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NATAL - RN
2020
LUANA PERSÍLIA GOMES RÊGO
NATAL – RN
2020
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde – CCS
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profª. Dra. Rosie Marie Nascimento de Medeiros.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________
Profª. Ms. Isabel Batista Freire
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________
Profª. Ms. Olênia Aidê Leal de Mesquita
Prefeitura Municipal de Natal
Prefeitura Municipal de Parnamirim
NATAL/RN
AGRADECIMENTOS
À Deus pelo dom da vida e por nunca me abandonar quando mais precisei dele.
Aos meus pais Ana e Antônio pelo constante apoio, pela paciência eterna e confiança
nos propósitos de minha vida. À minha irmã Lorena, por juntas termos tido a coragem
de mudar de profissão, começar uma segunda graduação, superar os obstáculos e
seguir em frente. Você sempre será parte da minha vida. Ao meu irmão Anderson pelo
apoio.
À Pedro, meu amor, por me apoiar sempre, mesmo quando eu quase desisti. À Pedro
Cauã, por seu amor puro e na sua inocência de criança fazer meus dias mais felizes.
Aos meus colegas de curso, apesar de serem tão jovens, me mostraram a leveza de
se realizar fazendo o que gostamos e pelo apoio nos bons e maus momentos.
Aos profissionais que convivi durante os estágios e a todas as crianças das escolas
que conheci ao longo da graduação, foram muito importantes na construção do meu
Eu professor.
RESUMO
ABSTRACT
Early childhood education is the beginning and the basis of the educational process.
Physical Education is a required component of basic education and it is inserted by the
BNCC in early childhood education in the fields of knowledge with the name
"movement". Dance, in this context, becomes an important tool to promote movement,
body knowledge and the insertion in the world of art and culture. The work aims to
reflect on the teaching of dance and understand it as an important content for Early
Childhood Education, based on the mandatory supervised internships I and II in the
Physical Education Degree course at UFRN. The study was a descriptive
observational qualitative research when analyzing the Physical Education classes of
the mandatory supervised internships I and II, carried out in two municipal schools
located in the city of Natal-RN. The study population consisted of 149 children aged 2
to 5 years old who attend kindergarten in two municipal schools. Throughout the
research, it was shown that dance is inserted in Physical Education in these schools
based on songs appropriate for the age, in children's songs and movements. It was
concluded that it is necessary to elaborate more in-depth studies regarding dance in
the education of children within Physical Education, in order to raise awareness and
demonstrate the potential that dance has in the school context.
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 8
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 46
8
1. INTRODUÇÃO
essa e outras formas de expressão porque fui em busca de uma escola de Ballet
clássico, já que na escola regular que estudava não era ofertado dança para os
alunos.
Aos 9 anos de idade no ano de 1995 a escola regular a qual estudava era de
bairro e naquela época a educação física era muito diferente da concepção atual, se
concentrava apenas em brincadeiras e no “rola bola” que eram atividades com bola,
sendo o vôlei para as meninas e o futsal para os meninos. Minha mãe conta que
sempre quis fazer Ballet clássico, mas nesse período em Natal só existiam 3 escolas
de Ballet: o “Municipal”, hoje conhecida como Escola Municipal de Ballet Roosevelt
Pimenta; o “TAM”, hoje Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão; e o Ballet do
Serviço Social do Comércio (SESC). E todas as três se localizavam nos bairros Ribeira
e Cidade Alta.
Dancei Ballet clássico dos 9 aos 16 anos (1995 a 2002) no SESC, conseguindo
um diploma de conclusão do curso. Entre 2003 e 2009 não consegui conciliar as aulas
de Ballet com o curso de Nutrição na UFRN, por ter aulas pela manhã e tarde. Em
2010 houve a oportunidade e voltei a fazer Ballet Clássico e mais uma vez no SESC
e com uma professora que já tinha feito aulas anos atrás. Foi como aprender tudo de
novo, pois as metodologias empregadas eram diferentes e o aprendizado foi enorme.
