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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIDADE SÃO LUIZ GONZAGA


CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA
FRUTICULTURA

CAMILA PEREZ, EDUARDO VARGAS, LAUREN UHLMANN E MARCELITO


CAVALHEIRO

Projeto de implantação de Pomar


Videira de mesa

SÃO LUIZ GONZAGA


2022
CAMILA PEREZ, EDUARDO VARGAS, LAUREN UHLMANN E MARCELITO
CAVALHEIRO

Projeto de implantação de Pomar


Videira de mesa

Projeto final apresentado à Universidade


Estadual do Rio Grande do Sul, Campus
São Luiz Gonzaga, como requisito parcial
para aprovação na disciplina de
Fruticultura

Professor(A): Roseli Farias.

SÃO LUIZ GONZAGA

2022
INTRODUÇÃO

O cultivo da videira é uma prática muito antiga, os primeiros relatos datam 3.500 a.C
na Turquia, antiga cidade comercial de Kannish, sendo praticada então desde a
idade do bronze. Sua propagação começou por toda a Ásia Menor e em direção ao
Sul, até a Síria e o Egito. Na Grécia, alcançou extraordinário progresso,
impregnando sua história, tradições e religiões. Sua difusão pelos continentes
aconteceu com as grandes navegações, tornando uma cultura conhecida e cultivada
mundialmente.

No Brasil, a videira foi introduzida em 1532, por Martim Afonso de Souza, na


Capitania de São Vicente, e permaneceu sem importância, no século XVIII e parte
do século XIX, pois os grandes cultivos eram de cana-de-açúcar e café. Somente a
partir da segunda metade do século XIX que a uva brasileira passou a ter
importância comercial com variedades americanas como labruscas e bourquinas,
mas voltadas à produção de vinhos (LEÃO, 2000).

A uva em si é o fruto da videira, ou parreira, nome que se aplica a cerca de


sessenta espécies do gênero Vitis, da família das vitáceas, com variedades que
podem ser consumidas ao natural como frutas de mesa; dessecadas, para a
produção de passas; ou esmagadas, para a fabricação de suco ou vinho.
Morfologicamente é constituída de uma baga de epicarpo membranoso, mesocarpo
carnudo, rica em sumo e com pequenas sementes. A videira é um arbusto trepador
que se fixa em suportes por meio de gavinhas. Tem folhas alternadas, em geral
simples, lobadas e denteadas. Pequenas flores esverdeadas precedem o fruto, de
coloração verde-clara, rosada, vermelha ou quase negra.

Em nosso país a uva de mesa ainda tem pouco espaço comparada com as uvas
viníferas. Segundo a Embrapa Semiárido, a produção nacional da uva de mesa é
destinada ao mercado internacional e interno, sendo registrada em diversos estados
seu cultivo, porém é no Nordeste brasileiro, mais especificamente no Vale do
Submédio São Francisco, que o aperfeiçoamento tecnológico permitiu a produção
de uvas finas de mesa com grande qualidade.
A cadeia de produção de uvas de mesa é bem complexa em relação às cultivares,
incluindo uvas americanas, finas, e híbridas tipo fino, com e sem sementes, com
variados tipos de sistemas de condução e poda (MAIA, 2018).

Algumas das principais cultivares de domínio público produzidas no Brasil para


comercialização de uvas de mesa são: Isabel, Niágara Rosada, Itália original,
Benitaka, Crimson Seedless. A Embrapa é a principal fonte de pesquisa e
melhoramento, tendo como cultivares do Programa de Melhoramento Genético a
BRS Clara, BRS Morena e BRS Linda.

Dados concretos sobre produção de uvas em nosso país são escassos, pois grande
parte das pesquisas referem-se à produção total da fruta, não dividindo em viníferas
e de mesa, como o levantamento do IBGE em 2021 aponta uma produção de
1.748.197 Toneladas total.

CULTIVARES

A 'BRS Clara' é uma cultivar de uva sem sementes desenvolvida pela Embrapa Uva
e Vinho, lançada em 2003, sendo oriunda do cruzamento CNPUV 154-147 x
Centennial Seedless. O cacho é de tamanho médio a grande, cônico, às vezes
alado. A baga tem forma elíptica, cor verde-amarelada, película de espessura
média, resistente, polpa incolor, firme, crocante sabor moscatel leve e agradável,
traço de semente grande a de cor marrom, porém imperceptível ao mastigar. É
vigorosa e fértil, adaptada ao cultivo nas regiões tropicais. Apresenta um ou dois
cachos por ramo, sendo que o primeiro atinge de 500g a 600g. Apresenta um
elevado potencial glucométrico, chegando a mais de 20'Brix, sendo o ponto de
colheita recomendável, porém, de 18 Brix a 19 Brix, quando a relação açúcar acidez
(SST/ATT) situa-se em torno de 24.

