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por Gebaldo José de Sousa

“Conhece-te a ti mesmo”
Qual o meio prático mais eficaz que
tem o homem de se melhorar nesta
vida e de resistir ao arrastamento do
mal? – “Um sábio da Antiguidade vos
disse: Conhece-te a ti mesmo.” - Q.
919, de O Livro dos Espíritos.
Allan Kardec apresentou a questão
acima aos Espíritos, que lhe
ofereceram a bela e sintética
resposta. Nela referiam-se à frase
lida por Sócrates no Templo de Apolo
em Delfos, que, segundo seu
discípulo Platão, a adotou em sua
filosofia.
Em seguida – certamente para nos
oferecer meios de melhor
compreender a preciosa lição – o
Codificador
argumenta: Compreendemos toda a
sabedoria desta máxima, mas a
dificuldade está precisamente em
cada um conhecer-se a si mesmo.
Qual o meio de consegui-lo? (Q.
919-a)
Em longa, mas objetiva dissertação,
Agostinho, Espírito, oferece-nos o
método que utilizava, quando
encarnado, para atingir o
autoconhecimento. Eis o início da
resposta: “Fazei o que eu fazia
quando vivi na Terra: ao fim do dia,
interrogava a minha consciência,
passava em revista o que havia feito
e perguntava a mim mesmo se não
faltara a algum dever, se ninguém
tivera motivo para se queixar de
mim. Foi assim que cheguei a me
conhecer e a ver o que em mim
precisava de reforma. (...)”.
Ainda que extensa, deve ser lida,
estudada, meditada e, sobretudo,
aplicada a nós mesmos, pela clareza
e sabedoria dos argumentos
apresentados pelo sábio e generoso
Espírito! E, certamente, por ser
excelente meio de chegar à evolução
consciente.
Nossa evolução se dá, pois, pelo
autoconhecimento: com ele,
desenvolvemos equilíbrio emocional
e autodomínio; aprendemos a
superar dificuldades crescentes: sem
desgastes; sem ferir os que nos
cercam; sem reagir por impulso;
sem nos desequilibrarmos com as
ações dos outros.
Passamos a agir após reflexão e
consulta ao anjo da guarda.
Desenvolvemos a capacidade de
evoluir conscientemente:
– Com roteiro para a vida,
corrigindo-se pouco a pouco;
– Dividindo dificuldades,
estabelecendo metas parciais a
alcançar;
– Educando o pensamento, para
errar menos.
*
A nosso ver, Jesus não fundou
religião(ões). Ofereceu-nos, no
Evangelho, normas de conduta, que,
adotadas, nos religam a Deus, nosso
Pai.
Nos versículos 34 e 35 do Cap. 13,
de João Evangelista, deixa-nos claro
que seus discípulos seríamos
reconhecidos pelo mútuo amor, não
por pertencermos a esta ou àquela
religião, que, à época, não haviam
sido estruturadas, nos moldes hoje
existentes: “Novo mandamento vos
dou: que vos ameis uns aos outros;
assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos
outros.Nisto conhecerão todos
que sois meus discípulos, se
tiverdes amor uns aos
outros” (Grifei).
O Espírito de Verdade, no item 5 do
Cap. VI, de O Evangelho segundo o
Espiritismo, amplia e atualiza os
ensinos do Mestre:
“Espíritas, amai-vos, este o primeiro
ensinamento; instruí-vos, este o
segundo”.
Ou seja, conquistas mais
importantes: Amor e Conhecimento!
Lamentável reconhecer, pelo que
sentimos em nós e à nossa volta: a
maioria dos ‘Espíritas’, que têm
acesso a estes ensinos, pouco ou
quase nada estudamos! E quanto ao
amor, então?! Como estamos longe
de sermos dignos de nosso Mestre!
*
Em artigo divulgado na Revista
Reformador de jul./78, editada pela
Federação Espírita Brasileira, p. 234,
Hermínio C. de Miranda tece
comentários sobre o livro Vida
Depois da Vida2 – do médico
americano Raymond Moody Jr.
Nele, registra relatos daqueles que
passaram por experiências de ‘quase
morte’, relatos esses que conferem
com aqueles contidos na II Parte de
‘O Céu e o Inferno’3, de Allan
Kardec.
O psiquiatra transcreve também
depoimentos que colheu nas
experiências vivenciadas por
inúmeros pacientes, durante o
tempo em que estiveram
clinicamente mortos por breves
instantes, mas que, por razões
desconhecidas – retornaram ao
corpo.
Chamou esse fato de ‘EQM’
(experiência de quase morte). Nosso
Hermínio denominou-o ‘morte
provisória’. Termo esse sumamente
adequado a esses fatos.
O médico publicou em 1988, pela
Nórdica, outro precioso livro: A luz
do Além4, no qual transcreve muitos
outros depoimentos sobre as ‘EQMs’.
Em concordância com os ensinos do
Espírito da Verdade, acima
indicados, eis o que registra o
autor: “Todos aqueles que passaram
por esta experiência retornaram
acreditando que a coisa mais
importante de suas vidas é o amor.
E, para a maioria deles, a segunda
coisa em grau de importância na
vida é o conhecimento”.
*
Lições de Jesus são o mais perfeito
roteiro para realizar o
autoconhecimento:
– Amar a Deus e ao próximo como a
nós mesmos;
– Fazer aos outros o que
gostaríamos de receber;
– Não resistir ao mal;
– Oferecer a outra face (a outra face
moral de quaisquer situações);
– Reconciliar com adversários;
– Perdoar sempre, ilimitadamente:
até aprendermos a não nos
ofendermos;
– Amar os inimigos e orar pelos que
nos perseguem;
– Não condenar e não julgar a
ninguém;
– Não procurar os primeiros lugares;
– Fazer o bem sem ostentação;
– Dá e receberás;
– Sê misericordioso;
– Adotar o lema ‘Paz seja nesta
casa’, quando chegarmos a qualquer
lugar.
Essa busca nos conduz à evolução
consciente, abreviando nossas
expiações, eis que nossa redenção
se dá pelo sofrimento, ou pelo amor
ao semelhante! Importa, pois,
aplicarmo-nos a esse aprendizado,
para atingir o autoconhecimento!

Referências:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad.
Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de
Janeiro: FEB, 2011, q. 919, p. 553.
2. MOODY JR, Raymond A. Vida Depois da
Vida. Rio de Janeiro: NÓRDICA, 1986.
3. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Trad.
Evandro Noleto Bezerra. 2.ed. 1. impr.
Brasília: FEB, 2013, II Parte.
4. MOODY JR, Raymond A. A Luz do Além. Rio
de Janeiro: NÓRDICA, 1989. Cap. I, p. 22.

O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita

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