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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Departamento de Engenharia Agrícola


Centro de Referência em Recursos Hídricos

ENG 342 – HIDROLOGIA APLICADA

Características de Bacias
Hidrográficas

Prof. Demetrius David da Silva


demetrius@ufv.br
3899-2796
Profa. Luna Gripp Simões Alves
luna.alves@ufv.br
3899-1904
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS BACIAS
HIDROGRÁFICAS

- Dados fisiográficos de uma BH são todos aqueles


dados que podem ser extraídos de mapas, fotografias
aéreas e imagens de satélites.

⇒ REGIONALIZAÇÃO HIDROLÓGICA –
- “Transferência de informações”
- Locais onde faltam dados ou em regiões onde não seja
possível a instalação de estações hidrométricas
- Características físicas e climáticas
⇒ Necessidade do modelo digital de elevação (MDE) e da
hidrografia da área em estudo para a obtenção das
características físicas da BH;

• Características geométricas
• Características de relevo
• Características da rede de drenagem
CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS

• Parâmetros que refletem a forma da bacia:


usados ocasionalmente (base conceitual)
• Comportamento hidrológico da bacia
• ÁREA DE DRENAGEM;
- Dado fundamental para definir a potencialidade hídrica da BH (seu
valor multiplicado pela lâmina precipitada define o volume de
água recebido pela bacia).
• PERÍMETRO;

www.hoshi.com.br
• FATOR DE FORMA (kf)
É a relação entre a largura média e o comprimento
axial da bacia.

A
Kf = 2
L
• FATOR DE FORMA (kf)
§ Indicativo da tendência para enchentes de uma bacia;

Fator de forma Susceptibilidade a enchentes

§ Bacia estreita e longa: maior tempo de concentração;


menor possibilidade de ocorrência de chuvas intensas
cobrindo simultaneamente toda sua extensão;

§ Contribuição dos tributários atinge o curso d’água


principal em vários pontos ao longo do mesmo;
• COEFICIENTE DE COMPACIDADE (kc)
É a relação entre o perímetro da bacia e o perímetro
de um círculo de área igual à da bacia.

0,28 P
Kc =
A
• COEFICIENTE DE COMPACIDADE (kc)

§ Adimensional: varia com a forma da bacia,


independentemente do seu tamanho;

§ Irregularidade da bacia coeficiente de


compacidade;

§ Coeficiente mínimo =1 à Bacia circular

§ Coeficiente de compacidade tendência para


enchentes
• COEFICIENTE DE COMPACIDADE (kc)

§ Kc ~ 1: devem ter maior


proteção em cobertura florestal
e conservação de solos
• COEFICIENTE DE COMPACIDADE (kc)

§ Sub-bacia hidrográfica do Rio Itajaí-Açu-SC


- Baixo Kc; Enchentes recorrentes

Blumenau, Setembro de 2013


• ÍNDICE DE CIRCULARIDADE (Ic)
É a relação entre a área da bacia e
área de um círculo de perímetro
igual ao da bacia.

12,57 * Abacia
Ic =
p2
CARACTERÍSTICAS DE
RELEVO
• RELAÇÃO DE RELEVO
É a relação entre a diferença de altitudes máxima e
mínima na bacia e o comprimento total do canal
principal da bacia.

ΔA
Rr =
L
• DECLIVIDADE DA BACIA
1 2/3 1/2
V= R I
n

• Velocidade do escoamento superficial

• Magnitude dos picos de enchente;

• Infiltração da água;

• Maior ou menor grau de erosão;

