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Apoiei a cabeça em minhas mãos, conferindo novamente o relógio na parede.

Já estava perto
das cinco da manhã e eu ainda não havia conseguido fazer nenhum progresso em mais um
novo caso criminal. Não aguentava mais olhar para o mesmo papel enquanto analisava mais e
mais coisas que não me levariam a conclusão nenhuma, eu já poderia me declarar morto de
tanto trabalhar.

Me levantei nervoso, aproximando da janela e pegando o maço de cigarros de menta que já


estava ali, levando uma unidade aos lábios e logo acendendo o mesmo. Foi questão de
segundos até sentir os efeitos calmantes.

Olhei para a rua em minha frente onde havia vários prédios antigos em horríveis condições, na
maioria dos prédios, o primeiro andar consistia em uma loja ou até mesmo um bar, nunca se
sabia o que tinha dentro daqueles lugares, e eu não seria o que iria entrar para saber. A luz
alaranjada do poste de luz iluminava poucos pontos da rua, mesmo na madrugada havia uma
certa movimentação pelas ruas e becos.

Havia feito exatamente dois meses que havia me mudado para Miami, foi ideia do meu tio,
que disse que eu teria mais reconhecimento e trabalho em uma cidade grande, e não em um
interior como aquele em que eu morava. Porém começar uma vida do zero não era tão fácil
assim, Miami é uma cidade de classe alta, e é muito difícil encontrar apartamentos com baixo
aluguel em certos lugares. E agora aqui estou eu, morando em um apartamento
completamente podre e ainda por cima na parte mais ruim da cidade.

E logo quando cheguei, percebi o porquê meu tio queria que eu trabalhasse em uma cidade
grande, o trabalho ali era de um verdadeiro detetive. Os casos mais simples, eram totalmente
ignorados, o que contribuía para aumentar a taxa de criminalidade na cidade, os detetives
davam preferência para os casos mais complexos e que geralmente ocorriam na parte mais
luxuosa da cidade.

E o fato de estar vivendo em um lugar onde eu estou repleto de prostituição, drogas, violência
urbana e gangues não ajudava nem um pouco a melhorar a situação. O prédio onde eu estou
vivendo tinha apenas três andares, logo ao lado um clube noturno, se alguém estivesse no
telhado ao lado, poderia muito bem subir pela minha janela e me matar enquanto dormia. E os
vizinhos eram completamente de má índole, eu já estava começando a me acostumar a
trabalhar ao som de gemidos, musica extremamente alta, gritos e até mesmo tiros.

E estar em pleno anos 80 também não ajudava muito...

Dei leves batidas no filtro, fazendo com que as cinzas voassem pela janela. Me virei da janela,
encarando a vista horrível do meu quarto, era literalmente uma suíte, porém tinha quase que
apenas 5 metros quadrados e boa parte da parede e teto estavam começando a rachar, no
canto do quarto havia um colchão fino, um mini frizzer em péssimas condições, uma televisão
velha e empoeirada, e logo a frente estava a mesa com cadeira.

Eu estava em uma situação um pouco desesperadora, mas só o fato de ter um lugar para
dormir já era bom suficiente para mim. Joguei o resto do cigarro pela janela, e quando eu
estava prestes a me sentar para voltar as minhas pesquisas, fui interrompido.

A porta se abriu com uma força sobrenatural, quase me matando de susto. Um ser
desconhecido com o cabelo enorme entrou desesperadamente dentro do quarto, fechado a
porta com a mesma força a qual tinha aberto.
- Q-que é isso que está acontecendo? – Perguntei assustado, a mulher que havia entrado me
olhou mortalmente, me segurou pelo pulso com força e me arrastou até o banheiro.

Era isso, eu estava sendo sequestrado, eu mal havia começado uma nova vida e já estava
sendo mantido em cárcere privado.

Me jogou dentro da banheira imunda, se sentando em minhas pernas e me deixando imóvel.

- Que merda é ess-

- Cala a boca! Eles não podem descobrir que tem alguém aqui! - Sussurrou, olhando irritada
mim.

Pensei um pouco nas opções que estavam disponíveis para mim neste momento, e descobri
que a melhor delas era continuar em silencio dentro da banheira enquanto corria o risco de ter
as pernas quebradas por uma mulher. Pelo jeito ofegante que a mulher estava, parecia que
estava acontecendo uma perseguição

Sem saber o que fazer enquanto esperava o caos passar, comecei a reparar um pouco mais na
mulher em minha frente, que estava em um modo alerta, tentando observar e ouvir qualquer
coisa que vinha de fora. A mesma tinha uma aparência jovial, longos cabelos castanhos, uma
pinta embaixo do olho, vestia roupas chamativas e estava suada e ofegante.

Mas uma coisa que chamou minha atenção era o fato de ela não parecer desconhecida para
mim, eu já havia a visto em algum lugar.

A mulher em minha frente me encarou de volta, certamente irritada com os olhares, desviei o
olhar rapidamente, sentindo meu rosto queimar.

