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SINOPSE Introdução
Este capitulo descreve a riqueza de espécies e relações fi+ peixes são o grupo mais rico entre os vertebra-
logenéticas entre os peixes de água doce neotropicais, res
saltando as principais características diagnósticas de cada
O dos, correspondendo a aproximadamente metade
do número de espécies. Até o início do ano de 2013
grupo. Estes são dois temas ainda efervescentes em termos eram reconhecidas pouco mais de 32.500 espécies de
de pesquisa, necessitando uma atualização constante face peixes, mas este número aumenta constantemente de-
a elevada taxa de descrição de espécies novas bem como vido à elevada taxa de descrição de novas espécies. Na
de publicação de novas hipóteses de relações filogenéticas última década (2001-2010) foram descritas em média
entre os diferentes grupos. Neste capítulo fornecemos uma 394,5 espécies por ano (Eschmeyer e Fricke, 2011) e
visão do conhecimento disponivel até o início de 2013, e somente em 2012 foram descritas 450 espécies novas
Sugerimos que os leitores busquem sempre novOs dados a (Eschmeyer, 2013). As águas doces da região Neotropi
partir das informações fornecidas aqui. cal (América do Sul e América Central) compreendem
5.577 espécies (números de Reis et al., 2003 atualiza-
PEIXES Do BRASIL - VoL. IIL 603
dos a partir de Eschmeyer, 2013), variando as estima-
tivas mais recentes do número final de espécies entre
istingos mais aigniicalivas pata idenlfcogo 8.000 (Schaefer, 1998), 6.025 (Reis et al., 2003) e mais
das 324bicus_ubeaptcies mogian4 da de 7.000 espécies (Albert e Reis,
2011)
ulama timainae EiGENMANN, 1910
Apesar desta riqueza extrema concentrada em
FIG. 133 menos de 0,003 % dos recursos hídricos
disponíveis
no planeta (águas doces neotropicais; Vari e Malabar-
ba, 1998), a maior parte dos peixes da região perten-
hgame
pabis aybehuo Gabho
bocaaada
(lado wndral)
ental2 cem a um único grande grupo de peixes de água doce
lalo venthal primários, que se tornou dominante na ocupação de
Pplumbea ambientes dulcícolas no planeta: os Otophysa. Estes
Boca L constituem cerca de 75 % das espécies de peixes de
mimal.
Cephalaspidomorphi 2(<1%)
Tetraodontiformes 2(<1%)
Gasterosteiformes 5 (<1%)
yprinodontiformes Characiformes
Atheriniformes 98 (2%)
703 (13%)
1791 (33%)
Gobiesociformes8 (<1%
Batrachoidiformes
5(1%)
Gymnotiformes de
"Ophidiiformes"7 (<1%)J 202 (4%) Figura 1. Riqueza (número de espécies)
peixes de água doce na região Neotropical
Salmoniformes 7 (<1%) J
relativa
por grandes grupos e sua frequncia
Siluriformes (em parênteses). Note que os Otophysa
2073 (38%)
(representados pelos Characiformes,
Siluriformes e Gymnotiformes), Cypriniformes
e Cichlidae (Cichliformes) representam cerca
de 97 % desta fauna. Total: 5.577 espécies
(número atualizado em março de 2013).
Filogenias buscam representar da maneira mais de uma mandibula ausente em lampreias. Caracte-
fel possível a história evolutiva dos organismos atra res derivados compartilhados por mais de um táxon,
vés da definição de agrupamentos naturais (monoh e que permitem formular hipóteses de relações, são
léticos) que representem histórias de ancestralidade chamados de sinapomorhas.