A 'BRS Morena' é uma cultivar de uva sem sementes desenvolvida pela Embrapa
Uva e Vinho a partir do cruzamento Marroo Seedless x Centennial Seedless. O
cacho é de tamanho médio a grande e a baga, de forma elíptica, é preta, película de
espessura média, polpa incolor, trincante, sabor neutro; traço de semente pequeno
a médio, macio, imperceptível ao mastigar. Apresenta vigor moderado e tem uma
alta fertilidade, normalmente com dois cachos por ramo. Os cachos são soltos,
exigindo manejo específico para obtenção de boa fecundação. Pode chegar a 20 a
25 t/ha. A uva tem bom equilíbrio entre açúcar e acidez, o que lhe confere ótimo
sabor, muito elogiado pelos consumidores durante os testes de validação. Também
é destaque em qualidade pela textura firme e trincante da polpa. Apresenta um
elevado potencial glucométrico, chegando a mais de 20°Brix, sendo recomendável,
porém, que seja colhida com 18 Brix a 19"Brix, quando a relação açúcar/acidez
(SST/ATT) já é superior a 24.

A 'BRS Linda' é uma cultivar de uva sem sementes, lançada em 2003. Ela é
oriunda do cruzamento CNPUV 154-90 X SATURN. É vigorosa, muito bem
adaptada às regiões tropicais, apresenta alta fertilidade de gema e elevada
capacidade produtiva, tem coloração verde, polpa incolor, firme, crocante com traço
de semente minúsculo, praticamente invisível. O cacho atinge facilmente 450 g a
600 g e o tamanho natural das bagas em média 19mm x 24mm pode dispensar o
uso de reguladores vegetais

A 'BRS Vitória' é uma cultivar brasileira de uvas sem sementes tolerantes ao míldio,
característica que garantirá uma produção mais sustentável, pela redução de
aplicações de fungicidas. Preta, com sabor a framboesa, ela já foi testada nas
regiões de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e também no Vale do Submédio do
São Francisco. É vigorosa, com ciclo precoce e elevada produtividade - entre 25 e
30 t/ha -, além de apresentar teor de açúcar acima de 19º Brix (podendo chegar a
23º Brix, em regiões tropicais).

A 'BRS Isis' é uma cultivar de uva de mesa vermelha, sem sementes, tolerante ao
míldio e se adapta bem às condições de clima tropical do Brasil. Destaca-se ainda,
pela alta fertilidade de gemas, aderência das bagas ao engaço e tamanho natural de
bagas, que apresentam textura firme e sabor neutro.

A 'BRS Núbia' é uma nova cultivar de uva de mesa preta com sementes, que se
adapta bem às condições de clima subtropical e tropical do Brasil. A cultivar tem
entre seus principais atributos a necessidade de menor mão-de-obra no cultivo e
sua uniformidade de cor, grande tamanho de baga (média de 24 milímetros por 34
milímetros) obtido sem a utilização de reguladores de crescimento, como as
giberelinas. A nova cultivar destaca-se, ainda, pela boa aptidão para conservação
pós-colheita.
PORTA ENXERTO

Os porta-enxertos de videira, conhecidos como cavalos, não produzem


frutos, no entanto, são vigorosos e apresentam sistema radicular resistente às
pragas e situações adversas do solo, transmitindo seu vigor e resistência para
variedades-copa enxertadas. Na viticultura nacional, os porta-enxertos são
obrigatórios e representam uma tecnologia simples, com resultados significativos
para o desenvolvimento e crescimento das parreiras.

A escolha do porta-enxerto é realizada pelos produtores antes da


implantação do vinhedo e no momento da aquisição das mudas, portanto, ela se
torna tão importante quanto a escolha da cultivar copa pois será definitiva. Escolhas
equivocadas implicam em prejuízos econômicos que não poderão ser corrigidos
posteriormente, levando à necessidade de eliminação do vinhedo e substituição das
plantas.

