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Resumo
Abstract
1
Professor do Ensino Básico Técnico e Tecnológico do Ministério da Defesa e professor de
Geografia da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Fundador do Sindicato Nacional dos
Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) - Seção CBNB. E-
mail: andregomesdaconceicao@gmail.com
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Resumen
Introdução
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2
Disponível no endereço eletrônico
https://www.averdadesufocada.com/images/orvil/orvil_completo.pdf . Última consulta em 01
de março de 2022.
3
“Seu jornal é uma minúscula empresa, dirigida por meia dúzia de oficiais da reserva do Exército
e da Aeronáutica[...], alguns deles se apresentam episodicamente a cargos eletivos [...], sem
conseguir a eleição. Este fenômeno [...] reaparece em 2014, quando se multiplicam, por todo o
país, as candidaturas militares. [...] Embora pequeno, esse mundo social não é isolado. Ele se
integrou nos anos 1990 e 2000 em múltiplas redes. Primeiramente, na boa sociedade mineira:
sedes dos Lions Clube e Rotary Club recebem regularmente, em alternância com o Círculo Militar
de Belo Horizonte e de São Paulo e o Clube Militar do Rio de Janeiro, [...] aos quais comparecem
habitualmente muitas centenas de pessoas, inclusive empresários e personalidades políticas.
Barões locais (Murilo Badaró), personagens históricas do regime militar (Jarbas Passarinho) e
jornalistas conservadores têm sua crônica no jornal. [...] A direção do JI frequenta também os
sucessivos comandantes da 4 a Região Militar e comparece a muitas passagens de comando e
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eventos comemorativos. [...] O JI se insere fortemente [em] outros grupos da extrema direita na
reserva: em quase todo número, o jornal abre suas colunas a militantes do Terrorismo Nunca
Mais (Ternuma) e publica regularmente declarações conjuntas com outras organizações similares
(Grupo Independente 31 de Março -RJ, Grupo Guararapes -CE, Estácio de Sá - RJ, etc). Nelas há
numerosos ex-agentes do aparelho repressivo. [...] É o caso dos coronéis Aluisio Madruga (antigo
comandante do DOI-CODI do Distrito Federal e colaborador de Curió na repressão à guerrilha do
Araguaia) e Carlos de Souza Scheliga (agente do DOI do I Exército), do general Agnaldo Del Nero
(ex-agente do DOI do II Exército e do Centro de Informações do Exército) (CHIRIO, 2021, p. 175).
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“Dinamizador da UNASUL, Lula se despede do bloco. Cláudia Jardim. BBC. 2010. Disponível em
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/11/101124_unasul_cj_pai . Acesso em
04/01/2022.
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Desse modo, na primeira versão do Livro Branco, em 2012, está escrito que
Ganha relevância, nessa perspectiva, a consolidação da União de Nações Sul-
Americanas (UNASUL), que se tem revelado um instrumento para a solução
pacífica de controvérsias regionais, para a proteção da democracia na América do
Sul, para o fortalecimento do diálogo entre os Estados-membros e para a
progressiva formação de uma base industrial de defesa sul-americana (BRASIL,
2012, p. 34)
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Em 2008, dentre os 12 países da América do Sul, eram presidentes: Lula (Brasil), Hugo Chaves
(Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina), Fernando Lugo (Paraguai), Tabaré Vázquez (Uruguai),
Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador).
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O governo golpista de Michel Temer, apoiado pelo partido militar, decretou a saída temporária
do Brasil da UNASUL em 2018.
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Em abril de 2018, Colômbia, Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Peru, anunciaram sua saída
temporária. No dia 10 de agosto de 2018, a Colômbia disse que sairia definitivamente deste
organismo; já o Equador saiu no dia 13 de março de 2019, e confirmou sua saída através de uma
decisão da Assembleia Nacional em setembro de 2019. Em novembro de 2019, o Ministro das
Relações Exteriores da Bolívia iniciou as tratativas para sair do grupo. No dia 10 de março de
2020, o Ministro das Relações Exteriores do Uruguai declarou a saída do Uruguai da UNASUL.
