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INSTITUTO DE LETRAS
SINTAXE II
Docente: Nilza Barroso Dias
Discentes: Bruna Gomes Bulhões e Marlon Gabriel Arcanjo dos Santos
Objetivo do trabalho:
Entender e apontar os diferentes usos do conector "para" pode assumir nas cláusulas
hipotáticas consecutivas, completivas, relativas e desgarradas.
O presente trabalho visa discutir a polifuncionalidade do conector para com base na teoria
funcionalista. Para realizar esse estudo, foi feita a leitura do texto A Polifuncionalidade do
conector para, de Rachel de Carvalho Pinto Escobar Silvestre. Foi realizado algumas
observações e reflexões a respeito do conector para na gramática tradicional e na
funcionalista no seus diferentes usos, no campo semântico e sintático. Para a gramática
tradicional o conector para é considerado um introdutor de orações subordinadas adverbiais
finais reduzidas. Para a gramática funcionalista o seu uso está na "relação gramatical das
línguas em seus contextos de interação, leva em consideração, a sintaxe, a semântica"
(SILVESTRE, 2018, p, 48) e também reconhecem "o texto e a pragmática estão integrados,
pois operam em conjunto na análise." (SILVESTRE, 2018, p, 48)
Para apresentar as diferentes funções desse conector, usamos como exemplos, o corpus do
roteiro de cinema, retirados do próprio texto em que aponta as orações e interações reais entre
os falantes, apontando os diferentes usos do PARA, nas cláusulas hipotáticas consecutivas,
cláusulas completivas e relativas e cláusulas hipotáticas, desgarradas e finais.
A teoria que norteia essas análises é com base na teoria funcionalista, em que leva em
consideração a interação real entre os falantes. Nessa abordagem se concentra em como a
gramática está relacionada ao uso real da linguagem em situações do cotidiano e da fala. Ela
analisa como a estrutura gramatical de uma língua se adapta e é influenciada pelo contexto
comunicativo, enfatizando a função e a relação entre as unidades linguísticas para expressar
significados.
E para Gonçalves e Carvalho (2007, p.79), “a gramática de uma língua é sempre emergente,
ou seja, estão sempre surgindo novas funções/valores/usos para formas já existentes”.
Assim, segundo estes autores, a teoria funcionalista se concentra na relação entre a estrutura
gramatical de uma língua e seu uso prático na comunicação. Eles destacam como as
estruturas linguísticas são moldadas pelo seu contexto de uso, enfatizando a função das
unidades linguísticas (como palavras, frases e construções) na expressão de significados e na
interação entre falantes. Os funcionalistas argumentam que a gramática é vista como algo
funcional e adaptável, influenciada pela interação social, cultural e situacional.
Para os autores que estão de acordo com a teoria funcionalista, o uso do PARA passou uma
por uma transformação gramatical, e defendem que “Devido à gramaticalização sofrida pelo
item PARA, este passou a assumir funções e sentidos diferentes da sua prototipia”
(SILVESTRE, 2018, p.50). Assim, devido a mutação da língua, o uso do PARA também
passa a assumir outras funções nas orações.
Diferente da gramática tradicional, a teoria funcionalista na gramática defende que as
estruturas linguísticas evoluem e se adaptam para atender às necessidades comunicativas dos
falantes. Ela enfatiza o papel da função e do uso da linguagem, considerando a mutação na
língua.
Nos exemplos retirados do texto, é possível observar que nas hipotáticas consecutivas, o
PARA assume diferentes posições semânticas na sentença. Observamos:
Nas orações completivas o "para" pode ser usado para expressar finalidade ou intenção.
- Ele estudou muito para que pudesse passar na prova.
- Estudamos bastante para aprendermos o conteúdo.
Nas orações relativas, em algumas situações, "para" pode introduzir uma oração relativa que
indica a finalidade ou propósito da ação.
- Trouxe comida para os amigos que vierem visitar.
- Comprei um presente para a pessoa que mais amo.
O uso de "para" nessas orações depende do contexto e do significado que se quer transmitir,
principalmente quando se enfatiza a finalidade ou o propósito da ação expressa na oração
subordinada.
Outro caso importante é o uso do “para” em cláusulas hipotáticas desgarradas, isto é,
cláusulas não anexadas sintaticamente à cláusula núcleo.
-"E aí a nossa equipe médica faz um check-up geral...Para ver se eles têm alguma doença
grave..."
Outros exemplos:
- O sol brilhava intensamente. As crianças brincavam no parque.
- Ela estudou a noite toda. O exame estava difícil.
- O time ganhou o campeonato. O treinador estava satisfeito.
Nesses exemplos, as cláusulas são independentes e não estão conectadas por conectivos ou
palavras de transição, resultando em ideias isoladas e desconexas.
Dessa forma, é possível concluir que, na teoria funcionalista, o conector "para" pode ser
considerado um marcador temporal ou direcional que expressa finalidade, objetivo ou destino
de uma ação. Ele é usado para indicar a intenção ou o propósito de uma ação ou evento. Na
abordagem funcionalista, os conectores, como "para", são analisados com base em sua função
comunicativa, ou seja, como eles contribuem para a estruturação e compreensão do
significado dentro de um contexto específico.
Referências bibliográficas:
Língua portuguesa - Sintaxe. 2. Língua portuguesa – Estudo e ensino. I. Rodrigues, Violeta
Virginia. II. Título.
AZEREDO, José Carlos. Iniciação à sintaxe do português. Rio de Janeiro: Zahar, 1990. 182p.