Os principais critérios a serem observados na seleção do porta-enxerto da


videira são: resistência a filoxera; nematóides; adaptação aos solos ácidos,
calcários ou salinos; à seca ou umidade excessiva do solo; resistência a doenças
fúngicas da folhagem; tolerância à deficiência nutricional; boa afinidade com a
variedade produtora; compatibilidade na enxertia; facilidade de enraizamento e de
pegamento na enxertia. Cada variedade deve ser selecionada atentamente para
que o produtor seja atendido em suas exigências.

A técnica de produção de mudas de videiras enxertadas é dividida em três


etapas. Inicialmente, o viveiro deve seguir rigorosamente o esquema de certificação
de mudas, com o registro das cultivares e a absoluta pureza genética e sanitária do
material.
A primeira etapa é a produção de estacas de porta-enxertos, sendo que a
coleta do material é realizada na ocasião da poda de inverno, quando as videiras
estão em repouso vegetativo e com os sarmentos lignificados. As estacas dos
porta-enxertos devem possuir de 07 a 12 mm de diâmetro e 28 a 30 cm de
comprimento, contendo oito a 10 gemas por estaca. São formados feixes de 200
estacas, os quais são armazenados em câmara fria com temperatura entre 3,0 e
5°C e 95% de umidade relativa, o que possibilita a superação da dormência e
estratificação das estacas em tempos distintos que variam de 15 a 20 dias.
A segunda etapa é o plantio das estacas, sendo o porta-enxerto cortado no
comprimento de 28 cm, removendo-se todas as gemas, deixando uma ou duas
gemas no topo para a brotação. Enterra-se 2/3 do comprimento da estaca no solo,
no local de plantio, respeitando os espaçamentos previstos, sendo que após um ano
de crescimento é realizada a terceira etapa.
A terceira etapa, consiste na enxertia da variedade-copa, que pode ser
realizada por garfagem no topo em fenda cheia, atenção nos diâmetros dos
materiais que devem ser compatíveis. O enxerto deve apresentar de uma a duas
gemas. A muda pode ser obtida pela enxertia de mesa ou chamada de muda de raiz
nua. Por existirem várias etapas muito criteriosas, é produzida por viveiros
registrados e por pessoas especializadas, caso contrário as perdas são grandes.

PRÁTICAS E MANEJO

Poda de formação

De acordo com o sistema de condução utilizado, tem por objetivo promover uma
forma adequada à planta. Em condições tropicais efetua-se a poda de formação
cerca de um ano após o plantio, quando realizada enxertia no campo ou de acordo
com as práticas de manejo, esse período pode ser menor.

A parte aérea da videira é utilizada o sistema conhecido como “espinha de peixe",


que é deixado um braço primário no mesmo sentido das linhas de plantio e os
braços secundários distribuídos uniforme e simetricamente ao longo do braço
primário, perpendiculares às linhas de plantio.

Formação de braço único: onde o broto é conduzido sobre o arame primário da


latada no mesmo sentido dos ventos dominantes e o desponte no ápice do broto
será realizado apenas quando atingir a planta seguinte.

Formação de dois braços: o broto principal será despontado cerca de 10 cm


acima ou abaixo do arame do sistema de condução, eliminando-se a dominância
apical e forçando-se a brotação das gemas mais próximas. Os brotos das duas
últimas gemas mais próximas ao arame serão conduzidos uma para cada lado, no
sentido da linha de plantio, quando estes brotos atingirem a metade do
espaçamento entre plantas, deve sofrer um desponte para forçar a brotação das
gemas laterais e a formação dos braços secundários que são mantidos em
intervalos de 20-30 cm aproximadamente. Quando o braço primário e os ramos
secundários estiverem maduros ou lenhosos pode-se realizar a poda de formação,
cortando os ramos secundários com duas a três gemas, formando esporões, que
devem estar distribuídos uniformemente ao longo de toda a extensão do braço
primário.
Poda de produção

Pode ser realizada em qualquer época do ano após a colheita dos frutos da safra
anterior, quando a maior parte dos ramos já se encontra maduros. É muito importante
existir um intervalo de tempo entre a colheita e a poda do ciclo seguinte, obtendo um
período de repouso que varia entre 30 a 60 dias, reduzindo a lâmina de irrigação que é
imprescindível para estimular o repouso das plantas. A poda consiste na eliminação do
excesso de ramos, fracos, imaturos, doentes, com entrenós curtos ou achatados ou ainda
mal posicionados. Seleciona-se o esporão deixado na poda de formação, o ramo mais
próximo a base do braço primário que será podado curto como esporão e o ramo seguinte,
que será podado longo como vara de produção, denominada poda mista, pois nela são
mantidos os ramos curtos (esporões) e longos (varas).

