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2 VIBRAÇÃO LIVRE NÃO AMORTECIDA

Nesta seção, aprenderemos sobre a Resposta Livre Não Amortecida que, apesar de ser
considerada como a abordagem mais simples no estudo de vibrações mecânicas, é imprescindível
para a compreensão dos fenômenos físicos envolvidos.

Como motivação, iniciaremos nossos estudos a partir de um sistema real. Na Fig 1.8,
observamos um ventilador centrífugo, acionado por um motor elétrico, com transmissão por
correias e rotor em balanço.

Figura 1.8: Ventilador Industrial

Em seguida, tomaremos como exemplo a estrutura da voluta que envolve o rotor do


ventilador, apresentada na Fig. 1.9.

Figura 1.9: Voluta de um ventilador industrial


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Na área de Projetos e Desenvolvimento do Produto, é muito comum utilizar ferramentas


avançadas de CAE (Computer Aided Engineering – Engenharia Assistida por Computador), tais
como o Método dos Elementos Finitos, para investigar o comportamento dinâmico de sistemas
complexos, com a finalidade de antecipar possíveis problemas, tais como ressonâncias, que podem
tanto comprometer a vida útil do sistema quanto a segurança da instalação. Quando se aplica o
Método dos Elementos Finitos, o objetivo do analista é representar de forma satisfatória o
comportamento de um sistema contínuo, por meio de um modelo matemático aproximado, que
possui uma quantidade finita de elementos discretos. Neste sentido, existem muitos tipos de
elementos a disposição do analista, com diferentes níveis de sofisticação, que devem ser escolhidos
de acordo com a complexidade da análise a ser realizada e do sistema a ser investigado. Entretanto,
como o nosso estudo é apenas introdutório, é suficiente sabermos que os elementos possuem
massa, rigidez e amortecimento, conforme observamos na Fig. 1.10.

Figura 1.10: Voluta de um ventilador industrial e seu modelo matemático

A seguir, assumiremos a abordagem mais simples, onde cada elemento da voluta é


considerado como sendo um sistema massa mola amortecedor. Onde a rigidez é dada em N/m
(Newton por metro), a Massa em kg e o coeficiente de amortecimento em Ns/m (Newton segundo
por metro). Como este sistema possui apenas uma massa e uma direção de deslocamento possível,
podemos dizer que ele é um sistema de Um Grau de Liberdade (1 GDL).

O sistema de 1 grau de liberdade mais conhecido é composto por um bloco de massa M,


suspenso por uma mola com rigidez K e um amortecedor com coeficiente de amortecimento C,
conforme apresentado na Fig. 1.11a.

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a) Sistema de 1 Grau de Liberdade Amortecido

b) Sistema de 1 Grau de Liberdade Amortecido

Fig. 1.11 – Sistema Massa-Mola de 1 Grau de Liberdade

A princípio, para facilitar a compreensão, vamos desconsiderar os efeitos do amortecimento


(Fig. 1.11b), que será tratado na seção 1.3.

Observe que o sistema apresentado na Fig. 1.11 está em repouso, portanto, é necessário que
haja alguma perturbação para que ele se movimente. Essa perturbação pode ser aplicada de
diversas formas, sendo que a mais simples seria deslocar a massa da posição de equilíbrio e soltá-
la. Ao fazermos isso, o sistema começa a vibrar em torno do ponto de equilíbrio com uma

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amplitude máxima A, que não se reduz com o passar do tempo, pois estamos desconsiderando os
efeitos do amortecimento.

Na Fig. 1.12b, são apresentadas as forças atuantes no sistema através do seu Diagrama de
Corpo Livre. Observe que temos apenas a força restauradora da mola, que é dada pela rigidez
vezes o deslocamento ( ) e a força de inércia, que é obtida multiplicando-se a massa pela
aceleração ( ̈ ), que é representada por ̈ , pois é a segunda derivada do deslocamento em relação
ao tempo. Aqui vale a pena lembrar que não consideramos a força peso pois, a partir do momento
em que a massa é conectada à mola, ela se desloca para uma nova posição de equilíbrio. Assim, a
força peso é compensada por um deslocamento estático da mola.

(a) Modelo massa-mola. (b) Diagrama de Corpo Livre

Figura 1.12 – Sistema Massa-Mola de 1 Grau de Liberdade: Diagrama de Corpo Livre

A partir do digrama de corpo livre, apresentado na Fig. 1.12, aplicamos a Segunda Lei de
Newton, que define que o somatório das forças é igual a massa vezes a aceleração:

∑ = → − = ̈ (1.5)

Na Eq. (1.5), a força da mola aparece com o sinal negativo por se tratar de uma força
restauradora, ou seja, ela está sempre oposta ao deslocamento.

Passando a força da mola para o lado direito da Eq. (1.5), chegamos à Equação do
Movimento:

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̈+ =0 (1.6)

Se a dividirmos a Eq. (1.6) pela massa, obtemos a Eq. 1.7:

̈+ =0 (1.7)

O termo ⁄ na Eq. (1.7) corresponde ao quadrado da frequência natural angular, que é


representada por , portanto, podemos reescrever a Eq (1.7) da seguinte forma:

̈+ =0 (1.8)

Onde :

= [rad/s] (1.9)

A relação apresentada na Eq. (1.9) é, sem dúvida, uma das mais importantes para o
profissional da área de vibrações, pois permite a ele compreender como as propriedades do sistema
influenciam a frequência natural. Desta forma, é possível evitar ou corrigir problemas tais como a
ressonância através de ajustes na massa e/ou na rigidez da estrutura.

Conforme podemos observar, a Eq. (1.6) é uma equação diferencial de segunda ordem
homogênea. Portanto, a sua solução matemática está fora do escopo do nosso curso. Entretanto,
isto não impede que encontremos uma solução com base na física do problema.

Ao aplicarmos uma perturbação no bloco, o sistema começa a vibrar de forma muito similar
a bola que estudamos em nossa primeira aula. Com base nesta observação, podemos afirmar que
a resposta livre de um sistema massa-mola não amortecido também é um seno, que possui uma
amplitude máxima A e uma determinada frequência de oscilação.

Para compreendermos melhor a resposta física do sistema, realizaremos um experimento


bastante simples: afixaremos ao bloco um lápis, de tal forma que ele seja capaz registrar o seu
movimento em uma folha de papel, conforme apresentado na Fig. 1.13a. Em seguida,

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deslocaremos o bloco de massa uma distância A partir do seu ponto de equilíbrio e o liberaremos
para se movimentar livremente.

a) Configuração do Experimento

b) Vibração Livre do sistema c) Resposta à perturbação

Figura 1.13 – Resposta em função do tempo de um Sistema Massa-Mola de 1 Grau de Liberdade

Ao examinarmos o gráfico da resposta do sistema, apresentado na Fig. 1.13c, notamos que


ele completou um ciclo em um segundo. A partir daí, concluímos que o período foi de 1s,
correspondendo a uma frequência de 1 Hz. Esta é a frequência natural do sistema , que é função
da sua massa M e rigidez K. Perceba que a unidade empregada foi o Hz, para convertermos para
rad/s, basta dividir este valor por 2 , ou seja, = ⁄2 .

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