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Nesse segundo momento pude fazer aulas com minha irmã mais nova, que herdou o
dom da dança da família e eu herdei o amor pela dança.
No decorrer dos anos, a partir do Ballet clássico por meio de cursos e aulas
avulsas com professores convidados abriram-se portas para se conhecer outros
estilos de dança, tais como populares, contemporânea, moderna, flamenca,
sapateado, jazz e danças urbanas. No ano de 2012 entrei no grupo Parafolclórico da
UFRN, para ter experiência em outro tipo de dança, outra forma de expressão, visto
que esse grupo é um projeto de extensão do departamento de educação física da
UFRN e trabalha com a ressignificação, divulgação e valorização das danças da
tradição ou populares. Porém, após três meses tive que sair do grupo, por motivos
pessoais.
poderá contribuir para uma desmistificação de que dança é só para meninas, que só
pode ter corpo magro e determinada altura. A dança é para ser vivida,
independentemente de cor, gênero e corpos, pois, como dito anteriormente, o
aprendizado cultural e artístico é fundamental também para pensarmos em educação.
Pode-se supor que a Educação Física está inserida no eixo “Movimento”, sendo
uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. As crianças se
movimentam desde que nascem, engatinham, caminham, manuseiam objetos,
correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos,
experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento
(BRASIL, 1998).
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Nas DCNEI (2010) amplia o foco sobre a criança, considera as interações como
essenciais com o outro, o meio para o aprendizado. A criança é o centro do processo
de aprendizagem, como sujeito das diferentes práticas cotidianas. Essas práticas
buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos
que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico,
de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de zero a cinco anos de
idade (BRASIL, 2010).
O termo Educação Física em nenhum momento foi usado nas RCNEI, DCNEI
e BNCC no que diz respeito a Educação Infantil. Segundo a LDB no artigo 26, a
disciplina como integrada à proposta pedagógica da escola é um componente
curricular obrigatório da educação básica (BRASIL, 2018). É consenso que se observa
professores de Educação Física atuantes em escolas nos níveis fundamental e médio,
ora na disciplina, ora como componente extra-curricular nas chamadas escolinhas em
escolas particulares. Mas por que na Educação Infantil é raridade observar o
profissional atuante? Lendo de maneira mais aprofundada a LDB, em relação a
formação dos docentes para atuação na educação infantil, é exigido formação
superior em curso de licenciatura plena. O que pode inferir que o professor formado
em pedagogia atue na educação infantil em todas as “disciplinas”, o chamado
professor polivalente, que poderá ministrar aulas de movimento, música, entre outros.
Dessa forma, a lei deixa uma “brecha” e não há a necessidade da contratação de
profissionais especializados nas diferentes áreas na Educação Infantil.
cargo das pedagogas. Nas escolas particulares é mais fácil encontrar professor de
“recreação” na educação infantil, mas não são em todas que esse profissional atua. E
também, muitas vezes, os professores de educação física têm relutância e não
querem trabalhar com esse público.
Lima (2010) relata que a dança tem sido proposta como veículo para ensinar
conhecimento de outras áreas, para animar festas de final de ano, para ilustrar
atividade folclórica, como brincadeira para ocupar o tempo dos alunos no início ou
final da aula na roda inicial, como atividade de livre expressão, entre outras. Isso
demonstra falta de conhecimento, despreparo e desvalorização da dança no âmbito
escolar.
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Barreto (2005), em suas reflexões, evidencia que a dança está sim na escola,
mesmo que seu ensino seja pequeno, limitado apenas ao ballet clássico e as danças
tradicionais, mesmo assim está lá. É necessário que esse conhecimento a respeito da
dança seja ampliado pelos alunos.
