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IFCE
INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ

ASSISTENTE EM
ADMINISTRAÇÃO
< Língua Portuguesa
< Legislação Específica
< Raciocínio Lógico
< Noções de Informática
< Noções de Administração
< Noções Básicas de Legislação
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará

IFCE
Assistente em Administração

NV-011ST-21
Cód.: 7908428800963
Obra

IFCE – Instituto Federal de Educação Ciência e


Tecnologia do Ceará
Assistente em Administração

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Gabriela Coelho e Nelson
Sartori

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA • Jonatas Albino e Fernando Paternostro Zantedeschi

RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes

NOÇÕES DE INFORMÁTICA • Fernando Nishimura

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO • Nágila Vilela, Ricardo Reis e Marília Cunha

NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO • Samara Kich e Fernando Paternostro Zantedeschi

Edição:

Setembro/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e www.novaconcursos.com.br/contato
Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro
foi organizado de acordo com os itens exigidos no Edital Nº 1
de 6 de Setembro de 2021 do IFCE, para o cargo de Assistente em
Administração.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abordan-
do todos os itens do edital e reorganizando-os quando necessá-
rio, de uma maneira didática para que você realmente consiga
aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas e a seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
ritados da banca IDECAN, organizadora do certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os conteú-


dos complementares disponíveis on-line para este livro em nos-
sa plataforma: Curso Bônus com 10 horas de videoaulas. Para
acessar, basta seguir as orientações na próxima página.
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line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:

• Curso On-line.
à Língua Portuguesa: Figuras de Linguagem; Acentuação Gráfica
à Legislação Específica: Decreto Nº 1.171/1994 - Código de Ética Profissional do Servidor
do Poder Executivo Federal
à Raciocínio Lógico: Proposições; Conectivos
à Noções de Informática: Sistema Operacional Windows 10
à Noções de Administração: Noções de Arquivo; Noções Básicas de Legislação: Princípios
da Administração Pública

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS E/OU INFORMATIVOS................ 9

RECURSOS ESTILÍSTICOS (OU FIGURAS DE LINGUAGEM)............................................................ 16

COESÃO E COERÊNCIA....................................................................................................................... 19

ORTOGRAFIA: USO DOS ACENTOS GRÁFICOS................................................................................ 23

GRAFIA DE PALAVRAS....................................................................................................................... 24

USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE............................................................................................. 25

MORFOLOGIA: CLASSES GRAMATICAIS E PROCESSOS DE FLEXÃO DAS PALAVRAS.............. 26

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA..................................................................................... 48

USO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.................................................................................................... 55

SEMÂNTICA: SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HOMONÍMIA, PARONÍMIA............................................. 57

POLISSEMIA (DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO).................................................................................... 59

REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS............................................................................... 59

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA..............................................................................................93
CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO (DECRETO FEDERAL Nº 1.171,
DE 22 DE JUNHO DE 1994)................................................................................................................. 93

REGIME JURÍDICO ÚNICO (LEI N° 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990).................................... 96

PROCESSO ADMINISTRATIVO NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL


(LEI N° 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999)....................................................................................106

LEI N° 11.892, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2001................................................................................111

Das Finalidades e Características dos Institutos Federais.......................................................................... 111


Dos Objetivos dos Institutos Federais........................................................................................................... 113
Da Estrutura Organizacional dos Institutos Federais................................................................................... 115

ESTRUTURAÇÃO DO PLANO DE CARREIRA DOS CARGOS TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS


EM EDUCAÇÃO (LEI Nº 11.091, DE 12 DE JANEIRO DE 2005)......................................................119

RACIOCÍNIO LÓGICO...................................................................................................... 131


ESTRUTURAS LÓGICAS BÁSICAS: PROPOSIÇÕES E CONECTIVOS...........................................131
IMPLICAÇÃO E EQUIVALÊNCIA LÓGICAS......................................................................................133

REGRAS DE DEDUÇÃO......................................................................................................................137

ARITMÉTICA BÁSICA E RELAÇÃO DE ORDEM NOS INTEIROS....................................................140

NOÇÕES BÁSICAS DE CONJUNTOS...............................................................................................142

ANÁLISE COMBINATÓRIA...............................................................................................................147

NOÇÕES DE INFORMÁTICA........................................................................................ 157


CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA (HARDWARE E SOFTWARE)...........................157

SISTEMA OPERACIONAL DE COMPUTADORES (WINDOWS E LINUX)........................................168

SOFTWARE LIVRE E PROPRIETÁRIOS............................................................................................186

ORGANIZAÇÃO E GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS E PASTAS......................187

EDITORES DE TEXTO........................................................................................................................189

PLANILHAS ELETRÔNICAS.............................................................................................................208

EDITOR DE APRESENTAÇÃO ELETRÔNICA DE SLIDE...................................................................229

GERENCIADOR DE BANCO DE DADOS............................................................................................235

INTERNET E INTRANET....................................................................................................................238

E-MAIL................................................................................................................................................239

CONHECIMENTOS BÁSICOS DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO...............................................242

DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO..........................................................................................264

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO................................................................................. 273


ADMINISTRAÇÃO: CONCEITO, OBJETIVO, PRINCÍPIOS BÁSICOS E FUNÇÕES.........................273

TIPOS DE ORGANIZAÇÃO................................................................................................................280

TEORIA GERAL DOS SISTEMAS......................................................................................................283

GESTÃO DE PESSOAS.......................................................................................................................286

NOÇÕES DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO...............................................................................289

ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE..................................................................................................293

NOÇÕES DE ARQUIVO......................................................................................................................304

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL...........................................................................................312


NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO....................................................................... 319
NORMAS CONSTITUCIONAIS SOBRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SERVIDORES
PÚBLICOS..........................................................................................................................................319

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA............................................................................................................................319

SERVIDORES PÚBLICOS...................................................................................................................322

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO........................................................................................325

PRINCÍPIOS.......................................................................................................................................328

ATOS ADMINISTRATIVOS...............................................................................................................................331

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO.........................................................................................................................337

LICITAÇÕES E CONTRATOS (LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993, E SUAS


ALTERAÇÕES)....................................................................................................................................353
INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO

A inferência é uma relação de sentido conhecida des-


de a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre inter-

LÍNGUA PORTUGUESA pretação de texto. Interpretar é buscar ideias, pistas do


autor do texto nas linhas apresentadas.
Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras”
para se buscar essas pistas. A primeira e mais impor-
tante delas é identificar a orientação do pensamento do
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO autor do texto, que fica perceptível quando identifica-
mos como o raciocínio dele foi exposto; se de maneira
DE TEXTOS LITERÁRIOS E/OU mais racional, a partir da análise de dados, informações
INFORMATIVOS com fontes confiáveis ou se de maneira mais empiris-
ta; partindo dos efeitos, das consequências, a fim de se
INTRODUÇÃO identificar as causas.
A seguir, apresentamos estratégias de leitura que
A interpretação e a compreensão textual são aspec- focam nas formas de inferência sobre um texto. Inicial-
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- mente, é fundamental identificar como ocorre o pro-
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos cesso de inferência, que se dá por dedução ou por
públicos. Pelo fato de as questões de provas abordarem indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
conteúdos diversos, muitas vezes, possuir competência
para interpretar e compreender aquilo que leu pode O marido da minha chefe parou de beber.
ser o grande diferencial entre o “quase” e a aprovação.
Além disso, seja a compreensão textual, seja a
Observe que é possível inferir várias informações
interpretação textual, ambas guardam uma relação de a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enun-
proximidade com um assunto pouco explorado pelos ciador é casada (informação comprovada pela expres-
cursos de português: a semântica, que incide suas rela- são “marido”), a segunda é que o enunciador está
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma trabalhando (informação comprovada pela expressão
linguística pode assumir. “minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do
Neste material, você encontrará recursos para enunciador bebia (expressão comprovada pela expres-
solidificar seus conhecimentos em interpretação e são “parou de beber”). Note que há pistas contextuais
compreensão textual, associando a essas temáticas as do próprio texto que induzem o leitor a interpretar
relações semânticas que permeiam o sentido de todo essas informações.
amontoado de palavras, tendo em vista que, qualquer Tratando-se de interpretação textual, os proces-
aglomeração textual é, atualmente, considerada texto sos de inferência, sejam por dedução ou por indução,
e, dessa forma, deve ter um sentido que precisa ser partem de uma certeza prévia para a concepção de
reconhecido por quem o lê. uma interpretação, construída pelas pistas ofereci-
Vamos começar nosso estudo fazendo uma breve das no texto junto da articulação com as informações
diferenciação entre os termos compreensão e inter- acessadas pelo leitor do texto. A seguir, apresentamos
pretação textual. Para muitos, essas palavras expres- um fluxograma que representa como ocorre a relação
sam o mesmo sentido, mas, como pretendemos deixar desses processos:
claro, ainda que existam relações de sinonímia entre
palavras do nosso vocabulário, a opção do autor por
um termo ao invés de outro reflete um sentido que DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
deve ser interpretado no texto, uma vez que a inter- INFERÊNCIA
pretação realiza ligações com o texto a partir das
ideias que o leitor pode concluir com a leitura. INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma
A partir desse esquema, conseguimos visualizar
expressão, além de apresentar mais relações semânticas e
melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos linguís-
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra-
ticos essencialmente relacionados à significação das pala-
tégias que compõem cada maneira de inferir informa-
vras e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica.
ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos
Sabendo disso, é importante separarmos os con-
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
compreensivo. Neste material, você encontrará um tivo e, ainda, como articular o nosso conhecimento de
forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta- mundo na interpretação de textos.
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência;
LÍNGUA PORTUGUESA

figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex- A INDUÇÃO


tualidade. No que se refere aos estudos que focam na
compreensão e semântica, os principais tópicos são: As estratégias de interpretação que observam
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus-
guísticas e suas consequências para o sentido. car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no
Todos esses assuntos completam o estudo basilar texto e que variam conforme o tipo textual.
de semântica com foco em provas e concursos, sempre Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a identificar uma organização cronológica e espacial no
estudar com afinco e dedicação. Não esqueça de praticar desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo,
seus conhecimentos, realizando os exercícios de cada pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode-
tópico, bem como a seleção de exercícios finais. mos organizar as ideias do texto a partir da marcação 9
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- deve buscar identificar o gênero textual ao qual o
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado texto pertence, a fonte da leitura, o ano, entre outras
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma informações que podem vir como “acessórios” do tex-
ideia/ponto de vista. to e, então, formular hipóteses sobre a leitura que fará
No processo interpretativo indutivo, as ideias são em seguida. Essas são algumas estratégias de interpre-
organizadas a partir de uma especificação para uma tação em que podemos usar métodos dedutivos.
generalização. Vejamos um exemplo: Uma outra dica importante é ler as questões da
prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa
espécie de animal. O que observei neles, no tempo
já estarão agindo conforme um objetivo mais definido.
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- O processo de interpretação por estratégias de dedu-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos z Conhecimento Linguístico;
detalhados e impotentes para generalizar, cur- z Conhecimento Textual;
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, z Conhecimento de Mundo.
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
critério de beleza. assunto mais abrangente, será apresentado por últi-
mo. Veja cada um desses conhecimentos abordados
(BARRETO, 2010, p. 21) detalhadamente a seguir.

O trecho em destaque na citação do escritor Lima Conhecimento Linguístico


Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento Esse é o conhecimento basilar para compreensão
indutivo compõe a interpretação e decodificação de e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
gias usadas para identificar essa forma de interpretar,
uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-
nhecimento das regras de uma língua.
ção cronológica de um texto.
É importante salientar que as regras de reconhe-
cimento sobre o funcionamento da língua não são,
A propriedade vocabular necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
leva o cérebro a aproxi- que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
PROCURE SINÔNIMOS mar as palavras que têm tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
maior associação com o que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
tema do texto bo-objeto (SVO) etc.
Os conectivos (conjun- Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
ções, preposições, pro- linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
ATENÇÃO AOS nomes) são marcadores sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
CONECTIVOS claros de opiniões, espa- cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
ços físicos e localizado- o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
res textuais Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
A DEDUÇÃO

A leitura de um texto envolve a análise de diversos


aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado. Em questões de con-
curso, as bancas costumam procurar nos enunciados
implícitos do texto, aspectos para abordar em suas
provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
forme Kleiman (2016, p. 47):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo


temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
tema; ele estará também postulando uma possí-
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
conhecimento.

Atente-se a essa informação, pois é uma das primei-


ras estratégias de leitura para uma boa interpretação
textual: formular hipóteses, a partir da macroestru-
10 tura textual; ou seja, antes da leitura inicial, o leitor Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020.
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- TEXTOS LITERÁRIOS
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar Prosa e Poesia
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
Os textos literários dividem-se em duas partes:
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essa
prosa e poesia. Neste tópico, estudaremos a definição
é uma das estratégias de interpretação em que pode- de cada uma delas.
mos usar métodos dedutivos A Poesia: a poesia é a linguagem subjetiva, meta-
física, vaga com o mundo interior do poeta. Quanto a
Conhecimento Textual sua forma, é um texto curto com orações e períodos
curtos, em que sobressaem a estética, a harmonia e
Esse tipo de conhecimento se atrela ao conheci- o ritmo.
mento linguístico e se desenvolve pela experiência Trata-se da mais antiga composição do mundo.
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de Antes da existência do papel, já existiam os textos
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- literários.
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque A Prosa, por sua vez, é a linguagem objetiva, usual,
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que veículo natural do pensamento humano. Ela possui
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê diversas formas, as quais são chamadas de subgêne-
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma ros literários, como: romances, crítica, novela, conto
reportagem como se lê um poema. etc.
Em outras palavras, esse conhecimento se relacio- Vejamos as diferenças entre um texto em forma de
na com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de poesia e outro em forma de prosa:
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
Poema
Conhecimento de Mundo z Frases curtas.
z Destaque para a beleza dos versos.
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental z Uso de rimas (ex.: porta/importa, minha/vizinha etc.).
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre z Uso de métrica - contagem de sílabas poéticas.
importante que o candidato a cargos públicos reserve z Texto escrito em forma de versos.
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- Prosa
tar seu conhecimento de mundo.
z Frases longas.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
z Texto objetivo: transmitir uma mensagem.
conhecimento de mundo que é relevante para a com-
z Não há métrica.
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso
z Texto escrito em forma de parágrafos.
cérebro associar informações, a fim de compreender
o novo texto que está em processo de interpretação.
Dica
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
cício para atestarmos a importância da ativação do Embora os nomes sejam parecidos, você deve se
conhecimento de mundo em um processo de interpre- atentar para o fato de que poema e poesia não
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: são a mesma coisa. Poema é um texto literário
composto de versos, estrofes e, às vezes, rima.
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa- Já a poesia é a própria manifestação artística,
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que baseada na linguagem subjetiva e estética.
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam A Linguagem Literária e a não literária
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de Antes de mais nada é preciso saber que existe a lin-
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen- guagem literária e a linguagem não literária, e elas são
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e bem diferentes. Vamos ao conceito: a linguagem literá-
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24). ria é emotiva e sentimental, e abarca as figuras de lin-
guagem e o sentido conotativo das palavras. Apresenta
Agora, tente responder às seguintes perguntas o fantástico que precisa ser descoberto através de uma
sobre o texto: leitura atenta. Já a linguagem não literária é aquela
Quem é o herói de que trata o texto? própria para a transmissão de saberes, da informação,
Quem são as três irmãs? no âmbito das necessidades da comunicação social. É
Qual é o planeta inexplorado?
LÍNGUA PORTUGUESA

utilizada, especialmente, na ciência, na técnica, no jor-


nalismo e na conversação entre os falantes.
Certamente, você não conseguiu responder nenhu- Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des- duas formas:
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto chama-se “A descoberta da América
LINGUAGEM NÃO
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque LINGUAGEM LITERÁRIA
LITERÁRIA
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades. Intralinguística Extralinguística
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do Ambígua Clara/exata
que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-
Conotação Denotação
vio que é essencial para a interpretação de questões. 11
LINGUAGEM NÃO Importante!
LINGUAGEM LITERÁRIA
LITERÁRIA
Para a compreensão dos gêneros literários, pre-
Sugestão Precisão cisamos saber que o lirismo, a subjetividade, não
Transfiguração da realidade Realidade são exclusividade do gênero lírico, podendo apa-
recer nos demais. Também é preciso saber sepa-
Subjetiva Objetiva rar a participação do “eu-lírico”, ou seja, a própria
Ordem inversa Ordem direta
voz que fala no poema do artista (o poeta).

Gêneros Literários z Gênero Dramático – Do grego, a palavra “drama”


significa “ação”. Trata-se de um modo específico
Na teoria literária, o estudo dos gêneros literários de textos, baseado na performance, sendo assim,
ocupa-se em agrupar as diversas modalidades de o gênero dramático abrange os textos em forma de
expressão literária pelas suas características de forma diálogo destinados à encenação.
e conteúdo. Cada gênero possui uma técnica, um estilo No gênero dramático, não há a narração de fatos,
e uma função. como existe no romance, tendo em vista que os per-
Vale destacar que a distinção entre os gêneros é sonagens assumem seus papéis diante de um público
bem flexível, sendo possível às vezes a mistura deles. que assim é envolvido com os acontecimentos.
Para classificar uma obra, então, é necessário verifi- Vale destacar que uma peça é uma obra literária,
car a predominância de um gênero. enquanto texto destinado à leitura. Por outro lado,
A classificação básica dos gêneros compreende o como espetáculo teatral, depende dos meios técnicos
lírico, o épico e o dramático. empregados na apresentação, como: maquilagem, ilu-
minação, imposição de voz, cenário e figurino.
z Gênero Lírico – A poesia lírica surgiu na Grécia
Exemplos de Textos Dramáticos
Antiga, sendo originalmente declamada ao som da
lira, daí a origem da palavra lírico. A lira, pela tra- „ Tragédia: acontecimentos trágicos, temas deri-
dição literária, passou a simbolizar a poesia. vados das paixões humanas do qual fazem parte
personagens nobres e heroicas, sejam deuses
No gênero lírico predomina o sentimento, a emo- ou semideuses. Os finais são sempre nefastos.
ção, a subjetividade, a expressão do “eu”. Trata-se da Como exemplo, podemos citar “Édipo Rei”, de
manifestação do mundo interior através de uma visão Sófocles; “Romeu e Julieta”, de Shakespeare.
pessoal do mundo. „ Comédia: textos humorísticos de caráter crítico,
irônico, jocoso e satírico, podendo ser até mes-
Quanto à temática, o tema lírico por excelência é o
mo obsceno, cuja temática são ações cotidianas
amor, sendo que os demais lhe são correlatos: a soli-
das quais fazem parte personagens humanos e
dão, a angústia, a saudade, a tristeza. estereotipados, geralmente o povo e a nobreza. O
A linguagem lírica mostra-se densamente metafó- objetivo era fazer sátiras políticas, críticas sociais,
rica, sendo predominante a exploração da sonoridade fazer paródias com o intuito de causar o riso.
e o arranjo das palavras. „ Tragicomédia: textos que trazem a junção de ele-
Aqui estamos falando especificamente do lirismo mentos trágicos e cômicos na representação teatral.
na Literatura, mas o lirismo identifica-se com outras „ Farsa: surgida por volta do século XIV, a far-
formas de arte, podendo ser encontrado na própria sa caracteriza-se pela crítica social. É um texto
poesia, em um romance, em um filme ou quadro e em curto, formado por diálogos simples e repre-
outras formas de arte. sentado por personagens caricaturais em ações
Observe neste poema as características do gênero corriqueiras, cômicas, burlescas. Como exem-
lírico, o espírito subjetivo, que aparece embalado por plo famoso na língua portuguesa, podemos
emoções e sentimentos. citar “A farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente.
„ Auto: surgido na Idade Média, os autos são
Eu cantarei de amor tão docemente, textos curtos, de linguagem simples, com ele-
Por uns termos em si tão concertados, mentos cômicos e intenção moralizadora.
Que dois mil acidentes namorados Suas personagens simbolizam as virtudes, os
Faça sentir ao peito que não sente. pecados, ou representam anjos, demônios e
santos. Um dos autos mais famosos na língua
portuguesa é o “Monólogo do Vaqueiro ou Auto
Farei que amor a todos avivente,
da Visitação”, de Gil Vicente. Modernamente,
Pintando mil segredos delicados,
encontramos textos notáveis que revelam certa
Brandas iras, suspiros magoados,
influência medieval, como é o caso do “Auto da
Temerosa ousadia e pena ausente.
Compadecida”, de Ariano Suassuna.
Também, Senhora, do desprezo honesto z Gênero Épico ou Narrativo - O gênero narrativo
De vossa vista branda e rigorosa, estrutura-se pela narração, sendo característico a
Contentar-me-ei dizendo a menor parte. narração das ações dos personagens em determi-
nado tempo e espaço.
Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa A forma narrativa consagrada na antiguidade era
Aqui falta saber, engenho e arte. a épica em que se faziam relatos de versos sobre as
origens das nacionalidades, os acontecimentos histó-
12 Luís de Camões ricos que mudaram o curso da humanidade. Os heróis
das epopeias eram personagens históricas ou semi- Na formulação de uma notícia, para que ela atinja
deuses, isto é, pessoas que se destacaram por excep- seu propósito de informar, é fundamental que o autor
cionais façanhas. Cumpre ressaltar as mais célebres do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor-
epopeias: a “Ilíada” e a “Odisseia”, de Homero; a “Enei- nar seu texto imparcial e objetivo:
da”, de Vergílio; “Os Lusíadas”, de Camões.
Modernamente, as formas narrativas resultam da
evolução do gênero épico, a saber: o romance, o conto, a
novela e a crônica. O romance e a novela possuem uma
estrutura de múltiplos conflitos, em que se caracteriza
a pluralidade de ações. De modo contrário, o conto gira
em torno de um único conflito, decorre disso a unidade
de ações. A crônica, por sua vez, que nasceu das colunas
dos jornais, explora fatos da atualidade.

TEXTOS INFORMATIVOS

Notícia

A notícia é um gênero textual de caráter jornalís- É importante ressaltar que, com o advento das
tico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o
maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresen- gênero notícia seja divulgado por meio de platafor-
tar sequências textuais narrativas e descritivas na sua mas diferentes, como as redes sociais.
composição linguística; por isso, é fundamental sem-
Isso democratiza a informação, porém também
pre termos em mente as características basilares de
abre margem para a criação de notícias falsas que se
todos os principais tipos textuais.
baseiam nesse esquema de organização das notícias
Como vimos, os gêneros textuais possuem carac-
para buscar alguma credibilidade do público. Por isso,
terísticas que os distinguem dos tipos textuais, dentre
elas o fato de terem um apelo a questões sociais, um atualmente, é muito importante atentar-se à fonte de
propósito comunicativo e apresentarem uma configu- publicação das notícias.
ração mais ou menos padrão que varia em poucos ou O próximo gênero sobre o qual trataremos é a
nenhum aspecto entre os gêneros. reportagem, que guarda sutis diferenças em compa-
Por ser um gênero, a notícia também apresenta ração com a notícia, e que também é muito abordada
essas características. Seu propósito comunicativo é em provas de concursos.
informar uma comunidade sobre assuntos de inte-
resse comum; por isso, a notícia deve ser comunicada Reportagem
com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a
A reportagem é um gênero textual que, diferen-
transmite apresente sua opinião sobre os fatos. Outra
temente da notícia, além de oferecer informações
importante característica da notícia é a sua configura-
acerca de um assunto, também apresenta os pontos
ção prototípica, ou seja, seu padrão textual reconhe-
de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
cido por leitores de uma comunidade.
argumentativo; essa é a principal diferença entre os
Essa configuração própria da notícia é reconhe-
cida pelos termos manchete, lead e corpo da notícia. gêneros notícia e reportagem.
Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro- Como visto, a notícia deve ser (ou buscar ser)
totípico desse gênero: imparcial, ou seja, não devemos encontrar nesse
gênero a opinião do meio que a divulga. Por isso, nes-
ses textos, as sequências textuais mais encontradas
Casal suspeito de assaltos é preso
são a narração e a descrição, justamente com a finali-
após colidir carro na contramão en- Manchete
dade de evitar apresentar um ponto de vista.
quanto fugia da polícia, em Fortaleza
De maneira diferente, a reportagem apresenta as
Foram apreendidos três aparelhos opiniões sobre um mesmo fato, pois essas opiniões
celulares roubados e uma arma de Lead são o principal “ingrediente” dos textos desse gênero,
fogo com seis munições. representado, predominantemente, pela sequência
argumentativa.
Um casal suspeito de realizar assal- É importante relembrarmos que o tipo textual
tos foi preso após capotar um carro argumentativo é organizado em três macropartes:
ao dirigir na contramão enquanto tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse
fugia da polícia na tarde desde do- padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais
LÍNGUA PORTUGUESA

mingo (13), no Bairro Henrique Jor- de ampla repercussão e interesse do público, algo que
ge, em Fortaleza. não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia
Uma das vítimas, que preferiu não busca apenas a divulgação da informação.
Corpo da Notícia
se identificar, disse que os assal- Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
tantes dirigiam em alta velocidade tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
pelas ruas após abordar de forma como televisão, computador, tablet, celular etc. As
fria os pertences. “A mulher estava reportagens têm um caráter de “matérias especiais”
conduzindo o carro e o comparsa em jornais de ampla repercussão, mas também podem
dela abordava as pessoas colocan-
ser veiculadas em suportes escritos, como revistas e
do a arma na cabeça”, afirmou.
jornais. Com o avanço do uso das redes sociais, entre-
tanto, elas têm sido os principais meios de divulgação
Disponível em: https://glo.bo/35KM591. Acesso em: 30 ago. 2021. desse gênero atualmente. 13
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor- um processo que prevê uma operação constante de
tagem apresenta informações mais detalhadas sobre sustentação das afirmações realizadas, por meio
um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. da apresentação de dados consistentes que possam
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados convencer o interlocutor (2011, p. 305).
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
trua sua própria opinião sobre o tema. Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero,
A despeito dessas diferenças na construção dos o escritor deverá usar diversos saberes, como conhe-
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar- cimentos enciclopédicos, interacionais, textuais e
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
linguísticos.
perguntas:
É por meio da escolha de determinados recursos
O quê? Como? Por quê? Onde? Quando? Quem? linguísticos que percebemos que nada é por acaso,
pois a cada escolha há uma intenção: “... toda ativida-
Essas perguntas norteiam a escrita tanto da repor- de de interpretação presente no cotidiano da lingua-
tagem quanto da notícia, que se diferencia da primei- gem fundamenta-se na suposição de quem fala tem
ra por seu caráter essencialmente informativo. certas intenções ao comunicar-se”1.
Para darmos uma opinião sobre determinado
NOTÍCIA REPORTAGEM
tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre
Questiona fatos e efeitos ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de
Apresenta um fato de for-
de um fato determinado opinião são especialistas no assunto por eles aborda-
ma simples e objetiva
Apresenta argumentos so- do. Ao escolherem um assunto, os autores devem con-
Objetivo é informar
bre um mesmo fato siderar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo
Apuração objetiva dos fatos
Apuração extensa assunto e, dependendo de sua intenção, apoiar ou
Conteúdo de curto prazo
Conteúdo sem ordem de- negar determinadas vozes.
Conteúdo segue o modelo
terminada, pode apresentar Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de
da pirâmide invertida (vis-
entrevistas, dados, ima-
to anteriormente) um texto de opinião deve ser simples, direta e convin-
gens, etc.
cente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primei-
Disponível em: https://bit.ly/3kD9tvk. Acesso em: 30 ago. 2021. ra ser adequada para um artigo de opinião pessoal;
Adaptado. porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o
articulista consegue dar um tom impessoal ao seu tex-
É importante ressaltar que nenhum gênero é to, fazendo com que sua produção textual não fique
composto apenas por uma única sequência textual. centrada só em suas próprias opiniões.
Portanto, a reportagem também apresentará esse Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu- guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
mentativo, porém pode apresentar outras sequências estruturação:
textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
A seguir, daremos continuidade aos nossos estu- z Identificação do tema, acompanhada de seus ante-
dos sobre os principais gêneros textuais que são obje- cedentes e alcance para situar a questão polêmica;
to de provas de concurso com um dos gêneros mais z Tomada de posição — exposição de argumentos
comuns em provas: o artigo de opinião. de modo a justificar a tese;
z Reafirmação da posição adotada no início da pro-
Artigo de opinião dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti-
culadas e o texto é concluído.
O artigo de opinião faz parte da ordem de textos
que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumen- ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO
tação para analisar, avaliar e responder a uma ques- Identificação da questão polêmica alvo
tão controversa. Esse instrumento textual situa-se no Introdução
de debate no texto
âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que
Tese do autor (posicionamento
circula, principalmente, em jornais e revistas impres-
defendido)
sos ou virtuais. Tese contrária (posicionamentos de ter-
No artigo de opinião, temos a discussão de um Desenvolvimento
ceiros) – aceitação ou refutação
problema de âmbito social. Por meio dessa discussão, Argumentos a favor da tese do autor do
podemos defender nossa opinião, como também refu- texto
tar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor Fechamento do texto e reforço do posi-
soluções para a questão controversa. Conclusão
cionamento adotado
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi-
nião é a de convencer seu interlocutor. Para isso, ele
No processo de escrita de qualquer texto é pre-
terá que usar de informações, fatos e opiniões que
ciso estar atento aos elementos de coesão que ligam
serão seus argumentos.
as ideias do autor aos seus argumentos. Porém, nos
Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta que:
textos argumentativos, é fundamental prestar ainda
mais atenção a esse processo; por isso, atente-se à
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que
se busca convencer o outro de uma determinada coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por A fim continuarmos nos estudos de textos argu-
meio de um processo de argumentação a favor de mentativos, seguimos nossa abordagem, apresentando
uma determinada posição assumida pelo produtor outro gênero frequentemente presente nas provas de
e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.
14 1 KOCH, 2011, p. 22.
Editorial

Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial,
gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação. Neste
tópico, nosso foco serão as principais características do gênero editorial e as suas diferenças em relação ao artigo
de opinião.

EDITORIAL — CARACTERÍSTICAS

Expressa a opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual


Objetivos: esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante e/ou persuadir os leitores, mobilizando-
-os a favor de uma causa de interesse coletivo
Estrutura: também baseada em introdução, desenvolvimento e conclusão

O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou o pro-
blema social a ser debatido no texto; posteriormente, segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e con-
clui-se com a retomada da opinião apresentada incialmente.
A principal diferença entre editorial e artigo de opinião é que o editorial representa a opinião de uma corpo-
ração, empresa ou instituição.
Marcas linguísticas:

z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural;


z Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante;
z Linguagem clara, objetiva e impessoal.

O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos,
também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos
um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero.

EDITORIAL — ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS


Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser didático ao apresentar
Parágrafo 1
o assunto ao leitor
Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo causas e indicativos concretos do
Parágrafo 2
problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto
Análise e possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da área). É
Parágrafo 3
preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram a argumentação
Parágrafo 4 Concluir com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir

A seguir, apresentamos o último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de gêne-
ros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros. Apesar
disso, trouxemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse critério,
o próximo gênero estudado é a crônica.

Crônica

O gênero “crônica” é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se torna-
ram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti.
Também por ser um gênero curto de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de con-
curso para ilustrar questões de interpretação textual e para contextualizar questões que avaliam a competência
gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.
LÍNGUA PORTUGUESA

CRÔNICA NARRATIVA CRÔNICA ARGUMENTATIVA


Defesa de um ponto de vista, relacionado ao assunto em debate
Limita-se a contar fatos do cotidiano
Uso de argumentos e fatos
Pode apresentar um tom humorístico
Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa
Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa
Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo

Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmente
podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como em vídeo, formato muito divulgado nas redes
sociais.
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão (intro-
dução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que passeia
pelos ambientes literários e jornalísticos. 15
Apresenta um teor opinativo forte, com observa-
ção dos fatos sociais mais atuais. Outra característica RECURSOS ESTILÍSTICOS
presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, (OU FIGURAS DE LINGUAGEM)
como a ironia e a metáfora, que auxiliam na presença
do tom sarcástico que a crônica pode ter. FIGURAS DE SINTAXE
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O Consistem em modificações da estrutura da oração
que é um livro?”, da escritora Marina Colasanti, em (ou parte dela) por meio da omissão, inversão ou repe-
que podemos identificar as principais características tição de termos. Nesse caso, essas alterações ocorrem
desse gênero: para conferir mais expressividade ao enunciado.

Elipse
O que é um livro?
O que é um livro? A pergunta se impõe neste momen- Utilizada para omitir termos numa oração que não
to em que que a isenção de impostos sobre o objeto foram mencionados anteriormente, mas que podem
primeiro da cultura e do conhecimento está em risco. ser facilmente identificados pelo interlocutor. Essa
omissão pode ser percebida por indícios gramaticais
Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda
ou dentro do próprio contexto.
mais a leitura de quem tanto precisa dela.
Ex.: Ana Rita arrumou-se para o trabalho. Estava
Um livro é:
atrasada. (“elipse sujeito -ela”)
— A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo
Os alunos e as alunas, mãos erguidas contra os
para jovens estudantes e disse a eles que o ofício políticos, caminhavam pelas ruas. (elipse da preposi-
de um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, fazer a ção – “de mãos erguidas”)
cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-
-las com harmonia. Zeugma
— A nave espacial que nos permite viajar no tempo
para a frente e para trás. Habitar o passado ao tem- Considerado um caso particular de elipse, o zeug-
po em que foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto ma consiste omissão em orações seguintes de palavras
de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: expressas na oração anterior.
o do presente, com todos os conhecimentos adquiri- Ex.: Eu sou professora; minha amiga, advogada.
dos e as novas maneiras de viver. […] Desembrulhe essa caixa enquanto eu desembru-
— Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte lho a outra.
que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra
Pleonasmo
e música, prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora
da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do Consiste na repetição de termos ou ideias com o
alheio e ponto de encontro com nosso núcleo mais objetivo de realçá-las, tornando-as mais expressivas.
profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para Ex.: “É rir meu riso e derramar meu pranto”. (Viní-
que cada um possa abrir a sua. cius de Moraes)
— A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões “Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se
enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agi- a si mesma.” (Machado de Assis).
tam suas múltiplas cabeças.
— Todas as palavras do sagrado, todas elas foram Dica
postas nos livros que deram origem às religiões e ne-
Existe o pleonasmo literário, que é um recurso
les conservadas.
estilístico aceitável e muito explorado na litera-
tura e na música. O problema é quando o pleo-
Disponível em: https://bit.ly/2HIecxi. Acesso em: 30 ago. 2021. nasmo se torna vicioso. Expressões como “fatos
Adaptado.
reais”, “subir para cima”, “ganhar de graça”, “cego
dos olhos” e outras constituem um vício de lin-
Essa crônica trata de um assunto bem atual: o guagem. A repetição da ideia torna-se, portanto,
aumento da carga tributária que incide sobre o pre- desnecessária, pois não traz nenhum reforço à
ço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue ideia apresentada.
argumentando sobre a importância dos livros na
sociedade com um ponto de vista ladeado pela litera- Polissíndeto
tura, o que fortalece sua argumentação.
Figura que consiste no uso excessivo e repetitivo
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex-
de conjunções.
tuais, é importante fazermos uma observação rele-
Ex.: “Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Ola-
vante sobre o assunto. Para muitos autores, os gêneros vo Bilac)
não apenas moldam formas de texto, mas formas de “Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira.” (Alberto
dizer marcadas pelo discurso. Por isso, em algumas Oliveira)
metodologias, os gêneros serão tratados como “do
discurso”. Assíndeto
Gêneros do discurso marcam o processo de inte-
É a figura que consiste na omissão reiterada de
ração verbal. Como todo discurso materializa-se por conjunções. Geralmente a conjunção omitida é a coor-
meio de textos, a nomenclatura gêneros textuais tor- denativa. Essa estratégia torna a leitura do texto mais
na-se mais adequada para essa perspectiva de estudos. clara e dinâmica.
Podemos distinguir as duas variantes vocabulares de Ex.: “Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se
acordo com as demandas sociais e culturais de estudo esqueça.” (Pitty)
16 dos gêneros. “Vim, vi, venci.” (Júlio César)
Anáfora Silepse

Consiste na repetição de palavra ou expressões no Consiste na concordância com o termo que está
início da oração. Esse tipo de recurso é muito comum subtendido na oração e não com o termo expresso na
em textos estruturados em versos consecutivos (poe- oração. (Concordância ideológica). Existem três tipos
mas, músicas, entre outros). O propósito é valorizar a de silepse:
mensagem por meio da ênfase ao elemento repetido.
z Silepse de Gênero: Há uma discordância entre
Ex.: “É o pau, é a pedra, é o fim do caminho os gêneros dos artigos, substantivos, pronomes e
É um resto de toco, é um pouco sozinho adjetivos. Notamos na oração a presença do con-
É um caco de vidro, é a vida, é o sol traste entre os gêneros masculino e feminino.
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” (Tom
Jobim) Ex.: Vossa Excelência é falso. - O pronome de tra-
“Quando não tinha nada eu quis tamento certamente se refere a alguma autoridade do
Quando tudo era ausência, esperei sexo masculino (deputado, prefeito, vereador etc.)
Quando tive frio, tremi
z Silepse de Número: Há uma discordância entre o
Quando tive coragem, liguei”. (Daniela Mercury)
verbo e o sujeito da oração quando ele expressa
Aliteração uma ideia de coletividade. Nesse caso, o verbo con-
corda com a ideia que nele está contida.
Recurso sonoro que consiste na repetição de sons
consonantais para intensificar a rima e o ritmo. Ex.: A turma era barulhenta, falavam alto. (“fala-
vam” concorda com “alunos”)
Ex.: “Chove chuva choverando” (Oswald de Andrade)
“Se desmorono ou se edifico, z Silepse de Pessoa: Há uma discordância entre o
se permaneço ou me desfaço, verbo e a pessoa do discurso expressa pelo sujeito
— não sei, não sei. Não sei se fico da oração. Geralmente o emissor se inclui no sujei-
ou passo.” (Cecília Meireles) to expresso em 3ª pessoa do plural, realizando a
flexão verbal na primeira pessoa.
Assonância
Ex.: Dizem que os brasileiros somos amantes do
Figura de linguagem que aborda o uso de som em futebol. (brasileiros //3ª p. plural) (somos// 1ª p. plural)
harmonia. Caracterizada pela repetição de vogais.
Anacoluto
Ex.: “A pálida lágrima de Flávia” – repetição da
Consiste na quebra ou interrupção da estrutura
vogal a.
normal. Um dos termos da oração fica desvinculado
“Amo muito tudo isso” – repetição do som da vogal u.
do restante da sentença e não estabelece nenhuma
Onomatopeia ligação sintática com os demais.

Recurso sonoro que procura representar os sons Ex.: Meu vizinho, ouvi dizer que está muito doente.
específicos de objetos, animais ou pessoas a partir de
FIGURAS DE PALAVRAS
uma percepção aproximada da realidade.
As figuras de palavras estão associadas ao signifi-
Ex.: “O tic-tac do relógio me deixava mais angus-
cado delas. Caracterizam-se por apresentar uma subs-
tiado na prova”. tituição ou transposição do sentido real da palavra
“Psiiiiiu! – Falou o professor no momento da para assumir um sentido figurado construído dentro
reunião”. de um contexto. A substituição de uma palavra por
outra pode acontecer por uma relação muito próxi-
Hipérbato ou Inversão
ma (contiguidade) ou por uma comparação/analogia
Caracteriza-se pela inversão proposital da ordem (similaridade).
direta dos termos da oração. Essa inversão confere
Comparação
maior efeito estilístico na construção do enunciado.
Analogia explícita entre dois termos; a principal
Ex.: “Os bons vi sempre passar / no mundo graves diferença entre a comparação e a metáfora, que é
tormentos” (Luiz Vaz de Camões) outro tipo de relação de semelhança, é que a compa-
Na ordem direta seria: Eu sempre vi passar os ração se estabelece com o uso de conectivos.
LÍNGUA PORTUGUESA

bons no mundo de graves tormentos.


Ex.: Minha boca é como um túmulo.
Anástrofe
A menina é como um doce.
Diferentemente do hipérbato, a anástrofe consiste Seu sorriso é tal qual um raio de sol numa manhã
na inversão mais sutil dos termos da oração, não pre- nublada.
judicando o entendimento do enunciado.
Metáfora
Ex.:
“Sabes também quanto é passageira essa desavença Consiste em usar uma palavra ou expressão em lu-
Não destrates o amor”. (Jacob do Bandolim) gar da outra em razão de algumas semelhanças (ana-
Utilizando a figura de linguagem teríamos: “Sabes logia) conceituais. É recurso que está associado ao em-
também quanto essa desavença é passageira”. prego da palavra fora do seu sentido normal. 17
Ex.: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais. � A causa pelo efeito:
(Carlos Drummond de Andrade) Ex.: Comprei a casa com o meu suor (Comprei a
Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernan- casa com o meu trabalho);
do Pessoa) � O instrumento pelo agente:
Ex.: O carro atropelou o cachorro (O motorista do
Observe: veículo atropelou o cachorro);
� A coisa pela sua representação:
Metáfora: relação de semelhança não explícita.
Ex.: O sonho de muitos candidatos é chegar ao
Palácio do Planalto (O sonho de muitos candida-
tos é chegar à Presidência da República);
O que foi isso, Foi um candidato � O inventor pelo invento:
homem? “ficha suja” que Ex.: Diego comprou um Picasso no museu (Diego
me abraçou... comprou uma obra de Picasso no museu);
� A matéria pelo objeto:
Ex.: Custou-me apenas algumas pratas aquela mobí-
lia. (Custou-me apenas algumas moedas aquela
mobília);
� O proprietário pela propriedade:
Ex.: Vou ao médico buscar meus exames (Vou ao
consultório médico buscar meus exames).

Sinédoque

Atualmente as gramáticas não realizam distinção


Comparação: relação de semelhança estabele- entre metonímia e sinédoque; a diferença entre essas
cida por conectivos. figuras é tênue. Na sinédoque, a relação que se estabe-
lece entre os termos é quantitativa, ou seja, quando
se amplia ou se reduz a significação das palavras. As
relações entre os termos são basicamente as seguin-
tes: parte pelo todo, singular pelo plural, gênero pela
espécie, particular pelo geral (ou vice-versa).

Ex.: O homem é um ser mortal (os homens).


É preciso pensar na criança (nas crianças).

Antonomásia ou Perífrase

A antonomásia é uma figura que consiste na subs-


tituição de um nome próprio (de pessoa) por uma ex-
pressão que lhe confere alguma característica ou atri-
buto que o distingue (epíteto). É a substituição de um
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 16/10/2020.
nome por outro, o que pode configurar uma espécie
de apelido para o ser designado.
Metonímia
Ex.: O poeta dos escravos é autor do célebre poema
Consiste na substituição de um termo pelo outro
“O navio negreiro”. (Castro Alves)
em virtude de uma relação de proximidade ou conti-
Este aeroporto tem o nome do pai da aviação. (San-
nuidade. Essa relação é qualitativa e pode ser realiza-
tos Dumont)
da dos seguintes modos:
Observação: A antonomásia é uma espécie de
perífrase. A diferença é que esta designa um ser (coi-
� A parte pelo todo:
sas, animais ou lugares) por meio de características,
Ex.: O brasileiro trabalha muito para garantir o
atributos ou um fato que o celebrizou.
pão aos filhos (O brasileiro trabalha muito para
Ex.: Fomos ao zoológico ver o rei da selva. (leão)
garantir alimento aos filhos);
Adoraria conhecer a cidade luz. (Paris)
� O autor pela obra:
Qualquer dúvida consulte o pai dos burros. (dicionário)
Ex.: Os leitores de Machado de Assis são cultos (Os
leitores da obra de Machado de Assis são cultos);
� O continente pelo conteúdo: Sinestesia
Ex.: A menina bebeu a jarra de suco inteira (A
menina bebeu todo o suco da jarra); Consiste no recurso que engloba um conjunto de
� A marca pelo produto: percepções e sensações interligadas aos processos
Ex.: Minha filha pediu uma Melissa de aniversário sensoriais provenientes de diferentes sentidos (visão,
(Minha filha pediu uma sandália de aniversário); audição, olfato, paladar e tato). Na sinestesia, a per-
� Singular pelo plural: cepção ou sensação de um sentido é atribuída a outro.
Ex.: O cidadão deve cumprir seus deveres legais
(Os cidadãos devem cumprir seus deveres legais); Ex.: “As falas sentidas, que os olhos falavam.” (Ca-
� O concreto pelo abstrato: simiro de Abreu)
Ex.: A juventude está cada vez mais ansiosa (Os “E o pão preserve aquele branco sabor de alvora-
18 jovens estão cada vez mais ansiosos); da”. (Ferreira Gullar)
FIGURAS DE PENSAMENTO Ex.: “Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis...” (Machado de Assis)
Processo expressivo que enfatiza o aspecto semân- “Parece um anjinho, briga com todos”.
tico da linguagem. As figuras de pensamento introdu-
zem uma ideia diferente daquela que a palavra, em Gradação
seu sentido real, exprime.
Consiste na apresentação de ideias sinônimas (ou
Antítese não) em uma escala progressiva de maior ou menor
intensidade à expressão. Os termos da oração são fru-
Consiste no emprego de conceitos que se opõem e que tos de uma hierarquia e podem ser de ordem crescen-
podem ocorrer de maneira simultânea em uma mesma te ou decrescente.
oração. Na antítese, os conceitos antônimos não se contra-
dizem e estão relacionados a referentes distintos. Ex.: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um
bilião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.”
Ex.: “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” (Viní- (Machado de Assis)
cius de Moraes) “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Montei-
ro Lobato)
“O mito não é nada que é tudo”. (Fernando Pessoa)
Apóstrofe
Personificação ou Prosopopeia
Consiste na invocação de alguém ou alguma coisa
Consiste em atribuir características, sentimentos e personificada. Essa figura de linguagem realiza-se por
comportamentos próprios de seres humanos a seres meio de um vocativo. A apóstrofe é um recurso estilís-
irracionais ou inanimados. É uma figura muito usada tico muito utilizado na linguagem informal (cotidia-
em textos literários, como fábulas e apólogos. na), nos textos religiosos, políticos e poéticos.
Ex.: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma Ex.: “Liberdade, Liberdade! É isso que pretende-
sacada...” (cantiga popular). mos nessa luta”.
“As pedras andam vagarosamente”. “Senhor, tende piedade de nós”.

Paradoxo

Consiste no emprego de conceitos opostos e contra- COESÃO E COERÊNCIA


ditórios na representação de uma ideia. No paradoxo,
embora os termos pareçam ilógicos, são perfeitamen- Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-
te aceitáveis no campo da literatura, o que confere ao zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
autor uma licença poética. coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
Ex.: “Se lembra quando a gente chegou um dia a
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o
e por que buscar esse padrão é importante.
pra sempre sempre acaba” (Cássia Eller)
Os textos não são somente um aglomerado de pala-
“Dor, tu és um prazer!” (Castro Alves) vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-
das e organizadas harmoniosamente de maneira que
Eufemismo o texto faça sentido como um todo.
A ligação, a relação, os nexos entre essas partes
Consiste no emprego de uma palavra ou expressão estabelecem o que se chama de coesão textual. Os
que serve para amenizar/ suavizar uma informação articuladores responsáveis por essa “costura” do
desagradável ou fatídica. É um recurso essencial para
tecido — tessitura do texto — são conhecidos como
validar a polidez nas relações sociais.
recursos coesivos que devem ser articulados de forma
Ex.: “Suzanna é uma mulher desprovida de bele- que garanta uma relação lógica entre as ideias, fazen-
za.” (feia) do com que o texto seja inteligível e faça sentido em
determinado contexto.
“Aquele pobre homem entregou a alma a Deus” A respeito disso, temos a coerência textual, que
(morreu) está ligada diretamente à significação do texto, aos
sentidos que ele produz para o leitor.
Hipérbole
COESÃO COERÊNCIA
Uso de expressões intencionalmente exageradas para
LÍNGUA PORTUGUESA

dar maior ênfase à mensagem expressa pelo emissor. Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa-
perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro-
Ex.: “Amor da minha vida, daqui até a eternidade
na forma e na articulação dução de sentido/relação
Nossos destinos foram traçados na maternidade”.
entre as ideias lógica
(Cazuza)
“Vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí”.
(Pollo) Fonte: Elaborado pela autora.

Ironia Podemos usar uma metáfora muito interessante


quando se trata de compreender os processos de coe-
Consiste em expressar ideias, pensamentos e julga- são e coerência.
mentos com o sentido contrário do que se diz. A ironia Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um
tem como objetivo satirizar uma situação desagradá- prédio, tal qual uma boa construção precisa de um bom
vel ou depreciar alguém pelo seu comportamento. alicerce para manter-se em pé; um texto bem construído 19
depende da organização das nossas ideias, da forma A partir da leitura, podemos perceber que todos os
como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre- termos destacados fazem referência a um mesmo refe-
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza-
a fim de defendermos nossas ideias. do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin- gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
cipais formas de marcação, de processos que buscam Já os processos referenciais catafóricos apontam
organizar as ideias em um texto, principalmente, os para porções textuais que ainda não foram mencio-
processos de coesão que, como dissemos, apresentam nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a
um apelo mais forte às formas linguísticas que os pro- seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos
cessos envolvendo a coerência. são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista”
No entanto, faz-se necessário mostrar algumas
características da coerência em um texto e como esse Dica
processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em Em provas de concursos ainda se encontra a ter-
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, minologia “expressões referenciais catafóricas”,
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e remetendo ao uso já indicado no material. No
estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus- entanto, é importante salientar que, para linguis-
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico tas e estudiosos, as anáforas são os processos
que se encontra mais na mente que no texto”. referenciais que recuperam e/ou apontam para
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) porções textuais.
para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe- USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO
são. A autora afirma que a coerência:
Utilizar pronomes para manter a coesão de um
[...] Não está no texto em si; não nos é possível apon- texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
tá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói [...] rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
numa dada situação comunicativa, na qual o leitor, a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
com base em seus conhecimentos sociocognitivos e estudo os principais pronomes utilizados em recursos
interacionais e na materialidade linguística, confe- textuais para manter a coesão.
re sentido ao que lê (CAVALCANTE, 2013, p. 31) A pronominalização é a base de recursos anafóri-
cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão específico a que o autor faz referência no texto. Veja-
importantes para uma boa compreensão e elaboração mos dois exemplos:
textual. É importante destacar que esses processos de coe-
são não podem ser dissociados da construção de sentidos
implícita no processo de organização da coerência. O primeiro debate entre Donald Trump e Joe
Biden foi quente, com diversas interrupções e acu-
COESÃO REFERENCIAL sações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi
a indicação de Trump da juíza conservadora Amy
A coesão é marcada por processos referenciais que Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de
relacionam termos e ideias a partir de mecanismos Ruth Bader Ginsburg. O presidente defendeu que
que inserem ou retomam uma porção textual. Os pro- tem esse direito, pois os republicanos têm maioria
cessos marcados pela referenciação caracterizam-se no Senado [Casa que ratifica essa escolha] e criticou
pela construção de referentes em um texto, os quais os democratas, dizendo “que eles ainda não aceita-
se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse ram que perderam a eleição”. […].
processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os
ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala- EUA são o país mais atingido pela pandemia - são
vras, das quais falaremos a seguir. 7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O
Antes, é necessário reconhecer processos referen- âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que eles
ciais que envolvam o uso de expressões anafóricas e fariam até que uma vacina aparecesse. Biden ata-
catafóricas. Conforme Cavalcante (2013), “as expres- cou o republicano dizendo que Trump “não tem um
sões que retomam referentes já apresentados no tex- plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua
to por outras expressões são chamadas de anáforas”. resposta atacando a China - “deveriam ter fechado
Vejamos o exemplo a seguir: suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as
estatísticas da Rússia e da própria China e, com pou-
ca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho”
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bair- nesse momento dos EUA.
ro, que vivia de suas discretas lutas, no início de
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
era um jovem promissor, mas nunca se interessou
realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um Após a leitura do texto, é possível notar que a recu-
agiota italiano chamado Tony Gazzo, com quem peração da informação apresentada é feita a partir de
manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono-
Rocky por ele ser descendente de italiano e o aju- mes destacados recupera o assunto informado e ajuda
dou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na o leitor a construir seu posicionamento. É importante
primeira luta que fez com Apollo Creed. buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe-
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em: destacado no texto refere-se ao termo “republicanos”,
20 30/09/2020. Adaptado. já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que
participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses
pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex- Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel-
to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs- chior foi um cantor, compositor, músico, produtor,
tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem-
maior, fazendo referência ao momento de pandemia bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner,
em que o mundo passa. Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso
da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi- internacional, em meados da década de 1970.
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. 30/09/2020. Adaptado.
Não é possível saber qual dos homens estava
acompanhado. Todas as marcações em negrito fazem referência ao
Por fim, destacamos que as classes de palavras nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se
relacionadas neste capítulo com os processos de coe- referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti- doras que servem para ligar ideias e construir o texto.
va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
escolares. O interesse das principais bancas de con- USO DE ADJETIVOS
cursos públicos é avaliar a capacidade interpretati- Os adjetivos também são considerados expressões
va e racional dos candidatos. A análise de processos nominalizadoras que fazem referência a uma porção
coesivos visa analisar a capacidade do candidato de textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo
reconhecer a que e qual elemento está construindo as acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor,
referências textuais. músico, produtor, artista plástico e professor” apre-
senta seis nomes que funcionam como adjetivos de
USO DE NUMERAIS Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações
sobre essa personalidade, referida anteriormente.
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de É importante recordar que não podemos identifi-
categorias gramaticais concorre para a progressão tex- car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro-
que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
cesso é o uso de numerais.
palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
Iremos focar no valor coesivo que essa classe pro-
move, auxiliando na ligação de ideias em um texto. ta, professor são substantivos que funcionam como
Dessa forma, as expressões quantitativas, em algumas adjetivos e colaboram na construção textual.
circunstâncias, retomam dados anteriores numa rela-
USO DE VERBOS VICÁRIOS
ção de coesão.
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri- O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
meiro era para os professores, o segundo para os alunos. significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
As formas destacadas são numerais ordinais que
são verbos usados em substituição de outros que já
recuperam informação no texto, evitando a repetição
foram muito utilizados no texto.
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós
esperávamos.
USO DE ADVÉRBIOS
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
oração pelo verbo “foi”.
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe-
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o
processo de coesão. As formas adverbias que marcam ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
tempo e espaço podem também ser denominadas de Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos: Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem... fizemos”
Percebam que esses advérbios só podem ser asso- Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por
ciados a um referente se forem instaurados no discur- falta de interesse”
so, isto é, se mantiverem associação com as pessoas
Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”
que produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê
“hoje não haverá aula” em um cartaz na porta de uma
sala compreenderá que a marcação temporal refere- USO DE ELIPSE
-se ao momento em que a leitura foi realizada. Por
isso, esses elementos são conhecidos como dêiticos. A elipse é uma forma de omissão de uma informação
Independentemente de como são chamados, esses já mencionada no texto. Geralmente, estudamos a
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex- elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
LÍNGUA PORTUGUESA

to, auxiliando também a construção da coesão textual. linguagem de uma gramática; neste material, iremos
nos deter a maiores aspectos da elipse também nessa
USO DE NOMINALIZAÇÃO seção. Aqui é importante salientar as propriedades
recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
As expressões que retomam ideias e nomes, já apre- pósito de manter a coesão textual.
sentados no texto, mediante outras formas de expressão,
podem ser analisadas como processos nominalizado- Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como
res, incluindo substantivos, adjetivos e outras classes recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir
nominais. um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên-
Essas expressões recuperam informações median- cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu-
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas
uso de pronomes, conforme vimos anteriormente. recuperável por marcas do próprio contexto verbal”.
Vejamos um exemplo: Vejamos como ocorre, a partir do segmento a seguir: 21
“O Brasil evoluiu bastante desde o iní- Como não havia estudado suficiente,
CAUSAL
cio do século XXI. O país proporcionou resolvi não fazer essa prova
a inclusão social de muitas pessoas. A Falaram tão mal do filme que ele nem
SEM ELIPSE CONSECUTIVA
nação obteve notoriedade internacional entrou em cartaz
por causa disso. A pátria, porém, ainda
enfrenta certas adversidades...” COMPARATIVA Trabalhou como um escravo
“O Brasil evoluiu bastante desde o início do Conforme o Ministro da Economia,
CONFORMATIVA
século XXI e proporcionou a inclusão social os concursos não irão acabar
de muitas pessoas, por causa disso obteve COM ELIPSE Ainda que vivamos um período de
notoriedade internacional, porém ainda en- CONCESSIVA poucos concursos, não podemos
frenta certas adversidades...” desanimar
Se estudarmos, conseguiremos ser
COESÃO SEQUENCIAL CONDICIONAL
aprovados!

A coesão sequencial é responsável por organizar a À proporção que aumentava seus ho-
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu- PROPORCIONAL rários de estudo, mais forte o candi-
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro- dato se tornava
mover a evolução do debate assumido pelo autor. Estudava sempre com afinco, a fim
FINAL
Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a de ser aprovado
partir de locuções que marcam tempo, conjunções,
Quando o edital for publicado, já es-
desinências e modos verbais. Neste material, iremos TEMPORAL
tarei adiantado nos estudos
nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que
são utilizadas para garantir a progressão textual.

Conjunções Coordenativas Importante!


As conjunções coordenativas são aquelas que Não confundir:
ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor Afim de – Relativo à afinidade, semelhança:
semântico independente. Na construção textual, elas “Física e Química são disciplinas afins”.
são importantes, pois, com seus valores, adicionam A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje-
informações relevantes ao texto. tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”.
Exemplos de conjunções coordenativas atuando
na coesão:
Conjunções Integrantes
Não apenas conversava com os de- As conjunções integrantes fazem parte das orações
ADITIVA mais alunos como também atrapalha- subordinadas, na realidade, elas apenas integram,
va o professor
ligam uma oração principal a outra, subordinada.
Eram ideias interessantes, porém nin- Como podemos notar, o papel dessas conjunções é
ADVERSATIVA
guém concordou com elas essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são
Superou o estigma que pregava “ou estu- “peças” que unem as orações. Existem apenas dois
ALTERNATIVAS
da, ou trabalha” e conseguiu ser aprovada tipos de conjunções integrantes: que e se.
Ao final, faça os exercícios, pois é
EXPLICATIVA
uma forma de praticar o que aprendeu Quando é possível substituir
Quero que a prova esteja
O candidato não cumpriu sua promes- o que pelo pronome isso, es-
fácil.
CONCLUSIVA sa. Ficamos, portanto, desapontados tamos diante de uma conjun-
Quero. O quê? Isso.
com ele ção integrante

Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções Sempre haverá conjunção


Perguntei se ele estava
precisam manter uma relação contextual, estabeleci- integrante em orações subs-
em casa.
da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso, tantivas e, consequentemen-
Perguntei. O quê? Isso.
orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá- te, em períodos compostos
rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver- COESÃO RECORRENCIAL
sidade, como demonstra a conjunção “mas”.
Uso de Repetições
Conjunções Subordinativas
As recorrências de repetições em textos são comu-
Tal qual as conjunções coordenativas, as subordi- mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa.
nativas estabelecem uma ligação entre as ideias apre- Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
sentadas num texto, porém, diferentemente daquelas, fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala-
estas ligam ideias apresentadas em orações subordi- vras e expressões!
nadas, ou seja, orações que precisam de outra para No entanto, a repetição é um recurso coesivo
terem o sentido apreendido. essencial para manter a progressão temática do texto,
Exemplos de conjunções subordinativas atuando isto é, para que o tema debatido no texto não seja per-
22 na coesão: dido, levando o escritor a fugir da temática.
Embora também não recomendemos as repetições Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade- ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, em que houve quebra de paralelismo:
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. “É necessário estudar e que vocês se ajudem”
– Errado.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES
– Correto.
O candidato foi encontra- Devemos manter a organização das orações, pois
do com duzentos milhões não podemos coordenar orações reduzidas com ora-
Marcar ênfase
de reais na mala, duzen- ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo
tos milhões! e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente
reduzidas.
Marcar contraste Existem Políticos e políticos. No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
“Agora que sentei na minha a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
cadeira de madeira, junto à âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-
minha mesa de madeira, mos o seguinte exemplo:
colocada em cima deste “Por um lado, os manifestantes agiram corretamen-
assoalho de madeira, olho te, por outro podem não ter agido errado” – Incorreto.
Marcar a continuidade “Por um lado, os manifestantes agiram correta-
minhas estantes de ma-
temática mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
deira e procuro um livro
feito de polpa de madeira lação” – Correto.
para escrever um artigo “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
contra o desmatamento foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto.
florestal” Millôr Fernandes. “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto.
Uso de Paráfrase

A paráfrase é um recurso de reiteração que propor-


ciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no ORTOGRAFIA: USO DOS ACENTOS
texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre GRÁFICOS
algo utilizando-se de outras palavras. Conforme Antu-
nes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em Há, na língua portuguesa, algumas regras de acen-
outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”. tuação das palavras segundo a sua classificação quan-
Vejamos o seguinte exemplo: to à tonicidade, e é importante conhecê-las para não
cometer enganos na hora da escrita. São elas:
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo z Monossílabas: Acentuam-se os monossílabos tôni-
Castelão Ceará no Castelão cos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá, chá; pé, fé,
mês; nó, pó, só.
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais z Oxítonas: São acentuadas as oxítonas terminadas
da capital cearense. A forma como o texto se apresen- em:
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em
posições diferentes, cumpre um papel importante na „ a(s): sofá, sofás;
progressão temática do texto. „ e(s): jacaré, vocês;
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo „ o(s): paletó, avôs;
uso de expressões textuais bem características, como: em „ em, ens: armazém, armazéns.
outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
z Paroxítonas (penúltima sílaba tônica): São acen-
resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
tuadas quando terminam em:
cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no tex-
to, garantindo a informatividade do texto. „ “L”: fácil, portátil;
„ “N”: pólen, hífen;
Uso de Paralelismo „ “R”: cadáver, poliéster;
„ “PS”: bíceps;
As ideias similares devem fazer a correspondência „ “X”: tórax;
entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o „ “US”: vírus;
LÍNGUA PORTUGUESA

nome de paralelismo. Quando as construções de frases „ “I, IS”: júri, lápis;


e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin- „ “OM”, “ONS”: iândom, íons;
tático. Quando há sequência de expressões simétricas „ “UM”, “UNS”: álbum, álbuns;
no plano das ideias e coerência entre as informações, „ “Ã(S)”, “ÃO(S)”: órfã, órfãs, órfão, órfãos;
ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de „ Ditongo oral: jóquei, túneis.
sentido.
Existem algumas observações/exceções a serem
feitas a respeito da acentuação das paroxítonas:
ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
JUNTAS „ Os prefixos terminados em “i” e “r” não são
Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não acentuados.
tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc. Ex.: Semi, super, hiper; 23
„ Paroxítonas terminadas em ditongos crescen- „ Chalé (casa campestre de estilo suíço);
tes (ea, oa, eo, ua, ia, eu, ie, uo, io) recebem „ Xale (cobertura para os ombros);
acento. „ Chácara (propriedade rural);
„ Xácara (narrativa popular em versos);
Ex.: Mágoas, tênue, férias, ingênuo. „ Cheque (ordem de pagamento);
z Proparoxítonas (antepenúltima sílaba tônica): „ Xeque (jogada do xadrez).
São sempre acentuadas graficamente.
Emprego do C, Ç, S e SS
Ex.: trágico, árvore, mármore;
Por possuírem o mesmo som, o uso de C, Ç, S e SS
Antes de concluir, é importante mencionar o uso costuma causar bastante confusão. Porém, existem
do acento nas formas verbais “ter” e “vir”: algumas regrinhas que nos ajudam a saber quando
Ele tem / Eles têm usar cada uma das letras. Veja:
Ele vem / Eles vêm
Perceba que, no plural, essas formas requerem o z O C só é usado com valor de “s” com as vogais “e”
uso do acento (^), portanto se atente à concordância e “i”:
verbal, quando usarem esses verbos.
Ex.: acém, ácido, aceso, macio.

z Com as vogais “o” e “u”, usa-se Ç:

GRAFIA DE PALAVRAS Ex.: Açougue, açúcar, caçula.

A ortografia é o ramo que estuda a variedade for- z Em início de palavras, o Ç e o SS não são usados.
mal da escrita das palavras. Veja, por meio de algu- O “S” inicia palavras quando seguido de qualquer
mas regras, como acabar com suas dúvidas e escrever uma das vogais:
corretamente.
Ex.: Sapato, segurança, situação, solteiro, sucesso.
Emprego do X e do CH z O “C” inicia palavras (possuindo o mesmo som de
“S”) apenas com as vogais “e” e “i”:
O “X” é utilizado:

z Após os ditongos (encontro de duas vogais). Ex.: Cenoura, cela, cigarro, cinema.

Ex.: peixe, faixa, caixa, ameixa, queixo, baixo, z O “S” tem sempre som de /z/ quando está entre
encaixe, paixão, frouxo vogais. Sendo assim, palavras compostas deriva-
Exceção: recauchutar (e seus derivados) e caucho; das de uma palavra com “S” no início passam a ser
escritas com “SS”, mantendo o som de /s/:
z Após as sílabas “en” e “me”.
Ex.: Sala – Antessala / Sol – Girassol / Seguir
Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar, enxu-
– Prosseguir.
gar, mexerica, mexilhão, mexer, mexicano, enxovalho.
Algumas palavras formadas por prefixação (pre-
fixo “en” + radical) são escritas com “ch” (enchente, z O “SS” é utilizado somente entre vogais:
encharcar etc.).
Exceção: mecha (de cabelo); Ex.: Passagem, pessoa, posse, possível.

z Em palavras de origem indígena e africana e pala- Emprego do C e QU


vras inglesas aportuguesadas.
É comum encontrarmos algumas palavras que
Ex.: xampu, xerife, xará, xingar, xavante; nos colocam na dúvida: usar C ou QU? Pois existem
palavras que podem ser escritas tanto de uma forma,
Outras palavras escritas com “X”: bexiga, laxativo, como de outra. Veja:
caxumba, xenofobia, xícara, xarope, lixo, capixaba, Ex.: Catorze / quatorze; cociente / quociente; coti-
xereta, faxina, maxixe, bruxa, relaxar, roxo, graxa, diano / quotidiano; cotizar / quotizar.
puxar, rixa. As seguintes palavras só podem ser escritas de
Algumas palavras com “CH”: chicória, ficha, chi- uma forma:
marrão, churrasco, chinelo, chicote, cachimbo, fanto- Cinquenta, cinquentenário, cinquentão, cinquentona.
che, penacho, broche, salsicha, apetrecho, bochecha,
brecha, pechincha, inchar, flecha, chute, deboche,
Emprego do K, W e Y
mochila, pichar, lincha, fechar, fachada, comichão,
chuchu, charque, cochicho.
Símbolos e siglas
z Há, ainda, algumas palavras homófonas, que
podem ser escritas das duas formas, porém têm z Kg – quilograma;
significados diferentes. Veja algumas: z Km – quilômetro;
z k – potássio;
„ Brocha (pequeno prego); z Nomes próprios e seus derivados originados de
„ Broxa (pincel para caiação de paredes); língua estrangeira:
„ Chá (planta para preparo de bebida);
24 „ Xá (título do antigo soberano do Irã); Ex.: Kelly, Darwin, Wilson, darwinismo;
z Palavras estrangeiras não adaptadas para o Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
português: Espero vocês à noite na estação de metrô.
Estou à beira-mar desde cedo.
Ex.: Feedback, hardware, hobby.
z Locuções prepositivas formadas por palavras
Emprego do G e do J femininas.
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
O “G” é utilizado em:
z Locuções conjuntivas formadas por palavras
z Palavras terminadas em “–io”; femininas.
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
Ex.: Estágio, relógio, refúgio, presságio; aumentando.
� Quando indicar marcação de horário, no plural.
z Substantivos terminados em “–em”; Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
Fique atento ao seguinte: entre números teremos
Ex.: ferrugem, carruagem, passagem, viagem.
que de = a / da = à, portanto:
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
O “J” é utilizado em:
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
z Palavras de origem indígena: Pajé, canjica, � Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
jerimum. aquilo.
z Palavras de origem africana: Jiló, jagunço, jabá. Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
àquele outono.
É importante saber: Por favor, entregue as flores àquela moça que está
sentada.
z A conjugação do verbo “viajar”, no Presente do Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
Subjuntivo, escreve-se com j: Que eles(as) viajem.
z Verbos no infinitivo escritos com “G” antes de “e” � Com o pronome demonstrativo a antes de que ou de.
ou “i” têm o “G” substituído por “J” em algumas fle- Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
xões, para manter o mesmo som: Referimo-nos à de preto.
� Com o pronome relativo a qual, as quais.
Afligir: aflija, aflijo;
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
Agir: ajam, ajo;
Eleger: elejam, elejo. de sair.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
férias.

Casos Proibitivos
USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Diferente dos casos em que o uso da crase é con-
Outro assunto de grande dúvida e que é frequen- vencionado, temos os casos específicos da língua em
temente abordado em diversos editais de concurso é que o seu uso é proibido. Vejamos:
o uso da crase, fenômeno gramatical que corresponde
à junção da preposição a + artigo feminino definido a,
� Antes de nomes masculinos.
ou da junção da preposição a + os pronomes relativos
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
aquele, aquela ou aquilo. Representa-se graficamen-
rial agrada a todos.” (MM)
te pela marcação (`) + (a) = (à).
O carro é movido a álcool.
Venda a prazo.
Ex.: Entregue o relatório à diretora.
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine. � Antes de palavras femininas que não aceitam
artigos.
Regra geral: haverá crase sempre que o termo Ex.: Iremos a Portugal.
antecedente exija a preposição a e o termo conse-
quente aceite o artigo a. Macete de crase em casos relacionados ao
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo) deslocamento/viagem:
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi- Se vou a; Volto da = Crase há!
ge preposição).
LÍNGUA PORTUGUESA

Se vou a; Volto de = Crase pra quê?


Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
palavra que não aceita artigo). Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
no uso da crase, mas existem especificidades que aju- � Antes de forma verbal infinitiva.
dam no momento de identificação, conforme são mos- Ex.: Os produtos começaram a chegar.
tradas a seguir.
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
com franqueza, parecem dar a entender que o
Casos Convencionados
fazem por exceção de regra.” (MM)
z Locuções adverbiais formadas por palavras � Antes de expressão de tratamento.
femininas. Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. Excelência. 25
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
a regência do verbo exigir preposição instrumento)
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes. Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja.
instrumento)
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
o pacote.
Quando usar ou não a crase em sentenças com
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio.
nomes de lugares
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha.
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
moro em Copacabana, passo por Copacabana)
contrato.
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação � Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
suspeita de fraude. Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
Eles estavam conservando a certa altura. passo pela Bahia)
Faremos a obra a qualquer custo.
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade. Macetes
� Antes de demonstrativos.
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa por ao, da, na pela, para a, sob a, sobre a, contra
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de a, com a, à moda de, durante a;
personalidades históricas. z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin. Quando o da ocorre paralelo ao a, há crase;
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela. ser substituído por “às duas”, há crase. Quando o
O pacote foi entregue a ti ontem. “a uma” equivaler a “a duas”, não ocorre crase;
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a ) z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e
lado: àquilo quando tais pronomes puderem ser substi-
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal tuídos por a este, a esta e a isto;
de justiça.
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância nomes de cidades quando esses termos estiverem
sem determinante: acompanhados de determinantes.
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
Astronauta volta a Terra em dois meses. Ex.: Estou à distância de 200 metros do pico da
Os pesquisadores chegaram a terra depois da montanha.
expedição marinha.
Vocês o observaram a distância. A compreensão da crase vai muito além da estética
gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
Crase Facultativa dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Nestes casos, podemos escrever as palavras das pois “a mão” é o objeto direto e, portanto, não exi-
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
detalhadamente, observe as seguintes dicas: como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
advérbio de instrumento da ação de pintar.
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
se tem proximidade.
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
� Antes de pronomes possessivos no singular. MORFOLOGIA: CLASSES
Ex.: Iremos a/à sua residência. GRAMATICAIS E PROCESSOS DE
� Após preposição até, com ideia de limite. FLEXÃO DAS PALAVRAS
Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até INTRODUÇÃO
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
afeto.” (CBr. 1, 67) A palavra morfologia refere-se ao estudo das for-
mas; por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam-
Casos Especiais bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos
e suas funções.
Por fim, vejamos a seguir alguns casos que fogem Analogamente, para compreender bem as funções
à regra. de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão,
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes precisamos conhecer como essa forma se classifica e
forem femininos, normalmente a crase não será utili- como se organiza.
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para Por isso, em língua portuguesa, estudamos as
evitar ambiguidades. formas das palavras na morfologia, que organiza
26 Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto) as classes das palavras em dez categorias. A seguir,
estudaremos detalhadamente cada uma delas e tam- Um: numeral ou artigo?
bém veremos um “bônus” para seus estudos: as pala-
vras denotativas, atualmente, muito cobradas por A forma um pode assumir na língua a função de
bancas exigentes. artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
podemos reconhecer cada função? É preciso observar
ARTIGOS o contexto em uso. Observe:

Os artigos devem concordar em gênero e número z Durante a votação, houve um deputado que se
com os substantivos. São, por isso, considerados deter- posicionou contra o projeto.
minantes dos substantivos. z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
cionou contra o projeto.
Essa classe está dividida em artigos definidos e
artigos indefinidos. Os definidos funcionam como
Na primeira frase, podemos substituir o termo um
determinantes objetivos, individualizando a palavra,
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
já os indefinidos funcionam como determinantes o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
imprecisos. der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
O artigo definido — o — e o artigo indefinido — contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
um —variam em gênero e número, tornando-se “os, por exemplo.
a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os Já na segunda oração, a alteração do gênero não
indefinidos. Assim, temos: implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
z Artigos definidos: o, os; a, as; deputado, marcando a quantidade.
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o
Os artigos podem ser combinados às preposições. que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
São as chamadas contrações. Algumas contrações Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a
comuns na língua são: seguir:

z em + a = na; z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante


destacar que sua forma é masculina. Logo, a con-
z a + o = ao;
cordância com palavras femininas é inaceitável
z a + a = à;
pela gramática.
z de + a = da.
Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
Dica Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
Toda palavra determinada por um artigo torna-se
z A forma 14 por extenso apresenta duas formas
um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.
aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.
NUMERAIS SUBSTANTIVOS

São palavras que se relacionam diretamente ao Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi- característica básica dessa classe é admitir um deter-
ção. Os numerais podem ser: minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-
xionam-se em gênero, número e grau.
z Cardinais: Indicam quantidade em si. Ex.: Dois
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os Tipos de Substantivos
meninos eram bons em português;
z Ordinais: Indicam a ordem de sucessão de uma A classificação dos substantivos admite nove tipos
série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che- diferentes. São eles:
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
z Multiplicativos: Indicam o número de vezes pelo z Simples: Formados a partir de um único radical.
qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.: Ex.: vento, escola;
Ele ganha o triplo no novo emprego; z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
z Fracionários: Indicam frações, divisões ou dimi- ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
LÍNGUA PORTUGUESA

um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele substantivo. Ex.: pedra, dente;
recebeu metade do pagamento. z Derivado: Formados a partir dos derivados. Ex.:
pedreiro, dentista;
z Concreto: Designam seres com independência
Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
isto é, designam um conjunto, porém expressam uma pendentemente de sua conotação espiritual ou
quantidade exata de seres/conceitos. Veja: real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro;
z Abstrato: Indicam estado, sentimento, ação, qua-
Dúzia: conjunto de doze unidades; lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
Novena: período de nove dias; em função de outros seres. A feiura, por exemplo,
Década: período de dez anos; depende de uma pessoa, um substantivo concreto
Século: período de cem anos; a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora-
Bimestre: período de dois meses. gem, liberalismo, feiura; 27
z Comum: Designam todos os seres de uma espécie. Além disso, algumas palavras na língua causam
Ex.: homem, cidade; dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.: das em contextos informais com gêneros diferentes.
Pedro, Fortaleza; Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido;
z Coletivo: Usados no singular, designam um conjun- a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-
to de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, manada. fonema; o trema.
Algumas formas que não apresentam, necessaria-
É importante destacar que a classificação de um mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
substantivo depende do contexto em que ele está inse- masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
rido. Vejamos: sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox.
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma
pessoa = Próprio); Flexão de Número
O amigo mostrou-se um judas (judas significando
traidor = comum). Os substantivos flexionam-se em número, de
maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.:
Flexão de Gênero Casa / casas.
Porém, podem apresentar outras terminações:
Os gêneros do substantivo são masculino e males, reais, animais, projéteis etc.
feminino. Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
Porém, alguns deles admitem apenas uma forma das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni- paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
formes. Os substantivos uniformes podem ser: terminada em L e que tem como plural “males”.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
z Comuns-de-dois-gêneros: Designam seres huma- fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral /
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: O corais; papel / papéis; anzol / anzóis.
pianista / a pianista; O gerente / a gerente; O clien- Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma
te / a cliente; O líder / a líder; mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles
z Epicenos: Designam geralmente animais que e méis.
apresentam distinção entre masculino e feminino, Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
macho ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; Ex.: capelães, capitães, escrivães.
onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá Contudo, há substantivos que admitem até três
fêmea; girafa macho / girafa fêmea; formas de plural, como os seguintes:
z Sobrecomuns: Designam seres de forma geral e
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne- z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo. z Vilão: vilãos, vilões, vilães.

Já os substantivos biformes designam os substan- Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas


tivos que apresentam duas formas para os gêneros que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
masculino ou feminino. Ex.: professor/professora. órgãos; órfão / órfãos.
Destacamos que alguns substantivos apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for- Plural dos Substantivos Compostos
mas diferentes no masculino e no feminino:
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré. Os substantivos compostos são aqueles formados
Outros substantivos modificam o radical para por justaposição. O plural dessas formas obedece às
seguintes regras:
designar formas diferentes no masculino e no femini-
no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
z Variam os dois elementos:
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes-
Gênero e Significação
tres -salas;
Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-
Alguns substantivos uniformes podem aparecer das -noturnos;
com marcação de gênero diferente, ocasionando uma Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;
modificação no sentido. Veja, por exemplo: Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças
-feiras.
z A testemunha: Pessoa que presenciou um crime;
z O testemunho: Relato de experiência, associado a z Varia apenas um elemento:
religiões.
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.:
Algumas formas substantivas mantêm o radical e canas-de-açúcar;
a pequena alteração no gênero do artigo interfere no Substantivo + substantivo com função adjetiva.
significado: Ex.: navios-escola.
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.:
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; abaixo-assinados.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas.
28 z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos Atente-se ao seguinte: Em palavras com hífen,
formados por pode-se optar pelo uso de maiúsculas ou minúsculas.
verbo + advérbio Portanto, são aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-
verbo + substantivo plural -presidente e vice-presidente; porém, é preciso man-
ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha. ter a mesma forma em todo o texto. Já nomes próprios
compostos por hífen devem ser escritos com as iniciais
Variação de Grau maiúsculas, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.
A flexão de grau dos substantivos exprime a varia- ADJETIVOS
ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou
uma diminuição. Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
z Grau aumentativo: Quando o acréscimo de sufi- podem indicar:
xos aos substantivos indicar um aumento de
tamanho. z Qualidade: professor chato;
z Estado: aluno triste;
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra, z Aspecto, aparência: estrada esburacada.
fogaréu, boqueirão, poetastro;
Locuções Adjetivas
z Grau diminutivo: Exprime, ao contrário do
aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos
do ser. adjetivos, indicando as mesmas características deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo,
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta, referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
pequenina, papelucho. tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
A seguir, colocamos diferentes locuções adjetivas ao
Dica lado da forma adjetiva, importantes para seu estudo:
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
z Voo de águia / aquilino;
dos substantivos pode alterar o sentido das pala- z Poder de aluno / discente;
vras, podendo assumir um valor: z Conselho de professores / docente;
Afetivo: filhinha / mãezona; z Cor de chumbo / plúmbea;
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. z Luz da lua / lunar;
z Sangue de baço / esplênico;
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas z Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da É importante destacar que, mais do que “decorar”
inicial maiúscula. formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as damental reconhecer as principais características de
inicias das palavras que designam: uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
apresentar valor de posse.
z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas
reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa,
Cinderela; Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;
z Nomes de cidades, países, estados, continentes A abertura de conta pode ser realizada on-line.
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte,
Ceará, Nárnia, Londres; Quando a locução adjetiva é composta pela prepo-
z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia sição “de”, pode ser confundida com a locução adver-
das Crianças; bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai- perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores, posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
Gabinete da Vice-presidência, Organização das ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
Nações Unidas; porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás zando o substantivo “abertura”.
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
nome próprio, como no exemplo dado, este tam- bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
bém deverá ser escrito com inicial maiúscula; ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei demonstrando seu caráter adverbial.
LÍNGUA PORTUGUESA

de Diretrizes e Bases da Educação (LDB); As locuções adjetivas também desempenham fun-


z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial; numerais e orações substantivas.
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.:
Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente, Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra- Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
fados com maiúsculas apenas quando utilizados
indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer Já as locuções adverbiais desempenham função de
o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican- advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e
do uma direção, devem ser escritos com minúscu- orações adjetivas com esses valores.
las. Ex.: Correu a América de norte a sul;
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio). Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv. 29
Adjetivo de Relação Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorren-
tes? (Superlativo relativo de superioridade).
No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer O candidato é o menos preparado entre os con-
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
relação”, muito cobrado por bancas de concursos. inferioridade).
Para identificar um adjetivo de relação, observe as Importante! Ao compararmos duas qualidades de
seguintes características: um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica
(mais alta, mais magra, mais bonito etc.).
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- Ex.: A modelo é mais alta que magra.
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino Porém, se uma mesma característica referir-se
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub- a seres diferentes, empregamos a forma sintética
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos (melhor, pior, menor etc.).
de quem o descreve; Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
z Posição posterior ao substantivo: Os adjetivos de
relação sempre são posicionados após o substanti- Formação dos Adjetivos
vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial.
Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
z Derivado do substantivo: Derivam-se do substan-
simples ou compostos.
tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal
— pai; mundial — mundo; z Primitivos: Adjetivos que não derivam de outras
z Não admitem variação de grau: os graus compara- palavras. A partir deles, é possível formar novos
tivo e superlativo não são admitidos. Ex.: Não pode termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco mundial”. z Derivados: São palavras que derivam de verbos
ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulhe-
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden- rengo etc.;
te americano (não é subjetivo; posicionado após o z Simples: Apresentam um único radical. Ex.: por-
substantivo; derivado de substantivo; não existe a tuguês, escuro, honesto etc.;
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor- z Compostos: Formados a partir da união de dois ou
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro,
roteiro carnavalesco. amarelo-ouro etc.

Variação de Grau Dica


O adjetivo pode variar em dois graus: compara- O plural dos adjetivos simples é realizado da
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas mesma forma que o plural dos substantivos.
respectivas categorias.
Plural dos Adjetivos Compostos
z Grau comparativo: Exprime a característica de
um ser, comparando-o com outro da mesma classe O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-
nos seguintes sentidos: tes regras:

„ Igualdade: Compara elementos colocando-os z Invariável:


em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto
quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos „ Adjetivos compostos por azul-marinho, azul-ce-
quanto simplórios; leste, azul-ferrete;
„ Superioridade: Compara, evidenciando um „ Locuções formadas de cor + de + substantivo,
elemento como superior ao outro. Mais do que, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente „ Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-tur-
do que o dinheiro; quesa, camisas amarelo-ouro.
„ Inferioridade: Compara, evidenciando um ele-
mento como inferior ao outro. Menos do que, z Varia o último elemento:
pior do que. Ex.: Homens são menos engajados
„ Primeiro elemento é palavra invariável, como
do que mulheres.
em mal-educados, recém-formados;
z Grau superlativo: Em relação ao grau superlati- „ Adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-cla-
vo, é importante considerar que o valor semântico ros, cabelos castanho-escuros.
desse grau apresenta variações, podendo indicar:
Adjetivos Pátrios
„ Característica de um ser elevada ao último
Os adjetivos pátrios, também conhecidos como
grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí-
gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade
tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
de seres e objetos.
ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: ama-
absoluto analítico). zonense, fluminense, cearense.
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é for-
sintético); mado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usa-
do para designar profissões. O gentílico que designa
„ Característica de um ser relacionada com nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que
outros indivíduos da mesma classe: Superla- comercializavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a
tivo relativo, que pode ser de superioridade (o alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar
30 mais) ou de inferioridade (o menos). os nascidos em nosso país.
Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:

ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios; porém, decorar
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.;


z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.;


z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.;
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo). 31
Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso. Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passi-
vidade, ou seja, se invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Colapso foi ameaçado. Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem

GRAU COMPARATIVO Mal Pior (mais mal*) - Tão mal


Muito Mais - -
Pouco Menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
GRAU -
SUPERLATIVO Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
32
Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.

Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.


Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:

Ex.: A cerveja que desce redondo.


As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: Sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: Sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: Sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: Sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: Sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.

Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.


Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.

PRONOMES

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles:
LÍNGUA PORTUGUESA

PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO


1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes 33
Os pronomes pessoais do caso reto costumam Os pronomes de tratamento estabelecem uma hie-
substituir o sujeito. rarquia social na linguagem, ou seja, a partir das for-
mas usadas, podemos reconhecer o nível de discurso
Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam fun-
ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
cionar como complemento verbal ou adjunto. reconhecidos socialmente por suas funções, como juí-
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo. zes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de
z Os pronomes que estarão relacionados ao obje- tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções
to direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: sociais que designam:
Informei-o sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados ques e seus respectivos femininos;
por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
a ele). z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do gover-
no e das Forças Armadas membros do alto escalão;
Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
pronomes substantivos. respectivos femininos;
Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
podem ser regidos por preposição e que os pronomes z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra-
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblí- duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento
quos, dependendo da função que exercem. cerimonioso a comerciantes importantes;
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
preposição e costumam ter função de complemento: z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev-
ma.): Bispos.
z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco
(plural); Os exemplos apresentados fazem referência a pro-
z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco nomes de tratamento e suas respectivas designações
(plural); sociais conforme indica o Manual de Redação oficial
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele(s), da Presidência da República. Portanto, essas designa-
ela(s). ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne-
ro textual abordado for um gênero oficial.
Não devemos usar pronomes do caso reto como Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:
objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”.
Contudo, o gramático Celso Cunha destaca que é pos- z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra-
sível usar os pronomes do caso reto como comple- tamento é importante destacar que o plural de
mento verbal, desde que antecedidos pelos vocábulos algumas abreviaturas é feito com letras dobradas,
“todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”. como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na
maioria das abreviaturas terminadas com a letra
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei ape-
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V.
nas ela na festa.
Exas.; V. Ema. / V.Emas.;
Após a preposição “entre”, em estrutura de recipro- z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
cidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos. tíssimo Juiz;
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú-
Ex.: Entre mim e ele não há segredos. blica nunca deve ser abreviado.

Pronomes de Tratamento Pronomes Indefinidos

Os pronomes de tratamento são formas que expres- Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
sam uma hierarquia social institucionalizada linguis- maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pes-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento soa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar
apresentam algumas peculiaridades importantes: e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela:
z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo a
2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a PRONOMES INDEFINIDOS2
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa Variáveis Invariáveis
do singular. Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição; Nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas Ninguém
Todo, toda, todos, todas Quem
z Sua: Designa a pessoa de quem se fala (relativo a
3ª pessoa). Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tri-
bunal, fará um pronunciamento hoje à noite. Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo

2 Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-


34 quanto-qual.htm>. Acesso em: 14 jul. de 2020.
Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-
PRONOMES INDEFINIDOS2
curava um presente para o marido (o pronome refere-
Variáveis Invariáveis -se ao último termo mencionado).
Certo, certa, certos, certas Nada Este artigo científico pretende analisar... (o prono-
me “este” refere-se ao próprio texto).
Vários, várias Cada
Usamos esse, essa, isso para indicar:
Quanto, quanta, quantos, quantas Que
Tanto, tanta, tantos, tantas z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
mento de algo de quem fala.
Qualquer, quaisquer
Qual, quais Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.
Um, uma, uns, umas
z Indicar distância que se deseja manter.
As palavras certo e bastante serão pronomes
Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
fia nesses políticos.
serão adjetivos quando vierem depois.
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome
z Referência ao tempo passado.
indefinido).
Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
A palavra bastante frequentemente gera dúvida Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini- estive em São Paulo.
do. Por isso, atente-se ao seguinte:
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
z Bastante (advérbio): Será invariável e equivalen-
te ao termo “muito”. Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nessa
Ex.: Elas são bastante famosas. expressão utilizada.
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:
z Bastante (adjetivo): Será variável e equivalente
ao termo “suficiente”. z Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
to de quem fala e de quem ouve.
Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
a festa. Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?

z Bastante (pronome indefinido): Concorda com z Referência a um tempo muito remoto, um passa-
o substantivo, indicando grande, porém incerta, do muito distante.
quantidade de algo.
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por-
Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros. tas abertas. Bons tempos aqueles!

Pronomes Demonstrativos z Referência a um afastamento afetivo.

Os pronomes demonstrativos indicam a posição e Ex.: Não conheço mais aquela mulher.
apontam elementos a que se referem as pessoas do
discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa- z Referência ao espaço textual, indicando o pri-
da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço meiro termo de uma relação expositiva.
textual.
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe-
z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas; riu beber chá; aquela, refrigerante.
z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas; Dica
z Invariáveis: Isto, isso, aquilo.
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun-
Usamos este, esta, isto para indicar: ção demonstrativa referencial. Veja:
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo
LÍNGUA PORTUGUESA

z Referência ao espaço físico, indicando a proximi- esqueceu de preencher o gabarito.


dade de algo ao falante. Correto: O candidato fez a prova, porém esque-
ceu de preencher o gabarito.
Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
como prova. Pronomes Relativos

z Referência ao tempo presente. Uma das classes de pronomes mais complexas, os


pronomes relativos têm função muito importante na
Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês, língua, refletida em assuntos de grande relevância
pagarei a última prestação da casa. em concursos, como a análise sintática. Dessa forma,
é essencial conhecer adequadamente a função desses
z Referência ao espaço textual. elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente. 35
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo O relativo “onde” pode ser empregado sem
ou a um pronome substantivo mencionado anterior- antecedente.
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
São pronomes relativos: z Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, do em substituição a outros pronomes relativos,
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
quantas; guísticos, como o “queísmo”.
z Invariáveis: Que, quem, onde, como.
z Emprego do pronome relativo que: Pode ser asso- Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
ciado a pessoas, coisas ou objetos. guém se lembra.
O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O textual, desfazendo estruturas ambíguas.
cachorro que estava doente morreu. A caneta que
emprestei nunca recebi de volta. Pronomes Interrogativos
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
relativo “que”. São utilizados para introduzir uma pergunta ao
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer). texto.
Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?
z Emprego do relativo quem: Seu antecedente deve Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?).
ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
Quantos anos tem seu pai?
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo. O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
O pronome relativo quem pode fazer referência a tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
algo subentendido: Quem cala consente (aquele que interrogativa, indicada por verbos como perguntar,
cala). indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
Atenção: Os pronomes interrogativos que e quem
z Emprego do relativo quanto: Seu antecedente são pronomes substantivos, pois substituem os subs-
deve ser um pronome indefinido ou demonstrati- tantivos, dando fluidez à leitura.
vo; pode sofrer flexões. Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a
realização da atividade (O tempo não permitiu a reali-
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado. zação da atividade. O tempo estava instável).3
Perdi tudo quanto poupei a vida inteira.
Pronomes Possessivos
z Emprego do relativo cujo: Deve ser empregado
para indicar posse e aparecer relacionando dois Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
termos que devem ser um possuidor e uma coisa discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
possuída.
1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
matéria (coisa possuída). 1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme- PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
ro com a coisa possuída. 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
cujo: Cujo o, cuja a Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
Não podemos substituir cujo por outro pronome a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
relativo. a uma coisa.
O pronome relativo cujo pode ser preposicionado. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o
Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri. pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação
Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per- do pronome é com o objeto da posse.
gunta: “de quem/do que?” Outras funções dos pronomes possessivos:
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
do que? Do filme). z Delimitam o substantivo a que se referem;
Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
quem? Do rapaz). z Não concordam com o referente;
z O pronome possessivo que acompanha o substan-
z Emprego do pronome relativo onde: Empregado tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
para indicar locais físicos.
Colocação Pronominal
Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu. Estudo da posição dos pronomes na oração.
Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
mindo as formas aonde e donde. z Próclise: Pronome posicionado antes do verbo.
Ex.: Irei aonde você for. Casos que atraem o pronome para próclise:
36 3 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30. jul. 2021.
„ Palavras negativas: Nunca, jamais, não. Ex.: Modos
Não me submeto a essas condições.
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. relação enunciada pelo verbo.
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
apresente como um rico investidor, ele nada tem. z Indicativo: O modo indicativo exprime atitude de
„ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex: Em certeza.
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo.
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
esperança de sermos ouvidos, muito lhe
agradecemos. z Subjuntivo: O modo subjuntivo exprime atitude
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta- de dúvida, desejo ou possibilidade.
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
z Mesóclise: Pronome posicionado no meio do ver-
bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise:
z Imperativo: O modo imperativo designa ordem,
„ Os pronomes devem ficar no meio dos verbos convite, conselho, súplica ou pedido.
que estejam conjugados no futuro, caso não
haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.: Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.
Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei
dos nossos estudantes. Tempos

z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos O tempo designa o recorte temporal em que a ação
que atraem o pronome para ênclise: verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro.
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui- Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe
to honrada com esse título. a seguir:
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por
favor. z Presente:
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
quanto sou importante. Pode expressar não apenas um fato atual, como
também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias
Casos proibidos: no mesmo horário.
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e
„ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / instala uma ditadura.
Dá-me esse caderno! (certo). Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais!
„ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem- (equivalente a estudarei).
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-
-se de nada (correto). z Passado:
„ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). „ Pretérito perfeito: Ação realizada plenamente
no passado.
VERBOS
Ex.: Estudei até ser aprovado;
Certamente, a classe de palavras mais complexa e
importante dentre as palavras da língua portuguesa é „ Pretérito imperfeito: Ação inacabada, que
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou
e os agentes desses atos, além de ser uma importante durativa.
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
isso, atente-se às nossas dicas. Ex.: Estudava todos os dias;
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
em número, pessoa, modo e tempo, além da designa- „ Pretérito mais-que-perfeito: Ação anterior à
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um outra mais antiga.
fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências, Ex.: Quando notei (passado), a água já transborda-
LÍNGUA PORTUGUESA

que podem ser: ra (ação anterior) da banheira.

z Número-pessoal: Indicando se o verbo está no z Futuro:


singular ou plural, bem como em qual pessoa ver-
bal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); „ Futuro do presente: indica um fato que deve
z Modo-temporal: Indica em qual modo e tempo ser realizado em um momento vindouro.
verbais a ação foi realizada.
Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
Iremos apresentar essas desinências a seguir. „ Futuro do pretérito: Expressa um fato poste-
Antes, porém, de abordarmos as desinências modo- rior em relação a outro fato já passado.
-temporais, precisamos explicar o que são modo e
tempo verbais. Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado. 37
A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o verbo auxiliar
é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos, respectivamente:

Flexões Modo-temporais — Tempos Simples

TEMPO MODO INDICATIVO MODO SUBJUNTIVO


Presente * -e (1ª conjugação) e -a (2ª e 3ª conjugações)
Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) *
Pretérito imperfeito -va (1ª conjugação) -ia (2ª e 3ª conjugações) -sse
Pretérito mais-que-perfeito -ra *
Futuro -rá e -re -r
Futuro do pretérito -ria *

*Nem todas as formas verbais apresentam desinências modo-temporais.

Flexões Modo-temporais — Tempos Compostos (Indicativo)

z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.

Ex.: Tenho estudado.

z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo prin-
cipal no particípio.

Ex.: Tinha passado.

z Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.

Ex.: Terei saído.

z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no particípio.

Ex.: Teria estudado.

Flexões Modo-temporais — Tempos Compostos (Subjuntivo)

z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do subjuntivo) + Verbo principal particípio.

Ex.: (que eu) Tenha estudado.

z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo prin-
cipal no particípio.

Ex.: (se eu) Tivesse estudado

z Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.

Ex.: (quando eu) Tiver estudado.

Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais

As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em determi-
nados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.

z Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar
como um advérbio ou um adjetivo.

Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.

z Particípio: Marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar também em -do, -to, -go,
38 -so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
Quando cheguei, ela já tinha partido.
Ele tinha aberto a janela.
Ela tinha pago a conta.

z Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal:

„ Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina.
„ Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.

O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas.


Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo.
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.

Dica
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz
ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.

Classificação dos Verbos

Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregula-
res, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das formas nomi-
nais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:

z Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma
morfológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram

z Irregulares: Os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências verbais. Por isso, rece-
bem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada grupo
verbal.

Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
plo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


LÍNGUA PORTUGUESA

Eu estou Estive
Tu estás Estiveste
Ele/ você está Esteve
Nós estamos Estivemos
Vós estais Estivestes
Eles/ vocês estão Estiveram

z Anômalos: Esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria
é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir. 39
Vejamos a conjugação o verbo “ser”:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.

z Abundantes: São formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Absolver Absolvido Absolto
Abstrair Abstraído Abstrato
Aceitar Aceitado Aceito
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto
Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
Despertar Despertado Desperto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Isentar Isentado Isento
Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Omitir Omitido Omisso
Pagar Pagado Pago
Prender Prendido Preso
Romper Rompido Roto
Salvar Salvado Salvo
Secar Secado Seco
Submergir Submergido Submerso
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto

40 Torcer Torcido Torto


INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Aceitar Eu já tinha aceitado o convite. O convite foi aceito.
Entregar Aviso quando tiver entregado a encomenda. Está entregue!
Morrer Havia morrido há dias. Quando chegou, encontrou o animal morto.
Expelir A bala foi expelida por aquela arma. Esta é a bala expulsa.
Enxugar Tinha enxugado a louça quando o programa começou. A roupa está enxuta.
Findar Depois de ter findado o trabalho, descansou. Trabalho findo!
Imprimir Se tivesse imprimido tínhamos como provar. Onde está o documento impresso?
Limpar Eu tinha limpado a casa. Que casa tão limpa!
Omitir Dados importantes tinham sido omitidos por ela. Informações estavam omissas.
Submergir Após ter submergido os legumes, reparou no amigo. Deixe os legumes submersos por alguns minutos.
Suspender Nunca tinha suspendido ninguém. Você está suspenso!

z Defectivos: São verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.

Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.

z Pronominais: Esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu me sento Sentei-me
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos
Vós vos sentais Sentastes-vos
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se

z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste
mal. Nós nos cumprimentamos friamente.
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.

O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia mui-
tos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público.
Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno climático ou tempo. Ex.:
Está muito quente! / Era tarde quando chegamos.
O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.: Faz
anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é
LÍNGUA PORTUGUESA

natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns bons anos
que não vejo Mariana”.

z Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e também nas locuções
verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.

Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo principal determina a
regência estabelecida na oração.
Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes na formação da voz
passiva analítica.

z Formas Nominais: Na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos: 41
„ Gerúndio: Terminação -ndo. Apresenta valor Importante! Não confunda os verbos pronomi-
durativo da ação e equivale a um advérbio ou nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando. que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei-
„ Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um
-so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classi- pronome que faz parte integrante do seu significado,
ficado em particípio regular e irregular, sendo diferentemente das vozes verbais, que acompanham
as formas regulares finalizadas em -ado e -ido. o pronome “se” com função sintática própria.

A norma culta gramatical recomenda o uso do par- Outras Funções do “se”


ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com
os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par- Como vimos, o “se” pode funcionar como item
ticípio irregular. essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele-
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / mento também acumula outras atribuições:
Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
z Partícula apassivadora: A voz passiva sintética
„ Infinitivo: Marca as conjugações verbais. é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran-
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos
AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar, o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é
passear); designado partícula apassivadora, nesse contexto.
ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer,
pôr); Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) —
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, “Se” (partícula apassivadora).
sair). O “se” exercerá essa função apenas:

Dica „ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;


„ Com verbos que concordam com o sujeito;
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga- „ Com a voz passiva sintética.
ção, pois origina-se do verbo “poer”.
O mesmo acontece com verbos que que deste Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire-
derivam. to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.

Vozes Verbais z Índice de indeterminação do sujeito: O “se” fun-


cionará nessa condição quando não for possível
As vozes verbais definem o papel do sujeito na identificar o sujeito explícito ou subentendido.
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação Além disso, não podemos confundir essa função
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em: do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi-
ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação estar na voz ativa.
verbal.
Outra importante característica do “se” como índi-
Ex.: O policial deteve os bandidos. ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
z Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá
verbal. estar na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Acredita-se em Deus.
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
passiva analítica; z Pronome reflexivo: Na função de pronome refle-
Detiveram-se os criminosos — passiva sintética. xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-
procidade, auxiliando a construção dessas vozes
z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mes- verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
mo tempo, pois pratica e recebe a ação verbal. cipais características são:
Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O
„ Sujeito recebe e pratica a ação;
menino se agrediu. „ Funcionará, sintaticamente, como objeto direto
ou indireto;
z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mes-
„ O sujeito da frase poderá estar explícito ou
mo tempo, porém há uma ação compartilhada
implícito.
entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-
lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
e sofrem a ação. presente de aniversário (implícito).

Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga- z Parte integrante do verbo: Nesses casos, o “se”
mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se será parte integrante dos verbos pronominais,
cumprimentaram. acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
A voz passiva é realizada a partir da troca de fun- do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun-
ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá
transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva estar explícito ou implícito.
se o verbo for transitivo direto ou transitivo direto e
indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a
42 objeto direto. filha.
z Partícula de realce: Será partícula de realce o Conjugação de Alguns Verbos
“se” que puder ser retirado do contexto sem pre-
juízo no sentido e na compreensão global do texto. Vamos agora conhecer algumas conjugações de
A partícula de realce não exerce função sintática, verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
pois é desnecessária. to de questões em concursos.
Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo:
Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
PRESENTE — INDICATIVO
z Conjunção: O “se” será conjunção condicional
Eu Adiro
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
“se” exerce função de conjunção integrante, ape- Tu Aderes
nas ligando as orações, e poderá ser substituído Ele/Você Adere
pela conjunção “caso”.
Nós Aderimos
Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu- Vós Aderis
dar, será aprovado).
Eles/Vocês Aderem
Conjugação de Verbos Derivados
A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”.
Verbo derivado é aquele que deriva de um ver- São conjugados da mesma forma os verbos dispor,
bo primitivo; para trabalhar a conjugação desses interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
verbos, é importante ter clara a conjugação de seus entrepor, supor.
“originários”.
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu- PRESENTE — INDICATIVO
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
relevantes em provas diversas: Eu Ponho
Tu Pões
z Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor;
z Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se; Ele/Você Põe
z Ver: Antever, rever, prever; Nós Pomos
z Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
Vós Pondes
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga- Eles/Vocês Põem
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
preensão dessas conjugações verbais. PREPOSIÇÕES
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais Conceito
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
ção são, predominantemente, regulares.
São palavras invariáveis que ligam orações ou
outras palavras. As preposições apresentam funções
PRESENTE — INDICATIVO importantes tanto no aspecto semântico quanto no
Eu Crio aspecto sintático, pois complementam o sentido de
Tu Crias verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
sem a presença da preposição, modificando a transiti-
Ele/Você Cria vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
Nós Criamos sentido de palavras deverbais4.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
Vós Criais
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
Eles/Vocês Criam te, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- chamadas pois pertencem a outras classes grama-
mente são irregulares e apresentam alguma modifi- ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-
cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
conjugação do verbo “passear”: equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
(quando equivaler a “por causa de”).
LÍNGUA PORTUGUESA

PRESENTE — INDICATIVO
Acompanhe a seguir algumas preposições e exem-
Eu Passeio plos de uso em diferentes situações:
Tu Passeias
“A”
Ele/Você Passeia
Nós Passeamos z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças;
Vós Passeais z Conformidade: Escrever ao modo clássico;
z Destino (em correlação com a preposição de): De
Eles/Vocês Passeiam Santos à Bahia;
4 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 43
z Meio: Voltarei a andar a cavalo; z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi bom;
z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00; z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as
z Direção: Levantar as mãos aos céus; mãos em concha;
z Distância: Cair a poucos metros da namorada; z Transformação ou alteração: Transformou dóla-
z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo; res em reais;
z Lugar: Ir a Santa Catarina; z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco;
z Modo: Falar aos gritos; z Fim: Pedir em casamento;
z Sucessão: Dia a dia; z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba;
z Tempo: Nasci a três de maio; z Modo: Escrever em francês;
z Proximidade: Estar à janela. z Sucessão: De grão em grão;
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos;
“Após” z Especialidade: João formou-se em Engenharia.

z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar; “Entre”


z Tempo: Logo após o almoço descansamos.
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;
“Com” z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento;
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve
z Causa: Ficar pobre com a inflação; discórdia.
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla- “Para”
nos para o futuro;
z Instrumento: Abrir a porta com a chave; z Consequência: Você deve ser muito esperto para
z Matéria: Vinho se faz com uva; não cair em armadilhas;
z Modo: Andar com elegância; z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
comigo sempre é assim. z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
como nós estamos para as galinhas;
“Contra” z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira; z Destino ou direção: Olhe para frente!
z Direção: Olhar contra o sol;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho “Perante”
contra o peito.
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.
“De”
“Por”
z Causa: Chorar de saudade;
z Assunto: Falar de religião; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
z Matéria: Material feito de plástico; sorteio;
z Conteúdo: Maço de cigarro; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Origem: Você descende de família humilde;
z Conformidade: Copiar por original;
z Posse: Este é o carro de João;
z Favor: Lutar por seus ideais;
z Autoria: Esta música é de Chopin;
z Medida: Vendia banana por quilo;
z Tempo: Ela dorme de dia;
z Meio: Ir por terra;
z Lugar: Veio de São Paulo;
z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Definição: Pessoa de coragem;
z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados;
z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio;
z Substituição: Comprar gato por lebre;
z Instrumento: Comer de garfo e faca;
z Tempo: Viver por muitos anos.
z Meio: Viver de ilusões;
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm;
“Sem”
z Modo: Olhar alguém de frente;
z Preço: Caderno de 10 reais; z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
z Qualidade: Vender artigo de primeira; dinheiro.
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa
corajosa. “Sob”

“Desde” z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.


Pedro II;
z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui; z Lugar: Ficar sob o viaduto;
z Tempo: Desde ontem ele não aparece. z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não
convincente.
“Em” “Sobre”

z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
dólares; z Direção: Ir sobre o adversário;
44 z Meio: Pagou a dívida em cheque; z Lugar: Cair sobre o inimigo.
Locuções Prepositivas Veja a lista a seguir6, que apresenta as preposições
que se contraem e suas devidas formas:
São grupos de palavras que equivalem a uma
preposição. z Preposição “a”:

„ Com o artigo definido ou pronome demonstra-


Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /
tivo feminino:
Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)
a + a= à
A locução prepositiva na segunda frase substitui a + as= às
perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre-
positivas sempre terminam em uma preposição (há „ Com o pronome demonstrativo:
apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti-
do concessivo “não obstante”). a + aquele = àquele
Veja alguns exemplos: a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela
z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta- a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquilo
ram logo.
z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
de finanças. z Preposição “de”:
z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu
nada grave. „ Com artigo definido masculino e feminino:
z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt,
a língua é indispensável para que possamos pen- de + o/os = do/dos
sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos. de + a/as = da/das
z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos,
não passei no exame. „ Com artigo indefinido:
z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito
para com os mais velhos. de + um= dum
z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa de + uns = duns
um short. de + uma = duma
de + umas = dumas
Outros exemplos de locuções prepositivas:
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito „ Com pronome demonstrativo:
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a de + este(s)= deste, destes
fim de; por meio de; em virtude de. de + esta(s)= desta, destas
de + isto= disto
de + esse(s) = desse, desses
Importante! de + essa(s)= dessa, dessas
de + isso = disso
Algumas locuções prepositivas apresentam de + aquele(s) = daquele, daqueles
semelhanças morfológicas, mas significa- de + aquela(s) = daquela, daquelas
dos completamente diferentes. Observe estes de + aquilo= daquilo
exemplos5:
A opinião dos diretores vai ao encontro do plane- „ Com o pronome pessoal:
jamento inicial = Concordância.
As decisões do público foram de encontro à pro- de + ele(s) = dele, deles
de + ela(s) = dela, delas
posta do programa = Discordância.
Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru-
„ Com o pronome indefinido:
tas = Substituição.
Ao invés de chegar molhado, chegou cedo = de + outro(s)= doutro, doutros
Oposição. de + outra(s) = doutra, doutras

„ Com advérbio:
Combinações e Contrações
LÍNGUA PORTUGUESA

de + aqui= daqui
As preposições podem se ligar a outras palavras de de + aí= daí
outras classes gramaticais por meio de dois processos: de + ali= dali
combinação e contração.
Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu- z Preposição “em”:
ma redução.
a + o = ao „ Com artigo definido:
a + os = aos
Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem em + a(s)= na, nas
redução. em + o(s)= no, nos
5 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020.
6 Disponível em: <https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm>. Acesso em: 20 nov. 2020. 45
„ Com pronome demonstrativo: VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
PREPOSIÇÕES
em + esse(s)= nesse, nesses
Posse Carro de Marcelo
em + essa(s)= nessa, nessas
em + isso = nisso Lugar O cachorro está sob a mesa
em + este(s) = neste, nestes Votar em branco / Chegar aos
Modo
em + esta(s) = nesta, nestas gritos
em + isto = nisto Causa Preso por agressão
em + aquele(s) = naquele, naqueles
Assunto Falar sobre política
em + aquela(s) = naquelas
em + aquilo = naquilo Origem Descende de família simples
Olhe para frente! / Iremos a
Destino
„ Com pronome pessoal: Paris

em + ele(s) = nele, neles


CONJUNÇÕES
em + ela(s) = nela, nelas
Assim como as preposições, as conjunções também
z Preposição “per”:
são invariáveis e também auxiliam na organização
„ Com as formas antigas do artigo definido (lo, das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
la): ções. Por manterem relação direta com a organização
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
per + lo(s) = pelo, pelos coordenativas ou subordinativas.
per + la(s) = pela, pelas
Conjunções Coordenativas
z Preposição “para” (pra):
As conjunções coordenativas são aquelas que
„ Com artigo definido: ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda,
para (pra) + o(s) = pro, pros essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo
para (pra) + a(s)= pra, pras da oração. As conjunções coordenadas podem ser:

Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por z Aditivas: Somam informações. E, nem, bem como,
Preposições não só, mas também, não apenas, como ainda,
senão (após não só).
Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar
o que significa Semântica. Semântica é a área do Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei.
conhecimento que relaciona o significado da palavra
ao seu contexto.
O gato era o preferido, não só da filha, senão de
É importante ressaltar que as preposições podem
toda família.
apresentar valor relacional ou podem atribuir um
valor nocional.
As preposições que apresentam um valor rela- z Adversativa: Colocam informações em oposição,
cional cumprem uma relação sintática com verbos contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre-
ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados tanto, não obstante, senão (equivalente a mas).
deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma
relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér- Ex.: Não tenho um filho, mas dois.
bios, os quais também apresentarão função deverbal. A culpa não foi a população, senão dos vereadores
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida (equivale a “mas sim”).
pela regência do verbo concordar). Importante: A conjunção “e” pode apresentar
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo valor adversativo, principalmente quando é antecedi-
complemento nominal). da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho
Estou desconfiado do funcionário (preposição exi- não deixava.
gida pelo adjetivo).
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo z Alternativas: Ligam orações com ideias que não
advérbio). acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou,
Em todos esses casos, a preposição mantém uma
ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
relação sintática com a classe de palavras a qual se
liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na
Ex.: Estude ou vá para a festa.
sentença.
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio- Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la.
nal é preponderante apresentam uma modificação Importante: A palavra “senão” pode funcionar
no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha-
componentes obrigatórios na construção da senten- marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”).
ça, divergindo das preposições de valor relacional.
As preposições de valor nocional estabelecem uma z Explicativas: Ligam orações, de forma que em
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo uma delas explica-se o que a outra afirma. Que, por-
46 etc. Vejamos algumas na tabela a seguir: que, pois, (se vier no início da oração), porquanto.
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não tives-
enxada! se gostado.
Viva bem, pois isso é o mais importante. Trabalhava, por mais que a perna doesse.
Importante: “Pois” com sentido explicativo ini-
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto z Condicional: Iniciam uma oração com ideia de
saudades. hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado que, a menos que, somente se etc.
entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará,
pois, a subir. Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondido
sua mensagem.
z Conclusiva: Ligam duas ideias, de forma que a Posso lhe ajudar, caso necessite.
segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, z Proporcional: Ideia de proporcionalidade. À pro-
destarte, pois (deslocado na frase). porção que, à medida que, quanto mais...mais,
quanto menos...menos etc.
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado.
Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-se. Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
ser aprovado.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.
Dica
As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre- z Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para
gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que que, a fim de que etc.
ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
concomitante acarreta em redundância. Ex.: A professora dá exemplos para que você
aprenda!
Conjunções Subordinativas Comprou um computador a fim de que pudesse
trabalhar tranquilamente.
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias z Temporal: Iniciam a oração expressando ideia de
apresentadas em um texto. Porém, diferentemente tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal,
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações logo que, desde que etc.
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
para terem o sentido apreendido. Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia
do Futuro.
z Causal: Iniciam a oração dando ideia de causa. Mal cheguei à cidade, fui assaltado.
Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
uma vez que, como (equivale a porque) etc.
Importante!
Ex.: Como não choveu, a represa secou. Os valores semânticos das conjunções não se
prendem às formas morfológicas desses elemen-
z Consecutiva: Iniciam a oração expressando ideia tos. O valor das conjunções é construído contex-
de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de tualmente, por isso, é fundamental estar atento
modo que, de forma que, de sorte que etc. aos sentidos estabelecidos no texto.
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a
Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
procura? (Se = causal = já que)
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto
z Comparativa: Iniciam orações comparando ações
ar puro no campo? (Quando = causal = já que).
e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que
nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior,
maior), tanto... quanto etc. Conjunções Integrantes

Ex.: Corria como um touro. As conjunções integrantes fazem parte das orações
Ela dança tanto quanto Carlos. subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma
LÍNGUA PORTUGUESA

oração principal à outra, subordinada. Existem apenas


z Conformativa: Expressam a conformidade de dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”.
uma ideia com a da oração principal. Conforme,
como, segundo, de acordo com, consoante etc. z Quando é possível substituir o “que” pelo pronome
“isso”, estamos diante de uma conjunção integrante.
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.
Amanhã chove, segundo informa a previsão do Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
tempo. Isso).

z Concessiva: Iniciam uma oração com uma ideia z Sempre haverá conjunção integrante em orações
contrária à da oração principal. Embora, conquanto, substantivas e, consequentemente, em períodos
ainda que, mesmo que, em que pese, posto que etc. compostos. 47
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O A pequena garota andava sozinha pela cidade.
quê? Isso). A: Artigo, feminino, singular;
Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver- Garota: Substantivo, feminino, singular.
bo e uma conjunção integrante.
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
(errado). número (singular) do substantivo.
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo). Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
cia: verbal e nominal.
INTERJEIÇÕES
Concordância Verbal
As interjeições também fazem parte do grupo de
palavras invariáveis, tal como as preposições e as É a adaptação em número – singular ou plural –
conjunções. Sua função é expressar estado de espíri- e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
to e emoções; por isso, apresentam forte conotação sujeito.
semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
uma frase. Ex.: Tchau! Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
As interjeições indicam relações de sentido diver- insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
sas. A seguir, apresentamos um quadro com os sen- sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
timentos e sensações mais expressos pelo uso de pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
interjeições: peus, asiáticos e africanos.”
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
Advertência Cuidado! Devagar! Calma! singular.
Alívio Arre! Ufa! Ah! Destrinchando o período, temos que os termos
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
Desejo Oh! Tomara! Oxalá! cado verbal.
Repulsa Irra! Fora! Abaixo! Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: Prefiro natação a futebol.
Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
Verbo bitransitivo: Prefiro
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz! Objeto direto: natação
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau! Objeto indireto: a futebol
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Concordância Verbal com o Sujeito Simples

É salutar lembrar que o sentido exato de cada Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- sujeito.
texto. Por isso, em questões que abordem essa classe Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a exorbitante.
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
expresso no texto. Diferentes situações:
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
va que expresse sentimento ou emoção pode funcio- z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
por exemplo, que são interjeições por excelência, mas multidão gritou entusiasmada.
que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
alterado.
bo posterior ao pronome relativo concorda com o
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus! z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
quem resolveu a questão.

Por questão de ênfase, o verbo pode também con-


SINTAXE DE CONCORDÂNCIA E cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
REGÊNCIA nós quem resolvemos a questão.

CONCORDÂNCIA z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,


demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede- plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância. viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
48 Observe o exemplo: essa questão.
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- Concordância Verbal com o Sujeito Composto
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
ver artigo definido antes de uma palavra plura- ticais diferentes
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Unidos continuam uma potência.
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
Estados Unidos continua uma potência.
garam ontem.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
de de Santos fica em São Paulo.”) � Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
ou nenhum
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
Importante! ter o espírito esportivo.

Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o � Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
verbo fica no singular ou no plural. singular
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
davam. (preferencialmente no singular)
� Gradação entre os núcleos do sujeito
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
me acalmar. (preferencialmente no singular)
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
Mais de um aluno compareceu à aula. � Núcleos do sujeito no infinitivo
Mais de cinco alunos compareceram à aula. Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
A expressão mais de um tem particularidades: se
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
mitivo (nada, tudo, ninguém)
recíproco se), se houver coletivo especificado ou
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
se a expressão vier repetida, o verbo fica no plural.
Ex.: Mais de um irmão se abraçaram. � Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa. nem um nem outro
Mais de um aluno, mais de um professor esta- Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
vam presentes. � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
z Quando o sujeito é formado po um número per- Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
centual ou fracionário, o verbo concorda com o foco nos estudos.
numerado ou com o número inteiro, mas pode � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
concordar com o especificador dele. Se o numeral como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
vier precedido de um determinante, o verbo con- bem como, assim como, tanto quanto
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na final.
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
viver bem. aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. como; não só... mas também etc.)
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
Os 30% da população não sabem o que é viver mal. popularidade em alta.

� Os verbos bater, dar e soar concordam com o z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a co núcleo, o verbo fica no singular concordando
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não com o núcleo único. Mas, se houver determinante
chegou. (Duas horas deram...) após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu) sujeito passa a ser composto.
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
badaladas soaram) aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio combustíveis aumentaram.
da escola soou dez badaladas)
Concordância Verbal do Verbo Ser
LÍNGUA PORTUGUESA

z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o


verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven- � Concorda com o sujeito
dem-se casas de veraneio aqui. Ex.: Nós somos unha e carne.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
� Concorda com o sujeito (pessoa)
interessada.
Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
� Em predicados nominais, quando o sujeito for
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
representado por um dos pronomes tudo, nada,
Majestade está preocupada?
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
Suas Excelências precisam de algo?
dará com o predicativo (preferencialmente) ou
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou com o sujeito
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! Ex.: No início, tudo é/são flores. 49
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for � Concordância do verbo parecer
que ou quem Flexiona-se ou não o infinitivo.
Ex.: Quem foram os classificados? Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância
vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo
de acordo com o sujeito, no plural)
Ex.: São nove horas.
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
É frio aqui. logo o infinitivo será impessoal)
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� Concordância dos verbos impessoais
� O verbo fica no singular quando precede termos São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, sempre na 3ª pessoa do singular.
menos etc. junto a especificações de preço, peso, Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
quantidade, distância, e também quando seguido Fazia quinze anos que ele havia se formado.
do pronome o Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. auxiliar fica no singular)
Divertimentos é o que não lhe falta. Trata-se de problemas psicológicos.
Dez reais é nada diante do que foi gasto. Geou muitas horas no sul.
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- � Concordância com sujeito oracional
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
verbo concordará com o termo não preposiciona- singular.
do entre eles. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
São eles que sempre chegam cedo. Ficou combinado que sairíamos à tarde.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Urge que você estude.
trução adequada) Era preciso encontrar a verdade
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
(construção inadequada) Casos mais frequentes em provas

Concordância do Infinitivo Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- � Sujeito posposto distanciado
to esclarecido) Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito brasileira seres estranhos.
implícito “nós”)
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. � Verbos impessoais (haver e fazer)
(dois pronomes implícitos: eu, nós) Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Havia problemas no setor.
Até me encontrarem, vocês terão de procurar
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
muito. (preposição no início da oração)
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
(verbos pronominais) � Verbo na voz passiva sintética
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
indicando tempo)
� Verbo concordando com o antecedente correto
Estudo para me considerarem capaz de aprova-
do pronome relativo ao qual se liga
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
tinham experiência.
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no � Sujeito coletivo com especificador plural
particípio) Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: � Sujeito oracional
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu- Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
ção verbal) singular)
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
sendo sujeito do infinitivo) to ou complemento no plural
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo atrito. (verbo no singular)
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”. Casos Facultativos

Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o


com valor genérico) estádio.
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
dido de preposição de ou para)
fizeram rir.
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de impe-
50 rativo) z Fui eu quem faltou/faltei à aula.
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
francesa e alemã.
brasileira.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
ciência. (1,5% corresponde ao singular) a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
língua inglesa, a francesa e a alemã.
z Chegaram/Chegou João e Maria.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram z Com função de predicativo do sujeito
aqui.
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
brasileira. com a soma dos elementos.

z O problema do sistema é/são os impostos. Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.


z Hoje é/são 22 de agosto.
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos sujeito acompanhará a concordância do verbo, que
a aprovação. por sua vez concordará tanto com a soma dos elemen-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. tos quanto com o nome mais próximo.

Silepse de Número e de Pessoa Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-


vam abandonados a casa e o quintal.
Conhecida também como “concordância irregular,
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos: Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
z Silepse de número: usa-se um termo discordando substantivos por um pronome:
do número da palavra referente, para concordar
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali- (substitui-se por “eles”)
dade: todas as flores)
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do existem complicados”.
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
então é um adjunto adnominal.
diversas etnias, somos multiculturais.
z Com função de predicativo do objeto
Concordância Nominal
Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
Define-se como a adaptação em gênero e número
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
dância com o termo mais próximo.
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas. Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
Muro alto. / Muros altos. seus subordinados.

Casos com Adjetivos Algumas convenções

z Com função de adjunto adnominal: quando o � Obrigado / próprio / mesmo


adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti- Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
ver após os substantivos, poderá concordar com A própria enfermeira virá para o debate.
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Elas mesmas conversaram conosco.
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
Encontrei colégios e faculdades ótimos. Dica
Há casos em que o adjetivo concordará apenas O termo mesmo no sentido de “realmente” será
LÍNGUA PORTUGUESA

com o nome mais próximo, quando a qualidade per- invariável.


tencer somente a este. Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.

Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. z Só / sós


Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho Variáveis quando significarem “sozinho” /
“sozinhos”.
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- Invariáveis quando significarem “apenas, somente”.
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: apenas queriam ficar sozinhas.)
Existem complicadas regras e conceitos. A locução “a sós” é invariável.
Quando houver apenas um substantivo qualifica- Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
do por dois ou mais adjetivos pode-se: ficar a sós. 51
� Quite / anexo / incluso Plural de Substantivos Compostos
Concordam com os elementos a que se referem.
Ex.: Estamos quites com o banco. O adjetivo concorda com o substantivo referen-
Seguem anexas as certidões negativas. te em gênero e número. Se o termo que funciona
Inclusos, enviamos os documentos solicitados. como adjetivo for originalmente um substantivo fica
invariável.
� Meio
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
Quando significar “metade”: concordará com o
também é um substantivo; mantém-se no singular)
elemento referente.
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
um substantivo; mantém-se no singular)
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
Plural de Adjetivos Compostos
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan- Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
do significar unidade de medida, é masculino. mo elemento concordará com o substantivo referente.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. Os demais ficarão na forma masculina singular.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.” Se um dos elementos for originalmente um subs-
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
� É proibido entrada / É proibida a entrada
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
Se o sujeito vier determinado, a concordância do
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
plural, pois ambos são adjetivos.
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
rão com o determinante.
singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
Nesse caso, o termo composto não concorda com o
nhada está boa.
plural do substantivo referente, “folhas”.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
entrada de crianças.
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
bém pode ser um substantivo.
� Menos / pseudo O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
São invariáveis. lógica de “musgo” do exemplo anterior.
Ex.: Havia menos violência antigamente.
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen- Dica
to é pseudo-objetivo.
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
� Muito / bastante quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
Quando modificam o substantivo: concordam com sempre invariáveis.
ele.
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-
Quando modificam o verbo: invariáveis.
mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
irritados.
Lista de Flexão dos dois elementos
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tante irritados.
� Nos substantivos compostos formados por pala-
Se ambos os termos puderem ser substituídos por
vras variáveis, especialmente substantivos e
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
adjetivos:
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
segunda-feira – segundas-feiras;
� Tal qual matéria-prima – matérias-primas;
Tal concorda com o substantivo anterior; qual, couve-flor – couves-flores;
com o substantivo posterior. guarda-noturno – guardas-noturnos;
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os primeira-dama – primeiras-damas.
pais.
� Nos substantivos compostos formados por
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
temas verbais repetidos:
quais os pais.
corre-corre – corres-corres;
Silepse (também chamada concordância
pisca-pisca – piscas-piscas;
figurada)
pula-pula – pulas-pulas.
É a que se opera não com o termo expresso, mas o
Nestes substantivos também é possível a flexão
que está subentendido.
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
-piscas, pula-pulas.
linda!)
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
Flexão apenas do primeiro elemento
com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
z Nos substantivos compostos formados por subs-
leiros, estamos esperançosos.)
tantivo + substantivo em que o segundo termo
� Possível limita o sentido do primeiro termo:
Concordará com o artigo, em gênero e número, em decreto-lei – decretos-lei;
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. cidade-satélite – cidades-satélite;
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / público-alvo – públicos-alvo;
52 Conheci crianças as mais belas possíveis. elemento-chave – elementos-chave.
Nestes substantivos também é possível a flexão Regência Verbal
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
públicos-alvos, elementos-chaves. Relação de dependência entre um verbo e seu
complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
z Nos substantivos compostos preposicionados:
retas, isto é, com ou sem preposição.
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
pôr do sol – pores do sol;
fim de semana – fins de semana; Há verbos que admitem mais de uma regência
pé de moleque – pés de moleque. sem que o sentido seja alterado.

Flexão apenas do segundo elemento Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
V. T. D: esquecia
� Nos substantivos compostos formados por tema Objeto direto: os favores recebidos.
verbal ou palavra invariável + substantivo ou Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
adjetivo: V. T. I.: se esquecia
bate-papo – bate-papos; Objeto indireto: dos favores recebidos.
quebra-cabeça – quebra-cabeças;
arranha-céu – arranha-céus; No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos
ex-namorado – ex-namorados; que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
vice-presidente – vice-presidentes. alterando seu significado.

� Nos substantivos compostos em que há repeti- Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
ção do primeiro elemento: (aspiramos = sorvemos)
zum-zum – zum-zuns; V. T. D.: aspiramos
tico-tico – tico-ticos; Objeto direto: ar poluídos.
lufa-lufa – lufa-lufas; Os funcionários aspiram a um mês de férias.
reco-reco – reco-recos. (aspiram = almejam)
� Nos substantivos compostos grafados ligada- V. T. I.: aspiram
mente, sem hífen: Objeto indireto: a um mês de férias
girassol – girassóis;
pontapé – pontapés; A seguir, uma lista dos principais verbos que
mandachuva – mandachuvas; geram dúvidas quanto à regência:
fidalgo – fidalgos.
� Abraçar: transitivo direto
� Nos substantivos compostos formados com
Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
grão, grã e bel:
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
grão-duque – grão-duques;
grã-fino – grã-finos; � Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
bel-prazer – bel-prazeres. Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
Não flexão dos elementos to com sentido de “acariciar”)
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor- no sentido de “ser agradável a”)
re em frases substantivadas e em substantivos � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
compostos por um tema verbal e uma palavra transitivo direto e indireto
invariável ou outro tema verbal oposto: Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
o disse me disse – os disse me disse; personificado)
o leva e traz – os leva e traz; Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
o cola-tudo – os cola-tudo. personificado)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
REGÊNCIA reto: refere-se a coisas e pessoas)

Regência é a maneira como o nome ou o verbo se � Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou preposição a, rege indiferentemente objeto direto
advérbio) exige complemento preposicionado, esse e objeto indireto.
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
LÍNGUA PORTUGUESA

termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
entre o nome e seu complemento. indireto)
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em rege apenas objeto direto:
forma de pronome oblíquo átono. Ajudaram o ladrão a fugir.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
foram leais. direto:
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei- Ajudei-o muito à noite.
to (desprovido de preposição)
Pronome oblíquo átono: lhe � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
sujeito (desprovido de preposição). sitivo direto com sentido de “angustiar”) 53
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” reto, com as preposições em e por
como complemento) Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.

� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti- tivo direto e indireto
vo direto com sentido de “respirar”) Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo sitivo com sentido de “cortejar”)
indireto no sentido de “desejar”) Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
indireto com sentido de “desejar muito”)
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto “Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“prestar assistência” “encantar-se”)
O médico assistia os acidentados.
O médico assistia aos acidentados. � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não assisti ao final da série. Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio. tivo direto e indireto
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha- Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
res de pessoas.” Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
indireto)
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
direto e indireto direto e indireto)
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
transitivo direto e indireto
vo indireto)
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
to e indireto)
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de indireto)
predicativo do objeto � Suceder: intransitivo; transitivo direto
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire- Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
to com sentido de “convocar”) sentido de “ocorrer”)
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre- A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
dicativo do objeto com sentido de “denominar, de “vir depois”)
qualificar”)
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi- Regência Nominal
reto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
indireto com sentido de “ser difícil”) bios) exigem complementos preposicionados, exceto
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo) Advérbios Terminados em “mente”

� Esquecer: admite três possibilidades Os advérbios derivados de adjetivos seguem a


Ex.: Esqueci os acontecimentos. regência dos adjetivos:
Esqueci-me dos acontecimentos.
Esqueceram-me os acontecimentos. análoga / analogicamente a
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; contrária / contrariamente a
transitivo direto e indireto compatível / compativelmente com
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. diferente / diferentemente de
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) favorável / favoravelmente a
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. paralela / paralelamente a
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má próxima / proximamente a/de
disposição”) relativa / relativamente a
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
direto e indireto com sentido de envolver-se”) Preposições Prefixos Verbais

� Informar: transitivo direto e indireto Alguns nomes regem preposições semelhantes a


Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à seus “prefixos”:
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
sobre dependente, dependência de
Informaram o réu de sua condenação. inclusão, inserção em
Informaram o réu sobre sua condenação. inerente em/a
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- descrente de/em
sa: objeto indireto, com a preposição a desiludido de/com
54 Informaram a condenação ao réu. desesperançado de
desapego de/a Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
convívio com
convivência com � Entre o sujeito e o verbo.
demissão, demitido de Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
encerrado em ram a explicação. (errado)
enfiado em Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
imersão, imergido, imerso em sertaram minha visão. (errado)
instalação, instalado em � Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
interessado, interesse em dicativo do sujeito.
intercalação, intercalado entre Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
supremacia sobre ção. (errado)
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado)
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
USO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO (errado)
� Entre um substantivo e seu complemento nominal
Vejamos agora as regras sobre os usos das diferen- ou adjunto adnominal.
tes formas de pontuação que temos em nosso idioma. Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
pelos alunos. (errado)
Uso de Vírgula
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da
passiva.
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da professor para a feira. (errado)
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando � Entre o objeto e o predicativo do objeto.
qualquer ambiguidade. Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
Quando se trata de separar termos de uma mesma Considero interessantes, as suas aulas. (errado)
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
Uso de Ponto e Vírgula
� Para separar os termos de mesma função.
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta. É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
e vírgula (;):
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas.
enumeração.
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
ficou triste.
arrastado pelo tsunami.
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas.
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
já apareceu na frase) do verbo. to, exausto.
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. � No lugar do e seguido de elipse do verbo (=
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, zeugma).
filmes de terror. Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
� Para separar palavras ou locuções explicativas, ouvinte.
retificativas. Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 sorvete.
anos. � Em enumerações, portarias, sequências.
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
� Para separar datas e nomes de lugar.
o Procurador-Geral da República;
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
o Colégio de Procuradores da República;
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
e, nem, ou.
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. Dois-pontos

A vírgula é facultativa quando a expressão de Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
LÍNGUA PORTUGUESA

tempo, modo ou lugar não for uma expressão, mas não foi concluída.
uma palavra só. Exemplos: Servem para:
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço � Introduzir uma citação (discurso direto).
em casa. Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. respostas”.
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono � Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso, distributivo ou uma oração subordinada substan-
ficou com sono durante a aula. tiva apositiva.
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
amanhã, se não chover. sores, jornalistas, médicos. 55
� Introduzir uma explicação ou enumeração após Usa-se:
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
saber, como. � Em frase interrogativa direta.
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?
Filosofia, Ciências...
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas � Entre parênteses para indicar incerteza.
(relação semântica de oposição, explicação/causa Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
ou consequência). que havia palavra melhor no contexto.
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar
homem culto.
surpresa.
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
cautela. Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)

� Marcar invocação em correspondências. � E interrogações retóricas.


Ex.: Prezados senhores: Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
Comunico, por meio deste, que... que não jogaremos comida fora à toa”).

Travessão Ponto de Exclamação

� Usado em discursos diretos, indica a mudança de � É empregado para marcar o fim de uma frase com
discurso de interlocutor. entonação exclamativa.
Ex.: Ex.: Que linda mulher!
– Bom dia, Maria! Coitada dessa criança!
– Bom dia, Pedro!
� Aparece após uma interjeição.
Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
� Serve também para colocar em relevo certas
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou � Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos.
colchetes. Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario- � É repetido duas ou mais vezes quando se quer
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) marcar uma ênfase.
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
vamos jantar. (oração intercalada)
metros em 20 segundos!!!
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
Reticências
Parênteses
São usadas para:
Têm função semelhante à dos travessões e das
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter- � Assinalar interrupção do pensamento.
mos, expressões ou orações. Ex.: ― Estou ciente de que...
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) ― Pode dizer...
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) � Indicar partes suprimidas de um texto.
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
jantar. (oração intercalada)
desceu as escadas apressadamente. (Também pode
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
Ponto-final
depois desceu as escadas apressadamente.)
Usa-se o ponto no final nos seguintes casos: � Para sugerir prolongamento da fala.
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
período.
� Para indicar hesitação.
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Carlos Drummond de Andrade Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
vergonha.
� Nas abreviaturas.
Ex.: apart. ou apto. = apartamento � Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
sec. = secretário mente com outras intenções.
a.C. = antes de Cristo Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!

Dica Uso das Aspas

Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- São usadas em citações ou em algum termo que
tos químicos não vêm com ponto final: precisa ser destacado no texto, como por exemplo
Exemplos: km, m, cm, He, K, C palavras de origem estrangeira ou gírias.
Usam-se nos seguintes casos:
Ponto de Interrogação
� Antes e depois de citações.
Marca uma entonação ascendente (elevação da Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
56 voz) em tom questionador. afirma Dad Squarisi, 64.
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- Uso da Barra
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas. A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
que desejava. � Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
Não gosto de “pavonismos”. substituída pela conjunção “ou”.
Dê um “up” no seu visual. Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta.
às vezes com ironia ou malícia. � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. ção das conjunções e/ou.
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
sonoro. e/ou escritos.
� Para citar nomes de mídias, livros etc. � Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”. ção entre si.
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
Colchetes (plural/singular).
O carro atingiu os 220 km/h.
Representam uma variante dos parênteses, porém
tem uso mais restrito. � Para separar os versos de poesias, quando escritos
Usam-se nos seguintes casos: seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
barras para indicar a separação das estrofes.
� Para incluir num texto uma observação de nature- Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
za elucidativa. passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”. te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), não foi escrita na sua totalidade.
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado Ex.: a/c = aos cuidados de;
que pareça, o texto original é assim mesmo. s/ = sem
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
do.” (Machado de Assis) � Para separar o numerador do denominador nos
números fracionários, substituindo a barra da
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda fração.
Fonologia. Ex.: 1/3 = um terço
Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy]
� Nas datas.
� Para suprimir parte de um texto (assim como Ex.: 31/03/1983
parênteses).
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois � Nos números de telefone.
desceu as escadas apressadamente. Ex.: 225 03 50/51/52
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
� Nos endereços.
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
vel segundo as normas da ABNT)
� Na indicação de dois anos consecutivos.
Asterisco Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua.
� É colocado à direita e no canto superior de uma
Ex.: /s/
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
Embora não existam regras muito definidas sobre
de rodapé.
a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
triste acrescido do sufixo -eza*.
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
vo, o que origina um novo substantivo.
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
LÍNGUA PORTUGUESA

ou lacuna em um texto, principalmente em substi-


tuição a um substantivo próprio.
SEMÂNTICA: SINONÍMIA, ANTONÍMIA,
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- HOMONÍMIA, PARONÍMIA
nhado aos responsáveis.
SINONÍMIA
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
São palavras ou expressões que, empregadas em
é, cuja existência é provável, mas não comprovada.
um determinado contexto, têm significados seme-
Ex.: Parecer, do latim *parescere.
lhantes. É importante entender que a identidade dos
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
da gramática. o que pode não acontecer em outras situações. O
* Edifício elaborou projeto o engenheiro. uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por 57
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- círio (vela) sírio (natural da Síria)
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade cito (forma do verbo citar) sito (situado)
de suas significações é diferente.
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
O emprego dos sinônimos é um importante recur-
concerto (sessão musical) conserto (reparo)
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a coser (costurar) cozer (cozinhar)
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi- exotérico (que se expõe em
esotérico (secreto)
público)
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
do texto. espectador (aquele que expectador (aquele que tem
assiste) esperança, que espera)
ANTONÍMIA esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
espiar (observar) expiar (pagar pena)
São palavras ou expressões que, empregadas em espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
um determinado contexto, têm significados opostos. estático (imóvel) extático (admirado)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em esterno (osso do peito) externo (exterior)
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo)
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)

Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.
Acessado em: 17/10/2020.

PARONÍMIA

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:

z Absorver/absolver

Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.


„ Tentaremos absorver toda esta água com
esponjas. (sorver)
A relação de sentido estabelecida na tirinha é „ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
construída a partir dos sentidos opostos das palavras de seus pecados. (inocentar)
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
se contexto. z Aferir/auferir

„ Realizaremos uma prova para aferir seus


HOMONÍMIA
conhecimentos. (avaliar, cotejar)
„ O empresário consegue sempre auferir lucros
Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
em seus investimentos. (obter)
núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a z Cavaleiro/cavalheiro
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-
nimos importantes: „ Todos os cavaleiros que integravam a cava-
laria do rei participaram na batalha. (homem
acender (colocar fogo) ascender (subir) que anda de cavalo)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) „ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) sempre as portas para eu passar. (homem edu-
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) cado e cortês)
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
bucho (estômago) buxo (arbusto) z Cumprimento/comprimento
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) „ O comprimento do tecido que eu comprei é de
cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio) 3,50 metros. (tamanho, grandeza)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) „ Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
z Delatar/dilatar
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
cerrar (fechar) serrar (cortar)
„ Um dos alunos da turma delatou o colega que
cervo (veado) servo (criado)
chutou a porta e partiu o vidro. (denunciar)
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
„ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
58 cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez) do seu estômago. (alargar, estender)
z Dirigente/diligente possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
„ O dirigente da empresa não quis prestar decla- sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
rações sobre o funcionamento da mesma. (pes- publicitários e outros.
soa que dirige, gere) Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
„ Minha funcionária é diligente na realização de Você mora no meu coração.
suas funções. (expedito, aplicado)

z Discriminar/descriminar
REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS
„ Ela se sentiu discriminada por não poder
OFICIAIS
entrar naquele clube. (diferenciar, segregar)
„ Em muitos países se discute sobre descrimi-
MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA
nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar,
REPÚBLICA
inocentar)

Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-par onimas/. Aces- Veremos o manual de redação da presidência da


sado em 17/10/2020. república da 3° edição, revista, atualizada e ampliada.
Sabe-se da importância de se trabalhar o conteúdo de
Redação Oficial, já que o tema está presente em mui-
tos dos editais de concursos federais. A fonte de pes-
POLISSEMIA (DENOTAÇÃO E quisa básica é a 3ª edição de 29 de dezembro de 2018
revista, atualizada e ampliada do Manual de Redação
CONOTAÇÃO) Oficial da Presidência da República (MRPR).

POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO) RETROSPECTIVA HISTÓRICA

Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- Em 11 de janeiro de 1991, o Presidente da Repú-


mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
blica autorizou a criação de uma comissão, presidida
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
Ferreira Mendes, para rever, atualizar, uniformizar e
semia é encontrada no exemplo a seguir:
simplificar as normas de redação de atos e comuni-
cações oficiais. Depois de 9 meses, foi apresentada a
primeira edição do Manual de Redação Oficial da Pre-
sidência da República.
Esse Manual foi dividido em duas partes: a primei-
ra, elaborada pelo diplomata Nestor Forster Jr., tratava
das comunicações oficiais, sistematizava seus aspectos
essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes,
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.
exibia modelos, simplificava os fechos que vinham sen-
do utilizados desde 1937, suprimia arcaísmos e apresen-
DENOTAÇÃO tava uma súmula gramatical aplicada à redação oficial;
a segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes,
O sentido denotativo da linguagem compreende ocupava-se da elaboração e redação dos atos normati-
o significado literal da palavra independente do seu
vos no âmbito do Executivo, da conceituação e exempli-
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
ficação desses atos e do procedimento legislativo.
objetivo e literal associado ao significado que aparece
Depois de dez anos do lançamento da 1ª edição, foi
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
necessário fazer uma adequação das formas de comu-
ênfase à informação que se quer passar para o recep-
nicação usadas na administração aos avanços da infor-
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
mática. Outras alterações decorreram da necessidade
isso, é muito utilizada em textos informativos, como
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- de adaptação do texto à evolução legislativa na matéria
ticos, entre outros. e às alterações constitucionais ocorridas no período.
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: Segundo o apresentador dessa nova edição, Pedro
chamas) Parente, Chefe da Casa Civil da Presidência da Repú-
LÍNGUA PORTUGUESA

O coração é um músculo que bombeia sangue para blica do Governo de Fernando Henrique Cardoso,
o corpo. (coração: parte do corpo) esperava-se que esta nova edição do Manual contri-
buísse, tal qual a primeira, para a consolidação de
CONOTAÇÃO uma cultura administrativa de profissionalização
dos servidores públicos e de respeito aos princípios
O sentido conotativo compreende o significado constitucionais da legalidade, impessoalidade, mora-
figurado e depende do contexto em que está inserido. lidade, publicidade e eficiência, com a consequente
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos melhoria dos serviços prestados à sociedade.
dos quais a língua dispõe para expressar diferen- Nesta 3ª edição, você perceberá muitas mudanças
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e significativas, tanto na formatação dos documentos
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase oficiais, quanto na formulação dos aspectos da lingua-
à expressividade da mensagem de maneira que ela gem e das normas estruturais 59
E o que é Redação Oficial na concepção dos organi- „ Alguém que comunique;
zadores desse trabalho? Veja a resposta que foi dada „ Algo a ser comunicado;
por eles a essa pergunta: „ Alguém que receba essa comunicação.

“Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a No caso da redação oficial, quem comunica é
maneira pela qual o Poder Público redige atos nor- sempre o serviço público (este/esta ou aquele/aquela
mativos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Servi-
ponto de vista do Poder Executivo.” ço, Seção); o que se comunica é sempre algum assun-
to relativo às atribuições do órgão que comunica; e o
Agora, para nós que lidamos com o conteúdo para destinatário dessa comunicação é o público, uma
concursos públicos, quais são as principais características instituição privada ou outro órgão ou entidade públi-
normativas cobradas nas provas de concursos públicos?
ca, do Poder Executivo ou dos outros Poderes. Além
Percebam que os três motivos principais da preo-
disso, deve-se considerar a intenção do emissor e
cupação da elaboração do Manual e de suas revisões
a finalidade do documento, para que o texto esteja
são a modernização, a atualização e a eficiência. A
adequado à situação comunicativa.
passagem do tempo por si só já pediria essas revisões,
A necessidade de empregar determinado nível de
haja vista a consequente evolução da linguagem e da
linguagem nos atos e nos expedientes oficiais decor-
sociedade por que passamos.
re, de um lado, do próprio caráter público desses
É justamente esse o ponto que originou a partici-
atos e comunicações; de outro, de sua finalidade.
pação desse assunto nos concursos públicos. Afinal,
para quem vai trabalhar no setor público, é realmente Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de cará-
importante saber comunicar-se com habilidade e usar ter normativo, ou estabelecem regras para a condu-
os meios adequados para isso, se o que se propõe é um ta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos
serviço eficiente para a sociedade. órgãos e entidades públicos, o que só é alcançado
Por isso, ao estudar redação oficial, lembrem-se se, em sua elaboração, for empregada a linguagem
de que vocês têm de saber as características da lin- adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais,
guagem da redação oficial, a formatação e a estrutura cuja finalidade precípua é a de informar com clareza
das redações, especialmente a do padrão ofício, quem e objetividade;
envia determinadas correspondências, quem as rece-
be e qual é a finalidade de cada uma delas. z O que é redação oficial?
Nosso objetivo é tornar esse assunto em um ponto
bem simples e objetivo a ser estudado. Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é
a maneira pela qual o Poder Público redige comunica-
z Notas do Prefácio de Gilmar Mendes ções oficiais e atos normativos. Neste Manual, interes-
sa-nos tratá-la do ponto de vista do Serviço Público.
Prefácio A redação oficial não é necessariamente árida e
contrária à evolução da língua. É que sua finalidade
É com grande entusiasmo que recebo a incumbên- básica – comunicar com objetividade e máxima cla-
cia de prefaciar a terceira edição do Manual de reza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
Redação da Presidência da República, vinte e sete língua, de maneira diversa daquele da literatura, do
anos após presidir a Comissão encarregada da pri- texto jornalístico, da correspondência particular etc.
meira edição desta obra. Apresentadas essas características fundamentais
[...] da redação oficial, passemos à análise pormenorizada
A primeira revisão ocorreu em 2002, motivada
de cada um de seus atributos.
pelas alterações tecnológicas e legislativas da
A redação oficial deve caracterizar-se por:
época.
[...]
A partir de 2003, foram publicadas sessenta „ Clareza e precisão;
emendas constitucionais, sobre os mais diversos „ Objetividade;
assuntos. „ Concisão;
[...] „ Coesão e coerência;
Nessa conjuntura, a partir de modificações fáticas „ Impessoalidade;
e legislativas, bem como de maior fiscalização esta- „ Formalidade e padronização; e
tal, instaurou-se um novo método de se fazer admi- „ Uso da norma padrão da língua portuguesa.
nistração pública no Brasil. Pretende-se, pois, que a
terceira edição do Manual de Redação da Presidên- CLAREZA E PRECISÃO
cia República possa refletir as evoluções ocorridas
nas últimas duas décadas, repetindo o legado de
z Clareza
êxito deixado pelas edições anteriores na constru-
ção de uma cultura administrativa profissional e
obediente às normas da Constituição da República. A clareza deve ser a qualidade básica de todo tex-
to oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que
Gilmar Ferreira Mendes possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se
concebe que um documento oficial ou um ato nor-
z Panorama da comunicação oficial mativo de qualquer natureza seja redigido de forma
obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreen-
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, são. A transparência é requisito do próprio Estado
quer pela escrita. Para que haja comunicação, são de Direito: é inaceitável que um texto oficial ou um
60 necessários: ato normativo não seja entendido pelos cidadãos. O
princípio constitucional da publicidade não se esgota OBJETIVIDADE
na mera publicação do texto, estendendo-se, ainda, à
necessidade de que o texto seja claro. Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se
Para a obtenção de clareza, sugere-se: deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para
conseguir isso, é fundamental que o redator saiba
„ Utilizar palavras e expressões simples, em seu de antemão qual é a ideia principal e quais são as
sentido comum, salvo quando o texto versar secundárias.
sobre assunto técnico, hipótese em que se utili- Procure perceber certa hierarquia de ideias que
zará nomenclatura própria da área; existe em todo texto de alguma complexidade: as
„ Usar frases curtas, bem estruturadas; apresen- fundamentais e as secundárias. Essas últimas podem
tar as orações na ordem direta e evitar inter- esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplifi-
calações excessivas. Em certas ocasiões, para cá-las; mas existem também ideias secundárias que
evitar ambiguidade, sugere-se a adoção da não acrescentam informação alguma ao texto, nem
ordem inversa da oração; têm maior relação com as fundamentais, podendo,
„ Buscar a uniformidade do tempo verbal em por isso, ser dispensadas, o que também proporciona-
todo o texto; rá mais objetividade ao texto.
„ Não utilizar regionalismos e neologismos; A objetividade conduz o leitor ao contato mais
„ Pontuar adequadamente o texto; direto com o assunto e com as informações, sem sub-
„ Explicitar o significado da sigla na primeira terfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É erra-
referência a ela; do supor que a objetividade suprime a delicadeza de
„ Utilizar palavras e expressões em outro idioma expressão ou torna o texto rude e grosseiro.
apenas quando indispensáveis, em razão de
serem designações ou expressões de uso já con- CONCISÃO
sagrado ou de não terem exata tradução. Nesse
caso, grafe-as em itálico. A concisão é antes uma qualidade do que uma carac-
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue
z Precisão transmitir o máximo de informações com o mínimo de
palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la como
O atributo da precisão complementa a clareza e economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar
caracteriza-se por: passagens substanciais do texto com o único objetivo
de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de
„ Articulação da linguagem comum ou técnica excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que
para a perfeita compreensão da ideia veiculada nada acrescentem ao que já foi dito.
no texto; Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto
„ Manifestação do pensamento ou da ideia com as deve evitar caracterizações e comentários supérfluos,
adjetivos e advérbios inúteis, além de uma subordina-
mesmas palavras, evitando o emprego de sinoní-
ção excessiva. A seguir, um exemplo de período mal
mia com propósito meramente estilístico;
construído, prolixo:
„ Escolha de expressão ou palavra que não confi-
“Apurado, com impressionante agilidade e preci-
ra duplo sentido ao texto.
são, naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à
população acriana, verificou-se que a esmagadora e
É indispensável, também, a releitura de todo o tex-
ampla maioria da população daquele distante estado
to redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos
manifestou-se pela efusiva e indubitável rejeição da
obscuros provém principalmente da falta da releitu-
alteração realizada pela Lei no 11.662/2008. Não satis-
ra, o que tornaria possível sua correção. Na revisão
feita, inconformada e indignada, com a nova hora legal
de um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil
vinculada ao terceiro fuso, a maioria da população
compreensão por seu destinatário. O que nos parece
do Acre demonstrou que a ela seria melhor regressar
óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio
ao quarto fuso, estando cinco horas a menos que em
que adquirimos sobre certos assuntos, em decorrên-
Greenwich.”
cia de nossa experiência profissional, muitas vezes,
Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessá-
faz com que os tomemos como de conhecimento geral,
rios, abusou-se no emprego de adjetivos (impressio-
o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva,
nante, esmagadora, ampla, inconformada, indignada),
LÍNGUA PORTUGUESA

esclareça, precise os termos técnicos, o significado das


o que lhe confere carga afetiva injustificável, sobre-
siglas e das abreviações e os conceitos específicos que
tudo em texto oficial, que deve primar pela impes-
não possam ser dispensados.
soalidade. Eliminados os excessos, o período ganha
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que são concisão, harmonia e unidade:
elaboradas certas comunicações quase sempre compro- “Apurado o resultado da consulta à população
mete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, há assun- acreana, verificou-se que a maioria da população se
tos atrasados”, diz a máxima. Evite, pois, o atraso, com manifestou pela rejeição da alteração realizada pela
sua indesejável repercussão no texto redigido. Lei no 11.662/2008. Não satisfeita com a nova hora
A clareza e a precisão não são atributos que se legal vinculada ao terceiro fuso, a maioria da popu-
atinjam por si sós: elas dependem estritamente das lação do Acre demonstrou que a ela seria melhor
demais características da redação oficial, apresen- regressar ao quarto fuso, estando cinco horas menos
tadas a seguir. que em Greenwich.” 61
COESÃO E COERÊNCIA Eletrônico de Informações é uma ferramenta de gestão
de documentos —, o documento em html etc.), quanto
É indispensável que o texto tenha coesão e coerên- para os eventuais documentos impressos.
cia. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a har- É imperativa, ainda, certa formalidade de trata-
monia entre os elementos de um texto. Percebe-se que o mento. Não se trata somente do correto emprego deste
texto tem coesão e coerência quando se lê um texto e se ou daquele pronome de tratamento para uma autori-
verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão dade de certo nível, mais do que isso: a formalidade
entrelaçados, dando continuidade uns aos outros. diz respeito à civilidade no próprio enfoque dado ao
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a assunto do qual cuida a comunicação.
coerência de um texto são: referência, substituição, A formalidade de tratamento vincula-se, também, à
elipse e uso de conjunção. necessária uniformidade das comunicações. Ora, se
a administração pública federal é una, é natural que as
IMPESSOALIDADE comunicações que expeça sigam o mesmo padrão. O esta-
belecimento desse padrão, uma das metas deste Manual,
A impessoalidade decorre de princípio constitucio- exige que se atente para todas as características da redação
nal (Constituição, art. 37), e seu significado remete a oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos.
dois aspectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes
a administração pública proceda de modo a não pri- para o texto definitivo, nas exceções em que se fizer
vilegiar ou prejudicar ninguém, de que o seu norte seja, necessária a impressão, e a correta diagramação do
sempre, o interesse público; o segundo, a abstração da texto são indispensáveis para a padronização. Consul-
pessoalidade dos atos administrativos, pois, apesar de a te o Capítulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito
ação administrativa ser exercida por intermédio de seus de normas específicas para cada tipo de expediente.
servidores, é resultado tão-somente da vontade estatal. Em razão de seu caráter público e de sua finalidade,
A redação oficial é elaborada sempre em nome do os atos normativos e os expedientes oficiais requerem
serviço público e sempre em atendimento ao interes- o uso do padrão culto do idioma, que acata os precei-
se geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos obje- tos da gramática formal e emprega um léxico compar-
tos dos expedientes oficiais não devem ser tratados de tilhado pelo conjunto dos usuários da língua. O uso do
outra forma que não a estritamente impessoal. padrão culto é, portanto, imprescindível na redação
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal oficial por estar definido como padrão para tal ativi-
que deve ser dado aos assuntos que constam das dade, sendo importante evitar as diferenças lexicais,
comunicações oficiais decorre: morfológicas ou sintáticas, regionais, os modismos
vocabulares e as particularidades linguísticas.
z Da ausência de impressões individuais de quem Recomendações: A língua culta é contra a pobre-
comunica: embora se trate, por exemplo, de um za de expressão e não contra a sua simplicidade;
expediente assinado por Chefe de determinada O uso do padrão culto não significa empregar a lín-
Seção, a comunicação é sempre feita em nome do gua de modo rebuscado ou utilizar figuras de lingua-
serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável gem próprias do estilo literário;
padronização, que permite que as comunicações A consulta ao dicionário e à gramática é imperati-
elaboradas em diferentes setores da administra- va na redação de um bom texto.
ção pública guardem entre si certa uniformidade; Pode-se concluir que não existe propriamente
z Da impessoalidade de quem recebe a comuni- um padrão oficial de linguagem, o que há é o uso da
cação: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre norma padrão nos atos e nas comunicações oficiais.
concebido como público, ou a uma instituição pri- É claro que haverá preferência pelo uso de determi-
vada, a outro órgão ou a outra entidade pública. nadas expressões, ou será obedecida certa tradição no
Em todos os casos, temos um destinatário concebi- emprego das formas sintáticas, mas isso não implica,
do de forma homogênea e impessoal; necessariamente, que se consagre a utilização de uma
z Do caráter impessoal do próprio assunto tra- forma de linguagem burocrática. O jargão burocráti-
tado: se o universo temático das comunicações co, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sem-
oficiais se restringe a questões que dizem respeito pre sua compreensão limitada.
ao interesse público, é natural não caber qualquer
tom particular ou pessoal. ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL

Não há lugar, na redação oficial, para impressões A redação das comunicações oficiais deve, antes
pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma de tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I,
carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jor- “Aspectos gerais da redação oficial”. Além disso, há carac-
nal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial terísticas específicas de cada tipo de expediente, que
deve ser isenta da interferência da individualidade de serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de pas-
quem a elabora. A concisão, a clareza, a objetividade sarmos a sua análise, vejamos outros aspectos comuns a
e a formalidade de que nos valemos para elaborar os quase todas as modalidades de comunicação oficial.
expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja
alcançada a necessária impessoalidade. z Pronomes de tratamento

FORMALIDADE E PADRONIZAÇÃO De acordo com a forma como queremos ou deve-


mos tratar as pessoas, ou seja, de maneira formal ou
As comunicações administrativas devem ser informal, empregamos determinados pronomes cha-
sempre formais, isto é, obedecer a certas regras de mados de tratamento. Assim, originalmente, usamos:
forma (BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as
comunicações feitas em meio eletrônico (por exem- „ Tu: para tratamento íntimo, familiar, informal;
62 plo, o e-mail, o documento gerado no SEI! — O Sistema „ Você(s): para tratamento cerimonioso formal.
Muitos de vocês devem ter estranhado essa coloca-
Excelentíssimo Senhor Pre-
ção, mas é a verdade. Só estranhamos, porque usamos
VOCATIVO sidente do Supremo Tribunal
o “você” para qualquer pessoa, independentemente de
Federal,
haver com ela intimidade ou não. Mas isso não quer
dizer nada, afinal por que a língua teria os dois prono- TRATAMENTO NO Vossa Excelência
mes? Porque há um motivo: o que mostramos acima. CORPO DO TEXTO
Essa informação nos ajuda a entender por que os
dois pronomes acima são de 2ª pessoa, entretanto, ABREVIATURA Não se usa
quando usamos o “você”, o verbo e os demais prono-
mes que a ele se referem ficam na 3ª pessoa; ao con- AUTORIDADE Vice-Presidente da República
trário do que ocorre com o “tu”, cujas concordâncias
são em 2ª pessoa. Afinal, se existe um distanciamento ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
entre as pessoas revelado pelo “você”, as concordân-
cias devem realmente ser em 3ª pessoa. Senhor Vice-Presidente da
VOCATIVO
República,
z Emprego dos pronomes de tratamento
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
Modernamente, então, temos: CORPO DO TEXTO

ABREVIATURA V. Exa.
„ Você(s): para tratamento informal;
„ Senhor (e flexões): para tratamento cerimo-
nioso formal. AUTORIDADE Ministro de Estado

Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor


tratamento adota a segunda pessoa do plural, de
maneira indireta, para referenciar atributos da pes- VOCATIVO Senhor Ministro,
soa à qual se dirige. Na redação oficial, é necessário TRATAMENTO NO Vossa Excelência
atenção para o uso dos pronomes de tratamento em CORPO DO TEXTO
três momentos distintos: no endereçamento, no voca-
tivo e no corpo do texto. No vocativo, o autor dirige-se ABREVIATURA V. Exa.
ao destinatário no início do documento. No corpo do
texto, pode-se empregar os pronomes de tratamento
Secretário-Executivo de Minis-
em sua forma abreviada ou por extenso. O endereça- AUTORIDADE tério e demais ocupantes
mento é o texto utilizado no envelope que contém a de cargos de natureza especial
correspondência oficial.
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
A seguir, alguns exemplos de utilização de prono-
mes de tratamento no texto oficial. VOCATIVO Senhor Secretário-Executivo,

TRATAMENTO NO Vossa Excelência


AUTORIDADE Presidente da República
CORPO DO TEXTO
ENDEREÇAMEN-
A Sua Excelência o Senhor ABREVIATURA V. Exa.
TO

Excelentíssimo Senhor Presi-


VOCATIVO AUTORIDADE Embaixador
dente da República,
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
TRATAMENTO
NO CORPO DO Vossa Excelência VOCATIVO Senhor Embaixador,
TEXTO
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
ABREVIATURA Não se usa CORPO DO TEXTO

ABREVIATURA V. Exa.
Presidente do Congresso
AUTORIDADE
Nacional
Oficial-General das Forças
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor AUTORIDADE
Armadas
LÍNGUA PORTUGUESA

Excelentíssimo Senhor Presi- ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor


VOCATIVO
dente do Congresso Nacional,
VOCATIVO Senhor + Posto,
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO
ABREVIATURA Não se usa
ABREVIATURA V. Exa.
Presidente do Supremo Tribunal
AUTORIDADE
Federal AUTORIDADE Outros postos militares

ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor ENDEREÇAMENTO Ao Senhor


63
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos
VOCATIVO Senhor + Posto,
a pronomes de tratamento são sempre os da terceira
TRATAMENTO NO Vossa Excelência pessoa. Ex.: Vossa Senhoria designará seu substituto. (E
CORPO DO TEXTO não “Vossa Senhoria designará vosso substituto.”)
Já quanto aos adjetivos referidos a esses prono-
ABREVIATURA V. Exa. mes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo
da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que
compõe a locução. Ex.: Se o interlocutor for homem, o
AUTORIDADE Senador da República
correto é: Vossa Excelência está atarefado.
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor O pronome Sua Excelência é utilizado para se fazer
referência a alguma autoridade (indiretamente). Ex.:
VOCATIVO Senhor Senador, A Sua Excelência o Ministro de Estado Chefe da Casa
TRATAMENTO NO Vossa Excelência Civil (por exemplo, no endereçamento do expediente).
CORPO DO TEXTO
z Signatário
ABREVIATURA V. Exa.
„ Cargos interino e substituto: na identificação
do signatário, depois do nome do cargo, é pos-
AUTORIDADE Deputado Federal
sível utilizar os termos interino e substituto,
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor conforme situações a seguir: interino é aquele
nomeado para ocupar transitoriamente cargo
VOCATIVO Senhor Deputado, público durante a vacância; substituto é aque-
TRATAMENTO NO Vossa Excelência le designado para exercer as atribuições de
CORPO DO TEXTO cargo público vago ou no caso de afastamen-
to e impedimentos legais ou regulamentares
ABREVIATURA V. Exa. do titular. Esses termos devem ser utilizados
depois do nome do cargo, sem hífen, sem vírgu-
la e em minúsculo.
Ministro do Tribunal de Contas
AUTORIDADE
da União
Exemplos: Diretor-Geral interino;
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor Secretário-Executivo substituto;

Senhor Ministro do Tribunal de „ Signatárias do sexo feminino


VOCATIVO
Contas da União,

TRATAMENTO NO Vossa Excelência Na identificação do signatário, o cargo ocupado


CORPO DO TEXTO por pessoa do sexo feminino deve ser flexionado no
gênero feminino.
ABREVIATURA V. Exa. Exemplos: Ministra de Estado;
Secretária-Executiva interina;
Técnica Administrativa;
Ministro dos Tribunais
AUTORIDADE Coordenadora Administrativa;
Superiores

ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor „ Grafia de cargos compostos: escrevem-se com


hífen.
VOCATIVO Senhor Ministro,

TRATAMENTO NO Vossa Excelência Exemplos:


CORPO DO TEXTO Cargos formados pelo adjetivo “geral”: diretor-ge-
ral, relator-geral, ouvidor-geral;
ABREVIATURA V. Exa. Postos e gradações da diplomacia: primeiro-secre-
tário, segundo-secretário;
A profusão de normas estabelecendo hipóteses de Postos da hierarquia militar: tenente-coronel, ca-
pitão-tenente;
tratamento por meio do pronome “Vossa Excelência”
para categorias específicas tornou inviável arrolar
todas as hipóteses, por isso, trouxemos apenas alguns
exemplos mais recorrentes. Importante!
Concordância com os Pronomes de Tratamento Nomes compostos com elemento de ligação
preposicionado ficam sem hífen: general de exér-
Os pronomes de tratamento apresentam certas cito, general de brigada, tenente-brigadeiro do ar,
peculiaridades quanto às concordâncias verbal, nomi- capitão de mar e guerra.
nal e pronominal. Embora se refiram à segunda pes-
soa gramatical (à pessoa com quem se fala), levam a
Cargos que denotam hierarquia dentro de uma
concordância para a terceira pessoa. empresa: diretor-presidente, diretor-adjunto, editor-
Os pronomes Vossa Excelência ou Vossa Senhoria -chefe, sócio-gerente, diretor-executivo;
são utilizados para se comunicar diretamente com o Cargos formados por numerais: primeiro-minis-
64 receptor. Ex.: Vossa Senhoria designará o assessor. tro, primeira-dama;
Cargos formados com os prefixos “ex” ou “vice”: FINALIDADE DO EXPEDIENTES OFICIAIS
ex-diretor, vice-coordenador.
O novo Acordo Ortográfico tornou opcional o uso O padrão Ofício
de iniciais maiúsculas em palavras usadas reveren-
cialmente, por exemplo para cargos e títulos (exem- Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos
plo: o Presidente francês ou o presidente francês). de expedientes que se diferenciavam antes pela finali-
Porém, em palavras com hífen, após se optar pelo uso dade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memoran-
da maiúscula ou da minúscula, deve-se manter a esco- do. Com o objetivo de uniformizá-los, deve-se adotar
lha para a grafia de todos os elementos hifenizados: nomenclatura e diagramação únicas, que sigam o que
pode-se escrever “Vice-Presidente” ou “vice-presiden- chamamos de padrão ofício.
te”, mas não “Vice-presidente”. A distinção básica anterior entre os três era:

z Vocativo „ Aviso: era expedido exclusivamente por Minis-


tros de Estado, para autoridades de mesma
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas hierarquia;
comunicações oficiais, o vocativo será sempre seguido „ Ofício: era expedido para e pelas demais auto-
de vírgula. ridades; e
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, „ Memorando: era expedido entre unidades
utiliza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou administrativas de um mesmo órgão.
Excelentíssima Senhora e o cargo respectivo, segui-
dos de vírgula. Nesta nova edição, ficou abolida aquela distinção e
Exemplos: passou-se a utilizar o termo ofício nas três hipóteses.
A seguir, será apresentada a estrutura do padrão
„ Excelentíssimo Senhor Presidente da República; ofício, de acordo com a ordem com que cada elemento
„ Excelentíssimo Senhor Presidente do Congres- aparece no documento oficial.
so Nacional;
„ Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Partes do Documento no Padrão Ofício
Tribunal Federal.
z Cabeçalho: o cabeçalho é utilizado apenas na pri-
As demais autoridades, mesmo aquelas tratadas meira página do documento, centralizado na área
por Vossa Excelência, receberão o vocativo Senhor ou determinada pela formatação (ver subitem “For-
Senhora seguido do cargo respectivo. matação e apresentação”).
Exemplos:
No cabeçalho, deverão constar os seguintes
„ Senhora Beneficiária; elementos:
„ Senhor Contribuinte.
z Brasão de Armas da República: no topo da pági-
na. Não há necessidade de ser aplicado em cores.
Na hipótese de comunicação com particular,
pode-se utilizar o vocativo Senhor ou Senhora e a O uso de marca da instituição deve ser evitado na
forma utilizada pela instituição para referir-se ao correspondência oficial para não se sobrepor ao
interlocutor: beneficiário, usuário, contribuinte, Brasão de Armas da República.
eleitor etc.
Exemplos:

„ Senhora Senadora;
„ Senhor Juiz;
„ Senhora Ministra.