Quando eu estava prestes a dizer mais alguma coisa, a porta foi novamente arrombada, mas
dessa vez por uma força muito mais forte e bruta. A garota em minha frente levou um
pequeno susto, olhando para a porta aberta do banheiro calmamente.

- Cadê essa vadia! - Uma voz grossa e alta gritou.

- Ela é sorrateira, deve ter corrido por aí, vamos procurar lá fora. - Uma segunda voz falou mais
baixo.

Ouvi o barulho da porta sendo fechada, a mulher suspirou aliviada e se levantou de cima das
minhas pernas, ignorando completamente a minha existência.

- Que inferno foi isso? – Sussurrei, com medo de que ainda estivesse alguém nos ouvindo do
lado de fora do quarto.

- Não te interessa! - Respondeu irritada, era possível se sentir ameaçado de quinze formas
diferentes só de ouvir aquela voz sádica.

- Ah mas interessa sim, você praticamente arromba a porta da minha casa no meio de uma
perseguição, me colocando em uma situação de risco, e quer dizer que não estou envolvido
nisso? – Neste momento, eu já havia completamente esquecido do fato de que eu poderia
estar arrumando briga com uma pessoa perigosa.

A garota o olhou com indiferença, se virou e foi em direção da porta do quarto, que a esse
momento estava com a maçaneta caída no chão e a madeira da porta estava toda desfigurada.
E o pior de tudo, é que será eu o coitado que terá que enfrentar o sindico, porque literalmente
tudo sempre dá errado para mim. A mulher se encostou na parede e olhou para o corredor do
lado de fora, na tentativa de descobrir se os homens haviam saído.

- Merda. - Se apoiou nos joelhos tentando recuperar o ar. - Vou ter que arrumar outro lugar. -
Passou as mãos pelos cabelos enquanto tentava pensar em uma solução.

- Só você? – Chamei a atenção da garota, que me olhou com seriedade. - Não se esquece que
foi você que arrombou minha porta, eu é que tinha que arrumar outro lugar para morar.

Toda aquela brincadeira estava começando a me irritar, como se já não bastasse o fato de eu
não conseguir um emprego, agora teria que ficar em um quarto onde o risco de perigo havia
acabado de aumentar mais de oito mil.

- Isso é problema seu. – Para uma pessoa que havia auto se convidado para entrar em minha
casa, ela parecia bastante à vontade.

A mulher ficou ali parada na porta, olhando para minha cara e para mim, seu olhar vagava pelo
cômodo pequeno e reparava em cada detalhe, e eu não pude deixar de perceber o quão
enxerida ela era. Quando parou para examinar um pouco mais os papeis que estava em cima
da minha mesa, percebeu que havia invadido a casa da pessoa errada.

E foi em um piscar de olhos que fui prendido na parede, me assustando pela segunda vez em
menos de dez minutos.

Senti algo afiado ser pressionado no lado direito do meu pescoço, bem em cima da minha veia
jugular, eu estava prestes a ser morto.

- Para quem você trabalha?

Por um minuto eu havia tido a ideia de uma pessoa indefesa e fraca, mas mudei meu
pensamento quando eu percebi a força com que eu estava sendo mantido na parede. Seus
olhos vermelhos pareciam brilhar na escuridão do quarto, e a aura que vinha dela era tão
obscura que eu podia me declarar morto só de senti-la.

Aquilo era uma faca, pronta para tirar minha vida, que estava pressionada bem na minha veia
jugular.

- C-calma, e-e-eu sou um detetive em treinamento, eu c-comecei a trabalhar recentemente. –


Falei desesperado, tentando conseguir o mínimo de chance de não ser morto.

- Você é da polícia, não é? - A frase anterior responderia sua pergunta, mas a garota preferiu
ignorar a minha resposta para a última pergunta.

- N-não, claro que não.

Bem... eu tinha algumas afiliações com a polícia, mas não era nada que devesse ser
mencionado em um momento como esse.

A mulher finalmente começou a diminuir o seu aperto no meu pescoço, me soltando aos
poucos. Me sentei no chão tentando recolher ar, eu havia acabado de passar por várias
situações de quase morte em menos de dez minutos.

Realmente, minha vida estava tomando um rumo incrível, morando em um lugar horrível,
tendo minha casa invadida, e agora quase fui assassinado.
Olhei para cima tentando encontrar a garota responsável pela minha desgraça, eu pensava
que ela estaria queimando os papeis neste momento, mas ela estava apoiada na janela com
um dos meus cigarros na boca. Era normal as pessoas dos subúrbios serem folgadas desse
jeito?

- Você sabe que se contar para alguém o que aconteceu, você morre, certo? - O olhou
enquanto assoprava a fumaça.

- Já passei por muitas situações dessa. – Claro que isso era uma mentira imunda, eu nunca
havia passado por algo assim.