comum. Todos os organismos pertencentes a um A formulação de uma classificação
filogenéti
determinado grupo monofilético possuem um ances- ca é a melhor forma de organizar informações sobre
tral comum único, o qual não é ancestral de nenhum
biodiversidade e se tornou uma
prática universal em
organismo externo ao grupo. Estes grupos naturais,
classificaçõesbiológicas. compreensão não só da
A
ou clados, devem estar refletidos na classificação ta diversidade especifica, mas também da diversidade
xonômica em gêneros, famílias, ordens, classes, filos filogenética na composição de espécies, fornece uma
e reinos monofiléticos. Grupos monofiléticos menores visão comparada da distribuição de caracteres, sejam
eles
gêneros) fazem parte de grupos monofiléticos maio-
res (famílias) e assim sucessivamente.
morfológicos,
biológicos ou moleculares.
teres de quaisquer tipos estão distribuídos entre os
Carac
A formulação de hipóteses de relações de pa- seres vivos de acordo com a sua origem filogenética e,
rentesco pode ser feita através da busca de caracteres como tal, servem como fontes de informação para a
que documentem estas relações. Quaisquer tipos de descoberta desta história filogenética.
caracteres herdáveis entre indivíduos de uma linha- Os ostariofíseos, por exemplo, possuem uma
gem filogenética, sejam eles morfológicos, fisiológi- substância de alarme única alojada em células hol
cos, biológicos, comportamentais ou moleculares são crinas na epiderme, e cuja ruptura causa uma reação
Filogenia e Classificação dos Peixes Neotropicais
incluindo espermiogênese. Os Atherinomorphae, te, Mordacia lapicida (Gray, 1851), endêmica do Chile,
osAtheriniformes (peixes-rei),
(barrigudinhos e peixes-anuais) e Cyprinodonti
formes e Geotria australis (Gray, 1851), presente no Chile, Ar-
Beloniformes gentina, Austrália e Nova Zelândia (Malabarba e Ma-
peixes-agulha), possuem um padrão único de esper- labarba, 2007). Os peixes-bruxa (Mixini) e lampréias
miogenese com as espermatogônias formando-se na
extremidade distal de cada lóbulo do testículo e as de-
(Cephalaspidomorphi) não possuem mandibula, o
que facilmente os diferencia de outros vertebrados.
mais etapas da
espermiogênese sucedendo-se ordena-
damente em direção ao lúmen.
Chor ichthyes são primariamente marinhos,
Entretanto, nos demais com uma família de arraias exclusiva de água doce,
teleósteos as espermatogônias se formam ao
longo de
todo o túbulo, intercaladas com outras fases da
Potamotrygonidae, com 25 espécies endêmicas das
esper- grandes bacias hidrográicas da América do Sul. A
miogênese (ver Grier et al., 1980: Figura 1). Assim, monofilia da família suporta a hipótese de que to
pode-se supor que este tipo único de espermiogênese das as arraias de água doce neotropicais descendem
surgiu em um ancestral comum de todos os Atherino- de um ancestral único que invadiu este ambiente a
morphae, e que ocorra nos testículos de outras espécies partir de um ancestral marinho (Lovejoy, 1996), sen-
do grupo ainda não investigadas. Não se deve do considerados como u m grupo de peixes de
supor, água
no entanto, que este tipo de espermiogênese ocorra em doce periférico. Os Potamotrygonidae são
espêcies de grupos não aparentados de Atherinomor-
filogeneti-
camente relacionados às arraias marinhas da família
phae, como Characiformes, por exemplo. Dasyatidae, tendo como grupo irmão duas arraias
dogênero Himantura, H. schmardae (Werner, 1904) e
H. a a (Beebe e Tee-Van, 1941), que ocorrem na
Relações filogenéticas entre grupos de costa caribenha da América do Sul e na costa do Pa-
cifico na América Central,
peixes modernos e os Tetrapodomorpha respectivamente (Lovejoy
et al., 2006). Além dos Potamotrygonidae, o tubarão
de cabeça-chata, Carcharhinus leucas
Atualmente, o termo "peixes" se refere a todos
(Müller e Henle,
1839) da família Carcharhinidae, e duas espéécies de
os vertebrados aquáticos sem membros locomotores peixe-serra, Pristis pectinata (Latham, 1794) e Pristis
terrestres ou pisciformes, porém não constitui um gru- pristis (Linnaeus, 1758) (Pristidae) ocorrem em am-
po taxonômico como largamente utilizado no século bientes de água doce na região norte da América do
passado. "Peixes"' no formam um grupo monofilético Sul e na América Central.