Para que aconteça a dança é imprescindível ter um corpo dançante, que com
seu movimento possa se comunicar com a plateia, mostrando cultura, formas,
sentimentos e gestos de determinada dança. Laban explicava que as movimentações
relacionadas ao espaço se dividem em níveis alto, baixo e alto, sendo a forma como
o corpo está no espaço, mais próximo do chão ou mais distante; direções para frente,
trás, direita, esquerda e diagonal; progressões em linhas ou curvas; projeções;
suspensão do corpo por meio de saltos; distância, estando perto ou longe;
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Delors (2000, apud SCARPATO, 2001) infere que Laban propõe que a criança
tem o impulso inato de realizar movimentos similares aos da dança. Cabe à escola
levá-la a adquirir consciência dos princípios do movimento, preservando sua
espontaneidade e desenvolvendo sua expressão criativa.
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Assim, Vieira (2014) infere que é fundamental acreditar que é possível por meio
da dança promover uma prática pedagógica que provoque a ação e a reflexão do
sujeito sobre a realidade em que vive, viabilizando o desenvolvimento cultural,
fundamento da Arte, da Educação Física e da Educação. A dança no espaço escolar
busca o desenvolvimento não apenas das capacidades motoras das crianças e
adolescentes, como de suas capacidades imaginativas e criativas.
situada provisoriamente numa casa que tinha pouquíssimo espaço, tanto que as
turmas tinham no máximo 12 alunos, porque não comportavam mais. Ambas as
escolas eram bastante procuradas, na Juvenal Lamartine foi necessário ter duas
turmas na manhã e duas a tarde para a educação infantil, normalmente direcionado
para CMEI ou creche, popularmente falando; no CMEI Kátia Fagundes, por ser
pequena, não consegue suprir a demanda dos moradores do bairro, possuindo uma
lista de espera grande, principalmente na turma do Nível I (2 anos).
Nas aulas da tarde, o turno começava das 13h às 17h30, com dois horários
antes do intervalo e dois após com o lanche dos menores um pouco antecipado dos
maiores, por volta das 14h45. A professora de Educação Física da turma era formada
em Educação Física Licenciatura plena há uns 10 anos. As aulas de Educação Física
dessa turma eram nos dois primeiros horários toda quarta-feira.
Após, utilizou fitas de papel crepom também com músicas antigas que as
crianças conhecem como a “Galinha Pintadinha” e na voz do grupo “Palavra Cantada”.
Esse foi o momento em que os alunos dançaram livremente, só escutando a música
e mexendo o corpo sem orientação da professora do que fazer. Mas foi por pouco
tempo, pois logo veio o comando de dançar com a fita de papel crepom só mexendo
as mãos e depois só os pés. Mais uma vez a professora utilizando a música, agora
com objetos como a bexiga e as fitas de papel crepom para inserir a dança nas suas
aulas.
aponta para a importância de se conhecer o corpo dançante, pois para que exista a
dança é necessário explorar todas as possibilidades do corpo, como também trabalhar
a parte mental e emocional, para que não seja mecânico e sim transmita sentimentos
através do movimento.
aprender a conviver com outras e tomar atitudes que não possam prejudicar cada uma
e o todo.
Na aula 04, a professora conversou com as crianças sobre os animais que elas
têm em casa, cantou a música “Atirei o pau no gato” e também a versão não violenta
“Não atire o pau no gato” sempre trabalhando o ritmo com as palmas. A continuação
da aula foi pautada no corpo humano, no desenho de um gato faltando a metade
direita do corpo.
A aula 05 foi a única observada que a professora levou os alunos para fazer a
educação física na quadra poliesportiva e a única também que não utilizou música e
movimentos corporais, a dança.
Como esse foi o estágio I, nessa escola também assisti as aulas do 3º ano do
ensino fundamental anos iniciais. A vice-diretora, a coordenadora e as professoras
supervisoras eram muito acessíveis, permitindo o livre acesso as dependências da
escola. Como a recepção foi muito boa, os alunos no início ficaram tímidos, mas
algumas crianças têm esse comportamento, depois passaram a me ver como
constituintes das suas aulas e me receberam muito bem. Quem gosta do público
infantil, foi uma experiência muito boa.
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No CMEI o turno da manhã é das 7h até às 11h e a tarde das 13h ás 17h.