Me levantei do chão com um pouco de dificuldade, minhas pernas ainda estavam dormentes
por causa do peso da garota enquanto estávamos sentados no banheiro. Me aproximei da
janela pegando o maço de cigarros procurando algum, e foi aí que percebi que a ordinária
havia pegado o último que sobrava. Peguei a caixa vazia com raiva e joguei com força pela
janela.

- Porcalhão.

Olhei irritado para a garota ao lado, que estava soprando a fumaça tranquilamente, como se a
um segundo atrás não tivesse tentado me matar.

- Qual é seu nome? – Perguntou.

- Shuichi Saihara. – Fiquei com um pouco de receio em dizer, ela poderia ser da máfia e se
lembrar do meu nome para me caçar mais tarde.

- Você não é daqui, certo? – Me olhou nos fundos dos meus olhos, como se estivesse lendo
minha mente. Ao retribuir o olhar, percebi que o seu parecia vazio.

- Não, vim aqui tentar subir na minha carreira, mas nem sempre é fácil começar a vida do zero.
– Olhei para as pessoas que saiam do bar ao lado, totalmente embriagadas. - Seu nome?

- Maki Harukawa.

Maki Harukawa, interessante... - Eu senti a mesma sensação de dejavu ao ouvir seu nome, eu
já havia ouvido falar desta mulher, só não me lembrava onde.

- Temos de ir, daqui a pouco começa a amanhecer. - Jogou o cigarro já acabado pela janela, e
eu é que era o sem educação...

- T-Temos?!

Ah que ótimo, vim para esta cidade para vencer na vida e parece que estou prestes a entrar
para o mundo do tráfico.

- Sim, como você mesmo disse, isso é problema seu também. – Eu havia tido isso? - Ou você
quer ficar aqui com a porta arrombada e com criminosos sabendo da moradia de um detetive
infiltrado na periferia? - Levantou as sobrancelhas e caminhou vagarosamente até a saída do
quarto. - Estou esperando no quarto da frente.

Soltei o ar que nem percebi que estava prendendo, eu havia me metido em um grande
problema, e a culpa nem era minha. Vesti meu único casaco que estava em cima da cadeira,
peguei os papeis em cima da mesa e os juntei, enfiando todos no bolso interno do casaco, eu
não poderia deixar papeis criminais jogados por aí.
Sai do quarto e entrei no que ficava em frente ao meu, e se eu achava que estava morando em
más condições, era porque ainda não tinha visto o da pessoa que morava em minha frente.

Além da porta que estava caída e quebrada, as únicas duas mobílias que tinham no quarto (um
armário vazio e uma mesa) estavam caídos no chão. O colchão estava literalmente podre, a
janela do quarto estava quebrada, e ainda por cima cheirava como se estivesse um corpo em
decomposição dentro do quarto. As paredes estavam todas descascadas e cobertas de mofo,
não sei como era possível alguém dormir em um lugar como esse.

- Não pense que eu vivo nessa podridão, eu passo pouco tempo aqui. - Harukawa pegou uma
jaqueta jeans jogada no canto do quarto e a vestiu. - Vamos.

- Só isso? – A garota só vestia uma regata preta e curta por baixo da jaqueta e uma saia preta
rasgada e justa, as meias vermelhas faziam pouco em protege-la do frio.

- Não preciso de mais nada.

Saiu do quarto, indo direto para a saída da frente do prédio.

- Onde vamos? - Estremeci ao sentir o frio da madrugada, mas ao contrário de mim, Harukawa
não parecia nem um pouco desconfortável com o vento frio que batia em seu rosto. - Espera,
nós estamos saindo pela porta da frente? Você não está sendo perseguida?

- É o lugar mais improvável em uma situação dessas, e vamos procurar um hotel por aí. -
Hotel? Nós não tínhamos nenhum centavo.

Segui a garota, que entrou em um beco vazio e escuro que havia do outro lado da rua,
entrando na parte dos fundos de um apartamento, onde havia um Ford Mustang 1976.
Harukawa olhou para trás, nos meus olhos e sorrio, logo depois quebrando o vidro do carro
com o cotovelo.

Minha boca se abriu em um “o” perfeito, nós iriamos roubar um carro?! Porque é que eu
aceitei vir com essa garota? Ela era uma psicopata.

- Entra aí. – Entrou no banco do motorista, destrancando a porta do passageiro para eu entrar.

Eu estava em choque, eu nem mesmo conseguia me mover enquanto assistia ela tentar fazer
um curto circuito no carro.

- Entra logo! – Gritou comigo, logo vendo o motor do carro ligar.

- Eu não vou entrar em um carro com uma assaltante, eu vou levar um choque se entrar nesse
carro com esse monte de fiação. – Eu estava a um passo de voltar para trás e ir me deitar no
meu colchão velho, só para chorar pela noite inteira.

- Se você quiser voltar e morrer dentro da sua casa pode ir. – Fechou a sua porta, se
preparando para acelerar o carro. – E isso não é um curto circuito, é uma ligação direta.