endem a vasta maioria dos peixes conhecidos atual- pha Figura 3).
mente tanto no mar quanto em águas continentais. Os Elopomorpha são peixes prinmariamente mari-
Assumiram com extremo sucesso uma grande varie- nhos, incluindo o tarpão e as enguias. Dentre as sinapo-
dade de tamanhos, formas hábitos morfias que atestam a monofilia do grupo, o estágio de
e como adaptação
para ocupação de ambientes aquáticos. Assim, são en larva leptocéfala no desenvolvimento é com certeza o
contrados desde profundidades abissais nos oceanos mais interessante. Em forma de fita e comumente com
até altitudes de mais de 3.821 m, no lago Titicaca, no 10 cm, mas podendo atingir até 2 m, a larva encolhe du-
Peru e Bolívia; ocorrem tanto em ambientes de águas rante a metamorfose para a forma juvenil. Somente três
perenes como aqueles com águas temporárias, que espécies de Elopomorpha são conhecidas da região Ne-
secam durante certos períodos do ano. Consequência otropical. O tarpão, Megalops atlanticus (Valenciennes,
desta radiação éa enorme riqueza de espécies, consti- 1847) (Megalopidae) é marinho e encontrado na foz de
tuindo-se no mais diverso grupo entre os vertebrados, riose estuários. A
enguia de água doce, Anguilla rostrataa
com mais de 31.000 espécies. O grupo inclui formas
tão diversas que, mesmo sendo reconhecidamente
Lesueur, 1817) (Anguilidae) é encontrada em rios na
região do Caribe. Esta espécie passa a maior parte do ci-
monofilético, não há um conjunto de fortes sinapo clo de vida em água doce, retornando ao mar
morías deinindo-o (Patterson, 1982; Nelson, 2006). para des0
va
(catádroma). Finalmente a enguia-cobra, Stictorhinus
Isto ocorre porque algumas das características exclu- potamius (Böhlke e McCosker, 1975) (Ophichthyidae),
sivas dos actinopterigeos mudaram ao longo da evo- é exclusiva de água doce e endêmica do continente
lução do grupo, podendo estar bem modificadas ou sul americano, ocorrendo nas bacias
terem sido perdidas em formas mais dos rios Orinoco,
especializadas, Amazonas, Tocantins e nordeste do Brasil.
tais como: estrutura histológica das escamas, Os
capuz
de acrodina nos dentes, nadadeira pélvica com me- mente pequeno
Osteoglossomorpha são um grupo relativa-
(240 espécies) de teleósteos de
água
doce e, ainda assim, bastante diversificados a base da nadadeira caudal, como Pellona castelnae-
mortolo-
gicamente, principalmente no continente africano. Na ana (Valenciennes, 1847) da bacia do rio Amazonas.
América do Sul estão
bem conhecidas":
representados por duas espécies Duas sinapomorfias definem o grup0: a presença de
pirarucu Arapaima gigas (Schinz,
o escudos abdominais na linha médio ventral do corpo
1822) (Arapaimidae), maior espécie de peixe de água e a presença de uma conexão entre a bexiga natató
doce neotropical, aruan Osteoglossum bicirrhosum
e o ria e o ouvido interno, com um divertículo da bexiga
(Cuvier, 1829) (Osteoglossidae). Possuem uma posição natatória que penetra o exocciptal e se expande para
basal entre os teleósteos e por vezes são apontados formar uma bula ossificada no proótico e ås vezes no
como
grupo irmão vivente de todos os demais. Re pterótico.