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Bacharel em Ciências Militares - Formação de Oficiais de Infantaria, Academia Militar das
Agulhas Negras, Resende, RJ, 1995 - 1998; Curso Básico Páraquedista, Centro de Instrução
Paraquedista General Penha Brasil , Rio de Janeiro, RJ, 2001 - 2001; Mestrado em Operações
Militares - pesquisa em Contraterrorismo, Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais - Exército
Brasileiro, Rio de Janeiro, RJ, 2005 - 2006; Ciências Sociais e Jurídicas, Faculdade Nacional de
Direito / UFRJ - 4 anos na UFG e 1 na UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, 2007 - 2013; Estágio de Observador
Militar, Centro de Instrução de Operações de Paz - Exército Brasileiro, Rio de Janeiro, RJ, 2008 -
2008; Pós-Graduação Lato Sensu em História Militar, Universidade do Sul de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, 2008 - 2009; Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Militar, Universidade
Castelo Branco, Rio de Janeiro, RJ, 2009 - 2010; Maneuver Captains Career Course, Maneuver
Center of Excellence - Fort Benning - US Army , 2011 - 2011; Curso de Comando e Estado-Maior,
Escola de Comando e Estado-Maior - Eceme - Exército Brasileiro, Rio de Janeiro, RJ, 2013 - 2014;
Curso Superior de Política e Estratégia, Escola Superior de Guerra, Brasília, DF, 2017 - 2017.
Disponível em https://www.camara.leg.br/deputados/179587/biografia
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NORMATIVO
ANO Projeto de Lei Orçamentária Lei Orçamentária Anual
2010 92,85 94,17
2011 90,14 91,90
2012 90,46 92,00
2013 88,73 90,67
2014 91,65 93,07
2015 90,88 94,08
2016 87,60 87,03
2017 97,51 99,08
2018 101,06 102,87
2019 107,03 107,72
Quadro 1: Orçamento da Defesa: dotações orçamentárias (valores constantes – R$ bilhões).
Elaborado pelo autor. Fonte: Livro Branco de Defesa Nacional (BRASIL, 2020, p. 182).
[...] os Estados Unidos ainda se apegam à OTAN, [...] dado o fim da Guerra Fria,
em parte porque isso mantém o planejamento e o desenvolvimento militar
europeus sob o comando norte-americano. Os Estados Unidos apóiam, por
exemplo, a idéia de que a Europa desenvolva sua própria força militar de resposta
rápida, mas desde que ela permaneça sob o comando da OTAN (HARVEY, 2003,
p. 73).
I - independência nacional;
IV - não-intervenção;
VI - defesa da paz;
País (nomes em
2014 2015 2016 2017 2018 2019* Média
inglês)
Portugal 81,27 81,9 81,38 80,19 74,84 69,77 78,22
Brazil 77,19 81,83 79,6 79,44 76,72 74,36 78,19
Slovenia 82,31 82,23 76,03 75,04 72,38 68,65 76,10
Greece 77,18 72,05 73,13 76,56 78,76 76,82 75,75
Montenegro 78,53 78,03 75,32 80,44 72,87 64,17 74,89
Belgium 77,84 78,23 76,8 75,2 70,69 68,65 74,56
Croatia 76,55 72,28 75,4 71,72 76,96 72,96 74,31
Italy 76,41 77,55 70,79 67,58 65,66 .. 71,59
Albania 68,05 78,15 68,05 68,2 70,7 64,18 69,55
Spain 67,34 65,18 72,61 61,64 59,64 60,8 64,53
Bulgaria 72,84 73,66 65,64 68,33 62,99 28,73 62,03
Romania 71,15 63,3 65,01 54,67 54,48 54,79 60,56
Czech Republic 61,4 55,27 61,97 56,11 54,57 53,16 57,08
Por fim, foi aprovado pelo Congresso Nacional o Acordo entre o Governo
da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América
referente a Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação (Acordo
RDT&E) para a área da defesa, assinado em Miami, em 8 de março de 2020.