Ainda, quando o destinatário for um particu-


lar, no vocativo, pode-se utilizar Senhor ou Senhora
seguido do nome do particular ou pode-se utilizar
o vocativo “Prezado Senhor” ou “Prezada Senhora”.
Exemplos:

� Senhora [Nome];
„ Prezado Senhor.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em comunicações oficiais, está abolido o uso de O desenho oficial atualizado do Brasão de Armas
Digníssimo (DD) e de Ilustríssimo (Ilmo.).
da República pode ser localizado no sítio eletrôni-
co da Presidência da República, na seção Símbolos
Nacionais. Disponível em: http://www2.planalto.gov.
Importante! br/conheca-a-presidencia/acervo/simbolos-nacionais/
Evite-se o uso de “doutor” indiscriminadamente. brasao/brasao-da-republica.jpg/view
O tratamento por meio de Senhor confere a for- No caso de documento a ser impresso, exclusiva-
malidade desejada. mente quando o signatário for o Presidente da Repú-
Exemplos: blica, Ministro de Estado ou a autoridade máxima de
� Senhora [Nome]; autarquia, será utilizado timbre em relevo branco,
� Prezado Senhor. nos termos do disposto no Decreto no 80.739, de 14 de
novembro de 1977. 65
„ Nome do órgão principal; „ Pontuação: coloca-se ponto-final depois da data;
„ Nomes dos órgãos secundários, quando neces- „ Alinhamento: o texto da data deve ser alinha-
sários, da maior para a menor hierarquia; e do à margem direita da página.
„ Espaçamento: entrelinhas simples (1,0).
Exemplo:
Exemplo: Brasília, 2 de fevereiro de 2018.

z Endereçamento

O endereçamento é a parte do documento que


informa quem receberá o expediente.
Nele deverão constar os seguintes elementos:

„ Vocativo: na forma de tratamento adequada


para quem receberá o expediente (ver subitem
“Pronomes de tratamento”);
„ Nome: nome do destinatário do expediente;
„ Cargo: cargo do destinatário do expediente;
„ Endereço: endereço postal de quem receberá o
expediente, dividido em duas linhas:

Primeira linha: informação de localidade/logra-


douro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo
órgão, informação do setor;
Segunda linha: CEP e cidade/unidade da fede-
ração, separados por espaço simples. Na separação
[Nome do órgão]
entre cidade e unidade da federação pode ser substi-
[Secretaria/Diretoria]
tuída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso
[Departamento/Setor/Entidade] de ofício ao mesmo órgão, não é obrigatória a infor-
Os dados do órgão, tais como endereço, telefone, mação do CEP, podendo ficar apenas a informação da
endereço de correspondência eletrônica, site eletrô- cidade/unidade da federação.
nico oficial da instituição, podem ser informados no
rodapé do documento, centralizados; „ Alinhamento: à margem esquerda da página.

z Identificação do expediente O pronome de tratamento no endereçamento das


comunicações dirigidas às autoridades tratadas por
Os documentos oficiais devem ser identificados da Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Exce-
seguinte maneira: lência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
Quando o tratamento destinado ao receptor for
„ Nome do documento: tipo de expediente por Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é
extenso, com todas as letras maiúsculas; “Ao Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se
„ Indicação de numeração: abreviatura da utiliza a expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A
palavra “número”, padronizada como No; Sua Senhoria a Senhora”.
„ Informações do documento: número, ano Exemplos:
(com quatro dígitos) e siglas usuais do setor que A Sua Excelência o Senhor
expede o documento, da menor para a maior [Nome]
hierarquia, separados por barra (/); e Ministro de Estado da Justiça
„ Alinhamento: à margem esquerda da página. Esplanada dos Ministérios Bloco T
70064-900 Brasília/DF
Exemplo: OFÍCIO Nº 652/2018/SAA/SE/MT;
À Senhora
z Local e data do documento [Nome]
Diretora de Gestão de Pessoas
Na grafia de datas em um documento, o conteúdo SAUS Q. 3 Lote 5/6 Ed Sede I
deve constar da seguinte forma: 70070-030 Brasília. DF;

„ Composição: local e data do documento; z Assunto


„ Informação de local: nome da cidade onde foi
O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o
expedido o documento, seguido de vírgula. Não documento, de forma sucinta.
se deve utilizar a sigla da unidade da federação Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
depois do nome da cidade;
„ Dia do mês: em numeração ordinal se for o „ Título: a palavra “Assunto” deve anteceder a frase
primeiro dia do mês e em numeração cardinal que define o conteúdo do documento, seguida de
para os demais dias do mês. Não se deve uti- dois-pontos;
lizar zero à esquerda do número que indica o „ Descrição do assunto: a frase que descreve o
dia do mês; conteúdo do documento deve ser escrita com
„ Nome do mês: deve ser escrito com inicial inicial maiúscula, não se deve utilizar verbos
66 minúscula; e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
„ Destaque: todo o texto referente ao assun- Parágrafos:
to, inclusive o título, deve ser destacado em Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
negrito; cada parágrafo;
„ Pontuação: coloca-se ponto-final depois do as- Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar-
sunto; gem esquerda;
„ Alinhamento: à margem esquerda da página.
Numeração dos parágrafos: apenas quando o
Exemplos: documento tiver três ou mais parágrafos, desde o pri-
Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão meiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o fecho;
julho/2018.
Assunto: Aquisição de computadores;
Importante!
z Texto do documento
Houve alteração das fontes e símbolos de Times
O texto do documento oficial deve seguir a seguin- New Roman para Calibri ou Carlito.
te padronização de estrutura:

„ Nos casos em que não seja usado para enca- z Fechos para comunicações
minhamento de documentos, o expediente
deve conter a seguinte estrutura: O fecho das comunicações oficiais objetiva, além
da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o des-
Introdução: em que é apresentado o objetivo da comuni- tinatário. Os modelos para fecho anteriormente utili-
cação. Evite o uso das formas: Tenho a honra de, Tenho zados foram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do
o prazer de, Cumpre-me informar que. Prefira empregar a Ministério da Justiça, que estabelecia quinze padrões.
forma direta: Informo, Solicito, Comunico; Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los,
Desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; se o este Manual estabelece o emprego de somente dois
texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas fechos diferentes para todas as modalidades de comu-
devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confe- nicação oficial:
re maior clareza à exposição; e Para autoridades de hierarquia superior à do
Conclusão: em que é afirmada a posição sobre o assunto. remetente, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente,
Para autoridades de mesma hierarquia, de hierar-
„ Quando forem usados para encaminhamento
de documentos, a estrutura é modificada: quia inferior ou demais casos: Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações
Introdução: deve iniciar com referência ao expe- dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem
diente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa a rito e tradição próprios.
do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar
„ O fecho da comunicação deve ser formatado
com a informação do motivo da comunicação, que é
encaminhar, indicando a seguir os dados completos da seguinte maneira:
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou
Alinhamento: alinhado à margem esquerda da
signatário e assunto de que se trata) e a razão pela
página;
qual está sendo encaminhado;
Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar-
Exemplos:
gem esquerda;
Espaçamento entre linhas: simples;
Em resposta ao Ofício nº 12, de 1o de fevereiro de 2018,
Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de abril de 2018,
cada parágrafo e não deve ser numerado;
da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, que trata
da requisição do servidor Fulano de Tal. z Identificação do signatário
Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia do
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presi-
Ofício nº 12, de 1º de fevereiro de 2018, do Presidente
da Confederação Nacional da Indústria, a respeito de dente da República, todas as demais comunicações ofi-
projeto de modernização de técnicas agrícolas na re- ciais devem informar o signatário segundo o padrão:
gião Nordeste.
„ Nome: nome da autoridade que as expede, gra-
fado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se
LÍNGUA PORTUGUESA

Desenvolvimento: se o autor da comunicação usa linha acima do nome do signatário;


desejar fazer algum comentário a respeito do docu- „ Cargo: cargo da autoridade que expede o docu-
mento que encaminha, poderá acrescentar pará- mento, redigido apenas com as iniciais maiús-
grafos de desenvolvimento. Caso contrário, não há culas. As preposições que liguem as palavras do
parágrafos de desenvolvimento em expediente usado cargo devem ser grafadas em minúsculas;
para encaminhamento de documentos. „ Alinhamento: a identificação do signatário
„ Tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o tex- deve ser centralizada na página.
to do documento deve ser formatado da seguinte
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a
maneira:
assinatura em página isolada do expediente. Trans-
Alinhamento: justificado; fira para essa página ao menos a última frase anterior
Espaçamento entre linhas: simples; ao fecho. 67
Exemplo:

(espaço para assinatura)


NOME
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência
da República
(espaço para assinatura)
NOME
Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas

z Numeração das páginas

A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela deve ser

centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:

„ Posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm da margem inferior;

„ Fonte: Calibri ou Carlito.

z Formatação e apresentação

Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte formatação:

„ Tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);

„ Margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;

„ Margem lateral direita: 1,5 cm;

„ Margens superior e inferior: 2 cm;

„ Área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da margem superior do papel;

„ Área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;

„ Impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as

margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);

„ Cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário, a impres-

são colorida para gráficos e ilustrações;

„ Destaques: para destaques, deve-se utilizar, sem abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de

itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de for-

matação que afete a sobriedade e a padronização do documento;

„ Palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafadas em itálico;

„ Arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preserva-

do para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, preferen-

cialmente, formato de arquivo que possa ser lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no

serviço público, tais como docx, odt ou rtf;

„ Nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte

maneira:

Tipo do documento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do conteúdo

Exemplo: Ofício 123_2018_relatório produtividade anual

68 A seguir, segue alguns exemplos de Ofício:


69
LÍNGUA PORTUGUESA
(29,7 cm x 21 cm)

70
71
LÍNGUA PORTUGUESA
ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO DE DOCUMENTO

z Variações dos documentos oficiais

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com algumas possíveis variações:

„ [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um
órgão receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente;
„ [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expe-
diente para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe;
„ [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o
mesmo expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

Exemplos:

OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC


OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as
siglas ou nomes dos órgãos que receberão o expediente;

z Exposição de Motivos

Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:


propor alguma medida; submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou informá-lo de determinado
assunto.
A exposição de Motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que
o assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros
envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica
das exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil;

z Forma e estrutura

As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:

„ Apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou
informar ao Presidente da República algum assunto;
„ Indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se
solucionar o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes
sobre o assunto informado, quando for esse o caso; e
„ Na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar o
problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.

As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº 9.191,
de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de mérito que permi-
tam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição
de ato normativo, tem como propósito:

„ Permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;


„ Ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a
edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições
normativas no âmbito do Poder Executivo;
„ Conferir transparência aos atos propostos;
„ Resumir os principais aspectos da proposta; e
„ Evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.

A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos


ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário;

z Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof)

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos
72 com as propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, apresentados no exemplo do assunto Forma
e Estrutura, são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o nome do ministro que assinou a exposição
de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta.
Exemplo de exposição de motivos:

LÍNGUA PORTUGUESA

73
z Mensagem

A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente, as
mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da adminis-
tração pública; para expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter ao
Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer
comunicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias
caberá a redação final.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:

„ Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de lei


complementar e os que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais
e créditos adicionais: os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime normal (art. 61,
da CF) ou de urgência (§§ 1º a 4º, art. 64, da CF). O projeto pode ser encaminhado sob o regime normal e, mais
tarde, ser objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência.
74
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos „ Encaminhamento das contas referentes ao
membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada exercício anterior: o Presidente da República
com ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil tem o prazo de 60 dias após a abertura da ses-
da Presidência da República ao Primeiro-Secretário são legislativa para enviar ao Congresso Nacio-
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua nal as contas referentes ao exercício anterior
tramitação (caput do art. 64, da CF). (inciso XXIV, caput, art. 84, da CF), para exa-
Quanto aos projetos de lei que compreendem pla- me e parecer da Comissão Mista permanente
no plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos (§ 1º, art. 166, da CF), sob pena de a Câmara dos
anuais e créditos adicionais, as mensagens de enca- Deputados realizar a tomada de contas (inciso
II, caput, art. 51, da CF) em procedimento disci-
minhamento dirigem-se aos membros do Congresso
plinado no art. 215 do seu Regimento Interno;
Nacional, e os respectivos ofícios são endereçados
„ Mensagem de abertura da sessão legislati-
ao Primeiro-Secretário do Senado Federal. A razão é
va: deve conter o plano de governo, exposição
que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação
sobre a situação do país e a solicitação de pro-
congressual em sessão conjunta, mais precisamente,
vidências que julgar necessárias (inciso XI, art.
“na forma do regimento comum”. E, à frente da Mesa
84, da CF). O portador da mensagem é o Chefe
do Congresso Nacional, está o Presidente do Senado
da Casa Civil da Presidência da República. Esta
Federal (§ 5º, art. 57, da CF), que comanda as sessões
mensagem difere das demais, porque vai enca-
conjuntas.
dernada e é distribuída a todos os congressistas
em forma de livro;
„ Encaminhamento de medida provisória: „ Comunicação de sanção (com restituição
para dar cumprimento ao disposto no art. 62 de autógrafos): esta mensagem é dirigida aos
da Constituição, o Presidente da República Membros do Congresso Nacional, encaminha-
encaminha Mensagem ao Congresso, dirigida a da por ofício ao Primeiro-Secretário da Casa
seus Membros, com ofício para o Primeiro-Se- onde se originaram os autógrafos. Nela, infor-
cretário do Senado Federal, juntando cópia da ma-se o número que tomou a lei e se restituem
medida provisória; dois exemplares dos três autógrafos recebidos,
„ Indicação de autoridades: nas mensagens nos quais o Presidente da República terá aposto
que submetem ao Senado Federal a indica- o despacho de sanção;
ção de pessoas para ocuparem determinados „ Comunicação de veto: dirigida ao Presidente
cargos (magistrados dos tribunais superiores, do Senado Federal (§ 1º, art. 66, da CF), a men-
ministros do Tribunal de Contas da União, sagem informa sobre a decisão de vetar, se o
presidentes e diretores do Banco Central, Pro- veto é parcial, quais as disposições vetadas, e
curador-Geral da República, chefes de missão as razões do veto. Seu texto é publicado na ínte-
diplomática, diretores e conselheiros de agên- gra no Diário Oficial da União, ao contrário das
cias etc.) têm em vista que a Constituição, inci- demais mensagens, cuja publicação se restrin-
sos III e IV do caput do art. 52, atribui àquela ge à notícia do seu envio ao Poder Legislativo;
Casa do Congresso Nacional competência pri- „ Outras mensagens remetidas ao Legislativo:
vativa para aprovar a indicação;
Apreciação de intervenção federal (§ 2º, art. 36, da
O curriculum vitae do indicado, assinado, com a CF).
informação do número de Cadastro de Pessoa Físi- Encaminhamento de atos internacionais que acar-
ca, acompanha a mensagem. retam encargos ou compromissos gravosos (inciso I,
caput, art. 49, da CF);
„ Pedido de autorização para o Presidente ou Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis
o Vice-Presidente da República se ausenta- às operações e prestações interestaduais e de exporta-
rem do país por mais de 15 dias: trata-se de ção (inciso IV, § 2º, art. 155, da CF);
exigência constitucional (inciso III, caput do Proposta de fixação de limites globais para o mon-
art. 49 e art. 83, da CF), e a autorização é da tante da dívida consolidada (inciso VI, caput, art. 52,
competência privativa do Congresso Nacional. da CF);
O Presidente da República, tradicionalmente, Pedido de autorização para operações financeiras
por cortesia, quando a ausência é por prazo externas (inciso V, caput, art. 52, da CF);
inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Convocação extraordinária do Congresso Nacional
Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens (§ 6º, art. 52, da CF);
idênticas; Pedido de autorização para exonerar o Procura-
„ Encaminhamento de atos de concessão e dor-Geral da República (inciso XI, do art. 52, e art. 128,
LÍNGUA PORTUGUESA

de renovação de concessão de emissoras de da CF);


rádio e TV: a obrigação de submeter tais atos Pedido de autorização para declarar guerra e
à apreciação do Congresso Nacional consta no decretar mobilização nacional (inciso XIX, art. 84, da
inciso XII do caput do art. 49 da Constituição. CF);
Somente produzirão efeitos legais a outorga Pedido de autorização ou referendo para celebrar
ou a renovação da concessão após deliberação a paz (inciso XX, art. 84, da CF);
do Congresso Nacional (§ 3º, art. 223, da CF). Justificativa para decretação do estado de defesa
Descabe pedir na mensagem a urgência pre- ou de sua prorrogação (§ 4º, art. 136, da CF);
vista na Constituição, art. 64, uma vez que o Pedido de autorização para decretar o estado de
§ 1° do art. 223 já define o prazo da tramitação. sítio (art. 137, da CF);
Além do ato de outorga ou renovação, acompa- Relato das medidas praticadas na vigência do esta-
nha a mensagem o correspondente processo do de sítio ou de defesa (Parágrafo Único, art. 141, da
administrativo; CF); 75
Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
orçamentos anuais e créditos adicionais (§ 5º, art. 166, da CF);
Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de
veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (§ 8º, art. 166, da CF);
Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (§ 1º, art. 188, da CF).

Forma e estrutura

As mensagens contêm:

„ Brasão: timbre em relevo branco;


„ Identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
„ Vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário,
com o recuo de parágrafo dado ao texto;
„ Texto: iniciado a 2 cm do vocativo;
„ Local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu sig-
natário. Exemplo de mensagem:

76
z Correio eletrônico (e-mail) z Local e data

A utilização do e-mail para a comunicação tornou- São desnecessários no corpo da mensagem, uma
-se prática comum, não só em âmbito privado, mas vez que o próprio sistema apresenta essa informação;
também na administração pública. O termo e-mail
pode ser empregado com três sentidos. Dependendo z Saudação inicial/vocativo
do contexto, pode significar gênero textual, endereço
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado
eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem
por uma saudação. Quando endereçado para outras
eletrônica.
instituições, para receptores desconhecidos ou para
Como gênero textual, o e-mail pode ser conside- particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme
rado um documento oficial, assim como o ofício. Por- os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou
tanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível “Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado
com uma comunicação oficial. Senhor”, “Prezada Senhora”.
Como endereço eletrônico utilizado pelos servido- Exemplos:
res públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a Senhor Coordenador;
extensão “.gov.br”, por exemplo. Prezada Senhora;
Como sistema de transmissão de mensagens ele-
trônicas, por seu baixo custo e celeridade, transfor- z Fecho
mou-se na principal forma de envio e recebimento de
Atenciosamente é o fecho padrão em comunica-
documentos na administração pública;
ções oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o
uso de abreviações como “At.te”, e de outros fechos,
z Valor documental como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de ampla-
mente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de devem ser utilizados em e-mails profissionais.
24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor O correio eletrônico, em algumas situações, aceita
documental, isto é, para que possa ser aceito como uma saudação inicial e um fecho menos formal. No
documento original, é necessário existir certificação entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos
digital que ateste a identidade do remetente, segundo deve ser formal, como a que se usaria em qualquer
os parâmetros de integridade, autenticidade e valida- outro documento oficial;
de jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Bra-
sileira – ICP-Brasil. z Bloco de texto da assinatura
O destinatário poderá reconhecer como válido
Sugere-se que todas as instituições da administra-
o e-mail sem certificação digital ou com certificação
ção pública adotem um padrão de texto de assinatura.
digital fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questiona- A assinatura do e-mail deve conter o nome completo,
mento, será obrigatório a repetição do ato por meio o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
documento físico assinado ou por meio eletrônico Exemplo:
reconhecido pela ICP-Brasil. Maria da Silva
Salvo lei específica, não é dado ao ente público Assessora
impor a aceitação de documento eletrônico que não Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
atenda os parâmetros da ICP-Brasil; (61)XXXX-XXXX;

z Forma e estrutura z Anexos

Um dos atrativos de comunicação por correio A possibilidade de anexar documentos, planilhas


e imagens de diversos formatos é uma das vantagens
eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interes-
do e-mail. A mensagem que encaminha algum arqui-
sa definir padronização da mensagem comunicada.
vo deve trazer informações mínimas sobre o conteú-
No entanto, devem-se observar algumas orientações do do anexo.
quanto à sua estrutura; Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele
é realmente indispensável e se seria possível colocá-lo
z Campo “Assunto” no corpo do correio eletrônico.
Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencami-
nhamento de anexos nas mensagens de resposta.
LÍNGUA PORTUGUESA

O assunto deve ser o mais claro e específico pos-


sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Os arquivos anexados devem estar em formatos
Assim, quem irá receber a mensagem identificará usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
rapidamente do que se trata; quem a envia poderá, Quando se tratar de documento ainda em discussão,
os arquivos devem, necessariamente, ser enviados em
posteriormente, localizar a mensagem na caixa do
formato que possa ser editado;
correio eletrônico.
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramen-
z Recomendações
te o conteúdo completo da mensagem para que não
pareça, ao receptor, que se trata de mensagem não „ Sempre que necessário, deve-se utilizar recur-
solicitada/lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um so de confirmação de leitura. Caso não esteja
assunto mais preciso seria “Agendamento de reunião disponível, deve constar da mensagem pedido
sobre a Reforma da Previdência”; de confirmação de recebimento; 77
„ Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos computadores, mantêm-se a recomendação de tipo de
fonte, tamanho e cor dos documentos oficiais: Calibri ou Carlito, tamanho 12, cor preta;
„ Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem ser utilizados, pois não são apropriados para mensagens
profissionais, além de sobrecarregar o tamanho da mensagem eletrônica;
„ A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada com o mesmo cuidado com que se revisam outros
documentos oficiais;
„ O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser
utilizados;
„ Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das
conversas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
„ Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota
agressividade de parte do emissor da comunicação.
„ Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e de
logotipos do ente público junto ao texto da assinatura.
„ Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do
destinatário.

ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO

z Ata

Ata é o resumo escrito dos fatos e decisões de uma assembleia, sessão ou reunião para um determinado fim;

z Normas

Geralmente, as atas são transcritas à mão pelo secretário, em livro próprio, que deve conter um termo de aber-
tura e um termo de encerramento, assinados pela autoridade máxima da entidade ou por quem receber daquela
autoridade delegação de poderes para tanto; esta também deverá numerar e rubricar todas as folhas do livro.
Como a ata é um documento de valor jurídico, deve ser lavrada de tal forma, que nada lhe poderá ser acrescen-
tado ou modificado. Se houver engano, o secretário escreverá a expressão “digo”, retificando o pensamento. Se o
engano for notado no final da ata, escrever-se-á a expressão — “Em tempo: Onde se lê..., leia-se...”.
Nas atas, os números devem ser escritos por extenso, evitando-se também as abreviações. As atas são redigi-
das sem se deixarem espaços ou parágrafos. a fim de se evitarem acréscimos.
O tempo verbal preferencialmente utilizado na ata é o pretérito perfeito do indicativo.
Quanto à assinatura, deverão fazê-lo todas as pessoas presentes ou, quando deliberado, apenas o presidente
e o secretário.
Permite-se também a transcrição da ata em folhas digitadas, desde que as mesmas sejam convenientemente
arquivadas, impossibilitando fraude.
Em casos muito especiais, usam-se formulários já impressos, como os das seções eleitorais.

Comércio de Peças 24 horas Ltda.

DATA/HORA E LOCAL - Aos vinte de abril de 2.002, às dez horas, na sede da sociedade, na rua Esmeralda nº 280,
Bairro Pedralina, em Pedra Azul, em (nome do Estado), CEP 30.220.060; PRESENÇA – sócios representando mais
de ¾ do capital social; COMPOSIÇÃO DA MESA – FULANO DE TAL, presidente e BELTRANO DE TAL, secretário;
PUBLICAÇÕES – anúncio de convocação, no (órgão oficial do Estado) e no (jornal de grande circulação), nas
edições de 10, 11 e 12 do corrente mês, às fls ... e.., respectivamente; ORDEM DO DIA - tomar as contas dos
administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de resultado econômico; DELIBERAÇÕES –
após a leitura dos documentos mencionados na ordem do dia, que foram colocados à disposição de todos
os sócios, trinta dias antes, conforme recibo, postos em discussão e votação, foram aprovados sem reservas
e restrições; ENCERRAMENTO E APROVAÇÃO DA ATA. Terminados os trabalhos, inexistindo qualquer
outra manifestação, lavrou-se a presente ata que, lida, foi aprovada e assinada por todos os sócios.

BeltranodeTal,SicranodeTal,FulanodeTal,Filmandodetal,OrlandodeTal,CapistranodeTal.

z Atestado

Atestado é o documento firmado por uma pessoa favor de outra, atestando a verdade a respeito de determina-
do fato. As repartições públicas, em razão de sua natureza, fornecem atestados, e não declarações.
O atestado difere da certidão, porque, enquanto esta prova fatos permanentes, aquele se refere a fatos
transitórios.

„ Como fazer:

O Atestado, geralmente, é fornecido por alguém que exerce posição de cargo superior ou igual ao da pessoa
78 que está pedindo o atestado;
O papel do atestado deve conter carimbo ou timbre da entidade que o expede;
O atestado costuma ser escrito em atendimento à solicitação do interessado;

„ A redação de um atestado apresenta a seguinte ordem:

Título, ou seja, a palavra ATESTADO em maiúsculas;


Nome e identificação da pessoa que emite (que pode ser escrito no final, após a assinatura) e o nome e identi-
ficação da pessoa que solicitou;
Texto, sempre resumido, claro e preciso, contendo o que se está confirmando ou negando;
Assinatura, nome e cargo ou função de quem atesta.

Secretaria de Segurança Pública


ATESTADO DE BONS ANTECEDENTES

Atestamos para os devidos fins que o Sr. Adelmiro Floresta, residente nesta cidade na Rua
Fagundes Sobrinho, 123, Bairro Sobradinho, é pessoa de bons antecedentes, nada constando em nossos ar-
quivos, até a presente data, que venha a desabonar sua conduta.

São Paulo, 9 de setembro de 2009.

Roberto Dagoberto
Roberto Dagoberto
Escrivão De Polícia da 17ª DP

z Circular

Circular é o meio de correspondência pelo qual alguém se dirige, ao mesmo tempo, a várias repartições ou
pessoas. E, portanto, correspondência multidirecional. Na circular, não consta destinatário, pois ela não é unidi-
recional, e o endereçamento vai no envelope.

CIRCULAR GERAL Nº 58, Porto Alegre, 17 de dezembro de 1998.

ASSUNTO: Obras no Estacionamento

Entre os dias X e Y o setor de estacionamento da Acme Com. Ltda. passará por obras de
reforma estrutural, de modo a melhorar o serviço prestado aos funcionários. Durante este período,
o local estará interditado sendo liberado o uso do pátio dos fundos para guarda dos veículos.
Atenciosamente,
LÍNGUA PORTUGUESA

Fulano de Tal
Fulano de Tal
Diretor-Geral de Negócios

z Declaração
Declaração é um documento que se assemelha ao atestado, mas que não deve ser expedido por órgãos públicos.
É um documento em que se manifesta uma opinião, conceito, resolução ou observação.
79
Compõe-se de:

„ Título: DECLARAÇÃO;
„ Texto: nome do declarante – identificação pessoal ou profissional (ou ambas, residência, domicílio, finali-
dade e exposição de assunto;
„ Local e data;
„ Assinatura (e identificação do signatário).

DECLARAÇÃO

Declaro, para os devidos fins, que Mulher Maravilha, brasileira, solteira, amazonense, natural
do município de Itacoatiara, nascida em 28 de fevereiro de 1986, filha de Batmam e de Super Girl,
trabalhou na Liga da Justiça no período de 1999 a 2006, exercendo com correção, responsabilidade e
competência a função de heroína para a qual está devidamente qualificada, conforme currículo anexo.

Manaus, 20 de abril de 2007

ClarkKent
_____________________
Super Homem

z Requerimentos

Requerimentos são instrumentos utilizados para os mais diferentes tipos de solicitações às autoridades ou
órgãos públicos. A seguir, apresentamos um modelo, que pode ser adaptado para os diferentes casos.
Nele, podemos observar as seguintes partes:

„ Nome e qualificação do requerente;


„ Exposição e solicitação;
„ Pedido de deferimento;
„ Local e data;
„ Assinatura.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

9 - 40/1
A Com FOCO Virtual, representada pelo Sr. João Paulo Silva, Gerente Comer-
cial, vem, mui respeitosamente, requerer a Vossa Excelência que se digne declará-la de uti-
lidade pública federal, na conformidade da Lei n° 91, de 28 de agosto de 1935 e Decreto n°
50.517, de 02 de maio de 1961, para o que, anexa ao presente, os documentos exigidos pela lei.

Termos em que pede


deferimento.
Brasília, 25 de setembro de 2006.

João Paulo Silva


Gerente Comercial
Crotalo Nefasto

80
Importante!
Não é obrigatória a assinatura do presidente nos requerimentos apresentados como modelo, podendo fazê-lo
os seus prepostos desde que devidamente credenciados.

z Relatório

É modalidade de comunicação pela qual se faz a narração ou descrição, ordenada e mais ou menos minuciosa,
daquilo que se viu, ouviu ou observou.
Compõe-se de

„ Título: relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);


„ Vocativo - relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);
„ Introdução - apresentação do observador e do fato observado;
„ Texto - exposição cronológica do fato observado;
„ Fecho;
„ Local e data;
„ Assinatura (e identificação do signatário).

RELATÓRIO DO CURSO DE INTELIGÊNCIA POLICIAL NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO

Senhor Superintendente Regional do Departamento de Polícia Federal do Distrito Federal – SR/DPF/DF,

No período de 6 a 10 de novembro de 2006 foi realizado o Curso de Inteligência Policial no Combate


ao Narcotráfico para policiais do MERCOSUL e países Associados, oferecido pela Academia Nacional de
Polícia (ANP), sob supervisão do Centro de Coordenação de Capacitação Policial do MERCOSUL (CCCP).
O evento ocorreu na Academia Nacional de Polícia em Brasília/Brasil, e contou com a participação de
22 alunos do MERCOSUL, sendo: (6) da Argentina; (1) do Chile; (1) do Uruguai; (2) da Venezuela e (12) do Brasil.
Na cerimônia de abertura estiveram presentes autoridades da Polícia Federal, como: o diretor de Inteligência
Policial, DPF RENATO HALFEN DA PORCIÚNCULA; o diretor da Academia Nacional de Polícia, DPF VALDINHO JACINTO
CAETANO;ocoordenadordePolíciaCriminalInternacional,DPFALBERTOLASSERREKRATZFILHO;alémdestasignatária;
Também estiveram presentes: o diretor do Centro de Coordenação de Capacitação Policial do Mercosul,
Coronel Hugo Greca, da Argentina; o Sr. Hector Daniel Pujol, da Polícia Federal Argentina; Carlos Gabriel Heredia,
da Polícia de Segurança Aeroportuária da Argentina; o representante da Venezuela, Nino Gonzalez Suarez, do
Ministério do Interior. E ainda, o Sr. Maikel Trento, da Assessoria Internacional do Ministério da Justiça do Brasil.
Discursaram na cerimônia a oficial de ligação do Brasil junto ao CCCP, DPF Mirânjela
M. B. Leite, que destacou as atividades a serem instituídas pelo centro; também o Diretor do
Centro, Cel. Hugo Greca; o diretor da ANP; e o diretor de Inteligência Policial. Todos destacaram a
importância da integração entre as forças de segurança pública do MERCOSUL e países associados,
como fundamental para buscar a eficácia no combate a criminalidade em todos os países.
Logo após a cerimônia de abertura do curso, o diretor da Diretoria de Combate ao Crime Organizado, Delegado de
PolíciaFederal,GetúlioBezerradosSantos,proferiupalestra,deumahora,abordandootema:CrimeOrganizadonoMercosul.
Na cerimônia de encerramento estiveram presentes, o diretor da Academia Nacional de Polícia, DPF
Valdinho Jacinto Caetano; o representante da Argentina Omar Aníbal Tabares; o oficial de ligação do Chile
Armando Muñoz Moreno; o representante da Venezuela, Nino Gonzalez Suarez; além desta signatária.
Nos discursos de encerramento, foi destacada a importância de se fortalecer o Centro de Coordenação
e Capacitação Policial do MERCOSUL, para que se realizem os eventos de capacitação continuada
das forças de segurança e/ou policiais, enviando participantes, o que criará uma rede integrada de
pessoas, o que certamente reforçará o efetivo para o combate ao crime organizado nos nossos países.
Ao final foram entregues certificados a todos os participantes.
Brasília, 3 de janeiro de 2007.
LÍNGUA PORTUGUESA

Mariângela Margarida da Nata Leite


Mariângela Margarida da Nata Leite
Delegada da 89ª Delegacia de Chapecó - AC

81
z Parecer

A forma de comunicação pela qual um especialista emite uma opinião fundamentada sobre determinado
assunto.

„ Vocativo;
„ Identificação do especialista;
„ Introdução - apresentação do assunto;
„ Texto - exposição de opinião e seu fundamento;
„ Local e data;
„ Assinatura (e identificação do signatário).

Ref. Ação 001/1.01.0000000-0

Sr. Juiz,

Nomeado Perito na ação número 001/1.01.0000000-0, em que são partes Engênio Da Silva Civil, como Autor,
e Réunaldo Culpaldo , como Réu, venho trazer aos autos o Laudo Pericial produzido.
Introdução
A Perícia buscou identificar as características físicas e o valor de locação para o imóvel em questão,
situado a Rua Xavante Xexeu, 999, no bairro Xaxambu, em Cidade Caxumba Paulista .
Vistoria
A vistoria ao imóvel objeto desta ação foi realizada no dia 31 de março, às 9h, na presença do Réu e dos
procuradores das partes, Dr. Causídico Leal e Dr. Jurisprudêncio Legal.
Na ocasião foram examinadas as construções, avaliando-se o estado de conservação, e foram
tomadas medidas para identificar as áreas construídas com registro fotográfico e croqui do imóvel.
O terreno tem dimensões de 12m x 32m e área de 384m2. Verificou-se que existem duas construções
(identificadas nesse Laudo como Casa A e Casa B). Pode-se dizer que são duas construções, pois são independentes,
embora compartilhem parte de área coberta (área de serviço). A construção principal (Casa A) tem 106,40 m2
no total, sendo 63,00m2 referentes ao projeto original (fls. 28 dos autos em apenso – referentes à ação número
1000000000-1), com acréscimos posteriores. A outra construção (Casa B) tem 31,20m2. A área total construída é
de 137,60m2, aproximando-se da área apontada pela Prefeitura Municipal a fls. 25 dos mesmos autos em apenso.
Concluindo esse laudo pericial, ressalto as principais questões abordadas: (a) no terreno da matrícula MA 8875H
(AnexoI)existeumaáreaconstruídade137,60m2compostaporduascasas,umaemmadeiraeoutraemalvenaria(Fotografias
1 e 2, Tabela 1); e (b) o valor de locativo mensal adequado para essas construções é de R$ 400,00 (quatrocentos reais).

Para apreciação de V. Exa.,


Respeitosamente,
Cidade, 7 de abril de 2008.

Eugênio Da Silva Civil


Profissional
Engenheiro Civil

É muito importante deixar claro que o Decreto 9.758, de 11 de abril de 2019, não alterou o Manual de Reda-
ção da Presidência da República. “O Decreto dispõe sobre a forma de tratamento empregada na comunicação,
oral ou escrita, com agentes públicos da administração pública federal direta e indireta, e sobre a forma de
endereçamento de comunicações escritas a eles dirigidas.” Isso significa que serão novas regras aplicadas às
redações oficiais realizadas a partir dessa data apenas entre os agentes do Poder Executivo Federal.
Comunicações destinadas aos outros poderes permanecem segundo o MRPR. Logo, só implicará alteração
em provas de concurso caso o edital traga orientações que orientem sobre as mudanças pertinentes a esse
decreto, indicando claramente que serão cobradas as legislações correlatas ou especificando o Decreto n.
9.758, de 11 de abril de 2019. Do contrário, valem unicamente as determinações que estão no MANUAL.
Tendo esclarecido isso, vamos à mudança em si.
Observa-se que as alterações se aplicam claramente às formas de emprego dos pronomes de tratamento.

DECRETO N. 9.758, DE 11 DE ABRIL DE 2019

Dispõe sobre a forma de tratamento e de endereçamento nas comunicações com agentes públicos da adminis-
tração pública federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da
Constituição, DECRETA:

Objeto e âmbito de aplicação

Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a forma de tratamento empregada na comunicação, oral ou escrita, com agentes
públicos da administração pública federal direta e indireta (nota: os agentes do Poder Executivo Federal), e sobre a
forma de endereçamento de comunicações escritas a eles dirigidas.
82
§ 1º O disposto neste Decreto aplica-se às cerimô- 1. a mera indicação do cargo ou da função e do
nias das quais o agente público federal participe. setor da administração ser insuficiente para a iden-
§ 2º Aplica-se o disposto neste Decreto: tificação do destinatário; ou
1. aos servidores públicos ocupantes de cargo 2. a correspondência ser dirigida à pessoa de agente
efetivo; público específico.
2. aos militares das Forças Armadas ou das forças
auxiliares; Vigência
3. aos empregados públicos;
4. ao pessoal temporário; Art. 5º Este Decreto entra em vigor em 1º de maio
5. aos empregados, aos conselheiros, aos diretores e de 2019.
aos presidentes de empresas públicas e sociedades Brasília, 11 de abril de 2019; 198º da Independência
de economia mista; e 131º da República.
6. aos empregados terceirizados que exercem ativi-
dades diretamente para os entes da administração
JAIR MESSIAS BOLSONARO
pública federal;
Marcelo Pacheco dos Guaranys
7. aos ocupantes de cargos em comissão e de fun-
ções de confiança;
8. às autoridades públicas de qualquer nível hierár-
quico, incluídos os Ministros de Estado; e
9. ao Vice-Presidente e ao Presidente da República. HORA DE PRATICAR!
§ 3º Este Decreto não se aplica:
1. às comunicações entre agentes públicos federais 1. (IDECAN – 2019)
e autoridades estrangeiras ou de organismos inter-
nacionais; e Grandes questões. Respostas indígenas.
2. às comunicações entre agentes públicos da admi-
nistração pública federal e agentes públicos do Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do
Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Tribunal Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜ-
de Contas, da Defensoria Pública, do Ministério GÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de
Público ou de outros entes federativos, na hipótese todo o mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão,
de exigência de tratamento especial pela outra par-
Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim
te, com base em norma aplicável ao órgão, à entida-
como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Bani-
de ou aos ocupantes dos cargos.
wa e Tupinambá do Brasil, povos indígenas se reúnem
no Museu do Índio para refletir criticamente sobre
Pronome de tratamento adequado
como métodos indígenas de pesquisa são essenciais
para entender os principais problemas que o mundo
Art. 2º O único pronome de tratamento utiliza-
enfrenta no século XXI.
do na comunicação com agentes públicos federais é
“senhor”, independentemente do nível hierárquico, Seja para abordar os desafios da mudança climáti-
da natureza do cargo ou da função ou da ocasião. ca ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a
Parágrafo único. O pronome de tratamento é fle- violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais
xionado para o feminino e para o plural. ameaçados, os pesquisadores questionam como o
conhecimento indígena pode ser ativado de forma efe-
Formas de tratamento vedadas tiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conheci-
Art. 3º É vedado na comunicação com agentes mento tradicional núbio(a) pode informar decisões
públicos federais o uso das formas de tratamento, sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do
ainda que abreviadas: povo Emberá- Chami demonstra a importância do
1. Vossa Excelência ou Excelentíssimo; conhecimento indígena para a resolução de questões
2. Vossa Senhoria; de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de
3. Vossa Magnificência; um pesquisador Acholi, que examina soluções para a
4. doutor; seca em Uganda.
5. ilustre ou ilustríssimo; Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de
6. digno ou digníssimo; e todos os impactos positivos dessas colaborações
7. respeitável. para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil
§ 1º O agente público federal que exigir o uso dos enfrenta questões urgentes relacionadas à sua heran-
pronomes de tratamento de que trata o caput,
ça indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance
mediante invocação de normas especiais referentes
para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas
ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor
que reflitam juntos sobre como a pesquisa acadêmica
LÍNGUA PORTUGUESA

do mesmo modo.
§ 2º É vedado negar a realização de ato administrativo pode proteger, preservar e promover o desenvolvimen-
ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente to sustentável para os povos indígenas do Brasil.
caso haja erro na forma de tratamento empregada. Pesquisadores foram convidados a vir ao país para per-
guntar e entender como esforços de pesquisa colabora-
Endereçamento de comunicações tiva podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas(c) e culturas indígenas.
Art. 4º O endereçamento das comunicações dirigi- Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa
das a agentes públicos federais não conterá prono- para compreender a relação entre o desmatamento, a
me de tratamento ou o nome do agente público. mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais
Parágrafo único. Poderão constar o pronome de dos calendários indígenas. Para resistir à municipali-
tratamento, na forma deste Decreto, e o nome do zação da assistência médica indígena, é preciso haver
destinatário nas hipóteses de: pesquisas para examinar como manter um cuidadoso 83
equilíbrio entre conhecimentos indígenas e não indí- 2. (IDECAN – 2019) Leia o texto abaixo, que é tido como
genas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a dedicatória do narrador de Memórias Póstumas de
água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto Brás Cubas, para responder à questão.
tempo seus peixes continuarão a alimentar as aldeias,
à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem Ao verme
seus afluentes ou o próprio(d) rio é bloqueado por bar- Que
ragens hidrelétricas? Primeiro roeu as frias carnes
Os debates começam sob os milhares de estrelas do Do meu cadáver
céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se con- Dedico
templam as cosmologias indígenas nas constelações Como saudosa lembrança
de cada um de nossos visitantes. Na sequência, have- Estas
rá a busca de respostas para perguntas significativas. Memórias Póstumas
Como criar pesquisas equitativas, específicas a um
contexto e sensíveis em termos históricos, culturais O termo “cadáver”, segundo a Nova Ortografia da Lín-
e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento gua Portuguesa, é acentuado graficamente pelo mes-
entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode mo motivo linguístico que
superar desequilíbrios de poder arraigados, sobre os
quais nossos sistemas universitários de ensino e pes- a) jóia.
quisa são construídos(b)? b) vôo.
c) destróier.
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram
d) catéter.
colaboradores de doze projetos conduzidos por aca-
e) pára.
dêmicos britânicos em parceria com pesquisadores
indígenas de várias partes do mundo para criar um
3. (IDECAN – 2019) Leia o texto abaixo para responder à
novo conjunto de diretrizes para pesquisa em univer-
questão.
sidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges
Research Fund (GCRF)
ONG confirma segunda morte em conflitos na
– um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte
Venezuela
do governo do Reino Unido para criar parcerias que Segunda vítima é mulher que foi baleada na cabe-
apoiem pesquisas de ponta para lidar com os prin- ça, informa o Observatório Venezuelano de Conflito
cipais desafios enfrentados por países em desen- Social (OVCS). País enfrenta onda de protestos pró e
volvimento –, o seminário examina em que medida contra Maduro.
a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo
conduzida a partir do ponto de vista indígena e bus- Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/05/02/
ca propor como as universidades podem garantir uma ong-relata-morte-de-mais-uma-pessoa-durante-protestos-na-
estrutura ética para pesquisas que tragam benefí- venezuela.ghtml
cios(e) diretos a povos indígenas. Acima de tudo, vai
questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir No texto, no que concerne à grafia, as iniciais maiús-
e qual a melhor forma de realizá-la. culas em “Observatório Venezuelano de Conflito
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Lon- Social” são gramaticalmente
dres colaboram em projetos de pesquisa financiados
pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa a) inadequadas, pois se trata de um substantivo comum,
de residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro em razão de formação por sigla.
na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 b) inadequadas, pois se trata de um adjetivo ligado à
artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro. Venezuela.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que c) inadequadas, pois, no gênero textual notícia, deve
oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos haver a ausência de iniciais maiúsculas.
d) adequadas, pois se trata de um substantivo próprio.
de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o
e) adequadas, pois o gênero notícia exige este tipo de
Museu Hornimam, em Londres, para criar uma expe-
grafia para convencer ao leitor.
riência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tec-
nologias de realidade virtual e aumentada.
4. (IDECAN – 2019) Leia os textos abaixo, retirados do
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias par-
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, para res-
tes do mundo, vamos compartilhar muitas questões
ponder à questão.
e esperamos ter algumas respostas. Vamos também
contar histórias e refletir sobre como as narrativas que sofisticado (sXVI cf. AGC)
precisamos contar e ouvir estão cada vez mais amea- princ. etim. gram.
çadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e adjetivo
mobilizar conhecimentos. que se sofisticou
1. enganado com sofismas
(Takumã Kuikuro e Paul Heritage. Le Monde Diplomatique Brasil. 21
de março de 2019, com adaptações.) 2. que foi alterado fraudulentamente; falsificado, adulterado
3. que tem sutileza ou utilidade sofística
Assinale a alternativa em que a palavra tenha sido 4. pej. que não é natural; postiço, artificial, afetado
acentuada seguindo regra igual à de reúnem. 5. pej. falsamente intelectual ou rebuscado <linguagem s.>
6. que tem requinte, originalmente, bom gosto; fino, requintado
a) núbio <s. no vestir> <um jantar s.>
b) construídos 7. que demonstra conhecimentos profundos e atualizados sobre
(alguma coisa); profundo, complexo, erudito <raciocínio s.>
c) águas <um meio acadêmico e s.>
d) próprio
8. que é muito avançado, complexo, bem aparelhado, eficiente;
84 e) benefícios aprimorado <exame s. do cérebro>
joia (sXIV cf. FichIVPM) ortoépia: ói criam mystica e domesticamente, e a lingua que nas
princ. etim. ditas familias se fala E) he a dos indios, e a portugue-
substantivo feminino za a vão os meninos aprender à escola [...]’
que se sofisticou
1. objeto de metal precioso finamente trabalhado, em que muitas vezes se (HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2,
engastam pedra preciosas, pérolas etc. ou a que é aplicado esmalte, us. páginas 122 e 123, versão digital)
como acessório de vestuário, adorno de cabeça, pescoço, orelhas, braços,
dedos etc.
O tempo verbal (com a alteração do modo) constante
2. pedra preciosa de grande valor
do signo “opusesse” (3º parágrafo) ocorre em
Disponíveis em: www.houaiss.uol.com.br
a) “valiam”.
b) “valem”.
O gênero textual verbete de dicionário, além de apre-
c) “funda”.
sentar aspectos acerca da etimologia (origem da pala-
d) “estão”.
vra), informa o leitor sobre a grafia e o significado dos
e) “fala”.
signos linguísticos. O TEXTO I, trata-se de um verbete
retirado do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
6. (IDECAN – 2019) Texto para a questão:
Nesse verbete, quando o leitor se inteira sobre o signi-
ficado da palavra “sofisticado”, ocorre
FILOSOFIA DOS EPITÁFIOS
a) reação de estranhamento, em razão do valor semânti-
Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epi-
co informado nos itens 1, 2, 3, 4 e 5 do verbete, tendo-
táfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a
-se como base o senso comum.
gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto
b) quebra de expectativa, caso sejam observados ape-
egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um
nas os itens 6, 7 e 8 do verbete, com base no senso
farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem,
comum.
talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus
c) quebra de expectativa, caso sejam observados ape-
mortos na vala comum (*); parece-lhes que a podri-
nas os itens 1, 7 e 8 do verbete, com base no senso
dão anônima os alcança a eles mesmos.
comum.
d) reação de estranhamento, em razão do valor semân-
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)
tico informado nos itens 6, 7 e 8 do verbete, tendo-se
como base o senso comum.
Acerca do excerto “(...) parece-lhes que a podridão
e) quebra de expectativa, caso sejam observados ape-
anônima os alcança a eles mesmos.”, pode-se afirmar
nas os itens 3, 5 e 8 do verbete, com base no senso
que o
comum.
a) trecho “que a podridão anônima os alcança a eles
5. (IDECAN – 2019) Texto retirado da obra “Raízes do
mesmos” funciona como sujeito do verbo parecer.
Brasil” para responder à questão.
b) pronome “lhes” funciona como sujeito do verbo parecer.
c) pronome “lhes” funciona como objeto direto do verbo
2. A LÍNGUA-GERAL EM SÃO PAULO
parecer.
d) pronome “lhes” funciona como dativo de posse do
O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algu- nome podridão.
mas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado e) pronome “os” funciona como objeto direto do verbo
de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de parecer.
1945, em artigos cujo texto se reproduz, a seguir, qua-
se na íntegra.
7. (IDECAN – 2018)
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de
Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do
“Sem cultura você tem a fronteira, o país, mas não
que ao indígena, se deve nossa extraordinária rique-
tem uma nação.”
za de topônimos de procedência tupi. Mas admite-se
sem convicção muito arraigada, pois parece evidente
Fernanda Montenegro é lacônica sobre o ofício que
que uma população “primitiva”, ainda quando numero-
escolheu: “uma profissão arretada”. O teatro, que no
sa, tende inevitavelmente a aceitar os padrões de seus
Brasil vive em permanente estado de emergência, só
dominadores mais eficazes.
admite aqueles que, como ela, são devotos do palco,
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas
sem moderação ou desconfiança. “desista. Se morrer,
a um dos argumentos invocados por Teodoro Sam-
volta. Se não morrer, não volta”, disse a uma amiga
paio, o de que os paulistas da era das bandeiras se
LÍNGUA PORTUGUESA

relembrando o conselho que havia dado a jovens ato-


valiam A) do idioma tupi em seu trato civil e domésti-
res minutos antes da entrevista ao Le Monde Diploma-
co, exatamente como os dos nossos dias se valem B)
tique Brasil começar.
do português.
Completando 89 anos neste mês (16/10), Fernanda
Esse argumento funda C)-se, no entanto, em teste-
Montenegro viveu os últimos oito anos em um diálogo
munhos precisos e que deixam pouco lugar a hesita-
entre passado e presente, buscando em fotos e cartas
ções, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre
resquícios do que foram os 75 anos de vida pública
voto que proferiu acerca das dúvidas suscitadas
dedicada às artes, especialmente ao teatro, ao cinema
pelos moradores de São Paulo em torno do espinho-
e à televisão. São registros físicos que se complemen-
so problema da administração do gentio. “É certo”,
tam nas lembranças de uma memória intacta, capaz
sustenta o grande jesuíta, “que as famílias dos por-
de recordar fatos e afetos: “Eu sou a minha memória”,
tuguezes e indios de São Paulo estão D) tão ligadas
confessaria no decorrer da conversa.
hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se 85
Fernanda é a sua memória, mas é também um punha- O marcador textual “no entanto” possui valor textual de
do de gente que escreveu com ela capítulos fundamen-
tais da nossa cultura. “A arte é um congraçamento. No a) repristinação.
caso do teatro, você tem de estar diante do outro. É b) adição.
uma comunhão na zona da pele”, reflexiona. Alguns c) adversidade.
desses fragmentos estão catalogados no livro Fernan- d) finalização.
da Montenegro: itinerário fotobiográfico, lançado este e) consignação.
ano pela editora Sesc.
Na obra, a atriz expõe o que fez, mas também aquilo 9. (IDECAN – 2018) Texto para responder a questão
que não quis fazer, como aceitar uma das ofertas que
recebeu para exercer um cargo público. A explicação é
Farmácia literária
modesta e tem a ver com os termos que iniciam este
texto: é no teatro - na arte - que ela diz o que preci-
sa. Isso não a impede, no entanto, de criticar o pou- Imagine chegar ao consultório ou ao hospital com
co apreço de nossos governantes pela cultura. “Sem um incômodo qualquer e sair de lá com a prescrição
cultura você tem a fronteira, o país, mas não tem uma de uma terapia intensiva de George Orwell, seguida
nação. A grossura de Brasília é como uma muralha de pílulas de Fernando Pessoa, emplastros de Victor
difícil de ser sensibilizada”, pondera. (...) Hugo e doses generosas de Monteiro Lobato. Você
não leu errado: uma boa história ajuda a aliviar depres-
A explicação é modesta e tem a ver com os termos que são, ansiedade e outros problemas que atingem a
iniciam este texto: é no teatro - na arte - que ela diz o cabeça e o resto do organismo.
que precisa. Isso não a impede, no entanto, de criticar o Quem garante esse poder medicamentoso das fic-
pouco apreço de nossos governantes pela cultura. ções são as inglesas Ella Berthoud e Susan Elderkin,
que acabam de publicar no Brasil Farmácia Literária
No trecho acima, os pronomes destacados exercem, (Verus). Redigida no estilo de manual médico, a obra
respectivamente, função reúne cerca de 200 males divididos em ordem alfabé-
tica. Para cada um, há dicas de leituras.
a) anafórica e dêitica. As autoras se conheceram enquanto estudavam lite-
b) anafórica e catafórica. ratura na Universidade de Cambridge. Entre um debate
c) catafórica e anafórica. sobre um romance e outro, viraram amigas e criaram
d) dêitica e anafórica. um serviço de biblioterapia, em que apontam exem-
e) dêitica e dêitica. plares para indivíduos que procuram assistência. “O
termo biblioterapia vem do grego e significa a cura por
8. (IDECAN – 2019) Texto retirado da obra “Raízes do meio dos livros”, ressalta Ella.
Brasil” para responder à questão.
O método é tão sério que virou política de saúde públi-
2. A LÍNGUA-GERAL EM SÃO PAULO ca no Reino Unido. Desde 2013, pacientes com doen-
ças psiquiátricas recebem indicações do que devem
O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas ler direto do especialista. Da mesma maneira que vão
controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Pau- à drogaria comprar remédios, eles levam o receituá-
lo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em artigos rio à biblioteca e tomam emprestados os volumes
cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra. aconselhados.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de
Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do A iniciativa britânica foi implementada com base numa
que ao indígena, se deve nossa extraordinária rique- série de pesquisas recentes que avaliaram o papel das
za de topônimos de procedência tupi. Mas admite-se
palavras no bem-estar. Uma experiência realizada na
sem convicção muito arraigada, pois parece evidente
Universidade New School, nos Estados Unidos, mos-
que uma população “primitiva”, ainda quando numero-
trou que pessoas com o hábito de reservar um tempo
sa, tende inevitavelmente a aceitar os padrões de seus
dominadores mais eficazes. às letras costumam ter maior empatia, ou seja, uma
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a capacidade ampliada de entender e se colocar no
um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o lugar do próximo. Outra pesquisa da também america-
de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do na Universidade Harvard apontou que leitores ávidos
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente são mais sociáveis e abertos para conversar.
como os dos nossos dias se valem do português. E olha que estamos falando de ficção mesmo. No
Esse argumento funda-se, no entanto, em testemu- novo livro não vemos gêneros como autoajuda ou
nhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, biografia. “Eles já tinham o seu espaço, enquanto as
como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto ficções eram um recurso pouco utilizado. É difícil lem-
que proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos brar-se de uma condição que não tenha sido retratada
moradores de São Paulo em torno do espinhoso pro- em alguma narrativa”, esclarece Susan.
blema da administração do gentio. “É certo”, sustenta As autoras acreditam que é possível tirar lições valiosas
o grande jesuíta, “que as famílias dos portuguezes e do que fazer e do que evitar a partir da trajetória de heróis
indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás e vilões. “Ler sobre personagens que experimentaram ou
outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e sentiram as mesmas coisas que vivencio agora auxilia,
domesticamente, e a lingua que nas ditas familias se inspira e apresenta perspectivas distintas”, completa.
fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos As sugestões percorrem praticamente todas as épo-
aprender à escola [...]’ cas e movimentos literários da humanidade. A obra
mais antiga que integra o livro é a epopeia O Asno de
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, Ouro, assinada pelo romano Lúcio Apuleio no século 2,
páginas 122 e 123, versão digital)
86 que serve de fármaco para exagero na autoconfiança.
Há também os moderníssimos Reparação, do inglês Se os direitos políticos significam participação no
Ian McEwan (solução para excesso de mentira), e governo, uma diminuição no poder do governo reduz
1Q84, do japonês Haruki Murakami (potente para as também a relevância do direito de participar. Por outro
situações em que o amor simplesmente termina). lado, a ampliação da competição internacional colo-
Disponível em 20 países, cada edição de Farmácia ca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as
Literária é adaptada para a cultura local, com a inclu- finanças estatais, o que acaba afetando o emprego
são de verbetes e de literatos nacionais. “Nós precisa- e os gastos do governo, do qual dependem os direi-
mos contemplar as obras que formaram e moldaram tos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm
o ideal daquela nação para que nosso ofício faça sen- recolocado em pauta o debate sobre o problema da
tido”, conta Ella. No caso do Brasil, foram inseridos cidadania, mesmo nos países em que ele parecia estar
os principais textos de Machado de Assis, Guimarães razoavelmente resolvido.
Rosa e Milton Hatoum, que fazem companhia aos por- Tudo isso mostra a complexidade do problema. O
tugueses Eça de Queirós e José Saramago.
enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a
(16 de abril de 2017. Rosa Maria Miguel Fontes. Disponível em:
identificar melhor as pedras no caminho da constru-
http://blogs.uai.com.br/contaumahistoria/farmacia-literaria/.) ção democrática. Não ofereço receita da cidadania.
Também não escrevo para especialistas. Faço convite
O trecho “[...] com o hábito de reservar um tempo às a todos os que se preocupam com a democracia para
letras [...]” (5º§) demonstra uma viagem pelos caminhos tortuosos que a cidada-
nia tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso,
a) produção de ambiguidade no emprego da expressão o eventual companheiro ou companheira de jornada
“um tempo às letras”. poderá desenvolver visão própria do problema. Ao
b) a expressão do sentido denotativo em sua totalidade, fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
em cada vocábulo empregado.
c) comprometimento do propósito comunicativo, em fun- (http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.
ção das relações de significado estabelecidas entre os pdf)
elementos empregados.
d) o emprego de conotação, na qual a palavra correspon- Em relação ao uso de vírgula, pode-se afirmar que, no
de ao efeito de sentido produzido no contexto, haven- trecho “Discorda-se da extensão, profundidade e rapi-
do possibilidade de mudança de sentido estando em dez do fenômeno, não de sua existência.” a vírgula que
contexto diferente. antecede o signo linguístico “profundidade” ocorre
porque há
10. (IDECAN – 2019) Leia o excerto abaixo, retirado do
capítulo segundo da obra Raízes do Brasil, escrita a) necessidade de separar adjuntos adverbiais deslocados.
pelo sociólogo Sergio Buarque de Holanda, para res- b) aposto explicativo.
ponder à questão. c) termos de mesma função sintática.
d) adjuntos adnominais restritivos.
“A indolência é vício que partilhamos com naturais de e) complementos nominais em sequência.
algumas terras quentes, mas não com qualquer outro
povo do norte da Europa” 12. (IDECAN – 2019) Leia o texto abaixo para responder à
questão.
Com base nos pressupostos linguísticos em significa-
ção das palavras, pode-se afirmar que o signo “indo- Neologismo
lência” significa, no texto apresentado, Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
a) ataraxia. Que traduzem a ternura mais funda
b) falsidade. E mais cotidiana.
c) ausência de patriotismo.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar,
d) deficiência física.
Intransitivo:
e) pouca sensibilidade ao frio.
Teadoro, Teodora.
11. (IDECAN – 2019) Texto para a questão:
Com base no poema de Manuel Bandeira e em seus
conhecimentos sobre sintaxe, gênero poético e orto-
CIDADANIA NO BRASIL
grafia, pode-se afirmar que
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do
LÍNGUA PORTUGUESA

fenômeno, não de sua existência. A internacionaliza- a) a invenção a que se refere o autor dá-se por um pro-
ção do sistema capitalista, iniciada há séculos mas cesso de neologismo verbal, no qual o objeto direto,
muito acelerada pelos avanços tecnológicos recen- representado por um pronome oblíquo átono, é fundi-
tes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm do a um verbo, de modo a formar outro verbo de regên-
causado uma redução do poder dos Estados e uma cia própria.
mudança das identidades nacionais existentes. As b) o sujeito do verbo inventar em “inventei (...) o verbo
várias nações que compunham o antigo império sovié- teodorar” é “verbo teodorar”.
tico se transformaram em novos Estados-nação. No c) os verbos “beijar” e “falar”, no texto, são transitivos diretos.
caso da Europa Ocidental, os vários Estados-nação se d) o verbo “inventar”, no texto, é intransitivo.
fundem em um grande Estado multinacional. A redu- e) o pronome relativo “que”, em “que traduzem a ternu-
ção do poder do Estado afeta a natureza dos antigos ra mais funda” funciona sintaticamente como objeto
direitos, sobretudo dos direitos políticos e sociais. direto da oração adjetiva. 87
13. (IDECAN – 2019) Texto para responder a questão: Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas
a um dos argumentos invocados por Teodoro Sam-
CAPÍTULO XI / O MENINO É PAI DO HOMEM paio, o de que os paulistas da era das bandeiras se
valiam do idioma tupi em seu trato civil e doméstico,
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci natu- exatamente como os dos nossos dias se valem do
ralmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez português.
os gatos são menos matreiros, e com certeza, as magnó- Esse argumento E) funda-se, no entanto, em tes-
lias são menos inquietas do que eu era na minha infân- temunhos precisos A) e que deixam pouco lugar a
cia. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se hesitações B), como o é o do padre Antônio Vieira, no
isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino. célebre voto que proferiu acerca das dúvidas susci-
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “meni- tadas C) pelos moradores de São Paulo em torno do
no diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui espinhoso problema da administração do gentio. “É
dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, certo”, sustenta o grande jesuíta, “que as famílias dos
traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei
portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas
a cabeça de uma escrava, porque me negara uma
hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se
colher do doce de coco que estava fazendo, e, não
criam mystica e domesticamente, e a lingua que nas
contente com o malefício, deitei um punhado de cin-
ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a
za ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à
vão os meninos aprender à escola [...]’
minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por
pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2,
moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; páginas 122 e 123, versão digital)
punha as mãos no chão, recebia um cordel nos quei-
xos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma
Acerca da concordância verbal em “funda-se”, pode-se
varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e
afirmar que
outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo,
— mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando mui-
a) há equívoco, pois o verbo deveria concordar com “tes-
to, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala
temunhos precisos”.
a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas,
deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo b) há equívoco, pois o verbo deveria concordar com
rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das “hesitações”.
matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram c) há equívoco, pois o verbo deveria concordar com
mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram “dúvidas suscitadas”.
também expressões de um espírito robusto, porque d) não há equívoco, pois o sujeito é indeterminado, em
meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes razão de a partícula “se” funcionar como índice de
me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples indeterminação do sujeito.
formalidade: em particular dava-me beijos. e) não há equívoco, pois o sujeito é “Esse argumento”.

(Joaquim Maria Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás 15. (IDECAN – 2019) Leia os textos abaixo para responder
Cubas) à questão

Com base na norma culta do português contemporâ- Texto I


neo brasileiro, é correto afirmar que o acento indicador
de crase no trecho “fui dizer à minha mãe” é Arregalar os olhos, e a agir, em vez de somente falar.
Uma coisa dessas chegou a governar o mundo!
a) obrigatório.
Os povos conseguiram dominá-la, mas ainda
b) apenas fonético.
É muito cedo para sair cantando vitória:
c) facultativo.
O ventre que gerou a coisa imunda continua fértil!
d) impossível.
e) não recomendável contextualmente.
(Bertolt Brecht)

14. (IDECAN – 2019) Texto retirado da obra “Raízes do


Texto II
Brasil” para responder à questão.
Esse texto é o epílogo, muito célebre, da peça teatral A
2. A LÍNGUA-GERAL EM SÃO PAULO
resistível ascensão de Arturo Ui, no qual o dramaturgo
se dirige aos espectadores. Escrita nos anos de 1940
O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algu-
e revista durante a década de 1950, a peça tem como
mas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de
S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, referências históricas a ascensão do nazifacismo na
em artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na Europa e a Segunda Guerra Mundial. Assim, a “coisa”
íntegra. que “quase chegou a governar o mundo”, de que fala o
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de texto, remete ao projeto nazifacista de dominação, do
Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do qual são parte inseparável, além da mencionada guer-
que ao indígena, se deve nossa extraordinária rique- ra mundial, também os programas de perseguição e
za de topônimos de procedência tupi. Mas admite-se de extermínio de minorias étnico-religiosas, de dissi-
sem convicção muito arraigada, pois parece evidente dentes políticos e de minorias sexuais, entre outros
que uma população “primitiva”, ainda quando numero- grupos. Essa conjugação característica de violência e
sa, tende inevitavelmente a aceitar os padrões de seus preconceito, gangsterismo e terror, regressão e barbá-
88 dominadores mais eficazes. rie é que o autor designou como “a coisa imunda”.
Com base nas relações de coesão textual, pode-se Os navios soçobram. Continentes
afirmar que, no TEXTO I, o remissivo “la”, em “dominá- já submergem com todos os viventes,
-la” possui referente textual e Maria chovendo. Eis que a essa altura,
delida e fluida a humana enfibratura,
a) anafórico.
b) metonímico. e a terra não sofrendo tal chuvência,
c) hiperonímico. comoveu-se a Divina Providência,
d) hiponímico. e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
e) catafórico. Não chove mais, Maria! – e ela parou.

16. (IDECAN – 2019) Texto para a questão O poema caracteriza-se por um acúmulo de metáforas
que se referem ao mesmo objeto. Assinale a alterna-
Caso pluvioso (Carlos Drummond de Andrade. Viola tiva que apresenta a melhor definição a esse recurso
de Bolso, 1955) linguístico.

A chuva me irritava. Até que um dia a) metonímia


descobri que Maria é que chovia. b) anástrofe
A chuva era Maria. E cada pingo
c) alegoria
de Maria ensopava o meu domingo.
d) sinédoque
e) paródia
E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
17. (IDECAN – 2019)
Eu era todo barro, sem verdura…
Maria, chuvosíssima criatura!
Grandes questões. Respostas indígenas.
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto. Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do
Era chuva fininha e chuva grossa, Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜ-
matinal e noturna, ativa… Nossa! GÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de
todo o mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão,
Não me chovas, Maria, mais que o justo Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim
chuvisco de um momento, apenas susto. como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Bani-
Não me inundes de teu líquido plasma, wa e Tupinambá do Brasil, povos indígenas se reúnem
não sejas tão aquático fantasma! no Museu do Índio para refletir criticamente sobre
como métodos indígenas de pesquisa são essenciais
Eu lhe dizia em vão – pois que Maria para entender os principais problemas que o mundo
quanto mais eu rogava, mais chovia. enfrenta no século XXI.
E chuveirando atroz em meu caminho, Seja para abordar os desafios da mudança climáti-
o deixava banhado em triste vinho, ca ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a
violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais
que não aquece, pois água de chuva ameaçados, os pesquisadores questionam como o
mosto é de cinza, não de boa uva. conhecimento indígena pode ser ativado de forma efe-
Chuvadeira Maria, chuvadonha, tiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha! Pesquisadores do Sudão mostram como o conheci-
mento tradicional núbio(a) pode informar decisões
Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo, sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do
poças dágua gelada ia tecendo. povo Emberá- Chami demonstra a importância do
Choveu tanto Maria em minha casa conhecimento indígena para a resolução de questões
que a correnteza forte criou asa de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de
um pesquisador Acholi, que examina soluções para a
e um rio se formou, ou mar, não sei, seca em Uganda.
sei apenas que nele me afundei. Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de
E quanto mais as ondas me levavam, todos os impactos positivos dessas colaborações
as fontes de Maria mais chuvavam, para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil
enfrenta questões urgentes relacionadas à sua heran-
de sorte que com pouco, e sem recurso, ça indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance
as coisas se lançaram no seu curso, para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas
LÍNGUA PORTUGUESA

e eis o mundo molhado e sovertido que reflitam juntos sobre como a pesquisa acadêmica
sob aquele sinistro e atro chuvido. pode proteger, preservar e promover o desenvolvimen-
to sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Os seres mais estranhos se juntando Pesquisadores foram convidados a vir ao país para per-
na mesma aquosa pasta iam clamando
guntar e entender como esforços de pesquisa colabora-
contra essa chuva estúpida e mortal
tiva podem promover a resiliência às atuais ameaças a
catarata (jamais houve outra igual).
identidades, terras, águas(c) e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa
Anti-petendam cânticos se ouviram. para compreender a relação entre o desmatamento, a
Que nada! As cordas dágua mais deliram, mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais
e Maria, torneira desatada, dos calendários indígenas. Para resistir à municipali-
mais se dilata em sua chuvarada. zação da assistência médica indígena, é preciso haver
89
pesquisas para examinar como manter um cuidadoso c) O foco do encontro será debater metodologias ade-
equilíbrio entre conhecimentos indígenas e não indí- quadas para tratamento das questões urgentes a cada
genas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a etnia, por meio de pesquisas colaborativas.
água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto d) O evento busca discutir os melhores caminhos para as
tempo seus peixes continuarão a alimentar as aldeias, pesquisas, envolvendo a parceria entre pesquisadores
à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem indígenas e não indígenas.
seus afluentes ou o próprio(d) rio é bloqueado por bar-
e) Um dos riscos apontados pelo texto reside na possi-
ragens hidrelétricas?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do bilidade de fim das narrativas indígenas, naturalmente
céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se con- passadas de geração para geração.
templam as cosmologias indígenas nas constelações
de cada um de nossos visitantes. Na sequência, have- 18. (IDECAN – 2019) Leia o texto e responda à questão.
rá a busca de respostas para perguntas significativas.
Como criar pesquisas equitativas, específicas a um Para o professor Pasquale, é preciso ler para escrever
contexto e sensíveis em termos históricos, culturais bem
e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento
entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode Um dos requisitos para que uma pessoa escreva clara-
superar desequilíbrios de poder arraigados, sobre os mente é ler bastante, especialmente os textos clássicos.
quais nossos sistemas universitários de ensino e pes- A recomendação é do professor de língua portuguesa
quisa são construídos(b)?
Pasquale Cipro Neto, idealizador do programa “Nossa
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram
língua portuguesa”, exibido pela TV Cultura. Pasquale,
colaboradores de doze projetos conduzidos por aca-
dêmicos britânicos em parceria com pesquisadores que é colunista do jornal Folha de São Paulo, esteve na
indígenas de várias partes do mundo para criar um Unicamp na tarde desta terça-feira (25), onde ministrou
novo conjunto de diretrizes para pesquisa em univer- palestra sobre o tema “Redação fluente e raciocínio:
sidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges requisitos essenciais em textos acadêmicos”.
Research Fund (GCRF) O convite para que Pasquale viesse à Universidade
– um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte partiu do professor Celso Dal Re Carneiro, coorde-
do governo do Reino Unido para criar parcerias que nador do Programa de Pós-Graduação em Ensino e
apoiem pesquisas de ponta para lidar com os prin- História de Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de
cipais desafios enfrentados por países em desen- Geociência (IG). A palestra foi apresentada no con-
volvimento –, o seminário examina em que medida texto da programação que comemora os 50 anos da
a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo
Unicamp. De acordo com Pasquale, os clássicos são
conduzida a partir do ponto de vista indígena e bus-
sempre uma ótima referência para quem quer apren-
ca propor como as universidades podem garantir uma
estrutura ética para pesquisas que tragam benefí- der a escrever bem, a despeito de seus autores serem
cios(e) diretos a povos indígenas. Acima de tudo, vai brasileiros ou estrangeiros.
questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir “Uma sociedade que despreza os clássicos é uma socie-
e qual a melhor forma de realizá-la. dade burra, seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infeliz-
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Lon- mente, tem desprezado os clássicos. Muita gente acha
dres colaboram em projetos de pesquisa financiados que para escrever bem basta ter o conhecimento lin-
pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa guístico do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além
de residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro dos clássicos, é preciso ler outros textos: jornal, bula de
na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 remédio, rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar
artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro. informado de tudo o que for possível e compreender as
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que
linguagens todas. Obviamente, para escrever também
oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos
é preciso pensar. O exercício mental constante nos faz
de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o
Museu Hornimam, em Londres, para criar uma expe- descobrir a concatenação mental das coisas e também
riência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tec- das palavras, das frases, dos textos”.
nologias de realidade virtual e aumentada. Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias par- da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista
tes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e escritor Umberto Eco, falecido em fevereiro deste ano,
e esperamos ter algumas respostas. Vamos também que afirmou que a rede mundial de computadores deu
contar histórias e refletir sobre como as narrativas que voz aos imbecis. “A internet é muito mal utilizada, embo-
precisamos contar e ouvir estão cada vez mais amea- ra tenha tudo para ser uma ferramenta maravilhosa. Ela é
çadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e um arquivo monumental, mas as pessoas preferem, por
mobilizar conhecimentos. exemplo, ler somente o título de um texto jornalístico –
que muitas vezes é mal construído –, tirar conclusões e
(Takumã Kuikuro e Paul Heritage. Le Monde Diplomatique Brasil. 21
de março de 2019, com adaptações.) já sair escrevendo o diabo”.
A linguagem da internet, disse Pasquale, é ótima para
A respeito das ideias do texto, assinale a afirmativa uma dada situação, mas as pessoas não podem achar
incorreta. que, ao dominar somente esse código, a vida estará
resolvida. “Não é possível escrever um texto acadêmico
a) Os pesquisadores europeus que se debruçaram sobre com a linguagem da internet. É preciso ter um guarda-
pesquisa indígena em vários locais do mundo vão se -roupa linguístico amplo. Não dá para achar que com
encontrar com os indígenas brasileiros. uma roupa apenas eu posso ir a todas as situações”.
b) A população londrina teve possibilidade de entrar em
contato com a cultura do Xingu por meio da colabora- https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2016/10/25/para-o-
90 ção dos Kuikuro. professor-pasquale-e-preciso-ler-para-escrever-bem
Desta fala do professor Pasquale, “Uma sociedade 20. (IDECAN – 2019) Acerca de seus conhecimentos em
que despreza os clássicos é uma sociedade burra, redação oficial, é correto afirmar que o vocativo ade-
seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infelizmente, tem quado a um texto no padrão ofício destinado ao presi-
desprezado os clássicos. Muita gente acha que para dente do Congresso Nacional é
escrever bem basta ter o conhecimento linguístico
do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além dos a) Senhor Presidente.
clássicos, é preciso ler outros textos: jornal, bula de b) Excelentíssimo Senhor Presidente.
remédio, rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar c) Presidente.
informado de tudo o que for possível e compreender d) Excelentíssimo Presidente.
as linguagens todas. Obviamente, para escrever tam- e) Excelentíssimo Senhor.
bém é preciso pensar. O exercício mental constante
nos faz descobrir a concatenação mental das coisas
e também das palavras, das frases, dos textos.”, pode-
9 GABARITO
-se inferir que
1 B
a) o professor Pasquale defende os clássicos como fun-
damentais para o exercício do pensamento. 2 C
b) o professor Pasquale despreza gêneros textuais
3 D
coloquiais.
c) o professor Pasquale entende como única fonte de 4 A
conhecimento os textos clássicos.
d) textos como jornal, bula etc. são infinitamente inferio- 5 A
res, do ponto de vista informacional.
6 A
e) a leitura é mais importante que a escrita.
7 D
19. (IDECAN – 2019) No que tange à linguagem dos atos
normativos, com base no que orienta o Manual de reda- 8 C
ção da Presidência da República, é correto afirmar que 9 D

a) as comunicações que partem dos órgãos públicos 10 A


federais devem ser compreendidas por todo e qual-
quer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há 11 C
que evitar o uso de uma linguagem restrita a determi- 12 A
nados grupos. Não há dúvida de que um texto marca-
do por expressões de circulação restrita, como a gíria, 13 C
os regionalismos vocabulares, tem sua compreensão
dificultada. Entretanto, abre-se exceção para os jar- 14 E
gões técnicos, inerentes ao assunto abordado. 15 A
b) o padrão culto nada tem contra a simplicidade de
expressão, desde que não seja confundida com pobre- 16 C
za de expressão. Caso se considere um caminho para
a pobreza de linguagem, o uso do padrão culto possi- 17 A
bilita, com reservas, o emprego de linguagem rebusca- 18 A
da, mas não de contorcionismos sintáticos e figuras
de linguagem próprios da língua literária. 19 D
c) se deve buscar, em nome da uniformidade, um “padrão
oficial de linguagem”, com uso do padrão culto nos atos 20 B
e comunicações oficiais. É claro que haverá preferência
pelo uso de determinadas expressões, ou será obedeci-
da certa tradição no emprego das formas sintáticas, e
isso implica, necessariamente, que se consagre a utiliza- ANOTAÇÕES
ção de uma forma de linguagem burocrática.
d) a linguagem técnica deve ser empregada apenas em
situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indis-
criminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mes-
LÍNGUA PORTUGUESA

mo o vocabulário próprio a determinada área, são de


difícil entendimento por quem não esteja com eles fami-
liarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá- los
em comunicações encaminhadas a outros órgãos da
administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
e) a necessidade de empregar determinado nível de lin-
guagem nos atos e expedientes oficiais decorre do
próprio caráter público desses atos e comunicações.
Em relação à sua finalidade, os atos oficiais estabele-
cem regras para a conduta dos cidadãos e regulam o
funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcan-
çado se for empregada a linguagem técnica adequada
própria do órgão regulador. 91
ANOTAÇÕES

92
Órgãos e entidades da
Administração Pública
Federal
Código de Ética

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA Profissional do


Servidor Público
Administração Pública
Federal direta e indireta
Civil do Pode
Executivo Federal
Destinatários da
medida
CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR
PÚBLICO (DECRETO FEDERAL Nº 1.171, Terminado o texto da lei, vamos nos deter nas
DE 22 DE JUNHO DE 1994) regras deontológicas que fazem parte do anexo, assim
no capítulo I, seção I temos alguns incisos que mere-
O decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994 foi cem o devido comentário e os demais são de leitura
sancionado pelo Presidente da República, tendo obrigatória, são eles:
por base o disposto no art. 37 da constituição e em leis
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a
esparsas (8.112/90 e 8.429/92). consciência dos princípios morais são primados
Com a aprovação do Código de Ética Profissional do maiores que devem nortear o servidor público, seja
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, ficam no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que
definidos os órgãos e entidades da Administração Públi- refletirá o exercício da vocação do próprio poder
ca Federal direta e indireta como destinatários da medi- estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes
da. O prazo para implementação foi de 60 (sessenta) serão direcionados para a preservação da honra e
dias, inclusive a Constituição da respectiva Comissão de da tradição dos serviços públicos.
Ética que será integrada por três servidores ou emprega-
dos titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. As palavras destacadas são de suma importância
para esta primeira parte e precisam ser sempre lem-
bradas. É interessante que você as decore!
Código de Ética II - O servidor público não poderá jamais desprezar
o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
Servidores Públicos injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
Federais "direta e e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto
indireta" e o desonesto, consoante as regras contidas no art.
37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
Comissões formadas por
3 servidores ou empre-
Nesse ponto estamos tratando do bem comum.
gados "cargo efetivo ou Veja só: o servidor deverá decidir com base em diver-
emprego permanente" sos valores, todavia seu eixo principal de orientação é
o bem comum.
O decreto é realmente muito curto, sendo assim, III - A moralidade da Administração Pública não
precisa ser lido várias vezes: se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo
ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem
Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994 comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalida-
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissio- de, na conduta do servidor público, é que poderá
nal do Servidor Público Civil do Poder Executivo consolidar a moralidade do ato administrativo.
Federal, que com este baixa.
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Sempre que falamos de moralidade ou de moral
Pública Federal direta e indireta implementarão, estamos nos referindo a normas de conduta ou con-
em sessenta dias, as providências necessárias à ple- junto de normas e esse conjunto de valores, necessa-
na vigência do Código de Ética, inclusive mediante riamente, depende do equilíbrio entre a legalidade e
a Constituição da respectiva Comissão de Ética, a finalidade.
integrada por três servidores ou empregados titu-
Legalidade
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

lares de cargo efetivo ou emprego permanente.


Parágrafo único. A constituição da Comissão de Éti-
ca será comunicada à Secretaria da Administração
Federal da Presidência da República, com a indica-
ção dos respectivos membros titulares e suplentes.
Finalidade
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua
publicação.
IV- A remuneração do servidor público é cus-
teada pelos tributos pagos direta ou indireta-
O código inicia suas disposições estabelecendo as
mente por todos, até por ele próprio, e por isso se
regras deontológicas. As regras deontológicas são nor- exige, como contrapartida, que a moralidade
mas de conduta de uma determinada profissão. No administrativa se integre no Direito, como ele-
caso do Decreto 1.171, de 1994, as regras de conduta mento indissociável de sua aplicação e de sua fina-
se aplicam aos servidores do poder executivo federal lidade, erigindo-se, como consequência, em fator de
na administração direta e indireta. legalidade. 93
Essa informação despenca nas provas de concur- prestação do serviço, não caracteriza apenas ati-
so. Fique atento! tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
principalmente grave dano moral aos usuários dos
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público serviços públicos.
perante a comunidade deve ser entendido como
acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como Mais uma vez o Código de Ética demonstra seu
cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse interesse pelo desempenho do serviço público. Desta
trabalho pode ser considerado como seu maior vez, apresentando condutas que demonstram falta de
patrimônio. comprometimento.
VI - A função pública deve ser tida como exercí-
cio profissional e, portanto, se integra na vida XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às
particular de cada servidor público. Assim, os ordens legais de seus superiores, velando atenta-
fatos e atos verificados na conduta do dia-a- mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a
-dia em sua vida privada poderão acrescer ou conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e
diminuir o seu bom conceito na vida funcional. o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis
de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência
Nesse ponto o código de ética afirma que a vida no desempenho da função pública.
privada do servidor é relevante para o desempenho XII - Toda ausência injustificada do servidor de
de sua profissão. Note que os atos do profissional em seu local de trabalho é fator de desmoralização
sua vida privada podem afetar diretamente sua car- do serviço público, o que quase sempre conduz à
reira no serviço público. desordem nas relações humanas.

VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves- Geralmente somos cobrados nesse ponto da maté-
tigações policiais ou interesse superior do Estado ria e a expressão “injustificada” é retirada da questão,
e da Administração Pública, a serem preservados por isso fique atento!
em processo previamente declarado sigiloso, nos
termos da lei, a publicidade de qualquer ato XIII - O servidor que trabalha em harmonia com
administrativo constitui requisito de eficácia a estrutura organizacional, respeitando seus cole-
e moralidade, ensejando sua omissão comprome- gas e cada concidadão, colabora e de todos pode
timento ético contra o bem comum, imputável a receber colaboração, pois sua atividade pública
quem a negar. é a grande oportunidade para o crescimento e o
engrandecimento da Nação.
Dica
DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO
Segundo Hely Lopes Meirelles: “Ato administrati-
vo é toda manifestação unilateral de vontade da
Nesse ponto o código de ética se foca nos deve-
Administração Pública que, agindo nessa quali- res do servidor. Novamente vamos separar algumas
dade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, expressões que são essenciais para o estudo desse
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ponto.
ou impor obrigações aos administrados ou a si
própria”. XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servi- função ou emprego público de que seja titular;
dor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que b) exercer suas atribuições com rapidez, perfei-
contrária aos interesses da própria pessoa interes- ção e rendimento, pondo fim ou procurando prio-
sada ou da Administração Pública. Nenhum Estado ritariamente resolver situações procrastinatórias,
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder cor- principalmente diante de filas ou de qualquer outra
ruptivo do hábito do erro, da opressão ou da men- espécie de atraso na prestação dos serviços pelo
tira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade setor em que exerça suas atribuições, com o fim de
humana quanto mais a de uma Nação. evitar dano moral ao usuário;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando
O servidor tem o dever de dar voz à verdade. Ainda toda a integridade do seu caráter, escolhendo sem-
que em prejuízo da administração ou do interessado. pre, quando estiver diante de duas opções, a melhor
e a mais vantajosa para o bem comum;
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tem- d) jamais retardar qualquer prestação de con-
po dedicados ao serviço público caracterizam o tas, condição essencial da gestão dos bens,
esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa direitos e serviços da coletividade a seu cargo;
que paga seus tributos direta ou indiretamen- e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
te significa causar-lhe dano moral. Da mesma aperfeiçoando o processo de comunicação e conta-
forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao to com o público;
patrimônio público, deteriorando-o, por descuido f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa princípios éticos que se materializam na adequada
ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas prestação dos serviços públicos;
a todos os homens de boa vontade que dedicaram g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e
sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus atenção, respeitando a capacidade e as limitações
esforços para construí-los. individuais de todos os usuários do serviço público,
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à sem qualquer espécie de preconceito ou distinção
espera de solução que compete ao setor em que de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião,
exerça suas funções, permitindo a formação de cunho político e posição social, abstendo-se, dessa
94 longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na forma, de causar-lhes dano moral;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO
nenhum temor de representar contra qual-
XV - E vedado ao servidor público;
quer comprometimento indevido da estrutura
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
em que se funda o Poder Estatal;
tempo, posição e influências, para obter qualquer
i) resistir a todas as pressões de superiores hierár-
favorecimento, para si ou para outrem;
quicos, de contratantes, interessados e outros que
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta-
servidores ou de cidadãos que deles dependam;
gens indevidas em decorrência de ações imorais,
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,
ilegais ou aéticas e denunciá-las;
conivente com erro ou infração a este Código de Éti-
ca ou ao Código de Ética de sua profissão;
Podemos separar algumas expressões chave do d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar
que vimos até agora e que, se você as memorizar, o exercício regular de direito por qualquer pessoa,
serão um grande diferencial para seu estudo dessa causando-lhe dano moral ou material;
matéria. São elas: “a tempo”, “rapidez, perfeição e ren- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cientí-
dimento”, “ser probo, reto, leal e justo”, e “ser cortês, ficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para
ter urbanidade”. atendimento do seu mister;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
exigências específicas da defesa da vida e da interfiram no trato com o público, com os jurisdi-
segurança coletiva; cionados administrativos ou com colegas hierar-
quicamente superiores ou inferiores;
A conduta de greve é mencionada e defendida pelo g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber
código de ética. E não poderia ser diferente, o direi- qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prê-
mio, comissão, doação ou vantagem de qualquer
to constitucional da greve deve ser exercido, porém
espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
deve existir equilíbrio entre a busca de direitos e a
para o cumprimento da sua missão ou para influen-
manutenção de serviços de saúde e segurança. ciar outro servidor para o mesmo fim;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de deva encaminhar para providências;
que sua ausência provoca danos ao trabalho orde- i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que neces-
nado, refletindo negativamente em todo o sistema; site do atendimento em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a inte-
Novamente o servidor é impelido a demonstrar resse particular;
rendimento e presença no local de trabalho. O exercí- l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen-
cio desses valores termina por beneficiar o rendimen- te autorizado, qualquer documento, livro ou bem
to e o ambiente de trabalho e sua ordem. pertencente ao patrimônio público;
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas
m) comunicar imediatamente a seus superiores no âmbito interno de seu serviço, em benefício pró-
todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse prio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
público, exigindo as providências cabíveis; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra- dele habitualmente;
balho, seguindo os métodos mais adequados à sua o) dar o seu concurso a qualquer instituição que
organização e distribuição; atente contra a moral, a honestidade ou a dignida-
o) participar dos movimentos e estudos que se rela- de da pessoa humana;
cionem com a melhoria do exercício de suas fun- p) exercer atividade profissional aética ou ligar o
ções, tendo por escopo a realização do bem comum; seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
quadas ao exercício da função;
DAS COMISSÕES DE ÉTICA
q) manter-se atualizado com as instruções, as nor- XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão tração Pública Federal direta, indireta autárquica e
onde exerce suas funções; fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e exerça atribuições delegadas pelo poder públi-
as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou co, deverá ser criada uma Comissão de Ética,
função, tanto quanto possível, com critério, segu- encarregada de orientar e aconselhar sobre a
rança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ética profissional do servidor, no tratamento
ordem. com as pessoas e com o patrimônio público,
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços competindo-lhe conhecer concretamente de


por quem de direito; imputação ou de procedimento susceptível de
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas censura.
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de XVII- Revogado;
fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos
usuários do serviço público e dos jurisdicionados Comissão de ética - Comissões formadas por três
administrativos; servidores ou empregados com “cargo efetivo ou
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun- emprego permanente”
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha
ao interesse público, mesmo que observando as for- XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos
malidades legais e não cometendo qualquer viola- organismos encarregados da execução do quadro
ção expressa à lei; de carreira dos servidores, os registros sobre sua
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua conduta ética, para o efeito de instruir e fundamen-
classe sobre a existência deste Código de Ética, esti- tar promoções e para todos os demais procedimen-
mulando o seu integral cumprimento. tos próprios da carreira do servidor público. 95
XIX - Revogado;
XX - Revogado; z Possuem regime próprio (estatuto)
XXI - Revogado; predominantemente de direito públi-
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Servidores
co, devido às funções em que atuam.
Comissão de Ética é a de censura e sua fundamen- Públicos
z Ocupam cargos públicos efetivos
tação constará do respectivo parecer, assinado por
(por meio de concurso público).
todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.
XXIII - Revogado;

Dica z Agentes públicos que têm seus


vínculos baseados na CLT. O vínculo é
Censura é a única penalidade imposta pelo códi- Empregados
chamado de celetista ou contratual.
go de ética. Públicos
z Há predominância do regime
privado.
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento
ético, entende-se por servidor público todo aquele
que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato
jurídico, preste serviços de natureza permanente, Os conceitos acima são estritos. Em sentido amplo,
temporária ou excepcional, ainda que sem retribui- o termo “servidores públicos” engloba os dois grupos
ção financeira, desde que ligado direta ou indire- colocados acima e também os servidores temporá-
tamente a qualquer órgão do poder estatal, como rios. Vamos agora conhecer outras espécies citadas
as autarquias, as fundações públicas, as entidades pela doutrina, mas menos frequentes que as duas
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades anteriores.
de economia mista, ou em qualquer setor onde pre-
valeça o interesse do Estado. z Agentes administrativos: são aqueles remune-
XXV - Revogado. rados para exercer cargos, empregos e funções
públicas. São basicamente os dois tipos que vimos
A definição de servidor público feita no Decre- acima em apenas um grupo.
to 1.171, de 1994, só se aplica aos servidores do z Agentes políticos: que fazem parte da cúpula
Poder Executivo Federal na Administração Direta da Administração Pública. Eles definem as políti-
e Indireta. Isso se deve ao fato de que o decreto é do cas públicas e atuam diretamente na direção da
Presidente da República. Caso fosse lei aprovada no implementação.
Congresso Nacional, teríamos uma abrangência mui-
to maior. Fique muito atento ao fato de que o decreto Suas competências constam diretamente na CF, de
não abrange os servidores do judiciário ou do legisla- 1988, e possuem prerrogativas específicas. Como exem-
tivo, nem mesmo os servidores dos estados, municí- plo, temos Deputado Federal, Ministro de Estado etc.
pios ou do Distrito Federal.
z Agentes honoríficos: não possuem vínculo e nor-
malmente atuam sem remuneração. Prestam ser-
viços específicos e temporários, como os mesários
em eleições.
REGIME JURÍDICO ÚNICO (LEI N° 8.112, z Agentes delegados: são particulares que exercem
DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990) atividades de interesse público em seu próprio
nome, estando sujeitos à fiscalização do Estado. Os
Dentre os vários conceitos de agente público, um tabeliães são exemplos.
dos mais completos e esclarecedores é o constante da z Agentes credenciados: têm por missão representar
Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92). a Administração Pública em um evento ou atividade
Vejamos. específica. Um exemplo é um atleta em atividade ou
aposentado que representa o país em evento da FIFA
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos ou outra organização de esporte.
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran-
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição, CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, Vamos conhecer mais três conceitos importantes
cargo, emprego ou função nas entidades menciona- no âmbito do estudo dos agentes públicos. Inicialmen-
das no artigo anterior. te, vejamos o conceito de cargo público, previsto no
art. 3º da Lei nº 8.122, de 1990.
Veja que, não por acaso, o conceito é o mais abran-
gente possível, visto que se trata de uma lei que tem Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e
o intuito de alcançar atos impróprios praticados por responsabilidades previstas na estrutura organiza-
pessoas que estejam agindo em nome da Administra- cional que devem ser cometidas a um servidor.
ção Pública.
Seus ocupantes são chamados servidores públicos
Espécies e seu provimento poderá se dar em caráter efetivo
(em regra por meio de concurso público) ou comis-
Conhecido o conceito de agente público da forma sionado (ocupados provisoriamente por agentes
mais ampla possível, passamos agora a dois tipos que nomeados e exonerados livremente pela autoridade
96 são certamente os mais frequentes. competente).
Os empregos públicos são ocupados por emprega- A investidura é o termo jurídico utilizado para
dos públicos, cujo vínculo tem por base a CLT, possuin- indicar o momento em que a pessoa toma posse do
do, portanto, natureza contratual e trabalhista. Em cargo; o art. 7º traz essa informação. Ele é importante
regra, serão providos por meio de concurso público. e bastante cobrado em provas.
Não adquirem estabilidade, mas sua demissão deve
se dar mediante processo administrativo com ampla Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá
defesa e contraditório. com a posse.
Por fim, temos a função pública. Inicialmente,
precisamos entender que todo cargo ou emprego está Em seguida, no art. 8º, temos as formas de “ocu-
associado a uma função. No entanto, nem toda função par” o cargo público. A lei chama-as de formas de
está associado a um cargo ou emprego. O que estamos provimento. São elas:
abordando aqui é, logicamente, a existência da função
de maneira isolada. Elas poderão ser classificadas em
temporárias ou permanentes. Nomeação
As funções temporárias têm respaldo constitucio-
nal, existindo por tempo determinado e com base em
excepcional interesse público. Promoção

FORMAS DE PROVIMENTO
CF/88
Readaptação
Art. 37 [...]
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade Reversão
temporária de excepcional interesse público;

A Lei nº 8.745, de 1993, trata do assunto, sendo a Aproveitamento


assistência a situações de calamidade pública uma
dessas hipóteses.
Temos também as funções permanentes, que Reintegração
serão exercidas juntamente com cargos públicos.
Aqui, é preciso atenção. Não estamos falando em fun-
Recondução
ção associada ao cargo público, e sim da possibilida-
de de exercício simultâneo.
Exemplo: Você passa em um concurso e ocupa um Não se preocupe com o significado de cada um dos
cargo em determinado setor. Depois de um tempo, incisos, pois falaremos sobre eles mais à frente.
assume a função de chefia. Essa função existe perma-
nentemente e não está associada ao cargo que você z Nomeação
ocupa, mas pode ser exercida juntamente com ele.
A nomeação é o ato unilateral da administração
LEI Nº 8.112/90 para prover o cargo. Poderá se dar em caráter efetivo
ou em comissão, conforme a natureza do vínculo (efe-
Compreendidos os conceitos iniciais anteriormen- tivo ou comissionado). Vejamos o art. 9º:
te apresentados, estudaremos agora a Lei nº 8.112, de
1990, que é o estatuto dos servidores civis da União, Art. 9º A nomeação far-se-á:
como fica exposto já em seu artigo 1º. I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo iso-
lado de provimento efetivo ou de carreira;
Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Ser- I - em comissão, inclusive na condição de interino,
vidores Públicos Civis da União, das autarquias, para cargos de confiança vagos.
inclusive as em regime especial, e das fundações
públicas federais. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isola-
do de provimento efetivo depende de prévia habili-
Vamos, então, conhecer os principais institutos e tação em concurso público de provas ou de provas e
respectivos dispositivos constantes da lei. títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo
de sua validade, conforme previsão do art. 10.
z Provimento
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 10 A nomeação para cargo de carreira ou car-


É a ocupação do cargo público por uma pessoa. O go isolado de provimento efetivo depende de prévia
artigo 5º traz os requisitos: habilitação em concurso público de provas ou de
provas e títulos, obedecidos a ordem de classifica-
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em ção e o prazo de sua validade.
cargo público:
I - a nacionalidade brasileira;
z Concurso Público
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e
eleitorais; O concurso será de provas ou provas e títulos e
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício poderá ser realizado em duas etapas, conforme dis-
do cargo; posição da lei e regulamento ligado à carreira. Terá
V - a idade mínima de dezoito anos; validade de até 2 anos, podendo ser prorrogado uma
VI - aptidão física e mental. única vez, por igual período. 97
z Posse e Exercício
Importante
„ Posse: tratada nos arts. 13 e 14, ocorrerá pela Lei nº 8.112, de 1990: O servidor estável só per-
assinatura do respectivo termo, no qual derá o cargo em virtude de:
deverão constar as atribuições, os deveres, as � sentença judicial transitada em julgado; ou
responsabilidades e os direitos inerentes ao � de processo administrativo disciplinar no qual
cargo ocupado, que não poderão ser alterados lhe seja assegurada ampla defesa.
unilateralmente, por qualquer das partes, res- CF, de 1988: O servidor público estável só perde-
salvados os atos de ofício previstos em lei.
rá o cargo:
� em virtude de sentença judicial transitada em
julgado;
Art. 13 A posse dar-se-á pela assinatura do respec-
� mediante processo administrativo em que lhe
tivo termo, no qual deverão constar as atribuições,
seja assegurada ampla defesa;
os deveres, as responsabilidades e os direitos ine-
� mediante procedimento de avaliação periódi-
rentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alte-
ca de desempenho, na forma de lei complemen-
rados unilateralmente, por qualquer das partes,
tar, assegurada ampla defesa.
ressalvados os atos de ofício previstos em lei.
Art. 14 A posse em cargo público dependerá de pré-
via inspeção médica oficial. z Readaptação
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele
que for julgado apto física e mentalmente para o Segundo o art. 24, é a investidura do servidor em
exercício do cargo. cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
com a limitação que tenha sofrido em sua capacida-
A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados de física ou mental verificada em inspeção médica. Se
da publicação do ato de provimento que, no caso do julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
concurso, é a nomeação e poderá ocorrer mediante será aposentado.
procuração específica.
z Reversão
„ Exercício: é o efetivo desempenho das atri-
De acordo com o art. 25, reversão é o retorno à ati-
buições do cargo público ou da função de con-
vidade de servidor aposentado:
fiança, sendo de quinze dias o prazo para o
servidor empossado em cargo público entrar „ Por invalidez, quando junta médica oficial decla-
em exercício, contados da data da posse. rar insubsistentes os motivos da aposentadoria;
„ No interesse da administração.
O servidor será exonerado do cargo ou será tor-
nado sem efeito o ato de sua designação para função A segunda hipótese acima poderá ocorrer desde que:
de confiança se não entrar em exercício no prazo. O
início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer- z Tenha sido solicitada a reversão;
cício serão registrados no assentamento individual do z A aposentadoria tenha sido voluntária;
servidor. z O servidor era estável quando na atividade;
z A aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
z Estágio Probatório e Estabilidade anteriores à solicitação;
z Haja cargo vago.
Vejamos os arts. 20 e 21, que nos trazem os fatores
a serem observados por ocasião do estágio probatório Não poderá ser revertido o aposentado que já tiver
e o prazo para estabilidade. completado 70 anos de idade.

z Reintegração
Art. 20 Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
Segundo o art. 28, é a reinvestidura do servidor
estágio probatório por período de 24 (vinte e qua-
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
tro) meses, durante o qual a sua aptidão e capaci-
resultante de sua transformação, quando invalidada
dade serão objeto de avaliação para o desempenho
a sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
do cargo, observados os seguintes fatores:
com ressarcimento de todas as vantagens.
I - assiduidade; Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
II - disciplina; ficará em disponibilidade. Encontrando-se provido o
III - capacidade de iniciativa; cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao
IV - produtividade; cargo de origem, sem direito à indenização, aprovei-
V- responsabilidade. tado em outro cargo ou, ainda, posto em disponibili-
Art. 21 O servidor habilitado em concurso público dade. Entenderemos a recondução a seguir.
e empossado em cargo de provimento efetivo adqui-
rirá estabilidade no serviço público ao completar 2 z Recondução
(dois) anos de efetivo exercício.
É o retorno do servidor estável ao cargo anterior-
É importante ressaltar que o prazo de 24 meses se mente ocupado e decorrerá de inabilitação em estágio
encontra em discordância com o art. 41 da Constitui- probatório relativo a outro cargo ou reintegração do
ção Federal, que traz o prazo de 36 meses. Portanto, anterior ocupante. Encontrando-se provido o cargo de
98 fique atento para não se confundir. origem, o servidor será aproveitado em outro.
z Disponibilidade e Aproveitamento „ para acompanhar cônjuge ou companheiro,
também servidor público civil ou militar, de
Disponibilidade é a situação em que o servidor qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
fica afastado de suas atividades com remuneração Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslo-
proporcional ao tempo de serviço, aguardando o cado no interesse da Administração;
retorno às atividades, que é o aproveitamento. „ por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
Na lei, temos o art. 30 como principal disposição a companheiro ou dependente que viva às suas
esse respeito. expensas e conste do seu assentamento fun-
cional, condicionada à comprovação por junta
Art. 30 O retorno à atividade de servidor em dis- médica oficial;
ponibilidade far-se-á mediante aproveitamento „ em virtude de processo seletivo promovido,
obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos na hipótese em que o número de interessados
compatíveis com o anteriormente ocupado. for superior ao número de vagas, de acordo
com normas preestabelecidas pelo órgão ou
z Vacância entidade em que aqueles estejam lotados.

É a ocorrência de algum evento que torna vago o Vejamos agora a redistribuição que, ao contrário
cargo. A lei enumera esses eventos no seu art. 33. da remoção, impõe dentre seus preceitos a necessária
existência de interesse público.

Exoneração Art. 37 Redistribuição é o deslocamento de cargo


de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbi-
to do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou
entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação
Demissão do órgão central do SIPEC, observados os seguintes
preceitos:
I - interesse da administração;
Promoção II - equivalência de vencimentos;
III - manutenção da essência das atribuições do
VACÂNCIA

cargo;
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e
Readaptação
complexidade das atividades;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
habilitação profissional;
Aposentadoria VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
as finalidades institucionais do órgão ou entidade.
Posse em outro Veja que, enquanto na remoção a lei fala em deslo-
cargo inacumulável camento do servidor, na redistribuição temos o des-
locamento do próprio cargo. Em outros termos, no
primeiro caso, temos a mudança do servidor sem que
Recondução
ocorra qualquer alteração nos quadros dos servidores
envolvidos. No segundo caso, temos uma mudança da
A exoneração de cargo efetivo ocorrerá a pedido localização do cargo.
do servidor, ou de ofício. Quando de ofício, será por
(1) não terem sido satisfeitas as condições do estágio VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO
probatório ou (2) quando o servidor, após tomar pos-
Vejamos o conceito de vencimento constante do
se, não entrar em exercício no prazo estabelecido.
art. 40 da lei:
A exoneração de cargo em comissão e a dispensa
de função de confiança dar-se-á a juízo da autoridade Art. 40 Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
competente e a pedido do próprio servidor. exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
Atenção! Muitas vezes, principalmente com base
em leitura de notícias ou noticiários televisivos, aca- Vencimento é uma parcela básica que compõe a
bamos interpretando o termo exoneração como uma remuneração do agente público. Ela é fixada em lei, não
punição ou sanção. Veja que a lei não prevê a exone- estando ligada a situações eventuais em que o servidor
ração dessa forma. possa se enquadrar. Ao nos aprofundarmos no que pode
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

As sanções estão previstas em outros dispositivos e integrar a remuneração, o conceito ficará mais claro.
serão oportunamente abordadas. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
REMOÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO estabelecidas em lei. Veremos mais à frente as espé-
cies de vantagens.
Remoção (segundo o art. 36) é o deslocamento do
servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo
Vencimentos
quadro, com ou sem mudança de sede. São modalida-
des de remoção:
REMUNERAÇÃO
z de ofício, no interesse da Administração;
z a pedido, a critério da Administração;
z a pedido, para outra localidade, independente- Vantagens
mente do interesse da Administração: 99
O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van- IV - para atividade política;
tagens de caráter permanente, é irredutível. Salvo por V - para capacitação;
imposição legal ou mandado judicial, nenhum des- VI - para tratar de interesses particulares;
conto incidirá sobre a remuneração ou provento. VII - para desempenho de mandato classista.

VANTAGENS Primeiramente, temos a licença por motivo de


doença em pessoa da família. A lista do que o estatu-
As vantagens estão previstas no art. 49 e pormeno- to considera família é a seguinte: cônjuge ou compa-
rizadas na sequência. Vejamos quais são: nheiro, pais, filhos, padrasto ou madrasta e enteado
ou dependente que viva a suas expensas e conste do
Art. 49 Além do vencimento, poderão ser pagas ao seu assentamento funcional.
servidor as seguintes vantagens: A licença poderá ser concedida da seguinte forma,
I - indenizações; a cada período de 12 meses:
II - gratificações;
III - adicionais.
§ 1º As indenizações não se incorporam ao venci- A cada 12 meses, a
mento ou provento para qualquer efeito. licença poderá ser
§ 2º As gratificações e os adicionais incorporam-se concedida
ao vencimento ou provento, nos casos e condições
indicados em lei.

As indenizações são reposições de gastos que o


servidor realiza em razão do seu ofício. Elas podem Até 60 dias Até 90 dias
ser as seguintes: (consecutivos ou não) (consecutivos ou não)

z Ajuda de custo: Destina-se a compensar as despe- Mantida a remuneração Sem remuneração ao


sas de instalação do servidor que, no interesse do do servidor servidor
serviço, passar a ter exercício em nova sede, com
mudança de domicílio em caráter permanente,
Conforme comando do art. 84, poderá ser concedi-
vedado o duplo pagamento de indenização, a qual-
da licença por motivo de afastamento do cônjuge ou
quer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro
companheiro. A concessão poderá ocorrer em caso
que detenha também a condição de servidor, vier
de deslocamento para outro ponto do território nacio-
a ter exercício na mesma sede;
nal, para o exterior ou para o exercício de mandato
z Diária: Destinada a repor gastos com pousada, ali-
eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.
mentação e locomoção para afastamento em cará-
A concessão ocorrerá por prazo indeterminado e
ter eventual e transitório a serviço.
sem remuneração.
z Indenização de transporte: Concedida ao servidor
O estatuto também prevê a concessão de licença
que realizar despesas com a utilização de meio pró-
para atividade política. Aqui, temos dois parâmetros
prio de locomoção para a execução de serviços exter-
diferentes, portanto, é necessário ter atenção.
nos, por força das atribuições próprias do cargo.
A licença será sem remuneração entre o período
As indenizações não se incorporam ao vencimento que mediar entre a sua escolha em convenção parti-
ou provento para qualquer efeito, ao contrário do que dária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do
poderá ocorrer com as gratificações e adicionais. registro de sua candidatura perante à Justiça Eleitoral.
A partir do registro da candidatura e até o déci-
FÉRIAS mo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à
licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo,
O servidor fará jus a trinta dias de férias, que somente pelo período de três meses. Após isso, tere-
podem ser acumuladas até o máximo de dois perío- mos o afastamento para exercício de mandato eletivo
dos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as (veremos mais à frente).
hipóteses em que haja legislação específica (art. 77).
Para o primeiro período aquisitivo de férias, Importante!
serão exigidos 12 meses de exercício; as férias pode-
rão ser parceladas em até três etapas, desde que Não confunda licença com afastamento!
assim requeridas pelo servidor, e no interesse da
administração pública.
É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao Temos também a licença para tratar de interesses
serviço. particulares. Ela será discricionária (escolha da Admi-
nistração Pública) e poderá perdurar por até 3 anos, não
LICENÇAS podendo ser concedida a servidor em estágio probatório
e podendo ser revogada a qualquer tempo.
A partir do art. 81, fala-se sobre as licenças. Abor-
daremos as mais cobradas em concursos aqui. Antes, AFASTAMENTOS
vejamos a lista de todas elas:
São três os afastamentos previstos no art. 93 e
Art. 81 Conceder-se-á ao servidor licença: seguintes:
I - por motivo de doença em pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou z Servir a outro órgão ou entidade;
companheiro; z Exercício de mandato eletivo;
100 III - para o serviço militar; z Afastamento para estudo ou missão no exterior.
O servidor poderá ser cedido para ter exercício em DIREITO DE PETIÇÃO
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios. A ces- Vamos conhecer o direito de petição, que nada
são ocorrerá mediante Portaria publicada no Diário mais é do que o direito de solicitar informações e
esclarecimentos para a defesa de um direito.
Oficial da União e, mediante autorização expressa do
Presidente da República, o servidor do Poder Executi-
Art. 104 É assegurado ao servidor o direito de
vo poderá ter exercício em outro órgão da Administra-
requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito
ção Federal direta que não tenha quadro próprio de ou interesse legítimo.
pessoal, para fim determinado e a prazo certo.
No caso da segunda hipótese, o art. 94 repete os O requerimento (art. 105) será dirigido à autori-
comandos constitucionais para cumulação do cargo dade competente para decidi-lo e ser encaminhado
com o mandato eletivo. por intermédio daquela a que estiver imediatamente
subordinado o requerente. Cabe pedido de recon-
Art. 94 Ao servidor investido em mandato eletivo sideração à autoridade que houver expedido o ato
aplicam-se as seguintes disposições: ou proferido a primeira decisão, não podendo ser
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou dis- renovado.
trital, ficará afastado do cargo; O pedido de reconsideração é uma forma do
II - investido no mandato de Prefeito, será afasta- requerente argumentar à autoridade que proferiu a
do do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua decisão de que ela decidiu incorretamente, antes de
remuneração; recorrer a outra autoridade.
III - investido no mandato de vereador: O requerimento e o pedido de reconsideração
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá deverão ser despachados no prazo de 5 dias e decidi-
as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remu- dos dentro de 30 dias.
neração do cargo eletivo; O art. 107 traz as possibilidades de recurso:
b) não havendo compatibilidade de horário, será
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela Art. 107 Caberá recurso:
sua remuneração. I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor II - das decisões sobre os recursos sucessivamente
contribuirá para a seguridade social como se em interpostos.
exercício estivesse. § 1º O recurso será dirigido à autoridade imedia-
§ 2º O servidor investido em mandato eletivo ou tamente superior à que tiver expedido o ato ou
classista não poderá ser removido ou redistribuí- proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala
do de ofício para localidade diversa daquela onde ascendente, às demais autoridades.
exerce o mandato. § 2º O recurso será encaminhado por intermédio da
autoridade a que estiver imediatamente subordina-
Por fim, em relação ao último afastamento, o ser- do o requerente.
vidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou
missão oficial sem autorização do Presidente da Repú- Pelo próprio significado do termo, saberemos que
o pedido de reconsideração é endereçado à própria
blica, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e
autoridade que proferiu a decisão. O recurso será à
Presidente do Supremo Tribunal Federal.
autoridade superior.
A ausência não excederá a 4 anos, e finda a mis-
O prazo para interposição de pedido de reconside-
são ou estudo, somente será permitida nova ausência
ração ou de recurso é de 30 dias, a contar da publi-
decorrido igual período. cação ou da ciência, pelo interessado, da decisão
O afastamento de servidor para servir em orga- recorrida.
nismo internacional de que o Brasil participe ou O direito de requerer prescreve:
com o qual coopere dar-se-á com perda total da
remuneração. z Em 5 anos, quanto aos atos de demissão e de cas-
sação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que
CONCESSÕES afetem interesse patrimonial e créditos resultan-
tes das relações de trabalho;
Vejamos as concessões previstas no estatuto. São z Em 120 dias, nos demais casos, salvo quando outro
benesses que o estatuto traz ligadas a ocorrências na prazo for fixado em lei.
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

vida particular do servidor, e constam basicamente


do art. 97: Dica
Art. 97 Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor Prescrição é a impossibilidade de perseguir
ausentar-se do serviço: determinado direito. A sua ocorrência é uma das
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; bases da segurança jurídica de um ordenamento.
II - pelo período comprovadamente necessário para
alistamento ou recadastramento eleitoral, limita- REGIME DISCIPLINAR
do, em qualquer caso, a 2 (dois) dias;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de: Para a devida aplicação das penalidades, por meio
a) casamento; de um regime disciplinar, primeiramente é neces-
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, sário estabelecer as bases por meio dos deveres e
madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob proibições.
guarda ou tutela e irmãos. Vejamos, inicialmente, os deveres: 101
Art. 116 São deveres do servidor: Proibições Sujeitas à Suspensão
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
cargo; z Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
II - ser leal às instituições a que servir; cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
III - observar as normas legais e regulamentares; cia e transitórias;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando z Exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
manifestamente ilegais; tíveis com o exercício do cargo ou função e com o
V - atender com presteza: horário de trabalho.
a) ao público em geral, prestando as informações
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
Proibições Sujeitas à Demissão
b) à expedição de certidões requeridas para defesa
de direito ou esclarecimento de situações de inte-
resse pessoal; z Participar de gerência ou administração de socie-
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. dade privada, personificada ou não personificada;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência z Exercer o comércio, exceto na qualidade de acio-
em razão do cargo ao conhecimento da autoridade nista, cotista ou comanditário (tal proibição não se
superior ou, quando houver suspeita de envolvi- aplica na participação nos conselhos de adminis-
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade tração e fiscal de empresas ou entidades em que a
competente para apuração; União detenha, direta ou indiretamente, participa-
VII - zelar pela economia do material e a conserva- ção no capital social ou em sociedade cooperativa
ção do patrimônio público; constituída para prestar serviços a seus membros
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; nem no gozo de licença para o trato de interesses
IX - manter conduta compatível com a moralidade particulares, observada a legislação sobre conflito
administrativa;
de interesses);
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
z Receber propina, comissão, presente ou vantagem
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
ou abuso de poder. z Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
Parágrafo único. A representação de que trata o estrangeiro;
inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e z Praticar usura sob qualquer de suas formas;
apreciada pela autoridade superior àquela contra a z Proceder de forma desidiosa;
qual é formulada, assegurando-se ao representan- z Utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
do ampla defesa. ção em serviços ou atividades particulares.

Não acredito na necessidade de decorar os disposi- Proibições sujeitas à demissão que incompatibilizam
tivos. Veja que todos são bem lógicos; talvez o menos o ex-servidor para nova investidura em cargo público
lógico seja o destacado – o parágrafo único refere-se federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos
exclusivamente a ele.
Em seguida, temos as proibições, previstas no z Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
art. 117. Aqui, já há uma preocupação maior, pois, de de outrem, em detrimento da dignidade da função
acordo com a gravidade da proibição ferida, teremos pública;
uma punição mais grave. Deixaremos, desde já, a dis- z Atuar, como procurador ou intermediário, jun-
tribuição de acordo com a penalidade eventualmente to a repartições públicas, salvo quando se tratar
aplicável. de benefícios previdenciários ou assistenciais
de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
Proibições Sujeitas à Advertência companheiro.

z Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem Há casos em que a demissão ou a destituição de car-
prévia autorização do chefe imediato; go em comissão, de acordo com os atos praticados, terá
z Retirar, sem prévia anuência da autoridade outras consequências que visam resguardar o interesse
competente, qualquer documento ou objeto da público. Vejamos primeiramente o art. 136:
repartição;
z Recusar fé a documentos públicos; Art. 136 A demissão ou a destituição de cargo em
z Opor resistência injustificada ao andamento de comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do
documento e processo ou execução de serviço; art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o
z Promover manifestação de apreço ou desapreço ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
no recinto da repartição; penal cabível.
z Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
casos previstos em lei, o desempenho de atribui- Observemos as hipóteses em relação às quais
ção que seja de sua responsabilidade ou de seu haverá a indisponibilidade de bens e ressarcimento
subordinado; ao erário, nos termos do art. 136.
z Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia-
rem-se a associação profissional ou sindical, ou a Art. 132 A demissão será aplicada nos seguintes
partido político; casos:
z Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun- IV - improbidade administrativa;
ção de confiança, cônjuge, companheiro ou paren- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
te até o segundo grau civil; X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
z Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan- mônio nacional;
102 do solicitado. XI - corrupção.
Para facilitar sua memorização, perceba que as Temos outras hipóteses de demissão além daque-
hipóteses trazidas são aquelas em que há prejuízo já las que conhecemos quando estudamos as proibições.
causado ou potencial aos cofres públicos. Elas constam do art. 132:
O parágrafo único do art. 137 traz a impossibilida-
de do retorno ao serviço público federal em determi- Art. 132 A demissão será aplicada nos seguintes
nadas hipóteses. O dispositivo é questionado junto ao casos:
STF por, em tese, configurar pena perpétua, o que é I - crime contra a administração pública;
vedado pela CF, de 1988. II - abandono de cargo;
No entanto, a literalidade do dispositivo é passível III - inassiduidade habitual;
de cobrança em provas, portanto, devemos estar aten- IV - improbidade administrativa;
tos. Vejamos o dispositivo em questão: V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
repartição;
Art. 137 [...] VI - insubordinação grave em serviço;
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a par-
público federal o servidor que for demitido ou desti- ticular, salvo em legítima defesa própria ou de
tuído do cargo em comissão por infringência do art. outrem;
132, incisos I, IV, VIII, X e XI. VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
As hipóteses nele citadas são as seguintes: razão do cargo;
Art. 132 A demissão será aplicada nos seguintes X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
casos: mônio nacional;
I - crime contra a administração pública; XI - corrupção;
IV - improbidade administrativa; XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; ções públicas;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri- XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
mônio nacional;
XI - corrupção. O estatuto traz, assim como a Constituição Federal,
vedação a cumulação de cargos. Acompanhe o dispos-
Penalidades to no art. 118:

Agora vamos conhecer o art. 127. Vejamos: Art. 118 Ressalvados os casos previstos na Cons-
tituição, é vedada a acumulação remunerada de
Art. 127 São penalidades disciplinares:
cargos públicos.
I - advertência;
§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos,
II - suspensão;
empregos e funções em autarquias, fundações
III - demissão;
públicas, empresas públicas, sociedades de econo-
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
mia mista da União, do Distrito Federal, dos Esta-
V - destituição de cargo em comissão;
dos, dos Territórios e dos Municípios.
VI - destituição de função comissionada.
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
Na aplicação das penalidades, serão consideradas condicionada à comprovação da compatibilidade
a natureza e a gravidade da infração cometida, os de horários.
danos que dela provierem para o serviço público, as § 3º Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efeti-
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante-
vo com proventos da inatividade, salvo quando os
cedentes funcionais.
cargos de que decorram essas remunerações forem
Anteriormente, vimos a correlação das proibições
acumuláveis na atividade.
com as respectivas penalidades. No entanto, ainda há
algumas informações importantes sobre isso.
O dispositivo referente à advertência traz-nos uma O dispositivo acima traz uma regra geral e a res-
possibilidade ampla de aplicação ao seu final. Por- pectiva abrangência. Chamo atenção para o parágrafo
tanto, devemos ter em mente que, para a advertên- terceiro, que se refere à vedação da cumulação tam-
cia, podemos ter hipóteses que não constam da Lei nº bém na inatividade. A regra é simples: se inacumulá-
8.112, de 1990, que estudamos neste momento. vel em atividade, inacumulável na aposentadoria.
Em seguida, temos a vedação também para os car-
Art. 129 A advertência será aplicada por escrito, gos em comissão, constante do art. 119. Vejamos sua
nos casos de violação de proibição constante do literalidade:
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância


de dever funcional previsto em lei, regulamentação Art. 119 O servidor não poderá exercer mais de
ou norma interna, que não justifique imposição de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no
penalidade mais grave. parágrafo único do art. 9º, nem ser remunerado
pela participação em órgão de deliberação coletiva.
Temos também a possibilidade de aplicação da Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
suspensão em caso de reincidência em proibições aplica à remuneração devida pela participação
sujeitas à advertência. em conselhos de administração e fiscal das empre-
sas públicas e sociedades de economia mista, suas
Art. 130 A suspensão será aplicada em caso de subsidiárias e controladas, bem como quaisquer
reincidência das faltas punidas com advertência empresas ou entidades em que a União, direta ou
e de violação das demais proibições que não tipi- indiretamente, detenha participação no capital
fiquem infração sujeita a penalidade de demissão, social, observado o que, a respeito, dispuser legis-
não podendo exceder de 90 (noventa) dias. lação específica. 103
O art. 9º traz o exercício interino de outro cargo de a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica-
confiança, caso em que deverá ser feita a opção pela ção precisa do período de ausência intencional do
remuneração de um dos cargos. servidor ao serviço superior a trinta dias;
Na sequência, o art. 120 traz a possibilidade de b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
cumulação de um cargo efetivo com um cargo em dos dias de falta ao serviço sem causa justificada,
comissão, desde que haja compatibilidade de horários. por período igual ou superior a sessenta dias inter-
poladamente, durante o período de doze meses;
II - após a apresentação da defesa a comissão ela-
Art. 120 O servidor vinculado ao regime desta
borará relatório conclusivo quanto à inocência ou
Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
à responsabilidade do servidor, em que resumirá as
vos, quando investido em cargo de provimento em
peças principais dos autos, indicará o respectivo
comissão, ficará afastado de ambos os cargos efeti-
dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono
vos, salvo na hipótese em que houver compatibili-
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao
dade de horário e local com o exercício de um deles,
serviço superior a trinta dias e remeterá o processo
declarada pelas autoridades máximas dos órgãos
à autoridade instauradora para julgamento.
ou entidades envolvidos.

As penalidades disciplinares serão aplicadas, con-


O estatuto traz um procedimento sumário para o
forme o art. 141:
caso de acumulação ilegal de cargos. Ele consta do art.
133 e é recorrente em provas. Vejamos a literalidade
z Pelo Presidente da República, Presidentes das
do dispositivo, que é de fácil entendimento:
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Fede-
rais e Procurador-Geral da República, quando se
Art. 133 Detectada a qualquer tempo a acumula-
ção ilegal de cargos, empregos ou funções públicas,
tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou
a autoridade a que se refere o art. 143 notificará disponibilidade de servidor vinculado ao respecti-
o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, vo Poder, órgão, ou entidade;
para apresentar opção no prazo improrrogável de z Pelas autoridades administrativas de hierarquia
dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese imediatamente inferior àquelas mencionadas no
de omissão, adotará procedimento sumário para a inciso anterior, quando se tratar de suspensão
sua apuração e regularização imediata, cujo pro- superior a 30 dias;
cesso administrativo disciplinar se desenvolverá z Pelo chefe da repartição e outras autoridades na for-
nas seguintes fases: ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
I - instauração, com a publicação do ato que consti- casos de advertência ou de suspensão de até 30 dias;
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores z Pela autoridade que houver feito a nomeação, quan-
estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a do se tratar de destituição de cargo em comissão.
materialidade da transgressão objeto da apuração;
II - instrução sumária, que compreende indiciação, Vejamos agora a sindicância e o processo admi-
defesa e relatório; nistrativo disciplinar. Ambos podem resultar em
III - julgamento.
aplicação de penalidades; no entanto, temos algumas
§ 7º O prazo para a conclusão do processo adminis-
diferenças importantes.
trativo disciplinar submetido ao rito sumário não
A autoridade que tiver ciência de irregularidade
excederá trinta dias, contados da data de publica-
ção do ato que constituir a comissão, admitida a
no serviço público é obrigada a promover a sua apu-
sua prorrogação por até quinze dias, quando as cir- ração imediata, mediante sindicância ou processo
cunstâncias o exigirem. administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
ampla defesa.
Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade Da sindicância poderá resultar:
do inativo que houver praticado, na atividade, falta
punível com a demissão. z Arquivamento do processo;
Configura abandono de cargo a ausência inten- z Aplicação de penalidade de advertência ou sus-
cional do servidor ao serviço por mais de trinta dias pensão de até 30 dias;
consecutivos (art. 138). z Instauração de processo disciplinar.
Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao
serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpo- Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar
ladamente, durante o período de doze meses (art. 139). a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30
dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou dispo-
nibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será
Dica obrigatória a instauração de processo disciplinar.
A inassiduidade não é contada dentro no ano O processo disciplinar é o instrumento destina-
civil, e sim em um período de 12 meses. do a apurar responsabilidade de servidor por infra-
ção praticada no exercício de suas atribuições, ou que
O art. 140 impõe o procedimento do art. 133, visto tenha relação com as atribuições do cargo em que se
acima, aos casos de abandono de cargo ou inassidui- encontre investido e será conduzido por comissão
dade habitual: composta de três servidores estáveis designados pela
autoridade competente.
Art. 140 Na apuração de abandono de cargo ou O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
inassiduidade habitual, também será adotado o fases:
procedimento sumário a que se refere o art. 133,
observando-se especialmente que: z Instauração, com a publicação do ato que consti-
104 I - a indicação da materialidade dar-se-á: tuir a comissão;
z Inquérito administrativo, que compreende ins- Art. 122 A responsabilidade civil decorre de ato
trução, defesa e relatório; omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
z Julgamento. resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente cau-
O prazo para a conclusão do processo disciplinar não sado ao erário somente será liquidada na forma
prevista no art. 46, na falta de outros bens que asse-
excederá 60 dias, contados da data de publicação do ato
gurem a execução do débito pela via judicial.
que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, res-
por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem. ponderá o servidor perante a Fazenda Pública, em
Feitas essas considerações gerais sobre o processo ação regressiva.
administrativo disciplinar, vamos a algumas informa- § 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos
ções pormenorizadas. sucessores e contra eles será executada, até o limite
Sobre o inquérito, a lei impõe que obedecerá ao do valor da herança recebida.
princípio do contraditório, assegurada ao acusado
ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos O parágrafo segundo, acima, está em consonân-
admitidos em direito. Frente ao texto acima, seguem cia com o disposto no parágrafo sexto do art. 37 da
as normas legais: Constituição Federal, trazendo a possibilidade de ação
regressiva.
Na fase do inquérito, a comissão promoverá a Relembrando: caso alguém sofra um dano causado
tomada de depoimentos, acareações, investigações por agente público, deverá acionar o Estado, que, se
e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, for o caso, acionará o servidor para arcar com os cus-
recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, tos, por meio de ação regressiva.
de modo a permitir a completa elucidação dos fatos. A responsabilidade penal abrange os crimes e con-
Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade,
minucioso, onde resumirá as peças principais dos conforme art. 123. Ou seja, a ação ou omissão deve-
autos e mencionará as provas em que se baseou rá ocorrer como servidor, não se confundindo com a
para formar a sua convicção. O relatório será sem- vida particular do servidor, em regra.
pre conclusivo quanto à inocência ou à responsa- No mesmo sentido vai a lei ao se referir à respon-
bilidade do servidor.
sabilidade civil-administrativa, desta vez no seu art.
O processo disciplinar, com o relatório da comis-
124:
são, será remetido à autoridade que determinou a
sua instauração, para julgamento.
Art. 124 A responsabilidade civil-administrativa
Na fase do julgamento, no prazo de 20 dias, con-
resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no
tados do recebimento do processo, a autoridade jul-
desempenho do cargo ou função.
gadora proferirá a sua decisão. Se a penalidade a
ser aplicada exceder a alçada da autoridade instau-
É importantíssimo ressaltar a independência entre
radora do processo, este será encaminhado à auto-
ridade competente, que decidirá em igual prazo. as esferas de responsabilidade e sua possibilidade de
O julgamento fora do prazo legal não implica nuli- cumulação, conforme constante do art. 125:
dade do processo.
O processo disciplinar poderá ser revisto, a Art. 125 As sanções civis, penais e administrativas
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis
de justificar a inocência do punido ou a inadequa- Há, no entanto, uma exceção de influência entre
ção da penalidade aplicada. as formas de responsabilização e o caso da absolvição
A simples alegação de injustiça da penalidade não penal que negue o fato ou a autoria por parte do servi-
constitui fundamento para a revisão, que requer dor. Vejamos, primeiramente, o dispositivo:
elementos novos, ainda não apreciados no proces-
so originário. Art. 126 A responsabilidade administrativa do ser-
A comissão revisora terá 60 dias para a conclusão vidor será afastada no caso de absolvição criminal
dos trabalhos. que negue a existência do fato ou sua autoria.

O servidor poderá ser responsabilizado em dife- Veja que o dispositivo é bastante lógico, pois, se a
rentes esferas de responsabilidade. A que vimos Justiça Penal, que tem um rito bastante rigoroso, con-
acima, com seus respectivos detalhes, é referente à cluir que o fato não existiu ou que outra pessoa foi a
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

reponsabilidade administrativa. No entanto, o servi- responsável, como poderia o servidor ainda assim ser
dor poderá ser responsabilizado nas esferas adminis- responsabilizado?
trativa, penal e cível, de maneira independente. Por fim, temos um dispositivo que traz proteção
Vejamos o comando do art. 121, que traz essas esfe- ao servidor que eventualmente queira dar ciência de
ras de responsabilidade. práticas ilícitas à autoridade superior, ainda que o
fato seja levado à autoridade diferente da que deveria
Art. 121 O servidor responde civil, penal e admi- ser cientificada de acordo com a posição funcional no
nistrativamente pelo exercício irregular de suas servidor:
atribuições.
Art. 126-A Nenhum servidor poderá ser responsa-
A responsabilidade cível poderá decorrer de ação bilizado civil, penal ou administrativamente por
ou omissão e poderá ser apurada por dano causado à dar ciência à autoridade superior ou, quando hou-
própria Administração Pública ou a terceiros, confor- ver suspeita de envolvimento desta, a outra auto-
me comando do art. 122. ridade competente para apuração de informação 105
concernente à prática de crimes ou improbidade de Dica
que tenha conhecimento, ainda que em decorrência
do exercício de cargo, emprego ou função pública.
Processo ou procedimento administrativo? Ape-
sar de não serem a mesma coisa, ambos pos-
Finalmente, no tange ao direito de punir da Admi- suem uma forte relação intrínseca. “Processo” é
nistração Pública, o art. 142 traz o prazo de prescrição o termo utilizado para designar a relação jurídica
para a ação disciplinar, que é a perda do direito por estabelecida entre as partes e, por isso, denomi-
parte do Estado de punir o servidor que cometeu a na-se processo administrativo o vínculo estabe-
infração. lecido entre o Poder Público e o particular para
a tomada de uma decisão. “Procedimento”, por
Art. 142 A ação disciplinar prescreverá: sua vez, refere-se a uma sequência ordenada de
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis atos que culminam na tomada da decisão. Pro-
com demissão, cassação de aposentadoria ou dis-
cedimento é o meio pelo qual se atende aos fins
ponibilidade e destituição de cargo em comissão;
do processo.
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à
advertência. A LEI FEDERAL Nº 9.784/1999
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data
em que o fato se tornou conhecido. Com o objetivo de regulamentar a disciplina cons-
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal titucional do processo administrativo, a Lei nº 9.784,
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas de 1999, denominada “Lei do Processo Administra-
também como crime. tivo”, dispõe sobre normas básicas sobre o referido
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo no âmbito da Administração Federal dire-
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a ta e indireta, visando a proteção dos direitos dos
decisão final proferida por autoridade competente. administrados e ao melhor cumprimento dos fins da
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo Administração Pública. Trata-se de lei federal, aplicá-
começará a correr a partir do dia em que cessar a vel somente no âmbito da União, com incidência no
interrupção. Poder Executivo, e também nos Poderes Legislativo
e Judiciário, no exercício de suas funções atípicas.
Em relação ao parágrafo primeiro, acima, a ques- Entretanto, o STJ pacificou entendimento de que a
tão em prova poderá trocar os termos, colocando referida Lei de Processo Administrativo pode ser apli-
como termo inicial o momento da ocorrência do fato. cável, subsidiariamente, às demais entidades federais
Portanto, atente-se a esse ponto. que não possuam lei própria versando sobre o tema.
Em relação ao termo interrupção da prescrição no
Com base nessas considerações, passemos a desta-
art. 142, não está zerando o prazo em contagem mas,
car alguns pontos importantes da referida legislação.
simplesmente, parando sua contagem e retornando
De início, o § 2º, do art. 1º, da Lei nº 9.784, de 1999,
em seguida, conforme parágrafos terceiro e quarto.
procura delimitar três importantes conceitos. Órgão
é a unidade de atuação integrante da estrutura da
Administração direta e da estrutura da Administração
indireta. Entidade é a unidade de atuação dotada de
PROCESSO ADMINISTRATIVO personalidade jurídica. Temos também autoridade,
NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO que é o servidor ou agente público dotado de poder
de decisão.
PÚBLICA FEDERAL (LEI N° 9.784, DE 29
Preliminarmente, o art. 1º atribui a principal fina-
DE JANEIRO DE 1999) lidade da referida Lei.

A necessidade de se instaurar um processo, isso é, “Esta Lei estabelece normas básicas sobre o proces-
uma sequência de atos para o exercício da jurisdição, so administrativo, seus atos e procedimentos, no
tem seu fundamento no princípio constitucional do âmbito da Administração Pública Direta e Indireta
devido processo legal. O devido processo legal pode da União, inclusive das pessoas jurídicas controla-
ser compreendido como o “escudo da humanidade” das ou mantidas pelo Poder Executivo, visando, em
contra a prática de atos abusivos por parte do Esta- especial, à proteção dos direitos dos administrados,
do. Seu fundamento legal está previsto no art. 5º, LIV, atendimento do interesse público e melhor cumpri-
da Constituição Federal, o qual assegura que ninguém mento dos fins da Administração”.
será privado da liberdade ou de seus bens sem o devi-
do processo legal. Pela leitura do caput do art. 1º, percebe-se que
A obrigatoriedade do devido processo legal não se a referida Lei Federal estabelece normas básicas
aplica somente à seara judicial, mas também vincula sobre o processo administrativo, com a finalidade
a Administração Pública e o Poder Legislativo, pois no de proteger os direitos dos administrados, promo-
moderno Estado de Direito, a validade das decisões ver melhor atendimento do interesse público e o
praticadas por órgãos e agentes governamentais está melhor cumprimento dos fins da Administração.
condicionada ao cumprimento de um rito procedi- Os preceitos desta Lei se aplicam também aos
mental previamente estabelecido. Por isso, é de gran- Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Públi-
de importância o estudo do processo administrativo, co, à Defensoria Pública, e ao Tribunal de Contas da
que visa dar maior transparência e garantia do exer- União, quando no desempenho de função administra-
106 cício de uma boa Administração para os particulares. tiva § 1º, art. 1º.
Dos Princípios do Processo Administrativo e os Atos VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
do Processo Administrativo que determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à
O caput do art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, elenca garantia dos direitos dos administrados;
os princípios pelos quais a Administração Pública tem IX - adoção de formas simples, suficientes para pro-
o dever de obedecer e que regem o processo adminis- piciar adequado grau de certeza, segurança e res-
trativo. São eles: peito aos direitos dos administrados;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresen-
Legalidade: é o dever de atuação conforme a lei e
tação de alegações finais, à produção de provas e
o direito positivado, fruto da própria noção de Esta-
à interposição de recursos, nos processos de que
do de Direito.
possam resultar sanções e nas situações de litígio;
Impessoalidade: tem por objetivo vedar a promo-
XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
ção pessoal de agentes e autoridades
ressalvadas as previstas em lei;
Moralidade: a atuação dos agentes públicos deve
XII - impulsão, de ofício, do processo administrati-
seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé.
Publicidade: é o dever de publicar os atos admi- vo, sem prejuízo da atuação dos interessados;
nistrativos de relevante interesse para a população, XIII - interpretação da norma administrativa da
gerando maior transparência. forma que melhor garanta o atendimento do fim
Eficiência: envolvem as ideias de profissionalismo público a que se dirige, vedada aplicação retroativa
e boa gestão, gerando resultados positivos e cor- de nova interpretação.
tando ao máximo os custos,
Razoabilidade e proporcionalidade: exige uma Dos Direitos e Deveres dos Administrados
linha lógica e adequação entre o fim almejado e o
meio utilizado para tal fim, abstendo-se de praticar Apesar de não haver uma expressa menção, para
exageros. os efeitos da Lei, considera-se como “administrado”
Obrigatória motivação: as decisões tomadas todo aquele que não possui vínculo com a Administra-
pelas autoridades devem conter pressupostos de ção Pública, é o cidadão particular, sujeito de direitos
fato e de direito que justifiquem as mesmas. e deveres exercidos pela Administração.
Duração razoável do processo: não significa que Mesmo não estabelecendo uma definição de admi-
o processo administrativo deva ser célere e rápido, nistrado, a Lei Federal busca proteger alguns direitos
mas ele também não pode ser demasiadamente lon- do administrado. Os seus direitos estão dispostos no
go. Existem processos na esfera judicial que perdu- art. 3º, in verbis:
ram por mais de cinco anos!
Segurança jurídica: exige que a interpretação das
Art. 3° O administrado tem os seguintes direitos
normas administrativas seja sempre a que melhor
perante a Administração, sem prejuízo de outros
atenda aos interesses dos administrados, sendo veda-
que lhe sejam assegurados:
da sua aplicação retroativa, pois isso feriria o ato
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e ser-
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
vidores, que deverão facilitar o exercício de seus
Contraditório e ampla defesa: para cada ato e
direitos e o cumprimento de suas obrigações;
cada alegação feita no processo em questão, é asse-
II - ter ciência da tramitação dos processos admi-
gurado o direito de manifestação da parte contrá-
ria, principalmente nos processos em que resultem nistrativos em que tenha a condição de interessa-
em sanções e nas situações de litígio. do, ter vista dos autos, obter cópias de documentos
Supremacia e indisponibilidade do interesse neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
público: são os princípios únicos e basilares de III - formular alegações e apresentar documentos
Direito Administrativo, que fundamentam o fato antes da decisão, os quais serão objeto de conside-
desse ramo jurídico ser de Direito Público. O inte- ração pelo órgão competente;
resse público deve, sempre, se sobrepor aos inte- IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advoga-
resses particulares, o que garante à Administração do, salvo quando obrigatória a representação, por
Pública uma série de prerrogativas para perseguir força de lei.
esse fim. Por outro lado, o interesse público é indis-
ponível, não pode o agente público praticar atos Como se depreende da leitura do dispositivo, esse
com desvios de finalidade não é um rol taxativo de direitos. A lei de processo
administrativo não precisa prever todos os direitos do
Além da obediência desses princípios, o processo administrado para garantir sua proteção.
administrativo também deve observar, alguns critérios Por outro lado, o art. 4º aponta os deveres do
previstos nos incisos do parágrafo único do art. 2º: administrado perante o processo administrativo.
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Sem prejuízo de outros deveres previstos em ato nor-


I - atuação conforme a lei e o Direito; mativo, o artigo apresenta cinco deveres: I - expor os
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
fatos conforme a verdade; II - proceder com lealdade,
renúncia total ou parcial de poderes ou competên-
urbanidade e boa-fé; III - não agir de modo temerário;
cias, salvo autorização em lei;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e
III - objetividade no atendimento do interesse público,
colaborar para o esclarecimento dos fatos.
vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade,
decoro e boa-fé; Do Início do Processo: Instauração, Legitimidade,
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressal- Impedimento e Suspeição
vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposi- A Administração Pública apresenta uma dinamici-
ção de obrigações, restrições e sanções em medida dade muito maior do que o Judiciário, uma vez que
superior àquelas estritamente necessárias ao aten- pode agir de ofício, isso é, sem a provocação do inte-
dimento do interesse público; ressado (art. 5º). 107
É possível, evidentemente, que o processo admi- Interessante observar que o próprio servidor ou
nistrativo possa ser instaurado a requerimento, hipó- autoridade julgadora do processo pode se autodecla-
tese em que deve ser formulado por escrito e conter os rar suspeita.
seguintes dados conforme o art. 6°: Qual seria a diferença de julgamento de impedi-
mento e uma suspeição? A resposta é bem simples: o
I - órgão ou autoridade administrativa a que se impedimento são ordens legais, o que significa que
dirige; o seu julgamento está vinculado à palavra da lei. Já
II - identificação do interessado ou de quem o o julgamento da suspeição, como não há um manda-
represente;
mento para se declarar a suspeição (é recomendado
III - domicílio do requerente ou local para recebi-
mento de comunicações;
que tais pessoas não participem do processo), há uma
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos certa margem de liberdade no julgamento da suspei-
e de seus fundamentos; ção, o que evidencia uma maior discricionariedade.
V - data e assinatura do requerente ou de seu repre-
sentante (art. 6º). Da Competência, da Forma, do Tempo e do Lugar

Quando os pedidos de uma pluralidade de inte- Nos termos do art. 20, a competência é irrenun-
ressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, ciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que
poderão ser formulados em um único requerimento foi atribuída como própria, salvo os casos de delega-
ou reunidos por decisão motivada da autoridade com- ção e avocação legalmente admitidos.
petente, salvo preceito legal em contrário (art. 8º). A delegação é o fenômeno pelo qual uma autori-
Quanto à legitimidade para a instauração do pro-
dade distribui suas competências para uma entidade
cesso, o art. 9º elenca um rol taxativo de interessados:
ou órgãos distintos, podendo estar na mesma linha
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como hierárquica ou não. Salvo impedimento legal, a com-
titulares de direitos ou interesses individuais ou no petência poderá ser parcialmente delegada a outros
exercício do direito de representação; órgãos ou titulares, mesmo sem subordinação hierár-
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm quica, em razão de fatores técnicos, sociais, econômi-
direitos ou interesses que possam ser afetados pela cos, jurídicos ou territoriais.
decisão a ser adotada; O art. 22 apresenta, contudo, algumas matérias que
III - as organizações e associações representativas, não podem ser objeto de delegação, sendo indelegáveis:
no tocante a direitos e interesses coletivos;
IV -as pessoas ou as associações legalmente consti-
I - a edição de atos de caráter normativo;
tuídas quanto a direitos ou interesses difusos.
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão,
Ainda sobre as pessoas dentro do processo admi- entidade ou autoridade;
nistrativo, a referida Lei estabelece algumas hipóteses IV - as atribuições recebidas por delegação, sal-
de suspeição e de impedimento. vo autorização expressa e na forma por ela
Impedimento é uma qualidade que uma pessoa determinada.
tem que, como o próprio nome diz, impede essa pessoa
de participar do processo administrativo. As causas de A avocação, por sua vez, traduz-se na absorção de
impedimento estão dispostas no art. 18, in vebis:
competências, hipótese em que o órgão ou o titular
chama para si atribuições de competência de órgão
Art. 18 É impedido de atuar em processo adminis-
hierarquicamente inferior. É uma hipótese excepcio-
trativo o servidor ou autoridade que:
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; nal e temporária no processo administrativo, confor-
II - tenha participado ou venha a participar como me dispõe o art. 24.
perito, testemunha ou representante, ou se tais Em relação a forma, a Lei citada não atribui nenhum
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companhei- requisito solene para o processo administrativo, apenas
ro ou parente e afins até o terceiro grau; exige que os atos processuais deverão ser produzidos
III - esteja litigando judicial ou administrativa- por escrito, em vernáculo, com data e local de sua rea-
mente com o interessado ou respectivo cônjuge ou lização e assinatura da autoridade responsável (§ 1º,
companheiro. art. 22). Os atos são realizados em dias úteis, no horá-
rio de funcionamento da repartição na qual tramita o
A autoridade ou servidor que incorrer em impedi- processo.
mento deve comunicar o fato à autoridade competen- Sobre o tempo, dispõe o art. 24 que, inexistindo
te, abstendo-se de atuar. A omissão em comunicar tal disposição legal específica, os atos do órgão ou auto-
impedimento é considerada uma falta grave. ridade responsável pelo processo e dos administrados
Mas a Lei do Processo Administrativo também
que dele participem devem ser praticados no prazo de
prevê algumas hipóteses de suspeição. São hipóteses
cinco dias úteis, salvo motivo de força maior.
em que a pessoa não está obrigada, mas é recomendá-
Sobre o lugar, os atos do processo devem reali-
vel que ela não participe do processo administrativo.
zar-se por meio eletrônico ou físico, neste último caso
As causas de suspeição estão previstas no art. 20, in
preferencialmente na sede do órgão (art. 25). Os atos
verbis:
praticados em processos eletrônicos não dispensam o
Art. 20 Pode ser arguida a suspeição de autoridade comparecimento do interessado quando necessário,
ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade devendo observar as regras procedimentais do órgão
notória com algum dos interessados ou com os res- ou entidade aos quais se destina.
pectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins Sobre a comunicação dos atos, é importante des-
108 até o terceiro grau. tacar o conteúdo do art. 27, in verbis:
Art. 27 O desatendimento da intimação não impor- Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
ta o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no pra-
renúncia a direito pelo administrado. zo máximo de quinze dias úteis, salvo norma especial
Parágrafo único. No prosseguimento do proces- ou comprovada necessidade de maior prazo. Se um
so, será garantido direito de ampla defesa ao parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido
interessado. no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a
respectiva apresentação, responsabilizando-se quem
O parágrafo único desse dispositivo trata de um der causa ao atraso. Se um parecer obrigatório e não
assunto bem simples: é assegurado no processo admi- vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o
nistrativo o contraditório e a ampla defesa, igual a o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido
que acontece no processo judicial. com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade
Porém, o caput do referido artigo traz uma novi- de quem se omitiu no atendimento (§§ 1º e 2º do art.
dade: a falta de defesa técnica, pelo desatendimento 42).
da intimação, não torna o réu revel. Isso porque a Encerrada a instrução, o interessado terá o direito
revelia não existe no processo administrativo. Os de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo
efeitos da revelia (no processo judicial) importam no se outro prazo for legalmente fixado (art. 44).
reconhecimento da verdade de todos os fatos alegados
e que não foram contestados pela outra parte. Do Dever de Decidir: Motivação e Desistência

Da Instrução: Produção de Provas, Testemunhas, Segundo o caput do art. 48, a Administração tem
Depoimento, Citação o dever de expressamente se pronunciar e emitir
decisão sobre todos os assuntos da sua competência
A fase de instrução é a etapa do processo admi- que lhes sejam apresentados, nos processos adminis-
nistrativo em que temos a produção de provas. As trativos e sobre solicitações, petições, representações
atividades de instrução destinadas a averiguar e com- ou reclamações. Lembre-se que o dever de decidir
provar os dados necessários à tomada de decisão se da Administração tem por fundamento justamente o
realizam de ofício, sem prejuízo do direito dos interes- direito de petição do administrado.
sados de propor atuações probatórias. A atuação do O art. 50, por sua vez, dispõe sobre a motivação
interessado, quando exigida ou necessária na fase de das decisões do processo administrativo. Os atos
instrução, deve ser realizada de modo menos oneroso administrativos deverão ser motivados, com indica-
para ele (art. 29). ção dos fatos, dos fundamentos jurídicos e atos proba-
tórios, especialmente quando:
Os atos de instrução podem ocorrer de forma
física ou por meio eletrônico. Nessa última hipótese,
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
tais atos serão documentados nos autos do respectivo
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
processo. sanções;
É absolutamente vedada a obtenção de provas por III - decidam processos administrativos de concur-
meios ilícitos. Exemplo: a confissão de um servidor so ou seleção pública;
policial sobre apuração de uma transgressão discipli- IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de
nar, mediante tortura. processo licitatório;
Quando a matéria do processo envolver assunto de V - decidam recursos administrativos;
interesse geral, o órgão competente poderá, mediante VI - decorram de reexame de ofício;
despacho motivado, abrir período de consulta pública VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada
para manifestação de terceiros, antes da decisão final, sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
se não houver prejuízo para a parte interessada e ao propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
eficaz andamento do processo (art. 31).
convalidação de ato administrativo.
A consulta pública é um instrumento de comu-
nicação entre a administração e a sociedade, pois
A motivação deve ser explícita, clara e congruen-
os cidadãos podem apresentar sugestões, críticas
te, podendo consistir em declaração de concordância
e comentários acerca do objeto do processo, ainda
com fundamentos de anteriores pareceres, informa-
que não sejam a parte diretamente interessada. Não ções, decisões ou propostas, que, neste caso, serão
é obrigatória (discricionariedade), ou seja, somen- parte integrante do ato. Na solução de vários assuntos
te será utilizada quando for conveniente e oportuno da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecâni-
para a Administração e para o processo em questão.
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

co que reproduza os fundamentos das decisões, desde


Quando for necessária a prestação de informações que não prejudique direito ou garantia dos interessa-
ou a apresentação de provas pelos interessados ou dos (§§ 1º e 2º do art. 50).
terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, O art. 51 apresenta a desistência, que é uma
mencionando-se data, prazo, forma e condições de das formas de extinção do processo administrativo.
atendimento (art. 39). Essas intimações são indispen- O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
sáveis para que os interessados e terceiros tenham desistir total ou parcialmente do pedido formulado
conhecimento do processo que está correndo. ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. Quando
O art. 42 dispõe sobre os pareceres, que podem múltiplos os interessados, a desistência de um não
ser obrigatórios ou facultativos, conforme sejam ou afeta o prosseguimento do processo para os demais (§
não exigidos por lei. Os pareceres obrigatórios são 1º do art. 51). A desistência ou renúncia do interessa-
vinculantes ou não vinculantes, quando suas conclu- do, conforme o caso, não prejudica o prosseguimento
sões devam ou não ser necessariamente observadas do processo, se a Administração considerar que o inte-
nas decisões proferidas por autoridade competente. resse público assim o exige. 109
O art. 52, por sua vez, dispõe sobre outra hipóte- I - os titulares de direitos e interesses que forem
se de extinção do processo administrativo: quando parte no processo;
exaurida a sua finalidade ou o objeto da decisão se II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indire-
tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato tamente afetados pela decisão recorrida;
superveniente. III - as organizações e associações representativas,
no tocante a direitos e interesses coletivos;
Da Anulação, Revogação e Convalidação IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos
ou interesses difusos.
O art. 53 prevê o que a doutrina denomina de auto-
tutela administrativa. A Administração deve anular O recurso é interposto por meio de requerimento
seus próprios atos, quando eivados de vício de legali- no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do
dade, e pode revogá-los, por motivo de conveniência pedido de reexame, podendo juntar os documentos
ou oportunidade, em qualquer caso respeitados os que julgar convenientes.
direitos adquiridos, sem precisar de auxílio ou inter- Em regra, o recurso não tem efeito suspensivo,
venção do processo judiciário. salvo havendo relevante fundamento e justo receio
Quando um ato é considerado ilegal, significa que de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorren-
houve um julgamento quanto à legalidade do ato. A te da execução. Nesses casos, a autoridade recorrida
palavra da lei é o que importa: se o ato foi praticado poderá decretar a suspensão do prazo recursal (art.
fora dos limites legais, deve ser anulado. É esse o ins- 61, parágrafo único).
tituto da vinculação. Porém, quando um ato é consi- Interposto o recurso, o órgão competente para dele
derado inconveniente e inoportuno (mas ainda assim conhecer deverá intimar os demais interessados para
legal e legítimo), aqui o administrador tem a escolha de que, no prazo de dez dias úteis, apresentem alegações.
manter o ato, ou de extingui-lo mediante a revogação. O recurso não será conhecido quando interposto:
Há um julgamento com base na discricionariedade.
O direito da Administração de anular os atos admi- I- fora do prazo;
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os II - perante órgão incompetente;
destinatários decai em cinco anos, contados da data III - por quem não seja legitimado;
em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. IV - após exaurida a esfera administrativa (art. 63).
No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
de decadência contar-se-á da percepção do primeiro Os prazos contam-se em dias úteis e começam a
pagamento (§ 1º do art. 54). correr a partir da data da cientificação oficial, excluin-
Em decisão na qual se evidencie não acarretarem do-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os vencimento.
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser O órgão competente para decidir o recurso pode-
convalidados pela própria Administração (art. 56). rá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de
Dica sua competência. Se da aplicação do disposto neste
art. puder decorrer gravame à situação do recorren-
Para saber quais atos podem ser sanáveis, é te, este deverá ser cientificado para que formule suas
importante relembrar quais são os elementos alegações antes da decisão (art. 64, parágrafo único).
dos atos administrativos: competência, obje- Uma vez vistos os aspectos gerais dos recursos
to, forma, motivo e finalidade. Os atos podem administrativos, é importante, também, conhecer
ser convalidados, se o seu vício recair sobre a cada um deles em espécie:
competência ou a forma do ato administrati-
vo. Contudo, se o vício recair no motivo, objeto
z Representação: é uma denúncia formal de irregu-
e a finalidade, por serem vícios insanáveis, não
laridade, feita por qualquer indivíduo, com previ-
podem ser convalidados. são no inciso III, do § 3º , do art. 37, da CF, de 1988, e
que gera à Administração o dever-poder de apurar
Dos Recursos Administrativos
a irregularidade, se houver. Trata-se, por isso, de
ato vinculado.
Todas as decisões adotadas em processo adminis-
trativo são passíveis de recurso, caso em que haverá z Reclamação administrativa: É o ato pelo qual
um reexame quanto às questões de legalidade (vincu- o administrado, particular ou servidor público,
lação) e de mérito (discricionariedade) dos atos admi- deduz uma pretensão perante a administração
nistrativos objeto do litígio. pública, visando obter o reconhecimento de um
O recurso será dirigido à autoridade superior por direito ou a correção de um ato que lhe cause ou
intermédio da autoridade que proferiu o ato recorri- na iminência de causar lesão. A interposição da
do, e esta poderá reconsiderar sua decisão no prazo reclamação não impede a apreciação do pleito
de cinco dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo pelo Judiciário, mas a reclamação interposta den-
subir, devidamente informados (§ 1º do art. 56). Salvo tro do prazo de 1 ano, contado da ocorrência do
exigência legal, a interposição de recurso independe ato, suspende a prescrição quinquenal deste.
de caução. z Pedido de reconsideração: é uma solicitação
Existem três instâncias administrativas pelas quais feita à autoridade que expediu o ato, para que o
os recursos podem tramitar (art. 57). modifique ou o invalide, nos moldes do requeren-
Os legitimados para interpor recurso estão previs- te. A reconsideração não suspende a prescrição do
110 tos no art. 58. São eles: Judiciário.
z Recurso hierárquico próprio: é aquele endere- Deve-se ressaltar o papel do Estado quanto à pro-
çado a autoridade superior à que praticou o ato moção da Educação. Não se trata, pois, de um simples
recorrido. Pode ser interposto sem a necessida- direito dos cidadãos brasileiros. A Educação, mais do
de de previsão legal, uma vez que a revisão dos que uma garantia, é um dever constitucional do Esta-
atos pela autoridade hierarquicamente superior do brasileiro, que assume o compromisso de educar os
àquela que praticou o ato é uma de suas tarefas seus cidadãos, de modo a torná-los pessoas melhores.
inerentes. Vale ressaltar que o recurso hierárquico Mencionamos o termo “garantia constitucional”,
independe de caução ou qualquer tipo de garantia pois essa tarefa está exposta, justamente, na Consti-
em dinheiro, conforme dispõe a Súmula Vinculan- tuição Federal de 1988. Em seu art. 6º, a educação apa-
te nº 21 do STF. rece como um direito social. Vejamos:
z Recurso hierárquico impróprio: é aquele diri-
gido a autoridade que não ocupa posição de hie- Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
rarquia em relação ao ente que praticou o ato. É alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
o caso, por exemplo, de recurso interposto para o o lazer, a segurança, a previdência social, a prote-
ente federativo membro da Administração Direta, ção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
sobre alguma entidade da Administração Indireta.
Esse tipo de recurso deve possuir previsão legal, Ainda, a norma traz o art. 205. Vejamos:
uma vez que os poderes inerentes à tutela não se
presumem. Art. 205 A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incenti-
Atenção para o conteúdo do art. 65: vada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
“O órgão competente para decidir o recurso pode- o exercício da cidadania e sua qualificação para o
rá confirmar, modificar, anular ou revogar, total trabalho.
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria
for de sua competência. Se da aplicação do dispos- Pode-se afirmar que a promoção da educação é
to neste artigo puder decorrer gravame à situação uma tarefa fundamental a ser cumprida pelo Estado
do recorrente, este deverá ser cientificado para que, e também pelos núcleos familiares de todos os brasi-
no prazo de dez dias úteis, formule suas alegações leiros. Diante do Texto Constitucional, o desenvolvi-
antes da decisão”. mento dos indivíduos, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho são
O referido dispositivo trata do que a doutrina deno- processos compreendidos pela educação.
mina da “proibição da reformatio in pejus”. De modo Com base nessas diretrizes, o Governo Federal
geral, a decisão proferida no recurso administrativo vem incentivando a promoção da Educação em todas
não pode resultar em gravame, ou em prejuízo para o as regiões do país, sobretudo com a criação de entes
administrado. Exemplo: se o servidor foi punido com e órgãos voltados, exclusivamente, para essa finali-
pena de suspensão por 10 dias e decide recorrer da dade. Como exemplo, pode-se citar o Ministério da
Educação (MEC), que é o órgão encarregado não só
decisão, a autoridade julgadora do recurso não pode
pelo aprendizado, mas também por outras atividades
simplesmente decidir que a pena foi muito branda, e
igualmente importantes, como a profissionalização
aumentá-la para 20 dias. Caso essa possibilidade ocor-
dos professores e magistérios e também pela fiscaliza-
ra (o que não deveria), o recorrente precisa de um
ção dos atos relativos às atividades letivas.
prazo para fazer suas alegações e se defender dessa A busca por maior eficiência constitui uma carac-
reforma prejudicial da decisão. terística do atual modelo de Administração Gerencial
implementado pela Emenda Constitucional nº 19. No
ano de 2008, o Governo brasileiro deu mais um passo
em favor de seus objetivos ao aprovar a criação dos
Institutos Federais.
LEI N° 11.892, DE 29 DE DEZEMBRO DE Vale destacar que esses Institutos estão associados a
2001 um planejamento estratégico, tratando-se, portanto, de
algo mais complexo do que um simples programa de
NOÇÕES GERAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL políticas públicas. Para melhor compreender como fun-
cionam esses importantes órgãos educacionais, é neces-
O foco de nossos estudos, neste material, diz res- sário fazer uma análise aprofundada de sua legislação.
peito aos Institutos Federais ligados às áreas da Edu- As questões de prova referentes a esses Institu-
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

cação, Ciência e Tecnologia, ou, mais especificamente, tos costumam exigir bastante a letra da Lei. Por isso,
à legislação que trata sobre esses importantes Institu- vamos apresentar, primeiro, os principais assuntos
tos. De início, é imprescindível responder à seguinte contidos na Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de
pergunta: o que são os Institutos Federais? 2008, conhecida como a lei criadora dos Institutos
Institutos Federais são os órgãos integrantes da Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.
Rede Educacional brasileira, sendo subordinados ao
Das Finalidades e Características dos Institutos
Ministério da Educação. Têm como finalidade primor- Federais
dial ministrar a Educação Básica e de Nível Médio,
que é destinada principalmente aos brasileiros jovens Os Institutos Federais foram criados em todos os
e adolescentes, como também a Educação Superior, Estados brasileiros, isto é, cada Estado apresenta um
para os adultos, e a Educação Técnico-Científica Pro- Instituto Federal. Temos, por exemplo, o Instituto
fissional, a qual visa capacitar o aluno, a fim de que Federal do Amazonas, da Bahia, do Ceará, do Rio de
ele se torne um grande “técnico” sobre determinada Janeiro, de São Paulo, de Goiás, do Mato Grosso, de
matéria. Santa Catarina, do Paraná etc. 111
Vale dizer que esses Institutos possuem as mesmas Os próximos incisos tratam de outras finalidades
características e finalidades, ou seja, todos eles foram igualmente importantes, mas que não dizem respeito
criados para a persecução das mesmas finalidades e somente às atividades letivas. Observe o texto legal:
todos eles apresentam as mesmas características.
IV - orientar sua oferta formativa em benefício da
z Quais são as finalidades e características dos Insti- consolidação e fortalecimento dos arranjos produ-
tutos Federais? tivos, sociais e culturais locais, identificados com
base no mapeamento das potencialidades de desen-
volvimento socioeconômico e cultural no âmbito de
No art. 6º, encontra-se a resposta desse questiona-
atuação do Instituto Federal;
mento. Observe o texto legal:
V - constituir-se em centro de excelência na oferta
do ensino de ciências, em geral, e de ciências aplica-
Art. 6º Os Institutos Federais têm por finalidades e
das, em particular, estimulando o desenvolvimento
características: de espírito crítico, voltado à investigação empírica;
I - ofertar educação profissional e tecnológica, em VI - qualificar-se como centro de referência no
todos os seus níveis e modalidades, formando e apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições
qualificando cidadãos com vistas na atuação pro- públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica
fissional nos diversos setores da economia, com e atualização pedagógica aos docentes das redes
ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, públicas de ensino;
regional e nacional; VII - desenvolver programas de extensão e de divul-
II - desenvolver a educação profissional e tecnológi- gação científica e tecnológica;
ca como processo educativo e investigativo de gera- VIII - realizar e estimular a pesquisa aplicada, a pro-
ção e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas dução cultural, o empreendedorismo, o cooperati-
às demandas sociais e peculiaridades regionais; vismo e o desenvolvimento científico e tecnológico;
III - promover a integração e a verticalização da IX - promover a produção, o desenvolvimento e a
educação básica à educação profissional e educa- transferência de tecnologias sociais, notadamente
ção superior, otimizando a infraestrutura física, os as voltadas à preservação do meio ambiente.
quadros de pessoal e os recursos de gestão;
Os incisos IV a VII relacionam-se com o campo
O inciso I trata da finalidade primordial dos Insti- científico e tecnológico. Os Institutos devem servir de
tutos Federais. Esta é considerada a finalidade mais paradigma ao centro de ciências, em relação ao for-
importante, pois a sua criação serve, justamente, talecimento dos arranjos produtivos, à capacitação
para que o Estado brasileiro possa melhor ministrar técnica dos docentes das redes públicas de ensino e,
a educação, em seus diversos níveis, para todos os também, ao desenvolvimento dos programas de divul-
brasileiros. gação científica e tecnológica. É isso que a legislação
A finalidade prevista no inciso II está voltada para quer dizer com “centro de excelência”: os Institutos
o setor de Ciência e Tecnologia. De fato, é igualmente Federais devem ser considerados um bom exemplo
imprescindível que os Institutos Federais almejem a para a execução das referidas atividades, adotando as
busca por novas tecnologias e instrumentos capazes práticas mais modernas e eficientes para a persecu-
de gerar soluções para os diversos problemas enfren- ção desses objetivos científicos e tecnológicos.
tados pela sociedade. O texto do inciso V apresenta uma noção bastante
A atividade educacional compreende não apenas importante para a área técnico-científica. O desenvol-
as atividades letivas, mas também as atividades vol- vimento do espírito crítico dos alunos dos Institutos
tadas à pesquisa científica, à elaboração de teses em Federais deve ser feito, levando em consideração a
pós-graduações, mestrados e doutorados, à criação de investigação empírica (pode aparecer como “estudo
metodologias inovadoras, entre outras. empírico”). Trata-se de uma forma de estudo voltada
à coleta de dados e evidências empíricas, resultados
mais diretos e concretos, com a finalidade de se che-
Importante! gar a um resultado mais visível e palpável.
Essa forma de pesquisa surgiu com o Empirismo
Perceba que o inciso I coincide com o dever no início do século XVII. Tal movimento constitui
previsto no texto do art. 205, da Constituição uma teoria do campo da Filosofia que estabelece que
Federal, sobretudo quando ele dispõe que o a aquisição de conhecimento pelos seres humanos é
desenvolvimento da educação é essencial para obtida com base em experiências sensoriais. É, enfim,
a atuação profissional do cidadão nos diversos a capacidade do ser humano de “provar aquilo que
setores da economia, favorecendo o desenvolvi- ele vê”.
mento socioeconômico próprio e do local onde Como exemplo, pode-se citar o caso de uma empre-
mora. sa de determinado produto alimentício que, após rea-
lizar um questionário aberto para toda a população
que o consome, decide remover uma das variantes de
O inciso III, por sua vez, apresenta o conceito de seu produto do mercado, devido a sua recepção mais
verticalização da educação básica para os níveis da negativa, segundo os resultados da pesquisa realiza-
educação profissional e superior. A ideia é que os da. Neste sentido, no plano da Educação, o desenvolvi-
Institutos acompanhem o ensino do cidadão brasilei- mento do raciocínio e a investigação de conceitos por
ro desde quando jovem até chegar em idade adulta, parte dos alunos dos Institutos Federais devem estar
promovendo o aprendizado em todas as etapas da sua pautados na busca pela evidência concreta do mate-
vida. Na medida em que o cidadão passa por um nível rial empírico, para melhor comprovar as suas defini-
112 educacional, ele deve ascender para o próximo. ções e ideias.
Dos demais incisos, o que merece destaque é o inciso Apesar de seu texto extenso, entendemos que o
IX. Nele, menciona-se a preservação do meio ambiente, mais importante do referido dispositivo é o fato dele
outra das tarefas essenciais e inerentes ao Estado brasi- distinguir, detalhadamente, os diferentes níveis de
leiro, sendo também de natureza constitucional. educação ministrados pelo Instituto. Na prova, não
É interessante notar que o texto do art. 6º apresenta serão exigidos dos candidatos detalhes muito especí-
as finalidades e características de forma conjunta sem, ficos, mas é importante, ao menos, saber distinguir
contudo, estabelecer uma distinção entre elas. Não há um um curso de bacharelado de um curso de licenciatura
inciso que distingue uma finalidade de uma característica. por exemplo, bem como possuir conhecimento geral
Entendemos, com isso, que o legislador quis atri- sobre os diferentes níveis de educação brasileira — a
buir os termos “finalidade” e “características” como Educação Básica e o Ensino Superior.
sinônimos, ainda que, etimologicamente, tais pala- A Educação Básica compreende as atividades dis-
vras possuam significados distintos. Por isso, prefe- postas no inciso I, envolvendo a Educação Infantil, o
rimos utilizar apenas o termo “características”, uma Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Pelo nome,
vez que “finalidade” é um termo que melhor se asse- percebemos que esse é o nível inicial da formação do
melha com o próximo tema. aluno. Todo cidadão deve possuir os conhecimentos
típicos de Educação Básica, como saber ler e escre-
Dos Objetivos dos Institutos Federais ver (Educação Infantil), realizar as quatro operações
matemáticas (Ensino Fundamental), entre outros.
Os objetivos dos Institutos Federais são, de modo
Observe que, na Educação Básica, não temos uma
geral, os eventos motivadores da sua criação. Isso por-
formação específica: o conhecimento adquirido nes-
que tais Institutos foram criados, para atingir objeti-
sa etapa, justamente por ser uma etapa inicial, é bas-
vos específicos da área da Educação, os quais estão
tante amplo, e supõe-se que todo cidadão brasileiro o
previstos nos incisos do art. 7º. Vejamos:
possui.
Art. 7o Observadas as finalidades e características A Educação Superior, por sua vez, é o nível da
definidas no art. 6o desta Lei, são objetivos dos Ins- Educação em que o aluno não apenas aprende, mas
titutos Federais: também se profissionaliza, adquirindo conhecimen-
I - ministrar educação profissional técnica de nível tos mais específicos voltados à área de trabalho. Para
médio, prioritariamente na forma de cursos inte- cursar qualquer atividade de Educação Superior, exi-
grados, para os concluintes do ensino fundamental ge-se do aluno a conclusão do Ensino Básico.
e para o público da educação de jovens e adultos; A Educação Superior é aquela prevista no inciso VI,
II - ministrar cursos de formação inicial e continua- envolvendo, além de outros, os cursos superiores de tec-
da de trabalhadores, objetivando a capacitação, o nologia, os cursos de bacharelado, os cursos de licencia-
aperfeiçoamento, a especialização e a atualização tura, e as pós-graduações lato sensu e stricto sensu.
de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, Apenas para fins didáticos, trouxemos um pano-
nas áreas da educação profissional e tecnológica; rama geral desses cursos ministrados em Educação
III - realizar pesquisas aplicadas, estimulando o Superior:
desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológi-
cas, estendendo seus benefícios à comunidade; z Cursos Superiores de Tecnologia são cursos de gra-
IV - desenvolver atividades de extensão de acordo duação mais curtos e que tem por foco uma área
com os princípios e finalidades da educação profis- específica do conhecimento. É um curso realizado,
sional e tecnológica, em articulação com o mundo visando atender às necessidades específicas e pro-
do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase dutivas do mundo do trabalho;
na produção, desenvolvimento e difusão de conhe- z Cursos Superiores de Bacharelado são aqueles que
cimentos científicos e tecnológicos; habilitam o profissional para atuar no exercício
V - estimular e apoiar processos educativos que de atividade acadêmica ou profissional, conside-
levem à geração de trabalho e renda e à emancipa-
rando um determinado campo do saber que não
ção do cidadão na perspectiva do desenvolvimento
são de Magistério. É o caso do Bacharel em Medi-
socioeconômico local e regional; e
cina, ou o Bacharel em Arquitetura, ou Bacharel
VI - ministrar em nível de educação superior:
em Direito.
a) cursos superiores de tecnologia visando à forma-
� Cursos de Licenciatura são aqueles que habilitam
ção de profissionais para os diferentes setores da
economia;
o profissional para atuar no magistério da Educa-
b) cursos de licenciatura, bem como programas ção Básica em diversas áreas do conhecimento. É
especiais de formação pedagógica, com vistas na o caso do profissional formado em Ciências Huma-
formação de professores para a educação básica, nas, como Pedagogia, Filosofia, Sociologia, Letras,
sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e História e Geografia;
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

para a educação profissional; z As pós-graduações dividem-se em dois subgrupos:


c) cursos de bacharelado e engenharia, visando à lato sensu e stricto sensu. As pós-graduações lato
formação de profissionais para os diferentes seto- sensu compreendem os programas de especializa-
res da economia e áreas do conhecimento; ção, incluindo-se nesse grupo os Master in Business
d) cursos de pós-graduação lato sensu de aperfeiçoa- Administration ou MBAs. O aluno que conclui uma
mento e especialização, visando à formação de espe- pós lato sensu recebe um certificado. As pós-gra-
cialistas nas diferentes áreas do conhecimento; e duações stricto sensu são os programas denomina-
e) cursos de pós-graduação stricto sensu de mes- dos mestrados e doutorados, tendo como foco uma
trado e doutorado, que contribuam para promover área específica do trabalho. Exemplo: pós-gradua-
o estabelecimento de bases sólidas em educação, ção em Direito Administrativo, a qual exige que
ciência e tecnologia, com vistas no processo de o aluno já seja Bacharel em Direito. O aluno que
geração e inovação tecnológica. conclui uma pós stricto sensu recebe um diploma1.
1 Ministério da Educação. Qual a diferença entre pós-graduação lato sensu e stricto sensu? Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
component/content/article?id=13072:qual-a-diferenca-entre-pos-graduacao-lato-sensu-e-stricto-sensu. Acesso em: 27 set. 2021. 113
Importante!
Não é necessário ser advogado para realizar uma pós-graduação na área de Direito, mas se exige o curso
de Bacharelado na área jurídica. Para atuar como advogado, além de que o aluno seja Bacharel em Direito,
exige-se que ele seja aprovado em um exame de Ordem aplicado pela própria OAB.