Ah que ótimo, ela era profissional em assaltar carros, porque eu havia me metido em uma
coisa dessas? Primeiramente porque eu havia vindo morar na cidade mais cara dos Estados
Unidos? Enquanto eu me dirigia até o banco do passageiro, eu me odiava a mim mesmo pelas
minhas horríveis escolhas.

Antes mesmo de conseguir fechar minha porta, a garota acelerou o carro e saiu de dentro do
beco onde o carro estava escondido, quase fazendo a porta voar com o vento. E como se
apenas infringir uma ou duas leis não fosse suficiente, agora Maki Harukawa estava dirigindo
um Mustang em alta velocidade.

Eu poderia muito bem arranca-la daquele banco e dirigir em seu lugar, mas eu sentia (na
verdade, eu tinha certeza) que iria ser esfaqueado vinte e sete vezes.

O destino onde estávamos indo? Nem deus sabia, eu estava dentro de um carro furtado com
uma assassina, indo para um lugar desconhecido.

Eu poderia facilmente me auto considerar um burro, que tipo de cara se deixa ser levado por
uma mulher claramente psicopata em um carro roubado? Eu provavelmente deveria estar
sendo levado para um centro de tráfico de órgãos.

- Desce aí. – Harukawa falou ao estacionar ao lado de um bar com cores fortes neon.

E foi aí que eu percebi que ao invés de ter me levado para a máfia russa, nós só viemos até um
bar na parte de classe alta em Miami. Desci do carro e olhei em volta do lugar, eu não estava
tão acostumado em visitar essa parte mais nobre da cidade, parecia estranho ver pessoas
saindo do bar vivas.

- Porque estamos aqui?

- Tem um amigo meu que vai ajudar a gente. – Agarrou meu braço e me arrastou até a porta
do bar, onde um segurança ameaçador e de cabelo bizarro nos deixou entrar facilmente.

O interior do local doía meus olhos, fazia tempo que eu não via cores mais vivas, a música
estava baixa e as pessoas começando a deixar do local. Tive que subir um mar de escadas para
chegar no primeiro andar do estabelecimento, que era sujo, porco e extremamente velho
comparado ao térreo.

- Quem é esse moleque? – Um asiático loiro e extremamente baixo se levantou do sofá e ficou
de frente para Harukawa. – Outro refém?

Refém? A desgraçada me trouxe de refém?

- Que? Não, ele é um detetive e infiltrado na polícia.

- Polícia? – Um homem de cabelo estranho e roxo entrou no quarto.

- Sim, ele parece que vai ser útil, ele sabe um tanto de informação privada. – Harukawa me
olhou de lado, ela estava praticamente inventando uma história de fundo para mim.

- E daí porra? Quando eu disse pra você recrutar pessoas eu não quis dizer qualquer um. – O
baixinho começou a ficar irritado, enquanto isso o outro cara só olhava a situação.

- Ele vai ser meu parceiro Fuyuhiko, relaxa.

Esse tal de “Fuyuhiko” pareceu desistir de discutir com a garota e só voltou a se sentar no sofá
de cabeça baixa.

- Pelo menos você conseguiu matar os dois pilantras que ‘tava na lista? – Espera, matar?
- Sim, sim, só não tenho onde morar mais, ele também não.

Ela tinha matado alguém a cerca de uma hora atrás? Eu era testemunha de um assassinato e
poderia ser preso por estar escondendo informações importantes da polícia. Que dia ótimo!

- Se vira, você aí. – Fuyuhiko apontou para mim. – Já que você é detetive deve ser bom em
investigar e queimar arquivos, certo?

- Ahm, sim, é isso que um detetive faz. – Vou simplesmente ignorar a parte de queimar os
arquivos.

- Ótimo, agora você trabalha com nós.

- Trabalha? De que? – Eu também iria ter que matar pessoas igual a Harukawa fez?

- Na máfia japonesa! – O cara de cabelo roxo falou com tanta alegria e orgulho que por um
momento achei que ele estava falando do melhor emprego do mundo.

- Ignora esse idiota, senta aqui que eu vou te explicar o que ‘tá acontecendo.

Essa definitivamente era uma proposta irrecusável, ou eu aceitava ou eu levava um tiro na


cabeça. Olhei para Harukawa que se distanciou e foi para o lado de fora da sala para conversar
com o outro cara, provavelmente para dar um pouco de privacidade.

- Qual é que é seu nome mesmo? – Pegou dois copos e serviu um pouco de whisky em cada.

- Shuichi Saihara.

- Ok, ok, sou Fuyuhiko Kuzuryu, então... você trabalha mesmo para polícia? – Ele não parecia
ver isso como uma ameaça, pra falar a verdade parecia bastante interessado.

- Ahm, às vezes. Eu geralmente trabalho na área de investigação criminal. Eu trabalhava como


detetive privado em uma cidade mais do interior, mas vim para aqui tentar crescer um pouco
mais na minha carreira. – Eu estava praticamente contando da minha vida pessoal para um
maluco que eu nem conhecia.

