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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE UNAÍ - FACTU

Associação de Ensino e Pesquisa de Unaí - AEPU

FICHAMENTO

ARTIGO: Plágio em trabalhos acadêmicos: proposta de políticas institucionais de integridade


ACADÊMICO(A): Pedro José de Oliveira Neto
PROFESSOR(A): Camila Cavagnoli
AUTOR(AS/ES): Maria Edelvacy Pinto Marinho e Marcelo Dias Varella
DISPONÍVEL EM: Revista Brasileira de Politicas Públicas – Rev. Brasi. Polit. Publi., v. 5, n. 1, p.
354-365, jun. 2015. DOI: 10.5102/rbpp.v5i1.2956

PÁGINA ARTIGO
354 O artigo se refere a prática de plágios em trabalhos acadêmicos, tem como objetivo
Tema de discutir como a doutrina, as universidades e a jurisprudência tem abordado o tema e
pesquisa apresentar algumas propostas para sua normatização na academia. Certifica-se que
poucas universidades adotam medidas para verificar e punir o plágio em trabalhos
acadêmicos.

354 Apresentar sugestões para normatização da punição da prática do plágio no âmbito


Objetivos acadêmico, é instruir as instituições a desenvolver a criação de normas para
verificação do mesmo em respectivos trabalhos acadêmicos.

355 É preciso definir e prever sanções para a prática de plágio, de forma a poder coibir
Introdução e seu uso no mundo acadêmico. Há diferentes boas práticas em várias instituições,
Contexto sobretudo estrangeiras e o tema já tem alcançado a teoria e jurisprudência nacional e
estrangeira. Com a ampliação do acesso à informação, sobretudo por meio da internet,
torna-se mais fácil acesso a trabalhos de terceiros. A gratuidade, por vezes, é usada
como subterfúgio para não render ao autor a titularidade do trabalho copiado. A
reação da academia, no entanto, não tem acompanhado a velocidade nem o volume de
cópias de trabalhos divulgadas na Internet. Em resposta, algumas instituições têm
feito uso de softwares que detectam plágio de textos divulgados pela internet, a
exemplo do software “Turnitin”. Nos Estados Unidos e no Brasil esse software foi
adquirido por centenas de escolas. Contudo, não raro, a questão se judicializa. A falta
de uma norma institucional sobre as penas previstas para casos de plágio impede uma
sanção específica e torna-se fácil anular procedimentos administrativos que punem os
alunos que copiam trechos de terceiros. O presente artigo busca esclarecer o que se
considera plágio e quais as medidas normalmente adotadas em instituições
acadêmicas e no Judiciário. A partir dessas considerações, pretendem-se apresentar
regras de conduta gerais sobre como atuar em situações em que for constatada a
utilização indevida de textos de terceiros. Para tanto, em um primeiro momento será
apresentado quando se configura um plágio em obras acadêmicas. Em seguida, qual a
posição da doutrina e da jurisprudência sobre o tema. Por fim, algumas propostas de
atuação uniforme frente a casos concretos.

355 e 356 O plágio configura, no mínimo, uma desonestidade intelectual. O reconhecimento dos
A noção de autores sobre suas obras ou trechos destas é a base do trabalho acadêmico, qual seja:
plágio e de identificar o desenvolvimento do tema por meio de uma revisão bibliográfica,
contrafação obviamente referenciada, e apresentar sua própria contribuição ao tema que pode
contestar os trabalhos já desenvolvidos ou aperfeiçoar as teorias já existentes. A

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consideração do plágio como algo errado varia ao longo do tempo. Há centenas de


casos de atribuição falsa de autoria, nem sempre indevida de acordo com a cultura.
No meio acadêmico, o plágio apresenta vários problemas. Em primeiro lugar, há uma
ética acadêmica, que implica reconhecimento de um esforço intelectual próprio, o que
é rompido quando o texto produzido é o resultado da cópia de um trabalho alheio ou a
simples contratação de um terceiro para a sua produção. Ao usar o trabalho já
publicado, não há originalidade. O plágio é, de certo modo, resultado das pressões
que acadêmicos sofrem para inovarem, da vontade em se destacarem o mais
rapidamente possível com um raciocínio brilhante. O individualismo, o culto à
personalidade, o desejo de reconhecimento, de prosperidade contribuem para tanto.

359 e 360 Em relação à existência e a punição de plágio, em geral, exigem três elementos
Elementos específicos: cópia sem indicação de autoria de obra ou de trechos da obra, certa
para a quantidade, qualidade e frequência de trechos copiados, e a existência de uma norma
identificação prévia específica, que preveja o que é plágio e a sua punição no âmbito interno.
da prática de
plágio Cópia sem indicação de autoria de obra ou de trechos da obra.

Há cópia indevida quando o autor utiliza trechos de outra obra como se fosse
sua. Conforme a definição, plágio pode ser também a cópia de um trecho
próprio, anterior, com a alteração do seu título (autoplágio), mas esta última
definição não é consensual.