centes estudos
listam várias
filogenéticos (Wiley e 2010) Johnson, Ostariophysi é um grupo de peixes primaria-
sinapomorfias para o grupo, entre as mente de água doce de distribuição global. A mono-
quais: ausência de ossos epipleurais; um epural; vêr- filia dos Ostariophysi e de seus grupos internos é su
tebra preural 1 com
espinho neural completo; e su- portada por uma série de sinapomorfhas descritas em
praorbital ausente. Fink e Fink (1981, 1996), muitas delas relacionadas
Até recentemente, a modificações do ouvido interno, bexiga natatória
os Clupei e os Ostariophysi
eram grupos distintos em Actinopterygii, mas atual e das quatro ou cinco vértebras anteriores, que for
mente säo classificados como duas subcoortes de um mam uma cadeia de ossículos que conecta a bexiga
grupomonofilético, os Otomorpha (=Ostarioclupeo- natatória ao ouvido interno, o aparelho de Weber
morpha Otocephala) (Figura 4). Três sinapomortias
e
Outra sinapomorfia relevante no grupo é a presença
definem o grupo (Arratia, 1999): o extrascapular me de substância de alarme na epiderme, perdida secun-
dial fusionado aos parietais ou fusionado aos dariamente em Gymnotiformes, nos quais o estímulo
tais e supraocciptal; autopalatino ossificando-se cedo
parie
sensorial é principalmente elétrico. Os Gonorynchi-
na ontogenia; e bases dos hipurais 1 e 2 não unidas formes (milkfishes) incluem duas espécies marinhas e
por cartilagem em nenhum estágio do crescimento. 31 espécies africanas dulcícolas. Os Cypriniformes,
Clupei inclui os Clupeiformes (sardinhas e manjubas, com 3.695 espécies, são o grupo dominante em água
primariamente marinhos), e Ostariophysi inclui os doce no hemisfério Norte e com grande representati-
Gonorynchiformes e os Otophysa com quatro ordens: vidade na Africa.
Cypriniformes, Characiformes, Siluriformes e Gym-
notiformes.
Os Clupeiformes são primariamente marinhos,
Diversidade e classificação dos Otophysa
com muitas espécies estuarinas ou diádromas e algu-
mas espécies totalmente adaptadas à vida em água neotropicais
doce. As espécies inteiramente dulcíicolas variam em
tamanho desde poucos centímetros, como Platani-
chthys platana (Regan, 1917), comum em lagoas costei- Os Characiformes
ras e porção interior de rios do sul do Brasil, Uruguai
e Argentina, até 47 cm de comprimento medido até Os Characiformes são uma das principais or
dens de Ostariophysi, com pouco mais de 2.000 es-
Stewart (2013) propõe, preliminarmente, o reconhecimento de quatro
espécies do gênero Arapaima, e não apenas uma, como reconhecido atu- pécies. Ocorrem somente em água doce, na Africa
almente. e Américas do Sul, Central e do Norte, até o Texas.
Apesar de ocorrerem nos dois lados do Atlântico, sua
diversidade e riqueza é muito maior na região Neotro-
pical, onde ocorrem 234 gêneros, versus apenas 38 gê-
Gymnotiformes neros na Africa (Malabarba e Malabarba, 2010). Sua
(peixes-eltricos) distribuição atuale os registros fósseis documentam a
conexão histórica entre Africa e América do Sul.
Siluriformes
(bagres e cascudos) A ordem foi definida por Finke Fink (1981) com
base em sete sinapomorfias, destacando-se a
Characiformes presen
Otophysa ça de uma cápsula lagenar, a formação dos dentes
(lambaris, piavas) da premaxila e dentário em criptas, e a presença de
Cypriniformes dentes multicuspidados. As relações filogenéticas en-
Ostariophysi (carpas e afins) tre as tamílias, entretanto, ainda são complexas, não
existindo um consenso acerca das relações entre seus
Gonorynchiformes
Otomorpha ('milkfish) componentes. As relações entre os membros da famí-
lia Characidae, a mais rica da ordem, encontram-se
Clupeiformes ainda em grande parte indefinidas, a ponto de Reis
(sardinhas e manjubas) et al. (2003) listarem cerca de 2/3 das espécies como
táxons incertae sedis, ou seja, de relações indefinidas
ordens representadas na tamilia. As três filogenias mais recentes publica-
Figura 4. Filogenia dos Otomorpha. As quatro
neotropical. das sobre o
em caixas possuem representantes
na ictiotauna
grupo, uma morfológica (Mirande, 2010
Biologia e Fisiologia de Peixes Neotropicais de Agua Doce
salobra.