Tomando como exemplo a rotina do nível III A da manhã na terça-feira, o momento
pedagógico só acontecia depois que as crianças se alimentavam na própria escola
com um suco ou leite e biscoitos. 7h acolhida, 7h30 desjejum, 7h50 linguagem oral e
escrita, 9h parque, 9h10 arte, 9h50 momento literário, 10h20 almoço, 10h40 roda final
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O CMEI utiliza como metodologia Projetos e temas que tem duração de três
meses (um trimestre). Os possíveis temas são levados para os alunos que fazem uma
“votação” para escolher o que será trabalhado. Parte-se do princípio do que eles
sabem sobre o Tema e à medida que este vai se desenvolvendo, têm-se que no final
saber responder as dúvidas que apareceram. Os temas abordados no turno matutino
foram: Gato (Nível II A), Cachorro (Nível II B), Baleia (Nível III A), A história dos
números (Nível IVA). Já no turno vespertino foram: Jacaré (Nível I), Fundo do mar
(Nível III A), Sapo (Nível III C), Dentes (Nível IV B). Fato interessante é que a escola
tem todo o suporte da escola NEI - UFRN (Núcleo de Educação da Infância), escola
tida como excelência na metodologia Projetos e Temas, tendo reuniões semestrais
com pedagogas e direção.
Foram aplicadas cinco aulas de Educação Física no Ensino Infantil pela manhã
na turma do Nível III A da professora pedagoga e supervisora de campo nas sextas-
feiras por volta das 8h com duração de 40 minutos. Como foi acordado com a Diretora
Pedagógica no dia da primeira visita ao CMEI Kátia Garcia, as outras turmas também
teriam a vivência da educação física. Foi aplicado a aula 01 em todas as oito turmas
da escola, fazendo algumas adaptações quando necessárias devido idade e nível de
desenvolvimento motor das turmas.
Na aula 01 aplicada na turma do Nível III A teve como tema ginástica geral. Na
quarta e última atividade, os alunos receberam um palito de churrasco cortado com
um pedaço de papel crepom colado e uma música lenta foi tocada. Essa atividade foi
inspirada nas aulas observadas do estágio na Escola Municipal Juvenal Lamartine.
Ao finalizar a música, os alunos não queriam guardar a varinha e foi perguntado se
gostariam de dançar outra música e responderam que sim. Ao final da avaliação, eles
falaram que a parte mais legal da aula foi essa varinha. Após aplicar mais seis aulas
01, não foi notado diferença de comportamento dos meninos e meninas ao dançar
com a varinha de fita. A maioria das meninas conseguiram os movimentos fluidos e
lentos que a música pedia, enquanto os meninos e meninas mais agitados pulavam,
balançavam com a varinha. Esse momento só foi orientado para as crianças
dançarem o que estavam sentindo com a música, deixando-os no momento de
criatividade. É com atividades como essa que aprendem a se movimentar pelo
espaço, a fluência dos movimentos, os tempos lento ou rápido, o peso forte ou leve.
Em duas aulas, houve a junção de duas turmas, porque uma professora estava
em planejamento e só havia 11 varinhas para 12 crianças. Foi então, colocada a
música lenta para dançarem sem comandos. Fato interessante que as meninas
dançaram Ballet e os três meninos com idades de 4 e 5 anos não souberam o que
fazer, não queriam dançar, ficaram com vergonha e acabaram brincando. O que pode
ter acontecido é ou eles não estavam acostumados a esse tipo de música ou não
sabiam se movimentar sem comandos dos professores ou pais ou irmãos. Na turma
do nível III C, o aluno com necessidades especiais, autista, não interagia muito com
os colegas, porque não verbalizava muito bem e na dança da aula aplicada foi
entregue só a fita de papel crepom, mas não houve interesse e soltou logo e ficou
correndo pelo espaço.
A aula 02 aplicada na turma do Nível III A também teve como tema ginástica
geral. A quarta atividade foi a repetição do momento que os alunos mais gostaram da
aula anterior, que foi a dança com varinha de fita de papel crepom. Alguns papéis
foram cortados porque enganchou em algum colega ou o aluno pisou sem querer e
foi usado uma cola de silicone com secagem um pouco rápida. Alguns não quiseram
as varinhas e ficaram só jogando as fitas para cima e arrastando-as pelo chão.
