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Engenharia Mecânica
Prof. Dr. Adriano Silva Borges
Cornélio Procópio – 2023
SUMÁRIO
1. Descrição do caso 3
2. Equação do Movimento utilizando o método de Lagrange 4
3. Detalhamento do caso inicial 5
3.1 Características da asa 5
3.2 Tabelas de dados iniciais 6
4. Variação da frequência natural do sistema para as 7 condições iniciais 8
4.1 Avaliação dos efeitos de incertezas nos parâmetros físicos sobre o comportamento
dinâmico do sistema. 10
5. Solução para as vibrações em asa de uma aeronave 12
6. Conclusão da análise do sistema 19
7. Anexos 20
a. Script para Matlab 20
b. Dados de entrada para o Matlab 24
8. Referências 26
2
1. Descrição do caso
O presente trabalho tem por objetivo encontrar uma equação do movimento do
sistema utilizando o Método de Lagrange. Para tal, a asa foi considerada uma viga engastada
em sua raiz e propriedades do material como o Módulo de Elasticidade, Momento de Inércia,
massa e comprimento devem ser levados em consideração. Será necessário elaborar uma
rotina no Matlab para avaliar os efeitos da variação da massa sobre as frequências naturais,
levando em consideração 7 condições de voo. Após o citado, calcular e plotar cada uma das
respostas obtidas, considerando uma velocidade inicial de 10m/s, bem como uma descrição
qualitativa e quantitativa detalhada dos resultados adquiridos ao decorrer do desenvolvimento
do projeto. O desafio detalhado está disponível na Fig.1 a seguir:
Fig. 1: Desafio: Análise da resposta amortecida de uma asa de Aeronave utilizando um
modelo de 1 GDL.
3
2. Equação do Movimento utilizando o método de Lagrange
O equacionamento de Lagrange ou mecânica lagrangiana é, de maneira resumida, uma
formulação combinada da conservação do momento linear com a conservação da energia.
Diferentemente dos métodos baseados nas Leis de Newton, o método lagrangeano não
necessita que seja realizada a identificação de todas as forças envolvidas, simplificando o
tratamento e análise de sistemas de maior complexidade.
Quando uma partícula está em uma determinada posição é definido um raio para seu
vetor de posição ( 𝑟) e suas coordenadas cartesianas (𝑥, 𝑦 𝑒 𝑧). Para que a posição exata de
um sistema de s partículas seja conhecida, é necessário que s raios de vetores de posição
também sejam conhecidos. É denominado como número de graus de liberdade a quantidade
de variáveis independentes que são necessárias especificar para conhecer completamente a
posição de um dado sistema.
A parametrização do problema é dada através da seleção das coordenadas
generalizadas. Essas coordenadas, por sua vez, são definidas como variáveis independentes.
Resumidamente, para que seja possível definir completamente a posição de um sistema com
N graus de liberdade são necessárias N variáveis independentes.
Sabe-se que cada sistema mecânico é caracterizado por uma determinada função. De
maneira geral, essa função depende das coordenadas generalizadas (𝑞), das suas derivadas em
relação ao tempo ( ) e do tempo (t). Essa função é normalmente representada por L(q, , t).
Logo, a lagrangeana de um sistema pode ser escrita da forma disposta abaixo:
(1)
sendo T a soma das energias cinéticas e U a soma de todas as forças conservativas (energia
potencial).
Desta maneira, considerando uma coordenada generalizada (𝑞) e considerando um
sistema em que não existem forças externas agindo sobre ele (𝐹(𝑡) = 0), teremos:
(1. 1)
No caso desse problema em específico, com amortecimento, temos uma condição de
sistema com dissipação de energia. Logo, é necessário incluir no equacionamento as forças
dissipativas (𝑄’).
(1. 2)
4
Onde Q’ pode ser determinado por:
(1. 3)
Como sabemos que teremos um deslocamento (x), a equação ganha a seguinte forma:
(1. 4)
Sabendo que as equações que descrevem a energia potencial, a energia cinética e
energia dissipada são descritas da seguinte maneira, respectivamente:
(1. 5)
(1. 6)
(1. 7)
(2)
5
Fig. 2: Representação da Asa como viga engastada.
6
ser melhor observado na Tab.2 disposta abaixo. Ressalta-se que caso o sistema não apresentar
resultados dentro dos limites aceitáveis de projeto, será feita uma revisão dos parâmetros,
formas e materiais utilizados de modo que o produto final atenda os requisitos necessários de
qualidade, segurança e confiabilidade.
Tab. 3: Intervalos de massa analisados.
