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Escola Estadual de Ensino Médio Professor Clauri Alves Flores

Nome:_________________________________________________________
nº___ Turma: T7 Revisão para avaliação
Disciplinas: Língua Portuguesa

AVALIAÇÃO

1) Leia atentamente o texto abaixo e responda o que se pede:

UM HOMEM DE PRINCÍPIOS
Não gosto de matar barata, nem piolho, nem seres humanos. Não mato por ódio, ciúme,
inveja, medo, casos em que o matador é também vítima desse sentimento, ou, se preferem,
dessa percepção, ou noção, ou senso, ou consciência. Não conheço as pessoas que eu
empacoto. Nada sinto por elas, mas tenho meus princípios.
O Despachante, que eu nunca via pessoalmente — não sabia se ele era branco ou preto,
alto ou baixo, magro ou gordo —, enviou para mim do celular descartável uma foto com o
nome e o endereço do freguês. O Despachante depositaria na minha conta metade do
pagamento adiantado e a outra metade depois que eu fizesse o serviço.
O freguês, um sujeito gordo, calvo, na faixa dos quarenta anos, morava na Zona Sul, num
prédio na quadra da praia, e todos os dias saía de manhã para tomar um cafezinho e comer
pão de queijo, essa coisa engordativa, numa loja de conveniência (acho esse nome idiota)
que ficava perto da praça que tem o nome de um poeta e prosador português do século
XIX. Sei que as pessoas, em sua maioria, são ignorantes e não sabem de qual poeta estou
falando. Isso é bom.
O prédio tinha porteiro dia e noite. Eles se revezavam de oito em oito horas. Ficavam atrás
de vidros escuros, as pessoas da rua não os viam, mas eles as viam nitidamente. Na porta
de entrada da grade que cercava o edifício havia uma pequena caixa protegida da chuva
que recebia e transmitia a voz, e um pino de campainha para o visitante apertar. Se fosse
um morador, o porteiro acionava um comando eletrônico e abria a porta. Mesmo sendo um
parente do morador, o porteiro só o deixava entrar se recebesse autorização expressa
antes. No caso de um desconhecido, o porteiro perguntava pelo alto-falante o nome e o seu
objetivo. Se o desconhecido dissesse um nome que não constava da lista de todos os
moradores que o porteiro tinha à sua frente, ele respondia secamente, “não mora aqui”.
Esqueci de dizer que à noite uma luz se acendia com o foco dirigido para a porta de
entrada.
Resumindo: eu tinha que chumbar o freguês em outro local que não fosse a sua casa.
Passei a ir bem cedo à loja de conveniência esperar o freguês. Ele chegava
impreterivelmente às dez da manhã, ia direto para o balcão onde ficava a máquina de fazer
café e o forno que assava o pão de queijo, fazia o seu pedido e sentava numa mesa.
Sempre a mesma mesa. A garçonete trazia o café, o pacotinho de açúcar e o de chocolate
e quatro pães de queijo. Quatro! Barrigudo daquele jeito, ele certamente comia escondido
da mulher.
Sempre levo comigo a minha ferramenta, uma Beretta M9 com carregador de quinze balas,
num coldre especial colocado abaixo da axila, sob o blusão. A empunhadura da Beretta
ficava para baixo. Dentro da loja eu não podia chumbar o freguês. Meu desejo era que ele
fosse para a praça do poeta, mas o freguês voltava para casa. A mulher desses caras
gordos sempre manda neles. Aliás, todas as mulheres mandam no marido. Minha mãe não
mandava no meu pai porque ela morreu no parto. Eu matei minha mãe? Meu pai também
morreu cedo. Isso tudo eu conto algum dia.
Na terceira manhã em que eu observava dissimuladamente o gordo comer os pães de
queijo no posto, ele se levantou para ir à caixa pagar a despesa, mas, ao passar perto da
minha mesa, puxou uma cadeira e sentou-se dizendo “bom dia”.
Já disse que sou puta velha. Respondi calmamente: “Bom dia.”
“Meu nome é Xavier”, ele disse, “com xis”. “O meu é José. Muito prazer.”
A voz do freguês era tranquila, um pouco espessa.
“Vou ser breve. Percebi que o senhor nestes três dias aqui no posto me observa
dissimuladamente. Isso significa que tem um objetivo, que eu suponho qual seja. Sei que o
senhor é um... um matador profissional.”
Meneei a cabeça.
“Tenho uma proposta a lhe fazer”, ele disse. “Sim.”
“Posso fazer a proposta?” “Sim.”
“Quero que você mate a minha mulher. Pago o dobro, o triplo do que você iria receber se
me matasse.”
Ele agora já não me tratava mais de senhor, acreditava que como eu seria seu empregado,
ou servidor, não precisava mais ter deferência, consideração por mim.
“Quanto e onde?”, perguntei.
Ele tirou um maço de notas de cem dólares do bolso. “Me paga depois. Onde será feito o
serviço?”
“Na minha casa. Vamos juntos, eu toco a campainha, ela espia pelo olho mágico, vê que
sou eu e abre a porta. Ela não abre a porta para ninguém. O senhor mata a minha mulher.
Sua arma tem silenciador?”
“Evidentemente”, respondi.
“Nós entramos, abrimos as gavetas e mexemos nos armários, para fingir que foi um
assalto.”
“Essa ideia é muito boa”, eu disse.
“Depois eu te pago e vamos embora. Eu vou ao supermercado fazer umas compras, e você
sai de novo escondido no carro. Quando eu voltar, vejo a minha mulher morta, chamo a
polícia...”
“Perfeito. Quando?”
“Agora”, ele respondeu. “Vamos entrar pela garagem, o senhor fica escondido no banco de
trás. O carro está aqui no posto. Já disse que vou ao supermercado e sempre volto
carregado de compras, inutilidades que a megera me obriga a comprar.”
Megera. O cara não gostava mesmo da mulher.
Entramos pela garagem, subimos, saltamos no hall do andar dele.
Não sei se já disse, mas aquele prédio tinha apenas um apartamento por andar. Tirei a
minha Beretta do coldre.
“Um momento, não toca ainda a campainha”, eu disse, “espera eu colocar o silenciador”.
Coloquei o silenciador, destravei a Beretta e dei um tiro na cabeça do Xavier. Eu sei o lugar
na cabeça que apaga o freguês. Segurei-o para que não fizesse barulho ao cair.
Saí pela garagem, usando os óculos escuros do morto. Os vidros escuros não deixavam ver
direito quem dirigia o BMW. Esses ricos só usam carros bacanas.
Deixei o carro perto do supermercado. Fui andando pela rua.
Eu tenho os meus princípios, já disse. Não mato mulher, criança e anão. E sou honesto.

a) Quais eram os princípios do personagem?


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b) Retire do texto:
Um substantivo comum:________________________________________________
Um substantivo próprio:________________________________________________
Um artigo indefinido: __________________________________________________
Um artigo definido: ___________________________________________________
2) Qual é o espaço em que acontece a história?
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3) Qual é a função de um substantivo?
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4) Qual é a função de um artigo?
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5) Cite três pronomes possessivos:
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6) Complete com o pronome possessivo adequado:
a) Conheço Joana a tempo ela é _________________ amiga.
b) __________ fomos juntos ao supermercado.
c) Este colar é ___________ foi minha tia quem me deu.

7) Ligue as colunas:

Esse carro. Está longe de quem fala.

Este carro. Está longe de quem ouve.

Aquele carro. Está longe de quem ouve e de quem fala.

Escreva uma frase contendo: (um artigo definido, um substantivo próprio, um


substantivo comum e um pronome possessivo.)
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