Um detalhe que merece maiores esclarecimentos está previsto no texto da alínea “e”, do inciso VI, o qual prevê
que os cursos de pós-graduação stricto sensu são ministrados de forma a desenvolver o “processo de geração e
inovação tecnológica”. Aqui, temos a criação de, por exemplo, novas patentes, desenhos industriais, modelos de
utilidades, enfim, temos a formação de novas ideias, que compõem capital intangível, cuja importância não pode
ser medida em um simples valor econômico.
As patentes, os desenhos industriais e os modelos de utilidade necessitam de ampla proteção, para que o seu
autor não se sinta prejudicado quando outros acabam utilizando da mesma técnica sem atribuir-lhe a respectiva
autoria. Existem diversos mecanismos capazes de resguardar esses direitos do autor. Para compreender melhor
esse aspecto, sugerimos a leitura da Lei nº 9.610, de 1998, também conhecida como a Lei dos Direitos Autorais.
Observe que os objetivos se dividem em, pelo menos, quatro verbos no infinitivo: ministrar, desenvolver, esti-
mular e realizar. Percebemos que o conteúdo de cada inciso é bastante autoexplicativo, porém é necessário que
você memorize todos esses objetivos. Vejamos:

MINISTRAR DESENVOLVER ESTIMULAR REALIZAR


� Educação de Nível Médio
(ensino fundamental, educação
básica) � Processos educativos que le-
� Educação de Nível Superior Atividades de extensão com ên- vem à geração de trabalho Pesquisas aplicadas para o
(licenciatura, bacharelado, pós- fase na produção de conheci- � Processos educativos que desenvolvimento de soluções
-graduação, mestrado, doutora- mento científico e tecnológico levem ao desenvolvimento so- técnicas e tecnológicas
do etc.) cioeconômico regional e local
� Cursos de formação e capa-
citação de trabalhadores

Para complementar seu estudo, veja a disposição do art. 7º na íntegra:

Art. 7º Observadas as finalidades e características definidas no art. 6o desta Lei, são objetivos dos Institutos Federais:
I - ministrar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados, para os
concluintes do ensino fundamental e para o público da educação de jovens e adultos;
II - ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoa-
mento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação
profissional e tecnológica;
III - realizar pesquisas aplicadas, estimulando o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas, estendendo
seus benefícios à comunidade;
IV - desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e finalidades da educação profissional e tecno-
lógica, em articulação com o mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção, desenvolvimento
e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos;
V - estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à emancipação do cidadão
na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional; e
VI - ministrar em nível de educação superior:
a) cursos superiores de tecnologia visando à formação de profissionais para os diferentes setores da economia;
b) cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação de pro-
fessores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional;
c) cursos de bacharelado e engenharia, visando à formação de profissionais para os diferentes setores da economia
e áreas do conhecimento;
d) cursos de pós-graduação lato sensu de aperfeiçoamento e especialização, visando à formação de especialistas nas
diferentes áreas do conhecimento; e
e) cursos de pós-graduação stricto sensu de mestrado e doutorado, que contribuam para promover o estabelecimen-
to de bases sólidas em educação, ciência e tecnologia, com vistas no processo de geração e inovação tecnológica

Ademais, o art. 8º apresenta um conteúdo importante, sobretudo quanto ao objetivo de ministrar a educação
no Nível Médio e Superior, tal como exposto no inciso I, do art. 7º.

Art. 8º No desenvolvimento da sua ação acadêmica, o Instituto Federal, em cada exercício, deverá garantir o mínimo
de 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para atender aos objetivos definidos no inciso I do caput do art. 7º desta
Lei, e o mínimo de 20% (vinte por cento) de suas vagas para atender ao previsto na alínea b do inciso VI do caput
do citado art. 7º.
§ 1º O cumprimento dos percentuais referidos no caput deverá observar o conceito de aluno-equivalente, conforme
regulamentação a ser expedida pelo Ministério da Educação.
§ 2º Nas regiões em que as demandas sociais pela formação em nível superior justificarem, o Conselho Superior do
Instituto Federal poderá, com anuência do Ministério da Educação, autorizar o ajuste da oferta desse nível de ensi-
no, sem prejuízo do índice definido no caput deste artigo, para atender aos objetivos definidos no inciso I do caput
114 do art. 7o desta Lei.
Como forma de garantir uma maior promoção da Art. 9º Cada Instituto Federal é organizado em
atividade de ministrar nos seus níveis iniciais, a refe- estrutura multicampi, com proposta orçamentária
rida legislação impõe aos Institutos Federais o dever anual identificada para cada campus e a reitoria,
de garantir, a cada exercício letivo, o mínimo de 50% exceto no que diz respeito a pessoal, encargos
de suas vagas voltadas para alunos que estejam na sociais e benefícios aos servidores.
etapa de aprendizado de Nível Médio. Isso significa
que metade de suas vagas devem ser voltadas para os Pela leitura do dispositivo, podemos identificar um
alunos que estejam cursando a Educação Básica (ensi- ponto importante: mesmo tendo propostas orçamen-
no infantil, fundamental, ou ensino médio). tárias distintas, cada um desses Institutos Federais
Esse número elevado de vagas põe em evidência o deve obedecer às mesmas regras quanto ao regime
grande problema educacional no nosso país: há uma de seu pessoal, encargos e benefícios sociais concedi-
grande quantidade de brasileiros — em sua maioria, dos aos servidores. Essas três matérias se encontram
crianças e adolescentes — que, infelizmente, não com-
dispostas, de modo geral, no Estatuto dos Servidores
pletou essa importante etapa da sua Educação. Assim,
Públicos Civis da União (Lei nº 8.112, de 1991), legis-
não há como desenvolver atividades técnico-científi-
cas se boa parte da população brasileira não detém, lação que traz ao candidato uma noção mais ampla
sequer, os conhecimentos básicos, que todo trabalha- sobre como funciona a jornada de trabalho do ser-
dor profissional ou pesquisador de novas metodolo- vidor, quais são seus deveres e responsabilidades e,
gias científicas deve possuir. também, a quais benefícios ele tem direito.
O texto legal também impõe o percentual mínimo O tema referente à estrutura do Plano de Cargos e
de vagas para os cursos de licenciatura e formação de Carreiras dos servidores será visto em maiores deta-
professores de educação básica de 20% (vinte por cen- lhes quando analisarmos a Lei instituidora do Plano
to). Assim, pode-se concluir que as vagas referentes de Cargos e Carreiras nas Instituições Federais de
aos demais cursos e formas de ensino são garantidos Ensino, que é a Lei nº 11.091, de 2005.
o remanescente, na quantia de 30% (trinta por cento) A estrutura organizacional disposta na Lei dos
das vagas. Institutos Federais menciona, somente, os órgãos
O § 2º, do art. 8º, apresenta uma exceção muito considerados de alta cúpula. Esses são os órgãos com
importante: é possível que o Conselho do Instituto grande poder de decisão, podendo ser órgãos superio-
Federal realize um ajuste na oferta do ensino pre- res ou órgãos executivos.
visto no inciso I, do art. 7º, “nas regiões em que as
Os órgãos superiores são disciplinados pelo art.
demandas sociais pela formação em nível superior
10. Trata-se dos órgãos encarregados de realizar as
justificarem”. Esse ajuste é possível e justificável
metas e objetivos primordiais dos Institutos. São, ao
quando, por exemplo, há uma área de um Estado bra-
sileiro em que se encontra uma grande quantidade todo, dois: o Colégio de Dirigentes e o Conselho Supe-
de pessoas com baixo nível de escolaridade e semia- rior. Observe o texto do referido dispositivo:
nalfabetas ou completamente analfabetas, pois existe
um número muito reduzido de escolas e institutos de Art. 10 A administração dos Institutos Federais
ensino, tornando impossível qualquer tipo de forma- terá como órgãos superiores o Colégio de Dirigen-
ção em nível superior nessa região. tes e o Conselho Superior.
O texto do § 1º faz referência à noção de aluno-e- § 1º As presidências do Colégio de Dirigentes e do
quivalente, um conceito que se encontra disposto no Conselho Superior serão exercidas pelo Reitor do
caput do art. 1º, da Portaria nº 1.162, de 9 de novem- Instituto Federal.
bro de 2018, expedida pelo Ministério da Educação. § 2º O Colégio de Dirigentes, de caráter consultivo,
Segundo a referida Portaria, “fica definido o conceito será composto pelo Reitor, pelos Pró-Reitores e pelo
de aluno-equivalente ou matrícula equivalente como o Diretor-Geral de cada um dos campi que integram
aluno matriculado em um determinado curso, ponde- o Instituto Federal.
rado pelo fator de equiparação de carga horária e pelo § 3º O Conselho Superior, de caráter consultivo e
fator de esforço de curso”. deliberativo, será composto por representantes
Para efeitos da legislação em análise e para fins de dos docentes, dos estudantes, dos servidores téc-
cumprimento do percentual de 50% previsto no art. nico-administrativos, dos egressos da instituição,
8º, o conceito de estudante deve ser entendido de for- da sociedade civil, do Ministério da Educação e do
ma ampla, incluindo aqueles alunos que não possuem Colégio de Dirigentes do Instituto Federal, assegu-
a idade adequada ao ano letivo que está cursando, rando-se a representação paritária dos segmentos
compreendendo, por exemplo, alguns adultos que, na que compõem a comunidade acadêmica.
sua infância, não tiveram oportunidade de terminar o § 4º O estatuto do Instituto Federal disporá sobre a
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

ensino fundamental/médio. estruturação, as competências e as normas de fun-


cionamento do Colégio de Dirigentes e do Conselho
Da Estrutura Organizacional dos Institutos Federais Superior.

O último assunto de grande relevância trazido O Colégio de Dirigentes é o órgão superior que
pela Lei nº 11.892, de 2008, diz respeito à estrutura atua tal como atua a Diretoria de uma empresa priva-
dos Institutos Federais. Cada um dos Institutos apre- da. É composto pelo Reitor, os Pró-Reitores, e os Dire-
senta a mesma composição de órgãos, sendo impor- tores Gerais, os quais atuam em cada um dos campi
tante que os candidatos conheçam essa estrutura dos Institutos Federais. Esse é um órgão consultivo,
organizacional. apenas. Isso significa que suas principais atribuições
O art. 9º dispõe que os Institutos Federais possuem envolvem a administração dos gestores do Instituto,
estrutura multicampi, o que significa que eles se apre- procurando aconselhá-los de forma a melhor exerce-
sentam em forma de campos (algo similar à filial de rem suas funções. Não é um órgão de caráter punitivo,
uma empresa) espalhados por todo o país. pois ele não tem poderes para emitir decisões. 115
O Conselho Superior é o órgão superior consultivo e deliberativo. Observe que ele possui funções maiores
do que o Colégio de Dirigentes, pois deve exercer não somente os papéis de administrar e aconselhar os gestores
que atuam nos Institutos, como também as funções típicas de órgão deliberativo, como, por exemplo: elaborar
pareceres técnicos, para auxiliar um estudo na área da Educação pelo governo federal, emitir decisões sobre os
rumos que o Instituto Federal deve tomar, ou, ainda, emitir decisões sobre as punições a serem aplicadas em
regime disciplinar.
Na prática, o Conselho Superior é o órgão superior capaz de fazer suas deliberações possuírem grande força
cogente (como se fosse uma norma jurídica), de modo que ele pode, até mesmo, punir seus servidores quando
eles não cumprem com suas funções. Ainda, segundo o referido texto legal, o Conselho Superior é composto pelo
representante dos docentes, dos estudantes, dos servidores administrativos, dos egressos da sociedade civil, do
Ministério da Educação, entre outros.
Para facilitar os estudos, segue uma tabela, que aponta as principais distinções desses órgãos:

COLÉGIO DE DIRIGENTES CONSELHO SUPERIOR

Órgão Consultivo Órgão Consultivo e Deliberativo

Principais funções: administrar, aconselhar os gestores


Principais funções: administrar e aconselhar os gestores
dos IFs e emitir decisões acerca dos planos dos IFs, do
dos IFs
regime disciplinar de seus funcionários

Composição: Representantes dos docentes, dos estudan-


tes, dos servidores técnicos-administrativos, dos egres-
Composição: Reitor, Pró-Reitor e Diretores-Gerais
sos da instituição, da sociedade civil, do Ministério da
Educação e do Colégio de Dirigentes

O art. 11, por sua vez, trata do órgão executivo. É aquele encarregado de cumprir as metas e o planejamento
elaborado pelos órgãos superiores. Há um único órgão executivo, que é a Reitoria.
Vejamos o texto do referido artigo na sua íntegra:

Art. 11 Os Institutos Federais terão como órgão executivo a reitoria, composta por 1 (um) Reitor e 5 (cinco)
Pró-Reitores.
§ 1º Poderão ser nomeados Pró-Reitores os servidores ocupantes de cargo efetivo da Carreira docente ou de cargo
efetivo com nível superior da Carreira dos técnico-administrativos do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Admi-
nistrativos em Educação, desde que possuam o mínimo de 5 (cinco) anos de efetivo exercício em instituição federal
de educação profissional e tecnológica.
§ 2º A reitoria, como órgão de administração central, poderá ser instalada em espaço físico distinto de qualquer dos
campi que integram o Instituto Federal, desde que previsto em seu estatuto e aprovado pelo Ministério da Educação.

A Reitoria é o órgão de administração central dos Institutos Federais, sendo composta por um Reitor e mais
cinco Pró-Reitores.
O Reitor está previsto no art. 12. É o cargo de alta-cúpula mais importante do Instituto Federal, assemelhando-
-se ao Presidente de uma empresa privada. O referido dispositivo não apresenta as suas atribuições, mas dispõe
sobre os requisitos essenciais para a sua nomeação. Observe o texto legal:

Art. 12 Os Reitores serão nomeados pelo Presidente da República, para mandato de 4 (quatro) anos, permitida uma
recondução, após processo de consulta à comunidade escolar do respectivo Instituto Federal, atribuindo-se o peso
de 1/3 (um terço) para a manifestação do corpo docente, de 1/3 (um terço) para a manifestação dos servidores técni-
co-administrativos e de 1/3 (um terço) para a manifestação do corpo discente.
§ 1º Poderão candidatar-se ao cargo de Reitor os docentes pertencentes ao Quadro de Pessoal Ativo Permanente de
qualquer dos campi que integram o Instituto Federal, desde que possuam o mínimo de 5 (cinco) anos de efetivo exer-
cício em instituição federal de educação profissional e tecnológica e que atendam a, pelo menos, um dos seguintes
requisitos:
I - possuir o título de doutor; ou
II - estar posicionado nas Classes DIV ou DV da Carreira do Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, ou
na Classe de Professor Associado da Carreira do Magistério Superior.
§ 2º O mandato de Reitor extingue-se pelo decurso do prazo ou, antes desse prazo, pela aposentadoria, voluntária
ou compulsória, pela renúncia e pela destituição ou vacância do cargo.
§ 3º Os Pró-Reitores são nomeados pelo Reitor do Instituto Federal, nos termos da legislação aplicável à nomeação
de cargos de direção.

De início, é importante ressaltar que o cargo de Reitor não é um cargo público, e, sim, um cargo político. Não
há como abrir concurso público para ocupar um cargo na Reitoria, uma vez que o Reitor é sempre nomeado pelo
Presidente da República.
Por ser um cargo político, o Reitor exerce um mandato eletivo pelo período de 4 (quatro) anos. Ademais, é
permitida a recondução do Reitor ao seu cargo após processo de consulta à comunidade escolar do respectivo
Instituto Federal. Quem deve decidir pela recondução do Reitor são o corpo docente, os servidores técnico-admi-
nistrativos e o corpo discente. Cada uma das manifestações desses três grupos é equivalente, correspondendo a
116 1/3 (um terço) cada do número de votos pela recondução do Reitor.
Vale dizer que não é qualquer cidadão que pode ser Reitor de um Instituto Federal. Para ocupar tal cargo, o
candidato nomeado deve, primeiramente, comprovar ter 5 (cinco) anos de efetivo exercício em instituição federal
de educação profissional e tecnológica. Além disso, deve apresentar, pelo menos, um dos seguintes requisitos:

z Possuir um doutorado;
z Estar posicionado nas Classes D IV (lê-se “dê quatro”) ou D V (lê-se “dê cinco”) da Carreira do Magistério do
Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, ou na Classe de Professor Associado da Carreira do Magistério Superior.

O segundo requisito faz referência à Lei nº 12.772, de 2012, que dispõe sobre o Plano de Cargos e Carreiras de
Magistério Público. As Classes D são reservadas para os Professores de Magistério Associado, podendo ser de
nível I a IV.
Os Pró-Reitores, por sua vez, são disciplinados pelo § 1º, do art. 11. São, de modo geral, os servidores públicos
ocupantes de cargo efetivo da Carreira Docente ou de cargo efetivo com nível superior da Carreira dos Técnico-
-Administrativos, do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação. A Lei estabelece como
requisito para ocupar os cargos de Pró-Reitor ter efetivo exercício em instituição federal de educação profis-
sional e tecnológica por, ao menos, 5 (cinco) anos.
Por fim, temos os Diretores-Gerais, disciplinados pelo art. 13. O referido dispositivo também não menciona as
atribuições do Diretor-Geral, mas procura estabelecer os requisitos para sua nomeação. Vejamos:

Art. 13 Os campi serão dirigidos por Diretores-Gerais, nomeados pelo Reitor para mandato de 4 (quatro) anos,
permitida uma recondução, após processo de consulta à comunidade do respectivo campus, atribuindo-se o peso de
1/3 (um terço) para a manifestação do corpo docente, de 1/3 (um terço) para a manifestação dos servidores técnico-
-administrativos e de 1/3 (um terço) para a manifestação do corpo discente.
§ 1º Poderão candidatar-se ao cargo de Diretor-Geral do campus os servidores ocupantes de cargo efetivo da carreira
docente ou de cargo efetivo de nível superior da carreira dos técnico-administrativos do Plano de Carreira dos Cargos
Técnico-Administrativos em Educação, desde que possuam o mínimo de 5 (cinco) anos de efetivo exercício em institui-
ção federal de educação profissional e tecnológica e que se enquadrem em pelo menos uma das seguintes situações:
I - preencher os requisitos exigidos para a candidatura ao cargo de Reitor do Instituto Federal;
II - possuir o mínimo de 2 (dois) anos de exercício em cargo ou função de gestão na instituição; ou
III - ter concluído, com aproveitamento, curso de formação para o exercício de cargo ou função de gestão em insti-
tuições da administração pública.
§ 2º O Ministério da Educação expedirá normas complementares dispondo sobre o reconhecimento, a validação e a
oferta regular dos cursos de que trata o inciso III do § 1º deste artigo.

Os Diretores-Gerais são nomeados pelo Reitor e têm a finalidade de dirigir os campi dos Institutos Federais.
São, também, cargos políticos com exercício em mandatos de 4 (quatro) anos.
Sobre os requisitos para nomeação em cargo de Diretor-Geral, o candidato deve, primeiramente, ser servidor
público ocupante de cargo efetivo da Carreira Docente ou de cargo efetivo de nível superior da Carreira dos Técni-
co-Administrativos, do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação, devendo comprovar
ter efetivo exercício nesses tipos de cargo por 5 (cinco) anos.
Além disso, o candidato nomeado deve apresentar, ao menos, um desses requisitos complementares:

� Preencher todos os requisitos para ocupar cargo de Reitor;


z Possuir, pelo menos, 2 (dois) anos de exercício em cargo ou função de gestão na Instituição;
z Ter concluído curso de formação para o exercício de cargo ou função de gestão em instituições da administra-
ção pública com bom aproveitamento.

Conforme se pode observar, apesar das semelhanças entre os cargos de Reitor e Diretor-Geral, os requisitos
para ocupá-los são distintos. Vejamos essas principais distinções em formato de tabela:

REITOR DIRETOR-GERAL
Nomeação: Presidente da República Nomeação: Reitor
Quem: servidores ocupantes de cargo efetivo da Carreira
Quem: docentes pertencentes ao Quadro de Pessoal Ativo Docente ou de nível superior da Carreira dos Técnico-Admi-
Permanente, contados 5 (cinco) anos de efetivo exercício nistrativos, do Plano de Carreira, contados 5 (cinco) anos
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

de efetivo exercício
Requisitos (são alternativos):
Requisitos (são alternativos): � Preencher os requisitos para ocupar cargo de Reitor
� Possuir título de Doutor � Possuir 2 (dois) anos de exercício em cargo ou função
� Ser Professor Associado posicionado na Carreira de de gestão na Instituição
Magistério de Nível Básico (D IV ou D V), ou de Magistério � Ter concluído curso de formação para o exercício de car-
Nível Superior (carreira individual) go ou função de gestão em instituições da administração
pública com bom aproveitamento

Atente-se ao fato de que, para ocupar cargo de Diretor-Geral, o candidato não precisa, necessariamente, ter
experiência em cargo ou função de gestão dentro de uma instituição federal de ensino. A legislação também per-
mite a candidatura do servidor que, pelo menos, tenha concluído um curso de formação para o exercício desses
tipos de cargos. 117
Para facilitar a memorização dessa estrutura organizacional, segue uma tabela, contendo todo o conteúdo
referente aos órgãos estruturais dos Institutos:

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DOS INSTITUTOS FEDERAIS


Órgãos Superiores Órgão Executivo — Reitoria
Colégio de Dirigentes
� Reitor Conselho Superior
Reitor Pró-Reitores
� Pró-Reitores � Representantes dos estudantes, dos docentes, do MEC etc
� Diretores-Gerais

DO COLÉGIO PEDRO II

A Lei nº 11.892, de 2008, faz uma pequena referência a um órgão importante da Rede Educacional Brasileira,
o Colégio Pedro II. Esse Colégio não é um Instituto Federal, mas um órgão distinto, que está inserido em um grupo
maior das Instituições Federais de Ensino.
A grande importância desse Colégio data da época em que o Brasil era Império. O então Imperador Dom Pedro
II custeava todas as despesas do referido Colégio, o qual acabou se tornando um paradigma em lecionar o ensino
fundamental e ensino médio, sendo também o único Colégio que possibilitava aos cidadãos brasileiros a ingres-
sarem nos cursos superiores.
Há uma pequena menção ao Colégio Pedro II, também, na Constituição Federal, de 1988, mais especificamente
no § 2º, do art. 242, prevendo apenas que “o Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido
na órbita federal”.
Em relação à legislação em estudo, temos o texto do art. 13-A, que dispõe que a estrutura organizacional do
Colégio Pedro II deverá seguir a mesma estrutura dos demais Institutos Federais. Observe o texto legal:

Art. 13-A O Colégio Pedro II terá a mesma estrutura e organização dos Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia.

Toda a matéria estudada relativa aos órgãos dos IFs, às competências, às pessoas que compõem cada órgão e
aos requisitos para ocuparem os referidos cargos, tudo isso se aplica, também, ao Colégio Pedro II. A ideia, caso
não tenha ficado claro, é a de manter o Colégio como uma instituição de qualidade, adotando o modelo educacio-
nal mais moderno, atual e eficiente.

z O que acontece com as unidades vinculadas ao Colégio Pedro II?

A resposta desse questionamento está prevista no art. 13-B:

Art. 13-B As unidades escolares que atualmente compõem a estrutura organizacional do Colégio Pedro II passam de
forma automática, independentemente de qualquer formalidade, à condição de campi da instituição.
Parágrafo único. A criação de novos campi fica condicionada à expedição de autorização específica do Ministério
da Educação.

Pode-se concluir, então, que todas as unidades escolares vinculadas ao Colégio Pedro II passam a ser conside-
radas seus múltiplos campi, não havendo a necessidade de fazer um requerimento, ou expedir um documento, ou
qualquer outra formalidade, para ocorrer a referida transformação.
É possível, também, a criação de novos campi vinculados ao Colégio, desde que haja autorização específica do
MEC para tanto.

DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Por fim, a legislação sobre os IFs apresenta um capítulo, disciplinando algumas situações temporárias e tran-
sitórias, sendo importante que você conheça, ao menos, as principais.
O art. 14 trata da situação do Diretor-Geral de órgão transformado ou integrado em Instituto Federal. Observe
que o dispositivo apresenta duas situações distintas: uma é referente ao Diretor-Geral, que passa a assumir o IF
como Reitor (caput), e outra é relativa ao fato de que o Diretor-Geral continua atuando como tal dentro do Insti-
tuto Federal (§ 1º).

Art. 14 O Diretor-Geral de instituição transformada ou integrada em Instituto Federal nomeado para o cargo de Rei-
tor da nova instituição exercerá esse cargo até o final de seu mandato em curso e em caráter pro tempore,
com a incumbência de promover, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, a elaboração e encaminhamento
ao Ministério da Educação da proposta de estatuto e de plano de desenvolvimento institucional do Instituto
Federal, assegurada a participação da comunidade acadêmica na construção dos referidos instrumentos.
§ 1º Os Diretores-Gerais das instituições transformadas em campus de Instituto Federal exercerão, até o final de seu
mandato e em caráter pro tempore, o cargo de Diretor-Geral do respectivo campus.
§ 2º Nos campi em processo de implantação, os cargos de Diretor-Geral serão providos em caráter pro tempore, por
nomeação do Reitor do Instituto Federal, até que seja possível identificar candidatos que atendam aos requisitos
118 previstos no § 1° do art. 13 desta Lei.
§ 3º O Diretor-Geral nomeado para o cargo de Rei- privada. Não pode, também, utilizar seu patrimônio
tor Pro-Tempore do Instituto Federal, ou de Dire- pecuniário, para aplicar na Bolsa de Valores. Esses
tor-Geral Pro-Tempore do Campus, não poderá atos, por mais que possam enriquecer o seu patrimô-
candidatar-se a um novo mandato, desde que nio, são atos que não condizem com a sua finalidade
já se encontre no exercício do segundo man- máxima, que é a promoção da Educação no país. É
dato, em observância ao limite máximo de inves- isso o que denominamos de supremacia do interesse
tidura permitida, que são de 2 (dois) mandatos público sobre o privado.
consecutivos.
Além disso, conforme se depreende da leitura do
referido dispositivo, também não é permitido a inje-
O Diretor-Geral que assume como Reitor deve, ção de capital de origem privada nos Institutos Fede-
então, exercer o seu mandato de Reitor na nova ins- rais como se fosse uma empresa estatal. Todavia,
tituição em caráter temporário (é isso que significa a temos a ressalva do inciso III: é possível que uma pes-
expressão pro tempore). A ele cabe a tarefa de elaborar soa da iniciativa privada seja pessoa física ou jurídica
proposta de Estatuto e, também, o Plano de Desenvol- e possa doar bens ou dinheiro para o Instituto Federal.
vimento Institucional do IF. Esses documentos servi- Por fim, o art. 18 trata de outras instituições edu-
rão de base do IF e devem indicar como o Instituto cacionais que, por não serem consideradas Institutos
Federal deve proceder de agora em diante. Federais, devem permanecer com a sua organização.
Vale mencionar que o Diretor-Geral que ingressa na Vejamos o texto legal:
nova instituição apenas como Diretor-Geral também
deve cumprir seu mandado em caráter temporário. Art. 18 Os Centros Federais de Educação Tecnoló-
Um detalhe importante está no § 3º, do art. 14: se o gica Celso Suckow da Fonseca CEFET-RJ e de Minas
Diretor-Geral estiver no seu segundo mandato quando Gerais - CEFET-MG, não inseridos no reordenamen-
antes da sua incorporação à nova instituição, ele não to de que trata o art. 5º desta Lei, permanecem como
deve ocupar o cargo de Reitor, pois isso ultrapassaria entidades autárquicas vinculadas ao Ministério da
o limite máximo de investidura de dois mandatos con- Educação, configurando-se como instituições de
secutivos (um mandato normal e uma recondução). ensino superior pluricurriculares, especializadas
na oferta de educação tecnológica nos diferentes
Art. 15 A criação de novas instituições federais de níveis e modalidades de ensino, caracterizando-se
educação profissional e tecnológica, bem como a pela atuação prioritária na área tecnológica, na
expansão das instituições já existentes, levará em forma da legislação.
conta o modelo de Instituto Federal, observando
Assim, os denominados Centros Federais de Edu-
ainda os parâmetros e as normas definidas pelo
Ministério da Educação. cação Tecnológica (CEFET-RJ e CEFET-MG), devido a
sua essência ser voltada para a pesquisa e aquisição
de novas tecnologias, não necessitam possuir a mes-
O texto do art. 15 é bastante simples: a criação de
ma estrutura organizacional dos Institutos Federais.
novas Instituições Federais de Ensino, assim como a
Diante de sua atuação prioritária na área tecnológi-
expansão das instituições já existentes, deverão pos-
ca, o legislador entendeu que seria melhor mantê-los
suir o mesmo modelo dos Institutos Federais, ou seja,
com a sua própria formação e estrutura, uma vez que
devem possuir um Colégio de Dirigentes, um Conselho
ela promove a Educação de uma forma distinta dos
Superior, uma Reitoria etc.
Por fim, o art. 17 apresenta um conteúdo importan- Institutos Federais.
te, que diz respeito ao patrimônio dos Institutos Fede-
rais e como ele será composto. Observe o texto legal:

Art. 17 O patrimônio de cada um dos novos Institu- ESTRUTURAÇÃO DO PLANO DE


tos Federais será constituído: CARREIRA DOS CARGOS TÉCNICO-
I - pelos bens e direitos que compõem o patrimô-
nio de cada uma das instituições que o integram, ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO
os quais ficam automaticamente transferidos, sem (LEI Nº 11.091, DE 12 DE JANEIRO DE
reservas ou condições, ao novo ente;
II - pelos bens e direitos que vier a adquirir; 2005)
III - pelas doações ou legados que receber; e
IV - por incorporações que resultem de serviços por Outra legislação que merece a nossa atenção é a
ele realizado. Lei nº 11.091, de 12 de janeiro de 2005. Essa é a lei
Parágrafo único. Os bens e direitos do Instituto que disciplina o Plano de Carreiras para os Cargos
Federal serão utilizados ou aplicados, exclusiva- Técnico-Administrativos das Instituições Federais de
mente, para a consecução de seus objetivos, não Ensino vinculadas ao Ministério da Educação.
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

podendo ser alienados a não ser nos casos e condi- Antes de adentrar ao texto legal, convém fazer uma
ções permitidos em lei. ressalva: os Institutos Federais (IFs) estão inseridos
em um grupo maior, que é o grupo das Instituições
Para todos os efeitos, os Institutos Federais são Federais de Ensino (doravante denominadas IFEs).
órgãos públicos, com subordinação ao Ministério da Outros órgãos que também fazem parte das Institui-
Educação e, consequentemente, ao Poder Executivo ções Federais de Ensino são: a Universidade Tecnoló-
Federal. Por esse motivo, o seu patrimônio e os seus gica Federal do Paraná (UTFPR), os Centros Federais
ganhos devem ser utilizados somente para a persecu- de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca do
ção dos objetivos primordiais dos Institutos Federais. Rio de Janeiro (CEFET-RJ) e de Minas Gerais (CEFET-
Assim, não pode, por exemplo, o Instituto Fede- -MG), as Escolas Técnicas vinculadas às Universida-
ral objetivar o lucro, realizar locação de um imóvel des Federais e o Colégio Pedro II2, já mencionados em
que o esteja utilizando com uma entidade pública ou momento anterior.

2 Informação disponível em: <http://portal.mec.gov.br/rede-federal-inicial/>. Acesso em: 20 set. 2021. 119


Art. 1º Fica estruturado o Plano de Carreira dos Essa exigência de concurso público também possui
Cargos Técnico-Administrativos em Educação, relação com o princípio disposto no inciso III. Nesse sen-
composto pelos cargos efetivos de técnico-adminis- tido, apenas as pessoas mais qualificadas podem ocupar
trativos e de técnico-marítimos de que trata a Lei nº esses cargos públicos, pois eles exigem um alto nível de
7.596, de 10 de abril de 1987, e pelos cargos referi- profissionalização, e é justamente isso o que garante
dos no § 5º do art. 15 desta Lei. uma maior qualidade do seu processo de trabalho.
§ 1º Os cargos a que se refere o caput deste artigo, O inciso IX, por sua vez, prevê uma avaliação de
vagos e ocupados, integram o quadro de pessoal desempenho funcional para os ocupantes desses car-
das Instituições Federais de Ensino. gos dentro do Plano de Carreiras. Enquanto estiver
§ 2º O regime jurídico dos cargos do Plano de Car-
em serviço, o referido servidor será avaliado nas suas
reira é o instituído pela Lei nº 8.112, de 11 de dezem-
atribuições; a sua aprovação na referida avaliação é
bro de 1990, observadas as disposições desta Lei.
uma condição essencial para a aquisição da estabili-
Nos termos do art. 1º, o Plano de Carreira é com- dade no cargo.
posto por cargos técnico-administrativos e técnico- A avaliação de desempenho, como bem salienta o
-marítimos. Esses cargos são de provimento efetivo, referido inciso, será feita mediante adoção de crité-
preenchidos mediante aprovação em exame de con- rios objetivos, sendo vedada a utilização de julgamen-
curso público. Além disso, o regime jurídico desses fun- tos pessoais e mais subjetivos durante esse período
cionários é o regime estatutário, disciplinado pela Lei de avaliação. Assim, não interessam as qualidades da
Federal nº 8.112, de 1990, conforme dispõe o art. 2º. pessoa em si: o que importa é o serviço prestado.
Com essa pequena introdução à legislação, fica Já o inciso X apresenta o que denominamos de
evidente o quão imprescindível é para o candidato cargos em comissão ou função comissionada. Esses
conhecer o conteúdo dessa lei tão importante. cargos não fazem parte do Plano de Carreiras, uma
vez que tais cargos são de livre nomeação. Não se exi-
DOS PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E CONCEITOS ge a prévia aprovação em concurso público. Isso por-
INICIAIS que esses cargos, como bem aponta o inciso X, devem
ser ocupados por pessoas que exercem funções de
Antes de adentrar ao Quadro de Cargos propria- direção, chefia e assessoramento. A escolha da pes-
mente dito, é importante salientar que a referida Lei
soa a ocupar o referido cargo comissionado exige um
procura apresentar algumas noções gerais que facili-
“voto de confiança” da autoridade nomeadora. Obser-
tarão a compreensão da matéria.
ve que, para os cargos comissionados, os critérios de
De início, temos, em seu art. 3º, os princípios e as
provimento são muito mais subjetivos.
diretrizes a serem seguidos pela gestão do Plano de
É possível, também, que a Instituição Federal ade-
Cargos e Carreiras dessas Instituições Federais.
que o seu quadro de pessoal para melhor atender as
Art. 3º A gestão dos cargos do Plano de Carreira suas necessidades, propondo o seu redimensiona-
observará os seguintes princípios e diretrizes: mento ao Ministério da Educação. Para tanto, o art. 4º
I - natureza do processo educativo, função social e dispõe que serão consideradas, para fins de redimen-
objetivos do Sistema Federal de Ensino; sionamento, as seguintes variáveis:
II - dinâmica dos processos de pesquisa, de ensino,
de extensão e de administração, e as competências Art. 4º Caberá à Instituição Federal de Ensino ava-
específicas decorrentes; liar anualmente a adequação do quadro de pessoal
III - qualidade do processo de trabalho; às suas necessidades, propondo ao Ministério da
IV - reconhecimento do saber não instituído resul- Educação, se for o caso, o seu redimensionamento,
tante da atuação profissional na dinâmica de ensi- consideradas, entre outras, as seguintes variáveis:
no, de pesquisa e de extensão; I - demandas institucionais;
V - vinculação ao planejamento estratégico e ao II - proporção entre os quantitativos da força de
trabalho do Plano de Carreira e usuários;
desenvolvimento organizacional das instituições;
III - inovações tecnológicas; e
VI - investidura em cada cargo condicionada à
IV - modernização dos processos de trabalho no
aprovação em concurso público;
âmbito da Instituição.
VII - desenvolvimento do servidor vinculado aos Parágrafo único. Os cargos vagos e alocados pro-
objetivos institucionais; visoriamente no Ministério da Educação deverão
VIII - garantia de programas de capacitação que ser redistribuídos para as Instituições Federais de
contemplem a formação específica e a geral, nesta Ensino para atender às suas necessidades, de acor-
incluída a educação formal; do com as variáveis indicadas nos incisos I a IV des-
IX - avaliação do desempenho funcional dos te artigo e conforme o previsto no inciso I do § 1º do
servidores, como processo pedagógico, realizada art. 24 desta Lei.
mediante critérios objetivos decorrentes das metas
institucionais, referenciada no caráter coletivo do O redimensionamento, como se depreende da
trabalho e nas expectativas dos usuários; e leitura do parágrafo único do referido art. 4º, não é
X - oportunidade de acesso às atividades de direção, feito apenas mediante solicitação do Instituto Fede-
assessoramento, chefia, coordenação e assistência, ral de Ensino: essa redistribuição de cargos pode ser
respeitadas as normas específicas. feita compulsoriamente pelo Ministério da Educação,
quando houver cargos vagos e alocados de forma pro-
O inciso VI trata da diretriz da investidura em cada visória no mesmo.
cargo do Plano de Carreiras condicionada à aprova- Para facilitar a compreensão dos demais disposi-
ção em concurso público. Como já mencionamos, tivos, o art. 5º procura estabelecer alguns conceitos
esses cargos públicos, de natureza técnica-adminis- iniciais os quais o candidato deve conhecer. É comum
trativa, são cargos de provimento efetivo, ou seja, não algumas questões de concurso público exigirem esse
pode haver uma “indicação” de uma autoridade para tipo de conteúdo, por isso, atente-se aos conceitos tra-
120 o preenchimento desses cargos. zidos nos incisos do art. 5º:
Art. 5º Para todos os efeitos desta Lei, aplicam-se Sobre os níveis de capacitação, todos os servidores
os seguintes conceitos: ingressam no seu cargo sempre no nível de capacita-
I - plano de carreira: conjunto de princípios, dire- ção mais baixo, que é o nível I. Conforme ocorre a sua
trizes e normas que regulam o desenvolvimento ascensão na carreira, o servidor progride na sua capa-
profissional dos servidores titulares de cargos que citação, indo para o nível II, depois, para o nível III, e,
integram determinada carreira, constituindo-se em por fim, para o nível IV.
instrumento de gestão do órgão ou entidade;
O art. 8º, por sua vez, dispõe quais são as atribui-
II - nível de classificação: conjunto de cargos de
mesma hierarquia, classificados a partir do requi- ções gerais dos cargos integrantes do Plano de Carrei-
sito de escolaridade, nível de responsabilidade, ras. Sem considerar as especificidades de cada função,
conhecimentos, habilidades específicas, formação é certo afirmar que todos esses cargos possuem as
especializada, experiência, risco e esforço físico seguintes atribuições gerais:
para o desempenho de suas atribuições;
III - padrão de vencimento: posição do servidor Art. 8º São atribuições gerais dos cargos que integram
na escala de vencimento da carreira em função do o Plano de Carreira, sem prejuízo das atribuições espe-
nível de capacitação, cargo e nível de classificação; cíficas e observados os requisitos de qualificação e
IV - cargo: conjunto de atribuições e responsabi- competências definidos nas respectivas especificações:
lidades previstas na estrutura organizacional que I - planejar, organizar, executar ou avaliar as ativi-
são cometidas a um servidor; dades inerentes ao apoio técnico-administrativo ao
V - nível de capacitação: posição do servidor na ensino;
Matriz Hierárquica dos Padrões de Vencimento II - planejar, organizar, executar ou avaliar as ativi-
em decorrência da capacitação profissional para o dades técnico-administrativas inerentes à pesquisa
exercício das atividades do cargo ocupado, realiza- e à extensão nas Instituições Federais de Ensino;
da após o ingresso; III - executar tarefas específicas, utilizando-se de
VI - ambiente organizacional: área específica de recursos materiais, financeiros e outros de que a
atuação do servidor, integrada por atividades afins Instituição Federal de Ensino disponha, a fim de
ou complementares, organizada a partir das neces- assegurar a eficiência, a eficácia e a efetividade das
sidades institucionais e que orienta a política de
atividades de ensino, pesquisa e extensão das Insti-
desenvolvimento de pessoal; e
tuições Federais de Ensino.
VII - usuários: pessoas ou coletividades internas ou
§ 1º As atribuições gerais referidas neste artigo serão
externas à Instituição Federal de Ensino que usufruem
direta ou indiretamente dos serviços por ela prestados. exercidas de acordo com o ambiente organizacional.
§ 2º As atribuições específicas de cada cargo serão
Esses conceitos iniciais serão utilizados na medi- detalhadas em regulamento.
da em que nos aprofundarmos mais na legislação do
Plano de Carreiras. Por ora, é importante o candidato Do Ingresso no Cargo e das Formas de
ter, ao menos, uma noção geral do que sejam “plano Desenvolvimento
de carreiras” e “cargo público”, dispostos nos incisos I
Sobre o ingresso no Plano de Carreiras das IFEs, já
e IV, respectivamente.
mencionamos que os cargos técnico-administrativos
DO PLANO DE CARREIRA DOS CARGOS TÉCNICO- exigem que o candidato seja aprovado em exame de
ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO (PCCTAE) concurso público, que pode ser exame de apenas de
provas ou, ainda, de provas e títulos. O art. 9º dispõe
Da Estrutura do Plano de Cargos: Nível de de modo mais aprofundado sobre a matéria:
Classificação e Nível de Capacitação
Art. 9º O ingresso nos cargos do Plano de Carrei-
Finalmente, podemos adentrar na matéria refe- ra far-se-á no padrão inicial do 1º (primeiro) nível
de capacitação do respectivo nível de classificação,
rente ao Plano de Carreira em si. De início, devemos
mediante concurso público de provas ou de pro-
compreender como é a estrutura do Plano de Cargos
vas e títulos, observadas a escolaridade e expe-
e Carreiras. Para tanto, é necessário acompanhar o riência estabelecidas no Anexo II desta Lei.
texto dos arts. 6º e 7º, respectivamente: § 1º O concurso referido no caput deste artigo poderá
ser realizado por áreas de especialização, organiza-
Art. 6º O Plano de Carreira está estruturado em 5
do em 1 (uma) ou mais fases, bem como incluir curso
(cinco) níveis de classificação, com 4 (quatro) níveis
de formação, conforme dispuser o plano de desen-
de capacitação cada, conforme Anexo I-C desta Lei.
volvimento dos integrantes do Plano de Carreira.
Art. 7º Os cargos do Plano de Carreira são organi-
§ 2º O edital definirá as características de cada fase
zados em 5 (cinco) níveis de classificação, A, B, C, D
do concurso público, os requisitos de escolaridade,
e E, de acordo com o disposto no inciso II do art. 5º
a formação especializada e a experiência profis-
e no Anexo II desta Lei.
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

sional, os critérios eliminatórios e classificatórios,


bem como eventuais restrições e condicionantes
Segundo o texto dos referidos dispositivos, o Pla-
decorrentes do ambiente organizacional ao qual
no de Carreiras tem, ao todo, cinco níveis de classi-
serão destinadas as vagas.
ficação, que vão de A até E. A classe também indicia
a nomenclatura do cargo, que pode ser dos mais Assim, o concurso público pode ser organizado em
variados tipos, como Assistente de Estúdio, Servente uma ou em múltiplas fases, podendo haver fases eli-
de Obras, Pedreiro, Fotógrafo etc. Ao mesmo tempo, minatórias e/ou fases classificatórias.
dentro de cada nível de classificação, existem quatro Fase eliminatória é a etapa em que o concurso ape-
níveis de capacitação, que vão de I a IV. nas exclui as pessoas menos capacitadas para exercer
Os servidores devem ocupar os cargos de nível de o cargo específico. Geralmente, são as etapas iniciais
classificação, tendo por base o quadro presente no Ane- do concurso, como a prova de múltipla escolha.
xo II da referida Lei. Assim, por exemplo, o cargo de A fase classificatória é aquela fase que busca rea-
Técnico em Química é de nível D, o cargo de Copeiro é lizar uma classificação de modo a encontrar, dentre
nível B, e o cargo de Auxiliar de Encanador é nível A. todos os candidatos aprovados, aquele que mais se 121
sobressaiu diante dos demais. Essa é a etapa em que se verifica quem é “o melhor dos melhores”. É certo que,
independentemente do número de fases, o candidato deve ser aprovado em todas elas para ingressar no Plano
de Carreiras.
O desenvolvimento na Carreira, por sua vez, dá-se pela progressão funcional no cargo em que se ingressou. Já
mencionamos que o servidor sempre ingressa no cargo pelo seu nível de capacitação mais baixo. O art. 10 busca apro-
fundar um pouco mais o tema, com destaque para as diferentes formas de progressão funcional. Observe o texto legal:

Art. 10 O desenvolvimento do servidor na carreira dar-se-á, exclusivamente, pela mudança de nível de capacitação
e de padrão de vencimento mediante, respectivamente, Progressão por Capacitação Profissional ou Progressão por
Mérito Profissional.
§ 1º Progressão por Capacitação Profissional é a mudança de nível de capacitação, no mesmo cargo e nível de
classificação, decorrente da obtenção pelo servidor de certificação em Programa de capacitação, compatível com o
cargo ocupado, o ambiente organizacional e a carga horária mínima exigida, respeitado o interstício de 18 (dezoito)
meses, nos termos da tabela constante do Anexo III desta Lei.
§ 2º Progressão por Mérito Profissional é a mudança para o padrão de vencimento imediatamente subsequente, a
cada 2 (dois) anos de efetivo exercício, desde que o servidor apresente resultado fixado em programa de avaliação
de desempenho, observado o respectivo nível de capacitação.
§ 3º O servidor que fizer jus à Progressão por Capacitação Profissional será posicionado no nível de capacitação
subsequente, no mesmo nível de classificação, em padrão de vencimento na mesma posição relativa a que ocupava
anteriormente, mantida a distância entre o padrão que ocupava e o padrão inicial do novo nível de capacitação.
§ 4º No cumprimento dos critérios estabelecidos no Anexo III, é permitido o somatório de cargas horárias de cursos
realizados pelo servidor durante a permanência no nível de capacitação em que se encontra e da carga horária que
excedeu à exigência para progressão no interstício do nível anterior, vedado o aproveitamento de cursos com carga
horária inferior a 20 (vinte) horas-aula.
§ 5º A mudança de nível de capacitação e de padrão de vencimento não acarretará mudança de nível de
classificação.
§ 6º Para fins de aplicação do disposto no § 1º deste artigo aos servidores titulares de cargos de Nível de Classifica-
ção E, a conclusão, com aproveitamento, na condição de aluno regular, de disciplinas isoladas, que tenham relação
direta com as atividades inerentes ao cargo do servidor, em cursos de Mestrado e Doutorado reconhecidos pelo
Ministério da Educação - MEC, desde que devidamente comprovada, poderá ser considerada como certificação em
Programa de Capacitação para fins de Progressão por Capacitação Profissional, conforme disciplinado em ato do
Ministro de Estado da Educação.
§ 7º A liberação do servidor para a realização de cursos de Mestrado e Doutorado está condicionada ao resultado
favorável na avaliação de desempenho.
§ 8º Os critérios básicos para a liberação a que se refere o § 7º deste artigo serão estabelecidos em Portaria conjunta
dos Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Educação.

Assim, temos duas formas de progressão funcional, utilizadas para finalidades distintas:
A Progressão por Capacitação Profissional é aquela em que o servidor progride na Carreira mediante a sua
evolução no nível de capacitação, respeitado um período de interstício de 18 meses. O servidor deve passar esse
período dentro do mesmo nível de capacitação para ascender para o próximo nível.
Por exemplo: o servidor Mário é ocupante de cargo de Auxiliar de Topografia, classe C, e ingressou na sua
carreira pela classe C-I. Uma vez decorrido o período de 18 meses a título de interstício, ele também concluiu
Programa de Capacitação, com certificado. Uma vaga para o cargo de Auxiliar de Topografia C-II ficou em aberto
durante essa aquisição do certificado. Com isso, esse servidor pode ascender na sua carreira, ocupando um cargo
distinto, com um maior número de atribuições, a título de Progressão por Capacitação.
A Progressão por Mérito Profissional é a forma de ascensão em que o servidor não muda de nível de capa-
citação, mas há uma alteração no seu padrão de vencimento, desde que comprove estar há 18 meses em efetivo
exercício. Isso significa que o servidor público deve receber uma remuneração maior quando trabalhar nesse
mesmo cargo, e no mesmo nível de capacitação, por 18 meses consecutivos.
Tomemos o mesmo exemplo do parágrafo anterior: o servidor Mário ingressou na carreira de Auxiliar de
Topografia na classe C-I.
Porém, suponha que Mário, dessa vez, não realizou nenhum curso de Capacitação Profissional, e suponha
também que não foram abertas vagas novas para Mário poder subir na carreira. Nesse caso, uma vez que ele
tenha completado 2 anos trabalhando nesse mesmo cargo, ele tem direito a um acréscimo na sua remuneração,
a título de Progressão por Mérito. Mesmo trabalhando no mesmo cargo e realizando as mesmas tarefas, Mário
acaba ganhando mais a título de remuneração.
Exemplificando, podemos elencar essas duas formas de progressão no seguinte quadro, indicando:

z O nome da progressão funcional;


z O que a progressão altera quanto ao cargo ocupado;
z Os requisitos para a referida progressão.

PROGRESSÃO POR CAPACITAÇÃO PROGRESSÃO POR MÉRITO


Ascensão no Nível de Capacitação de um Cargo em Carreira, Ascensão que enseja acréscimo de valor sobre o venci-
na mesma Classe mento-base do servidor
C I → C II → C III CI→CI→CI
Requisitos: são cumulativos Requisitos: são cumulativos
a) obtenção de certificado de curso de capacitação profissional a) período de efetivo exercício no mesmo cargo por 18
122 b) período de interstício de 18 meses meses
O texto do § 5º, do art. 10, é simples, mas apresenta § 4º A partir de 1º de janeiro de 2013, o Incentivo
um conteúdo muito importante: seja qual for a pro- à Qualificação de que trata o caput será concedido
gressão do servidor, ela não pode alterar a sua Classe. aos servidores que possuírem certificado, diploma
Não pode, por exemplo, o Copeiro sair da classe B para ou titulação que exceda a exigência de escolarida-
de mínima para ingresso no cargo do qual é titular,
ingressar na Classe A, ou na Classe C. A ascensão é por
independentemente do nível de classificação em
nível de capacitação, e não por nível de classe (não que esteja posicionado, na forma do Anexo IV.
altera a “letrinha”, apenas o “algarismo romano”).
Pela leitura do dispositivo, percebemos que a Lei
não atribui um valor fixo para o Incentivo. Ele inci-
Importante! de como um valor porcentual do vencimento base
A progressão por mérito não altera o nível de de cada servidor. Esse valor percentual poderá ser
capacitação do servidor, ela altera o quanto ele maior, na medida em que o servidor comprovar a
aquisição dos títulos e dos certificados previstos nos
ganha.
incisos I e II.
A legislação não exclui a possibilidade do título
O desenvolvimento na Carreira é um evento que adquirido pelo servidor possuir uma relação mais
ocorre com o tempo, conforme podemos depreender indireta ao seu ambiente organizacional de atuação,
mas salienta que o valor do benefício, nesse caso, será
da leitura dos dispositivos anteriores. Entretanto, a
inferior ao valor do benefício pago ao servidor quali-
Lei procura encorajar a qualificação dos servidores
ficado com título com uma relação direta com o seu
desses IFEs mediante a implementação de um Incen-
ambiente organizacional.
tivo de Qualificação. O incentivo é um benefício de
Além disso, os valores dos percentuais dos benefí-
natureza econômica (valor em pecúnia), que tem cios não podem ser acumuláveis: não pode haver uma
como objetivo abonar os servidores ao completarem a somatória de benefícios a fim de Incentivo de Qualifi-
educação formal superior ao nível exigido para o car- cação, ainda que o servidor possua diversos títulos e
go de que é titular (art. 11). qualificações enquadradas nos incisos do referido art.
Nesse sentido, veja o que dispõe o art. 11: 12.
O parágrafo 4º acaba estendendo a concessão des-
Art. 11 Será instituído Incentivo à Qualificação ao se Incentivo para todos os servidores que possuírem
servidor que possuir educação formal superior ao certificado, diploma ou titulação que exceda a exigên-
exigido para o cargo de que é titular, na forma de cia de escolaridade mínima para ingresso no cargo do
regulamento. qual é titular, independentemente do nível de classifi-
cação em que esteja posicionado.
Sobre a forma de cálculo desse Incentivo de Quali- Podemos exemplificar com o caso hipotético do
ficação, é o art. 12 o dispositivo que traz essas regras. professor Roberto, que ingressou nos quadros do Ins-
Observe novamente o texto legal: tituto Federal de Ensino no ano de 2014. Mesmo não
apresentando o diploma de conclusão de sua gra-
Art. 12 O Incentivo à Qualificação terá por duação em Direito, verificou-se que ele tem direito
base percentual calculado sobre o padrão de ao Incentivo, uma vez que ele apresentou um título
vencimento percebido pelo servidor, na forma complementar a sua formação, como o diploma de
do Anexo IV desta Lei, observados os seguintes mestrado em Direito dos Contratos, afinal, somente
parâmetros: um Bacharel em Direito possui um diploma desse tipo
I - a aquisição de título em área de conhecimento de curso especial.
com relação direta ao ambiente organizacional de
atuação do servidor ensejará maior percentual na Da Remuneração dos Servidores
fixação do Incentivo à Qualificação do que em área
de conhecimento com relação indireta; e A Lei nº 11.091, de 2005, também busca disciplinar,
II - a obtenção dos certificados relativos ao ensino de uma forma mais ampla e geral, a remuneração dos
fundamental e ao ensino médio, quando excederem servidores que integram o Plano de Cargos Técnico-
a exigência de escolaridade mínima para o cargo -Administrativos em Educação, ou seja, o quanto eles
do qual o servidor é titular, será considerada, para ganham quando exercem suas atribuições dentro do
efeito de pagamento do Incentivo à Qualificação, cargo.
como conhecimento relacionado diretamente ao De início, temos o art. 13, que divide a remunera-
ambiente organizacional. ção do servidor em vencimento básico e em demais
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 1º Os percentuais do Incentivo à Qualificação não incentivos e vantagens aos quais o servidor tem direi-
são acumuláveis e serão incorporados aos res- to. Vejamos o texto legal:
pectivos proventos de aposentadoria e pensão.
§ 2º O Incentivo à Qualificação somente integrará Art. 13 A remuneração dos integrantes do Plano de
os proventos de aposentadorias e as pensões quan- Carreira será composta do vencimento básico, cor-
do os certificados considerados para a sua conces- respondente ao valor estabelecido para o padrão
são tiverem sido obtidos até a data em que se deu a de vencimento do nível de classificação e nível de
aposentadoria ou a instituição da pensão. capacitação ocupados pelo servidor, acrescido dos
§ 3º Para fins de concessão do Incentivo à Qualifica- incentivos previstos nesta Lei e das demais vanta-
ção, o Poder Executivo definirá as áreas de conhe- gens pecuniárias estabelecidas em lei.
cimento relacionadas direta e indiretamente ao Parágrafo único. Os integrantes do Plano de Car-
ambiente organizacional e os critérios e processos reira não farão jus à Gratificação Temporária
de validação dos certificados e títulos, observadas - GT, de que trata a Lei nº 10.868, de 12 de maio
as diretrizes previstas no § 2º do art. 24 desta Lei. de 2004, e à Gratificação Específica de Apoio 123
Técnico-Administrativo e Técnico-Marítimo às Ins- Ocorre que essa vantagem acabou trazendo uma
tituições Federais de Ensino - GEAT, de que trata a grande quantidade de processos na Justiça, uma vez
Lei nº 10.908, de 15 de julho de 2004. que, por ter sido conferida a todos os servidores públi-
Art. 13-A Os servidores lotados nas Instituições cos em geral, diversos servidores entraram com ações
Federais de Ensino integrantes do Plano de Carreira judiciais para requerer a equiparação do reajuste com
dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação as categorias que tiveram maior aumento percentual
não farão jus à Vantagem Pecuniária Individual - nos vencimentos em virtude desse benefício, sugerin-
VPI instituída pela Lei nº 10.698, de 2 de julho de do que tal vantagem fosse devida não em valor fixo,
2003. mas em uma porcentagem de 13,23% do valor do ven-
cimento de cada servidor. Os julgados não são unâni-
A remuneração de todo servidor público integrante mes quanto ao tema; alguns conferiram essa revisão,
da Administração Pública é composta pela somatória outros negaram, sob a alegação de que o referido
do vencimento e pelas demais vantagens econômicas benefício não pode ser utilizado como uma forma de
a que os servidores têm direito. reajuste salarial.
Vencimento é o valor base da sua remuneração, Como já ocorreu essa revisão salarial dos servido-
representando a quantia que o servidor ganha por ter res públicos federais, o legislador decidiu em não mais
efetivamente trabalhado. O vencimento está para o conceder a VPI para os servidores ocupantes de cargos
servidor público assim como o saldo de salário está das Instituições Federais (IFEs). Essa vantagem deixou
para a remuneração do trabalhador empregado. de ser devida a esses servidores a partir de 2008.
Segundo o caput do art. 14:
Do Enquadramento de Servidores no Plano de
Art. 14 Os vencimentos básicos do Plano de Carrei- Carreiras
ra dos Cargos Técnico-Administrativos em Educa-
ção estão estruturados na forma do Anexo I-C desta Outro tema em que temos também a questão de
Lei, com efeitos financeiros a partir das datas nele reajustes salariais diz respeito ao enquadramento do
especificadas. servidor de acordo com a Tabela de Correlação.
Enquadramento é a adequação da remuneração
As vantagens econômicas podem ser dos mais do servidor público para torná-la mais adequada e
variados tipos, muito se assemelhando às vantagens compatível com as atribuições que ele exerce dentro
econômicas devidas para os trabalhadores emprega- do seu cargo. A finalidade do enquadramento é, justa-
dos da iniciativa privada. Temos os adicionais (de mente, evitar a situação de ter um servidor em nível
tempo noturno, de insalubridade, de periculosidade, de capacitação mais baixo percebendo uma remune-
de férias etc.), as gratificações (de função de gabine- ração superior ao servidor com nível de capacitação
te, natalina, pelo exercício de função de direção, che- mais elevado.
fia e assessoramento etc.) e também as indenizações Esse é um dos problemas mais comuns enfrenta-
(auxílio-transporte, diárias, vale-alimentação etc.). dos pela Administração Pública, conhecido também
São diversas as vantagens que o servidor pode per- como os “supersalários dos servidores públicos”. Boa
ceber, a depender do tipo de serviço e das condições parte do orçamento público adquirido pelo Governo
nas quais ele deve prestar esse serviço. é utilizado para remunerar o seu próprio pessoal.
Sobre as vantagens econômicas, temos duas veda- Diversas medidas vêm sendo adotadas, de forma a
ções previstas, uma no parágrafo único, do art. 13, e enxugar a folha salarial dos servidores que percebem
outra no art. 13-A. inúmeras vantagens econômicas.
É importante lembrar que os Institutos Federais
z A primeira vedação diz respeito à Gratificação não foram “criados do nada”: eles se originaram nos
Temporária (GT) e à Gratificação Específica de Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET),
Apoio Técnico-Administrativo e Técnico-Marítimo instalados nas escolas técnicas e agrotécnicas federais
às Instituições Federais de Ensino (GEAT). Essas e nas escolas técnicas vinculadas às universidades
gratificações eram devidas para os servidores federais. Com isso, muitos servidores que atuavam
ocupantes de qualquer cargo dentro do Plano de nesses Centros Federais foram redistribuídos para
Carreiras; trabalhar nesses novos Institutos. Por isso, o enqua-
z A outra vedação, prevista no art. 13-A, é referen- dramento foi essencial para atender a essas situações
te à Vantagem Pecuniária Individual (VPI). Essa transitórias.
vedação é aplicável aos ocupantes de cargos de O enquadramento dos servidores do Plano de Car-
natureza técnico-administrativa, dentro do Plano gos dos Institutos Federais será feito tendo por base a
de Carreira dos cargos Técnico-Administrativos Tabela de Correlação prevista no Anexo VII da Lei. É
em Educação (das IFEs). evidente que não será exigida a memorização da tabe-
la por inteiro. Contudo, é interessante analisarmos o
que dispõe o art. 15, pois ele apresenta também o que
A VPI é uma vantagem econômica introduzida pela
deve ser observado quando do enquadramento desses
primeira vez em 2003, com a Lei Federal nº 10.698, de
servidores. Vejamos o texto legal, na sua íntegra:
2003, sendo devida a todos os servidores públicos fede-
rais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da
Art. 15 O enquadramento previsto nesta Lei será
União, das Autarquias e Fundações Públicas Federais, efetuado de acordo com a Tabela de Correlação,
ocupantes de cargos efetivos ou empregos públicos, constante do Anexo VII desta Lei.
no valor fixo de R$ 59,87 (cinquenta e nove reais e § 1º O enquadramento do servidor na Matriz
oitenta e sete centavos). A principal finalidade da con- Hierárquica será efetuado no prazo máximo de
cessão dessa VPI é a de atribuir uma pequena revisão 90 (noventa) dias após a publicação desta Lei,
124 salarial a todos os servidores públicos federais. observando-se:
I - o posicionamento inicial no Nível de Capacitação Sobre os cargos de técnico-administrativo e técni-
I do nível de classificação a que pertence o cargo; e co-marítimo já vagos quando da publicação da Lei,
II - o tempo de efetivo exercício no serviço público o art. 17 disciplina que eles serão transformados em
federal, na forma do Anexo V desta Lei. cargos equivalentes no referido Plano de Carreiras:
§ 2º Na hipótese de o enquadramento de que trata
o § 1º deste artigo resultar em vencimento básico Art. 17 Os cargos vagos dos grupos Técnico-Admi-
de valor menor ao somatório do vencimento nistrativo e Técnico-Marítimo do Plano Único de
básico, da Gratificação Temporária - GT e da Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos,
Gratificação Específica de Apoio Técnico-Ad- de que trata a Lei nº 7.596, de 10 de abril de 1987,
ministrativo e Técnico-Marítimo às Institui- ficam transformados nos cargos equivalentes do
ções Federais de Ensino - GEAT, considerados no Plano de Carreira de que trata esta Lei.
mês de dezembro de 2004, proceder-se-á ao paga- Parágrafo único. Os cargos vagos de nível superior,
mento da diferença como parcela complemen- intermediário e auxiliar, não organizados em car-
tar, de caráter temporário. reira, redistribuídos para as Instituições Federais
§ 3º A parcela complementar a que se refere o § 2º de Ensino, até a data da publicação desta Lei, serão
deste artigo será considerada para todos os efeitos transformados nos cargos equivalentes do Plano de
como parte integrante do novo vencimento básico, Carreira de que trata esta Lei.
e será absorvida por ocasião da reorganização ou
reestruturação da carreira ou tabela remunerató- Como forma de facilitar a estrutura do Plano de Car-
ria, inclusive para fins de aplicação da tabela cons-
gos em Carreira das IFEs, o art. 18 faz menção à possibili-
tante do Anexo I-B desta Lei.
dade do Poder Executivo de promover a racionalização
§ 4º O enquadramento do servidor no nível de capa-
citação correspondente às certificações que possua
dos cargos integrantes do Plano de Carreira. “Racio-
será feito conforme regulamento específico, obser- nalizar” significa “transformar” o cargo público, ou seja,
vado o disposto no art. 26, inciso III, e no Anexo III alterar informações sobre a sua nomenclatura, a classe
desta Lei, bem como a adequação das certificações que ocupa e os níveis que apresenta.
ao Plano de Desenvolvimento dos Integrantes da Para tanto, o mesmo art. 18 também apresenta os
Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em critérios e requisitos que devem ser observados para a
Educação, previsto no art. 24 desta Lei. realização dessa transformação. Observe o texto legal:
§ 5º Os servidores redistribuídos para as Institui-
ções Federais de Ensino serão enquadrados no Pla- Art. 18 O Poder Executivo promoverá, mediante
no de Carreira no prazo de 90 (noventa) dias da decreto, a racionalização dos cargos integrantes
data de publicação desta Lei. do Plano de Carreira, observados os seguintes cri-
térios e requisitos:
O enquadramento, assim, tem prazo máximo de I - unificação, em cargos de mesma denominação e
90 dias contados da data da publicação da referida nível de escolaridade, dos cargos de denominações
Lei. Todos os servidores que foram redistribuídos dos distintas, oriundos do Plano Único de Classificação
CEFETS devem estar ocupando cargos dentro do Pla- e Retribuição de Cargos e Empregos, do Plano de
no de Carreiras após o decurso desse prazo. Classificação de Cargos - PCC e de planos correla-
É interessante notar o texto dos §§ 2º e 3º, que fazem tos, cujas atribuições, requisitos de qualificação,
alusão à Gratificação Temporária (GT) e à Gratificação escolaridade, habilitação profissional ou especia-
Específica de Apoio Técnico-Administrativo e Técnico- lização exigidos para ingresso sejam idênticos ou
-Marítimo às Instituições Federais de Ensino (GEAT). essencialmente iguais aos cargos de destino;
Como mencionamos, essas gratificações não são mais II - transposição aos respectivos cargos, e inclusão
devidas a esses servidores. Entretanto, para efeitos de dos servidores na nova situação, obedecida a cor-
enquadramento, se a remuneração do servidor, quando respondência, identidade e similaridade de atribui-
ele passou a ocupar o novo cargo, for inferior ao soma- ções entre o cargo de origem e o cargo em que for
tório do seu vencimento básico e dessas gratificações, enquadrado; e
ele terá direito a um pagamento complementar de sua III - posicionamento do servidor ocupante dos car-
remuneração, ainda que temporariamente. gos unificados em nível de classificação e nível de
O art. 16 deixa bastante claro que a solicitação do capacitação e padrão de vencimento básico do car-
enquadramento, principalmente para os ocupantes de go de destino, observados os critérios de enquadra-
cargos técnico-administrativo e técnico-marítimo, é fei- mento estabelecidos por esta Lei.
ta mediante uma solicitação simples e irretratável. Se o
servidor não solicitar o enquadramento no prazo de 60 A ideia é agrupar os cargos das Instituições Fede-
dias contados da publicação da Lei, ele será obrigado a rais de Ensino que apresentam as mesmas atribuições,
compor quadro em extinção de cargos até este tornar- os mesmos requisitos para o ingresso e o mesmo nível
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

-se vago. Quando ocorrer a vacância do cargo (quando de escolaridade e especialização, que deverão ser tra-
nenhum servidor estiver ocupando-o), somente então tados como cargos equivalentes, ainda que sejam dis-
ele deve integrar o Plano de Carreiras dessa Lei. tintas as suas nomenclaturas ou que se originem de
Plano de Cargos distintos.
Art. 16 O enquadramento dos cargos referido no
Para que o enquadramento possa ocorrer de manei-
art. 1º desta Lei dar-se-á mediante opção irretratá-
vel do respectivo titular, a ser formalizada no prazo ra célere e eficiente, foi criada, também, uma Comissão
de 60 (sessenta) dias a contar do início da vigência de Enquadramento, responsável pela implementação
desta Lei, na forma do termo de opção constante do do mesmo em cada uma das unidades dos Institutos
Anexo VI desta Lei. Federais. Essa Comissão é disciplinada pelo art. 19:
Parágrafo único. O servidor que não formalizar a
opção pelo enquadramento comporá quadro em Art. 19 Será instituída em cada Instituição Federal
extinção submetido à Lei nº 7.596, de 10 de abril de de Ensino Comissão de Enquadramento responsá-
1987, cujo cargo será transformado em cargo equi- vel pela aplicação do disposto neste Capítulo, na
valente do Plano de Carreira quando vagar. forma prevista em regulamento. 125
§ 1º O resultado do trabalho efetuado pela Comis- Dica
são de que trata o caput deste artigo será objeto de
Todas as questões referentes ao enquadramen-
homologação pelo colegiado superior da Institui-
ção Federal de Ensino. to de cargos são resolvidas por outro órgão, que
§ 2º A Comissão de Enquadramento será composta, é a Comissão de Enquadramento.
paritariamente, por servidores integrantes do Pla-
no de Carreira da respectiva instituição, mediante Por fim, o art. 23 aponta a quais pessoas se aplica o
indicação dos seus pares, e por representantes da disposto nessa referida Lei:
administração superior da Instituição Federal de
Ensino. Art. 23 Aplicam-se os efeitos desta Lei:
I - aos servidores aposentados, aos pensionistas,
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS exceto no que se refere ao estabelecido no art. 10
desta Lei;
II - aos titulares de empregos técnico-administra-
Em seu Capítulo final, a Lei nº 11.091, de 2005,
tivos e técnico-marítimos integrantes dos quadros
apresenta diversos temas distintos, mas que não são
das Instituições Federais de Ensino vinculadas ao
de grande relevância para nossos estudos. O úni- Ministério da Educação, em relação às diretrizes
co assunto que merece maior destaque é a criação de gestão dos cargos e de capacitação e aos efei-
da Comissão Nacional de Supervisão do Plano de tos financeiros da inclusão e desenvolvimento na
Carreira. É um órgão vinculado também ao Ministé- Matriz Hierárquica e da percepção do Incentivo à
rio da Educação, tendo por finalidade dar assessora- Qualificação, vedada a alteração de regime jurídico
mento e avaliação ao Plano de Carreiras dos Institutos em decorrência do disposto nesta Lei.
Federais.
É o art. 22 que disciplina a Comissão de Supervisão Pela leitura do inciso I, a referida Lei de Plano de
do Plano de Carreiras, apresentando também as suas Cargos e Carreiras pode ser aplicável, também, aos
principais atribuições. Vejamos o texto legal: servidores aposentados que trabalhavam nos Institu-
tos Federais, salvo no que diz respeito às hipóteses de
Art. 22 Fica criada a Comissão Nacional de Super- desenvolvimento funcional previstas no art. 10, pois
visão do Plano de Carreira, vinculada ao Ministé- tais servidores não estão mais trabalhando.
rio da Educação, com a finalidade de acompanhar,
assessorar e avaliar a implementação do Plano de
Carreira, cabendo-lhe, em especial:
I - propor normas regulamentadoras desta Lei HORA DE PRATICAR!
relativas às diretrizes gerais, ingresso, progressão,
capacitação e avaliação de desempenho; 1. (IDECAN – 2019) No que se refere aos servidores e
II - acompanhar a implementação e propor agentes públicos, assinale a alternativa correta.
alterações no Plano de Carreira;
III - avaliar, anualmente, as propostas de lotação a) Cargo público é o conjunto de atribuições e respon-
das Instituições Federais de Ensino, conforme
sabilidades previstas na estrutura organizacional que
inciso I do § 1º do art. 24 desta Lei; e
devem ser cometidas a um servidor.
IV - examinar os casos omissos referentes ao
b) Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros,
Plano de Carreira, encaminhando-os à aprecia-
são criados por lei, com denominação própria e ven-
ção dos órgãos competentes.
cimento pago pelos cofres públicos, para provimento
§ 1º A Comissão Nacional de Supervisão será
composta, paritariamente, por representantes do em caráter temporário, efetivo ou em comissão.
Ministério da Educação, dos dirigentes das IFES e c) O provimento dos cargos públicos far-se-á median-
das entidades representativas da categoria. te ato da autoridade competente de cada Poder, e a
§ 2º A forma de designação, a duração do manda- investidura ocorrerá com a nomeação.
to e os critérios e procedimentos de trabalho da d) A nomeação em cargo público far-se-á em caráter efe-
Comissão Nacional de Supervisão serão estabeleci- tivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento
dos em regulamento. efetivo, excetuando-se os de carreira.
§ 3º Cada Instituição Federal de Ensino deverá ter e) Poderá ocorrer novo concurso mesmo que haja can-
uma Comissão Interna de Supervisão do Plano de didato aprovado no concurso anterior com prazo de
Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em validade não expirado.
Educação composta por servidores integrantes do
Plano de Carreira, com a finalidade de acompanhar, 2. (IDECAN – 2019) Em relação aos conceitos defini-
orientar, fiscalizar e avaliar a sua implementação dos na Lei 8.112/90 (Regime Jurídico dos Servidores
no âmbito da respectiva Instituição Federal de Ensi- Públicos Civis da União, das Autarquias e das Funda-
no e propor à Comissão Nacional de Supervisão as ções Públicas Federais), assinale a alternativa correta.
alterações necessárias para seu aprimoramento.
a) Os cargos públicos são criados por lei, com ou sem
Assim, percebemos que a Comissão Nacional de denominação própria, para provimento em caráter
Supervisão do Plano de Carreira é encarregada de efetivo.
todo o procedimento referente ao Plano de Carreiras b) A nomeação é o ato solene praticado pelo servidor
em geral e incumbida de acompanhar todo o seu pro- público, pelo qual ele passa a ter direitos e deveres
cesso de implementação, de avaliar as propostas de perante a Administração Pública.
lotação e também de examinar os casos omissos na c) Cargo público é o conjunto de atribuições e respon-
Lei, na solução de controvérsias a respeito do próprio sabilidades previstas na estrutura organizacional que
126 Plano de Carreiras. devem ser cometidas a um servidor.
d) Posse é o efetivo desempenho das atribuições do car- 7. (IDECAN – 2019) Em relação à Lei 8.112/90, a vacân-
go público ou da função de confiança. cia de cargo público decorrerá de
e) Readaptação é a passagem do servidor estável de
cargo efetivo para outro de igual denominação, per- a) disponibilidade.
tencente a quadro de pessoal diverso, de órgão ou ins- b) aproveitamento.
tituição do mesmo Poder. c) recondução.
d) reintegração.
3. (IDECAN – 2019) Assinale abaixo a única forma de e) promoção.
provimento de cargo público admitida pela Lei nº
8.112/90. 8. (IDECAN – 2020) Sobre os direitos e vantagens
estabelecidos na Lei 8.112/90, assinale a afirmativa
a) Ascensão incorreta.
b) Transferência
c) Recondução a) Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício
d) Adaptação de cargo público, com valor fixado em lei.
e) Perempção b) As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou
de força maior poderão ser compensadas a critério da
4. (IDECAN – 2019) São requisitos básicos para investi- chefia imediata, porém não serão consideradas como
dura em cargo público, exceto efetivo exercício.
c) Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
a) a nacionalidade brasileira. salário mínimo.
d) O servidor em débito com o erário que for demitido,
b) o gozo dos direitos políticos.
exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou dispo-
c) a quitação com as obrigações militares.
nibilidade cassada terá o prazo de sessenta dias para
d) a aptidão física e mental.
quitar o débito.
e) a idade mínima de 21 anos.
e) O vencimento, a remuneração e o provento não serão
objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos
5. (IDECAN – 2020) Com base nas disposições da Lei nº
casos de prestação de alimentos resultante de deci-
8.112/90 sobre a redistribuição, assinale a alternativa
são judicial.
correta.
9. (IDECAN – 2020) Sobre os direitos e vantagens
a) Redistribuição é o deslocamento do servidor, de ofício, estabelecidos na Lei 8.112/90, assinale a afirmativa
no âmbito do mesmo quadro, sem mudança de sede. incorreta.
b) A redistribuição ocorrerá sempre a pedido para ajusta-
mento da força de trabalho às necessidades dos ser- a) A critério da Administração, poderão ser concedidas
viços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não
ou criação de órgão ou entidade. esteja em estágio probatório, licenças para o trato de
c) A redistribuição independe do nível de escolaridade, assuntos particulares pelo prazo de até cinco anos
consecutivos, sem remuneração.
especialidade ou habilitação profissional.
b) Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor
d) O servidor que não for redistribuído ou colocado em
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do
disponibilidade poderá ser mantido sob responsabili- exercício do cargo efetivo, com a respectiva remune-
dade do órgão central do SIPEC, e ter exercício provi- ração, por até três meses, para participar de curso de
sório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado capacitação profissional.
aproveitamento. c) O servidor poderá, no interesse da Administração, e
e) A redistribuição independe da equivalência de desde que a participação não possa ocorrer simulta-
vencimentos. neamente com o exercício do cargo ou mediante com-
pensação de horário, afastar-se do exercício do cargo
6. (IDECAN – 2020) Acerca da vacância e da remoção, efetivo, com a respectiva remuneração, para participar
assinale a alternativa correta. em programa de pós-graduação stricto sensu em ins-
tituição de ensino superior no País.
a) A vacância é forma originária de provimento de cargo d) É assegurado ao servidor o direito de requerer aos
Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse
público.
legítimo.
b) Não existe diferença conceitual entre remoção e
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

e) É vedada a contagem cumulativa de tempo de servi-


recondução. ço prestado concomitantemente em mais de um car-
c) É modalidade de remoção, dentre outras, aquela que se go ou função de órgão ou entidades dos Poderes da
dá a pedido, para outra localidade, independentemen- União, Estado, Distrito Federal e Município, autarquia,
te do interesse da Administração, para acompanhar fundação pública, sociedade de economia mista e
cônjuge ou companheiro, também servidor público empresa pública.
civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi 10. (IDECAN – 2019) Com base na Lei 8.112/90, não con-
deslocado no interesse da Administração. ceder-se-á ao servidor licença
d) A remoção é o retorno do servidor estável ao cargo a) por motivo de doença em pessoa da família.
anteriormente ocupado e decorrerá de reintegração do b) por motivo de interesses particulares.
anterior ocupante. c) para celebração de casamento.
e) A vacância sempre será de ofício, no interesse da d) para atividade política.
Administração. e) para capacitação. 127
11. (IDECAN – 2020) Sobre o tempo de serviço na Lei nº d) A motivação dos atos administrativos deve ser explíci-
8.112/90, assinale a afirmativa incorreta. ta, clara e congruente, podendo consistir em declara-
ção de concordância com fundamentos de anteriores
a) É contado para todos os efeitos o tempo de serviço pareceres, informações, decisões ou propostas, que,
público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. neste caso, serão parte integrante do ato.
b) O tempo em que o servidor esteve aposentado não e) Das decisões administrativas cabe recurso, em face
será contado para fins de nova aposentadoria. de razões de legalidade e de mérito.
c) A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
15. (IDECAN – 2019) Em relação aos prazos no Processo
que serão convertidos em anos, considerado o ano
Administrativo (Lei 9.784/99), assinale a afirmativa
como de trezentos e sessenta e cinco dias. incorreta.
d) Será contado em dobro o tempo de serviço prestado
às Forças Armadas em operações de guerra. a) Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de
e) São considerados como de efetivo exercício os afas- data a data. Se no mês do vencimento não houver o
tamentos em virtude de férias e por convocação para dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como
o serviço militar. termo o último dia do mês.
b) Os prazos expressos em dias contam-se de modo con-
12. (IDECAN – 2019) Acerca do direito de petição do ser- tínuo, excluindo-se os dias não úteis.
vidor público, assinale a alternativa incorreta. c) Salvo motivo de força maior devidamente comprova-
do, os prazos processuais não se suspendem.
a) É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Pode- d) Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil
res Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo. seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver
b) O requerimento será dirigido à autoridade competente expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a e) Os prazos começam a correr a partir da data da cien-
que estiver imediatamente subordinado o requerente. tificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do
c) Não caberá recurso das decisões sobre os recursos começo e incluindo-se o do vencimento.
sucessivamente interpostos. 16. (IDECAN – 2019) Com base na Lei 11.892/2008, que
d) O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Cien-
a juízo da autoridade competente. tífica e Tecnológica, assinale a afirmativa incorreta.
e) O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí-
veis, interrompem a prescrição. a) A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica não é vinculada ao Ministério da Economia.
13. (IDECAN – 2019) A respeito do regime disciplinar dos b) Os Institutos Federais não poderão exercer o papel de
Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias e instituições acreditadoras e certificadoras de compe-
das Fundações Públicas Federais, assinale a alternati- tências profissionais.
va correta. c) Os Institutos Federais terão autonomia para criar e
extinguir cursos, nos limites de sua área de atuação
a) É dever do servidor público levar as irregularidades de territorial, bem como para registrar diplomas dos cur-
que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimen- sos por eles oferecidos, mediante autorização do seu
to da autoridade superior, ainda que haja suspeita de Conselho Superior.
d) Os Institutos Federais são instituições de educação
envolvimento desta.
superior, básica e profissional, pluricurriculares e
b) Ao servidor é proibido ausentar-se do serviço durante
multicampi.
o expediente, com ou sem prévia autorização do chefe
e) É possível a oferta de cursos a distância pelos Institu-
imediato. tos Federais.
c) O ato de imposição da penalidade mencionará sempre
o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. 17. (IDECAN – 2019) São objetivos dos Institutos Fede-
d) É vedado ao servidor manter sob sua chefia imediata, rais, exceto
em cargo ou função de confiança, cônjuge, compa-
nheiro ou qualquer parente. a) estimular e apoiar processos educativos que levem à
e) É direito do servidor representar contra ilegalidade, geração de trabalho e renda e à emancipação do cida-
omissão ou abuso de poder. dão na perspectiva do desenvolvimento socioeconô-
mico local e regional.
14. (IDECAN – 2019) Ainda em relação às disposições b) realizar pesquisas aplicadas, estimulando o desenvol-
contidas nas Lei 9.784/99, assinale a afirmativa vimento de soluções técnicas e tecnológicas, esten-
incorreta. dendo seus benefícios à comunidade.
c) ministrar educação profissional técnica de nível médio,
prioritariamente na forma de cursos integrados, para
a) A Administração deve anular seus próprios atos, quan-
os concluintes do ensino fundamental e para o público
do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los da educação de jovens e adultos.
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeita- d) desenvolver atividades de extensão de acordo com
dos os direitos adquiridos. os princípios e finalidades da educação profissional e
b) Em decisão na qual se evidencie não acarretar lesão tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho
ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos e os segmentos sociais, e com ênfase na produção,
que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser con- desenvolvimento e difusão de conhecimentos científi-
validados pela própria Administração ou pelo Poder cos e tecnológicos.
Judiciário. e) ministrar em nível de educação superior apenas cur-
c) O direito da Administração de anular os atos adminis- sos de pós-graduação lato sensu de aperfeiçoamento
trativos de que decorram efeitos favoráveis para os e especialização, uma vez que compete às Universida-
destinatários decai em cinco anos, contados da data des Federais ministrar os cursos de graduação stricto
128 em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. sensu de mestrado e doutorado.
18. (IDECAN – 2019) Em relação à Lei 11.091, de 12 de d) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
janeiro de 2005, que dispõe sobre a estruturação do tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comis-
Plano de Carreira dos Cargos Técnico- Administrativos são, doação ou vantagem de qualquer espécie, para
em Educação no âmbito das Instituições Federais de si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento
Ensino vinculadas ao Ministério da Educação, assinale da sua missão ou para influenciar outro servidor para
a alternativa correta. o mesmo fim.
e) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
a) São atribuições gerais dos cargos que integram o Pla- encaminhar para providências.
no de Carreira planejar, organizar, executar ou avaliar
as atividades inerentes ao apoio técnico-administrati-
vo ao ensino.
9 GABARITO
b) São atribuições específicas dos cargos planejar, orga-
nizar executar ou avaliar as atividades técnico-ad- 1 A
ministrativas inerentes à pesquisa e à extensão nas
Instituições Federais de Ensino. 2 C
c) O conceito de Plano de Carreira, segundo a legislação,
3 C
é a posição do servidor na escala de vencimento da
carreira em função do nível de capacitação, cargo e 4 E
nível de classificação.
d) A legislação não trata de princípios e diretrizes em 5 D
relação à gestão dos cargos do Plano de Carreira,
6 C
cabendo a cada Instituição Federal de Ensino fazê-lo
isoladamente. 7 E
e) O plano de remuneração dos servidores será expedido
por portaria da autoridade máxima de cada Instituição 8 B
Federal de Ensino.
9 A
19. (IDECAN – 2020) Levando em conta as disposições 10 C
do Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, que tra-
ta do Código de Ética Profissional do Servidor Público 11 B
Civil do Poder Executivo Federal, analise as afirmati- 12 C
vas a seguir:
I Dentre as regras deontológicas previstas no Código de 13 C
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal, existe a de que toda ausência injus- 14 B
tificada do servidor de seu local de trabalho é fator de 15 B
desmoralização do serviço público, o que quase sem-
pre conduz à desordem nas relações humanas. 16 B
II É dever fundamental do servidor público ser probo,
reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do 17 E
seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante 18 A
de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o
bem comum. 19 E
III É vedado ao servidor público usar de artifícios para
procrastinar ou dificultar o exercício regular de direi- 20 B
to por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou
material.

Assinale ANOTAÇÕES
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

20. (IDECAN – 2019) Ainda com relação ao Código de Éti-


ca Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-
cutivo Federal, é vedado ao servidor público, exceto

a) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer-


cício regular de direito por qualquer pessoa, causando-
-lhe dano moral ou material.
b) participar dos movimentos e estudos que se relacio-
nem com a melhoria do exercício de suas funções,
tendo por escopo a realização do bem comum.
c) desviar servidor público para atendimento a interesse
particular. 129
ANOTAÇÕES

130
Bom! Agora que já sabemos o que são proposições
lógicas, fica tranquilo distinguir o que não são proposi-
ções. Isto é fundamental, pois várias questões de prova
perguntam exatamente isso – são apresentadas algumas
frases e você precisa identificar qual delas não é uma
RACIOCÍNIO LÓGICO proposição. Vejamos os casos em que mais aparecem:

� Perguntas: são as orações interrogativas.


Exemplo: Que horas vamos ao cinema?
Essa pergunta não pode ser classificada como ver-
ESTRUTURAS LÓGICAS BÁSICAS:
dadeira ou falsa;
PROPOSIÇÕES E CONECTIVOS � Exclamações: são frases exclamativas.
Exemplo: Que lindo cabelo!
PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES
Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre-
Vamos começar nosso estudo falando sobre o que sentam percepções subjetivas;
é uma proposição lógica. Observe a frase a seguir: � Ordens: são orações com verbo no imperativo.
Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
Ex.: Paula vai à praia.
Uma ordem não pode ser classificada como verda-
Para saber se temos ou não uma proposição, preci- deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração,
samos de três requisitos fundamentais: pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
sição lógica.
z Ser uma oração: ou seja, são frases com verbos;
z Oração declarativa: a frase precisa estar apresen-
Atenção! Não são proposições: perguntas, excla-
tando uma situação, um fato;
mações e ordens.
z Pode ser classificada como Verdadeira ou Falsa :
ou seja, podemos atribuir o valor lógico verdadeiro
ou o valor lógico falso para a declaração. Temos um outro caso menos cobrado em provas,
mas que também não é proposição lógica, sendo o para-
Tendo isso em vista, podemos afirmar claramen- doxo. Para ficar mais claro, veja o exemplo a seguir:
te que a frase “Paula vai à praia” é uma proposição
lógica, pois temos a presença de um verbo (ir), uma Ex.: Esta frase é uma mentira.
informação completa (temos o sujeito claro na oração)
e podemos afirmar se é verdade ou falsa. Quando atribuímos um valor de verdade para a
frase, então na verdade, ele mentiu, uma vez que a
própria frase já diz isso, e se atribuirmos o valor falso,
Importante! então a frase é verdade, pois ela diz ser uma mentira
Proposição Lógica é uma oração declarativa que e já sabemos que isso é falso.
admite apenas um valor lógico: V ou F. Perceba que sempre que valoramos a frase ela nos
resulta um valor contrário, ou seja, estamos diante de
uma frase que é contraditória em si mesma. Isso é a
Ou então podemos também esquematizar o que é definição de um paradoxo.
uma proposição lógica assim:
Chama-se proposição toda sentença declarativa SENTENÇA ABERTA
que pode ser valorada ou só como verdadeira ou só
como falsa. A presença do verbo é obrigatória junta- Dizemos que uma sentença é aberta quando não
mente com o sentido completo (caráter informativo). conseguimos ter a informação completa que a oração
nos mostra. Veja o exemplo a seguir:
Verdadeira
Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.
Sentença
Ou Sentido
Declarativa Perceba que há presença do verbo e que consegui-
completo
mos parcialmente entender o que a frase quer dizer.
Falsa Todavia, logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa
informação não consegue ser completa e por isso temos
mais um caso que não é proposição lógica. Observe ou-
Obrigatório
RACIOCÍNIO LÓGICO

tros exemplos:

Verbo X + 5 = 10
Aquele carro é amarelo.
Toda proposição pode ser representada simbolica- 5+5
mente pelas letras do alfabeto, veja no exemplo: X – Y = 20

z p: Sabino é um pintor esperto; Todos os exemplos acima são sentenças abertas, então
z r: Kate é uma mulher alta. podemos resumir da seguinte forma:

Na situação temos duas proposições sendo repre- As variáveis: Ele, aquele ou variáveis matemáticas (X
sentadas pelas letras p e r. ou Y) tornam a sentença aberta. 131
Sempre será uma proposição lógica na escrita mate- „ Maria é bailarina ou Juliano é atleta;
mática e podemos notar que há verbos nos casos a seguir: „ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta;
„ Se estudar, então vai passar;
z = (é igual); „ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
z ≠ (é diferente); dinheiro.
z > (é maior);
z < (é menor); z Na linguagem simbólica:
z ≥ (é maior ou igual);
z ≤ (é menor ou igual). „ p ^ q;
„ p v q;
Esquematizando o que não são proposições lógicas: „ p v q;
„ p → q;
„ p ⟷ q.
Sentenças Interrogativas(?)

Agora que conhecemos os conectivos lógicos,


Não São
Sentenças sem Verbo vamos ver algumas camuflagens dos operadores lógi-
Proposições cos que podem aparecer na prova. Veja:
Sentenças com Verbo no Imperativo
� Conectivos “e” usando “mas”:
Sentenças Abertas Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
� Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
Paradoxo ambos”:
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas
PRINCÍPIOS DA LÓGICA PROPOSICIONAL não ambos;
� Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso,
É fundamental que você conheça três princípios Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”:
para deixarmos tudo alinhado com as proposições Exemplos: Desde que faça sol, Pedrinho vai à
lógicas. Veja: praia;
Caso você estude, irá passar no concurso;
z Princípio do terceiro excluído: Uma proposição Basta Ana comer massas, e engordará;
deve ser Verdadeira ou Falsa, não havendo outra Quem joga bola é rápido;
possibilidade. Não é possível que uma proposição Todos os médicos sabem operar;
seja “quase verdadeira” ou “quase falsa”; Qualquer criança anda de bicicleta;
z Princípio da não-contradição: Dizemos que uma Toda vez que chove, não vou à praia.
mesma proposição não pode ser, ao mesmo tempo,
verdadeira e falsa; É importante saber que na condicional a primeira
z Princípio da Identidade: Cada ser é único, ou proposição é o termo antecedente e a segunda é o
seja, uma proposição não assume o significado de termo consequente.
outra proposição lógica.
P→Q
P = antecedente
PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
Q = consequente
Temos proposições compostas quando há duas ou CONECTIVOS LÓGICOS
mais proposições simples ligadas por meio dos conec-
tivos lógicos. Veja os exemplos: Conceito

z Sabino corre e Marcos compra leite; Os conectivos lógicos ou operadores lógicos, como
z O gato é azul ou o pato é preto; também podem ser chamados, servem para ligar duas
z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar. ou mais proposições simples e formar, assim, propo-
sições compostas.
Cada conectivo tem sua representação simbólica e Temos 05 (cinco) operadores lógicos no total e cada
sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos: um tem sua nomenclatura e representação simbólica.
Veja a tabela abaixo:
CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA Tabela de conectivos
e Conjunção ^
ou Disjunção v CONECTIVO NOMENCLATURA SÍMBOLO LEITURA

Disjunção v e Conjunção ^ peq


ou...ou
Exclusiva ou Disjunção v p ou q
se...então Condicional → Disjunção
ou...ou v Ou p ou q
se e somente se Bicondicional ⟷ exclusiva
Condicional
Exemplos: se...,então → Se p, então q
(implicação)
p se e
z Na linguagem natural: se e Bicondicional
somente
somente se (bi-implicação)
se q
132 „ O macaco bebe leite e o gato come banana;
z Conjunção (conectivo “e”): Sua representação
simbólica é ^. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Exemplo: 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da lógica senten-
cial, julgue o item que segue.
„ Na linguagem natural: O macaco bebe leite e o Se uma proposição na estrutura condicional — isto é, na
gato come banana; forma P→Q, em que P e Q são proposições simples — for
„ Na linguagem simbólica: p ^ q. falsa, então o precedente será, necessariamente, falso.

z Disjunção Inclusiva (conectivo “ou”): Sua repre- ( ) CERTO ( ) ERRADO


sentação simbólica é v.
Veja que P→Q foi considerado falso pelo enunciado
Exemplo: da questão. Assim na condicional para ser falso a
regra é que o Precedente (antecedente) seja verda-
„ Na linguagem natural: Maria é bailarina ou deiro o seguinte (consequente) falso. Lembre-se da
Juliano é atleta; dica: Vai Ficar Falso = V  F. Resposta: Errado.
„ Na linguagem simbólica: p v q.
2. (FUNDATEC – 2019) Trata-se de um exemplo de tauto-
z Disjunção Exclusiva (conectivo “ou...ou”): Sua logia a proposição:
representação simbólica é: v.
a) Se dois é par então é verão em Gramado.
Exemplo: b) É verão em Gramado ou não é verão em Gramado.
c) Maria é alta ou Pedro é alto.
„ Na linguagem natural: Ou o elefante corre rápi- d) É verão em Gramado se e somente se Maria é alta.
do ou a raposa é lenta; e) Maria não é alta e Pedro não é alto.
„ Na linguagem simbólica: p v q.
Você precisa guardar esta dica: A proposição que
z Condicional (conectivos “se, então”): Sua repre- contiver uma afirmação com o conectivo ou mais a
sentação simbólica é →. negação dessa mesma afirmação (ou vice-versa) será
sempre uma tautologia. Então,
Exemplo: É verão em Gramado ou não é verão em Gramado.
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu
„ Na linguagem natural: Se estudar, então vai valor lógico é sempre “verdadeiro”. Resposta: Letra B.
passar;
„ Na linguagem simbólica: p → q.

z Bicondicional (conectivo “se e somente se”): Sua


representação simbólica é ⟷. IMPLICAÇÃO E EQUIVALÊNCIA
LÓGICAS
Exemplo:
IMPLICAÇÃO LÓGICA
„ Na linguagem natural: Bino vai ao cinema se e
somente se ele receber dinheiro; Dizemos que há uma implicação lógica sempre
„ Na linguagem simbólica: p⟷q. que a proposição P for verdadeira e a proposição Q
for verdadeira também. Veja o exemplo na tabela
z Negação: Uma proposição quando negada, recebe verdade:
valores lógicos opostos dos valores lógicos da pro-
posição original. O símbolo que iremos utilizar é P^Q⟹P↔Q
¬p ou ~p.
P Q P^Q P↔Q
Exemplos:
V V V V
„ p: O gato é amarelo; V F F F
„ ~p: O gato não é amarelo; F V F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

„ q: Raciocínio Lógico é difícil;


F F F V
„ ~q: É falso que raciocínio lógico é difícil;
„ r: Maria chegou tarde em casa ontem;
„ ~r: Não é verdade que Maria chegou tarde em Podemos notar que a conjunção entre a proposi-
casa ontem. ção P e a proposição Q implica na bicondicional entre
a proposição P e a proposição Q, pois quando a pri-
A negação além da forma convencional, pode ser meira assume o valor lógico verdadeiro na segunda
escrita com as expressões a seguir: também encontramos o valor verdade.
Vejamos mais um exemplo:
É falso que ...
Não é verdade que... P↔Q⇒P→Q⇒Q→P 133
2. (VUNESP - 2019) Sobre a família de Ana, sabe-se que
P Q P↔Q P→Q Q→P
seu pai e sua tia são técnicos em suporte de informá-
V V V V V tica. Sendo assim, conclui-se, corretamente, que
V F F F V
a) João não é pai de Ana e, portanto, não é técnico em
F V F V F suporte de informática.
F F V V V b) Ana é técnica em suporte de informática.
c) Rita é técnica em suporte de informática e, portanto, é
tia de Ana.
Note, agora, que podemos afirmar que temos d) Ana não é técnica em suporte de informática.
uma implicação realmente entre as proposições, pois e) Roberto não é técnico em suporte de informática e,
quando a proposição (P ↔ Q) assume valor verdade as portanto, não é pai de Ana.
proposições (P → Q) e (Q → P) também assumem valor
verdadeiro. Veja que se é pai e tia de Ana, então são técnicos
em suporte de informática. Agora basta uma pessoa
Com a definição vista sobre a implicação, podemos
não ser técnico em suporte de informática para que
chegar a duas conclusões:
ela não tenha a possibilidade de ser Pai ou Tia de
Ana. Logo, a alternativa E fala exatamente essa con-
z Toda proposição implica uma tautologia; clusão, ou seja, se Roberto não é técnico em suporte
z Apenas uma contradição implica outra. de informática e, portanto, não é pai de Ana.
Resposta: Letra E.
PROPRIEDADE DE IMPLICAÇÃO LÓGICA
EQUIVALÊNCIA LÓGICA NOTÁVEL
Propriedade Reflexiva
Afirma-se que uma proposição P é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q se as
Toda proposição composta implica nela mesma,
tabelas-verdade dessas duas proposições são iguais. E
uma vez que todas proposições contêm a mesma colu- o que isto significa? Ora, duas proposições são equiva-
na final em suas tabelas-verdade, ou seja, P ⇒ P. lentes quando elas dizem exatamente a mesma coisa;
quando elas têm o mesmo significado; quando uma
Propriedade Transitiva pode ser substituída pela outra. Para indicar que são
equivalentes, usaremos a seguinte notação:
Se P implica Q, e Q implica R, então, naturalmente,
podemos dizer que P implica R. Veja: P⟺Q

Distribuição (equivalência pela distributiva)


P⇒Q
Q⇒R a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
Então P ⇒ R.
(P ∧ Q)
Agora vamos treinar o que aprendemos na teo- P∧
P Q R Q∨R P∧Q P∧R ∨
ria com exercícios comentados de diversas bancas. (Q ∨ R)
(P ∧ R)
Vamos lá!
V V V V V V V V
1. (IBID - 2020) Considere falsas as seguintes proposi- V V F V V V F V
ções a seguir: V F V V V F V V
V F F F F F F F
I Ou Luna gosta de tango ou Levi gosta de samba.
II Se Lia gosta de jazz, então Levi não gosta de samba. F V V V F F F F
Analisando-se as proposições, é possível concluir cor- F V F V F F F F
retamente que F F V V F F F F

a) Luna gosta de tango e Levi gosta de samba. F F F F F F F F


b) se Levi gosta de samba, então Luna não gosta de tango.
c) Lia não gosta de jazz ou Levi não gosta de samba. b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
d) Luna gosta de tango e Lia não gosta de jazz.
(P ∨ Q)
Veja que o enunciado afirmou que as sentenças são P∨
P Q R Q∧R P∨Q P∨R ∧
(Q ∧ R)
falsas, então devemos começar pela condicional: (P ∨ R)
I. Ou Luna gosta de tango (V) ou Levi gosta de samba V V V V V V V V
(V). (Se a segunda parte sabemos que é V, então a pri-
meira terá que ser V também, pois a disjunção exclu- V V F F V V V V
siva é falsa quando as proposições têm valores iguais) V F V F V V V V
II. Se Lia gosta de jazz (V), então Levi não gosta de sam- V F F F V V V V
ba (F). (A condicional só é falsa nessa situação VF)
Agora basta valorar as alternativas para achar o F V V V V V V V
gabarito: F V F F F V F F
a) Luna gosta de tango (V) e Levi gosta de samba F F V F F F V F
(V). (verdadeira).
F F F F F F F F
134 Resposta: Letra A.
Associação (equivalência pela associativa) Proposições Associadas a uma Condicional (se,
então)
a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
Podemos dizer que as três proposições condicio-
(P ∧ Q) nais que contêm p e q são associadas a p → q. Veja a
P∧
P Q R Q∧R P∧Q P∧R ∧ seguir:
(Q ∧ R)
(P ∧ R)
V V V V V V V V z Proposições recíprocas: p → q: q → p;
V V F F F V F F z Proposição contrária: p → q: ~p → ~q;
V F V F F F V F
P Q ~P ~Q P→Q Q→P ~P → ~Q ~Q → ~P
V F F F F F F F
V V F F V V V V
F V V V F F F F
V V F V F V V F
F V F F F F F F
V F V F V F F V
F F V F F F F F
V F V V V V V V
F F F F F F F F

b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r) z Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p.

(P ∨ Q) Vale ressaltar que, olhando para a tabela, a condi-


P∨ cional p → q e a sua recíproca q → p ou a sua contrária
P Q R Q∨R P∨Q P∨R ∨
(Q ∨ R) ~p → ~q não são equivalentes.
(P ∨ R)
V V V V V V V V
Implicação Material
V V F V V V V V
V F V V V V V V Na lógica proposicional, temos uma regra de subs-
V F F F V V V V tituição que diz que é válido que uma sentença con-
dicional seja substituída por uma disjunção em que
F V V V V V V V
o antecedente é negado e essa é a Implicação Mate-
F V F V V V F V rial. A regra determina que P implica Q é logicamente
F F V V V F V V equivalente a não ~P ou Q e pode substituir o outro
F F F F F F F F em provas lógicas: P → Q ⟺ ~P v Q.
Onde “⟺” é um símbolo que representa “pode ser
Idempotência substituído em uma prova com.”
Ou seja, sempre que uma instância de “P → Q” é
a) p ⇔ (p ∧ p) exibida em uma linha de uma prova, ela pode ser
substituída por «~P v Q”.
P P P∧P Exemplo:
V V V Se ele é um tigre P, então ele pode correr Q.
Assim, ele não é um tigre ~P ou ele pode correr Q.
F F F
Se for descoberto que o tigre não podia correr,
b) p ⇔ (p ∨ p) escrito simbolicamente como P v ~Q, ambas as sen-
tenças são falsas, mas caso contrário, elas são ambas
P P P∨P verdadeiras.
V V V
Transposição
F F F
A transposição é uma regra de substituição válida
Pela exportação-importação
para “P → Q” onde é permitido trocar o antecedente
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)] P pelo consequente Q de um enunciado condicional
em uma prova lógica se eles estão ambos negados. É
(P ∧ Q) P→ a inferência verdadeira de “A implica B”, a verdade
P Q R P∧Q Q→R do “Não-B implica não-A”, e vice-versa. É a regra que:
RACIOCÍNIO LÓGICO

→R (Q → R)
V V V V V V V P→Q⟺~Q→~P
V V F V F F F Onde “⟺” é um símbolo que representa “pode ser
V F V F V V V substituído em uma prova com.”
Ou seja, sempre que uma instância de “P → Q” é
V F F F V V V
exibida em uma linha de uma prova, ela pode ser
F V V F V V V substituída por ~ Q → ~ P “.
F V F F V F V Exemplo:
F F V F V V V Se ele é um tigre P, então ele pode correr Q.
Assim, Se ele não pode correr ~Q, então ele não é
F F F F V V V um tigre ~P. 135
EQUIVALÊNCIA CONDICIONAL Para fazer essa equivalência vamos interpretar o
conectivo “se e somente se”. Na sua nomenclatura
Agora vamos tratar duas equivalências impor- temos uma bicondicional. O que isso isso significa
tantes desse conectivo que tem a maior incidência exatamente? Significa que temos duas condicionais
nas provas de concursos. A primeira delas ensina (se...então). E, pensando nisso, podemos dizer então
como transformar uma proposição composta pelo que temos uma condicional indo e uma condicional
“se…então” em outra proposição composta pelo “se… voltando; repare que a simbologia (⟷) são duas setas.
então”. A outra ensina como transformar uma propo- Agora vamos traduzir isso tudo com um exemplo.
sição composta pelo “se…então” em uma composta Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A → B) ^ (B → A)
pelo conectivo “ou” (e vice-versa). Vamos lá! O céu ficará azul se e somente se hoje não chover.
⇔ Se o céu ficará azul, então hoje não vai chover e se
Contrapositiva hoje não vai chover, então o céu ficará azul.

Para fazermos essa equivalência devemos inverter z Com o conectivo “ou” e “tabela verdade”
as proposições e depois negar todas as proposições.
Já para entendermos essa equivalência, precisa-
z Inverte e nega tudo mantendo o se então mos lembrar dos casos na tabela verdade do conetivo
“se e somente se” quando temos resultados verda-
Exemplo: A → B ⇔ ~B → ~A deiros, ou seja, quando os valores lógicos são iguais.
Sabendo disso, podemos dizer então que o conectivo
Se Marcos estuda, então ele passa. ⇔ Se Marcos
“se e somente se” terá resultado verdadeiro quan-
não passa, então ele não estuda.
do as proposições forem todas verdadeiras ou
Estas duas proposições são equivalentes. Percebeu
quando forem todas falsas (vale lembrar que a nega-
o processo de construção da segunda a partir da pri-
ção de “V” será “F”). Logo, veja o exemplo de como
meira? Você deve inverter a ordem das proposições e
ficará essa equivalência:
negar ambas.
Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A ^ B) v (~A ^ ~B)
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover.
z “se...então” vira “ou”
⇔ O céu ficará azul e hoje não vai chover ou o céu não
ficará azul e hoje vai chover.
Essa equivalência é feita negando a primeira pro- Agora observe a tabela verdade envolvendo todas
posição, trocando o conectivo “se...então” pelo conec- as equivalências da Bicondicional:
tivo “ou”, repetindo a segunda proposição.
Nega ou Repete.
(A→B) (A ∧ B)
Exemplo:
A B ~A ~B A ⟷ B B⟷A ∧ ∨
A → B ⇔ ~A v B
(B→A) (~A ∧ ~B)
Se o urso é ovíparo, então o macaco voa. ⇔ O urso
não é ovíparo ou o macaco voa. V V F F V V V V
Observe a tabela a seguir e veja que os resultados V F F V F F F F
são iguais, ou seja, equivalentes: F V V F F F F F
F F V V V V V V
A B ~A ~B A→B ~B → ~A ~A ∨ B
V V F F V V V
COMUTAÇÃO
V F F V F F F
F V V F V V V Leis Comutativas

F F V V V V V Conjunção “e”
A^B⇔B^A
EQUIVALÊNCIA BICONDICIONAL Joana é magra e Maria é baixa. ⇔ Maria é baixa e Joa-
na é magra.
Geralmente aprendemos somente a equivalência
básica desse conectivo (a comutação), mas precisa- A B A∧B B∧A
mos ficar atentos para os casos especiais. O conectivo V V V V
“se e somente se” tem mais duas equivalências lógicas V F F F
quando interpretamos de maneira mais minuciosa o
F V F F
seu significado e sua tabela verdade. Esse detalhe vem
cada vez mais aparecendo em provas, por isso, atente- F F F F
-se às explicações a seguir.
Disjunção Inclusiva “ou”
Comutação Exemplo: A v B ⇔ B v A
João anda de barco ou Sabrina vai à praia.⇔ Sabrina
Exemplo: A ⟷ B ⇔ B ⟷ A vai à praia ou João anda de barco.
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover. Disjunção Exclusiva “ou...ou”
⇔ Hoje não choverá se e somente se o céu ficar azul. Exemplo: A v B ⇔ B v A
Ou Romeu compra uma moto ou ele vende o carro. ⇔
136 z Com o conectivo “e” e “se...então” Ou Romeu vende o carro ou ele compra uma moto.
P4: “Se os beneficiários dos serviços prestados pelo setor Alfa
A B A∨B B∨A
são mal atendidos, então os beneficiários dos serviços
V V F F prestados por esse setor padecem.”.
V F V V C: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor Alfa,
então os servidores públicos que atuam nesse setor pade-
F V V V
cem e os beneficiários dos serviços prestados por esse
F F F F setor padecem.”.
Considerando esse argumento, julgue o item seguinte.
Bicondicional “se e somente se” A proposição P3 é equivalente à proposição “Se os ser-
Exemplo: A ⟷ B ⇔ B A vidores públicos que atuam nesse setor não padecem,
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover. ⇔ então o trabalho dos servidores públicos que atuam no
Hoje não choverá se e somente se o céu ficar azul. setor Alfa não fica prejudicado.”.

( ) CERTO ( ) ERRADO
A B A⟷B B⟷A
V V V V Proposição: P3: “Se o trabalho dos servidores públicos
V F F F que atuam no setor Alfa fica prejudicado, então os ser-
vidores públicos que atuam nesse setor padecem.”.
F V F F Equivalência:
F F V V (inverte e nega tudo mantendo “se então”)
“Se os servidores públicos que atuam nesse setor não
Condicional “Se então” padecem, então o trabalho dos servidores públicos que
É o único conectivo lógico que não aceita a proprieda- atuam no setor Alfa não fica prejudicado.” Resposta:
de de comutação, pois o seu antecedente não pode ser o Certo.
consequente e vice-versa.

A→B≠B→A
REGRAS DE DEDUÇÃO
A seguir, pratique o conteúdo visto até aqui com
alguns exercícios comentados de bancas diversas. ESTRUTURA LÓGICA

1. (VUNESP – 2020) Considere a seguinte afirmação: Se A Negação com o Conectivo “não”


Marcos está prestando esse concurso, então ele é forma- Representação simbólica: (~p) ou (¬p).
do no Curso de Serviço Social. Sabemos que o valor lógico de p e ~p são opostos, isto
é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será falsa, e vice-
Assinale a alternativa que contém uma afirmação equiva-
-versa. Exemplo:
lente para a afirmação apresentada.
p: Matemática é difícil.
a) Marcos está prestando esse concurso se, e somente se,
(~p) ou (¬p): Matemática não é difícil.
ele é formado no Curso de Serviço Social.
b) Se Marcos é formado no Curso de Serviço Social, então
Outras maneiras que podemos usar para negar
ele está prestando esse concurso.
uma proposição e que vem aparecendo muito nas pro-
c) Marcos está prestando esse concurso e ele é formado no
vas de concursos são:
Curso de Serviço Social.
d) Se Marcos não é formado no Curso de Serviço Social,
z Não é verdade que matemática é difícil;
então ele não está prestando esse concurso.
z É falso que matemática é difícil.
e) Marcos não é formado no Curso de Serviço Social e ele
está prestando esse concurso.
Agora, relembre as conjunções para melhor com-
Veja que não temos a presença do “OU” nas alternati- preensão do conteúdo:
vas e isso facilita, pois usamos a ‘’contrapositiva’’. Bas-
ta inverter e negar, mantendo o mesmo conectivo: Conjunção (Conectivo E)
Se Marcos não é formado no Curso de Serviço Social,
então ele não está prestando esse concurso. Resposta: Representação simbólica: ^
Letra D. Exemplos:

2. (CESPE-CEBRASPE – 2020) No argumento seguinte, as z Na linguagem natural:


RACIOCÍNIO LÓGICO

proposições P1, P2, P3 e P4 são as premissas, e C é a „ O macaco bebe leite e o gato come banana.
conclusão.
z Na linguagem simbólica:
P1: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor Alfa, „ p ^ q.
então o trabalho dos servidores públicos que atuam nesse
setor pode ficar prejudicado.”. Disjunção Inclusiva (Conectivo ou)
P2: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor Alfa,
então os beneficiários dos serviços prestados por esse Representação simbólica: v
setor podem ser mal atendidos.”. Exemplos:
P3: “Se o trabalho dos servidores públicos que atuam no setor
Alfa fica prejudicado, então os servidores públicos que z Na linguagem natural:
atuam nesse setor padecem.”. „ Maria é bailarina ou Juliano é atleta. 137
z Na linguagem simbólica: A representação simbólica apresentada para julgar-
„ p v q. mos é de uma conjunção e na questão foi apresen-
tada uma proposição composta pela condicional na
Disjunção Exclusiva (Conectivo Ou...ou) forma “camuflada” dentro de uma relação de causa
e consequência “ Dado que...”. Resposta: Errado.
Representação simbólica: ⊻
Exemplos: ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/
CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO
z Na linguagem natural:
„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta. Em nosso estudo sobre a dedução, faz-se imperati-
vo vermos sobre os argumentos lógicos e, dentro deste
z Na linguagem simbólica: assunto, estaremos interessados em verificar se eles
„ p ⊻ q. são válidos ou inválidos. Então, passemos a seguir a
entender o que significa um argumento válido e um
Condicional (Conectivo Se e então) argumento inválido.

Representação simbólica: → Argumentos Válidos


Exemplo:
Também podem ser chamados de argumentos
z Na linguagem natural: bem construídos ou legítimos.
„ Se estudar, então vai passar. Para que o argumento seja válido, não basta que
a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis-
z Na linguagem simbólica: sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente,
„ p → q. ou seja, quando a conclusão é uma consequência
necessária das premissas, dizemos que o argumento
Bicondicional (Conectivo “Se e somente se”) é válido.
Vamos analisar o exemplo:
Representação simbólica:
Exemplo: z p1: Todo padre é homem;
z p2: José é padre;
z Na linguagem natural: z c: José é homem.
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
dinheiro. Quando temos argumentos utilizando os quantifica-
dores lógicos, representamos por meio dos diagramas
z Na linguagem simbólica: lógicos para saber a validade de um argumento. Veja
„ p ⟷ q. que temos uma proposição do tipo Todo A é B, logo:

Agora, veremos alguns exercícios comentados de


diversas bancas sobre os assuntos vistos. Homem

1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) As proposições P, Q e R a Padre


seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João,
Carlos, Paulo e Maria:
P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é
mentiroso”. R: “Maria é inocente”.
José
Considerando que ~X representa a negação da propo-
sição X, julgue o item a seguir.
A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é
culpada.” pode ser representada simbolicamente por
(~Q)↔(~R). Perceba que a premissa 2 afirma que José é padre,
ou seja, José tem que estar dentro do conjunto dos
( ) CERTO ( ) ERRADO padres. Sendo assim, como não há possibilidade de
um padre não ser homem, podemos afirmar que José
Veja que temos uma proposição condicional (se então) também é homem, como afirma nossa conclusão.
e a representação simbólica apresentada é de uma Logo, o argumento é válido.
bicondicional. Representação da condicional (). Res- Vamos analisar agora um argumento usando
posta: Errado. conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
devemos usa o seguinte lembrete:
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte item, rela-
tivo à lógica proposicional e à lógica de argumentação. 1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
A proposição “A construção de portos deveria ser premissas são verdadeiras;
uma prioridade de governo, dado que o transporte 2°. Vamos valorar de acordo com a tabela verdade do
de cargas por vias marítimas é uma forma bastante conectivo envolvido no argumento;
econômica de escoamento de mercadorias.” pode ser 3°. Se der erro (não ficar de acordo com o padrão de
representada simbolicamente por P∧Q, em que P e Q valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
são proposições simples adequadamente escolhidas. mento é válido.

138 ( ) CERTO ( ) ERRADO Veja na prática:


Se fizer sol, então vou à praia. (V) Gostam de chocolate
Fez sol. (V)
Logo, vou à praia. (F)

Crianças
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia é
Patrícia
falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmos
valores lógicos para proposição composta pelo conec-
Não gostam de chocolate
tivo “se...,então” na primeira premissa. Assim,

(V) (F) Quando a premissa 2 afirma que Patrícia não é crian-


Se fizer sol, então vou à praia. (V) ça, temos duas interpretações:
Fez sol. (V)
1°. Patrícia pode não ser criança e gostar de chocolate ou;
Logo, vou à praia. (F)
2°. Ela pode não ser criança e não gostar de chocolate. Sen-
do assim, não há possibilidade de afirmar com 100%
Como podemos notar, quando temos a combina-
de certeza que Patrícia não gosta de chocolate, como
ção lógica verdade no antecedente e falso no conse- consta na conclusão. Logo, o argumento é inválido.
quente (V  F) para o conectivo “se...,então”, o nosso
resultado só poderá ser falso. Para um argumento usando conectivos lógicos,
devemos usar o mesmo que já vimos para argumentos
válidos, só muda um detalhe. Veja:
(V) (F)
Se fizer sol, então vou à praia. (V) (F) 1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
Fez sol. (V) premissas são verdadeiras;
Logo, vou à praia. (F) 2°. Vamos valorar de acordo com a tabela verdade do
conectivo envolvido no argumento;
3°. Se não der erro (ficar de acordo com o padrão de
Percebe-se, então, que não está de acordo com a
valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
nossa valoração inicial, ou seja, deu erro. Logo, nosso
mento é inválido.
argumento é válido.
Veja na prática:
ARGUMENTOS INVÁLIDOS
Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine-
ma. (V)
Também podem ser chamados de argumentos mal
construídos, ilegítimos, sofismas ou falaciosos. O tempo ficou nublado. (V)
Dizemos que um argumento é inválido quando a Logo, vou ao cinema. (F)
verdade das premissas não é suficiente para garantir
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo:
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
p1: Todas as crianças gostam de chocolate; lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
ma é falso e o tempos ficar nublado é verdadei-
p2: Patrícia não é criança; ro. Distribuímos os valores lógicos para proposição
composta pelo conectivo “se...então” na primeira
c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.
premissa, de acordo com cada proposição. Perceba
Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura que a proposição não vou ao cinema está negando o
que está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o
de argumentos utilizando os quantificadores lógicos,
valor lógico dela. Assim,
vamos representar por meio dos diagramas lógicos
para saber a validade de um argumento. Veja que (V) (V)
temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo: Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
RACIOCÍNIO LÓGICO

Gostam de chocolate
Logo, vou ao cinema. (F)

Como já estudamos lá no módulo de tabela verdade,


tudo que não estiver no padrão de combinação lógica
Crianças
- verdade no antecedente e falso no consequente (V
 F) para o conectivo “se...,então” – será verdadeiro.

Patrícia (V) (V)


Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)

Logo, vou ao cinema. (F) 139


Percebe-se, então, que o argumento está de acordo 2. (FCC – 2019) Em uma festa, se Carlos está acom-
com a nossa valoração inicial, ou seja, não deu erro. panhado ou está feliz, canta e dança. Se, na últi-
Logo, nosso argumento é inválido. ma festa em que esteve, não dançou, então Carlos,
Sabendo disso, guarde o esquema a seguir. necessariamente,

Deu Erro Argumento Válido a) não estava acompanhado, mas estava feliz.
b) estava acompanhado, mas não estava feliz.
c) não estava acompanhado, nem feliz.
Não Deu Argumento d) não cantou.
Erro Inválido e) cantou.

Veja que precisamos achar uma conclusão para


Para podermos praticar um pouco mais sobre esse o argumento e podemos escrever a sentença da
assunto, analisaremos algumas questões comentadas seguinte maneira:
de concursos. Temos a condicional:
(está acompanhado ou está feliz)  (canta e dança)
1. (FCC – 2018) Considere os dois argumentos a seguir:
(P v Q)  (R ^ T)
I. Se Ana Maria nunca escreve petições, então ela não Como a questão afirma que “dança” é Falso, pode-
sabe escrever petições. mos dizer que o consequente “canta e dança” é fal-
Ana Maria nunca escreve petições. so, pois temos o conetivo “e” e basta um valor falso
Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições. para que tudo seja falso. Assim, o antecedente preci-
sa ser falso também (senão caímos no caso da vera
II. Se Ana Maria não sabe escrever petições, então ela
Fischer é falsa). Perceba, então, que temos o coneti-
nunca escreve petições.
vo “ou” e que tudo precisa ser falso para que tenha-
Ana Maria nunca escreve petições.
mos o resultado do antecedente falso.
Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.
Assim, “não está acompanhado e não está feliz”.
Comparando a validade formal dos dois argumentos e Resposta: Letra C.
a plausibilidade das primeiras premissas de cada um,
é correto concluir que

a) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, mes- ARITMÉTICA BÁSICA E RELAÇÃO DE


mo que a primeira premissa de I seja mais plausível
que a de II.
ORDEM NOS INTEIROS
b) ambos os argumentos são válidos, a despeito das pri-
NÚMEROS INTEIROS
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis.
c) ambos os argumentos são inválidos, a despeito das pri- Os números inteiros são os números naturais e
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis. seus respectivos opostos (negativos). Veja:
d) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, pois
a primeira premissa de II é mais plausível que a de I. Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...}
e) o argumento I é válido e o argumento II é inválido, mes-
O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa
mo que a primeira premissa de II seja mais plausível
importante é saber que todos os números naturais
que a de I.
são inteiros, mas nem todos os números inteiros são
naturais. Logo, podemos representar através de dia-
Começarei pelo Argumento II, para que você possa
gramas e afirmar que o conjunto de números naturais
entender o “macete”. está contido no conjunto de números inteiros ou ain-
Argumento II. da que N é um subconjunto de Z. Observe:
Se Ana Maria não sabe escrever petições (F), então
ela nunca escreve petições (V). = verdadeiro
Ana Maria nunca escreve petições. = verdadeiro
Conclusão: Portanto, Ana Maria não sabe escrever
petições. = falso
Não deu erro Portanto,argumento inválido.
Argumento I. Z N
Se Ana Maria nunca escreve petições (verdadeiro),
então ela não sabe escrever petições. (falso) = ver-
dadeiro. (falso).
Ana Maria nunca escreve petições. = verdadeiro
Conclusão: Portanto, Ana Maria não sabe escrever
petições. = falso.
Podemos destacar alguns subconjuntos de núme-
ocorreu um erro! Pois no V  F = falso. Portanto, a
ros. Veja:
premissa não teve como resultado verdadeiro.
Se deu erro, então argumento válido Logo, z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja
Argumento I - válido que são os números naturais.
Argumento II - Inválido z Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}.
Sabendo disso, já daria para excluir as alternativas Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
140 A, B, C e D. Resposta: Letra E. pois ele não é positivo nem negativo.
z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero „ Propriedade do fechamento: a subtração de
não faz parte. dois números inteiros sempre gera outro
z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen- número inteiro.
te, o zero não faz parte.
Ex.: 33 – 10 = 23.
Operações com números inteiros
z Multiplicação: funciona como se fosse uma repe-
Há quatro operações básicas que podemos efetuar tição de adições. Veja:
com estes números são: adição, subtração, multiplica-
ção e divisão. A multiplicação 20 ‧ 3 é igual à soma do número 20
três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 Algo que é muito importante e você deve lembrar
sempre são as regras de sinais na multiplicação de
Veja mais alguns exemplos: números.
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85 SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
Principais propriedades da operação de adição: Operações Resultados

„ Propriedade comutativa: a ordem dos números + + +


não altera a soma.
- - +
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
+ - -
„ Propriedade associativa: quando é feita a adi- - + -
ção de 3 ou mais números, podemos somar 2
deles, primeiramente, e a depois somar o outro,
em qualquer ordem, que vamos obter o mesmo Dica
resultado.
� A multiplicação de números de mesmo sinal
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10 tem resultado positivo.
Ex.: 51 ‧ 2 = 102; (-33) ‧ (-3) = 99
„ Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da � A multiplicação de números de sinais diferen-
adição, pois qualquer número somado a zero é tes tem resultado negativo.
igual a ele mesmo. Ex.: 25 ‧ (-4) = -100; (-15) ‧ 5 = -75
Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55. As principais propriedades da operação de
multiplicação.
„ Propriedade do fechamento: a soma de dois
números inteiros sempre gera outro número „ Propriedade comutativa: A ‧ B é igual a B ‧ A, ou
inteiro. seja, a ordem não altera o resultado.
Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o
Ex.: 8 ‧ 5 = 5 ‧ 8 = 40.
número inteiro 10 (8 + 2 = 10).

„ Subtração: subtrair dois números é o mesmo „ Propriedade associativa: (A ‧ B) ‧ C é igual a (C ‧


que diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou B) ‧ A, que é igual a (A ‧ C) ‧ B.
seja, subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20,
Ex.: (3 ‧ 4) ‧ 2 = 3 ‧ (4 ‧ 2) = (3 ‧ 2) ‧ 4 = 24.
restando 13: 20 – 7 = 13.

Veja mais alguns exemplos: „ Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento


Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11 neutro da multiplicação, pois ao multiplicar 1
por qualquer número, este número permane-
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20
cerá inalterado.
As principais propriedades da operação de
subtração: Ex.: 15 ‧ 1 = 15.

„ Propriedade comutativa: como a ordem dos „ Propriedade do fechamento: a multiplicação


RACIOCÍNIO LÓGICO

números altera o resultado, a subtração de de números inteiros sempre gera um número


números não possui a propriedade comutativa. inteiro.

Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130. Ex.: 9 ‧ 5 = 45

„ Propriedade associativa: não há essa proprie- „ Propriedade distributiva: essa propriedade é


dade na subtração. exclusiva da multiplicação. Veja como fica: A
„ Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da ‧(B+C) = (A ‧ B) + (A ‧ C)
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
número, este número permanecerá inalterado. Ex.: 3 ‧ (5+7) = 3 ‧ (12) = 36
Usando a propriedade:
Ex.: 13 – 0 = 13. 3 ‧ (5+7) = 3 ‧ 5 + 3 ‧ 7 = 15+21 = 36 141
z Divisão: quando dividimos A por B, queremos Dividindo-se o mesmo número por 17, obtém-se quo-
repartir a quantidade A em partes de mesmo ciente (n + 2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar
valor, sendo um total de B partes. que n(n + 2) é igual a
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 a) 440.
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere-
b) 420.
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10
c) 400.
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
d) 380.
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50.
Algo que é muito importante e você deve lembrar e) 340.
sempre são as regras de sinais na divisão de números.
Dividendo = 18 ‧ n + 15
Dividendo = 17 ‧ (n+2) + 1
SINAIS NA DIVISÃO
18 ‧ n + 15 = 17 ‧ (n+2) + 1
Operações Resultados 18n + 15 = 17n + 34 + 1
18n – 17n = 35 – 15
+ + + n = 20
Logo, n.(n+2) = 20.(20+2) = 20.22 = 440. Resposta:
- - +
Letra A.
+ - -
2. (FGV – 2019) O resultado da operação 2+3×4−1 é
- + -
a) 13.
b) 15.
Dica
c) 19.
� A divisão de números de mesmo sinal tem d) 22.
resultado positivo. e) 23.
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
� A divisão de números de sinais diferentes tem Primeiro vamos fazer a multiplicação e depois as
resultado negativo. demais operações:
Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24 2 + 3 ‧ 4 − 1 = 2 + 12 − 1 = 13
Resposta: Letra A.
Esquematizando:

Dividendo
Divisor
NOÇÕES BÁSICAS DE CONJUNTOS
30 5
0 6 INTRODUÇÃO À TEORIA DE CONJUNTOS

Resto Quociente Conjunto é uma reunião de elementos ou pessoas


que possuem a mesma característica, por exemplo,
numa festa pode haver o conjunto de pessoas que só
Dividendo = Divisor × Quociente + Resto bebem cerveja ou o conjunto daquelas que só gostam
30 = 5 · 6 + 0 de músicas eletrônicas.
Representamos um conjunto da seguinte forma:
As principais propriedades da operação de
divisão. Conjunto X
Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
propriedade.
y
„ Propriedade associativa: a divisão não possui
essa propriedade. x
„ Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
por 1, o resultado será o próprio número.
Ex.: 15 / 1 = 15. Podemos afirmar que no interior do círculo há
„ Propriedade do fechamento: aqui chegamos todos os elementos que pertencem (compõem) ao con-
em uma diferença enorme dentro das opera- junto X, já na parte externa do círculo estão todos os
ções de números inteiros, pois a divisão não elementos que não fazem parte de X, ou seja, “y” não
possui essa propriedade. Uma vez que ao divi- pertence ao conjunto X.
dir números inteiros podemos obter resultados No gráfico acima podemos dizer que o elemen-
fracionários ou decimais. to “x” pertence ao conjunto X e o elemento “y” não
Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos pertence.
números inteiros). Matematicamente, usamos o símbolo Є para indi-
car essa relação de pertinência. Isto é: x Є X, já o ele-
A seguir, pratique com alguns exercícios comenta- mento “y” não pertence ao conjunto X, onde usamos
dos de bancas diversas. o símbolo ∉ para essa relação de não pertinência.
Matematicamente:
1. (VUNESP – 2015) Dividindo-se um determinado
142 número por 18, obtém-se quociente n e resto 15. y ∉ X.
Complemento de um Conjunto Já no caso da região Y – X, temos:

O complemento de X é o conjunto formado por X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}


todos os elementos do Universo e o elemento “y” faz Y = {5, 6, 7, 9, 10}
parte dele, claro que com exceção daqueles que estão Y – X = {9, 10}
presentes em X. Representamos o complemento ou
complementar pelo símbolo XC. Podemos afirmar que Podemos falar, também, da região de interseção
“y” não pertence à X, mas pertence ao conjunto com- dos conjuntos X ∩ Y.
plementar de X: matematicamente: y Є XC.

Interpretando Regiões e Conhecendo a Interseção e X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}


União de Conjuntos Y = {5, 6, 7, 9, 10}
X ∩ Y = {5, 6, 7}
Uma outra situação é quando temos dois conjuntos (X
e Y), podemos representar da seguinte forma, no geral: E por fim, vamos identificar a união entre os
conjuntos X e Y. Observe que vamos juntar todos os
X Y elementos dos dois conjuntos, mas sem repetir os ele-
mentos presentes na interseção. Veja:

X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Y = {5, 6, 7, 9, 10}
X ∪ Y = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}

a b c Relação de “Contém”/“Não Contém” e “Está


Contido”/“Não Está Contido” entre Conjuntos

d Em algumas situações, a intersecção entre os con-


juntos X e Y pode ser todo o conjunto Y, por exemplo.
Interpretando os conjuntos anterior temos: Isso acontece quando todos os elementos de B são
também elementos de A. Veja isso no gráfico a seguir:
z O elemento “a” pertence apenas ao conjunto X,
pois ele está numa região que não tem contato com X
o conjunto Y;
z O elemento “c” faz parte somente ao conjunto Y;
z O elemento “b” pertence aos dois conjuntos, ou seja,
faz parte da interseção entre os conjuntos X e Y.
A representação simbólica é feita por X ∩ Y. Como o Y
elemento “b” faz parte dessa região, temos:
z b Є (X ∩ Y) – o elemento “b” pertence à interseção
dos conjuntos X e Y;
z O elemento “d” não faz parte de nenhum dos dois
conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não per-
tence à União entre os conjuntos X e Y. A união é Perceba que realmente X ∩ Y = Y. Quando temos
a junção das regiões dos dois conjuntos e é repre- a situação acima, podemos dizer que o conjunto Y
sentada simbolicamente por X ∪ Y. Assim, d ∉ (X está contido no conjunto X, representado matemati-
∪ Y) – o elemento “d” não pertence à união entre camente por Y ⊂ X. Ou podemos dizer, ainda, que o
os conjuntos X e Y. conjunto X contém o conjunto Y, representado mate-
Vamos analisar uma outra situação: maticamente por X ⊃ Y.

X Y
Importante!
Entenda a diferença:
● Falamos que um elemento pertence ou não
X–Y X∩Y Y–X pertence a um conjunto;
● Falamos que um conjunto está contido ou não
RACIOCÍNIO LÓGICO

está contido em outro conjunto.

Nesta representação, podemos interpretar a região Representação de Conjunto usando Chaves


X – Y (diferença de conjuntos) como sendo a região
formada pelos elementos de X que não fazem parte do Geralmente usamos letras maiúsculas para repre-
conjunto Y. Veja o exemplo: sentar os nomes de conjuntos e minúsculas para repre-
sentar elementos. Ex.: A = {4, 6, 7, 9}; B = {a, b, c, d}
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
etc. Ainda podemos utilizar notações matemáticas para
Y = {5, 6, 7, 9, 10}
representar os conjuntos. Veja o exemplo a seguir:
X – Y = basta tirar de X os elementos que estão nele
e também em Y, ou seja, X – Y = {2, 3, 4, 8} A = {∀ x Є Z | x ≥ 0} 143
Podemos entender e fazer a leitura do conjunto anterior da seguinte maneira: o conjunto A é composto por
todo x pertencente ao conjunto dos números inteiros, tal que x é maior ou igual a zero.
Agora, veja um outro exemplo:

B = {∃ x Є Z | x > 5}

Uma interpretação para o conjunto é: no conjunto B existe x pertencente ao conjunto dos números inteiros,
tal que x é maior do que 5.
Agora vamos esquematizar todas as simbologias para que você possa gravar mais facilmente e aplicar na hora de
resolver as questões. Observe a tabela a seguir:

SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO


{,} chaves Ex: X = {a,b,c} representa o conjunto X composto por a, b e c
{ } ou ∅ conjunto vazio Significa que o conjunto não tem elementos, é um conjunto vazio
∀ para todo Significa “Para todo” ou “Para qualquer que seja”
Є pertence Indica relação de pertinência de elementos
∉ não pertence Indica relação de não pertinência de elementos
∃ existe Indica relação de existência
∄ não existe Indica que não há relação de existência
⊂ está contido Indica que um conjunto está contido em outro conjunto
⊄ não está contido Indica que um conjunto não está contido em outro conjunto
⊃ contém Indica que determinado conjunto contém outro conjunto
⊅ não contém Indica que determinado conjunto não contém outro conjunto
Serve para fazer a ligação entre a composição de um conjunto na “re-
| tal que
presentação em chaves”
A∪B união de conjuntos Lê-se como “X união Y”
A∩B interseção de conjuntos Lê-se como “X intersecção Y”
A-B diferença de conjuntos Lê-se como “diferença de A com B”
X C
complementar Refere-se ao complemento do conjunto X

Diagrama de VENN

Vamos entender como se resolve questões que envolvem Operações com Conjuntos se relacionando. Acom-
panhe os exemplos a seguir e a maneira como desenvolvemos suas resoluções:

z Em uma sala de aula, 20 alunos gostam de Matemática, 30 gostam de Português, e 10 gostam das duas matérias.
Sabendo que 5 alunos não gostam de nenhuma dessas duas matérias, quantos alunos há nessa sala de aula?

Siga os passos abaixo:

1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;
3. Preencha as informações de dentro para fora (da interseção para as demais informações);
4. Preencha as demais informações no diagrama;
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos envolvidos.

Vamos à resolução:

1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;

Matemática Português

144
3. Preencha as informações de dentro para fora (da n(M ∪ P) = 40
interseção para as demais informações);
Temos 40 alunos que gostam de Matemática ou
Matemática Português Português (aqui já está incluso quem gostam das duas
matérias). Para finalizar a resolução, devemos apenas
somar os 5 alunos que não gostam das duas matérias.
Assim, 40 + 5 = 45 alunos no total dessa sala.
Assim como nos problemas com 2 conjuntos, quan-
do nós tivermos 3 conjuntos será possível resolver
o problema por meio de Diagramas de Venn ou por
meio de fórmula. Acompanhe a resolução do exemplo:
10
André, Bernardo e Carol ouviram certa quantidade
de músicas. Nenhum deles gostaram de seis músicas
e os três gostaram de dez músicas. Além disso, hou-
ve doze músicas que só André e Bernardo gostaram,
4. Preencha as demais informações no diagrama; nove músicas que só André e Carol gostaram e quatro
músicas que só Bernardo e Carol gostaram. Não houve
Matemática (20) Português (30) música alguma que somente um deles tenha gostado.
O número de músicas que eles ouviram foi?
Siga os passos a seguir:

1. Identifique os conjuntos;
30 – 10 = 20 2. Represente em forma de diagramas;
20 – 10 = 10 3. Preencha as informações de dentro para fora (da
10 interseção para as demais informações);
4. Preencha as demais informações no diagrama;
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
5 tos envolvidos.

Total = X Vamos à resolução:


20 gostam de Matemática;
30 gostam de Português; 1. Identifique os conjuntos;
10 gostam dos dois; 2. Represente em forma de diagramas;
10 gostam apenas de Matemática;
20 gostam apenas de Português; Bernardo
André
5 não gostam de nenhuma.

5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-


tos envolvidos;

Matemática (20) Português (30)

20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
Carol

5
3. Preencha as informações de dentro para fora (da
10+10+20+5 = X interseção para as demais informações);
X = 45 alunos é o total dessa sala.
André Bernardo
Também seria possível resolver esse tipo de ques-
tão usando a seguinte fórmula:
RACIOCÍNIO LÓGICO

n(X ∪ Y) = n(X) + n(Y) – n(X ∩ Y)

Esta fórmula nos diz que o número de elementos


da União entre os conjuntos X e Y (X ∪ Y) é dado pelo
número de elementos de X, somado ao número de ele- 10
mentos de Y, subtraído do número de elementos da
interseção (X ∩ Y). Aplicando no exemplo, temos:
Matemática (M)
Português (P)
Carol
n(M ∪ P) = n(M) + n(P) – n(M ∩ P)
n(M ∪ P) = 20 + 30 – 10 145
4. Preencha as demais informações no diagrama; Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
diagramas:
André Bernardo 800 contêineres distribuição;
0 contêineres com os 3 produtos;
300 contêineres carne bovina;
450 contêineres carne suína;
100 contêineres com frango e carne bovina;
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
0 12 0 100 contêineres com frango e carne suína.

Bovina Frango
10
50 100 X
9 4

0 Carol

6 0

150 100
Colocamos o número 10 bem no centro, pois sabe-
mos que os três gostaram de dez músicas, depois 200 Suína
preenchemos com as demais informações:

z 12 músicas que somente André e Bernardo gosta-


ram (na interseção entre os 2 apenas); Veja que apenas 200 contêineres foram carregados
z 9 que somente André e Carol gostaram; somente com carne suína. Resposta: Errado.
z 4 que somente Bernardo e Carol gostaram;
z 6 músicas que ninguém gostou (de fora dos três 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece-
conjuntos). beu um grande carregamento de frango congelado,
z Os “zeros” representam o fato de que não houve carne suína congelada e carne bovina congelada, para
música que somente um deles tenha gostado. exportação. Esses produtos foram distribuídos em
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
Logo, vem a última etapa:
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen- foram carregados com carne bovina; 450, com carne
tos envolvidos; suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína.
Total = X Nessa situação hipotética,
6+0+12+10+9+0+4+0=X 50 contêineres foram carregados somente com carne
X = 41 músicas bovina.

Questões com três conjuntos podem ser resolvidos ( ) CERTO ( ) ERRADO


usando a seguinte fórmula:
Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
n(X ∪ Y ∪ Z) = n(X) + n(Y) + n(Z) – n(X ∩ Y) – n(X diagramas:
∩ Z) – n(Y ∩ Z) + n(X ∩ Y ∩ Z) 800 contêineres distribuição;
0 contêineres com os 3 produtos;
Traduzindo a fórmula: 300 contêineres carne bovina;
Total de elementos da união = soma dos conjuntos 450 contêineres carne suína;
– interseções dois a dois + interseção dos três 100 contêineres com frango e carne bovina;
Bom! Já vimos a teoria e precisamos praticar o 150 contêineres com carne suína e carne bovina;
que aprendemos, não é mesmo? A seguir, veja alguns 100 contêineres com frango e carne suína.
exercícios comentados de diversas bancas.
Bovina Frango
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece-
beu um grande carregamento de frango congelado, 50 100 X
carne suína congelada e carne bovina congelada, para
exportação. Esses produtos foram distribuídos em
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
0
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
foram carregados com carne bovina; 450, com carne 150 100
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína. 200 Suína
Nessa situação hipotética,
250 contêineres foram carregados somente com car-
ne suína.
Veja que exatamente 50 contêineres foram carrega-
146 ( ) CERTO ( ) ERRADO dos somente com carne bovina. Resposta: Certo.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Utilizando a situação X = 14
hipotética da questão anterior, analise o item a seguir: Logo, as pessoas que estiveram em A são X + 6 = 14
Nessa situação hipotética, + 6 = 20. Resposta: Certo.
400 contêineres continham frango congelado.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Situação hipotética: A
( ) CERTO ( ) ERRADO ANVISA realizará inspeções em estabelecimentos
comerciais que são classificados como Bar ou Res-
Com as informações colocadas nos diagramas na taurante e naqueles que são considerados ao mesmo
questão anterior, podemos somar todas as informa- tempo Bar e Restaurante. Sabe-se que, ao todo, são 96
ções que não possuem contato com o conjunto de estabelecimentos a serem visitados, dos quais 49 são
frango e subtrair do total. Veja: classificados como Bar e 60 são classificados como
50 (só bovinos); Restaurante. Assertiva: Nessa situação, há mais de 15
150 (bovinos e suínos); estabelecimentos que são classificados como Bar e
200 (só suínos). como Restaurante ao mesmo tempo.
Somando tudo isso, teremos 400 contêineres com
outras carnes; o que sobrou do total será a resposta ( ) CERTO ( ) ERRADO
para a questão.
800-400= 400 contêineres contêm franco. (Lembre- Extraindo os dados:
-se, a banca não perguntou somente frango). Logo, total: 96;
400 contêineres continham frango congelado. Res- bar: 49;
posta: Certo. restaurante: 60.
Somando tudo, temos 49 + 60 = 109. Passou o total de
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um aeroporto, 30 96, porque estamos contando 2x vezes os estabeleci-
passageiros que desembarcaram de determinado mentos que estão na interseção. Logo, descontamos
voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais o que passou do total. 109 - 96 = 13 estabelecimentos
ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados que são classificados como Bar e como Restaurante
para ser examinados. Constatou-se que exatamente ao mesmo tempo. Resposta: Errado.
25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6
desses 25 passageiros estiveram em A e em B.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os ANÁLISE COMBINATÓRIA
itens que se seguem
Se 11 passageiros estiveram em B, então mais de 15 Um método muito utilizado na resolução de pro-
estiveram em A. blemas matemáticos e probabilísticos é a teoria de
contagem e análise combinatória. Nela, desenvolvem-
( ) CERTO ( ) ERRADO -se técnicas de contagens de agrupamentos formados
sob condições pré-estabelecidas.
Dos 30 passageiros, são 25 que estiveram apenas À primeira vista pode parecer desnecessário o uso
em A ou B, de modo que os outros 5 passageiros esti- de técnicas de contagem de números ou elementos,
veram apenas em C. Veja ainda que 6 passageiros mas nem sempre a quantidade de elementos encon-
estiveram A e B, de modo que os outros 19 estiveram trada é pequena nem trivial de enumerar, então a
somente em um desses dois países. Logo, aplicação de métodos de contagem se faz necessário.
Suponha que se queira contar a quantidade de ele-
A B mentos de um conjunto A, sendo ele um conjunto fini-
to de números de dois algarismos distintos, formados
a partir dos dígitos 1, 2 e 3. Nesse caso, o número de
elementos do conjunto A é de fácil enumeração, bas-
X 6 25 – 6 – x = tando formar todos os elementos e depois fazer a con-
tagem. Logo, A={12,13,21,23,31,32} e assim o número
19 – x de elementos de A é n(A)=6. O mesmo não ocorre para
o número de elementos do conjunto B com a lei de
formação, sendo este um conjunto finito de números
de três algarismos distintos, formado pelos dígitos 1,
2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, pois enumerar todos elementos de
B, n(B)=?, agora não é trivial B={123, 124, 125, ..., 876}.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Por ser muito grande esse conjunto é necessário utili-


C 5
zar uma técnica de contagem, por meio da qual vere-
mos que n(B)=336.