Os esporões têm a finalidade de produzir brotos vigorosos e as varas são podadas


com comprimento variável que depende da localização das gemas férteis. Essa poda
mista com varas e esporões permite a produção de frutos em todos os ciclos, em condições
tropicais, podendo-se fazer duas safras por ano. Este manejo é tradicionalmente realizado
para uvas com sementes como ‘Itália’, ‘Benitaka’, ‘Brasil’, etc., e está sendo substituído pelo
manejo visando a obtenção de uma única safra por ano, na variedade sem sementes
‘Superior Seedless’.

Poda verde

Desbrota: é a eliminação do excesso de brotos para promove uma melhor


distribuição dos mesmos, evitando-se a sobreposição de brotos supérfluos,
proporcionando uma melhor distribuição da seiva. Deve-se eliminá-los quando
apresentarem cerca de 10-15 cm de comprimento, deixando-se em torno de 2 a 3
brotações bem distribuídas em cada vara e, uma na extremidade e outra na base.

Desponta: é a remoção da extremidade dos brotos visando a redução da


dominância apical, favorece a maturação das gemas basais, equilibra a vegetação,
aumentando o peso médio dos cachos e a qualidade da uva. Uma das principais
funções é estimular a brotação das gemas axilares ou netos. Deve ser feito o mais
precoce possível e antes da floração, pois quando realizada nesta fase, promovem
um maior pegamento dos frutos e ramos no estádio inicial de maturação
direcionam-se o fluxo da seiva para os cachos, evitando que seja consumida
apenas em crescimento vegetativo promovendo maior aeração e luminosidade no
interior do vinhedo, facilitando o controle fitossanitário.

Desfolha: é a remoção de folhas que encobrem os cachos, eliminando-se no


máximo uma a duas folhas por broto, com o objetivo de equilibrar a relação área
foliar/número de frutos melhorando a ventilação e insolação no interior do vinhedo,
obtendo-se uma maior eficiência no controle de doenças fúngicas, especialmente
em parreirais vigorosos. Deve-se tomar muito cuidado, pois uma desfolha
exagerada poderá trazer muitos prejuízos, pela menor acumulação de açúcares nos
frutos e maturação incompleta dos ramos, com ocorrência de escaldaduras ou
“golpes de sol” nas bagas.

Eliminação de gavinhas e ‘netos’:

Na maioria das variedades de uvas de mesa, os netos não são férteis, portanto não
apresentam qualquer utilidade e juntamente com as gavinhas funcionam como
órgãos supérfluos ou desnecessários, roubando a seiva que deveria ser direcionada
para brotos e cachos, o crescimento excessivo desses ramos pode provocar um
desequilíbrio nutricional na planta, prejudicando o desenvolvimento do broto
principal.

Eliminação ou desbaste de cachos:

Consiste na remoção de cachos florais antes da floração e dos cachos novos depois
dos frutos se formarem é eliminado os cachos de ramos mais fracos, com poucas
folhas, doentes ou abafados pelo excesso de ramos e folhas e ainda cachos com
desenvolvimento atrasado em relação aos demais. Tem a finalidade de equilibrar a
produtividade, evitando sobrecarga, promovendo a uniformidade e melhor qualidade
dos cachos. O número de cachos varia muito de acordo com as condições do
vinhedo, vigor, espaçamento, porta-enxerto, e outros fatores. E em plantas adultas e
vigorosas, recomendados para uvas de mesa, são mantidos em torno de 50 a 60
cachos por planta.

Prática para a melhoria da qualidade de cachos

Raleio de bagas: pode ser realizado em três fases distintas:

Fase de pré-floração: realizada de cinco a sete dias antes da floração, quando os


botões florais estão separados e se desprendem com facilidade. Utiliza-se uma
escova plástica específica fechando-se a mesma na parte superior do engaço e
puxando-a até a inferior, repetindo-se duas ou três vezes, esse raleio exige
prática e muita atenção para a sua execução, a fim de se evitar danificar pencas
ou retirar botões florais em excesso, que seria um prejuízo irreparável para a
formação adequada do cacho.

Fase de “chumbinho”: realizado manualmente com os dedos retirando-se uma


parte das baguinhas, operação denominada de pinicado, complementando-se a
operação com a tesoura na fase de “ervilha”.