Ocupação do 0% 16.66% 33.33% 50% 66.66% 83.33% 100%
tanque
Condição 1 2 3 4 5 6 7
7
4. Variação da frequência natural do sistema para as 7 condições iniciais
A partir da programação realizada em Matlab, disponível em anexo deste projeto,
pode-se observar a relação entre a Amplitude (m) e o Tempo (s) para as condições citadas na
tabela 3 utilizando os parâmetros iniciais propostos para o problema. Nos gráficos, a variação
de amplitude (linha verde) é teoricamente limitada pela linha de máxima amplitude permitida
no sistema (linha vermelha), esse valor ficou definido em ± 15𝑐𝑚. Essa limitação é a “linha
de segurança” para que o sistema não entre em colapso com as diferenças de vibrações
encontradas ao realizar as alterações nos níveis de combustíveis.
O citado anteriormente pode ser observado nas figuras 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 a seguir.
Fig. 3: Representação da Amplitude(m) x Tempo(s) para
0% de ocupação do tanque.
8
Fig. 7: Representação da Amplitude(m) x Tempo(s) para
66.66% de ocupação do tanque.
9
proporcional entre elas. Os dados encontrados para as frequências naturais (ωn) estão
dispostos na Tab. 5 a seguir:
Tab. 5: Relação entre intervalos de massa e a frequência natural para os dados iniciais.
Dados Iniciais
Condição 1 2 3 4 5 6 7
10
Fig. 13: Representação da Amplitude(m) x Tempo(s)
com E=63.75 GPa para o caso 1.
11
5. Solução para as vibrações em asa de uma aeronave
Em conformidade com os valores obtidos, através do código realizado no matlab,
constatou-se que os resultados ultrapassam a linha limite de amplitude de 0,15m previamente
estabelecida pela problemática. Tendo em vista tal fato, faz-se indispensável buscar condições
de contorno apropriadas para reduzir essa variação que extrapola o máximo valor permitido.
Dentre as condições, as mais viáveis são aumentar o momento de inércia (I) e alterar o
módulo de elasticidade do material (E) para um mais comumente utilizado nesse tipo de
estrutura.
O momento de inércia de um objeto depende da sua massa e da distância da massa ao
eixo de rotação. Desta forma, é de suma importância a preocupação em não aumentar a massa
da asa para que não acabe perdendo seu perfil aerodinâmico. Sendo assim, existem estratégias
de projetos em que é utilizado o teorema dos eixos paralelos a fim de “ganhar” em momento e
não aumentar de forma significativa a massa do conjunto em questão. Porém, para a facilitar o
entendimento da problemática, foi assumido um modelo de viga engastada de seção
retangular que fornece um valor de momento de inércia aproximado, uma vez que de fato não
é a representação real de uma asa.
O módulo de elasticidade é a rigidez ou a resistência que o material apresenta a
deformação elástica. Sendo assim, quanto maior for o módulo, mais rígido será o material e
menor será a deformação elástica. Por esse motivo é justificado o aumento desta variável.
Para tal afirmação, foi empregado o uso do alumínio 7075 que oferece um módulo de
elasticidade de 71,7 GPa. Esse material foi escolhido porque dentre as pesquisas realizadas,
foi o mais citado para esse tipo de estrutura, tanto que ele é comumente chamado de
“alumínio aeronautico”. Como características físicas, é possível destacar alguns pontos
principais sobre este metal: alta resistência à fadiga em comparação a outras ligas, fácil
usinabilidade, elevada força e durabilidade.
Ao compararmos os valores dos módulos de elasticidade das ligas observamos que são
valores muito próximos ao valor já utilizado inicialmente, desta maneira a alteração apenas
desse fator não se torna uma opção para resolução do problema da variação da amplitude.
Logo, após uma análise do problema e de seus fatores dispostos, chegamos a conclusão de
que será necessário alterar o momento de inércia (I) fornecido, para que seja possível atingir o
resultado de oscilação abaixo de 0,15m. Sabemos que esta grandeza física é responsável pela
dificuldade de alterar o estado de movimento de um corpo em rotação e que varia de acordo
12
com o formato do corpo estudado, restando então a opção de alterar o formato da asa para que
seja possível atingir um valor maior de “I”.
Após algumas tentativas para valores de momento de inércia utilizando o código no
Matlab, levando em consideração as possíveis incertezas nos valores de E, chegamos ao
consenso de que o novo valor de I precisa ser maior do que 43e-5. Esse valor nos dá uma
resposta de amplitude máxima de 0.1436, dentro do valor limite.
O citado anteriormente pode ser observado nas figuras 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23 a
seguir:
Fig. 17: Representação da Amplitude(m) x Tempo(s)
para 0% de ocupação do tanque.
13
Fig. 21: Representação da Amplitude(m) x Tempo(s)
para 66.66% de ocupação do tanque.