em aguas s e
representantes
que
incluem todos os continen
e duas moleculares (Javonillo et al., 2010; Oliveira mas
cm
praticamente
Ocorrem
et al., 2011), também chegam a resultados somente doces.
Austrália).
>ao diagnosticados por várias
parcialmente congruentes na detinição de relações tes (exceto
listadas em 'ink e Fink (1981, 1996
de parentesco, propondo duas detinições diferentes sinapomorfias destacar a ausencia de esca.
cais: Acestrorhynchidae (26 espécies), Anostomidae mília Ariidae que é cosmopolita, somando 2.073 espé-
(143), Bryconidae (48), Chalceidae (5), Characidae cies neotropicais (Ferraris, 2007; atualizado com base
(1.031), Chilodontidae (8), Crenuchidae (82), Cteno em Eschmeyer, 2013): Ariidae (147 espécies, sendo 51
luciidae (7), Curimatidae (103), Cynodontidae (8), neotropicais), Aspredinidae (39 espécies), Astroblepi-
Erythrinidae (16), Gasteropelecidae (9), Hemiodonti- dae (56), Auchenipteridae (107), Callichthyidae (199),
dae (30), Iguanodectidae (30), Lebiasinidae (72), Pa- Cetopsidae (42), Diplomystidae (6), Doradidae (91),
rodontidae (32), Prochilodontidae (21), Serrasalmidae Heptapteridae (206), Lacantuniidae (1), Loricariidae
(86) e Triportheidae (34). (859), Nematogenyidae (1), Pimelodidae (109), Pseu-
Characiformes são peixes de fecundação exter- dopimelodidae (37), Scoloplacidae (6) e Trichomycte
na, mas em pelo menos dois grupos de caracídeos, ridae (263). Cerca de S0 % desta riqueza (1.636 espé-
na tribo Compsurini de Cheirodontinae e em parte cies) está incluida enm apenas cinco destas familias:
das espécies de Stevardiinae (sensu Mirande, 2010), Callichthyidae, Heptapteridae, Loricariidae, Pimelo-
além de alguns poucos táxons incertae sedis, ocorre didae e Trichomycteridae.
um método alternativo de reprodução denominado Os Loricariidae (cascudos) constituem a maior
de inseminação, em que os machos transferem os
es família de siluriformes Distribuídos neotropicais.
permatozóides para o ovário feminino através de um desde a Costa Rica até o norte da Argentina,
os lo-
ritual envolvendo um complexo comportamento de ricariideos são na sua vasta maioria
coorte. A fecundação, no entanto, não ocorre nos ová cisandinos, mas
várias espécies habitam o oeste dos
rios, sendo desconhecido o momento de fecundação
Andes na porção
norte do
dos ovócitos. Este método de reprodução traz aparen- continente
São essencialmente dulcicolas
com quase nenhuma tolerância à
temente algumas vantagens adaptativas,
como, por
salinidade, exceto
por poucas exceções, como Ancistruse
exemplo, separar os momentos de coorte e desova,
que por vezes são encontradas em Hypostomus
permitindo que a fêmea desove independente da pre- salobras. Com suas bocas águas levemente
sença do macho, sempre que as condições ambientais dores são sugadoras e dentes
raspa-
forem favoráveis. Caracídeos têm demonstrado uma principalmente iliófagos, mas restos vege
tais, pequenos invertebrados
grande variabilidade na forma e ultraestrutura dos e mesmo madeira (sem
que entanto se saiba como
no
espermatozóides, principalmente nas espécies inse- fazem parte da sua dieta seja digerida) tambem
minadoras, com espermatozoides modificados na sua (de Pinna, 1998). A grande
diversidade está associada a uma
forma e distribuição de organelas, cuja análise tem baixa fecundidade e
cuidado parental, uma
combinação
ciclídeos africanos. comparável aque
fornecido uma série de novas características em estu-
la dos flocks de
dos filogenéticos (Burns et al., 2009)