Fase de “ervilha”: quando as bagas apresentam de 8 a 10 mm de diâmetro,


realiza-se o raleio com o auxílio de uma tesoura apropriada, de lâminas estreitas
e compridas eliminando as baguinhas pequenas e atrasadas, as mais internas e
danificadas. Todo cuidado é necessário para evitar retirar em excesso ou
perfurar bagas ou pencas, a quantidade eliminada depende do grau de
compactação de cacho, variando entre 40 a 70%.

Desponte de cachos

É a remoção da parte dominante apical do cacho após o pegamento do fruto, na


fase de “chumbinho”, é a remoção do engaço que induz o maior desenvolvimento
dos ombros, resultando na melhoria da forma e do tamanho dos cachos, que
adquirem através desta prática uma forma cônica mais adequada ao embalamento
e comercialização. Quando é realizado antes da floração, tem a finalidade de
aumentar o pegamento dos frutos e é indicado para variedades que apresentam
desavinho, dificuldades na fecundação e pegamento dos frutos.

Anelamento

Consiste na remoção de um anel de 3-6 mm da casca do caule ou de ramos


lenhosos. O anelamento secciona o floema e interrompe o movimento de
carboidratos para as raízes, acumulando os fotoassimilados e hormônios na parte
da planta acima da incisão, deve ser realizada em plantas com idade superior a 3-4
anos, com bom vigor, e estado sanitário. Os resultados alcançados dependem da
fase do ciclo vegetativo em que o anelamento é realizado. Os principais objetivos
são:

· Aumentar o pegamento dos frutos quando realizado durante, ou imediatamente


após a floração.

· Aumentar o tamanho das bagas quando realizado durante a fase de


“chumbinho”.

· Antecipar a maturação e melhorar a coloração dos frutos quando realizado no


início do amolecimento das bagas ou mudança de coloração nas variedades
rosadas ou pretas.

A combinação das práticas de anelamento e aplicação de ácido giberélico são


utilizadas em diversas regiões produtoras de uvas de mesa para aumentar o
tamanho de bagas, especialmente em uvas sem sementes. Para que se atinjam os
objetivos, é importante regular a carga das plantas. O anelamento realizado
consecutivamente, ano após ano, pode reduzir o tamanho de cachos e a vida útil
das plantas. Além disso, outra desvantagem que apresenta esta prática é funcionar
como uma porta de entrada para fungos, especialmente Botriodiplodia theobromae
ou bactéria (Xanthomonas campestris pv. viticola) que penetram através de cortes
no interior da planta.
Proteção dos cachos

A proteção é feita através da colocação de cobertura individual de plástico


conhecido com chapéu chinês ou envolvendo-se o cacho com sacos de papel,
prática de cobertura individual é realizada no início da maturação ou amolecimento
das bagas, os sacos são colocados nos cachos das plantas localizadas nas filas
externas ou de bordadura das áreas visando a proteção contra o ataque de
pássaros, poeira das estradas, danos e manchas causados pelo sol. Outra
alternativa é a pulverização de produtos químicos ou biológicos específicos para
esta finalidade ou o uso de bombas por compressão a gás, diminuindo os prejuízos
causados pelo excesso de água das chuvas. Neste caso, a utilização do chapéu
chinês é recomendada para a prevenção do problema das chuvas ocasionais e de
pouca intensidade.

A proteção individual dos cachos pode ser substituída pela proteção total ou parcial
do dossel que consiste na colocação de um filme plástico sobre as linhas de plantio.
Para a utilização da cobertura plástica, o sistema de condução em latada e o GDC
ou em Y precisam ser adaptados desde a sua implantação para receber a cobertura
plástica, através da distribuição no interior do vinhedo de estacas mais reforçadas e
de maior altura que servirão de estrutura para o plástico.

Os principais objetivos da cobertura plástica são:

● Proteção dos cachos no período de chuvas contra a ocorrência de doenças


fúngicas como míldio e podridão;
● Viabilizar a colheita da variedade Superior Seedless em qualquer época do
ano, evitando os prejuízos causados pelo desgrane elevado e apodrecimento
das bagas no período chuvoso;
● Alguns trabalhos realizados em outras regiões mencionam o aumento da
fertilidade de gemas promovido pelo aumento das temperaturas no interior do
vinhedo. Entretanto, estes trabalhos ainda necessitam de maiores pesquisas
para confirmação em nossa região.