FATORIAL

O fatorial é uma operação matemática utilizada


Sabemos que o número de pessoas que estiveram em para simplificar a notação de algumas técnicas de
B é dado pela soma 6 + (19 – X). Ou seja, contagem, como permutação, arranjo e combinatória.
11 = 6 + (19 – X) Sua definição é bem simples: dado um número inteiro
11 = 25 – X e não negativo, ou seja, n ∈ ℕ, define-se o fatorial de n,
X = 25 – 11 com notação de n!: 147
n! = n ∙ (n – 1) ∙ (n – 2) ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1, para n ≥ 2.
(a1, b1), ⋯ ,(a1, bn) → n pares
Sendo que, para n=0 ou n=1, temos que os fatoriais (a2, b1), ⋯ ,(a2, bn) → n pares
são, respectivamente, 1! = 1 e 0! = 1.
O cálculo do fatorial de n=5 é 5! ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120, ∙
m linhas ∙
mas quando esse n tende a ser grande o cálculo do fato- ∙
rial torna-se mais trabalhoso como para n=12, 12! = 12
∙ 11 ∙ 10 ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 479001600. Nesses casos podemos (am, b1), ⋯ ,(am, bn)
n pares
simplificar e usar em algumas operações essa simplifica- →
ção para facilitar o cálculo. Assim, temos o fatorial para n+n+⋯+n=m∙n
n=12, 12! = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... 3 ∙ 2 ∙ 1 = 12 ∙ 11!, generalizando
temos: Suponha que em três cidades, Brasília, Belo Hori-
zonte e Rio de Janeiro, existam quatro rodovias que
(n + 1) != (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙3 ∙ 2 ∙ 1 = (n +1) ∙ n! ligam Brasília a Belo Horizonte e outras cinco rodo-
vias que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro.
(n + 1)! Usando o princípio multiplicativo podemos saber de
Nesse sentido, a razão simplificada fica: quantas formas diferentes podemos chegar ao Rio de
(n – 1)!
Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Hori-
zonte. Usando a ideia dos conjuntos A e B anteriores
(n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)! temos o conjunto A ligando Brasília a Belo Horizonte e
= = (n + 1) ∙ n = n² +n
(n – 1)! (n – 1)! o conjunto B ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro:

Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão


A = {a₁, a₂, a₃, a₄} e B = {b₁, b₂, b₃, b₄, b₅}
13!
temos: (a1, b1), ⋯ ,(a1, b5) → 5 pares
11!
(a2, b1), ⋯ ,(a2, b5) → 5 pares

13! 13 ∙ 12 ∙ 11! 4 linhas ∙


= = 13 ∙ 12 = 156 ∙
11! 11! ∙

PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA (a4, b1), ⋯ ,(a4, b5) → 5 pares


CONTAGEM
5 + 5 + ⋯ + 5 = 4 ∙ 5 = 20
O princípio multiplicativo, também conhecido
como o princípio fundamental da contagem, é defi- Assim, são 20 formas diferentes de chegar ao Rio
nido em duas situações diferentes, sendo a primeira de Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo
quando se deseja fazer a contagem da combinação Horizonte.
de elementos entre dois ou mais conjuntos, ou seja, Generalizando o princípio multiplicativo para
cruzamento todos com todos. A segunda é quando se qualquer quantidade de conjuntos temos:
quer contar elementos dessas combinações, mas res-
tringindo elementos a serem combinados.
A = {a₁, a₂, ⋯, an₁} n(A) = n₁
Na primeira situação podemos inicialmente traba-
lhar com dois conjuntos A e B, sendo, A = {a₁,a₂, ⋯, am} B = {b₁, b₂, ⋯, bn₂} n(B) = n₂
com m elementos e B = {b1, b2, ⋯, bn}com n elementos.
Com isso, podemos formar da combinação de A com B ∙

uma quantidade m ∙ n (princípio multiplicativo) de ∙
pares ordenados (ai, bj) com ai ∈ A e bj ∈ B. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em Z = {z₁, z₂, ⋯, zn } n(Z) = nr
r

forma de diagrama de árvore:


Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r
elementos, do tipo (ai, bj, ⋯, zp), onde ai ∈ A, bj ∈ B, ..., zp,
∈ Z é n1 ∙ n2 ∙ ... ∙ nr (princípio multiplicativo).
Agora para a segunda situação podemos inicial-
mente trabalhar com um conjunto A, A = {a1, a2, ⋯, am}
com m elementos. Com isso, podemos formar da com-
binação de A com A tais que, ai ∈ A e aj ∈ A, sendo ai ≠
aj (i ≠j) a quantidade m ∙ (m – 1) (princípio multiplica-
tivo, com restrição de elementos no par ordenado)
de pares ordenados (ai, aj) com ai ∈ A e aj ∈ A. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
148 forma de diagrama de árvore:
(a1, a2) Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r
(a1, a3) elementos, formados com elementos distintos dois a
dois, é m ∙ (m – 1) ∙ ... ∙ [m – (r – 1)] (princípio multipli-
(a1, am) cativo), onde a1 ∈ A ∀i ∈ {1, 2, ⋯, m} e a1 ≠ ap para i ≠ p.
(a2, a1) Até o momento vimos técnicas de contagem envol-
(a2, a3) vendo o princípio multiplicativo, já o princípio aditi-
vo é empregado em situações em que se deseja a união
(a2, am) entre conjuntos de resultados possíveis, em cada um
deles a contagem será feita utilizando o princípio da
multiplicação e, por fim, a soma deles dará o resultado
(am, a1) final do número de elementos da união desses conjun-
(am, a2) tos de interesse. Por exemplo, qual a quantidade de
números inteiros positivos abaixo de 1000, formado
(am, am-1) pelos dígitos {1, 2, 3}? Note que não foi informada a
quantidade de algarismos que devem ter esses núme-
(a1, a2), ⋯ ,(a1, am) → m – 1 pares ros inteiros, assim eles podem ser conjunto de núme-
(a2, a1), ⋯ ,(a2, am) → m – 1 pares ros de 1 algarismo ou números de 2 algarismos ou
ainda número de 3 algarismos. Não entram números
∙ de 4 algarismos pois eles devem estar abaixo de 1000.
m linhas ∙ Para resolver esse problema, iremos utilizar primeiro
∙ o princípio multiplicativo e logo após o princípio da
adição, por meio do qual somaremos os resultados de
(am, a1), ⋯ ,(am, am–1) → m – 1 pares cada um dos possíveis conjuntos de números em rela-
(m – 1)+(m – 1)+ ⋯ +(m – 1) = m ∙ (m – 1) ção ao seus algarismos. Onde temos OU entenda como
SOMA (princípio aditivo), assim temos:
Voltando ao exemplo do início da seção temos o
conjunto B, com a lei de formação sendo, um conjunto 1 algarismo: três possíveis: 1,2,3;
finito de números de três algarismos distintos formado
pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Para numerar todos ele- 2 algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo);
mentos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, por ser 3 algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis (princípio multiplicativo);
muito grande esse conjunto é necessário utilizar uma
técnica de contagem. Aqui podemos usar o princípio A união: 3+9+27=39 casos (princípio aditivo)
da multiplicação, com o caso de restrição, no qual para
serem elementos distintos, o que aparecer no primeiro ARRANJOS, PERMUTAÇÕES E COMBINAÇÕES
algarismo não pode aparecer no segundo, nem no ter-
ceiro, ou seja, o número 111 não é elemento de B: Da definição do princípio fundamental da conta-
gem (multiplicativo) podemos deduzir algumas fór-
mulas de agrupamentos, simplificando com notação
A = {a₁, a₂, a₃, a₄, a₅, a₆, a₇, a₈} = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} de fatorial e definindo alguns casos particulares.
→ B = {123, 124, 125, ⋯, 876}
(a1, a2, a3), ⋯ ,(a1, a7, a8) → 7 ∙ 6pares (prin- Arranjos
cípio multiplicativo)
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
(a2, a1, a3), ⋯ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6pares chamamos de arranjo dos n elementos tomados r a r
(1 ≤ r ≤ n) a qualquer sequência de r elementos ou
8 linhas ∙ toda r-upla formada com elementos de N todos distin-

∙ tos. Denotado por:

(a8, a1, a2), ⋯ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6pares An, r =n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙[n – (r – 1)]
r fatores
7 ∙ 6+7 ∙ 6+ ⋯ +7 ∙ 6=8 ∙ 7 ∙ 6 = 336

Assim, são 336 números distintos formados por Com simplificação fatorial temos:
três algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8.
Generalizando então o princípio multiplicativo, n!
com restrição para elementos distintos, para qualquer An, r
(n – r)!
quantidade de elementos temos:
RACIOCÍNIO LÓGICO

Na mesma definição de arranjo, se as r-upla orde-


Se A = {a₁, a₂, ⋯, am}, n(A) = m nadas são formadas por elementos de N não necessa-
riamente distintos, temos a definição de arranjo com
com sequências do tipo: (ai,al, ⋯,aj, ⋯,ak) repetição:
r elementos
ARn, r =n ∙ n ∙ ... ∙ n = nr
r fatores

a quantidade de sequência é: m ∙ (m – 1) ∙ (m – 2) ∙ ... ∙ Então, no exemplo do início da seção em que o


[m – (r –1)] conjunto B, com a lei de formação é um conjunto fini-
to de números de três algarismos distintos, formado 149
pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, enumerando todos n = 10
os elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, A à n1 = 5
feito com princípio multiplicativo, temos o resultado R à n2 = 3
n(B)=336; agora usando a definição de arranjo sem
repetição temos:
n! 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
Pnn₁, n₂ = à P105,3 = = =
n1!n2! 5!3! 5!3!
n! 8! 8! 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
An,r = à A8,3 = = = =
(n – r)! (8 – 3)! 5! 5! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6
= 5040
3∙2∙1
8 ∙ 7 ∙ 6 = 336
COMBINAÇÕES
Note que a solução usando o princípio fundamen-
tal da contagem (multiplicativo) foi exatamente a Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯,an},
mesma que usando a definição de arranjo; veja ainda chamamos de combinações dos n elementos tomados
que a fórmula do arranjo no final caiu no princípio r a r, os subconjuntos de N constituídos de r elemen-
multiplicativo. tos. Denotado por:

Para exemplificar o arranjo com repetição pode-


mos usar o problema de sorteio com urnas, no qual n!
Cn, r = ,r≤n;∀n,r ∈ N
o número sorteado é reposto na urna e pode ser sor- r!(n – r)!
teado novamente, ou seja, com reposição (repetição).
Seja nesse contexto uma urna com os números 1, 2 Como define-se combinação sendo subconjuntos, a
e 3, e em seguida um número é sorteado, reposto na ordem dos elementos não interfere. Assim, os subcon-
urna, e o segundo número é sorteado. Quantas for- juntos {a,b} e {b,a}são iguais.
mas possíveis de sequências de números podem ser O exemplo clássico de combinações são os pro-
observadas? Assim, usando a definição de arranjo blemas envolvendo membros de comissões. Suponha
com repetição temos: que uma empresa tenha 15 funcionários no setor
administrativo, e se queira formar uma comissão com
ARn, r = nr à AR3, 2 = 32 = 9 3 desses funcionários. De quantas formas possíveis
pode-se formar essa comissão? Assim, essas comis-
Logo, temos nove pares possíveis de números sões são subconjuntos com elementos funcionários e
sorteados. a ordem dos elementos dentro dela não interfere, ou
seja, esses subconjuntos de mesmos elementos, mas
Permutação de ordem distintas, são iguais. Logo, essa contagem
pode ser feita a partir da combinação:
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
chamamos de permutação dos n elementos a todo
arranjo onde r=n. Denotado por: n! 15! 15!
Cn, r = à C15,3 = = =
r! (n – r)! 3!(15 – 3)! 3!12!
n! n! n!
An, n = = = = n! = Pn 15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! 15 ∙ 14 ∙ 13
(n – n)! 0! 1 = = 455 .
3!12! 3∙2∙1
Dica
Caso usássemos no exemplo anterior a ideia de
A permutação é um caso particular do arranjo, arranjo teríamos um número bem maior de elemen-
em que se queira combinar todos elementos. tos, visto que a ordem importa no arranjo. Sendo
assim, o arranjo contaria como diferentes aqueles
Assim, a permutação de um conjunto N = {1, 2, 3}, subconjuntos que a combinação define como iguais.
são todos os arranjos constituídos dos 3 elementos, ou Logo, a escolha correta da técnica (arranjo ou combi-
seja, {123,132,213,231,312,321}. Calculado o número de nação) para a condição definida é essencial!
permutações temos então Pn = n! à P3 = 3! = 3 ∙ 2 ∙ 1=6 .
Em situações que envolvam condições de con-
n! 15! 15!
tagem, como em anagramas de palavras, em que o An, r = à A15,3 = = =
conjunto N = {a1, a2, ⋯, an} de n elementos, irão existir (n – r)! (15 – 3)! 12!
alguns elementos iguais, ai = ajcom i ≠ j. Neste caso, uti-
liza-se a técnica de permutação com elementos repeti- 15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12!
= 15 ∙ 14 ∙ 13 = 2730 .
dos, de forma geral temos: 12!

n! BINÔMIO DE NEWTON
Pnn₁, n₂, ⋯, nr =
n1!n2! ⋯ nr! Desenvolvimento, Coeficientes Binomiais e Termo
Geral
Suponha que se deseja saber quantos anagramas
podem ser construídos com a palavra ARARAQUARA. Usamos as técnicas de contagem como o diagra-
Então, usando a definição de permutação com repe- ma de árvore e o princípio fundamental da contagem
tição, da palavra temos 10 letras e duas delas com para obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com
150 repetição: n ∈ N e x, a ∈ ℝ.
Alguns casos particulares já são conhecidos: (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um ter-
mo de cada fator, obteremos três termos (um em cada
z (x + a)0 = 1; fator), que são multiplicados entre si: x3, x2a, xa2 e a3,
z (x + a)1 = x + a; ou seja, o diagrama de árvore está na coluna “Produ-
z (x + a)2 = x2 + 2xa + a2; to”. Assim, o primeiro deles x3 só pode ser obtido de
z (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 . uma única forma, que é com a escolha de x para os
três fatores. Logo, o coeficiente de x3 no desenvolvi-
Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n mento do binômio é 1 ou C3,0.
mais trabalhoso fica: Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo
x a no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
2

(x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a) são iguais a x e uma igual a a, da permutação com


r fatores repetição temos:

Seguindo essa ideia de distributiva da multiplica-


3!
ção em relação aos termos (x+a), a cada fator (x+a), P32,1 = = C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1.
selecionamos exatamente um termo, podendo ser x 2!1!
ou a, e multiplicamos em seguida. Continua-se o pro-
cesso até esgotar todas as seleções possíveis de um ter- Para o termo xa2, a quantidade de produtos do tipo
mo de cada fator. Toma-se todos os produtos obtidos xa no diagrama de árvore foi igual a três, em que
2

e calcula-se sua soma (reduzindo os termos semelhan- duas são iguais a a e uma igual a x, da permutação
tes). Por fim, a soma obtida é o desenvolvimento do com repetição temos:
binômio (x+a)n.
Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de 3!
árvore para seleção dos termos, e esgotando as possí- p31,2 = = C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2.
veis seleções para cada termo do fator, temos: 1!2!

Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma


única forma que é com a escolha de a para os três fato-
res. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento do
binômio é 1 ou C3,3.
Finalmente temos o desenvolvimento do binômio
cúbico:

(x+a)3 = C3,0x3+C3,1x2a+C3,2xa2+C3,3a3.

Desse exemplo, podemos definir então o Teorema


Binomial. Seja o binômio (x+a)n com n ∈ ℕ e x, a ∈ ℝ, o
desenvolvimento do binômio é dado por:

(x+a)n = Cn,0 xn+Cn,1 xn – 1a1+Cn,2 xn – 2a2+ ... +Cn, p xn – p ap+ ... +


Cn, n an
Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a
∙ x+a ∙ a=x2+2xa+a2.
onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de
Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo
coeficientes binomiais.
raciocínio:
Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimen-
to do Teorema Binomial é:

(x+a)n = Cn, p xn – p ap

No desenvolvimento do binômio (1 – 2x2)5, qual o


coeficiente de x8? O termo geral do binômio é:

C5, p (–2x2)5 – p 1p = C5,p (–2)5 – p x2(5 – p) = C5,p (-2)5 – p x10 – 2p


10 – 2p = 8 → p = 1
C5,1 (–2)5 – 1 x10 – 2∙1 = C5,1 (–2)4 x8 = C5,1 16x8 = 5 ∙16x8 = 80x8
Logo, o coeficiente do termo x8 é 80.
RACIOCÍNIO LÓGICO

A seguir, pratique os conhecimentos adquiridos


até aqui com alguns exercícios comentados de diver-
sas bancas.

1. (IBADE – 2018) O termo independente de x no desen-

( )
9
1
Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙ volvimento do binômio de Newton x + é:
a ∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3 x2
a) 72.
Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em b) 78.
forma de combinações temos o seguinte: do binômio c) 80. 151
d) 84. Seja o número de elementos dos conjuntos de empre-
e) 92. sas dos polos A e B, respectivamente, n(A) = 72 e n(B)
= 54, se devemos ter o mesmo número de empresas

( ) 1
9 em cada grupo e esse número seja o maior possível,
No desenvolvimento do binômio , o x+ então a diferença entre o número de empresas do
x2 polo A em relação a B é de 18. Retirando esses 18 do
termo independente é aquele cuja a potência é nula, polo B temos os dois polos com a mesma quantidade
assim o termo geral do binômio é: de empresas, 54 tanto para A quanto para B. Desses

() 1
p
54 podemos distribuir grupos de 18 empresas para
C9,p x 9–p
= C9,p x9 – p (x –2)p = C9,p x9 – p x –2p = cada polo, ficando então 3 grupos de 18 empresas
x2 para o polo A e B, sobrando mais um grupo de 18
C9,p x9 – p –2p = C9,p x9 –3p empresas só do polo B, assim, o polo A ficou com 3
grupos de 18 empresas e o polo B com 4 grupos de
9 – 3p = 0 → p = 3
18 empresas.
C9,3 x9 – 3∙3 = C9,3x0 = C9,3∙ 1 = 84 Logo, número de grupos formados por 18 empresas
Logo, o coeficiente do termo independente, x0, é 84. desses polos foi de 7. Resposta: Letra D.
Resposta: Letra D.
4. (QUADRIX – 2017) Um anagrama de determinada
2. (COMPERVE – 2017) Sete amigos montaram um gru- palavra é uma “palavra” — que pode ou não ter signifi-
po com o objetivo de estudar para um concurso públi- cado — formada pelas mesmas letras da palavra dada
co, mas estabeleceram a seguinte ressalva: o estudo inicialmente. Assim, a quantidade de anagramas que
só aconteceria se pelo menos três deles estivessem se pode formar com a palavra TERRACAP, de modo
presentes. O número de maneiras distintas que esse que as quatro primeiras letras sejam os anagramas de
grupo pode se reunir e estudar é: RRAA — as letras repetidas da palavra dada — é:

a) 121. a) Inferior a 150.


b) 99. b) Superior a 150 e inferior a 160.
c) 75. c) Superior a 160 e inferior a 170.
d) 63. d) Superior a 170 e inferior a 180.
e) Superior a 180.
Para solução do problema usaremos o princípio
multiplicativo (formado de combinatório) e aditivo Fixando as letras repetidas no anagrama da pala-
da teoria de contagem. Seja o conjunto de amigos vra TERRACAP, n=8 letras, como as quatro primei-
A= {a1, a2, a3, a4, a5, a6, a7} , sendo cada elemento um ras letras, então temos duas situações de contagem,
amigo, sabendo-se que a reunião do grupo acontece e após isso o uso do princípio multiplicativo entre
com pelo menos 3 amigos, assim o conjunto solução eles, devido a interseção dos resultados pedidos.
será a união de cinco situações possíveis, são elas: Então fixando RRAA para as quatro primeiras pode-
3 amigos entre os 7, 4 amigos entre os 7, 5 amigos mos usar a permutação com repetição para ver de
entre os 7, 6 amigos entre os 7 e por fim com parti- quantas formas possíveis podemos permutar essas
cipação de todos os 7 amigos. Cada situação é con- letras nas quatro primeiras do anagrama:
siderada uma combinação, visto que a permuta de n = 4; n1 = 2; n2 = 2
posição entre os amigos no conjunto não interfere
n! 4! 4 ∙ 3 ∙ 2! 4 ∙3
no resultado. Logo temos: Pnn1,n2 = à P42,2 = = = =6
n1!n2! 2!2! 2 ∙ 1 ∙ 2! 2 ∙1
7! 7! 7!
C7,3 + C7,4 + C7,5 + C7,6 + C7,7 = + + + Assim, temos 6 resultados possíveis para as 4 pri-
4!3! 3!4! 2!5! meiras letras do anagrama. Para as outras 4 letras
7! 7! que faltam, temos ainda a permutação das letras
+ = 35+35+21+7+1=99 TECP, Pn = n! à P4 = 4! = 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 24. Logo, pelo
1!6! 0!7! princípio multiplicativo temos 6x24=144, que é infe-
Assim, o resultado de maneiras distintas que esse rior a 150. Resposta: Letra A.
grupo pode se reunir é 99. Resposta: Letra B.
5. (FPS – 2017) Para a realização de certa cirurgia são
3. (VUNESP – 2016) Em um município, há dois novos necessários 2 cirurgiões, 1 anestesista e 3 enfermei-
polos industriais, A e B, com 72 e 54 empresas, res- ros. Dentre os profissionais de um hospital aptos para
pectivamente. Para efeito de fiscalização, essas realizar a cirurgia, estão 5 cirurgiões, 4 anestesistas e
empresas deverão ser totalmente divididas em gru- 10 enfermeiros. De quantas maneiras pode ser consti-
pos. Todos os grupos deverão ter o mesmo número tuída a equipe que fará a cirurgia?
de empresas, sendo esse número o maior possível, de
modo que cada grupo tenha empresas de um só polo a) 4700.
e que não reste nenhuma fora de um grupo. Nessas b) 4800.
condições, o número de grupos formados será: c) 4900.
d) 5000.
a) 3. e) 5100.
b) 5.
c) 6. Nesse caso, temos que para realização da cirurgia
d) 7. são necessários 6 profissionais, dentre eles 2 cirur-
152 e) 9. giões, 1 anestesista e 3 enfermeiros. Dispomos de
um total de 19 profissionais, sendo 5 cirurgiões, 4 d) A ⊂ BC, se A ∩ B ≠ ϕ
anestesistas e 10 enfermeiros, logo esses últimos e) (A ∩ B)C = AC ∪ BC
são nossos n, nc = 5; nanest = 4; nenf = 10, já os neces-
sários na cirurgias nossos r, rc = 2; ranest = 1; renf = 3. 4. (IDECAN – 2019) Dados os conjuntos A = {0, 1, 2, 3,
Para contar a quantidade de combinações possíveis 5, 7} e B = {1, 3, 5, 6, 7, 9}, quantos números naturais
em cada grupo de profissionais usaremos a técnica ímpares podem ser formados utilizando 4 algarismos
de combinatório, visto que a troca de posição ou de distintos com os elementos do conjunto resultante de
ordem dos profissionais não interfere, ou seja, são A ∩ B?
subconjuntos semelhantes ou iguais. E por fim, apli-
camos o princípio multiplicativo para obter todos a) 18.
b) 24.
resultados possíveis:
c) 120.
Cir e Cir e Anest e Enf e Enf e Enf
d) 1470.
C5,2 C4,1 C10,3 e) 1680.
C5,2 ⨉ C4,1 ⨉ C10,3 = 10 ⨉ 4 ⨉ 120 = 4800 Resposta:
5. (IDECAN – 2019) Dados os conjuntos A e B, assinale
Letra B.
a alternativa que indique corretamente a resposta de
(B – A) ∩ (A – B).
REFERÊNCIAS
a) A
DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e b) B
aplicações. 3. ed. São Paulo: Ática, 2016. 3 v. c) {0}
d) {}
IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática e) AUB
Elementar. 3. ed. São Paulo: Atual, 1977. 10 v.
IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplica- 6. (IDECAN – 2019) Três professores de matemática, A,
ções. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 v. B e C, cada um com um dado, realizam concomitantes
lançamentos. Ocorreram 50 repetições dessa jogada e
LEONARDO, Fabio Martins de et al. Conexões com sabe-se que os dados possuem 3 faces azuis e 3, ver-
a Matemática. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016. 3 v. des. Das 50 jogadas: em 35 saiu uma face verde para o
professor A; em 18, uma face azul para o professor B;
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática. 2. ed. São em 25, uma face azul para o professor C; em 8, saíram
Paulo: Moderna, 2010. 3 v. faces verdes para os professores A e C e azul para o
SOUZA, Joamir Roberto de; GARCIA, Jacqueline professor B; em 7, saíram azuis para os professores B
da Silva Ribeiro. #Contato Matemática. 1. ed. São e C e verde para o professor A; em 1, saiu face verde
Paulo: FTD, 2016. 3 v. para os três professores e, em 11, saíram faces verdes
para os professores B e C.
Assinale a alternativa correta que indica quantas vezes
HORA DE PRATICAR! saiu uma face verde para pelo menos um professor.

a) 52
1. (IDECAN – 2019) O conjunto que representa o resulta-
b) 53
do da interseção entre o conjunto dos números natu-
c) 54
rais, N, e o conjunto dos números inteiros, Z, é
d) 55
a) {0}. e) 56
b) { }.
7. (IDECAN – 2019) Em um determinado colégio com
c) N.
470 estudantes, verificou-se que 250 alunos gostam
d) Z.
e) {-1, 0, 1}. de matemática, 180 alunos gostam de português e
200 alunos não gostam nem de matemática nem de
2. (IDECAN – 2019) Considere os conjuntos português. Observou-se ainda que alguns alunos gos-
tam de matemática e português. Pode-se concluir cor-
A = {0, 1, 2, 3} retamente que nesse colégio
B = {1, 3}
C = {1, 2, 3} a) mais de 150 estudantes gostam de matemática e
português.
Qual conjunto representa o resultado de(A ∩ B) ∪ C? b) mais de 100 estudantes gostam apenas de
matemática.
a) {0, 1, 2, 3}. c) mais de 50 alunos gostam apenas de português.
RACIOCÍNIO LÓGICO

b) {1, 2, 3}. d) mais de 270 estudantes gostam de matemática ou


c) {1, 3}. português.
d) {0, 2}. e) mais de 360 estudantes não gostam nem de matemá-
e) {0}. tica nem de português.

3. (IDECAN – 2019) Seja a notação AC como o comple- 8. (IDECAN – 2018) O valor de x3+64 é um número intei-
mentar do conjunto A e conforme os temas relacio- ro. A quantidade de valores inteiros que x pode assu-
nados à Teoria dos Conjuntos, assinale a alternativa mir é: x²
verdadeira.
a) 4.
a) A ∪ (B − A) = B b) 8.
b) B − AC = B ∪ A c) 12
c) B − A ⊃ AC d) 16. 153
9. (IDECAN – 2019) Considere N o conjunto dos números c) 1024.
naturais e Z o conjunto dos números inteiros. Saben- d) 3125.
do-se que o conjunto Z possui uma quantidade infinita e) 5000.
de elementos, pode-se afirmar que a intersecção de Z
e N (Z ∩ N) 15. (IDECAN – 2019) Considere o conjunto A = {0, 1, 2, 3, 4,
5}. Quantos números naturais pares podem ser forma-
a) não possui elementos. dos utilizando 4 algarismos distintos do conjunto A?
b) possui uma quantidade finita de elementos.
c) é o conjunto N. a) 60.
d) é o conjunto N* (naturais não-nulos). b) 156.
e) possui 1 elemento. c) 180.
d) 300.
10. (IDECAN – 2020) Em uma sessão de teatro, 1/5 do e) 360.
público era formado por adolescentes, 3/10 do públi-
co por idosos e o público restante era de adultos. 16. (IDECAN – 2018) Uma equipe mista de vôlei de quadra
Sabendo que a diferença entre o número de adultos amador conta com um plantel de 15 jogadores, sendo
na sessão e o número de adolescentes é igual 30, qual 8 mulheres e 7 homens. Considerando que todos os
o número de idosos presentes na sessão de teatro? jogadores podem jogar em todas as posições, a quan-
tidade de equipes distintas que se pode formar com
a) 50. exatamente 3 homens e 3 mulheres é de
b) 60.
c) 20. a) 1960.
d) 40. b) 1920.
e) 30. c) 1980.
d) 1950.
11. (IDECAN – 2020) João possui uma semana muito inten- e) 1990.
sa, com aulas pela manhã e pela tarde, porém as aulas
que João mais gosta, matemática, futebol e inglês, ocu- 17. (IDECAN – 2019) Sabendo que proposição é o ter-
pam somente 1/3 do total das aulas semanais. Além mo usado em lógica para descrever o conteúdo de
dessas 3 disciplinas, João tem ainda 20 aulas durante orações declarativas que podem ser valoradas como
a semana. Portanto, pode-se concluir que a quantidade verdadeiro ou falso, assinale a alternativa que indique
de aulas de matemática, futebol e inglês é igual a uma proposição lógica.

a) 10. a) O céu é azul.


b) 20. b) Que dia será realizada a prova?
c) 30. c) O nome dos jogadores.
d) 40. d) O quadrado de um número.
e) 50. e) Ser ou não ser? Eis a questão!

12. (IDECAN – 2020) No tradicional almoço de domingo 18. (IDECAN – 2019) A alternativa que apresenta corre-
da família Silva são servidos feijoada e suco de laran- tamente a negação da frase “Se passar no concurso
ja. A jarra totalmente cheia com suco de laranja pesa público é ótimo, então eu preciso estudar” é
1200 gramas. Ao final da refeição, sobrou 1/5 do suco
e o peso da jarra com o restante do suco é de 360 a) “Se passar no concurso público não é ótimo, então eu
gramas. Com base nesta situação, qual seria o peso preciso estudar”.
da jarra com 2/3 do suco de laranja? b) “Passar no concurso público não é ótimo ou eu não
preciso estudar”.
a) 600g. c) “Passar no concurso público não é ótimo e eu não pre-
b) 700g. ciso estudar”.
c) 750g. d) “Passar no concurso público é ótimo mas eu não pre-
d) 800g. ciso estudar”.
e) 850g. e) “Ou estudo ou passo no concurso público”.

13. (IDECAN – 2019) Considerando os algarismos 1, 2, 19. (IDECAN – 2019) No conto de fadas da Cinderela, Cin-
3, 5, 7 e 9, quantos números pares podem-se formar derela vivia como pobre e escrava por conta de sua
com 5 algarismos diferentes? madrasta malvada, e o jovem príncipe, filho do rei, era
muito bonito. A negação lógica para a afirmação “Cin-
a) 720. derela não é pobre ou o príncipe é bonito” é:
b) 120.
c) 240. a) Se Cinderela é pobre, então o príncipe não é bonito.
d) 1. b) Cinderela é pobre e o príncipe não é bonito.
e) 0. c) Cinderela é rica e o príncipe é feio.
d) Cinderela é rica ou o príncipe é feio.
14. (IDECAN – 2019) Uma determinada prova de um con- e) Cinderela é pobre ou o príncipe não é bonito.
curso público possui 5 questões de raciocínio lógico.
Cada uma dessas questões possui 5 itens a analisar, 20. (IDECAN – 2019) Na lógica matemática, duas proposi-
que devem ser julgados como corretos ou incorretos. ções são equivalentes quando seus valores lógicos forem
De quantas maneiras um candidato pode responder a iguais. Sobre o tema, analise as proposições a seguir:
essas 5 questões, considerando respostas aos itens
como corretos e incorretos? I Quem possui saúde, não sente fraqueza.
II Quem não possui saúde, sente fraqueza.
a) 5. III Quem sente fraqueza, possui saúde.
154 b) 625. IV Quem não possui saúde, não sente fraqueza.
Assinale

a) se as proposições I e II forem equivalentes.


b) se as proposições I e III forem equivalentes.
c) se as proposições II e III forem equivalentes.
d) se as proposições III e IV forem equivalentes.
e) se as proposições I e IV forem equivalentes.

9 GABARITO

1 C

2 B

3 E

4 B

5 D

6 B

7 A

8 B

9 C

10 E

11 A

12 E

13 B

14 D

15 B

16 A

17 A

18 D

19 B

20 D

ANOTAÇÕES

RACIOCÍNIO LÓGICO

155
ANOTAÇÕES

156
Os equipamentos computacionais são apresen-
tados em diferentes construções, como desktop,
notebook, tablet e smartphone, porém mantendo os
princípios de funcionamento fundamentais.

NOÇÕES DE Organização e Arquitetura de Computadores

INFORMÁTICA O computador é um dispositivo eletrônico forma-


do por componentes altamente integrados. Ele é a
evolução de uma máquina mecânica, que no passa-
do foi usada para a realização de tarefas repetitivas,
envolvendo cálculos matemáticos.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE O computador apresenta alto grau de precisão
e previsibilidade. Se foi programado para somar os
INFORMÁTICA (HARDWARE E valores A e B, apresentando C como resultado, sempre
SOFTWARE) que forem informados A e B, o resultado será C.
Diversos textos identificam épocas diferentes para
A informática, ou computação, é uma área do o surgimento de equipamentos relacionados com a
conhecimento que foi desenvolvida baseada em história do computador. A história antiga é uma dis-
máquinas, inicialmente com válvulas e depois com ciplina em constante atualização a cada nova desco-
transistores, englobando as áreas de software (progra- berta. Vamos nos deter aos elementos essenciais dos
mas) e hardware (equipamentos). dispositivos, que foram importantes para o computa-
Os computadores como conhecemos e usamos dor da atualidade.
atualmente surgiram no final da década de 70, como O ábaco é um instrumento de cálculo que combi-
PC (Personal Computer – computador pessoal), em um na posições de pedras em linhas sequenciais, usado
período dominado pelos mainframes (computadores desde o surgimento das operações básicas de cálcu-
de grande porte) e terminais nas empresas. lo até os dias de hoje por estudantes e entusiastas. O
Os mainframes eram computadores de grande por- sequenciamento das posições numéricas é usado nos
te com sistemas próprios, hardware dedicado e ven- processadores para operação bit a bit.
dido por milhares de dólares por empresas históricas O mecanismo de Anticítera era usado para calcu-
como a IBM, chegando a ocupar salas e até andares lar a partir de calendários as posições astronômicas,
inteiros de prédios. Concentravam o processamento eclipses e astrologia. A previsibilidade dos resultados
de dados dos programas desenvolvidos especifica- é usada nos processadores para validação do resulta-
mente para aquele dispositivo, em linguagens de pro- do obtido nas operações.
gramação específicas para aquele tipo de trabalho. Blaise Pascal, notável matemático na Idade Média
Os terminais nas empresas operavam basicamente desenvolveu a Pascalina (Le pascaline), um instru-
como entrada e saída de dados, reunindo informações mento matemático considerado a primeira calculado-
coletadas de entradas ou digitações, enviando para o ra mecânica do mundo, para realização de adição e
mainframe da empresa por uma conexão de rede padro- subtração. Os processadores utilizam adições suces-
nizada para aquele equipamento, e recebendo o resulta- sivas para realização de multiplicação, e adição com
do do processamento que foi realizado remotamente. negativos para realização de subtrações, inspirados
Pois é, a informática era muito técnica e, sob o pon- nos princípios da antiga Pascalina.
to de vista da atualidade, engessada e cheia de regras, Mas foi ele quem inventou o sistema binário? Não.
limitações e proibições. Foi outro inventor contemporâneo, o matemático
Criou-se uma aura técnica quase indecifrável na alemão Gottfried Wilhelm Leibniz quem criou um
área, que perdurou por muito tempo e ainda assusta modelo capaz de multiplicar, dividir e extrair raízes
alguns novos usuários. quadradas. Nascia o sistema binário, utilizado até
hoje nos dispositivos computacionais.
Dica Dos teares da França veio uma contribuição rele-
vante para a computação atual, que eram os cartões
As questões de informática nos concursos metálicos perfurados dos teares de Jacquard. A pro-
públicos são direcionadas para a interpretação gramação dos teares a partir de comandos automá-
de conceitos e aplicação prática do uso de pro- ticos das operações repetitivas, gravadas em cartões
gramas. Contexto histórico, decoreba de datas e metálicos “de memória” furados ou não, determinava
nomes não costumam ser questionados em pro- o que a máquina iria realizar.
vas atualmente.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Como podemos observar, cada dispositivo contri-


buiu com um detalhe importante para o computador
Com a popularização dos computadores na déca- moderno.
da de 80 e a abertura da Internet, tudo começou a O grande salto em direção ao computador veio
mudar. A chamada Revolução Digital mudou o mundo com a máquina diferencial (e analítica) de Charles
mais rapidamente do que qualquer outra revolução Babbage. Com ela, o cálculo sucessivo de diferenças
anterior. entre conjuntos de números, combinando o princípio
Em concursos públicos de cargos relacionados com dos cartões perfurados do Tear de Jacquard com o sis-
educação, é comum encontrar questões que tratam tema binário de Leibniz.
deste aspecto histórico do computador e o seu impac- As propostas anteriores foram melhoradas e
to na sociedade. A maioria dos concursos de nível Herman Holerith apresentou no final do século 19 a
médio envolvem o conhecimento dos fundamentos da máquina de Holerith, para o processamento das per-
computação e nos cargos de nível superior, os deta- furações dos cartões do censo demográfico nos Esta-
lhes técnicos e aplicações das diferentes arquiteturas dos Unidos. Ele fundou a empresa que, associada a
computacionais. outras, se tornou a gigante IBM. 157
Nos anos 30, o engenheiro alemão Konrad Zuse construiu o computador Z1. A mudança em relação aos inven-
tos anteriores se deu pela flexibilidade de cálculos, usando o sistema binário para calcular qualquer operação
matemática e armazenar os resultados em uma memória. O princípio de funcionamento por luzes foi utilizado a
seguir pelos ingleses na Inglaterra da Segunda Guerra Mundial.
Os ingleses construíram o Colossus e os americanos o Mark I. Basicamente eram computadores destinados a
decodificar o código secreto dos inimigos de guerra. Derivado deles, surgiu o ENIAC (Eletronic Numeral Integrator
e Calculator) para cálculos matemáticos, dispensando o trabalho de centenas de pessoas.
O modelo de construção do ENIAC, que usava válvulas, resistências e interruptores foi rapidamente superado
pela novidade chamada de transistor. A redução do tamanho foi acompanhada da principal mudança interna
de sua arquitetura, proposta pelo matemático John von Neuman, que sugeriu que o computador armazenasse e
executasse programas diferentes.
A arquitetura de von Neuman tornou-se o modelo do computador moderno, e o EDVAC (1949) foi o primeiro
computador com programa armazenado em memória.
A arquitetura de von Neumann é o padrão atual para os dispositivos computacionais. Já existem estudos e
projetos de computadores quânticos usados por grandes empresas, como a Google, mas que estão longe de nossas
residências por questões de preços proibitivos.
A seguir, foram listadas as gerações, bem como as características tecnológicas dos computadores. Vejamos:

QUINTA
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA QUARTA
GERAÇÃO
GERAÇÃO GERAÇÃO GERAÇÃO GERAÇÃO
(1985-ATUAL-
(1940-1956) (1956-1963) (1964-1971) (1971-1985)
MENTE)

Transistores são
Transistores
Utilizavam válvu- miniaturizados Surgem os
substituem as
Construção las para realizar e agrupados em microprocessa- Redes e Internet
válvulas nos
computação Circuitos Integra- dores
circuitos
dos (CIs)

Interação com Interfaces gráfi-


Interação monitor e cas e mouse são Multimídia
teclado usados

Máquina enor- A CPU do com-


Dimensões mes, ocupavam putador toda em Mobilidade
salas inteiras um único chip!

Utilizavam car-
Mainframe da
Tambores mag- tões perfurados Magnético e
UFPB usou car- Eletrônico e
Armazenamento néticos para para entrada de ótico, sequencial
tão perfurado até remoto
memória dados e impres- e aleatório
1987
soras para saída

Consumo de Consumiam mui- Consumo


Consumo alto Consumo alto Consumo baixo
energia ta energia mediano

Preço do compu-
Utilizados tador despenca
Automatização Inteligência
Aplicação apenas para Computação em-
de processos artificial
cálculos barcada (carros,
mísseis etc.)

Programados
Surgem os
em linguagem Programação em Softwares de
Programação Sistemas App’s pessoais
de máquina, em Assembly alto nível
Operacionais
binário

Primeiras lingua-
gens de alto nível
Programação Instaladas e
Linguagens surgem: Fortran Nanotecnologia
gráfica remotas
(56), Cobol (59) e
Algol(58)

ENIAC, EDVAC,
MIT TX0, PDP-1 e IBM/360, Guia da Apple II, IBM-PC, Internet das
Exemplos UNIVAC e
IBM 1401 Apolo 11 Z-80, Xerox Alto coisas
Colossus

Tabela 1 – características das gerações de dispositivos computacionais

158
A evolução do hardware impulsiona o desenvolvimento de novos softwares, e o desenvolvimento de novos
softwares impulsiona a criação de novos hardwares. A informática está em constante atualização.
As gerações possuem características tecnológicas bem definidas, mas como o usuário viu esta evolução?
Na tabela a seguir veja um comparativo das gerações sob a ótica do utilizador.

PRIMEIRA GERAÇÃO SEGUNDA GERAÇÃO TERCEIRA GERAÇÃO QUARTA GERAÇÃO QUINTA GERAÇÃO
(1940-1956) (1956-1963) (1964-1971) (1971-1985) (1985-ATUALMENTE)
Tecnolo-
Utilizavam válvulas Utilizavam Utilizavam Circuitos Integrados (de dezenas a centenas de milhões de
gia dos
(muita energia e calor) transistores transistores num chip)
Circuitos
Tambores magnéticos
Núcleos magnéticos
Memória e linhas de retardo de Circuitos integrados de memória volátil
de ferrite
mercúrio
Linguagem de máqui-
Linguagem de mon-
Forma de na direto na CPU (sem
tagem (Assembly), Linguagens de alto nível de vários estilos
Programar programa armazena-
Fortran e Cobol
do em memória)
SOs em mainframes SOs multiusuário, mul-
Não havia, o progra-
permitiam vários SOs monousuário titarefa com interface
Sistema ma em execução Apenas um programa
programas executan- (DOS, Windows) e gráfica em PCs (Linux,
Operacional tinha domínio total do executava por vez
do simultaneamente monotarefa Windows 95, Mac OS
hardware
a CPU etc.)
Diversos outros dis-
positivos multimídia
Periféricos Cartões perfurados para entrada (caixa de som, mouse,
Teclado e Monitor, depois mouse
de E/S Impressora para saída dos resultados tela touch)
Integração com outros
dispositivos de E/S
Centenas de milhares Dezenas de milhares
Custo Milhões de dólares Milhares de dólares Centenas de dólares
de dólares de dólares

Comparativo das gerações de dispositivos computacionais e sua operação

Atualmente, estamos utilizando equipamentos de 5ª geração, com foco em mobilidade e destaque para as
câmeras dos smartphones, cada vez mais potentes.
Você saberia dizer o que é que todas estas gerações possuem em comum? Elas seguem a arquitetura de von
Neumann, que se caracteriza por um dispositivo que armazena no mesmo espaço de memória os programas e
os dados. Seja um desktop no escritório da empresa ou o smartphone do funcionário da empresa, passando pelo
notebook do aluno na escola on-line ou pelo tablet de coleta de dados do censo do IBGE, todos eles seguem a arqui-
tetura de von Neumann.
Ela utiliza bits com valores declarados de 0 ou 1.
Uma nova tendência, que vem de encontro à inteligência artificial, são os computadores quânticos, que assu-
mem valores além dos bits 0 e 1.
Os computadores quânticos estão sendo desenvolvidos para executarem cálculos por meio da superposição e
interferência, que são propriedades da mecânica quântica. Enquanto o computador convencional da arquitetura
de von Neumann tem os valores de bits definidos como zero ou um, nos computadores quânticos a medida é o
qubit que poderá assumir vários valores de zero ou vários valores de um, acelerando exponencialmente a velo-
cidade de processamento.

Unidade Central de Processamento


Dados e
instruções
Registradores
Contador de
programa

Memória
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Principal
Unidade de
ULA Endereços

Controle

Sistema de Entrada e Saída

Arquitetura de von Neumann

159
Vamos conhecer o funcionamento desta arquitetura. “Computador ICC IV2361KM19 Intel Core I3 3.20
O usuário introduz dados no dispositivo computa- GHz 6GB HD 500GB” indica um computador com
cional por meio do sistema de entrada e saída, como o processador Intel Core i3 de 3,20 GHz de velocidade
teclado e o mouse. máxima (sem overclock), 6 GB de memória RAM e dis-
Os dados são armazenados na memória, em ende- co rígido com 500GB de capacidade.
reços que identificam a localização da informação.
Quando o processador (UCP ou CPU) precisa reali- Notebook
zar um cálculo, busca na memória principal os dados
e instruções. A unidade de controle controla o que será
Com alto nível de integração dos componentes, um
calculado. Os valores calculados pela Unidade Lógico
notebook reúne em um conjunto fabril os componen-
Aritmética (ULA) são armazenadas nos registradores,
que guardam os resultados até o final do processamento. tes de entrada de dados (teclado e touch pad) com a
Com o cálculo realizado, os resultados são armaze- tela de saída de dados, que também poderá ser do tipo
nados na memória e/ou apresentados em um disposi- touchscreen.
tivo de saída. Possui bateria para garantir mobilidade, além de
Parece até um computador desktop, certo? Pois é. recursos de conectividade para qualquer tipo de tra-
Computador desktop, portátil como notebook, tablet e balho, seja estudantil, corporativo ou para lazer.
smartphone são construções fabricadas com o modelo As unidades de disco óptico (CD, DVD, BD) caíram
da arquitetura de von Neumann. em desuso por causa do armazenamento removível
O computador pessoal surgiu na década de 70, ofe- via USB (pendrives), que, por sua vez, caíram em desu-
recido pela IBM com o sistema operacional MS-DOS so por causa do armazenamento de dados na nuvem.
da Microsoft. Entretanto, mesmo sendo consideradas tecnologias
Na década de 80 ganhou o mundo, quando diver- ultrapassadas para os dias de hoje, continuam sendo
sos fabricantes passaram a oferecer equipamentos
questionadas em provas de concursos.
compatíveis com o padrão PC. A Apple desenvolveu
uma interface gráfica, e a IBM e Microsoft também.
Tablets e Smartphones
No começo dos anos 90, com a abertura de mercado
realizada pelo então presidente Fernando Collor, o Bra-
sil passou a adquirir equipamentos de primeiro mundo, Os tablets são computadores completos, com recur-
e acessar a rede mundial de computadores (a Internet). sos específicos (conexão 3G, expansão de memória
De lá para cá, o nível de integração dos equipa- com memory card), teclado virtual, câmera fotográfi-
mentos só cresceu, e hoje podemos ter um computa- ca, câmera de vídeo conferência, sensor de luminosi-
dor inteiro na palma da mão (tablets), ou com peso dade etc.
reduzido (notebooks), assim como os tradicionais A Apple tem o seu próprio modelo iPad, a Samsung
desktops em nossas mesas. tem a linha Galaxy Tab e Galaxy Note, a Acer tem o
O modelo de construção amplamente questionado em Iconia, a Lenovo tem o Yoga Tablet, e os demais fabri-
provas de concursos é o desktop (computador de mesa). cantes também oferecem suas opções.
Os smartphones, em relação aos computadores
Computador Desktop desktop, apresentam a vantagem da conectividade
móvel para acesso às redes de telefonia.

Computador desktop com impressora

Com componentes internos (instalados na unidade


de sistema) e componentes externos (periféricos), os
computadores desktop evoluíram em capacidade de
processamento, memória, armazenamento e recursos.
Os anúncios de computadores costumam seguir
uma padronização de informações: processador,
memória principal (RAM) e memória de armazena-
mento de massa (HD ou SSD).
Tablet iPad e smartphone iPhone, ambos da Apple
Algumas bancas organizadoras de concursos cos-
tumam pedir a identificação de um dos componentes
listados no anúncio. Os modelos portáteis, por causa da constante e
“Computador Intel Core I5 8GB 240GB SSD” indica frenética atualização de recursos, não costumam ser
um computador com processador “Intel Core i5”, que questionados em provas de concursos. Sobre os dis-
possui 8GB de memória RAM, com 240GB de armaze- positivos portáteis, os aplicativos e sistemas operacio-
160 namento de massa no modelo SSD (Solid State Disk). nais são mais questionados.
Componentes de um Computador (Hardware e Software)

Existem várias formas de classificação do hardware, seja por meio da conexão, da natureza do componente, da
utilização etc. Veja a seguir uma tabela, item por item, com os componentes de um computador, focando na conexão
do componente e dicas relacionadas.
O processador do computador é o item mais questionado de hardware por todas as bancas organizadoras.

COMPONENTE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
INTERNO

Cérebro do computador, composto de 3 unida-


Principal item do computador. Ins-
Processador des: Unidade lógica e aritmética (1), a unidade
talado na placa mãe.
de controle (2) e a unidade de registradores (3).

Cache L1 Memória rápida nível 1 (level 1). Próximo ao núcleo do processador.

Na borda do processador, próximo à memó-


Cache L2 Memória rápida nível 2 (level 2).
ria RAM4.

Na borda do processador, próximo à memó-


Cache L3 Memória rápida nível 3 (level 3). ria RAM. Alguns processadores novos pos-
suem cache L3.

Adicionada nos slots de expansão da placa


Memória RAM Memória principal mãe, banco de memórias. Ela é temporária,
volátil, de acesso aleatório.

Processador
Memória RAM
Unidade de Registradores

Cache L1
Unidade
Unidade de Cache L2 Discos de
Lógico
Controle armazenamento
Aritmética
Cache L3

O processador e seus componentes internos

COMPONENTE INTERNO DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA

Recebe os componentes internos Motherboard. A velocidade do barramento deter-


Placa mãe
instalados no computador. mina quais componentes podem ser adicionados.

Chip de memória CMOS5


BIOS Memória ROM (Read Only Memory).
Contém informações para o boot.

Northbridge – ponte norte, memórias e processa-


Chip com informações para o fun- dor (componentes eletrônicos);
cionamento da placa mãe. Contro- Southbridge – ponte sul, periféricos e dispositivos
Chipset
lam o tráfego de dados entre os mecânicos.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

componentes internos e externos. Responsável pelo barramento (BUS) do


computador.

1 – ULA, unidade matemática, unidade lógico aritmética, co-processador matemático.


2 – Responsável pela busca da próxima instrução (que será executada) e decodificação.
3 – Armazena os valores de entrada e saída das operações.
4 – RAM – Random Access Memory – memória de acesso aleatório ou randômico. Conhecida como memória principal.
5 – CMOS - complementary metal-oxide-semiconductor – tipo de componente eletrônico. 161
Motherboard – placa mãe

Memória RAM

Processador
chipset

Northbridge

Memória ROM

BIOS

Chipset

Southbridge

A placa mãe e seus principais componentes

COMPONENTE INTERNO DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA

Responsável por construir as imagens.


Placa de vídeo VGA, SVGA, XGA, conector DB15, via
Poderá ser onboard ou off-board.
PCI/AGP são os padrões antigos.
As aceleradores de vídeo oferecem
Responsável por construir as imagens. HDMI, DVI e RCA como conexão.
Aceleradora de vídeo Possui mais memória e é mais rápida HDMI vídeo/áudio e S/PDIF para áudio.
que a placa de vídeo padrão.

RJ-45, cabo de rede 8 fios.


Permite conectar a uma rede (rotea- FTTH, fibra óptica.
Placa de rede dor, hub, switch, bridge). Opera como Wi-Fi, wireless.
entrada e saída de dados. Usada para conexão a uma rede (PAN,
LAN)

Permite conectar a linha telefôni- RJ-11, cabo telefônico 2 ou 4 fios


Modem ca, para envio e recebimento de Linha telefônica necessita de modem
informações. para conexão ao provedor de Internet.

Permite conexão via rede móvel (ce- USB6;


Modem 4G
lular), pela linha telefônica celular Funciona igual ao modem convencional.

Permite o envio de imagens na linha RJ-11, cabo telefônico;


Fax
telefônica. Caiu em desuso por causa do e-mail.

Em breve a tecnologia 5G será a opção para a comunicação móvel em nosso país, substituindo a tecnologia 4G.
Os periféricos de entrada e saída de dados, com interação direta do usuário, são os mais conhecidos e mais
questionados em provas.

COMPONENTE EXTERNO DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA


Responsável por exibir as imagens. É CRT (tubo), LCD, LED, Plasma. Podem utilizar cone-
Monitor de vídeo
um periférico de saída de dados. xões DB15 (VGA) até HDMI (mais moderna).
Responsável por exibir as imagens e re-
CRT (tubo), LCD, LED, Plasma
Monitor de vídeo touchscreen ceber a entrada de dados. É um periféri-
Tela capacitiva7 ou resistiva8.
co misto, de entrada e saída de dados.
Teclado Principal periférico de entrada de dados Layout ABNT2 via conexão USB ou Bluetooth.

6 – USB – Universal Serial Bus – Barramento serial universal. Padrão atual de conexões para periféricos.
7 – A tela capacitiva, utilizada no iPhone e iPad, por exemplo, uma película é alimentada por uma tensão, e reage com a energia presente no
corpo humano, e a troca de elétrons produz um distúrbio de capacitância no local, sendo rápida e corretamente identificado. Tecnologia mais
cara e difícil de ser construído, presente em modelos topo de linha.
8 – A tela resistiva, presente em modelos de baixo custo de celulares, smartphones e tablets, com precisão em torno de 85%, resiste melhor
a quedas e variações de temperatura, necessitam de contato físico para determinar a posição do toque, ao coincidir os pontos de diferentes
162 camadas sobrepostas.
COMPONENTE EXTERNO DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
Dispositivo apontador, também para en- Conexão Serial via USB ou Bluetooth.
Mouse
trada de dados Existem modelos óticos, sem fio (wireless).
Matricial (impacto), jato de tinta, laser
Conexão LPT (paralela), COM (serial), USB, RJ-45,
Impressora (toner), cera ou térmica. Periférico de
wireless9 (Wi-Fi10).
saída de dados.
Para digitalização de imagens. Periféri- COM (serial), USB
Scanner
co de entrada de dados. Reconhece textos com filtro OCR
Impressora, copiadora, scanner e opcio- Possui diferentes tipos de conexões, como USB,
Multifuncional nalmente fax. Periférico misto, de entra- RJ-45, wireless (Wi-Fi) e é o modelo mais popular
da e saída de dados atualmente.

Saiba:
As impressoras possuem diferentes modelos de impressão de acordo com a tecnologia utilizada. Confira no
capítulo sobre Dispositivos de Entrada e Saída detalhes sobre cada um dos modelos de impressoras disponíveis
no mercado.
Conforme estudado em Arquitetura de Computadores, o modelo von Neumann indica que o computador
moderno utiliza o armazenamento para guardar os programas (instruções) e os dados. Vejamos algumas formas
de armazenamento permanente de dados.

COMPONENTE DE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
ARMAZENAMENTO
Memória secundária de armazenamen- IDE, SATA, USB
Disco rígido
to magnético11 Permanente, não-volátil, “unidade C:”, hard disk (HD)
SATA II, USB
Memória secundária de armazenamen-
Disco rígido Permanente, não-volátil, “unidade C:”, SSD (Solid
to memória flash12
State Disk)
Memória ‘terciária’, destinada a backup IDE, SATA, USB
Disco óptico
(cópia de segurança. CD, DVD, BD
Conexão USB é expansível por hub USB para até 127
Memória portátil, e os pendrives são
Discos removíveis conexões
memória flash com conexão USB
Pen-drive, cartão de memória, HD externo

O fornecimento de energia para o dispositivo computacional precisa ser contínuo e estável. Quando o dis-
positivo não possui bateria própria, alguns equipamentos externos de apoio são altamente recomendados na
instalação.

COMPONENTE EXTERNO DE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
APOIO
Recebe corrente alternada, entrega corrente estabi-
Fornece energia em caso de falha da lizada. Usa baterias que alimentarão o dispositivo
No-break
rede; por um período de tempo suficiente para encerrar os
processos abertos com segurança.
Elimina picos de tensão da rede elétrica. Estabiliza
Estabilizador Estabiliza o sinal elétrico;
a corrente elétrica.
‘Limpa o sinal elétrico’;
Filtro de linha Elimina ruídos da rede elétrica. Ruídos são interferências, como motores e campos
magnéticos

Importante!
Os dispositivos de apoio já foram questionados no passado. Atualmente não têm aparecido em provas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de concursos, mas fica a recomendação: tenha, pelo menos, um filtro de linha para ligar o seu dispositivo
computacional.

As Unidades de Medida do Sistema Internacional

De acordo com a arquitetura de von Neumann, os dados e programas estão armazenados na memória. Eles
são acessados pelo barramento, que localiza a informação no endereço de memória informado, e entrega para o
processador realizar o processamento.
9 – Wireless – toda conexão sem fio é uma conexão wireless, incluindo o Wi-Fi, infravermelho, rádio, via satélite etc.
10 – Wi-Fi – Wireless Fidelity – conexão confiável sem fios.
11 – Existem modelos de disco rígido sem disco, como os SSD (Solid State Drive), que é uma memória flash, armazenamento eletrônico.
12 – A memória flash permite que a troca de informação seja mais rápida, e quando o dispositivo é desligado, poderá voltar rapidamente onde
estava antes. 163
Tanto o armazenamento de dados como a transferência de informações são medidas com siglas que identifi-
cam a quantidade de informação.
O bit é o sinal elétrico que armazena uma informação, com valor 0 ou 1. O conjunto de 8 bits forma um dado,
que é um byte.

Exabyte
Petabyte (EB)
Terabyte (PB)
Gigabyte (TB)
(GB) trilhão
Megabyte
(MB) bilhão
Kilobyte
(KB) mil milhão
Byte (B)

Medidas do sistema internacional aplicadas ao armazenamento de dados

1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por 8 bits, que são sinais elétricos (que vale
zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário para representação de informações.
Portanto, quando um arquivo tem 15 KB, ele possui 15.000 bytes (de forma genérica) ou exatos 15.360 bytes.
Qual é a diferença?
O bit representa dois possíveis valores. Desta forma, os valores do sistema binário são em base 2.
Quando dizemos 1000 bytes, na verdade são 1024 bytes (2 elevado a 10).
Um quilobyte (1KB) é exatamente 1024 bytes.
Um megabyte (1MB) é exatamente 1.048.576 bytes (2 elevado a 20).
Um gigabyte (1GB) é exatamente 1.073.741.824 bytes (2 elevado a 30).
Um terabyte (1TB) é exatamente 1.099.511.627.776 bytes (2 elevado a 40).
E assim por diante.
Algumas bancas organizadoras de concursos pedem o valor exato, que será calculado multiplicando ou divi-
dindo por 1.024.

Gráfico – convertendo os valores do sistema internacional de medidas

A conversão de medidas dentro do sistema internacional é simples e fácil, bastando dividir para ‘subir’ na
escala ou multiplicar para ‘descer’ na escala.

E na transmissão de dados, como funciona? São as mesmas unidades, mas em bits.

Se a sua conexão Wi-Fi opera em 150 ‘megas’, são 150 Mbps (megabits por segundo). Um modem para trans-
missão e recepção de dados pela linha telefônica convencional nos anos 90, operava em 56.6 Kbps (kilobits por
segundo). A porta USB 2.0 tem taxa de transmissão de 480 Mbps (megabits por segundo) e o USB 3.0 opera em 5
Gbps (gigabits por segundo).
Da mesma forma que na convenção do armazenamento de dados, as medidas de velocidades são múltiplas de
1024 (ou divisores de 1024 para ‘subir’ na escala).

164
Software

Software é um programa de computador, um aplicativo, um sistema operacional, um driver, um arquivo. Toda


a parte virtual do sistema, que não pode ser tocada, é o software. Existem várias categorias e naturezas para os
softwares, que estão na tabela a seguir:

SOFTWARE ONDE QUANDO


Está gravado no chip ROM-BIOS e armazena as
13
No momento em que ligamos o computador, as
informações sobre a configuração de hardware pre- informações são lidas, checadas, e caso estejam
Inicialização
sente no equipamento. Este procedimento chama- corretas, é passado o controle para o sistema
-se POST14. operacional.
Após a realização com sucesso do POST os dri-
Carregamento de informações sobre o sistema
Sistema vers16 são carregados. O kernel17 é acionado e o
operacional, armazenadas na trilha zero do disco
15
Operacional controle entregue ao usuário. O usuário interage
de inicialização (boot).
com o computador por meio da GUI18.
Após o carregamento do sistema operacional,
uma SHELL é exibida (interface). Os aplicativos
poderão ser executados, como editores de tex-
Aplicativos No computador.
tos, planilhas de cálculos, ferramentas de siste-
ma, além de programas desenvolvidos em uma
linguagem de programação.

Existem aplicativos pagos (proprietários, como o Microsoft Office), gratuitos (open source, ou de código aberto,
como o Mozilla Firefox), alpha (aplicação para testes da equipe de desenvolvimento), beta (aplicações de teste
distribuídas para beta-testers), freewares (gratuitos, porém de código fechado), sharewares (proprietários, que
poderá ser trial ou demo), trial (shareware, recursos completos por tempo limitado para avaliação), demo (sha-
reware, com recursos limitados por tempo indeterminado), e adwares (gratuitos, com propagandas obrigatórias
exibidas durante o uso).
Os softwares de inicialização são pouco questionados em provas. Já Sistemas Operacionais (software básico) e
Aplicativos, estes possuem editais totalmente dedicados a estes temas.
Os softwares instalados no computador, podem ser classificados de formas diferentes, de acordo com o ponto
de vista e sua utilização.
Vamos conhecer algumas delas.

CATEGORIA CARACTERÍSTICA EXEMPLO


Sistemas Operacionais, que oferecem uma pla-
Básico Windows e Linux.
taforma para execução de outros softwares.
Programas que permitem ao usuário criar e
Aplicativo Microsoft Office e LibreOffice, reprodutores de mídias.
manipular seus arquivos.
Softwares que realizam uma tarefa para a qual Compactador de arquivos, Desfragmentador de Discos,
Utilitários
fora projetado. Gerenciadores de Arquivos.
Software malicioso, que realiza ações que Vírus de computador, worms, cavalo de Troia, spywares,
Malware
comprometem a segurança da informação. phishing, pharming, ransomware etc.

No software básico, o sistema operacional, contém divisões para os arquivos componentes do sistema, como:

CATEGORIA CARACTERÍSTICA EXEMPLO


Drivers para instalação de impressora, leitura de
Drivers Arquivos para comunicação com o hardware.
pendrives, novos dispositivos adicionados etc.
Arquivo oculto usado para trocas com a No Windows, arquivo PAGEFILE.SYS.
Paginação
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

memória RAM. No Linux, partição de troca (SWAP).


Arquivos com extensão DLL, com recursos Caixa de diálogo, botões, padrões de janelas, te-
Bibliotecas
compartilhados com vários programas. clas de comandos etc.
Programas integrantes do sistema opera-
Acessórios Bloco de Notas, WordPAD, Paint.
cional em sua instalação padrão.
Apps Programas disponíveis na loja de apps. Calculadora (Windows 10)

13 – ROM-BIOS – Read Only Memory – Basic Input Output System – sistema básico de entrada e saída, armazenado em uma memória somente leitura.
14 – POST – Power On Self Test – auto teste no momento em que for ligado.
15 – Trilha zero – primeira trilha do disco de inicialização. Toda numeração em computação inicia em zero.
16 – Drivers – arquivos do sistema operacional responsáveis pela comunicação com o hardware.
17 – Kernel – núcleo do sistema operacional com as rotinas para execução dos aplicativos.
18 – Graphics User Interface – Interface gráfica do usuário 165
Os aplicativos são geralmente identificados pela característica de produzir arquivos para o usuário, como o
Microsoft Word, que produz documentos de textos com formatação no formato DOCX.

APLICATIVOS CARACTERÍSTICA EXEMPLO


Desenvolvidos para um propósito específico, produzem
Individuais Corel Draw, para arquivos CDR.
arquivos de formato proprietário.
Integrados para produção de arquivos, compartilham re-
Pacote Microsoft Office e LibreOffice.
cursos e funcionalidades.

Os utilitários podem ser do sistema operacional (ferramentas) ou de terceiros.

UTILITÁRIOS EXEMPLO AÇÃO REALIZADA


Organizar os clusters onde estão gravados os dados dos arqui-
Sistema Desfragmentador de Discos.
vos, otimizando a leitura para a memória.
Agrupam em um arquivo, diminuindo o tamanho dos arquivos
Sistema Compactadores de Arquivos.
individuais, facilitando o armazenamento e transferência.
Localiza informações que podem ser removidas com seguran-
Sistema Limpeza de Disco.
ça, liberando espaço em disco.
Localiza erros de gravação nos clusters ou entradas inválidas
Sistema Verificação de Erros.
do sistema de arquivo, corrigindo-as.
Efetua a leitura dos dados gravados em clusters, reconstruindo
Terceiros Desformatador de disco.
a tabela de arquivos que foi formatada
Efetua a leitura dos dados gravados em clusters, reconstruindo
Terceiros Recuperação de arquivos
o arquivo e a entrada na tabela de arquivos.

Sistemas de Entrada, Saída e Armazenamento

Os periféricos, importantes na arquitetura de Von Neumann que descreve o funcionamento do computador,


serão conectados na CPU e barramento de memória por meio de conectores.
Cada conector possui uma aplicação, velocidade e limitação, sendo destinado especificamente para cada
desenvolvimento.
De acordo com o tipo de transmissão da informação do periférico para o barramento de dados, eles podem ser
classificados em:

z Dispositivos de caractere - sua comunicação é feita por meio do envio e recebimento de um fluxo de carac-
teres. As operações não são bufferizadas, porque são enviadas em sequência, em fluxo. Impressoras e mouses
são exemplos de dispositivos com esta característica de comunicação.
z Dispositivos de bloco - modo de transmissão dos dados, que é feita na forma de blocos. As operações são buf-
ferizadas, para otimizar o desempenho, como nas unidades de armazenamento e conexões com redes.

O protocolo TCP/IP, que será estudado na parte de Redes de Computadores, utiliza o envio e recebimento de
dados em pacotes, que são blocos de informações enviados e recebidos por meio de um dispositivo como o modem
ou a placa de rede.
A comunicação dentro do computador, da CPU para os periféricos, e dos dispositivos com outros dispositivos
nas redes, é realizada por meio de padrões. No computador, o gerador de clock cuida da comunicação entre os
componentes internos e os protocolos de comunicação cuidam da comunicação com os dispositivos externos.

CONECTOR USO QUAIS DISPOSITIVOS UTILIZAM?


Placa de rede, modem ADSL, roteador, hub, switch,
RJ-45 Conexão de rede
bridge, e demais itens de redes.
Placa de fax/modem, aparelho de fax, multifuncional
RJ-11 Conexão do modem/fax
com fax, telefone.
Pendrive, HD externo, impressoras, teclado, mouse, e
USB Dispositivos em geral periféricos em geral. Possui diferentes velocidades e
formatos de conector.
Placas de vídeo simples, monitor de vídeo simples,
VGA (DB15) Transmissão de vídeo
projetores (datashow) multimídia
Placas de vídeo modernas, aceleradoras de vídeo,
DVI Transmissão de vídeo aparelhos de DVD, BluRay, TV LCD, LED, Plasma,
166 datashow.
CONECTOR USO QUAIS DISPOSITIVOS UTILIZAM?
Placas de vídeo modernas, aceleradoras de vídeo,
aparelhos de DVD, BluRay, TV LCD, LED, Plasma,
HDMI Transmissão de vídeo e áudio digital
datashow.
Semelhante visualmente ao USB.
Placas multimídias e aparelhos que usam som digi-
S/PDIF Transmissão de áudio digital
tal (Dolby) como DVD, BluRay, TVs, HomeTheater etc.
Placas de vídeo modernas e aparelhos de imagem.
S-Vídeo Transmissão de vídeo digital
Formato muito parecido com o OS/2
Placas de captura/edição de vídeo e aparelhos de
RCA Transmissão de vídeo e áudio analógico
imagem.
Placas de captura/edição de vídeo e aparelhos de
RGB Transmissão de vídeo analógico
imagem.
Disco rígido externo SATA, 5 vezes mais rápido
External SATA. Alguns computadores
eSATA (300Mbps) que o disco rígido externo USB padrão
aceitam disco rígido externo SATA
(60Mbps).
São as saídas de áudio do computador. As configurações mais comuns são as com três conec-
JACK DE ÁUDIO tores e as com seis. As cores de cada conector têm funções diferentes: verde (caixas frontais/
(três conectores e 5.1) fone), azul (entrada de linha), rosa (microfone), laranja (subwoofer e central) e cinza (caixas
laterais).
Caiu em desuso por causa do novo conector PS/2
DIN Teclados
(mini-DIN)
Está caindo em desuso, por causa do USB.
PS/2 Mouses e teclados
Conhecido como mini-DIN.
Porta serial (DB9) Mouses e scanners Está caindo em desuso, por causa do USB.
Porta serial (DB25) Scanners Está caindo em desuso, por causa do USB.
Portal serial (DB15) Está caindo em desuso, por causa do USB e joystick
Joystick
Game port sem fio.
Produtos da Apple, e alguns produtos Canon, JVC,
Firewire Conexão de alta velocidade Sony (especialmente câmeras). Parece com o co-
nector USB
Paralela Transferência de dados paralelos Impressoras e scanner mais antigos.
Transferência de dados do HD/DVD
IDE Discos rígidos e discos óticos, modelos antigos.
para placa mãe
Transferência de dados do HD/DVD
PATA Discos rígidos e discos óticos, modelos antigos.
para placa mãe
Transferência de dados do HD/DVD
SATA Discos rígidos e discos óticos, modelos mais novos.
para placa mãe
Fornecer energia para os componentes Placa mãe, drive de disquete, disco rígido, disco óti-
Conectores ATX
internos no gabinete co, cooler (sobre o processador).
Fornecer energia para o no-break, esta-
Conexão elétrica Todos dispositivos ligados na rede elétrica.
bilizador e filtro de linha.
Usada em alguns locais do Brasil, permite conexão
PLC Conexão de Internet pela rede elétrica
com a Internet usando a rede elétrica.

Tipos e uso de impressoras


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um dos principais periféricos do computador é a impressora, que possui diferentes configurações de hardware
e software.

Importante!
Depois dos processadores, as impressoras são um dos itens de hardware mais questionados em provas de
concursos.

167
TIPO CARACTERÍSTICAS OBSERVAÇÕES E USO
Imprime em formulário contínuo, em várias vias, possui
Matricial Impressora de impacto.
alto nível de ruído.
Impressão monocromática ou colorida. Conhecida pela
Laser Impressora de toner.
marca Xerox.
Impressão monocromática ou colorida, aspergindo tinta
Jato de Tinta Impressora de tinta líquida.
sobre o material.
Transferência do estado sólido para o gasoso. Impressão
Cera Impressora térmica de sublimação.
resistente à água e sol. Impressão fotográfica.
Em papel reativo, o aquecimento grava a informação. Má-
Impressora de aquecimento do papel quinas de cartões de crédito, emissor de senha de aten-
Térmica
(semelhante ao fax). dimento bancário, extrato do caixa de auto atendimento,
nota fiscal de supermercado etc.
Plotter Impressora para grandes dimensões. Impressão de plantas (AutoCAD), banners, outdoors.
Equipamento que transforma uma im-
Existem modelos LPT (paralelo) para RJ-45 (rede), COM
Print Server pressora simples em uma impressora
(serial), e até wireless.
compartilhada, via hardware.
Reúne a impressora e scanner em um
Multifuncional Oferece recursos de copiadora e faz em alguns modelos.
único aparelho.

z Impressora padrão – quando um sistema operacional possui diversas impressoras instaladas, a impressora prefe-
rencial é conhecida como impressora padrão, e é a primeira na lista da caixa de diálogo Imprimir dos aplicativos.
z Impressora compartilhada – quando uma impressora está instalada em um único local, e está compartilha-
da, poderá ser instalada nos demais computadores da rede de computadores. No Windows 7 aparecerá com
o símbolo de grupo (usuários). Nas outras versões de Windows, aparecerá com uma mão sobre o dispositivo
compartilhado. No Linux é com uma conexão BNC (cabo coaxial) abaixo do ícone. Opcionalmente, ela será ins-
talada no servidor da rede de computadores, e acessada por todos os computadores daquela rede diretamente.
z Impressora local – Impressora que está conectada e instalada em um computador, que poderá ser comparti-
lhada em rede caso seja configurada. A conexão poderá ser LPT (paralela), COM (serial), USB (atual e popular),
Wi-Fi (sem fio), Bluetooth (curto alcance).
z Impressora de rede – impressora com conexão RJ-45 ou Wi-Fi que pode ser conectada diretamente ao hub ou
switch da rede, sendo compartilhada entre todos os computadores daquela rede.
z Impressora remota – É a impressora de rede que não está instalada localmente.

SISTEMA OPERACIONAL DE COMPUTADORES (WINDOWS E LINUX)


NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS: WINDOWS 10

O sistema operacional Windows foi desenvolvido pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em meados
dos anos 80, oferecendo uma interface gráfica baseada em janelas, com suporte para apontadores como mouses,
touch pad (área de toque nos portáteis), canetas e mesas digitalizadoras.
Atualmente, o Windows é oferecido na versão 10, que possui suporte para os dispositivos apontadores tradi-
cionais, além de tela touch screen e câmera (para acompanhar o movimento do usuário, como no sistema Kinect
do videogame X – Box).
Em concursos públicos, as novas tecnologias e suportes avançados são raramente questionados. As questões
aplicadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o modo de operação do sistema operacional em um dispo-
sitivo computacional padrão (ou tradicional).
O sistema operacional Windows é um software proprietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) disponível e o
usuário precisa adquirir uma licença de uso da Microsoft.
O Windows 10 apresenta algumas novidades em relação às versões anteriores, como assistente virtual, nave-
gador de Internet, locais que centralizam informações etc.

z Botão Iniciar – permite acesso aos aplicativos instalados no computador, com os itens recentes no início da
lista e os demais itens classificados em ordem alfabética. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Windows
8 com a lista de programas do Windows 7.
z Pesquisar – com novo atalho de teclado, a opção pesquisar permite localizar, a partir da digitação de termos,
itens no dispositivo, na rede local e na Internet. Para facilitar a ação, tem-se o seguinte atalho de teclado: Win-
dows+S (Search).
z Cortana – assistente virtual. Auxilia em pesquisas de informações no dispositivo, na rede local e na Internet.

168
Importante!
A assistente virtual Cortana é uma novidade do Windows 10 que está aparecendo em provas de concursos
com regularidade. Semelhante ao Google Assistente (Android), Siri (Apple) e Alexa (Amazon), essa integra
recursos de acessibilidade por voz para os usuários do sistema operacional.

z Visão de Tarefas – permite alternar entre os programas em execução e abre novas áreas de trabalho. Seu
atalho de teclado é: Windows+TAB.
z Microsoft Edge – navegador de Internet padrão do Windows 10. Ele está configurado com o buscador padrão
Microsoft Bing, mas pode ser alterado.
z Microsoft Loja – loja de app’s para o usuário baixar novos aplicativos para Windows.
z Windows Mail – aplicativo para correio eletrônico, que carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se
tornar um hub de e-mails com adição de outras contas.
z Barra de Acesso Rápido – ícones fixados de programas para acessar rapidamente.
z Fixar itens – em cada ícone, ao clicar com o botão direito (secundário) do mouse, será mostrado o menu rápi-
do, que permite fixar arquivos abertos recentemente e fixar o ícone do programa na barra de acesso rápido.
z Central de Ações – centraliza as mensagens de segurança e manutenção do Windows, como as atualizações do
sistema operacional. Atalho de teclado: Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa ser carregada pelo
usuário, ela é carregada automaticamente quando o Windows é inicializado.
z Mostrar área de trabalho – visualizar rapidamente a área de trabalho, ocultando as janelas que estejam em
primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D (Desktop).
z Bloquear o computador – com o atalho de teclado Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o computador.
Poderá bloquear pelo menu de controle de sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del.
z Gerenciador de Tarefas – para controlar os aplicativos, processos e serviços em execução. Atalho de teclado:
Ctrl+Shift+Esc.
z Minimizar todas as janelas – com o atalho de teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode minimizar
todas as janelas abertas, visualizando a área de trabalho.
z Criptografia com BitLocker – o Windows oferece o sistema de proteção BitLocker, que criptografa os dados
de uma unidade de disco, protegendo contra acessos indevidos. Para uso no computador, uma chave será gra-
vada em um pendrive, e para acessar o Windows, ele deverá estar conectado.
z Windows Hello – sistema de reconhecimento facial ou biometria, para acesso ao computador sem a necessi-
dade de uso de senha.
z Windows Defender – aplicação que integra recursos de segurança digital, como o firewall, antivírus e
antispyware.

O botão direito do mouse aciona o menu de contexto sempre.

ÁREA DE TRABALHO

A interface gráfica do Windows é caracterizada pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do Windows
exibe ícones de pastas, arquivos, programas, atalhos, barra de tarefas (com programas que podem ser executados
e programas que estão sendo executados) e outros componentes do Windows.
A área de trabalho do Windows 10, também conhecida como Desktop, é reconhecida pela presença do papel de
parede ilustrando o fundo da tela. É uma imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP), uma foto (extensão
JPG), além de outros formatos gráficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos que o computador está
pronto para executar tarefas.

Lixeira Microsoft Google Mozilla


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Kaspersky Firefox
Edge Chrome Thunderbird Secure Co..

Provas Dawnloads caragua.docx Lista de Extra - dicas


Anteriores e-mails par.. Ebook-Curs. concursos.txt

Imagem da área de trabalho do Windows 10. 169


Na área de trabalho podemos encontrar Ícones e estes podem ser ocultados se o usuário escolher ‘Ocultar
ícones da área de trabalho’ no menu de contexto (botão direito do mouse, Exibir). Os ícones representam atalhos,
arquivos, pastas, unidades de discos e componentes do Windows (como Lixeira e Computador).
No canto inferior esquerdo encontraremos o botão Iniciar, que pode ser acionado pela tecla Windows ou pela
combinação de teclas Ctrl+Esc. Ao ser acionado, o menu Iniciar será apresentado na interface de blocos que sur-
giu com o Windows 8, interface Metro.
A ideia do menu Iniciar é organizar todas as opções instaladas no Windows 10, como acessar Configurações
(antigo Painel de Controle), programas instalados no computador, apps instalados no computador a partir da
Windows Store (loja de aplicativos da Microsoft) etc.
Ao lado do botão Iniciar encontramos a caixa de pesquisas (Cortana). Com ela, poderemos digitar ou ditar o
nome do recurso que estamos querendo executar e o Windows 10 apresentará a lista de opções semelhantes na
área de trabalho e a possibilidade de buscar na Internet. Além da digitação, podemos falar o que estamos queren-
do procurar, clicando no microfone no canto direito da caixa de pesquisa.
A seguir, temos o item Visão de Tarefas sendo uma novidade do Windows 10, que permite visualizar os dife-
rentes aplicativos abertos (como o atalho de teclado Alt+Tab clássico) e alternar para outra Área de Trabalho. O
atalho de teclado para Visão de Tarefas é Windows+Tab.
Enquanto no Windows 7 só temos uma Área de Trabalho, o Windows 10 permite trabalhar com várias áreas de
trabalho independentes, onde os programas abertos em uma não interfere com os programas abertos em outra.
A seguir, a tradicional Barra de Acesso Rápido, que organiza os aplicativos mais utilizados pelo usuário, per-
mitindo o acesso rápido, tanto por clique no mouse, como por atalhos (Windows+1 para o primeiro, Windows+2
para o segundo programa etc.) e também pelas funcionalidades do Aero (como o Aero Peek, que mostrará minia-
turas do que está em execução, e consequente transparência das janelas).
A Área de Notificação mostrará a data, hora, mensagens da Central de Ações (de segurança e manutenção),
processos em execução (aplicativos de segundo plano) etc. Atalho de teclado: Windows+B.
Por sua vez, em “Mostrar Área de Trabalho”, o atalho de teclado Windows+D mostrará a área de trabalho ao
primeiro clique e mostrará o programa que estava em execução ao segundo clique. Se a opção “Usar Espiar para
visualizar a área de trabalho ao posicionar o ponteiro do mouse no botão Mostrar Área de Trabalho na extremida-
de da barra de tarefas” estiver ativado nas Configurações da Barra de Tarefas, não será necessário clicar. Bastará
apontar para visualizar a Área de Trabalho.
Uma novidade do Windows 10 foi a incorporação dos Blocos Dinâmicos (que antes estavam na interface Metro
do Windows 8 e 8.1) no menu Iniciar. Os blocos são os aplicativos fixados no menu Iniciar. Se quiser ativar ou
desativar, pressione e segure o aplicativo (ou clique com o botão direito do mouse) que mostra o bloco dinâmico
e selecione Ativar bloco dinâmico ou Desativar bloco dinâmico.

Navegador padrão
do Windows 10 Atalhos

Itens Excluídos

Lixeira Microsoft Google Mozilla Kaspersky


Pastas de Firefox Arquivos
Edge Chrome Thunderbird Secure Co..
Arquivos

Provas Dawnloads caragua.docx Lista de Extra - dicas


Anteriores e-mails par.. Ebook-Curs. concursos.txt
Central de
Botão Iniciar Barra de Área de
Visão de Tarefas Ações
Cortana Acesso rápido Notificação

Barra de Tarefas

170 Elementos da área de trabalho do Windows 10.


Mostrar área de trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop)

Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.

Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.

Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone.

ÁREA DE TRANSFERÊNCIA

Um dos itens mais importantes do Windows não é visível como um ícone ou programa. A Área de Transfe-
rência é um espaço da memória RAM, que armazena uma informação de cada vez. A informação armazenada
poderá ser inserida em outro local, e ela acaba trabalhando em praticamente todas as operações de manipulação
de pastas e arquivos.
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo da Área de Transferência, acione o atalho de teclado Windo-
ws+V (View).
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), estamos copiando o item para a memória RAM, para ser inse-
rido em outro local, mantendo o original e criando uma cópia.
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, estamos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área de Trans-
ferência, para ser inserida em outro local, como em um documento do Microsoft Word ou edição pelo acessório
Microsoft Paint.
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a Área de
Transferência, desconsiderando outros elementos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o conteúdo que está armazenado na Área de Transferência será
inserido no local atual.

Dica
As três teclas de atalhos mais questionadas em questões do Windows são Ctrl+X, Ctrl+C e Ctrl+V, que acio-
nam os recursos da Área de Transferência.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As ações realizadas no Windows, em sua quase totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de teclado
Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. Por exemplo, ao excluir um item por engano, e pressionar Del ou
Delete, o usuário pode acionar Ctrl+Z (Desfazer) para restaurar ele novamente, sem necessidade de acessar a
Lixeira do Windows.
E outras ações podem ser repetidas, acionando o atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e Alt+PrintS-
creen, o usuário pode usar o recurso Instantâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade é usar a Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no
Windows.
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem capturada, poderá fazer com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
A área de transferência é um dos principais recursos do Windows, que permite o uso de comandos, realização
de ações e controle das ações que serão desfeitas. 171
MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS

Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras precisam ser conhecidas para que a operação seja realizada com
sucesso.

z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distinção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas. Um arqui-
vo chamado documento.docx será considerado igual ao nome Documento.DOCX.
z O Windows não permite que dois itens tenham o mesmo nome e a mesma extensão quando estiverem arma-
zenados no mesmo local.
z O Windows não aceita determinados caracteres nos nomes e extensões. São caracteres reservados, para outras
operações, que são proibidos na hora de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arquivos e pastas podem ser
compostos por qualquer caractere disponível no teclado, exceto os caracteres * (asterisco, usado em buscas),
? (interrogação, usado em buscas), / (barra normal, significa opção), | (barra vertical, significa concatenador
de comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcio-
nador de saída).
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa
impressora) e AUX (indica um auxiliar), por referenciar itens de hardware nos comandos digitados no Prompt
de Comandos. (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos
TYPE TEXTO.TXT > PRN).

Entre os caracteres proibidos, o asterisco é o mais conhecido. Ele pode ser usado para substituir de zero à N
caracteres em uma pesquisa, tanto no Windows como nos sites de busca na Internet.
As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas pode estar condicionada ao
local onde ela é efetuada, ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no enunciado
da questão, geralmente no texto associado, estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos. As
bancas organizadoras costumam questionar ações práticas nas provas e, na maioria das vezes utilizam imagens
nas questões.

OPERAÇÕES COM TECLADO


Atalhos de teclado Resultado da operação
Ctrl+X e Ctrl+V
Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma mensagem de erro.
na mesma pasta
Ctrl+X e Ctrl+V
Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido
em locais diferentes
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar e colar. O item será duplicado. A cópia receberá um sufixo (Copia) para diferenciar
na mesma pasta do original.
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo o nome e
em locais diferentes extensão.
Tecla Delete em um item do Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar depois, se o item
disco rígido estiver em um disco rígido local interno ou externo conectado na CPU.
Tecla Delete em um item do Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens de unidades
disco removível removíveis (pendrive), ópticas ou unidades remotas.
Shift+Delete Independentemente do local onde estiver o item, ele será excluído definitivamente
Renomear. Trocar o nome e a extensão do item. Se houver outro item com o mesmo
F2 nome no mesmo local, um sufixo numérico será adicionado para diferenciar os itens. Não
é permitido renomear um item que esteja aberto na memória do computador.

Lixeira

Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla Delete (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção Restaurar, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens
excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. É possível recuperar
172 com programas de terceiros, mas isto não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente e configurar Lixeiras
individuais para cada disco conectado.

OPERAÇÕES COM MOUSE


AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Clique simples no botão principal Selecionar o item
Clique simples no botão secundário Exibir o menu de contexto do item
Executar o item, se for executável. Abrir o item, se for editável, com
Duplo clique o programa padrão que está associado. Nos programas do com-
putador, poderá abrir um item através da opção correspondente.
Renomear o item. Se o nome já existe em outro item, será sugeri-
Duplo clique pausado
do numerar o item renomeado com um sufixo.
Arrastar com botão principal pressionado e soltar na
O item será movido
mesma unidade de disco
Arrastar com botão principal pressionado e soltar
O item será copiado
em outra unidade de disco
Arrastar com botão secundário do mouse pressio- Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local onde
nado e soltar na mesma unidade soltar)
Arrastar com botão secundário do mouse pressio- Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local onde
nado e soltar em outra unidade de disco soltar) ou “Mover aqui”

Arrastar na mesma unidade, será movido. Arrastar entre unidades diferentes, será copiado.

OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE

AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, inde-
a tecla CTRL pressionada pendente da origem ou do destino da ação

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada, inde-
a tecla SHIFT pressionada pendente da origem ou do destino da ação

Arrastar com o botão principal pressionado um item com Será criado um atalho para o item, independente da ori-
a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT) gem ou do destino da ação

Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém


Seleção individual de itens
a tecla CTRL pressionada

Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o iní-


Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém
cio, e o último item será o final, de uma região contínua de
a tecla SHIFT pressionada
seleção

Extensões de arquivos

O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows.

Importante!
Existem arquivos sem extensão, como itens do sistema operacional. Ela é opcional e procura associar o
arquivo com um programa para visualização ou edição. Se o arquivo não possui extensão, o usuário não
conseguirá executar ele, por se tratar de conteúdo de uso interno do sistema operacional (que não deve ser
manipulado).

Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos. 173
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de documento
PDF
portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias plataformas.

Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser editados
DOCX
pelo LibreOffice Writer.

Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas pelo Li-
XLSX
breOffice calc.

Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo LibreOffice
PPTX
Impress.

Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser aberto por
TXT
vários programas do computador.

Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este documento de
RTF
texto possui alguma formatação, como estilos de fontes.

MP4, AVI, Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
MPG do primeiro quadro. No Windows 10, Filmes e TV reproduzem os arquivos de vídeo.

Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player e o Groo-
MP3
ve Music, podem reproduzir o som.

BMP, GIF,
Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
JPG, PCX,
da imagem. No Windows 10, o acessório Paint visualiza e edita os arquivos de imagens.
PNG, TIF

Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de programas
ZIP
adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR.

Biblioteca de ligação dinâmica do Windows. Arquivo que contém informações que podem ser
DLL
usadas por vários programas, como uma caixa de diálogo.

EXE, COM,
Arquivos executáveis, que não necessitam de outros programas para serem executados.
BAT

Uma das extensões menos conhecidas e mais questionadas das bancas é a extensão RTF. Rich Text Format, uma
tentativa da Microsoft em criar um padrão de documento de texto com alguma formatação para múltiplas plata-
formas. A extensão RTF pode ser aberta pelos programas editores de textos, como o Microsoft Word e LibreOffice
Writer, e é padrão do acessório do Windows WordPad.
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão.
Alterando esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
As Configurações do Windows e dos programas instalados estão armazenados no Registro do Windows. O
arquivo do registro do Windows pode ser editado pelo comando regedit.exe, acionado na caixa de diálogo “Exe-
cutar”. Entretanto, não devemos alterar suas hives (chaves de registro) sem o devido conhecimento, pois poderá
inutilizar o sistema operacional.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajus-
tes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows,
além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, acessado pela opção Configurações, localizada na lista exibi-
da a partir do botão Iniciar, é possível configurar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Modo avião/
Status da rede/ Ethernet/ Conexão discada/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy.
174
Modo Avião é uma configuração comum em smartphones e tablets que permite desativar, de maneira rápida,
a comunicação sem fio do aparelho – que inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, NFC e todos os
demais tipos de uso da rede sem fio.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar informa-
ções, como, por exemplo, a data de modificação e o tamanho de cada arquivo.

Modos de Exibição do Windows 10

z ícones extras grandes: ícones extra grandes com nome (e extensão);


z ícones grandes: ícones grandes com nome (e extensão);
z ícones médios: ícones médios com nome (e extensão) organizados da esquerda para a direita;
z ícones pequenos: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados da esq. para a direita;
z Listas: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados de cima para baixo;
z Detalhes: ícones pequenos com nome, data de modificação, tipo e tamanho;
z Blocos: ícones médios com nome, tipo e tamanho, organizados da esq. para a direita;
z Conteúdo: ícones médios com nome, autores, data de modificação, marcas e tamanho.

Um dos temas mais questionados em provas anteriores compreendem os modos de exibição do Windows. Se
tem um computador com Windows 10, procure visualizar os modos de exibição no seu Explorador de Arquivos.
Praticar a disciplina no computador, ajuda na memorização dos recursos.

2. Barra ou linha de título


3. Minimizar 4. Maximizar 5. fechar

1. Barra de menus

Área de trabalho do aplicativo

6. Barra de Rolagem

Elementos de uma janela do Windows 10.

1. Barra de menus: são apresentados os menus com os respectivos serviços que podem ser executados no
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

aplicativo.
2. Barra ou linha de título: mostra o nome do arquivo e o nome do aplicativo que está sendo executado na jane-
la. Através dessa barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não está maximizada. Para isso, clique
na barra de título, mantenha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a
posição desejada. Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela para
seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documento ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar a
janela para seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Solicita que você salve quaisquer alterações não salvas antes
de fechar. Alguns aplicativos, como os navegadores de Internet, trabalham com guias ou abas, que possui o seu
próprio controle para fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do lado direito (e inferior de uma janela de documento).
Para deslocar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem. 175
USO DOS MENUS z Ferramentas de Manutenção e Segurança.
z App’s – aplicativos disponíveis na Loja (Windows
No Windows 10, tanto pelo Explorador de Arquivos Store) para instalação no computador do usuário.
como pelo menu Iniciar, encontramos as opções para
gerenciamento de arquivos, pastas e configurações.
O Windows 10 disponibiliza listas de atalho como Dica
recurso que permite o acesso direto a sítios, músicas, Os acessórios do Windows são aplicativos nati-
documentos ou fotos. O conteúdo dessas listas está vos do sistema operacional, que estão dispo-
diretamente relacionado com o programa ao qual
níveis para utilização mesmo que não existam
elas estão associadas. O recurso de Lista de Atalhos,
novidade do Windows 7 que foi mantida nas versões
outros programas instalados no computador. Os
seguintes, possibilita organizar os arquivos abertos acessórios oferecem recursos básicos para ano-
por um aplicativo ao ícone do aplicativo, com a possi- tações, edição de imagens e edição de textos.
bilidade ainda de fixar o item na lista.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, os Na primeira categoria encontramos o Configura-
menus foram trocados por guias, semelhante ao ções (antigo Painel de Controle). Usado para realizar
Microsoft Office. Ao pressionar ALT, nenhum menu as configurações de software (programas) e hardware
escondido será mostrado (como no Windows 7), mas (dispositivos), permite alterar o comportamento do
os atalhos de teclado para as guias Arquivo, Início, sistema operacional, personalizando a experiência no
Compartilhar e Exibir. Windows 7. No Windows 10 o Painel de Controle cha-
ma-se Configurações, e pode ser acessado pelo atalho
de teclado Windows+X no menu de contexto, ou dire-
tamente pelo atalho de teclado Windows+I.
Na segunda categoria, temos programas que reali-
zam atividades e outros que produzem mais arquivos.
Por exemplo, a calculadora. É um acessório do Windo-
ws 10 que inclui novas funcionalidades em relação às
versões anteriores, como o cálculo de datas e conver-
O botão direito do mouse exibe a janela pop-up são de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas
chamada “Menu de Contexto”. Em cada local que for (como pequenos post its na tela do computador).
clicado, uma janela diferente será mostrada. Outros acessórios são o WordPad (para edição
As opções exibidas no menu de contexto contém de documentos com alguma formatação), Bloco de
as ações permitidas para o item clicado naquele local. Notas (para edição de arquivos de textos), MSPaint
Através do menu de contexto da área de trabalho, (para edição de imagens) e Visualizador de Imagens
podemos criar nova pasta (Ctrl+Shift+N), novo Atalho, (que permite ver uma imagem e chamar o editor
ou novos arquivos (Imagem de bitmap [BMP Paint], correspondente).
Documento do Microsoft Word [DOCX Microsoft E finalmente, as ferramentas do sistema. Desfrag-
Word], Formato Rich Text [RTF WordPad], Documen- mentar e Otimizar Unidades19 (antigo Desfragmenta-
to de Texto [TXT Bloco de Notas], Planilha do Micro- dor de Discos, para organizar clusters20), Verificação
soft Excel [XLSX Microsoft Excel], Pasta Compactada
de Erros (para procurar por erros de alocação), Backup
[extensão ZIP], entre outros).
do Windows (para cópia de segurança dos dados do
usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre
Dica no disco).
Arquivos de imagens são editados pelo acessó-
rio do Windows Microsoft Paint, que no Windo-
ws 10 oferece a versão Paint 3D. Desfragmentar e Otimizar Unidades
Aplicativo da área de trabalho
Cada item (pasta ou arquivo) armazena uma série
de informações relacionadas a si próprio. Estas infor-
mações podem ser consultadas em Propriedades, Otimizar e desfragmentar unidade
acessado no menu de contexto, exibido quando clicar
com o botão direito do mouse sobre o item. A otimização das unidades do computador pode
ajudá-lo a funcionar com mais eficiência.
Ao clicar com o botão direito sobre o ícone da
Lixeira, será mostrado o menu de contexto, e esco- Otimizar
lhendo ‘Esvaziar Lixeira’, os itens serão removidos
definitivamente, utilizando o Windows, não haverá
meio de recuperá-los.
No menu Iniciar, em Ferramentas Administrativas
do Windows, encontraremos os outros programas,
PROGRAMAS E APLICATIVOS
como por exemplo: Agendador de Tarefas, Gerencia-
mento do Computador, Limpeza de Disco etc. Na par-
Os programas associados ao Windows 10 podem
te de segurança encontramos o Firewall do Windows,
ser classificados em:
um filtro das portas TCP do computador, que autoriza
ou bloqueia o acesso para a rede de computadores, e
z Componentes do sistema operacional;
de acesso externo ao computador.
z Aplicativos e Acessórios;

19 Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
176 20 Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster.
Firewall do Windows
Painel de controle

A tabela a seguir procura resumir os recursos e novidades do Windows 10. Confira:

WINDOWS 10 O QUE
Explorador de Arquivos Gerenciamento de arquivos e pastas do computador.
Referência ao local no gerenciador de arquivos e pastas para unidades de discos e
Este Computador
pastas Favoritas.
Ferramenta de sistema para organizar os arquivos e pastas do computador, melho-
Desfragmentar e Otimizar Unidades
rando o tempo de leitura dos dados.
Win+S Pesquisar
Envia imediatamente Pressionar DEL em um item selecionado.
Configurações Permite configurar software e hardware do computador.
Home, Pro, Enterprise, Education. Edições do Windows
xBox (Games, músicas = Groove) Integração com xBox, modo multiplayer gratuito, streaming de jogos do xBox One.
Com blocos dinâmicos (live tiles) Menu Iniciar
Hyperboot & InstantGo Inicialização rápida
Menu Iniciar, Barra de Tarefas e Blo-
Fixar aplicativos
cos Dinâmicos
Windows Hello Autenticação biométrica permite logar no sistema sem precisar de senhas.
Acessar os documentos do OneDrive diretamente do Windows Explorer e Explora-
OneDrive integrado
dor de Arquivos
Permite alternar de maneira fácil entre os modos de desktop e tablet, sendo ideal
Continuum
para dispositivos conversíveis.
Microsoft Edge O novo navegador da Microsoft está disponível somente no Windows 10.
Com funcionamento análogo à Google Play Store e à Apple Store, o ambiente per-
Windows Store
mite comprar jogos, apps, filmes, músicas e programas de TV.
Desktops virtuais O recurso permite visualizar dados de vários computadores em uma única tela.
Windows Update, Windows Update for
Fornecimento do Windows como um serviço, para manter o Windows atualizado
Business, Current Branch for Business
Windows as a Service – WaaS
e Long Term Servicing Branch
Intregração com Windows Phone Aplicativos Fotos aprimorado
O modo tablet deixa o Windows mais fácil e intuitivo de usar com touch em dispo-
Modo tablet
sitivos tipo conversíveis.
Email, Calendário, Notícias, entre ou-
Executar aplicativos Metro (Windows 8 e 8.1) em janelas
tros – também foram melhorados.
Compartilhar Wi-Fi Compartilhar sua rede Wi-Fi com os amigos sem revelar a senha
Complemento para Telefone Sincronizar dados entre seu PC e smartphone ou tablete, seja iOs ou Android.
Configurações > Sistema >
Analisar o espaço de armazenamento em seu PC
Armazenamento
Prompt de Comandos Usar o comando Ctrl + V no prompt de comando
Cortana Assistente pessoal semelhante a Siri da Apple, que já está disponível em português.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na área de notificações do Windows 10, a Central de Notificações reúne as mensa-


Central de Notificações
gens do e-mail, do computador, de segurança e manutenção, entre outras.

Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, em uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão. Disponível
em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.

177
O Bloco de Notas (notepad.exe): é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto sem formatação,
com extensão TXT.

O WordPad (wordpad.exe) é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto com alguma formata-
ção, com extensão RTF e DOCX.
O WordPad se assemelha ao Microsoft Word, com recursos simplificados.

O Paint (mspaint.exe) é o acessório do Windows para edição de imagens BMP, GIF, JPG, PNG e TIF.

178
A Ferramenta de Captura é um aplicativo da área de trabalho do Windows 10, que permite copiar parte de
alguma tela em exibição.

Notas Autoadesivas (que agora se chama Stick Notes) é um aplicativo do Windows 10, que permite a inserção
de pequenas notas de texto na área de trabalho do Windows, como recados do tipo Post-It.
As Anotações podem ser vinculadas ao Microsoft Bing e assistente virtual Cortana. Assim, ao anotar um ende-
reço, o mapa é exibido. Ao anotar um número de voo, as informações serão mostradas sobre a partida.
O aplicativo “Filmes e TV” pode ser usado para visualização de vídeos, assim como o “Windows Media Player”.
O Prompt de Comandos (cmd.exe) é usado para digitar comandos em um terminal de comandos.
O Microsoft Edge é o navegador de Internet padrão do Windows 10 . Podemos usar outros navegadores, como
o Internet Explorer 11 , Mozilla Firefox , Google Chrome , Apple Safari, Opera Browser, etc.
O Windows Update (verificar se há atualizações) é o recurso do Windows para manter ele sempre atualizado.
Está em Configurações (atalho de teclado Windows+I), Atualização e segurança.

INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS MS-OFFICE 2010


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

z Os documentos de texto produzidos pelo Microsoft Word 2010 possuem a extensão DOCX.
z Os documentos de texto habilitados para macros21, possuem a extensão DOCM.
z Um modelo22 de documento é um arquivo que pode ser usado para criar novos arquivos a partir de uma forma-
tação preestabelecida. A extensão é DOTX.
z Um modelo de documento habilitado para macros contém além da formatação básica para criação de outros
documentos, comandos programados para automatização de tarefas. A extensão é DOTM.
z As pastas de trabalho produzidas pelo Microsoft Excel 2010 possuem a extensão XLSX.
z As pastas de trabalho habilitadas para macros possuem a extensão XLSM.
z As pastas de trabalho do tipo modelo, possuem a extensão XLTX.
z As pastas de trabalho do tipo modelo habilitadas para macros possuem a extensão XLTM.
21 Macros são pequenos programas desenvolvidos dentro de arquivos do Office, para automatização de tarefas. Os códigos dos programas
são escritos em linguagem VBA – Visual Basic for Applications. Arquivos com macros podem conter vírus, e no momento da abertura, o
programa perguntará se o usuário deseja ativar ou não as macros.
22 Template = modelo de documento, planilha ou apresentação, com a formatação básica a ser usada no novo arquivo. 179
z O arquivo do Excel que contém os dados de uma planilha que não foi salva, que pode ser recuperada pelo
usuário, possui a extensão XLSB. (binário)
z O arquivo com extensão CSV (Comma Separated Values) contém textos separados por vírgula, que podem ser
importados pelo Excel, podem ser usados em mala direta do Word, incorporados a um banco de dados, etc.
z Um arquivo com a extensão. contact é um contato, que pode ser usado no Outlook 2016
z Arquivos compactados com extensão ZIP podem armazenar outros arquivos e pastas.
z Os arquivos compactados podem ser criados pelo menu de contexto, opção Enviar para, Pasta Compactada.
z Os arquivos de Internet, como páginas salvas, recebem a extensão HTML e uma pasta será criada para os
arquivos auxiliares (imagens, vídeos, etc.).
z O conteúdo de arquivos do Office pode ser transferido para outros arquivos do próprio Office através da Área
de Transferência do Windows.
z O conteúdo formatado do Office poderá ser transferido para outros arquivos do Windows, mas a formatação
poderá ser perdida.

Atalhos de teclado – Windows 10

Dica
Os atalhos de teclado do Windows são de termos originais em inglês. Por serem atalhos de teclado do siste-
ma operacional, são válidos para os programas que estiverem sendo executados no Windows.

ATALHO AÇÃO
Alt+Esc Alterna para o próximo aplicativo em execução
Alt+Tab Exibe a lista dos aplicativos em execução
Backspace Volta para a pasta anterior, que estava sendo exibida no Explorador de Arquivos.
Ctrl+A Selecionar tudo
Ctrl+C Copia o item (os itens) para a Área de Transferência
Ctrl+Esc Botão Início
Ctrl+E / Ctrl+F Pesquisar
Ctrl+Shift+Esc Gerenciador de Tarefas
Ctrl+V Cola o item (os itens) da Área de Transferência no local do cursor
Ctrl+X Move o item (os itens) para a Área de Transferência
Ctrl+Y Refazer
Desfaz a última ação. Se acabou de renomear um arquivo, ele volta ao nome original. Se acabou
Ctrl+Z
de apagar um arquivo, ele restaura para o local onde estava antes de ser deletado.
Del Move o item para a Lixeira do Windows
F1 Exibe a ajuda
F11 Tela Inteira
Renomear, trocar o nome: dois arquivos com mesmo nome e mesma extensão não podem estar
F2 na mesma pasta, se já existir outro arquivo com o mesmo nome, o Windows espera confirmação,
símbolos especiais não podem ser usados, como / | \ ? * “ < > :
F3 Pesquisar, quando acionado no Explorador de Arquivos. Win+S fora dele.
F5 Atualizar
Shift+Del Exclui definitivamente, sem armazenar na Lixeira
Win Abre o menu Início
Win+1 Acessa o primeiro programa da barra de tarefas
Win+2 Acessa o segundo programa da barra de tarefas
Win+B Acessa a Área de Notificação
Win+D Mostra o desktop (área de trabalho)
Win+E Abre o Explorador de Arquivos.
Win+F Feedback – hub para comentários sobre o Windows.
Win+I Configurações (Painel de Controle)
Win+L Bloquear o Windows (Lock, bloquear)
Win+M Minimiza todas as janelas e mostra a área de trabalho, retornando como estavam antes.
Selecionar o monitor/projetor que será usado para exibir a imagem, podendo repetir, estender ou
Win+P
escolher
180
ATALHO AÇÃO
Win+S Search, para pesquisas (substitui o Win+F)
Win+Tab Exibe a lista dos aplicativos em execução em 3D (Visão de Tarefas)
Win+X Menu de acesso rápido, exibido ao lado do botão Iniciar

NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL GNU LINUX – CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA OPERACIONAL GNU


LINUX

O sistema operacional Linux é uma opção ao sistema operacional Windows, com outras características próprias.
O sistema operacional Linux é mais utilizado em sistemas de baixo custo, e possui diferentes distribuições para
diferentes modelos de computadores. Por ser um sistema de código aberto, deu origem a outros sistemas como o
iOs (Apple) e o Android (Google).
Por ser um sistema operacional livre e licenciável, possui a licença GNU GPL para distribuição. O projeto GNU
foi lançado no começo dos anos 80 e atualmente é patrocinado pela FSF (Free Software Foundation). Muitos usuá-
rios descobrem que no contexto de softwares livres, ser livre não significa ser gratuito. Ao contrário do termo
freeware, que identifica uma categoria de softwares gratuitos para utilização, o termo free no Linux está relacio-
nada às liberdades de uso.

Características Básicas do Sistema Linux

O Linux tem as seguintes características básicas:

z Possui um kernel (núcleo) comum em todas as distribuições;


z FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas as dis-
tribuições Linux devem seguir para organizar os seus diretórios;
z O código fonte está disponível para ser baixado, estudado, modificado e distribuído gratuitamente;
z As distribuições oferecem recursos específicos para cada proposta, mantendo o núcleo comum do sistema;
z Cada distribuição poderá ter uma ou mais interfaces de usuário, e elas podem ser usadas em outras distribuições;
z Possui modo gráfico e terminal de comandos;
z Existem distribuições gratuitas e pagas;
z As modificações realizadas pelos usuários serão submetidas para avaliação da comunidade de desenvolvedo-
res, que determinarão a importância e relevância delas, antes de tornar as modificações oficiais para todo o
mundo;
z Como todo sistema operacional, possui suporte para protocolos TCP, permitindo o acesso às redes de computa-
dores com browsers ou navegadores;
z Geralmente instalado em dispositivos com Windows, o Linux oferece gerenciador de boot (bootloader) para
gerenciar a inicialização, exibindo um menu para o usuário escolher qual sistema operacional será usado na
sessão atual;
z LILO e GRUB são os gerenciadores de boot mais comuns nas distribuições Linux;
z O Linux é um sistema operacional do tipo case sensitive, ou seja, diferencia letras maiúsculas de letras minús-
culas nos nomes de arquivos, diretórios e comandos.

Kernel (núcleo)

Shell (interpretador)

Terminal
(linha de comandos)

Interface gráfica
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Assim como no Windows, o Linux tem camadas que separam os recursos.

Distribuições Linux

Distribuição é um conjunto de personalizações que mantém o mesmo núcleo (kernel) do Linux, mas apresen-
tável de forma diferenciada.
Puppy, Debian, Fedora, Kubuntu, Ubuntu, RedHat, SuSe, Mandrake, Xandros (da Corel) e Kurumim são alguns
exemplos de distribuições. 181
Ubuntu é a distribuição mais cobrada em concursos públicos, baseada na distribuição Debian. O Ubuntu é uma
versátil distribuição Linux que pode ser instalada em várias construções computacionais, desde que adaptadas
(drivers).

Big Linux Brasil


Gnoppix Alemanha
ImpiLinux África do Sul
Kurumim Brasil
Mint Irlanda

DeMuDi Europa
Finnix EUA
Insigne GNU Brasil
KeeP OS Brasil

Knoppix Alemanha
Linspire EUA
MeNTOPPIX Indonésia
MEPIS EUA
Rxart Argentina
Satux Brasil
Symphony OS

Distribuição Ubuntu, derivada do Debian, é a mais questionada.

Diretórios Linux

Os diretórios são pastas onde armazenamos e organizamos arquivos e subpastas (subdiretórios). A represen-
tação dos diretórios segue o princípio lúdico de uma árvore. Árvore de diretórios ou folder tree é a forma como
as pastas dos sistemas Linux estão organizadas. Elas têm uma hierarquia, para facilitar a organização do sistema,
seus arquivos, bibliotecas e inclusive para melhorar a segurança do sistema.
FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas as dis-
tribuições Linux devem seguir para organizar os seus diretórios.
A escolha da árvore para representar a estrutura de diretórios, se mostrou adequada, dada a semelhança
entre seus componentes. Por exemplo, o diretório raiz é o primeiro diretório, assim como a raiz de uma árvore.
Encontramos diretórios principais, como /bin, /etc, /lib e /tmp, que podem ser considerados o ‘caule’ da árvore
de diretórios. Nos diretórios é possível criar subdiretórios, o que representam os galhos de uma árvore. E dentro
dos diretórios, temos arquivos (documentos, comandos, temporários) igual a árvore, como flores, folhas e frutos.
Enquanto o Windows representa com barra invertida um diretório, no Linux é usada a barra normal.
Diretórios, pastas e Bibliotecas são ‘sinônimos’. Diretórios é o nome usado no Windows XP e Linux, proveniente
do ambiente MS-DOS (interface de caracteres). Pastas é o nome usado no Windows. Bibliotecas é a estrutura de
organização criada no Windows Vista, que é utilizada no Windows 7, 8, 8.1 e 10 para organizar as informações
do usuário. Elas são usadas para organizar arquivos e subpastas (subdiretórios), mantendo-os até o momento de
serem apagados.

Importante!
Diretórios e comandos Linux são os itens mais importantes em concursos atualmente. Conceitos e caracte-
rísticas do sistema operacional Linux já foram amplamente questionados nas provas anteriores.

Os diretórios são denominados com algumas letras que indicam o seu conteúdo. Confira na tabela a seguir.

NOME DESCRIÇÃO CONTEÚDO

/bin binary – binário = executável Contém os comandos (arquivos binários executáveis).

Contém os drivers dos dispositivos de hardware, para comunicação do


/dev device – dispositivo = hardware
sistema operacional com o equipamento.

/home home – início Contém os arquivos dos usuários, como as bibliotecas do Windows.

Contém as bibliotecas do sistema Linux, compartilhadas por vários


/lib library – biblioteca
programas.

/usr user – usuário Contém as configurações dos usuários.

182 Tabela – Diretórios Linux, exemplos básicos


Os comandos são grafados com letras minúsculas, assim como os nomes dos diretórios. Diretórios e comandos
são algumas letras do nome do conteúdo ou ação realizada, que é um termo em inglês.
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os diretórios de uma distribuição padrão Linux.

DIRETÓRIO DESCRIÇÃO E COMENTÁRIOS

/ raiz do sistema, o diretório que ‘’guarda’’ todos os outros diretórios.

arquivos/comandos utilizados durante a inicialização do sistema e por usuários (após a inicializa-


/bin
ção). O termo BIN é referência ao tipo de informação, binário.

arquivos utilizados durante a inicialização do sistema. Boot é uma expressão comum a vários
/boot
sistemas para indicar a inicialização.

/dev drivers de controle de dispositivos. DEV vem de device, dispositivo.

/etc arquivos de configurações do computador.

/etc/sysconfig arquivos de configuração do sistema para os dispositivos.

/etc/passwd dados dos usuários, senhas criptografadas... PASSWORD = senha.

sistemas de arquivos montados no sistema (file system table – tabela do sistema de arquivos). O
/etc/fstab
sistema de arquivos do Linux pode ser EXT3, EXT4, entre outros.

/etc/group Grupos.

/etc/include header para programação em C, através do comando include.

/etc/inittab Arquivo (tabela) de configuração do init.

/etc/skel Contém os arquivos e estruturas que serão copiadas para um novo usuário do sistema.

/home pasta pessoal dos usuários comuns. Equivale às bibliotecas do sistema Windows.

/lib bibliotecas compartilhadas. LIB vem de library, biblioteca.

/lib/modules módulos externos do kernel usados para inicializar o sistema...

/misc arquivos variados (misc de miscelânea).

/mnt ponto de montagem de sistemas de arquivos (CD, floppy, partições...) MNT vem de mount, montagem.

/proc sistema de arquivos virtual com dados sobre o sistema. PROC vem de procedure.

/root diretório pessoal do root. Equivalente a pasta raiz da unidade de inicialização C:

/sbin arquivos/comandos especiais (geralmente não são utilizados por usuários comuns).

/tmp arquivos temporários.

Unix System Resources. Contém arquivos de todos os programas para o uso dos usuários de
/usr
sistemas UNIX.

/usr/bin executáveis para todos os usuários.

/usr/sbin executáveis de administração do sistema.

/usr/lib bibliotecas dos executáveis encontrados no /usr/bin.

/usr/local arquivos de programas instalados localmente.


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

/usr/man manuais.

/usr/info informações.

/usr/X11R6 Arquivos do X Window System e seus aplicativos.

/var Contém arquivos que são modificados enquanto o sistema está rodando (variáveis).

/var/lib Bibliotecas.

Contém os arquivos que armazenam informações, mensagens de erros dos programas, relatórios
/var/log
diversos, entre outros tipos de logs.

Tabela – Diretórios Linux

183
Existem sites na Internet que oferecem emuladores de Linux, para treinamento. Acesse https://bellard.org/
jslinux/ para conhecer algumas opções.

Comandos Linux

Os comandos são denominados com algumas letras que indicam a tarefa que eles realizam. Confira na tabela
a seguir:

NOME DESCRIÇÃO AÇÃO

cp copy – copiar Copiam os arquivos listados.

ls list – listar Lista os arquivos e diretório do local atual.

mv move – mover Pode mover ou renomear um arquivo ou diretório.

rm remove – remover Apagar arquivos.

vi view – visualizar Permite visualizar e editar um arquivo.

Tabela – comandos Linux, exemplos básicos

A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os comandos questionados pelas bancas organizadoras,
quando temos o item Linux no conteúdo programático.

COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO

cat arq1.txt >> arq2.txt O arq1.txt será concatenado com arq2.txt


Concatenar, juntar ou mostrar.
Os arq1.txt e arq2.txt serão unidos em
cat Exibir o conteúdo de arquivos ou cat arq1.txt arq2.txt >> arq3.txt
arq3.txt
direcioná-lo para outro.
cat arq1.txt Exibirá arq1.txt

cd Mudar diretório. cd /home Muda para o diretório /home.

Copia o arquivo teste.txt para o diretório


cp Copiar arquivos e diretórios. cp teste.txt /home
/home.

O comando cut pode ser usado para


Lê o conteúdo de um ou mais
mostrar apenas seções específicas de
cut arquivos e tem como saída uma cut arq1.txt
um arquivo de texto ou da saída de ou-
coluna vertical.
tros comandos.

Comparar e mostrar as diferen- Mostra a diferença entre os dois


diff diff arq1.txt arq2.txt
ças entre arquivos e diretórios. arquivos.

exit Sair do usuário atual. exit Sair do usuário atual.

Exibe o arq1.txt (comando cat no modo


Seleciona uma linha de texto que
grep cat arq1.txt | grep Nishimura type), com destaque para as linhas que
contenha o texto pesquisado.
contenham Nishimura.

id Informa o usuário atual. id Informa o usuário atual.

Permite listar e configurar as in-


Listar todas as interfaces (all)
ifconfig terfaces de rede (placas de rede) ifconfig -a
No Windows, o comando é ipconfig.
conectadas no computador.

init 0 Desligar
init Desligar ou reiniciar o computador.
init 6 Reiniciar

ln Criar links de arquivos. ln texto.txt Cria um atalho para o arquivo texto.txt.

Lista os arquivos e diretórios existentes


ls Listar arquivos e diretórios. ls
no diretório atual.

kill Eliminar um processo em execução. kill 998 Eliminar o processo 998.

Cria o diretório novo, dentro do diretório


mkdir Criar diretório. mkdir /home/novo
/home.

Move o arquivo texto.txt para o diretório


mv texto.txt /home
Mover e renomear arquivos e /home.
mv
diretórios. Renomeia o arquivo texto.txt para novo.
mv texto.txt novo.txt
txt.
184
COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO

passwd Mudar a senha do usuário. passwd Mudar a senha.

Listam os processos em exe-


ps cução, e com o número poderá ps Listar os processos em execução.
eliminar ele com o comando kill.

pwd Exibe o diretório atual. pwd Mostra onde estou.

rm Deletar arquivos. rm teste.txt Apaga o arquivo teste.txt

Remove o diretório novo que está no


rmdir Remover diretórios. rmdir novo
local atual.

sort Ordena o conteúdo de um arquivo. sort arq1.txt Ordena o conteúdo do arquivo arq1.txt

Executar comandos como supe- Executa o comando ps como


sudo sudo ps
rusuário. Válido por 10 min. superusuário

shutdown -r +10 Reinicia em 10 minutos


shutdown Desligar ou reiniciar o computador.
shutdown -h +5 Desliga em 5 minutos

Exibir as últimas linhas de um


tail tail arq1.txt Exibe as 10 últimas linhas de arq1.txt
arquivo.

Cria um arquivo que contém os outros,


tar Empacotar arquivos. tar teste1.txt
sem compactar.

Criar e modificar data do arqui-


Criar o arquivo vazio teste.txt com a data
touch vo. Se o arquivo não existe, ele touch teste.txt
atual.
é criado vazio, com a data atual.

Cria um novo usuário ou atualiza


Criar o usuário fernando, com os arqui-
useradd as informações padrão de um useradd fernando
vos definidos em /etc/skel
usuário no sistema Linux.

Entra em modo de visualização e edição


vi Visualizar um arquivo no editor vi teste.txt
do arquivo teste.txt

Tabela – comandos Linux

Todos os sistemas operacionais possuem recursos para a realização das mesmas tarefas. Não é correto afirmar
que um sistema é melhor que outro, sendo que eles são equivalentes em funcionalidades.

Prompt de Comandos (Windows) e Console de Comandos (Linux)

A interface que não é gráfica, ou seja, de caracteres, sempre existiu nos computadores. Mas entre o Windows e Linux exis-
tem diferenças, tanto operacionais como de comandos. Confira um comparativo de comandos entre o Linux e o Windows.

LINUX WINDOWS
Ajuda man, help ou info /?
Data e Hora date, cal ou hwclock date e time
Espaço em disco df dir
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Processos em execução ps
Finalizar processo kill
Qual o diretório atual? pwd cd
Subir um nível cd .. cd..
Diretório raiz cd / cd \
Voltar ao diretório anterior cd –
Diretório pessoal cd ~
Copiar arquivos cp copy
Mover arquivos mv move
185
LINUX WINDOWS
Renomear mv ren
Listar arquivos ls dir
Apagar arquivos rm del
Apagar diretórios rm deltree
Criar diretórios mkdir md
Alterar atributos attrib
Alterar permissões chmod
Alterar proprietário (dono) chown
Alterar grupo chgrp
Comparar arquivos e pastas diff comp
Empacotar arquivos tar
Compactar arquivos gzip compact
Alterar a senha passwd
Concatenar, juntar e mostrar cat
Mostrar, visualizar vi type
Pausa na exibição de páginas more ou less more
Interfaces de rede ifconfig ipconfig
Caminho dos pacotes tracert route
Listar todas as conexões netstat arp -a
Apagar a tela clear Cls

Concatenar comandos | |
Direcionar a entrada para um comando < <
Direcionar a saída de um comando > >
Localizar ocorrências dentro do arquivo grep
Exibir as últimas linhas do arquivo tail

Diretório raiz / (barra normal) \ (barra invertida)

Opção de um comando - (sinal de menos) / (barra normal)

SOFTWARE LIVRE E PROPRIETÁRIOS


A licença GPL (GNU – General Public Licence da Free Software Foundation – FSF) é a principal licença de softwa-
re livre que se enquadra na categoria de Licenças Recíprocas Totais. Essas licenças recíprocas totais não permitem
a geração de licenças derivadas, são compatíveis com a licença GPL e tem total reciprocidade (as alterações devem
ser informadas e, possivelmente, implementadas no software “anterior”).
Além da licença GPL, temos a licença AGPL, desenvolvida como uma derivação autorizada pela Affero Inc, para
possibilitar o licenciamento para uso de um software pela rede.

z A primeira versão da licença GPL foi redigida em 1989;


z A segunda versão (GPL 2.0) foi redigida, em 1991, e é amplamente utilizada;
z A terceira e atual versão (GPL V3) foi redigida em 2007;
z Sendo uma licença de software livre, atende às liberdades definidas pela FSF, que são:

„ Liberdade 0 – poderá executar o programa para qualquer propósito, como desejar.


„ Liberdade 1 – poderá estudar o funcionamento do programa, fazer adaptações as suas necessidades (personaliza-
ção) e ter acesso ao código-fonte.
„ Liberdade 2 – cópias poderão ser redistribuídas livremente.
„ Liberdade 3 – cópias modificadas poderão ser distribuídas livremente. A submissão das modificações imple-
186 mentadas para a comunidade desenvolvedora, poderá inserir as alterações na “versão oficial” do software.
Em uma das últimas revisões (disponível no documento, versão 1.169 de 02 de fevereiro de 2021) das Defi-
nições de Software Livre, foi explicado que o usuário tem liberdade de não executar o programa e liberdade
para excluí-lo, decorrente das quatro liberdades conhecidas, sem necessidade de declarar, separadamente, estes
requisitos.
A licença GPL é uma licença Copyleft. Novos desenvolvimentos sobre o código fonte do software livre só podem ser
distribuídos se mantiverem os princípios da licença original. Ela é “amplamente utilizada”, pois o núcleo Linux é um
exemplo de usuário da licença GPL 2.0.
Existe a recomendação para a atualização da licença do software livre GPL 2.0 para a licença GPL V3. Elas são
incompatíveis, por isso não é possível ter um software livre com ambas. A incompatibilidade não está relacionada
com a operação do software, mas com as permissões associadas.
A licença GPL 2.0 poderá atender um software livre completo, assim como a licença GPL V3 atenderá outro
software livre completo, sem problemas de compatibilidade entre eles no mesmo computador. Mas não é possível
licenciar parte de um código, como o GPL 2.0 e outra parte, como GPL V3.
Uma das principais características da licença GPL V3 em relação à 2.0 é o bloqueio às aplicações executadas
em computadores (appliances) de acordo com os critérios do fabricante. Para compreender melhor este cenário,
vamos considerar um exemplo hipotético:
A fabricante ABC tem computadores com sistema operacional fechado e privado. Os computadores ABC reconhe-
cem apenas os softwares escolhidos pela fábrica. Ao instalar um software diferente, sob licença GPL 2.0, ele poderá
ser excluído, automaticamente, pelo sistema privado do computador ABC. Entretanto, se o software possuir licença
de software livre GPL V3, não poderá ser excluído automaticamente pelo sistema.
Por que o fabricante apagaria softwares de terceiros, que o usuário instalou?
O fabricante define que o conjunto de programas que está disponível no sistema privado é suficiente para o usuá-
rio e, por isso, outras instalações serão removidas.
Quando o software está licenciado, como o GPL 2.0, poderá ser excluído automaticamente. Com GPL V3, será
excluído mediante confirmação do usuário.
Em contrapartida, os softwares proprietários são produtos licenciados e que tem seu código fechado, ou seja,
só pode ser distribuido, modificado e comercializado pelo dono da licença. O maior exemplo desse tipo de prática
podemos encontrar no Microsoft Windows, software proprietário da empresa Microsoft.

ORGANIZAÇÃO E GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS E PASTAS


No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas e algumas pastas são especiais, contendo coleções de arqui-
vos que são chamadas de Bibliotecas. Ao todo são quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos. O
usuário poderá criar Bibliotecas para sua organização pessoal, uma vez que elas otimizam a organização dos arqui-
vos e pastas, inserindo apenas ligações para os itens em seus locais originais.

Pasta com Pasta sem Pasta vazia


subpasta subpasta

O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações
dos discos de armazenamento. Por sua vez, os arquivos possuem nome e podem ter extensões.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes)
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.

TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO


Unidade de disco de armazenamento permanente, que possui um sistema de arquivos e
Disco de armazenamento
mantém os dados gravados
Estruturas lógicas que endereçam as partes físicas do disco de armazenamento. NTFS,
Sistema de Arquivos
FAT32, FAT são alguns exemplos de sistemas de arquivos do Windows.
Trilhas Circunferência do disco físico (como um hard disk HD ou unidades removíveis ópticas)
Setores São ‘fatias’ do disco, que dividem as trilhas
Clusters Unidades de armazenamento no disco, identificado pela trilha e setor onde se encontra.
Pastas ou diretórios Estrutura lógica do sistema de arquivos para organização dos dados na unidade de disco 187
TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO
Arquivos Dados. Podem ter extensões.
Pode identificar o tipo de arquivo, associando com um software que permita visualização
Extensão
e/ou edição. As pastas podem ter extensões como parte do nome.
Arquivos especiais, que apontam para outros itens computacionais, como unidades, pas-
Atalhos tas, arquivos, dispositivos, sites na Internet, locais na rede etc. Os ícones possuem uma
seta, para diferenciar dos itens originais.

O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.

Exabyte
(EB)
Petabyte
(PB)
Terabyte
(TB)
Gigabyte trilhão
Megabyte (GB)
(MB) bilhão
Kilobyte
milhão
(KB) mil
Byte
(B)

Ainda não temos discos com capacidade na ordem de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos comercial-
mente, mas quem sabe um dia... Hoje estas medidas muito altas são usadas para identificar grandes volumes de
dados na nuvem, em servidores de redes, em empresas de dados etc.
Vamos falar um pouco sobre Bytes: 1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por 8
bits, que são sinais elétricos (que vale zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário para repre-
sentação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no dispositivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação gravada na
memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 bits de informação.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Um plano de dados de celular oferece um
pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até 5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão Wi-Fi de sua
residência está operando em 150 Mbps, ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por segundo, e um arqui-
vo com 75 MB de tamanho levará 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo para o roteador wireless.

Importante!
O tamanho dos arquivos no Windows 10 é exibido em modo de visualização de Detalhes, nas Propriedades
(botão direito do mouse, menu de contexto) e na barra de status do Explorador de Arquivos. Poderão ter as
unidades KB, MB, GB, TB, indicando quanto espaço ocupam no disco de armazenamento.

Quando os computadores pessoais foram apresentados para o público, a árvore foi usada como analogia para
explicar o armazenamento de dados, criando o termo “árvore de diretórios”.

Documentos
Imagens Folhas
Músicas Flores
Vídeos Frutos

Pastas e subpastas Tronco e galhos

Diretório raiz Raiz

188 Árvore de diretórios


No Windows 10, a organização segue a seguinte definição:

z Pastas

„ Estruturas do sistema operacional: Arquivos de Programas (Program Files), Usuários (Users), Windows.
A primeira pasta da undiade é chamada raiz (da árvore de diretórios), representada pela barra inverti-
da: Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas
Músicas) – bibliotecas
„ Estruturas do Usuário: Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos),
Músicas (Minhas Músicas) – bibliotecas
„ Área de Trabalho: Desktop, que permite acesso à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos, programas e
atalhos.
„ Lixeira do Windows: Armazena os arquivos de discos rígidos que foram excluídos, permitindo a recupe-
ração dos dados.

z Atalhos

„ Arquivos que indicam outro local: Extensão LNK, podem ser criados arrastando o item com ALT ou CTR-
L+SHIFT pressionado.

z Drivers

„ Arquivos de configuração: Extensão DLL e outras, usadas para comunicação do software com o hardware

O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que antes era Windows Explorer) para o gerenciamento de pastas
e arquivos. Ele é usado para as operações de manipulação de informações no computador, desde o básico (formatar
discos de armazenamento) até o avançado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado para executar o Explorador de Arquivos.
Como o Windows 10 está associado a uma conta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), o
usuário tem disponível um espaço de armazenamento de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador de
Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a nuvem. Ao inserir arquivos ou
pastas no OneDrive, eles serão enviados para a nuvem e sincronizados com outros dispositivos que estejam conec-
tados na mesma conta de usuário.
Os atalhos são representados por ícones com uma seta no canto inferior esquerdo, e podem apontar para um
arquivo, pasta ou unidade de disco. Os atalhos são independentes dos objetos que os referenciam, portanto, se
forem excluídos, não afetam o arquivo, pasta ou unidade de disco que estão apontando.
Podemos criar um atalho de várias formas diferentes:

z Arrastar um item segurando a tecla Alt no teclado, e ao soltar, o atalho é criado;


z No menu de contexto (botão direito) escolha “Enviar para... Área de Trabalho (criar atalho);
z Um atalho para uma pasta cujo conteúdo está sendo exibido no Explorador de Arquivos pode ser criado na
área de trabalho arrastando o ícone da pasta, mostrado na barra de endereços e soltando-o na área de trabalho.

Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos somente leitura... os atributos dos itens podem ser definidos
pelo item Propriedades no menu de contexto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham o atributo
oculto, desde que ajuste a configuração correspondente.

EDITORES DE TEXTO
MS – WORD2016 OU SUPERIOR

Estrutura Básica dos Documentos


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os documentos produzidos com o editor de textos Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:

z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Microsoft Word 2007 e superiores. Os documentos são arquivos
editáveis pelo usuário, que podem ser compartilhados com outros usuários para edição colaborativa;
z Os Modelos (Template), com extensão DOTX contém formatações que serão aplicadas aos novos documentos
criados a partir dele. O modelo é usado para a padronização de documentos;
z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM (Document Template Macros – modelo de documento com macros).
Os macros são códigos desenvolvidos em Visual Basic for Applications (VBA) para a automatização de tarefas;
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo a orientação, o tamanho do papel e margens. As princi-
pais definições estão na guia layout, mas é possível encontrar algumas definições na guia design.
z Seção: divisão de formatação do documento, onde cada parte tem a sua configuração. Sempre que forem usa-
das configurações diferentes, como margens, colunas, tamanho da página, orientação, cabeçalhos, numeração
de páginas, entre outras, as seções serão usadas. 189
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de formatação. Finalizado com a tecla Enter, contendo formata-
ção independente do parágrafo anterior e do parágrafo seguinte;
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for finalizado com
quebra de linha, a configuração atual permanece na próxima linha;
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, caracteres de formatação etc.

Os arquivos produzidos nas versões anteriores do Word são abertos e editados nas versões atuais. Arquivos de
formato DOC são abertos em Modo de Compatibilidade, todavia alguns recursos são suspensos. Para usar todos os
recursos da versão atual, é necessário “Salvar como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão ser editados pelas versões antigas do Office, desde que ins-
tale um pacote de compatibilidade, disponível para download no site da Microsoft.
Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft Word, desde a
versão 2013, possui o recurso “Refuse PDF”, que permite editar um arquivo PDF como se fosse um documento do
Word.
Durante a edição de um documento, o Microsoft Word:

z Faz a gravação automática dos dados editados enquanto o arquivo não tem um nome ou local de armazenamento
definidos. Depois, se necessário, o usuário poderá “Recuperar documentos não salvos”;
z Faz a gravação automática de auto recuperação dos arquivos em edição que tenham nome e local definidos,
permitindo recuperar as alterações que não tenham sido salvas;
z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Salvamento automático”, associado à conta Microsoft, para
armazenamento na nuvem Microsoft OneDrive. Como na versão on-line, a cada alteração, o salvamento será
realizado.
z O formato de documento RTF (Rich Text Format) é padrão do acessório do Windows chamado WordPad, e por
ser portável, também poderá ser editado pelo Microsoft Word.

Dica
Em questões de informática, as extensões dos arquivos produzidos pelo usuário costumam ser questionadas
com regularidade.

z Ao iniciar a edição de um documento, o modo de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de Impressão”.
O documento será mostrado na tela da mesma forma que será impresso no papel;
z O Modo de Leitura permite visualizar o documento sem outras distrações, como, por exemplo, a Faixa de
Opções com os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a barra de título continua sendo exibida;
z O modo de exibição “Layout da Web” é usado para visualizar o documento como ele seria exibido se estivesse
publicado na Internet como página web;
z Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de Títulos serão mostrados, auxiliando na organização dos blocos
de conteúdo;
z O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”, exibe o conteúdo de texto do documento sem os elementos
gráficos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele;
z Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemento da
interface do Microsoft Office;

Guia atual
Acesso rápido
Item com listagem

Guias ou abas

Caixa de diálogo do grupo Grupo Ícone com opções

z Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado;
z A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos, como será mostrado na tabela a seguir:

190
GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

Recortar

Copiar
Área de Transferência
Colar

Pincel de Formatação
Página Inicial

Nome da fonte

Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte

Diminuir fonte

Folha de Rosto

Páginas Página em Branco

Quebra de Página

Inserir Tabelas Tabela

Imagem

Ilustrações Imagens Online

Formas

Importante!
As bancas priorizam o conhecimento dos candidatos acerca do uso dos recursos para a produção de arqui-
vos (parte prática dos programas). Nas questões de editores de textos, a produção de documentos formata-
dos com imagens ilustrativas no formato antes/depois são os assuntos mais abordados.

z As guias possuem uma organização lógica sequencial das tarefas que serão realizadas no documento, desde o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

início até a visualização do resultado final, como veremos na tabela a seguir:

BOTÃO/GUIA DICA
Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, salvar e enviar
Tarefas iniciais: O início do documento, acesso à área de transferência, formatação de fontes,
Página Inicial
parágrafos e formatação do conteúdo da página
Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe no documento, tabela, ilustrações
Inserir
e instantâneos
Layout da Página Configuração da página: Formatação global do documento e formatação da página
Design Reúne formatação da página e plano de fundo
Referências Índices e acessórios: Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários etc.
191
BOTÃO/GUIA DICA
Correspondências Mala direta: Cartas, envelopes, etiquetas, e-mails e diretório de contatos
Correção do documento: Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de
Revisão
alterações, comentários, comparar, proteger etc.
Exibir Visualização: Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?

EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados por meio das opções da guia referências, que estão disponíveis, na Microsoft
Word, na guia Página Inicial.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o “modelo de formata-
ção no texto”, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação. O conteúdo
não será copiado, somente a formatação. Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários
locais até pressionar a tecla Esc ou iniciar uma digitação.

Seleção

Utilizando-se do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, pará-
grafos e até o documento inteiro.

Dica
Assim como no Windows, as operações com mouse e teclado também são questionadas nos programas do
Microsoft Office. Entretanto, por terem conteúdos distintos (textos, planilhas e apresentações de slides), a
seleção poderá ser diferente para algumas ações.

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO


- Ctrl+T Selecionar tudo Seleciona o documento
Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor
Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra
Botão principal - 3 cliques na palavra Seleciona o parágrafo
Botão principal - 1 clique na margem Selecionar a linha
Botão principal - 2 cliques na margem Seleciona o parágrafo
Botão principal - 3 cliques na margem Seleciona o documento
- Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início da linha
- Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final da linha
- Ctrl+Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início do documento
- Ctrl+Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final do documento
Botão principal Ctrl Seleção individual Palavra por palavra
Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local
Botão principal pressionado Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
Seleção vertical, iniciando no local do
Botão principal pressionado Alt Seleção bloco
cursor

Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia a dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
ele criará um texto “aleatório” com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.

CABEÇALHOS

Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, grupo Cabeçalho e Rodapé23.
Poderá ser igual em toda a extensão do documento, diferente nas páginas pares e ímpares (para frente e verso),
mesmo que a seção anterior, diferente para cada seção do documento, não aparecer na primeira página, entre
várias opções de personalização.
23 O grupo Cabeçalho e Rodapé permite a inserção de um Cabeçalho (na margem superior), Rodapé (na margem inferior) e Número de Página
192 (no local do cursor, na margem superior, na margem inferior, na margem direita/esquerda)
Os cabeçalhos aceitam elementos gráficos, como tabelas e ilustrações.
A formatação de cabeçalho e rodapé, é diferente entre os programas do Microsoft Office. No Microsoft Word o
cabeçalho tem 1 coluna. No Excel, são 3 colunas. No Microsoft PowerPoint... depende, podendo ter 2 ou 3 colunas.
A numeração de páginas poderá ser inserida no cabeçalho e/ou rodapé.

(Digite aqui)

(Digite aqui) (Digite aqui) (Digite aqui)

PARÁGRAFOS

Edição e Formatação de Parágrafos

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter. Um parágrafo poderá ter diferentes for-
matações. Confira:

z Marcadores: símbolos no início dos parágrafos;


z Numeração: números ou algarismos romanos ou letras, no início dos parágrafos;
z Aumentar recuo: aumentar a distância do texto em relação à margem;
z Diminuir recuo: diminuir a distância do texto em relação à margem;
z Alinhamento: posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado;
z Espaçamento entre linhas: distância entre as linhas dentro do parágrafo;
z Espaçamento antes: distância do parágrafo em relação ao anterior;
z Espaçamento depois: distância do parágrafo em relação ao seguinte;
z Sombreamento: preenchimento atrás do parágrafo;
z Bordas: linhas ao redor do parágrafo.

Recuo especial de primeira linha –


apenas a primeira linha será deslocada
em relação à margem
Margem esquerda Margem direita

Recuo deslocamento – as linhas serão


Recuo esquerdo – todas as linhas deslocadas em relação à margem
serão deslocadas em relação esquerda, exceto a primeira linha Recuo direito – todas as linhas
à margem esquerda serão deslocadas em relação
à margem direita
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os editores de textos, recursos que conhecemos no dia a dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:

z Recuo: distância do texto em relação à margem;


z Realce: marca-texto, preenchimento do fundo das palavras;
z Sombreamento: preenchimento do fundo dos parágrafos;
z Folha de Rosto: primeira página do documento, capa;
z SmartArt: diagramas, representação visual de dados textuais;
z Orientação: posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem;
z Quebras: são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas;
193
z Sumário: índice principal do documento.

Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar
tudo).

CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR MICROSOFT WORD


Tecla(s) Ícone Ação Visualização

Quebra de Parágrafo: muda de parágrafo e pode mudar a


Enter -
formatação

Quebra de Linha: muda de linha e mantém a formatação


Shift+Enter -
atual

Quebra de página: muda de página, no local atual do cur-


Ctrl+Enter ou sor. Disponível na guia Inserir, grupo Páginas, ícone Que-
Ctrl+Return bra de Página, e na guia Layout, grupo Configurar Página,
ícone Quebras
Quebra de coluna: indica que o texto continua na próxima
Ctrl+Shift+Enter coluna. Disponível na guia Layout, grupo Configurar Pági-
na, ícone Quebras

Separador de Estilo – usado para modificar o estilo no


Ctrl+Alt+ Enter -
documento

Insere uma marca de tabulação (1,25cm). Se estiver no


TAB
início de um texto, aumenta o recuo

- - Fim de célula, linha ou tabela

Espaço Espaço em branco

Ctrl+Shift+
Espaço em branco não separável
Espaço

- - Texto oculto (definido na caixa Fonte, Ctrl+D)

- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

FONTES

Edição e Formatação de Fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
As formatações de fontes estão disponíveis no grupo Fonte, da guia Página Inicial.

194
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana, são os
mais comuns. Para facilitar o acesso a essas fontes, o atalho de teclado é: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Vejamos, agora, alguns atalhos de teclado:

z Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo teclado com Ctrl+Shift+<
para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte;
z Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e
sublinhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as
palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)

A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito.
Por sua vez, Sombra é um efeito independente, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos
Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devendo ser individuais.
Para finalizar esse assunto, temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro
de si mesmo. Temos, então, Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem
considerar os espaços entre as palavras) etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

Dica
As questões sobre Fontes são práticas. Portanto, se puder praticar no seu computador, será melhor para a
memorização do tema. As questões são independentes da versão, portanto poderá usar o Word 2007 ou
Word 365, para testar as questões de Word 2016.

COLUNAS

O documento inicia com uma única coluna. Em Layout da Página podemos escolher outra configuração, além
de definir opções de personalização.
As colunas poderão ser definidas para a seção atual (divisão de formatação dentro do documento) ou para o
documento inteiro. Assim como os cadernos de provas de concursos, que possuem duas colunas, é possível inserir
uma “Linha entre colunas”, separando-as ao longo da página.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

195
MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS

• Usados por parágrafos, apresentam símbolos no início de cada, do lado esquerdo;


o Podem ser círculos preenchidos (linha acima), ou círculos vazios, como esta
 Outra forma de apresentação são os quadrados, ou então...
O desenho do Office;
 Um símbolo neutro;
 Setas;
 Check ou qualquer símbolo que o usuário deseja personalizar.

Biblioteca de Marcadores

Nenhum

Marcadores de Documento

Alterar Nível de Lista

Definir Novo Marcador...

Ao pressionar duas vezes “Enter”, sairá da formatação dos marcadores simbólicos, retornando ao Normal.
Os marcadores numéricos são semelhantes aos marcadores simbólicos, mas com números, letras ou algaris-
mos romanos. Podem ser combinados com os Recuos de parágrafos, surgindo o formato Múltiplos Níveis.

NÚMEROS LETRAS ROMANOS MÚLTIPLOS NÍVEIS


1. Exemplo a. Exemplo i. Exemplo 1) Exemplo
2. Exemplo b. Exemplo ii. Exemplo a) Exemplo
3. Exemplo c. Exemplo iii. Exemplo 2) Exemplo
4. Exemplo d. Exemplo iv. Exemplo a) Exemplo

Para trabalhar com a formatação de marcadores Múltiplos níveis, o digitador poderá usar a tecla “TAB” para
aumentar o recuo, passando os itens do primeiro nível para o segundo nível. E também pelo ícone “Aumentar
recuo”, presente na guia Página Inicial, grupo Parágrafo. Usando a régua, pode-se aumentar o recuo também.

Dica
Ao teclar “Enter” em uma linha com marcador ou numeração, mas sem conteúdo, você sai do recurso, voltan-
do à configuração normal do parágrafo. Se forem listas numeradas, itens excluídos dela provocam a renume-
ração dos demais itens.

TABELAS

As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por
células, podendo conter, também, fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma
planilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de
Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
196 matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma
única), Dividir células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando
elementos horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente esses
itens são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo “extrapola” os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.

Confira, na tabela a seguir, algumas das diferenças entre o Word e o Excel:

WORD EXCEL
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos Somente o conteúdo da primeira célula será mantido
Em inglês, com referências direcionais
Tabela, Fórmulas Em português, com referências posicionais =SOMA(A1:A5)
=SUM(ABOVE)
Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente Recalcula automaticamente e manualmente (F9)
Tachado Texto Não tem atalho de teclado Atalho: Ctrl+5
Quebra de linha
Shift+Enter Alt+Enter
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

manual
Pincel de Copia apenas a primeira formatação da
Copia várias formatações diferentes
Formatação origem
Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte Duplica a informação da célula acima
Ctrl+E Centralizar Preenchimento Relâmpago
Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo) Ir para...
Ctrl+R Repetir o último comando Duplica a informação da célula à esquerda
F9 Atualizar os campos de uma mala direta Atualizar o resultado das fórmulas
F11 - Inserir gráfico
Finaliza a entrada na célula e mantém o cursor na célula
Ctrl+Enter Quebra de página manual
atual
197
WORD EXCEL
Alt+Enter Repetir digitação Quebra de linha manual
Finaliza a entrada na célula e posiciona o cursor na célula
Shift+Enter Quebra de linha manual
acima da atual, se houver
Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas Inserir função

IMPRESSÃO

Disponível no menu Arquivo e pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Alt+I, Visualizar Impressão), a impres-
são permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do Painel
de Controle.
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Imprimir Sele-
ção, Imprimir Página Atual, imprimir as Propriedades), quais serão as páginas (números separados com ponto e
vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por traço uma sequência de páginas, com a letra s uma
seção específica, e com a letra p uma página específica).
Havendo a possibilidade, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso automático, ou manual.
O agrupamento das páginas permite que várias cópias sejam impressas uma a uma, enquanto Desagrupado, as
páginas são impressas em blocos.
As configurações de Orientação (Retrato ou Paisagem), Tamanho do Papel e Margens, podem ser escolhidas no
momento da impressão, ou antes, na guia Layout da Página. A última opção em Imprimir possibilita a impressão
de miniaturas de páginas (várias páginas por folha) em uma única folha de papel.

198
CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS

As quebras são divisões e podem ser do tipo Página ou de Seção.


Além disso, elas podem ser automáticas, como quando formatamos um texto em colunas, todavia, elas tam-
bém podem ser manuais, como Ctrl+Enter para quebra de página, Shift+Enter para quebra de linha, Ctrl+Shift+En-
ter para quebra de coluna, e outras.

Dica
Se envolvem configurações diferentes, temos Quebras.
Cabeçalhos diferentes... quebras inseridas. Colunas diferentes... quebras inseridas. Tamanho de página dife-
rente... quebra inserida.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Numeração de Páginas

Disponível na guia Inserir permite que um número seja apresentado na página, informando a sua numeração
em relação ao documento.
Combinado com o uso das seções, a numeração de página pode ser diferente em formatação a cada seção do
documento, como no caso de um TCC.

199
Conforme observado na imagem acima, o número de página poderá ser inserido no Início da Página (cabeça-
lho), ou no Fim da página (rodapé), ou nas margens da página, e na posição atual do cursor.

LEGENDAS

Uma legenda é uma linha de texto exibida abaixo de um objeto para descrevê-lo. Podem ser usadas em Figuras
(que inclui Ilustrações) ou Tabelas.
Disponível na guia Referências (índices), as legendas podem ser inseridas na configuração padrão ou persona-
lizadas. Depois, podemos criar um índice específico para elas, que será o Índice de Ilustrações.
No final do grupo Legendas, da guia Referências, no Word, encontramos o ícone “Referência Cruzada”. Em
alguns textos, é preciso citar o conteúdo de outro local do documento. Assim, ao criar uma referência cruzada, o
usuário poderá ir para o local desejado pelo autor e a seguir retornar ao ponto em que estava antes.

ÍNDICES

Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.


Os índices podem ser construídos a partir dos Estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente por
meio da adição de itens manualmente.

z Sumário: principal índice do documento;


z Notas de Rodapé: inseridas no final de cada página, não formam um índice, mas ajudam na identificação de
citações e expressões;
z Notas de Fim: inseridas no final do documento, semelhante a Notas de Rodapé;
z Citações e Bibliografia: permite a criação de índices com as citações encontradas no texto, além das Referên-
cias Bibliográficas segundo os estilos padronizados;
z Legendas: inseridas após os objetos gráficos (ilustrações e tabelas), podem ser usadas para criação de um
Índice de Ilustrações;
z Índice: para marcação manual das entradas do índice;
z Índice de Autoridades: formato próprio de citação, disponível na guia Referências.

200
Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.

Dica
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).

INSERÇÃO DE OBJETOS

Disponíveis na guia Inserir, os objetos que poderiam ser inseridos no documento estão organizados em
categorias:

z Páginas: objetos em forma de página, como a capa (Folha de Rosto), uma Página em Branco ou uma Quebra de
Página (divisão forçada, quebra de página manual, atalho Ctrl+Enter);
z Tabela: conforme comentado anteriormente, organizam os textos em células, linhas e colunas;
z Ilustrações: Imagem (arquivos do computador), ClipArt (imagens simples do Office), Formas (geométricas),
SmartArt (diagramas), Gráfico e Instantâneo (cópia de tela ou parte da janela).

Na sequência dos objetos para serem inseridos em um documento, encontramos:

z Links: indicado para acessar a Internet via navegador ou acionar o programa de e-mail ou criação de referên-
cia cruzada;
z Cabeçalho e Rodapé;
z Texto: elementos gráficos como Caixa de Texto, Partes Rápidas (com organizador de elementos do documen-
to), WordArt (que são palavras com efeitos), Letra Capitular (a primeira letra de um parágrafo com destaque),
Linha de Assinatura (que não é uma assinatura digital válida, dependendo de compra via Office Marketplace),
Data e Hora, ou qualquer outro Objeto, desde que instalado no computador;
z Símbolos: inserção de Equações ou Símbolos especiais.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CAMPOS PREDEFINIDOS

Estes campos são objetos disponíveis na guia Inserir que são predefinidos. Após a configuração inicial, são
inseridos no documento.
Além da configuração da Linha de Assinatura, existem outras opções, como Data e Hora, Objeto e dentro do
item Partes Rápidas, no grupo Texto, da guia Inserir, a opção Campo.
Entre as categorias disponíveis, encontramos campos para automação de documento, data e hora, equações e
fórmulas, índices, informação sobre o documento, informações sobre o usuário, mala direta, numeração, vínculos
e referências.
201
CAIXAS DE TEXTO

Possibilita a inserção de caixas de textos pré-formatadas, ou desenhar no documento, aceitando configurações


de direção de texto (semelhante a uma tabela) e também configurações de bordas e sombreamento, semelhante
a uma Forma.
Qualquer forma geométrica composta poderá ser caixa de texto.
Uma nova guia de opções será apresentada após a última, denominada Ferramentas de Caixa de Texto, permi-
tindo Formatar os elementos de Texto e do conteúdo da Caixa de Texto.
Nas opções disponibilizadas, será possível controlar o texto (direção do texto), definir estilos de caixa de texto
(preenchimento da forma, contorno da forma, alterar forma, estilos predefinidos), efeitos de sombra e efeitos 3D.

Nova Concursos

Atalhos de Teclado – Word 2016 ou Superior

ATALHO AÇÃO
Ctrl+A Abrir: carrega um arquivo da memória permanente para a memória RAM

Salvar: grava o documento com o nome atual, substituindo o anterior. Caso não tenha nome, será
Ctrl+B
mostrado “Salvar como”

Ctrl+C Copiar: o texto selecionado será copiado para a Área de Transferência

Ctrl+D Formatar Fonte

Ctrl+E Centralizar: alinhamento de texto entre as margens

Ctrl+F Limpar formatação do parágrafo.

Ctrl+G Alinhar à direita: alinhamento de texto na margem direita

Ctrl+I Estilo Itálico

Ctrl+J Justificar: alinhamento do texto distribuído uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Ctrl+L Localizar: procurar uma ocorrência no documento

Ctrl+M Aumentar recuo

Ctrl+N Estilo Negrito


202
ATALHO AÇÃO
Ctrl+O Novo documento

Ctrl+P Impressão rápida (imprimir na impressora padrão)

Ctrl+Q Alinhar à esquerda: alinhamento de texto na margem esquerda

Ctrl+R Refazer

Ctrl+S Estilo Sublinhado simples

Ctrl+Shift+ > Aumentar o tamanho da fonte

Ctrl+Shift+ < Reduzir o tamanho da fonte

Pincel de Formatação: para copiar a formatação de um local e aplicá-la a outro, seja no mesmo
Ctrl+Shift+C
documento ou outro aberto. Para colar a formatação copiada, use Ctrl+Shift+V.

Ctrl e = Formatação de Fonte = Subscrito

Ctrl e Shift e + Formatação de Fonte = Sobrescrito

Ctrl+T Selecionar tudo: seleciona todos os itens

Ctrl+U Substituir: procurar uma ocorrência e trocar por outra

Ctrl+V Colar: o conteúdo da Área de Transferência é inserido no local do cursor

Ctrl+X Recortar: o selecionado será movido para a Área de Transferência

Ctrl+Z Desfazer

F1 Ajuda

F5 Ir para (navegador de páginas, seção etc)

F7 Verificar ortografia e gramática: procurar por erros ou excesso de digitação no texto

Shift+F1 Revelar formatação

Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas

LIBREOFFICE WRITER

A interface da versão 6 é mais ‘leve’ que a interface da versão 5. O fundo cinza escuro deu lugar a um fundo
cinza claro, com redesenho dos ícones, ficando mais parecido com o Word 2016.
A versão 7 adaptou alguns ícones para o padrão Português Brasil (antes o negrito era B, agora é N).
O LibreOffice Writer é integrado com os demais programas do pacote, permitindo a inserção de fórmulas avan-
çadas de cálculos do LibreOffice Calc em uma tabela do documento de textos, por exemplo.
O LibreOffice Writer grava documentos com a extensão ODT, mas também poderá gravar em outros formatos
como DOCX, RTF, TXT e PDF. Os formatos que são gravados pelo programa, também poderão ser abertos por ele.

Importante!
O que você faz no Word, você faz no Writer. Quase tudo tem correspondente entre os aplicativos. Alguns
atalhos de teclado são diferentes, alguns nomes de comandos são diferentes, mas a maioria dos itens são
iguais.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O botão abc é usado para fazer a verificação ortográfica (atalho F7). Para realizar a auto verificação ortográ-
fica o atalho é Shift+F7. A auto verificação ortográfica é para correção automática de todos os erros do documento
segundo as configurações predeterminadas pelo editor de textos Writer.
O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma pala-
vra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho) ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado verde). Já
a autocorreção é um recurso diferente, que permite substituir erros comuns, como a ausência de maiúscula no
início de uma frase, corrigir o uso acidental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre maiúscula e minúscu-
la), acentuação na palavra não (quando digitamos naõ), e principalmente a substituição de símbolos por palavras,
definidos pelo usuário, no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção.

203
Estrutura básica dos documentos

Os documentos do LibreOffice Writer possuem a seguinte estrutura básica, semelhante aos conceitos do Micro-
soft Word e conceitos:

z Documentos: arquivos ODT (Open Document Text). Os documentos são arquivos editáveis pelo usuário. Os
Modelos, com extensão OTT (Open Template Text), contém formatações que serão aplicadas aos novos documen-
tos criados a partir dele.
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo o tamanho do papel e margens. Definições estão no menu
Formatar, item Estilo da Página..., guia Página.

A4

z Seção: divisão de formatação do documento, onde cada parte tem a sua configuração. Sempre que forem
usadas configurações diferentes, como margens, colunas, tamanho, etc., as seções serão usadas. Disponível no
menu Inserir, item Seção...
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de formatação. Finalizado com Enter, contém formatação indepen-
dente do parágrafo anterior, e do parágrafo seguinte.
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for finalizado com
Quebra de Linha, a configuração de formatação atual permanece na próxima linha.
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, caracteres de formatação, etc. Podemos definir a formata-
ção do texto no menu Formatar, item Texto (nas versões anteriores era Caractere). E podemos escolher em Tex-
to. A novidade na versão 5 é que o menu Texto já exibe na lista todos os estilos e efeitos disponíveis no editor.

Edição e formatação de textos

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos parágra-
fos e nas páginas. O LibreOffice Writer tem todos estes recursos, como o Microsoft Word.
A seguir, conheça alguns exemplos. Cada texto contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou configuração
aplicada.

Edição e formatação de Fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier New, Ver-
dana, são os mais comuns.
Ao lado do nome da fonte, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente.
Se quiser, digite o valor específico que deseja.
Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular Caixa”.
Shift+F3 para alternar pelo teclado.
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível
na barra de formatação de Caracteres.
E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.
Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Formatar,
204 Texto. Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.
ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Negrito Ctrl+N Ctrl+B (Bold) Exemplo de Texto

Itálico Ctrl+I Ctrl+I (Italic) Exemplo de Texto

Sublinhado (simples) Ctrl+S Ctrl+U (Underline) Exemplo de Texto

Sublinhado duplo - - Ctrl+D (Double) Exemplo de Texto

Tachado (simples) - - Exemplo de Texto

Tachado duplo Fonte (Ctrl+D) Formatar, Texto Exemplo de Texto

Sobrelinha - - - Exemplo de Texto

Sobrescrito Ctrl+Shift+mais Ctrl+Shift+P Exemplo de Texto

Subscrito Ctrl+ igual Ctrl+Shift+B Exemplo de Texto

Sombra - - Exemplo de Texto

Contorno - - Exemplo de Texto

Aumentar tamanho Ctrl+Shift+ponto Ctrl + ] Exemplo de Texto

Diminuir tamanho Ctrl+Shift+vírgula Ctrl + [ Exemplo de Texto

Maiúsculas EXEMPLO DE TEXTO

Minúsculas exemplo de texto

Alternar (Circular caixa) Shift+F3 Shift+F3 Exemplo de Texto

Versalete - Ctrl+Shift+K - Exemplo de Texto

Limpar formatação - Ctrl+M Exemplo de Texto

Cor da Fonte - - Exemplo de Texto

Realce de Texto - - Exemplo de Texto


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).

Atalhos de teclado dos editores de textos

Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos, está relacionada
com os atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situação.
Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima letra está dispo-
nível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer. 205
ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS

Ctrl+A Abrir Selecionar tudo (All) Selecionar tudo (All)

Ctrl+B Salvar Negrito (Bold) Negrito (Bold)

Ctrl+D24 Formatar Fonte Sublinhado Duplo (Double) -

Ctrl+E Centralizar Centralizar Ctrl+Shift+E

Ctrl+F - Localizar (Find) Localizar na página

Ctrl+G25 Alinhar texto à direita Ir para (Go To) Ctrl+Shift+R

Ctrl+H Localizar e Substituir

Ctrl+I Itálico Itálico Itálico

Ctrl+J26 Justificado Justificado Ctrl+Shift+J

Barra de endereços do
Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink
navegador

Ctrl+L27 Localizar Alinhar texto à esquerda (Left) Ctrl+Shift+L

Ctrl+M Aumentar recuo28 Limpar formatação direta Ctrl+\

Ctrl+N29 Negrito Novo documento (New) -

Ctrl+O Novo documento Abrir documento (Open) Abrir documento (Open)

Ctrl+Q Alinhar texto à esquerda Sair do LibreOffice (Quit) -

Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)

Ctrl+S Sublinhado Salvar documento (Save) Salvar página web

Ctrl+U Localizar e Substituir Sublinhado (Underline) Sublinhado (Underline)

Ctrl+Y Ir para Repetir último comando Repetir último comando

Ctrl+igual30 Subscrito Ctrl+Shift+B Ctrl+vírgula

Ctrl+Shift+mais Sobrescrito Ctrl+Shift+P Ctrl+ponto final

Ctrl+Shift+V Colar Especial Colar Especial Colar sem formatação

Ctrl+Alt+Shift+V Colar sem formatação

Shift+F331 Maiúsculas e Minúsculas Maiúsculas e Minúsculas -

Importante!
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador, do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.

No LibreOffice Writer, o atalho F5 aciona o Navegador, que permite a navegação para:

z Página;
z Títulos;
z Tabelas;
z Quadros;
24 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
preferidos do usuário.
25 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
26 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
arquivos que foram baixados (Downloads).
27 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
28 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
29 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação.
30 O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página.
206 31 O atalho F3 no navegador aciona a pesquisa, e Shift+F3 também.
z Objetos OLE;
z Marca-páginas;
z Seções;
z Hiperlinks;
z Referências;
z Índices;
z Anotações;
z Objetos de Desenho;
z Controle;
z Fórmula de tabela;
z Fórmula de tabela incorreta;

A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+A Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Selecionar a frase

Botão principal - 4 cliques na palavra Seleciona o parágrafo

Cabeçalhos

Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, Cabeçalho e rodapé.
Assim como no Word, é possível trabalhar com configurações diferentes dentro do mesmo documento. Para
isto, use as seções para dividir a formatação do documento.
Esta região aceitará qualquer elemento que seria usado no documento, como textos, imagens, tabelas, campos,
formas geométricas, hiperlinks, entre outros.