A aula 03 aplicada na turma do Nível III A também teve como tema jogos
recreativos e foi inserido o tema de estudo “Baleia”. Uma das atividades foi um circuito
intitulado “fundo do mar” utilizando materiais pedagógicos como o tapete de EVA com
peixes, polvo, baleia, tartaruga e estrela do mar e a baleia de amigurumi. Antes de
começar, a baleia foi passada para cada aluno pegar, cheirar, tocar e sentir o objeto
que participaria junto com eles desse momento e foi dito que não podia pisar neles. A
orientação inicial da atividade era instigar a criatividade das crianças, dizendo:
atravessem o fundo do mar e ao chegar na baleia, façam algo com ela. A maioria das
crianças saltou o tapete e ao chegar na baleia, as meninas pegaram e giraram com o
objeto e os meninos jogaram para cima ou saíram correndo segurando-a. O que se
pode inferir que as meninas convivem mais com a dança? Possuem um corpo mais
livre de paradigmas? Como último momento, foi colocada uma música lenta,
instrumental para as crianças relaxarem, isso já era feito pela professora pedagoga
logo após as atividades que agitavam as crianças, já que a sala de aula é pequena e
se chegam elétricas, não consegue andar com o conteúdo didático. Alguns
conseguem ficar deitados e realmente conseguem relaxar, já outros ficam brincando
e não “desligam”.
A aula 04 aplicada na turma do Nível III A também teve como tema jogos
recreativos e a baleia de amigurumi estava presente. Na terceira atividade os alunos
receberam um peixinho colorido de EVA com um pedaço de fita gomada pregado
atrás. Uma música foi colocada e tinham que dançar com o peixinho, nadar com ele
pelo fundo do mar. Quando a música parava de tocar, tinham que colar o peixinho no
chão e depois pular através dele. A dança presente com o objeto e com um tema
fundo do mar, fez com que as crianças se imaginassem no habitat e se
movimentassem como se nadassem junto com o peixe, pois animais também podem
dançar. Após, houve um relaxamento também usando música e fomos todos para a
sala de aula para desenhar o rostinho do peixe: se ele estivesse feliz era porque a
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aula foi boa e se ele estivesse triste era porque a aula não foi boa. Foi perguntado se
queriam levar o peixinho para casa e todos disseram que queriam sim.
A aula 05 aplicada na turma do Nível III A teve como tema dança. Na roda inicial
foi utilizado músicas infantis conhecidas como “A janelinha fecha quando está
chovendo” e ”pedala, pedalinho” para movimentos de acordo com o que estava sendo
cantado, usando atividades rítmicas mexendo as mãos e pés, ora rápido, ora devagar,
no plano baixo, no plano alto. Em seguida colocou-se três músicas e as crianças
tinham que dançar seguindo os comandos da professora, se movendo no espaço,
conforme Medeiros (2011) nos níveis alto, médio e baixo; nas direções frente, atrás,
direita, esquerda; suspensão do corpo por meio dos saltos; distância perto e longe
com movimentos sucessivos, simultâneos, figuras geométricas como círculos de
mãos dadas e soltas, linhas, fileiras. Sem os alunos sentirem, foi criado uma
coreografia, utilizando os preceitos da Coreologia, ciência da dança que une o estudo
dos elementos: o dançarino, o movimento, o espaço e o som.
Nas aulas observadas e aplicadas no CMEI, foi notório ver como as crianças
estavam felizes, apesar do pouco espaço disponível para a prática da dança. No
momento de repetição de movimentos, não foi exigido perfeição e sim que elas
sentissem e aproveitassem. Dançar com objetos como a varinha com fita de papel
crepom e o peixinho, fez com que vivenciassem a dança como extensão do corpo,
mesmo eles sendo tão pequenos, ao ver a fita mexer no ar como o vento e o peixinho
mexer na água imaginária.