Reguladores de crescimento

O uso de reguladores de crescimento em viticultura já vem sendo utilizado ao longo


de muitos anos, associados ou não a outras práticas culturais. Essas substâncias,
quando aplicadas exogenamente podem atuar de maneira diferenciada sobre os
órgãos da videira e os seus efeitos variam com os seguintes fatores: concentração,
modo de aplicação, variedades, estádio do ciclo vegetativo e condições ambientais.
Dentre eles, merecem destaque, nas condições tropicais semiáridas: cianamida
hidrogenada, ácido giberélico e ethephon.
DESCRIÇÃO DA ÁREA
A propriedade situa-se em Sant’ana do Livramento, Rio Grande do Sul, no distrito do
Passo do Cerrito. A classificação climática de Santana do Livramento é do tipo Cfa, segundo
Köppen e Geiger (1928), caracterizada por verão quente e temperado, com temperatura
média de 18,4 °C e pluviosidade média anual de 1.467 mm.
A propriedade contém aproximadamente 10 hectares, com vegetação
predominantemente rasteira , campo nativo, constituído dentro da APA do Ibirapuitã. Áreas
com solos de origem de arenito e basalto profundo.

Finalidade e mercado
No início da colonização a uva representou apenas uma forma de
diversificação da produção. As comunidades rurais foram se estruturando e, diante
de um crescente processo de desenvolvimento urbano industrial, surgem novos
espaços para escoamento da produção de uvas. Neste contexto, a pesquisa
agropecuária e a extensão rural deram grande contribuição para a exploração da
viticultura em maior escala, na garantia do abastecimento interno e no escoamento
do excedente para outras regiões de consumo. (BARNI, 2007).

O período de maior oferta da uva de mesa no mercado doméstico ocorre


entre os meses de novembro a março. Entretanto é importante comentar, que o mês
de dezembro mesmo estando situado no período de oferta abundante, devido as
festas natalinas, os preços desta fruta alcançam níveis elevados. Já o período de
menor oferta de uva de mesa nos principais centros consumidores do país se
verifica entre os meses de abril até junho. A partir de julho até outubro ocorre uma
oferta regular de uva de mesa no mercado doméstico. Neste contexto de
distribuição é interessante comentar a situação privilegiada do polo de produção de
uva da Região do Submédio do Vale do São Francisco, que devido a favorabilidade
de clima, pode obter colheitas em qualquer época do ano, condição que permite
aproveitar as melhores oportunidades de preços, ocupando as janelas deixadas
pelas regiões produtoras concorrentes (LEÃO, 2002).

De acordo com Mello (2021), o principal item de exportações são uvas de


mesa, que em 2020, alcançaram 49,23 mil toneladas, 4,04% a mais do que no ano
anterior, rendendo 108,99 milhões de dólares, com preço médio de 2,21 US$/kg, os
principais países compradores, Países Baixos, Reino unido e Estados Unidos. As
principais variedades de uvas tradicionais para consumo in natura cultivadas no
Brasil são: ‘Niágara Rosada’ (rústica) e ‘Itália’ (e suas mutações ‘Rubi’, ‘Benitaka’ e
‘Brasil’). O país também tem cultivado uvas sem sementes sendo a ‘Superior
Seedless’, ‘Crimson Seedless’, e a ‘Thompson Seedless’ as primeiras introduzidas.
Essas cultivares vêm sendo gradativamente substituídas por novas, mais adaptadas
e mais produtivas, como a ‘Arra 15’ a ‘BRS Vitória’, a ‘BRS Iris’ e a ‘BRS Núbia’.
Grande parte da produção é vendida diretamente pelos produtores aos atacadistas,
varejistas e atravessadores, não passando pela Central de Abastecimento.