*Cobertura vegetal, tipo de solo e tipo de uso


do solo.
BACIA: RIBEIRÃO LOBO - S.P.
MAPA: IBGE (ESCALA - 1: 50.000)
ÁREA DE DRENAGEM: 177,25 km2
1 2 3 4 5 6
DECLIVIDADE Nº DE % do % DECL. COL. 2
(m/m) OCORRÊNCIA TOTAL ACUMULADA MÉDIA *
S COL. 5
0,0000 - 0,0049 249 69,55 100,00 0,00245 0,6100
0,0050 - 0,0099 69 19,27 30,45 0,00745 0,5141
0,0100 - 0,0149 13 3,63 11,18 0,01245 0,1618
0,0150 - 0,0199 7 1,96 7,55 0,01745 0,1222
0,0200 - 0,0249 0 0,00 5,59 0,02245 0,0000
0,0250 - 0,0299 15 4,19 5,59 0,02745 0,4118
0,0300 - 0,0349 0 0,00 1,40 0,03245 0,0000
0,0350 - 0,0399 0 0,00 1,40 0,03745 0,0000
0,0400 - 0,0449 0 0,00 1,40 0,04245 0,0000
0,0450 - 0,0499 5 1,40 1,40 0,04745 0,2373
TOTAL 358 100,00 - - 2,0572
2,0572
DECLIVIDADE MÉDIA = --------- = 0,00575 m/m
358
• ALTITUDE DA BACIA
BACIA: RIBEIRÃO LOBO
MAPA: IBGE
ESCALA - 1: 50.000 1 2 3 4 5 6
ÁREA: 177,25 km2 COTAS PONTO ÁREA ÁREA % COL. 2
(m) MÉDIO (km2)ACUMUL. ACUMUL. *
2
(m) (km ) COL. 3
940 - 920 930 1,92 1,92 1,08 1.785,6
920 - 900 910 2,90 4,82 2,72 2.639,0
900 - 880 890 3,68 8,50 4,80 3.275,2
880 - 860 870 4,07 12,57 7,09 3.540,9
860 - 840 850 4,60 17,17 9,68 3.910,0
840 - 820 830 2,92 20,09 11,33 2.423,6
820 - 800 810 19,85 39,94 22,53 16.078,5
800 - 780 790 23,75 63,69 35,93 18.762,5
Altitude Média: 780 - 760 770 30,27 93,96 53,01 23.307,9
760 - 740 750 32,09 126,05 71,11 24.067,5
740 - 720 730 27,86 153,91 86,83 20.337,8
720 - 700 710 15,45 169,36 95,55 10.969,5
700 - 680 690 7,89 177,25 100,00 5.444,1
TOTAL 177,25 136.542,1
136.542,1
ALTITUDE MÉDIA = -------------- = 770 m
177,25
• ALTITUDE DA BACIA
- Curva Hipsométrica: Representação gráfica do relevo
médio da bacia
• DECLIVIDADE DO RIO PRINCIPAL

• Declividade entre extremos


• Declividade por equivalência de áreas
• Declividade equivalente constante
• Declividade10-85
• DECLIVIDADE DO RIO PRINCIPAL
2
⎛ ⎞
⎜ ⎟
⎜ ∑ L ⎟
• DECLIVIDADE EQUIVALENTE S3 = ⎜ i
⎟
⎜ ⎛⎜ Li ⎞ ⎟
⎟ ⎟
Bacia: Ribeirão Lobo ⎜ ∑ ⎜ ⎟
Mapa: IBGE (Escala - 1: 50.000) ⎝ ⎝ Si ⎠ ⎠
Área de Drenagem: 177,25 km2
1 2 3 4 5 6 7 8
Cotas Dist. Dist. Distância Declividade Lreal **
(m) (m) (L)* Acum. por
(5) (Li)
L
Li/S
i
i
(km) (km) Segmento (Si) (km) Si
20/(2)
680 7100 7,100 7,100 0,00282 0,0531 7,100 113,800
700 500 0,500 7,600 0,04000 0,2000 0,500 2,500
720 3375 3,375 10,975 0,00593 0,0720 3,375 43,700
740 5375 5,375 16,350 0,00372 0,0609 5,375 88,300
760 850 0,850 17,200 0,02353 0,1500 0,850 5,500
780 1330 1,330 18,530 0,01504 0,1220 1,330 10,600
800 350 0,350 18,880 0,05714 0,2390 0,350 1,460
820 350 0,350 19,230 0,05714 0,2390 0,350 1,460
840 880 0,880 20,110 0,02273 0,1507 0,880 5,830
860 950 0,950 21,060 0,02105 0,1450 0,950 6,550
880 400 0,400 21,460 0,05000 0,2236 0,400 1,785
900 540 0,540 22,000 0,03704 0,1924 0,540 2,810
Total 22000 22,000 22,000 304,295

* L = distância medida na horizontal;


** Lreal = distância real medida em linha inclinada.
• DECLIVIDADE DO RIO PRINCIPAL

240
S1 = = 0,01091 m / m
22.000

133,3
S2 = = 0,00606 m / m
22.000
2
⎛ ⎞
⎜ ⎟ 2
⎜ ∑ L ⎟ ⎛ 22,000 ⎞
i S3 = ⎜ ⎟ = 0,00522 m / m
S3 = ⎜ ⎟ ⎝ 304,295⎠
⎜ ⎛ L i ⎞ ⎟
⎜ ∑ ⎜⎜ ⎟ ⎟
⎟
⎝ ⎝ Si ⎠ ⎠

Cota10% L − Cota85% L
S 4 = S10 85 =
0,75 L
CARACTERÍSTICAS DA REDE
DE DRENAGEM
• DENSIDADE DE DRENAGEM
É a razão entre o comprimento total dos cursos
d’água em uma bacia e a área desta bacia
hidrográfica.