Inserir

Cabeçalho e rodapé Cabeçalho

Diferentemente da interface do Microsoft Word, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e ícones,
o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreender a
sequência de comandos e menus do Writer. As dicas são válidas para o LibreOffice Calc e LibreOffice Impress.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MENU SIGNIFICADO

Permitem acesso às configurações de arquivo sobre o documento atual (novo, abrir, fechar, salvar,
Arquivo
imprimir, propriedades).

Permite acesso à Área de Transferência, além das opções temporárias (localizar, substituir, selecio-
Editar
nar) e área de transferência do Windows/Linux,

Permite a configuração dos objetos que serão exibidos na tela do aplicativo. Modos de visualização,
Exibir
interface do usuário, elementos da tela de edição, Marcas de Formatação, Barra Lateral e Zoom

Permite adicionar um item que não existe no documento atual. Adicionar qualquer objeto no arquivo
Inserir atualmente editado. Se este objeto é atualizável, será um campo. Elementos da página, elementos
gráficos, elementos visuais, referências e índices, elementos de mala direta e cabeçalho e rodapé.
207
MENU SIGNIFICADO

Formatar significa dar um formato a um objeto que já existe. Parágrafo, estilos, marcadores e numera-
Formatar
ção, tabulações, etc. Permite alterar elementos editáveis do documento.

Os estilos são formatações predefinidas para serem usadas no texto. Posteriormente poderão ser
Estilos
organizadas em um índice.

Disponibilizam ferramentas para o trabalho com tabelas, segundo as convenções próprias do recurso.
Tabelas
Ao incluir uma tabela no documento, a barra de ícones Tabela será exibida.

Permite a edição e programação de formulários diretamente no documento aberto, para entrada de


Formulários
dados padronizados.

Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em todos os próxi-


Ferramentas
mos arquivos editados pelo aplicativo.

Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos em edição.

Impressão

Disponível no menu Arquivo, e também pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar Impressão),
a impressão permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do
Painel de Controle (ou Configurações, no caso do Windows 10).
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas especí-
ficas), quais serão as páginas (números separados com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por
traço uma sequência de páginas).

Havendo a possibilidade disponível na impressora, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso
automático, ou manual. Ao contrário do Word, que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o Writer divide
em guias as opções da impressão.

PLANILHAS ELETRÔNICAS
MS-OFFICE 2016 OU SUPERIOR

As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde a cria-
ção de uma agenda de compromissos, passando pelo controle de ponto dos funcionários e folha de pagamento, ao
controle de estoque de produtos e base de clientes. Diversas funções internas oferecem os recursos necessários
para a operação.
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A
208 atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o Office 2007, e permanece até hoje.
O Microsoft 365 é o pacote de aplicações para escritório que possui a versão online acessada pelo navegador de
Internet e a versão de instalação no dispositivo. O Microsoft 365, ou Office 365 como era nomeado até pouco tempo
atrás, é uma modalidade de aquisição da licença de uso mediante pagamentos recorrentes. O usuário assina o ser-
viço, disponibilizado na nuvem da Microsoft, e enquanto perdurarem os pagamentos, poderá utilizar o software.

Importante!
As planilhas de cálculos não são bancos de dados. Muitos usuários armazenam informações (dados) em
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de dados, porém o Microsoft Access é o software do
pacote Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um banco de dados tem informações armazenadas
em registros, separados em tabelas, conectados por relacionamentos, para a realização de consultas.

Guias – Excel

BOTÃO/GUIA LEMBRETE

Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar

Tarefas iniciais: O início do trabalho, acesso à Área de Transferência (Colar Especial), forma-
Página Inicial
tação de fontes, células, estilos etc.

Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe. Tabela, Ilustrações, Instantâ-
Inserir
neos, Gráficos, Minigráficos, Símbolos etc.

Layout da Página Configuração da página: Formatação global da planilha, formatação da página

Funções: Permite acesso a biblioteca de funções, gerenciamento de nomes, auditoria de


Fórmulas
fórmulas e controle dos cálculos

Informações na planilha: Possibilitam obter dados externos, classificar e filtrar, além de ou-
Dados
tras ferramentas de dados

Correção do documento: Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle
Revisão
de alterações, comentários, proteger etc.

Exibição Visualização: Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?

Atalhos de teclado – Excel

Os atalhos de formatação (Ctrl+N para negrito, Ctrl+I para itálico, entre outros) são os mesmos do Word.

ATALHO AÇÃO ÍCONE

Ctrl+1 Formatar células


CTRL+PgDn Alterna entre guias da planilha, da direita para a esquerda
CTRL+PgUp Alterna entre guias da planilha, da esquerda para a direita
Ctrl+R Repetir o conteúdo da célula que está à esquerda
Ctrl+G Ir Para (o mesmo que F5) tanto no Word como Excel

Ctrl+J Mostrar fórmulas (guia Fórmulas, grupo Auditoria)

F2 Edita o conteúdo da célula atual


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

F4 Refazer

F9 Calcular planilha manualmente

209
MS-EXCEL – ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS

A planilha em Excel, ou folha de dados, poderá ser impressa em sua totalidade, ou apenas áreas definidas pela Área
de Impressão, ou a seleção de uma área de dados, ou uma seleção de planilhas do arquivo, ou toda a pasta de trabalho.
Ao contrário do Microsoft Word, o Excel trabalha com duas informações em cada célula: dados reais e dados formatados.
Por exemplo, se uma célula mostra o valor 5, poderá ser o número 5 ou uma função/fórmula que calculou e
resultou em 5 (como =10/2)

CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS

z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;

Barra de Acesso Rápido Coluna


Barra de Fórmulas
Faixa de
Opções

Célula

Linha

z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas (nomea-
das de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quanti-
dade de memória RAM disponível, nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será
criada. Se for um texto, é copiado, mas texto com números é incrementado. Dias da semana, nome de mês e
210 datas são sempre criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Havendo diversos valores para serem mesclados, o Excel manterá
somente o primeiro destes valores, e centralizará horizontalmente na célula resultante;

E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje, poderá juntar as informações das células.
Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar, disponível na guia Página Inicial:

z Mesclar e Centralizar: Une as células selecionadas a uma célula maior e centraliza o conteúdo da nova célula;
Este recurso é usado para criar rótulos (títulos) que ocupam várias colunas;
z Mesclar através: Mesclar cada linha das células selecionadas em uma célula maior;
z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecionadas em uma única célula, sem centralizar;
z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o procedimento realizado para a união de células.

ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICO

A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha de dados, é o conjunto de valores armazenados nas células.
Estes dados poderão ser organizados (classificação), separados (filtro), manipulados (fórmulas e funções), além de
apresentar em forma de gráfico (uma imagem que representa os valores informados).
Para a elaboração, poderemos:

z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica;
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.

Formatos de Números, Disponível na Guia Página Inicial

123 GERAL: SEM FORMATO ESPECÍFICO


12 NÚMERO: Ex.: 4,00

MOEDA: Ex.: R$4,00

CONTÁBIL: Ex.: R$4,00


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DATA ABREVIADA: Ex.: 04/01/1900

DATA COMPLETA: Ex.: QUARTA-FEIRA, 4 DE JANEIRO DE 1900

HORA: Ex.: 00:00:00

PORCENTAGEM: Ex.: 400,00 %

1 FRAÇÃO: Ex.: 4
2
102 CIENTIFICO. Ex.: 4,00E + 00

ab TEXTO: Ex.: 4
211
Dica
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exem-
plo, na verdade é um número formatado como data. Por isto conseguimos calcular a diferença entre datas.

Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si, mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ fica posicionado na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.

Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00

O ícone é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%)

VALOR FORMATO PORCENTAGEM % ß,0


PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0

1 100% 100,00%

0,5 50% 50,00%

2 200% 200,00%

100 10000% 10000,00%

0,004 0% 0,40%

O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.

VALOR FORMATO CONTÁBIL SEPARADOR DE MILHARES 000

1500 R$1.500,00 1.500,00

16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00

1 R$1,00 1,00

400 R$400,00 400,00

27568 R$27.568,00 27.568,00

,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar
casas decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED,
para arredondar.

Simbologia Específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.

212
OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (mais) Adição = 18 + 2 Faz a soma de 18 e 2

- (menos) Subtração = 20 – 5 Subtrai 5 do valor 20

* (asterisco) Multiplicação =5*4 Multiplica 5 (multiplicando) por 4 (multiplicador)

/ (barra) Divisão = 25 / 10 Divide 25 por 10, resultando em 2,5

% (percentual) Percentual = 20% Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por 100

Exponenciação Cálculo Faz 3 elevado a 2, 3 ao quadrado = 9


^(circunflexo) =3^2=8^(1/3)
de raízes Faz 8 elevado a 1/3, ou seja, raiz cúbica de 8

Ordem das Operações Matemáticas

z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.

Importante!
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos);
Identificar a simbologia básica do Excel (informática);
Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática);
Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico).

OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Se o valor de A1 for maior que 5, então mostre 15,


> (maior) Maior que = SE (A1 > 5 ; 15 ; 17 )
senão mostre 17

Se o valor de A1 for menor que 3, então mostre 20,


< (menor) Menor que = SE (A1 < 3 ; 20 ; 40 )
senão mostre 40

Se o valor de A1 for maior ou igual a 7, então


Maior ou
>= (maior ou igual) = SE (A1 >= 7 ; 5 ; 1 ) mostre 5, senão
igual a
mostre 1

Se o valor de A1 for menor ou igual a 5, então


Menor ou
<= (menor ou igual) = SE (A1 <= 5 ; 11 ; 23 ) mostre 11, senão
igual a
mostre 23

Se o valor de A1 for diferente de 1, então mostre


<> (menor e maior) Diferente = SE (A1 <> 1 ; 100 ; 8 )
100, senão mostre 8

Se o valor de A1 for igual a 2, então mostre 10,


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

= (igual) Igual a = SE (A1 = 2 ; 10 ; 50 )


senão mostre 50

Princípios dos Operadores Relacionais

z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo;
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio;
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
z O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=

213
OPERADORES DE REFERÊNCIA

Símbolo Significado Exemplo Comentários

=$A1 Trava a célula na coluna A


$ (cifrão) Travar uma célula =A$1 Trava a célula na linha 1
=$A$1 Trava a célula A1, ela não mudará

Obtém o valor de A3 que está na planilha


! (exclamação) Planilha = Planilha2!A3
Planilha2

Informa o nome de outro arquivo do Excel,


[ ] (colchetes) Pasta de Trabalho =[Pasta2]Planilha1!$A$2
onde deverá buscar o valor

Informa o caminho de outro arquivo do Ex-


=’C:\FernandoNishimura\
‘ (apóstrofe) Caminho cel, onde deverá encontrar o arquivo para
[pasta2.xlsx]Planilha1’!$A$2
buscar o valor

; (ponto e vírgula) Significa E = SOMA (15 ; 4 ; 6 ) Soma 15 e 4 e 6, resultando em 25

Soma de A1 até B4, ou seja, A1, A2, A3, A4,


: (dois-pontos) Significa ATÉ = SOMA (A1:B4)
B1, B2, B3, B4

Executa uma operação sobre as células em


Espaço Intersecção ($) =SOMA(F4:H8 H6:K10)
comum nos intervalos

Princípios dos Operadores de Referência

z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 );
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2.

Importante!
O símbolo de cifrão é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.

SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Início de fórmu- = 15 + 3 Faz a soma de 15 e 3


= (igual) la, função ou = SOMA ( 15 ; 3 ) Compara o valor de A1 com 5, e caso seja verda-
comparação =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 ) deiro, mostra 10, caso seja falso, mostra 11

Identifica uma
= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador
função ou os valo-
( ) parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1
res de uma opera-
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2
ção prioritária

; (ponto e Separador de A função SE tem 3 partes, e estas estão separa-


=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
vírgula) argumentos das por ponto e vírgula

Executa uma operação sobre as células em co-


Espaço Intersecção =SOMA(F4:H8 H6:K10)
mum nos intervalos

As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel substi-
tuirá pelo sinal de igual.

SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Nova


“ (aspas duplas) Texto exato = “Nova”
Se usado em testes, é “igual a”

Exibe os zeros não significativos, 0001 como


‘ (apóstrofe) Número como texto ‘0001
texto (ex.: placa de carro)
214
SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

= “Nova”&” Exibe “Nova Concursos” (sem as aspas), o resul-


& (“E” comercial) Concatenar
Concursos” tado da junção dos textos individuais

O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Pode-
remos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.

CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Função Operação Exemplos

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7)

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3)

POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3)


^ (circunflexo)
RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4)

CONCATENAR Juntar textos =A1&A2&A3 é igual a


& (E comercial)
=CONCATENAR(A1;A2;A3)

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144)

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem
mensagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de
digitação, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de
cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fór-
mulas. Com este recurso, muito questionado em concursos, o usuário poderá ver setas na planilha indicando a
relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:

z #DIV/0! indica que a fórmula está tentando dividir um valor por 0;


z #NOME? indica que a fórmula possui um texto que o Excel 2007 não reconhece;
z #NULO! a fórmula contém uma interseção de duas áreas que não se interceptam;
z #NUM! a fórmula apresenta um valor numérico inválido;
z #REF! indica que na fórmula existe a referência para uma célula que não existe;
z #VALOR! indica que a fórmula possui um tipo errado de argumento;
z ##### indica que o tamanho da coluna não é suficiente para exibir seu valor.

USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS

Funções Básicas

z SOMA(valores): realiza a operação de soma nas células selecionadas.

No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3;
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5;
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3;
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operando
apenas áreas quadrangulares;
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3;
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.

z SOMASE(valores;condição): realiza a operação de soma nas células selecionadas, se uma condição for
atendida.

A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja somado):


=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A5 que sejam maiores que 15;
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A10 que forem iguais a 10. 215
z MÉDIA(valores): realiza a operação de média „ =SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor
nas células selecionadas e exibe o valor médio da célula A1 não é 10”)
encontrado. „ =SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O
valor não é negativo”)
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples „ =SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo- valor não é positivo”)
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células É possível encadear funções, ampliando as áreas
vazias não entram no cálculo da média. de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
z MED(valores): informa a mediana de uma série
de valores. „ =SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor
é negativo”;”Valor é positivo”))
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequên-
cia de valores com quantidade ímpar, eles serão orde- Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
exibe a mensagem e finaliza a função, mas se não for
nados e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo,
igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo
para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e
teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
a mediana é 5.
rando a função. Por fim, se não é igual a zero, e não é
Se temos uma sequência de valores com quantida-
menor que zero, só poderia ser maior do que zero, e a
de par, a mediana será a média dos valores que estão mensagem final “Valor é positivo” será mostrada.
no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é
ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A usado somente no início da digitação da célula.
média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2). As funções CONT são usadas para informar a quanti-
dade de células, que atendem às condições especificadas.
z MÁXIMO(valores): exibe o maior valor das célu-
las selecionadas. z CONT.NÚM: para contar quantas células possuem
números;
=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na z CONT.VALORES: quantidade de células que estão
área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape- preenchidas;
nas um será mostrado. z CONTAR.VAZIO: quantidade de células que não
estão preenchidas;
z MAIOR(valores;posição): exibe o maior valor de z CONT.SE: quantidade de células que atendem à
uma série, segundo o argumento apresentado. uma condição específica;
z CONT.SES: quantidade de células que atendem a
Valores iguais ocupam posições diferentes. várias condições simultaneamente.
=MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-
las A1 até D6. „ CONT.VALORES(células): esta função conta
todas as células em um intervalo, exceto as
z MÍNIMO(valores): exibe o menor valor das célu- células vazias.
las selecionadas.
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na contagem, informando quantas células estão preen-
área de A1 até D6. chidas com valores, quaisquer valores.

z MENOR(valores;posição): exibe o menor valor de „ CONT.NÚM (células): conta todas as células


em um intervalo, exceto células vazias e célu-
uma série, segundo o argumento apresentado.
las com texto.
Valores iguais ocupam posições diferentes.
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
=MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas cé-
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.
lulas A1 até D6.
„ CONT.SE(células;condição): Esta função conta
z SE(teste;verdadeiro;falso): avalia um teste e
quantas vezes aparece um determinado valor
retorna um valor caso o teste seja verdadeiro ou (número ou texto) em um intervalo de células
outro caso seja falso. (o usuário tem que indicar qual é o critério a
ser contado)
Esta função é muito solicitada em todas as bancas.
A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na =CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan-
primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
segunda parte, e o que fazer caso seja falso na última do o valor 5.
parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais se-
rão realizadas as duas operações, somente uma delas, „ CONT.SES(células1;condição1;células2;con-
segundo o resultado do teste. dição2): Esta função conta quantas vezes apa-
A função SE usa operadores relacionais (maior, rece um determinado valor (número ou texto)
menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen- em um intervalo de células (o usuário tem que
te) para construção do teste. As aspas são usadas para indicar qual é o critério a ser contado), aten-
216 textos literais. dendo a todas as condições especificadas.
=CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”) Efetua a conta- Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade
gem de quantas células existem no intervalo de A1 até de caracteres especificados, a partir do final.
A10 contendo o valor 5 e ao mesmo tempo, quantas
células existem no intervalo de B1 até B10 contendo =DIREITA(“Nova Concursos”;7) exibe “Concursos”.
o valor 7.
„ CONCATENAR(texto1;texto2; ... )
„ CONTAR.VAZIO (células): conta as células
vazias de um intervalo. Junta os textos especificados em uma nova sequência.
Esta função foi mantida por compatibilidade com
=CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas células as versões anteriores. Ela concatena apenas células
vazias existem no intervalo A1 até A8. individuais.

„ SOMASE(células para testar;teste;células para =CONCATENAR(“Apostila “;”Nova “;”Concursos”)


somar) exibe “Apostila Nova Concursos”.

„ CONCAT(intervalo)
Efetua um teste nas células especificadas, e soma
as correspondentes nas células para somar.
Junta os textos especificados em um intervalo de
Os intervalos de teste e de soma podem ser os
células para uma nova sequência.
mesmos.
=CONCAT(A1:A5) junta o conteúdo das células A1
=SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores até A5 em uma nova célula. Esta função não funciona
de A1 até A10 que sejam maiores que 6. nas versões antigas do Office.
=SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores
de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem „ NÚM.CARACT(célula)
menores que 3.
Informa a quantidade de caracteres existentes em
„ SOMASES (células para somar; células1; uma célula.
teste1;células2;teste2) Datas contém 5 caracteres, pois o Microsoft Excel
armazena datas como números.
Verifica as células que atendem aos testes e soma
as células correspondentes. =NÚM.CARACT(“Nova Concursos”) resultado 14
Os intervalos de teste e de soma podem ser os =NÚM.CARACT(HOJE()) resultado 5 (a função HOJE
mesmos. retorna a data de hoje registrada no computador)
=NÚM.CARACT(AGORA()) resultado 15 (a função
„ MÉDIASE(células para testar; teste; células AGORA retorna a data de hoje registrada no computa-
para calcular a média) dor e a hora atual, como 01/08/2021 09:51)

Efetua um teste nas células especificadas, e calcula „ INT(valor)


a média das células correspondentes.
Os intervalos de teste e de média podem ser os Extrai a parte inteira de um número.
mesmos.
=INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor
„ PROCV(valor_procurado; matriz_tabela; 3,14159 exibe 3.
núm_índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
„ TRUNCAR(valor;casas decimais)
A função PROCV é utilizada para localizar o va-
lor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando Exibe um número com a quantidade de casas deci-
mais, sem arredondar.
encontrar, retornar a enésima coluna informada em
núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas
DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser
decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.
o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Por exemplo: =PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO)


„ ARRED(valor;casas decimais)
e =PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO)
A função PROCV é um membro das funções de pes- Exibe um número com a quantidade de casas deci-
quisa e Referência, que incluem a função PROCH. mais, arredondando para cima ou para baixo.
Use a função TIRAR ou a função ARRUMAR para
remover os espaços à esquerda nos valores da tabela. =ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas de-
cimais – valor 3,14159 exibe 3,142.
„ ESQUERDA(texto;quantidade)
„ HOJE() Exibe a data atual do computador;
Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade „ AGORA() Exibe a data e hora atuais do
de caracteres especificados, a partir do início (esquerda). computador;
„ DIA(data)Extrai o número do dia de uma data;
=ESQUERDA(“Nova Concursos”;8) exibe “Nova” „ MÊS(data) Extrai o número do mês de uma
„ DIREITA(texto;quantidade) data; 217
„ ANO(data) Extrai o número do ano de uma data;
„ DIAS(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas;
„ DIAS360(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias);
„ POTÊNCIA(base;expoente).

Eleva um número (base) ao expoente informado.

=POTÊNCIA(2;4) 2 elevado à 4, 24, 2x2x2x2 = 16

„ MULT(número;número;número; ... ) Multiplica os números informados nos argumentos.

FUNÇÕES LÓGICAS

Retorna VERDADEIRO se todos os seus argumentos forem


E (Função E)
VERDADEIROS

OU (Função OU) Retorna VERDADEIRO se um dos argumentos for VERDADEIRO

NÃO (Função NÃO) Inverte o valor lógico do argumento

FALSO (Função FALSO) Retorna o valor lógico FALSO

VERDADEIRO (Função VERDADEIRO) Retorna o valor lógico VERDADEIRO

Retornará um valor que você especifica se uma fórmula for avaliada para
SEERRO (Função SEERRO)
um erro; do contrário, retornará o resultado da fórmula

Importante!
Foram apresentadas muitas funções neste material, não é verdade? Existem milhares de funções no Micro-
soft Excel e LibreOffice Calc. Em concursos públicos, estas são as mais questionadas.

IMPRESSÃO

A impressão no Excel é semelhante ao Word. Difere ao oferecer o item Área de Impressão, que permite ao
usuário escolher uma área de uma planilha para ser impressa.
Outro item que o Excel oferece que é exclusiva, a possibilidade de imprimir os títulos das colunas e linhas,
fazendo com que a impressão seja muito parecida com a tela que está sendo visualizada.
Ambos estão na guia Layout da Página.
E na caixa de diálogo de impressão (Ctrl+P) temos o ajuste da impressão (zoom), permitindo ajustar para caber em
uma página, ajustar apenas as linhas, apenas as colunas, e mudar as quebras de páginas arrastando a divisão na tela.

218
INSERÇÃO DE OBJETOS

A inserção de objetos contém os mesmos itens do Microsoft Word, mas o destaque são os Gráficos.

A tabela e o gráfico dinâmico possibilitam resumir os dados rapidamente, a partir de critérios padronizados
no Excel.

Os gráficos são representações visuais de dados da planilha. De acordo com a opção escolhida, teremos uma
forma de apresentação. Alguns gráficos são indicados para situações específicas. Outros gráficos são generalistas.

Gráficos

Além da produção de planilhas de cálculos, o Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos com os
dados existentes nas células.
Gráficos são a representação visual de dados numéricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.


Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâmicas, são construídos com dados existentes em uma ou
várias pastas de trabalho, associando e agrupando informações para a produção de relatórios completos.

z Os gráficos de Colunas representam valores em colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas: Agrupada,
Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agrupada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.

219
z Os gráficos de Linhas representam valores com z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-
linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de jam organizados em preço na alta, preço na baixa
Linhas: Linha, Linha Empilhada, 100% Empilha- e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações
da, com Marcadores, Empilhada com Marcadores, serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
100% Empilhada com Marcadores, e 3D. de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.

z Os gráficos de Pizza representam valores propor-


cionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza,
Pizza 3D, Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.

z Os gráficos de Barras representam dados de forma


semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizon-
tal. São opções dos gráficos de Barras: Agrupadas, z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos
Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D de Linhas, e preenchem a superfície com cores.
Empilhadas, e 3D 100% Empilhadas. São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D
Delineada, Contorno e Contorno Delineado.

z Os gráficos de Área representam dados de forma


semelhante ao gráfico de Linhas, mas com preen- z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a evo-
chimento até a base (eixo X). São opções dos grá- lução de itens. São exemplos de gráficos de Radar:
ficos de Área: Área, Área Empilhada, Área 100% Radar, Radar com Marcadores, e Radar Preenchido.
Empilhada, Área 3D, Área 3D Empilhada, e Área
3D 100% Empilhada.

z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-


trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.
z Os gráficos de Dispersão representam duas séries
de valores em seus eixos. São opções dos gráficos
de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.

z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao


gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primei-
ro da série de dados.

z Os gráficos do tipo Histograma são usados para


z O gráfico do tipo Mapa, exibe a informação de séries de valores com evolução, como idades da
acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa população. São exemplos de gráficos do tipo Histo-
Coroplético. grama: Histograma e Pareto.

220
z O gráfico do tipo Caixa Estreita é usado para projeção de valores.

z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as variações dos valores ao longo do tempo.

z O gráfico do tipo Funil alinha os valores em ordem decrescente.

z Os gráficos do tipo Combinação permitem combinar dois tipos de gráficos para a exibição de séries de dados.
São exemplos de gráficos do tipo Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Coluna Clusterizada-Linha no
Eixo Secundário, Área Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade de criação de uma Combinação
Personalizada.

CAMPOS PREDEFINIDOS

Semelhante ao Word, o Excel poderá operar com os mesmos campos. Campos são variáveis inseridas na plani-
lha de dados, que serão atualizadas segundo a necessidade.
Data e Hora, Linha de Assinatura, Cabeçalho e Rodapé, entre muitos.
Uma das principais diferenças entre o editor de textos e o editor de planilhas, é o Cabeçalho e Rodapé. Enquan-
to no editor de textos eles são únicos, no Excel estão dividido em 3 partes.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

221
CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS

O Excel é mais simples em relação ao Word, quando o assunto são as Quebras.

E para habilitar esta visualização, basta ativar o item na guia Exibição.

A numeração de páginas está associada ao Cabeçalho e Rodapé.

OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS

O Excel poderá trabalhar com as informações inseridas pelo usuário na planilha, e com dados provenientes
de outros locais. Disponível na guia Dados, o grupo ‘Obter Dados Externos’, apesar de figurar no edital de alguns
concursos, nunca foi questionado em provas de Noções de Informática, tanto nível médio como nível superior.

222
De Arquivo

Da Pasta de Trabalho De JSON

De Text/CSV Da Pasta

Do XML Da Pasta SharePoint

De banco de dados

Do Banco de Dados SQL Server Do Banco de Dados MySQL

Do Banco de Dados do Microsoft Access Do Banco de Dados PostgreSQL

Do Analysis Services Do Banco de Dados Sybase

Do Banco de Dados do SQL Server Do Banco de Dados Teradata


Analysis Services(Importar)

De um Banco de Dados SAP HANA


Do Banco de Dados do Oracle

Do Banco de Dados IBM DB2

Do Azure
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Do Banco de Dados SQL do Azure Do Armazenamento de Blob do Azure

Do SQL Data Warehouse do Azure Do Armazenamento de Tabela do Azure

Do Azure HD Insight (HDFS) Do Azure Data Lake Store

223
De serviços online

Da Lista Online do SharePoint Do Facebook

Do Microsoft Exchange Online De Objetos do Salesforce

Do Dynamics 365 (online) De Relatórios do Salesforce

De outras fontes

Da Tabela/Intervalo Do Active Directory

Do Web Do Microsoft Exchange

Do ODBC
Do Microsoft Query

De OLEDB
Da Lista do SharePoint

Consulta Em Branco
Do Feed OData

Do Arquivo do Hadoop(HDFS)

CLASSIFICAÇÃO DE DADOS

A classificação de dados é uma parte importante da análise de dados.


Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), números (dos menores para os maiores ou dos maiores
para os menores) e datas e horas (da mais antiga para a mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma ou
mais colunas. Você também poderá classificar por uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) ou por
formato, incluindo a cor da célula, a cor da fonte ou o conjunto de ícones. A maioria das operações de classificação
é identificada por coluna, mas você também poderá identificar por linhas.
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, a classificação poderá ser de texto, números, datas ou horas,
por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.

224
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS

A classificação de dados alfanuméricos poderá se ‘Classificar de A a Z’ em


Classificar texto ordem crescente, ou ‘Classificar de Z a A’ em ordem decrescente. É possível
diferenciar letras maiúsculas e minúsculas.

Quando a coluna possui números, podemos ‘Classificar do menor para o maior’


Classificar números
ou ‘Classificar do maior para o menor’

Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais nova’
Classificar datas ou horas
ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo, cronologicamente

Se você tiver formatado manual ou condicionalmente um intervalo de células ou


Classificar por cor de célula, cor de uma coluna de tabela, por cor de célula ou cor de fonte, poderá classificar por es-
fonte ou ícones sas cores. Também será possível classificar por um conjunto de ícones criados
ao aplicar uma formatação condicional

Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa

Na caixa de diálogo Opções de Classificação, em Orientação, clique em Classifi-


Classificar linhas
car da esquerda para a direita e, em seguida, clique em OK

Classificar por mais de uma


Na caixa de diálogo Classificar, adicione mais de um critério para ordenação
coluna ou linha

Classificar uma coluna em um


Basta selecionar a coluna desejada, e na janela de diálogo, manter o item “Con-
intervalo de células sem afetar as
tinuar com a seleção atual”
demais

LIBREOFFICE CALC

O LibreOffice oferece o aplicativo Calc para criação de planilhas de cálculos. Opera de forma semelhante ao
Microsoft Excel, e possui apenas algumas diferenças (que já foram questionadas em concursos públicos).
Os arquivos de planilhas de cálculos podem ser criados pelo Microsoft Excel, LibreOffice Calc e Google Plani-
lhas. O arquivo produzido em um aplicativo poderá ser editado por outro programa, pois são compatíveis entre si.
Podemos gravar uma planilha do Microsoft Excel em qualquer local, e pelo LibreOffice Calc abrir normalmen-
te. O LibreOffice Calc reconhece o formato XLS/XLSX do Excel sem problemas, e o local de armazenamento não
influencia nos recursos disponíveis no aplicativo.
O arquivo criado pelo LibreOffice Calc receberá a extensão padrão ODS (Open Document Sheet), que é um com-
ponente do ODF (Open Document Format). O arquivo gravado é conhecido como PASTA DE TRABALHO, e poderá
ser gravado no formato do Microsoft Office, todas as versões.
Em cada Pasta de Trabalho, o LibreOffice Calc inicia com 1 planilha (folha de dados), identificada por abas na
parte inferior da tela de visualização. Cada planilha é independente das demais, e usamos o sinal de ponto final
para referenciar dados em outras planilhas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As colunas são identificadas por letras, nomeadas de A até AMJ (tecla F5 para navegar na planilha, que possui 1024
colunas). As linhas são numeradas com números, de 1 até 1.048.576 (tecla F5 para navegar na planilha).
O encontro entre uma linha e uma coluna é célula.
O LibreOffice Calc tem menos colunas que o Microsoft Excel. Mas, isso não significa que ele seja melhor ou pior.
Cuidado com as comparações. Quando a banca sugere uma comparação, menosprezando um dos itens, geralmen-
te está errado.

Conceitos básicos

z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Writer representa com (ponto final). 225
z Pasta de Trabalho: arquivo do Calc contendo as A formatação condicional pode apresentar visual-
planilhas, de 1 a N (de acordo com quantidade de mente as diferenças existentes nos dados da planilha
memória RAM disponível, nomeadas como Planilha de cálculos. É um recurso útil e muito questionado em
1, Planilha 2, Planilha3). No Calc é extensão ODS; provas.
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito
da célula, permite que um valor seja copiado na Simbologia específica
direção em que for arrastado. No Excel, se houver
1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, z Coluna+Linha formato de referência de cada célu-
uma sequência será criada. No Calc, 1 número cria la da planilha. Colunas com letras, linhas com
uma sequência com incremento 1. Datas, dias da números. O formato de referência é idêntico no
semana, nome dos meses, estas opções criam listas Excel e Calc.
predefinidas; Exemplo: A1 – coluna A, linha 1, célula A1.

z = (sinal de igual) inicia uma fórmula ou função, ou


faz uma comparação dentro de um teste.
Exemplos: = A1+A2 - efetua a soma do valor em A1
com o valor em A2.
=SE(A1=A2;”é igual”;”é diferente”) – efetua um tes-
te e exibe uma mensagem.

z + (sinal de mais) Adição, ou início de fórmula/


função.
Exemplo: +A1+A2 – efetua a soma do valor em A1
z Mesclar células: significa simplesmente juntar. O
com o valor em A2.
LibreOffice Calc permite que o usuário escolha a
forma como as células serão mescladas. Ao clicar
no ícone na barra de ferramentas, a caixa de diálo- z - (sinal de menos) Subtração, ou início de fórmula/
go “Mesclar células” será exibida. função com inversão de resultado.
Exemplo: -A1+A2 – efetua a soma do valor em A1
com o valor em A2, invertendo o resultado.
A célula pode receber diferentes formatações, espe-
cialmente na exibição de valores numéricos. Para a exi-
bição retornar ao padrão, pressionar Ctrl+M. A formação z * (asterisco) multiplicação.
de células, linhas e colunas possibilita definir bordas, Exemplo: =A1*A2 - efetua a multiplicação do valor
sombreamento, e padrões que serão aplicados a estas. em A1 pelo valor em A2.
Uma opção muito utilizada no Calc, e também no
Excel, é Intervalos de Impressão. A planilha é grande z / (barra ‘normal’) divisão.
(muitas células, nomeadas de A1 até AMJ1048764) e Exemplo: =A1/A2 - efetua a divisão do valor em A1
podemos marcar o intervalo (Definir) que será consi- pelo valor em A2.
derado na impressão.
A formatação Condicional permite exibir célu- z ^ (acento circunflexo) Exponenciação.
las de diferentes cores e padrões, segundo condições Exemplo: =A1^A2 - efetua a exponenciação do
estipuladas. Por exemplo, quando desejamos que os valor em A1 pelo valor em A2, A1 elevado a A2.
números negativos sejam vermelhos e os positivos em
azul, é um caso. z % (símbolo de porcentagem) porcentagem. Exibe o
valor em formato de porcentagem. Não faz o cálcu-
lo. Para fazer o cálculo, é preciso dividir por 100 o
Formatar
resultado (por cento, por 100).

z & (símbolo de E comercial) concatenação. Reúne


dois ou mais valores em uma única sequência.
Exemplo:
=”Fernando”&”Nishimura”
=15&30
Fernando Nishimura
1530

z . (ponto final) Significa Planilha.


Exemplo: =Planilha1.A1+Planilha2.A2 – efetua
Condiconal a soma do valor A1 que está em Planilha1 com o
valor de A2 que está em Planilha2.

Geranciar...
Importante!
Uma das poucas diferenças existentes entre o
Microsoft Excel e o LibreOffice Calc é a forma
como referenciam planilhas. No Excel é o ponto
de exclamação, no Calc é o ponto final.
226
z > (sinal de maior) maior que. Usado para testes, z NUM! ou Err:503! Operação de ponto flutuante
para comparação. inválida. Um cálculo resulta em overflow no inter-
Exemplo: =SE(A1>A2;”A1 é maior”;”A2 é maior”) – valo de valores definido;
efetua um teste e exibe uma mensagem. z #VALOR ou Err:519! Sem resultado. A fórmula
resulta em um valor que não corresponde à sua
z < (sinal de menor) menor que. Usado em testes, definição; ou a célula que é referenciada na fórmu-
para comparação.
la contém um texto em vez de um número;
Exemplo: =SE(A1<A2;”A1 é menor”;”A2 é menor”) –
z #REF ou Err:524! Referências inválidas. Em uma
efetua um teste e exibe uma mensagem.
fórmula, está faltando a coluna, a linha ou a plani-
z >= (sinal de maior e sinal de igual, consecutivos, lha que contém uma célula referenciada;
sem espaço) maior ou igual a. Usado em testes, z #NOME? ou Err:525! Nomes inválidos. Não foi
para comparação. possível avaliar um identificador, por exemplo,
Exemplo: =SE(A1>=A2;”A1 é maior ou igual a A2”;”A2 não foi possível encontrar uma referência válida,
é maior que A1”) – teste e exibe uma mensagem. um nome de domínio válido, uma etiqueta de colu-
na/linha, uma macro, um separador decimal incor-
z <= (sinal de menor e sinal de igual, consecutivos, reto, suplemento não encontrado;
sem espaço) menor ou igual a. Usado em testes, z #DIV/0! ou Err:532! Divisão por zero. Operação
para comparação. de divisão / quando o denominador é 0.
Exemplo: =SE(A1<=A2;”A1 é menor ou igual a
A2”;”A2 é menor que A1”) – teste e exibe uma Funções Básicas
mensagem.
z SOMA (valores) : realiza a operação de soma nas
z <> (sinal de menor e sinal de maior, consecuti- células selecionadas.
vos, sem espaço) diferente. O Excel/Calc não usa o
símbolo ≠ Usado em testes, para comparação. =SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis-
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São tentes nas células A1, A2 e A3.
iguais”) – teste e exibe uma mensagem. =SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis-
tentes nas células A1 até A5
z ( ) (parênteses) Organizam operadores, valores,
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da
expressões, alterando a ordem de cálculo. O Excel
e Calc não utiliza chaves ou colchetes, como na célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
matemática, apenas parênteses. =SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis-
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’,
z ; (ponto e vírgula) separador de argumentos de uma operando apenas áreas quadrangulares.
função ou separador de células em uma referência. =SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores
Pode significar E em uma referência de valores. A1 com B1 e C1 até C3.
Exemplos: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São =SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2
iguais”) – separando os três argumentos da função. com 3 e o valor A1 duas vezes.
=SOMA(A1;B2;C3;D4) – separando os quatro argu-
mentos que serão somados. z SOMASE (valores;condição) : realiza a operação
de soma nas células selecionadas, se uma condição
z : (dois pontos) indica ATÉ em uma referência de for atendida.
faixa de células.
Exemplo: = SOMA(A1:C3) – efetua a soma dos valo- =SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo-
res na faixa A1 até C3, incluindo A2, A3, B1, B2, B3, res de A1 até A5 que sejam maiores que 15.
C1 e C2. =SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo-
res de A1 até A10 que forem iguais a 10. A sinta-
z “ (aspas) indicam expressões de textos literais. xe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São somado).
iguais”) – as mensagens são exibidas como digitadas.
z MEDIA (valores) : realiza a operação de média
z $ (cifrão) Fixar uma posição na referência, trans- nas células selecionadas e exibe o valor médio
formando a referência relativa em referência mista encontrado.
ou absoluta. Muito utilizada em fórmulas e funções,
quando ela mudar de célula, será alterada ou não. =MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples
Exemplo: =A$1 (linha 1 está fixa), =$B5 (coluna B dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

está fixa), =$A$6 (célula A6 está fixa) res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma
=$Planilha2.C17+10 – trava a referência para a célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células
Planilha2. vazias não entram no cálculo da média.

z # (sinal de sustenido – iniciando uma mensagem, z MED (valores): obtém o valor da mediana. A
apenas um) Erro. mediana é o valor que está ‘no meio’ dos valores
ordenados informados
Mensagens de Erros

Seguem abaixo os erros mais comuns que podem


ocorrer em uma planilha do LibreOffice Calc:

z ##### A célula não é larga o suficiente para mos-


trar o conteúdo; 227
=MED(A2:C2) qual é o valor que está no meio, de 6, z PROCV (valor_procurado; matriz_tabela; núm_
2 e 1? É o 2. índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
=MÉDIA(A2:C2) qual é a média dos valores de A2
até C2? (6+2+1)/3 = 3. A função PROCV é utilizada para localizar o
valor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando
z MÁXIMO (valores) : exibe o maior valor das célu- encontrar, retornar a enésima coluna informada em
las selecionadas. núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser
=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape- Por exemplo:
nas um será mostrado.
=PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e
z MAIOR (valores;posição) : exibe o maior valor de =PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO)
uma série, segundo o argumento apresentado. A função PROCV é um membro das funções de pes-
quisa e Referência, que incluem a função PROCH.
=MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu- Se PROCV não localizar valor_procurado, e pro-
las A1 até D6. curar_intervalo for VERDADEIRO, ela usará o maior
valor que é menor do que o valor_procurado.
z MÍNIMO (valores) : exibe o menor valor das célu-
las selecionadas. z PROCH (o que; onde; linha; aproximadamente.):
procura um valor na horizontal. Caso encontre,
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
retorna a linha correspondente ao argumento infor-
área de A1 até D6.
mado. E a busca poderá ser exata ou aproximada.
z MENOR (valores;posição) : exibe o menor valor de
Precedência dos operadores
uma série, segundo o argumento apresentado.

=MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu- Tanto o LibreOffice Calc como o Microsoft Excel,
las A1 até D6. usam precedência de operadores matemáticos para a
resolução das fórmulas.
z SE (teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor- A ordem de prioridade é parênteses, depois expo-
na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro nenciação (ou potência), depois multiplicação e divi-
caso seja falso. são, e por último, adição e subtração.
^ Exponenciação A primeira operação que deve
z CONT.VALORES (células) : esta função conta todas ser executada
as células em um intervalo, exceto as células vazias. * Multiplicação A próxima operação a ser executa-
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da da, assim como a Divisão.
contagem, informando quantas células estão preen- / Divisão
chidas com valores, quaisquer valores. + Adição Após realizar exponenciação, multiplica-
ção e divisão, faça a adição/subtração.
z CONT.NÚM (células) : conta todas as células em - Subtração.
um intervalo, exceto células vazias e células com - Inversão de sinal Depois que todo o cálculo for
texto. realizado, faça a inversão do sinal.
Obs.: o uso de parênteses altera a ordem dos opera-
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no dores matemáticos.
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos. P.E.M.D.A.S. = parênteses, exponenciação, multipli-
cação, divisão, adição e subtração.
z CONT.SE (células;condição) : Esta função conta quan- Diferentemente da interface do Microsoft Excel,
tas vezes aparece um determinado valor (número ou que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos
texto) em um intervalo de células (o usuário tem que e ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em
indicar qual é o critério a ser contado) menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para
compreender a sequência de comandos e menus do
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan- Calc. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e
tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten- LibreOffice Impress.
do o valor 5.
MENU SIGNIFICADO
z TEXTO (células;formato) : exibe um valor numéri-
co no formato especificado por uma máscara. Oferece comandos para o gerencia-
Arquivo mento do arquivo atual, aquele que
=TEXTO(7;”000”) Exibirá o número 7 com 3 casas, está em primeiro plano.
portanto, 007
Acesso a recursos temporários (loca-
z MUDAR (texto;início;caracteres;novo_texto) : per- Editar lizar, substituir, selecionar) e área de
mite trocar no texto informado, iniciando na posi- transferência do Windows/Linux.
ção início, o novo_texto, até o limite de caracteres. Acesso aos controles sobre o que será
Exibir mostrado na tela de edição, e como
=MUDAR(“José Carlos”; 1; 4; “João”) Troca o “José”
será exibido.
228 por “João”
MENU SIGNIFICADO TIPO DE
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
ARQUIVO
Adicionar qualquer objeto no arquivo Formato do LibreOffice
Inserir atualmente editado. Se este objeto é Open Document Impress, que pode ser
atualizável, será um campo. ODP
Presentation. editado e salvo pelo
Microsoft PowerPoint.
Mudar a aparência, mudar a configura-
Formatar ção, dar uma forma, alterar o que está Formato de documen-
em edição. to portável, sem alguns
Portable Docu-
PDF/XPS recursos multimídia
ment Format.
Opções de controle da planilha de inseridos na apresen-
Planilha tação de slide.
dados no Calc.

Oferece comandos para o gerencia-


mento do aplicativo, alterando as
Ferramentas
configurações em todos os próximos Importante!
arquivos editados pelo aplicativo. Apresentações de slides é um tópico pouco ques-
Classificação, filtro, filtro avançado, e tionado em provas de concursos. Conhecendo os
Dados demais opções de organização dos conceitos do Microsoft PowerPoint, você poderá
dados. aproveitá-los quando estudar LibreOffice Impress.

Oferece opções para organizar as jane-


Janela As apresentações de slides podem ser gravadas em
las dos documentos.
formato de imagens (JPG, PNG), slide por slide, e até
transformadas em vídeo (extensão MP4).
Os recursos do PowerPoint, como animações, tran-
sições, narração, serão inseridos no vídeo, que poderá
EDITOR DE APRESENTAÇÃO ser reproduzido em outros dispositivos, como Smart
TV em totens de propagandas.
ELETRÔNICA DE SLIDE
MICROSOFT POWERPOINT

As apresentações de slides criadas pelo Microsoft


PowerPoint 2010/2013/2016/2019 são arquivos de
extensão .PPTX. Caso contenham macros (comandos
para automatização de tarefas) será atribuída a exten-
são .PPTM. E ainda podemos trabalhar com os mode-
los (extensão .POTX e POTM).
Apesar de ser um aplicativo com finalidade dife- Para produzir um vídeo da apresentação, acessar o botão Arquivo,
rente do editor de textos, ele possui muitas semelhan- menu Exportar, item Criar Vídeo.
ças que acabam ajudando quem está iniciando nele.
Da mesma forma que o editor de textos, é possível tra- Vamos conhecer alguns termos usados no aplicati-
balhar com seções (divisões), é possível inserir núme- vo de edição de apresentações de slides.
ros de slides, é possível comparar apresentações, etc.
z SLIDE: unidade de edição, como uma página da
apresentaçã;
TIPO DE z SLIDE MESTRE: slide com o modelo de formatação
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
ARQUIVO
que será usado pelos slides da apresentação atual;
Apresentação Versão 2003 ou z DESIGN: aparência do slide ou de toda a apresen-
PPT
editável. anterior. tação. O design combina cores, estilos e padrões
Apresentação Versão 2003 ou para que a aparência tenha um visual harmoniza-
PPS do. O PowerPoint oferece “Ideias de Design” a cada
executável. anterior.
objeto inserido no slide;
Modelo de Versão 2003 ou
POT z LAYOUT: disposição dos elementos dentro do slide.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

apresentação. anterior.
Quando a apresentação é iniciada, o slide de slide
Apresentação Versão 2007 ou de título é apresentado. O usuário poderá alterar
PPTX
editável. superior. para outro layout. Cada slide da apresentação pode-
Versão 2007 ou supe- rá ter um layout diferente.
Apresentação rior, que não necessita
PPSX
executável. de programas para ser
visualizada.
Slide de Título Título e Conteúdo Cabeçalho da Duas Partes de Comparação
Recursos para pa- Seção Conteúdo
Modelo de
POTX dronização de novas
apresentação.
apresentações.
Recursos para pa-
Modelo de apre- Somente Título Em Branco Conteúdo com Imagem com
dronização e auto- Legenda Legenda
POTM sentação com
matização de novas
macros.
apresentações.
Layout de slide 229
z SEÇÃO: divisão de formatação dentro da apresentação (usadas para Apresentações Personalizadas). Poderá
ter ‘duas apresentações’ dentro de uma, e no início, escolher qual delas será exibida para o público;
z TRANSIÇÕES: animação entre os slides. Ao selecionar algum efeito de animação entre os slides (guia Transi-
ções, grupo Transição para este slide), será disponibilizada a opção para configuração do Intervalo;
z ANIMAÇÃO: animação dentro do slide, em um objeto do slide. Um objeto poderá ter diversas animações
simultaneamente, enquanto a transição do slide é única. Poderão ser de Entrada, Ênfase, Saída ou Trajetórias
de Animação;

Conceito de slides

Conforme observado no item anterior, os slides são as unidades de trabalho do PowerPoint. Assim como as
páginas de um documento do Microsoft Word, os slides possuem configurações como margens, orientação, núme-
ros de páginas (slides, no caso), cabeçalhos e rodapés, etc.
O PowerPoint trabalha com 4 conceitos principais de slides,

z Slide (modo de exibição Normal) : cada slide é mostrado para edição de seu conteúdo;
z Slide Mestre: para alterar o design e o layout dos slides mestres, alterando toda a apresentação de uma vez;
z Folhetos Mestre: para alterar o design e layout dos folhetos que serão impressos;
z Anotações Mestras: para alterar o design e layout das folhas de anotações;

Modo de exibição Normal, para edição da apresentação de slides

Nos modos de exibição, na guia Exibição, ocorreu uma pequena mudança em relação às versões anteriores,
com a inclusão do item Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos:

z Normal: no modo de exibição Normal, miniaturas dos slides ou os tópicos aparecerão no lado esquerdo, o
slide atual aparecerá no centro (sendo possível sua edição) e na área inferior da tela aparecerá a área de ano-
tações. Ajustar à janela encaixa o slide na área;
z Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: para editar e alternar entre slides no painel de estrutura de
tópicos. Útil para a criação de uma apresentação a partir dos tópicos de um documento do Microsoft Word;
z Classificação dos Slides: no modo de exibição Classificação de Slides, apenas miniaturas dos slides serão
mostradas. Estas miniaturas poderão ser organizadas, arrastando-as. As operações de slides estão disponíveis,
como Excluir slide, Ocultar slide, etc. Mas não é possível editar o conteúdo. Somente após duplo clique será
possível a edição do conteúdo;
z Anotações: Exibir a página de anotações para editar as anotações do orador da forma como ficarão quando
forem impressas;
z Modo de Exibição de Leitura: Exibir a apresentação como uma apresentação de slides que cabe na janela. A
barra de título do PowerPoint continuará sendo exibida.

Noções de edição e formatação de apresentações

A preparação de uma apresentação de slides segue uma série de recomendações, quanto a quantidade de texto,
quantidade de slides, tempo da apresentação, etc.
Entretanto, para concursos públicos, o foco é outro. O questionamento é sobre como fazer, onde configurar,
como apresentar, etc.
Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5. Podemos escolher o ícone
‘Do Começo’ na guia Apresentações de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides. E ainda clicar no ícone corres-
pondente na barra de status, ao lado do zoom.
A apresentação iniciará, e ao contrário do modo de exibição Leitura em Tela Inteira, a barra de títulos não será
mostrada. A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
230 clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.
Durante a apresentação de slides, as setas de direção permitem mudar o slide em exibição. O Enter passa para
o próximo slide. O ESC sai da apresentação de slides.
Segurar a tecla CTRL e pressionar o botão principal (esquerdo) do mouse exibirá um ‘laser pointer’ na apre-
sentação. Pressionar a letra C ou vírgula deixará a tela em branco (clara). Pressionar E ou ponto final, deixa a tela
preta (escura).
A edição dos elementos textuais e parágrafos seguem os princípios do editor de textos Word. E os comandos
também são os mesmos. Por exemplo, o Salvar como PDF.
De acordo com o formato escolhido, alguns recursos poderão ser desabilitados.

FORMATO ANIMAÇÕES TRANSIÇÕES ÁUDIO VÍDEO HIPERLINKS


PPTX X X X X X
PPSX X X X X X
PDF - - - - X
MP4 X X X X X
JPG/PNG - - - - -

Tabela. Recursos disponíveis ( X ), recursos indisponíveis ( - )

O formato PDF é portável, e poderá ser usado em qualquer plataforma. Praticamente todos os programas dis-
poníveis no mercado reconhecem o formato PDF.
Confira a seguir os ícones do aplicativo, que costumam ser questionados em provas.

Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5.

A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.

Apresentar on-line: Transmitir a apresentação de slides para visualizadores remotos que possam assis-
ti-la em um navegador da Web.

Apresentação de Slides Personalizada: Criar ou executar uma apresentação de slides personalizada.


Uma apresentação de slides personalizada exibirá somente os slides selecionados. Este recurso permite
que você tenha vários conjuntos de slides diferentes (por exemplo, uma sucessão de slides de 30 minutos
e outra de 60 minutos) na mesma apresentação.

Configurar Apresentação de Slides: Configurar opções avançadas para a apresentação de slides, como o
modo de quiosque (em que a apresentação reinicia após o último slide, e continua em loop até pressio-
nar ESC), apresentação sem narração, vários monitores, avançar slides, etc.

Ocultar Slide: Ocultar o slide atual da apresentação. Ele não será mostrado durante a apresentação de
slides de tela inteira.

Testar Intervalos: Iniciar uma apresentação de slides em tela inteira na qual você possa testar sua apre-
sentação. A quantidade de tempo utilizada em cada slide é registrada e você pode salvar esses intervalos
para executar a apresentação automaticamente no futuro.

Gravar Apresentação de Slides: Gravar narrações de áudio, gestos do apontador laser ou intervalos de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

slide e animação para reprodução durante a apresentação de slides.

Álbum de Fotografias: criar ou editar uma apresentação com base em uma série de imagens. Cada ima-
gem será colocada em um slide individual.

Ação: Adicionar uma ação ao objeto selecionado para especificar o que deve acontecer quando você cli-
car nele ou passar o mouse sobre ele.

Inserir número do slide: o número do slide reflete sua posição na apresentação.

Inserir vídeo no slide: permite inserir um videoclipe no slide.


231
Inserir áudio no slide: permite inserir um clipe de áudio no slide.

Gravação de tela: gravar o que está sendo exibido na tela e inserir no slide.

Formas: linhas, retângulos, formas básicas, setas largas, formas de equação, fluxograma, estrelas e fai-
xas, textos explicativos e botões de ação.

LIBREOFFICE IMPRESS

O aplicativo Microsoft PowerPoint se tornou, após anos, sinônimo de apresentações. É comum falarmos que esta-
mos apresentando um PowerPoint, mesmo que o arquivo tenha sido criado no LibreOffice Impress.
Os softwares de edição de slides (Microsoft PowerPoint, LibreOffice Impress, Google Apresentações) permitem
a criação de uma apresentação de slides para exibição para um público.
Ao iniciar o aplicativo, o usuário poderá escolher um modelo de apresentação para criação de um novo arqui-
vo. Ou poderá cancelar a caixa de diálogo, e escolher um arquivo que está gravado em um local de armazenamen-
to permanente, para ser aberto e editado naquela sessão de trabalho.

Arquivos do PowerPoint são abertos pelo LibreOffice Impress (antigo OpenOffice, BrOffice).
Da mesma forma, arquivos do LibreOffice Impress (formato ODP – Open Document Presentation) podem ser
abertos pelo Microsoft PowerPoint.
Ambos são capazes de produzir arquivos PDFs.

O LibreOffice Impress permite exportar uma apresentação ou desenho para diferentes formatos, incluindo os
citados no enunciado da questão.

z BMP: Windowns Bitmap (*.bmp);


z EMF: Enhanced Metafile (*.emf);
z EPS: Encapsulated PostScript (*.eps);
z GIF: Graphics InterchangeFormat (*.gif);
z JPEG: Joint Photographic Experts Group (*.jpg;*.jpeg;*.jfif;*.jiif;*.jpe);
z PNG: Portable Network Graphic (*.png);
z SVG: Scalable Vector Graphics (*.svg; *.svgz);
z TIFF: Tagged Image File Format (*.tif; *.tiff);
z WMF: Windows Metafile (*.wmf).

Importante!
Extensões de arquivos estão entre os itens mais questionados em provas de concursos.

Os modos de exibição permitem alternar entre a edição (Normal), exibição de títulos (Estrutura de Tópicos),
232 Notas (Anotações do apresentador) e Organizador de Slides (classificação de slides – miniaturas para organização).
Normal Estrutura de tópicos Notas Organizador de slides

z LEIAUTE: Permite a escolha do tipo de conteúdo que será inserido no slide. Para não esquecer: é o esqueleto
de cada slide da apresentação. O layout do slide (leiaute do eslaide) é a definição da posição dos objetos dentro
de cada slide da apresentação.
z MODELOS: Permite a escolha do projeto visual que será utilizado no slide. Para não esquecer: é a aparência
da apresentação.
z TRANSIÇÃO: Permite a escolha do efeito visual que será utilizado na passagem de um slide para outro slide.
Para não esquecer: é a animação entre os slides da apresentação.
z MESTRE: Permite a escolha da posição de todos os elementos dentro de uma apresentação, assim como confi-
gurações específicas. Podemos configurar os slides, folhetos e anotações. Para não esquecer: é o esqueleto de
toda a apresentação.

Exibir

Slide mestre

Elementos do slide mestre... NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Assim como nos demais aplicativos, o ícone permite transformar um objeto inserido em um hyperlink. O
ícone está disponível na Barra de Ferramentas Padrão. Atalho de teclado: Ctrl+K
No LibreOffice, o Hiperlink poderá ser para:

Internet: endereço URL ou endereço FTP.

Correio: abre o aplicativo de e-mail padrão para o envio de uma mensagem eletrônica.

Documento: para algum local do documento atual, como uma Tabela, Seção ou Quadro.

Novo Documento: para qualquer outro arquivo editável do pacote LibreOffice.


233
Diferentemente da interface do Microsoft PowerPoint, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e
ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreen-
der a sequência de comandos e menus do Impress. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e LibreOffice Calc.

MENU SIGNIFICADO
Arquivo Oferece comandos para o gerenciamento do arquivo atual, aquele que está em primeiro plano.
Acesso a recursos temporários (localizar, substituir, selecionar) e área de transferência do
Editar
Windows/Linux
Acesso aos controles sobre o que será mostrado na tela de edição, e como será exibido.
Exibir
Cor, preto e branco, escala de cinza.
Adicionar qualquer objeto na apresentação atualmente editada. Se este objeto é atualizá-
Inserir
vel, será um campo.
Formatar Mudar a aparência, mudar a configuração, dar uma forma, alterar o que está em edição.
Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em
Ferramentas
todos os próximos arquivos editados pelo aplicativo.
Iniciar a apresentação, configurar a apresentação, Cronometrar, Interação, Animação
Apresentação de slides personalizada, Transição de slides, Exibir e Ocultar slides, e criar uma apresentação
personalizada.
Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos.

Menu Slide

Novidade do LibreOffice Impress 5 mantida na versão 6/7, que não existia nas versões anteriores. Possui opções
similares à guia Apresentação de Slides do Microsoft PowerPoint. Contém as opções para manipulação dos slides
da apresentação, incluindo o item Transição de Slides, para adicionar uma animação entre os slides.

Slide

Menu Apresentação de Slides

Outra novidade do LibreOffice Impress 5, com as opções e comandos para controle da apresentação. Foi man-
tido nas versões seguintes.
Semelhante ao PowerPoint, F5 inicia a apresentação a partir do primeiro slide e Shift+F5 inicia a partir do slide
atual. Esta é uma alteração importante, pois nas versões anteriores, F5 iniciava no slide atual, e agora é como no
PowerPoint, com dois atalhos de teclado diferentes.

234
GERENCIADOR DE BANCO DE DADOS EMPREGADO classificação CARGO

Além dos dados, um banco de dados também é


formado pelos metadados. Um metadado é todo dado Relacionamento forte
relativo a outro dado, sem o qual não seria possível
Relacionamento fraco
organizar e retirar as informações de um banco de
dados.
Alguns afirmam que a expressão é sinônimo de
SGBD (Sistema Gerenciador de Banco de Dados), que
DEPENDENTE
é um programa de gerenciamento de dados. O termo
“banco de dados” também é usado para definir uma
base de dados, que é um grupo de dados agrupados Notação de Relacionamento Forte e Relacionamento Fraco
por um SGBD.
O SGBD usa uma linguagem para criar a base de Na figura anterior “Dependente” é uma entidade
dados, sendo que, atualmente, a mais usada é a SQL fraca em relação ao “Empregado”. Sempre que esta
(Structured Query Language). São vários os SGBD’s relação existir de forma fraca, o relacionamento tam-
disponíveis no mercado, alguns são pagos e outros bém será fraco, por esta razão o losango desta relação
gratuitos. está representado com uma linha dupla. Já na rela-
Alguns dos tipos de SGBD existentes no mercado: ção entre “Empregado” e “Cargo” não há dependência
de existência ou identificação, pois um “Cargo” não
z SQLServer: um dos maiores do mundo, sob licen- depende de um “Empregado” para existir e ser identi-
ça da Microsoft; ficado e vice-versa.
Quando o assunto são os relacionamentos, deve-se
z MySQL: trata-se de um software livre, com código
ter em mente três conceitos importantes que influen-
fonte aberto;
ciam diretamente na modelagem e entendimento de
z FirebirdSQL: possui código fonte aberto e roda na
um modelo conceitual. Os conceitos são o grau, cardi-
maioria dos sistemas Unix;
nalidade e tipo do relacionamento.
z Microsoft Access: é um Sistema Gerenciador de
O simples fato de associar duas entidades por
Banco de Dados que acompanha o pacote Office da meio de um relacionamento com suas cardinalidades
Microsoft. Este SGBD tem poucas atribuições pro- às vezes não é suficiente para representar todas as
fissionais, sendo mais usado para aprendizagem, regras de negócio existentes dentro dessas relações.
devido à sua interface amigável; Para isso, podemos usar mecanismos de repre-
z mSQL: sistema pequeno e que trabalha mais com sentação um pouco mais detalhados. Sob esta ótica,
o uso eficiente da memória. Foi criado pela Hughes podemos ainda classificar os relacionamentos em três
Technologies Pty Ltd. tipos:

No armazenamento de um dado, é necessário criar z Relacionamentos Independentes: Tipo de rela-


tabelas, dentro das quais são criadas colunas para cionamento presente na maioria das relações. Não
registrar as informações. As tabelas devem ser criadas há necessidade de interpretação simultânea de
para que os itens presentes na base de dados fiquem outro relacionamento. Ou seja, é independente,
bem organizados e as informações não se misturem. não depende de ninguém para existir ou influen-
ciar o seu comportamento;
MODELAGEM CONCEITUAL z Relacionamentos Contingentes: Estabelecem as-
sociações simultâneas entre os elementos envol-
Quando o assunto é a modelagem conceitual dos vidos. Ou seja, mais de um relacionamento deve
dados, pode-se começar falando sobre as entidades ocorrer em um mesmo instante;
que formam um conjunto de “coisas” com conceitos z Relacionamentos Mutuamente Exclusivos: Esta-
comuns, às quais desejamos armazenar os dados. belecem associações onde, se um relacionamento
Entidades podem ser pessoas, lugares, organizações, ocorre, os outros não deverão ocorrer em relação
a um determinado objeto.
objetos físicos e tangíveis.
As entidades são representadas por meio de um
Modelo Relacional
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

retângulo com o nome da entidade escrito em seu


centro.
O modelo relacional é um modelo de dados repre-
Relacionamentos são associações entre entidades
sentativo (ou de implementação), adequado a ser o
com um significado específico dentro do mundo real.
modelo subjacente de um Sistema Gerenciador de
Os objetos do mundo real não ocorrem de forma iso- Banco de Dados (SGBD), que se baseia no princípio de
lada, eles se associam ou se vinculam. que todos os dados estão armazenados em tabelas (ou,
A figura de um relacionamento é representada matematicamente falando, relações). Toda sua defini-
através de um losango, assim como as entidades, os ção é teórica e baseada na lógica de predicados e na
relacionamentos são classificados em fortes ou fracos. teoria dos conjuntos.
Tal como as entidades, os relacionamentos também O conceito foi criado por Edgar Frank Codd em
possuem nome e devem expressar o real significado 1970, sendo descrito no artigo “Relational Model of
dentro do contexto modelado. A figura a seguir mos- Data for Large Shared Data Banks”. Na verdade, o
tra como os relacionamentos são representados em modelo relacional foi o primeiro modelo de dados des-
um modelo conceitual de dados. crito teoricamente, os bancos de dados já existentes 235
passaram então a ser conhecidos como (modelo hie-
= (igual)
rárquico, modelo em rede ou Codasyl e modelo de lis-
!= ou <> (diferente)
tas invertidas).
> (maior que)
O modelo relacional para gerência de bases de
< (menor que)
dados (SGBD) é um modelo de dados baseado em lógi- >= (maior ou igual a)
ca e na teoria de conjuntos. <= (menor ou igual a)
Em definição simplificada, o modelo baseia-se em LIKE (similar a)
dois conceitos: conceito de entidade e relação. Uma BETWEEN (entre X e Y)
entidade é um elemento caracterizado pelos dados IN (vários valores dentro da lista)
que são recolhidos na sua identificação vulgarmente AND (e)
designado por tabela. Na construção da tabela identi- OR (ou)
ficam-se os dados da entidade. A atribuição de valores XOR (mistura do OR com
a uma entidade constrói um registro da tabela. A rela- NOT (negação)
ção determina o modo como cada registro de cada IS (valores iguais)
tabela se associa a registros de outras tabelas.
Historicamente, esse modelo é o sucessor do mode-
Com exceção dos dois últimos, todos possuem a
lo hierárquico e do modelo em rede. Estas arquite-
turas antigas são até hoje utilizadas em alguns data seguinte sintaxe:
centers com alto volume de dados, onde a migração
é inviabilizada pelo custo que ela demandaria; exis- <expressao1> operador <expressao2>
tem ainda os novos modelos baseados em orientação
ao objeto, que na maioria das vezes são encontrados Se a qualquer das condições anteriores lhe antepu-
como kits em linguagem formal. sermos o operador NOT, o resultado da operação será
O modelo relacional foi inventado pelo Frank Codd o contrário ao devolvido sem o operador NOT.
e subsequentemente mantido e aprimorado por Chris O último operador denominado IS se emprega
Date e Hugh Darwen como um modelo geral de dados. para comparar duas variáveis de tipo objeto <Obje-
No Terceiro Manifesto (1995) eles mostraram como o
to1> IS <Objeto2>. Este operador devolve verdadeiro
modelo relacional pode ser estendido com caracterís-
se os dois objetos forem iguais.
ticas de orientação a objeto sem comprometer os seus
princípios fundamentais. Vou utilizar um mesmo exemplo, só variando as
A linguagem padrão para os bancos de dados rela- condições. Perceba que será fácil entender o que o
cionais, SQL, é apenas vagamente remanescente do comando irá retornar na consulta. Veja alguns exem-
modelo matemático. Atualmente ela é adotada, ape- plos de utilização dessas condições:
sar de suas restrições, porque ela é antiga e muito
mais popular que qualquer outra linguagem de banco SELECT nome,cargo,salario FROM tbl_funcionarios
de dados. WHERE nome = “Ovidio”;
SELECT nome,cargo,salario FROM tbl_funcionarios
BANCO DE DADOS SQL (LINGUAGEM SQL – 2018) WHERE salario > 2000;
SELECT nome,cargo,salario FROM tbl_funcionarios
Vamos começar com o comando para se fazer uma WHERE salario < 7000;
consulta de dados. Imagine que você quer “selecionar SELECT nome,cargo,salario FROM tbl_funcionarios
todos os números de série de sua tabela de preços aci- WHERE salario BETWEEN 1000 AND 5000;
ma de R$ 10,00.” Se formos transformar isto em SQL, SELECT nome,cargo,salario FROM tbl_funcionarios
será tão simples quanto. Veja o comando: WHERE salario > 1000 AND salario < 5000;
SELECT nome,cargo,salario FROM tbl_funcionarios
WHERE (salario > 1000 AND salario < 5000) OR (nome
SELECT NumeroSerie
= “Ovidio” AND cargo = “Professor Nova Concursos”);
FROM precos
SELECT nome,cargo,salario FROM tbl_funcionarios
WHERE Preco > 10;
WHERE NOT nome = “Ovidio”;
SELECT nome,cargo,salario,cidade FROM tbl_funciona-
Veja os exemplos abaixo e descubra o que eles fazem. rios WHERE cidade IN(“Guarulhos”, “São Paulo”, “Praia
Grande”)
SELECT nome,cargo,salario FROM tbl_funcionarios
WHERE salario > 4000; Para se criar tabelas, o comando é o CREATE TAB-
SELECT * FROM jogadores WHERE time = “Palmeiras”;
LE, usando a seguinte estrutura:

No primeiro exemplo acima, é possível filtrar ape- CREATE TABLE tabela (


nas funcionários que ganham mais que 4 mil reais por nome_atributo tipo_dado opções,
mês, e no outro exemplo, mostra em uma tabela ape- ... ... ...,
nas jogadores do time Palmeiras. nome_atributo tipo_dado opções);
Para melhorar a busca, pode-se usar as condições
do WHERE. É nele que “filtramos” os atributos esco-
lhidos. O WHERE é opcional, sendo assim, pode-se Vamos agora criar uma tabela chamada tblprofes-
omiti-lo. Com ele, você terá todos os registros com os sor, que conterá os campos nome, endereço, telefone,
236 atributos escolhidos. As condições mais comuns são: data de nascimento e sexo.
Uma informação importante para este comando é
CREATE TABLE tblprofessor(codprofessor INTEGER
não esquecer do WHERE, ou então ele irá alterar todos
CONSTRAINT primarykey PRIMARY KEY,
os registros da sua tabela. Afinal, você não filtrou em
nome TEXT (50),
quais registros ele irá afetar.
endereco TEXT (50)
Vimos acima a estrutura do SELECT, então vamos
telefone TEXT (15),
acrescentar algumas funcionalidades a este comando
nascimento DATE,
e melhorar ainda mais nossas consultas com o ORDER
sexo TEXT (1),
BY, responsável por ordenar nosso resultado capturado
de forma crescente ou decrescente, baseado nas colunas
Parar cadastrar os dados em nossas tabelas, utili- que quisermos. O WHERE é opcional. Sintaxe básica é:
za-se o comando Insert into, conforme a estrutura a SELECT atributos FROM tabela ORDER BY atributo
seguir: {ASC / DESC};
Os nomes ASC e DESC são opcionais, mas por
INSERT INTO nome_tabela (nome_campo1, nome_ padrão o ASC é utilizado, pois ele define de forma
campo2, ..., nome_campoN) ascendente (crescente) a lista. O DESC faz o inverso,
VALUES (valor_campo1, valor_campo2, ..., decrescente.
valor_campoN); Veja os exemplos:

SELECT nome, salario, cargo FROM funcionarios OR-


Vejam alguns exemplos: DER BY nome;
SELECT nome, salario, cargo FROM funcionarios OR-
INSERT INTO Pessoas VALUES (4,’Ovidio’, ‘Bruna’, ‘Pie- DER BY nome ASC;
tra’, ‘Eleonora’); SELECT nome, salario, cargo FROM funcionarios OR-
INSERT INTO agenda (nome, email) VALUES (“Ovidio”, DER BY nome DESC;
“canaldoovidio@gmail.com”);
INSERT INTO PAÍSES VALUES (‘Brasil’, ‘Itália’, ‘Japão’);
INSERT INTO CanaldoOvidio (nomeCanal) VALUES (“Se Linguagem HiveQL (Hive 2.2.0)
inscreva no Canal do Ovidio”);
É um Data Warehouse criado com base no Apache
Hadoop, demonstrando exemplos de seu uso para
O comando DELETE é responsável pela exclusão manipular dados através da linguagem HiveQL e, tam-
de registros que não queremos mais dentro de nossas bém, da sua utilização dentro de uma aplicação Java.
tabelas. Segue a estrutura básica: Esse tema é útil para desenvolvedores que tenham
interesse em ferramentas para manipulação e tra-
DELETE FROM nome_tabela tamento de informações em grande escala, visando
WHERE condição uma melhor performance e facilidade no manuseio
de dados. Além disso, programadores que tenham
interesse em conhecer soluções para diminuir a com-
Você se lembra que olhamos alguns operadores plexidade das tarefas dentro do Apache Hadoop, sem
para ser utilizado junto ao WHERE do SELECT? Ele perder as vantagens da utilização do Map/Reduce,
continua valendo aqui. Veja os exemplos: encontrarão uma alternativa fácil e eficiente na ferra-
menta Apache Hive.
DELETE FROM funcionarios WHERE id_funcionario =
200; BANCO DE DADOS NOSQL
DELETE FROM funcionarios WHERE id_funcionario <
500; Banco de dados relacionais estão presentes na
DELETE FROM funcionarios WHERE func_nome = maioria das incorporações, porém, há situações que
“Ovidio”; eles podem não representar a solução mais adequada
para o armazenamento de dados. A modelagem rela-
cional pode se revelar como limitada em cenários nos
Quando queremos atualizar/modificar os valo-
quais um mesmo tipo de informação apresenta um
res de algum registro na tabela, precisamos dar um
formato variável, fato este que resultaria na criação
UPDATE. O WHERE continua presente. Veja a estrutu-
de inúmeras tabelas para atender a requisitos aparen-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ra básica:
temente simples em termos funcionais.
Existem também questões sobre como garantir
UPDATE tabela SET coluna = valor_novo WHERE uma alta disponibilidade e aumentar o poder de pro-
condição cessamento para atender a níveis de uso crescente
(escalabilidade). Muitas vezes, os investimentos em
Alguns exemplos: infraestrutura requeridos para isto serão pesados,
podendo mesmo se revelar como inviáveis do ponto
de vista financeiro.
UPDATE funcionarios SET salario = 8000 WHERE id_
Uma opção interessante para atender a estas dife-
funcionario = 57;
rentes necessidades seriam os bancos de dados NoS-
UPDATE funcionarios SET salario = 7800, nome = “Ovi-
QL, que o mercado interpreta como uma sigla de “Not
dio Lopes” WHERE id_funcionario = 1;
only SQL”, englobando alternativas com capacidades
UPDATE funcionarios SET salario = 545 WHERE salario
que vão além das características típicas dos sistemas
= 530;
gerenciadores relacionais. 237
O banco de dados pode ser orientado a documento Data Warehouse
que represente a unidade básica neste tipo de tecnolo-
gia, sendo possível comparar os mesmos aos registros Um sistema Data Warehouse é projetado para
das tabelas convencionais. fazer com que informações sejam disponibilizadas
Embora exista um paralelo com as linhas do mode- de modo integrado, histórico, não volátil e de forma
lo relacional, um documento possui uma estrutura simples, tornando-se assim uma ferramenta de fácil
flexível e que não está presa à existência de colunas usabilidade e compreensão para os administradores e
predefinidas. Do ponto de vista prático, isso significa gerentes de organizações.
que inúmeros documentos vinculados a uma mesma Uma solução de Data Warehouse junta vários
coleção podem contar com formatos variáveis. elementos, como algoritmos e ferramentas que per-
Muitas das soluções orientadas a documento fazem mitem que dados já selecionados de diversos prove-
uso do padrão JSON (JavaScript Object Notation) para dores de informações independentes, heterogêneos e
o armazenamento de dados. geograficamente distantes uns dos outros, possam ser
Dentre os diversos bancos orientados a documen- integrados em uma base de dados única, que se dá o
to, é possível citar como exemplos o MongoDB, o Dyna- nome de Data Warehouse.
moDB (alternativa oferecida na nuvem pela Amazon)
e o DocumentDB (este último um serviço que integra o
Microsoft Azure).
Já os bancos de dados do tipo chave-valor são for-
INTERNET E INTRANET
mados por conjuntos de chaves e seus respectivos
valores. Cada um destes conjuntos, por sua vez, conta
A Internet é a rede mundial de computadores que
ainda com uma chave que funciona como um identi-
surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares,
ficador único:
para proteger os sistemas de comunicação em caso de
ataque nuclear durante a Guerra Fria.
Key value Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta-
dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que
procuravam proteger as informações secretas de
ambos os países e seus blocos de influência.
Key value
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced
Research Projects Agency, era um modelo de troca e
compartilhamento de informações que permitia a
Key value descentralização das mesmas, sem um “nó central”,
garantindo a continuidade da rede mesmo que um nó
fosse desligado.
Key value A troca de mensagens começou antes da própria
Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio
Banco de Dados Chave-Valor a Internet como a conhecemos e a usamos.
Ela passou a ser usada também pelo meio educa-
Assim como acontece no modelo orientado a docu- cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca-
mentos, a estrutura de um banco do tipo chave-valor é dêmica. No início dos anos 90, ela se tornou aberta e
bastante flexível. Chaves podem, ou não, repetirem-se comercial, permitindo o acesso de todos.
ao longo de vários agrupamentos de dados.
Constituem exemplos deste tipo de banco o Redis
(solução open source bastante utilizada para cache de
dados) e o DynamoDB.
Existem também os bancos de dados orientados a Usuário Modem
Internet
colunas, esse é o modelo que mais difere do modelo Provedor de Acesso
relacional, em que uma linha representa um conjunto Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se conecta
de dados relacionados (com cada um destes últimos a um provedor de acesso através de uma linha telefônica
correspondendo a colunas):
A navegação na Internet é possível através da com-
z Em termos práticos, a organização dos dados ocor- binação de protocolos, linguagens e serviços, operan-
re com base em colunas; do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5
z Dados de colunas distintas representando um mes- camadas ou 4 camadas).
mo agrupamento ocupam as mesmas posições no A Internet conecta diversos países e grandes cen-
banco. tros urbanos através de estruturas físicas chamadas
de backbones. São conexões de alta velocidade que
São exemplos de bancos orientados à coluna o permitem a troca de dados entre as redes conectadas.
HBase e o Cassandra, com ambos constituindo inicia- O usuário não consegue se conectar diretamente no
tivas mantidas atualmente pela Apache Foundation. backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou
Por último, existem os bancos de dados orientados uma operadora de telefonia através de um modem e a
a grafos, que empregam conceitos da teoria de grafos empresa se conecta na “espinha dorsal”.
para a representação de relacionamentos entre dife- Após a conexão na rede mundial, o usuário deve
rentes conjuntos de dados. Uma das soluções mais utilizar programas específicos para realizar a navega-
238 conhecidas baseadas neste modelo é o Neo4j. ção e o acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores.
CONCEITO USO COMENTÁRIOS PROGRAMA CARACTERÍSTICAS

Conhecido como nuvem e tam- O eM Client é um cliente de e-mail gratuito


bém como World Wide Web, ou para uso pessoal no ambiente Windows e
WWW, a Internet é um ambiente Mac. Facilmente configurável. Tem a versão
Conexão entre
Internet inseguro, que utiliza o protoco- Pro, para clientes corporativos
computadores
lo TCP para conexão em con-
junto a outros para aplicações O Microsoft Outlook, integrante do pacote
específicas. Microsoft Office, é um cliente de e-mail que
permite a integração de várias contas em
Ambiente seguro que exige iden- uma caixa de entrada combinada
tificação, podendo estar restrito
a um local, que poderá acessar a O Microsoft Outlook Express foi o cliente
Conexão com
Intranet Internet ou não. A Intranet utili- de e-mail padrão das antigas versões do
autenticação
za o mesmo protocolo da Inter- Windows. Ainda aparece listado nos editais
net, o TCP, podendo usar o UDP de concursos, porém não pode ser utilizado
também. nas versões atuais do sistema operacional
Conexão remota segura, prote-
Webmail. Quando o usuário utiliza um na-
Conexão entre gida com criptografia, entre dois
vegador de Internet qualquer para acessar
Extranet d i s p o s i t i v o s dispositivos, ou duas redes. O
sua caixa de mensagens no servidor de
ou redes acesso remoto é geralmente su-
e-mails, ele está acessando pela modalida-
portado por uma VPN.
de webmai

Os editais costumam explicitar Internet e Intranet,


mas também questionam Extranet. A conexão remota O Microsoft Outlook possui recursos que permitem
segura que conecta Intranet’s através de um ambiente o acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização
inseguro que é a Internet é naturalmente um resulta- das mensagens em pastas, sinalizadores, acompanha-
do das redes de computadores. mento e também recursos relacionados a reuniões e
compromissos.
Os eventos adicionados ao calendário poderão ser
Internet, Intranet e Extranet enviados na forma de notificação por e-mail para os
Redes de
participantes.
computadores O Outlook possui o programa para instalação no
computador do usuário e a versão on-line. A versão
on-line poderá ser gratuita (Outlook.com, antigo Hot-
Internet Intranet Extranet mail) ou corporativa (Outlook Web Access – OWA, inte-
Rede mundial de Rede local de Acesso remoto grante do Microsoft Office 365).
computadores acesso restrito seguro

Utiliza os mesmos
Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros Usuário
Internet
Padrão de Criptografia em
Família TCP/IP
comunicação VPN

@
A Internet é transparente para o usuário. Qualquer
usuário poderá acessá-la sem ter conhecimento técni- Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor de
co dos equipamentos que existem para possibilitar a e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador de
conexão. Internet

Formas de Acesso ao Correio Eletrônico

Podemos usar um programa instalado em nosso


E-MAIL dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem


que o usuário não esteja on-line, a mensagem será
suas características e protocolos. Confira:
armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo
disponível até ela ser acessada novamente. FORMA DE
O correio eletrônico (popularmente conhecido CARACTERÍSTICAS
ACESSO
como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi Protocolo SMTP para enviar mensagens
um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet, e POP3 para receber. As mensagens são
mantendo-se usual até os dias de hoje. Cliente de E-mail transferidas do servidor para o cliente e
são apagadas da caixa de mensagens
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS remota
Protocolo IMAP4 para enviar e para re-
O Mozilla Thunderbird é um cliente de e-mail ceber mensagens. As mensagens são
gratuito com código aberto que poderá ser Webmail copiadas do servidor para a janela do
usado em diferentes plataformas navegador e são mantidas na caixa de
mensagens remota
239
RFC é Request for Comments, um documento de
texto colaborativo que descreve os padrões de cada
protocolo, linguagem e serviço para ser usado nas
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails redes de computadores.
De forma semelhante ao endereço URL para recur-
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico
Receber – POP3 Receber IMAP4 também possui o seu formato.
Existem bancas organizadoras que consideram o
formato reduzido usuário@provedor, no enunciado
das questões, em vez do formato detalhado usuário@
Usuário Usuário
provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.

CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – USUÁRIO@


Cliente de e-mail Navegador de Internet PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS

Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para o COMPONENTE CARACTERÍSTICAS


programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de Antes do símbolo de @, identifica um
Usuário
Internet e mantida no servidor de e-mails. único usuário no serviço de e-mail

Significa AT (lê-se “em” ou “no”) e é usa-


Os protocolos de e-mails são usados para a troca do para separar a parte esquerda, que
de mensagens entre os envolvidos na comunicação. @ identifica o usuário, da parte a sua direi-
O usuário pode personalizar a sua configuração, mas, ta, que identifica o provedor do serviço
em concursos públicos, o que vale é a configuração de mensagens eletrônicas
padrão, a qual foi apresentada neste material. Imediatamente após o símbolo de @,
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco- identifica a empresa ou provedor que ar-
lo para Transferência Simples de E-mails usado pelo Nome do domínio mazena o serviço de e-mail (o servidor
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men- de e-mail executa softwares como o
sagens e entre os servidores de mensagens do reme- Microsoft Exchange Server por exemplo)
tente e do destinatário. Identifica o tipo de provedor, por exem-
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o plo: COM (comercial), .EDU (educa-
Protocolo de Correio Eletrônico usado pelo cliente de cional), REC (entretenimento), GOV
Categoria do
e-mail para receber as mensagens do servidor remoto, domínio
(governo), ORG (organização não gover-
removendo-as da caixa de entrada remota. namental) etc., de acordo com as defi-
nições de Domínios de Primeiro Nível
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol)
(DPN) na Internet
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet,
o qual é usado pelo navegador de Internet (sobre os Informação que poderá ser omitida, quan-
protocolos HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso do o serviço está registrado nos Estados
webmail, para transferir cópias das mensagens para a País Unidos. O país é informado por duas letras,
janela do navegador, mantendo as originais na caixa como: BR, Brasil; AR; Argentina; JP; Japão;
CN; China; CO; Colômbia; etc.
de mensagens do servidor remoto.

Dica
Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail Quando o símbolo @ é usado no início, antes
SMTP
do nome do usuário, identifica uma conta em
Enviar – SMTP
rede social. Para o endereço URL do Instagram
Enviar e Receber
Receber – POP3 IMAP4 https://www.instagram.com/novaconcursos/, o
nome do usuário é @novaconcursos.

Remetente
Cliente
Destinatário Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen-
Webmail
cher os campos disponíveis para destinatário(s), título
O remetente está usando o programa Microsoft Outlook (cliente) da mensagem, entre outros. Para enviar a mensagem,
para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo (Exchange). é preciso que exista um destinatário informado em
O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail e ele utiliza
um navegador de Internet (webmail) para ler e responder os e-mails um dos campos de destinatários.
recebidos. Se um destinatário informado não existir no servi-
dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida.
Uso do correio eletrônico Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece-
ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se
Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o usuá-
o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado,
rio deve ter uma conta cadastrada em um serviço de
e-mail. O formato do endereço foi definido inicialmente a mensagem tentará ser entregue depois.
pela RFC822, redefinido pela RFC2822, e atualizado na Conheça os elementos e seu papel na criação de
240 RFC5322. uma nova mensagem de e-mail:
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
Outras Operações com o Correio Eletrônico

CAMPO CARACTERÍSTICAS O usuário poderá sinalizar as mensagens, tanto as


Identifica o usuário que está enviando recebidas como as enviadas. Ele poderá solicitar confir-
a mensagem eletrônica, o remetente. mação de entrega e confirmação de leitura. Vale dizer
FROM (De) que as mensagens recebidas podem ser impressas, igno-
É preenchido automaticamente pelo
sistema radas ou, ainda, podem ter seu código-fonte exibido.
Identifica o (primeiro) destinatário da Confira, a seguir, operações extras para o uso do
mensagem. Poderão ser especificados correio eletrônico com mais habilidade e profissiona-
vários endereços de destinatários nes- lismo, facilitando a organização do usuário.
se campo e serão separados por vírgula
TO (Para) Ação e características
ou ponto e vírgula (segundo o serviço).
Todos que receberem a mensagem co-
nhecerão os outros destinatários infor- z Alta prioridade: Quando marca a mensagem como
mados nesse campo Alta Prioridade, o destinatário verá um ponto de
exclamação vermelho no destaque do título;
Identifica os destinatários da men-
z Baixa prioridade: Quando o remetente marca a
sagem que receberão uma cópia do
e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário
CC (com cópia ou verá uma seta azul apontando para Baixo no des-
Copy (cópia carbono)
cópia carbono) taque do título;
Todos que receberem a mensagem
conhecerão os outros destinatários z Imprimir mensagem: O programa de e-mail ou navega-
informados nesse campo dor de Internet prepara a mensagem para ser impres-
sa, sem as pastas e opções da visualização do e-mail;
Identifica os destinatários da men-
sagem que receberão uma cópia do z Ver código fonte da mensagem: As mensagens pos-
BCC (CCO – com cópia e-mail. BCC é o acrônimo de Blind suem um cabeçalho com informações técnicas sobre
oculta ou cópia carbo- Carbon Copy (cópia carbono oculta). o e-mail as quais podem ser visualizadas pelo usuário;
no oculta) Todos que receberem a mensagem z Ignorar: Disponível no cliente de e-mail e em alguns
não conhecerão os destinatários in- webmails, ao ignorar uma mensagem, as próximas
formados nesse campo mensagens recebidas do mesmo remetente serão
Identifica o conteúdo ou título da excluídas imediatamente ao serem armazenadas
SUBJECT (assunto) na Caixa de Entrada;
mensagem. É um campo opcional
z Lixo Eletrônico: Sinalizador que move a mensa-
Anexar Arquivo: Identifica o(s) arqui-
gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio
vo(s) que está(ão) sendo enviado(s)
eletrônico para fazer o mesmo com as próximas
junto com a mensagem. Existem res-
ATTACH (anexo) mensagens recebidas daquele remetente;
trições quanto ao tamanho do anexo e
tipo (executáveis são bloqueados pelos z Tentativa de Phishing: Sinalizador que move a
webmails). Não são enviadas pastas mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o
serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem
O conteúdo da mensagem de e-mail
estar enviando links maliciosos que tentam captu-
Mensagem poderá ter uma assinatura associada
inserida no final
rar dados dos usuários;
z Confirmação de Entrega: O servidor de e-mails do
destinatário envia uma confirmação de entrega,
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou informando que a mensagem foi entregue na Cai-
salvas estarão em pastas do servidor de correio ele- xa de Entrada dele com sucesso;
trônico, nominadas como “caixas de mensagens”. z Confirmação de Leitura: O destinatário pode
A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens confirmar ou não a leitura da mensagem que foi
recebidas, lidas e não lidas. enviada para ele.
A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe-
tivamente enviadas. A confirmação de entrega é independente da confir-
A pasta Itens Excluídos contém as mensagens mação de leitura. Quando o remetente está elaborando
apagadas. uma mensagem de e-mail, ele poderá marcar as duas
A pasta Rascunhos contém as mensagens salvas e opções simultaneamente. Se as duas opções forem mar-
não enviadas. cadas, o remetente poderá receber duas confirmações
A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que para a mensagem que enviou, sendo uma do servidor de
o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe- e-mails do destinatário e outra do próprio destinatário.
ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que
ocorre quando enviamos uma mensagem no app
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet.


A mensagem permanece com um ícone de relógio Servidor Exchange Servidor Gmail
enquanto não for enviada. Enviar e-mail
Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde com confirmação O servidor confirma a
entrega do e-mail na caixa
são direcionadas as mensagens sinalizadas como de entrega
de entreda do destinatário
lixo. Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails
Recebendo a
não solicitados, que geralmente são enviados para confirmação de entrega
um grande número de pessoas. Quando o conteúdo
é exclusivamente comercial, esse tipo de mensagem Destinatário
é chamado de UCE (do inglês Unsolicited Commercial Remetente
Webmail
Cliente
E-mail – e-mail comercial não solicitado). Essas men-
sagens são marcadas pelo filtro AntiSpam e procuram
Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de Entrega,
identificar mensagens enviadas para muitos destina- o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails do
tários ou com conteúdo publicitário irrelevante para destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na
o usuário. Caixa de Entrada do e-mail do destinatário. 241
Enviar e-mail

Servidor Exchange Servidor Gmail


Enviar e-mail
com confirmação O destinatário
de leitura confirma a leitura
da mensagem
Recebendo a
confirmação de leitura

Remetente Destinatário O tráfego de dados, em uma conexão, é um ativo interessante para


Cliente
Webmail invasores, vírus de computadores e softwares maliciosos.
Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de Leitura, o
destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do conteúdo Invasores tentarão acessar a conexão e capturar os
do e-mail. dados trafegados. Os vírus de computador procuram infec-
tar os arquivos e causar danos aos sistemas. Esses softwares
maliciosos podem infectar dispositivos e sequestrar
arquivos.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
O que é Segurança da Informação?
Essa é uma pergunta curta, que exige conhecimentos
diversos, para que possa ser respondida. Neste tópico,
você encontrará as informações necessárias para isso.
As redes de computadores tornaram-se cada vez
mais interligadas e complexas. Elas integram, atualmen- Um protocolo seguro protege o tráfego de dados em uma conexão
te, muitos dispositivos, que, talvez, você não conheça, insegura, criptografando as informações que são enviadas e
mas que estão ali, promovendo a troca de dados entre recebidas.
o seu equipamento e o servidor remoto o qual está aces-
sando. No entanto, é sabido que os criminosos virtuais O usuário deverá utilizar um protocolo seguro
podem acessar redes de qualquer lugar do mundo. para acessar os dados, manter o seu dispositivo atua-
Neste sentido, os profissionais de Segurança da lizado e protegido, utilizar uma senha forte de acordo
Informação procuram proteger os dados armaze- com as políticas de segurança e práticas recomenda-
nados e trafegados entre os dispositivos por meio das, entre outras ações. Além disso, deverá utilizar
de equipamentos, programas e técnicas direciona- conexões seguras, como as VPN’s – Virtual Private
das. Para isso, o treinamento dos usuários também é Network –, para acesso aos serviços remotos (Compu-
importante, considerando que eles compreendem o tação na Nuvem); proteger-se das ameaças e ataques
elo mais fraco e vulnerável no que se refere à Segu- à Segurança da Informação, utilizando medidas de
rança da Informação. proteção em seu dispositivo, como antivírus, firewall
e anti-spyware).
Iniciaremos nossos estudos sobre Segurança da
Informação com o tópico VPN. Elas são muito impor-
tantes para a comunicação segura e tornaram-se des-
taque nos últimos anos, por causa do trabalho remoto
(home office). Empresas e usuários que não utilizavam
uma conexão remota segura precisaram adaptar-se
aos novos tempos. Em concursos, a tendência é que
aumente a frequência de questões sobre esse tema,
pois se tornou popular devido à pandemia.
A conexão entre o usuário cliente e o servidor é realizada por
A seguir, conheceremos como é a Computação na
diferentes equipamentos, que são transparentes para o usuário final.
Nuvem, suas características, os tipos de nuvem, os ser-
Entre o servidor remoto e o usuário final, as infor- viços oferecidos e as vantagens e desvantagens. Vale
mações solicitadas passarão por vários dispositivos de ressaltar que esse tópico já foi bastante abordado em
conexão (roteadores, repetidores de sinal, switches, alguns concursos, em provas de diversos cargos.
bridges, gateways) antes de serem apresentadas no Vírus de computador e softwares maliciosos:
dispositivo do usuário. quem nunca foi vítima, não é mesmo? Esse será o ter-
ceiro tópico sobre Segurança da Informação, no qual
Dica abordaremos os ataques e ameaças, com destaque
para os principais e mais comuns em provas de con-
Paradigma cliente-servidor: Nós somos clientes cursos. Assim como Computação na Nuvem, o tópico
e acessamos informações em servidores remo- “Noções de Vírus, Worms e Pragas Virtuais” também é
tos. As redes de computadores, em concursos muito questionado em concursos públicos.
públicos, são abordadas, seguindo esse paradig- Finalizando o conteúdo de Segurança da Informa-
ma. Usamos cliente web (browser ou navegador) ção, estudaremos os mecanismos de proteção e defesa
para acessar um servidor web. Usamos cliente contra os ataques e ameaças. Existem equipamentos
de e-mail para acessar um servidor de e-mail. de proteção, no entanto, em concursos públicos, geral-
Usamos um cliente FTP para acessar um servi- mente, são questionados os aplicativos para seguran-
242 dor FTP. ça (antivírus, firewall, anti-spyware etc).
Apesar de existirem soluções integradas e avançadas para os problemas de Segurança da Informação, que até
usamos em nossos dispositivos, nos concursos públicos, são questionadas as definições oficiais e as configurações
padrão dos programas.

NOÇÕES DE REDES PRIVADAS VIRTUAIS (VPN)

As redes privadas virtuais, popularmente identificadas pela sigla VPN (do inglês Virtual Private Network), são
criadas pelas empresas e usuários, para estabelecer uma conexão segura entre dois pontos.
Antes de iniciarmos nosso estudo sobre elas, vamos conhecer alguns dos conceitos básicos das redes de com-
putadores, de acordo com as suas características de uso e nível de segurança.

REDE CARACTERÍSTICAS BÁSICAS


Local Area Network é uma denominação relacionada ao alcance de uma rede, restrita a um prédio ou pequena
LAN
região
É uma rede local (pelo seu alcance, é uma LAN), interna de uma organização, segura, com acesso restrito aos
Intranet
usuários cadastrados no servidor da rede
Extranet É o acesso remoto seguro, de um ambiente inseguro, à intranet da organização
Rede mundial de computadores de acesso público e considerada insegura. A Internet é comumente represen-
Internet
tada por uma nuvem

A Extranet é uma conexão segura através de um ambiente inseguro (Internet) para redes internas protegidas (Intranet).

Importante!
Toda Intranet é uma LAN, mas nem toda LAN é uma Intranet.

Por que usar uma VPN?


Porque é importante e necessário. A Internet é a rede mundial de computadores, que conecta diversos disposi-
tivos entre si, utilizando uma estrutura pública e insegura oferecida pelos governos e operadoras de telefonia. O
acesso à Internet é oferecido para todos e, por isso, usuários mal intencionados conseguem interceptar a comuni-
cação de outros usuários, monitorando o tráfego de dados e roubando informações.
Com uma VPN estabelecida entre os dispositivos, o risco na transmissão é muito pequeno. Lembrando que
nada é 100% seguro em Informática, independentemente da quantidade de sistemas e proteções implementadas.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usuários mal intencionados procuram “escutar” uma conexão insegura em busca de dados que possam comprometer a privacidade do usuário
ou empresa. 243
As empresas utilizam softwares de terceiros para estabelecer a conexão segura entre os dispositivos de seus
colaboradores. Existem vários softwares que possibilitam a conexão segura, como a Área de Trabalho Remota (Win-
dows) e soluções de empresas de segurança digital (Forticlient VPN, Citrix Metaframe, TeamViewer, LogMeIn etc).
Os protocolos são padrões de comunicação. Para estabelecer uma conexão segura, protocolos seguros serão
usados, criando um túnel seguro entre o emissor e o receptor, por meio de um ambiente vulnerável. Eles pro-
curam encapsular os dados transmitidos, para que, em caso de monitoramento, a leitura do conteúdo torne-se
impossível, uma vez que os dados se tornam criptografados.

Usuários mal-intencionados não conseguem monitorar o conteúdo de uma conexão que esteja protegida com um protocolo seguro.

TIPO DE VPN CARACTERÍSTICA


� Um usuário pode conectar-se a uma rede, para acessar seus serviços e recursos remotamente
VPN de acesso remoto
� A conexão é segura e ocorrerá por meio de uma rede pública, como a Internet
(VPN client to site)
� Será uma conexão (cliente) para um servidor remoto que aceita várias conexões
� Dois roteadores estabelecem uma conexão segura para a troca de dados, sendo que um
deles opera como cliente VPN e o outro, como servidor VPN
� É o modelo mais usado no âmbito empresarial, para conectar com segurança a rede interna
VPN site a site de uma filial com a rede interna de uma matriz
� Serão várias conexões (filial), acessando um servidor remoto que aceita várias conexões
(matriz)
� Também conhecida como VPN LAN to LAN

Protocolos

Quando uma navegação na Internet é realizada, os protocolos transferem os dados de um servidor para o
cliente de acordo com o paradigma Cliente-Servidor. O servidor oferece os dados e provê a conexão e, então, o
cliente acessa as informações e solicita serviços.
Em uma conexão, para evitar que os dados sejam acessados por pessoas não autorizadas, protocolos de segu-
rança e proteção poderão ser implementados, utilizando-se de chaves e certificados digitais para a garantia da
transferência segura dos dados.
Muitas siglas de protocolos estão relacionadas com este tópico. Confira algumas delas:

PROTOCOLO SIGNIFICADO CARACTERÍSTICAS SEGURO?


GRE Generic Routing Encapsulation Desenvolvido pela CISCO, prioriza a velocidade Não
SSL Secure Sockets Layer Camada adicional de segurança para a conexão Sim
TLS Transport Layer Security Camada de transporte seguro para a conexão Sim
Orientar o servidor para criação de uma conexão segura
SSH Secure Shell Sim
com o cliente
Extensão do protocolo IP para suprir a falta de segurança
IPsec IP Security Protocol Sim
de informações que trafegam em uma rede pública
Protocolo para facilitar a comunicação bidirecional, ba-
Telnet seada em texto interativo (comandos), usando uma co- Não
244 nexão de terminal virtual
PROTOCOLO SIGNIFICADO CARACTERÍSTICAS SEGURO?
Atualização dos protocolos L2F (Protocolo de Encami-
L2TP Layer 2 Tunnelling Protocol nhamento da Camada 2) e PPTP (Protocolo de Tunela- Não
mento Ponto-a-Ponto)
O PPTP adiciona um canal seguro ao TCP e utiliza um
PPTP Point-to-Point Tunneling Protocol túnel GRE Sim
� Algumas questões o apresentam com a sigla PPP
Criar conexões ponto a ponto (point to point) e site a
OpenVPN VPN de Código aberto site (site to site), usando um protocolo personalizado Sim
baseado no TLS e SSL

Dica
Protocolos seguros costumam mostrar a letra S na sua sigla, como em HTTPS.

Um protocolo seguro procura estabelecer uma conexão segura entre os dispositivos, possibilitando a troca de
informações. Antes do envio de dados, a conexão segura será negociada entre os dispositivos e aprovada após a
confirmação do certificado digital.

A criptografia é usada para garantir a autenticidade e a integridade das conexões.

A conexão remota poderá ser uma simples conexão direta entre os dispositivos (ponto a ponto, túnel de cone-
xão, sem criptografia dos dados trafegados) ou uma conexão entre os dispositivos com segurança, utilizando
protocolos seguros, para criptografar o conteúdo trafegado no túnel de conexão.

Programas

Após conhecer as definições de uma VPN e os protocolos que podem ser utilizados, é comum surgir uma dúvida:
quais são os programas que usamos para transformar o nosso dispositivo em um cliente VPN?
A resposta é: depende. Cada dispositivo possui um sistema operacional e, de acordo com a origem (cliente) e o
destino (servidor), existem programas mais adequados para cada cenário.

ORIGEM DESTINO EXEMPLO DE


(CLIENTE) (SERVIDOR) PROGRAMA PARA VPN
Windows Windows Área de Trabalho Remota
Windows Linux PuTTy
Linux Windows OpenVPN
Linux Linux Network-Manager.

A utilização de um software de VPN, a fim de acessar a rede interna de uma organização (no modelo VPN client
to site), implementa segurança aos dados trafegados na forma de criptografia, para garantir a autenticidade e a
integridade das conexões. No entanto, onde a VPN será “iniciada”?
Nas redes de computadores, o firewall é um item especialmente importante em relação à segurança da informa-
ção. Ele é um filtro de portas TCP, que permite ou bloqueia o tráfego de dados. Logo, se uma conexão deseja enviar
e receber dados, precisa ter a porta correspondente liberada, em ambos os lados, tanto no cliente como no servidor.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se existe um firewall na rede, a VPN poderá ser instalada (e configurada) no firewall (mais comum), em frente
ao firewall (para autenticar o que está chegando), atrás do firewall (para autenticar o que chegou), paralelamente
ao firewall (para acompanhar o envio e recebimento dos pacotes) ou na interface dedicada do firewall (na conexão
VPN site to site, para atender a vários dispositivos da rede).
No Windows 10, a definição da VPN poderá ser realizada por meio da Central de Ações (atalho de teclado
Windows + A) ou em Configurações, Rede e Internet, VPN. O acesso Home Office é um tipo de conexão externa que
deverá utilizar uma VPN, para proteger os dados trafegados com o uso de criptografia implementada por proto-
colos seguros.

NOÇÕES DE COMPUTAÇÃO EM NUVEM

Computação em nuvem (em inglês, cloud computing) refere-se ao processamento de dados remotos. O usuário
envia informações inseridas em seu dispositivo local e os programas, na nuvem, executam as operações solicita-
das, devolvendo para o periférico de saída do dispositivo local do usuário os resultados obtidos. 245
A expressão “nuvem” é usada para designar a Tecnologias de Serviços na Nuvem
Internet, porém, na prática, pode, também, referen-
ciar um processamento remoto dentro da rede inter- Existem várias opções que poderão ser contrata-
na da empresa. Vale ressaltar que existem nuvens das como serviços, sendo as principais em concursos
privadas, públicas, híbridas e comunitárias. públicos: IaaS, PaaS e SaaS. Vejamos cada uma delas:
A Computação em Nuvem é a evolução do prin-
cípio da Computação em Grade. Na Computação em
Grade, uma grande quantidade de clusters computa- z Infrastructure as a Service (IaaS): fornece
cionais (servidores conectados entre si dentro de uma recursos de computação virtualizados pela Inter-
infraestrutura compartilhada) aliada à disseminação net. O provedor hospeda o hardware, o software, os
da conexão de banda larga facilitaram a adoção da servidores e os componentes de armazenamento;
Computação nas Nuvens por diferentes empresas. z Platform as a Service (PaaS): proporciona acesso
às ferramentas e aos serviços de desenvolvimento
usados para entregar os aplicativos;
z Software as a Service (SaaS): permite aos usuá-
rios o acesso aos bancos de dados e software de
aplicativo. Os provedores de nuvem gerenciam a
infraestrutura. Os usuários armazenam dados nos
servidores do provedor de nuvem.

Obs.: Novas definições são criadas por empresas


com propósitos de marketing. Em concursos públicos,
as definições mais questionadas são SaaS, PaaS e IaaS.
Um sistema de computação legado, ou dedicado,
é aquele em que a empresa é responsável por todos
os itens do projeto, desde o fornecimento de energia
para a operação dos servidores adquiridos por ela, até
a disponibilização de aplicações que foram compra-
das, por meio de Licenças, para sua utilização.
Os diferentes dispositivos acessarão os recursos disponibilizados na
Na computação em nuvem, é possível contratar
nuvem (Internet)
de uma operadora de nuvem, data centers, rede de
A Computação na Nuvem pode ser vista como uma dados, armazenamento, servidores e sistemas de vir-
evolução e, também, uma convergência das tecno- tualização. Essa é uma Infraestrutura como um Servi-
logias de virtualização e das arquiteturas (como os ço (IaaS).
clusters computacionais) orientadas a serviços. Atual- Desenvolvedores podem contratar de uma ope-
mente, a Computação nas Nuvens é o ponto de partida radora de nuvem, data centers, rede de dados, arma-
para o desenvolvimento de soluções computacionais zenamento, servidores, sistemas de virtualização,
que necessitem de rapidez, flexibilidade e acesso faci- sistema operacional, banco de dados e segurança digi-
litado, oferecendo, instantaneamente, a nível global, tal. Essa é uma Plataforma como um Serviço (PaaS).
uma solução para problemas do dia a dia. Usuários podem contratar de uma operadora de
Quem nunca pediu uma refeição ou solicitou um nuvem tudo, desde os data centers até as aplicações.
meio de transporte através de um aplicativo? O sistema Esse é um Software como um Serviço (SaaS).
de processamento dos pedidos, distribuição das deman-
das, localização dos prestadores de serviços e controle
fiscal das vendas é realizado na nuvem, em servidores
que estão distribuídos ao redor do mundo, conectados
em tempo real para o atendimento das demandas.
A computação na nuvem oferece tudo como um
serviço: armazenamento de dados, plataforma para
execução de aplicações, infraestrutura para o desen-
volvimento de sistemas, espaço para testes de aplicati-
vos etc. “Webware” ou “software” baseado na Internet
é a denominação para esses programas que operam
como serviços na rede.

Importante!
Tudo que é oferecido pela nuvem é um serviço
escalável e personalizável. Na computação local, tudo precisa ser adquirido e mantido pelo
usuário. Na computação na nuvem, o usuário precisará apenas de
um acesso à rede.
Armazenamento em nuvem é uma opção de arma-
zenamento remoto que usa o espaço em um provedor Como é possível observar, a Computação nas
de data center e é acessível de qualquer computador Nuvens é uma forma de disponibilização de recursos
com acesso à Internet. Google Drive, Microsoft One- equivalente à Computação Local, mas remotamente.
Drive, Apple iCloud e Dropbox são exemplos de servi- Na tabela a seguir, vamos comparar esses dois forma-
246 ços de armazenamento em nuvem. tos e suas responsabilidades.
COMPUTAÇÃO LOCAL COMPUTAÇÃO NAS NUVENS

Teclado, mouse, scanner, monitor touch


Entrada de Dados Enviado para um serviço na rede
screen

Computadores remotos, distribuídos na


Processamento de Dados Processador do computador
rede

Monitor, impressora, placa de modem, pla- Disponibilizado um link para download, vi-
Saída de Dados
ca de rede, USB, HD etc. sualização ou compartilhamento

Programas (softwares) Instalados no computador Disponíveis na Internet

Serviços (backup) Responsabilidade do usuário Responsabilidade da empresa

Responsabilidade do sistema operacional


Serviços (desfragmentador) Responsabilidade da empresa
local

Antivírus Responsabilidade do usuário Responsabilidade da empresa

Firewall Responsabilidade do usuário Responsabilidade da empresa

Oferecido pela empresa, definido pelo


Permissões de acesso Responsabilidade do usuário
usuário

Gerenciamento da estrutura Responsabilidade do usuário Responsabilidade da empresa

Benefícios dos Serviços na Nuvem

Ao contratar Infraestrutura como um Serviço (IaaS), o usuário obtém economia de custo (pois não há neces-
sidade de comprar e manter hardwares), tempo de colocação no mercado (pois poderá iniciar suas operações
imediatamente, sem esperar pela instalação de um data center na empresa), disponibilidade em tempo integral
e escalabilidade sob demanda (pela expansão ou contração da empresa de acordo com o dia a dia da operação).
Plataforma como um Serviço (PaaS) gera para o usuário uma economia de gastos (novamente, relacionada ao
hardware que não precisa ser adquirido), desenvolvimento simplificado de aplicativos (por conta dos ambientes
de desenvolvimento para diferentes plataformas), colaboração (pela comunicação on-line com outros desenvolve-
dores) e ambiente integrado (para teste, implementação e gerenciamento).
Software como um Serviço (SaaS) oferecerá economia de gastos (menor custo das licenças de softwares), com-
partilhamento de arquivos (de forma fácil e rápida), portabilidade (na troca de dispositivos pessoais, o acesso ao
serviço não será impactado com novas instalações e configurações) e independência do sistema operacional (a
troca de dados será realizada pelo protocolo TCP, que tem suporte em todos os sistemas operacionais).

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os provedores, desenvolvedores e usuários finais, fornecem, suportam ou consomem recursos da nuvem.

Os softwares são desenvolvidos na Plataforma (PaaS), utilizando os recursos da estrutura na Infraestrutura


(IaaS), para serem utilizados pelos usuários finais como um serviço (SaaS). Na tabela a seguir, vamos associar os
itens da computação local com os itens da computação na nuvem, a fim de mostrar que, na Nuvem, ocorre uma
adaptação do nosso computador de casa. 247
COMPUTAÇÃO LOCAL COMPUTAÇÃO NA NUVEM
Software Microsoft Office (instalado) Microsoft Office (on-line)
Plataforma Microsoft Windows 10 Microsoft Windows Azure
Infraestrutura Hardware e energia elétrica do usuário Hardware e energia elétrica da empresa provedora

Vantagens da Computação em Nuvem

O usuário não precisará se preocupar com atualizações de softwares e hardwares, pois serão realizadas pela
empresa contratada. Elas serão automáticas e disponibilizadas em tempo real para todos.
O compartilhamento de informações será facilitado, bastando que outros usuários tenham acesso à Internet,
para que possam acessar os dados compartilhados. Os serviços serão disponibilizados durante 24 horas por dia,
pelos sete dias da semana, com sistemas de redundância e recuperação de falhas sob responsabilidade da empre-
sa contratada.
Assim, a necessidade de manutenção da infraestrutura física da rede local diminui, bastando para o usuário o
fornecimento de energia elétrica e conexão de rede para acesso aos serviços remotos. Além disso, por ter menos
equipamentos na infraestrutura local, o consumo de energia elétrica, refrigeração e espaço físico serão reduzidos,
o que, indiretamente, contribui para a preservação e uso racional dos recursos naturais.
Ainda, a Computação em Nuvem traz flexibilidade para o uso e contratação de serviços. O usuário pode con-
tratar um pacote básico de serviços e, de acordo com a sua necessidade, pode ampliar parâmetros do contrato,
alterando, de forma dinâmica, os limites de utilização.
Por fim, é preciso citar, como uma vantagem, a elasticidade rápida. Os recursos são provisionados dinamica-
mente, atendendo às necessidades pontuais da operação do cliente (uma loja virtual pode aumentar a quantidade
de acessos simultâneos ao site apenas na Black Friday por exemplo). Essa é a sua característica mais marcante.

Desvantagens da Computação em Nuvem

Quanto mais aplicações forem acessadas na nuvem, mais velocidade de transferência de dados será necessá-
ria. Portanto, a principal desvantagem da Nuvem é inerente ao propósito dela mesma.
O tempo de inatividade é outra desvantagem. Quando todos os sistemas estão em uma plataforma, se ela ficar
indisponível, a empresa e os usuários não terão acesso a nada. Felizmente, isso tem mudado e, hoje, as empresas
fornecedoras de serviços na nuvem conseguem oferecer up-time (tempo de uso disponível) acima de 99,9999%.
A dificuldade de migração é, sem dúvidas, a principal desvantagem. Quanto mais utilizamos uma determinada
empresa fornecedora, mais nos tornamos dependente dela. Caso exista a necessidade de migração dos dados, ela
poderá ser dificultada ou até impossibilitada.
Para minimizar essa desvantagem, a replicação de servidores é uma alternativa quando os dados são replica-
dos entre um servidor local e um servidor na nuvem.

1. Tudo está na nuvem

3. A interface é na nuvem, os dados estão


2. Tudo está duplicado armazenados localmente

248 Diferentes apresentações para a nuvem


Principais Características da Computação em Nuvem

On Demand Self Service, ou Auto Atendimento sob Demanda, significa que o usuário pode usar os serviços,
aumentar ou diminuir as capacidades computacionais alocadas, como o tempo de servidor e armazenamento de
rede, sem a intervenção humana com o provedor de serviços. O limite de crédito do seu cartão de crédito virtual
é um exemplo dessa característica.
Ubiquitous Network Access, ou Amplo Acesso à Rede, significa que os serviços são acessíveis a partir de qual-
quer plataforma. O usuário pode acessar um sistema desenvolvido para Windows, armazenado em um servidor
Linux, a partir de seu smartphone Apple. Quase todos os serviços disponíveis na nuvem são assim.
Resource Pooling, ou Pool de Recursos, significa que os serviços são armazenados em servidores distribuídos
globalmente e seus recursos virtuais são dinamicamente atribuídos ou retribuídos pelo cliente, conforme a sua
demanda. É o modelo multi-inquilino (multi-tenancy), que possibilita a adesão de novos clientes, em detrimento
da oferta, pelos clientes atuais. Um usuário em São Paulo pode contratar e acessar um serviço ofertado por uma
empresa em Belo Horizonte, que mantém os servidores em uma cidade na Índia.
Rapid Elasticy, ou Elasticidade Rápida, significa que a alocação de mais ou menos recursos da nuvem ocorrerá
com agilidade, provisionando e liberando, elasticamente, as demandas solicitadas pelo usuário. Ao contratar um
armazenamento de dados na nuvem, o espaço disponível para uso será imediatamente ajustado após a confirma-
ção do pagamento.
Measured Service, ou Serviços Mensuráveis, significa que todos os serviços são controlados e monitorados
automaticamente pela nuvem, de maneira transparente para o usuário, sem a necessidade de conhecimento téc-
nico sobre a sua operação. É transparente para o usuário, pois ele não precisa conhecer onde estão alocados os
recursos computacionais contratados, acessando apenas a interface para acesso.

Tipos de Nuvem

Conforme mencionado anteriormente, podemos classificar as nuvens, de acordo com a infraestrutura ou seus
usuários, em: privada, pública, híbrida ou comunidade (comunitária).
No modelo de Nuvem Privada, a infraestrutura é proprietária ou alugada por uma única organização, para
ser operada exclusivamente por ela mesma, podendo ser local ou remota. A empresa aplica políticas de acesso aos
serviços para os usuários cadastrados e autorizados.
A definição de Nuvem Pública indica que a infraestrutura pertence a uma organização que vende serviços
para o público em geral, podendo ser acessada por qualquer usuário que conheça a localização do serviço, não
sendo admitidas técnicas de restrição de acesso ou autenticação.
No formato de Nuvem Híbrida, a infraestrutura é composta por, pelo menos, duas nuvens que preservam as
características originais do seu modelo, as quais estão interligadas por uma tecnologia que possibilita a portabili-
dade de informações e de aplicações. Esse é o tipo mais comum encontrado no mercado.
Na Nuvem Comunidade (Comunitária), a infraestrutura é compartilhada por diversas organizações que,
normalmente, possuem interesses comuns, como requisitos de segurança, políticas, aspectos de flexibilidade e/
ou compatibilidade.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Organização X Organização Z
Organização Y

De acordo com a natureza do acesso e dos interesses envolvidos, uma nuvem poderá ser do tipo Pública, Privada, Híbrida ou Comunitária.

249
NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS VIRTUAIS

Sabe-se que ameaças e riscos de segurança estão presentes no mundo virtual. Assim como existem pessoas
boas e más no mundo real, existem usuários com boas ou más intenções no mundo virtual.
Os criminosos virtuais são genericamente denominados como hackers, porém o termo mais adequado seria
cracker. Um hacker é um usuário que possui muitos conhecimentos sobre tecnologia, podendo ser nomeado como
White Hat – hacker ético que usa suas habilidades com propósitos éticos e legais –, Gray Hat – aquele que comete
crimes, mas sem ganho pessoal (geralmente, para exposição de falhas nos sistemas) – e Black Hat – aquele que
viola a segurança dos sistemas para obtenção de ganhos pessoais.
Amadores ou inexperientes, profissionais ou experientes, todo usuário está sujeito aos riscos inerentes ao uso
dos recursos computacionais. São riscos de segurança digital:

z Ameaças: vulnerabilidades que existem e podem ser exploradas por usuários;


z Falhas: vulnerabilidades existentes nos sistemas, sejam elas propositais ou acidentais;
z Ataques: ação que procura denegrir ou suspender a operação de sistemas.

Devido à crescente integração entre as redes de comunicação, conexão com novos e inusitados dispositivos
(IoT – Internet das Coisas) e criminosos com acesso de qualquer lugar do mundo, as redes de informações torna-
ram-se particularmente difíceis de se proteger. Profissionais altamente qualificados são formados e contratados
pelas empresas com a única função de proteger os sistemas informatizados.
Em concursos públicos, as ameaças e os ataques são os itens mais questionados.

Dica
Você conhece a Cartilha de Segurança CERT? Disponível gratuitamente na Internet, ela é a fonte oficial de
informações sobre ameaças, ataques, defesas e segurança digital. Ela pode ser acessada pelo link: <https://
cartilha.cert.br/>. (Acesso em: 13 nov. 2020).

Ameaças

As ameaças são identificadas como aquelas que possuem potencial para comprometer a oferta ou existência
dos ativos computacionais, tais como: informações, processos e sistemas. Um ransomware – software que seques-
tra dados, utilizando-se de criptografia e solicita o pagamento de resgate para a liberação das informações seques-
tradas – é um exemplo de ameaça.
É importante entender que, apesar de a ameaça existir, se não ocorrer uma ação deliberada para sua execução
ou se medidas de proteção forem implementadas, ela é eliminada e não se torna um ataque. As ameaças à segu-
rança da informação podem ser classificadas como:

� Tecnológicas: quando ocorre mudança no padrão ou tecnologia, sem a devida atualização ou upgrade;
z Humanas: intencionais ou acidentais, que exploram vulnerabilidades nos sistemas;
z Naturais: não intencionais, relacionadas ao ambiente, como as catástrofes naturais.

As empresas precisam fazer uma avaliação das ameaças que possam causar danos ao ambiente computacio-
nal dela mesma (Gerenciamento de Risco), implementar sistemas de autenticação (Controlar o Acesso), definir
os requisitos de senha forte (Política de Segurança), manter um inventário e realizar o rastreamento de todos os
ativos (Gerenciamento de Recursos), além de utilizar sistemas de backup e restauração de dados (Gerenciamento
de Continuidade de Negócios).

Falhas

As falhas de segurança nos sistemas de informação poderão ser propositais ou involuntárias. Se o programa-
dor insere, no código do sistema, uma falha que produza danos ou permita o acesso sem autenticação, temos um
exemplo de falha proposital. Já se uma falha for descoberta após a implantação do sistema, sem que tenha sido
uma falha proposital, e tenha sido explorada por invasores, temos um exemplo de falha involuntária, inerente
ao sistema.
Quando identificadas, as falhas são corrigidas pelas empresas que desenvolveram o sistema por meio da dis-
tribuição de notificações e correções de segurança. O Windows Update, serviço da Microsoft para atualização do
Windows, distribui, mensalmente, os patches (pacotes) de correções de falhas de segurança.

Ataques

Sem dúvidas, o assunto de maior destaque, tanto em concursos como no mundo real, são os ataques. Coor-
denados ou isolados, os ataques procuram romper as barreiras de segurança definidas na Política de Segurança,
com o objetivo de anular o sistema ou capturar dados.
Os ataques podem ser classificados como:

z Baixa complexidade: exploram falhas de segurança de forma isolada e são facilmente identificados e anulados;
z Média complexidade: combinam duas ou mais ferramentas e técnicas, para obter acesso aos dados, sendo de
250 média complexidade para a solução, gerando impactos na operação dos sistemas, como a indisponibilidade;
z Alta complexidade: refinados e avançados, os ataques combinam o acesso às falhas do sistema, novos códi-
gos maliciosos desconhecidos e a distribuição do ataque com redes zumbis, tornando difícil a resolução do
problema.

Dica
� Ameaças existem e podem afetar ou não os sistemas computacionais;
� Falhas existem e podem ser exploradas ou não pelos invasores;
� Ataques são realizados todo o tempo contra todos os tipos de sistemas.

Vírus de Computador

O vírus de computador é a ameaça digital mais popular. Tem esse nome por se assemelhar a um vírus orgâ-
nico ou biológico. O vírus biológico é um organismo que possui um código viral que infecta uma célula de outro
organismo. Quando a célula infectada é acionada, o código viral é duplicado e se propaga para outras células
saudáveis do corpo. Quanto mais vírus existirem no organismo, menor será o seu desempenho, fazendo com que
recursos vitais sejam consumidos, podendo levar o hospedeiro à morte.
O vírus de computador é um código malicioso que infecta arquivos em um dispositivo. Quando o arquivo é
executado, o código do vírus é duplicado, propagando-se para outros arquivos do computador. Quanto mais vírus
existirem no dispositivo, menor será o seu desempenho, fazendo com que recursos computacionais sejam consu-
midos, podendo levar o hospedeiro a uma falha catastrófica.

1. E-mail com vírus de computador é enviado para o usuário

E-mail com vírus Usuário Arquivo

2. E-mail é aberto e o arquivo anexo infectado é executado.

E-mail com vírus Usuário Arquivo


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3. O código do vírus é copiado para arquivos do computador

E-mail com vírus Usuário Arquivo


251
4. Ao executar o arquivo infectado, novos arquivos serão infectados

E-mail com vírus Usuário Arquivo Arquivo

O vírus de computador poderá entrar no dispositivo do usuário por meio de um arquivo anexado em uma
mensagem de e-mail, ou por cópia de arquivos existentes em uma mídia removível, como o pen drive, recebidos
por alguma rede social, baixados de sites na Internet, entre outras formas de contaminação.

VÍRUS DE COMPUTADOR CARACTERÍSTICAS


� Infectam o setor de boot do disco de inicialização
Vírus de boot
� Cada vez que o sistema é iniciado, o vírus é executado
Armazenados em sites na Internet, são carregados e executados quando o usuário
Vírus de script
acessa a página, usando um navegador de Internet
� As macros são desenvolvidas em linguagem Visual Basic for Applications (VBA) nos
Vírus de macro arquivos do Office, para a automatização de tarefas
� Quando desenvolvido com propósitos maliciosos, é um vírus de macro
O vírus “mutante” ou “polimórfico”, a cada nova multiplicação, o novo vírus mantém
Vírus do tipo mutante
traços do original, mas é diferente dele
São programados para agir em uma determinada data, causando algum tipo de dano no
Vírus time bomb
dia previamente agendado
� Um vírus stealth é um código malicioso muito complexo, que se esconde depois de
infectar um computador
Vírus stealth � Ele mantém cópias dos arquivos que foram infectados para si e, quando um software
antivírus realiza a detecção, apresenta o arquivo original, enganando o mecanismo de
proteção
� O vírus Nimda explora as falhas de segurança do sistema operacional
Vírus Nimda � Ele se propaga pelo correio eletrônico e, também, pela web, em diretórios comparti-
lhados, pelas falhas de servidor Microsoft IIS e nas trocas de arquivos

Todos os sistemas operacionais são vulneráveis aos vírus de computador. Quando um vírus de computador
é desenvolvido por um hacker, este procura elaborá-lo para um software que tenha uma grande quantidade de
usuários iniciantes, o que aumenta as suas chances de sucesso.
O Windows, por exemplo, possui muitos usuários e a maioria deles não tem preocupações com segurança. Por
isso, grande parte dos vírus de computadores são desenvolvidos para atacarem sistemas Windows.
O Linux, por sua vez, tem poucos usuários, se comparado ao Windows, e a maioria deles possui muito conhe-
cimento sobre Informática, tornando a ação de vírus nesse sistema uma ocorrência rara.
Já o Android, software operacional dos smartphones populares, é uma variação do sistema Linux original.
Apesar de possuir essa origem nobre, é alvo de milhares de vírus, por causa dos seus usuários, que, na maioria
das vezes, não têm rotinas de proteção e segurança de seus aparelhos.
Um vírus de computador poderá ser recebido por e-mail, transferido de sites na Internet, compartilhado em
arquivos, através do uso de mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e por mensagens instantâneas. Vale
lembrar, no entanto, que um vírus necessita ser executado para que entre em ação, pois ele tem um hospedeiro
definido e um alvo estabelecido. Ele se propaga, inserindo cópias de si em outros arquivos, alterando ou removen-
do arquivos do dispositivo para propagação e autoproteção, a fim de não ser detectado pelo antivírus.

Worms

O worm é um verme que explora de forma independente as vulnerabilidades nas redes de dispositivos. Geralmente,
eles deixam a comunicação na rede lenta, por ocuparem a conexão de dados ao enviarem cópias de seu código malicioso.
Um verme biológico parasita um organismo, consumindo seus recursos e deixando o corpo debilitado. Um
verme tecnológico parasita um dispositivo, consumindo seus recursos de memória e conexão de rede, deixando o
aparelho e a rede de dados lentos.
Os worms não precisam ser executados pelo usuário como os vírus de computador e a sua propagação será
252 rápida caso não existam barreiras de proteção que os impeçam.
1. Dispositivo infectado se conecta na rede do usuário

Smartphone com worm Roteador do Usuário Impressora

2. Roteador infectado envia o worm para a impressora

Smartphone com worm Roteador do Usuário Impressora

3. Impressora infectada demora muito para imprimir


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Smartphone com worm Roteador do Usuário Impressora

253
4. Um novo dispositivo se conecta e é infectado

Roteador do Usuário Impressora


Smartphone com worm

Smartphone

Dica
Os worms infectam dispositivos e propagam-se para outros dispositivos de forma autônoma, sem interferên-
cia do usuário.

Os worms podem ser recebidos automaticamente pela rede, inseridos por um invasor ou por ação de outro
código malicioso. Assim como os vírus, ele poderá ser recebido por e-mail, transferido de sites na Internet, com-
partilhado em arquivos, por meio do uso de mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e por mensagens
instantâneas.
Com o objetivo de explorar as vulnerabilidades dos dispositivos, os worms enviam cópias de si mesmos para
outros dispositivos e usuários conectados. Por serem autoexecutáveis, costumam consumir grande quantidade de
recursos computacionais, promovendo a instalação de outros códigos maliciosos e iniciando ataques na Internet
em busca de outras redes remotas.

Pragas Virtuais

As diversas pragas virtuais são, genericamente, chamadas de malwares (softwares maliciosos), por apresen-
tarem características semelhantes: oferecem alguma vantagem para o usuário, mas realizam ações danosas que
acabarão prejudicando-o.

� Cavalo de Troia ou Trojan

É um código malicioso que realiza operações mal-intencionadas enquanto realiza uma operação desejada pelo
usuário, como um jogo on-line ou reprodução de um vídeo. Ele é enviado com o conteúdo desejado e, ao ser exe-
cutado, desativa as proteções do dispositivo, para que o invasor tenha acesso aos arquivos e dados.
Esse nome está, justamente, relacionado com a história do presente dado pelos gregos aos troianos, consis-
tindo em um cavalo de madeira, com soldados em seu interior. Após entrar nas fortificações de Troia, os gregos
desativaram as defesas e permitiram o acesso do seu exército.

Importante!
O Trojan ou Cavalo de Troia é apresentado, no enunciado de algumas questões de concursos, como um tipo
de vírus de computador.

254
1. E-mail com Cavalo de Troia é enviado para o usuário

E-mail com vírus Usuário

2. E-mail é aberto e o link do jogo on-line é acessado

E-mail com vírus Usuário Jogo on-line

3. Enquanto o usuário joga, o trojan desativado as proteções

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

E-mail com vírus Usuário Jogo on-line

255
4. Enquanto o usuário joga, o invasor consegue acesso

Usuário Jogo on-line

z Spyware

É um programa malicioso que procura monitorar as atividades do sistema e enviar os dados capturados
durante a espionagem para terceiros. Existem softwares espiões considerados legítimos (instalados com o consen-
timento do usuário) e maliciosos (que executam ações prejudiciais à privacidade do usuário).
Os softwares espiões podem ser especializados na captura de teclas digitadas (keylogger), nas telas e cliques efe-
tuados (screenlogger) ou para apresentação de propagandas alinhadas com os hábitos do usuário (adware). Eles,
geralmente, são instalados por outros programas maliciosos, para aumentar a quantidade de dados capturados.

z Bot

É um programa malicioso que mantém contato com o invasor, permitindo que comandos sejam executados
remotamente. O dispositivo controlado por um bot poderá integrar uma rede de dispositivos zumbis, a chamada
botnet.
Quando o invasor deseja atacar sites para provocar Negação de Serviço, ele aciona os bots que estão distri-
buídos nos dispositivos do usuário, para que façam a ação danosa. Além de esconder os rastros da identidade do
verdadeiro atacante, os bots poderão continuar sua propagação através do envio de cópias para outros contatos
do usuário afetado.

z Backdoor

É um código malicioso semelhante ao bot, mas que, além de executar comandos recebidos do invasor, realiza
ações para desativação de proteções e aberturas de portas de conexão. O invasor, ciente das portas TCP que estão
disponíveis, consegue acesso ao dispositivo para a instalação de outros códigos maliciosos e roubo de informações.
Assim como os spywares, existem backdoors legítimos (adicionados pelo desenvolvedor do software para fun-
cionalidades administrativas) e ilegítimos (para operarem independente do consentimento do usuário).

z Rootkit

É um código malicioso especializado em esconder e assegurar a presença de outros códigos maliciosos para o
invasor acessar o sistema. Essas pragas virtuais podem ser incorporadas em outras pragas, para que o código que
camufla a presença seja executado, escondendo os rastros do software malicioso.
Após a remoção de um rootkit, o sistema afetado não se recupera dos dados apagados, sendo necessária uma
cópia segura (backup) para restauração dos arquivos.

Dica
Cavalo de Troia, Spyware, Bot, Backdoor e Rootkit são as pragas digitais mais questionadas em concursos
256 públicos.
Confira, na tabela a seguir, outras pragas digitais que ameaçam a Segurança da Informação e a privacidade
dos usuários de sistemas computacionais.

CÓDIGO MALICIOSO CARACTERÍSTICAS


Gatilho para a execução de outros códigos maliciosos que permanece inativa até que um
Bomba lógica
evento acionador seja executado
Sequestrador de dados que criptografa pastas, arquivos e discos inteiros, solicitando o
Ransomware
pagamento de resgate para liberação
� Simulam janelas do sistema operacional, induzindo o usuário a acionar um comando,
Scareware fazendo a operação continuar normalmente
� O comando iniciará a instalação de códigos maliciosos
Fraude que engana o usuário, induzindo-o a informar seus dados pessoais em páginas de
Phishing
captura de dados falsas
Ataque aos servidores de DNS para alteração das tabelas de sites, direcionando a navega-
Pharming
ção para sites falsos
Ataques na rede que simulam tráfego acima do normal com pacotes de dados formatados
Negação de Serviço incorretamente, fazendo o servidor remoto ocupar-se com os pedidos e erros, negando
acesso para outros usuários
� Código que analisa ou modifica o tráfego de dados na rede, em busca de informações
Sniffing relevantes como login e senha
� Enquanto o spyware não modifica o conteúdo, o sniffing pode alterar
Falsifica dados de identificação, seja do remetente de um e-mail (e-mail Spoofing), do en-
Spoofing
dereço IP, dos serviços ARP e DNS, escondendo a real identidade do atacante
Man-In-The-Midle Intercepta as comunicações da rede para roubar os dados que trafegam na conexão.
Intercepta as comunicações do aparelho móvel, para roubar os dados que trafegam na
Man-In-The-Mobile
conexão do aparelho smartphone
Enquanto uma falha não é corrigida pelo desenvolvedor do software, invasores podem ex-
Ataque de dia zero
plorar a vulnerabilidade identificada antes da implantação da proteção
Modificam páginas na Internet, alterando a sua apresentação (face) para os usuários
Defacement
visitantes
Sequestrador de navegador que pode desde alterar a página inicial do browser, até realizar
HiJacker
mudanças do mecanismo de pesquisas e direcionamento para servidores DNS falsos

Uma das ações mais comuns que procuram comprometer a segurança da informação é o ataque Phishing. O
usuário recebe uma mensagem (por e-mail, rede social ou SMS no telefone) e é induzido a clicar em um link mali-
cioso. O link acessa uma página que pode ser semelhante ao site original, induzindo o usuário a fornecer dados
pessoais, como login e senha. Em ataques mais elaborados, as páginas capturam dados bancários e de cartões de
crédito. O objetivo é simples: roubar dinheiro das contas do usuário.

1. O usuário recebe um e-mail do “banco”, mas é falso

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usuário

257
2. O link direciona o usuário para um site falso

Usuário

3. Ele informa os seus dados pessoais

Usuário

4. Seus dados são enviados para o invasor, que rouba $$$ das contas bancárias ou faz compras
no seu cartão de crédito

Usuário

Outra ação mais elaborada tecnicamente é o Pharming. O invasor ataca um servidor DNS, modificando as
tabelas que direcionam o tráfego de dados e o usuário acessa uma página falsa. Da mesma forma que o Phishing,
esse ataque procura capturar dados bancários do usuário e roubar o seu dinheiro.

1. O atacante modifica a tabela de um servidor DNS

Usuário

258
2. O link alterado direciona o usuário para um site falso

Usuário

3. Ele informa os seus dados pessoais

Usuário

4. Seus dados são enviados para o invasor, que rouba $$$ das contas bancárias ou faz compras
no seu cartão de crédito

Usuário

APLICATIVOS PARA SEGURANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE ETC.)

Nos itens anteriores, conhecemos as diferentes ameaças e ataques que podem comprometer a segurança da
informação, expondo a privacidade do usuário. Para todas elas, existem mecanismos de proteção – softwares ou
hardwares que detectam e removem os códigos maliciosos ou impedem a sua propagação.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Independentemente da quantidade de sistemas de proteção, o comportamento do usuário poderá levar a


uma infecção por códigos maliciosos, pois a maioria desses códigos necessita de acesso ao dispositivo do usuário
mediante autorização dada pelo próprio usuário. A autorização de acesso poderá estar camuflada em um arquivo
válido, como o Cavalo de Troia, ou em mensagens falsas apresentadas em sites, como o ataque de Phishing. Por-
tanto, a navegação segura começa com a atitude do usuário na rede.

Antivírus

Os vírus de computadores, como conhecemos no tópico anterior, infecta um arquivo e propaga-se para outros
arquivos quando o hospedeiro é executado. O código que infecta o arquivo é chamado de assinatura do vírus.
Os programas antivírus são desenvolvidos para detectarem a assinatura do vírus existente nos arquivos do
computador. O antivírus precisa estar atualizado, com as últimas definições da base de assinaturas de vírus, para
que seja eficiente na remoção dos códigos maliciosos. 259
1. O usuário tem um vírus de computador instalado

2. Um software antivírus é acionado para detecção

Usuário Arquivo

3. Ele compara o código com sua base de assinaturas

Usuário Arquivo

4. Ele poderá eliminar o vírus, isolar ou excluir o arquivo

Arquivo Arquivo
desinfectado excluído
Usuário
Quarentena

260
Quando o antivírus encontra um código malicioso em algum arquivo, que tenha correspondência com a base
de assinaturas de vírus, ele poderá:

z Remover o vírus que infecta o arquivo;


z Criptografar o arquivo infectado e mantê-lo na pasta Quarentena, isolado;
z Excluir o arquivo infectado.

Assim, o antivírus poderá proteger o dispositivo através de três métodos de detecção: assinatura dos vírus
conhecidos, verificação heurística e comportamento do código malicioso quando é executado.
O que fazer quando o código malicioso do vírus não está na base de assinaturas?
A base de assinaturas é atualizada pelo fabricante do antivírus, com as informações conhecidas dos vírus
detectados. Entretanto, novos vírus são criados diariamente. Para a detecção desses novos códigos maliciosos, os
programas oferecem a Análise Heurística.

z Análise Heurística

O software antivírus poderá analisar os arquivos do dispositivo através de outros parâmetros, além da base
de assinaturas de vírus conhecidos, para encontrar novos códigos maliciosos que ainda não foram identificados.
Se o código enviado para análise for comprovadamente um vírus, o fabricante inclui sua assinatura na base
de vírus conhecidos. Assim, na próxima atualização do antivírus, todos poderão reconhecer e remover o novo
código descoberto.

1. Ele compara o código com sua base de assinaturas, mas não encontra correspondência com vírus conhecidos

Usuário Arquivo

2. O arquivo será isolado e uma cópia enviada para análise pelo fabricante do software antivírus

Quarentena

Usuário NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fabricante

Windows Defender

Em concursos públicos, as soluções de antivírus de terceiros, como Avast, AVG, Avira e Kaspersky raramente
são questionadas. Nós as usamos em nosso dia a dia, mas, em provas de concursos, as bancas trabalham com as
configurações padrões dos programas. 261
O Windows 10 possui uma solução integrada de proteção, que é o Windows Defender. Na época do Windows 7,
a Microsoft adquiriu e disponibilizou o programa Microsoft Security Essentials como antivírus padrão do sistema
operacional.
A seguir, foi desenvolvida a solução Windows Defender, para detecção e remoção de outros códigos malicio-
sos, como os worms e Cavalos de Troia. Além disso, o Windows sempre ofereceu o firewall, um filtro de conexões
para impedir ataques oriundos das redes conectadas.
No Windows 10, o Windows Defender faz a detecção de vírus de computador, códigos maliciosos e opera o
firewall do sistema operacional, impedindo ataques e invasões.

Firewall

O firewall é um filtro de conexões que poderá ser um software, instalado em cada dispositivo, ou um hardware,
instalado na conexão da rede, protegendo todos os dispositivos da rede interna. O sistema operacional disponibi-
liza um firewall pré-configurado com regras úteis para a maioria dos usuários.
A maioria das portas comuns estão liberadas e a maioria das portas específicas estão bloqueadas.

Usuário

.
O firewall controla o tráfego proveniente de outras redes

O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, portanto ele permite que códigos maliciosos, como os vírus de
computadores, infectem o computador ao chegarem como anexos de uma mensagem de e-mail. O usuário deve
executar um antivírus e antispyware nos anexos antes de executá-los.

E-mail com vírus E-mail com vírus

Firewall Usuário

E-mail com trojan E-mail com trojan

O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, então mensagens com anexos maliciosos passarão pela barreira e chegarão até o usuário.

O firewall impede um ataque, seja de um hacker, de um vírus, de um worm, ou de qualquer outra praga digital
que procure acessar a rede ou o computador por meio de suas portas de conexão. Apenas o conteúdo liberado,
como e-mails e páginas web, não serão bloqueados pelo firewall.

262
E-mail Página web

Invasor Ataque de vírus Firewall Usuário

Propagação de worm Malware

O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, mas impede os ataques provenientes da rede.

O firewall não é um antivírus e nem um antispyware. Ele permite ou bloqueia o tráfego de dados nas portas
TCP do dispositivo. Sendo assim, sua utilização não dispensa o uso de outras ferramentas de segurança, como o
antivírus e o antispyware.

Importante!
O firewall não é um antivírus, mas ele impede um ataque de vírus. Ele impedirá, por ser um ataque e, não, por
ser um vírus.

Antispyware

Da mesma forma que existe a solução antivírus contra vírus de computadores, existe uma solução que procura
detectar, impedir a propagação e remover os códigos maliciosos que não necessitam de um hospedeiro.
Genericamente, malware é um software malicioso. Genericamente, spyware é um software espião. Assim,
quando os softwares maliciosos ganharam destaque e relevância para os usuários dos sistemas operacionais, os
spywares ganharam destaque. Comercialmente, tornou-se interessante nomear a solução como antispyware.
Na prática, um antispyware, ou um antimalware, detecta e remove vários tipos de pragas digitais.

Worm Malware

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usuário Antispyware

Trojan Spyware

O antispyware é usado para evitar pragas digitais no dispositivo do usuário.

Para proteção, o usuário deverá:

z Manter o firewall ativado;


z Manter o antivírus atualizado e ativado;
z Manter o antispyware atualizado e ativado;
z Manter os programas atualizados com as correções de segurança;
z Usar uma senha forte para acesso aos sistemas e optar pela autenticação em dois fatores quando disponível. 263
Usuário

Firewall Antivírus Antispyware Atualizações Senha forte

Para proteção: firewall ativado, antivírus atualizado e ativado, antispyware atualizado e ativado, atualizações de softwares instaladas e uso de
senha forte.

UTM

Unified Threat Management (UTM), ou “Gerenciamento Unificado de Ameaças”, são soluções abrangentes que
integram diferentes mecanismos de proteção em apenas um programa. Elas realizam, em tempo real, a filtragem
de códigos acessados, otimizam o tráfego de dados nas conexões, controlam a execução das aplicações, protegem
o dispositivo com um firewall, estabelecem uma conexão VPN segura para navegação e entregam relatórios de
fácil compreensão para o usuário.

Defesa Contra Ataques

Quando o ataque é direcionado ao e-mail e navegador de Internet, os filtros antispam e filtros antiphishing aten-
dem aos requisitos de proteção. Se o ataque chega disfarçado, medidas de prevenção devem ser adotadas, como:

z Nunca fornecer informações confidenciais ou secretas por e-mail;


z Resistir à tentação de cliques em links das mensagens;
z Observar os downloads automáticos ou não iniciados;
z Dentro das políticas de segurança para os funcionários, destacar que não se deve submeter à pressão de pes-
soas desconhecidas.

Quando os ataques procuram atingir um servidor da empresa, como ataques DoS (negação de serviço), DDos
(ataque distribuído de negação de serviços) ou spoofing (fraude de identidade), uma das formas de proteção é o blo-
queio de pacotes externos não convencionais. Se o usuário está utilizando um dispositivo móvel e sofre um ataque,
ele deve aumentar o nível de proteção do aparelho e as senhas precisam ser redefinidas o mais breve possível.
Por fim, os ataques contra aplicativos poderão ser minimizados ou anulados se o usuário mantiver os progra-
mas atualizados em seu dispositivo, aplicando as correções de segurança tão logo elas sejam disponibilizadas.

Importante!
Quando o usuário é envolvido na perpetração de ataques digitais, ele é considerado o elo mais fraco da cor-
rente de segurança da informação, por estar sujeito a enganos e trapaças dos atacantes. A Engenharia Social
consiste no conjunto de técnicas e atividades que procuram estabelecer confiança mediante dados falsos,
ameaças ou dissimulação.

DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO
FITA

A fita de armazenamento de dados (ou, atualmente, Fita DAT – Digital Audio Tape) é uma forma de armazena-
mento magnético sequencial, que grava os dados em uma mídia inserida em um leitor/gravador.
Muito usada no passado, em servidores de dados, devido a sua alta capacidade de armazenamento de dados e
velocidade de leitura/gravação, atualmente está obsoleta. Os servidores com discos rígidos oferecem maior prote-
ção às mídias de armazenamento se comparados com as fitas magnéticas removíveis.
As fitas de armazenamento de dados, assim como as fitas cassetes de áudio, populares nos anos 70 e 80, deman-
dam manutenção constante das mídias e de seus leitores. Por serem cobertas por um composto magnético, as cabe-
ças de leitura e gravação tendem a “sujar” com resíduos deste composto, prejudicando as novas leituras/gravações
264 se os cabeçotes não forem regularmente limpos.
Devido às demandas de segurança e manutenção, Os primeiros modelos trabalhavam com softwares
elas começaram a desaparecer no início dos anos exclusivos para cada fabricante, que efetuavam a gra-
2000. Atualmente, algumas empresas ainda mantém vação dos dados, manutenção dos discos e até o “esta-
fitas DAT, mas por outros motivos, especialmente, cionamento” das cabeças de leitura/gravação para
para a operação de servidores legados (sistemas aban- transporte do equipamento desligado.
donados que não são mais atualizados e só oferecem o Os discos são divididos, logicamente, em setores,
recurso de cópias de segurança via fita DAT). trilhas e clusters. Um cluster é uma unidade de arma-
zenamento de dados, localizado em determinado
setor do disco, em determinada trilha.
A divisão lógica de um disco rígido segue o padrão
que foi definido para os primeiros discos flexíveis,
com definição no momento da formatação ou particio-
namento. A formatação consiste em definir o sistema
de arquivos, divisões e endereçamentos para o arma-
zenamento de dados. O particionamento consiste em
dividir o disco em divisões lógicas distintas, que pos-
sibilitam reduzir o espaço físico para endereçamento
e redução do tempo de latência das cabeças de leitura
e gravação (tempo que o sistema permanece parado).
Fita D2 e DAT comparadas a um smartphone.
Fonte: Wikimedia. Disponível em < https://commons.wikimedia. A
org/wiki/File:D-2_tape_vers._DAT_audio_tape_(6498603845).jpg>
Acesso: 26 mar. 2021. C
B
DISCO RÍGIDO

O disco rígido é uma mídia de armazenamento de


dados magnética, que se popularizou nos anos 90 por Discos:
sua capacidade e velocidade de acesso aos dados. Os Trilhas (A)
primeiros modelos populares não ofereciam contro- Setores (B)
le de erros e, caso ocorressem problemas na mídia, Cluster (C e D)
alguns softwares específicos seriam executados para
o isolamento dos problemas.
O disco rígido “clássico” possui um ou mais discos
metálicos com superfície magnetizável, que giram em
velocidades de 5.400 rpm (rotações por minuto) em
D
torno de um eixo central. Os braços de leitura e gra-
vação são posicionados acima da superfície do disco,
efetuando a coleta dos bits registrados ou gravando Disco Rígido
Representação da divisão lógica.
novas informações a cada giro do disco.
Os braços de leitura e gravação possuem atuadores
que identificam a posição na qual a informação está ou Os discos rígidos externos são usados para cópia
deverá ser gravada, girando os respectivos discos (ou de segurança de dados, especialmente, pelos usuários
pratos) para o correto posicionamento. Quando posi- domésticos e pequenas empresas, dada a facilidade
cionado no local correto, a cabeça de gravação trans- de compra e praticidade de uso ao conectar em uma
fere as informações que precisam ser armazenadas, as porta USB, disponível em, praticamente, todos os dis-
quais permanecerão disponíveis por um bom tempo, positivos computacionais da atualidade.
mesmo sem o fornecimento de energia, tornando o
disco rígido uma forma de armazenamento de dados COMPONENTE DE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
permanente por não ser volátil, como a memória RAM. ARMAZENAMENTO
Memória se- IDE, SATA, USB
cundária de Permanente, não-
Disco rígido
armazenamento -volátil, “unidade
magnético32. C:”, hard disk (HD).
SATA II, USB
Memória se-
Permanente, não-
cundária de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Disco rígido -volátil, “unidade


armazenamento
C:”, SSD (Solid
memória flash33.
State Disk).

Os discos SSD operam como discos rígidos, porém


com velocidade superior para leitura e gravação de
dados, por serem construídos com chips de memória.
Para os programas de backup, não muda nada.
Disco Rígido (sem a proteção externa).
Fonte: Overbr. Disponível em <https://overbr.com.br > Acesso: 26
mar. 2021.

32 Existem modelos de disco rígido sem disco, como os SSD (Solid State Drive), que é uma memória flash, armazenamento eletrônico.
33 A memória flash permite que a troca de informação seja mais rápida e, quando o dispositivo é desligado, poderá voltar, rapidamente, para onde
estava antes. 265
Os discos rígidos e SSDs podem ter mais de uma partição, como letra C: e D:. Entretanto, copiar dados da par-
tição C: para a partição D: não é considerado como um backup.
O primeiro motivo é que a origem e o destino estão no mesmo local, portanto, em caso de sinistro no disco de
origem, perde-se a cópia de segurança na partição de destino, que está no mesmo disco de origem. E o segundo
motivo é que as partições podem ser desfeitas com a mesma rapidez com que são criadas, através do Gerencia-
mento de Discos do Windows.
Os Discos Rígidos possuem capacidades elevadas, de 240 GB (gigabytes, bilhões de bytes), 320 GB, 500 GB, 1 TB
(terabyte, trilhão de bytes), 2 TB etc. Possuem um baixo custo de aquisição por megabyte se comparados as outras
mídias de armazenamento de dados da atualidade.

Disco Flexível

Com baixa capacidade e facilidade de manuseio, os discos flexíveis ou disquetes foram muito populares até
meados dos anos 2000. Com novos meios de armazenamento disponíveis, como os discos ópticos e os pendrives,
conectados em portas USB, eles caíram em desuso.
A capacidade de armazenamento dos discos flexíveis era de 180KB (modelo 5 ¼ de face simples) até 2.88 MB
(modelo 3 ½ de última geração).
Os discos ZIP (ZIP Drive) foram oferecidos no começo dos anos 2000, com capacidade de 100 MB, operando de
forma semelhante às fitas DAT, com cartuchos próprios para uso em leitoras dedicadas. Apesar de sua capacidade
aumentada em relação ao disquete, outras mídias de armazenamento já ofereciam maior espaço para dados se
comparadas aos “disquetes ZIP”.
O armazenamento de dados em discos flexíveis tornou-se impossível atualmente, pois as mídias deixaram de
ser fabricadas e o tamanho dos arquivos supera vários megabytes (milhões de bytes) facilmente nos dias de hoje.

Disco flexível 3 ½ desmontado.


Fonte: Wikitionary. Disponível em < https://es.wiktionary.org/wiki/disquete> Acesso em 26 mar. 2021.

Disco Óptico

Com a popularização das mídias ópticas, especialmente, por substituírem as fitas cassetes, os discos de vinil
e as fitas de vídeo, com qualidade de imagem superior, os usuários enxergaram a possibilidade de reutilizá-los
como cópias de segurança.
No início dos anos 2000, CDs, DVDs e o Blu-Ray eram os queridinhos para o armazenamento de dados. Suas
durabilidade, rapidez para leitura e gravação e grande capacidade (para os padrões da época) fizeram das mídias
ópticas as preferidas para a cópia de segurança.
O HD-DVD usava luz azul-violeta e acabou sendo superado pelo Blu-Ray devido às restrições de gravações e
baixa capacidade, sendo fabricado por cerca de cinco anos pela Toshiba, sem adesão de muitos outros fabricantes.

CAPACIDADE USO

CD – COMPACT DISC 700 MB Usado para música

DVD – DIGITAL VIDEO DISC 4.7 GB Usado para vídeo

HD-DVD - HIGH DENSITY DIGITAL VERSATILE DISC 15 GB Usado para vídeo de alta definição

BLU-RAY 25 GB Usado para vídeo de alta definição


266
O CD veio para substituir as fitas cassetes de áudio e os discos de vinil, com a gravação digital do áudio em
uma mídia durável de alta qualidade. Com capacidade de 700 MB e algumas características de construção espe-
cíficas, rapidamente se tornaram o padrão para distribuição de instaladores de softwares, substituindo inúmeros
disquetes.
Os drives leitores de CD do final dos anos 90 eram substituídos por drives gravadores de CD, permitindo a gra-
vação de áudio digital e arquivos em computadores domésticos equipados com o “kit multimídia”.
Unidades 12x, 24x, 48x e 52x se popularizaram, indicando, com os números, a velocidade de rotação do disco
e, consequentemente, maior velocidade de leitura/gravação em relação aos outros modelos semelhantes.

TIPO USO

CD ROM Somente leitura Gravado pelo distribuidor de software ou música

CD R Gravável Poderia gravar uma vez, ou várias vezes de forma incremental

CD RW Regravável Poderia gravar várias vezes, como um disquete

O DVD foi desenvolvido para substituir as fitas de vídeo, com maior qualidade de imagem e som, permitindo a
inclusão de vários conteúdos extras. Assim como os CDs, também existiram modelos ROM, R e RW de mídia DVD.
Na época dos DVDs, as mídias removíveis do tipo USB começaram a aparecer no mercado, oferecendo capa-
cidade semelhante ou superior aos DVDs. Pendrives com 512 MB (megabyte – milhão de bytes), 1 GB, 2 GB, 4 GB, 8
GB, 16 GB etc, rapidamente, se tornaram os preferidos dos usuários para o armazenamento portátil de dados em
detrimento das mídias ópticas do tipo DVD.
O padrão HD-DVD oferecia gravação de dados em mídias ópticas com densidade superior ao DVD e próximo
do Blu-Ray, mas nem chegou a “emplacar” no mercado.
O Blu-Ray foi desenvolvido para substituir o DVD, com maior capacidade de armazenamento de dados e a
possibilidade de gravações de vídeos em alta resolução (HD – High Definition), que ocupavam mais espaço que um
CD poderia armazenar.
Ainda foram propostos outros novos padrões de mídias ópticas, como o HVD (Holographic Versatile Disc), mas
a era dos discos refletivos já estava acabando.
Eles chegaram tarde, pois armazenavam 25 GB e os pendrives já estavam em 128 GB. Poucos usuários utiliza-
ram Blu-Ray em seus computadores, sendo mais usados em aparelhos leitores para a reprodução de filmes em
alta resolução.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Comparativo entre as mídias ópticas.

Fonte: Wikipedia.
Disponível em < https://en.wikipedia.org/wiki/File:Comparison_CD_DVD_HDDVD_BD.svg> Acesso em 26 mar. 2021.

O armazenamento de dados em discos ópticos foi a opção ideal no momento errado. A demora na populariza-
ção das mídias com o público e o surgimento de outras formas de armazenamento de maior praticidade ou capa-
cidade tornaram as mídias ópticas as preferidas para o armazenamento de cópias de segurança por quase uma
década nas pequenas e médias empresas, porém sem tanta utilização pelos usuários domésticos.

267
b) No menu Iniciar, selecionar Configurações; em segui-
HORA DE PRATICAR! da, selecionar a opção Personalização e depois Apli-
cativos Padrão. Clicar em Navegador Web e selecionar
1. (IDECAN – 2018) A respeito dos componentes do o navegador de sua preferência.
computador, analise as afirmativas a seguir: c) No menu Iniciar, selecionar Explorador de Arquivos; em
seguida, selecionar a opção Configurações e depois
I Um disco rígido é classificado como uma memória do tipo Aplicativos. Clicar em Aplicativos Padrão e selecionar
não volátil, ou seja, ao cessar o fornecimento de energia o navegador de sua preferência.
para o computador, os dados permanecem gravados. d) Na Barra de Ferramentas, selecionar Configurações;
II A memória RAM é considerada uma memória volátil, em seguida, selecionar a opção Aplicativos e depois
pois ao cessar o fornecimento de energia para o com- Personalização. Clicar em Aplicativos Padrão e sele-
putador, os dados somente nela armazenados são cionar o navegador de sua preferência.
completamente perdidos. e) Na Barra de Ferramentas, selecionar Configurações;
III A memória ROM é considerada a memória principal em seguida, selecionar a opção Personalização e
do computador, pois é somente leitura e, nela, vem gra- depois Aplicativos Padrão. Clicar em Navegador Web
vado de fábrica o software chamado BIOS. e selecionar o navegador de sua preferência.

Assinale 5. (IDECAN – 2019) Denise, analista de sistemas em


uma empresa de planos de saúde, está desenvolven-
a) se somente a afirmativa III estiver correta. do uma apresentação para a reunião de planejamento
b) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. estratégico da empresa. Utilizando o PowerPoint 2016
c) se somente a afirmativa I estiver correta. (configuração padrão – idioma português Brasil) em
d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. seu notebook com o sistema operacional Windows
e) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 10, em determinado momento ela precisou capturar
algumas imagens das telas do software em que está
2. (IDECAN – 2018) Da estrutura interna de um disco rígi- trabalhando.
do, qual componente é responsável para armazenar os
dados ou informações de um computador? Existem diversas maneiras de realizar essa tarefa. A
esse respeito, analise os itens a seguir:
a) Prato
b) Braço I No Windows, em Menu iniciar, Acessórios do Windo-
c) Atuador ws, selecionar a Ferramenta de Captura.
d) Barramento II No PowerPoint, Guia Inserir, Grupo de Comandos Ima-
gens, utilizar o comando Instantâneo.
3. (IDECAN – 2019) Windows e Linux são exemplos dos III Utilizar a combinação de teclas CTRL + PrtScr.
sistemas operacionais mais utilizados em computado-
res pessoais. Muitas empresas fazem uso destes dois Assinale
sistemas em computadores presentes em uma mesma
rede e, quando isso ocorre, é quase natural a necessi- a) se apenas o item II estiver correto.
dade de compartilhamento de arquivos e impressoras b) se apenas os itens I e II estiverem corretos.
entre computadores que utilizam sistemas operacio- c) se apenas o item III estiver correto.
nais distintos. Assinale a alternativa que indique corre- d) se todos os itens estiverem corretos.
tamente o nome do pacote Linux utilizado para prover e) se nenhum item estiver correto.
interoperabilidade entre Windows e Linux.
6. (IDECAN – 2018) No Sistema Operacional Microsoft
a) Ext3 Windows 10 (configuração padrão - idioma português
b) DHCP Brasil) um determinado usuário pressionou a combi-
c) Samba nação de teclas CTRL + A em uma pasta não vazia.
d) SSH Todos os arquivos foram _________; depois, ao pressio-
e) Root nar a combinação de teclas CTRL + C, todos os arqui-
vos foram_______para a_______. Em seguida, em uma
4. (IDECAN – 2019) Silvia, gerente financeira de uma pasta vazia, o usuário pressionou a combinação de
indústria de roupas femininas, costuma utilizar o Nave- teclas CTRL + V, e os arquivos foram__________.
gador Google Chrome para acessar a Internet. Um dia,
ela precisou acessar o site de um fornecedor e, ao clicar Assinale a alternativa que complete, na ordem e corre-
no link de acesso ao referido site, outro navegador foi tamente, as lacunas do texto acima.
acionado. Daí se conclui que o navegador configurado
como padrão no Windows não é o Google Chrome. a) copiados/selecionados/pasta temporária/colados
Uma das maneiras que Silvia tem para configurar o b) selecionados/copiados/área de transferência/
navegador de sua preferência como padrão no Siste- colados
ma Operacional Microsoft Windows 10 (configuração c) selecionados/recortados/área de transferência/
padrão – idioma português Brasil) é o que está descri- transferidos
to numa das alternativas a seguir. Assinale-a. d) marcados/recortados/pasta temporária/movidos
e) marcados/copiados/pasta temporária/transferidos
a) No menu Iniciar, selecionar Configurações; em segui-
da, selecionar a opção Aplicativos e depois Aplicativos 7. (IDECAN – 2018) Márcia utiliza o Sistema Opera-
Padrão. Clicar em Navegador Web e selecionar o nave- cional Microsoft Windows 10 (configuração padrão
268 gador de sua preferência. - idioma português Brasil) para realizar suas tarefas
na empresa em que trabalha. Após excluir vários arquivos que estavam armazenados na pasta Documentos em seu
computador, percebeu que havia excluído um arquivo por engano. Um dos procedimentos que Márcia pode realizar
para restaurar o arquivo excluído é: acessar a Lixeira, selecionar o Arquivo que deseja restaurar, clicar em Ferramentas
de Lixeira e, em seguida

a) na Guia Gerenciar, clicar em Restaurar os Itens Selecionados.


b) na Guia Principal, clicar em Restaurar Arquivo.
c) na Guia Início, clicar em Restaurar Arquivo selecionado.
d) na Guia Arquivo, clicar em Restaurar os Itens Selecionados.
e) na Guia Restaurar, clicar em Restaurar Arquivo.

8. (IDECAN – 2021) Todos os arquivos e diretórios do sistema Linux instalado no computador partem de uma única
origem, o diretório raiz, e, mesmo que estejam armazenados em outros dispositivos físicos, é a partir do diretório raiz
– representado pela barra (/) – que um usuário poderá acessá-los. Nesse contexto, dois diretórios são caracterizados
a seguir:

I Armazena os arquivos de configuração que podem ser usados por todos os softwares, além de scripts especiais para
iniciar ou interromper módulos e programas diversos. É nesse diretório que se encontra, por exemplo, o arquivo resolv.
conf, com uma relação de servidores DNS que podem ser acessados pelo sistema, com os parâmetros necessários
para isso.
II Armazena as bibliotecas usadas pelos comandos presentes em /bin e /sbin. Normalmente, os arquivos de bibliotecas
possuem “extensão” so.

