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O patriarcado e seus efeitos

Patriarcado
O conceito de patriarcado é um dos principais
pontos de partida do pensamento feminista do
século XX. Para as teorias feministas, o patriarcado é
um sistema de poder análogo ao escravismo por
submeter as mulheres aos homens e legitimar o
poder masculino nas esferas privada e pública,
justificando, por exemplo, a violência doméstica e
outras modalidades de agressão, perpetuadas pela
frequente impunidade nos crimes cometidos contra
mulheres, justificados por argumentos que se
fundamentam em uma suposta “legítima defesa da
honra masculina”.
A pesquisadora brasileira Neuma Aguiar (1938-)
analisou as diferentes perspectivas do
pensamento social brasileiro acerca do
patriarcado, considerando a importância do
fenômeno para a compreensão do arbítrio de
poder na família brasileira. Segundo sua
avaliação, um dos autores que mais se
concentraram no estudo do patriarcado foi
Gilberto Freyre: ele entendeu o patriarcalismo
como uma estratégia da colonização
portuguesa. Nesse contexto, a casa-grande, o
ambiente rural, o latifúndio, a escravidão e a
exploração sexual das mulheres negras são
elementos fundamentais para a compreensão
do estabelecimento do poder masculino.
Outro pensador brasileiro analisado pela
pesquisadora foi Joaquim Nabuco. Na ava-
liação dela, Nabuco não enxergava traços de
resistência no comportamento das negras
escravizadas que abortavam a gravidez
resultante de estupro fazendo uso de ervas
daninhas e venenos. Ele atribuía a prática à
ausência de religiosidade e à falta de instrução
dessas mulheres. No entanto, sua descrição
revela a crueldade e o pânico moral aos quais
essas mulheres eram submetidas e de que
forma o concubinato, a negação da paternidade
e a cultura do estupro se generalizaram.
Mesmo nas cidades em que há maior liberdade sexual para as mulheres, os sintomas
da sociedade patriarcal permanecem, como o padrão ambíguo de moralidade que acolhe
a poliginia (união de um homem com várias mulheres ao mesmo tempo) e condena a
poliandria (união em que uma só mulher é ligada a dois ou mais homens ao mesmo tem-
po), a atribuição dos trabalhos domésticos à mulher, a prestação de serviços aos homens
e as remunerações menores para o trabalho feminino em comparação com salários de
homens em funções equivalentes.
Tais sintomas indicam que o patriarcado constitui-se num sistema que dá poder
aos homens e fundamenta sua dominação sobre as mulheres. Entretanto, o conceito de
masculinidade hegemônica, formulado pela socióloga transexual australiana Raewyn
Connell, pode significar que existem chances de transformação. Para ela, não há um
padrão de masculinidade universal. Ser homem é responder a determinados padrões
culturais que podem variar em sociedades multiculturais. Além disso, a masculinidade
considerada ideal será dominante e, com base nela, serão classificadas todas as outras
expressões masculinas.
Agradeço pela atenção!

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