CALAGEM E ADUBAÇÃO PARA A CULTURA


Há vários métodos para se calcular as quantidades de calcário a serem
adicionadas ao solo.as recomendações de calagem para esta região têm a
finalidade principal de elevar os teores de cálcio e magnésio.
NC (t/ha) = [ 3 - (Ca 2+ + Mg2+) ] + 2 x Al 3+ x f
NC = necessidade de calagem
Ca2+, Mg2+ e Al3+ = teores de cálcio, magnésio e alumínio determinados pela
análise de solo, em cmolc/dm3 de solo.
f = 100/PRNT, fator corretivo do calcário
O calcário deve ser aplicado a lanço e incorporado ao solo por meio de
gradagem antes da abertura das covas para as mudas da videira. Depois de abertas
as covas, deve-se aplicar mais uma pequena quantidade de calcário, de 100 a 200
g/cova, dependendo da análise química do solo e do volume de terra da cova, no
momento em que se vai fazer a adubação de plantio. Em pomares já estabelecidos,
o calcário deve ser aplicado a lanço, sobre faixas entre as fileiras de plantas e
depois incorporado ao solo.
O gesso agrícola também é utilizado como corretivo de solo, muitas vezes,
porém, de forma incorreta. A aplicação de gesso deve ser feita com muito cuidado,
principalmente em solos com baixa CTC. Nos dois últimos casos o gesso deve ser
aplicado juntamente com o calcário dolomítico, na dose de 1/3 a 1/4 da quantidade
recomendada de calcário.
A adubação visa complementar os teores de nutrientes existentes no solo
para a obtenção de produtividades econômicas. Para isso, é necessário que seja
feita de maneira correta, pois a falta ou o excesso podem comprometer a produção.
Os meios mais seguros que se dispõem para fazer uma adubação correta são as
análises de solo e de planta. A adubação utilizada na região varia bastante em
função de alguns fatores: solo, nível de tecnologia adotada pelo produtor e
produtividade esperada. A produtividade situa-se entre 10 e 30 t/ha/safra, para
parreirais de baixo e alto nível tecnológico, respectivamente. Essas variações estão
relacionadas com o nível de tecnologia usado e com a própria situação do parreiral.
O uso de insumos e de práticas modernas em um parreiral mal formado não se
reflete em aumentos de produtividade. Essas práticas devem ser compatíveis com a
situação do parreiral (LEÃO et al. 2002).
Considerando-se que a videira é uma cultura bastante exigente em
nutrientes, torna-se necessário um aporte de macro e micronutrientes suficientes
para a obtenção de alta produtividade e frutos de qualidade. As doses de magnésio
e de micronutrientes são muito variáveis (GIOVANNINI, 2014).
Utiliza-se, ainda, esterco de curral como condicionador do solo e fonte de
nutrientes, calcário dolomítico como corretivo e fonte de cálcio e magnésio, gesso
como fonte de cálcio, termofosfatos, além de inúmeras fórmulas comerciais
contendo micronutrientes. Estas últimas são utilizadas de maneira generalizada,
com a finalidade de corrigir possíveis carências. Desse modo, as quantidades de
adubos recomendadas nesse capítulo, destinam-se a parreirais nos quais se adota
um nível de tecnologia que permita a obtenção de produtividades economicamente
viáveis. O manejo de adubação da videira envolve três fases: 1) adubação de
plantio; 2) adubação de crescimento e 3) adubação de produção (LEÃO et al. 2002).

