento dos
alunos. Assim sendo, expressivamente e fundamentalmente, o incentivo é o fomento da
pesquisa científica neste âmbito de estudos.
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