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Em breve:
Geopolítica da África
de Philippe Hugon
Agradecimentos 9
Introdução 11
Capítulo 1 17
Poder, poder militar e Estados periféricos
Definição de poder
Definição de poder militar
Capítulo 2 27
O mundo que nos cerca: a inserção internacional
de segurança do Brasil
Tendências e turbulências do sistema
O complexo de segurança da América do Sul
O papel do Brasil no entorno sul-americano e no
plano mundial do ponto de vista da segurança
Capítulo 4 87
Visões de futuro
O Brasil e o mundo em 2020: cenários
Perspectivas para as forças armadas e a política
de defesa diante dos possíveis cenários
Política externa e política de defesa
brasileiras — visões alternativas
Conclusão 125
Afinal, o poder militar importa no caso do Brasil?
Notas 151
Bibliografia 153
Definição de poder
Assim como ocorre com construtos demasiadamente abran-
gentes como democracia, segurança, sociedade, não é possí-
vel abordar o conceito de poder sem certa dose de humildade.
Humildade que diz respeito à necessária compreensão de que
qualquer definição do termo será sempre incompleta. Tendo
isso em mente, a discussão que se levará à frente aqui possui
um objetivo primordial: definir operacionalmente o conceito
de modo que se possa ultrapassar as visões frequentemen-
te insuficientes cristalizadas no senso comum. Dessa forma,
pretende-se apresentar uma perspectiva menos consensual e
mais acadêmica de poder do que aquela encontradiça nos de-
bates cotidianos.
Ao tratar do construto em apreço, é necessário mencionar
um outro caveat. Embora o poder seja uno, ele se manifesta
sob as mais diferentes formas, nas mais diferentes circunstân-
cias. Torna-se imprescindível recortá-lo analiticamente para
Visões de futuro
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Continua
Cenário Caaetê
Nesse cenário apresentam-se de maneira evidente as difi-
culdades enfrentadas pelo país para se livrar do pesado fardo
do atraso. Assim, o Brasil não é capaz de escapar das dinâ-
micas perversas em que se encontra mergulhado. O déficit
social é apenas marginalmente amenizado; a concentração de
renda permanece muito elevada; o nível médio da educação
continua insuficiente; a renda per capita não ultrapassa os
US$ 8 mil; a urbanização acoplada à falta de investimentos
públicos em infraestrutura acentua os problemas registra-
dos nas cidades; a inovação tecnológica é baixa, e a pauta de
exportações, concentrada e pouco dinâmica. Em síntese, há
um agravamento das condições socioeconômicas. A política
externa, nessas condições, tem limitada capacidade de inova-
ção. O país continua a ser uma potência regional socialmente
desigual e permanece identificado com as causas tradicionais
dos Estados periféricos. A solidariedade com os países mais
pobres mantém-se como uma faceta da identidade interna-
cional do Brasil. O pequeno aumento da projeção econômica
brasileira não permite que se confira impulso decisivo à inte-
gração sul-americana, o que faz com que sua evolução seja er-
rática. A liderança nacional no âmbito do subcontinente con-
tinua, mas sofre resistências devido à incapacidade do país
de arcar com seus custos. As relações com os EUA permane-
cem marcadas por grande assimetria e por divergências nos
planos político e econômico. A política externa busca refor-
çar os vínculos com os grandes Estados da periferia e com
parceiros regionais relevantes, mas não conta com recursos
materiais para dar consequência a essas parcerias. A pauta
de exportações brasileira se diversifica pouco. A participa-
ção em missões de paz da ONU é esporádica. O Brasil con-
tinua reivindicando um assento permanente no CSNU, mas
1Ver ALSINA JR., João Paulo Soares. Política externa e política de defesa no Brasil: síntese
imperfeita. Brasília: Câmara dos Deputados, 2006.
2O autor é diplomata de carreira e, à época em que redigiu este livro, ocupava o cargo de asses-
sor do gabinete do ministro de Estado da Defesa. No entanto, nenhum dos conceitos expressos
aqui representa necessariamente o pensamento do Ministério das Relações Exteriores ou do
Ministério da Defesa.
3 WEBER, Max apud SCOTT, John. Power. Cambridge: Polity Press, 2001. p.17.
4 NYE JR., Joseph S. Soft power: the means to success in world politics. New York: Public Af-
fairs, 2004. p.XIII. (Tradução do autor ).
5 FREEDMAN, Lawrence. Military power and political influence. International Affairs, v. 74,
n. 4, Oct. 1998. p. 780. (Tradução do autor)
6 FREEDMAN:1998, p.764. (Tradução do autor)
7 Construtivismo e neorrealismo são duas das inúmeras correntes de pensamento em relações
internacionais. De modo extremamente simplificado, a primeira sustenta que a cultura consti-
tuiria elemento fundamental dos mecanismos de reprodução da realidade internacional. Para
a segunda corrente, a estrutura do sistema internacional seria determinante para a definição
dessa realidade.
8 BUZAN, Barry. The United States and the great powers: world politics in the Twenty-First
Century. Cambridge: Polity Press, 2004. p. 28. (Tradução do autor).
9BUZAN, Barry; WAEVER, Ole; WILDE, Jaap De. Security: a new framework for analysis.
Boulder: Lynne Rienner, 1998. p. 201. (Tradução do autor).
10 Kantianismo refere-se à visão do filósofo Immanuel Kant de que um mundo constituído por
repúblicas poderia atingir a paz universal. Em suma, refere-se a uma perspectiva otimista em
relação à possibilidade de limitação da guerra.
11Barão do Rio Branco apud BUENO, Clodoaldo BUENO, Clodoaldo. Política externa da Primei-
ra República: os anos de apogeu (de 1902 a 1918). São Paulo: Paz e Terra, 2003. p. 220.
12 CAVAGNARI, Geraldo Lesbat. Subsídios para revisão da política de defesa nacional. Campinas,
2000. Disponível em: < http://www.unicamp.br/nee/art11.htm >. Acesso em: 29 jul. 2007.
13 Cenários exploratórios Brasil 2020. Brasília: SAE/SAA/PR, 1997. p. 50.
14 Cenários exploratórios Brasil 2020:1997, 75.
15 Cenários exploratórios Brasil 2020:1997, 102.
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