diversidade das mais de 850
Apesar da granae
loricariídeos é legitimada por muitas espécies, a monofilia dos
tre as quais: dentes evidencias, den
bíidos com assimetria
Os Siluriformes des; disco ventral no das cuspl
mesetmóide;
totalmente coberto por três ou mais corpo parcial ou
linae (de Pinna e Wosiacki, 2003). Se por um lado a única que os identifique. Entretanto, eles podem ser
maioria dos representantes, pertencentes à subfamí- reconhecidos por uma combinaç o de caracteres que
lia Trichomycterinae, são predadores generalizados de inclui: pele nua, teto craniano nunca coberto por
musculatura e recoberto por uma pele fina, três pa-
pequenos invertebrados, os tricomicterídeos incluem
as mais notáveis especializações alimentares. Os Van- res de barbilhões (maxilar, mental externo e interno),
delliinae, por exemplo, se alimentam exclusivamente narinas bem separadas e sem barbilhões, nadadeira
de sangue das brânquias de outros peixes, represen- adiposa bem desenvolvida e espinhos das nadadeiras
tando os únicos gnatostomados hematófagos além dos dorsal e peitoral pungentes ou ao menos resistentes
morcegos (de Pinna, 1998). Os Stegophilinae, por sua (Lundberge Littmann, 2003). Em sua maioria, os pi-
vez, se alimentam de escamas, muco ou pedaços de melodideos são carnívoros ou omnívoros, mais ativos
carne superficiais. Entretanto, os mais famosos esto à noite ou no crepúsculo quando então seus barbi-
ilíneos e vandelineos são os candirus, conhecidos na lhões sensitivos têm um importante papel na busca
amazônica por penetrarem acidentalmente na por comida. Os pimelodideos habitam uma ampla
região
uretra humana e de outros mamiferos. gama de habitats nos neotrópicos, atingindo a máxi-
Os Heptapteridae incluem siluriformes de ta- ma diversidade na região Amazônica, onde são com
manho pequeno a médio, extremamente comuns nas ponentes abundantes da ictiofauna. O dimorfismo
sexual é praticamente inexistente, a fertilização é ex-
drenagens sul-americanas. Antes considerada um sub-
-grupode Pimelodidae, u m a boa parte dos gêneros da terna e não é conhecido cuidado parental. O tamanho
família Heptapteridae, até recentemente, estava alo- é moderado, em geral de 20 a 80 cm, mas há exemplos
cada e m outras famílias, c o m o por exemplo Rhamdia extremos como o jaú (Zungaro zungaro) que pode atin-
em Pimelodidae, e Nannoglanis em Trichomycteridae gir 140 cme a piraíba (Brachyplatystoma filamentosum)
e Guazelli, 2003). Em vista disto,
mesmo que pode ultrapassar 3 m de comprimento (Lundberg
Bockmann
representando importantes faunísticos,
elementos a e Littmann, 2003).
sistemática e biologia dos heptapterídeos ainda é pou-
co conhecida.
Outra família diversificada é Callichthyidae Os Gymnotiformes
membros são facilmen-
tamboatá, limpa-fundo) cujos
te reconhecíveis por possuirem o corpo recoberto por Gymnotiformes são peixes elétricos neotropicais
dérmicas. S orelativamente facilmente reconhecidos pelo corpo de formato angui-
duas fileiras de placas
maioria alimentadores liforme, com perda das nadadeiras dorsal, adiposa, pél-
pequenos, dulcícolas e
n a s u a
Blenniimorphae Blennuformes
Ovalentariae, Mugilomorphae Mugilitormes
Atherinomorphae Atheriniformes, Seloniformes, Cyprinodontiformes
Carangimorpharia Cichlomorphae Cichliformes. Phoidichthyiformes
Carangimorphariae Carangitormes, Isdognontormes, Pleuronectiformes
Anabantomorphariae Synbranchitormmes, An8oandtormes
Percomorphaceae thuriformes. Centrarchiformes, Cirrhititorme5.