- E está dando certo?

- Bem, eu trabalho com casos bem complexos, mas não tem me dado muito rendimento
econômico. – Tomei um gole do whisky, e meu deus... aquela bebida deve ter sido muito cara,
tinha um gosto refinado e rico. – Eu estava quase concluindo um caso sobre algo relacionado
com tráfico humano, mas a Harukawa meio que invadiu meu apartamento...

Kuzuryu pareceu ficar extremamente interessado nas últimas palavras, pousando o copo na
mesa de centro e se inclinando para ouvir com mais atenção.

- Calma, tem algo relacionado com uma casa de prostituição? Que tem... aí, era o que mesmo?
– Estalou os dedos tentando se lembrar.

- Menores de idade? – Ouvi uma voz vir de trás de mim.

Me virei assustado ao finalmente notar a presença de uma mulher alta de cabelo platinado, ela
estava do lado de fora e nos olhando pela janela. Ela sempre esteve ali? Como eu nunca
reparei nisso antes?
- A-ah, desculpa, sou Peko Pekoyama. – Se inclinou na janela e me estendeu a mão, a
cumprimentei ainda um pouco assustado com sua presença repentina.

- Não faz mal, eu não tinha te visto.

- Ela fica sempre aí para caso algo dê errado ou alguém entrar.

Calma que? O cara tinha a porra de uma guarda-costas? O quão importante ele era?

- Mas continuando, a polícia está investigando isso? Eu tenho algumas coisas para resolver
com uma proprietária de lá, faz um tempo que estamos tentando encontrar a nova localização
deles, eles fugiram da última vez que conseguimos entrar, mas fiquei sabendo que eles
diminuíram o tamanho do clã que governa lá dentro. – Ótimo, uma guerra de clãs asiáticos
onde agora eu estava no meio.

- Alguns foram presos, mas a polícia não está sabendo disso, nós fomos contratados para uma
investigação privada. Geralmente os detetives reúnem provas e depois apresentam para a
polícia, para que seja emitido um mandado de prisão. – Senti um peso dentro do meu casaco e
rapidamente me lembrei dos papeis que havia enfiado dentro do meu bolso. – Ah, aqui, eu
trouxe alguns papeis quando estava saindo.

Entreguei os papeis e Fuyuhiko analisou cada um, organizando alguns papeis em cima da mesa
e me entregando os restantes.

- Peko chama a Maki e o Kaito. – A garota saiu da janela e voltou para dentro da sala com os
dois. – São essas daqui não são?

Harukawa se abaixou na frente da mesa de centro e olhou surpresa para os papeis, pegando
alguns e analisando mais de perto.

- Porra... você é uma pilha de sorte, se eu não tivesse te encontrado nós nunca íamos saber a
localização do puteiro. – Me olhou surpresa, parecia que pela primeira vez eu estava sendo
útil.

- Você mal se juntou a nós e já está sendo extremamente útil! Bom trabalho dude! – O doido
de cabelo roxo sorriu emocionado para mim. – O que fazemos agora?

- Idiota, nós vamos atrás deles.

Nós? Eu também teria que ir? Eu deveria entrar no guiness book como o “primeiro homem a
entrar em uma máfia criminosa tão rápido”.

- Vocês vão agora. – Fuyuhiko se levantou rápido e se dirigiu até a outro cômodo junto com
Maki, saindo de lá com uma arma e jogando para mim. – Você vai junto. Vão chamar os outros
e peguem a van dos fundos.

Eu vou junto?! Porque diabos eu estava segurando uma arma e indo invadir uma casa de
prostituição? E esses outros, tinha mais gente envolvida nisso?

Harukawa voltou com uma bolsa e um jaqueta de couro, arrancou meu casaco longo e me deu
a jaqueta.

- Veste isso aí, se você for com esse casacão vai ser o primeiro a morrer. – Ótimo, eu estava
indo para uma missão suicida.
Desci as escadas com as pernas tremendo, seguindo Harukawa e Peko para o andar de baixo. O
local já havia fechado e só havia o segurança e outras duas garotas sentadas no bar, uma
enfaixando as mãos e uma baixinha conversando com o segurança.

- Bora Mukuro. – Harukawa jogou uma ak-47 para a garota que pegou com facilidade. – O
espertinho aqui conseguiu a localização do clube.

- Qual deles? – O segurança perguntou.

- O que vai fazer um mês que ‘tamo procurando. – Seguimos para a porta atrás do balcão de
bebidas e saímos pelos fundos.

Parecia que todos que trabalhavam no bar tinham afiliação com as coisas que aconteciam no
andar de cima, era normal tanta gente criminosa residir no mesmo lugar?

E quando eu achava que era muitas pessoas, vem e me aparece mais duas. O fundo do bar
dava para uma oficina com entrada pela outra rua, onde havia dois punks trabalhando em um
carro extremamente extravagante, uma loira e um cara de cabelo rosa deitado debaixo do
carro.