Os diretórios caracterizados em I e em II são, respectivamente,

a)

b)

c)

d)

e)

9. (IDECAN – 2019) Observe as imagens abaixo, que representam três botões de comando do editor de texto Microsoft Word
2016 (configuração padrão – idioma Português Brasil):

Os botões acima indicados são utilizados, respectivamente, para

a) 1 – definir a orientação do texto em um documento; 2 – definir o número de linhas e colunas em uma tabela; 3 – sele-
cionar os destinatários de uma Mala Direta.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

b) 1 – definir a cor de fundo do documento; 2 – inserir linhas de grade no documento; 3 – definir permissões de acesso
ao documento.
c) 1 – definir a orientação do papel; 2 – inserir tabelas no documento; 3 – selecionar os destinatários de uma Mala Direta.
d) 1 – definir a quantidade de páginas do documento; 2 – inserir linhas de grade no documento; 3 – formatar o texto em
colunas.
e) 1 – definir a orientação do papel; 2 – inserir linhas de grade no documento; 3 – selecionar os destinatários de uma
Mala Direta.

10. (IDECAN – 2019) Considerando o editor de texto Microsoft Word 2016 (configuração padrão – idioma Português
Brasil), analise as afirmativas a seguir:

I Um documento pode ser salvo no formato PDF, impedindo que ele possa ser editado.
II É possível proteger um documento permitindo a edição apenas de partes específicas do documento.
III Para proteger um documento, na guia “Inserir” deve-se selecionar a opção “Restringir Edição”. 269
Assinale

a) se somente a afirmativa I estiver correta.


b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) se todas as afirmativas estiverem corretas.
d) se somente a afirmativa III estiver correta.
e) se somente a afirmativa II estiver correta.

11. (IDECAN – 2019) Murilo é estagiário em uma indústria multinacional e diariamente atualiza uma planilha com os
preços de alguns produtos baseado na cotação do dólar. A planilha com que Murilo trabalha foi digitada no editor de
planilhas Microsoft Excel 2016 (configuração padrão – idioma português Brasil). Considerando que o valor da cotação
do dólar é atualizado na célula A2, identifique a alternativa que representa a fórmula que Murilo digitou na celula G4,
de forma que, ao copiar até a célula G8 utilizando a alça de preenchimento, os valores das demais células sejam cal-
culados corretamente.

a) =F4*$A$2
b) =$F4*A2
c) =$F$4*$A$2
d) =F4*A2
e) =F$4*A$2

12. (IDECAN – 2019) Considere que o fragmento de planilha abaixo foi extraído do editor de planilhas Microsoft Excel
2016 (configuração padrão – idioma Português Brasil).

Em relação ao seu conteúdo, analise as afirmativas a seguir:

I Para obter o valor 141, o usuário digitou a fórmula = SOMA(B2;B5) na célula B6.
II Caso o usuário digite a fórmula = =SOMASE(A2:A5;A4;B2:B5) na célula B6, o resultado será 45.
III Para obter o valor Total na célula B6, o usuário poderá digitar a seguinte fórmula = B2+B3+B4+B5

Assinale

a) se somente a afirmativa I estiver correta.


b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas

270
13. (IDECAN – 2018) Considere a planilha a seguir, produ- De acordo com as afirmativa acima, marque a alterna-
zida no editor de planilhas Microsoft Excel 2016 (confi- tiva correta.
guração padrão - idioma português Brasil).
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.

16. (IDECAN – 2019) O termo Internet é usado para fazer


referência à rede mundial de computadores. A respei-
to da história e dos conceitos básicos que envolvem a
Internet, analise as afirmativas a seguir:

I A Internet é uma rede global composta por várias


outras redes interligadas.
II O funcionamento da Internet depende de um conjunto
de protocolos que visam prover serviços para usuários
do mundo inteiro.
III World Wide Web (WWW) é o principal protocolo da
Internet. É através dele que todos os dados na Internet
trafegam, principalmente o serviço de disponibilização
de conteúdos multimídia, que podem ser acessados
via aplicativos navegadores.
A fórmula =SOMASE(C2:C8;C2;D2:D8)-SOMASE(
C2:C8; C4;D2:D8), digitada na célula D9, produzirá Assinale
como resultado o seguinte valor:
a) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
a) 365. b) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) 155. c) se somente a afirmativa III estiver correta.
c) -155. d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
d) 117. e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
e) 128.
17. (IDECAN – 2018) Tipicamente, a comunicação atra-
vés do correio eletrônico, ou e-mail, envolve: (aponte a
14. (IDECAN – 2021) No que diz respeito aos conceitos
alternativa que possui apenas componentes básicos
básicos das redes de computadores, um serviço é lar-
da comunicação por e-mail).
gamente empregado em redes wi-fi, que representa
um protocolo utilizado nas redes de computadores a) Um cliente para solicitar o envio de uma mensagem e
com acesso à internet, que permite aos microcompu- um servidor para realizar o envio.
tadores, notebooks e celulares obterem um endereço b) Um cliente para solicitar o envio de uma mensagem
IP automaticamente. Nos roteadores, uma faixa de e um servidor para receber a mensagem e mantê-la
endereços IP é configurada por esse serviço e, a partir armazenada.
da necessidade da atribuição dinâmica à máquina, é c) Um cliente para solicitar o envio de uma mensagem
este serviço que atua nesse sentido, com concessão (ou seja, o remetente) e um cliente para solicitar as
de endereços IP de host, máscara de sub-rede, gate- mensagens recebidas (ou seja, o destinatário).
way default, número IP de um ou mais servidores DNS, d) Um cliente para solicitar o envio de uma mensagem
sufixos de pesquisa do DNS e número IP de um ou (ou seja, o remetente); um servidor para realizar o
mais servidores. Esse serviço é conhecido pela sigla envio; um servidor para receber a mensagem e mantê-
-la armazenada; e, por fim, um cliente para solicitar as
a) WINS. mensagens recebidas (ou seja, o destinatário).
b) HTTP.
c) SATA. 18. (IDECAN – 2021) Com relação aos recursos do soft-
d) DHCP. ware Thunderbird Mozilla 78.12.0 (64-bit), em portu-
e) BIOS. guês-BR, assinale V para a afirmativa verdadeira e F
para a falsa, nas afirmativas abaixo:
15. (IDECAN – 2018) Considerando os recursos que ( ) Para criar uma nova mensagem, pode-se utilizar os ata-
podem ser consumido ou acessados na Internet, ana-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

lhos de teclado Ctrl+N e Ctrl+M.


lise as seguintes informações. ( ) Para responder a uma mensagem somente ao remeten-
te, deve-se usar o atalho de teclado Ctrl+R.
I O FTP é o protocolo utilizado para a transferência de ( ) Para fechar a janela de diálogo desse software, deve-
arquivos entre duas máquinas ligadas à Internet.
-se pressionar o ícone no canto superior direito
II Um correio eletrônico permite a troca de mensagens
que um usuário de Internet pode fazer para outras pes- ou executar o atalho de teclado Alt+F7.
soas conectados à Internet.
III O HTTP é o protocolo utilizado para controlar a comu- As afirmativas são, respectivamente,
nicação entre o servidor de Internet e o browser ou
navegador. a) V – F – V.
IV O ICMP é o protocolo responsável por estabelecer a b) V – V – F.
comunicação entre os computadores emissores e c) V – F – F.
receptores de maneira na qual a informação não se d) F – V – F.
perca na rede. e) F – V – V. 271
19. (IDECAN – 2019) Os serviços de webmail se populari-
zaram ao longo do tempo e sua principal vantagem é o 6 B
fato de não exigir a instalação de software específico, 7 A
pois podem ser acessados diretamente através de nave-
gadores, como, por exemplo, o Firefox, o Chrome ou o 8 E
Microsoft Edge. Entretanto, alguns usuários preferem con-
tinuar utilizado softwares clientes para gerenciamento de 9 C
e-mails, como é o caso do Outlook, da Microsoft. Assinale
10 B
a alternativa que indica de forma correta o nome do clien-
te de e-mail desenvolvido pela Mozilla, mesma empresa 11 A
criadora do navegador Firefox, e que é muito conhecido e
utilizado em sistemas operacionais Linux. 12 C

a) Jakarta. 13 B
b) Tomcat.
14 D
c) ScreenshotGo.
d) Thunderbird. 15 B
e) Apache.
16 D
20. (IDECAN – 2021) No contexto da tecnologia da infor-
mação e segurança de dados, a segurança da infor- 17 D
mação é garantida pela preservação de três aspectos
18 B
essenciais, de acordo com o triângulo da figura abaixo:
19 D

20 D

ANOTAÇÕES

I P1 – associada à ideia da capacidade de um sistema


de permitir que alguns usuários acessem determina-
das informações, ao mesmo tempo em que impede
que outros, não autorizados, a vejam. Esse princípio é
respeitado quando apenas as pessoas explicitamente
autorizadas podem ter acesso à informação.
II P2 – associada à ideia de que a informação deve estar
disponível para todos que precisarem dela para a rea-
lização dos objetivos empresariais. Esse princípio é
respeitado quando a informação está acessível, por
pessoas autorizadas, sempre que necessário.
III P3 – associada à ideia de que a informação deve estar
correta, ser verdadeira e não estar corrompida. Esse
princípio é respeitado quando a informação acessada
está completa, sem alterações e, portanto, confiável.

Nessa situação, P1, P2 e P3 são denominados,


respectivamente,

a) integridade, legalidade e privacidade.


b) disponibilidade, integridade e legalidade.
c) legalidade, privacidade e confidencialidade.
d) confidencialidade, disponibilidade e integridade.
e) privacidade, confidencialidade e disponibilidade.

9 GABARITO

1 E

2 A

3 C

4 A

5 D
272
os nomes e as características dos administradores
das grandes empresas, sempre existem talentos
humanos associados ao sucesso coletivo;
z Uma disciplina: apesar de presente desde os pri-

NOÇÕES DE
mórdios da humanidade, a administração é uma
disciplina recente, tendo surgido no início do sécu-
lo XX. A profissionalização dos gestores foi fun-
ADMINISTRAÇÃO damental para que as organizações se tornassem
mais eficientes. Assim, teorias, livros, escolas e pes-
quisadores têm estudado a administração enquan-
to uma ciência e disciplina. A administração é
ADMINISTRAÇÃO: CONCEITO, formada não apenas pela teoria, mas também pela
prática, sendo ambas relacionadas. Essa relação
OBJETIVO, PRINCÍPIOS BÁSICOS E entre teoria e prática, constantemente percebida
FUNÇÕES na disciplina da administração, pode ser visualiza-
da na figura a seguir:
ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO

Toda organização necessita de pessoas para a sua


Teoria Prática
sobrevivência e sucesso, ainda que em menor escala.
Com o aumento da competitividade entre as organiza- Conhecimentos Administração como
sobre a arte de arte, praticada nas
ções, a qualidade da administração realizada tem sido organizações
fator fundamental para o bom desempenho. administrar
A palavra administração é oriunda do latim ad
(direção, tendência para) e minister (subordinação,
obediência) e pode ser definida como aquele que rea- Fonte: adaptado de Maximiano (2000, p. 29).
liza uma atividade sobre o comando de terceiro.
A administração pode assumir diversos significa- Visto que a administração é uma disciplina, o con-
dos. Dentre eles, é possível destacar: teúdo de seu estudo depende da teoria ou escola con-
siderada. Isso significa que cada autor busca abordar
z Ação: a administração é um processo que envolve assuntos relacionados com sua orientação teórica.
análise dos ambientes interno e externo, tomada Para ficar mais claro, o quadro a seguir apresenta
de decisão, comunicação, coordenação, participa- algumas das principais teorias administrativas e seus
ção, entre outras atividades. É preciso atentar- enfoques.
-se para as principais ações do administrador,
também conhecidas como funções administrativas
TEORIA ENFOQUE
ou processo administrativo, sendo eles: planejar,
organizar, dirigir e controlar (PODC). O sucesso Administração Racionalização do trabalho no
das organizações está totalmente relacionado com Científica nível operacional.
o desempenho das pessoas, especialmente dos
administradores. Portanto, compreender a admi- Organização formal, princípios
Teoria Clássica e Teo-
gerais da administração, fun-
nistração como ação significa que a eficiente admi- ria Neoclássica
ções do administrador.
nistração pode contribuir para que a empresa
tenha uma performance de excelência. Destaca-se Organização formal burocrática,
Teoria da Burocracia
também que as atividades do administrador são racionalidade organizacional.
diferentes das atividades operacionais e técnicas;
z Um grupo de pessoas: aqueles que adminis- Organização formal e informal,
Teoria Estruturalista análise intraorganizacional e
tram conjuntos de recursos (sejam financeiros,
análise interorganizacional.
humanos, materiais etc.) são administradores ou
gerentes. São eles que executam as atividades do Organização informal, motiva-
Teoria das Relações
processo administrativo – PODC. Esses gerentes ção, liderança, comunicações e
Humanas
possuem autoridade e responsabilidade. Autorida- dinâmica de grupo.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

de porque têm o poder de tomar decisões, mobili-


Estilos de administração, inte-
zar o trabalho dos funcionários e acionar recursos. Teoria do Comporta-
gração dos objetivos organiza-
A responsabilidade está associada à possibilidade mento Organizacional
cionais e individuais.
de os gerentes serem cobrados por outros geren-
tes, acionistas, clientes, trabalhadores e até mesmo Mudança organizacional pla-
Teoria do Desenvolvi-
pela sociedade em função da maneira como estão nejada, abordagem de siste-
mento Organizacional
administrando e pelas consequências de suas ma aberto.
decisões;
Análise intraorganizacional e
z Uma arte que exige habilidades: a administração
Teoria Estruturalista análise ambiental, abordagem
é uma arte porque é uma área de ação humana. de sistema aberto.
As habilidades requeridas para a administração
(especialmente técnicas, humanas ou conceituais) Análise ambiental, abordagem
Teoria da Contingência
não necessariamente são inatas, mas podem ser de sistema aberto.
adquiridas e aprimoradas a partir de experiên-
cias e estudos. Ainda que nem sempre saibamos Fonte: Chiavenato (2004). 273
Podemos dizer que a tarefa da administração e, z Nível tático: Nível intermediário da hierarquia
consequentemente, dos administradores consiste, em organizacional;
primeiro lugar, em compreender os objetivos orga- z Nível operacional: Nível mais baixo da hierar-
nizacionais. A partir de então, é necessário transfor- quia organizacional;
mar os objetivos em ação, o que ocorre por meio do
processo administrativo de planejamento, organiza- PAPÉIS E HABILIDADES DO ADMINISTRADOR
ção, direção e controle. A eficaz gestão dos recursos
(humanos, patrimoniais, financeiros etc.), bem como Apesar de falarmos constantemente sobre os obje-
a reunião dos esforços dos membros organizacionais tivos organizacionais, são os administradores que
contribuem para que seja possível atingir as metas da estabelecem onde a organização deve chegar, bem
organização e garantir a competitividade no mercado. como orientam os trabalhadores na direção desejada.
Perceba que são os administradores que transformam Vale ressaltar que, diante de um ambiente dinâmico
os objetivos organizacionais em ação e resultados. e imprevisível, é papel dos administradores tomar
Portanto, eles possuem papel primordial para que a decisões para enfrentamento das instabilidades, tais
empresa seja capaz de garantir uma vantagem com- como: criação de um novo produto ou serviço, mini-
petitiva sustentada. mização dos custos para garantir a competitividade
A administração também é considerada por Sobral de preço do produto no mercado, entre outras ques-
(2013) como um processo de coordenação do traba- tões. Portanto, uma organização bem-sucedida depen-
lho e alocação de recursos organizacionais com vistas de de seus administradores.
a atingir as metas anteriormente definidas de manei-
ra eficaz e eficiente. Trata-se de um processo, pois
é uma maneira sistemática e organizada de fazer as Importante!
coisas.
Além disso, o ordenamento das atividades é rela- A tarefa principal do administrador consiste em
cionado com os objetivos organizacionais. Há uma coordenar e dirigir as atividades de outros tra-
coordenação do trabalho e dos recursos necessários balhadores, ajudando-os a atingir os objetivos e
para sua execução, garantindo que todas as partes da metas pessoais e/ou grupais.
organização caminhem em direção a um único objeti-
vo e funcionem como um todo. A eficácia está associa-
da à capacidade de alcançar as metas, enquanto que O conjunto das atividades de todos trabalhadores,
a eficiência é a capacidade de realizar as atividades se bem desempenhadas, contribuirá para o alcance
dos objetivos da organização. Assim, os administra-
(e atingir objetivos) utilizando o mínimo de recursos.
dores, gestores, supervisores e líderes devem coor-
Para apresentar os conceitos fundamentais da
denar as atividades executadas pelos subordinados,
área de administração, utilizaremos a lista a seguir:
funcionários, operários e outros. Dentre as diferentes
atividades desempenhadas por esses profissionais,
z Administração: Processo que envolve diferentes pode-se destacar1:
atividades, sendo as mais comuns as de planeja-
mento, organização, direção e controle. Tais ati- z Tomar decisões e resolver problemas: no dia a
vidades são desenvolvidas com vistas a atingir os dia das organizações o administrador se depara
objetivos organizacionais; com diversos problemas que requerem decisões,
z Organização: Conjunto de pessoas e recursos, com algumas rápidas, outras nem tanto. Se o fornece-
uma estrutura de divisão do trabalho e propósitos dor não entrega o produto solicitado, por exem-
comuns. Pode ser formal, como uma empresa, ou plo, é preciso encontrar outro fornecedor que seja
informal, como um grupo de amigos que se reúne capaz de realizar o envio;
para jogar futebol; z Processar informações: o administrador lê cor-
z Empresa: É um tipo de organização que busca o respondências, noticiários, livros, conversa com
lucro, depende de variáveis externas (econômicas, os pares e subordinados, elabora relatórios, entre
sociais etc.), e busca satisfazer seus stakeholders; outras atividades;
z Stakeholders: Pode ser traduzido como “partes z Representar a empresa: assina documentos em
interessadas” e inclui todas as partes que possuem nome da organização, faz apresentações e defende
interesse no sucesso da organização, tais como: os interesses organizacionais;
fornecedores, clientes, acionistas, trabalhadores, z Administrar pessoas: o administrador se comu-
sociedade, governo etc.; nica com os trabalhadores, resolve conflitos,
z Administradores de topo ou diretores: Profis- seleciona novos talentos, toma decisões sobre trei-
sionais executivos que atuam no nível estratégico, namento, demissão e remuneração;
sendo responsáveis por decisões de longo prazo e z Cuidar da própria carreira: é ainda papel do
que afetam toda a organização; administrador gerenciar a própria carreira por
z Gerentes: Profissionais executivos que atuam no meio da aquisição de novas habilidades, reali-
zação de cursos e treinamentos e ampliação das
nível tático ou intermediário da empresa. Suas deci-
redes de contatos.
sões são focadas em um departamento ou unidade;
z Supervisores de 1ª linha: Profissionais executivos
Para que sejam eficazes na execução de suas ativi-
que atuam no nível operacional e são responsáveis
dades e especialmente para que haja um bom desem-
por tarefas ou atividades específicas;
penho administrativo, os administradores devem ter
z Nível estratégico: Nível mais elevado da hierar-
a predominância de uma das três habilidades – técni-
quia organizacional; cas, humanas ou conceituais – dependendo do nível
organizacional em que atuam. Segundo Chiavenato:

274 1 Maximiano (2000)


z Técnicas: Associa-se ao uso de conhecimento especializado e facilidade na execução de tarefas relacionadas
com o trabalho e com os procedimentos de realização. Exemplos: habilidades em contabilidade, programação
e engenharia. Tipo de habilidade requerida especialmente no nível operacional;
z Humanas: Associa-se ao trabalho com as pessoas. Diz respeito à facilidade de relacionamento interpessoal e
grupal. Exemplos: habilidades de comunicar, liderar e resolver conflitos. Tipo de habilidade requerida espe-
cialmente no nível tático;
z Conceituais: Associa-se à facilidade de trabalhar com ideias, conceitos e abstrações. Diz respeito à capacidade
de analisar situações, compará-las e, com base nisso, tomar decisões. Exemplos: diagnosticar situações e formu-
lar alternativas para resolução de problemas. Tipo de habilidade requerida especialmente no nível estratégico.

Outras oito habilidades2 são frequentemente citadas como fundamentais para o desempenho das atividades
dos gestores:

z Habilidades de relacionamento com os colegas: os gestores devem ser habilitados para manter relações
formais e informais com os pares;
z Habilidades de liderança: saber orientar, treinar e usar a autoridade são habilidades fundamentais para
conduzir atividades que envolvam um grupo ou uma equipe de trabalho;
z Habilidades de resolução de conflitos: inclui a capacidade de lidar com conflitos de terceiros e, caso neces-
sário, tomar decisões para resolvê-los, além da habilidade de tolerância a tensões, já que essa pode ser uma
tarefa estressante;
z Habilidades de processamento de informações: os administradores devem ser qualificados para construir
redes de relacionamentos, expressar suas ideias e processar informações;
z Habilidades de tomada de decisões em condições de ambiguidade: inerente a muitas decisões gerenciais,
há ambiguidade quando o administrador não possui informações suficientes para lidar com as situações. Por-
tanto, ele deve ser capaz de identificar quando é necessário tomar uma decisão, bem como escolher as melho-
res alternativas em situações de instabilidade e incerteza;
z Habilidades de alocação de recursos: as organizações frequentemente lidam com um número limitado de
recursos, sejam eles financeiros, humanos, materiais, entre outros. O administrador deve ter a habilidade de
definir prioridades de acordo com os recursos disponíveis;
z Habilidades empresariais: o administrador deve ter capacidade para criar um clima de trabalho agradável e
propício ao desenvolvimento das atividades, bem como gerenciar mudanças organizacionais;
z Habilidades de introspecção: por último, a habilidade de introspecção está associada à reflexão e autoava-
liação. O profissional deve compreender o impacto de suas atividades para a organização, além de aprender
com as experiências.

Por fim, os administradores desempenham diferentes papéis. Os papéis representam as expectativas da orga-
nização em relação ao comportamento do profissional, ou seja, indicam as atividades que devem ser realizadas
pelo administrador. Em determinados momentos precisam assinar documentos em nome da empresa; em outros,
devem fazer uma apresentação sobre os resultados de determinado período. Ao todo, podemos listar 10 papéis do
administrador 3 que são divididos em três categorias:

z Interpessoais: estão relacionados com as atividades de interação com outras pessoas;


z Informacionais: dizem respeito às atividades de intercâmbio e processamento das informações;
z Decisórios: indicam como o administrador utiliza as informações quando toma decisões.

Nessas três categorias, diferentes papéis são desempenhados. O quadro a seguir apresenta os 10 papéis fre-
quentemente desempenhados pelo administrador.

CATEGORIA PAPEL ATIVIDADE

Assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a organização, acompanha visi-


Representação
tantes, assina documentos legais.

Interpessoal Liderança Dirige e motiva pessoas, treina, aconselha, orienta e se comunica com os subordinados.

Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização, envia e-mails, realiza


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Ligação
telefonemas e reuniões.

CATEGORIA PAPEL ATIVIDADE

Monitoração Manda e recebe informação, lê revistas e relatórios, mantém contatos pessoais.

Envia informação para os membros de outras organizações, envia memorandos e


Disseminação
Informacional relatórios, e-mails e contatos.

Transmite informações para pessoas de fora por meio de conversas, relatórios e


Porta-voz
memorandos.

2 Henry Mintzberg apud Maximiano (2000).


3 Mintzberg apud Chiavenato (2004) 275
CATEGORIA PAPEL ATIVIDADE

Inicia projetos, identifica novas ideias, assume riscos, delega responsabili-


Empreendimento
dades de ideias para outros.

Resolução de Toma ação corretiva em disputas ou crises, resolve conflitos entre subordi-
conflitos nados, adapta o grupo a crises e a mudanças.
Decisorial
Alocação de Decide a quem atribuir recursos. Programa, orça e estabelece prioridades.
recursos

Representa os interesses da organização em negociações com sindicatos,


Negociação
em vendas, compras ou financiamentos.

Fonte: adaptado de Chiavenato (2004, p. 7).

FUNÇÕES

Henry Fayol, idealizador da Teoria Clássica da Administração, foi quem pela primeira vez definiu as funções
universais do administrador, que hoje são conhecidas como PODC – planejar, organizar, dirigir e controlar. À
época, entretanto, foram definidas cinco funções: prever/planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar.
De acordo com Araújo, a função de prever está associada com a visualização de cenários futuros e ao plane-
jamento de estratégias.
Ao exercer a função de organizar, o administrador deve determinar os recursos materiais e humanos neces-
sários para o funcionamento da empresa.
A função de comandar diz respeito ao direcionamento das pessoas, ou seja, o gestor deve dirigir e orientar o
trabalho de seus subordinados.
Coordenar as atividades significa gerenciar eventuais conflitos, bem como trabalhar para que a execução de
todas as atividades ocorra em harmonia.
Por último, a função de controlar ocorre a partir da mensuração dos resultados obtidos e da intervenção por
meio de ação corretiva no caso de os resultados não saírem conforme planejado.
As funções administrativas, também chamadas de processo administrativo, são inter-relacionadas e cada uma
delas é apresentada com mais detalhes a seguir.

PLANEJAMENTO

A primeira função administrativa é o planejamento. De acordo com Sobral, provavelmente essa função é a
mais significativa para a administração. Isso porque, se não há planejamento e definição de objetivo, as funções
de organizar recursos, dirigir pessoas e controlar os resultados torna-se mais difícil. O planejamento é essencial
para que seja possível lidar com o futuro. As organizações devem se planejar a curto, médio e longo prazo e por
meio dessa função podem gerenciar suas relações com o futuro.
Sobral destaca que o planejamento tem dupla atribuição:

z A primeira consiste em definir o que deve ser feito, ou seja, estabelecer objetivos.
z A segunda diz respeito a indicar como deve ser feito, isto é, criar planos. O quadro a seguir demonstra tais
atribuições:

PLANEJAMENTO

Concepção dos planos: guias que integram e coordenam


Definição dos objetivos: resultados, propósitos, intenções ou
as atividades da organização de forma a alcançar esses
estados futuros que as organizações pretendem alcançar.
objetivos.
Fonte: adaptado de Sobral (2013).
Alguns conceitos importantes devem ser fixados:

z Planejamento: é necessário para que sejam definidos os objetivos que a organização pretende alcançar.
Durante o planejamento, são concebidos os planos que guiarão o atingimento das metas levando em conside-
ração os recursos disponíveis;
z Objetivos: indicam onde a organização pretende chegar, isto é, os resultados esperados a partir da ação dos
membros e da alocação dos recursos;
z Plano: é a consequência do planejamento. Indica o que deve ser feito, quando fazer, como e por quem.

O planejamento é especialmente relevante para as condições ambientais que vivemos hoje. Antes, com as condi-
ções de estabilidade e as vagarosas mudanças, as organizações eram capazes de administrar o presente e o futuro.
Atualmente, as rápidas mudanças no ambiente em que as organizações estão inseridas são razões suficientes para
a busca por melhor compreensão do futuro e da dinamicidade presente na economia, tecnologia, padrões de vida,
276 cultura, entre outros. As vantagens do planejamento são evidenciadas por Sobral:
z Proporciona senso de direção: ao definir obje- PLANEJAMENTO TÁTICO
tivos, o planejamento indica para onde a organi-
zação deve se dirigir, o que consequentemente Menos genérico e mais
Conteúdo
auxilia no encaminhamento dos esforços dos tra- detalhado
balhadores em um único sentido; Extensão de tempo Médio prazo
z Focaliza esforços: na ausência de um planeja-
mento, os trabalhadores se comportam de forma Aborda cada unidade da empre-
Amplitude
individualizada. A partir da definição de metas, os sa separadamente
esforços são integrados e o comportamento passa
a ser coletivo, isto é, os colaboradores se dedicam PLANEJAMENTO OPERACIONAL
a questões comuns a todos;
z Maximiza a eficiência: quando os esforços e os Conteúdo
Detalhado, específico e
recursos são focalizados em um objetivo, a eficiên- analítico
cia é maximizada, pois evitam-se desperdícios,
Extensão de tempo Curto prazo
retrabalhos e redundâncias;
z Reduz o impacto do ambiente: por meio do pla- Micro orientado.
nejamento os administradores são capazes de Amplitude Aborda cada tarefa ou operação
identificar as mudanças que ocorrem dentro e apenas
fora da organização. A partir da análise de tais
mudanças, é possível determinar as medidas efi- Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004, p. 171).
cazes para enfrentá-las, reduzindo seus impactos
negativos na organização; OBJETIVOS
z Define parâmetros de controle: no momento de
planejamento, são definidos os critérios de avalia- Os objetivos indicam onde a organização pretende
ção do desempenho organizacional. Esses critérios chegar, isto é, os resultados esperados a partir da ação
são essenciais para que seja possível comparar dos membros e da alocação dos recursos. Os objetivos
o desempenho atual e o desejado na etapa de são apresentados de forma hierárquica, iniciando no
Controle; mais alto nível da organização.
z Atua como fonte de motivação e comprome- Os objetivos estratégicos4 são referentes à organiza-
timento: a concepção de objetivos e planos são ção como um todo e constituem uma forma de traduzir
importantes para que cada trabalhador saiba a missão e a visão organizacional, isto é, a razão de ser
exatamente seu papel na organização. Quando os da organização e o que a empresa deseja ser respectiva-
trabalhadores sabem como devem se comportar e mente, de maneira mais concreta. Os objetivos táticos
quais atividades estão sob sua responsabilidade, são associados às divisões ou departamentos da orga-
a identificação dos mesmos com a organização é nização, sendo desenvolvidos pelos gerentes de nível
facilitada, contribuindo para que haja motivação e médio. Por último, os objetivos operacionais se referem
comprometimento; aos resultados esperados de grupos e indivíduos, e são
z Potencializa o autoconhecimento organiza- elaborados pelos supervisores de primeira linha ou até
cional: durante o processo de planejamento, os mesmo pelos próprios trabalhadores.
ambientes interno e externo à organização devem Os objetivos são formulados a partir de forças exter-
ser analisados. A partir de então, é possível iden- nas e internas5. Enquanto as forças internas incluem
tificar não apenas as oportunidades e ameaças disponibilidade ou escassez de recursos, motivação dos
presentes no ambiente externo, mas também as administradores, forças e fraquezas da organização, as
forças e fraquezas da organização (ambiente inter- forças externas abrangem a concorrência, fornecedo-
no), possibilitando o autoconhecimento; res, clientes, oportunidades e ameaças.
z Fornece consistência à ação gerencial: o planeja- Os objetivos eficazes têm as seguintes características6:
mento propicia fundamentos lógicos para a toma-
da de decisão, indicando que as decisões não serão
z Específicos: os objetivos devem ser específicos no
arbitrárias. Assim, garante-se que as deliberações
sentido de serem capazes de indicar com clareza o
organizacionais são consistentes com os resulta-
resultado esperado;
dos esperados.
z Mensuráveis: os objetivos devem ser quantificá-
De acordo com Chiavenato, o planejamento pode veis. Assim, torna-se mais fácil transformar os obje-
ser definido em três níveis: estratégico, tático e opera- tivos em ideias, bem como favorece a avaliação dos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

cional. O conteúdo, expansão de tempo e amplitude de resultados em comparação com o que era esperado;
cada tipo de planejamento é apresentado no quadro z Desafiadores, porém, alcançáveis: objetivos sim-
a seguir. ples demais não desafiam nem motivam os tra-
balhadores. Por outro lado, objetivos impossíveis
de serem alcançados com os recursos disponíveis
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO podem desmotivar os trabalhadores. Por isso,
Conteúdo Genérico, sintético e abrangente devem ser desafiadores na medida certa;
z Definidos no tempo: na definição de um objeti-
Extensão de tempo Longo prazo vo é necessário também estabelecer o horizonte
temporal para sua consecução. Só assim é possível
Macro orientado. Aborda a em-
Amplitude avaliar o alcance dos objetivos, além de possibili-
presa como uma totalidade
tar delinear as melhores ações para atingi-los;
4 Sobral (2013)
5 Maximiano (2000)
6 Sobral (2013) 277
z Coerentes: os objetivos devem ser consistentes ORGANIZAÇÃO
entre si. Mesmo que se tratem de objetivos de
diferentes departamentos, eles não podem ser Estabelecidos os objetivos e os planos da organiza-
contraditórios; ção, a etapa seguinte do processo administrativo é a
z Hierarquizáveis: deve ser possível organizar organização. Nesse momento, os gestores devem orga-
a prioridade de cada objetivo. Isso porque nem nizar os recursos humanos e materiais da empresa.
todos os objetivos são igualmente importantes e, Isso significa que além de reunir os recursos materiais
em caso de escassez de recursos ou outra situação que serão necessários para execução do planejamen-
na organização, os administradores devem priori- to, os administradores devem definir as atividades a
zar um ou outro objetivo. serem realizadas, bem como designar as atividades
para cada indivíduo. Trata-se, portanto, da operacio-
PLANOS nalização do planejamento.
A palavra “organização”, além de ser frequente-
O plano é consequência do planejamento e está mente utilizada para definir um conjunto de pessoas
situado entre a elaboração do planejamento e a prática, que desenvolvem atividades em busca de um objetivo
isto é, a implementação do que foi anteriormente pla- comum, também trata de uma função administrativa.
nejado. Sendo assim, definidos os objetivos, os adminis- Neste tópico, “organização” assumirá o segundo sig-
tradores devem estruturar os planos para alcançar as nificado, ou seja, trata-se de estruturar, distribuir e
metas estabelecidas. Por meio do plano é possível res- alocar os recursos e tarefas.
ponder às seguintes questões associadas aos objetivos: Assim como a função de planejamento, a organiza-
o quê? Quando? Como? Onde? Por quem? ção abrange os três níveis organizacionais: estratégico,
Existem quatro tipos de planos: procedimentos, tático e operacional. Sobral destaca que organizar envol-
orçamentos, programações e regulamentos. As defini-
ve tomar decisões antagônicas, mas relacionadas. Essas
ções desses planos são apresentadas no quadro a seguir.
decisões são nomeadas como diferenciação e integração.

PLANOS DEFINIÇÃO z Processo de diferenciação: diz respeito à divisão


das tarefas de acordo com os departamentos espe-
Procedimentos São relacionados com os métodos cializados. Quando o trabalho é dividido e agrupa-
de trabalho ou de como executar o do conforme as unidades de trabalho que possuem
trabalho. Normalmente, são planos maior aptidão para desempenhá-lo, consequen-
operacionais e representados por temente os resultados são mais satisfatórios. No
fluxogramas. entanto, é relevante atentar-se para que no proces-
Orçamentos São relacionados com dinheiro (re- so de diferenciação os departamentos não percam
ceita ou despesa) em determinado de vista os objetivos da organização de uma forma
período de tempo. geral. Isso porque, quando as áreas funcionais se
Estratégicos: envolvem a empresa concentram apenas em suas atividades, podem
como um todo e sua temporalida- considerar que o que fazem é mais importante,
de é de longo prazo. Exemplo: pla- contribuindo para o surgimento de conflitos entre
nejamento financeiro estratégico. os departamentos;
Táticos: envolvem determinado z Processo de integração: oposto da diferencia-
departamento da empresa e sua ção, a integração é a coordenação das atividades
temporalidade é de médio prazo. desempenhadas nos diferentes departamentos
Exemplo: orçamento departamental. com vistas à união dos esforços e alcance dos obje-
Operacionais: envolvem uma única tivos organizacionais. A integração contribui para
atividade e sua temporalidade é de que os possíveis conflitos decorrentes da diferen-
curto prazo. Exemplo: orçamento de ciação sejam eliminados. A integração eficaz ocor-
manutenção. re por meio da supervisão hierárquica, regras e
procedimentos internos, planos e objetivos organi-
Programações Também chamadas de programas, zacionais, comunicação e sistemas de informação.
as programações são relacionadas
com o tempo. De acordo com o tem- Como resultado do processo de organização, é esta-
po e as atividades que devem ser de- belecida a estrutura organizacional, isto é, a maneira
sempenhadas, as programações são pela qual as atividades são estruturadas para o alcan-
criadas. Os métodos de programa- ce dos objetivos. Os tipos de estrutura organizacional,
ção podem ser simples (agenda) ou bem como a centralização e a descentralização e os
complexos (software). O programa tipos de departamentalização são discutidos a seguir.
mais simples é o cronograma.
DIREÇÃO
Regulamentos Também chamados de normas, são
relacionados com o comportamento A direção é a função administrativa que ocorre após
solicitado e esperado das pessoas. realizados o planejamento e a organização. Essa função
Geralmente são planos operacionais remete à interação entre os trabalhadores e os líderes,
e substituem o processo de decisão ou seja, está diretamente associada com as pessoas.
individual de cada trabalhador por Sobral aponta que dirigir é unir esforços para que
um comportamento previamente os objetivos da organização sejam atingidos. Não se
especificado. trata de uma tarefa simples, pois não raro os objetivos
e interesses e individuais não são compatíveis com os
Fonte: adaptado de Chiavenato (2004). objetivos e interesses da organização.
278
Se os objetivos da organização devem ser alcan- z Monitorar as atividades: consiste em comparar
çados por meio das pessoas que a compõem, então é o desempenho atingido em relação com o que era
fundamental que as relações interpessoais entre líde- esperado.
res e subordinados sejam harmoniosas. Para que isso z Corrigir os desvios: diz respeito à adoção de
ocorra, as habilidades de comunicação e liderança dos medidas corretivas quando erros ou desvios nas
gestores devem ser adequadas. Além disso, os gesto- atividades podem prejudicar ou dificultar o alcan-
res devem contribuir para que o ambiente de traba- ce dos objetivos previamente definidos.
lho seja agradável e de cooperação entre os colegas.
Assim, os trabalhadores podem sentir-se motivados As funções de planejamento e controle estão inti-
para o desempenho de suas atividades. mamente relacionadas, conforme apresentado na figu-
ra a seguir.

Importante!
A direção é a função administrativa associa-
da ao direcionamento dos trabalhadores para
uma finalidade comum: o alcance dos objetivos PLANEJAMENTO CONTROLE
organizacionais.

Definição de objetivos Avaliação dos


Na função de direção também está presente o con- que posteriormente resultados alcançados
ceito de motivação. Apesar de muitos líderes busca- serão comparados e comparação com os
com o desempenho resultados pretendidos.
rem formas de motivar os trabalhadores por meio de alcançado. Fornece informações
palestras e treinamentos, por exemplo, a motivação que servem de
é intrínseca, ou seja, está no interior dos indivíduos. base para novos
É impossível, portanto, que um gestor ou líder seja planejamentos.
capaz de motivar os colaboradores.
A abrangência da direção inclui os níveis estraté-
gico, tático e operacional. Chiavenato indica que os Fonte: Adaptado de Sobral (2013).
diretores dirigem os gerentes (estratégico), os geren-
tes dirigem os supervisores (tático) e os supervisores O controle é um processo cíclico e composto por
dirigem os funcionários (operacional). O quadro a quatro fases8:
seguir demonstra esses três níveis.
z Estabelecimento de padrões ou critérios: só será
possível analisar se os objetivos foram alcançados
NÍVEIS
DE
NÍVEIS DE CARGOS
ABRANGÊNCIA
se houver padrões ou critérios sobre o desempenho
DIREÇÃO ENVOLVIDOS desejado. Podem ser definidos critérios quanto ao
ORGANIZAÇÃO
A empresa
tempo, ao custo, à qualidade, à quantidade etc.;
Diretores e altos z Observação do desempenho: para controlar
Estratégico Direção ou áreas da
executivos
empresa um resultado, é preciso conhecê-lo, observá-lo. A
Cada observação ou verificação do desempenho é fun-
Gerentes e
Tático Gerência pessoal do meio
departamento damental para que sejam obtidas informações
ou unidade da
do campo sobre o que está sendo controlado;
empresa
z Comparação do desempenho com o padrão
Cada grupo estabelecido: estabelecidos os critérios de desem-
Supervisores e
Operacional Supervisão de pessoas ou
encarregados
tarefas penho e observado o desempenho do resultado, é
hora de comparar o resultado real com o resultado
Fonte: adaptado de Chiavenato (2004). pretendido. É possível que haja algum de tipo de
desvio ou variação no resultado, no entanto, nem
CONTROLE toda variação requer correção. Por isso, é impor-
tante também delimitar os limites dentro dos
Por fim, o controle é a última função da adminis- quais o resultado será considerado aceitável ou
tração e depende do planejamento, organização e suficiente. A comparação pode ser realizada por
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

direção para que seja formado o processo adminis- meio de gráficos, relatórios, medidas estatísticas,
trativo. Nessa etapa, os resultados alcançados são entre outros;
comparados com os resultados planejados e, caso seja z Ação corretiva: os erros e variações que estejam
necessário, ajustes são realizados ou até mesmo pode fora dos limites estabelecidos devem ser corrigi-
ser constatada a necessidade de realizar um novo dos. A ação corretiva é fundamental para que o
planejamento. objetivo previamente definido seja alcançado.
Por meio do controle, busca-se obter informações
sobre os resultados alcançados com o objetivo de veri- A abrangência do controle, assim como das outras
ficar se o planejamento foi bem-sucedido. Busca-se, funções administrativas, ocorre nos níveis estratégico,
também, assegurar que a missão e os objetivos orga- tático e operacional. Para finalizar, o controle é funda-
nizacionais estão sendo alcançados de forma eficaz e mental para garantir que o ciclo administração (pla-
eficiente. São duas as atribuições7 essenciais do pro- nejar – organizar – dirigir – controlar) seja concluído.
cesso de controle: Se não são analisados os resultados associados com a

7 Sobral (2013)
8 Chiavenato (2004) 279
execução das etapas anteriores, elas deixam de fazer z Grandes organizações com pouca diversificação
sentido. Sobral destaca que por meio do controle os tecnológica ou de produtos;
administradores podem acompanhar as mudanças dos z Grandes organizações que vendem/entregam pro-
ambientes interno e externo e que afetam a consecu-
dutos por um ou poucos canais de distribuição;
ção dos objetivos organizacionais. Ademais, quando
há um controle eficaz, é possível garantir que as ati- z Grandes organizações que vendem/entregam pro-
vidades estão sendo realizadas conforme o planejado. dutos em uma única área geográfica;
Em síntese, o papel principal do controle é preservar a z Organizações que desenvolvem suas atividades
organização em conformidade com o padrão de com- em um ambiente de estabilidade.
portamento e desempenho definido antecipadamente.
Esse tipo de estrutura é ilustrado na figura a seguir.

Presidente
TIPOS DE ORGANIZAÇÃO executivo

A estrutura organizacional é o resultado do pro- Recursos


Operações Marketing Finanças
cesso de organização e indica como as atividades são humanos
ordenadas visando o alcance dos objetivos. A partir
da especificação das tarefas, dos recursos necessários
Vendas Pessoal Controladoria
e dos papéis que cada um deve desempenhar, o resul- Produção
tado das atividades dos trabalhadores tende a ter um
desempenho superior. Sobral destaca as funções bási-
Pesquisa de Recrutamento
cas da estrutura organizacional: Qualidade
mercado e seleção
Contabilidade

z Possibilita que os trabalhadores executem variadas


Comunicação
atividades, sempre levando em consideração a espe- Manutenção e publicidade
Treinamento Tesouraria
cialização necessária (habilidades, competências e
conhecimentos, por exemplo), a padronização (os
Relações Segurança e
trabalhadores devem seguir os padrões pré-estabe- Estoques Câmbios
públicas higiene
lecidos de desempenho das tarefas) e departamen-
talização de tarefas e funções (cada departamento
ou unidade funcional é responsável por certos con- Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 273).
juntos de tarefas e cabe a ele realizá-los);
z Permite que os trabalhadores tenham suas ativi- Em todos os tipos de estrutura, a departamenta-
dades organizadas e coordenadas pelos superiores
lização funcional também está presente. A diferença
responsáveis, além de definir as regras e os proce-
dimentos para realização do trabalho e proporcio- é que a função deixa de ser o principal critério para
nar treinamento e socialização; ordenar as tarefas. Apesar das vantagens associadas
z Define até onde vai as responsabilidades da orga- à estrutura funcional, algumas desvantagens também
nização e sua relação com o ambiente externo, tais podem ser mencionadas.
como fornecedores, parceiros e clientes.

TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL VANTAGENS DESVANTAGENS

Permite economias e Visão limitada dos ob-


As organizações estão em constante crescimento e utiliza de forma mais jetivos organizacionais
desenvolvimento. O aumento do número de produtos eficiente os recursos e foco nos objetivos de
e serviços oferecidos ou a abrangência de atuação no organizacionais cada área funcional
mercado pode revelar a necessidade de reestrutura-
ção. Sobral aborda três tipos tradicionais de estru- Cria condições para cen- Dificulta a coordenação
turas: a funcional, a divisional e a matricial. Além tralização das decisões e comunicação entre as
dessas, também merece destaque a estrutura em rede. áreas funcionais

Estrutura Funcional Facilita a direção e o con- Em razão da centraliza-


trole da organização pelos ção, pode ser demorado
administradores/diretores responder às mudanças
A estrutura funcional é mais lógica e intuitiva, sen-
externas
do as tarefas divididas de acordo com a função, tais
como recursos humanos, logística, marketing, produ- Possibilita treinar e aper- Dificulta a avaliação da
ção, entre outros. O administrador ou diretor geral feiçoar os trabalhadores contribuição de cada
é responsável por toda a organização e os membros em suas funções área funcional para o de-
são divididos em funções específicas. Logo, a gestão sempenho da organiza-
é realizada de forma vertical por meio de supervisão, ção como um todo
regras e procedimentos.
Essa estrutura é apropriada para: Facilita a comunicação e Dificulta identificar os
a coordenação dentro das responsáveis por um pro-
z Organizações que oferecem produtos ou serviços áreas funcionais blema ou decisão
limitados;
280 z Organizações que estão iniciando suas atividades; Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 274).
Estrutura Divisional
VANTAGENS DESVANTAGENS

A estrutura divisional agrupa as tarefas em unida- Pode estimular a concorrên-


des parcialmente autônomas de acordo os objetivos e Facilita a avaliação e o controle cia e rivalidade entre as divi-
resultados desejados. Em cada divisão estão presen- do desempenho por divisões. sões, especialmente para a
obtenção de recursos.
tes todos os recursos necessários para a produção de
bens ou serviços. Menor competência técni-
Possibilita maior proximidade
Essa estrutura é apropriada para: ca já que a especialização
com o cliente e, consequente-
funcional ocorre na divisão,
mente, maior conhecimento
onde os departamentos fun-
z Organizações de grande porte que vendem/entre- de suas necessidades.
cionais são menores.
gam produtos e serviços diversos;
z Organizações que atuam em mercados diferen- Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 275).
tes e, portanto, exigem diferentes estratégias de
comercialização e marketing, por exemplo; Estrutura Matricial
z Organizações que produzem bens e serviços que
demandam tecnologias diferenciadas; A estrutura matricial é considerada um modelo híbri-
z Organizações que atuam em áreas geográficas do que integra as vantagens das estruturas funcional e
divisional. Esse tipo de estrutura reúne os especialistas
distantes.
em cada área funcional, o que contribui para a obtenção
dos melhores resultados da divisão do trabalho. Além
Esse tipo de estrutura é ilustrado na figura a seguir:
disso, é possível coordenar as atividades em direção aos
objetivos gerais da organização e adaptar mais rapida-
Presidente mente às condições de mudança do ambiente externo.
executivo
Nas organizações com projetos que necessitam de
equipes multidisciplinares e temporárias a estrutura
matricial pode ser a mais adequada. É possível ainda
Recursos
Finanças que os trabalhadores estejam envolvidos em mais de
humanos
um projeto ao mesmo tempo.
Os funcionários possuem dois gerentes na estrutu-
ra matricial: gerente da função (produção, marketing,
Divisão de Divisão de Divisão de
recursos humanos etc.) e gerente do produto (produ-
cosméticos medicamentos higiene pessoal
to A, produto B, produto C etc.). A estrutura matricial
combina uma cadeia de comando vertical e hierárqui-
ca com uma cadeia de comando horizontal ou trans-
Produção Produção Produção versal e é frequentemente encontrada em agências de
publicidade, consultorias, entre outras. Um exemplo
dessa estrutura pode ser visualizado na figura a seguir.

Vendas Vendas Presidente


Vendas

Logística Logística Logística Produção Marketing Rh Finanças

Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 274). Produto A

Veja abaixo as vantagens e as desvantagens da


estrutura divisional. Produto B NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

VANTAGENS DESVANTAGENS Produto C


Possibilita melhor distribui-
ção dos riscos, uma vez que Os interesses das divisões Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 276).
cada administrador de divi- podem se sobrepor aos inte-
são é responsável por um resses gerais da organização. As vantagens e desvantagens da estrutura matri-
produto, mercado ou cliente. cial são apresentadas no quadro a seguir:
Necessita de um maior nú-
Proporciona maior agilidade mero de recursos, já que as VANTAGENS DESVANTAGENS
de resposta em razão da des- funções aparecem de forma
centralização da tomada de redundante na organização. Potencializa as vantagens Dificulta a coordenação e
decisão em cada divisão. Como resultado, há perda de das estruturas funcional e controle em razão da dupli-
eficiência. divisional. cidade de autoridade.

Permite manter um alto nível Pode melhorar a eficiência, já


Tendência à burocratização É uma forma estrutural
de desempenho, com foco que reduz a multiplicação e
em cada divisão. complexa.
em resultados. dispersão de recursos.
281
VANTAGENS DESVANTAGENS VANTAGENS DESVANTAGENS
Permite maior flexibilidade e Promove um ambiente Possibilidade de perda
Perda de tempo em reuniões
adaptabilidade da organiza- de trabalho desafiador e de uma parte importante
para resolução de proble-
ção em ambiente dinâmicos motivador. da estrutura (um parcei-
mas e conflitos.
e instáveis.
ro, por exemplo), o que
Facilita a cooperação entre Dificulta identificar os res- gera impactos imprevisí-
os departamentos. ponsáveis por um problema. veis na organização.

Promove o conflito constru-


Exige que os gestores te- Reduz os gastos gerais Dificulta desenvolver
nham competências de re- em função da baixa ne- uma cultura organiza-
tivo entre os membros da
lacionamento interpessoal e cessidade de supervisão. cional forte e, conse-
organização.
maturidade.
quentemente, diminui a
lealdade dos membros à
Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 277). organização.

Estrutura em Rede Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 280).

A estrutura em rede é um termo genérico para CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO


definir alternativas às estruturas organizacionais
tradicionais e burocráticas apresentadas anterior- A centralização e a descentralização indicam o
nível hierárquico em que as decisões são tomadas.
mente. Envolve as organizações em rede, de clusters
Quando a autoridade é exercida em uma única ou em
e virtuais, estruturas por equipes de trabalho, entre
poucas pessoas, diz-se que a organização é centrali-
outras. Nesse tipo de estrutura, a divisão de trabalho zada. Nesse caso, o poder está no topo da hierarquia
ocorre de acordo com os conhecimentos, o que sig- organizacional. Quando ocorre o contrário, isto é,
nifica que os indivíduos fazem parte da organização quando o poder de decisão está distribuído entre os
porque possuem especialização ou experiência práti- membros da organização, a organização é descentra-
ca em uma área/função específica. De forma simpli- lizada. A descentralização ocorre por meio da dele-
ficada, a figura abaixo ilustra a estrutura em rede. O gação de atividades. Assim, a responsabilidade e as
decisões são transferidas para os trabalhadores em
princípio é o de que os trabalhadores podem estar em
níveis hierárquicos mais baixos.
diversas localidades e contribuindo com mais de um
departamento, desde que tenham expertise para tal. TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO

De acordo com Sobral a departamentalização é


um processo de agrupamento das atividades organi-
zacionais visando a melhor coordenação das mesmas.
O departamento é uma unidade da organização com-
posta por um conjunto de atividades similares e que
atua com a supervisão de um gestor. “A departamen-
talização permite simplificar o trabalho do gestor,
aumentando a eficácia e a eficiência da administra-
ção, pois contribui para um aproveitamento mais
racional dos recursos disponíveis nas organizações”
(SOBRAL, 2013).
Os tipos de departamentalização mais frequentes,
bem como suas vantagens e desvantagens são9:

z Por funções: as atividades são agrupadas de acor-


do com as principais funções desenvolvidas na
empresa. As funções podem ser: produção, ven-
Por fim, vamos analisar as vantagens e desvanta- das, finanças, marketing, entre outras. Dentre
as vantagens desse tipo de departamentalização
gens da estrutura em rede:
destacam-se: possibilidade de um único supervi-
sor coordenar vários especialistas; garante que as
VANTAGENS DESVANTAGENS pessoas utilizem toda a sua habilidade técnica no
desenvolvimento das atividades; adequado para
Permite maior flexibilida- Dificulta identificar os condições de estabilidade e empresas que ofere-
de e adaptabilidade da responsáveis por um cem produtos ou serviços inalteráveis ao longo
organização em ambiente problema. do tempo. As desvantagens são: reduzida coope-
dinâmicos e instáveis. ração entre os departamentos; não é adequado
em condições de instabilidade; as pessoas podem
Estimula o desenvolvi- Inexistência de um con-
focar em suas próprias habilidades e objetivos de
mento de competitividade trole ativo em razão da
suas funções ao invés de considerar os objetivos
em escala global. dispersão das unidades.
organizacionais;
282 9 Chiavenato (2004)
z Por produtos ou serviços: o agrupamento das Esse tipo de departamentalização é utilizado prin-
atividades é realizado de acordo com o produ- cipalmente em empresas industriais e montadoras
to ou serviço comercializado. Portanto, todas as de automóveis. As vantagens são apresentadas por
tarefas necessárias para o desenvolvimento de Sobral: busca pela obtenção das vantagens asso-
um produto ou prestação de um serviço devem ciadas às tecnologias utilizadas; maior comunica-
ser agrupadas em um mesmo departamento. As ção entre as unidades em razão da interpendência
vantagens são: fixação de responsabilidades dos dos processos; aumento da eficiência e raciona-
departamentos para um produto ou serviço como lização nas diversas etapas do processo. As des-
um todo; é mais fácil realizar a coordenação nos vantagens incluem: possibilidade de conflito em
departamentos; facilita a inovação dos produtos e razão da interdependência entre as unidades; se a
serviços; indicada para condições de incerteza em tecnologia utilizada é frequentemente atualizada,
razão da possibilidade de ser flexível. Já as desvan-
esse tipo de departamentalização pode não ser fle-
tagens incluem: dispersão dos especialistas nos
xível o suficiente para acompanhar as mudanças;
diferentes departamentos de produtos ou serviços;
a falha de um processo pode resultar em prejuízo
tem elevado custo quando presente em condições
para a organização como um todo.
de estabilidade ou organizações com poucos pro-
dutos ou serviços; em situações de instabilidade,
os trabalhadores podem sentir-se inseguros com
a possibilidade de desemprego; a coordenação é
mais enfatizada do que a especialização; TEORIA GERAL DOS SISTEMAS
z Por localização geográfica: as atividades são
agrupadas de acordo com o local em que o trabalho A Teoria Geral dos Sistemas surgiu no ano de 1920,
será realizado e/ou comercializado. Entende-se, por meio dos trabalhos realizados pelo biólogo ale-
nesse tipo de departamentalização, que a eficiên- mão Karl Ludwig Von Bertalanffy.
cia da organização pode aumentar se a produção/ Um sistema é um conjunto de partes interagentes
fornecimento dos produtos for descentralizada em e interdependentes que, conjuntamente, formam um
diferentes áreas geográficas. É importante ressal- todo unitário com determinado objetivo e efetuam
tar que essa departamentalização é viável quan-
determinada função”. Segundo o autor Chiavenato,
do o mercado é bastante disperso. Por essa razão,
o todo apresenta propriedades e características pró-
as funções e os produtos devem ser agrupados de
prias que não são encontradas em nenhum elemento
acordo com os interesses geográficos. As vantagens
de forma isolada.
desse tipo de departamentalização abrangem:
maior possibilidade de adaptação às necessidades Para uma melhor comprensão da TGS (ou ainda
e condições da região; ênfase no comportamento Teorias da Administração), é importante conhecer
regional ou local; encoraja os gestores a pensar as suas aborgadens dentro da Administração e as
sobre o sucesso em uma região e não apenas em organizações.
um departamento; indicado para organizações de A Administração é entendida enquanto área de
varejo que tenham algumas funções centralizadas. conhecimento e atuação desde o período da Revolu-
As desvantagens são: em razão da autonomia das ção Industrial. Esse processo foi desencadeado pelo
filiais, as atividades de coordenação não recebem movimento da administração científica que também
o foco necessário; cada organização deve operar ficou conhecido, mais tarde, como parte da aborda-
de uma forma diferente, tornando complexa a sua gem da Escola Clássica de Administração.
gestão; ocorre principalmente nas áreas de marke- Alguns representantes que marcaram historica-
ting e produção; mente e de maneira significativa as perspectivavas
z Por clientes: nesse caso, as atividades são agru- clássicas da Administração foram:
padas de acordo com os clientes destinatários
do produto ou serviço. Diferentes características z Taylor e seus achados sobre produção, eficiência
individuais podem ser consideradas nesse tipo e racionalização do trabalho. Desenvolveu a admi-
de departamentalização, tais como idade, gênero, nistração científica, entre o final do século XIX e o
preferências, nível socioeconômico, entre outras. início do século XX. Seu objetivo era eliminar os
As vantagens são: alta preocupação com o clien- desperdícios e aumentar os níveis de produção,
te, em vista de sua relevância para os resultados por meio de métodos científicos;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

organizacionais; os clientes passam a ser mais


z Fayol e sua visão estrutural da Administração,
importantes que os próprios produtos ou serviços;
expandindo a função de administrar em funções
contribui para que todos os membros organizacio-
como planejar, organizar, controlar, coordenar;
nais busquem compreender e satisfazer as necessi-
z Ford e a criação da linha de montagem e a prática
dades dos clientes e, se possível, superá-las. Dentre
da produção em massa;
as desvantagens, destacam-se: a grande preocupa-
ção com o cliente pode reduzir a importância de z Weber e sua ciência social, com o desenvolvimen-
outras áreas, tais como produção e finanças; os to do conceito de tipo ideal de burocracia e seus
objetivos da organização podem ser colocados em estudos mais descritivos e explicativos.
segundo plano, se o objetivo primário for, única e
exclusivamente, a satisfação dos clientes; Além desses, outros estudiosos marcaram a evolu-
z Por processos: o agrupamento das atividades ção dos conhecimentos em Administração. Para além
é realizado de acordo com as fases do processo da importância de conhecê-los, é importante, sobretu-
produtivo. Por processo, entende-se as atividades do, compreender de que forma cada abordagem pode
organizadas que, posteriormente, se transforma- ajudar a identificar e resolver as necessidades das
rão em um produto ou serviço para um cliente. empresas no dia a dia. 283
O entendimento da Administração como uma área Entretanto, isso não significa dizer que o conhe-
de gestão, planejamento e execução pode ser aprimo- cimento gerado e difundido pela abordagem Clássica
rado quando se olha para as abordagens existentes e, foi deixado de lado. Pelo contrário, há uma assimila-
principalmente, quando se entende que conhecê-las ção de conhecimento, já que a gestão das empresas
pode beneficiar a gestão das práticas organizacionais se beneficia com a ampliação de estudos, na identi-
em diferentes contextos de atuação, especialmente na ficação de práticas, modelos, indicadores que abar-
sociedade moderna, na qual as transformações são cam diferentes temas da Administração em diferentes
velozes e constantes. abordagens que interagem e se complementam.

ABORDAGEM CLÁSSICA NOS DIAS DE HOJE ABORDAGEM ESTRUTURALISTA

Na abordagem Clássica, aspectos de produção e Na abordagem estruturalista, as organizações pas-


remuneração como importantes indicadores de gestão saram a ser vistas como sistemas abertos, em outras
das empresas eram priorizados para a caracterização palavras: elas interagem constantemente com o
das organizações. No entanto, em uma análise atual, os contexto que as cerca, com o ambiente externo.
números de produtividade e de gasto com cada funcio- Etzioni, autor conhecido como o fundador do pensa-
nário, por exemplo, não são suficientes para identificar, mento estruturalista das organizações, afirmava que
explicar e resolver os diversos desafios das organizações. era necessário entendê-las de forma mais completa
A modernização da gestão, no sentido de abarcar e integrada, colocando foco sobre pontos internos e
outros indicadores e trazer o indivíduo para as ques- externos, formais e informais (ETZIONI, 1973).
tões centrais da empresa, ainda encontra barreiras
A abordagem estruturalista se difundiu no período
diante do posicionamento de alguns gestores e grupos
final do século XX em transição com o século XXI e,
organizacionais, que olham para o indivíduo como
nesse sentido, foi pioneira nos estudos sobre diferen-
uma “máquina” que deve produzir o máximo possí-
tes contextos, como hospitais, igrejas e prisões, expan-
vel no menor tempo ideal. Entretanto, já evoluiu ao
dindo de fato o entendimento das organizações como
passo que tem desenvolvido ações que focam no com-
distintas, para além da ideia da empresa clássica, da
portamento das pessoas, no seu desenvolvimento.
indústria e do processo fabril de produção.
O estruturalismo atual tem relação tanto com a esco-
ABORDAGEM COMPORTAMENTAL
la Clássica quanto com a Comportamental, dos Recur-
sos Humanos, porque é uma abordagem que busca
Em uma perspectiva mais humanista da Adminis-
visualizar a importância das pessoas e o desempenho
tração, é preciso dar mais atenção ao conhecimento
delas nas organizações, mas sem desconsiderar a sig-
das pessoas nas organizações, à capacidade de agregar
nificância da remuneração e dos fatores econômicos.
valor aos produtos, processos e serviços. Nesse senti-
do, estudar as pessoas e buscar compreender maneiras
de alinhar os interesses individuais aos interesses das
empresas passou a ser o objetivo da chamada aborda- Importante!
gem comportamental, orgânica ou humanística. Na abordagem estruturalista, a organização é
O esquema a seguir ilustra a mudança de foco
vista como um sistema aberto e, por isso, inte-
da abordagem Clássica – que via nos indicadores de
desempenho e produtividade os norteadores da gestão gra as ideias de organização formal e informal
das empresas – para a abordagem Comportamental – (a estrutura das relações estabelecidas pelas
em que as pessoas na organização começaram a ser pessoas na organização), estando a organização
entendidas como fundamentais na agregação de valor inserida em um contexto social com o qual inte-
do processo produtivo, ao passo que compreender seus rage todo o tempo.
interesses e aspirações passou a ser entendido como
imprescindível para que as organizações busquem e
retenham pessoas mais alinhadas aos seus objetivos. ABORDAGEM SISTÊMICA

Novo foco: Na abordagem sistêmica, as organizações são estu-


Foco antigo:
pessoas da dadas a partir do ambiente em que estão inseridas
desempenho ou
organização e, principalmente, da interação que fazem com ele.
produtividade
Diferenciando-se da abordagem estruturalista, que
aponta para a existência de um ambiente externo
Fonte: Adaptado de ARAUJO, Luis César G. (2014). às organizações, a abordagem sistêmica propõe-se a
estudar esse ambiente e, de uma maneira mais objeti-
São alguns temas que marcaram o início dos estu- va, as transformações do ambiente e como as organi-
dos da abordagem Comportamental entre os anos 1924 zações lidam com essas mudanças.
e 1932, realizados na fábrica de Hawthorne da Compa- Quando se olha para o ambiente em que as orga-
nhia Western Electric, nos Estados Unidos: comporta-
nizações estão inseridas, é possível identificar se, e de
mento, significado do trabalho, relações interpessoais
que maneira, as organizações relacionam-se entre si,
e interorganizacionais e motivação. Buscando explicar
coletando informações essenciais para a análise do
como o ambiente de trabalho poderia afetar a produ-
tividade dos trabalhadores, o estudo concluiu que o contexto organizacional, bem como para a gestão das
elemento fundamental foi o reconhecimento que cada empresas. De acordo com Stoner e Freeman (1999):
trabalhador sentiu em participar do estudo científico. “Essa abordagem permite que os administradores
Os estudos que passaram a dar foco ao indivíduo e vejam a organização como um todo e como parte de
trouxeram uma nova roupagem ao entendimento de um sistema maior, o ambiente externo”. A organiza-
como as situações influenciam as emoções (e, por isso, ção, portanto, é vista como um sistema que tem pro-
284 o comportamento das pessoas nas organizações). pósito e é formado por partes que se interrelacionam.
No âmbito da abordagem sistêmica, Megginson, Vale ressaltar aqui que, em contraponto ao enten-
Mosley e Pietri Jr. (1998) apontaram três objetivos dimento da organização como sistema aberto, as abor-
para as organizações: dagens anteriores ao estruturalismo caracterizavam as
organizações como sistemas fechados, desconsiderando
z Estabelecer relações internas e externas, consi- ou não reconhecendo a existência do ambiente. Foi a
derando o ambiente em que a organização está abordagem estruturalista que reconheceu a existência
inserida; do ambiente e a sistêmica que explorou a importância do
z Identificar o padrão das relações; ambiente e da interação constante com as organizações.
z Detectar se há propósitos comuns nessas relações. A ideia da organização como sistema aberto advém
da Teoria Geral dos Sistemas, criada pelo alemão Lud-
Pensando então nas organizações como sistemas wig von Bertalanffy após o fim da Segunda Guerra
abertos, em que há uma constante interação entre Mundial. No entanto, apenas com o trabalho de Katz e
estrutura (a própria organização) e o ambiente em Kahn a abordagem dos sistemas abertos se expandiu
que está inserida (por meio das relações constituídas enquanto literatura para os estudos das organizações.
entre as pessoas e a produção e distribuição de produ- De acordo com Stoner e Freeman (1999): “A teoria de
tos e serviços), autores como Katz e Kahn (1987) pon- sistemas chama a atenção para a natureza dinâmica e
tuaram quais seriam as principais características de interrelacionada das organizações e da tarefa de admi-
um sistema aberto: nistrar [...] podemos planejar ações e prever tanto as
consequências imediatas quanto as de longo alcance”.
z Importação de energia (input): Os sistemas
Os autores ainda pontuam que, por meio da aborda-
abertos importam alguma forma de energia do
gem sistêmica, os gestores podem manter um equilíbrio
ambiente externo. As organizações precisam de
quando se deparam com os interesses da organização
suprimentos de energia de outras organizações,
frente às preocupações das partes interessadas.
pessoas ou do meio ambiente material;
As chamadas “partes interessadas” da organização
z Transformação: Os sistemas abertos transformam a
são também conhecidas pelo termo stakeholders, que
energia disponível, como a transformação de mate-
faz referência às pessoas, aos investidores, acionistas,
riais em diversos produtos e serviços, por exemplo;
ao governo, às empresas ou instituições públicas que, de
z Saída (output): Os sistemas abertos exportam cer-
modo geral, têm algum interesse na empresa em questão.
tos produtos para o meio ambiente, como a univer-
Essas considerações reforçam que o trabalho do
sidade forma pessoas para o mercado de trabalho,
administrador enquanto gestor, o planejamento estra-
por exemplo;
tégico e o contexto em que a organização atua, diante
z Sistemas como ciclos de eventos: As atividades
do ambiente pela qual ela interage, são aspectos indi-
trocadas têm caráter cíclico. O produto exportado
cados e explicados pela abordagem sistêmica. Por esse
para o ambiente produz um resultado monetário
motivo, é uma abordagem bastante aceita e difundida
que é utilizado para a obtenção de mais matéria-
nos estudos sobre Administração.
-prima, em que mais produção e trabalho geram
mais entrada, transformação e saída, ou seja, com- ABORDAGEM CONTINGENCIAL
pletam os ciclos que se repetem;
z Entropia negativa: Para sobreviverem, os sistemas A abordagem contingencial, que teve seus primei-
abertos precisam mover-se para deter o processo ros estudos escritos no final da década de 1960, enten-
entrópico, ou seja, evitarem a desorganização ou de que as organizações são diretamente afetadas pelo
morte. A universidade, por exemplo, aumenta a ambiente a que pertencem, de maneira que, para
importação de alunos para se precaver de ocorrên- sobreviverem, precisam responder a ele. Em outras
cias como desistências e trancamentos de matrículas; palavras, é o ambiente que determina o comporta-
z Entrada de informação, feedback negativo e mento das organizações e, por isso, as organizações
processo de codificação: As entradas também devem estar preparadas para responderem às trans-
são de caráter informativo e podem apontar sinais formações do ambiente e a qualquer acontecimento
sobre a estrutura, o ambiente e o funcionamento relacionado a ele, as chamadas contingências.
de ambos. Um tipo de entrada de informação é o No estudo de Tom Burns e G. M. Stalker, de 1961,
feedback negativo, um conjunto de informações os autores definiram as organizações de acordo com
que permite ao sistema corrigir seus desvios, ajus- dois tipos ideais: organizações mecânicas e orgâni-
tar atividades e processos; cas. Segundo os autores, as organizações mecânicas
z Estado firme e homeostase dinâmica: Os sistemas seriam aquelas que atuam em ambientes estáveis em
abertos que sobrevivem à entropia negativa são certa medida; já as organizações orgânicas se trans-
caracterizados por um estado firme. A tendência de formam mediante as transformações do ambiente.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

um estado firme é homeostática, ou seja, de preser- O início dos estudos sobre a abordagem contingen-
vação do caráter do sistema. Exemplos: melhorias cial se deu com os autores Lawrence e Lorsch (1972)
tecnológicas e culturais; exigência de qualidade e com mais uma diversidade de autores e suas pes-
acadêmica para professores e alunos nas universi- quisas. A ideia principal da relação organização-am-
dades; exigência de qualidade curricular na contra- biente foi encontrada a partir das pesquisas sobre as
tação de profissionais pelas empresas; possibilidades de a organização diversificar ou inte-
z Diferenciação: Os sistemas abertos procuram dife- grar com relação ao ambiente.
renciar-se para funções mais especializadas, buscan- A diversificação, na abordagem contingencial, diz
do excelência nos produtos, serviços e processos; respeito às unidades, que são partes da organização
z Equifinalidade: Os sistemas abertos podem atin- que deveriam responder às demandas do ambiente,
gir um determinado objetivo por diferentes cami- na busca por integrar os interesses da organização
nhos. Por exemplo: formar alunos de excelência com os do ambiente. Já o processo de integração se
pode ser um processo de busca por excelentes pro- refere às pressões que o ambiente faz sobre a orga-
fessores; oferecer estágios eficientes; disponibili- nização, a fim de que seja possível alcançar uma for-
zar boas palestras aos alunos, entre outras opções. ma de integrar os interesses das partes, unidades da
Adaptado de ARAUJO, Luis César G. (2014). organização. 285
Para Lawrence e Lorsch (1972), a integração nas MEGGINSON, Leon C.; MOSLEY, Donald C.; PIETRI
organizações poderia ocorrer a partir de alguns JR., Paul H. Administração: conceitos e aplicações.
aspectos, como: 4. ed. São Paulo: Harbra, 1998.
MINTZBERG, Henry. The structuring of organiza-
z Integração das relações entre os indivíduos; tions. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1979.
z Criação de grupos funcionais; STONER, James A. F.; FREEMAN, R. Edward. Admi-
z Administração hierarquizada; nistração. 5. ed. Tradução de Alves Calado. Rio de
z Formalização de um sistema de coordenação; Janeiro: LTC, 1999.
z Relacionamento administrativo direto entre as
unidades.

Dica GESTÃO DE PESSOAS


Para diferenciar a abordagem sistêmica da
As organizações estão em constante crescimento
contingencial, vale lembrar que na sistêmica o
e desenvolvimento. Quanto maior o número de pro-
ambiente é reconhecido como relevante para o dutos/serviços oferecidos e abrangência de mercado,
entendimento das organizações, mas é na con- maior a necessidade de ter pessoas qualificadas e
tingencial que se reconhece o ambiente como competentes para manter e aumentar a competitivi-
responsável pelas transformações nas organi- dade organizacional. Sendo assim, toda organização
zações, provocando situações com as quais a necessita de pessoas para a sua sobrevivência e suces-
organização tem que lidar. so, ainda que em menor escala. E é justamente porque
as organizações dependem das pessoas que existe a
As contingências, dessa forma, levam as organi- necessidade de gerenciar e orientar o comportamento
zações a adotarem diferentes respostas conforme a desses indivíduos no ambiente de trabalho. Isso signi-
necessidade de agência em cada situação – mudança fica que o comportamento dos trabalhadores deve ser
tecnológica, nova estratégia, alteração regulatória, coerente com os objetivos e valores da organização. A
entre outras. A abordagem contingencial, dessa for- área/departamento que atua sobre o comportamento
ma, trouxe uma complexidade a mais para a gestão das pessoas é chamada de Gestão de Pessoas (GP).
das organizações, no que diz respeito à tomada de Hoje, a GP é responsável por diversas funções, tais
decisão frente a identificação dos problemas e dife- como recrutamento, seleção, treinamento, desenvol-
rentes situações. vimento, oferta de benefícios e serviços sociais, imple-
Para Mintzberg (1979), autor relevante da Admi- mentação de programas de incentivos, remuneração,
nistração, a abordagem contingencial não é tão efi- avaliação do desempenho, atenção a questões de saú-
caz ao explicar a agência organizacional frente ao de, segurança e qualidade de vida no trabalho, entre
ambiente porque, para ele, as organizações escolhem outros. Mas nem sempre foi assim. Fischer (2002)
as variáveis do ambiente que as interessam, no senti- aponta para quatro correntes que correspondem a
do da tomada de decisão. Além disso, as organizações períodos históricos diferentes na GP. Uma síntese das
podem criar contingências para obter vantagens com- características dessas correntes é apresentada no qua-
petitivas, por exemplo. dro a seguir.
Assim, é importante ressaltar que todas as abor-
dagens devem ser levadas em consideração ao pen-
DEPARTAMENTO GESTÃO DO COMPOR-
sar o processo de gestão organizacional. Para além
PESSOAL TAMENTO HUMANO
de escolher uma ou outra, é necessário lembrar que
as pessoas são o capital intelectual da organização. Período: 1890 - 1930. Período: 1930 - 1970.
Especialmente aquelas implicadas nas atividades de Surgimento da Escola
Trabalhadores vistos
gestão devem utilizar da melhor maneira todas as de Relações Humanas¹.
como fatores de produ-
informações disponíveis, sejam elas da organização O homem passa a ser
ção. Os custos desses
ou do ambiente na qual está inserida e com o qual visto como ser social e
devem ser administrados
interage de forma contínua e permanente. não mais como homem
de forma racional e lógica.
econômico.
REFERÊNCIAS
O departamento de pes- A Psicologia é utilizada
ARAUJO, Luis César G. Teoria Geral da Admi- soal lida com as questões para entender e interferir
nistração: Aplicação e Resultados nas Empresas burocráticas associadas nas organizações.
Brasileiras, 2ª edição. Atlas: Grupo GEN, 2014. Dis- aos trabalhadores, basi-
ponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.
camente contratação e
br/books/9788522491278/. Acesso em: 10 fev. 2021.
desligamento.
BURNS, Tons; STALKER, G. M. The management of
innovation. Oxford: Oxford University Press, 1961. O departamento de ges-
O gerente de pessoal
ETZIONI, Amitai. Organizações modernas. 3. ed. tão de pessoas lida com
tem a função principal de
São Paulo: Pioneira, 1973. treinamento, relações
selecionar os candidatos
KATZ, Daniel; KAHN, Robert L. Psicologia social interpessoais, avaliação
mais eficientes, ou seja,
das organizações. São Paulo: Atlas, 1987. de desempenho, entre
aqueles que são capazes
LAWRENCE, Paul R.; LORSCH, Jay W. O desenvol- outras funções com vis-
de produzir mais a um
vimento de organizações: diagnósticos e ação. tas a obter trabalhadores
custo baixo.
satisfeitos e motivados.
286 São Paulo, Edgard Blücher, 1972.
GESTÃO ESTRATÉGICA VANTAGEM COMPETITIVA funções, tais como produção, contabilidade, recursos
humanos, entre outras. Esse tipo de estrutura “funciona-
Período: 1970 - 1980. Período: a partir de 1980.
va” para aquela época, pois tratava-se de um ambiente
Os trabalhadores de- estável, em que as mudanças externas eram previsíveis.
vem estar alinhados à Assim, as organizações se preocupavam mais com seus
estratégia da empresa. problemas internos de produção – em busca sempre da
Abandono do modelo O aumento da competitivi- maior eficiência – do que com as situações externas. A
comportamental. O fato dade exige das organiza- eficiência seria alcançada por meio da padronização e
de os trabalhadores ções um modelo de gestão simplificação das tarefas, bem como pela especialização
estarem felizes e satis- de pessoas com base em da mão de obra. A execução de tarefas extremamen-
feitos não necessaria- competências. te simples, repetitivas e monótonas, permitia grandes
mente indica que estão escalas de produção a um custo menor.
contribuindo para os ob- Ainda, de acordo com Chiavenato (2014), na Era da
jetivos organizacionais. Industrialização Clássica os trabalhadores eram vistos
As funções de gestão de como meros recursos produtivos, tais como as máqui-
pessoas não são genéri- Necessidade de desenvolver nas e os equipamentos industriais. Portanto, aqueles
cas para todos os tipos competências humanas para que não se adequavam às atividades ou não eram sufi-
de organizações, mas que, consequentemente, as cientemente rápidos na execução de suas tarefas, deve-
associadas às diretrizes competências organizacio- riam ser “substituídos” por outros mais eficientes.
estratégicas de cada nais sejam asseguradas. Por fim, não havia nenhuma possibilidade de
uma. mudanças e inovações nas fábricas, especialmente em
Temáticas predominantes: razão da cultura organizacional, que era bastante con-
Forte vinculação servadora e prezava pela manutenção do status quo.
estratégia competitiva, rees-
entre gestão de pes-
truturação, competências
soas e estratégias
organizacionais.
essenciais, reengenharia, Dica
reinvenção do setor.
A expressão “status quo” é latina e significa “o esta-
Fonte: adaptado de Fischer (2002).
do das coisas”. Manter o status quo em uma orga-
nização significa, portanto, manter as atividades
funcionando exatamente como elas estão. Logo,
Ainda no que diz respeito à evolução da GP, cabe
não há possibilidade de adaptar ou substituir os pro-
destacar a visão de Chiavenato (2014). O autor desta-
cessos por outros, ainda que sejam mais viáveis. A
ca que a partir da Revolução Industrial surgiu o con-
ideia é: se deu certo no passado, por que mudar?
ceito atual de trabalho e que, ao longo do século XX,
algumas mudanças ocorreram, podendo ser divididas
A Era da Industrialização Neoclássica compreende
em três eras organizacionais: Era da Industrialização
o período entre 1950 e 1990. De acordo com Chiavena-
Clássica, Era da Industrialização Neoclássica e Era da
to (2014), nessa época as mudanças começaram a ocor-
Informação.
rer de forma progressiva. Além disso, as transações
A Era da Industrialização Clássica compreende
comerciais, que antes aconteciam apenas no âmbito
o período após a Revolução Industrial (meados de
local, passaram a ser regionais e internacionais, o que
1840) até 1950. Chiavenato aponta que as principais contribuiu para a expansão da competição entre as
características dessa era são a intensificação da indus- organizações. A estrutura organizacional burocrática
trialização a nível mundial e o advento dos países da Era da Industrialização Clássica deixou de ser sufi-
desenvolvidos. Nesse contexto, as organizações ado- ciente para acompanhar as mudanças externas. Para
tavam a estrutura organizacional burocrática, confor- esse contexto, a estrutura matricial, exibida na figura
me figura a seguir. a seguir, foi adotada.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A estrutura burocrática possui um formato pira-


midal e centralizador, ou seja, poucas pessoas detêm o A divisão, nesse tipo de estrutura, deixa de ser ape-
poder e a possibilidade de tomada de decisões na orga- nas funcional e passa a ser funcional e de produto/
nização. Essas pessoas estão no topo da hierarquia. A serviço. A estrutura matricial é caracterizada pela pos-
divisão de departamentos era feita de acordo com a sibilidade de dupla interação, isto é, os trabalhadores 287
podem se reportar a dois gerentes: o de projeto e o Apresentado o contexto histórico da gestão de pes-
de produto. Com a coordenação um pouco mais des- soas, vamos tratar sobre seu conceito. A forma como
centralizada, cresce a capacidade de mudanças, ino- as organizações administram os seus recursos huma-
vações e processamento de informações, além disso, nos vem mudando ao longo dos anos. Tais mudanças
as atividades dos cargos tornam-se mais complexas. são refletidas nas nomenclaturas dadas à área, tais
As diferenças com a era anterior também incluem, como administração de recursos humanos, departa-
mento de pessoal, administração de pessoal, gestão do
conforme Chiavenato, a forma de visualizar os traba-
capital humano, entre outros.
lhadores. Esses passam a ser considerados recursos De acordo com Fischer (2002, p. 12), “entende-se
vivos e dotados de inteligência, ao mesmo tempo em por modelo de gestão de pessoas a maneira pela qual
que o setor de GP ganha notoriedade nas organiza- uma empresa se organiza para gerenciar e orientar
ções. Apesar disso, as pessoas ainda eram tratadas de o comportamento humano no trabalho. Para isso, a
forma padronizada, como se todas tivessem as mes- empresa se estrutura definindo princípios, estraté-
mas motivações e necessidades. gias, políticas e práticas ou processos de gestão”.
Por último, a Era da Informação teve início na Complementarmente, de acordo com Chiavenato
década de 1990 e se estende aos dias atuais. A princi- (2014), a GP pode assumir três significados diferentes:
pal característica ressaltada por Chiavenato (2014) é função ou departamento, conjunto de práticas e profissão.
a imprevisibilidade das mudanças, visto que a tecno-
z A GP como departamento é área da organização res-
logia da informação possibilitou uma globalização da ponsável por funções como recrutamento, seleção,
economia. As transações econômicas são realizadas a treinamento, desenvolvimento, oferta de benefícios
nível mundial e as informações chegam até as pessoas e serviços sociais, implementação de programas de
em um período surpreendentemente curto, contri- incentivos, remuneração, avaliação do desempe-
buindo para a grande competitividade entre as orga- nho, atenção a questões de saúde, segurança e qua-
nizações. A estrutura organizacional que se adequa a lidade de vida no trabalho, entre outros;
tais características é a estrutura em rede, demonstra- z A GP como conjunto de práticas indica como a
da na figura a seguir. organização realiza as atividades associadas a
recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvi-
mento, benefícios e serviços sociais, programas de
incentivos, remuneração, avaliação do desempe-
nho, saúde, segurança e qualidade de vida no tra-
balho, entre outros;
z A GP como profissão inclui aqueles indivíduos que
atuam em profissões estritamente associadas aos
recursos humanos, tais como os recrutadores, sele-
cionadores, treinadores, gestores de remuneração,
profissionais de segurança do trabalho, entre outros.

IMPORTÂNCIA

A importância da GP é evidenciada pela relação


entre indivíduos e organizações. Pense sobre quanto
tempo as pessoas despendem, por dia, no ambiente
organizacional ou em atividades de trabalho. 6 horas?
8 horas? Agora multiplique por cinco (ou seis) dias na
semana. Imagine a quantidade de horas por ano. As
pessoas vivem grande parte de suas vidas no trabalho
e, por isso, a importância de que esse último não seja
um “fardo” ou um grande “aborrecimento” para os tra-
Nesse tipo de estrutura, há uma grande interação balhadores. Por outro lado, conforme discutido ante-
e interdependência entre as diversas equipes. É notó- riormente, as organizações precisam das pessoas para
ria também a ênfase no conhecimento e nas possibi- conduzir suas atividades e obter sucesso. Por isso, “as
lidades de inovação. A responsabilidade dos gerentes, organizações jamais existiriam sem as pessoas que lhes
como afirma Chiavenato (2014), é fazer com que o dão vida, dinâmica, energia, inteligência, criatividade e
conhecimento seja útil e produtivo para as organi- racionalidade” (CHIAVENATO, 2014, p. 6).
zações. A cultura organizacional deixa de conside-
RELAÇÃO COM OUTROS SISTEMAS DE
rar apenas os aspectos internos e passa a focar no ORGANIZAÇÃO
ambiente externo e nas oportunidades de mudança.
Diferentemente das duas eras anteriores, o capi- Para finalizar, é importante destacar que o setor de
tal intelectual ganha destaque e as pessoas tornam-se Gestão de Pessoas se relaciona com os demais sistemas
parceiras da organização. A inteligência, habilidades da organização. Não apenas esse setor, mas toda a orga-
e personalidade dos trabalhadores são os recursos nização está interligada. Isso significa que é a soma de
mais importantes da organização, pois é por meio todas as partes organizacionais que possibilita o bom
deles que é possível enfrentar e superar os desafios desempenho e sucesso. Vamos pensar em um exem-
plo. O departamento de produção é importante, mas
organizacionais.
se houver apenas ele, quem desempenhará as vendas?
Essas três eras apresentam diferentes abordagens Quem cuidará da logística e da distribuição do que for
sobre como lidar com os trabalhadores, podendo ser produzido? Quem avaliará o desempenho e a produti-
caracterizadas da seguinte maneira: (i) Relações Indus- vidade dos trabalhadores? Quem será responsável por
triais na Era da Industrialização Clássica; (ii) Recursos gerenciar as remunerações dos trabalhadores? Portan-
Humanos na Era da Industrialização Neoclássica; e to, é fundamental que todas as áreas da organização
288 (iii) Gestão de Pessoas na Era da Informação. realizem as suas atividades com sinergia.
Em uma situação mais específica, vamos imaginar Análise Externa do Ambiente
que uma das vendedoras da Empresa Alfa está grávida
e ficará ausente por um tempo devido à licença mater- Uma vez definidos os objetivos, segue-se a audi-
nidade. O supervisor de vendas deve encaminhar para toria externa para analisar o ambiente externo da
a administração da empresa a necessidade de contra- organização: mapear as condições externas da orga-
tação temporária de outro profissional. Logo que a nização no sentido de fazer um conjunto de previsões
administração concordar com a contratação, o setor de sobre o futuro dessas condições. O lema dos autores
GP deve ser informado, a fim de iniciar os processos neoclássicos é prever e preparar. Esse segundo está-
de recrutamento, seleção e treinamento (se necessá- gio trata da análise do ambiente externo: as condi-
rio). No processo de recrutamento, o departamento de ções externas que impõem desafios e oportunidades
marketing pode ser envolvido para tornar a vaga mais à organização.
atrativa aos possíveis candidatos. Os recursos financei- A análise externa envolve:
ros também devem ser gerenciados, já que pelo menos
durante os 120 dias da licença maternidade a empre- z Mercados abrangidos pela empresa, característi-
sa terá que pagar um funcionário “a mais”. Caso esses cas atuais e tendências futuras, oportunidades e
departamentos não trabalhem em sincronia e em prol perspectivas.
de um objetivo comum – a contratação de um novo z Concorrência ou competição, isto é, empresas que
profissional – a equipe de vendas pode ficar defasada, atuam no mercado, disputando os mesmos clien-
podendo gerar, inclusive, insatisfação dos clientes da tes, consumidores ou recursos.
Empresa Alfa. Por isso, é fundamental pensar na orga- z Fatores externos, como a conjuntura econômi-
nização como um todo e em como as atividades de cada ca, tendências políticas, sociais, culturais, legais
um dos departamentos são essenciais. etc., que afetam a sociedade, a empresa e demais
empresas.

Análise Interna do Ambiente

NOÇÕES DE PLANEJAMENTO A análise organizacional das condições internas


ESTRATÉGICO é realizada para permitir uma avaliação dos pon-
tos fortes e pontos fracos que a organização possui.
O planejamento é necessário para que sejam defini- Os pontos fortes constituem as forças propulsoras
dos os objetivos que a organização pretende alcançar. da organização que facilitam o alcance dos objetivos
Escolhidos e fixados os objetivos organizacionais, organizacionais, enquanto os pontos fracos cons-
isto é, os objetivos globais da empresa a serem alcan- tituem as limitações e restrições que dificultam ou
çados, o próximo passo é saber como alcançá-los, ou impedem seu alcance. A análise interna envolve:
seja, estabelecer a estratégia empresarial a ser utiliza-
da para alcançar de forma eficiente aqueles objetivos z Análise dos recursos (recursos financeiros,
máquinas, equipamentos, matérias-primas, recur-
e escolher as táticas e operações que melhor imple-
sos humanos, tecnologia etc.) de que a empresa
mentem a estratégia adotada.
dispõe para as suas operações atuais ou futuras.
Em termos empresariais, podemos definir a estra-
z Análise da estrutura organizacional da empre-
tégia como “a mobilização de todos os recursos da
sa, seus aspectos positivos e negativos, divisão de
empresa no âmbito global visando atingir os objetivos trabalho entre departamentos e unidades e como
no longo prazo.” os objetivos organizacionais foram distribuídos
A literatura sobre estratégia organizacional é vasta em objetivos departamentais.
e crescente. Ela tornou-se uma disciplina acadêmica z Avaliação do desempenho da empresa, em termos
independente, como marketing e finanças, e tem suas de lucratividade, produção, produtividade, inova-
publicações acadêmicas, clubes e associações e seus con- ção, crescimento e desenvolvimento dos negócios.
gressos periódicos. Os conceitos de estratégia surgiram
na teoria administrativa a partir da década de 1960. Estágio da Formulação da Estratégia
O Planejamento Estratégico ou Institucional é aquele
que se realiza em nível institucional, pela alta cúpula da Nesta quarta fase do planejamento estratégico
organização (diretores e presidentes). Tem por objetivo formulam-se as alternativas que a organização pode
traçar os caminhos a serem seguidos pela administração. adotar para alcançar os objetivos organizacionais
Esse tipo de planejamento considera a formulação pretendidos, tendo em vista as condições internas e
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

dos objetivos organizacionais, a análise externa do externas. As alternativas estratégicas constituem os


ambiente, a análise interna da empresa, a formulação cursos de ação futura que a organização pode adotar
das alternativas estratégicas e escolha da estratégia a para atingir seus objetivos globais. De um modo geral,
ser utilizada e o desenvolvimento de planos táticos e o planejamento estratégico refere-se ao produto (bens
operacionalização da estratégia. que a organização produz ou serviços que presta) ou
Vejamos os estágios do planejamento estratégico. ao mercado (onde a organização coloca seus produtos
ou bens ou onde presta seus serviços).
Estágio da Formulação de Objetivos Organizacionais
Estágio de Desenvolvimento de Planos Táticos e
A organização escolhe os objetivos globais que Operacionalização da Estratégia
pretende alcançar no longo prazo e define a ordem de
importância e prioridade em uma hierarquia de obje- É a parte mais detalhada no processo de planeja-
tivos. Este primeiro estágio serve para identificar as mento. Para Steiner, “todas as estratégias devem ser
alternativas estratégicas relevantes, ou seja, em qual divididas em subestratégias para sua implementação”.
direção estratégica a organização, como um todo, A operacionalização da estratégia provoca um conjun-
deve se dirigir. to de hierarquias, em diferentes níveis e com diferentes 289
perspectivas de tempo. No topo estão os planos estraté- Almeida comenta sobre a função do planejamen-
gicos e abrangentes no longo prazo (em geral de cinco to de RH na organização. De acordo com o autor, as
anos), seguidos pelos planos táticos de médio prazo, os empresas oferecem bens ou serviços no mercado e
quais dão origem aos planos operacionais a curto prazo. dependem disso para sua sobrevivência. Em alguns
Os planejamento estratégicos são a longo prazo, casos, o objetivo consiste na obtenção do lucro, em
voltados para o futuro da empresa. outros, na filantropia. Independentemente do objetivo,
as organizações precisam de diferentes recursos para
Planejamento Tático
se manterem ativas. Quanto mais recursos possuírem,
A partir do planejamento estratégico desenvol- mais facilmente poderão alcançar seus objetivos. Os
ve-se o conjunto de planejamentos táticos. Melhor recursos normalmente são divididos em três tipos:
dizendo, o planejamento estratégico passa a ser des-
dobrado em planos táticos que precisam ser integra- RECURSOS São recursos físicos, tais como má-
dos e coordenados. MATERIAIS quinas, instalações e equipamentos
O planejamento tático é realizado pelo nível
intermediário/gerencial (gerentes e chefes de depar- RECURSOS São recursos monetários, isto é, tra-
tamento). Ele envolve uma determinada unidade FINANCEIROS ta-se do dinheiro/capital da empresa
(departamento, área, divisão) da organização.
Os planos táticos referem-se às principais áreas de RECURSOS São as pessoas que trabalham na
atuação departamental. O planejamento tático é de HUMANOS empresa
médio prazo.10
Segundo Chiavenato os planos táticos geralmente Apesar da importância dos diferentes tipos de
envolvem: recursos, as pessoas constituem a parte mais impor-
tante da empresa, pois é por meio delas que os demais
z Planos de produção: Relacionado aos métodos,
recursos são utilizados a favor dos objetivos e da
tecnologias e equipamentos necessários à realiza-
estratégia organizacional11. Sendo assim, a importân-
ção das atividades.
cia dos recursos humanos não está associada apenas a
z Planos financeiros: Relacionado à captação e apli-
uma ou outra questão específica da empresa, mas sim
cação dos recursos financeiros. Envolve, também, a
a toda a estratégia e desenvolvimento organizacional.
busca pela redução dos custos e aumento dos lucros.
z Planos de marketing: Envolve as condições de As funções do departamento de RH envolvem
venda e colocação dos produtos no mercado, bem todas aquelas relacionadas às pessoas, incluindo12:
como o atendimento ao cliente.
z Planos de Recursos Humanos: Relaciona-se ao recru- z Agregar pessoas: os processos de agregar pessoas
tamento, seleção e treinamento dos funcionários. incluem as funções de recrutamento, seleção e inte-
gração. Ou seja, esse processo tem foco na forma como
Planejamento Operacional a GP integra novos trabalhadores na organização;
z Aplicar pessoas: os processos de aplicar pessoas
O planejamento tático se desdobra em planeja- envolvem as atividades de definição das tarefas atri-
mento operacional, que por sua vez, é desenvolvido buídas a cada cargo, orientação dos trabalhadores
pelos supervisores da organização. Seu enfoque é o sobre as tarefas do cargo e avaliação do desempenho;
que fazer e como fazer. z Recompensar pessoas: os processos de recompen-
Pode-se dizer que o planejamento operacional é sar pessoas abrangem todas as formas utilizadas
voltado para as atividades básicas da organização, para remunerar o tempo e a dedicação do traba-
definindo assim sua rotina diária. lhador às atividades organizacionais. A remunera-
São planejamentos a curto prazo direcionados ção inclui não apenas o salário (que normalmente
para a eficiência da organização. é fixo e mensal), mas também os benefícios, servi-
ços sociais e os incentivos;
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RH
z Desenvolver pessoas: os processos de desenvol-
O planejamento é necessário para que sejam defini- ver pessoas dizem respeito às atividades de treina-
dos os objetivos que a organização pretende alcançar. mento (foco no curto e médio prazo e nas tarefas
Quando se trata do planejamento de RH, os objetivos do cargo atual) e desenvolvimento (foco no longo
são associados a esse departamento em específico (ou prazo e no desenvolvimento de habilidades e com-
seja, o departamento de Recursos Humanos), mas con- petências para o bom desempenho de atividades
siderando a estratégia da organização como um todo. de cargos futuros), gestão do conhecimento, ges-
Durante o planejamento, são concebidos os planos que tão de competências, aprendizagem corporativa,
guiarão os colaboradores ao atingimento das metas, comunicação, entre outras;
levando em consideração os recursos disponíveis. z Manter pessoas: os processos de manter pessoas
Especialmente em razão das rápidas mudanças buscam criar ambientes organizacionais saudá-
vividas na atualidade, antes de traçar metas e obje- veis para os trabalhadores a fim de mantê-los na
tivos para o futuro do RH e da organização, é funda- organização e reduzir a rotatividade. A fim de
mental realizar um diagnóstico organizacional da criar ambientes física e psicologicamente satisfa-
situação atual. Só assim será possível compreender a tórios, a GP se preocupa com questões como cul-
situação atual da organização e avaliar quais aspectos tura organizacional, clima organizacional, higiene,
precisam ser aprimorados. saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho;
10 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da Administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações . 7.
ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
11 Almeida (2015)
290 12 Chiavenato (2014)
z Monitorar pessoas: os processos de monitorar Era como se ela não tivesse a necessidade de se
pessoas têm o objetivo de conduzir e gerenciar relacionar com clientes, fornecedores e parceiros. A
os trabalhadores em suas atividades, bem como ideia era de que bastavam a posse de recursos mate-
visualizar os resultados de tais atividades. Os ban- riais, financeiros e humanos, para que organização
cos de dados e os sistemas de informações geren- existisse e sobrevivesse. Hoje, sem as trocas com o
ciais são fundamentais para esses processos. ambiente externo, a organização pode estar fadada
ao fracasso. É importante considerar questões econô-
Todas as decisões associadas às funções do RH micas, culturais, as preferências dos consumidores,
entre outros fatores.
dizem respeito às estratégias do departamento e são
As forças da empresa envolvem aqueles aspectos
fundamentadas em análises internas e externas do
positivos que dependem apenas dela e que a tornam
ambiente. A análise desses dois tipos de ambiente é reconhecida no mercado. Isso significa que a empresa
constantemente realizada por meio da Análise SWOT. possui controle sobre suas forças. A oferta de um produto
A sigla SWOT significa: ou serviço de alta qualidade e boa localização são exem-
plos de forças, já que tais características geram reconheci-
z S (strenghts): pontos fortes, que são atributos úni- mento, vontade do cliente em voltar e intenção de outras
cos do negócio e levam em direção aos objetivos; empresas em adotar como modelo tais atributos.
z W (weaknesses): pontos fracos, que dizem respei- As fraquezas são os aspectos negativos que inter-
to ao que a empresa não faz bem e poderia melho- ferem ou prejudicam a organização. As fraquezas
rar e dificultam alcançar os objetivos; estão sob controle da organização e, portanto, ela
z O (opportunities): oportunidades disponíveis no pode unir esforços para melhorar nesses aspectos que
mercado e que não estão sendo exploradas nem estão defasados. Alguns exemplos abrangem: pouca
pela empresa nem pelos concorrentes. Está alinha- presença nas redes sociais, falta de qualificação dos
da à visão estratégica; trabalhadores, pequeno número de funcionários,
z T (threats): ameaças que têm potencial para pre- altos índices de desperdício e retrabalho.
judicar a performance do negócio e pode ter cará- As oportunidades são fatores externos que influen-
ter político, social, econômico ou tecnológico. ciam a empresa de forma positiva. Ou seja, apesar de a
organização não ter controle sobre tais oportunidades,
ela pode (e deve) utilizá-las a seu favor. São exemplos
A imagem a seguir demonstra o significado dos
de oportunidades: economia local crescente, baixo
pontos fortes e fracos, bem como das oportunida- número de concorrentes e incentivo governamental.
des e ameaças à organização. SWOT = FOFA: Forças Por fim, as ameaças são fatores externos que influen-
(Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades ciam a empresa de forma negativa. As ameaças estão fora
(Opportunities) e Ameaças (Threats). do controle da empresa, ou seja, ela não consegue sim-
plesmente “eliminar” tais danos. O alto número de con-
Ambiente Ambiente correntes e seus preços podem ser considerados ameaças,
interno externo assim como a dificuldade em adquirir recursos funda-
mentais para a produção e o aumento dos impostos.
Quando se fala em estratégia para definir algo, seja
OPORTUNIDADES nas organizações ou não, significa que aquilo é críti-
FORÇAS co para a sobrevivência. Sendo assim, se a estratégia
Disponível no mercado.
Atributos únicos do Não explorado nem pela falhar, poderá ser fatal. Vamos pensar, por exemplo,
negócio. empresa nem pelos nas estratégias de guerra. Sun Tzu, general e filósofo
chinês que ficou conhecido por seu livro “A Arte da
Leva em de direção aos concorrentes.
Guerra”, tratava sobre as estratégias associadas ao pon-
objetivos. Alinhado à visão
to fraco do inimigo, ao terreno, à organização do exér-
estratégica.
cito etc. Nas organizações não é diferente. Realizar um
planejamento estratégico de RH significa conciliar, da
AMEAÇAS melhor forma possível, todas as partes da organização.
FRAQUEZAS O planejamento estratégico de RH é importante
Potencial em prejudicar a nas organizações, pois além de focar apenas nas ativi-
O que a empresa não faz
performance do negócio. dades burocráticas do departamento, também há uma
bem e poderia ser melhor.
Político, social, econômico preocupação com a estratégia da organização como
Afasta dos objetivos.
ou tecnológico. um todo. Podemos enumerar algumas das caracterís-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ticas da estratégia de RH, tais como13:


Fonte: <https://movimentoimpactoglobal.com.br/matriz-swot/
matriz-analise-swot-como-fazer-uma-figura-01-2/>. (Adaptado)
z Consiste em metas para organizar o trabalho da
organização, bem como gerenciar pessoas;
z Afeta as chances de sobrevivência da empresa e a
A Análise SWOT foi desenvolvida na década de
qualidade de seu desempenho;
1960 e representa um passo significativo no plane-
z É realizada por toda a equipe de gerenciamento, e
jamento estratégico. Com a análise dos ambientes não apenas pelos gestores de RH;
interno e externo, é possível que a organização trace z Provavelmente é parcialmente planejada e par-
estratégias para atingir os seus objetivos. cialmente “emergente” no comportamento da
É importante destacar que nem sempre as orga- equipe de gerenciamento. Isso porque a estratégia
nizações se preocuparam em observar aquilo que está mais associada aos comportamentos do que
ocorria fora delas. Antigamente, a empresa era con- com documentos formais de planejamento;
siderada um sistema fechado, ou seja, não tinha z É definida no nível da unidade de negócios, isto é,
nenhum tipo de relação com o ambiente externo. no departamento de RH;
13 Boxall e Purcell (2011) 291
z É mais complexa em empresas com estruturas identificar não apenas as oportunidades e amea-
divisionais em que as diferentes divisões enfren- ças presentes no ambiente externo, mas também
tam diferentes mercados; as forças e fraquezas da organização (ambiente
z É mais complexa em empresas que operam em interno), possibilitando o autoconhecimento;
diferentes países, em razão dos impactos dos dife- z Fornece consistência à ação gerencial: o planeja-
rentes contextos sociais. mento propicia fundamentos lógicos para a toma-
da de decisão, indicando que as decisões não serão
A estrutura divisional agrupa as tarefas em unida- arbitrárias. Assim, garante-se que as deliberações
des parcialmente autônomas de acordo os objetivos organizacionais são consistentes com os resulta-
e os resultados desejados. Em cada divisão estão pre- dos esperados.
sentes todos os recursos necessários para a produção
de bens ou serviços. Os benefícios de aplicar o planejamento estratégi-
Sobral indica que essa estrutura é apropriada para: co de RH são diversos, tais como15:

z Organizações de grande porte que vendem/entre- z Atração e retenção de talentos: quando o RH


gam produtos e serviços diversos; se preocupa em promover um bom ambiente
z Organizações que atuam em mercados diferen- de trabalho, bem como quando “cuida” dos seus
tes e, portanto, exigem diferentes estratégias de profissionais, a reputação da organização tende
comercialização e marketing, por exemplo; a melhorar. Os trabalhadores têm preferido tra-
z Organizações que produzem bens e serviços que balhar em empresas que oferecem um salário
demandam tecnologias diferenciadas; menor, mas com boas condições de trabalho do
z Organizações que atuam em áreas geográficas que receber altos salários, mas não ter qualidade
distantes. de vida. Portanto, o planejamento estratégico de
RH é capaz de atrair novos colaboradores para a
As vantagens do planejamento são14: empresa, bem como reter os atuais;
z Redução do índice de rotatividade: o índice
z Proporciona senso de direção: ao definir obje- de rotatividade indica quantas pessoas saíram e
tivos, o planejamento indica para onde a organi- entraram na organização em determinado perío-
zação deve se dirigir, o que consequentemente do de tempo. Altas taxas de rotatividade, além de
auxilia no encaminhamento dos esforços dos tra- indicar que a organização não possui um bom cli-
balhadores em um único sentido; ma de trabalho e capacidade de reter os colabora-
z Focaliza esforços: na ausência de um planeja- dores, também aumenta os custos da organização.
mento, os trabalhadores se comportam de forma Isso porque frequentemente a organização possui
individualizada. A partir da definição de metas, os gastos com rescisões e novos processos seletivos.
esforços são integrados e o comportamento passa O alto índice de rotatividade pode estar associado
a ser coletivo, isto é, os colaboradores se dedicam a uma gestão ineficiente, desmotivação dos tra-
a questões comuns a todos; balhadores e falta de foco no desenvolvimento
z Maximiza a eficiência: quando os esforços e os profissional dos indivíduos. Quando a organiza-
recursos são focalizados em um objetivo, a eficiên- ção consegue reduzir esse índice por meio de um
cia é maximizada, pois evitam-se desperdícios, planejamento estratégico, ela não terá custos com
retrabalhos e redundâncias; encargos trabalhistas, novas admissões e treina-
z Reduz o impacto do ambiente: por meio do pla- mentos, além de não ter a produtividade reduzida
nejamento os administradores são capazes de devido à falta de trabalhadores;
identificar as mudanças que ocorrem dentro e z Aumento da produtividade: frequentemente os
fora da organização. A partir da análise de tais trabalhadores não utilizam toda a sua capacidade
mudanças, é possível determinar as medidas efi- produtiva durante um dia completo de trabalho.
cazes para enfrentá-las, reduzindo seus impactos Em alguns momentos as conversas e a procrasti-
negativos na organização; nação tomam conta. O planejamento estratégico
z Define parâmetros de controle: no momento de de RH pode ser útil no aumento da produtividade
planejamento, são definidos os critérios de avaliação quando apresenta um conjunto de metas desafia-
do desempenho organizacional. Esses critérios são doras e atingíveis aos trabalhadores. As pessoas
essenciais para que seja possível comparar o desem- que estão satisfeitas e felizes em seus trabalhos
penho atual e o desejado na etapa de Controle; não veem as metas como obrigação, mas elas de
z Atua como fonte de motivação e comprometi- fato desejam contribuir para o sucesso da empresa;
mento: a concepção de objetivos e planos são impor- z Diminuição dos custos operacionais: como já
tantes para que cada trabalhador saiba exatamente tratado anteriormente a respeito dos custos com
seu papel na organização. Quando os trabalhadores encargos trabalhistas e novas admissões, as orga-
sabem como devem se comportar e quais atividades nizações que se planejam estrategicamente não
estão sob sua responsabilidade, a identificação dos deixam lugar para os desperdícios e os prejuízos.
mesmos com a organização é facilitada, contribuin- Por meio das métricas de RH, é possível identificar
do para que haja motivação e comprometimento; em quais ações o departamento deve focar no cur-
z Potencializa o autoconhecimento organiza- to, médio e longo prazo;
cional: durante o processo de planejamento, z Promoção da comunicação corporativa: por meio
os ambientes interno e externo à organização do planejamento estratégico de RH as organiza-
devem ser analisados. A partir de então, é possível ções podem melhorar a comunicação empresarial

14 Sobral (2013).
292 15 Fonte: <https://www.xerpa.com.br/blog/planejamento-estrategico-de-rh/>
interna. A comunicação é fundamental para que
sejam transmitidos os objetivos da organização ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE
e expectativas em relação ao comportamento e
desempenho dos trabalhadores. Visto que a comu- CONCEITOS INICIAIS DE GESTÃO/ADMINISTRAÇÃO
nicação é uma via de mão dupla, não basta que os DA QUALIDADE
objetivos sejam repassados aos funcionários, mas é
necessário que eles compreendam e sintam-se moti- Antes de adentrarmos no estudo da gestão da qua-
vados em fazer parte do atingimento das metas. lidade, é fundamental entender o conceito de quali-
dade. Ele tem evoluído ao longo do tempo, portanto,
Por fim, vale destacar que o uso dos sistemas de torna-se mais fácil o seu entendimento se analisarmos
informações gerenciais (SIG) pode ter papel funda- sua evolução histórica.
mental no planejamento estratégico de RH. Chiavena- Desde a época em que os produtos eram feitos de
to aborda que antigamente as informações sobre os forma artesanal, a qualidade era vista com preocupa-
recursos humanos da organização eram disponíveis ção, embora não houvesse uma noção muito clara do
apenas ao setor de RH. Posteriormente, tais informa- que ela era propriamente. A qualidade era baseada
ções passaram a ser divulgadas também para os ges- nas características físicas do produto, até porque a
tores de cada área ou equipe, para que eles pudessem demanda era muito superior à oferta.
contribuir na tomada de decisão sobre o time que Somente com a revolução industrial o tema “qua-
coordena. Hoje, os sistemas de informações gerenciais lidade” tornou-se essencial; com a evolução dos meios
têm sido compartilhados também com os próprios de produção, o modelo de qualidade alcançou o nível
colaboradores, no intuito de que possam visualizar dos dias atuais.
informações sobre seu desempenho e até mesmo se Preliminarmente, a gestão da qualidade era vista
autoavaliar. como algo reativo, cuja principal preocupação era a
Para que seja possível armazenar as informações, inspeção. Hoje, a qualidade é considerada uma vanta-
é necessário um banco de dados. Nos bancos de dados, gem competitiva e é tratada de forma estratégica, pois
os dados são codificados e organizados de forma a faci- pode comprometer a existência da organização.
litar o acesso futuro e a obtenção de informações para Com a globalização e o consequente fim das bar-
o planejamento e a tomada de decisão. O sistema de reiras territoriais, o que é produzido em um deter-
informação de GP, portanto, “é baseado em um banco minado país pode ser consumido em outro; assim, a
de dados (incluindo um banco de talentos ou banco
qualidade ocupou o centro da atenção gerencial ao
de competências) para disponibilizar, em tempo real,
prover soluções para as organizações quando a oferta
informações sobre pessoas, capital humano e capital
torna-se maior que a demanda e quando os clientes
intelectual da empresa” (CHIAVENATO, 2014, p. 438).
tornam-se mais bem informados e exigentes.
As informações inseridas no banco de dados podem
Como podemos perceber, o conceito de qualida-
incluir: cadastro dos trabalhadores (como nome, RG,
de é bastante amplo. Com o objetivo de internalizar
CPF e endereço), cadastro de remuneração (progressão
o assunto, observe a seguir algumas definições dos
dos salários, além dos benefícios e incentivos recebi-
dos), cadastro de treinamento (treinamentos realiza- principais autores sobre tema:
dos pelo trabalhador, independentemente de ter sido
oferecido pela própria organização), entre outras. z Araujo (2011): “Qualidade, resumidamente, pode-
A figura a seguir apresenta um exemplo de sistema ria ser definida como a busca pela perfeição com
de informação gerencial de GP que pode ser acessado fins de agradar clientes cada vez mais conscientes
pelo gerente. das facilidades de consumo e variedades de orga-
nizações a lhes oferecer produtos”;
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL
z Feigenbaum (1994): “Qualidade é um movimento
de melhoria que ultrapassa as barreiras artificiais
que separam funções, pessoas e unidades, para
Qual a remuneração do funcionário? alcançar o todo organizacional”;
Quando foi admitido na organização?
z Ishikawa (1993): “Qualidade é satisfazer radicalmen-
Quanto deve ter férias?
te o cliente, para ser agressivamente competitivo”;
Saída de Informações
Acesso do Gerente

z Tuchman (1980): “Qualidade é atingir ou buscar


Qual cargo o funcionário ocupa? o padrão mais alto em vez de se contentar com o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

⟶ Qual é sua experiência profissional? ⟶ malfeito ou fraudulento”.


Quais suas habilidades e conhecimentos?
Diante desses conceitos iniciais, estudaremos
Quais os objetivos que o funcionário deve agora a evolução do pensamento sobre a gestão da
alcançar? qualidade. Conforme a literatura especializada, essa
O que já foi realizado? evolução pode ser classificada em três períodos (ou
O que falta para alcançar 100% da meta? eras).

Quais são as tarefas já executadas pelo ERAS DA GESTÃO DA QUALIDADE


funcionário?
Quais tarefas pode desenvolver no futuro? A evolução histórica dos meios de produção e a
Qual o potencial de desenvolvimento?
expansão da indústria no início do século XX fizeram
surgir uma maior preocupação com o controle da
qualidade, que mais adiante evoluiu para a adminis-
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014, p. 440). tração da qualidade total. 293
Dessa maneira, na evolução do controle da qua- Segue nos tópicos as eras da qualidade e suas prin-
lidade para a moderna administração da qualidade cipais características:
total, podemos identificar três eras distintas da quali-
dade, que caminham conjuntamente com a evolução z Inspeção
da ciência da Administração:
„ Produtos são verificados um a um;
1º Período: Era da Inspeção „ Cliente participa da inspeção;
„ Inspeção encontra defeitos, mas não produz
Com o início da produção em massa e a industria-
qualidade.
lização do século XIX, tornou-se importante um maior
controle de qualidade. Naquele momento, a qualidade
z Controle Estatístico
era analisada somente após a produção; assim, criou-
-se a figura do inspetor da qualidade, responsável por
comparar algumas características dos produtos em „ Produtos são verificados por amostragem;
análise com alguns padrões preestabelecidos. „ Departamento especializado faz o controle de
Assim, não se tinha nenhuma preocupação com qualidade;
a prevenção de defeitos, pois a inspeção não pro- „ Ênfase na localização dos defeitos.
duz qualidade, apenas encontra os defeitos! Naque-
le período, o foco era no produto e não no processo z Qualidade Total
produtivo.
„ Processo produtivo é controlado;
2º Período: Era do Controle Estatístico „ Todos são responsáveis pela qualidade;
„ Ênfase na prevenção de defeitos.
Com o aumento da produção, as organizações per-
ceberam a necessidade de melhorar a gestão da quali- PRINCIPAIS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES
dade e consequentemente a possibilidade de diminuir PARA A GESTÃO DA QUALIDADE
os custos.
A produção de grande quantidade de peças padro-
A escola da qualidade foi estruturada através do
nizadas impossibilitava a inspeção de todos os itens.
Diante desse problema, o controle pela inspeção foi tempo com a participação de alguns pensadores,
aprimorado com a introdução das técnicas estatísti- considerados verdadeiros “gurus” da qualidade, que
cas, especialmente a amostragem. Assim, iniciou-se o contribuíram para a sedimentação do conceito de
cálculo dos percentuais de falhas e limites aceitáveis. qualidade total tão preconizada nos dias atuais.
As bancas de concurso costumam interligar os
Dica pensadores com suas inovações (ferramentas); assim,
torna-se essencial conhecer cada autor e suas prin-
Walter Shewart, estudado no próximo tópico, cipais contribuições. São considerados os principais
criou o primeiro esboço do que seria conhecido pensadores da qualidade:
como carta de controle (ferramenta da qualida-
de, estudada no último tópico) Walter Andrew Shewart

Uma das principais ideias desse período foi mudar Shewart foi o precursor dos estudos da qualidade;
a ênfase da inspeção de todos os produtos após a pro-
entre as suas principais contribuições, está a criação
dução para a inspeção através da amostragem, com o
do ciclo PDCA (Plan-Check-Act-Do). Sua obra exerceu
objetivo de localizar o ponto de ocorrência de defeitos.
grande influência nos estudos dos mais conhecidos
Ou seja, o foco passava a ser no processo produtivo.
Foi nessa era que as empresas começaram a criar um “gurus” da qualidade, entre eles Deming e Juran.
departamento específico para cuidar exclusivamente Em seus trabalhos na companhia Bell Telephone
da qualidade. Industries, desenvolveu o controle estatístico da qua-
lidade, unindo o conhecimento estatístico na maxi-
3º Período: Era da Qualidade Total mização da produtividade e na melhoria contínua.
Shewart é considerado o pai do controle estatístico da
Nas eras anteriores, a ênfase estava centralizada qualidade.
na qualidade do produto e/ou serviço. Nesse novo
período, a Era da Qualidade Total, a ênfase deslocou- William Edwards Deming
-se para o sistema de qualidade.
A qualidade agora é vista como uma grande vanta- Deming, discípulo de Shewart, ganhou notorie-
gem competitiva, sendo, assim, uma responsabilidade dade com seu trabalho realizado no Japão após a 2º
de todos os funcionários que abrange todos os seto- Guerra Mundial. O país estava totalmente destruído e
res da organização; ou seja: a qualidade torna-se uma
suas empresas tinham dificuldades em competir com
questão sistêmica.
os produtores mundiais. Dessa maneira, foram os
Nesse período, as organizações perceberam que
ensinamentos de Deming em 1950 que deram início à
não bastava fazer o melhor produto e/ou serviço se
esse produto não atendia as necessidades do cliente. revolução da qualidade nas indústrias japonesas.
Desse modo, a qualidade total passou a ter seu foco Deming sensibilizou os altos executivos japoneses
na satisfação dos desejos e necessidades dos clientes. para o fato de que a melhoria da qualidade era o cami-
Sintetizando: todos da organização são responsáveis nho para a prosperidade por meio do aumento da pro-
por garantir a qualidade dos produtos, sempre com o dutividade, redução de custos, conquista de mercados
294 foco na satisfação dos clientes. e expansão do emprego.
Para alcançar esses objetivos, Deming introduziu a ideia da corrente de clientes, ou seja: em cada estágio do
processo, o estágio anterior é o fornecedor e o estágio seguinte é o cliente. Nesse sentido, a corrente inicia-se nos
fornecedores de matérias-primas e termina no consumidor final, que é quem paga a conta e sustenta a organização.

A
Fornecedores de
Matérias-primas

Distribuição
B

Clientes
Recebimentos de
Materiais Inspeção Final
Produção, Montagem, Inspeção e Teste
C

Após a passagem de Deming pelo Japão, a indústria japonesa deu um salto de qualidade e seus produtos já
começavam a ameaçar os fabricantes tradicionais. Deming só ganhou reconhecimento em seu país (Estados Uni-
dos) no final dos anos 1970, após um programa de televisão apresentar as razões do sucesso da indústria japonesa.
Em seu livro Qualidade: a revolução da administração, Deming discorre sobre um método para a adminis-
tração da qualidade que compreende 14 princípios16:

z Estabelecer a constância do propósito de melhorar o produto e o serviço, com a finalidade de a empresa


tornar-se competitiva, permanecer no mercado e criar empregos;
z Adotar a nova filosofia: Em uma nova era econômica, a administração deve despertar para o desafio de assu-
mir suas responsabilidades e a liderança da mudança;
z Acabar com a dependência da inspeção em massa: Deve-se eliminar a necessidade de inspeção em massa,
construindo a qualidade junto com o produto desde o começo;
z Cessar a prática de comprar apenas com base no preço: Em vez disso, deve-se procurar minimizar o custo
total. É preciso desenvolver um fornecedor único para cada item, em um relacionamento de longo prazo fun-
dado na lealdade e na confiança;
z Melhorar sempre e constantemente o sistema de produção e serviço, para melhorar a qualidade e a pro-
dutividade e, dessa maneira, reduzir constantemente os custos;
z Instituir o treinamento no serviço;
z Instituir a liderança;
z Afastar o medo, para que todos possam trabalhar de forma eficaz pela empresa;
z Eliminar as barreiras entre os departamentos: Quem trabalha nas áreas de pesquisa, projeto, vendas e
produção deve agir como equipe para antecipar problemas na produção e na utilização que possam afetar o
produto ou serviço;
z Eliminar slogans, exortações e metas para os empregados, pedindo zero defeito e níveis mais altos de
produtividade;
z Eliminar as cotas numéricas no chão de fábrica: Eliminar a administração por objetivos;
z Remover as barreiras que impedem ao trabalhador sentir orgulho pela tarefa bem-feita. A responsabilidade
dos supervisores deve mudar dos números para a qualidade;
z Instituir um sólido programa de educação e autotreinamento;
z Agir no sentido de concretizar a transformação: A transformação é o trabalho de todos.

Esse método de 14 princípios ficou conhecido como método Deming. É importante atentar-se a eles, pois são
frequentemente cobrados em concursos.

Importante!
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Entre os 14 princípios, o mais cobrado pelas bancas examinadoras é o de “Eliminar slogans, exortações e
metas”, pois, em um primeiro momento, esse princípio não aparenta fazer sentido. Mas, conforme o autor,
slogans, exortações e metas apenas criam relações hostis. O problema real da qualidade encontra-se no
sistema de qualidade, que se encontra além do alcance dos empregados.

Deming foi ainda o grande divulgador do “Ciclo de Shewart”, posteriormente conhecido como “Ciclo PDCA”
(Plan-Check-Act-Do) ou “Ciclo de Deming”.

Joseph Juran

Juran, junto com Deming, foi responsável pelo desenvolvimento das indústrias japonesas no período pós 2ª
Guerra Mundial. Sua principal contribuição para a gestão da qualidade foi o desenvolvimento da técnica que
ficou conhecida como “Trilogia da qualidade”, composta por Planejamento, Controle e Aperfeiçoamento.
16 Deming (1990) apud Maximiano (2011). 295
Outro ponto de destaque em sua obra foi a mudança do enfoque da gestão da qualidade, priorizando o plano
estratégico ao invés do operacional.

TRILOGIA DA QUALIDADE

Planejamento Controle Aperfeiçoamento

� Identificar as necessidades � Avaliar o desempenho real � Melhoria contínua dos processos


� Projetar os produtos � Comparar esse desempenho com � Treinar, motivar e apoiar as equipes
� Planejar os processos as metas

É importante saber que Joseph Juran foi o primeiro “guru” a propor a abordagem dos custos da qualidade.

Armand Feigenbaum

Feigenbaum foi um executivo de sucesso na empresa General Eletric (GE) e apresentou sua versão de qualida-
de total em sua obra intitulada Controle da Qualidade Total (TQC: Total Quality Control).
O TQC tinha como alicerce uma definição de qualidade em que o interesse do cliente era o ponto de partida e
na qual a busca por ela deve ser um esforço sistêmico, ou seja, deve integrar as ações das pessoas, as máquinas,
informações e todos os outros recursos envolvidos na administração.
Assim, a qualidade deixa de ser um atributo apenas do produto e também de ser uma tarefa de responsabili-
dade exclusiva do departamento de qualidade, e passa a ser um problema de todos, que envolve todos os aspectos
da organização.
Para implementar essa nova ideia, é necessária a existência de um sistema da qualidade. Conforme Feigen-
baum, esse sistema é:

A estrutura operacional de trabalho, em relação à qual toda a empresa está de acordo, documentada em procedi-
mentos técnicos e administrativos, efetivos e integrados, que orienta as ações das pessoas, máquinas e informações,
da maneira melhor e mais prática para assegurar a satisfação do cliente com a qualidade e o custo econômico da
qualidade.

Outro grande impacto do autor foi seu aprofundado estudo do custo da qualidade, além de sugerir que a ati-
vidade seja servida de uma função administrativa, formada por especialistas voltados para pensar a qualidade.
Sintetizando seu pensamento: a administração da qualidade deve garantir a satisfação do cliente e, ao mesmo
tempo, os interesses econômicos da empresa.
É importante saber que o sistema de Controle da Qualidade Total (TQC – Total Quality Control) influenciou o
modelo ISO (International Organization for Standardization).

Philip Crosby

Crosby foi um dos mestres da qualidade e contribuiu para o desenvolvimento da teoria do Zero Defeito, enfa-
tizando a necessidade de “fazer certo desde a primeira vez”.
Para Crosby, qualidade é atender a conformidade dos requisitos necessários e desejados pelo consumidor
final. Por isso, todos os funcionários são responsáveis por garantir que seus processos e atividades são realizados
com qualidade.

Kaoru Ishikawa

Ishikawa, químico japonês, foi o responsável pela adaptação das teorias americanas (principalmente de
Deming e Juran) para a realidade nipônica. Para o autor, qualidade é “satisfazer radicalmente o cliente, para ser
agressivamente competitivo”, sendo uma responsabilidade de todos, coordenada e orientada por uma gerência
de qualidade.
Sua maior e mais conhecida contribuição foi a criação do diagrama de causa e efeito, que posteriormente
levou seu nome (diagrama de Ishikawa), podendo ser chamado também de “diagrama de espinha de peixe”, devi-
do a sua forma. O diagrama de Ishikawa é um assunto recorrente em provas de concurso; por isso, estudaremos
esse assunto de maneira mais aprofundada mais a frente.
Ishikawa também foi o criador dos círculos de controle de qualidade (CQC – Circle Quality Control), pequenos
grupos de voluntários de um mesmo setor, que se reúnem regularmente para estudar e propor a solução de pro-
blemas que estejam comprometendo a qualidade e a eficiência dos produtos.
Os círculos de controle de qualidade foram uma das formas de colocar em prática a concepção japonesa da
qualidade total, ideia que rapidamente disseminou-se para outros países.

Genichi Taguchi

Taguchi, engenheiro e estatístico japonês influenciado por Deming, desenvolveu uma metodologia com a apli-
296 cação de métodos estatísticos, objetivando a melhoria contínua dos produtos.
Sua metodologia tinha como peça fundamental a O ciclo PDCA foi desenvolvido na década de 1930
associação da qualidade ao custo do produto; o foco por Walter Shewhart; no entanto, somente foi divul-
deveria ser nas atividades do projeto e não na produ- gado e amplamente aplicado nos anos 1950 por seu
ção. Essa concepção ficou conhecida como controle da discípulo William Deming. Por isso, o ciclo também
qualidade offline. é conhecido como “ciclo de Deming” ou “ciclo de
Para o autor, a única forma de satisfazer o cliente Shewhart”.
era desenvolver produtos de qualidade robusta. Sua É composto por uma sequência de quatro ações
filosofia levava em conta todo o ciclo de produção, que devem reiniciar-se constantemente em um pro-
desde o design até à transformação final do produto, cesso em busca da qualidade máxima:
assentada no controle estatístico.
No quadro a seguir, sintetizamos as principais con- z Plan (Planejar): Identificar os problemas, além de
tribuições e palavras-chave dos denominados “gurus”: estabelecer objetivos e processos necessários para
fornecer resultados de acordo com os requisitos;
“GURUS” PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES z Do (Executar/Fazer/Desenvolver): Implementar o
plano, executar o processo e fazer o produto;
� Considerado o pai do controle estatís-
z Check (Checar/Verificar): Estudar os resultados
tico da qualidade
Shewart reais e compará-los com os resultados planejados,
� Criador do ciclo PDCA e do gráfico de
identificando as diferenças;
controle
z Act (Agir): Propor e aplicar ações corretivas sobre
� Precursor do movimento da qualidade as diferenças significativas encontradas na fase
no Japão anterior.
Deming
� 14 princípios
� Ideia da corrente de clientes
Agir: Planejar:
� Trilogia da qualidade: planejamento, Corrigir se necessário Estudar e planejar
controle e melhoria o aprimoramento
� Qualidade é adequação à finalidade ou
Juran
ao uso
ACT PLAN
� Qualidade deve envolver toda a
organização
� Especialistas devem “pensar” a quali-
dade (função específica)
� Lançou o Sistema de Controle da Qua-
Feigenbaum CHECK DO
lidade Total (TQC)
Checar: Fazer:
� Qualidade deve ser vista de forma
Observar os Implementar a
sistêmica resultados mudança
� Fazer certo da primeira vez
Crosby
� Qualidade é “zero defeito”
� Diagrama de causa e efeito (espinha
de peixe) O ciclo PDCA sugere que, com a verificação dos
Ishikawa � Qualidade é satisfazer o cliente e to- resultados, caso o objetivo não seja alcançado, é pre-
dos são responsáveis ciso interpretar os desvios e compreender as tendên-
� Círculo de controle da qualidade (CCQ) cias. Deve-se “girar a roda” até que novos objetivos
� Conceito de qualidade robusta sejam alcançados.
� Associou a qualidade ao custo de um É relevante saber que Deming, no final de sua
Taguchi produto carreira, modificou o ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act)
� Fatores determinantes: design e con- para PDSA (Plan-Do-Study-Act), por acreditar que
trole estatístico “check” priorizava a inspeção em vez da análise.
De acordo com Maximiano: “Apesar de sua aplica-
ção original no campo da administração da qualidade,
CICLO PDCA o ciclo PDCA é frequentemente usado como modelo
para planejamento e implementação de soluções de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

O ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act) é uma ferra- aprimoramento constante em qualquer área e tam-
menta de gestão da qualidade que busca o melho- bém como modelo genérico de processo de tomada de
ramento contínuo, a simplificação dos processos e a decisões administrativas” (MAXIMIANO, 2009).
correção de problemas. O ciclo PDCA, se bem executado, pode trazer os
Essa ferramenta é uma das mais conhecidas e utili- seguintes resultados para a organização:
zadas na gestão da qualidade e também uma das mais
exploradas pelos examinadores nas provas de concur- z Melhoria contínua em todos os processos, com
sos. Essa é a razão de estudarmos esse assunto em um progressos em cada ciclo;
tópico próprio (e não junto às outras ferramentas); z Identificar novas soluções e melhorias para pro-
assim, podemos aprofundar-nos nas peculiaridades cessos que se repetem;
desse ciclo tão importante. z Otimizar as soluções para resolver um problema,
Considerada uma das mais eficazes ferramentas permitindo a realização de teste da solução antes
para gerenciar os processos padronizados internos, de generalizá-las;
sua aplicação é recomendada para qualquer organi- z Aumentar a previsibilidade nos processos
zação que necessite de melhoria em seus processos. organizacionais. 297
FERRAMENTAS DE GESTÃO DA QUALIDADE

As ferramentas da qualidade são técnicas e/ou instrumentos que possibilitam ao administrador monitorar
(controlar) e melhorar o fluxo de trabalho de cada processo, permitindo assim correções para a maximização do
trabalho.
Cada uma das ferramentas foi desenvolvida para uma função específica, mas nada impede a utilização em
conjunto, dependendo do caso concreto. A seguir, elencamos as principais ferramentas cobradas nos mais dife-
rentes certames e suas funções:

Ferramentas Principal Função

Representar os relacionamentos com efeito


Diagrama espinha de peixe
e sua causa

Folha de verificação Coletar dados relativos à não conformidade

Identificar a frequência que certo dado


Histograma
aparece em um conjunto

Gráfico de Pareto Distinguir, entre os fatores, as prioridades

Diagrama de correlação Estabelecer correlação entre duas variáveis

Fluxograma Descrever processos

Gráfico de controle Analisar a variabilidade dos processos

A seguir, estudaremos cada uma das ferramentas, com ênfase no que é mais cobrado nas provas de concursos.

Diagrama Espinha de Peixe

Criado em 1943 pelo químico japonês Kaoro Ishikawa – um dos principais expoentes da Qualidade total – com
o intuito de fornecer uma ferramenta poderosa que facilmente pudesse ser usada por não-especialistas para ana-
lisar e resolver problemas, revolucionou a busca das causas relevantes na gestão da qualidade.
O diagrama que tem a forma de uma espinha de peixe representa graficamente os relacionamentos entre um
efeito e a sua causa, e tem por finalidade organizar o raciocínio e a discussão sobre as causas de um problema,
possibilitando entender melhor seu processo.

Mão de obra Máquinas

Por que ocorrem


os problemas na
produção?

Métodos Materiais

Causas Efeitos

O diagrama espinha de peixe também é conhecido como diagrama de Ishikawa ou diagrama de causa e efeito.
Ele parte da premissa de que para solucionar os problemas é fundamental conhecer quais são as causas gerado-
298 ras. Assim, o processo é a causa e o produto é o efeito ou consequência.
Esse tipo de diagrama apresenta quatro possíveis tipos de causas normalmente encontradas nos problemas de
fábrica; por isso, alguns autores denominam-no também de Diagrama 4 M:

z Mão de obra;
z Método;
z Materiais;
z Máquinas.

Alguns autores acrescentam ainda mais uma ou duas variáveis, tornando assim o diagrama “5M” ou “6 M”, a
depender do número de variáveis utilizadas. As novas variáveis são “meio ambiente” e “medida”.
Assim, estrutura-se e hierarquiza-se as principais causas que podem estar gerando um determinado efeito.
De forma didática e simples, Chiavenato conceitua o diagrama como: “Ferramenta para identificar as causas que
geram os efeitos” (Chiavenato, 2015).
A grande vantagem desta ferramenta é a possibilidade de utilizá-la para qualquer situação, identificando, a
partir de seus efeitos, as causas de qualquer tipo de problema.
Unindo a teoria com a prática, Daniel H. Hunt (Gerenciamento da qualidade), de forma clara e simples, exem-
plifica a utilização da ferramenta na “produção” de pipoca:
Cada um dos fatores que podem contribuir para que o milho não estoure são considerados uma espinha de
peixe, isto é, uma entrada cuja influência deve ser avaliada no problema.

Pessoas Ferramentas
Treinamento
Panelas
Motivação Fogão

O milho não
estoura
Idade Agitação
Milho
Tipo Calor
Qualidade Óleo Tempo

Materiais
Método

Causas Efeitos

Folha de Verificação

A folha de verificação, também conhecida como folha de coleta de dados, é uma ferramenta simples, mas efi-
caz, de coleta de dados úteis acerca de uma situação específica (problema /defeito a ser sanado).

Importante!
Em regra, a folha de verificação é o ponto inicial da gestão da qualidade, pois os dados coletados podem ser
utilizados pelas demais ferramentas.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Sua construção e aplicação são simples: na primeira coluna, relaciona-se os itens a serem observados, e nas
colunas seguintes, os erros e problemas (defeitos) ocorridos em um determinado período de tempo.
Para facilitar o entendimento, analisemos um caso prático:
Você, como consultor de qualidade, precisa analisar o processo de fabricação de um automóvel em uma indús-
tria automobilística. Para iniciar seus trabalhos, primeiramente é necessário identificar as atividades que estão
“atrapalhando” na qualidade desejada.
Utilizando a folha de verificação, vamos coletar esses dados:

PROBLEMAS (DEFEITOS) SEMANA 1 SEMANA 2 SEMANA 3 TOTAL


Falta de componente do motor 1 2 1 4
Cor errada (pintura) 3 3 2 8
Defeito no chassi 1 2 4 7
Pneus com outras especificações 2 2 2 6
299
Percebemos, ao analisar a tabela, que o setor com Esquematizando:
mais problemas (defeitos) é o de pintura; assim, já
poderíamos buscar as causas do problema.
Causas Efeitos
Histograma
Poucas 20% das
Histograma é o famoso gráfico de barra, que auxi- causas causas
lia a análise da frequência dos dados. É uma ferra- significativas 80% dos
menta de fácil utilização e visualização que funciona efeitos
como uma fotografia do processo em um determinado
período de tempo. Sua principal vantagem é propor- Muitas causas 80% das
cionar uma visualização mais intuitiva em formato de significativas causas
gráfico do que em uma lista de resultados. 20% dos
Vamos ao exemplo prático para um melhor efeitos
entendimento:
Vamos medir a quantidade de pesquisas (pessoas)
Fonte: Maximiano (Adaptado).
atendidas por um agente censitário em uma semana.

PESSOAS ATENDIDAS QUANTIDADE Chiavenato define o princípio da seguinte forma: “O


Princípio de Pareto é um meio de comparação que per-
Dia 1 8
mite analisar grupos de dados ou de problemas e verifi-
Dia 2 7 car onde estão os mais importantes e prioritários”.
Dia 3 5 Portanto, focalizar as poucas causas significativas
Dia 4 9 permite resolver a maioria dos problemas. Conclui-
-se, assim, que no primeiro problema a ser resolvido
Dia 5 10 deve-se encontrar as prioridades.
Dia 6 5 Na figura a seguir, elencamos as principais carac-
Dia 7 3 terísticas do princípio de Pareto:

Pessoas Atendidas – Semana 1 20% dos eventos causam 80% dos problemas

12
Gráfico de Pareto
10 Técnica de priorização

8
6 Nem todos os problemas merecem a mesma
Princípio 80/20 atenção
4
2 Identificar e priorizar os problemas mais
importantes
0
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7

Diagrama de Correlação
O histograma permite uma melhor visão dos dados
do que a simples lista de resultados, facilitando a iden- Diagrama de correlação, também chamado de dia-
tificação de uma tendência em um processo. Nesse grama de dispersão, é uma ferramenta da qualidade
caso, ao olhar rapidamente para o histograma, con-
que possibilita analisar uma possível correlação entre
cluímos que nos dias 4 e 5 o agente censitário foi mais
duas variáveis.
produtivo.
Segundo os autores Maranhão e Macieira:
Gráfico de Pareto
Diagrama de Dispersão é uma ferramenta para
O gráfico de Pareto (também chamado de princí- verificar a correlação ou dependência entre duas
pio de Pareto ou princípio 80/20) é uma ferramenta/ quaisquer variáveis de processos, dentre as várias
técnica muito utilizada na gestão da qualidade; ele possíveis. A ferramenta permite identificar o sen-
permite classificar e priorizar uma variável seguindo tido de variação de uma das variáveis, quando a
a regra 80/20, ou seja, 80% das consequências de um outra varia (aumentando ou diminuindo). (MARA-
fenômeno provêm de 20% de causas. NHÃO; MACIEIRA, 2010)
O nome Pareto vem de uma homenagem ao eco-
nomista italiano Vilfredo Pareto que, em seu estudo, Essa ferramenta é construída através de um sis-
observou que 80% da riqueza da Itália estavam nas tema cartesiano – pares ordenados (x,y) – que visa
mãos de 20% da população. demonstrar como a alteração sofrida por uma variá-
Sintetizando: o princípio de Pareto significa que vel correlaciona com a alteração da outra variável.
80% dos problemas são ocasionados por 20% de cau- Simplificando: o gráfico de correlação permite a
sas, o quer dizer que são poucas causas que originam visualização de como uma mudança ocorrida em um
a maioria dos problemas. fator (variável) pode afetar outro fator (outra variável).
Nesse sentido, o diagrama de Pareto serve justa- Para facilitar o entendimento, observemos um ca-
mente para identificar esses aspectos de melhorias so prático:
que oferecem maior potencial de resultados para a Verificar a correlação entre horas de estudos e a
300 organização. aprovação em concurso:
Para a construção do gráfico, são atribuídos limites
de especificações superior e inferior que refletem, res-
pectivamente, os valores máximos e mínimos permiti-
do. Há, também, a linha central, que representa a média.
Essa ferramenta permite identificar pontos ou
Horas de Estudo

padrões incomuns que necessitam de correção; pos-


sibilita também monitorar a estabilidade e o controle
(Menos) Horas de
Estudo do processo.
(Menos) Aprovação Vamos analisar um exemplo prático para entender
como essa ferramenta funciona:
Aprovação em Concurso
No gráfico a seguir, temos o número de defeitos no
primeiro semestre do ano 2020 no processo de fabri-
cação de sapatos da empresa X:

O gráfico acima demonstra uma correlação entre Processo “fora


horas estudadas com índice de aprovação em um de controle”
concurso. Quanto mais horas de estudos, maiores sua
chance de aprovação.
600 Limite Superior
Fluxograma
500
Fluxograma (flowchart, em inglês) é a ferramenta
400
mais tradicional e utilizada de mapeamento e desenho
de processos, e consiste em um conjunto de notações 300
(símbolos padronizados) que representa a sequência
lógica de um processo ou atividade. 200 Limite Inferior
Sua principal vantagem é a simplificação, de modo
gráfico, de como os processos e as atividades funcio- 100
nam, o que permite obter uma visão de conjunto e
integrada de cada passo do processo.

ro
iro

ço

o
o
ril

nh
ai
i

Ab
re

ar
ne

M
As principais notações utilizadas na construção de

Ju
ve

M
Ja

Fe
fluxogramas são:
Analisando o gráfico, percebemos que nos meses
de março e maio tivemos um comportamento atípico
Indica o início ou fim do do processo. Dessa maneira, é necessário verificar os
processo
fatores que influenciaram essa ocorrência. Em rela-
ção ao mês de março, deve-se verificar o fator positivo
pelo baixo número de defeitos e assim replicá-lo para
Atividade a ser executada
os outros meses. Já em relação ao mês de maio, pode-
-se dizer que o processo está “fora de controle” (defei-
tos acima do limite máximo aceitável); deve-se, assim,
Ponto de tomada de decisão
identificar e corrigir o que está errado no processo.

Direção de fluxo Programa Seis Sigmas

Espera/atraso O programa Seis Sigmas (Six Sigma) é uma meto-


dologia de redução de desperdícios por meio da elimi-
nação de produtos defeituosos, desenvolvida nos anos
Documentos 1980 pela empresa Motorola.
O nome da metodologia advém da medida estatís-
tica da variação de produtos (desvio-padrão de uma
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

amostra), representada pela letra grega sigma.


Dessa maneira, para alcançar os seis sigmas, um
Gráfico de Controle
processo não pode produzir mais de 3,4 defeitos por
milhão de oportunidades (de defeitos), ou seja, quase
Gráfico de controle, também chamado de carta de
zero defeito.
controle, é uma ferramenta da qualidade utilizada para
Os Seis Sigmas popularizaram-se como ferramen-
medir a variabilidade de um processo através de seu
ta de uso universal, tanto na fabricação de produtos
desempenho estatístico, quantificando a frequência de
quanto na prestação de serviços. Para a implemen-
certos eventos em um determinado período de tempo.
tação desse programa, normalmente é utilizada uma
Conforme Paladino (2002):
ferramenta de desenvolvimento de melhoria de pro-
As cartas de controle fornecem um diagnóstico da cessos denominada DMAIC.
atual situação do processo (como se obtivesse uma DMAIC é o acrônimo (abreviatura) de: Define (defi-
fotografia objetiva dele), como analisam como se nir), Measure (medir), Analyse (analisar), Improve
comportará em futuro próximo, isto é, quais são (aprimorar) e Control (controlar); cada letra represen-
suas tendências. ta uma etapa do processo de evolução. 301
Define
Selecionar o processo a ser aprimorado
(Defnir)

Fazer o levantamento sistemático dos


Measure
dados de desempenho do processo a ser
(Medir)
aprimorado

Analyse Avaliar os dados para identificar as


(Analisar) possibilidades de aprimoramento

Improve Criar e implantar soluções para os problemas


(Aprimorar) identificados

Control
(Controlar) Acompanhar o desempenho do novo processo

Programa 5S

O programa 5S é uma técnica desenvolvida no Japão utilizada para estabelecer e manter a qualidade ambien-
tal na organização, a partir do fortalecimento de valores, ideias e crenças que proporcionam a melhoria na pro-
dutividade, segurança, arrumação, limpeza e eliminação de desperdícios.
Trata-se de uma técnica simples que tem sido amplamente utilizada no Japão, objetivando não apenas melho-
rar o local físico do trabalho, mas também aprimorar a organização das ideias.
Seu nome vem da abreviatura de 5 palavras no idioma japonês: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke. Os “S”
foram traduzidos para o português e significam:

TERMO EM JAPONÊS SIGNIFICADO EXEMPLO


Seiri Utilização Eliminar aquilo que não é usado
Seiton Ordenação Rapidez para encontrar uma informação
Seiso Limpeza Responsabilidade individual pela limpeza
Seiketsu Saúde e Higiene Visibilidade e transparência do local
Shitsuke Autodisciplina Executar os 5S a todo momento

A implementação do programa 5S requer comprometimento da alta direção da organização e participação de


todos os colaboradores; assim, sendo bem executado, tem o potencial de transformar o ambiente de trabalho em
um local mais “leve”.

MODELO DA FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE.

A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) é uma instituição brasileira sem fins lucrativos criada em 1991 por
39 organizações (privadas e públicas) com o objetivo de estudar, debater e disseminar o conhecimento sobre a
excelência em gestão.
Seu escopo abrange organizações de todos os setores e tamanhos (micro, pequena, média ou grande), contri-
buindo para o melhoramento da gestão, aumento da produtividade e competitividade e consequente maximiza-
ção da qualidade de vida do povo brasileiro.
A FNQ tem como missão o estímulo e apoio as organizações nacionais no desenvolvimento e na evolução de
sua gestão para que se tornem sustentáveis e gerem valor para a sociedade. Para a concretização de sua missão, a
entidade criou e desenvolveu o Modelo de Excelência da Gestão (MEG), uma metodologia de avaliação, autoava-
liação e reconhecimento das boas práticas de gestão.
Para incentivar a aplicação das boas práticas, a Fundação Nacional da Qualidade instituiu o Prêmio Nacional
de Qualidade (PNQ), realizado anualmente, no qual é considerado o reconhecimento máximo à gestão para exce-
lência das empresas brasileiras.
É frequente que provas de concurso explorem de forma literal o contido no Modelo de Excelência da Gestão
(MEG). Assim, para otimizar seu estudo, trazemos a seguir os principais pontos do guia.

302
Modelo de Excelência da Gestão (MEG) z Aprendizado Organizacional e Inovação: Busca
e alcance de novos patamares de competência para
O Modelo de Excelência da Gestão (MEG) é um a organização e sua força de trabalho, por meio da
modelo de referência e aprendizado das boas práti- percepção, reflexão, avaliação e compartilhamen-
cas consolidadas na gestão de excelência, podendo to de conhecimentos, promovendo um ambiente
ser aplicado em qualquer organização, independente- favorável à criatividade, experimentação e imple-
mente de seu tipo ou porte. mentação de novas ideias capazes de gerar ganhos
De acordo com Paludo, “O modelo de excelência sustentáveis para as partes interessadas;
em gestão da FNQ – Fundação Nacional da Qualidade z Adaptabilidade: Flexibilidade e capacidade de
– consiste na representação de um sistema gerencial
mudança em tempo hábil a novas demandas das
constituído por diversos fundamentos e critérios, que
partes interessadas e alterações no contexto;
orientam a adoção de práticas de gestão nas organiza-
z Liderança Transformadora: Atuação dos líderes
ções públicas e privadas, com a finalidade de levar as
de forma ética, inspiradora, exemplar, realizadora
organizações brasileiras a padrões de desempenho reco-
e comprometida com a excelência, compreenden-
nhecidos pela sociedade e à excelência em sua gestão.”
do os cenários e tendências prováveis do ambien-
Suas principais características são:
te e dos possíveis efeitos sobre a organização e a
sociedade, nos curto e longo prazos, mobilizando
z Modelo Sistêmico: Compreende a organização
as pessoas em torno de valores, princípios e objeti-
como um sistema vivo integrante de um meio
vos da organização, explorando as potencialidades
ambiente complexo, pautado em um ambiente de
aprendizagem e melhoria contínua, buscando o das culturas presentes, preparando líderes e pes-
entendimento das relações de interdependência soas e interagindo com as partes interessadas;
entre os componentes internos, bem como entre a z Desenvolvimento Sustentável: Compromisso da
organização e o ambiente externo; organização em responder pelos impactos de suas
z Não é prescritivo: O modelo é adaptativo e fle- decisões e atividades, na sociedade e no meio am-
xível; não existe prescrição na implementação biente, e de contribuir para a melhoria das condições
de práticas de gestão. Permite que a organização de vida tanto atuais quanto para as gerações futuras,
aprenda e reflita sobre o que deve ser posto em por meio de um comportamento ético e transparen-
prática, sempre objetivando a melhoria contínua; te, visando ao desenvolvimento sustentável;
z Adaptável a todo tipo de organização: O mode- z Orientação por Processos: Busca da eficiência e
lo focaliza o estímulo à organização na busca eficácia dos conjuntos de atividades de agregação
das melhores práticas, respeitando sua cultura. É de valor para as partes interessadas;
totalmente flexível para ser aplicado em qualquer z Geração de Valor: Alcance de resultados econômi-
organização, independentemente de sua área de cos, sociais e ambientais, bem como de resultados
atuação e/ou tamanho. dos processos que os potencializam, em níveis de
excelência e que atendam às necessidades e expec-
Características do Modelo de Excelência da Gestão tativas das partes interessadas.

Dica
Os 8 Fundamentos da Gestão para Excelência
Sistêmico
são representados pelo Tangram, antigo quebra-
-cabeça chinês que possibilita formar mais de
5000 figuras diferentes.
Não é Aprendizado Organizacional e Inovação
prescritivo

Adaptável a todo
tipo de Adaptabilidade
Geração
organização de Valor
Aprendizado Organizacional e Inovação

Aprendizado Organizacional e Inovação

Pensamento
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Sistêmico

O MEG está baseado por um conjunto de princípios


e valores denominado 8 Fundamentos da Excelên- Desenvolvimento Liderança Transformadora
cia17, expostos a seguir: Sustentável

z Pensamento Sistêmico: Reconhecimento das rela-


ções de interdependência e consequências entre
os diversos componentes que formam a organiza- Orientação
por
ção, bem como entre estes e o ambiente com o qual Processos
Compromisso com as
interagem; Partes Interessadas
z Compromisso com as Partes Interessadas: Ge-
renciamento das relações com as partes interessa-
das e sua inter-relação com as estratégias e proces-
sos em uma perspectiva de longo prazo; Aprendizado Organizacional e Inovação

17 Texto extraído do Guia de Referência da Excelência da Gestão, publicado pela FNQ. 303
Dessa maneira, o MEG é considerado como um mode- z Informação é o “elemento referencial, noção, ideia
lo de referência em gestão organizacional, integrando ou mensagem contidos num documento” (DBTA,
todas as áreas e processos da empresa; para isso, uti- 2005).
liza uma ferramenta de aprendizado e melhoria con-
tínuos denominada ciclo PDCL (Plan-Do-Check-Learn),
Portanto, informação é tudo aquilo que está em
em português: Planejar-Realizar-Verificar-Aprender.
O ciclo PDCL (Plan-Do-Check-Learn) é uma variação um documento, uma receita que anotei no papel, os
do ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act), alterando a etapa de textos que você está lendo, o ingresso do cinema.
“Agir” para “Aprender”, o que envolve atividades e/ou
processos inovadores de melhoria contínua pautados z Suporte é “material no qual são registradas as
no aprendizado constante de toda a organização. informações” (DBTA, 2005). Ou seja, onde você está
O MEG tem como principal característica ser um registrando as informações é o suporte.
Modelo Integrador. Para alcançar os objetivos pre-
tendidos, o guia em questão funciona seguindo uma
lógica de desdobramento dos fundamentos (objetivo Suportes
maior) para partes mais facilmente gerenciáveis, con-
forme o esquema a seguir: 3500 a.C a 500 a.C ANTES DO PAPEL: BARRO, FIBRAS, PELO, OSSO...

Fundamento

Desdobrado em
Temas

105 a.C até hoje ERA DO PAPEL


Concretizados por
meio de
Processos

Explicados por
Detalhamento

1960 a 1980 ERA DO COMPUTADOR


Com
sugestão de Ferramentas/
Metodologias

O MEG é uma tentativa brasileira de criar um


ambiente de inovação e melhoria na gestão das orga-
nizações nacionais, refletindo a complexidade do
mundo da gestão. Adotando o modelo proposto, as
empresas são capazes de alcançar maior competitivi- 1997 a dias atuais ERA DAS MÍDIAS MÓVEIS
dade, sustentabilidade e alinhamento sistêmico, além
de incorporar a cultura da excelência em seu dia a dia.
Os principais pontos acerca desse modelo estão
sintetizados no esquema a seguir:
Fundação Nacional Modelo de Excelência
da Qualidade (FNQ) da Gestão (MEG) � Modelo Sistêmico
� Não Prescritivo
� Adaptável a todo tipo de
organização

As músicas guardadas no pen-drive, o filme no DVD.


Alguns exemplos de suporte são: papel, fita magnéti-
1. Pensamento Sistêmico ca, filme de nitrato, acetato, disco óptico, disco magné-
2. Compromisso com as partes interessadas
3. Aprendizado organizacional e inovação tico, filme, CD, DVD, disquete, fotolitos, pen-drive.
4. Adaptabilidade
5. Liderança transformadora
6. Desenvolvimento sustentável z Formato é o “conjunto das características físicas
7. Orientação por processos
8. Geração de Valor de apresentação, das técnicas de registro e da
estrutura de informação e conteúdo de um docu-
mento” (DBTA, 2005).

O formato se relaciona com a forma de apre-


NOÇÕES DE ARQUIVO sentação de uma informação, de acordo com a con-
figuração física do suporte, a natureza e a forma de
INFORMAÇÃO, SUPORTE, FORMATO E DOCUMENTO
confecção. Por exemplo, uma correspondência está no
Antes de entrarmos na definição de arquivo pro- suporte de papel e no formato de um envelope. Exem-
priamente dito, é necessário saber alguns conceitos plos de formato: diapositivo, mapa, planta, rolo de fil-
304 fundamentais. me, fichas, códice, livro, envelope.
Para não ficar nenhuma dúvida, vamos pensar em
um livro impresso. Importante!
Ele tem informações? Sim, porque há palavras Algumas observações sobre esse conceito que é
escritas nele que transmitem uma ideia. o mais cobrado pelas bancas.
Ele tem um suporte? Sim, porque está impresso, Qualquer documento está fixado em algum
portanto, no suporte papel.
suporte ou formato, não importa qual seja o
Ele tem formato? Sim, o livro é justamente o for-
suporte.
mato, porque é a maneira que ele se apresenta, carac-
terísticas físicas (tem capa, contra capa) e de registro
específicas (foi impresso com tinta). Agora sim, esta- Conforme a nossa definição, os documentos pro-
mos prontos para saber o que é um documento! duzidos e acumulados, ou seja, o arquivo é composto
por documentos que são acumulados organicamen-
z Documento é “toda unidade de registro de infor- te, sendo criados por uma entidade na realização de
mações, qualquer que seja o suporte ou formato, suas atividades.
suscetível de ser utilizada para consulta, estudo, Portanto, um livro de um servidor que se encon-
prova e pesquisa, por comprovar fatos, fenôme- tra na repartição não é um documento de arquivo,
nos, formas de vida e pensamentos do homem porque não é resultado das atividades daquela ins-
numa determinada época ou lugar” (DBTA, 2005). tituição! Os documentos comprados, doados ou que
de alguma forma venham de fora sem ser resultados
Ou seja, a fórmula do documento é: das atividades da instituição não são documentos de
arquivo, mas sim aqueles internamente criados ao
Documento = Informação + (Qualquer) Suporte ou longo da vida daquela entidade, seja ela uma entidade
Formato. coletiva, pública ou privada, pessoa ou família.

z “Instituição ou serviço que tem por finalidade a


Para ser um documento, precisa ter todos esses
custódia, o processamento técnico, a conservação
elementos.
e o acesso a documentos”;
Qualquer informação registrada em um supor-
Esse conceito relaciona-se ao arquivo como uma
te ou formato é um documento. Uma frase em uma instituição, com a finalidade de guardar os docu-
pedra é um documento! mentos, por exemplo, Arquivo Público do DF,
Arquivo Nacional;
DOCUMENTO ARQUIVÍSTICO E ARQUIVO z “Instalações onde funcionam arquivos”. Esse con-
ceito se relaciona ao espaço físico de guarda dos
Agora que sabemos o que é um documento, pode- documentos;
mos perceber a diferença entre um documento e um z “Móvel destinado à guarda de documentos”.
documento arquivístico.
Documentos de Arquivo ou Documentos Arqui- Algumas bancas podem cobrar este conceito
vísticos “são todos aqueles que, produzidos e/ou rece- também:
bidos por pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
no exercício de suas atividades, constituem elementos Arquivo é a acumulação ordenada dos docu-
mentos, em sua maioria textuais, criados por uma
de prova ou de informação. Formam um conjunto
instituição ou pessoa, no curso de sua atividade, e
orgânico, refletindo as ações a que estão vinculados,
preservado para a consecução de seus objetivos,
expressando os atos de seus produtores no exercício
visando à utilidade que poderão oferecer no futuro
de suas funções. Assim, a razão de sua origem ou a
(PAES, 2004).
função para qual são produzidos é que determina sua
condição de documento de arquivo, e não a natureza O que você não pode esquecer sobre o conceito de
do suporte ou formato.” (CONARQ, 2019). arquivo é:
Ou seja, os documentos de arquivo têm todos aque-
les elementos do conceito de documento, acrescidos do: z São orgânicos (relação natural entre documentos
de um arquivo em decorrência das atividades da
z Caráter orgânico; entidade produtora);
z Elemento de prova ou de informação; z São resultado das atividades: devem servir de pro-
z Reflexo das ações e atividades que originaram va para as transações realizadas, caráter probató-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

sua produção e de seus produtores; rio e informativo;


z Produzidos por pessoa física ou jurídica, pública ou z Independem do tipo de suporte;
privada, no exercício de suas atividades, essas ativi- z São reflexos das atividades administrativas, legais
dades podem ser administrativas, legais e fiscais; e fiscais, portanto, obtém exclusividade de criação
z Continuam podendo existir em qualquer formato e recepção;
ou suporte. z Os objetivos primários do arquivo são jurídicos,
funcionais e administrativos.
ARQUIVO
CONCEITOS FUNDAMENTAIS: CARACTERÍSTICAS
Segundo o DBTA (2005), o Arquivo tem 4 definições: DOS DOCUMENTOS DE ARQUIVO

z “Conjunto de documentos produzidos e acumu- Nem todos os materiais abordam esse assunto,
lados por uma entidade coletiva, pública ou pri- mas há uma tendência das bancas, nas provas mais
vada, pessoa ou família, no desempenho de suas recentes, cobrarem questões sobre esse item. Os docu-
atividades, independentemente da natureza do mentos de arquivo têm algumas especificidades que o
suporte.” diferem dos outros documentos, vamos a elas! 305
Organicidade: “os documentos de arquivo são pro- verdadeiro, porque foi feito seguindo os critérios de
duzidos e acumulados em razão das funções e ativi- transmissão e custódia.
dades desenvolvidas pelo órgão ou entidade, o que os Confiabilidade está relacionada ao momento da
contextualiza no conjunto a que pertencem. Assim, os produção.
documentos de arquivo se caracterizam pelas relações Autenticidade refere-se à transmissão do docu-
orgânicas que mantêm entre si” (CONARQ, 2019), ou mento e à preservação e custódia.
seja, os documentos têm uma relação natural entre si.
Os seus documentos na carteira são orgânicos, lá CONCEITOS FUNDAMENTAIS: CLASSIFICAÇÃO
está sua identidade, sua carteira de motorista ou car- DOS ARQUIVOS
tão do ônibus, o recibo de uma compra que você fez,
todos esses documentos são orgânicos, porque se rela- A classificação dos documentos de arquivo é um
cionam a você! assunto muito importante. As bancas tendem a trocar
Unicidade: “o documento de arquivo é único no o nome de um conceito pelo outro. Os documentos
conjunto documental de que faz parte, porque o con- podem ser classificados pelos seguintes prismas:
junto de suas relações com os demais documentos do
grupo é sempre único. Podem existir cópias em um ou z Entidades mantenedoras;
mais grupos de documentos, mas cada cópia é única z Estágios de sua evolução;
em seu lugar.” (CONARQ, 2019) z Extensão de sua atuação;
Para entendermos esse conceito, vamos pensar em z Natureza dos documentos;
várias fotos 3x4. Inicialmente elas são todas iguais, mas z Natureza do assunto;
se você utiliza uma delas em um currículo, outra para z Gênero.
fazer seu cartão do SUS e mantém uma em sua carteira,
elas se tornam únicas. Isso ocorre porque estão sendo Entidades Mantenedoras: diz respeito ao tipo de
utilizadas em contextos diferentes: aquela mesma foto pessoa física ou jurídica, família ou entidade que
teve diversas funções de acordo com a aplicação feita! guarda os documentos. Segundo PAES (2004), as enti-
Confiabilidade: “o documento de arquivo é confiá- dades podem ser:
vel quando tem a capacidade de sustentar os fatos que
atesta. A confiabilidade está relacionada ao momento z Públicas: Federal / Estadual / Municipal;
em que o documento é produzido e há veracidade de seu z Institucionais: Institutos educacionais / Entidades
conteúdo. Para tanto, precisa ser dotado de completeza Religiosas / Sociedades, Associações, Fundações,
e ter seus procedimentos de criação bem controlados. ONGS;
Completeza consiste na presença, no documento z Comerciais (Privadas): Empresas / Corporações /
de arquivo, de todos os elementos intrínsecos e extrín- Companhias;
secos exigidos pela organização produtora e pelo sis- z Familiares ou Pessoais.
tema jurídico-administrativo ao qual pertence, de
maneira que esse mesmo documento possa ser capaz Fonte: PAES, 2004, p. 21.
de gerar consequências. Dificilmente se pode assegu-
rar a veracidade do conteúdo de um documento; ela é Estágio de Evolução: diz respeito ao valor do
inferida a partir da completeza e dos procedimentos documento a partir da teoria das 3 idades, que será
de criação. A confiabilidade, sinônimo de fidedigni- aprofundada mais à frente. Eles podem ser corren-
dade, é uma questão de grau, ou seja, um documento tes, intermediários ou permanentes.
pode ser mais ou menos confiável” (CONARQ, 2019). Arquivo Corrente ou de Primeira Idade: “é con-
Um documento confiável é aquele que tem como junto de documentos, em tramitação ou não, que, por
provar que aquilo que fala é verdade. Por exemplo, seu valor primário, é objeto de consulta frequente
a sua certidão de nascimento é confiável a partir do pelo órgão ou entidade que o produziu e ao qual com-
momento que existem registros no hospital que você pete sua administração” (CONARQ, 2019).
nasceu ali! Para que um documento seja confiável, Arquivo Intermediário ou de Segunda Idade:
ele deve ter completeza, por exemplo, um contrato “é o conjunto de documentos originários de arquivos
de aluguel no Brasil não será completo se não tiver as correntes com uso pouco frequente pelo órgão ou
assinaturas dos interessados e for feita de acordo com entidade que o produziu e que aguarda destinação
lei brasileira, portanto, um documento que é pouco final” (CONARQ, 2019).
completo, é pouco confiável! Arquivo Permanente ou de Terceira Idade: “é
Autenticidade: “documento de arquivo é autênti- o conjunto de documentos preservados em cará-
co quando é o que diz ser, independentemente de se ter definitivo em função de seu valor secundário”
tratar de minuta, original ou cópia, sendo livre de adul- (CONARQ, 2019).
terações ou qualquer outro tipo de corrupção. Um docu- Extensão de Atuação: nesse espectro, eles podem
mento autêntico é aquele que se mantém da forma como ser setoriais ou centrais.
foi produzido e, portanto, apresenta o mesmo grau de Arquivos Setoriais são aqueles operacionalizados
confiabilidade que tinha no momento de sua produção. juntos aos setores de trabalho, cumprindo a função
Assim, um documento não completamente confiável, mas de arquivo corrente. Ele é um arquivo de um setor
transmitido e preservado sem adulteração ou qual- ou serviço de uma administração, existindo um arqui-
quer outro tipo de corrupção, é autêntico.” vo central, estará a ele tecnicamente subordinado.
Para que um documento seja autêntico, ele não Arquivos Centrais são aqueles responsáveis pela
precisa ser verdadeiro. Por exemplo, um médico assi- normalização dos procedimentos técnicos aplica-
na um atestado para um trabalhador ficar de licen- dos aos arquivos de uma administração, podendo ou
ça por 3 meses, mesmo ele não estando doente. A não assumir a centralização do armazenamento. Tam-
306 doença é falsa, o fato não existe, mas o documento é bém pode se chamar de arquivo geral.
Natureza dos Documentos: através da natureza documental, eles se dividem entre:
Especializados são aqueles arquivos cujo acervo tem uma ou mais características comuns, como natureza,
função ou atividade da entidade produtora, tipo, conteúdo, suporte ou data dos documentos, entre outras. Eles
acumulam documentos resultantes da experiência humana em um campo específico, independente da forma físi-
ca que apresentam. Também são chamados de arquivos técnicos. Ex.: arquivos médicos, arquivos de engenharia,
arquivos de serviço social.
Especiais são aqueles arquivos que possuem documentos que devem ser tratados com certos cuidados.
Geralmente possuem documentos em linguagem não-textual, em suporte não convencional, ou, no caso de papel,
em formato e dimensões excepcionais, que exige procedimentos específicos para seu processamento técnico,
guarda e preservação, e cujo acesso depende, na maioria das vezes, de intermediação tecnológica.

