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FICHAMENTO COMENTADO(parte 2)
(Continuação) emergentes, posto que se refere à necessidade que elas têm de se refazer
de acordo com as pressões do uso. Na gramaticalização, itens lexicais e expressões
sintáticas podem assumir funções gramaticais em alguns contextos e, uma vez
gramaticalizados, podem desenvolver novas funções no âmbito da gramática.
P.29 e 30
P.30
“O filósofo Peirce (1940) discorda parcialmente da ideia de total arbitrariedade,
recuperando, em certa medida, a posição adotada pelos antigos naturalistas e
conjugando-a à postura dos convencionalistas. Segundo ele, a sintaxe das línguas
naturais não é totalmente arbitrária, e sim isomórfica ao seu designatum mental. No
entanto, esse isomorfismo da sintaxe, ou correlação transparente entre forma e função,
não é absoluto, e sim moderado. Na codificação sintática, princípios icônicos
(cognitivamente motivados) interagem com princípios mais simbólicos (cognitivamente
arbitrários), que respondem pelas regras convencionais.”
P.32
P. 36
Este apontamento nos leva a uma discussão sobre alguns casos que seriam considerados
marcados a priori. A negativa padrão, por exemplo, é tida como marcada em relação à
afirmativa. Contudo, se comparada com a negativa dupla ou negativa final será menos
marcada quanto aos critérios de freqüência, complexidade estrutural, e fatores
pragmáticos. Desta forma, seria mais apropriado observar a marcação como gradual e
não a partir de contrastes binários. Nota-se ainda, que em casos específicos os critérios
de marcação não coincidem, de forma que quanto a um dos critérios uma estrutura pode
ser considerada marcada, mas em relação a outro isso pode não ocorrer. Desta forma,
nota-se que a reflexão sobre o contexto é mais proveitosa para que se analise os casos
em pesquisa dentro da sua complexidade, sem tolhê-los a fim de encaixá-los em
definições.
P. 37
P.39
“O modo como o falante organiza seu texto é determinado, em parte, pelos seus
objetivos comunicativos e, em parte, pela sua percepção das necessidades do seu
interlocutor. Nesse sentido, o texto apresenta uma distinção entre o que é central e o
que é periférico. [...] Em termos de estrutura de texto, ou de planos discursivos, a
divisão entre central e periférico corresponde à distinção entre figura e fundo. [...]
orações com alta transitividade assinalam porções centrais do texto, correspondentes á
figura, enquanto orações com baixa transitividade marcam as porções periféricas,
correspondentes ao fundo”.
P.42
Atualmente não se trabalha mais com a concepção dicotômica de figura e fundo.
Algumas pesquisas (TOMLIN, 1987; SILVEIRA, 1991) mostraram a necessidade de
redefinir a categoria plano discursivo, não mais em termos binários, e sim como um
continuum, cujos os pólos seriam a superfigura, do lado mais saliente ou relevante, e
superfundo, do lado mais difuso ou mais vago.
P. 43
P.46
Prince (1981) foi o primeiro a formular um modelo de discurso no qual o fator de maior
relevância é o conhecimento compartilhado entre os participantes de uma interação. Na
linguística funcionalista, estas questões relativas à informatividade são abordadas a
partir da classificação semântica de referentes no discurso. Neste sentido, o modo de
apresentação de um referente tem determinações de ordem semântico-pragmática. Isso
equivale a classificar referentes ou entidades sob parâmetros do conhecimento
compartilhado. Em atitude ativa sobre a língua que utiliza, o falante faz inferências
sobre as informações possuídas pelo interlocutor, o que modifica o seu discurso de
acordo com os seus objetivos comunicativos. As entidades são organizadas em três
grupos que devem seguir o princípio das categorias não discretas. Assim, temos: a)
novas: introduzidas pela primeira vez no discurso. Contudo, nesta classificação há a
entidade totalmente nova, chamada de nova-em-folha, e a disponível, que já está na
mente do ouvinte por ser, geralmente, um referente único em um dado contexto; b)
evocadas: já ocorridas no texto, podendo ser textualmente ou situacionalmente
evocadas; e c) inferências: identificadas através de um processo de inferência a partir de
outras informações dadas.
MACEDO, Alzira Verthein Tavares de. Funcionalismo. Revista Veredas, Juiz de Fora,
v.1, n. 2, p. 73-88 – jan./jun., 1998.
SILVA, Leilane Ramos da. Correntes Linguísticas: notas sobre o formalismo e o
funcionalismo. Revista Interdisciplinar. Sergipe, v. 2, n. 2, p. 106-124 – jul. /dez.,
2006.