- Hey Harushit, quem é esse fracassado? – A loira apontou para mim. Era o que me faltava,
como se já não fosse suficiente tudo que passei em menos de duas horas agora tenho que ser
insultado.

- Cala boca Iruma, esse fracassado tem sido mais útil que você. – Por algum motivo a loira
gemeu assustada e voltou ao seu trabalho de antes. – Kazuichi a van tá com gasolina?

- Sim tá perfeita, onde vocês vão?

As três simplesmente ignoraram o coitado de cabelo rosa e entraram dentro da van, Maki
dirigindo, Mukuro indo no banco de passageiro e Peko me acompanhando no fundo. Peguei
um papel que havia colocado no meu bolso da calça e entreguei para a motorista, que
rapidamente conseguiu identificar a rota para o lugar e já logo deu partida na van.

- Então, você pretende pegar quantas reféns? – Mukuro perguntou para Maki.

Calma, nós iriamos sequestrar alguém e manter como refém? Essa parte do plano ninguém
tinha me contato, para começar, qual o plano?

- O que eu deveria fazer?

Um silencio se instalou no lugar, Peko me olhou pensativa e logo olhou para Maki no
retrovisor.

- Acho que ele deveria ir pegar as reféns. – Não, não por favor não. Não podia acreditar que eu
iria ficar com o trabalho de sequestrar uma quantidade desconhecida de mulheres.

- Sim dá o mais fácil para ele.

O trabalho mais fácil era sequestrar alguém? E qual seria o trabalho delas então?

- Olha, você tem que sedar essas três daqui. – Peko me mostrou a foto de três mulheres que
estavam em um dos arquivos que eu havia trazido. Uma delas tinha cabelo roxo e desfiado, a
outra tinha cabelo azul e a última era loira com aparência de criança. – Essa daqui é a mais
importante. – Apontou para a loira.
- Mas não vai dar nenhum problema nós irmos durante o amanhecer? – O sol estava
começando a nascer, deveria ser por volta das seis horas.

- Olha você já está pegando o jeito. – O que diabos Harukawa queria dizer com isso?

- Ele é detetive Maki, ele sabe de coisas obvias. – Peko voltou a atenção para mim. – Essa é a
hora que o serviço delas acaba, o clube já deve estar fechado e a maioria das pessoas fora ou
então dormindo. A sua arma tem silenciador, então não se preocupe em atirar em alguém.

Eu estava fazendo um progresso “incrível”, uma assassina invade meu apartamento e rouba
meu livre-arbítrio, e agora de algum jeito consegui entrar em uma facção criminosa e estou
indo em minha primeira e incrível missão: sequestrar três menores de idade. E o melhor de
tudo é que fui aconselhado a não me preocupar ao matar alguém.

Eu sentia que eu estava cada vez mais entrando em um poço sem fim, e já estava fundo o
suficiente para não conseguir voltar.

Peko continuou me ensinando mais algumas coisas necessárias, como por exemplo, usar
sonífero, recarregar um revolver... coisas básicas da vida. Porem uma coisa estranha que notei
era a mais importante, não havia um plano.

Elas simplesmente resolveram invadir o clube três minutos após descobrirem sobre sua
existência, não procuraram saber possíveis locais de entrada, nem quantidade de pessoas no
local, nem nada. E embora não ter um plano parecia algo amador, não foi essa a impressão
que me passou.

Não ter um plano só provou o quão profissionais elas eram, a ponto de improvisar no último
momento.

A van freou bruscamente em um beco deserto e sujo, havia vários prédios em volta e algumas
portas de fundo. Todas desceram do carro e eu as acompanhei.

- Shuichi, a porta de trás da van está destrancada, traz a mais importante primeiro e depois
vem as outras. – Acenei com a cabeça e as segui até uma porta branca que cheirava a urina.

Mukuro atirou na maçaneta na porta, logo derrubando a mesma com força. As três entraram
armadas no lugar enquanto eu seguia atrás com a arma na mão, o lugar era um escritório
escuro com vários papeis e revistas pornô jogadas no chão, Harukawa abriu um frízer que
havia no local e foi surpreendida por uma cena chocante (pelo menos para mim era bastante
chocante).

Dentro havia vários sacos de drogas, de todos os tipos, mas o que me deixou mais surpreso foi
Maki pegando tudo e enfiando dentro da bolsa.

- Porra é essa Maki? – Nós não estávamos ali para outros motivos?

- Não vou perder a chance de ganhar dinheiro.

Incrível como o ruim sempre consegue ficar pior, além de assassina também era traficante. Se
alguém me dissesse que essa garota também tinha envolvimento com o tráfico de crianças eu
não estaria nem um pouco surpreso.

Continuamos seguindo o rumo e o lado de fora do escritório já dava acesso a visão do enorme
clube, estava com as luzes apagadas e vazio, e só pela quantidade de notas de um dólar
jogadas no palco parecia ser um lugar bastante vibrante e movimentado. Assim que subimos
as escadas para a área superior do lugar nós fomos surpreendidos por dois corredores.