Lt
D=
A
• DENSIDADE DE DRENAGEM

VILLELA e MATTOS:

§Até 0,5 km/km2 - Bacias com


drenagem pobre

§≥ 3,5 km/km2 - Bacias


excepcionalmente bem
drenadas
• ÍNDICE DE SINUOSIDADE

L
Is =
Dv

É a razão entre o
comprimento do canal
principal e distância
vetorial entre os pontos
extremos do canal
principal
• ORDEM DOS CURSOS D’ÁGUA

§ Reflete o grau de ramificação da rede de drenagem de


uma bacia
§ Critérios mais utilizados: Horton (1945)
Strahler (1957)

à A ordem de uma bacia


pode ser definida como a
ordem de seu curso
principal.
- Horton (1945):

• Canais de 1a ordem: não possuem tributários


• Canais de 2a ordem: têm apenas afluentes de 1a ordem
• Canais de 3a ordem: recebem afluência de canais de 2a ordem e
podem também receber diretamente canais de 1a ordem
• Canal de ordem u pode ter tributários de ordem u-1 até 1

A maior ordem é atribuída ao rio


principal, valendo esta designação em
todo o seu comprimento, desde o
exutório da bacia até sua nascente
-Horton (1945):
- Strahler (1957):
. Canais de 1a ordem: todos os canais que não possuem
tributários
. Canais de 2a ordem: se originam da confluência de dois canais
de 1a ordem, podendo ter afluentes de 1a ordem
. Canal de ordem u: formado pela união de dois canais de ordem
u-1, podendo receber afluência de canais com qualquer
ordem inferior

* O rio principal e afluentes não


mantêm o número de ordem na
totalidade de suas extensões;
- Strahler (1957):
• Características geológicas da bacia
- Infiltração, armazenamento de água, susceptibilidade à
erosão;

• Características Agro-Climáticas da Bacia


- Cobertura Vegetal
- Tipo de Precipitação
ESTAÇÃO PLUVIOMÉTRICA
ESTAÇÃO
FLUVIOMÉTRICA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Departamento de Engenharia Agrícola
Centro de Referência em Recursos Hídricos

ENG 342 – HIDROLOGIA APLICADA

Utilização de SIG

Prof. Demetrius David da Silva


demetrius@ufv.br
3899-2796
Profa. Luna Gripp Simões Alves
luna.alves@ufv.br
3899-1904
Introdução
⇒ Principais características físicas usadas:
- Área de drenagem;
- comprimento do rio principal;
- densidade de drenagem;
- declividade média da bacia; e
- declividade média do rio principal.
⇒ Necessidade de curvas de nível e da hidrografia
da área e do contorno de cada bacia para a
obtenção das características físicas:
MODELO DIGITAL DE ELEVAÇÃO
MDE x MDEHC
HIDROGRAFICAMENTE
• MDEHC CONDICIONADO

à MDE que melhor representa o caminho preferencial da água

* Porque utilizar um MDEHC na regionalização?

1. Automatização da delimitação das bacias

2. Maior precisão da determinação

das características físicas


Conceitos básicos de SIG
• O que é um tema? Conjunto de planos de informação
geograficamente compatíveis entre si.

Uso da terra (polígono)


Solos (polígono)
Estações fluviométricas (ponto)
Rios (linha)
Bacias Hidrográficas (polígono)
Representação do mundo real usando
diferentes Modelos de Dados

Matricial

Vetorial

Mundo real
àModelo de Dados

VETORIAL
– usa segmentos de retas e pontos para identificar
locais;
– objetos discretos do tipo linha e área (limites, rios,
ruas) são formados conectando-se segmentos de
retas;
– objetos vetoriais não preenchem, necessariamente,
todo o espaço;
– nem todas as localizações precisam ser referenciadas
no modelo.
Feições espaciais

Ponto (x1,y1) Ex: estações hidrométricas, postes,


edifícios

Linha Ex: rios, rodovias, curvas de nível


vértice

Polígono Ex: estados, bacias hidrográficas


Tabela de Atributos de Feições
Campos (colunas)

