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e chicotearam o ar.

Um deles se enganchou nos cabelos de Hermione, e Rony o repeliu com


uma tesoura de poda; Harry conseguiu conter uns dois galhos e prendê-los com um nó; abriu-
se um buraco no meio desses tentáculos; Hermione enfiou o braço corajosamente no buraco,
que fechou como uma armadilha em torno do seu cotovelo; Harry e Rony puxaram e torceram
os galhos, obrigando o buraco a reabrir, e Hermione desvencilhou o braço, trazendo entre os
dedos uma vagem igualzinha à de Neville. Na mesma hora, os galhos urticantes tornaram a se
recolher e o toco nodoso se imobilizou, parecendo um inocente pedaço de madeira seca.
– Sabe, acho que não vou querer essa planta no jardim quando tiver a minha casa –
comentou Rony, empurrando os óculos para a testa e enxugando o suor do rosto.
– Me passa uma tigela – pediu Hermione, segurando a vagem pulsante com o braço
estendido; foi o que Harry fez e ela largou a vagem dentro da vasilha com cara de nojo.
– Não seja supersensível, esprema a vagem, é melhor quando está fresca! – falou a
professora Sprout.
– Como eu ia dizendo – Hermione retomou a conversa interrompida como se não tivessem
sido atacados pelo toco de madeira –, Slughorn vai dar uma festa de Natal, Harry, e dessa
você não vai ter jeito de escapar, porque ele me pediu para verificar as suas noites livres, e
vai marcar a festa numa noite em que você possa ir.
Harry gemeu. Nesse meio-tempo, Rony, que estava em pé tentando abrir a vagem na tigela,
segurando-a com as duas mãos e apertando-a com toda a força, disse aborrecido:
– E essa é mais uma festa para os favoritos de Slughorn?
– É só para o Clube do Slugue – respondeu Hermione.
A vagem voou para longe dos dedos de Rony, atingiu o vidro da estufa, ricocheteou e foi
bater na nuca da professora, derrubando seu velho chapéu remendado. Harry foi recuperar a
vagem; quando voltou, Hermione estava dizendo:
– Olhe aqui, não fui eu que inventei o nome “Clube do Slugue”...
– Clube do Slugue – repetiu Rony com um desprezo digno de Malfoy. – É patético. Ora, eu
espero que você se divirta na festa. Por que não experimenta namorar o McLaggen, aí o
Slughorn pode proclamar vocês dois Rei e Rainha do Clu...
– Ele nos deu permissão para levar convidados – disse Hermione, que, por alguma razão,
ficara escarlate escaldante –, e eu ia convidar você, mas, se acha que é bobeira, então nem
vou me incomodar!
Harry de repente desejou que a vagem tivesse voado mais longe, para não precisar ficar
sentado ali com aqueles dois. Sem que percebessem, ele agarrou a tigela com a vagem e tentou
abri-la da maneira mais barulhenta e enérgica que pôde pensar: infelizmente, continuou
ouvindo cada palavra que eles diziam.
– Você ia me convidar? – perguntou Rony, em um tom completamente diferente.
– Ia – respondeu Hermione zangada. – Mas é óbvio que se você prefere que eu namore o
McLaggen...
Houve uma pausa em que Harry continuou a bater na vagem resistente com uma colher de
jardineiro.
– Não, não prefiro – retrucou Rony, em voz muito baixa.
Harry errou o alvo e bateu na tigela, quebrando-a.
– Reparo – disse depressa, empurrando os cacos com a varinha, e a tigela se recompôs. O
barulho, porém, pareceu ter despertado Rony e Hermione para a presença de Harry. A garota
— CAPÍTULO CATORZE —
Felix Felicis

Herbologia foi a primeira aula de Harry na manhã seguinte. No café da manhã não pudera
comentar com Rony e Hermione a aula com Dumbledore, com medo de ser ouvido, mas foi
contando enquanto caminhavam pela horta em direção às estufas. A ventania violenta do fim
de semana finalmente cessara; a estranha névoa tinha voltado, e gastaram mais tempo do que o
habitual para encontrar a estufa certa.
– Uau, que pensamento apavorante, esse garoto Você-Sabe-Quem – disse Rony baixinho,
quando tomaram seus lugares ao redor de um dos tocos nodosos de Arapucosos, que faziam
parte do programa do trimestre, e começaram a calçar as luvas de proteção. – Mas continuo a
não entender por que Dumbledore está lhe mostrando tudo isso. Quero dizer, é muito
interessante e tudo o mais, mas para que serve?
– Não sei – respondeu Harry, encaixando um protetor de gengivas. – Mas ele diz que é
importantíssimo e vai me ajudar a sobreviver.
– Acho fascinante – opinou Hermione séria. – Faz todo sentido conhecer o que for sobre o
Voldemort. De que outro modo você vai descobrir os pontos fracos dele?
– Então, como foi a última festinha de Slughorn? – perguntou Harry com voz pastosa por
causa do protetor de gengivas.
– Ah, foi até divertida – respondeu Hermione, colocando os óculos protetores. – Quero
dizer, ele fala um pouco sobre os ex-alunos famosos, e simplesmente baba em cima do
McLaggen por que ele é bem relacionado, mas nos serviu uma comida realmente gostosa e nos
apresentou a Guga Jones.
– Guga Jones? – admirou-se Rony, arregalando os olhos por baixo dos óculos protetores. –
A Guga Jones, capitã das Harpias de Holyhead?
– A própria – confirmou Hermione. – Pessoalmente, achei que ela é um pouco metida,
mas...
– Chega de conversa aí! – disse a professora Sprout, em tom enérgico, aproximando-se com
ar severo. – Vocês estão se atrasando, todos já começaram e Neville já colheu a primeira
vagem!
Eles se viraram para olhar; de fato, lá estava Neville com os lábios ensanguentados e
vários arranhões feios na bochecha, mas apertando um objeto verde, do tamanho aproximado
de uma toranja, que pulsava hostilmente.
– Certo, professora, já estamos começando! – disse Rony, acrescentando baixinho, quando
ela se afastou: – Devíamos ter usado o Abaffiato, Harry.
– Não, não devíamos! – discordou Hermione na mesma hora, parecendo, como sempre,
aborrecidíssima só de pensar no Príncipe Mestiço e nos seus feitiços. – Ora, vamos... é
melhor nos apressarmos...
Ela lançou aos outros dois um olhar preocupado: os três tomaram fôlego e atacaram o toco
nodoso.
A planta imediatamente ganhou vida; galhos longos, urticantes e espinhosos saíram do toco

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