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“MODALIDADE 1”
DESCRIÇÃO DO PROJETO
A ideia de que juízes não criam regras, apenas aplicam as regras criadas por
outras instituições, está na base do desenho das instituições de muitos sistemas
jurídicos. Nas últimas décadas, porém, diversas transformações erodiram a separação
entre julgar e legislar em vários níveis, e de várias perspectivas. No campo da teoria
do direito, incluindo trabalhos oriundos de teorias críticas, o fenômeno da
interpretação de textos normativos foi interrogado de modo a questionar a própria
possibilidade de que esses textos (em especial textos constitucionais) possam de fato
limitar as escolhas de quem os aplica. No campo da ciência política, estudos de caso
e comparativos mostraram que as atividades legislativas e a atuação de tribunais
constitucionais se aproximaram em termos funcionais, da forma de argumentação aos
resultados decisórios (Stone Sweet, 2000; Wolfe, 1993), com alguns tribunais
abertamente reivindicando para si o poder legítimo de criação de regras, inclusive
constitucionais (Vieira, 2008). De maneira mais geral, na política nacional em diversos
países, a ascensão de tribunais constitucionais parece ter colocado em dúvida a
viabilidade da separação.
Contudo, algum grau de separação institucional entre agentes públicos que
criam regras a partir de sua livre escolha (legisladores) e agentes públicos que aplicam
regras que não escolheram criar (juízes) é premissa fundamental para justificação do
poder judicial em diversas democracias contemporâneas. Mesmo tribunais que, na
prática, atuam como legisladores em diversos casos mantém ideias, conceitos e
discursos que justificam seu poder precisamente pela distinção com o poder do
1Durante o período de vigência da bolsa, o(a) aluno(a) não poderá exercer outra atividade com vínculo
empregatício. Tampouco poderá participar de um programa de intercâmbio do Insper.
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legislativo – ou pelo respeito e deferência que expressam pelas decisões tomadas
pelos outros poderes (Bertomeu, 2023; Arguelhes e Lima, 2023).
Nesse cenário, o objetivo desde projeto é situar a “legislação judicial” praticada
pelo Supremo Tribunal Federal no contexto conceitual, institucional e histórico mais
amplo delineado acima. O projeto envolve mapear as diferentes maneiras e
mecanismos pelos quais o Supremo Tribunal Federal cria regras, explicitamente ou
não, identificando as diferentes implicações institucionais dessas formas de atuação
judicial criativa para o próprio poder do tribunal e contrastando-as (i) com as ideias
apresentadas pela literatura nacional e internacional e (ii) com o desenho e
funcionamento de outros tribunais já mapeados em estudos de caso e comparativos
já existentes na área.
Este projeto é vinculado ao Núcleo de Decisões Constitucionais (DECON) do
Centro de Regulação e Democracia (CRD).
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
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interpretação e da argumentação jurídica (como se constroem argumentos para
interpretação e aplicação de normas constitucionais), (iii) o funcionamento de
desenhos institucionais específicos (como se configura o poder de um tribunal, e como
eles interagem com o sistema político mais amplo) e (iv) um repertório de casos
exemplares envolvendo tomada de decisão constitucional, incluindo o seu
desenvolvimento histórico ao longo do tempo em um dado sistema. Alunos(as)
engajados(as) neste projeto terão a chance de ler trabalhos clássicos e
contemporâneos com contribuições em todas as dimensões acima, que ilustram
também a possibilidade de produção de conhecimento na área do direito
constitucional de forma a integrar as dimensões (i), (ii), (iii) e (iv).
Além do trabalho de revisão e discussão de literatura, o projeto envolverá leitura
e análise de decisões judiciais (em sua maioria do Supremo Tribunal Federal, mas
eventualmente casos de outros países) a partir de categorias construídas a partir dos
textos lidos. Nesse processo, além de aprender a operacionalizar conceitos (por
exemplo, ideias como “ativismo judicial”, “deferência” ou “interpretação conforme a
constituição”) com vistas à sua aplicação na análise padrões decisões e argumentos
no Supremo Tribunal Federal, os(as) alunas(as) terão a oportunidade de se
familiarizar com algumas das mais importantes decisões tomadas pelo tribunal nas
últimas décadas. Ao final do projeto, espera-se dos(as) alunos(as) que tenham
desenvolvido competências básicas para elaboração de projetos de pesquisa na área
do direito constitucional capazes de integrar elementos conceituais (do ponto de vista
interno do direito), históricos e comparativos.
INSCRIÇÕES
O pacote de submissão deverá ser enviado por e-mail para (1) o professor Diego W.
Arguelhes e (2) o correio do PIBIC (pibic@insper.edu.br) até o dia 5 de junho de 2023.
Os arquivos deverão ser enviados em formato .pdf.
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COMISSÃO JULGADORA
Diego W. Arguelhes
Rafael B. de Lima
Bruno V. Miranda
A INICIAÇÃO CIENTÍFICA
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA
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CRONOGRAMA E DATAS IMPORTANTES
Data Atividade
5 maio 2023 Divulgação do edital do PIBIC/Insper.
5 junho 2023 Data limite para a submissão das inscrições.
12 junho 2023 Data limite para a seleção dos(as) alunos(as) bolsistas na
“Modalidade 1”.
23 junho 2023 Divulgação do resultado do processo seletivo do
PIBIC/Insper