Buogo; Lara (2011) inferem que na escola de hoje a dança como conteúdo
estruturante da Educação Física apresenta-se como manifestação corporal e histórica
que, em si, recompõe e unifica a relação com o conhecimento, propondo elos entre
razão e sensibilidade, entre pensamento e ação, entre individualidade e sociabilidade,
entre expressão pessoal e articulação do conjunto.
Trabalhar com crianças numa faixa etária tão pequena tem sua dificuldade, é
necessário planejar aulas diferenciadas, em que constantemente chamam atenção
dos alunos por também trabalhar seu lado lúdico com brincadeiras, músicas próprias
da idade, bem como também o desenvolvimento motor, o equilíbrio, o abaixar, o pular,
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o rolar, o raciocínio rápido, entre outros. Isso tudo pode ser trabalhado também com
a dança na educação física na educação infantil, basta não deixar algo mecânico e
sim deixar movimentos fluidos.
Foi percebido que os alunos não possuem muito espaço para criarem no
tocante a dança. Quando o estágio no CMEI estava finalizando, estava próximo das
festas juninas e as turminhas já tinham começado a ensaiar a quadrilha. Foi observado
e depois conversado com as professoras pedagogas como elas fazem a dança, a
coreografia. A resposta da maioria foi que de acordo com o tema escolhido, acessava
os vídeos da internet e reproduzia tal e qual nas aulas para os alunos copiarem. Já
outra professora disse que faz a pesquisa nos vídeos da internet e junta uma coisa
com outra para criar os passos e reproduzir para as crianças. A vivência com música
se restringe a isso e músicas cantadas e reproduzidas nos movimentos.
No dia em que fui ao CMEI saber se poderia ser meu campo de estágio, a
coordenadora pedagógica me recebeu muito bem e explicou que a escola estava num
local provisório, era uma casa e por isso o espaço disponível para as aulas de
educação física que eu teria que aplicar poderiam ser prejudicadas. Essa sinceridade
foi bem aceita, mas argumentei que era bom ter experiências diversas nos estágios,
pois assim estaria me preparando para os possíveis desafios que enfrentaria no
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mercado de trabalho. Foi acordado nesse dia que todas as turmas teriam que ter pelo
menos uma aula ministrada por mim e assim aconteceu. A aula 01 foi aplicada para
todas as turmas, tanto da manhã como a da tarde.
Fui muito bem aceita pela equipe de professoras pedagogas e suas auxiliares
de sala e pelas crianças, algumas me viam duas vezes por semana. Poder presenciar
a rotina das crianças na educação infantil foi uma experiência ímpar, poder vê-las
aprenderem, desenvolverem e crescerem. Após esses dois estágios na educação
infantil, confirmei que é esse o público que mais me identifico e se for possível, que
possa trabalhar futuramente com ele.
3. CENÁRIOS FINAIS
Por fim, é necessário ter mais estudos aprofundados no que se refere a dança
na educação infantil dentro da Educação Física, a fim de conscientizar e demonstrar
as potencialidades que a dança tem no contexto escolar.
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REFERÊNCIAS
BUOGO, Edmara Cristina Bonetti; LARA, Larissa Michelle. Análise da dança como
conteúdo estruturante da educação física nas diretrizes curriculares da educação
básica do Paraná. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Porto Alegre , v. 33, n. 4, p. 873-
888, Dec. 2011 . Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32892011000400006&lng=en&nrm=iso . Acesso em 04 Dec. 2020.
LIMA, Ruth Regina Melo de. DANÇA: linguagem do corpo na educação infantil.
2010. 160 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, 2010. Acesso em 03 Dez. 2020.
MEDEIROS, Rosie Marie Nascimento de. Uma educação tecida no corpo. 2008.
167 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
49
SCARPATO, Marta Thiago. Dança educativa: um fato em escolas de São Paulo. Cad.
CEDES, Campinas , v. 21, n. 53, p. 57-68, abr. 2001 . Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32622001000100004&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 04 Set. 2019.