Percomorpharia Ephippfomes, Labntormes, Lophurormes,
Pemphentormes,Percitormes, Sparnformes,
Tetraodotiformes. Uranoscopromes
Scombrimorpharia omontomes. Synsnathitormes
Gobiomorpharia Gobuiformes, Kurtformes
Batrachoidimorpharia satrachoidi formes
Euacanthomorphace Ophidiimorpharia Ophidiformes
Holocentrimorphaceae olacentniformes
Acanthormorphata Berycimorphaceae Seryoformes
Ctenosquamata Paracanthomorphacea Gadiformes Percogstormes
tyephortermes. etormeS
Eurypterysia Polymixiacea
Poymuitornties
Lampridacea
Neoteleoste amprdformes
Myctophata
Myctophatormmes
Aulopa
Auinpfarmes
Ateleopodia
Euteleosteomorpha- Stomiatii Atelecpdifors
entemes `to3tstmmes
Protacanthopterygii Figura 5.
As ordens Filogenia dos
Agenaturmes Esoiidres
Lepidogalaxi Galaiitor vnes Saleeronitomes
oatrmes
marcadas Euteleosteomorp
em
negrito
representantes na possu
ictiofauna neotropica
Filogenia e Classificação dos Peixes Neotropicais 9
Serie Carangimorpharia
Subséries Anabantomorphariae (Ordens synbranchiformes e Anabantiformes)
Subséries Carangimorphariae (Ordens Istiophoriformes, Carangiformes e Pleuronectiformes)
Subséries Ovalentariae
ambientes de águastropicais.
e
Ge-
distribuídos América
na 1998) e estão
ou costeiros doces rasas
salobros, especialmente na América Africa, Madagascar, sul daCentral e do
Sul,
India e Sri Lanka.Antilhas,
Central, perfazendo
cerca 12 % da espécies da região As 494
otropical.
O pequeno ictiofauna ne-
tamanho de no máximo al- norte até a bacia doNeotropical estão distribuídas ao
Rio Grande e ao
guns centímetros, cia do Rio Sul até a ba-
vida singular, polimorfismo cromático, ciclo de Negro
Cuba e Hispaniola. Patagônia, incluindo as ilhas de
na
espécies), Poeciliidaeneotropi
Anablepidae |17 estudos têm sido
biogeográhcos ecológicos, obje
pécies, sendo 259
pécies). Os neotropicais) e (343 es-
Rivulidae (348 es- eg. Stiassny,
1991; Farias
e
filogenéticos. comportamentais,
Análises
possuem
Cyprinodontidae,
fertilização
com no
máximo 8 cm,
e
Smith, 2004) têm
et al. filogenéticas
1999, 2000;
em ambientes de água
externa e estão
distribuídos nofilética com reconhecido
base em a
família comoSparks
costeiros nas Américas
doce, salobros
marinhose moleculares. Dentre as evidências m0
mediterrânea. Exceto por
Norte da
Africa, e região
a
monofhlia da morfológicas
sinapomorfias
familia esto
elou
que suportan
uma
espécie, os Anable- tenso capuz
pidae
por
(quatro-olhos) posuem goopódio formado
raios da anal, associado branquial 2; cartilaginoso (Kullander, 2003): um ex
na
margem anterior
expansão da do
ducto epi
micro-branquioespinhos cabeça
a
Poeciliidae (barrigudinhos, guarus) espermal. Os do
são
ciprinodon- logia da
sagita; hipapofises
ou quarta vértebra.
epibranquial
nos arcos
branquiais;
pares curtas morio
na
terceira c