Adubação de plantio - Depende, essencialmente, da análise do solo. Os


fertilizantes minerais e orgânicos são colocados na cova e misturados com a terra
da própria cova, antes de se fazer o transplantio das mudas. A quantidade de
matéria orgânica situa-se em torno de 20 litros/cova de esterco de curral curtido ou
de outro produto similar, e a dos fertilizantes minerais , serão de acordo com a
análise de solo.
Adubação de crescimento - Constitui-se das aplicações de nitrogênio, fósforo e
potássio através de fertilizantes minerais. As adubações nitrogenadas, devem ser
parceladas em aplicações quinzenais de 5 g de N/planta durante os primeiros seis
meses e de 8 g de N/planta no período seguinte, até a poda de formação. O
potássio, também, deve ser parcelado em aplicações quinzenais.
Adubação de produção - Após a primeira poda de frutificação, deve-se adubar o
vinhedo a cada ciclo vegetativo, utilizando-se esterco, fósforo, potássio e nitrogênio,
de forma equilibrada, sempre respeitando as necessidades da cultura. Até o quarto
ciclo de produção da videira, a análise de solo que foi feita antes do plantio,
associada às análises foliares, ainda pode ser útil para determinação das doses de
fósforo e potássio. Posteriormente, as análises foliares assumem maior importância
nos critérios das recomendações de adubação (LEÃO et al. 2002).
Para o cultivo da videira na região ,é imprescindível o uso o uso de orgânicos
matéria orgânica .materiais são essenciais.Os benefícios advindos do seu uso
referem-se ao controle da temperatura do solo, aumento da atividade
microbiológica, maior retenção de água no solo, aumento da capacidade de troca
catiônica e liberação de nutrientes após o fornecimento. As fontes de matéria
orgânica mais empregadas são os estercos bovino e caprino e, em menor escala,
“húmus” de minhoca, composto e outros adubos orgânicos. O esterco de curral
pode ser usado em recipientes elevados, como 40 litros/planta/ciclo, dependendo de
sua disponibilidade.
Os benefícios decorrentes de seu uso incluem o controle da temperatura do
solo ,temperatura do solo, aumentandoatividade microbiana, melhoria da retenção
de água no solo e aumento da fertilidade do solo .atividade microbiana , melhorando
a retenção de água no solo e aumentando a fertilidade do solo .
O uso de matéria orgânica é imprescindível para o cultivo da videira na
região. Os benefícios advindos do seu uso referem-se ao controle da temperatura
do solo, aumento da atividade microbiológica, maior retenção de água no solo,
aumento da capacidade de troca catiônica e liberação de nutrientes após a
oxidação. As fontes de matéria orgânica mais empregadas são os estercos bovino e
caprino e, em menor escala, «húmus» de minhoca, composto de outros adubos
orgânicos.
Essas distâncias estarão relacionadas com o crescimento do sistema
radicular, que deve ser efetivo a partir do momento em que a muda começa a
expandir as raízes até o total estabelecimento da planta, quando as raízes deverão
ocupar o máximo da área do solo a elas destinadas. 40% nitrogênio deve ser
parcelado em aplicações no período da brotação , 30% no período de frutificação .
20% do potássio deve ser parcelado em aplicações no período de floração até o
crescimento da baga , e 60% a partir do crescimento da baga até a maturação e
20% no período de repouso .
Considerando que as aplicações de fertilizantes fosfatados deixam grandes
quantidades de resíduos de fósforo no solo, que com a acumulação ao longo do
tempo terminam por corrigir os níveis desse nutriente no solo, adotou-se uma única
dose de 100 g de P205/planta/ciclo na adubação, a partir do quinto ciclo em diante
de produção, independente da análise inicial de solo, contanto que as
recomendações das adubações anteriores tenham sido obedecidas. Para o
potássio, embora as acumulações dos resíduos das adubações potássicas sejam
menores do que as das adubações fosfatadas, considerando-se a dificuldade de
interpretação de análise de solo para culturas perenes, adota-se, também, uma
única dose de 160 g de K20/planta/ciclo a partir do quinto ciclo de produção. Para o
nitrogênio, nesse período, a dose é de 120 g de N/planta /ciclo (LEÃO et al. 2002).
Em relação ao magnésio, recomenda-se aplicar 10 g/planta de magnésio na
forma de sulfato de magnésio ou de calcário dolomítico logo após a colheita, ou
fazer seis aplicações foliares com sulfato de magnésio a 2,0 %, com intervalos de
quinze dias, a partir da floração (GIOVANNINI, 2014).
Em solos com teores elevados de magnésio não são necessárias essas
aplicações. Quanto aos micronutrientes, recomendam-se 4,5 g de Zinco e 1,0 g de
Boro aplicados por planta, uma vez ao ano, logo após a colheita, e fazer seis
aplicações foliares com sulfato de zinco a 0,3 % e ácido bórico a 0,1 %, ou de um
fertilizante foliar comercial que contenha esses nutrientes, com intervalos de quinze
dias, a partir da floração (GIOVANNINI, 2014).

METODOLOGIA

Na metodologia, devem estar relatadas algumas atividades como


1 descrição da área,
2 recomendação de correção
3 adubação para a cultura
4 cultivares e porta-enxerto
5 práticas e manejos
6 finalidade do pomar e mercado
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEÃO, P. C. S.; POSSIDIO, E. L.. Histórico da Videira. Embrapa. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/178006/1/A-viticultura-no-semi
-arido-brasileiro-2000-c.-1-p.-13-17.pdf>. Acesso em 20 de novembro de 2022.
MAIA, J. D. G.; RITSCHEL, P. S.; LAZZAROTTO, J. J. A Viticultura de mesa no
Brasil. Embrapa Uva e Vinho, 2018.

LEÃO, P. C. S; et al. Novas tecnologias para a produção de uvas de mesa.


Instituto Frutal. Fortaleza, 2002;

Embrapa Uva e vinho. Opções de cultivares de uva de mesa desenvolvidas pela


Embrapa. Embrapa Uva e Vinho. 2014. Bento Gonçalves

JUNIOR, A, P; GOUVEIA, A, M, S; GIUGNI, M. Uvas: Qual o porta-enxerto ideal?


Revista Campo & Negócios. 2020.

http://www.cpatsa.embrapa.br:8080/sistema_producao/spvideira/tratos.htm#pratica

LEÃO, P. C. S. et al. Novas tecnologias para a produção de uvas de mesa.


Fortaleza: Instituto Frutal, 2002. p.84
GIOVANNINI, E. Manual de viticultura. Porto Alegre: Bookman, 2014. 253 p.

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