Uma última digressão oportuna está no exame do documento “Cenários
de Defesa – 2040”, que ocupa um lugar entre o anedótico e o oficial. Esse
documento compôs as referências bibliográficas de diversos trabalhos
acadêmicos para a obtenção de títulos na ECEME, desde cursos de especialização
até mestrado, passando por artigos publicados pelo Centro de Estudos
Estratégicos do Exército (CEEEx) 9. Depois de sofrer muitas críticas, o documento
9
Ver os trabalhos publicados: 1) O Brasil como aliado prioritário dos EUA extra-OTAN: uma
análise das perspectivas para a Base Industrial de Defesa. Maj. Nascimento, Alessandro Dorta
Monteiro do. ECEME. Monografia. 2020. Disponível em
https://bdex.eb.mil.br/jspui/handle/123456789/8755 ; 2) Os potenciais impactos da designação
de Aliado Prioritário Extra-OTAN (major Non-NATO Ally-MNNA) para as Operações de Paz do
Brasil no Entorno Estratégico brasileiro: uma investigação à luz do caso argentino. TC Cav Gustavo
Daniel Coutinho Nascimento. ECEME. Mestrado em andamento. 2020. Disponível em
https://bdex.eb.mil.br/jspui/bitstream/123456789/9435/1/MO%206389%20-
%20COUTINHO%20NASCIMENTO.pdf ; e 3) Planejamento Baseado em Capacidades e
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Suas visões poderão ou não ser acatadas pela pasta, mas traduzem um
sentimento médio entre o oficialato —as reuniões ocorreram em comandos
militares, organizadas pela Escola Superior de Guerra.
A pasta diz que falou com pessoas do "âmbito interno e externo". Segundo
envolvidos no processo, militares são a maioria absoluta dos ouvidos.
Considerações Finais
Algumas inferências são permitidas neste momento. As razões que
movem o governo Bolsonaro e o partido militar na direção dessa política de
defesa têm bases ideológicas, econômicas e corporativas. Isso não é diferente
em governos dos mais diversos países.
Entretanto, a política de defesa brasileira atual, os documentos como
“Cenários de Defesa – 2040”, os trabalhos de conclusão de curso dos oficiais na
ECEME, as justificativas do relator do projeto para instituição do Grupo
Parlamentar de Amizade Brasil-Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN), dentre outros, demostram que
A ideologia tem precisamente como função, ao contrário da ciência, ocultar as
contradições reais, reconstituir, num plano imaginário, um discurso relativamente
coerente que sirva de horizonte ao “vivido” dos agentes, moldando suas
representações sobre as relações reais e inserindo-as na unidade das relações de
uma formação (POULANTZAS, 2019, p. 211).
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“Não se trata [...] de forças sociais partilhando entre si o poder institucionalizado; trata-se, sim,
de várias classes e frações presentes no terreno da dominação política, que não podem, no
entanto, assegurar essa dominação senão na medida em que estão politicamente unificadas”
(POULANTZAS, 2019, p. 309).
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Para um estudo sobre desenvolvimentismo, ver artigo de Leda Paulani: A experiência brasileira
entre 2003 e 2014: Neodesenvolvimentismo? Cadernos do Desenvolvimento, Rio de Janeiro, v.
12, n. 20, pp. 135-155, jan.-jun. 2017. Disponível em
http://www.cadernosdodesenvolvimento.org.br/ojs-2.4.8/index.php/cdes/issue/view/3
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Referências
BRASIL. Câmara dos Deputados. Livro Branco de Defesa Nacional vai aumentar
segurança do País, diz general, 2012. Disponivel em:
<https://www.camara.leg.br/noticias/382266-livro-branco-de-defesa-nacional-
vai-aumentar-seguranca-do-pais-diz-general/>. Acesso em: 28 fevereiro 2022.
BRASIL. Agência Brasil. Estados Unidos designam Brasil como aliado extra-
Otan, Brasília, p. Dis, 1 agosto 2019. Disponivel em:
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2019-08/estados-
unidos-designam-oficialmente-brasil-como-aliado-extra-otan>. Acesso em: 04
Janeiro 2022.
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