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1.

Ciência e sua pretensão dogmática

Muito se fala sobre o uso oportunista da religião, mas é


evidente que a ciência não é imune ao mesmo problema. O
autoritarismo pode mudar de adjetivo (religioso, científico, ideológico)
mas nunca muda sua substância.

“Todo cientista tem autoridade, sabe sobre o que está falando e


os outros devem ouvi-lo e obedecê-lo. [...] E há cientistas que anunciam
pasta de dente, remédios para caspa, varizes, e assim por diante. O
cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque ele induz o
comportamento e inibe o pensamento”.

(Rubem Alves – Filosofia da Ciência, p. 7. Editora Brasiliense,


1981)

2. Quais são os erros do positivismo?

O positivismo é uma corrente filosófica que idealiza a ciência


positiva, razão pela qual exige que todas as outras áreas sigam seu
exemplo e aceitem seus métodos.

Há nisso um grande problema: na visão positivista, um estudo


só pode ser qualificado como “científico” se utilizar os métodos das
ciências naturais; outros critérios são qualificados como ilusórios,
especialmente, as questões metafísicas que não admitem respostas
empíricas.

Essa postura revela extrema incompreensão de que objetos


diferentes exigem métodos diferentes. Exemplo: ao analisar a história
humana, um cientista político não encontrará muita utilidade na
biologia; assim como, ao analisar a estrutura de uma célula, um
biólogo não encontrará muita utilidade na filologia.

Esperar exatidão matemática de um estudo político é


ingenuidade. Basta observar grandes nomes que fizeram previsões
históricas positivistas e erraram. Essa é uma das contribuições de
Walter Benjamin ao analisar o progressismo histórico.

3. Sociologia das Emoções

A mesma coisa vale para o estudo das emoções humanas. A


abordagem psicológica e biológica necessita se complementar com o
estudo da cultura e sociedade. Por exemplo, as emoções dos homens e
mulheres, sem levar em consideração nuances como divisão sexual do
trabalho, organização familiar, sempre cairá em estudos batidos, cheios
de clichês.

O efeito da sociedade sobre as emoções dos indivíduos é


subestimado, e é o objeto de estudo deste artigo. Desde os efeitos da
modernidade, do neoliberalismo individualista, da experiência humana
que substitui a religiosidade por elementos como Estado, Revolução ou
Progresso.

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