Quantidade, qualidade e frequência de trechos copiados.

O ponto ainda não elucidado de maneira clara pela jurisprudência é se a


quantidade de trechos plagiados influenciaria na sua aferição. Trata-se de
uma análise subjetiva, que não precisa ser objetivada em norma institucional
para que uma sanção seja aplicada. É impossível determinar previamente a
quantidade de linhas, de palavras que caracterizam o plágio. Em geral, fala-se
de ao menos um parágrafo onde haja claramente a ideia de atribuir-se a
autoria. Em cada caso concreto, um responsável (indivíduo ou comissão)
deve analisar subjetivamente, à luz da ética acadêmica, se houve ou não a
cópia de informações de terceiros sem a devida indicação.

Existência de uma norma prévia especifica.

A reprovação de um aluno em razão de plágio apenas pode ocorrer


quando observados alguns procedimentos internos. Não é raro encontrar
decisões em tribunais superiores nesse sentido, como no exemplo abaixo.
O caso tratava do exame da prática de plágio em trabalho de final de
curso para a efetivação de um cargo na polícia. Segundo o magistrado,
mesmo que o plágio fosse comprovado, a norma interna que previa a
possibilidade de reprovação em caso de plágio só foi editada após a
apresentação do trabalho, o que invalidaria a sanção adotada
administrativamente. Em outras palavras, o plágio por si só não justifica a
sanção, há necessidade de uma norma anterior específica para qualificar a
conduta internamente.

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361 e 362 Krokoscz apresenta como algumas universidades conceituadas aborda o plágio em
Exemplos do suas instituições. O autor constata em todas as Universidades pesquisadas que o
tratamento do plágio é visto como uma prática desonesta e que há sanções quando esta é constatada.
plágio em Ele ressalta também que as instituições devem ver o plágio não apenas como um
normas problema do aluno, mas uma questão institucional, que merece o esforço coletivo
institucionais para ser evitado. Trata-se de uma cultura de ética acadêmica a ser cultivada. Nesse
sentido, a elaboração de códigos de conduta tem-se revelado como uma solução
eficaz, principalmente quando sua elaboração conta com a participação de uma
pequena parte do alunado. Há instituições que implantaram Centros de Integridade
Acadêmica, como é o caso do Rutland Institute for Ethics da Universidade de
Clemson. O MIT dedica um espaço especifico em sua página na internet para a
integridade Acadêmica e disponibiliza ao aluno o “Manual de Integridade
acadêmica”. A Universidade de Stanford divulga em página na internet exemplos de
plágios e as sanções cabíveis a cada caso e também um conjunto de fontes sobre o
tema para consulta dos interessados. Na Universidade de Oxford lista-se também a
compra de trabalhos como uma das formas de plágios. Na Biblioteca Central, as teses
apenas são disponibilizadas mediante a assinatura de um termo de compromisso em
que o estudante revela que tem conhecimento sobre a norma institucional sobre plágio
e assume eventuais responsabilidades. Percebe-se também nessas universidades
estudadas que o plágio é tratado de maneira abrangente. O foco não está apenas nos
alunos, mas também nos professores. Observa-se a existência de programas de
conscientização dos discentes sobre a prática de plágio, treinamento de docentes para
o tratamento do plágio, o uso de softwares que identificam a cópia de textos
disponibilizados na internet e a divulgação das normas administrativas que se aplicam
ao caso.

363 1. Elaboração em conjunto com os representantes dos alunos de um código de


Sugestões integridade acadêmica;
para políticas
institucionais 2. Divulgação do código de conduta na página institucional e, quando possível,
também de forma impressa;

3. Criação de uma comissão para análise de casos de suspeita de plágio, com o direito
a ampla defesa pelo aluno. A existência da comissão protege o professor que
constatou o plágio caso o aluno decida judicializar a questão.

364 A ética na condução e apresentação dos resultados da pesquisa constituem pilares


Conclusão da academia. A prática de plágio deve ser punida com rigor, pois coloca em risco a
credibilidade da academia. Para que a punição atenda aos efeitos pretendidos, ou seja,
a coibição da prática, é necessário que o entendimento acadêmico sobre o conceito de
plágio esteja consoante ao conceito utilizado pelo judiciário.
Contudo, não basta a criação de normas punitivas, deve-se levar o tema para
discussão com os alunos. Em uma época em que o acesso e a cópia de obras está cada
vez mais fácil, deve-se também esclarecer e se ensinar sobre a importância da
divulgação da autoria dos textos que serviram de fonte para a realização do trabalho
acadêmico. A existência de um espaço para o exame das práticas de plágio nas
universidades torna o problema institucional e não apenas do professor. A elaboração
conjunta entre discentes e docentes de um código de ética na pesquisa democratiza a
discussão do tema, e torna todos os interessados responsáveis pela sua coibição.

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Enquanto a prática de plágio for tratada apenas como um problema para o professor,
será difícil combatê-la.

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