Registros
(linhas)
Conexões relacionais
Atributos Espaciais
• Vantagens do Modelo Vetorial

- Melhor visualização e apresentação dos resultados

- Maior possibilidade de edição das feições

- Possibilidade de superposição de diferentes temas


àModelo de Dados

MATRICIAL (Raster)
– divide a área de estudo em um grupo de células regulares,
em uma seqüência específica;
– seqüência: linha por linha, começando pela célula do canto
superior esquerdo (esquerda’direita, cima’baixo);
– cada célula contém um único valor;
– Plano de Informação (layer): conjunto de células e seus
respectivos valores (tema)
Feições Espaciais: Formato matricial
Célula origem
(raster)
da matriz
Tamanho da célula

Número
de Linhas

NODATA
(X,Y)
Número de Colunas

Definição de uma malha (grid) em um SIG


Representação Matricial de Pontos
Representação de uma linha
como uma seqüência de células
Representação de um polígono
como uma zona de células
Conexão da Tabela de Atributos a
Representações Matriciais
• Vantagens do Modelo Matricial

- Possibilidade de união de informações de dois ou


mais mapas em um só, que associe os outros;

- Possibilidade de associar diferentes valores a uma


mesma feição, por exemplo, aumentando o valor
associado às células de um rio a medida que o mesmo
se encaminha para a foz;

- Disponibilidade de realização de operações


matemáticas com um mapa;
à Obtenção de imagens

• Imagens SRTM;

• Imagens ASTER;

• Cartas IBGE;
Imagens SRTM

http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/index.htm
Imagens SRTM

http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/index.htm
Imagens ASTER
http://asterweb.jpl.nasa.gov/gdem.asp
Cartas IBGE
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/default_prod.shtm
Cartas IBGE à MDE

Dados Vetoriais Modelo digital de


(curvas de nível) elevação (Matricial)

⇒Interpolação ⇒
Cartas IBGE à MDE

• Baixar Hidrografias e Curvas de Nível;


• Georreferenciar as cartas;
• Cotar as curvas;
• Comparar/corrigir os limites
das cartas;
• Verificação do correto
sentido do escoamento;
• Interpolação;
Direção do escoamento à
maior declividade
1 1
45 38 42 45 45 38 42 45
1

1
50 36 48 60 50 36 48 60

58 31 30 53 58 31 30 53

50 45 32 22 50 45 32 22
Declividade:
45 - 36 45 - 38
= 6,36 =7
2 1
Direção de escoamento (Flow Direction)
45 38 42 45

50 36 48 60

58 31 30 53

50 45 32 22 Trajeto
MDE
64 N 1 4 8 16
32 NO 128 NE
1 4 4 8
16 O 1E
1 1 2 4
8 SO
4S
2 SE Direção de
128 64 1 ? escoamento
8 direções
Eliminação das depressões espúrias
45 38 42 45 1 4 8 16

50 36 48 60 1 2 4 8

58 31 17 53
⇒ 1 1 16 ⇒
50 45 32 22 128 128 64 32
Fluxo Acumulado (Flow Accumulation)
à Medida da área de drenagem de um ponto da
superfície do MDE, expresso em número de células
do grid.

0 1 1 0

0 5 0 0

0 9 12 0

0 0 0 15

Trajeto Fluxo acumulado


Fluxo Acumulado (Flow Accumulation)

0 1 1 0

0 5 0 0

0 9 12 0

0 0 0 15

Fluxo acumulado
Drenagem numérica
Todas as células drenando acima de um limite
predefinido (por exemplo: 5 células) integram a
rede de drenagem.

0 1 1 0 0 1 1 0

0 5 0 0 0 5 0 0

0 9 12 0 0 9 12 0

0 0 0 15 0 0 0 15

Fluxo acumulado Drenagem numérica


Drenagem numérica

Fluxo acumulado Drenagem numérica


Delimitação de bacias de contribuição
(Watershed)
Todas as células fluindo em direção a uma rede de
drenagem constituem a bacia hidrográfica dessa
drenagem ou sua área de contribuição.
Delimitação de bacias de contribuição
(Watershed)
Apresentação dos resultados
obtidos
• Forma de apresentação ⇒ tão importante quanto os
próprios resultados

• Visualização do MDEHC em formato 3D

• Aplicação de sombreamento ao MDEHC

• Apresentação em forma de Layout

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