- Como nós sabemos qual área dá para qual? – Sussurrei com medo de alguém do clube ouvir.

- Shuichi você vai para esse corredor com mais entradas, se você encontrar homens você volta
pro outro corredor e nos chama. Se encontrar alguma das garotas leva para a van. – Mukuro
explicou e as três se dirigiram para o outro corredor, me largando sozinho.

Agora era eu e eu, se alguma coisa acontecesse a minha única salvação era a arma, e eu iria
usar para atirar em mim mesmo.

Comecei a caminhar pelo corredor extremamente escuro, todas as portas tinham apenas uma
cortina as cobrindo, dentro delas havia um grande sofá e nada mais. Cheguei ao fundo do
corredor e havia a primeira porta com maçaneta, abri um pouco e olhei cuidadosamente para
dentro, ao ver que não havia ninguém entrei e fechei a porta atrás de mim.

Era uma espécie de cozinha em conjunto com a sala, o sofá estava rasgado e com alguns
resquícios de fluidos um pouco... nojentos. Em volta havia três portas, provavelmente uma
daria ao banheiro e as outras aos quartos.

Abri a porta mais próxima de mim e dei a sorte de ser um banheiro imundo que era iluminado
por uma pequena janela, a pia estava cheia de produtos de beleza e maquiagem, o vaso estava
quebrado na ponta e a cortina da banheira estava cheia de mofo. Estava prestes a sair do
cômodo quando notei algo estranho saindo da banheira, onde a cortina não conseguia cobrir e
estava longe de mim. Me aproximei da ponta da banheira e abri a cortina de uma vez.

Tinha um corpo deitado ali dentro.

E parecia ser justamente uma das garotas a qual eu tinha que sequestrar. Ela parecia ser bem
jovem e estava usando apenas roupas intimas e uma blusa de manga cumprida, que por acaso
estava bem suja. Ela estava em um sono calmo mesmo em uma posição bem desconfortável.

Me abaixe na frente de seu braço que estava caído do lado de fora da banheira, pegando uma
das seringas com sonífero dentro do meu bolso. Assim que levantei suas mangas percebi o
quão mutilado seu braço estava, não apenas de cortes, mas também de hematomas, resolvi
deixar isso para resolver depois e me concentrar em injetar o melhor possível na veia dela.

Quando comecei a injetar o liquido a garota apenas se mexeu desconfortavelmente e voltou a


cair em seu sono profundo, a peguei no colo facilmente e comecei a levar para o andar de
baixo onde estava a van.

Fiz todo o trajeto novamente e voltei para o mesmo local rapidamente, sem ver nenhum sinal
das outras três garotas.

Abri outra porta com cuidado, e para minha surpresa o trabalho havia acabado de ficar mais
difícil, havia três beliches apertadas dentro do quarto, cada uma delas ocupadas e algumas
garotas estavam deitadas no mesmo colchão.

- Merda. – Falei, mas nenhum som saiu. Qualquer erro, barulho ou movimento seria fatal.

Tentei olhar beliche por beliche tentando encontrar alguma das duas garotas que faltava, mas
não encontrei nenhuma parecida. Tentei inclusive olhar nas beliches de cima, mas parecia que
elas estavam no outro quarto.
Sai do quarto e rapidamente fui para o outro, encontrando um cenário extremamente
diferente do anterior. Em vez de várias garotas dividindo o quarto e até o mesmo colchão,
naquele havia apenas uma cama de casal, que no meio deitava uma moça de cabelo azul e
com rosto pacifico, ignorando totalmente suas colegas do quarto ao lado que estavam em
situação pior que as de presidio.

Cuidadosamente injetei o sonífero e a carreguei para fora do quarto, e assim que cheguei na
bifurcação dos corredores encontrei Mukuro me esperando.

- Pode deixar que eu levo ela, a Harukawa está te esperando no final do corredor. – Tomou a
menina dos meus braços e foi para o térreo com ela.

Estavam me esperando no final do corredor? Será que depois de eu terminar meu trabalho
iriam me matar ali? Fui com as pernas tremendo, encontrando Maki com os braços cruzados
na frente de uma porta.

- Você coloca o sonífero e eu mato o cara. – Abriu a porta e me arrastou para dentro, logo
fechando.

Era um quarto extremamente chique, com uma cama king size no meio, onde dormia uma
jovem de cabelos loiros ao lado de um velho barbudo, ambos nus. Me aproximei da garota e
rapidamente a coloquei para dormir, olhei para Maki que esperava pacientemente minhas
ações, e assim que peguei a garota no colo, ela apertou o gatilho.

Sangue voou no meu rosto e no susto eu quase derrubei a menina no chão. Pela primeira vez
em minha vida eu havia testemunhado um assassinato em minha frente e com meus próprios
olhos, meu coração começou a acelerar e minhas pernas ficaram ainda mais moles.

Porque essa sensação era tão boa?

- Vamos, rápido.