14
permitido. Para uma melhor visualização do exposto e utilizando como critério de
comparação, será novamente plotada a figura 10 com os dados propostos inicialmente pelo
professor e ao lado a figura 24, com todos os níveis de combustível presentes.
Condição 1 2 3 4 5 6 7
15
Na tabela 7 é possível observar as respectivas amplitudes máximas para cada condição
de carga.
Tab. 7: Relação entre intervalos de massa e a frequência natural para os novos dados.
Dados Iniciais
Condição 1 2 3 4 5 6 7
16
Fig. 26: Representação da Amplitude(m) x Tempo(s) para uma incerteza de +15% com 100%
de ocupação do tanque.
17
Fig. 28: Representação da Amplitude(m) x Tempo(s) para uma incerteza de -15% com 100% de
ocupação do tanque.
18
6. Conclusão da análise do sistema
Diante dos dados obtidos observa-se através das figuras e tabelas que conforme há um
aumento na massa de combustível, também é notável um aumento na amplitude. Concluindo
uma relação diretamente proporcional entre esses dois parâmetros.
Entretanto, ao analisar os parâmetros "combustível" e "frequência natural", observa-se
outro comportamento. À medida que a massa de combustível aumenta, a frequência natural
diminui, retratando uma relação inversamente proporcional.
Ao observar os resultados obtidos acima, nota-se que os valores de amplitude
ultrapassaram os limites de oscilação impostos pelo problema, sendo necessário a realização
de alterações. Realizou-se uma análise onde chegamos à conclusão de que para atingir valores
de oscilação abaixo de 0,15m, seria necessário alterar o momento de inércia (I).
Sendo assim, a recomendação do material a ser utilizado seria o citado anteriormente,
o Al 7075, com E=71,7 GPa. Esse tipo de alumínio é um dos mais recomendados para
geometrias de aviões e navios.
Por fim, a partir de tentativas e considerando as incertezas nos cálculos e análises dos
resultados, chegamos ao consenso que resultou em um novo valor do momento de inércia,
onde esse deve ser maior que 38e-5. Como consequência, esse valor nos deu uma resposta de
amplitude máxima de 0.1475.
19
7. Anexos
a. Script para Matlab
%% VARIÁVEIS AUXILIARES
20
% phi = ang. de fase [rad]
%% Limpeza
close all
clear
clc
%% ENTRADA DE DADOS
resp_amortecimento
%% Alocamento de vetores
Keq = 3*(E*I)/(L^3);
M_caso(1,1) = 0;
for i = 2:(Cond)
M_caso(1,i) = (((m_comb-m_tanque)/(Cond-1))*(i-1));
end
%% CALCULO DAS VIBRAÇÕES POR PERIODO
for i = 1:Cond
21
%% DETERMINAÇÃO DA MASSA TOTAL EFETIVA PARA O CASO
MASSA(1,i) = m;
A = (1/wd)*sqrt((v0+zeta*wn*x0)^2+(x0*wd)^2);
phi = atan((x0*wd)/(v0+zeta+wn*x0));
fmax = fn;
fa = 30*fmax;
delta_t = 1/fa;
22
t = 0:delta_t:10*(1/fn);
Amp(i,:) = A*exp(-zeta*wn*t).*sin(wd*t+phi);
Inv(i,:) = A*exp(-zeta*wn*t);
end
%% PLOTANDO OS GRÁFICOS
for i = 1:Cond
figure(i)
plot(t,Amp(i,:),'g')
hold on
plot(t, Inv(i,:),'b')
hold on
plot(t,-Inv(i,:),'b')
hold off
grid on
yline(Lim,'r')
yline(-Lim,'r')
xlabel('Tempo [s]')
ylabel('Amplitude [m]')
end
disp(tab)
23
figure(8)
plot(t,Amp(1,:),'k')
hold on
plot(t,Amp(2,:),'g')
hold on
plot(t,Amp(3,:),'b')
hold on
plot(t,Amp(4,:),'c')
hold on
plot(t,Amp(5,:),'r')
hold on
plot(t,Amp(6,:),'m')
hold on
plot(t,Amp(7,:),'y')
hold off
grid on
yline(Lim,'r')
yline(-Lim,'r')
xlabel('Tempo [s]')
ylabel('Amplitude [m]')
for i = 1:Cond
MAX = max(Amp(i,:));
disp(MAX)
end
%% ENTRADA DE DADOS %%
24
m_tanque = 40; % [Kg]
m_comb = 600; % [Kg]
E = (75e9); % [Pa]
I = (6e-5); % [m^4]
L = 2.5; % [m]
zeta = 0.01; % [adimensional]
x0 = 0.1; % [m]
v0 = 10; % [m/s]
Lim = 0.15; % [m]
Cond = 7;
25
8. Referências
26