Natureza do Assunto: a partir do teor dos documentos, eles podem ser divididos entre:
Ostensivos são aqueles que não possuem uma restrição de acesso, ou seja, sua divulgação não prejudica o
órgão ou entidade, nem seus servidores, podendo ser de domínio público (CONARQ, 2019).
Sigilosos são aqueles que pela natureza do seu conteúdo sofrem restrição de acesso e devem ser de conhecimen-
to limitado, necessitando de medidas especiais de salvaguarda para custódia e divulgação. Esses documentos e as
informações que contêm recebem uma classificação de sigilo, isto é, são atribuídos a eles graus de sigilo, conforme
a legislação em vigor. Essa classificação também é chamada de classificação de segurança (CONARQ, 2019).
Gênero: os documentos podem ser classificados a partir da reunião de espécies documentais que se asseme-
lham por seus caracteres essenciais, particularmente suporte e formato, e que exigem processamento técnico
específico e, algumas vezes, mediação técnica para acesso. Eles podem ser divididos entre:
Textual: documentos manuscritos, datilografados ou impressos, cujo suporte predominante é o papel. Exem-
plos: atas de reunião, cartas, decretos, livros de registro, panfletos, relatórios, contratos, atas, certidões, devida-
mente redigidos e apresentados em texto.
Cartográfico: documentos que contêm representações gráficas da superfície terrestre ou de corpos celestes e
desenhos técnicos. Ex.: mapas, plantas, perfis, fotografias aéreas, layouts.
Audiovisual: documentos que contêm imagens, fixas ou em movimento, e registros sonoros. Integram este
gênero os documentos iconográficos, filmográficos e sonoros. Ex.: programas de televisão em geral.
Iconográfico: documentos que contêm imagens fixas, impressas, desenhadas ou fotografadas. Ex.: fotografias
(diapositivos, ampliações e negativos fotográficos), desenhos, gravuras, slides, demais gravuras, em modo estático.
Filmográfico: documentos que contêm imagens em movimento, com ou sem som. Ex.: filmes, fitas
videomagnéticas;
Sonoro: registros sonoros. Ex.: discos, fitas audiomagnéticas.
Micrográfico: documentos em microforma. Ex.: microfilmes, microfichas, cartões-janela, jaquetas, tab-jac:
Informático: documentos produzidos, tratados ou armazenados em computador. Ex.: um arquivo do Word,
Excel, um arquivo de áudio do formato MP3.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS: ARQUIVO X BIBLIOTECA X MUSEU X CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO

Os arquivos, museus, bibliotecas e centros de documentação têm como objetivo comum guardar os documen-
tos, preservação de documentos, dar acesso aos documentos, recolher, tratar, transferir e difundir informações.
É importante saber as características dos documentos de cada órgão de documentação. As bancas costumam
colocar elementos de bibliotecas e museus como se fossem dos arquivos, por isso, atente-se a esse ponto.
Observe a tabela abaixo feita a partir das observações de Paes (2004) e Belloto (2006):

ARQUIVO BIBLIOTECA
Órgão receptor (recolhe de forma natural e orgânica seus documentos) Órgão colecionador (reunião artificial de documentos)
Documentos reunidos segundo sua origem e função, estabelece
classificação específica para cada instituição, ditada pelas suas
Documentos reunidos pelo conteúdo (assunto), utiliza métodos
particularidades
predeterminados de classificação, por coleção
Exige conhecimento da relação entre as unidades, a organização e
o funcionamento dos órgãos, por fundos
Objetivos primários: jurídicos, funcionais e administrativos
Objetivos: culturais, técnicos, artísticos, educativos, científicos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Objetivos secundários: culturais e pesquisa histórica


Tipo de suporte: manuscritos, impressos, audiovisuais, micro grá-
Tipo de suporte: impressos, audiovisuais, manuscritos, exempla-
ficos, fonográficos, iconográficos, exemplar único ou em número
res múltiplos
limitados de cópias
Forma de entrada dos documentos: passagem natural de fonte Forma de entrada dos documentos: compra, doação, permuta de
geradora única fontes múltiplas
Método de avaliação: preserva-se a documentação referente a uma
Método de avaliação: aplica-se a unidades isoladas. O julgamento
atividade, como um conjunto, e não como unidades isoladas. Os jul-
não tem caráter irrevogável. O julgamento envolve questões de
gamentos são finais e irrevogáveis. A documentação não rara existe
conveniência, e não de preservação
em via única
Método descritivo: Aplica-se a conjuntos de documentos
Método descritivo: aplica-se a unidades discriminadas. Os do-
As séries (órgãos e suas subdivisões, atividades funcionais ou
cumentos (anuários, periódicos etc.) são unidades isoladas para
grupos documentais da mesma espécie) são consideradas unida-
catalogação
des para fins de descrição
Público-alvo: administrador e pesquisador Público-alvo: Grande público e pesquisador
307
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO/
MUSEU
BANCO DE DADOS
Órgão colecionador ou referenciador (coleciona ou só referencia dados
Órgão colecionador (coleção artificial).
em forma física e virtual)
Documentos reunidos segundo a natureza do material e a finalida-
Documentos reunidos pelo assunto, por coleção
de específica do museu, por coleção
Objetivos: educativos, culturais, artísticos e funcionais Objetivos: fundamentalmente científicos
Tipo de suporte: objetos bi/tridimensionais, exemplar único Tipo de suporte: audiovisuais ou virtual, exemplar único ou múltiplo
Forma de entrada dos documentos: compra, doação, permuta de
Forma de entrada dos documentos: compra, doação, pesquisa
fontes múltiplas
Público-alvo: Grande público e pesquisador Público-alvo: pesquisador

Retomando os conceitos, não se esqueça que:

z O arquivo não é um órgão colecionador, qualquer questão que falar que o arquivo faz coleção está errada!
z O arquivo é composto por documentos acumulados de forma natural e orgânica, não é divisível!
z O arquivo tem como objetivos primários: jurídicos, funcionais e administrativos e como objetivos secundá-
rios: culturais e pesquisa histórica;
z O arquivo não tem objetos tridimensionais para entretenimento e os exemplares são únicos ou em um núme-
ro limitado de cópias;
z Os julgamentos de avaliação dos arquivos são finais e irrevogáveis;
z O arquivo não utiliza métodos de classificação predeterminados, depende da realidade de cada arquivo.
z Natureza dos arquivos: administrativa, jurídica, informativa, orgânica, serial, contínua e cumulativa;
z A principal finalidade dos arquivos é servir à administração, constituindo-se, com o passar do tempo em
base do conhecimento da História;
z A função básica do arquivo é tornar disponíveis as informações contidas nos documentos que guarda;
z Arquivos possuem vínculo arquivístico, diferentes de museus, bibliotecas e centros de documentação.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS: TEORIA DAS 3 IDADES (CICLO VITAL DOS DOCUMENTOS)

“Teoria segundo a qual os arquivos são considerados arquivos correntes, intermediários ou permanentes,
de acordo com a frequência de uso por suas entidades produtoras e a identificação de seus valores primário e
secundário.” (DBTA, 2005)

Arquivos correntes (1ª idade):

Conjunto de documentos, em tramitação ou não, que, por seu valor primário, é objeto de consulta frequente pelo
órgão ou entidade que o produziu e ao qual compete sua administração. (CONARQ, 2019)

No caso de valor primário, trata-se do uso para fins administrativos, legais e fiscais. Refere-se à utilidade do
documento para o órgão ou entidade, razão primeira de sua criação, o que pressupõe o estabelecimento de prazos
de guarda ou retenção anteriores à eliminação ou ao recolhimento para guarda permanente.
Os documentos correntes e intermediários apresentam valor primário.
Todos os documentos passam necessariamente pela idade corrente.

Arquivos intermediários (2ª idade):

É o conjunto de documentos originários de arquivos correntes com uso pouco frequente pelo órgão ou entidade
que o produziu e que aguarda destinação final (CONARQ, 2019).

Importante!
Os documentos intermediários apresentam valor primário.
Os documentos não precisam passar necessariamente por essa idade.
Quando um documento passa do arquivo corrente ao intermediário chama-se transferência.
Passagem do Arquivo Corrente → Intermediário = Transferência

Arquivos permanentes (3ª idade):

É o conjunto de documentos preservados em caráter definitivo em função de seu valor secundário (CONARQ, 2019).

Valor secundário é aquele atribuído a um documento tendo em vista sua utilidade para objetivos diferentes
daqueles para os quais foi, originalmente, produzido. Refere-se ao uso dos documentos como fonte de pesquisa e
informação para terceiros e para a própria administração, por conterem informações essenciais sobre matérias
308 com as quais a organização lida para fins de estudo.
Os arquivos permanentes possuem valor secun- z Pertinência Territorial: “conceito oposto ao
dário(probatório e informativo). Não podem ser eli- de princípio da proveniência e segundo o qual
minados. Quando um documento passa do arquivo documentos ou arquivos deveriam ser transfe-
corrente ou intermediário ao arquivo permanente ridos para a custódia de arquivos com jurisdição
chama-se recolhimento. arquivística sobre o território ao qual se reporta o
seu conteúdo, sem levar em conta o lugar em que
PASSAGEM DO ARQUIVO CORRENTE OU INTERME- foram produzidos” (DBTA, 2005). Esse princípio
DIÁRIO → PERMANENTE = RECOLHIMENTO defende que um documento produzido pela Defen-
PRINCÍPIOS ARQUIVÍSTICOS soria Pública do DF sobre um cidadão do Amazo-
nas deve ser transferido ao Amazonas. O local ao
Os princípios arquivísticos são conteúdos essen- que se refere o conteúdo do documento, é onde ele
ciais para a compreensão das bases da arquivologia e deve ficar;
eles vão nos perseguir em outros assuntos como ava- z Ordem Original ou Santidade: “princípio segun-
liação e classificação. Os principais princípios arqui- do o qual o arquivo deveria conservar o arranjo
vísticos são: dado pela entidade coletiva, pessoa ou família que
o produziu”. Esse princípio é um desdobramento
z Proveniência ou Respeito aos Fundos: “princípio do princípio da proveniência, no qual a organiza-
básico da arquivologia segundo o qual o arquivo ção interna do fundo, dada por quem produziu o
produzido por uma entidade coletiva, pessoa ou documento, deve ser mantida;
família não deve ser misturado aos de outras enti- z Territorialidade ou Proveniência Territorial:
dades produtoras” (CONARQ, 2005). “derivado do princípio da proveniência e segundo
o qual arquivos deveriam ser conservados em ser-
Ou seja, não se pode mesclar documentos de
viços de arquivo do território no qual foram pro-
origens diferentes. Um documento da Polícia Fede-
duzidos, excetuados os documentos elaborados
ral, não pode ser misturado com um documento do
pelas representações diplomáticas ou resultantes
IBAMA.
de operações militares” (DBTA, 2005). Esse prin-
O princípio da proveniência é: cípio afirma que o documento deve permanecer
onde foi produzido.
z Norteador do conceito de fundo, visto que fun-
do é o conjunto de documentos de uma mesma Pertinência Territorial: os documentos devem
proveniência; ficar no local do assunto.
z Fundo aberto: aquele que ainda recebe novos Proveniência Territorial: os documentos devem
documentos porque a entidade produtora ainda ficar no local de produção.
está em atividade;
z Fundo fechado: aquele que não recebe novos z Organicidade: refere-se à relação natural entre
documentos, em função da entidade produtora documentos de um arquivo em decorrência das
não estar mais em atividade. Preste muita atenção atividades da entidade produtora. Os arquivos
pois o fundo fechado não recebe mais documentos devem se organizar conforme a competência e as
novos. Se por exemplo, um órgão parou suas ativi- atividades da instituição ou pessoa legitimamen-
dades em 2002, o fundo desse órgão está fechado, te responsável por sua produção ou acumulação,
mas ele pode receber documentos de 1998, porque porque refletem a estrutura, as funções e as ati-
não são novos documentos; vidades da entidade produtora/acumuladora em
� Se um organismo extinto A transfere suas compe- suas relações internas e externas;
tências a outro organismo já existente B, o fundo z Reversibilidade: “princípio segundo o qual todo
do organismo extinto A será fechado e o fundo do procedimento ou tratamento empreendido em ar-
organismo B lhe dará continuidade. Por exemplo, o quivos pode ser revertido, se necessário” (DBTA,
Ministério do Trabalho foi extinto e transferiu suas 2005). Esse princípio está associado aos procedi-
competências ao Ministério da Economia. Logo, o mentos de restauração e preservação, poderem
fundo do Ministério do Trabalho será fechado e ser revertidos, caso necessário.;
agora os documentos produzidos relacionados às z Unicidade: é a característica segundo a qual, inde-
competências do Ministério do Trabalho farão par-
pendentemente de forma, gênero, tipo ou suporte,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

te do fundo do Ministério da Economia;


os documentos de arquivo conservam seu cará-
z Se o órgão muda de nome, mas mantem suas atri-
ter único, em função do contexto em que foram
buições, o fundo deverá ser aberto.
produzidos. Ainda que se trate de cópias ou exem-
z Pertinência ou Temático: “princípio segundo o
plares múltiplos, cada documento assume um
qual os documentos deveriam ser reclassificados
por assunto sem ter em conta a proveniência e a lugar único na estrutura do conjunto ao qual per-
classificação original” (DBTA, 2005). Esse princí- tence, definido pelo papel que cumpriu dentro das
pio é oposto ao do respeito aos fundos, porque funções da instituição que o acumulou;
ele não respeita a organicidade, selecionando os z Integridade Arquivística ou Indivisibilidade:
documentos por critérios temáticos; “decorrente do princípio da proveniência que con-
siste em resguardar um fundo de misturas com
outros, de parcelamentos e de eliminações indis-
Importante! criminadas”. Esse princípio se baseia em justa-
mente preservar o fundo de dispersão, mutilação,
Pertinência = Assunto
Proveniência = Entidade Produtora alienação, destruição ou acréscimos indevidos ou
não autorizados; 309
z Cumulatividade/Naturalidade: estabelece que Passagem do Arquivo Corrente para o Arquivo
o arquivo é uma sedimentação progressiva, Intermediário = Transferência.
natural e orgânica. Esse é um dos princípios que Passagem do Arquivo Corrente ou Intermediário
justifica o arquivo não ser uma coleção e sim acú- para o Arquivo Permanente = Recolhimento.
mulo natural de documentos a partir das ativida- A gestão de documentos concentra-se nas fases
des realizadas; Corrente e Intermediária.
z Inter-Relacionamento: o documento tomado
individualmente não é testemunho completo dos Art. 4º - Todos têm direito a receber dos órgãos
atos e das ações que o geraram, visto que é na rela- públicos informações de seu interesse particular
ção que ele estabelece com outros documentos e ou de interesse coletivo ou geral, contidas em docu-
com a atividade da qual resulta, que lhe são atri- mentos de arquivos, que serão prestadas no prazo
buídos significado e capacidade comprobatória. da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
Essa característica é conhecida como inter-relacio- aquelas cujos sigilo seja imprescindível à seguran-
namento. Ou seja, o documento é sempre analisa- ça da sociedade e do Estado, bem como à inviolabi-
do como conjunto e não isoladamente; lidade da intimidade, da vida privada, da honra e
z Imprescritibilidade: princípio pelo qual é assegu- da imagem das pessoas.
rado ao Estado o direito sobre os arquivos públi-
cos, sem limitação de tempo, por serem estes Art. 5º - A Administração Pública franqueará a con-
considerados bens públicos inalienáveis. Ou seja, o sulta aos documentos públicos na forma desta Lei.
governo não possui limite de tempo de acesso aos
documentos que são públicos; Ou seja, o Poder Público deverá liberar a consulta
z Inalienabilidade: princípio pelo qual é impedida dos documentos públicos.
a alienação de arquivos públicos a terceiros. Não
se pode transmitir formalmente a custódia ou pro- Art. 6º - Fica resguardado o direito de indenização pelo
priedade de documentos ou arquivos. Ou seja, não dano material ou moral decorrente da violação do sigi-
se pode vender um processo administrativo disci- lo, sem prejuízo das ações penal, civil e administrativa.
plinar, doar um dossiê funcional.
Se alguém divulgar um documento sigiloso, ele
LEGISLAÇÃO deverá ser punido nas três instâncias, se necessário e
de forma acumulada.
A primeira legislação básica que vamos estudar
é a Lei nº 8.159/91. Ela surge em grande quantidade CAPÍTULO II
Dos Arquivos Públicos
nas provas de concurso e dá conceitos básicos como:
arquivos públicos, arquivos privados, gestão de docu-
Art. 7º - Os arquivos públicos são os conjuntos de
mentos. Vamos começar!
documentos produzidos e recebidos, no exercício
A Lei nº 8.159/91, também chamada de Lei de de suas atividades, por órgãos públicos de âmbito
Arquivos, dispõe sobre a política nacional de arquivos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal
públicos e privados e dá outras providências. em decorrência de suas funções administrativas,
legislativas e judiciárias.
CAPÍTULO I § 1º - São também públicos os conjuntos de docu-
DISPOSIÇÕES GERAIS mentos produzidos e recebidos por instituições de
caráter público, por entidades privadas encarrega-
Art. 1º - É dever do Poder Público a gestão docu- das da gestão de serviços públicos no exercício de
mental e a proteção especial a documentos de suas atividades.
arquivos, como instrumento de apoio à adminis-
tração, à cultura, ao desenvolvimento científico e
como elementos de prova e informação. Importante!
Art. 2º - Consideram-se arquivos, para os fins desta
Lei, os conjuntos de documentos produzidos e rece- Documentos públicos são aqueles produzidos ou
bidos por órgãos públicos, instituições de caráter recebidos, no exercício de suas atividades, por:
público e entidades privadas, em decorrência do � Órgãos públicos (federais, estaduais, do DF e
exercício de atividades específicas, bem como por municipais).
pessoa física, qualquer que seja o suporte da infor- � Entidades privadas encarregadas de serviços
mação ou a natureza dos documentos. públicos.

Arquivo: Conjunto de documentos de qualquer


natureza ou suporte produzidos por: § 2º - A cessação de atividades de instituições públi-
cas e de caráter público implica o recolhimento de
sua documentação à instituição arquivística públi-
z Órgãos públicos;
ca ou a sua transferência à instituição sucessora.
z Instituições de caráter público;
Art. 8º - Os documentos públicos são identificados
z Entidades privadas; como correntes, intermediários e permanentes.
z Pessoas físicas. § 1º - Consideram-se documentos correntes aqueles
em curso ou que, mesmo sem movimentação, cons-
Art. 3º - Considera-se gestão de documentos o con- tituam objeto de consultas frequentes.
junto de procedimentos e operações técnicas refe- § 2º - Consideram-se documentos intermediários
rentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos
e arquivamento em fase corrente e intermediária, produtores, por razões de interesse administrativo,
visando a sua eliminação ou recolhimento para aguardam a sua eliminação ou recolhimento para
310 guarda permanente. guarda permanente.
§ 3º - Consideram-se permanentes os conjuntos de Exteriores, do Ministério do Exército e do Ministé-
documentos de valor histórico, probatório e infor- rio da Aeronáutica.
mativo que devem ser definitivamente preservados.
Art. 9º - A eliminação de documentos produzidos Arquivos Federais
por instituições públicas e de caráter público será
realizada mediante autorização da instituição
arquivística pública, na sua específica esfera de
z Arquivo Nacional;
competência. z Poder Executivo Federal (Ex: Presidência da
Art. 10º - Os documentos de valor permanente são República);
inalienáveis e imprescritíveis. z Poder Legislativo Federal (Ex: Senado Federal);
z Poder Judiciário Federal (Ex: STF).
Segundo o DBTA (2005), imprescritível é “princí-
pio pelo qual é assegurado ao Estado o direito sobre § 2º - São Arquivos Estaduais os arquivos do Poder
os arquivos públicos, sem limitação de tempo, por Executivo, o arquivo do Poder Legislativo e o arqui-
serem estes considerados bens públicos inalienáveis”. vo do Poder Judiciário.
Segundo o DBTA (2005), inalienável é “princípio pelo
qual é impedida a alienação de arquivos públicos a Arquivos Estaduais
terceiros”.

Capítulo III z Poder Executivo Estadual (Ex: Secretaria de Assis-


Dos Arquivos Privados tência Social do Maranhão);
z Poder Legislativo Estadual (Ex: Câmara Legislativa
Art. 11 - Consideram-se arquivos privados os con- da Bahia);
juntos de documentos produzidos ou recebidos por z Poder Judiciário Estadual (Ex: Defensoria Pública
pessoas físicas ou jurídicas, em decorrência de suas do Rio Grande do Norte).
atividades.
§ 3º - São Arquivos do Distrito Federal o arquivo do
Ou seja, todos os documentos que não são produ-
Poder Executivo, o Arquivo do Poder Legislativo e o
zidos por órgãos públicos ou instituições que tenham
arquivo do Poder Judiciário.
relações com órgãos públicos são privados.

Art. 12 - Os arquivos privados podem ser identifica- O Distrito Federal possui arquivos distritais e não
dos pelo Poder Público como de interesse público e estaduais!
social, desde que sejam considerados como conjun-
tos de fontes relevantes para a história e desenvol- § 4º - São Arquivos Municipais o arquivo do Poder
vimento científico nacional. Executivo e o arquivo do Poder Legislativo.
A identificação de um arquivo privado como de
Arquivos Municipais
interesse público e social pode ser feito pelo Presiden-
te da República e por ato do Ministro de Estado da Jus-
tiça e Segurança Pública. z Poder Executivo Municipal (Ex: Prefeitura de São
Luís - MA);
Art. 13 - Os arquivos privados identificados como z Poder Legislativo Municipal (Ex: Câmara de Mauá
de interesse público e social não poderão ser aliena- -SP).
dos com dispersão ou perda da unidade documen-
tal, nem transferidos para o exterior. § 5º - Os arquivos públicos dos Territórios
Parágrafo único - Na alienação desses arquivos o são organizados de acordo com sua estrutura
Poder Público exercerá preferência na aquisição. político-jurídica.
Art. 14 - O acesso aos documentos de arquivos
Art. 18 - Compete ao Arquivo Nacional a gestão e
privados identificados como de interesse público e
o recolhimento dos documentos produzidos e rece-
social poderá ser franqueado mediante autoriza-
bidos pelo poder executivo federal, bem como pre-
ção de seu proprietário ou possuidor.
Art. 15 - Os arquivos privados identificados como servar e facultar o acesso aos documentos sob sua
de interesse público e social poderão ser deposi- guarda, e acompanhar e implementar a política
tados a título revogável, ou doados a instituições nacional de arquivos.
arquivísticas públicas. Parágrafo único - Para o pleno exercício de suas
Art. 16 - Os registros civis de arquivos de entidades funções, o Arquivo Nacional poderá criar unidades
religiosas produzidos anteriormente à vigência do regionais.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Código Civil ficam identificados como de interesse Art. 19 - Competem aos arquivos do Poder Legislati-
público e social. vo Federal a gestão e o recolhimento dos documen-
tos produzidos e recebidos pelo Poder Legislativo
CAPÍTULO IV Federal no exercício das suas funções, bem como
Da Organização e Administração de Institui- preservar e facultar o acesso aos documentos sob
ções Arquivísticas Públicas sua guarda.
Art. 20 - Competem aos arquivos do Poder Judiciá-
Art. 17 - A administração da documentação públi- rio Federal a gestão e o recolhimento dos documen-
ca ou de caráter público COMPETE às instituições tos produzidos e recebidos pelo Poder Judiciário
arquivísticas federais, estaduais, do Distrito Fede- Federal no exercício de suas funções, tramitados
ral e municipais. em juízo e oriundos de cartórios e secretarias, bem
§ 1º - São Arquivos Federais o Arquivo Nacional, como preservar e facultar o acesso aos documentos
os do Poder Executivo, e os arquivos do Poder sob sua guarda.
Legislativo e do Poder Judiciário. São considera-
dos, também, do Poder Executivo os arquivos do O Arquivo Nacional só deve resguardar os docu-
Ministério da Marinha, do Ministério das Relações mentos do Executivo Federal. 311
Os Poderes Judiciário e Legislativo são respon- Assim, a ética constitui um elemento catalisador
sáveis pela sua própria gestão e recolhimento. de ações socialmente responsáveis da organização
por meio de seus administradores e parceiros. Nenhu-
Art. 21 - Legislação estadual, do Distrito Federal ma organização pode competir com sucesso quando
e municipal definirá os critérios de organização e as pessoas procuram enganar as outras, tentam apro-
vinculação dos arquivos estaduais e municipais, veitar-se das outras, as ações requerem confirmação
bem como a gestão e o acesso aos documentos, de cartório porque não se acredita nas pessoas, cada
observado o disposto na Constituição Federal e disputa acaba em litígio nos tribunais, e os negócios
nesta Lei. não são honestos.
Todo sistema de competição presume valores de
DISPOSIÇÕES FINAIS confiança e justiça. As práticas éticas nos negócios
beneficiam a organização em três aspectos:
Art. 25 - Ficará sujeito à responsabilidade penal,
civil e administrativa, na forma da legislação em
z Aumento da produtividade. Quando a adminis-
vigor, aquele que desfigurar ou destruir documen-
tos de valor permanente ou considerado como de
tração enfatiza a ética em suas ações frente aos
interesse público e social. seus parceiros, os funcionários são afetados direta
e positivamente. Quando a organização procura
Se alguém rasgar ou roubar um documento per- assegurar a saúde e o bem-estar dos funcionários
manente, por exemplo, ele será processado nas três ou define programas para ajudá-los, esses pro-
instâncias e as penas podem se acumular. gramas constituem uma fonte de produtividade
melhorada.
Art. 26 - Fica criado o Conselho Nacional de Arqui- z Melhoria da saúde organizacional. Práticas
vos (CONARQ), órgão vinculado ao Arquivo Nacio- administrativas éticas melhoram a saúde orga-
nal, que definirá a política nacional de arquivos, nizacional e afetam positivamente os parceiros
como órgão central de um Sistema Nacional de externos, como fornecedores ou clientes. Uma
Arquivos (SINAR). imagem pública positiva atrai consumidores que
visualizam a imagem da organização como favorá-
O CONARQ definirá a política nacional de Arquivos vel ou desejável.
e será o órgão central do SINAR. z Minimização da regulamentação governamen-
O CONARQ é vinculado ao Arquivo Nacional. tal. Quando as organizações são confiáveis quanto
à ação ética, a sociedade deixa de pressionar por
§ 1º - O Conselho Nacional de Arquivos será pre- uma legislação que regule mais intensamente os
sidido pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional e negócios.18
integrado por representantes de instituições arqui-
vísticas e acadêmicas, públicas e privadas. CÓDIGO DE ÉTICA
§ 2º - A estrutura e funcionamento do conselho cria-
do neste artigo serão estabelecidos em regulamento. A ética influencia todas as decisões dentro da orga-
nização. Muitas organizações têm o seu código de éti-
ca como uma declaração formal para orientar e guiar
o comportamento de seus parceiros. Para que o códi-
ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL go de ética estimule decisões e comportamentos éticos
das pessoas são necessárias duas providências:
Para o autor Chiavenato a ética representa um
conjunto de valores ou princípios morais que defi- z As organizações devem comunicar o seu código de
nem aquilo que é correto ou não para um indivíduo, ética a todos os seus parceiros, isto é, às pessoas
grupo ou organização. O comportamento ético está dentro e fora da organização.
diretamente relacionado às normas de boa conduta z As organizações devem cobrar continuamente
e a administração compartilha com a sociedade esse comportamentos éticos de seus parceiros, pelo res-
mesmo sistema de valores. Em termos amplos, a ética peito a seus valores básicos ou adotando práticas
é uma preocupação com o bom comportamento, uma transparentes de negócios.
obrigação de considerar não apenas o bem-estar pes-
soal, como também o das outras pessoais na sociedade. RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS ORGANIZAÇÕES
A administração prescreve alguns valores, res-
guardados pela ética, que orientam suas atividades Há alguns anos, as organizações ou empresas, no
em busca do fim próprio que funda legítima a própria âmbito administrativo, estavam orientadas apenas
ação. para os seus próprios negócios.
A ética influencia o processo corporativo (admi- Contudo, no decorrer dos anos, essa idealização dei-
nistrativo) de tomada de decisões para determinar xou de ser projetada somente no interior das empresas
quais são os valores que afetam seus parceiros e defi- devido ao surgimento da responsabilidade social.
nir como os administradores podem usar tais valores A responsabilidade social, nos dizeres de Chiave-
no cotidiano da organização ou empresa. Por organi- nato, representa o grau de obrigações que uma orga-
zação entende-se a entidade estruturada, onde estão nização assume por meio de ações que protejam e
alocadas as pessoas e os recursos, que trabalham jun- melhoram o bem-estar da sociedade à medida que
tos para que os resultados (objetivos comuns) sejam procura atingir seus próprios interesses. Em geral,
alcançados. ela representa a obrigação da organização de adotar
18 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da Administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações . 7.
312 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. p. 605-607.
políticas e assumir decisões e ações que beneficiem a z É necessário evitar ou se antecipar à regulação
sociedade. Os administradores devem buscar alcançar governamental ou intervenções externas para
os objetivos organizacionais e objetivos societários. sanar a omissão das organizações.
Uma organização socialmente responsável desem- z As leis não podem ser definidas para todas as
penha as seguintes obrigações: circunstâncias. As organizações devem assumir
responsabilidade para manter uma sociedade
z Incorpora objetivos sociais no seu planejamento. ordeira, justa e legal.
z Utiliza normas comparativas de outras organiza- z As normas socioculturais exigem responsabilidade
ções em seus programas sociais. social.
z Apresenta relatórios aos membros organizacio- z A responsabilidade social é do interesse de todos
nais e aos parceiros sobre os progressos na sua os parceiros da organização e não de apenas
responsabilidade social. alguns deles.
z Experimenta diferentes abordagens sociais e o z A sociedade deve oferecer às organizações a opor-
retorno dos investimentos em programas sociais. tunidade de resolver problemas sociais que o
governo não tem condições de resolver.
O modelo de responsabilidade social corporativa z Como as organizações são dotadas de recursos
sugerido por Davis parte de cinco proposições, a saber financeiros e humanos, elas são as instituições
mais adequadas para resolver problemas sociais.
z Prevenir problemas é melhor do que curá-los pos-
z A responsabilidade social emerge do poder social.
teriormente. Muitas organizações se antecipam a
Toda organização tem influência sobre a socie-
certos problemas antes que se tornem maiores.
dade, que deve exigir condições que resultam do
exercício dessa influência.
z As organizações devem operar em um sistema ABORDAGENS QUANTO À RESPONSABILIDADE
aberto de duas vias, com recepção aberta de insu- SOCIAL
mos da sociedade e expedição aberta de suas ope-
rações para o público. As organizações devem ser Há diferentes abordagens quanto à responsabili-
ouvidas pelos representantes da sociedade quanto dade social. Afinal, toda organização produz alguma
ao que devem manter ou melhorar em termos de influência no seu ambiente. Essa influência pode ser
bem-estar geral. Por outro lado, a sociedade deve positiva – quando a organização beneficia o ambiente
ouvir os relatórios das organizações em relação com suas decisões e ações – ou negativa – quando traz
ao atendimento das responsabilidades sociais. As problemas ou prejuízos ao ambiente.
Somente há pouco tempo, as organizações começa-
comunicações entre representantes das organiza-
ram a se preocupar com suas obrigações sociais. Essa
ções e da sociedade devem ser abertas e honestas.
preocupação crescente não foi espontânea, mas pro-
z Os custos e benefícios sociais de uma ação,produ-
vocada por movimentos ecológicos e de defesa do con-
to ou serviço devem ser calculados e considerados
sumidor que põem em foco o relacionamento entre
nas decisões a respeito deles. A viabilidade técnica
organização e sociedade. Duas posições antagônicas
e lucratividade econômica não são os únicos fato-
surgem dessa preocupação:
res que pesam nas decisões da organização. Ela
também deve considerar consequências de curto
Modelo Shareholder
ou longo prazo sobre suas ações.
z Os custos sociais relacionados a cada ação, produto
ou serviço devem ser repassados ao consumidor. É a posição contrária à responsabilidade social das
organizações. Cada organização deve se preocupar em
Os negócios não devem ser financiados somente
maximizar lucros, ou seja, satisfazer os seus proprie-
pela organização. O custo de manter atividades
tários ou acionistas. Ao maximizar lucros, a organiza-
socialmente desejáveis dentro dos negócios deve
ção maximiza a riqueza e satisfação dos proprietários
ser transferido para o consumidor adotando pre-
e acionistas, que são pessoas ou grupos com legítimos
ços mais elevados dos bens e dos serviços relacio-
interesses na organização. À medida que os lucros
nados a essas atividades.
crescem, as ações da organização aumentam de valor,
z Como cidadãs, as organizações devem ser envol-
aumentando também a riqueza dos proprietários e
vidas na responsabilidade em certos problemas
acionistas. Assim, a organização não deve assumir
sociais que estão fora de suas áreas normais de
responsabilidade social direta, mas apenas buscar a
operação. A organização que possui expertise de otimização do lucro dentro das regras da sociedade.
resolver um problema social com o qual não está A organização lucrativa beneficia a sociedade ao criar
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

diretamente associada deve ser responsável por novos empregos, pagar salários justos que melhoram
ajudar a sociedade a resolver esse problema. a vida dos funcionários e melhorar as condições de
trabalho, além de contribuir para o bem-estar públi-
Os argumentos para desempenho de atividades de co pagando impostos e oferecendo produtos e servi-
responsabilidade social são: ços aos clientes. A organização que concentra seus
recursos em suas próprias atividades e não em ações
z O interesse maior dos negócios é promover e sociais usa seus recursos com mais eficiência e eficá-
melhorar as comunidades onde a organização faz cia e aumenta sua competitividade.
negócios.
z As ações sociais e as ações éticas podem ser Modelo Stakeholder
lucrativas.
z A responsabilidade social melhora a imagem É a posição favorável à responsabilidade social das
pública da organização. organizações, que salienta que a maior responsabili-
z A responsabilidade social aumenta a viabilidade dade está na sobrevivência a longo prazo (e não ape-
dos negócios. Os negócios existem porque propor- nas maximizando lucros), atendendo aos interesses
cionam benefícios sociais. dos diversos parceiros (e não apenas dos proprietários 313
ou acionistas). A organização é a maior potência no Cada nível de sensibilização social provoca dife-
mundo contemporâneo e tem a obrigação de assumir rentes comportamentos nas organizações em relação
uma responsabilidade social correspondente. A socie- a atividades e obras sociais. Cada organização define
dade deu esse poder às organizações e deve chamá-las uma filosofia de responsabilização social que pode
para prestar contas pelo uso desse poder. Ser social- ser de simples reação às carências e necessidades da
mente responsável tem o seu preço, mas as organi- comunidade, acomodação, adoção de mecanismos de
zações podem repassar com legitimidade esse custo defesa ou comportamento proativo e antecipatório.
aos consumidores na forma de aumento nos preços. No fundo, a responsabilidade social deixa de se limi-
Essa obrigação visa ao bem comum, porque quando a tar aos velhos conceitos de proteção passiva e pater-
sociedade melhora, a organização se beneficia. nalista ou de fiel cumprimento de regras legais para
avançar na direção da proteção ativa e da promoção
GRAUS DE ENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL NA humana, em função de um sistema definido e explicita-
RESPONSABILIDADE SOCIAL do de valores éticos. Existem seis razões para isso.

O modelo stakeholder, favorável ao envolvimento z A afirmação do conceito de cidadania.


organizacional em atividades e obras sociais, apresen- z As condições atuais de distribuição da riqueza
ta três diferentes graus de envolvimento: gerada.
z A forte ampliação das aspirações sociais.
z Abordagem da obrigação social e legal. As z A fragilização orçamentária do governo e conse-
principais metas da organização são de natureza quente convergência das esferas pública e privada
econômica e focadas na otimização dos lucros e para adoção de ações de interesse social.
do patrimônio líquido dos acionistas. Portanto, a z A postura socialmente responsável como atributo
organização deve apenas satisfazer as obrigações estratégico para a sobrevivência, crescimento e
perpetuação das empresas.
mínimas impostas pela lei sem assumir nenhum
z A busca por referenciais éticos como pontos
esforço adicional voluntário.
de sustentação de políticas, processos e ações
z Abordagem da responsabilidade social. A orga-
organizacionais.
nização não tem apenas metas econômicas, mas
também responsabilidades sociais. As decisões
A responsabilidade social deve ser ressaltada,
organizacionais são tomadas não apenas em fun-
cobrada e avaliada na organização. Além dos balan-
ção de ganhos econômicos e na conformidade ços contábeis convencionais, a organização precisa de
legal, mas também no critério do benefício social. balanços sociais e ambientais de alcance externo.
Alguns recursos organizacionais são usados para Assim, relações transparentes com a sociedade,
projetos de bem-estar social que não causem dano responsabilidade diante de gerações futuras, autor-
econômico para a organização e com a preocupa- regulação da conduta, compreensão das dimensões
ção de otimizar os lucros e o patrimônio líquido sociais dos atos econômicos (produção, geração de
dos acionistas e para programas de ação e envol- renda, consumo e acumulação), escolha de agentes
vimento social. A organização deseja conquistar e parceiros inseridos em cadeias produtivas e geren-
uma imagem de politicamente correta com grande ciamento dos impactos internos e externos de suas
esforço na área de relações públicas. Em geral, são atividades são alguns dos novos atributos a que as
organizações que praticam uma adaptação reati- empresas devem corresponder. Atributos como esses
va, pois agem para providenciar uma solução de não são modismos e deverão resistir indefinidamente
problemas já existentes. ao tempo.19
z Abordagem da sensibilidade social. A organiza-
ção não tem apenas metas econômicas e sociais,
mas se antecipa aos problemas sociais do futuro
e age agora em resposta a eles. Esta abordagem HORA DE PRATICAR!
impõe que as organizações devem se antecipar aos
problemas sociais lidando com eles antes que se 1 (IDECAN — 2020) Cada organização tem uma estrutura
tornem críticos. A utilização de recursos organiza- organizacional em função de seus objetivos, tamanho,
cionais no presente cria um impacto negativo na conjuntura que atravessa e natureza, dos produtos que
otimização dos lucros atuais. Trata-se de uma abor- fabrica ou dos serviços que fornece. Assinale a alternativa
que apresente corretamente o tipo de estrutura organiza-
dagem típica de cidadania corporativa e represen-
cional que tem como principal característica a existên-
ta um papel proativo na sociedade. Os programas cia da autoridade única e absoluta do gerente sobre os
educativos sobre drogas financiados por organi- subordinados, decorrente esta do princípio da unidade de
zações nas escolas públicas são um exemplo. O comando.
ganho futuro significa uma força de trabalho sau-
dável, mesmo que, no momento, a organização não a) funcional
tenha nenhum problema relacionado com drogas b) linha-staff
no local de trabalho. Organizações com sensibili- c) matricial
d) projetizada
dade social buscam envolvimento na comunidade
e) linear
e incentivam seus membros a fazerem o mesmo a
partir de esforços de conscientização social, volun- 2. (IDECAN — 2019) Uma organização é um organismo vivo
tariado espontâneo e programas comunitários em que busca a sobrevivência e, como os seres vivos, bus-
áreas carentes. ca também a vida, a longevidade e a melhoria contínua.
19 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da Administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações . 7.
314 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. p. 622-626.
Neste contexto, Barnard se concentra em três elementos Com base nas informações acima, assinale a alternativa
considerados essenciais para que as organizações pos- correspondente à estrutura organizacional acima descrita.
sam prosperar:
a) matricial
a) formalização, racionalidade e hierarquia. b) linha-staff
b) integração pessoal, atividades pessoais e forças c) baseada em projetos
coordenadas. d) divisional
c) estrutura elaborada, autoridade e responsabilidades. e) linear
d) divisão do trabalho, objetivo e desempenho.
e) comunicação, motivação e o propósito comum. 7. (IDECAN — 2018) A respeito das competências e análises
do órgão de Recursos Humanos, analise as afirmativas a
3. (IDECAN — 2019) As organizações somente sobrevivem, seguir:
crescem ou se tornam bem-sucedidas através de fatores I O órgão de Recursos Humanos não pode exercer o con-
que envolvem decisões, ações, aglutinações de recursos, trole de frequência pela aplicação do chamado “registro
competências, estratégias e uma busca permanente de britânico”.
objetivos para alcançar resultados. O que leva uma orga- II A assiduidade não é critério relevante na avaliação de
nização ao patamar da excelência não são apenas pro- desempenho, desde que o servidor compense posterior-
dutos, competências e recursos, mas o modo como ela é mente as horas não trabalhadas.
administrada, pois III É obrigatório o controle eletrônico de frequência do servi-
dor público em exercício na Administração Pública Fede-
a) a administração deve ser uniforme, pois as organizações ral, independentemente do cargo por ele ocupado.
são homogêneas, muito semelhantes, e envolvem as Assinale
governamentais, as não-governamentais e empresas em
geral. a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) nas organizações, mesmo que elas se apresentem em b) se somente a afirmativa II estiver correta.
diversas dimensões e tamanhos – grandes, médias, c) se somente a afirmativa III estiver correta.
pequenas, microempresariais – o processo administrati- d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
vo é homogêneo e não se diferencia de um tipo ao outro. e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
c) o ato de administrar visa gerenciar os pequenos negócios,
caminho certo para o sucesso dos mesmos e para a pró- 8. (IDECAN — 2018) A Gestão de Pessoas se desenvol-
pria liberdade do administrador. veu ao longo do tempo em busca do formato em que se
d) o processo administrativo visa à organização e sistema- encontra atualmente, sem ter cessado seu aperfeiçoa-
tização do negócio empreendido e, se ele é pequeno, o mento e sua evolução, Segundo a visão clássica, assinale
administrador deve investir mais tempo, energia e dinheiro a alternativa que apresente sequencialmente os períodos
para obter êxito. históricos da gestão de pessoas de maneira correta.
e) a administração é o veículo pelo qual as organizações são
a) Era Industrial Clássica - Era Industrial Neoclássica - Era da
alinhadas e conduzidas para alcançar a excelência em
Informação
ações e operações na busca pelos resultados.
b) Era Industrial Clássica - Era Industrial Neoclássica - Era
4. (IDECAN — 2019) É um elemento estranho ao planeja- Digital
mento estratégico a definição c) Era Industrial Neoclássica - Era Moderna - Era Pós-Moderna
d) Era Industrial Clássica - Era Industrial Neoclássica - Era
a) da missão empresarial. Moderna
b) dos objetivos e metas empresariais. e) Era Industrial Clássica - Era Moderna - Era da Informação
c) dos valores da instituição.
d) da política salarial. 9. (IDECAN — 2018) A literatura sobre Recursos Humanos
e) da visão empresarial. (RH) aborda amplamente sua função no contexto da ges-
tão organizacional, e são várias as ações que lhe compe-
5. (IDECAN — 2019) As expressões “organização estrutural” tem. A seguir, estão listadas funções do RH, à exceção
e “configuração organizacional” se referem a um conjunto de uma.
abrangente de elementos que podem ser utilizados para Assinale-a.
configurar a organização. O primeiro elemento desta con-
figuração, chamado de estrutura organizacional, é a espe- a) fiscalizar pessoas
cialização do trabalho. O segundo é o agrupamento de b) agregar pessoas
tarefas: a departamentalização. O terceiro, é o estabeleci- c) recompensar pessoas
mento de relações hierárquicas. Sua finalidade é explicar a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

d) monitorar pessoas
cadeia de comando e a extensão da supervisão. A cadeia e) aplicar pessoas
de comando possui dois componentes, quais sejam,
10. (IDECAN — 2020) Segundo Chiavenato (2004), a
a) extensão de gerenciamento e número de pessoas que
área de Recursos Humanos é a área responsável
prestam conta a um gerente.
pela gestão de pessoas em uma organização, sen-
b) empresas verticais e empresas planas.
c) delegação de autoridade e processo de delegação. do dividida em 6 (seis) grandes processos ou siste-
d) unidade de comando e princípio de escala. mas. Assinale a afirmativa incorreta acerca desses
e) descentralização e coordenação de atividades. processos/sistemas.

6. (IDECAN — 2019) Possui hierarquia rígida, pouca especia- a) Desenvolver pessoas são os processos utilizados
lização, uma estrutura simples, clara delimitação de res- para capacitar e incrementar o desenvolvimento pro-
ponsabilidades, fácil implantação e bastante estabilidade. fissional e pessoal.
Em contrapartida, ela é baseada na autoridade linear, há b) Recompensar pessoas são os processos utiliza-
sobrecarga na direção, os chefes são generalistas e as dos para incentivar as pessoas e satisfazer as suas
comunicações são indiretas e demoradas. necessidades individuais mais elevadas. 315
c) Monitorar pessoas são os processos utilizados para indivíduo em determinado tratamento. De acordo com
acompanhar e controlar as atividades das pessoas, o tratamento, podem-se distinguir quatro modelos de
além de verificar seus resultados. decisão sobre candidatos. Assinale a alternativa que
d) Manter pessoas são os serviços sociais destinados, não corresponda a um destes modelos.
por exemplo, a criar condições ambientais e psicoló-
gicas satisfatórias para as atividades da pessoa. a) colocação
e) Agregar pessoas são processos utilizados para a inte- b) seleção
gração dos novos participantes no ambiente organi- c) inversão
zacional, além da orientação e acompanhamento do d) classificação
seu desempenho. e) agregação de valor

11. (IDECAN — 2019) Utilizados para incluir pessoas em 15. (IDECAN — 2020) Assinale o tipo de avaliação que se
organizações, o processo de agregar novos funcio- caracteriza por ser realizada pelo líder imediato na
nários, através do recrutamento e seleção de pes- hierarquia funcional, que assume o compromisso de
soal, pode ser denominado de processo de provisão emitir parecer sobre todos os seus subordinados dire-
ou de suprimento de pessoas. É uma forma de pro- tos, tendo como principais vantagens o conhecimento
mover o alinhamento entre aquilo que a organização que o líder imediato tem dos indicadores de desempe-
pretende e o que o candidato tem aoferecer. Trata-se nho esperados em cada função de sua equipe e tam-
do início de uma história das pessoas e, por isso, um bém pela proximidade que o mesmo tem, no dia a dia,
dos principais objetivos do programa de integração é com cada subordinado, estando assim mais apto para
avaliá-los.
a) criar um processo de adesão, embasado na ansiedade.
b) desencadear um processo coletivo de aprendizagem, a) avaliação por objetivos
partilhado por todos os empregados. b) avaliação por competências
c) proporcionar ao novo empregado condições de, caso c) avaliação direta
não aceite as regras, desistir da oportunidade. d) avaliação conjunta
d) mostrar que o negócio, para prosperar, requer que e) avaliação 360 graus
o empregado substitua sua cultura pela cultura
organizacional. 6. (IDECAN — 2019) O processo de treinamento e ajuda
e) deixar claro que toda a apresentação do funcionário a desenvolver habilidades importantes, tanto para as
deve seguir a identidade visual da empresa. organizações como para os trabalhadores. Por isso a
importância de uma políticacorporativa de desenvolvi-
12. (IDECAN — 2019) O recrutamento externo é uma mento de pessoas, com a função de
forma como as organizações buscam profissionais
qualificados no mercado, para atender os requisitos a) identificar e classificar os treinamentos com vistas a
necessários a vaga em aberto. A respeito do tema, soluções internas e externas.
assinale a alternativa que indique corretamente uma b) autodesenvolver o funcionário a partir do estudo pró-
vantagem da organização ao desenvolver o recruta- prio do empregado, baseado em leituras, vídeos didá-
mento externo. ticos ou filme comercial.
c) orientar e acompanhar os funcionários com maior
a) Aproveitar o investimento da organização em treina- domínio da atividade e experiência profissional.
mento e desenvolvimento do pessoal. d) buscar alternativas para aquisição de formação esco-
b) Reduzir a incerteza quanto ao perfil do candidato, lar, conforme requisitos do cargo.
potencial e capacidade de desempenho das tarefas e) formar, capacitar, habilitar, qualificar, instrumentalizar
executadas. e aprimorar para desenvolver pessoas.
c) Trazer profissionais com novas ideias, possíveis
vivências de experiências profissionais anteriores e 17. (IDECAN — 2019) A qualidade de vida no trabalho é
energia revitalizadora à organização. consequência de um conjunto de ações que a empre-
d) Atuar como fonte de inspiração e motivação para os sa implanta para desenvolver condições melhores de
funcionários atuais da empresa. trabalho, desenvolvimento humano, aprimoramento
e) Ser um processo mais assertivo, rápido e econômico dos relacionamentos interpessoais e promoção do
para a empresa. bem-estar dos colaboradores. O desafio para os pro-
fissionais da área de Recursos Humanos consiste em
13. (IDECAN — 2020) Após recrutar os candidatos com mensurar e alinhar os parâmetros adequados condi-
perfis mais adequados para uma certa vaga, é neces- zentes aos fatores da qualidade de vida do trabalha-
sário selecionar o melhor candidato para o cargo. Con- dor no âmbito de suas atividades, pois algumas ações
siderando que o processo de seleção é composto de podem ser consideradas relevantes para uns e não
quatro estágios, assinale a alternativa que apresente para outros, devido ao grau de subjetividade e com-
esses estágios na ordem natural de aplicação. plexidade. A QVT é articulada com base em alguns
a) atração, avaliação, triagem e decisão parâmetros para promover a harmonia entre pessoas
b) triagem, atração, avaliação e decisão e empresa. Sobre o tema, assinale a alternativa que
c) triagem, avaliação, decisão e atração não indique um dos indicadores da qualidade de vida
d) decisão, triagem, avaliação e atração no trabalho.
e) atração, classificação, decisão e colocação
a) saúde ocupacional
14. (IDECAN — 2020) Frequentemente, a organização se b) motivação humana
depara com o problema de tomar decisões sobre c) segurança no trabalho
um ou mais candidatos em um processo de sele- d) produção com qualidade
316 ção. Cada decisão sobre um candidato envolve o e) satisfação do trabalho
18. (IDECAN — 2020) A expressão Sistema de Informa- A sequência correta obtida, no sentido de cima para
ção Gerencial (SIG) refere-se ao desenvolvimento e baixo, é:
ao uso de sistemas de informação eficazes dentro
da organização, em todos os seus níveis e pessoas. a) 2, 4, 1, 5, 3.
Acerca do SIG, analise as afirmativas a seguir: b) 4, 3, 1, 5, 2.
c) 3, 4, 5, 2, 1.
I Os sistemas de informações formam uma hierarquia, d) 1, 2, 5, 4, 3.
o que corresponde ao fato de que as decisões toma- e) 1, 5, 2, 4, 3.
das em cada nível organizacional tendem a pertencer
unicamente àquele nível. 9 GABARITO
II São componentes básicos do SIG as entradas, pro-
cessamento, armazenamento e saídas.
III Um sistema de suporte à decisão não somente obtém 1 E
informações internas, mas também absorve novas
2 E
informações externas por meio de análise.
Assinale 3 E

a) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 4 D


b) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
5 D
c) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas. 6 E
e) se nenhuma das afirmativas estiver correta.
7 A
19. (IDECAN — 2020) O princípio da responsabilidade
8 A
social baseia-se na premissa de que as organizações,
qualquer que seja o seu fim, são instituições sociais, 9 A
cuja existência necessita de autorização da socieda-
de. Um dos principais representantes dessa cor- 10 E
rente é Andrew Carnegie, fundador da U.S. Steel,
11 B
que estabeleceu dois princípios sobre aresponsabili-
dade social corporativa. Um destes princípios estabe- 12 C
lece que os indivíduos mais abonados da sociedade
devem cuidar dos menos afortunados, compreen- 13 A
dendo desempregados, doentes, pobres e pessoas 14 C
com deficiência física. Assinale abaixo a alternativa
que explicite corretamente este princípio. 15 C

a) princípio do zelo 16 E
b) princípio da equidade 17 D
c) princípio da realização
d) princípio da caridade 18 B
e) princípio da responsabilidade
19 D
20. (IDECAN — 2019) Sobre os princípios da Organização dos 20 A
Arquivos, associe corretamente as colunas a seguir:

Princípios

1 Proveniência
ANOTAÇÕES
2 Organicidade
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

3 Unicidade
4 Integridade ou Indivisibilidade
5 Cumulatividade

Descrição

( ) Reflete os grupos, funções e atividades documentais.


( ) Um fundo ou grupo documental deve ser resguarda-
do sem misturar com outros fundos. Fora de seu con-
texto, o documento perde seu significado.
( ) Corresponde à identidade do documento.
( ) O Arquivo é uma formação progressiva, natural e
orgânica.
( ) O documento é único, independentemente da forma ,
gênero, espécie, tipo ou suporte. 317
ANOTAÇÕES

318
competência da pessoa que o praticou, ou seja, a com-
petência é a função atribuída a cada órgão ou autori-
dade por lei, tem como característica ser irrenunciável,
imprescritível, inderrogável e improrrogável.
O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 (Lei que regula o
NOÇÕES BÁSICAS DE processo administrativo no âmbito da administração
pública), permite a delegação de competência, vejamos:
LEGISLAÇÃO Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode-
rão, se não houver impedimento legal, delegar par-
te da sua competência a outros órgãos ou titulares,
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
NORMAS CONSTITUCIONAIS subordinados, quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
SOBRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E jurídica ou territorial.
SERVIDORES PÚBLICOS Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
aplica-se à delegação de competência dos órgãos
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA colegiados aos respectivos presidentes.

Segundo José Afonso da Silva (2017, p. 665), admi- O resultado do ato administrativo é o objeto, ou
nistração pública é o conjunto de meios institucionais, seja, é aquilo que o ato decide, como, por exemplo, a
financeiros e humanos destinados à execução das punição decorrente de uma multa de trânsito. O ele-
decisões políticas1. mento motivo são as razões de fato e de direito que
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu regras levaram a Administração Pública a praticar determi-
gerais e preceitos específicos no Capítulo VII, do Títu- nado ato, por exemplo, é a infração de trânsito que
lo III. São normas que tratam da organização, dire- deu origem a multa. A finalidade deve objetivar
trizes, remuneração e atuação dos servidores, acesso alcançar sempre o interesse público (definido em lei),
aos cargos públicos etc. Assim, a seguir, passaremos a é o resultado que a Administração Pública pretende
estudar as regras e preceitos específicos da Adminis- alcançar com determinado ato, por exemplo, a desa-
tração Pública. propriação por utilidade pública. Por fim, a forma é
manifestação do ato, por exemplo, publicar no Diário
NATUREZA E ELEMENTOS Oficial da União a nomeação do Servidor Público.
O Título III, da Constituição Federal, refere-se às
normas das orientações de atuação dos agentes admi- COMPETÊNCIA Atribuição legal para praticar o ato.
nistrativos, empregos públicos, responsabilidade civil OBJETO Resultado do ato, o que o ato decide.
etc., ou seja, trata-se da administração de bens e inte-
resse público. Assim, conclui-se que a administração MOTIVO Razões fáticas e jurídicas.
pública tem natureza de “múnus público”.
Os agentes públicos devem velar pela estrita Resultado que o ato deseja (interesse
FINALIDADE
observância dos princípios de legalidade, impessoa- público).
lidade, moralidade e publicidade no trato dos assun- FORMA Manifestação do ato.
tos que lhe são afetos. Em caso contrário, o agente
estará cometendo ato de improbidade administrativa PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
sujeito as sanções e penalidades previstas na Lei nº
8429/1992. Os poderes que a Administração Pública possui são
exercidos quando o Estado assume a sua função admi-
Dica nistrativa. A função administrativa é exercida pelos
três poderes da República, de forma típica pelo exe-
A palavra múnus tem origem no latim e signifi- cutivo e de forma atípica pelo legislativo e judiciário.
ca dever, obrigação etc. O múnus público é uma Ainda, a Administração Pública não pode renun-
obrigação imposta por lei, em atendimento ao ciar aos poderes, sendo o seu exercício obrigatório.
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO

poder público, que beneficia a coletividade e não A seguir, vamos falar sobre cada um dos poderes
pode ser recusado, exceto nos casos previstos atribuídos à Administração Pública.
Temos, a princípio, o poder vinculado que é o
em lei. Por exemplo: dever de votar, depor como
poder que a Administração Pública deve exercer
testemunha, atuar como mesário eleitoral, servi-
nos termos da lei. Quanto ao poder discricionário,
ço militar, entre outros2.
quer dizer que a Administração possui uma margem
de escolha entre as opções existentes na lei. Por sua
Toda vez que a administração pública pratica uma
vez, o poder normativo é aquele conferido ao Poder
ação que produz um efeito jurídico, chamamos de ato
Executivo para editar normas, por exemplo, conforme
administrativo que produz efeitos que podem criar, inciso IV, art. 84 da CF/88. Vejamos:
modificar ou extinguir direitos.
Os elementos dos atos administrativos são com- Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da
petência, objeto, motivo, finalidade e forma. Toda República:
vez que um ato é praticado deve se observar qual é a [...]

1 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros Editores, 2017.
2 Disponível em <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/munus-publico.> Acesso
em: 12 out 2020. 319
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, a existência de várias Administrações Públicas: a
bem como expedir decretos e regulamentos para federal (da União), a de cada Estado (Administração
sua fiel execução; estadual), a do Distrito Federal e a de cada Municí-
pio (Administração municipal ou local), cada qual
Por conseguinte, o poder disciplinar é o poder submetida a um Poder político próprio, expresso por
que fundamenta a Administração Pública a aplicar uma organização governamental autônoma. (SILVA,
sanção disciplinar e apurar possíveis infrações dos 2017, p. 665).
servidores públicos. Importante frisar que os parti-
culares contratados pela administração pública tam- Conforme o art. 4º, do Decreto-Lei 200/1967, a Admi-
bém se sujeitam ao poder disciplinar, por exemplo, nistração Pública no Brasil compreende em administra-
estão sujeitos às penalidades impostas no art. 87 da ção direta e administração indireta.
Lei 8.666/1993.
Art. 4º A Administração Federal compreende:
Art. 87 Pela inexecução total ou parcial do con- I - A Administração Direta, que se constitui dos
trato a Administração poderá, garantida a prévia serviços integrados na estrutura administrativa da
defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções: Presidência da República e dos Ministérios.
I - advertência; Exemplo: São os também os chamados entes políti-
II - multa, na forma prevista no instrumento convo- cos com autonomia para se organizar e editar suas
catório ou no contrato; normas.
III - suspensão temporária de participação em lici- II - A Administração Indireta, que compreende
tação e impedimento de contratar com a Adminis- as seguintes categorias de entidades, dotadas de
tração, por prazo não superior a 2 (dois) anos; personalidade jurídica própria:
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contra- a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
tar com a Administração Pública enquanto perdura-
c) Sociedades de Economia Mista.
rem os motivos determinantes da punição ou até que
d) fundações públicas.
seja promovida a reabilitação perante a própria auto-
Parágrafo único. As entidades compreendidas na
ridade que aplicou a penalidade, que será concedida Administração Indireta vinculam-se ao Ministério
sempre que o contratado ressarcir a Administração em cuja área de competência estiver enquadrada
pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo sua principal atividade.
da sanção aplicada com base no inciso anterior.
A Administração Pública direta é composta por
O poder hierárquico compreende a distribuição pessoas jurídicas de direito público regidas pelos
de competências no âmbito da Administração Pública, princípios da supremacia do interesse público sobre o
ou seja, é o escalonamento de competências e funções. particular e da indisponibilidade do interesse público.
Já o poder de polícia é quando o Estado coloca condi- Ainda, tem autonomia política (para editar normas),
ções (limites) ao exercício de direitos individuais, para administrativa (organização) e financeira (podem
garantia da ordem pública, segurança pública, inte- realizar auditoria das próprias contas, além da lei de
resse público e saúde pública. Por exemplo, a determi- responsabilidade fiscal), sendo que os Entes da Admi-
nação pela autoridade competente de fechamento de nistração Pública direta não possuem hierarquia. O
um estabelecimento comercial por vender produtos texto constitucional, no art. 18, dispõe da administra-
com prazo de validade vencido. ção direta, vejamos:
Cuidado para não confundir poder de polícia com Art. 18. A organização político-administrativa da
a prestação de serviço público que são ações positi- República Federativa do Brasil compreende a União,
vas, fazeres do Estado. O art. 78 do Código Tributário os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
Nacional traz o conceito do poder de polícia, observe: autônomos, nos termos desta Constituição.

Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade A banca examinadora, ao formular uma questão,
da administração pública que, limitando ou dis- também pode se referir aos entes da Administração
ciplinando direito, interesse ou liberdade, regula Direta pelos seguintes nomes:
a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à z �Entes Federados;
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da z �Entes Políticos;
produção e do mercado, ao exercício de atividades z �Pessoas Políticas;
econômicas dependentes de concessão ou autoriza- z �Administração Centralizada.
ção do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou Já as entidades da Administração Pública indire-
coletivos. ta são entidades criadas pela administração pública
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício direta (por meio de lei, tendo uma finalidade espe-
do poder de polícia quando desempenhado pelo cífica), que têm autonomia administrativa (para se
órgão competente nos limites da lei aplicável, com organizar), técnica (atribuições especificadas em lei)
observância do processo legal e, tratando-se de e financeira, ou seja, a Administração Pública indireta
atividade que a lei tenha como discricionária, sem é quando o serviço público é prestado pelo Estado de
abuso ou desvio de poder. forma descentralizada.
Fazem parte da Administração Pública indireta as
ORGANIZAÇÃO Autarquias, Fundações Públicas, Sociedade de Econo-
mia Mista e Empresas Públicas:
A organização no Estado Federal é complexa, por-
que a função administrativa é institucionalmente z Autarquias Federais são responsáveis pela fisca-
imputada a diversas entidades governamentais lização e regulamentação de atividades ligadas à
autônomas, que, no caso brasileiro estão expressa- telecomunicação, energia elétrica e petróleo. Ex.:
320 mente referidas no próprio art. 37, de onde decorre ANATEL, ANEEL, ANP;
z Fundações são entidades que executam ativida- No princípio da impessoalidade (ou princípio da
des sociais (pesquisa/saúde/ensino) sem fins lucra- finalidade) o agente público sempre deve prezar pela
tivos. Ex.: FUNASA, FUNAI etc.; defesa do interesse público, ainda objetiva a isonomia
z Empresas Públicas são entidades em que 100% (tratar a todos sem privilégio) no exercício das fun-
do capital é público, podendo ser tanto uma socie- ções públicas.
dade anônima como uma sociedade limitada. Ex.: Já o princípio da moralidade está relacionado à
Correios e Caixa Econômica Federal; ideia de boa-fé e probidade, sendo que o agente deve
z Sociedade de Economia Mista deve ser criada atuar buscando o interesse público e evitar valer-se
necessariamente sobre a forma de uma sociedade do cargo público e do poder incumbido para se pro-
anônima (S.A). Seu capital é formado por dinheiro mover ou atender algum interesse individual.
público e privado. Ex.: Banco do Brasil e Petrobras. No que tange ao princípio da publicidade, este
exige que a atuação do poder público seja transparen-
A administração direta exerce o chamado controle te e com acesso à informação a toda população, sendo
finalístico ou supervisão ministerial sobre a adminis- que as informações devem ser claras e publicadas no
tração indireta. Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicidade
Ainda, a banca examinadora, ao formular uma (editais) conforme a lei de acesso à informação, assim
questão, também pode se referir aos entes da Admi- os cidadãos podem fiscalizar os atos praticados pelos
nistração Indireta com os seguintes nomes: agentes públicos.
No que concerne aos princípios, o princípio da efi-
z Entidade Administrativa; ciência, como o próprio nome já demonstra, refere-se
z Administração Pública Descentralizada; à atuação da administração pública com presteza e da
z A Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista maneira mais eficiente possível, por exemplo, a pres-
na prova também podem ser chamadas de: Empre- teza do agente público no atendimento em um hospi-
sas Estatais. tal, a fim de garantir que os pacientes sejam atendidos
de maneira ágil e possam ser assistidos pelo médico.
ADM. PÚBLICA ADM. PÚBLICA
DIRETA INDIRETA z Princípios implícitos
Entidade administra-
tiva. Além dos princípios expressos no art. 37 da Cons-
Entes políticos
FORMAÇÃO União - Estados - DF
Autarquias-fundações tituição, a Administração Pública também deve
públicas-sociedade de observar os da supremacia do interesse público,
- Municípios
economia mista – em- princípio da razoabilidade, princípio da propor-
presas públicas.
cionalidade, princípio da autotutela e princípio da
Pessoas jurídicas de segurança jurídica. Essas são as prerrogativas cha-
direito público, com Pessoas jurídicas de
autonomia política, direito público e priva-
madas de “princípios implícitos” que, apesar de não
NATUREZA administrativa e fi- do, com autonomia ad- estarem expressos na Constituição, também devem
nanceira. Entes po- ministrativa, técnica e ser observados pela Administração Pública.
líticos são PJ de DP financeira. Os princípios implícitos são obtidos por meio de
interno. uma construção lógica e doutrinária, ora, estão implí-
Não existe hierarquia citos no texto mesmo não aparecendo expressamente.
Não há subordinação
ESPECIFIDADES entre os entes; esses Por exemplo, o princípio da razoabilidade, não está
entre elas.
têm autonomia. escrito (expresso) na Constituição Federal, mas ele
também pode ser observado a partir do que dispõe o
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA ADMINISTRAÇÃO inciso LXXVIII, art. 5° da CF. Vejamos:
PÚBLICA
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra-
Os princípios específicos da Administração Pública tivo, são assegurados a razoável duração do pro-
estão fundamentados no caput do art. 37 da Constitui- cesso e os meios que garantam a celeridade de sua
ção, são os chamados princípios constitucionais explí- tramitação.
citos da administração pública, vejamos: NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
Referente ao princípio da razoabilidade e pro-
Art. 37 A administração pública direta e indireta porcionalidade o agente público quando vai agir
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do deve praticar os atos de forma proporcional, para evi-
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos tar os excessos, serve de limite para os atos discricio-
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- nários. Por exemplo, o inciso VII, do art. 132, da Lei nº
de, publicidade e eficiência [...]. Lei 8.112/90, prevê a demissão do servidor público em
caso de ofensa física, em serviço, entretanto no caso
Vamos à análise de cada um dos princípios expres- das carreiras policiais esse dispositivo deve ser anali-
sos no caput dispositivo em comento. sado com cautela, até pelo fato da necessidade do uso
No princípio da legalidade o agente público está de força física em alguns casos, sendo que esta não é
restringido ao que a lei o autoriza a fazer (compe- uma regra e deve ser analisada junto ao caso concreto.
tência de atuação), ou seja, deve atuar somente den- Já o princípio da supremacia do interesse públi-
tro dos limites estabelecidos em lei, assim, quando o co se refere ao interesse público, devendo este sempre
agente pratica um ato que não está previsto em lei, sobressair ao interesse particular, ou seja, interesse
este pratica um ato inválido. Por exemplo, o agente da sociedade prevalece sobre o interesse individual.
público recebe vantagem econômica de qualquer Por exemplo, como ocorreu no Brasil em março de
natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração 2020 com a pandemia (Covid-19) e a determinação
ou a prática de jogos de azar. pelo poder público para que ocorresse o isolamento 321
(lockdown) horizontal, ou seja, a população teve seu z Servidores públicos
direito fundamental de ir e vir restrito, diante da cala-
midade pública decretada, note que, o interesse da Os servidores públicos compreendem outras
coletividade deve ser sempre observado e ter prefe- quatro categorias: 1) Servidores investidos em cargos
rência em relação ao direito do particular. (estatutário); 2) Servidores públicos investidos em
No que tange ao princípio da autotutela, esse empregos (empregados públicos); 3) Servidores admi-
se refere ao poder que a Administração Pública tem tidos em funções públicas (comissionados); 4) Servido-
para anular seus próprios atos, ou seja, não depende res contratados por tempo determinado (temporários).
do poder judiciário para dar eficácia às suas práticas.
Por exemplo, a Previdência Social defere a con-
AGENTES PÚBLICOS
cessão de benefício previdenciário (por força de uma
interpretação errônea) a um determinado cidadão, PARTICULARES
AGENTE AGENTE
entretanto após identificar o erro à própria Previdên- EM
POLÍTICO ADMINISTRATIVO
cia Social pode cancelar esse benefício. COLABORAÇÃO
Por fim, o Princípio da segurança jurídica tem � Servidores Públi- � Militares � Agentes
por objetivo proteger o cidadão, ou seja, é a garantia cos (estatutário) � Emenda Constitu- Honoríficos
de que o agente público irá desempenhar sua função � Empregados Pú- cional 18/1998 � Agente
observando as diretrizes da Administração Pública. blicos (celetista) Delegado
� Servidores � Agentes
Comissionados Credenciados
PRINCÍPIOS DA � Servidores
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Temporários
EXPLÍCITOS IMPLÍCITOS
(art. 37, da CF/88) z Servidores públicos estatutários
“L I M P E” � Supremacia do Inte-
z Legalidade; resse Público; Estão sujeitos ao regime jurídico de direito públi-
z Impessoalidade; � Razoabilidade; co, ingresso por meio de concurso público, titulares de
z Moralidade; � Proporcionalidade; cargos efetivos. Ex.: Delegado e Analista.
z Publicidade; � Autotutela; O prazo de validade do concurso público será de
z Eficiência. � Segurança Jurídica. até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período
(inciso III, art. 37 da CF). Bem como, durante o pra-
O Agente público deve observar os princípios zo improrrogável previsto no edital de convocação, o
administrativos explícitos do art. 37 da CF e também candidato aprovado em concurso público de provas
os princípios implícitos da Administração Pública, ou de provas e títulos será convocado com priorida-
sendo que a não observância do mesmo resultará em de sobre novos concursados para assumir cargo ou
responsabilização criminal, civil e administrativa. emprego (inciso IV, art. 37 da CF).
Ainda, conforme inciso VI, art. 37, da CF, é assegu-
rado ao servidor público civil o direito à livre associa-
ção sindical.
O art. 41 da CF consagra estabilidade para os ser-
SERVIDORES PÚBLICOS vidores públicos após três anos de efetivo exercício
(estágio probatório), desde que cumpram os seguin-
Neste tópico de estudo, é importante não confun- tes requisitos: a) aprovação em concurso público;
dir agente público, agente político e agente adminis- b) nomeação; c) avaliação especial de desempenho.
trativo, pois a troca de uma simples palavra pode Vejamos o § 4º do mencionado dispositivo que deter-
mudar todo contexto e definição. mina a obrigatoriedade de comissão com a finalidade
A utilização da expressão agente público é um de avaliação para estabilidade:
termo genérico, pois abrange a todos que tem vínculo
com o Estado, inclusive aqueles que têm um vínculo § 4º Como condição para a aquisição da estabilida-
temporário e não remunerado. de, é obrigatória a avaliação especial de desempe-
Agentes políticos são os detentores de manda- nho por comissão instituída para essa finalidade.
to eletivo, chamados também de agentes de primei-
ro escalão, cargos previstos na CF/88, por exemplo: Após o estágio probatório o servidor público só
o Presidente da República, Senadores, Deputados, perderá o cargo em virtude de sentença transitada em
Ministros do STJ, Membros do Ministério Público etc. julgado, mediante processo administrativo, assegura-
Bem como, os agentes administrativos são aque- do a ampla defesa, ou mediante procedimento de ava-
les que exercem uma atividade sujeita a hierarquia liação periódica de desempenho, assegurada ampla
funcional, ocupantes dos cargos públicos, empregos defesa. Sobre esse tema, é importante a observância
públicos e funções públicas na administração direta do § 2° do art. 41 da CF, sobre eventual invalidade da
ou indireta da Federação. O acesso ao cargo ocorrerá demissão do servidor estável:
a partir de nomeação, concurso público ou designa-
ção, cabendo exercer atividade de forma remunerada § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
e profissional. servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
José Afonso da Silva (2017) preleciona que, confor- ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
me a Constituição Federal, os agentes administrativos de origem, sem direito a indenização, aproveitado
se repartem em dois grupos: servidores públicos e em outro cargo ou posto em disponibilidade com
322 militares. remuneração proporcional ao tempo de serviço.
z Empregados públicos: Os servidores investidos armadas são tratadas em capítulo diverso (art. 142), ou
em empregos têm regime jurídico de natureza seja, após a EC 18/1998 a Constituição passou a tratar de
trabalhista, ou seja, são regidos pela CLT (Conso- forma diversa os militares, dividindo em dois capítu-
lidação das Leis do Trabalho). O ingresso também los. Conforme considerações de Alexandre de Moraes:
é por meio de concurso público, entretanto não
adquirem a estabilidade do art. 41 da CF. Ex.: Ban- A organização e o regime únicos dos servidores
cário da Caixa Econômica Federal. públicos militares já diferiam entre si, até porque
o ingresso nas Forças Armadas dá-se tanto pela via
z Servidores comissionados: Os servidores investi-
compulsória do recrutamento oficial, quanto pela
dos em funções públicas são os que ocupam cargo
via voluntária do concurso de ingresso nos cursos
em comissão e são livremente nomeados ou exo- de formação dos oficiais; enquanto o ingresso dos
nerados por autoridade competente (inciso V, art. servidores militares das polícias militares ocor-
37 da CF). Cabe ressaltar que os ocupantes de car- re somente por vontade própria do interessado,
gos comissionados têm caráter transitório, ou seja, que se submeterá a obrigatório concurso público.
não gozam de estabilidade. (MORAES, 2011, p. 413)
z Servidores temporários: Os servidores temporá-
rios são contratados por tempo determinado em Entenda:
situações excepcionais de interesse público, exer-
cem função pública remunerada de caráter tem- MILITARES NA CF/88
porário, o vínculo com a administração pública
é contratual (contrato de direito público – não de Polícia Militar Forças Armadas
natureza trabalhista). Ex.: Professores, conforme Art. 42 da CF Arts. 142 e 143 da CF
a Lei nº 8745/1993 que dispõe sobre a contratação
Ingresso: Ingresso:
por tempo determinado para atender à necessida-
de temporária de excepcional interesse público. z Voluntário: median- z Compulsório
te aprovação em – recrutamento
Já os particulares em colaboração são pessoas concurso público z Voluntário – curso de
que transitoriamente prestam serviços para o Estado. formação
Vejamos:
Conforme art. 42 da CF, com base na hierarquia e
z Agentes Honoríficos: Solicitado para designar um disciplina, os militares dos Estados, Distrito Federal e
serviço específico, em função de sua honra para Territórios são compostos por membros das Polícias
colaborar com o Estado, sem remuneração e sem Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Ainda, o
vínculo. Ex.: Mesários eleitorais e Jurado. mencionado dispositivo no § 1º dispõe que os milita-
z Agente Delegado: É um particular autorizado a res são alistáveis e elegíveis, devendo ser observadas
realizar um determinado serviço público, remune- as regras do art. 14, § 8º da CF:
rado pela atividade executada, sem vínculo com a
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
administração. Ex.: Leiloeiro.
seguintes condições:
z Agentes Credenciados: Representam o Estado I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
com um objetivo específico, sendo remunerado afastar-se da atividade;
para executar a atividade determinada. Ex.: Pessoa II - se contar mais de dez anos de serviço, será
competente para representar o Brasil em deter- agregado pela autoridade superior e, se eleito, pas-
minado evento em função de seu conhecimento sará automaticamente, no ato da diplomação, para
sobre tema específico. a inatividade.

MILITARES Conforme nova redação atribuída pela Emenda


Constitucional nº 109/2019, para fins de aposentado-
A Emenda Constitucional nº 18/1998 modificou o ria será assegurada a contagem recíproca do tempo
texto constitucional, que antes consagrava os milita- de contribuição entre o Regime Geral de Previdência
res como servidores públicos e dispôs dos militares Social e os regimes próprios de previdência social, e
como um grupo separado, ou seja, formalmente dei- destes entre si, observada a compensação financeira, NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
xaram de ser tratados pela Constituição como servi- de acordo com os critérios estabelecidos em lei. Bem
dores públicos. como, o tempo de serviço correspondente será conta-
Entretanto, na prática não houve mudanças e con- do para fins de disponibilidade (§ 9°, art. 40 da CF).
tinuam sendo agentes públicos. Bem como, são remu- Ainda, terão contagem recíproca para fins de ina-
nerados por subsídio, conforme § 4°, art. 39 da CF. tivação militar ou aposentadoria e a compensação
financeira será devida entre as receitas de contribui-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ção referentes aos militares e as receitas de contribui-
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários ção aos demais regimes. Por exemplo, caso o militar
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu- tenha atuado nas forças armadas e posteriormente
sivamente por subsídio fixado em parcela única, tomou posse em cargo público poderá averbar esse
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adi- tempo que atuou como militar para fins de aposenta-
cional, abono, prêmio, verba de representação ou doria civil.
outra espécie remuneratória, obedecido, em qual- Por conseguinte, a Emenda Constitucional nº
quer caso, o disposto no art. 37, X e XI. 101/2019 também incluiu o § 3º ao art. 42 da CF para
vedar a acumulação remunerada de cargos públicos
A Seção III do Título III da Constituição que tra- pelos militares, ou seja, determinou a aplicação do
ta dos militares dos Estados, do Distrito Federal e inciso XVI, art. 37 da CF para os militares dos Estados,
dos Territórios tem apenas o art. 42, pois as forças DF e Territórios, vejamos. 323
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos Conforme § 4°, art. 37, da CF, os atos de improbi-
públicos, exceto, quando houver compatibilidade dade importarão na suspensão dos direitos políticos,
de horários, observado em qualquer caso o dispos- perda da função pública, indisponibilidade dos bens e
to no inciso XI: o ressarcimento ao erário.
a) a de dois cargos de professor; Ainda, a Constituição, no § 6º, do art. 37, prevê a
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou responsabilidade civil objetiva do Estado nos danos
científico; causados por seus agentes públicos, ou seja, as pes-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis- soas jurídicas de direito público e as de direito priva-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas; do prestadoras de serviços públicos respondem pelos
danos causados por seus agentes a terceiros.
Dica Entretanto, é assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa, ou
Cuidado ao responder questão de prova: confor- seja, caso seja comprovada o dolo ou a culpa do agen-
me a Constituição Federal (EC nº18/19998), os te público pode a Administração pública ajuizar ação
militares não são denominados como servidores contra este agente que causou o dano.
públicos civis. Neste caso, é necessário o particular demonstrar
a ocorrência entre o dano e o fato ocorrido, ou seja, a
ocorrência do nexo de causalidade, configurada esta-
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
rá à responsabilidade civil do Estado.
Vejamos o exemplo a seguir:
Os atos de improbidade administrativa são os atos Um determinado agente público no exercício de
previsto na Lei nº 8429/1992 que violam os princí- suas funções colide com o veículo de um particular;
pios constitucionais e legais da administração públi- O particular move ação de indenização contra o
ca, estando sujeitos a sanções aplicáveis aos agentes Estado;
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exer- Posteriormente o estado é condenado a pagar o
cício de mandato, cargo, emprego ou função na admi- dano causado.
nistração pública direta, indireta ou fundacional. Por O Estado verifica o dolo do agente, que estava sob
exemplo, no caso de enriquecimento ilícito, o agente efeito de álcool, então move ação de regresso para que
público poderá perder os bens ou valores acrescidos o causador ressarça ao Estado a indenização que foi
ao seu patrimônio. paga ao particular;
Os agentes públicos de qualquer nível ou hierar- Obs.: Além das sanções administrativas que este
quia são obrigados a velar pela estrita observância Agente está sujeito.
dos princípios de legalidade, impessoalidade, morali- Seguindo este entendimento o Supremo Tribunal
dade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são Federal, em agosto de 2019, considerou que a pessoa
prejudicada deve mover ação somente contra Estado
afetos (art. 4º da Lei nº 8429/1992).
e este contra o particular, não sendo possível o parti-
Vamos relembrar conforme estudamos no tópico
cular mover a ação diretamente contra o Estado e o
dos princípios administrativos: Agente público. Vejamos:

z Princípio da legalidade: o agente público deve RECURSO EXTRAORDINÁRIO – RESPONSABI-


atuar somente dentro dos limites estabelecidos LIDADE OBJETIVA DO ESTADO – ENQUADRA-
em lei, por exemplo, o agente público recebe van- MENTO NO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL
tagem econômica de qualquer natureza, direta ou – AGRAVO PROVIDO.
indireta, para tolerar a exploração ou a prática de 1. O Tribunal de origem reformou o entendimento
jogos de azar; adotado na sentença, afirmando caber à vítima
z Princípio da impessoalidade: o agente público escolher quem demandará: o agente público res-
sempre deve prezar pela defesa do interesse públi- ponsável pelo ato lesivo ou o Estado. Consignou
co, deve tratar a todos sem privilégio no exercício inexistirem motivos razoáveis para proibir o acio-
das funções públicas; namento direto do servidor cujos atos tenham,
culposa ou dolosamente, prejudicado o indivíduo.
z Princípio da moralidade: o agente deve atuar
Entendeu estarem presentes os requisitos para res-
buscando o interesse público e evitar se valer do
ponsabilização da recorrida por danos materiais,
cargo público e do poder incumbido para se pro- tendo em vista a ilegalidade do ato de remoção do
mover ou atender algum interesse individual; autor. (RE 1.027.633 SP, rel, Min. Marco Aurélio, jul-
z Princípio da publicidade: este exige que a atua- gado em 14.08.2019, Dje em 06.12.2019)
ção do poder público seja transparente e com aces-
so à informação a toda população, por exemplo, PLANEJAMENTO, COORDENAÇÃO,
as informações devem ser claras e publicadas no DESCENTRALIZAÇÃO, DELEGAÇÃO DE
Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicida- COMPETÊNCIA E CONTROLE
de (editais) conforme a lei de acesso à informação,
assim os cidadãos podem fiscalizar os atos pratica- O planejamento, coordenação, descentralização,
dos pelos agentes públicos. delegação de competência e controle, são princípios
fundamentais que as atividades da administração
z Princípio da eficiência: como o próprio nome já
federal devem obediência, estão consagrados no texto
demonstra, refere-se à atuação da administração
do Decreto-Lei nº 200/1967, decreto que estabeleceu a
pública com presteza e de maneira mais eficiente
reforma administrativa federal do regime militar.
possível, por exemplo, a presteza do agente públi-
co no atendimento em um hospital, objetivando Art. 6º As atividades da Administração Federal
garantir o atendimento mais rápido possível aos obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:
pacientes, garantindo a estes o acesso ao médico e I - Planejamento.
324 medicamentos de maneira eficiente. II - Coordenação.
III - Descentralização. Sendo que a aplicação dessa possibilidade está con-
IV - Delegação de Competência. dicionada, em qualquer caso, aos ditames do interesse
V - Controle. público e às conveniências da segurança nacional.
Exemplo: as Autarquias Federais que são res-
Planejamento ponsáveis pela fiscalização e regulamentação de ati-
vidades ligadas à telecomunicação, energia elétrica
O planejamento visa a segurança nacional e o
e petróleo. (Ex.: ANATEL, ANEEL, ANP) e Fundações
desenvolvimento econômico-social do Brasil que com-
que são entidades que executam atividades sociais
preenderá a elaboração e atualização do plano geral
(pesquisa/saúde/ensino) sem fins lucrativos (Ex.:
de governo, dos programas gerais, setoriais e regio-
FUNASA, FUNAI etc.);
nais, de duração plurianual, do orçamento-programa
anual e da programação financeira de desembolso.
Delegação de competência
Ainda, conforme consagra o art. 15 do decreto-lei
200/67, a ação administrativa do Poder Executivo obe-
decerá a programas gerais, setoriais e regionais de É um instrumento de descentralização administrati-
duração plurianual, elaborados pelos órgãos de plane- va, com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetivi-
dade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos,
jamento, sob a orientação e a coordenação superiores
pessoas ou problemas a atender (art. 11 Decreto-lei
do Presidente da República.
200/67), ou seja, um órgão administrativo poderá dele-
Como exemplo, podemos citar o plano plurianual
gar parte de sua competência a outros órgãos, ainda que
(PPA) modelo orçamentário de planejamento e gestão
estes não sejam hierarquicamente subordinados.
está previsto no art. 165 da Constituição, em que as
Ainda, o ato de delegação deverá indicar com pre-
leis de iniciativa do poder executivo estabelecerão o
cisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e
plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os
as atribuições objeto de delegação.
orçamentos anuais.
Exemplo: em 1996 por meio da Lei nº 9.277/1996,
O plano plurianual estabelece os programas de
a União delegou aos Estados a administração de rodo-
duração continuada e despesas de capital da adminis-
vias e exploração de trechos de rodovias, ou obras
tração Pública, ou seja, é um planejamento de médio
rodoviárias federais.
prazo que estabelece de forma regionalizada as metas
São indelegáveis atos normativos, decisões em recur-
e diretrizes da administração pública.
sos administrativos e matérias de competência exclusiva.
Ainda, conforme consagra o § 3°, art. 15, a aprova-
ção dos planos e programas gerais, setoriais e regionais
é da competência do Presidente da República, sendo Controle
que, cada ano será elaborado um orçamento-progra-
ma, que pormenorizará a etapa do programa pluria- O controle deve ser feito pela chefia por meio de
nual a ser realizada no exercício seguinte e que servirá auditorias e também pelo sistema de controle interno.
de roteiro à execução coordenada do programa anual. Conforme consagra o art. 13 do mencionado decre-
to, o controle das atividades da Administração Federal
Coordenação deverá ser exercido em todos os níveis e em todos os
órgãos, compreendendo, particularmente, o contro-
A coordenação tem como objetivo a organização da le da execução dos programas e da observância das
administração pública, ou seja, objetiva evitar a dupli- normas que governam a atividade específica do órgão
cidade de atuação pelos órgãos da administração. controlado, o controle, pelos órgãos próprios de cada
Diante disto, as atividades da Administração sistema, da observância das normas gerais que regu-
Federal e, especialmente, a execução dos planos e lam o exercício das atividades auxiliares e o controle
programas de governo, serão objeto de permanente da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos
coordenação (art. 8º Decreto-lei 200/67). bens da União pelos órgãos próprios do sistema de
Bem como, a coordenação será exercida em todos contabilidade e auditoria.
os níveis da administração, com a realização sistemáti- Exemplo: o Tribunal de contas da União que tem
ca de reuniões e com a participação das chefias subor- como função realizar inspeções e auditorias de natu-
dinadas e a instituição e funcionamento de comissões reza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
de coordenação em cada nível administrativo. patrimonial, nas unidades administrativas dos Pode-
Exemplo, O Ministério do Exército administra os res Legislativo, Executivo e Judiciário.
negócios do Exército, o Ministério da Aeronáutica admi- NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
nistra os negócios da Aeronáutica e o Ministério da
Marinha administra os negócios da Marinha de Guerra.

Descentralização NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


A descentralização é a delegação de ativida- CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO
des, mas sem o Estado deixar de fiscalizar, atuando
indiretamente. O termo “administração” vem do latim adminis-
O decreto em estudo prevê que a descentralização trare, que significa direcionar ou gerenciar negó-
deve ser posta em prática em três planos principais cios, pessoas e recursos, tendo sempre como objetivo
(art. 10), quais sejam: alcançar metas específicas. A noção de gestão de negó-
cios está intimamente ligada com o ramo de Direito
a) dentro dos quadros da Administração Federal, distin-
Administrativo.
guindo-se claramente o nível de direção do de execução;
b) da Administração Federal para a das unidades Primeiramente, ressalta-se que na legislação brasi-
federadas, quando estejam devidamente aparelha- leira inexiste uma codificação específica para o Direi-
das e mediante convênio; to Administrativo. Este, por sua vez, é regulamentado
c) da Administração Federal para a órbita privada, por leis infraconstitucionais e esparsas, sendo que
mediante contratos ou concessões. cada cada delas dispões sobre matérias específicas, 325
por exemplo, a Lei nº 8.429/ de 2 de junho de 1992, como a atividade estatal de promover concretamente
que trata da improbidade administrativa; a Lei nº o interesse público. O caráter subjetivo da administra-
8.666/ de 21 de junho de 1993, que institui normas ção é irrelevante, pois o que realmente importa não
sobre licitações e contratos da Administração Pública; é a pessoa, e sim a atividade que tal pessoa executa.
Lei nº 10.520/ de 17 de julho de 2002, que institui o É, por isso, uma acepção mais abrangente, pois qual-
pregão como modalidade de licitação para a aquisição quer pessoa que venha a exercer uma função típica
de bens e serviços comuns etc. Estas leis são apenas da Administração será considerada uma pessoa que
algumas do vasto aparato legislativo que normatiza- integra a mesma.
mo Direito Administrativo.
Isso se deve a própria lógica do sistema federalis- NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO
ta, uma vez que os Estados possuem autonomia para ADMINISTRATIVO
criar as próprias leis. Assim, as normas de Direito
Administrativo podem apresentar-se em vários âmbi- Determinar a natureza jurídica de um ramo do
tos da Federação. Direito significa, de modo geral, estabelecer em qual
O ramo de Direito Administrativo, no Brasil, conta grupo ele pertence. Podemos classificar os ramos de
com um ponto positivo: a doutrina e a jurisprudência Direito brasileiro em dois grandes grupos: os ramos
são bastante amplas e muito bem detalhadas. de Direito Público e os de Direito Privado. Quanto
A doutrina possui divergências quanto ao concei- à natureza jurídica, não há dúvida de que o Direito
to de Direito Administrativo. Enquanto uma corrente Administrativo é ramo de Direito Público. Isso porque
doutrinária define Direito Administrativo tendo como o Direito Administrativo regula as atividades estatais
base a ideia de função administrativa, outros prefe- na gestão de seus negócios, recursos e pessoas. A sim-
rem destacar o objeto desse ramo jurídico, isso é, o ples presença do Poder Público faz com que ele não
Estado, a figura pública composta por seus órgãos e se enquadre no grupo do Direito Privado, que são os
agentes. Há também uma terceira corrente de dou- ramos jurídicos cujas regras disciplinam as atividades
trinadores que ao conceituar Direito Administrativo, dos particulares.
destacam as relações jurídicas estabelecidas entre as
pessoas e os órgãos do Estado. ORIGEM HISTÓRICA DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Embora haja essa diferença de posições na doutri-
na, não há exatamente uma corrente predominante. A origem histórica do Direito Administrativo dá-se
Todos os elementos apontados fazem parte do Direito durante o fim do período conhecido como Absolutis-
Administrativo. Por isso, vamos conceituá-lo, utilizan- mo. Essa era uma época marcada pela concentração
do todos esses aspectos em comum. de todo o poder político nas mãos de uma única pes-
Podemos definir Direito Administrativo como o soa, o Rei ou o Monarca.
conjunto de princípios e regras que regulam o exercí- O Rei, enquanto supostamente o “representante de
cio da função administrativa exercida pelos órgãos e Deus na Terra”, tomava todas as decisões de ordem
agentes estatais, bem como as relações jurídicas entre política, e não podia ser questionado. Ele era intocá-
eles e os demais cidadãos. vel. A Lei era fruto de Sua vontade e era muito difícil
Não devemos confundir Direito Administrativo qualquer pessoa exigir que o Rei fosse controlado pela
com a Ciência da Administração. Apesar da nomen- vontade divina.
clatura ser parecida, são dois campos bastante distin- Dessa forma, o Direito Administrativo não poderia
tos. A administração, como ciência propriamente dita, surgir se não com o fim do Absolutismo e a introdu-
não é ramo jurídico. Consiste no estudo de técnicas e ção de um Estado de Direito. A noção de Estado de
estratégias de controle da gestão governamental. Suas Direito é bastante simples: significa que o governo, o
regras não são independentes, estão subordinadas qual cria as suas próprias Leis, deve a elas estar sub-
às normas de Direito Administrativo. Os concursos metido. A ideia do Estado de Direito é a de atribuir
públicos não costumam exigir que o candidato tenha limitações ao Poder de Império do Estado. Para tanto,
conhecimentos de técnicas administrativas para res- todo Estado de Direito deve conter algumas caracte-
ponder questões de direito administrativo, mas reque- rísticas essenciais:
rem que conheçam a Administração como entidade
governamental, com suas prerrogativas e prestando z Ter uma Constituição: a Constituição é a base de
serviços para a sociedade. todo o ordenamento jurídico do Estado de Direi-
No momento, estamos nos referindo ao Direi- to e sua principal função é a de atribuir direitos,
to Administrativo, que é o ramo jurídico que regula liberdades e garantias para os cidadãos, de modo
as relações entre a Administração Pública e os seus que o Estado se absteria de agir de modo a pre-
cidadãos ou “administrados”. Administração Pública judicar esses direitos. Houve um crescimento das
é uma noção totalmente distinta, podendo ter uma constituições escritas. Outro aspecto importante
acepção subjetiva e orgânica, ou objetiva e material. das constituições é que elas devem ser rígidas, o
Na sua acepção subjetiva, orgânica e formal, a que significa que a sua possibilidade de alteração
Administração Pública confunde-se com a própria deve advir de um processo bastante longo e com-
pessoa de seus agentes, órgãos, e entidades públicas plexo. Óbvio, se a Constituição é a base de todas as
que exercem a função administrativa, o que signifi- outras Leis, então o seu processo de alteração deve
ca que somente algumas pessoas e entes podem ser ser mais difícil do que o processo de alteração de
considerados como Administração Pública. É, por isso, uma lei comum;
uma acepção que tende a restringir sua definição. z Separação dos Poderes: Outro ponto que está
Já na sua acepção objetiva e material da palavra, presente em todo Estado de Direito é que o Poder
podemos definir a administração pública (alguns do Estado não se encontra concentrado em uma
doutrinadores preferem colocar a palavra em letras pessoa/órgão, mas ele está dividido em Funções
326 minúsculas para distinguir melhor suas concepções), ou Poderes distintos. O modelo mais aceito da
Separação dos Poderes, e que é o mais utilizado, No caso do Brasil, nós não adotamos o modelo fran-
é a teoria de Montesquieu, que busca separar o cês de Administração, mas isso não significa que um
Poder Estatal em três vertentes, ou Funções. Uma modelo é melhor ou pior do que outro. A justiça brasi-
função é encarregada de criar as leis que vigoram leira apenas não apresenta um contencioso adminis-
no País (Poder Legislativo), outra função tem o trativo. Não existem órgãos brasileiros especializados
dever de promover a fiel execução das leis, bem em dirimir os conflitos em que a nossa Administração
como de gerir os negócios em que o Estado faz Pública é parte.
parte (Poder Executivo). Por último, há uma ter- O direito administrativo brasileiro possui como
ceira função, encarregada de dirimir os conflitos uma maior fonte de inspiração o direito alemão, pois
e as controvérsias presentes dentro da sociedade em ambos os Países a jurisdição é una, é uma coisa
(Poder Judiciário); só, e apesar do processo administrativo coexistir com
z A legalidade como princípio fundamental: a o processo judicial, somente o último é capaz de pro-
ideia de que todos devem respeitar a vontade da ferir decisões que transitam em julgado. Isso signifi-
Lei está contida na Declaração de Direitos Indi- ca que todas as questões administrativas podem ser
viduais do Homem e do Cidadão. Trata-se de um apreciadas na esfera judicial sempre que o processo
documento de origem francesa muito importante, administrativo não se mostrar suficiente para atender
pois ele confere a todos os indivíduos (e não só ao às demandas da sociedade.
povo francês), uma maior proteção contra os atos Utiliza-se bastante a noção de segurança jurídica
abusivos do Estado. Pelo princípio da legalidade, para impedir que os atos da Administração possam
o Estado só pode agir nos termos da Lei, porque é intervir com os direitos e garantias dos cidadãos. A
esta que lhe dá forma e lhe confere seus Poderes. segurança jurídica, no Brasil, é um princípio de Direi-
to Administrativo, pois as decisões emitidas na esfera
administrativa, ou até mesmo as decisões proferidas
Importante! pelo Poder Judiciário, não podem prejudicar o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido, bem como a
Dissemos que o modelo mais aceito da Separa- matéria que já foi objeto de discussão em outro pro-
ção dos Poderes é o modelo disposto na Teoria cesso (coisa julgada).
de Montesquieu. Todavia, ele não foi o primeiro
a apresentar a ideia de separar o Poder Estatal OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO
em diferentes Funções. Essa é uma noção errô-
nea que pode aparecer em uma questão de pro- A determinação de um objeto de estudo do Direito
va como “pegadinha”. Podemos encontrar outras Administrativo possui grande importância para a sua
metodologias de Separação do Poder presentes conceituação, bem como para estabelecê-lo como um
nas obras de Aristóteles, por exemplo. ramo jurídico autônomo. Em sua obra3, o jurista e pro-
fessor Alexandre Mazza aponta que várias correntes
surgiram na tentativa de criar um conceito próprio de
É nesse contexto, considerando os princípios e as Direito Administrativo, bem como a definição de seu
normas promulgadas nessa época, que servem de objeto. Essas correntes são:
bases do Direito Administrativo. Assim, esse ramo
jurídico vem como um conjunto de normas que regu- z Corrente legalista: o Direito Administrativo seria
lam as relações entre os indivíduos e o Estado. E, por o conjunto de normas administrativas existente
mais que o Estado ainda possua diversas prerrogati- dentro do país. Tal critério é bastante reducionis-
vas quando do exercício de suas funções, é importante ta, porque ele desconsidera a atuação da doutrina,
frisar que o seu poder não é mais absoluto: ele encon- que é muito importante para identificar princípios
tra limites dentro da esfera de liberdade de cada indi- desse ramo jurídico;
víduo, e também dentro da lei, a qual ele concorda em z Corrente do Poder Executivo: é o critério que
respeitar e se submeter a ela. Logo, o fato do Estado identifica o Direito Administrativo como o con-
ter prerrogativas não descaracteriza a sua noção de junto de normas que disciplinam a atuação do
um Estado de Direito. Poder Executivo. Também não é aceito, uma vez
Essa é a origem, de modo geral, do Direito Admi- que ignora o fato de que os órgãos dos Poderes NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
nistrativo. Porém, é evidente que alguns Estados Legislativos e Judiciários também exercem fun-
acabaram desenvolvendo o seu ramo de Direito Admi- ções administrativas (funções atípicas), bem como
nistrativo de uma forma diferente dos demais, para alguns particulares por meio da delegação de com-
melhor se ajustarem às necessidades de seus cidadãos. petências, como é o caso dos concessionários e
Na França, por exemplo, o povo francês tinha uma permissionários;
grande desconfiança de seus Juízes. Isso ocorria por- z Corrente das relações jurídicas: é a corrente que
que, muitos dos cargos públicos, naquela época, eram destaca o Direito Administrativo como a disciplina
herdados de pai para filho. Assim, como uma forma de das relações jurídicas estabelecidas entre a Admi-
tentar “burlar” esse nepotismo do Judiciário, o direito nistração Pública e o particular. Todavia, essa não
francês acabou criando um contencioso administrati- é uma característica única e singular do Direito
vo. Isso significa que, dentro do direito francês, havia Administrativo: outros ramos de Direito Público
órgãos especializados em julgar os casos e controvér- possuem relações semelhantes;
sias envolvendo a Administração Pública. Assim, a z Corrente do serviço público: para esses doutri-
função jurisdicional (que “diz o direito no caso con- nadores, o que evidencia o Direito Administrativo
creto”, na França, era dividida em duas: a jurisdição é o fato dele ter como objeto a disciplina dos ser-
comum e a jurisdição administrativa. viços públicos. Atualmente esse critério também

3 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 8ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2018. 327
é insatisfatório, uma vez que o papel da Admi- z Jurisprudência, o conjunto de diversos julgados
nistração Pública evoluiu de forma que passou a num mesmo sentido;
desempenhar atividades que não podem ser consi- z Costumes jurídicos, tudo que for considerado
deradas como prestação de serviço público; uma conduta que se repete no tempo.
z Corrente teleológica: o Direito Administrativo
deve ser conceituado a partir da ideia de que certas Importante frisar que, das fontes mencionadas,
atividades desempenhadas devem alcançar um fim apenas a Lei é fonte primária do Direito Administra-
administrativo. Muito pouco utilizado, pelo fato de tivo, sendo o único veículo habilitado para criar dire-
que muitas vezes há grande dificuldade em estabe- tamente obrigações de fazer e não fazer. A doutrina, a
lecer qual é, exatamente, a finalidade do Estado; jurisprudência e os costumes jurídicos são considera-
z Corrente negativista: pelo fato de ser uma árdua das fontes secundárias.
tarefa, muitos autores decidem utilizar critério
negativo ao conceituar Direito Administrativo,
definindo que pertence a esse ramo do Direito
todas as questões que não pertencem a nenhum
outro ramo jurídico. Esse critério por exclusão PRINCÍPIOS
é bastante frágil e pobre e, por isso, não é muito
utilizado; NOÇÃO GERAL DE PRINCÍPIO
z Corrente funcional: é o critério predominante
entre os demais doutrinadores administrativos no Os princípios são a base de um ordenamento jurí-
Brasil. Ele define o Direito Administrativo como o dico, anteriores até mesmo à existência das normas,
ramo jurídico que estuda o aspecto legal da função pois influenciam no próprio processo legislativo.
administrativa, independentemente de quem este- Podem constar expressamente ou não, tendo como
ja encarregado de exercê-la (Administração Públi- característica terem enunciados genéricos, para apli-
ca, Poder Legislativo, concessionário etc). cação num máximo possível de situações.
Os princípios possuem alto nível de abstração,
Com base no critério funcional, convém fazer uma outra característica que irá permitir a sua aplicabili-
divisão do objeto do Direito Administrativo. Assim, dade a um grande número de situações.
o objeto imediato do Direito Administrativo são os Também poderão ser utilizados para análise da
princípios e regras que regulam a função adminis- validade de normas constantes do ordenamento jurí-
trativa. Por outro lado, temos como objeto mediato dico, assim como a sua correta interpretação.
do Direito Administrativo a disciplina das atividades, Não há hierarquia na aplicação dos princípios.
agentes, pessoas e órgãos que compõem a Administra- Eles devem ser interpretados de forma harmônica. No
ção Pública, o principal ente que exerce tal função. entanto, isso não impede que um ou outro esteja mais
presente quando da análise de uma situação concre-
FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO ta. Nesse ponto, não falaremos de hierarquia, mas da
mera aplicabilidade do princípio à situação concreta
As fontes do Direito são os elementos que dão ori- trazida à análise.
gem ao próprio direito. O Direito Administrativo tem Vamos enumerar as características dos princípios
algumas peculiaridades em relação a suas fontes que colocadas até então:
são importantes para nossos estudos.
Relembrando que o Direito Administrativo não é z Generalidade;
ramo jurídico codificado. A matéria encontra-se de z Abstração;
um modo muito mais amplo. É possível verificar nor-
z Ausência de hierarquia entre si;
mas administrativas presentes, como exemplos, na
z Interpretação e validação de regras.
Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, que esta-
belece os membros da Administração Pública e seus
Vejamos agora sobre as regras. Elas serão menos
princípios; na Lei nº 8.666/1993, que dispõe sobre nor-
genéricas e abstratas. Ainda que aplicáveis eventual-
mas de licitações e contratos administrativos; na Lei
mente a várias situações correlatas, elas já procuram
nº 8.987/1995, que regulamenta as concessões e per-
missões de serviços públicos para entidades privadas; se aproximar da realidade dos fatos, apresentando
entre outros. comandos mais claros e concretos.
É costume dividir as fontes de Direito Administrati- No Brasil temos alguns critérios que podem ser uti-
vo em fontes primárias e fontes secundárias. As fontes lizados para a solução do conflito entre regras:
primárias são aquelas de caráter principal, capazes de
originar normas jurídicas por si só. Já as fontes secun- z Hierárquico: prevalece a de maior hierarquia. Ex.:
dárias são derivadas das primeiras, por isso possuem CF/88 sobre qualquer norma interna;
caráter acessório. Elas ajudam na compreensão, inter- z Cronológico: prevalecerá a lei mais nova sobre o tema;
pretação e aplicação das fontes de direito primárias. z Especialidade: prevalecerá a lei mais específica
sobre o tema.
São fontes de Direito Administrativo:
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
z Legislação em sentido amplo, seja na Constituição,
seja nas Leis esparsas, nos Princípios, em qualquer O regime jurídico pode ser definido como o con-
veículo normativo. junto de normas que irá orientar uma determinada
z Doutrina, todo o trabalho científico realizado por relação jurídica. Vejamos dois exemplos para que,
um renomado autor, seja uma obra, ou um parecer desde já, seja possível ter em mente que esse conjunto
328 jurídico, com o objetivo de divulgar conhecimento; de normas poderá variar de acordo com a situação.
O primeiro deles seria um desentendimento seu com Veja que a aplicabilidade do caput é bastante am-
seu vizinho em uma eventual construção irregular, que pla: todos os poderes, todas as esferas, administração
extrapola o direito de um e invade o direito do outro. direta e indireta.
Num segundo momento, imagine que você foi fla- Você deve decorar esses princípios, fazendo uso do
grado por uma viatura policial ao avançar um sinal famoso LIMPE, que traz a inicial de cada um dos prin-
vermelho em alta velocidade. cípios constantes do caput.
Veja que, em que pese caber discussões de defesa
de direitos em ambos os exemplos, as normas aplicá- Legalidade
veis aos casos não são as mesmas. No primeiro exem-
plo, há uma clara igualdade, o que não ocorre no O princípio da legalidade tem sua origem no pró-
segundo momento. prio estado de Direito. Vejamos o art. 1º da Constituição.
Para começar a entender o regime jurídico-admi-
nistrativo, ou seja, o regime jurídico ao qual se submete Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
a Administração Pública quando da sua atuação, deve- pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
remos entender dois princípios, chamados pela doutri- do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
na em Direito Administrativo de supra princípios ou crático de Direito e tem como fundamentos:
princípios implícitos da Administração Pública:
Em um Estado de Direito, a vida das pessoas, assim
z Supremacia do interesse público; como também do Estado, será pautada no que cons-
z Indisponibilidade do interesse público. tar da lei. No entanto, a interpretação do princípio da
legalidade terá abordagens diferentes quando olhar-
Com base na supremacia do interesse público serão
mos para o particular ou para o agente público.
criadas prerrogativas para proteger o interesse públi-
Vejamos a legalidade aplicável ao particular, cons-
co diante do interesse particular. Exemplo: presunção
tante do art. 5º da Carta Magna.
de veracidade e legitimidade dos atos administrativos.
Já a indisponibilidade do interesse público irá im-
Art. 5º [...]
por restrições ao uso da coisa pública, também com in-
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
tuito de proteção: inalienabilidade condicionada dos
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
bens públicos.
Importante ressaltar que a Administração Pública
Veja que o mandamento para o particular é permis-
nem sempre estará atuando sob este regime jurídi-
sivo. Ele poderá fazer tudo que não estiver proibido em
co-administrativo, apesar de esta ser a regra. Have-
rá situações em que a Administração Pública estará lei. Será obrigado a algo apenas quando da lei constar.
atuando de igual para igual com o particular, sujeita Essa não é a interpretação do princípio da legalidade
a um regime de direito privado. Portanto, dito isso, para o agente público. Aqui já cabe falar em legalidade
vamos organizar essa parte do raciocínio. administrativa. Ao agente público será permitido tudo
que a lei autorizar ou mandar. Ou seja, a relação é opos-
z Regime jurídico de direito público: conceito restri- ta. Não é um mandamento permissivo, mas restritivo.
to (regime jurídico-administrativo);
z Regime jurídico de direito privado. Impessoalidade

os princípios da supremacia do interesse público e O princípio da impessoalidade, também conhecido


da indisponibilidade do interesse público. A supre- como princípio da finalidade, tem como objetivo maxi-
macia do interesse público impõe uma relação de mizar os resultados da Administração Pública para a
verticalidade do interesse público em relação ao sociedade como um todo. Ele irá impedir, por meio de
interesse particular. No entanto, relação de supe- cada uma de suas facetas, o direcionamento da atuação
rioridade se dará conforme haja previsão legal, não do Estado tanto para o interesse de um particular ou
sendo uma inexistência total de restrições, confor- um grupo específico de particulares, como para o pró-
me colocado pela questão. Resposta: Errado. prio interesse do agente público tomador de decisão.
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO

A partir disso temos algumas leituras possíveis


PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS COM PREVISÃO para o princípio. Uma delas é a aplicação do princípio
CONSTITUCIONAL da impessoalidade por meio da ausência de qualquer
tipo de promoção pessoal do agente público cometen-
Neste tópico, estudaremos os princípios expres- te, buscando apenas o interesse público.
sos na Constituição Federal. É importante que você Outra leitura possível passará pelo tratamento iso-
saiba que há princípios expressos em várias outras nômico dos administrados. A isonomia permite o tra-
normas que não são a CF/88. Conheceremos aqui ape-
tamento diferenciado de acordo com diferenças entre
nas os constantes do caput do art. 37. Vejamos a sua
os administrados. É o que você na reserva de vagas
literalidade.
para idosos, por exemplo.
Portanto, temos dois tipos de isonomia, a saber:
Art. 37 A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá z Isonomia horizontal: pessoas em situações seme-
aos princípios de legalidade, impessoalidade, lhantes devem ser tratadas da mesma forma;
moralidade, publicidade e eficiência e, também, z Isonomia vertical: pessoas em situações diferentes
ao seguinte: podem ter tratamentos distintos. 329
Moralidade XXXIV - são a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas:
A moralidade administrativa estará intimamente b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
ligada ao conceito de certo e errado, honesto e deso- para defesa de direitos e esclarecimento de situa-
nesto, extrapolando a letra fria da lei. No entanto, não ções de interesse pessoal;
para desobedecê-la, mas para complementar com um
conteúdo moral que muitas vezes não consta expres- Eficiência
sa e claramente do texto legal, mas deve ser aplicado
pelo agente público quando da sua atuação. O princípio da eficiência foi introduzido no caput
Importante citar que a moralidade se aplica tanto do art. 37 da CF/88 por meio da Emenda Constitucio-
ao agente público, quanto ao particular que defende nal de 1998, tendo como objetivo, juntamente com a
seu interesse diante da Administração Pública. mudança de outros dispositivos, aumentar a eficiên-
Há na Constituição outro mandamento que expõe cia do Estado brasileiro.
a importância do princípio da moralidade, constante A atuação da Administração Pública dentro desse
do art. 5º. Vejamos. contexto, tentando se aproximar do conceito de admi-
nistração gerencial, deverá buscar a maximização das
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção receitas do Estado, economicidade do gasto público,
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- corte de gastos desnecessários etc.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: PÚBLICA
[...]
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
O princípio implícito ao ordenamento jurídico é
propor ação popular que vise a anular ato lesi-
aquele que não está escrito em norma alguma, mas
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao se pode depreender do conjunto das normas deste
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ordenamento. Em Direito Administrativo, a doutrina
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de nos trará inúmeros princípios. Uns são, naturalmente,
custas judiciais e do ônus da sucumbência; mais citados e importantes. Nos ateremos a eles.

Publicidade Princípio da Autotutela

A importância do princípio da publicidade está na Segundo o princípio da autotutela, a Administra-


própria existência e exercício da democracia. Como ção Pública poderá rever seus atos, podendo revogá-
poderiam os cidadãos fiscalizar a atuação do Estado e -los ou anulá-los conforme o caso.
seus governantes sem saber o que está acontecendo? Esse direito não é irrestrito, encontrando limite no art.
A publicidade trará a transparência necessária para 54 da Lei nº 9.784/99, Processo Administrativo Federal.
que os administrados possam exercer a democracia.
No entanto, devemos saber que tal princípio não Art. 54 O direito da Administração de anular os
tem aplicação absoluta. Há situações em que o sigilo, atos administrativos de que decorram efeitos favo-
a título de exceção, deverá prevalecer. ráveis para os destinatários decai em cinco anos,
É o caso, por exemplo, de operações sigilosas de inves- contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.
tigações de ilícitos ou mesmo inquéritos cuja publicidade
possa ofender a privacidade de uma eventual vítima.
Há, por outro lado, atos que devem ser publicados Os efeitos causados por essa revisão podem variar.
para que gerem efeitos, pois como poderiam ser os Caso seja uma anulação, pois era viciado o ato admi-
particulares cobrados a respeito de determinado ato nistrativo, os efeitos serão, em regra, retroativos.
ou norma do qual não tiveram a devida ciência? No caso de se tratar de revogação, que é quando
Nesse raciocínio, temos três tipos de atos conforme o ato não é viciado, mas se tornou inconveniente, os
a necessidade ou não da sua publicidade. efeitos não serão retroativos.
Por fim, a revisão pode resultar em manutenção
do ato anteriormente praticado, sendo mero exercício
z Atos sigilosos: não podem ser publicados;
z Atos internos: não precisam ser publicados, pois da autotutela e poder hierárquico da estrutura admi-
não causam impacto nos administrados; nistrativa em questão.
z Atos externos: precisam ser publicados para ciên-
cia dos interessados. Princípio da Veracidade e da Legitimidade

Há, ainda, a possibilidade de obtenção de informa- Visto também em atos administrativos, o princípio
ções por parte dos administrados, trazida no art. 5º da veracidade e da legitimidade informam que a atua-
da CF/88. ção da Administração Pública estará conforme a lei e
conforme a verdade dos fatos.
Art. 5º [...] Trata-se de presunções relativas, ou seja, o par-
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos ticular que se julgar prejudicado poderá se insurgir
públicos informações de seu interesse particular, contra os atos da Administração Pública. No entanto,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta- tais presunções têm como consequência a inversão
das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, do ônus da prova, devendo o particular provar que a
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível Administração Pública está errada, seja em processo
330 à segurança da sociedade e do Estado; administrativo ou judicial.
Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade Princípio da Segurança Jurídica

Não há unanimidade na doutrina na forma como O princípio da segurança jurídica tem como obje-
se correlacionam esses dois princípios. No entanto, tivo conferir estabilidade às relações jurídicas. Por
passaremos aqui a leitura que nos parece mais fre- meio dele busca-se proteger:
quente em provas.
Entenderemos a proporcionalidade como um sub- z Direito adquirido;
princípio da razoabilidade. A proporcionalidade é z Coisa julgada;
fácil de ser entendida quando falamos da duração de z Ato jurídico perfeito.
um processo judicial ou administrativo. Aliás, direito
constante do art. 5º da CF/88. Tal princípio do Processo Administrativo Federal, em
que há vedação expressa à aplicação retroativa de nova
Art. 5º [...] interpretação de norma, privilegia a estabilidade das
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, relações e situações jurídicas previamente estabelecidas.
são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. ATOS ADMINISTRATIVOS

Já para entender a proporcionalidade eu vou pedir Para o Direito, os atos são aqueles capazes de moti-
que você imagine um outro cenário. Imagine uma mul- var efeitos jurídicos. Logo, assim como as pessoas na
vida privada, a Administração Pública também prati-
tidão de manifestantes que possuem alguns objetos
ca atos, os quais possuem potencial de produzir efei-
que podem causar danos ou ferimentos, mas sabe-se
tos jurídicos diversos.
que não possuem arma de fogo. Caso haja necessidade
Para Hely Lopes Meirelles, atos administrativos
de conter os manifestantes, seria razoável por parte do são as manifestações de vontade da Administração
policiamento o uso de armamentos não letais. Pública que objetivam adquirir, resguardar, transfe-
No entanto, dentro dessa escolha correta o agente rir, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor
público deverá medir o correto uso desse meio. Não obrigações aos particulares ou a si própria. Isso signi-
poderá usar indiscriminadamente o material, uma fica que a Administração, antes mesmo de iniciar sua
vez que ele é adequado. O uso desproporcional de atuação, deve expedir uma declaração que exprime a
um material adequado àquela situação poderá trazer sua vontade de realizar o referido ato.
problemas aos administrados. Importante frisar o caráter infralegal dos atos
administrativos, pois imprescindível é a submissão da
Princípio da Continuidade do Serviço Público Administração Pública, seus agentes e órgãos à sobe-
rania popular.
Os serviços públicos garantem serviços essenciais
à população, por isso não podem, como regra, serem
interrompidos, mas fornecidos permanentemente. Importante!
Tal importância traz impacto inclusive no direito É imprescindível que o ato administrativo este-
de greve de servidores públicos. ja previsto em lei, sendo que seu conteúdo não
pode ser contrário a ela (contra legem), mas
Art. 37 [...]
deve complementá-la, apresentando, então, uma
VII - o direito de greve será exercido nos termos e
nos limites definidos em lei específica; conformidade (secundum legem).

A Lei nº 8.987/95, que trata de concessão de servi- REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
ços públicos, traz a mitigação da exceção do contrato
não cumprido (exceptio non adimpleti contractus). Um
Os requisitos ou elementos dos atos administrati-
concessionário que tenha perante si uma Administra-
ção Pública inadimplente, só poderá romper o contra- vos são assuntos com imensa divergência doutrinária.
to depois da apreciação da Justiça, diferentemente do A maioria dos concursos públicos ainda adota a con-
que permite a lei entre particulares. cepção mais clássica dos requisitos dos atos adminis-
trativos e, por isso, daremos maior destaque a ela. NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
De modo geral, a corrente clássica, defendida por
Dica
autores, como Hely Lopes Meirelles, tende a dispor
Exceptio non adimpleti contractus: princípio cinco requisitos dos atos administrativos para a sua
decorrente do estudo de contratos em Direito formação, utilizando, como inspiração, o preceito legal
Civil que permite a uma parte contratante não disposto no art. 2º da Lei nº 4.717/1965. São eles:
cumprir seu contrato diante da inadimplência do
outro contratante. a) competência;
b) objeto;
Segundo o mesmo diploma normativo, teremos c) forma;
duas situações em que não restará caracterizada a d) motivo;
descontinuidade dos serviços: e) finalidade.

z Interrupções ocasionadas por situações de Competência


emergência;
z Interrupções após aviso prévio por razões técnicas Competência diz respeito à capacidade do agente
ou segurança das instalações; público para o exercício dos atos administrativos. É
z Interrupção após aviso prévio por inadimplemen- requisito de validade, haja vista que, no Direito Admi-
to do usuário. nistrativo, a lei é quem estabelece as competências 331
atribuídas a seus agentes para o desempenho de suas Motivo
funções. Quando o agente atua fora dos limites da lei,
diz-se que cometeu ato nulo por excesso de poder. É, O motivo é a circunstância de fato ou de direito que
por isso, sempre um ato vinculado. determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situa-
A competência possui certas características pró- ção fática que justifica a realização do ato. Situação
de fato é o conjunto de circunstâncias que motivam
prias, a saber: obrigatória, intransferível, irrenun-
a realização do ato; questões de direito é a previsão
ciável, imodificável, imprescritível e improrrogável.
legal que leva à realização do ato.
Veremos de modo mais específico cada uma delas a
O motivo pode ser tanto requisito vinculado como
seguir:
discricionário, dependendo do comando legal impos-
z Obrigatória, porque representa um dever do agen- to aos agentes. Assim, o motivo será vinculado quando
a lei expressamente obrigar o agente a agir de um cer-
te público;
to modo, como na hipótese de lançamento tributário
z Intransferível significa que, de modo geral, a com-
(o fiscal da Receita não tem direito de escolha, se deve
petência é um quesito personalíssimo, não pode
ou não fazer o lançamento).
ser transferido para terceiros; Situação diversa é a do pedido de demissão de ser-
z Irrenunciável, porque o agente público não pode vidor público no caso de incontinência pública (inciso
abrir mão de sua competência; V, do art. 132, da Lei nº 8.112/1990), hipótese em que
z Imodificável significa que a competência, uma vez a autoridade competente tem maior liberdade para
estabelecida, não pode sofrer alterações posteriores. avaliar se a demissão é realmente ato necessário ou
z Imprescritível, porque a competência perdura ao não, dependendo do caso concreto.
longo do tempo, ela não caduca; Não se confunde motivo com motivação, essa é
z Improrrogável significa dizer que se é competente a justificativa para a realização de determinado ato.
hoje, continuará sendo sempre, exceto por previ- O motivo ocorre em momento anterior à prática do
são legal expressa em sentido contrário. ato, enquanto que a motivação, por ser uma série de
explicações que justificam a expedição do ato, ocorre
No entanto, essas características não vedam a pos- sempre em momento posterior. Assim, todo o ato tem
sibilidade de delegação, quando prevista em lei. Por seu motivo (Teoria dos Motivos Determinantes), mas
isso, pode-se dizer também que a delegabilidade é nem sempre é expedido adjunto com a motivação,
outra característica da competência. Porém, atente-se que nada mais é do que a exteriorização dos motivos.
ao disposto no art. 13 da Lei nº 9.784/1999:
Finalidade
Art. 13 Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo; Finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática
II - a decisão de recursos administrativos; daquele ato administrativo. Em muitos casos, o obje-
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou tivo almejado é a proteção do interesse público. Sem-
autoridade. Alguns atos, então, não podem ser delega- pre que o ato for praticado, tendo em vista o interesse
dos a outras autoridades, principalmente se tais atos alheio, será nulo por desvio de finalidade.
são de competência exclusiva do agente público. Por exemplo: o trancamento de um estabelecimen-
to, após constatação de falta de cuidados higiênicos
Objeto
com os alimentos, visa a proteção da vida e da saúde
Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que dos cidadãos que frequentam aquele local. Pode-se
pretende ser almejado pela prática do ato administra- afirmar, de modo geral, que a finalidade de um ato
administrativo sempre será a proteção dos direitos e
tivo. Todo ato administrativo tem por objeto a cria-
garantias fundamentais da pessoa humana.
ção, modificação, ou comprovação de situações
Além dessa concepção clássica, há também uma
jurídicas concernentes a pessoas, bens, ou atividades
classificação mais moderna dos requisitos dos atos
sujeitas ao exercício do Poder Público. É por meio dele administrativos, elaborada por autores como Celso
que a Administração exerce seu poder, concede um Antônio Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada
benefício, aplica uma sanção, declara sua vontade, em concursos públicos, observaremos apenas os pon-
estabelece um direito do administrado etc. tos essenciais e didáticos da referida classificação.
O objeto pode não estar previsto expressamente Para essa concepção moderna, são requisitos dos
na legislação, cabendo ao agente competente a opção atos administrativos: a) sujeito; b) motivo; c) requisitos
que seja mais oportuna e conveniente ao interesse procedimentais; d) finalidade; e) causa e f) formalização.
público. A definição de objeto do ato administrativo Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os
trata-se, por isso, de ato discricionário. requisitos vinculados, enquanto que o motivo, a fina-
lidade e a formalização são requisitos discricionários.
Forma
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
A forma é o modo por meio do qual se exterioriza
o ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito Atributos são as características dos atos adminis-
à forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de trativos, que os distinguem dos demais atos jurídicos,
ato vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário pois estão submetidos ao regime jurídico administrativo.
quando a sua escolha couber ao próprio agente público. Essas características traduzem em prerrogativas concedi-
Em regra, os atos administrativos são sempre exte- das à Administração Pública para que ela possa atender
riorizados por escrito, mas podem também ser orais, de maneira adequada as necessidades da população.
gestuais, ou até mesmo expedidos por máquinas. O A doutrina moderna faz referência a cinco atri-
art. 22 da Lei nº 9.784/1999 determina que “os atos do butos distintos: a) presunção de legitimidade e vera-
processo administrativo não dependem de forma deter- cidade; b) imperatividade; c) exigibilidade; d) auto
332 minada senão quando a lei expressamente a exigir”. executoriedade; e) tipicidade.
Veremos cada um desses atributos de modo mais ato, apenas pune o infrator. Para tanto, necessita da
específico a seguir: presença de dois requisitos: a previsão legal, como nos
casos de Poder de Polícia; e o caráter de urgência, a fim
Presunção de legitimidade e veracidade de preservar o interesse coletivo.
Assim, não há necessidade de intervenção judicial
Também pode ser denominado presunção de nas hipóteses de: apreensão de mercadorias contraban-
legalidade. Significa que todo ato administrativo deadas, na demolição de construção irregular, na inter-
é considerado válido no âmbito jurídico até surgir dição de estabelecimento comercial irregular, entre
prova em contrário. Se, pelo princípio da legalidade, outros. Todavia, afirmar que a execução independe de
ao Administrador só cabe fazer o que a lei permite, manifestação do Judiciário não significa dizer que esca-
então, presume-se que o fez respeitando a lei. pa do controle judicial. Poderá ser levado ao crivo, mas
Nosso Direito admite duas formas de presunção: somente a posteriori, depois de seu cumprimento, se
houver provocação da parte interessada. As medidas
z Presunção juris et de jure que significa “de direito e judiciais mais adequadas para contestar a força coer-
por direito”, é presunção absoluta, que não admite citiva administrativa são o mandado de segurança e o
prova em contrário; habeas data (incisos LXIX e LXVIII, do art. 5º, da CF/1988).
z Presunção juris tantum, resultante do próprio Importante ressaltar ainda que os princípios da
direito e, embora por ele estabelecida como verda- razoabilidade e proporcionalidade impõem limites na
deira, admite prova em contrário. atuação coercitiva dos agentes públicos. A autoexecuto-
riedade (leia-se o uso de força física) deve ser utilizada
A presunção dos atos administrativos é juris tan- com bom senso e moderação.
tum. Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao
Tipicidade
particular que alegou a ilegalidade do ato administra-
tivo provar a carência de legitimidade do mesmo. A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar
A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles as finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada
praticados pela Administração com base no direito priva- espécie de ato administrativo. Dependendo da finalida-
do. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Administra- de que o Poder Público almeja, existe um ato definido
ção Pública, será presumidamente legítimo e verdadeiro. em lei. A lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e
suas consequências, promovendo ao particular a garan-
Imperatividade tia de que a Administração Pública não fará uso de atos
inominados, sem tipificação, que impõe obrigações cuja
Compreendida também como coercibilidade, os previsão legal não existe. É um atributo que deriva do
atos administrativos se impõem aos destinatários, inde- próprio princípio da legalidade.
pendentemente de sua concordância, outorgando-lhes
deveres e obrigações. A imperatividade garante ao Dica
Poder Público a capacidade de produzir atos que geram
consequências perante terceiros. O Estado somente con- A tipicidade é uma característica marcante da
segue alcançar seus objetivos de forma eficiente se ele expropriação de bens particulares pelo Poder
se encontrar em posição superior aos seus governados. Público. É o caso de desapropriação administrati-
A justificativa da criação unilateral, ainda que contra va, hipótese em que o Poder Público tem a prerro-
a vontade dos administrados, dos atos administrativos gativa de tirar da esfera de alguma pessoa física
é o Poder coercitivo do Estado, também denominado a titularidade sobre bem imóvel, transformando-o
Poder Extroverso ou Poder de Império. Esse não é um em bem público. Para tanto, deve realizar um pro-
atributo comum a todos os atos, mas tão somente aos cedimento envolvendo aspectos mais complexos,
que impõem obrigações aos administrados. Assim, não como a declaração de utilidade ou necessidade
têm essa característica os atos que outorgam direitos
pública (art. 5º, XXIV, da CF/1998), bem como a
(autorização, permissão, licença), bem como aqueles
necessidade de prévia indenização ao particular
meramente administrativos (certidão, parecer).
que teve seu bem expropriado, em pecúnia (§ 3º,
do art. 182, da CF/1988).
Exigibilidade NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Consiste no atributo que permite à Administração
Pública aplicar sanções aos particulares por violação da
Atos administrativos existem dos mais variados tipos.
ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao pro-
Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los,
cesso judicial, que é demasiado longo e repleto de soleni-
formando-se uma verdadeira classificação desses atos.
dades. A exigibilidade permite ao Administrador aplicar
Portanto, passemos a analisar as diversas modalidades de
as sanções administrativas, como multas, advertências e
atos administrativos, observando os seguintes critérios:
interdição de estabelecimentos comerciais.

Autoexecutoriedade Quanto ao Grau de Liberdade

A autoexecutoriedade permite que a Administra- z Atos vinculados: são aqueles praticados pela
ção Pública possa realizar a execução material de seus Administração Pública sem nenhuma liberdade
atos. A expressão “auto” advém do fato de que o Poder de atuação. A lei define todas as margens de sua
Público não necessita de autorização judicial para des- conduta. Havendo vício no ato vinculado, pode-se
constituir a situação irregular e violadora da ordem pleitear a sua anulação, pois trata-se de vício de
jurídica, o que a difere da exigibilidade, que não tem o legalidade. É o caso, por exemplo, da concessão de
condão de, por si só, desconstituir a irregularidade do aposentadoria para o contribuinte beneficiário; 333
z Atos discricionários: a lei também estabelece Quanto aos Efeitos
uma série de regras para a prática de um ato, mas
deixa certo grau de liberdade ao agente público, z Atos constitutivos: são aqueles que geram uma
que poderá optar por um entre vários caminhos nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser
igualmente válidos. Há uma avaliação subjetiva pela outorga de um novo direito, como permissão de
prévia à edição do ato. É o caso das permissões uso de bem público, ou a imposição de uma obriga-
para o uso de bem público. No caso de o ato dis- ção, como estabelecer um período de suspensão;
cricionário não ser mais conveniente e oportuno
para a Administração Pública, a solução mais cor- z Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma
reta para sua extinção é a revogação; situação já existente, seja de fato ou de direito. Não
cria, transfere ou extingue situação jurídica, ape-
Quanto à Formação de Vontade nas a reconhece. É o caso da expedição de uma cer-
tidão de tempo de serviço;
z Atos simples: são aqueles que nascem da manifes-
tação de vontade de apenas um órgão, seja ele uni- z Atos modificativos: são os que tem capacidade de
pessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado alterar a situação já existente, sem que seja extin-
(composto por várias pessoas). O ato que altera ta. Todavia, não tem o condão de criar direitos e
o horário de atendimento da repartição pública, obrigações. Exemplo: a alteração do horário de
emitido por uma única pessoa, bem como a deci- atendimento da repartição;
são administrativa do Conselho de Contribuintes
do Ministério da Fazenda, que expressa vontade z Atos extintivos: também denominados atos des-
única apesar de ser órgão colegiado, são exemplos constitutivos, são aqueles que põem termo a um
de atos simples; direito ou dever pré-existentes. Exemplo: a demis-
são de servidor público.
z Atos complexos: são aqueles que se formam pela
união de várias vontades, isso é, que necessitam da Quanto ao Objeto
manifestação de vontade de dois ou mais órgãos
diferentes para a sua formação. Enquanto todos os z Atos de império: são aqueles praticados pela
órgãos competentes não se manifestarem da for- Administração em posição de superioridade
ma devida, o ato não estará perfeito; perante os particulares, como na imposição de
multa por infração administrativa;
z Atos compostos: é aquele que advém de mani- z Atos de gestão: são expedidos pela Administração,
festação de apenas um órgão. Porém, para que em posição de igualdade em relação aos administra-
produza efeitos, depende da aprovação, visto, dos. É o caso da alienação de bem público;
ou anuência de outro ato, que o homologa, como z Atos de expediente: são atos internos, elaborados
condição para a executoriedade daquele ato. Cos- por autoridade subalterna, que não tem capacida-
tuma-se afirmar que o ato posterior é acessório de decisória. Exemplo: numeração dos autos no
do anterior, pois a manifestação do segundo ato processo judicial.
não possui a mesma matéria do primeiro: ele ape-
nas complementa a aplicação deste. Exemplo: a
Quanto à Exequibilidade
nomeação de servidor público, que deve sempre
anteceder a sua aprovação em concurso público. z Atos perfeitos ou imperfeitos: a perfeição diz
respeito aos atos que completaram seu processo de
Quanto aos Destinatários formação, isso é, que já apresentam todos os cinco
elementos do ato administrativo (agente, forma,
z Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter finalidade, objeto e motivo). Por outro lado, atos
abstrato e impessoal. Seus destinatários são mui- imperfeitos são os que ainda não completaram seu
tos, mas unidos por características em comum, que processo de formação, seja porque carecem de um
os faz destinatários do mesmo ato. Para produzi- dos cinco elementos, seja porque recai uma condição
rem seus efeitos, já que externos, devem ser publi- suspensiva que impede que o ato se torne perfeito;
cados na imprensa oficial. Exemplos: os editais de
concurso público, as instruções normativas; z Atos válidos ou inválidos: a validade não é sinô-
nimo de perfeição, uma vez que possui relação
z Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo com o ordenamento jurídico, e não com os elemen-
definido de destinatários. É o caso, por exemplo, tos constitutivos. Todo ato administrativo válido
de alteração de horário de funcionamento de uma deve ter uma norma jurídica como fundamento,
repartição pública. Tal ato, evidentemente, somen- caso contrário, é considerado um ato ilícito (inváli-
te é do interesse daqueles funcionários. A publici- do), podendo ser anulado;
dade é atendida apenas com a comunicação dos
interessados, visto que é um ato interno da Admi- z Atos eficazes ou ineficazes: o critério analisado
nistração Pública; aqui é a eficácia dos atos administrativos. Ato efi-
caz é aquele que já está produzindo efeitos concre-
z Atos individuais: são aqueles destinados a ape- tos. São considerados eficazes porque sobre eles não
nas um único destinatário. Exemplo: a promoção recai nenhum prazo ou condição suspensiva. Já os
de um determinado servidor público. A exigência atos ineficazes são aqueles que não podem produ-
da publicidade depende somente da comunicação zir seus efeitos, seja por motivos de perfeição, seja
do interessado, não há necessidade de publicação pela ausência de um outro ato administrativo que
334 pelo Diário Oficial. o homologue. É o caso, por exemplo, da investidura
de candidato em um cargo público. Tal ato por si INVALIDAÇÃO E EXTINÇÃO DOS ATOS
só é ineficaz, se o candidato não tiver, além de ser ADMINISTRATIVOS
aprovado em concurso público, realizado outro ato
Os atos administrativos possuem um ciclo de
que é a assinatura do termo de posse.
vida. Eles são criados, começam a produzir efeitos e,
Alguns autores, como, Celso Antônio Bandeira depois de um tempo, desaparecem. Vamos analisar
de Mello salientam que há uma mescla dessa última com mais detalhes justamente o desaparecimento
dos atos administrativos, embora seja preferível uti-
classificação, o que significa que o ato administrativo
lizar o termo “extinção” (ou “invalidação”) dos atos
pode se encontrar de diversas formas, tais como: a)
administrativos.
perfeito, válido e eficaz; b) perfeito, válido e ineficaz;
Para melhor compreensão do tema, a doutrina
c) perfeito, inválido e ineficaz; ou ainda d) imperfeito,
utiliza-se de uma sistematização das formas de extin-
inválido e ineficaz.
ção dos atos administrativos. A principal divisão que
Os critérios apresentados não são exaustivos: há deve ser feita é em relação à produção de efeitos: exis-
outras formas de classificação dos atos administrati- tem atos administrativos eficazes e atos ineficazes.
vos adotadas por diversos autores. Escolhemos apre- Quando ineficaz, o ato pode ser extinto pela retirada,
sentar aqueles que têm mais chances de aparecer em ou pela sua recusa pelo beneficiário. Tratando-se de
uma questão de prova. atos eficazes, há quatro formas de extinção dos atos
administrativos:
ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS
z Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efei-
Os atos administrativos tipificados pela legislação
tos: é a extinção que ocorre pelo cumprimento
brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado,
integral dos efeitos do ato administrativo. É a
para fins didáticos, uma sistematização dos atos admi- extinção natural esperada por todo ato adminis-
nistrativos. A doutrina divide os atos administrativos trativo. Pode ocorrer mediante:
previstos da legislação em cinco espécies distintas:
„ esgotamento do conteúdo, como a vacina-
z Atos normativos: são aqueles que apresentam ção de enfermos após expedição de ordem de
comandos gerais e abstratos para o cumprimento entrega das vacinas;
da lei. Alguns autores, inclusive, chegam a consi- „ execução da ordem, como o guinchamento de
derar tais atos “leis em sentido material”. São atos veículo;
normativos: os decretos e regulamentos; as instru- „ implemento de condição resolutiva ou termo
ções normativas; os regimentos; as resoluções; e as final, como o prazo final para renovação da CNH;
deliberações;
z Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da
z Atos ordinatórios: correspondem a manifesta- pessoa ou objeto: os atos administrativos podem
ções internas da Administração Pública decorren- tratar das pessoas ou coisas. Desaparecendo um
tes do poder hierárquico, estabelecendo regras de desses elementos, o ato extingue-se automatica-
funcionamento de seus órgãos internos e regras mente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas
de conduta de seus agentes. Tais atos não podem “desaparecem” com seu falecimento, como a mor-
disciplinar as condutas dos particulares. São atos te de servidor público que receberia promoção; e
ordinatórios: as instruções; as circulares; os avi- as coisas com a sua ruína ou destruição, como o
sos; as portarias; os ofícios; as ordens de serviço; desabamento de prédio que recebeu licença para
os despachos; entre outros; a sua reforma.

z Atos negociais: são aqueles que manifestam a z Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio
vontade da Administração em consonância com beneficiário abre mão da situação proporcionada
o interesse dos particulares. Exemplos: a licença, pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de
a autorização, a permissão, a concessão, a apro- cargo público a pedido do seu ocupante;
vação, a homologação, a renúncia, etc. Os atos
z Retirada do ato: é a forma mais importante de
negociais podem ser vinculados (licença) ou discri-
extinção dos atos administrativos, para os concursos NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
cionários (autorização), definitivos ou precários,
públicos. É a extinção que se dá pela expedição de um
sendo passíveis de revogação pelo Poder Público segundo ato, elaborado para extinguir ato adminis-
a qualquer tempo. A característica especial desses trativo anterior a ele. Comporta cinco modalidades,
atos é que eles não disciplinam direitos, e sim inte- que serão vistas com maiores detalhes: revogação,
resses dos particulares; anulação, cassação, caducidade e contraposição.
z Atos enunciativos: também denominados “atos Revogação
de pronúncia”, são aqueles que certificam, ou ates-
tam a existência de uma situação jurídica peculiar. Revogação é a extinção de ato administrativo que
Tais atos possuem caráter predominantemente se encontra perfeito e apto a produzir seus efeitos,
declaratório. São atos enunciativos: as certidões; praticado pela própria Administração Pública. Essa
os atestados; os pareceres etc; remoção é fundada em razões de conveniência e opor-
tunidade, sempre almejando a proteção do interesse
z Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são público. Nessa hipótese, ocorre uma causa superve-
os atos que aplicam sanções aos particulares, ou niente, que altera o juízo de conveniência e oportu-
aos servidores que pratiquem condutas irregula- nidade sobre a permanência de ato discricionário,
res, nos termos da lei. São atos punitivos: as mul- obrigando a Administração a expedir um segundo ato
tas, as interdições; e a destruição de coisas. capaz de revogar esse ato anterior. 335
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da tunc. Em regra, não gera ao particular direito à inde-
Lei nº 9.784/1999: nização pela anulação de ato ilegal, salvo se compro-
var ter sofrido dano anormal para ocorrência, do qual
Art. 53 A Administração deve anular seus próprios não tenha participado.
atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivo de conveniência ou oportuni- Cassação
dade, respeitados os direitos adquiridos.

Sobre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF: São hipóteses em que o administrado deixa de
preencher condição necessária para a permanência
Súmula nº 473 A administração pode anular seus da referida vantagem. Exemplo: habilitação da CNH
próprios atos, quando eivados de vícios que os tor- cassada por ser pessoa enferma.
nam ilegais, porque deles não se originam direitos;
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou opor- Caducidade
tunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
salvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Também denominada decaimento, consiste na
modalidade de extinção de ato administrativo em con-
Por se tratar de questão de mérito, a revogação
sequência de norma jurídica superveniente, a qual
somente pode ser decretada pela própria Administra-
impede a permanência da situação anteriormente
ção Pública. É, também, decorrência do princípio da consentida. Como não pode produzir efeitos automati-
autotutela: a Administração Pública tem competência camente, é necessária a prática de um ato secundário,
para anular e revogar seus atos, sendo descabida a determinando a extinção do ato decaído. Exemplo:
manifestação do Poder Judiciário nos atos adminis- perda do direito de comercializar em área que passa a
trativos discricionários. A revogação é elaborada pela ser considerada exclusivamente residencial.
mesma autoridade que praticou o ato principal.
O ato revocatório é sempre secundário, consti- Contraposição
tutivo e discricionário. Seu objeto será sempre o ato
administrativo ou a relação jurídica anterior perfei- É o modo de extinção que ocorre com a expedição
ta e eficaz, destituído de qualquer vício. A revogação de um segundo ato, fundado em competência diversa,
atinge somente os atos discricionários: para os atos cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma
vinculados, a medida cabível é a anulação. espécie de revogação praticada por autoridade distinta
Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não da que expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um
pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso funcionário anteriormente exonerado de seu cargo.
significa que a revogação produz efeitos futuros, não
retroativos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particu- CONVALIDAÇÃO, PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DO
lar, que se sentiu prejudicado com a referida medida, ATO ADMINISTRATIVO
ingressar em juízo com pedido de indenização contra
a Administração. Apesar de termos visto diversas formas de extin-
ção dos atos administrativos, isso não significa que
Anulação qualquer vício é capaz de retirar tal ato do seu campo
de atuação. Existe a possibilidade desses atos serem
É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois corrigidos, terem seus vícios sanados, para que vol-
carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi- tem a surtir seus efeitos benéficos em toda a socieda-
nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário. A de. Essa é a hipótese da convalidação (ratificação) dos
anulação deriva do próprio princípio da legalidade e auto- atos administrativos.
tutela. Também possui fundamento no art. 53 da Lei nº A convalidação está prevista no art. 55 da Lei nº
9.784/1999, bem como na Súmula nº 473, do STF. 9.784/1999, que assim expõe:
A anulação realizada pela própria Administra-
ção ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Art. 55 Em decisão que esteja evidente que não
Suas características principais são: é ato secundá- acarretare lesão ao interesse público nem prejuí-
rio, constitutivo e vinculado. Tanto a Administração zo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos
como o Poder Judiciário podem decretar a anulação sanáveis poderão ser convalidados pela própria
de ato administrativo. Outra característica importan- Administração.
te é o prazo definido pelo caput do art. 54 da Lei nº
9.784/1999: Assim, todo ato que contém algum vício, estando
apto a produzir efeitos, e desde que esse vício não
O direito da Administração de anular os atos admi- seja insanável, podem ser convalidados. Somente os
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para elementos da forma e da competência podem sofrer
os destinatários decai em cinco anos, contados da convalidação.
data em que foram praticados, salvo comprovada Mas a Administração não pode extinguir seus pró-
má-fé”. O prazo decadencial de cinco anos é atribu- prios atos a qualquer tempo, pois existe um prazo
to exclusivo da anulação. para tanto, o qual denomina-se prescrição (no sen-
tido de decadência) administrativa. Essa nomencla-
Por fim, em relação a seus efeitos, é importante fri- tura pode ser um pouco confusa, pois, na verdade, a
sar que o ato nulo (aquele que carece de legalidade) prescrição e a decadência tratam de duas coisas dis-
tem o seu defeito constatado desde a sua concepção. tintas. O correto seria dizer que há um prazo deca-
Por isso, a anulação deve desconstituir os efeitos des- dencial para a Administração exercer o seu direito de
de a data da prática daquele ato. Podemos afirmar, revisar os seus próprios atos. Ocorre que, para exer-
336 então, que a anulação possui efeito retroativo, ou ex cer esse direito, deve a mesma ingressar com uma
ação no Judiciário e, sobre essa ação, recai um prazo e ministérios. Administração Pública Indireta são as
prescricional. Assim, a prescrição atinge somente o pessoas jurídicas autônomas, que podem ser direito
direito de exercício da ação cabível, enquanto que público ou de direito privado. São, de modo geral, as
a decadência atinge o direito em si. Em suma, não autarquias, as fundações, as empresas públicas e as
é porque ocorreu a decadência do direito da Adminis- sociedades de economia mista.
tração de anular o próprio ato que ela mesma criou, Apesar de ser parte da legislação federal, o Código
que esse ato não possa ser anulado pelo Poder Judiciá- de Ética é cobrado em concursos públicos para cargos
rio, dentro do processo judicial. em órgãos estaduais e municipais, pois ele serve como
A decadência existe para proteger os vínculos e parâmetro para todos os servidores em geral.
relações jurídicas travados entre a Administração
Pública e os particulares, garantindo maior segurança Das regras deontológicas
jurídica, impedindo que o particular seja surpreendi-
do por uma situação que ficou no passado. A sessão das regras deontológicas é a parte mais
E qual é esse prazo da decadência administrativa? importante do Código de Ética dos servidores públi-
Segundo o caput do art. 54 da Lei nº 9.784/1999, cos, pois é a parte que mais costuma cair em questões
de prova.
Art. 54 O direito da Administração de anular os Costuma-se definir deontologia como o conjunto
atos administrativos de que decorram efeitos favo- de princípios e regras de conduta ou deveres de uma
ráveis para os destinatários decai em cinco anos, determinada profissão. Significa que cada profissio-
contados da data em que foram praticados, salvo nal deve ter a sua deontologia própria para regular o
comprovada má-fé.
exercício da profissão, de acordo com o código de ética
de sua categoria. Assim, as regras deontológicas são as
Sobre o prazo da prescrição do processo adminis- regras de conduta que todo servidor público deve ter,
trativo, não há um dispositivo legal que trata sobre o no exercício de suas atribuições.
tema. Porém, é entendimento preponderante da juris- São ao todo treze regras deontológicas, e, por sua
prudência que ocorre a prescrição quando o processo importância, é necessário vê-las e fazer alguns comen-
administrativo fica paralisado por mais de 3 (três) anos. tários, uma a uma.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a cons-
ciência dos princípios morais são primados maiores
Ética no Serviço Público é uma matéria que possui que devem nortear o servidor público, seja no exercí-
duas partes: uma mais teórica e outra mais jurídica. cio do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o
A parte teórica não será o enfoque de nossos estu- exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus
dos, pois ela não foi expressamente cobrada nos edi- atos, comportamentos e atitudes serão direcionados
tais do referido concurso. O estudo da origem da ética, para a preservação da honra e da tradição dos ser-
da moral, seus aspectos filosóficos, esses pontos não viços públicos.
são importantes no presente momento.
Dignidade e decoro possuem definições muito simila-
Vamos nos aprofundar mais na parte jurídica da
res. Significa agir com respeito as instituições. É se com-
matéria. De início, cumpre apontar alguns pontos
portar de acordo com a função que o profissional ocupa.
importantes do Código de Ética Profissional do Ser-
Zelo é a dedicação do servidor ao serviço.
vidor Público Federal, disposto na parte anexa do
Eficácia é a capacidade que o servidor tem de resol-
Decreto nº 1.171/1994.
ver os problemas concernentes ao seu serviço, gerando
resultados positivos.
DECRETO Nº 1.171/ 1994 – CÓDIGO DE ÉTICA
Consciência dos princípios morais é ter conheci-
PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO
mento da ordem moral, da ética, do respeito mútuo etc.
PODER EXECUTIVO FEDERAL
Ao dizer que a dignidade, decoro, zelo, eficácia e
consciência dos princípios morais são primados maio-
Noções gerais
res, significa que tais características devem servir de
base para a atuação do servidor, tanto no exercício do
Como já mencionamos, o Decreto nº 1.171, de 22 de
serviço público quanto fora dele. É por isso que a parte
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
junho de 1994, é o instrumento normativo que apro-
final da regra diz: Seus atos, comportamentos e atitu-
va o Código de Ética Profissional do Servidor Público
des serão direcionados para a preservação da honra e
Civil do Poder Executivo Federal.
da tradição dos serviços públicos.
Preliminarmente, é importante destacar a quem
se aplica o referido Código de Ética. Nesse sentido, o II - O servidor público não poderá jamais desprezar
artigo 2º disciplina que o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
Pública Federal direta e indireta implementa- e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto
rão, em sessenta dias, as providências necessá- e o desonesto, consoante as regras contidas no art.
rias à plena vigência do Código de Ética, inclusive 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
mediante a Constituição da respectiva Comissão de
Ética, integrada por três servidores ou empregados Um exemplo de hipótese em que o servidor despre-
titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. za o elemento ético de sua conduta é aquela em que
o servidor age com base no pensamento “se a lei não
Para relembrar: Administração Pública Direta é a me proíbe, então eu posso fazer isso”. O servidor pre-
União, os Estados, Municípios, o Distrito Federal, e os cisa conhecer as necessidades do seu serviço, sobretu-
seus respectivos órgãos, secretarias, departamentos do aquelas de natureza ética, ele não pode apenas se 337
submeter à vontade da lei (se apegar demais ao princí- termos da lei, a publicidade de qualquer ato admi-
pio da legalidade). Deve decidir principalmente entre o nistrativo constitui requisito de eficácia e moralida-
honesto e o desonesto. de, ensejando sua omissão comprometimento ético
contra o bem comum, imputável a quem a negar.
III - A moralidade da Administração Pública não
se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo A publicidade é um fator de legalidade. Para que o
ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem ato possa ser considerado eficaz, ele deve ser público,
comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalida- de conhecimento de todos. Além disso, ainda que tais
de, na conduta do servidor público, é que poderá informações não tenham sido abertas para o público,
consolidar a moralidade do ato administrativo. ela deve ser concedida para todos aqueles que a soli-
citarem. Esse é o mandamento geral da Lei de Acesso
A moralidade está prevista no caput do artigo 37 da à Informação (Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
CF/1988, como um princípio norteador da Administra- 2011). A publicidade está intimamente ligada à noção
ção Pública. É nessa regra deontológica que vemos o con- de transparência, pois um ato público é muito mais
teúdo, o significado dessa moralidade administrativa. fácil de sofrer controle fiscalizatório por parte da
Com a Constituição Federal de 1988, a moralidade população do que um ato sigiloso.
foi elevada para o mesmo padrão da legalidade. Assim,
um ato administrativo pode ser considerado ilícito, VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor
mesmo sendo legal, pelo simples fato de ser ato imoral. não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária
A moralidade é consolidada quando há equilíbrio entre aos interesses da própria pessoa interessada ou
a legalidade e a finalidade do ato administrativo. da Administração Pública. Nenhum Estado pode
crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo
IV - A remuneração do servidor público é custeada do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que
pelos tributos pagos direta ou indiretamente por sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana
todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como quanto mais a de uma Nação.
contrapartida, que a moralidade administrativa se
integre no Direito, como elemento indissociável de Essa regra dispõe sobre o dever do servidor públi-
sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como co de falar a verdade, ele não pode dela se omitir, ou
consequência, em fator de legalidade. falsificá-la, ainda que tal verdade seja contrária aos
seus interesses, da Administração, ou até mesmo do
A moralidade se integra com o Direito. Para que o interessado.
ato seja considerado legítimo e correto, precisa obede- O erro e a mentira não podem ser considerados
cer ao princípio da moralidade. bases de uma Nação, muito menos da conduta do ser-
A moralidade é exigida justamente pelo fato de vidor público.
que todos custeiam a remuneração do servidor públi-
co. Por isso, qualquer pessoa pode “cobrar” a morali- IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo
dade do servidor. dedicados ao serviço público caracterizam o esfor-
ço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga
seus tributos direta ou indiretamente significa cau-
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público
sar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano
perante a comunidade deve ser entendido como acrés-
a qualquer bem pertencente ao patrimônio público,
cimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode
constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às
ser considerado como seu maior patrimônio.
instalações ou ao Estado, mas a todos os homens
de boa vontade que dedicaram sua inteligência,
O servidor público serve, como o nome diz, ao seu tempo, suas esperanças e seus esforços para
público. Assim, quando ele trabalha com moral e dig- construí-los.
nidade, seu trabalho é visto como acréscimo ao seu X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à
próprio bem-estar. O seu êxito é muito importante, espera de solução que compete ao setor em que
dessa forma. exerça suas funções, permitindo a formação de
longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
VI - A função pública deve ser tida como exercício prestação do serviço, não caracteriza apenas ati-
profissional e, portanto, se integra na vida particu- tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
lar de cada servidor público. Assim, os fatos e atos principalmente grave dano moral aos usuários dos
verificados na conduta do dia a dia em sua vida serviços públicos.
privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom
conceito na vida funcional. A noção de disciplina é encarada por meio desses
parâmetros: a cortesia, a boa vontade, o cuidado e o
Significa que o servidor público pode ter o seu tempo dedicados ao serviço público.
conceito na vida funcional afetado pelo seu comporta- A regra mencionada traz as noções de dano moral
mento na vida particular. O que ele faz na vida priva- e dano material que podem ser causados pelo servi-
da é importante aos olhos da Administração Pública. dor. Quem trata mal particular que busca atendimen-
Por isso, não pode o servidor, por exemplo, apresen- to do servidor está lhe causando dano moral, e deverá
tar-se embriagado para o serviço, ainda que ele tenha ressarcir o particular. Ao mesmo tempo, caracteriza
ingerido bebida alcoólica fora do horário de serviço. também como dano moral a espera demasiada em
longas filas de atendimento.
VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves- O dano material configura-se quando o servidor
tigações policiais ou interesse superior do Estado causar dano a qualquer bem e/ou equipamento per-
e da Administração Pública, a serem preservados tencente ao patrimônio público, seja por descuido ou
338 em processo previamente declarado sigiloso, nos de propósito (dolo e culpa).
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às A prestação de contas das autoridades públicas é
ordens legais de seus superiores, velando atenta- uma forma de oferecer maior transparência sobre os
mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a gastos anuais feitos pelos mesmos.
conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e
o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência aperfeiçoando o processo de comunicação e conta-
no desempenho da função pública. to com o público;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
Aqui, estabelece-se um dever de obediência às princípios éticos que se materializam na adequada
ordens legais do superior do servidor público. Assim, prestação dos serviços públicos;
toda ordem de seu superior que for considerada ilegal, g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e
ele tem o dever de, além não obedecer, de representar atenção, respeitando a capacidade e as limitações
contra o referido ato. Os repetidos erros, o descaso e o individuais de todos os usuários do serviço público,
acúmulo de desvios, somados, resultam na imprudên- sem qualquer espécie de preconceito ou distinção
cia administrativa. de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião,
cunho político e posição social, abstendo-se, dessa
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu forma, de causar-lhes dano moral;
local de trabalho é fator de desmoralização do ser-
viço público, o que quase sempre conduz à desor- A primeira parte do dispositivo demonstra o que o
dem nas relações humanas. servidor deve fazer para evitar incorrer em conduta
que cause danos morais ao particular. O servidor deve
Ausência injustificada significa que o servidor não tratar com respeito todos, sem preconceito ou qual-
compareceu em serviço, e não deu uma boa explica- quer outra distinção.
ção para sua ausência. É altamente vedado.
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com temor de representar contra qualquer comprome-
a estrutura organizacional, respeitando seus cole- timento indevido da estrutura em que se funda o
gas e cada concidadão, colabora e de todos pode Poder Estatal;
receber colaboração, pois sua atividade pública i) resistir a todas as pressões de superiores hierár-
é a grande oportunidade para o crescimento e o quicos, de contratantes, interessados e outros que
engrandecimento da Nação. visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta-
gens indevidas em decorrência de ações imorais,
ilegais ou aéticas e denunciá-las;
O servidor que respeita os seus colegas, o particu-
lar cidadão e seus superiores, é o servidor que todos
Retoma-se, aqui, a discussão sobre obediência e
devem buscar se tornar.
a ordem manifestamente ilegal. O servidor não pode
cumprir ordens ilegais. Pelo contrário: deverá repre-
Principais deveres do servidor público
sentar contra tal ato, ainda que emitido por seu supe-
rior hierárquico.
Os deveres e proibições presentes no Código de Éti-
O servidor deve resistir a pressões que poderiam
ca muito se assemelham com os deveres e proibições
resultar no oferecimento de favores e vantagens inde-
dispostos no seu Estatuto (Lei nº 8.112/1990). Todavia,
vidas. É, também, considerada uma ordem manifesta-
ganham um contorno especial quando analisados sob
mente ilegal.
o enfoque da ética no serviço público.
Na prática, o Código não faz diferença entre repre-
Vejamos, primeiro, os deveres fundamentais do
sentar e denunciar. São tratados como sinônimos,
servidor público, dispostos no inciso XIV:
ainda que formalmente possuam características dis-
tintas. O importante é que o Código não quer que o
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
servidor se mantenha calado.
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,
função ou emprego público de que seja titular;
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exi-
gências específicas da defesa da vida e da seguran-
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
e rendimento, pondo fim ou procurando priori-
tariamente resolver situações procrastinatórias, ça coletiva;
principalmente diante de filas ou de qualquer outra
espécie de atraso na prestação dos serviços pelo O direito de greve dos servidores públicos é res-
setor em que exerça suas atribuições, com o fim de guardado pela Constituição Federal. Mas ele deve
evitar dano moral ao usuário; tomar certos cuidados ao exercer esse direito. Há
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda alguns agentes públicos, inclusive, que não podem
a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, exercer direito de greve, como os militares.
quando estiver diante de duas opções, a melhor e a
mais vantajosa para o bem comum; l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de
que sua ausência provoca danos ao trabalho orde-
O bem comum aparece múltiplas vezes no Código nado, refletindo negativamente em todo o sistema;
de Ética. Deve ser o objetivo mor, a finalidade primor-
dial do servidor. Assiduidade é o comparecimento em serviço. Ser-
vidor assíduo é aquele que comparece ao serviço. Ser-
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, vidor frequente é aquele que comparece sempre no
condição essencial da gestão dos bens, direitos e momento certo. A falta injustificada é fator de desmo-
serviços da coletividade a seu cargo; ralização do serviço público. 339
m) comunicar imediatamente a seus superiores v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
público, exigindo as providências cabíveis; mulando o seu integral cumprimento.