Segui Harukawa ainda um pouco grogue, tomando cuidado ao descer as escadas e não cair.
Quando chegamos na van já estavam todas a nossa espera, Peko amarrou a última refém e
rapidamente partimos de voltar ao clube.

O que diabos de sensação foi essa que eu senti agora a pouco? Eu sou um detetive, eu deveria
estar resolvendo crimes, não cometendo.

Mukuro ligou o rádio da van e Peko começou a murmurar a música animadamente, nem
parecia que havíamos acabado de sair de um cenário de crime. Limpei o suor frio da minha
testa e olhei para os corpos ao meu lado, parecia que todas estavam em uma classe social
diferente mesmo se prostituindo no mesmo lugar. Uma tinha o cabelo completamente
bagunçado, desfiado e cortado irregularmente, o corpo estava cheio de machucados e
cicatrizes, e enquanto isso a outra ao seu lado usava um pijama de coelhinho.

Não demoramos muito para voltar ao local do começo, Kazuichi e Iruma (acho que esse eram
seus nomes) continuavam trabalhando no mesmo carro, o segurança do bar estava mexendo
em uma moto enquanto conversava animadamente com um outro homem.

- Nossa já foram? – O segurança perguntou.

Era incrível como nenhuma pessoa daquele lugar parecia ligar muito para o fato de três
menores de idade estarem sendo levadas para cárcere privado no andar de cima do bar.
- Sim foi bem rápido, o Shuichi até que trabalha bem. – Maki falou enquanto levava uma das
meninas para dentro do clube.

- Hey bro, seu nome é Shuichi? Prazer. – O segurança de cabelo bizarro me cumprimentou. –
Meu nome é Mondo, esse é Taka e aqueles dois dali são Kazuichi e Miu.

- Você deve ser muito importante para o Kuzuryu ter te colocado em uma missão tão
importante e tão rápido. – Kazuichi falou, passando a mão cheia de óleo no cabelo, que nojo,
ele parecia que não tomava banho a um bom tempo. – Depois a gente deveria sair pra se
conhecer melhor. – Sorriu gentilmente, ele tinha afiado os dentes? Essa é a nova moda dos
anos 80 é bizarra.

- Sim claro! Eu meio que preciso ir indo, vejo vocês depois. – Me despedi feliz, eu havia feito
amigos! Ou eram colegas de trabalho? Calma isso pode ser considerado um trabalho?

Voltei para dentro do bar e subi para a área de cima, encontrando Maki e... acho que o nome
dele é Kaito, fumando sentados no sofá onde antes Fuyuhiko estava. E na mesa de centro em
frente ao sofá estava a quantidade absurda de drogas que Harukawa havia roubado.

- Eles estão te esperando ali dentro. – Me entregou um cigarro e acendeu para mim, embora
não fosse acostumado a fumar cigarros normais eu aceitei de bom grado.

Entrei confuso na porta ao lado, era uma sala vazia com três meninas inconscientes sentadas e
encostadas em uma parede de concreto, logo ao lado da porta estava Fuyuhiko, uma jovem
que se parecia com ele e um outro cara.

- Então é você o cara que sabe demais. – Um homem alto e moreno me olhou com os braços
cruzados.

Eu vou morrer por saber demais?

- Sou Hajime Hinata, você realmente nos salvou, não imaginava que um cara qualquer saberia
tanto. Fuyuhiko nos contou que você é detetive e trabalha solucionando crimes, não imaginava
que alguém estava investigando além de nós.

- Ahm, sim, a organização de investigação a qual eu trabalho recebeu um pedido privado para
investigar o clube, o cara ofereceu bastante dinheiro. – Essa investigação foi um dos primeiros
trabalhos que consegui quando cheguei aqui, e lembro que fiquei em choque ao ver a
quantidade de dinheiro que os empresários pagavam para investigações privadas.

Essa informação pareceu interessar Fuyuhiko e a outra garota que estava ao seu lado.

- Um cara? Como ele era?

- Acho que ele era empresário ou algo assim, só sei que ele é conhecido por ter bastante
dinheiro. Ele é alto, usa óculos e é loiro, se quiser consigo ver o nome dele nos arquivos de
onde trabalho.

- Fuyuhiko, talvez seja ele. – Ele? Quem é ele?

- Não dá pra ter certeza só pensando assim. – Fuyuhiko pensou um pouco. – Shuichi, agora que
você é um dos membros mais importantes da nossa associação, eu preciso que você nos ajude
com isso.

Ah meu deus, tudo sempre sobre para mim.


- Nós precisamos que você descubra o nome e tudo sobre esse “empresário”, você trabalha
hoje?

- Ahm... eu começo às dez. – Eu nem planejava ir ao trabalho hoje.

- Ótimo, então você vai começar hoje a investigar sobre ele, se você quiser nós te levamos lá.

O que Fuyuhiko queria dizer era “- A partir de agora você estará infiltrado no escritório de
investigação, roubar todos os dados privados de seus clientes e nos passar”.

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