A expressão “qualquer ato ou fato” significa que Aqui, o Código impõe o dever de ser divulgado
o servidor tem o dever de comunicar sobre qualquer pelos próprios servidores. Quando houver indícios
ilícito, sem distinções. de violações desse Código, deve o servidor oferecer
denúncia à Comissão de Ética.
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra-
Das vedações ao servidor público
balho, seguindo os métodos mais adequados à sua
organização e distribuição;
Por outro lado, o Código de Ética também apresen-
o) participar dos movimentos e estudos que se rela-
ta um vasto rol de vedações, de condutas que o ser-
cionem com a melhoria do exercício de suas fun-
vidor está proibido de fazer. Vejamos as principais
ções, tendo por escopo a realização do bem comum;
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
vedações:
quadas ao exercício da função;
XV - E vedado ao servidor público;
As vestimentas adequadas ao exercício da função a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
dependem da própria função que o servidor exerce. tempo, posição e influências, para obter qualquer
favorecimento, para si ou para outrem;
Quem atua com o público deve vestir-se de uma for-
b) prejudicar deliberadamente a reputação
ma. Quem apenas exerce funções de comunicação
de outros servidores ou de cidadãos que deles
entre as repartições, de caráter interno, tem outra for-
dependam;
ma de se vestir.

q) manter-se atualizado com as instruções, as nor- O servidor deve sempre buscar manter a boa repu-
mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão tação dele mesmo e de seus colegas. Não é moralmen-
onde exerce suas funções; te correto espalhar rumores e boatos sobre outras
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e pessoas, sendo colegas servidores ou terceiros.
as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou
função, tanto quanto possível, com critério, segu- c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,
rança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa conivente com erro ou infração a este Código de Éti-
ordem. ca ou ao Código de Ética de sua profissão;

O servidor deve estar sempre atualizado em rela- Ser conivente significa omitir-se do dever de denun-
ção as normas concernentes ao seu serviço. Seria ciar o erro ou infração. Existem também Códigos de
ilógico que o servidor baseie o seu trabalho em uma Ética específicos para determinados cargos, como o
Portaria ou Decreto já revogado. Código de Ética de engenharia. No caso do servidor
Deve, também, trabalhar com critério, segurança, engenheiro, ele deve obediência aos dois.
e rapidez, sempre mantendo tudo em ordem. É muito
comum que o servidor seja eventualmente substituí- d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar
do por outro. Deixando tudo em ordem facilita essa o exercício regular de direito por qualquer pessoa,
transição. causando-lhe dano moral ou material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cientí-
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços ficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para
por quem de direito; atendimento do seu mister;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
Essa fiscalização é promovida pelos próprios caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
órgãos administrativos (Tribunal de Contas, órgãos interfiram no trato com o público, com os jurisdi-
de controle interno). O controle interno tem a mesma cionados administrativos ou com colegas hierar-
importância que o controle externo, devendo o servi- quicamente superiores ou inferiores;
dor facilitar o exercício de ambos.
O servidor tem que tomar cuidado para que as
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas suas relações interpessoais, sejam positivas ou nega-
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de tivas, não interfiram no serviço desempenhado. Não
fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos pode, por exemplo, não exercer seu trabalho pelo fato
usuários do serviço público e dos jurisdicionados de que não recebeu promoção de seu superior.
administrativos;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prê-
ao interesse público, mesmo que observando as for- mio, comissão, doação ou vantagem de qualquer
malidades legais e não cometendo qualquer viola- espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
ção expressa à lei; para o cumprimento da sua missão ou para influen-
ciar outro servidor para o mesmo fim;
Todo servidor tem algum tipo de prerrogativa
quando no exercício de suas funções. O dever aqui O servidor não pode exigir o famoso “dinheiro do
impõe a utilização dessa prerrogativa com modera- café” para poder fazer o seu trabalho. Os valores ofer-
ção. Lembre-se que o servidor não é o dono do inte- tados podem ser maiores, o que configura em verda-
resse público, não pode fazer tudo de acordo com sua deiras propinas. As vantagens podem ser de natureza
340 vontade para alcançar o bem comum. não financeira também.
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que As atribuições das Comissões de Ética são as
deva encaminhar para providências; seguintes:
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que neces-
site do atendimento em serviços públicos; z Orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
servidor, do tratamento com as pessoas e com o
É a hipótese em que servidor mente para o parti-
patrimônio público;
cular apenas porque não quer realizar o seu devido
z Conhecer concretamente, de imputação ou de pro-
serviço com diligência e rapidez.
cedimento susceptível de censura (inciso XXII); e
j) desviar servidor público para atendimento a inte- z Fornecer aos órgãos de pessoal registros sobre a
resse particular; conduta ética dos servidores (inciso XVIII).
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen-
te autorizado, qualquer documento, livro ou bem As demais regras a respeito da Comissão de Ética
pertencente ao patrimônio público; Pública serão vistas em momento posterior. Seu Regi-
mento Interno está disposto na Resolução nº 4/2001
Isso não significa que o servidor não pode retirar da própria CEP.
documentos, livros ou bens nunca. Deve, entretanto, Por fim, o inciso XXIV dispõe sobre quais pessoas
pedir autorização para fazê-lo. podem ter o seu comprometimento ético apurado,
isso é, quem é considerado “servidor público”, aos
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas
olhos do Código de Ética.
no âmbito interno de seu serviço, em benefício pró-
prio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
Para fins de apuração do comprometimento ético,
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora entende-se por servidor público todo aquele que,
dele habitualmente; por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
preste serviços de natureza permanente, temporária
Tal aspecto foi apresentado em uma regra deon- ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
tológica. A vedação faz uma menção ao termo “habi- desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
tualmente”, o que significa que não pode o servidor órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
apresentar-se embriagado todos os dias, ou com mui- ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas
ta frequência. públicas e as sociedades de economia mista, ou em
qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que Essa definição de servidor público não se encaixa
atente contra a moral, a honestidade ou a dignida- completamente com a definição utilizada em Direito
de da pessoa humana; Administrativo, pois a sua finalidade é distinta: ser-
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o ve para apurar o comprometimento ético do profis-
seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. sional. O elemento que mais chama atenção é que o
servidor público, nesse caso, é aquele que presta ser-
Empreendimento de cunho duvidoso não pre- viços de natureza permanente, temporária ou excep-
cisa ser necessariamente ilícito. É o caso dos famo- cional, ainda que sem retribuição financeira. Assim,
sos “esquemas de pirâmide”, a natureza obscura do os empregados regidos pelo regime celetista, o ter-
negócio faz com que ela ganhe um conteúdo aético, e ceirizado que presta apoio processual, o consultor, o
promove uma imagem ruim do servidor que trabalha estagiário, os particulares que atuam em serviços de
nesse tipo de esquema. notas e registros, todas essas pessoas podem não ser
servidores públicos em sentido estrito, mas terão seu
Das Comissões de Ética comprometimento ético apurado.

A redação original do Código de Ética trazia diver- RESOLUÇÕES DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA
sas disposições sobre as Comissões de Ética. Porém, a DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
matéria foi bastante alterada, pois houve revogação
de diversos dispositivos pelo Decreto nº 6.029/2007. Como já vimos, a Comissão de Ética Pública (CEP)
Quais órgãos precisam ter uma Comissão de Ética? é um órgão vinculado ao Presidente da República,
O inciso XVI dispõe justamente sobre isso: na Admi-
criada por meio do Decreto de 26 de maio de 1999,
nistração Direta, inclusive na Presidência, Vice-Pre- NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
competindo-lhe atuar como instância consultiva do
sidência, Ministérios etc.; na Administração Indireta,
Presidente da República e Ministros de Estado em
somente em autarquias e fundações públicas.
matéria de ética pública, bem como administrar a
aplicação do Código de Conduta da Alta Administra-
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
tração Pública Federal direta, indireta autárquica e ção Federal.
fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que Durante o exercício das funções públicas, é certo
exerça atribuições delegadas pelo poder público, que muitas situações surgiram ao longo do tempo, que
deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarre- causaram diversas dúvidas sobre como proceder de
gada de orientar e aconselhar sobre a ética profis- forma mais ética possível. Por ser um ponto com bas-
sional do servidor, no tratamento com as pessoas e tante subjetividade, e considerando que se espera que
com o patrimônio público, competindo-lhe conhe- todos os agentes públicos atuem com máxima exce-
cer concretamente de imputação ou de procedimen- lência, é essencial que essas pessoas possam dirimir
to susceptível de censura. suas dúvidas em um órgão encarregado, justamente,
de promover a conduta ética no serviço público.
Não existe obrigatoriedade de criar essas Comis- Assim, a CEP possui uma grande gama de atribui-
sões nas empresas públicas e sociedades de economia ções, dentre elas destacamos: submeter ao Presiden-
mista. Mas os seus empregados devem obedecer às te da República medidas para seu aprimoramento,
normas previstas no Código de Ética. dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas 341
normas, deliberando sobre casos omissos; apurar, Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a
mediante denúncia ou de ofício, as condutas que prestar informações (art. 2º do Código de Conduta):
estão em desacordo com as normas nele previstas; I - Ministros e Secretários de Estado;
dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do II - titulares de cargos de natureza especial,
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil secretários-executivos, secretários ou auto-
ridades equivalentes ocupantes de cargo do
do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto nº
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores
1.171/1994; coordenar, avaliar e supervisionar o Sis-
- DAS, nível seis;
tema de Gestão da Ética Pública do Poder Executivo
III - presidentes e diretores de agências nacio-
Federal; aprovar o seu regimento interno; escolher o nais, autarquias, inclusive as especiais, fun-
seu Presidente; entre outras. dações mantidas pelo Poder Público, empresas
Para melhor compreender sobre o papel da Comis- públicas e sociedades de economia mista.
são de Ética Pública dentro do Poder Executivo, foram Art. 6º As informações prestadas serão mantidas
elaboradas diversas Resoluções sobre diversos temas em sigilo, como determina o § 2º do art. 5º do refe-
em que a referida Comissão deve dirimir controvér- rido Código.
sias sobre. O conteúdo de cada uma dessas Resoluções Art. 7º As informações de que trata esta Resolução
é bastante autodidático, motivo pelo qual não cabe deverão ser remetidas à CEP, em envelope lacrado,
fazer análises pormenores a respeito de cada um dos localizada no Anexo II do Palácio do Planalto, sala
dispositivos dessas Resoluções. 250 - Brasília-DF.
Tanto as Resoluções como as notas explicativas das
mesmas podem ser encontradas em maiores detalhes Brasília, 13 de setembro de 2000
no endereço eletrônico da página oficial4 da Empresa João Geraldo Piquet Carneiro
de Planejamento e Logísticas (EPL) S.A. Presidente

RESOLUÇÃO Nº 1, DE 13 DE SETEMBRO DE 2000 RESOLUÇÃO Nº 2, DE 24 DE OUTUBRO DE 2000

A Resolução nº 2 da Comissão de Ética Pública


Essa é a Resolução que estabelece procedimentos
(CEP) é o instrumento normativo que regula a parti-
para apresentação de informações sobre situação
cipação de autoridade pública abrangida pelo Código
patrimonial pelas autoridades submetidas ao Código
de Conduta da Alta Administração Federal em seminá-
de Conduta da Alta Administração Federal. Procura,
rios e outros eventos. Serve, assim, para melhor regu-
assim, regulamentar melhor o conteúdo previsto no
lamentar o parágrafo único do artigo 7º do Código de
artigo 4º do Código de Conduta da Alta Administração
Conduta da Alta Administração Federal.
Federal.
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atri-
art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999,
buições, e tendo em vista o disposto no art. 4º do Códi-
adota a presente resolução interpretativa do pará-
go de Conduta da Alta Administração Federal,
grafo único do art. 7º do Código de Conduta da Alta
RESOLVE:
Administração Federal.
Art. 1º O cumprimento do disposto no art. 4o do Códi- 1. A participação de autoridade pública abrangi-
go de Conduta da Alta Administração Federal, que tra- da pelo Código de Conduta da Alta Administração
ta da apresentação de informações sobre a situação Federal em atividades externas, tais como seminá-
patrimonial das autoridades a ele submetidas, será rios, congressos, palestras e eventos semelhantes,
atendido mediante o envio à Comissão de Ética Pública no Brasil ou no exterior, pode ser de interesse insti-
- CEP de: tucional ou pessoal.
I - lista dos bens, com identificação dos respectivos 2. Quando se tratar de participação em even-
valores estimados ou de aquisição, que poderá ser to de interesse institucional, as despesas de
substituída pela remessa de cópia da última declara- transporte e estada, bem como as taxas de
ção de bens apresentada à Secretaria da Receita Fede- inscrição, se devidas, correrão por conta do
ral do Ministério da Fazenda; órgão a que pertença a autoridade, observado
II - informação sobre situação patrimonial específica o seguinte:
que, a juízo da autoridade, suscite ou possa eventual- I - excepcionalmente, as despesas de transpor-
mente suscitar conflito com o interesse público e, se for te e estada, bem como as taxas de inscrição,
o caso, o modo pelo qual pretende evitá-lo. poderão ser custeadas pelo patrocinador do
Art. 2º As informações prestadas na forma do artigo evento, se este for:
anterior são de caráter sigiloso e, uma vez conferidas a) organismo internacional do qual o Brasil
por pessoa designada pela CEP, serão encerradas em faça parte;
envelope lacrado. b) governo estrangeiro e suas instituições;
Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à CEP c) instituição acadêmica, científica e cultural;
as participações de que for titular em sociedades de d) empresa, entidade ou associação de classe
economia mista, de instituição financeira ou de empre- que não esteja sob a jurisdição regulatória do
sa que negocie com o Poder Público, conforme determi- órgão a que pertença a autoridade, nem que
na o art. 6o do Código de Conduta. possa ser beneficiária de decisão da qual par-
Art. 4º O prazo de apresentação de informações será ticipe a referida autoridade, seja individual-
de dez dias, contados: mente, seja em caráter coletivo.
I - da data de publicação desta Resolução, para as II - a autoridade poderá aceitar descontos de trans-
autoridades que já se encontram no exercício do cargo; porte, hospedagem e refeição, bem como de taxas
II - da data da posse, para as autoridades que vie- de inscrição, desde que não se refira a benefício
rem a ser doravante nomeadas. pessoal.

342 4 Link: <https://www.epl.gov.br/resolucoes-da-comissao-de-etica-publica>


3. Quando se tratar de evento de interesse pessoal A Comissão de Ética Pública, com fundamento no
da autoridade, as despesas de remuneração, trans- art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e
porte e estada poderão ser custeadas pelo patroci- considerando que:
nador, desde que: a) de acordo com o art. 9º do Código de Conduta
I - a autoridade torne públicas as condições aplicá- da Alta Administração Federal, é vedada a acei-
veis à sua participação, inclusive o valor da remu- tação de presentes por autoridades públicas a ele
neração, se for o caso; submetidas;
II - o promotor do evento não tenha interesse em b) a aplicação da mencionada norma e de suas
decisão que possa ser tomada pela autoridade, seja exceções requer orientação de caráter prático às
individualmente, seja de caráter coletivo. referidas autoridades,
4. As atividades externas de interesse pessoal não
poderão ser exercidas em prejuízo das atividades Resolve adotar a presente Resolução de caráter
normais inerentes ao cargo. interpretativo:
5. A publicidade da remuneração e das despesas
de transporte e estada será assegurada mediante Presentes
registro do compromisso na respectiva agenda de
trabalho da autoridade, com explicitação das con- 1. A proibição de que trata o Código de Con-
dições de sua participação, a qual ficará disponível duta se refere ao recebimento de presentes de
para consulta pelos interessados. qualquer valor, em razão do cargo que ocupa
6. A autoridade não poderá aceitar o paga- a autoridade, quando o ofertante for pessoa,
mento ou reembolso de despesa de transporte e empresa ou entidade que:
estada, referentes à sua participação em even- I – esteja sujeita à jurisdição regulatória do
to de interesse institucional ou pessoal, por órgão a que pertença a autoridade;
pessoa física ou jurídica com a qual o órgão II – tenha interesse pessoal, profissional ou
a que pertença mantenha relação de negócio, empresarial em decisão que possa ser tomada
salvo se o pagamento ou reembolso decorrer pela autoridade, individualmente ou de caráter
de obrigação contratual previamente assumi- coletivo, em razão do cargo;
da perante aquele órgão. III – mantenha relação comercial com o órgão a
que pertença a autoridade; ou
Brasília, 24 de outubro de 2000 IV – represente interesse de terceiros, como pro-
João Geraldo Piquet Carneiro curador ou preposto, de pessoas, empresas ou
Presidente entidades compreendidas nos incisos I, II e III.
2. É permitida a aceitação de presentes:
Pela Resolução apresentada, conclui-se que o Código I – em razão de laços de parentesco ou ami-
de Conduta da Alta Administração Federal estabeleceu zade, desde que o seu custo seja arcado pelo
os limites que devem ser observados para a participa- próprio ofertante, e não por pessoa, empresa
ção de autoridades a ele submetidas em seminários, ou entidade que se enquadre em qualquer das
congressos e eventos semelhantes. Antes da publica- hipóteses previstas no item anterior;
ção da referida Resolução, algumas dúvidas surgiam a II – quando ofertados por autoridades estran-
respeito de algumas matérias, como utilizar as licenças geiras, nos casos protocolares em que houver
para participar desses seminários e congressos, bem reciprocidade ou em razão do exercício de fun-
como questões de natureza econômica e financeira. ções diplomáticas.
3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imedia-
Sobre esse último aspecto, as despesas de viagem e
ta de presente cuja aceitação é vedada, a autorida-
estada da autoridade eram custeadas pelo promotor do
de deverá adotar uma das seguintes providências,
seminário ou congresso. Essa situação poderia compro- em razão da natureza do bem:
meter a imagem do governo ou, até mesmo, colocar a I – tratando-se de bem de valor histórico, cultural
autoridade em situação de constrangimento. É o que ou artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do
ocorre, por exemplo, quando o patrocinador tem inte- Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN
resse em decisão específica daquela autoridade. para que este lhe dê o destino legal adequado;
Após o advento do Código de Conduta, diversas II – promover a sua doação a entidade de caráter
consultas sobre o tema chegaram à Comissão de Ética assistencial ou filantrópico reconhecida como de
utilidade pública, desde que, tratando-se de bem não
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
Pública, o que demonstrou a inequívoca necessidade
de tornar mais clara e detalhada a aplicação da nor- perecível, esta se comprometa a aplicar o bem ou o
ma constante do Código de Conduta. Dessa forma, a produto da sua alienação em suas atividades fim;
III - determinar a incorporação ao patrimônio da
Comissão procurou, mediante a referida Resolução,
entidade ou do órgão público onde exerce a função.
fixar os balizamentos mínimos a serem observados
4. Não caracteriza presente, para os fins desta
pelas autoridades abrangidas pelo Código de Conduta, Resolução:
sem prejuízo de que cada órgão detalhe suas próprias I – prêmio em dinheiro ou bens concedido à
normas internas sobre a participação de seus servido- autoridade por entidade acadêmica, científica
res em eventos externos. ou cultural, em reconhecimento por sua con-
tribuição de caráter intelectual;
RESOLUÇÃO Nº 3, 23 DE NOVEMBRO DE 2000 II – prêmio concedido em razão de concurso de
acesso público a trabalho de natureza acadê-
A Resolução nº 3 da CEP é o instrumento normativo mica, científica, tecnológica ou cultural;
que dispõe regras sobre o tratamento de presentes e III – bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoa-
brindes aplicáveis às autoridades públicas abrangidas mento profissional ou técnico da autoridade,
pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal, desde que o patrocinador não tenha interesse
regulamentando, assim, a vedação disposta no art. 9º em decisão que possa ser tomada pela autori-
do Código de Conduta da Alta Administração Federal. dade, em razão do cargo que ocupa. 343
Brindes Como pode-se depreender, a situação apresenta
um conteúdo bastante subjetivo, e é muito comum
5. É permitida a aceitação de brindes, como tal
entendidos aqueles: haver dúvidas quanto a aceitação de presentes e
I –que não tenham valor comercial ou sejam distri- outras gratificações. Assim, é muito importante que
buídos por entidade de qualquer natureza a título também nessa matéria os abrangidos utilizem, sem-
de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou pre que necessário, o canal de consulta oferecido pela
por ocasião de eventos ou datas comemorativas de própria Comissão de Ética.
caráter histórico ou cultural, desde que não ultra-
passem o valor unitário de R$ 100,00 (cem reais); RESOLUÇÃO Nº 4, DE 7 DE JUNHO DE 2001
II – cuja periodicidade de distribuição não seja infe-
rior a 12 (doze) meses; e A Resolução nº 4 da CEP é o instrumento norma-
III – que sejam de caráter geral e, portanto, não se tivo que apresenta o Regimento Interno da própria
destinem a agraciar exclusivamente uma determi- Comissão de Ética Pública. A resolução, assim, dispõe
nada autoridade. sobre a estrutura organizacional e o funcionamento
6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem da CEP, além de outras atribuições importantes.
reais), será ele tratado como presente, aplicando-
-se-lhe a norma prevista no item 3 acima. A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento
7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial no art. 2º, inciso VII, do Decreto de 26 de maio de
de até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determi- 1999
nará sua avaliação junto ao comércio , podendo Resolve:
ainda, se julgar conveniente, dar-lhe desde logo o
tratamento de presente. Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o
Divulgação e solução de dúvidas Regimento Interno da Comissão de Ética Pública.
8. A autoridade deverá transmitir a seus subordi-
Capítulo I: Da Competência
nados as normas constantes desta Resolução, de
modo a que tenham ampla divulgação no ambiente Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP):
de trabalho. I - assegurar a observância do Código de Con-
9. A incorporação de presentes ao patrimônio his- duta da Alta Administração Federal, apro-
tórico cultural e artístico, assim como a sua doação
vado pelo Presidente da República em 21 de
a entidade de caráter assistencial ou filantrópi-
agosto de 2000, pelas autoridades públicas
co reconhecida como de utilidade pública, deverá
federais por ele abrangidas;
constar da respectiva agenda de trabalho ou de
II - submeter ao Presidente da República suges-
registro específico da autoridade, para fins de even-
tões de aprimoramento do Código de Conduta
tual controle.
e resoluções de caráter interpretativo de suas
10. Dúvidas específicas a respeito da implementa-
normas;
ção das normas sobre presentes e brindes poderão
III - dar subsídios ao Presidente da República
ser submetidas à Comissão de Ética Pública, con-
e aos Ministros de Estado na tomada de deci-
forme o previsto no art. 19 do Código de Conduta.
são concernente a atos de autoridade que pos-
Brasília, 23 de novembro de 2000 sam implicar descumprimento das normas do
João Geraldo Piquet Carneiro Código de Conduta;
Presidente IV - apurar, de ofício ou em razão de denúncia,
condutas que possam configurar violação do
O recebimento de presentes e outras gratificações Código de Conduta, e, se for o caso, adotar as
é uma matéria complicada, pois por mais que haja providências nele previstas;
boas intenções em quem dá e quem recebe tais gratifi- V - dirimir dúvidas a respeito da aplicação do
cações, a regra geral é que as autoridades abrangidas Código de Conduta e deliberar sobre os casos
pelo Código de Conduta estão proibidas de receber omissos;
presentes, de qualquer valor, em razão do seu cargo. VI - colaborar, quando solicitado, com órgãos
A vedação se configura quando o ofertante do pre- e entidades da administração federal, esta-
dual e municipal, ou dos Poderes Legislativo e
sente seja pessoa, empresa ou entidade que se encontre
Judiciário; e
numa das seguintes situações: esteja sujeita à jurisdi-
VII - dar ampla divulgação ao Código de
ção regulatória do órgão a que pertença a autoridade;
Conduta.
que tenha interesse pessoal, profissional ou empresa-
rial em decisão que possa ser tomada pela autoridade, Capítulo II: Da Composição
em razão do cargo, seja individualmente, seja de forma
coletiva; que mantenha relação comercial de qualquer Art. 3º A CEP é composta por sete membros desig-
natureza com o órgão a que pertence a autoridade (for- nados pelo Presidente da República, com mandato
necedores de bens e serviços, por exemplo); ou ainda de três anos, podendo ser reconduzidos.
que represente interesse de terceiros, na qualidade de § 1º Os membros da CEP não terão remuneração e
procurador ou preposto, de pessoas, empresas ou enti- os trabalhos por eles desenvolvidos são considera-
dades conforme especificados anteriormente. dos prestação de relevante serviço público.
Mas essa vedação não é absoluta. Excepcional- § 2º As despesas com viagens e estada dos membros
mente, o recebimento de presente só é permitido em da CEP serão custeadas pela Presidência da Repú-
duas hipóteses: quando o ofertante for autoridade blica, quando relacionadas com suas atividades.
estrangeira, nos casos protocolares, ou em razão do
exercício de funções diplomáticas; ou ainda por moti- Capítulo III: Do Funcionamento
vo de parentesco ou amizade, desde que o respectivo
custo seja coberto pelo próprio parente ou amigo, e Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu pre-
não por pessoa física ou entidade que tenha interesse sidente, que terá mandato de um ano, permitida a
344 em decisão da autoridade. recondução.
Art. 5º As reuniões colegiadas da CEP serão ins- IV - dar apoio à CEP e aos seus integrantes no cum-
tauradas mediante a presença, física ou remota, da primento das atividades que lhes sejam próprias;
maioria absoluta de seus membros (redação dada V - instruir as matérias submetidas à deliberação;
pela Resolução nº 14, de 25 de março de 2020). VI - providenciar, previamente à instrução de maté-
Parágrafo único. As deliberações da CEP serão ria para deliberação pela CEP, nos casos em que
tomadas por maioria simples, cabendo ao Presi- houver necessidade, parecer sobre a legalidade de
dente o voto de qualidade. (incluído pela Resolução ato a ser por ela baixado;
nº 14, de 25 de março de 2020). VII - desenvolver ou supervisionar a elaboração de
Art. 6º A CEP terá um Secretário-Executivo, vincu- estudos e pareceres como subsídios ao processo de
lado à Casa Civil da Presidência da República, que tomada de decisão da CEP;
lhe prestará apoio técnico e administrativo. VIII - solicitar às autoridades submetidas ao Códi-
§ 1º O Secretário-Executivo submeterá anualmente go de Conduta informações e subsídios para ins-
à CEP plano de trabalho que contemple suas prin- truir assunto sob apreciação da CEP; e
cipais atividades e proponha metas, indicadores e IX - tomar as providências necessárias ao cum-
dimensione os recursos necessários. primento do disposto nos arts. 8o, inciso VII, e 12
§ 2º Nas reuniões ordinárias da CEP, o Secretário- deste Regimento, bem como outras determinadas
-Executivo prestará informações sobre o estágio de pelo Presidente da Comissão, no exercício de suas
execução das atividades contempladas no plano de atribuições.
trabalho e seus resultados, ainda que parciais.
Art. 7º As reuniões da CEP ocorrerão, em caráter Capítulo V: Das Deliberações
ordinário, mensalmente, e, extraordinariamente,
sempre que necessário, por iniciativa de qualquer Art. 11 As deliberações da CEP relativas ao Código
de seus membros. de Conduta compreenderão:
§ 1º A pauta das reuniões da CEP será composta a I - homologação das informações prestadas em
partir de sugestões de qualquer de seus membros cumprimento às obrigações nele previstas;
ou por iniciativa do Secretário-Executivo, admitin- II - adoção de orientações complementares:
do-se no início de cada reunião a inclusão de novos a) mediante resposta a consultas formuladas por
assuntos na pauta. autoridade a ele submetidas;
§ 2º Assuntos específicos e urgentes poderão ser b) de ofício, em caráter geral ou particular, median-
objeto de deliberação mediante comunicação entre te comunicação às autoridades abrangidas, por
os membros da CEP. meio de resolução, ou, ainda, pela divulgação perió-
dica de relação de perguntas e respostas aprovada
Capítulo IV Das Atribuições pela CEP;
III - elaboração de sugestões ao Presidente da
Art. 8º Ao Presidente da CEP compete: República de atos normativos complementares ao
I - convocar e presidir as reuniões; Código de Conduta, além de propostas para sua
II - orientar os trabalhos da Comissão, ordenar os eventual alteração;
debates, iniciar e concluir as deliberações; IV - instauração de procedimento para apuração de
III - orientar e supervisionar os trabalhos da ato que possa configurar descumprimento ao Códi-
Secretaria-Executiva; go de Conduta; e
IV - tomar os votos e proclamar os resultados; V - adoção de uma das seguintes providências em
V - autorizar a presença nas reuniões de pessoas caso de infração:
que, por si ou por entidades que representem, pos- a) advertência, quando se tratar de autoridade no
sam contribuir para os trabalhos da CEP; exercício do cargo;
VI - proferir voto de qualidade; b) censura ética, na hipótese de autoridade que já
VII - determinar o registro de seus atos enquanto tiver deixado o cargo; e
membro da Comissão, inclusive reuniões com auto- c) encaminhamento de sugestão de exoneração à
ridades submetidas ao Código de Conduta; autoridade hierarquicamente superior, quando se
VIII - determinar ao Secretário-Executivo, ouvida tratar de infração grave ou de reincidência.
a CEP, a instauração de processos de apuração de
prática de ato em desrespeito ao preceituado no Capítulo VI: Das Normas De Procedimento
Código de Conduta da Alta Administração Federal,
a execução de diligências e a expedição de comuni- Art. 12 O procedimento de apuração de infração ao
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
cados à autoridade pública para que se manifeste Código de Conduta será instaurado pela CEP, de ofí-
na forma prevista no art. 12 deste Regimento; e cio ou em razão de denúncia fundamentada, desde
IX - decidir os casos de urgência, ad referendum da que haja indícios suficientes, observado o seguinte:
CEP. I - a autoridade será oficiada para manifestar-se
Art. 9º Aos membros da CEP compete: por escrito no prazo de cinco dias;
I - examinar as matérias que lhes forem submeti- II - o eventual denunciante, a própria autoridade
das, emitindo pareceres; pública, bem assim a CEP, de ofício, poderão produ-
II - pedir vista de matéria em deliberação pela CEP; zir prova documental;
III - solicitar informações a respeito de matérias III - a CEP poderá promover as diligências que con-
sob exame da Comissão; e siderar necessárias, assim como solicitar parecer
IV - representar a CEP em atos públicos, por delega- de especialista quando julgar imprescindível;
ção de seu Presidente. IV - concluídas as diligências mencionadas no inci-
Art. 10 Ao Secretário-Executivo compete: so anterior, a CEP oficiará à autoridade para nova
I - organizar a agenda das reuniões e assegurar o manifestação, no prazo de três dias;
apoio logístico à CEP; V - se a CEP concluir pela procedência da denúncia,
II - secretariar as reuniões; adotará uma das providências previstas no inciso
III - proceder ao registro das reuniões e à elabora- V do art. 11, com comunicação ao denunciado e ao
ção de suas atas; seu superior hierárquico. 345
Capítulo VII: Dos Deveres E Responsabilidade Dos 21 de agosto de 2000, encaminhará à Comissão de Éti-
Membros Da Comissão ca Pública, no prazo de dez dias da data de nomeação,
Declaração Confidencial de Informações - DCI, confor-
Art. 13 Os membros da CEP obrigam-se a apresen- me modelo anexo.
tar e manter arquivadas na Secretaria-Executiva Art. 2º Estão obrigados à apresentação da DCI minis-
declarações prestadas nos termos do art. 4o do tros, secretários de estado, titulares de cargos de natu-
Código de Conduta. reza especial, secretários executivos, secretários ou
Art. 14 Eventuais conflitos de interesse, efetivos autoridade equivalentes ocupantes de cargos do Gru-
ou potenciais, que possam surgir em função do po-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível
exercício das atividades profissionais de membro seis, presidentes e diretores de agências nacionais,
da Comissão, deverão ser informados aos demais autarquias, inclusive as especiais, fundações mantidas
membros. pelo Poder Público, empresas públicas e sociedades de
Parágrafo único. O membro da CEP que, em razão economia mista.
de sua atividade profissional, tiver relacionamento Art. 3º A autoridade pública comunicará à CEP, no
específico em matéria que envolva autoridade sub- mesmo prazo, quaisquer alterações relevantes nas
metida ao Código de Conduta da Alta Administra- informações prestadas, podendo, para esse fim, apre-
ção, deverá abster-se de participar de deliberação sentar nova DCI.
que, de qualquer modo, a afete. Art. 4º Dúvidas específicas relativas ao preenchimento
Art. 15 As matérias examinadas nas reuniões da da DCI, assim como sobre situação patrimonial que,
CEP são consideradas de caráter sigiloso até sua real ou potencialmente, possa suscitar conflito com o
deliberação final, quando a Comissão deverá deci- interesse público, serão submetidas à CEP e esclareci-
dir sua forma de encaminhamento. das por sua Secretaria Executiva.
Art. 16 Os membros da CEP não poderão se manifes-
tar publicamente sobre situação específica que possa Brasília, 7 de junho de 2001
vir a ser objeto de deliberação formal do Colegiado.
Art. 17 Os membros da CEP deverão justificar even- João Geraldo Piquet Carneiro
tual impossibilidade de comparecer às reuniões. Presidente

Capítulo VIII: Das Disposições Gerais RESOLUÇÃO Nº 6, DE 25 DE JULHO DE 2001

A Resolução nº 6 da CEP é o instrumento normativo


Art. 18 O Presidente da CEP, em suas ausências,
que não disciplina uma matéria nova, mas tem por fina-
será substituído pelo membro mais antigo da
Comissão.
lidade alterar o conteúdo do item 3 da Resolução nº 3, de
Art. 19 Caberá à CEP dirimir qualquer dúvida rela- 23 de novembro de 2000.
cionada a este Regimento Interno, bem como pro-
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atri-
mover as modificações que julgar necessárias.
buições, e tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso
Parágrafo único. Os casos omissos serão resolvidos
V, do Decreto de 26 de maio de 1999, que a instituiu,
pelo colegiado.
adotou a seguinte
Art. 20 Esta Resolução entra em vigor na data de
sua publicação. Resolução:

Brasília, 7 de junho de 2001 Art. 1º O item 3 da Resolução nº 3, de 23 de novembro


João Geraldo Piquet Carneiro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
Presidente “ 3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imedia-
ta de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade
É interessante observar que o Regimento Interno deverá adotar uma das seguintes providências:
da Comissão de Ética Pública dispõe sobre deveres e I - ......................................................
responsabilidades de seus membros. Não é porque II - promover a sua doação a entidade de caráter
são membros da CEP que essas pessoas não terão suas assistencial ou filantrópico reconhecida como de utili-
condutas e eventuais infrações apuradas também. dade pública, desde que, tratando-se de bem não pere-
cível, se comprometa a aplicar o bem ou o produto da
RESOLUÇÃO Nº 5, DE 7 DE JUNHO DE 2001 sua alienação em suas atividades fim; ou
III - determinar a incorporação ao patrimônio da
entidade ou do órgão público onde exerce a função.”
A Resolução nº 5 da CEP é o instrumento normati-
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
vo que aprova o modelo de Declaração Confidencial de
publicação.
Informações a ser apresentada por autoridade subme-
tida ao Código de Conduta da Alta Administração Fede- Brasília, 25 de julho de 2001
ral. Assim, a Resolução disciplina sobre a atualização
de informações patrimoniais para os fins do art. 4º do João Geraldo Piquet Carneiro
Código de Conduta da Alta Administração Federal. Presidente

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2002


no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999,
e nos termos do art. 4º do Código de Conduta da Alta A Resolução nº 7 da CEP é o instrumento normativo
Administração Federal, que regula a participação de autoridade pública subme-
tida ao Código de Conduta da Alta Administração Fede-
Resolve: ral em atividades de natureza político-eleitoral.

Art. 1º A autoridade pública nomeada para cargo A Comissão de Ética Pública, com fundamento no
abrangido pelo Código de Conduta da Alta Administra- art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999,
346 ção Federal, aprovado pelo Presidente da República em adota a presente resolução interpretativa do Código
de Conduta da Alta Administração Federal, no que fim seja o exercício tais atividades eleitorais, daquelas
se refere à participação de autoridades públicas em viagens que são inerentes ao cargo público. A Resolução
eventos político-eleitorais. não impede que a autoridade que viajou por seus pró-
Art. 1º A autoridade pública vinculada ao Código prios meios para participar de evento político-eleitoral
de Conduta da Alta Administração Federal (CCAAF) cumpra outros compromissos inerentes ao seu cargo ou
poderá participar, na condição de cidadão-eleitor, de função.
eventos de natureza político-eleitoral, tais como con-
A autoridade não deve expor publicamente suas
venções e reuniões de partidos políticos, comícios e
divergências com outra autoridade administrativa fede-
manifestações públicas autorizadas em lei.
ral, ou lhe criticar a honorabilidade ou o desempenho
Art. 2º A atividade político-eleitoral da autorida-
de não poderá resultar em prejuízo do exercício da funcional. Não é uma restrição ao direito de fazer crí-
função pública, nem implicar o uso de recursos, bens ticas, mas deve-se adequá-lo ao fato de que, afinal, a
públicos de qualquer espécie ou de servidores a ela autoridade exerce um cargo de livre nomeação na admi-
subordinados. nistração, estando vinculada a deveres de fidelidade e
Art. 3º A autoridade deverá abster-se de: confiança.
I – se valer de viagens de trabalho para partici- A autoridade também não pode aceitar encargo de
par de eventos político-eleitorais; administrador de campanha eleitoral, diante da difi-
II – expor publicamente divergências com outra culdade de compatibilizar essa atividade com suas atri-
autoridade administrativa federal ou criticar- buições funcionais. Mas a autoridade pode requisitar
-lhe a honorabilidade e o desempenho funcional licença para exercer tal cargo de natureza eleitoral, sem
(artigos 11 e 12, inciso I, do CCAAF); remuneração.
III – exercer, formal ou informalmente, função Se por qualquer motivo se verificar a possibilidade
de administrador de campanha eleitoral. de conflito de interesse entre a atividade político-elei-
Art. 4º Nos eventos político-eleitorais de que partici-
toral e a função pública, a autoridade deverá escolher
par, a autoridade não poderá fazer promessa, ainda
entre abster-se de participar daquela atividade ou
que de forma implícita, cujo cumprimento dependa
requerer o seu afastamento do cargo.
do cargo público que esteja exercendo, tais como rea-
lização de obras, liberação de recursos e nomeação
para cargos ou empregos. RESOLUÇÃO Nº 8, DE 25 DE SETEMBRO DE 2003
Art. 5º A autoridade, a partir do momento em que
manifestar de forma pública a intenção de candi- A Resolução nº 8 da CEP é o instrumento norma-
datar-se a cargo eletivo, não poderá praticar ato de tivo que identifica situações que suscitam conflito de
gestão do qual resulte privilégio para pessoa física interesses e dispõe sobre o modo de preveni-los.
ou entidade, pública ou privada, situada em sua base
eleitoral ou de seus familiares. A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo
Art. 6º Para prevenir-se de situação que possa sus- de orientar as autoridades submetidas ao Código
citar dúvidas quanto à sua conduta ética e ao cum- de Conduta da Alta Administração Federal na iden-
primento das normas estabelecidas pelo CCAAF, a tificação de situações que possam suscitar conflito
autoridade deverá consignar em agenda de trabalho de interesses, esclarece o seguinte:
de acesso público: 1. Suscita conflito de interesses o exercício de ati-
I – audiências concedidas, com informações sobre vidade que:
seus objetivos, participantes e resultados, as quais a) em razão da sua natureza, seja incompatível
deverão ser registradas por servidor do órgão ou enti- com as atribuições do cargo ou função pública da
dade por ela designado para acompanhar a reunião; autoridade, como tal considerada, inclusive, a ati-
II – eventos político-eleitorais de que participe, infor- vidade desenvolvida em áreas ou matérias afins à
mando as condições de logística e financeiras da sua competência funcional;
participação. b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocu-
Art. 7º Havendo possibilidade de conflito de interesse pante de cargo em comissão ou função de confiança,
entre a atividade político-eleitoral e a função pública, que exige a precedência das atribuições do cargo ou
a autoridade deverá abster-se de participar daquela função pública sobre quaisquer outras atividades;
atividade ou requerer seu afastamento do cargo. c) implique a prestação de serviços a pessoa física
Art. 8º Em caso de dúvida, a autoridade poderá con- ou jurídica ou a manutenção de vínculo de negócio
sultar a Comissão de Ética Pública. com pessoa física ou jurídica que tenha interesse NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
em decisão individual ou coletiva da autoridade;
Brasília, 14 de fevereiro de 2002 d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de infor-
mação à qual a autoridade tenha acesso em razão
João Geraldo Piquet Carneiro
do cargo e não seja de conhecimento público;
Presidente
e) possa transmitir à opinião pública dúvida a res-
A Resolução da CEP Nº 7 possui duplo objetivo. Pri- peito da integridade, moralidade, clareza de posi-
meiro, ela busca reconhecer o direito de qualquer auto- ções e decoro da autoridade.
2. A ocorrência de conflito de interesses independe
ridade de participar em atividades e eventos políticos
do recebimento de qualquer ganho ou retribuição
e eleitorais. Além disso, ela também busca, mediante
pela autoridade.
explicitação de normas de conduta, permitir que as
3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de
autoridades exerçam esse direito a salvo de críticas, des- conflito de interesses ao adotar, conforme o caso,
de que cumpram os preceitos dessa Resolução de forma uma ou mais das seguintes providências:
adequada. a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do cargo,
Pelo texto do artigo 3º, o dispositivo recomenda que a enquanto perdurar a situação passível de suscitar
autoridade não se valha de viagem de trabalho para par- conflito de interesses;
ticipar de eventos político-eleitorais. Essa é uma norma b) alienar bens e direitos que integram o seu patri-
de caráter mais prático pois é difícil exercer algum con- mônio e cuja manutenção possa suscitar conflito de
trole/separação entre a proibição dessas viagens, cujo interesses; 347
c) transferir a administração dos bens e direitos que Resolve:
possam suscitar conflito de interesses a instituição
financeira ou a administradora de carteira de valo- Art. 1º Fica aprovado o modelo anexo da Decla-
res mobiliários autorizada a funcionar pelo Banco ração Confidencial de Informações de que trata a
Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários, Resolução no 5, de 7 de junho de 2001.
conforme o caso, mediante instrumento contratual Art. 2º A autoridade ocupante de cargo público vin-
que contenha cláusula que vede a participação da culado ao Código de Conduta da Alta Administração
autoridade em qualquer decisão de investimento Federal deverá apresentar a Declaração Confiden-
assim como o seu prévio conhecimento de decisões cial de Informações, devidamente preenchida:
da instituição administradora quanto à gestão dos I - pela primeira vez, até dez dias após a posse; e
bens e direitos; II - sempre que ocorrer alteração relevante nas infor-
d) na hipótese de conflito de interesses específico mações prestadas, até trinta dias da ocorrência.
e transitório, comunicar sua ocorrência ao supe- Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de
rior hierárquico ou aos demais membros de órgão sua publicação.
colegiado de que faça parte a autoridade, em se tra- Art. 4º Fica revogado o Anexo à Resolução no 5, de
tando de decisão coletiva, abstendo-se de votar ou 7 de junho de 2001.
participar da discussão do assunto;
FERNANDO NEVES DA SILVA
e) divulgar publicamente sua agenda de compro-
missos, com identificação das atividades que não Presidente da Comissão de Ética Pública
sejam decorrência do cargo ou função pública.
4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informa- RESOLUÇÃO Nº 10, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008
da pela autoridade e opinará, em cada caso con-
creto, sobre a suficiência da medida adotada para A Resolução nº 10 da CEP é o instrumento normati-
prevenir situação que possa suscitar conflito de vo que dispõe sobre as normas de funcionamentos e o
interesses. rito processual adotado pelas Comissões de Ética cria-
5. A participação de autoridade em conselhos de das a partir do Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994
administração e fiscal de empresa privada, da (Código de Ética dos Servidores Públicos Federais).
qual a União seja acionista, somente será permi-
tida quando resultar de indicação institucional da A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas
autoridade pública competente. Nestes casos, é-lhe atribuições conferidas pelo art. 1º do Decreto de
vedado participar de deliberação que possa susci- 26 de maio de 1999 e pelos arts. 1º, inciso III, e 4º,
tar conflito de interesses com o Poder Público. inciso IV, do Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de
6. No trabalho voluntário em organizações do ter- 2007, nos termos dos Decretos nos 1.171, de 22 de
ceiro setor, sem finalidade de lucro, também deverá junho de 1994, Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro
ser observado o disposto nesta Resolução. de 2002 e tendo em vista a Lei nº 9.784, de 29 de
7. As consultas dirigidas à Comissão de Ética Públi- janeiro de 1999,
ca deverão estar acompanhadas dos elementos per-
tinentes à legalidade da situação exposta. Resolve:

Brasília, 25 de setembro de 2003 Art. 1º Ficam aprovadas, na forma desta Resolu-


ção, as normas de funcionamento e de rito pro-
João Geraldo Piquet Carneiro
cessual, delimitando competências, atribuições,
Presidente
procedimentos e outras providências no âmbito
das Comissões de Ética instituídas pelo Decreto nº
Essa é uma matéria que também vimos no Código
1.171, de 22 de junho de 1994, com as alterações
de Ética dos Servidores Públicos. Há algumas ativida-
estabelecidas pelo Decreto nº 6.029, de 1º de feve-
des que, dada a sua natureza e outras circunstâncias, reiro de 2007.
não devem ser exercidas pelos agentes públicos, ante
o fato de ser considerada atividades antiéticas. Capítulo I: Das Competências e Atribuições
Novamente é importante frisar que não estamos
falando de aspectos legais. Não é feito um julgamen- Art. 2º Compete às Comissões de Ética:
to de legalidade sobre a natureza dessas atividades, e I - atuar como instância consultiva do dirigente
sim um julgamento sobre a moral e padrões mínimos máximo e dos respectivos servidores de órgão ou
de ética. Não se pode mais aceitar o pensamento que de entidade federal;
o servidor geralmente costuma ter de que ele pode II - aplicar o Código de Ética Profissional do
fazer tudo o que a lei não proibir: ele não pode pensar Servidor Público Civil do Poder Executivo
“isso não é errado, porque a lei não me proíbe”. Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de
1994, devendo:
RESOLUÇÃO Nº 9, DE 20 DE MAIO DE 2005 a) submeter à Comissão de Ética Pública - CEP
propostas de aperfeiçoamento do Código de
A Resolução nº 9 da CEP é o instrumento norma- Ética Profissional;
tivo que aprova o modelo anexo da Declaração Con- b) apurar, de ofício ou mediante denúncia,
fidencial de Informações, documento esse tratado na fato ou conduta em desacordo com as normas
Resolução nº 5, de 7 de junho de 2001. éticas pertinentes;
c) recomendar, acompanhar e avaliar o desen-
O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, volvimento de ações objetivando a dissemi-
no uso de suas atribuições e tendo em vista o dis- nação, capacitação e treinamento sobre as
posto no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio normas de ética e disciplina;
de 1999, que cria a Comissão de Ética Pública, e III - representar o órgão ou a entidade na Rede de
nos termos do art. 4º do Código de Conduta da Alta Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o
348 Administração Federal, art. 9º do Decreto nº 6.029, de 2007;
IV - supervisionar a observância do Código Das competências da CEP, gostaríamos de destacar
de Conduta da Alta Administração Federal e as funções de natureza consultiva. Como vimos em
comunicar à CEP situações que possam confi- outras Resoluções, muitas situações dentro do Código
gurar descumprimento de suas normas; de Ética como também outras situações podem gerar
V - aplicar o código de ética ou de conduta próprio, dúvidas sobre como proceder da maneira mais ética
se couber;
possível.
VI - orientar e aconselhar sobre a conduta ética do
servidor, inclusive no relacionamento com o cida-
A CEP deve justamente dirimir essas dúvidas:
dão e no resguardo do patrimônio público; ela deve atuar não só de forma impositiva (forçar os
VII - responder consultas que lhes forem dirigidas; outros ao cumprimento das regras do Código de Éti-
VIII - receber denúncias e representações contra ca), mas também de forma consulta (tirar dúvidas
servidores por suposto descumprimento às normas sobre situações em que há comprometimento ético).
éticas, procedendo à apuração;
IX - instaurar processo para apuração de fato ou Capítulo II: Da Composição
conduta que possa configurar descumprimento ao
padrão ético recomendado aos agentes públicos; Art. 3º A Comissão de Ética do órgão ou entidade
X - convocar servidor e convidar outras pessoas a será composta por três membros titulares e res-
prestar informação; pectivos suplentes, servidores públicos ocupantes
XI - requisitar às partes, aos agentes públicos e aos de cargo efetivo ou emprego do seu quadro perma-
órgãos e entidades federais informações e docu- nente, designados por ato do dirigente máximo do
mentos necessários à instrução de expedientes; correspondente órgão ou entidade.
XII - requerer informações e documentos necessá- § 1º Não havendo servidores públicos no órgão ou
rios à instrução de expedientes a agentes públicos
na entidade em número suficiente para instituir a
e a órgãos e entidades de outros entes da federação
Comissão de Ética, poderão ser escolhidos servido-
ou de outros Poderes da República;
res públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego
XIII - realizar diligências e solicitar pareceres de
do quadro permanente da Administração Pública.
especialistas;
§ 2º A atuação na Comissão de Ética é considerada
XIV - esclarecer e julgar comportamentos com indí-
prestação de relevante serviço público e não enseja
cios de desvios éticos;
XV - aplicar a penalidade de censura ética ao servi- qualquer remuneração, devendo ser registrada nos
dor e encaminhar cópia do ato à unidade de gestão assentamentos funcionais do servidor.
de pessoal, podendo também: § 3º O dirigente máximo de órgão ou entidade não
a) sugerir ao dirigente máximo a exoneração de poderá ser membro da Comissão de Ética.
ocupante de cargo ou função de confiança; § 4º O Presidente da Comissão será substituído pelo
b) sugerir ao dirigente máximo o retorno do servi- membro mais antigo, em caso de impedimento ou
dor ao órgão ou entidade de origem; vacância.
c) sugerir ao dirigente máximo a remessa de expe- § 5º No caso de vacância, o cargo de Presidente da
diente ao setor competente para exame de even- Comissão será preenchido mediante nova escolha
tuais transgressões de naturezas diversas; efetuada pelos seus membros.
d) adotar outras medidas para evitar ou sanar § 6º Na ausência de membro titular, o respecti-
desvios éticos, lavrando, se for o caso, o Acordo de vo suplente deve imediatamente assumir suas
Conduta Pessoal e Profissional - ACPP; atribuições.
XVI - arquivar os processos ou remetê-los ao órgão § 7º Cessará a investidura de membros das Comis-
competente quando, respectivamente, não seja sões de Ética com a extinção do mandato, a renún-
comprovado o desvio ético ou configurada infra- cia ou por desvio disciplinar ou ético reconhecido
ção cuja apuração seja da competência de órgão pela Comissão de Ética Pública.
distinto;
XVII - notificar as partes sobre suas decisões; Os membros da Comissão de Ética Pública são mem-
XVIII - submeter ao dirigente máximo do órgão ou bros de dentro do próprio Estado. Segundo a Resolução,
entidade sugestões de aprimoramento ao código de eles podem ser ou servidores públicos ou empregados
conduta ética da instituição; públicos. Isso significa que o vínculo entre a autoridade
XIX - dirimir dúvidas a respeito da interpretação e o Estado é irrelevante para compor a CEP.
das normas de conduta ética e deliberar sobre os
Todavia isso não significa que todo e qualquer NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
casos omissos, observando as normas e orienta-
agente público pode compor a CEP. Não seria reco-
ções da CEP;
XX - elaborar e propor alterações ao código de ética mendado que agentes temporários componham a
ou de conduta próprio e ao regimento interno da Comissão, uma vez que o seu vínculo com o Estado é
respectiva Comissão de Ética; temporário.
XXI - dar ampla divulgação ao regramento ético;
XXII - dar publicidade de seus atos, observada a Art. 4º A Comissão de Ética contará com uma
restrição do art. 14 desta Resolução; Secretaria-Executiva, que terá como finalidade
XXIII - requisitar agente público para prestar ser- contribuir para a elaboração e o cumprimento do
viços transitórios técnicos ou administrativos à plano de trabalho da gestão da ética e prover apoio
Comissão de Ética, mediante prévia autorização do técnico e material necessário ao cumprimento das
dirigente máximo do órgão ou entidade; atribuições.
XXIV - elaborar e executar o plano de trabalho de § 1º O encargo de secretário-executivo recairá em
gestão da ética; e detentor de cargo efetivo ou emprego permanente
XXV - indicar por meio de ato interno, representan- na administração pública, indicado pelos membros
tes locais da Comissão de Ética, que serão desig- da Comissão de Ética e designado pelo dirigente
nados pelos dirigentes máximos dos órgãos ou máximo do órgão ou da entidade.
entidades, para contribuir nos trabalhos de educa- § 2º Fica vedado ao Secretário-Executivo ser mem-
ção e de comunicação. bro da Comissão de Ética. 349
§ 3º A Comissão de Ética poderá designar represen- § 1º Compete aos demais integrantes da Secreta-
tantes locais que auxiliarão nos trabalhos de edu- ria-Executiva fornecer o suporte administrativo
cação e de comunicação. necessário ao desenvolvimento ou exercício de suas
§ 4º Outros servidores do órgão ou da entidade funções.
poderão ser requisitados, em caráter transitório, § 2º Aos representantes locais compete contribuir
para realização de atividades administrativas jun- com as atividades de educação e de comunicação.
to à Secretaria-Executiva.
Capítulo V: Dos Mandatos
Capítulo III: Do Funcionamento
Art. 11 Os membros da Comissão de Ética cumpri-
Art. 5º As deliberações da Comissão de Ética serão rão mandatos, não coincidentes, de três anos, permi-
tomadas por votos da maioria de seus membros. tida uma única recondução.
§ 1º Os mandatos dos primeiros membros e dos
Nesse caso, entendemos que a Resolução dispõe da respectivos suplentes serão de um, dois e três anos,
maioria absoluta, que é a maioria de votos obtidas estabelecidos em portaria designatória.
pela metade do número de membros totais da Comis- § 2º Poderá ser reconduzido uma única vez ao cargo
são, acrescido de um (50% + 1 de todos os membros). de membro da Comissão de ética o servidor público
que for designado para cumprir o mandato comple-
Art. 6º As Comissões de Ética se reunirão ordina- mentar, caso o mesmo tenha se iniciado antes do
riamente pelo menos uma vez por mês e, em caráter transcurso da metade do período estabelecido no
extraordinário por iniciativa do Presidente, dos seus mandato originário.
membros ou do Secretário-Executivo. § 3º Na hipótese de o mandato complementar ser
Art. 7º A pauta das reuniões da Comissão de Ética exercido após o transcurso da metade do período
será composta a partir de sugestões do presidente, dos estabelecido no mandato originário, o membro da
membros ou do Secretário-Executivo, sendo admitida Comissão de Ética que o exercer poderá ser conduzi-
a inclusão de novos assuntos no início da reunião. do imediatamente ao posterior mandato regular de
3 (três) anos, permitindo-lhe uma única recondução
Capítulo IV: Das Atribuições ao mandado regular.

Capítulo VI: Das Normas Gerais Do Procedimento


Art. 8º Compete ao presidente da Comissão de Ética:
I - convocar e presidir as reuniões;
II - determinar a instauração de processos para a Art. 12 As fases processuais no âmbito das Comis-
apuração de prática contrária ao código de ética ou sões de Ética serão as seguintes:
de conduta do órgão ou entidade, bem como as dili- I - Procedimento Preliminar, compreendendo:
gências e convocações; a) juízo de admissibilidade;
b) instauração;
III - designar relator para os processos;
c) provas documentais e, excepcionalmente, mani-
IV - orientar os trabalhos da Comissão de Ética,
festação do investigado e realização de diligências
ordenar os debates e concluir as deliberações;
urgentes e necessárias;
V - tomar os votos, proferindo voto de qualidade, e
d) relatório;
proclamar os resultados; e
e) proposta de ACPP;
VI - delegar competências para tarefas específicas
f) decisão preliminar determinando o arquivamen-
aos demais integrantes da Comissão de Ética.
to ou a conversão em Processo de Apuração Ética;
Parágrafo único. O voto de qualidade de que tra-
II - Processo de Apuração Ética, subdividindo-se em:
ta o inciso V somente será adotado em caso de
a) instauração;
desempate. b) instrução complementar, compreendendo:
Art. 9º Compete aos membros da Comissão de Ética: 1. a realização de diligências;
I - examinar matérias, emitindo parecer e voto; 2. a manifestação do investigado; e
II - pedir vista de matéria em deliberação; 3. a produção de provas;
III - fazer relatórios; e c) relatório; e
IV - solicitar informações a respeito de matérias sob d) deliberação e decisão, que declarará improce-
exame da Comissão de Ética. dência, conterá sanção, recomendação a ser aplica-
Art. 10 Compete ao Secretário-Executivo: da ou proposta de ACPP.
I - organizar a agenda e a pauta das reuniões;
II - proceder ao registro das reuniões e à elaboração Observe que, por mais que o processo de apura-
de suas atas;
ção de condutas éticas possua alguns contornos espe-
III - instruir as matérias submetidas à deliberação
ciais, isso não significa que é algo totalmente único e
da Comissão de Ética;
diferente. Esse procedimento é muito parecido com o
IV - desenvolver ou supervisionar a elaboração de
procedimento dos processos administrativos discipli-
estudos e subsídios ao processo de tomada de deci-
são da Comissão de Ética;
nares (PADs).
V - coordenar o trabalho da Secretaria-Executiva, Esse procedimento possui duas fases, ao contrá-
bem como dos representantes locais; rio do PAD que possui três. Mas ele apresenta mui-
VI - fornecer apoio técnico e administrativo à Comis- tos pontos em comum com este. Dentre esses pontos
são de Ética; em comum, denota-se: a) uma instauração do pro-
VII - executar e dar publicidade aos atos de compe- cedimento a requerimento ou ex officio; b) uma fase
tência da Secretaria-Executiva; de investigação/apuração da conduta, algo similar a
VIII - coordenar o desenvolvimento de ações objeti- sindicância; c) uma fase instrutória, sendo admitidos
vando a disseminação, capacitação e treinamento como meios de provas a inquirição de testemunhas,
sobre ética no órgão ou entidade; e e a manifestação do acusado; e d) um relatório da
IX - executar outras atividades determinadas pela Comissão, que não é a decisão final, mas ela servirá de
350 Comissão de Ética. base para o julgamento posterior.
Art. 13 A apuração de infração ética será forma- Parágrafo único. Entende-se por agente público
lizada por procedimento preliminar, que deverá todo aquele que por força de lei, contrato ou
observar as regras de autuação, compreendendo qualquer ato jurídico, preste serviços de natu-
numeração, rubrica da paginação, juntada de docu- reza permanente, temporária, excepcional ou
mentos em ordem cronológica e demais atos de eventual, ainda que sem retribuição finan-
expediente administrativo. ceira, a órgão ou entidade da Administração
Art. 14 Até a conclusão final, todos os expedientes Pública Federal direta e indireta.
de apuração de infração ética terão a chancela de
“reservado”, nos termos do Decreto nº 4.553, de Texto importante, porque traz uma definição de
27 de dezembro 2002, após, estarão acessíveis aos agente público bastante abrangente, igual ao que ocor-
interessados conforme disposto na Lei nº 9.784, de re com a definição apresentada pelo Código de Ética.
29 de janeiro de 1999.
Art. 15 Ao denunciado é assegurado o direito de
Art. 20 O Procedimento Preliminar para apura-
conhecer o teor da acusação e ter vista dos autos
ção de conduta que, em tese, configure infração
no recinto da Comissão de Ética, bem como de obter
ao padrão ético será instaurado pela Comissão
cópias de documentos.
de Ética, de ofício ou mediante representação ou
Parágrafo único. As cópias deverão ser solicitadas
denúncia formulada por quaisquer das pessoas
formalmente à Comissão de Ética.
mencionadas no caput do art. 19.
§ 1º A instauração, de ofício, de expediente de inves-
O direito de ter vista aos autos, bem como de apre- tigação deve ser fundamentada pelos integrantes
sentar defesa, tem por fundamento os princípios do da Comissão de Ética e apoiada em notícia públi-
contraditório e ampla defesa, aplicáveis ao processo ca de conduta ou em indícios capazes de lhe dar
judicial e ao processo administrativo também. sustentação.
§ 2º Se houver indícios de que a conduta configu-
Art. 16 As Comissões de Ética, sempre que consta- re, a um só tempo, falta ética e infração de outra
tarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, natureza, inclusive disciplinar, a cópia dos autos
de improbidade administrativa ou de infração deverá ser encaminhada imediatamente ao órgão
disciplinar, encaminhará cópia dos autos às auto- competente.
ridades competentes para apuração de tais fatos, § 3º Na hipótese prevista no § 2º, o denunciado
sem prejuízo da adoção das demais medidas de sua deverá ser notificado sobre a remessa do expedien-
competência. te ao órgão competente.
Art. 17 A decisão final sobre investigação de condu- § 4º Havendo dúvida quanto ao enquadramento da
ta ética que resultar em sanção, em recomendação conduta, se desvio ético, infração disciplinar, ato de
ou em Acordo de Conduta Pessoal e Profissional improbidade, crime de responsabilidade ou infra-
será resumida e publicada em ementa, com a omis- ção de natureza diversa, a Comissão de Ética, em
são dos nomes dos envolvidos e de quaisquer outros caráter excepcional, poderá solicitar parecer reser-
dados que permitam a identificação. vado junto à unidade responsável pelo assessora-
Parágrafo único. A decisão final contendo nome e mento jurídico do órgão ou da entidade.
identificação do agente público deverá ser remetida Art. 21 A representação, a denúncia ou qualquer
à Comissão de Ética Pública para formação de ban- outra demanda deve conter os seguintes requisitos:
co de dados de sanções, para fins de consulta pelos I - descrição da conduta;
órgãos ou entidades da administração pública fede- II - indicação da autoria, caso seja possível; e
ral, em casos de nomeação para cargo em comissão III - apresentação dos elementos de prova ou
ou de alta relevância pública. indicação de onde podem ser encontrados.
Art. 18 Os setores competentes do órgão ou enti- Parágrafo único. Quando o autor da demanda não
dade darão tratamento prioritário às solicitações se identificar, a Comissão de Ética poderá acolher
de documentos e informações necessárias à instru- os fatos narrados para fins de instauração, de ofí-
ção dos procedimentos de investigação instaura- cio, de procedimento investigatório, desde que con-
dos pela Comissão de Ética, conforme determina o tenha indícios suficientes da ocorrência da infração
Decreto nº 6.029, de 2007. ou, em caso contrário, determinar o arquivamento
§ 1º A inobservância da prioridade determinada sumário.
neste artigo implicará a responsabilidade de quem Art. 22 A representação, denúncia ou qualquer
lhe der causa. outra demanda será dirigida à Comissão de Ética,
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
§ 2º No âmbito do órgão ou da entidade e em rela- podendo ser protocolada diretamente na sede da
ção aos respectivos agentes públicos a Comissão Comissão ou encaminhadas pela via postal, correio
de Ética terá acesso a todos os documentos neces- eletrônico ou fax.
sários aos trabalhos, dando tratamento específico § 1º A Comissão de Ética expedirá comunicação
àqueles protegidos por sigilo legal. oficial divulgando os endereços físico e eletrônico
para atendimento e apresentação de demandas.
Capítulo VII: Do Rito Processual § 2º Caso a pessoa interessada em denunciar ou
representar compareça perante a Comissão de
Art. 19 Qualquer cidadão, agente público, pessoa Ética, esta poderá reduzir a termo as declarações
jurídica de direito privado, associação ou entidade e colher a assinatura do denunciante, bem como
de classe poderá provocar a atuação da Comissão receber eventuais provas.
de Ética, visando a apuração de transgressão ética § 3º Será assegurada ao denunciante a comprova-
imputada ao agente público ou ocorrida em setores ção do recebimento da denúncia ou representação
competentes do órgão ou entidade federal. por ele encaminhada.
Art. 23 Oferecida a representação ou denúncia, a
O caput menciona apenas a instauração mediante Comissão de Ética deliberará sobre sua admissibi-
provocação, mas é admitida também a instauração de lidade, verificando o cumprimento dos requisitos
ofício, conforme veremos mais adiante. previstos nos incisos do art. 21. 351
§ 1º A Comissão de Ética poderá determinar a Art. 27 O pedido de prova pericial deverá ser justi-
colheita de informações complementares ou de ficado, sendo lícito à Comissão de Ética indeferi-lo
outros elementos de prova que julgar necessários. nas seguintes hipóteses:
§ 2º A Comissão de Ética, mediante decisão fun- I - a comprovação do fato não depender de conheci-
damentada, arquivará representação ou denún- mento especial de perito; ou
cia manifestamente improcedente, cientificando o II - revelar-se meramente protelatório ou de
denunciante. nenhum interesse para o esclarecimento do fato.
§ 3º É facultado ao denunciado a interposição de Art. 28 Na hipótese de o investigado não requerer
pedido de reconsideração dirigido à própria Comis- a produção de outras provas, além dos documentos
são de Ética, no prazo de dez dias, contados da ciên- apresentados com a defesa prévia, a Comissão de
cia da decisão, com a competente fundamentação. Ética, salvo se entender necessária a inquirição de
§ 4º A juízo da Comissão de Ética e mediante con- testemunhas, a realização de diligências ou de exa-
me pericial, elaborará o relatório.
sentimento do denunciado, poderá ser lavrado
Parágrafo único. Na hipótese de o investigado,
Acordo de Conduta Pessoal e Profissional.
comprovadamente notificado ou citado por edital
§ 5º Lavrado o Acordo de Conduta Pessoal e Profis-
público, não se apresentar, nem enviar procura-
sional, o Procedimento Preliminar será sobrestado,
dor legalmente constituído para exercer o direito
por até dois anos, a critério da Comissão de Ética,
ao contraditório e à ampla defesa, a Comissão de
conforme o caso. Ética designará um defensor dativo preferencial-
§ 6º Se, até o final do prazo de sobrestamento, o mente escolhido dentre os servidores do quadro
Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for cum- permanente para acompanhar o processo, sendo-
prido, será determinado o arquivamento do feito. -lhe vedada conduta contrária aos interesses do
§ 7º Se o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional investigado.
for descumprido, a Comissão de Ética dará segui- Art. 29 Concluída a instrução processual e elabo-
mento ao feito, convertendo o Procedimento Preli- rado o relatório, o investigado será notificado para
minar em Processo de Apuração Ética. apresentar as alegações finais no prazo de dez dias.
§ 8º Não será objeto de Acordo de Conduta Pessoal Art. 30 Apresentadas ou não as alegações finais, a
e Profissional o descumprimento ao disposto no Comissão de Ética proferirá decisão.
inciso XV do Anexo ao Decreto nº 1.171, de 1994. § 1º Se a conclusão for pela culpabilidade do inves-
Art. 24 Ao final do Procedimento Preliminar, tigado, a Comissão de Ética poderá aplicar a penali-
será proferida decisão pela Comissão de Ética dade de censura ética prevista no Decreto nº 1.171,
do órgão ou entidade determinando o arqui- de 1994, e, cumulativamente, fazer recomendações,
vamento ou sua conversão em Processo de bem como lavrar o Acordo de Conduta Pessoal e
Apuração Ética. Profissional, sem prejuízo de outras medidas a seu
cargo.
O julgamento da autoridade ainda não começou. § 2º Caso o Acordo de Conduta Pessoal e Profissio-
nal seja descumprido, a Comissão de Ética dará
Estamos apenas em um ponto preparatório para o
seguimento ao Processo de Apuração Ética.
Processo de Apuração Ética, algo parecido com a sin-
§ 3º É facultada ao investigado pedir a reconside-
dicância no processo administrativo. ração acompanhada de fundamentação à própria
Comissão de Ética, no prazo de dez dias, contado da
Art. 25 Instaurado o Processo de Apuração ciência da respectiva decisão.
Ética, a Comissão de Ética notificará o inves- Art. 31 Cópia da decisão definitiva que resultar em
tigado para, no prazo de dez dias, apresentar penalidade a detentor de cargo efetivo ou de empre-
defesa prévia, por escrito, listando eventuais go permanente na Administração Pública, bem
testemunhas, até o número de quatro, e apre- como a ocupante de cargo em comissão ou função
sentando ou indicando as provas que pretende de confiança, será encaminhada à unidade de ges-
produzir. tão de pessoal, para constar dos assentamentos do
agente público, para fins exclusivamente éticos.
Outra menção ao direito do acusado de acompa- § 1º O registro referido neste artigo será cancela-
nhar o processo e se manifestar sobre o mesmo, sob o do após o decurso do prazo de três anos de efetivo
fundamento dos princípios do contraditório e ampla exercício, contados da data em que a decisão se tor-
nou definitiva, desde que o servidor, nesse período,
defesa.
não tenha praticado nova infração ética.
§ 2º Em se tratando de prestador de serviços sem
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo vínculo direto ou formal com o órgão ou entidade,
poderá ser prorrogado por igual período, a juízo da a cópia da decisão definitiva deverá ser remetida ao
Comissão de Ética, mediante requerimento justifi- dirigente máximo, a quem competirá a adoção das
cado do investigado. providências cabíveis.
Art. 26 O pedido de inquirição de testemunhas § 3º Em relação aos agentes públicos listados no §
deverá ser justificado. 2º, a Comissão de Ética expedirá decisão definitiva
§ 1º Será indeferido o pedido de inquirição, quando: elencando as condutas infracionais, eximindo-se de
I - formulado em desacordo com este artigo; aplicar ou de propor penalidades, recomendações
II - o fato já estiver suficientemente provado por ou Acordo de Conduta Pessoal e Profissional.
documento ou confissão do investigado ou quais-
quer outros meios de prova compatíveis com o rito Capítulo VII: Dos Deveres E Responsabilidades Dos
descrito nesta Resolução; ou Integrantes Da Comissão
III - o fato não possa ser provado por testemunha.
§ 2º As testemunhas poderão ser substituídas des- Art. 32 São princípios fundamentais no trabalho
de que o investigado formalize pedido à Comissão desenvolvido pelos membros da Comissão de Ética:
de Ética em tempo hábil e em momento anterior à I - preservar a honra e a imagem da pessoa investigada;
352 audiência de inquirição. II - proteger a identidade do denunciante;
III - atuar de forma independente e imparcial; Faremos algumas notas conclusivas sobre a referi-
IV - comparecer às reuniões da Comissão de Ética, da Resolução.
justificando ao presidente da Comissão, por escrito, Primeiro, é importante lembrar que a Comissão
eventuais ausências e afastamentos; de Ética Pública, além de um papel consultivo, pode
V - em eventual ausência ou afastamento, instruir o também apurar condutas e infrações antiéticas
substituto sobre os trabalhos em curso; praticadas pelas autoridades públicas submetidas
VI - declarar aos demais membros o impedimento ou
a ela. Da apuração das infrações podem resultar a
a suspeição nos trabalhos da Comissão de Ética; e
aplicação de sanções, ou uma recomendação, ou ain-
VII - eximir-se de atuar em procedimento no qual
tenha sido identificado seu impedimento ou suspeição.
da em um Acordo de Conduta Pessoal e Profissional
Art. 33 Dá-se o impedimento do membro da (ACPP).
Comissão de Ética quando: Mesmo sendo um processo de apuração de condu-
I - tenha interesse direto ou indireto no feito; tas éticas, deve ser assegurado o direito da autorida-
II - tenha participado ou venha a participar, de denunciada de manifestar defesa dos atos que lhe
em outro processo administrativo ou judicial, são imputados, sendo assegurado também o direito de
como perito, testemunha ou representante acompanhar todos os atos do processo que corre con-
legal do denunciante, denunciado ou investi- tra a sua pessoa.
gado, ou de seus respectivos cônjuges, compa- Por fim, durante a apuração da conduta ética, é
nheiros ou parentes até o terceiro grau; vedada a divulgação de dados pessoais como do nome
III - esteja litigando judicial ou administrati- do acusado, a repartição/local onde trabalha e outras
vamente com o denunciante, denunciado ou características que possam identificá-lo. O processo de
investigado, ou com os respectivos cônjuges, com- apuração de condutas éticas deve correr sob sigilo,
panheiros ou parentes até o terceiro grau; ou
pois trata-se de uma situação vexatória e humilhante,
IV - for seu cônjuge, companheiro ou parente
que pode causar problemas na própria relação de tra-
até o terceiro grau o denunciante, denunciado
balho da autoridade investigada. A honra e a imagem
ou investigado.
Art. 34. Ocorre a suspeição do membro quando: da pessoa investigada devem ser preservadas.
I - for amigo íntimo ou notório desafeto do
denunciante, denunciado ou investigado, ou
de seus respectivos cônjuges, companheiros ou
parentes até o terceiro grau; ou LICITAÇÕES E CONTRATOS (LEI Nº
II - for credor ou devedor do denunciante,
denunciado ou investigado, ou de seus respec- 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993)
tivos cônjuges, companheiros ou parentes até
o terceiro grau. NOÇÕES GERAIS DE LICITAÇÃO

A decretação de impedimento tem por fundamen- A Administração tem a faculdade de realizar con-
to uma disposição de ordem legal, sendo por isso um tratos com particulares. Porém, ao contrário do que
ato vinculado. A arguição de suspeição, por sua vez, ocorre na esfera privada, o Poder Público não pode
é ato discricionário, pois por mais que o dispositivo escolher livremente quem deve contratar, seja para a
apresente hipóteses de suspeição, essas pessoas sus-
compra e fornecimento de materiais ou para a pres-
peitas não estão obrigadas de participar do processo.
tação de um serviço com relevante interesse públi-
A suspeição apenas não recomenda que elas partici-
co. Por ser uma pessoa jurídica de direito público,
pem, o que significa que há uma margem de liberdade
para o administrador de arguir ou não a suspeição. os imperativos da isonomia, da impessoalidade e
da indisponibilidade do interesse público obrigam
Capítulo IX: Disposições Finais a Administração à realização de um processo públi-
co para a seleção mais imparcial possível da melhor
Art. 35 As situações omissas serão resolvidas por proposta, garantindo igualdade de condições a todos
deliberação da Comissão de Ética, de acordo com que queiram concorrer para a eventual celebração do
o previsto no Código de Ética próprio, no Código contrato. Esse é o processo denominado licitação, pre-
de Ética Profissional do Servidor Público Civil do visto no inciso XXI, do art. 37, da Constituição Federal.
Poder Executivo Federal, no Código de Conduta da Assim, podemos conceituar a licitação como o procedi-
mento administrativo em que ocorre a seleção da melhor
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
Alta Administração Federal, bem como em outros
atos normativos pertinentes. proposta, de modo imparcial a todos os interessados.
Art. 36 O Regimento Interno de cada Comissão de As finalidades das licitações são diversas, algumas
Ética poderá estabelecer normas complementares dispostas no art. 3° da Lei n° 8.666/1993. Segundo o refe-
a esta Resolução. rido dispositivo legal, a licitação tem por finalidade:
Art. 37 Fica estabelecido o prazo de seis meses para
que as Comissões de Ética dos órgãos e entidades z Buscar a melhor proposta, promovendo maior com-
do Poder Executivo Federal possam se adequar ao
petitividade entre os potenciais contratados, com a
disposto nesta Resolução.
finalidade de almejar o negócio mais vantajoso;
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo
poderá ser prorrogado, mediante envio de justifica- z Oferecer uma igualdade de condições aos interes-
tivas, nos trinta dias que antecedem o termo final, sados em contratar com o Poder Público, em aten-
para apreciação e autorização da Comissão de Éti- dimento à isonomia e à impessoalidade, desde que
ca Pública. atendam as condições previamente fixadas no ins-
Art. 38 Esta Resolução entra em vigor na data de trumento convocatório; e
sua publicação. z A promoção do desenvolvimento nacional sustentável,
introduzido posteriormente pela Lei n° 12.349/2010,
JOSÉ PAULO SEPÚLVEDA PERTENCE envolvendo aspectos econômicos, sociais e ambientais.
Presidente da Comissão de Ética Pública Infere-se, com isso, que as licitações atualmente podem 353
apresentar outros objetivos, como o cumprimento de Pressupostos da Licitação
uma função social, o impedimento do desmatamento
desnecessário, entre outros. Ressalvadas as hipóteses de contratação direta defini-
das na legislação, a celebração de contratos administrati-
A finalidade do desenvolvimento nacional sus- vos exige a prévia realização de procedimento licitatório.
tentável foi primeiramente denotada pela doutrina, Considerando ser uma disputa que visa a obtenção da
porém, podemos perceber várias medidas novas na melhor proposta à luz do interesse público, a licitação só
legislação adotadas no procedimento licitatório que pode ser instaurada mediante o preenchimento de certos
evidenciam essa nova faceta do mesmo. Dentre essas pressupostos, que podem ser definidos como:
medidas, destaca-se a referência para os produtos
manufaturados, pela indústria nacional (inciso XVII, z Pressuposto lógico: para ocorrer um procedimen-
do art. 6°, da Lei n° 8.666/1993) e a produção inter- to licitatório, faz parte da sua lógica a existência
na, bem como os produtos manufaturados e serviços de pluralidade de objetos e de ofertantes, sem os
nacionais (inciso XVIII, do art. 6°, da Lei n° 8.666/1993) quais torna inviável a competitividade inerente
resultantes de desenvolvimento e realizações tecnoló- da licitação. Ausente o pressuposto lógico, a licita-
gicas no País. Pode haver, inclusive, uma equiparação ção torna-se inexigível. É o caso, por exemplo, da
entre os produtos e serviços nacionais com aqueles compra de equipamentos fornecidos por produtor
prestados pelo Mercado Comum do Sul (Mercosul). exclusivo (inciso I, do art. 25, da Lei n° 8.666/1993);
Sobre a natureza jurídica, a doutrina classifica, z Pressuposto Jurídico: caracteriza-se pela conve-
de forma quase unânime, a licitação como um pro- niência e oportunidade do procedimento licitató-
cedimento administrativo. É um procedimento, uma rio. A licitação deve ser útil e trazer vantagem para
vez que se manifesta por uma sequência ordenada de a Administração, bem como atender ao interesse
atos. Não pode ser considerado um processo, pela ine- público. Caso contrário, é preferível uma contra-
xistência de partes litigantes. A ênfase em dizer que tação direta. A ausência desse pressuposto torna
a licitação é um procedimento administrativo advém a licitação inexigível ou dispensável. É o caso, por
do fato de que, por muito tempo, houve quem susten- exemplo, da compra de bens de valor inferior a R$
tasse ser a licitação um instituto de Direito Financei- 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais);
ro, e não de Direito Administrativo. Essa diferença no z Pressuposto Fático: por razões óbvias, é também
enquadramento do instituto implicava em uma alte- imprescindível o comparecimento dos interessa-
ração dos princípios aplicáveis e a mudança da com- dos em participar da licitação. Se ninguém com-
petência para editar leis sobre a matéria. parecer, ou se ninguém apresenta uma proposta
Sobre a competência legislativa do instituto, o inci- válida (que atenda aos requisitos exigidos no edi-
so XXVII, do art. 22, da CF/1988 atribui como compe- tal), a licitação é considerada deserta ou fracassa-
tência privativa da União legislar sobre normas gerais da, respectivamente. A ausência do pressuposto
de licitação e contratações, em todas as modalidades, fático implica em dispensa da licitação, na forma
para as administrações públicas diretas, indiretas, do inciso V, do art. 24, da Lei n° 8.666/1993;
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito z Pressuposto Orçamentário: alguns autores tam-
Federal e Municípios. Todavia, a doutrina denota que, bém elencam a obediência ao orçamento público
em se tratando de competência da União para editar como um pressuposto essencial do procedimento
“normas gerais”, cabe aos Estados, aos Municípios e licitatório. Nos termos dos incisos III e IV, do § 2°,
ao Distrito Federal a edição de regras específicas para do art. 7°, da Lei de Licitações, as obras e os serviços
suplementar essas normas gerais. Por isso, a doutrina somente poderão ser licitados quando houver pre-
crê que a competência para legislar sobre licitações, na visão de recursos orçamentários que assegurem o
verdade, é concorrente, e o referido dispositivo deveria pagamento das obrigações decorrentes de obras ou
estar expresso no art. 24 da CF/1988. serviços a serem executadas no exercício financeiro
Por ser um tema bastante técnico e preciso, o em curso, de acordo com o respectivo cronograma;
conhecimento da lei seca é essencial. A matéria legis- bem como quando o produto dela esperado esti-
lativa sobre o procedimento licitatório, na realidade, ver contemplado nas metas estabelecidas no Plano
é bastante vasta. Procura-se dar maior destaque à Lei Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição
n° 8.666/1993, que dispõe sobre as normas gerais de Federal, quando for o caso. Vale destacar, tam-
licitação, e à Lei n° 10.520/2002, que introduziu o pre- bém, o texto do art. 14 da mesma Lei, que dispõe
gão como uma nova modalidade de licitação a todos os que nenhuma compra será feita sem a adequada
entes federativos. Todavia, também destaca-se outros caracterização de seu objeto e indicação dos recur-
instrumentos legais, como a Lei n° 8.883/1994, a Lei n° sos orçamentários para seu pagamento, sob pena
11.079/2004, que institui as Parcerias Público-Privadas de nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe
ou PPPs, a Lei n° 9.472/1997 que institui duas modali- tiver dado causa.
dades de licitação exclusivas da ANATEL, o pregão e a
consulta; e o Decreto n° 9.412/2018, que atribui novos O Dever de Licitar
valores quanto ao preço de algumas formas licitatórias.
A quem incumbe a obrigatoriedade de licitar? Essa
LEI GERAL DE LICITAÇÕES – LEI N° 8.666/1993 é uma questão que apresenta diversos desdobramen-
tos na doutrina, e por isso, precisa ser melhor deta-
Como forma de regulamentar o inciso XXI, do art. lhada. Segundo o parágrafo único do art. 1° da Lei n°
37 da CF/1988, a Lei de Licitações (Lei n° 8.666/1993) 8.666/1993, que apresenta um rol muito mais extenso
é uma lei de âmbito nacional que institui normas do que o disposto no inciso XXI, do art. 37, da Cons-
gerais sobre licitações e contratações feitas pela Admi- tituição Federal, subordinam-se ao regime desta Lei,
nistração Pública, sendo aplicável a todos os entes da além dos órgãos da Administração Direta, os fundos
354 Federação. especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e atividade econômica. A obrigatoriedade de licitar,
demais entidades controladas direta ou indiretamen- nesses casos, traria uma grande desvantagem dessas
te pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. empresas estatais, comparado com as demais empre-
Assim, de modo geral, pode-se dizer que todos os sas privadas. Por isso, tal corrente defende que as
entes públicos tem um dever de licitar, compreendendo: empresas estatais que exercem atividade econômica
não devem licitar. O próprio art. 173, inclusive, faz
z Os entes da Administração Pública Direta, União, menção apenas as empresas prestadoras de serviço
Estados, Municípios, Distrito Federal; público. Vejamos:
z As autarquias, fundações, e agências reguladoras,
enfim, as pessoas jurídicas de direito público da Art. 173 (CF/88) Ressalvados os casos previstos
Administração Indireta; nesta Constituição, a exploração direta de ativi-
z As empresas públicas e as sociedades de economia dade econômica pelo Estado só será permitida
mista; quando necessária aos imperativos da segurança
z O Poder Legislativo; nacional ou a relevante interesse coletivo, confor-
z O Poder Judiciário; me definidos em lei.
z O Ministério Público; § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empre-
z O Tribunal de Contas; sa pública, da sociedade de economia mista e de
z As fundações de apoio; suas subsidiárias que explorem atividade econômi-
z As organizações do sistema S (Serviço Nacional de ca de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços [...]
Aprendizagem Industrial (Senai); Serviço Social do
Comércio (Sesc); Serviço Social da Indústria (Sesi);
e Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio Para efeitos didáticos, as empresas estatais não
(Senac) etc. precisam licitar durante o exercício de sua ativi-
dade-fim, envolvendo a exploração de atividades
Todos esses entes, de certa forma, fazem parte da econômicas. Contudo, para as suas atividades-meio
Administração Pública, seja porque integram o seu (contratação de funcionários de limpeza, vigilância
quadro de pessoas, seja porque prestam serviços de etc.), é preciso licitar.
relevante interesse público. Sobre o objeto da licitação, o art. 2° da Lei n°
Todavia, alguns desses entes públicos apresentam 8.666/1993 determina que a licitação será utilizada para
certas particularidades que os dispensam do dever de a compra de bens móveis e imóveis; a contratação de
licitar. No caso das Organizações Sociais (OS), o inci- serviços, incluindo serviços de publicidade e seguro; a
so XXIV, do art. 24, da Lei n° 8.666/1993 prevê expres- realização de obras de engenharia; locação e alienação
samente a dispensa de licitação para a celebração de de bens públicos; a outorga de concessão de serviços
contratos de gestão com as OS, pois, apesar de serem públicos; e a outorga de permissão de serviços públicos.
entidades privadas, o tipo de atividade que exercem O art. 3°, por sua vez, dispõe sobre a finalidade da
entende-se não ser exigível à licitação. No caso das licitação. Vejamos:
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Públi-
co (OSCIPs), apesar de não haver previsão expressa, Art. 3º A licitação destina-se a garantir a obser-
vância do princípio constitucional da isonomia, a
por ser instituto similar à OS, entende-se também que
seleção da proposta mais vantajosa para a adminis-
não há o dever de licitar, exceto para obras, compras,
tração e a promoção do desenvolvimento nacional
serviços e alienações contratados por entidades com
sustentável e será processada e julgada em estrita
recursos ou bens repassados voluntariamente pela conformidade com os princípios básicos da legali-
União (art. 1° do Decreto n° 5.504/2006). dade, da impessoalidade, da moralidade, da igual-
dade, da publicidade, da probidade administrativa,
Art. 24 (Lei nº 8.666/93) É dispensável a licitação: da vinculação ao instrumento convocatório, do jul-
[...] gamento objetivo e dos que lhes são correlatosO o
XXIV - para a celebração de contratos de prestação referido dispositivo faz uma menção dessa forma à
de serviços com as organizações sociais, qualifi- obediência de alguns princípios da licitação.
cadas no âmbito das respectivas esferas de gover-
no, para atividades contempladas no contrato de
Por ser a licitação um instituto de Direito Admi-
gestão.
nistrativo, deve, obrigatoriamente, obedecer aos
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO

princípios inerentes daquele ramo de direito público,


dispostos no caput do art. 37 da CF/1988. Contudo, a
Importante! licitação por si apresenta alguns princípios específi-
As autarquias profissionais possuem o dever de cos, que fundamentam a sua forma de ser. Esses prin-
licitar. Contudo, isso não se aplica à OAB. O STF cípios são:
pacificou entendimento de que a OAB não é uma
autarquia, mas uma entidade sui generis. Por z Princípio da isonomia: é o princípio que defen-
isso a OAB não é obrigada a licitar. de a igualdade entre todos os competidores, pois
se encontram na mesma situação. Em decorrência
disso, o § 1°, do art. 3°, da Lei n° 8.666/1993 proí-
Outro ponto que merece destaque é a questão be preferências ou distinções dos competidores em
das empresas públicas e sociedades de economia razão da naturalidade, domicílio ou qualquer outra
mista. Pelo texto constitucional (§ 1° , do art. 173, da circunstância irrelevante para o objeto do contrato;
CF/1988), as empresas estatais possuem o dever de z Princípio da competitividade: como a licitação
licitar. Porém, uma corrente na doutrina, defendi- serve para buscar a melhor proposta dentre várias
da por Celso Antônio Bandeira de Mello, surge com apresentadas, a adoção de medidas que ferem com
a questão das empresas estatais que realizam uma o caráter competitivo do certame é vedada. Assim, 355
as exigências de qualificação técnica e econômica da contratada até a sua entrega ao contratante em
devem se restringir ao que for considerado indis- condições de entrada em operação, atendidos os
pensável para a garantia do cumprimento das requisitos técnicos e legais para sua utilização em
obrigações advindas da licitação; condições de segurança estrutural e operacional
z Princípio da vinculação ao instrumento convo- e com as características adequadas às finalidades
catório: a Administração não pode descumprir as para que foi contratada;
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos neces-
normas e condições do edital, ao qual se acha estri-
sários e suficientes, com nível de precisão adequado,
tamente vinculada. Edital mal elaborado causa
para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo
diversos problemas (art. 41 da Lei n° 8.666/1993);
de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado
z Princípio do julgamento objetivo: deve-se evitar com base nas indicações dos estudos técnicos pre-
a subjetividade o máximo possível. Apesar de ine- liminares, que assegurem a viabilidade técnica e
xistir a possibilidade de um julgamento totalmente o adequado tratamento do impacto ambiental do
objetivo, os aspectos subjetivos e pessoais devem empreendimento, e que possibilite a avaliação do
ser mínimos, a fim de pouco interferir no resulta- custo da obra e a definição dos métodos e do prazo
do do instrumento licitatório; de execução, devendo conter os seguintes elementos:
z Princípio da vedação de oferta de vantagens: é a) desenvolvimento da solução escolhida de forma
absolutamente vedado ao Estado fazer subsídios a fornecer visão global da obra e identificar todos
ou vantagens baseadas nas ofertas dos demais lici- os seus elementos constitutivos com clareza;
tantes (§ 2°, do art. 44, da Lei n° 8.666/1993); b) soluções técnicas globais e localizadas, suficien-
z Princípio do sigilo das propostas: nos termos do temente detalhadas, de forma a minimizar a neces-
§ 1° , do art. 43, da Lei n° 8.666/1993, os envelopes sidade de reformulação ou de variantes durante as
contendo as propostas dos licitantes não podem fases de elaboração do projeto executivo e de reali-
ser abertos, e seu conteúdo não pode ser divulgado zação das obras e montagem;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e
antes do momento adequado.
de materiais e equipamentos a incorporar à obra,
bem como suas especificações que assegurem os
O art. 6°, por sua vez, trata de algumas definições melhores resultados para o empreendimento, sem
iniciais que ajudam a ter uma melhor compreensão da frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
matéria. Para todos os efeitos dessa Lei, considera-se: d) informações que possibilitem o estudo e a dedu-
ção de métodos construtivos, instalações provisó-
Art. 6º [...] rias e condições organizacionais para a obra, sem
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
recuperação ou ampliação, realizada por execução e) subsídios para montagem do plano de licitação
direta ou indireta; e gestão da obra, compreendendo a sua programa-
II - Serviço - toda atividade destinada a obter ção, a estratégia de suprimentos, as normas de fis-
determinada utilidade de interesse para a Admi- calização e outros dados necessários em cada caso;
nistração, tais como: demolição, conserto, ins- f) orçamento detalhado do custo global da obra,
talação, montagem, operação, conservação, fundamentado em quantitativos de serviços e for-
reparação, adaptação, manutenção, transporte, necimentos propriamente avaliados;
locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos X - Projeto Executivo - o conjunto dos elemen-
técnico-profissionais; tos necessários e suficientes à execução completa
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens da obra, de acordo com as normas pertinentes da
para fornecimento de uma só vez ou parceladamente; Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;
IV - Alienação - toda transferência de domínio de XI - Administração Pública - a administração direta
bens a terceiros; e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal
V - Obras, serviços e compras de grande vul- e dos Municípios, abrangendo inclusive as entida-
to - aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 des com personalidade jurídica de direito privado
(vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alínea sob controle do poder público e das fundações por
«c» do inciso I do art. 23 desta Lei; ele instituídas ou mantidas;
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o XII - Administração - órgão, entidade ou unidade
fiel cumprimento das obrigações assumidas por administrativa pela qual a Administração Pública
empresas em licitações e contratos; opera e atua concretamente;
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulga-
entidades da Administração, pelos próprios meios; ção da Administração Pública, sendo para a União
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade o Diário Oficial da União, e, para os Estados, o Dis-
contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes trito Federal e os Municípios, o que for definido nas
regimes: respectivas leis;
a) empreitada por preço global - quando se contra- XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatá-
ta a execução da obra ou do serviço por preço certo ria do instrumento contratual;
e total; XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica sig-
b) empreitada por preço unitário - quando se con- natária de contrato com a Administração Pública;
trata a execução da obra ou do serviço por preço XVI - Comissão - comissão, permanente ou espe-
certo de unidades determinadas; cial, criada pela Administração com a função de
c) (VETADO); receber, examinar e julgar todos os documentos e
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para procedimentos relativos às licitações e ao cadastra-
pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem mento de licitantes.
fornecimento de materiais; XVII - produtos manufaturados nacionais - produ-
e) empreitada integral - quando se contrata um tos manufaturados, produzidos no território nacio-
empreendimento em sua integralidade, compreen- nal de acordo com o processo produtivo básico ou
dendo todas as etapas das obras, serviços e insta- com as regras de origem estabelecidas pelo Poder
356 lações necessárias, sob inteira responsabilidade Executivo federal;
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no Art. 15 (Lei nº 8.987/95) [...]
País, nas condições estabelecidas pelo Poder Exe- I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser
cutivo federal; prestado;
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comu- II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao
nicação estratégicos - bens e serviços de tecnologia poder concedente pela outorga da concessão;
da informação e comunicação cuja descontinui- III - a combinação, dois a dois, dos critérios referi-
dade provoque dano significativo à administração dos nos incisos I, II e VII;
pública e que envolvam pelo menos um dos seguin- IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no
tes requisitos relacionados às informações críti- edital;
cas: disponibilidade, confiabilidade, segurança e V - melhor proposta em razão da combinação dos
confidencialidade. critérios de menor valor da tarifa do serviço
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - público a ser prestado com o de melhor técnica;
bens, insumos, serviços e obras necessários para VI - melhor proposta em razão da combinação
atividade de pesquisa científica e tecnológica, dos critérios de maior oferta pela outorga da
desenvolvimento de tecnologia ou inovação tecno- concessão com o de melhor técnica; ou
VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após
lógica, discriminados em projeto de pesquisa apro-
qualificação de propostas técnicas.
vado pela instituição contratante.

A ideia de utilizar uma combinação de julgamento


TIPOS E MODALIDADES DE LICITAÇÃO – ARTIGOS
de propostas, assim, é utilizada com maior frequên-
20 A 26
cia nas concessões e permissões de serviços públicos,
para melhor facilitar a forma como o concessionário
Os tipos de licitação variam, de acordo com a for-
ou permissionário deverá executar o referido servi-
ma do julgamento das propostas e os critérios diferen-
ço público. É o concessionário/permissionário quem
tes adotados. Trata-se de um rol taxativo, previsto no assume todos os riscos do serviço prestado e, por isso,
§ 1° , do art. 45, da Lei n° 8.666/1993. Com isso, pode-se é importante que ele saiba, de antemão, sobre como o
afirmar que são tipos de licitação: procedimento licitatório será realizado para melhor
atender suas necessidades.
z Tipo menor preço: envolve o julgamento de valo- Atualmente, há sete modalidades de licitação no
res econômicos de cada proposta. A proposta ordenamento jurídico brasileiro. A Lei n° 8.666/1993
vencedora deve ser aquela que apresentar preço faz menção expressa de cinco em seu art. 22 e pará-
menor; grafos. São eles:
z Tipo melhor técnica: geralmente utilizada para
as propostas envolvendo trabalhos intelectuais ou Art. 22 (Lei 8.666/93) [...]
artísticos, que requerem alta expertise; I - concorrência;
z Tipo técnica e preço: é apenas uma junção dos II - tomada de preços;
tipos de licitação anteriores. Aqui, há uma ponde- III - convite;
ração entre as propostas que apresentam maior IV - concurso;
qualidade técnico-profissional, com o seu valor V - leilão.
econômico-financeiro;
z Tipo maior lance ou oferta: é utilizado nas licitações Concorrência
na modalidade leilão de bens. O vencedor do certame
será aquele que apresentar o maior lance. Há tam- A concorrência é a espécie de licitação em que qual-
bém a licitação por tipo menor lance ou oferta, utili- quer pessoa pode participar, desde que preencha os
zado principalmente no pregão (Lei n° 10.520/2002). requisitos básicos e mínimos exigidos no edital na espe-
cificação do objeto licitatório. Tem o seu fundamento
no § 1°, do art. 22, da Lei n° 8.666/1993. É um procedi-
O tema não se exaure apenas na Lei de Licitações. A Lei
mento que envolve uma grande quantidade de compe-
n° 8.987/1995, que dispõe sobre as concessões e permissões
tidores, em atendimento ao princípio da isonomia.
de serviço público, elenca outros tipos de licitação, isso é,
A concorrência, de modo geral, é utilizada para
outros critérios de julgamento de propostas, como:
projetos de grande vulto, envolvendo grandes valo-
res econômicos. Podemos, inclusive, realizar uma
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
z Menor preço, com julgamento apenas no quesito diferenciação entre a concorrência, a tomada de pre-
de valores econômicos; ços e o convite justamente pelos seus valores limites.
z Melhor técnica, sendo muito utilizada em traba- O estudo desses valores-limite merece maior desta-
lhos intelectuais e artísticos; que, considerando uma atualização recentemente da
z Maior lance ou oferta, como o que ocorre nos lei- matéria. Em 2018, o então presidente Michel Temer
lões; ou ainda; editou o Decreto n° 9.412/2018, alterando os valo-
z Menor lance ou oferta, que é utilizado nos pre- res dispostos nos incisos I e II, do art. 23, da Lei n°
gões, onde temos uma “licitação por menor preço 8.666/1993.
com lances sucessivos” dos competidores. Com isso, podemos afirmar que, a concorrência
possui um valor piso, isso é, um valor mínimo que deve
O interessante dessas formas de julgamento de constar nas propostas apresentadas. Esses limites são:
propostas é que elas podem ser combinadas umas com
as outras, para melhor atender a finalidades distintas. z Para as obras e serviços de engenharia, acima de
O art. 15, da Lei n° 8.987/1995, que dispõe sobre o R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais);
regime de concessão e permissão de serviços públicos, z Para as compras e serviços não relacionados com a
apresenta também como modalidades de julgamento engenharia; o valor deve ser acima de R$ 1.430.000,00
de propostas: (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais). 357
O art. 15, da Lei n° 8.666/1993 dispões sobre as sendo muitas vezes utilizado a confiança do ente
principais características referentes às compras público em relação com o interessado. O ente público
mediante licitação. Dentre elas, destaca-se: deve, todavia, publicar o edital do convite, abrindo-o
para os demais cadastrados, desde que façam reque-
Art. 15 (Lei 8.666/93) [...] rimento em participar do pleito em até 24 horas da
I – atender ao princípio da padronização; publicação do edital.
II – processadas através de sistema de registro de Seu procedimento também é muito mais simples,
preços; justamente por ter poucos competidores. Não há aqui
III – submeter-se às condições de aquisição e paga- um edital, mas uma carta-convite, que apresenta o pro-
mento semelhantes às do setor privado; jeto de modo mais simples e sem muitas especificações.
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas O convite apresenta-se como o exato oposto da
necessárias para aproveitar as peculiaridades do concorrência, sendo utilizado para projetos de peque-
mercado, visando economicidade; e no vulto. Assim, seus valores limites são:
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos
órgãos e entidades da Administração Pública.
z Para obras e serviços de engenharia, até R$
330.000,00 (trezentos e trinta mil reais); e
Mas a concorrência também deve ser utilizada,
z Para os demais serviços em geral; até R$ 176.000,00
obrigatoriamente, independentemente de valores
(cento e setenta e seis mil reais).
econômicos, para a compra e venda de bens imóveis,
para concessão de direito real de uso (contrato em
O intervalo mínimo entre a expedição da carta-
que a Administração Pública transfere o uso gratuito
-convite e a entrega dos envelopes é de 5 dias úteis.
ou remunerado de terreno público a particular), para
Esquematicamente, temos:
as licitações feitas em âmbito internacional, nos con-
tratos de empreitada e para as concessões de serviços
VALORES
públicos.
LIMITE Para obras e
Por envolver diversos objetos licitatórios, a con- Para os demais
(SEGUNDO serviços de
corrência apresenta um prazo bem grande, entre a serviços
DECRETO engenharia
publicação do edital e a entrega dos envelopes com
N°9.412/2018)
as propostas, em comparação com as outras modali-
dades. Há um prazo mínimo de 45 dias para a maioria Acima de Acima de
CONCORRÊNCIA
das técnicas, sendo de 30 dias apenas para a técnica 3.300.000,00 1.430.000,00
de menor preço, pois entende-se que a proposta é
mais simples de se elaborar. TOMADA DE Até Até
PREÇOS 3.300.000,00 1.430.000,00
Tomada de Preços CONVITE Até 330.000,00 Até 176.000,00

Com fundamento no § 2°, do art. 22, da Lei n°


8.666/1993, a tomada de preços é a modalidade reali- Concurso
zada entre interessados já devidamente cadastrados,
ou que atendem as condições específicas do edital e Concurso é a modalidade de licitação realizada
requeiram seu cadastramento em até três dias úteis entre quaisquer interessados para a escolha de tra-
antes do recebimento das propostas. Percebe-se, com balho técnico, científico ou artístico, mediante a ins-
isso, que o número de competidores é menor, se com- tituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
parado com o da concorrência. conforme os critérios dispostos no edital. Tem seu
A tomada de preços, geralmente, envolve projetos fundamento disposto no § 4°, do art. 22, da Lei de
de vulto médio. Os valores limites para a tomada de Licitações.
preços são:

z Para obras e serviços de engenharia; os valores Importante!


das propostas serão de até R$ 3.300.000,00 (três Não confundir com o concurso público, instru-
milhões e trezentos mil reais); e mento utilizado para o provimento de cargos
z Para os demais serviços em geral; até R$ 1.430.000,00
públicos na Administração.
(um milhão, quatrocentos e trinta mil reais).

O prazo de intervalo mínimo entre a publicação do Importante destacar que não há a utilização de
edital e a entrega dos envelopes é de trinta dias corri- valores como critério de diferenciação, pois trata-se
dos para a melhor técnica ou melhor técnica e preço, de uma modalidade de licitação em que os valores
sendo de 15 dias corridos para a de menor preço. econômicos são irrelevantes ao objeto do mesmo.
O prazo mínimo é um dos maiores das modali-
Convite dades licitatórias: de 45 (quarenta e cinco) dias. Por
envolver um trabalho bastante técnico (confecção de
O convite regulamentado no § 3°, do art. 22, da obra de arte, trabalhos de natureza científica), enten-
Lei n° 8.666/1993 é a modalidade de licitação entre os de-se que os competidores devem ter um prazo maior
interessados que atuam no ramo do referido projeto. para elaborá-lo nos moldes do edital.
Como o próprio nome aduz, a Administração convida, A Comissão Julgadora das propostas pode ser
no mínimo, três prestadores de serviços para parti- composta por pessoas que não possuem vínculo com
ciparem do procedimento. Essa é a modalidade que a Administração Pública. É o caso de uma comissão
358 possui os critérios mais variados para o chamamento, composta por professores ou cientistas, enfim, pessoas
com um conhecimento técnico profissional alto e rele- A Comissão de Licitação será composta por 3 mem-
vante para o objeto do concurso. bros, sendo 2 deles obrigatoriamente servidores inte-
grantes dos quadros da Administração Pública, à luz
Leilão do art. 51 da Lei n° 8.666/1993.
O edital é o instrumento utilizado para a convoca-
O leilão é utilizado, de modo geral, entre quaisquer ção dos interessados no procedimento licitatório. Seu
conteúdo é pormenorizado, devendo constar detalhes
interessados, para a alienação de bens móveis inser-
como o tipo de licitação, o nome da repartição inte-
víveis, bem como para os bens imóveis oriundos de
ressada na licitação, os critérios de julgamento, as
procedimento judicial ou dação, e para a alienação de condições de pagamento, entre outras disposições. O
produtos apreendidos. Seu fundamento jurídico encon- conteúdo do edital é previsto nos incisos do art. 40 da
tra-se disposto no § 5°, do art. 22, da Lei n° 8.666/1993. O Lei n° 8.666/1993. É lícito à Administração introduzir
vencedor será escolhido quando o lance dado for igual alterações no Edital, devendo, em tal caso, renovar a
ou superior ao da avaliação do referido bem. publicação do aviso por prazo igual ao original, sob
Assim como no concurso, não há limitação de valo- pena de frustrar a garantia da publicidade e o princí-
res, pois o leilão é sempre analisado segundo o critério pio formal da vinculação ao procedimento.
do maior lance ou oferta. O intervalo mínimo entre o A fase externa, por sua vez, tem o seu início com
instrumento convocatório e a entrega dos envelopes é a publicação do edital. É possível impugnar o edital,
no prazo de 5 dias úteis, devendo a Administração
de 15 (quinze) dias.
responder a impugnação em prazo não superior a 3
dias úteis (§ 1°, do art. 41, da Lei n° 8.666/1993). Após
Consulta
isso, temos a etapa da habilitação, com o recebimento
e abertura de envelopes. Os envelopes são recebidos
A consulta é uma modalidade prevista exclusivamen- sigilosamente, em exceção ao princípio da publicida-
te para a Agência Nacional de Telecomunicações (ANA- de disposto no caput do art. 37 da CF/1988.
TEL), sendo utilizada justamente para o fornecimento A etapa da habilitação envolve quatro verifica-
de bens e serviços. Todavia, a consulta sofreu ampliação, ções de cada competidor:
podendo ser utilizada por todas as agências regulado-
res. Tem previsão na Lei n° 9.472/1997, sendo realizada z A habilitação jurídica, envolvendo os documentos
mediante procedimentos próprios e determinada por da pessoa física ou da pessoa jurídica;
atos normativos expedidos pela própria agência. z A regularidade fiscal, isso é, a verificação do paga-
mento devido e correto dos tributos do competidor;
z A qualificação técnica (art. 30 da Lei n° 8.666/1993),
Registro de Preços: Decreto n° 7.892/1993
envolvendo a aptidão do competidor para desem-
penho da atividade pertinente e compatível com o
Previsto no art. 15, da Lei n° 8.666/1993, sendo
disposto no edital; e
regulamentado pelo Decreto n° 7.892/1993, é uma z A qualificação econômico-financeira (art. da Lei n°
espécie utilizada para compras, obras ou serviços que 8.666/1993), envolvendo o balanço patrimonial e as
sejam frequentes. É o caso, por exemplo, da compra de demonstrações contábeis do último exercício social,
passagens aéreas para os membros do Executivo rea- por exemplo.
lizar as constantes viagens internacionais. Ao invés
de várias licitações, é realizada uma concorrência e o Para preservar a competitividade, as exigências de
posterior registro da proposta vencedora para ser uti- qualificação técnica e econômica devem ser compatí-
lizada sempre que necessária para uma contratação. veis e proporcionais ao objeto licitado, restringindo-se
A contratação, por si, não é obrigatória, embora seja ao que for estritamente indispensável para garantir
o cumprimento do futuro contrato. O não atendimen-
necessário, sempre, fazer uma pesquisa de preços de
to às exigências da habilitação implica a exclusão da
mercado antes da contratação pelo registro de preços.
empresa no certame.
A classificação é a etapa de análise e julgamento
FASES DA LICITAÇÃO das propostas apresentadas pelos concorrentes habili-
tados. Aqui, temos efetivamente a abertura dos enve-
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
É certo que cada modalidade licitatória apresen- lopes, cabendo à comissão a tarefa de analisar se cada
ta um procedimento próprio. Todavia, a sequência de uma das propostas se adequa com os requisitos espe-
fases de cada licitação observa a mesma estrutura e cíficos do edital, bem como com os preços de mercado.
padrão da concorrência. As fases da concorrência, des- A desclassificação das propostas pode se dar:
se modo, são iguais para todas as outras modalidades.
A concorrência é dividida em duas grandes etapas: z Por inexequibilidade, quando os preços forem
fase interna e fase externa. A fase interna é aquela muito abaixo do preço de mercado;
em que temos todos os atos anteriores à publicação do z Que contrariam cláusula do edital, como ocorre
quando há uma qualificação técnica que não tem
edital, envolvendo etapas como:
relevância alguma para o objeto da licitação; ou
z Por condições relativas às propostas de outros lici-
z Elaboração de projeto básico para serviços de tantes, sendo absolutamente vedado elaborar uma
engenharia; proposta cujo preço, por exemplo, é “10% inferior
z Detalhamento do orçamento; ao preço do competidor X”.
z Compatibilidade com o Plano Plurianual (PPA);
z Criação da Comissão de Licitação; e Com a divulgação dos resultados, abre-se o prazo
z A publicação do instrumento convocatório. para recurso de efeito suspensivo (em 5 dias). 359
Importante lembrar que alguns diplomas especí- „ Nos casos de guerra ou grave perturbação da
ficos, como o de pregão e o da Lei n° 8.987/1995, tra- ordem;
zem a inversão de fases de julgamento e habilitação. „ Nos casos de emergência ou calamidade pública;
Primeiro se faz o julgamento das propostas e depois „ Quando a União tiver que intervir no domínio
abre-se o envelope da proposta já julgada. econômico para regular preços ou normalizar
A homologação é a etapa em que todos os autos o abastecimento;
sobem para a autoridade superior, que procederá a „ Celebração de contrato de gestão com entida-
avaliação de todo o procedimento. Essa é uma hipó- des do terceiro setor (OS e OSCIPs);
tese de controle interno da licitação, haja vista que é „ Contratação realizada por Instituição Científi-
realizada por ente público dentro da própria Adminis- ca e Tecnológica ou agência de fomento para a
tração. Essa forma de controle é possível, devido ao transferência de tecnologia etc.
poder de autotutela que Administração Pública tem
para rever seus próprios atos. Assim, a licitação pode- z Inexigibilidade de licitação: no caso da inexigibili-
rá ser anulada, havendo algum vício que torna algum dade da licitação, o procedimento é absolutamente
de seus atos defeituosos, ou revogada, por alguma impossível de se realizar, em razão da inviabilidade
causa superveniente (mudanças no cenário econômi- da competição. Trata-se, por isso, de ato vinculado.
co) que não torna a licitação mais vantajosa.
É o caso, por exemplo, da licitação cujo objeto seja
Novamente, é importante frisar que não existe
produto ou serviço oferecido exclusivamente por
direito subjetivo à contratação, mas uma mera expec-
um único fornecedor. Envolve hipóteses em que
tativa de direito em realizar contrato com o Poder
seria ilógico realizar uma licitação.
Público. Não há, nesse caso, uma responsabilidade
do Estado de indenizar o participante vencedor, não
havendo a eventual contratação do mesmo. As hipóteses de inexigibilidade estão previstas nos
A última etapa da fase externa é a adjudicação. incisos do art. 25 da Lei n° 8.666/1993. São três:
Consiste na elaboração de ato administrativo decla-
ratório e vinculado, de atribuição jurídica do objeto Art. 25 [...]
da licitação ao vencedor do certame. Adjudicatário é o I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou
gêneros que só possam ser fornecidos por produ-
vencedor do certame, e tal ato é apenas declaratório,
tor, empresa ou representante comercial exclusivo,
pois não gera um direito de contratar com a Adminis-
vedada a preferência de marca, devendo a compro-
tração. A adjudicação produz dois efeitos:
vação de exclusividade ser feita através de atesta-
z Garantir o direito de que o vencedor não tenha seu do fornecido pelo órgão de registro do comércio do
direito preterido na elaboração do contrato; e local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
z A liberação jurídica dos demais competidores.
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
DA CONTRATAÇÃO DIRETA: DISPENSA E II - para a contratação de serviços técnicos enu-
INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO merados no art. 13 desta Lei, de natureza singular,
com profissionais ou empresas de notória especia-
A regra geral é a obrigatoriedade da licitação para lização, vedada a inexigibilidade para serviços de
as pessoas que integram a Administração, ou que publicidade e divulgação.
mesmo não integrando, realizam a prestação de um
serviço de relevante interesse público. Ocorre que, A ideia desses incisos é a de que, por ser uma compra
em alguns casos, a legislação autoriza o Poder Públi- ou um serviço bastante específico, que provavelmente
co a realizar a contratação direta, sem a necessidade poucas pessoas ou talvez só uma pessoa (ou empresa)
do procedimento licitatório. O direito brasileiro prevê possam comprá-lo/realizá-lo. Assim, a competição no pro-
quatro possibilidades de contratação direta: cedimento licitatório torna-se inviável nessas condições.
O mencionado art. 13 apresenta o que é conside-
z Dispensa de licitação: a dispensa de licitação apre- rado, para os efeitos da Lei n° 8.666/1993, um serviço
senta hipóteses em que o procedimento licitatório, técnico profissional especializado. Acredita-se ser um
apesar de ser possível, não é viável, dada razões de rol taxativo, que não admite outras hipóteses a não ser
conveniência e oportunidade (discricionariedade). aquelas previstas nessa Lei. Assim, são inexigíveis de
É o caso, por exemplo, de procedimento licitató- licitação: os estudos técnicos, planejamentos e projetos
rio cujo valor seja irrisório, cujo objeto seja bens básicos ou executivos; os pareceres, perícias e avalia-
ou serviços de pequeno valor. O legislador, nessas ções em geral; as assessorias ou consultorias técnicas
hipóteses, atribui uma liberdade à Administração e auditorias financeiras ou tributárias; a fiscalização,
para escolher outra alternativa além da licitação. supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; o
As hipóteses de dispensa de licitação estão previs- patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administra-
tas primordialmente no art. 24 da Lei n° 8.666/1998. tivas; o treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; e a
Dos incisos, destaca-se: restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

„ Para obras e serviços de engenharia de valor III - para contratação de profissional de qualquer
até 10% (dez por cento) do limite previsto a lici- setor artístico, diretamente ou através de empre-
tação tipo convite sário exclusivo, desde que consagrado pela crítica
„ Para outros serviços e compras de valor até especializada ou pela opinião pública.
10% (dez por cento) do limite previsto para
compras e serviços em geral do convite e para z Vedação à licitação: não possui uma previsão
alienações, nos casos previstos nesta Lei, des- legal propriamente dita. Trata-se de hipóteses de
de que não se refiram a parcelas de um mesmo extrema urgência, não previstas em lei, sendo de
serviço, compra ou alienação de maior vulto forte discussão doutrinária. Seria o caso, por exem-
360 que possa ser realizada de uma só vez; plo, da realização de procedimento licitatório para
exploração de uma atividade econômica, sendo Ao dizermos que contrato administrativo é o pac-
esta já uma atividade-fim de uma empresa esta- to bilateral ajustado pela Administração Pública,
tal. A realização de licitação, nessas hipóteses, é agindo nessa qualidade, significa que, em pelo menos
vedada uma vez que ela carece de interesse públi- um dos polos da relação jurídica deve haver a figura do
co, porque o objetivo final dessa licitação não é a Estado (contratante), como pessoa jurídica de Direito
prestação de um serviço público. Isso significa que Público, que se apresenta em relação de superiorida-
há a ausência de um dos pressupostos essenciais à de em face dos particulares. Os terceiros, dessa forma,
licitação. são as pessoas físicas ou jurídicas (denominadas con-
tratados) que não integram a Administração Pública.
Parte da doutrina acredita que, na verdade, não Todavia, há alguns casos em que tal avença pode ser
seria uma hipótese nova de vedação, e sim um caso de estabelecida com outras entidades administrativas,
inexigibilidade de licitação. visando a cooperação mútua e a persecução de objeti-
Atualmente estamos vivendo em uma pandemia, o vos comuns entre os órgãos e entidades da Administra-
que pode ser considerada uma gravíssima calamidade ção, como é o caso dos consórcios estabelecidos entre a
pública. Por causa disso, o Poder Legislativo vem ela- União e um Estado, ou Município, por exemplo.
borando diversas normas especiais para vigorarem A submissão ao regime jurídico administrativo
significa dizer que, para os contratos administrativos
nesse estado anormal que o Brasil se encontra. Um
vigoram os princípios e regras de Direito Administra-
exemplo disso é a Emenda Constitucional n° 106/2020,
tivo. Não basta apenas a Administração Pública estar
que institui regime extraordinário fiscal, financeiro e
em um dos polos contratuais, pois a mesma pode rea-
de contratações para vigorar nesse período.
lizar ajustes de natureza não-administrativa, poden-
Caso haja alguma questão que procure relacionar
do celebrar contrato de locação sobre determinado
a vedação da licitação de caráter emergencial, consi-
imóvel, por exemplo. Tal hipótese é de contrato da
derando o atual cenário calamitoso do País, é impor- Administração, que não se confunde com o contrato
tante que o candidato se lembre que as bancas de administrativo. Contratos da Administração é gênero,
concurso público são bastante legalistas. Assim, por do qual o contrato administrativo é espécie.
não ser uma hipótese legalmente prevista, ela per- Outra característica que o diferencia dos demais
manece vedada, até surgir algum outro instrumento contratos de Direito Privado é a sua finalidade, que
normativo. é a consecução de objetivos de interesse público.
Os contratos da esfera privada, geralmente, tendem a
z Licitação dispensada: são hipóteses descritas no apenas buscar os melhores resultados e trazer lucros
art. 17 da Lei n° 8.666/1993. São os casos de aliena- para as partes. Essa finalidade econômica é incom-
ção de bens imóveis para programas habitacionais patível com os contratos administrativos, que se rege
do governo e bens móveis para uma finalidade pelas normas de Direito Público, que apresenta como
pública específica. um de seus princípios sistêmicos a primazia do inte-
resse público sobre o privado.
Apesar do nome parecido, não podemos confundir Importante salientar a exigência de prévia lici-
a licitação dispensada com a dispensa de licitação. Pri- tação para a celebração do contrato administrativo.
meiramente, as hipóteses de licitação dispensada são Trata-se de um pressuposto que, estando ausente,
vinculadas, ao contrário da dispensa, em que a deci- pode macular a existência, validade e a eficácia do
são para sua aplicação é sempre discricionária. Além contrato. A exigência de prévia licitação é exigida
disso, suas hipóteses são taxativas, são apenas aquelas somente para os contratos administrativos.
previstas no art. 17. Indaga-se muito sobre a natureza dos contratos
administrativos. Isso porque há casos em que a Admi-
DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – ARTIGOS nistração elabora contratos, mas que são muito pare-
54 A 80 cidos com os contratos comuns de direito civil. É o
caso, por exemplo, da locação de um bem imóvel a ser
A Lei n° 8.666/1993 também regulamenta sobre os utilizado por uma repartição pública: não há a neces-
contratos administrativos, junto ao processo de lici- sidade de elaborar um contrato administrativo, pois
tação. Sob o enfoque das licitações, pode-se afirmar, aqui o Poder Público é tratado igualmente, como se
inclusive, que a licitação é puramente um meio para fosse um particular. NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
Temos, então, uma diferença importante: o Poder
que o particular almeje um fim. E esse fim, esse objeti-
Público pode elaborar contratos da Administração, e
vo maior, é justamente contratar com o Poder Público.
também pode elaborar contratos administrativos. A
A Administração, no exercício de suas funções,
diferença é que os contratos da Administração é gêne-
muitas vezes tende a estabelecer diversas relações
ro, o qual os contratos administrativos são espécie,
jurídicas com particulares, criando vínculos especiais
isso é, estão inseridos dentro desse grupo maior.
de colaboração com a esfera privada. Tais conexões
Essa distinção é importante para compreender
podem ser instrumentalizadas mediante contrato. Se as características dos contratos administrativos. As
tal contrato estiver subordinado às regras de Direito características podem se dividir em dois grupos.
Administrativo, então estamos diante de um contrato
administrativo. Das Caraterísticas Gerais
Contrato administrativo, assim, é um pacto bilate-
ral estabelecido entre a Administração Pública, agindo As características gerais dos contratos adminis-
nessa qualidade, e terceiros, ou entre ela e suas enti- trativos são aquelas características que se encontram
dades, submetido ao regime jurídico administrativo, em todas as espécies de contratos da Administração.
cuja finalidade é a consecução de objetivos de interes- Essas características são importantes, porque dão ao
se público. Deste conceito, podemos destacar alguns contrato a sua razão de existir. Não se trata de aspec-
aspectos específicos dos contratos administrativos. tos de legalidade/validade, e sim de existência. 361
Com isso, todos os contratos da Administração arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro sis-
devem possuir: temático do seu extrato, salvo os relativos a direitos
reais sobre imóveis, que se formalizam por instrumen-
z Acordo de vontades distintas: é um dos elemen- to lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se
tos mais característicos de todo e qualquer con- cópia no processo que lhe deu origem”.
trato. Para ter um acordo, é preciso que haja duas Todo contrato administrativo deve mencionar,
partes, com interesses e finalidades contrapostas, na forma do art. 61, os nomes das partes e os de seus
mas que se unem para alcançar um mesmo obje- representantes, a finalidade, o ato que autorizou a
tivo. Sem o acordo de vontades, temos apenas um sua lavratura, o número do processo da licitação, da
ato administrativo; dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos con-
z Direitos e obrigações recíprocas: todo contrato tratantes às normas da própria Lei n° 8.666/1993 e às
da Administração é um contrato comutativo, o que cláusulas contratuais.
significa que cada uma das partes se compromete Uma vez formalizado o contrato administrativo
a alguma forma de ônus para a devida execução já pronto (é um contrato de adesão), a Administração
do instrumento contratual.
convocará regularmente o interessado para assinar
o termo de contrato, aceitar ou retirar o instrumento
Das Características Específicas
equivalente, dentro do prazo e condições estabeleci-
dos, sob pena de decair o direito à contratação (art.
O contrato administrativo apresenta alguns aspec-
61 da Lei n° 8.666/1993). O particular interessado tem
tos e características específicos. São eles:
prazo específico para assumir compromisso de execu-
tar o contrato, embora tal prazo possa ser prorrogado
z Presença da Administração Pública: é a figura do
uma vez, por igual período, quando solicitado pela
Estado, representada pelo Poder Executivo, com
parte durante o seu transcurso e desde que ocorra
todos os seus poderes e prerrogativas inerentes da
sua natureza. Isso faz com que a relação contratual motivo justificado aceito pela Administração.
sempre seja desigual, pois a Administração possui
diversos poderes e diversas vantagens, como vere- DA ALTERAÇÃO DO CONTRATO
mos mais adiante. E do outro lado temos o parti-
cular interessado, em situação mais desfavorável; As cláusulas exorbitantes, por sua vez, são cláu-
z Finalidade pública: a Administração Pública sulas especiais, que só existem nos contratos adminis-
não pode almejar o lucro, como ocorre nas rela- trativos. Isso porque elas dão uma gama de vantagens
ções jurídicas de direito privado. Assim, o objetivo para a Administração Pública. Tais cláusulas estão
maior do contrato administrativo é sempre o inte- previstas no art. 58 ,da Lei n° 8.666/1993, veremos as
resse público, que é inalienável e irrenunciável; principais.
z Forma prescrita em lei: significa que os contratos
administrativos são solenes, não podem ser for- Exigência de Garantia
mulados verbalmente. Não podem ser formulados
sem os revestimentos legais; Quando uma parte deixa de cumprir com suas
z Procedimento legal: para que seja elaborado um obrigações contratuais, a outra parte fica em prejuí-
contrato administrativo, é necessário a ocorrên- zo. Ao menos, é isso o que ocorre na esfera privada.
cia de um ato anterior que o fundamente, como Mas a Administração Pública não pode se dar ao luxo
o caso da prévia licitação, ou de uma autorização de sair no prejuízo. Por isso, o particular interesse já
legislativa; presta uma garantia antes do início dos trabalhos, na
z Natureza de contrato de adesão e personalíssi- possibilidade de haver um eventual inadimplemento.
mo: o contrato administrativo é apresentado pelo Sobre a forma de garantia aceita para os contratos
Estado já pronto e acabado, cumpre ao particular administrativos, o § 1° do art. 56 apresenta três pos-
apenas aderir ou não. Além disso, por ser contra- sibilidades, cabendo ao particular escolher a melhor
to personalíssimo (intuitu personae), não pode ser
para o seu caso. São elas:
cedido para terceiros, pois a pessoa do contratado
é uma parte essencial dessa relação travada entre
z caução (em dinheiro ou títulos da dívida pública);
ele e o Poder Público. Não pode, por exemplo, o
z seguro-garantia;
contratado transferir os direitos e encargos do con-
trato para seus herdeiros, ou transferir para um z fiança bancária.
“amigo”, pois o Poder Público somente tem inte-
resse em formalizar o contrato com aquela pessoa; Alteração Unilateral do Contrato
z Presença de cláusulas exorbitantes: é um dos
pontos mais característicos do contrato adminis- As alterações unilaterais são aquelas em que ape-
trativo, pois são as cláusulas que colocam a Admi- nas uma parte mexe nos termos do contrato. Para os
nistração Pública em uma situação de vantagem. contratos administrativos, somente a Administração
Veremos melhor sobre essas cláusulas em momen- Pública pode alterar unilateralmente o instrumento
to posterior. contratual, por razões óbvias (posição mais vantajosa
na relação).
FORMALIZAÇÃO E EXECUÇÃO DO CONTRATO O inciso I, do art. 65, apresenta todas as possibili-
dades de alteração unilateral do contrato. Todas essas
Sobre a formalização dos contratos administrati- hipóteses, de modo geral, permitem que o contrato
vos, o art. 60 da Lei n° 8.666 é bastante claro ao expor seja alterado, para melhor atender o interesse públi-
que “Os contratos e seus aditamentos serão lavra- co. Assim, a Administração pode alterar unilateral-
362 dos nas repartições interessadas, as quais manterão mente o contrato para:
z Adequação técnica: é a modificação do projeto z Inadimplemento involuntário: aqui não há a
em si, ou de suas especificações; presença da culpa, porque são questões alheias,
z Alteração do valor por acréscimo ou diminuição mas que ainda assim fazem com que o particular
quantitativa de seu objeto. fique impossibilitado de continuar com a execução
contratual. É o caso do desaparecimento do parti-
É importante ressaltar o conteúdo do § 1° do art. cular, ou de sua insolvência;
65, que diz respeito ao reajuste contratual: z Razões de interesse público: pode ocorrer que
a execução do contrato deixe de fornecer as van-
Art. 65 [...] tagens almejadas pela Administração. Assim, ela
§ 1° O contratado fica obrigado a aceitar, nas pode rescindir o contrato simplesmente porque
mesmas condições contratuais, os acréscimos ou não deseja mais continuar com sua execução, por-
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou que não é mais interesse público continuar com
compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do ele. Essa é uma hipótese em que é cabível indeni-
valor inicial atualizado do contrato, e, no caso zação, na forma do § 2º, do art. 79. Observe que a
particular de reforma de edifício ou de equipa-
noção de “interesse público” é algo cambiante, que
mento, até o limite de 50% (cinquenta por cen-
varia muito para quem está no Poder;
to) para os seus acréscimos.
z Caso fortuito ou força maior: são as hipóteses em
que eventos alheios a ambas as partes impedem a
O reajuste é um instrumento de alteração dos valo-
res econômicos, previstos tanto no edital da licitação execução do contrato. Aqui temos uma diferença: o
como no próprio instrumento contratual. A sua finali- caso fortuito e/ou força maior, nos contratos adminis-
dade é, simplesmente, estabelecer o equilíbrio econô- trativos, são passíveis de indenização, na forma do §
mico-financeiro existente na relação contratual. 2º, do art. 79. Isso não acontece na esfera privada.
Os contratos possuem prazos muito longos, e
podem ser prorrogados diversas vezes. Por isso, é bas- Fiscalização
tante comum que as condições estabelecidas durante
o início do contrato administrativo acabem se alteran- De modo geral, é possível colocar um agente para
do com o passar do tempo. Essa é a denominada Teo- ficar de olho na execução do serviço avençado. Esse
ria da Imprevisão, que vigora em muitos contratos, agente fiscalizador pode ser da Administração, ou
e não apenas os contratos administrativos. A Teoria alguém contratado pelo próprio particular.
da Imprevisão serve para equilibrar outra máxima
do Direito dos Contratos, que estabelece que todos os Aplicação de Sanções
contratos devem ser cumpridos não importa o que
aconteça (ou pacta sunt servanda). Em vez de rescindir o contrato de uma vez, pode
A razão para estabelecer valores limites para os
a Administração impor sanções caso o particular não
acréscimos e supressões que vierem a ocorrer com o
cumpra com todos os termos avençados. Mas o parti-
contrato advém justamente do fato de que a situação
dos negócios pode mudar (“rebus sic stantibus”). O cular pode sempre insurgir contra todas as penalida-
legislador entende que esses limites são o máximo que des, mediante recurso administrativo.
a pessoa particular pode suportar para continuar com Sobre as sanções em espécie, são elas:
a execução do contrato, sem que ele fique no prejuízo.
O conteúdo do § 1° do art. 65, assim, é importante z Advertência:
porque ele apresenta não somente uma prerrogativa
da Administração Pública, de poder alterar o valor do „ Multa, podendo ser cumulada com as demais;
contrato, e impor essas alterações unilateralmente. „ Suspensão para nova licitação ou contrato por
Mas esse artigo também estabelece um valor limite até dois anos; e
para esses acréscimos e supressões: ele não está obri- „ Declaração de inidoneidade para participar de
gado a aceitar as alterações que sobressaltem a esses licitação ou contrato, enquanto perdurarem os
limites de 25%, para as obras, serviços ou compras; e motivos ou ocorra a reabilitação, após o mesmo
de 50% para reformas de edifícios ou de equipamentos. prazo da pena anterior.
Por mais que seja essencial que a execução do contrato
não seja interrompida, o particular não pode ficar “pre- A diferença da suspensão para a declaração de ido-
NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
so” a um contrato que só está lhe causando prejuízo, neidade é que, no primeiro caso, terminado o prazo
isso seria muito injusto. Dessa forma, pode o particular
da suspensão, o particular adquire capacitação para
interessar requerer a rescisão do contrato pela via judi-
contratar automaticamente. Mas no caso da declara-
cial, se a Administração Pública for contra a rescisão.
ção de idoneidade, o particular precisa de uma rea-
bilitação para poder contratar com o Poder Público.
Rescisão Unilateral
Retomada do Objeto
Rescisão é o ato que visa à extinção do contrato. De
novo, somente a Administração Pública pode rescin-
dir unilateralmente o contrato administrativo, mesmo Alguns serviços públicos não podem parar, dada a
que o particular não concorde com o ato. A rescisão sua grande importância para a população. Mas o que
unilateral pode ocorrer: ocorre quando o particular não pode mais continuar
com a execução do contrato?
z Inadimplemento culposo: é a hipótese em que Para essas hipóteses, a Administração pode assumir
particular comete um ato pela falta de cuidado, a atividade, por conta própria, para que a população
isso é, ele age com culpa (não cumprimento ou não seja afetada. Para isso, a retomada do objeto exige
cumprimento irregular, atraso na entrega do pro- a assunção imediata do objeto do contrato; a ocupa-
jeto, paralisação, faltas reiteradas etc.); ção das instalações e pessoal; a execução da garantia 363
contratual; bem como a retenção dos créditos contra- A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
tuais até o limite dos prejuízos causados. Aquilo que a poderá ser obtida mediante reajuste ou revisão. Rea-
Administração deveria pagar mensalmente ao particu- juste é a terminologia que designa a atualização dos
lar deixa de fazer até o limite dos prejuízos. valores remuneratórios ante as perdas econômicas ou
majoração de insumos. As regras de reajuste, como já
Restrições à Exceção do Contrato não Cumprido vimos, devem estar previstas no próprio instrumento
contratual.
A exceptio non adimpleti contractus é uma outra A revisão, por sua vez, corresponde às altera-
forma de corrigir o mesmo problema apresentado ções no valor efetivo da tarifa, geralmente sem pre-
anteriormente. Aqui, o contratado deve continuar visão contratual, utilizado em circunstâncias em que
com a execução do pacto, não importa o que aconteça, a recomposição por reajuste se torna impossível. Há,
cabendo apenas a suspensão da execução do contrato nesse caso, um aumento real do valor pago ao contra-
se houver paralisação superior a 120 dias ou atraso tado, ao contrário do reajuste, que apenas atualiza o
nos pagamentos superior a 90 dias. aspecto pecuniário da remuneração.
As hipóteses mais comuns para a autorização da
Equilíbrio Econômico-Financeiro recomposição econômico-financeira do contrato são:

Um aspecto de natureza orçamentária e finan- Alteração Unilateral do Objeto


ceira muito importante dos contratos administrativos.
Também denominada equação econômico-financeira, Qualquer modificação, pela Administração Públi-
consiste em uma garantia estabelecida, no momen- ca, seja quantitativa ou qualitativa, do objeto princi-
to da celebração do contrato, para a manutenção do pal do contrato, enseja a recomposição do equilíbrio
equilíbrio dos encargos assumidos e da remuneração econômico-financeiro. Trata-se de uma circunstância
percebida pelo particular, garantindo a este uma cer- interna do contrato. Exemplo: aumento do número de
ta margem de lucro pela execução do negócio. estações de linha ferroviária a serem construídas.
Para compreender a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro nos contratos administrativos, Fato do Príncipe
é importante salientar a Teoria da Imprevisão. Tra-
ta-se de uma corrente, com aplicação também nos É evento externo ao contrato, de natureza geral,
ramos de Direito Privado, que admite que as condi- provocado pelo Poder Público. Ocorre quando o pró-
prio Estado, mediante ato legal, modifica as condições
ções das partes podem sofrer alterações desde o início
do contrato, provocando prejuízo ao contratado. Tal
da sua celebração. Pela ocorrência de algum even-
interferência gera indenização para o particular pre-
to imprevisto pelas partes, pode ocorrer um grande
judicado com a alteração unilateral do Estado. Exem-
desequilíbrio na relação contratual, fazendo com que
plo: aumento da carga tributária.
uma das partes tenha lucros excessivos, e a outra se
prejudique ainda mais com a execução do contrato.
Fato da Administração
Por isso, admite-se a possibilidade de revisão de algu-
mas cláusulas. Diz-se que os contratos que admitem
Traduz-se em uma conduta irregular praticada
revisão regem-se pelo vernáculo do rebus sic stantibus
pelo Poder Público, que não necessariamente impede,
(“enquanto as coisas se mantiverem nesse estado”),
mas pode retardar a execução do contrato. Trata-se de
em oposição ao pacta sunt servanda (“os pactos devem
ato com caráter específico, relacionado com o próprio
ser cumpridos”). Nos contratos administrativos apli-
contrato, o que distingue do fato do príncipe. Exem-
ca-se com maior frequência a rebus sic stantibus.
plo: a construção de estrada em local residencial em
Possui previsão constitucional (inciso XXI, do art. 37,
que a Administração não providencia mecanismos
da CF/1988), que estabelece, no procedimento licitatório, essenciais à desapropriação daqueles imóveis.
a manutenção das condições efetivas da proposta. A alí-
nea “d”, do inciso II, do art. 65, da Lei n° 8.666/1993, Álea Econômica Extraordinária
seguindo essa linha de raciocínio, dispõe que:
É o evento externo ao contrato e estranho à vonta-
Art. 65 Os contratos regidos por esta Lei poderão
de das partes. O que difere a álea extraordinária para
ser alterados, com as devidas justificativas, nos
o fato do príncipe é que, no último, a alteração con-
seguintes casos:
tratual é gerada por um ato feito pelo próprio contra-
II - por acordo das partes:
tante. Já na álea extraordinária, temos um fato gerado
[...]
por um membro do Estado que não é o contratante,
d) para restabelecer a relação que as partes pac-
tuaram inicialmente entre os encargos do contra- mas que mesmo assim acaba ensejando em uma alte-
tado e a retribuição da administração para a justa ração contratual. Por ser fato imprevisível e inevitá-
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, vel capaz de causar desequilíbrio contratual, a álea
objetivando a manutenção do equilíbrio econô- extraordinária enseja a revisão tarifária, desde que
mico-financeiro inicial do contrato, na hipótese comprovada a imprevisibilidade e estranheza do fato,
de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis bem como o desequilíbrio anormal na equação econô-
porém de consequências incalculáveis, retardado- mico-financeira. Exemplo: em um contrato de trans-
res ou impeditivos da execução do ajustado, ou, porte de materiais de construção elaborado entre um
ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato Município e um particular, houve aumento da carga
do príncipe, configurando álea econômica extraor- tributária sobre o ICMS, um imposto de competência
364 dinária e extracontratual. do Estado onde se situa o Município e o contratado.
Interferências Imprevistas Se, por exemplo, o particular foi contratado para
realizar uma obra em um terreno que, supostamen-
São eventos ocorridos durante a execução do contrato, te, era de propriedade da Administração Pública, mas
de ordem material, que causem dificuldades no cumpri- eventualmente surge um terceiro que comprove ser
mento das tarefas pactuadas, tornando insuportavelmente o dono legítimo daquele terreno, então o contrato
onerosos para uma das partes. Exemplo: desabamento de não pode mais prosseguir no mesmo ritmo. Por isso é
terras em área destinada a construção de imóvel público, recomendada sua prorrogação.
devido a fortes chuvas.
z Omissão ou atraso de providências a cargo da
DA INEXECUÇÃO E RESCISÃO DO CONTRATO Administração, inclusive quanto aos pagamentos
previstos de que resulte, diretamente, impedi-
Se os contratos administrativos são celebrados por mento ou retardamento na execução do contra-
prazo determinado, isso significa que, eventualmente, to, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos
eles devem deixar de vigorar, ou se extinguir. Assim, o responsáveis.
contrato administrativo admite as seguintes hipóteses
de extinção: pela execução e conclusão do seu objeto, Em qualquer uma dessas hipóteses, é importan-
pelo término de seu prazo, por anulação motivada por te frisar que a prorrogação deverá ser justificada por
defeito que o macule, ou ainda por rescisão. escrito e previamente autorizada pela autoridade com-
A execução do objeto é a forma sobre a qual se pre- petente para celebrar o contrato, nos termos do § 2°, do
tende que todos os contratos se encerrem. Uma vez art. 57, da Lei 8.666/1993.
concluído o negócio, ambas as partes têm seus interes- O § 3° desse mesmo dispositivo dispõe sobre a
ses obtidos, e o assunto se encerra com um final positi- vedação da vigência dos contratos administrativos
vo. Isso, contudo, não tem como acontecer no caso de com prazo indeterminado. Trata-se de regra aplicada
para todo e qualquer contrato a existência de prazo
contratos administrativos que preveem a prestação de
para sua extinção. Caso contrário, o contrato seria
serviços públicos, pois pela sua grande importância,
um ato precário, e a Administração poderia revoga-lo
esses serviços não podem parar, podendo se estender
a qualquer tempo.
para além do período do ano financeiro. Nesses casos,
Sobre a rescisão, o art. 79 da Lei n° 8.666/1993
o melhor caminho é a prorrogação do contrato, com
admite três tipos de rescisão contratual. Observe o
eventuais reajustes quando necessário. texto do dispositivo, in verbis:
A prorrogação do contrato é disciplinada pelo §
1°, do art. 57, da Lei n° 8.666/1993. Segundo o referido Art. 79 A rescisão do contrato poderá ser:
dispositivo, os prazos de início da execução, da con- I - determinada por ato unilateral e escrito da
clusão, e da entrega do objeto podem ser prorroga- Administração, nos casos enumerados nos incisos
dos, mas essa prorrogação não pode atingir as demais I a XII e XVII do artigo anterior;
cláusulas do contrato, sendo assegurada, também, a II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a
manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro. termo no processo da licitação, desde que haja con-
O artigo prevê, também, quais são as causas que justi- veniência para a Administração;
ficam a prorrogação do contrato administrativo. São elas: III - judicial, nos termos da legislação;
Art. 78 Constituem motivo para rescisão do
contrato:
z Alteração do projeto ou especificações pela
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais,
Administração; especificações, projetos ou prazos;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contra-
A grande maioria dos motivos de prorrogação do tuais, especificações, projetos e prazos;
contrato consiste justamente na alteração de seu obje- III - a lentidão do seu cumprimento, levando a
to. Pode ser que, no início, o particular foi contratado Administração a comprovar a impossibilidade da
para realizar uma construção em uma praça pública, conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento,
mas que, eventualmente, a Administração tenha inte- nos prazos estipulados;
resse em realizar uma outra construção, exatamente IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço
igual, mas em outra área do Município. ou fornecimento; NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
V - a paralisação da obra, do serviço ou do forne-
cimento, sem justa causa e prévia comunicação à
z Superveniência de fato excepcional ou imprevisí- Administração;
vel, estranho à vontade das partes, que altere funda- VI - a subcontratação total ou parcial do seu obje-
mentalmente as condições de execução do contrato. to, a associação do contratado com outrem, a ces-
são ou transferência, total ou parcial, bem como
É aqui que temos a ocorrência de Fato do Príncipe, a fusão, cisão ou incorporação, não admitidas no
ou de Fato da Administração, ou ainda algum outro edital e no contrato;
fato advindo de caso fortuito ou força maior. VII - o desatendimento das determinações regula-
res da autoridade designada para acompanhar e
z Interrupção da execução do contrato ou diminui- fiscalizar a sua execução, assim como as de seus
superiores;
ção do ritmo de trabalho por ordem e no interesse
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua exe-
da Administração;
cução, anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta
z Aumento das quantidades inicialmente previstas Lei;
no contrato, nos limites permitidos por esta Lei; IX - a decretação de falência ou a instauração de
z Impedimento de execução do contrato por fato ou insolvência civil;
ato de terceiro reconhecido pela Administração X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do
em documento contemporâneo a sua ocorrência. contratado; 365
XI - a alteração social ou a modificação da finali-
dade ou da estrutura da empresa, que prejudique a HORA DE PRATICAR!
execução do contrato;
1. (IDECAN — 2019) A respeito dos princípios constitu-
XII - razões de interesse público, de alta relevância
cionais do Direito Administrativo Brasileiro, analise as
e amplo conhecimento, justificadas e determinadas
pela máxima autoridade da esfera administrativa a afirmativas a seguir:
que está subordinado o contratante e exaradas no
I. Os princípios constitucionais aplicados à função
processo administrativo a que se refere o contrato;
administrativa estatal são considerados absolutos,
[...]
estando inseridos em rol fechado desde a promulga-
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força
ção da Constituição Federal.
maior, regularmente comprovada, impeditiva da
II. Não é possível que a lei revogue o princípio constitu-
execução do contrato.
cional da eficiência.
[...]
III. O princípio da supremacia do interesse público e o
princípio da legalidade estão implicitamente previstos
A rescisão unilateral, decretada pela Administra-
na Constituição Federal.
ção Pública sem a necessidade de autorização judicial,
ensejando indenização do contratado, exceto se deu Assinale:
causa à rescisão. Na ocorrência da rescisão unilateral,
ocorrerá as seguintes consequências, todas elas pre- a) se apenas a afirmativa I estiver correta.
vistas nos incisos do art. 80: b) se apenas a afirmativa II estiver correta.
c) se apenas a afirmativa III estiver correta.
Art. 80 [...] d) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
I - assunção imediata do objeto do contrato, no e) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
estado e local em que se encontrar, por ato próprio
da Administração; 2. (IDECAN — 2018) Na doutrina do Direito Administra-
II - ocupação e utilização do local, instalações, equi- tivo brasileiro, quanto a atos e fatos administrativos é
pamentos, material e pessoal empregados na exe- correto afirmar que:
cução do contrato, necessários à sua continuidade,
na forma do inciso V do art. 58 desta Lei; a) Todo fato administrativo é fato jurídico.
III - execução da garantia contratual, para ressarci- b) Algum fato administrativo é fato jurídico.
mento da Administração, e dos valores das multas c) Nenhum ato administrativo é ato jurídico.
e indenizações a ela devidos; d) Nenhum ato administrativo é fato jurídico.
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato
3. (IDECAN — 2019) A respeito dos atributos e da classi-
até o limite dos prejuízos causados à Administração.
ficação dos atos administrativos, assinale a alternati-
va correta.
Porém, temos também a rescisão amigável, feita
de comum acordo entre ambas as partes, geralmente a) Os atributos dos atos administrativos são numerus
não enseja indenização. Os motivos da rescisão ami- clausus, a saber: autoexecutoriedade e presunção de
gável podem ser dos mais diversos. veracidade.
Por fim, temos a rescisão judicial, promovida b) A presunção de veracidade é atributo presente em
pelo particular em hipótese que há a interferência todos os atos administrativos, gozando de natureza
do Poder Judiciário em razão do inadimplemento por absoluta (juris tantum).
parte do Poder Público. c) A cobrança de multa aplicada pela Administração
Para que o contratado tenha o direito de ser inde- Pública é exemplo clássico de ato administrativo pro-
nizado, provocado pela extinção do contrato admi- vido de autoexecutoriedade.
nistrativo, precisa preencher alguns requisitos. d) No ato administrativo complexo, praticam-se dois
Primeiramente, a extinção contratual deve ser anteci- atos, um principal e outro acessório, sendo que este
pada, pois seria ilógico pedir reparação de danos em pode ser pressuposto de validade ou ato complemen-
hipóteses em que o contrato se extinguiu naturalmen- tar do ato principal.
te pelo regular adimplemento do negócio. Além disso, e) O ato administrativo simples pode ser expressão da
sua relação jurídica com o Poder Público não pode vontade de um órgão colegiado.
ser precária, pois atos precários são revogáveis pelo
Poder Público, a qualquer tempo. Por fim, o contrata- 4. (IDECAN — 2019) A Administração Pública corres-
ponde às atividades que o Estado deve exercer para
do deve ter agido de boa-fé durante a execução con-
atender as necessidades coletivas. No desempenho
tratual, pois se o particular tivesse agido com intenção
de suas atribuições, a atuação administrativa ocorre
de extinguir o negócio (agir de má-fé) não teria direito
de forma direta ou indireta. A respeito do tema, assina-
à indenização, haja vista que ninguém pode benefi-
le a alternativa correta.
ciar-se da própria torpeza.
Nos casos de anulação, o dever de indenizar per- a) A Administração Indireta constitui o conjunto dos
siste ainda que o contrato apresente algum vício de órgãos integrados na estrutura principal de cada
ordem legal, devendo a Administração indenizar o poder das pessoas jurídicas de direito público com
contratado pelo que este houver executado até a data capacidade política (União, Estados, Distrito Federal e
em que ela for declarada e por outros prejuízos regu- Municípios).
larmente comprovados, contanto que não lhe seja b) Os órgãos da Administração Direta são pessoas jurí-
imputável, promovendo-se a responsabilidade de dicas, podendo contrair direitos e assumir obrigações,
quem lhe deu causa (parágrafo único, do art. 59, da pois fazem parte da União, Estados, Distrito Federal e
366 Lei n° 8.666/1993). Municípios.
c) Os órgãos da Administração Direta têm capacidade c) Não é permitida a inscrição de estrangeiro em concur-
processual, ou seja, podem ser autor ou réu de uma so público, uma vez que são requisitos básicos para
ação devido a sua personalização. Somente em casos investidura em cargo público, dentre outros, a nacio-
excepcionais, já previstos em lei, é que são incapazes. nalidade brasileira.
d) Os órgãos da Administração Indireta são dotados de d) O concurso terá validade de até três anos, podendo ser
personalidade jurídica própria, mas não podem adqui- prorrogado por uma única vez, por igual período.
rir direitos e contrair obrigações, pois dependem da e) Não se admite que a posse e o exercício de um cargo
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. público sejam feitos por procuração específica, dado o
e) Os entes da Administração Indireta, para que possam seu caráter personalíssimo.
exercer suas atividades, são dotados de personalida-
de jurídica própria e podem adquirir direitos e assumir 8. (IDECAN — 2020) Sobre o tempo de serviço na Lei nº
obrigações por conta própria. 8.112/90, assinale a afirmativa incorreta.

5. (IDECAN — 2019) A respeito da classificação e dos a) É contado para todos os efeitos o tempo de servi-
princípios dos serviços públicos, assinale a alternativa ço público federal, inclusive o prestado às Forças
correta. Armadas.
b) O tempo em que o servidor esteve aposentado não
a) O princípio da modicidade tem aplicação no âmbito dos será contado para fins de nova aposentadoria.
serviços públicos, procurando evitar a exclusão social. c) A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
b) Os serviços públicos são sempre contínuos e que serão convertidos em anos, considerado o ano
compulsórios. como de trezentos e sessenta e cinco dias.
c) Não são considerados serviços públicos os chamados d) Será contado em dobro o tempo de serviço prestado
serviços administrativos, que são executados pelo às Forças Armadas em operações de guerra.
Estado em prol de sua organização interna. e) São considerados como de efetivo exercício os afas-
d) Os serviços de transporte coletivo são considerados tamentos em virtude de férias e por convocação para
serviços indelegáveis. o serviço militar.
e) Por força do princípio da eficiência, os serviços públi-
cos são remunerados exclusivamente por tarifas, 9. (IDECAN — 2020) De acordo com as disposições da
buscando-se o máximo retorno entre o equilíbrio con- Lei nº 8.112/90 sobre o regime disciplinar dos servi-
tratual e a satisfação do interesse público. dores públicos, analise as afirmativas a seguir:

I. Configura abandono de cargo a ausência intencio-


6. (IDECAN — 2019) Em relação à estabilidade no servi-
nal do servidor ao serviço por mais de trinta dias
ço público, analise as afirmativas a seguir:
consecutivos.
II. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao servi-
I. O procedimento de avaliação periódica de desempe-
ço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpola-
nho deverá ser regulado por meio de decreto do Presi-
damente, durante o período do estágio probatório.
dente da República, assegurando-se a ampla defesa e
III. A pena de demissão será aplicada nos casos de inas-
o contraditório.
siduidade temporária ou requerimento excessivo de
II. Na esfera administrativa, não é permitida a decretação
da perda de cargo de servidor público estável, devendo- licenças médicas pelo servidor público.
-se aguardar a sentença judicial transitada em julgado. Assinale
III. Invalidada por sentença judicial a demissão do servi-
dor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante a) se somente a afirmativa I estiver correta.
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, b) se somente a afirmativa II estiver correta.
sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo c) se somente a afirmativa III estiver correta.
ou posto em disponibilidade com remuneração pro- d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
porcional ao tempo de serviço. e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

Assinale 10. (IDECAN — 2019) A obrigatoriedade da realização de


licitações públicas encontra seu imperativo normativo
a) se apenas a afirmativa I estiver correta. no inciso XXI do art. 37 da CRFB de 1988. Com efeito, NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
b) se apenas a afirmativa II estiver correta. a obrigação de licitar abrange todos os órgãos admi-
c) se apenas a afirmativa III estiver correta. nistrativos dos Poderes Legislativo e Judiciário e dos
d) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. Tribunais de Contas, o que foi objeto de expressa men-
e) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. ção pelo art. 117 da Lei nº 8.666/1993. Sobre quem
está obrigado a licitar, analise a relação abaixo:
7. (IDECAN — 2019) A respeito do Regime Jurídico dos
Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e I. Órgãos da administração pública direta;
das fundações públicas federais, Lei 8.112/90 e suas II. Administração pública indireta;
alterações, assinale a alternativa correta. III. autarquias (incluindo as agências reguladoras e
executivas);
a) O servidor habilitado em concurso público e empos- IV. Conselhos profissionais (autarquias especiais);
sado em cargo de provimento efetivo adquirirá esta- V. Fundações públicas;
bilidade no serviço público ao completar três anos de VI. Empresas públicas;
efetivo exercício. VII. Sociedades de economia mista;
b) Não é garantido às pessoas com deficiência o direito VIII. Sindicatos Patronais;
de se inscrever em concurso público, porque as atri- IX. Entidades do sistema “S”, por meio de regulamentos
buições do cargo podem justificar de maneira motiva- próprios, observados os princípios da Administração
da pela administração pública essa proibição. Pública; 367
X. Organizações da sociedade civil de interesse público 14. (IDECAN — 2020) Com relação ao processo de licita-
(OSCIP, Lei nº 9.790/1999); ção, é correto afirmar que
XI. Organizações sociais (OS, Lei nº 9.637/1998).
a) a adjudicação é o ato pelo qual se atribui ao vencedor
Assinale do certame licitatório o objeto da licitação, para subse-
quente efetivação do contrato.
a) se somente I, II, III, IV, V, VI, VII, IX, X, e XI estão obri- b) a classificação dos licitantes corresponde ao ato pelo
gados a licitar. qual se atribui ao vencedor do certame licitatório o
b) se somente II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX estão obrigados objeto da licitação.
a licitar. c) a homologação é a fase de verificação e da compara-
c) se somente I, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X e XI estão obri- ção entre cada proposta apresentada e os requisitos
gados a licitar. do edital.
d) se somente I, II, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X e XI estão obri- d) o julgamento é a fase das propostas pela qual se
gados a licitar. comparam as ofertas e se escolhe o vencedor ao qual
e) se todos estiverem obrigados a licitar. deverá ser homologado o objeto da licitação.
e) somente na anulação fica assegurado o contraditório
11. (IDECAN — 2018) Com base na Lei 8.666/93, assinale e a ampla defesa, quando necessário.
o que define o ajuste de mão de obra para pequenos
trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento 15. (IDECAN — 2019) De acordo com a Lei nº 8666/93
de materiais. que estabelece normas gerais sobre licitações e con-
tratos administrativos, marque a opção correta:
a) Execução direta.
b) Empreitada por preço global. a) A licitação destina-se a garantir a observância do prin-
c) Empreitada por preço unitário. cípio constitucional da isonomia, a seleção da propos-
d) Reforma. ta mais barata para a administração e a promoção do
e) Tarefa. desenvolvimento nacional sustentável.
b) O procedimento licitatório previsto nesta lei caracte-
12. (IDECAN — 2019) De acordo com Mello (2009, p. 532- riza ato administrativo formal, praticado apenas pelo
533), a realização de qualquer licitação depende da poder legislativo.
ocorrência dos seguintes pressupostos: c) A única exigência para a licitação de obras e serviços
é a existência de projeto básico aprovado por autorida-
a) Disputa, ausência de concorrentes e licitação. de competente e disponível para exame dos interessa-
b) Lógicos, jurídicos e fáticos. dos em particular do processo licitatório.
c) Termo de referência e projeto básico. d) Nenhuma compra será feita sem a adequada caracte-
d) Atendimento do interesse público para realização da rização de seu objeto e indicação dos recursos orça-
licitação. mentários para seu pagamento, sob pena de nulidade
e) Hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação.
do ato e responsabilidade de quem tiver dado causa.
e) A única modalidade de licitação hoje utilizada pelos
13. (IDECAN — 2019) A respeito das modalidades de lici- entes públicos é o leilão.
tação, assinale a alternativa correta.
16. (IDECAN — 2018) A respeito da gestão de contratos na
a) Concorrência é a modalidade de licitação entre quais-
Administração Pública, analise as afirmativas a seguir:
quer interessados para escolha de trabalho técnico,
científico ou artístico, mediante a instituição de prê-
I. Entre outras competências, a gestão de contratos
mios ou remuneração aos vencedores, conforme crité-
envolve a atividade de formalização de procedimentos
rios constantes de edital publicado na imprensa oficial
relativos à prorrogação, à alteração, ao reequilíbrio,
com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco)
dias. aos pagamentos e a eventuais aplicações de sanções
b) As modalidades de licitação são duas: empreitada glo- à pessoa física ou jurídica signatária de contrato com
bal ou empreitada por preço unitário. a Administração Pública.
c) Tomada de preços é a modalidade de licitação entre II. Em geral, os princípios da Administração Pública ser-
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilita- vem como recomendações para o gestor público, não
ção preliminar, comprovem possuir os requisitos míni- sendo de incidência obrigatória na fiscalização dos
mos de qualificação exigidos no edital para execução contratos celebrados pela União e sua autarquias.
de seu objeto. III. A gestão contratual não se vincula apenas ao aspecto
d) Concorrência é a modalidade de licitação entre inte- da legalidade, mas também contempla as dimensões
ressados devidamente cadastrados ou que atenderem de eficiência, eficácia e efetividade.
a todas as condições exigidas para cadastramento até
o terceiro dia anterior à data do recebimento das pro- Assinale
postas, observada a necessária qualificação.
e) Convite é a modalidade de licitação entre interessa- a) se somente a afirmativa I estiver correta.
dos do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou b) se somente a afirmativa II estiver correta.
não, escolhidos e convidados em número mínimo de c) se somente a afirmativa III estiver correta.
3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
local apropriado, cópia do instrumento convocatório e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e o estenderá aos demais cadastrados na correspon-
dente especialidade que manifestarem seu interesse 17. (IDECAN — 2019) As normas dos contratos adminis-
com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da trativos estão descritas na Lei 8.666/93, a qual é regu-
368 apresentação das propostas. lamentada pelos preceitos do direito público, conforme
os princípios da teoria geral dos contratos e as disposi- c) como condição para a aquisição da estabilidade, é
ções do direito privado. Neste caso, os contratos devem obrigatória, no mínimo, a realização de três avaliações
estabelecer com clareza e precisão as condições para de desempenho.
sua execução, assim como a descrição dos direitos, obri- d) invalidada por sentença judicial a demissão do servi-
gações e responsabilidades das partes envolvidas, em dor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante
conformidade com a proposta a que se vinculam. Sobre
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem,
o tema, destacam-se cláusulas que são consideradas
com direito a indenização.
essenciais para a confecção de um contrato, exceto
e) o servidor público estável só perderá o cargo median-
a) o objeto e os elementos característicos de um contra- te procedimento de avaliação periódica de desempe-
to administrativo. nho e em virtude de sentença judicial transitada em
b) o preço e as condições de pagamento, além da data- julgado.
-base e periodicidade do reajustamento de preços.
c) o prazo apenas do início das etapas de execução e, 9 GABARITO
se possível, uma previsão para conclusão ou entrega,
podendo ser adiada por acordo unilateral.
d) as garantias oferecidas para assegurar sua plena exe- 1 B
cução, quando exigidas.
e) os direitos e as responsabilidades das partes, as pena- 2 D
lidades cabíveis e os valores das multas.
3 E
18. (IDECAN — 2019) A respeito dos aspectos orçamentá- 4 E
rios e financeiros da execução do contrato administra-
tivo, analise as afirmativas a seguir: 5 A

6 C
I. A duração dos contratos administrativos nunca
ultrapassará a vigência dos respectivos créditos 7 A
orçamentários.
II. No contrato administrativo, deve constar o crédito pelo 8 B
qual correrá a despesa, independentemente da indica-
9 A
ção ou não da classificação funcional programática e
da categoria econômica. 10 A
III. O contratado é responsável pelos encargos trabalhis-
tas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes 11 E
da execução do contrato.
12 B
Assinale 13 E

a) se apenas a afirmativa I estiver correta. 14 A


b) se apenas a afirmativa II estiver correta.
15 D
c) se apenas a afirmativa III estiver correta.
d) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. 16 D
e) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
17 C
19. (IDECAN — 2019) À luz da Constituição Federal, assi-
nale a alternativa correta a respeito do acesso às fun- 18 C
ções, cargos e empregos públicos. 19 A

a) As funções públicas são acessíveis aos estrangeiros, 20 B


na forma da lei.
b) Os empregos públicos não são acessíveis aos estrangeiros. NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO
c) A investidura em função pública depende de aprova-
ção prévia em concurso público de provas e títulos.
d) As funções de confiança e os cargos em comissão
ANOTAÇÕES
não se destinam às atribuições de assessoramento.
e) Os cargos públicos não são acessíveis aos estrangeiros.

20. (IDECAN — 2019) A Constituição Federal prevê a esta-


bilidade dos servidores nomeados para cargo de pro-
vimento efetivo em virtude de concurso público, assim
como traz casos de perda do respectivo cargo. A esse
respeito, é correto afirmar que

a) o servidor público estável somente perderá o cargo


em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
b) extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
servidor estável ficará em disponibilidade, com remu-
neração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo. 369
ANOTAÇÕES

370

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