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20.12.

2012 PT Jornal Oficial da União L 351/1


Europeia

I
(Atos legislativos)

REGULAMENTOS

REGULAMENTO (UE) N.o 1215/2012 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO


de 12 de dezembro de 2012
relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e
comercial
(reformulação)

O PARLAMENTO EUROPEU E O CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA,


a necessidade de efetuar uma série de alterações ao
refe rido regulamento, deverá o mesmo, por razões de
clare za, ser reformulado.
Tendo em conta o Tratado sobre o Funcionamento da União
Europeia, nomeadamente o artigo 67.o, n.o 4, e o artigo
81.o, (2) O Conselho Europeu, reunido em Bruxelas em 10 e 11
n.o 2, alíneas a), c) e e), de dezembro de 2009, adotou um novo programa
pluria nual, intitulado «Programa de Estocolmo — Uma
Europa
aberta e segura que sirva e proteja os cidadãos» (4). No
Tendo em conta a proposta da Comissão Europeia, Programa de Estocolmo, o Conselho Europeu considerou
que o processo de abolição de todas as medidas
intermé dias (o exequatur) deverá continuar durante o
período
Após transmissão do projeto de ato legislativo aos abrangido por aquele Programa. Ao mesmo tempo,
parlamentos nacionais, a abolição do exequatur deve também ser
acompanhada de uma série de salvaguardas.

Tendo em conta o parecer do Comité Económico e Social (3) A União atribuiu-se como objetivo manter e
Europeu (1), desenvolver um espaço de liberdade, de segurança e de
justiça, no meadamente facilitando o acesso à justiça,
em especial através do princípio do reconhecimento
mútuo de deci sões judiciais e extrajudiciais em
Deliberando de acordo com o processo legislativo ordinário matéria civil. A fim de criar gradualmente esse espaço,
(2), a União deve adotar me didas no domínio da
cooperação judiciária em matéria civil que tenham
incidência transfronteiriça, nomeada mente quando
tal seja necessário para o bom funciona mento do
Considerando o seguinte: mercado interno.

(4) Certas disparidades das regras nacionais em matéria


(1) Em 21 de abril de 2009, a Comissão adotou um de competência judiciária e de reconhecimento de
relatório sobre a aplicação do Regulamento (CE) n. o decisões judiciais dificultam o bom funcionamento do
44/2001 do Conselho, de 22 de dezembro de 2000, mercado
relativo à com petência judiciária, ao reconhecimento interno. São indispensáveis disposições destinadas a uni
e à execução de decisões em matéria civil e comercial ficar as regras de conflito de jurisdição em matéria
(3). O relatório con cluía que, em geral, a aplicação civil e comercial e a fim de garantir o reconhecimento
daquele regulamento é satisfatória, mas que seria e a execução rápidos e simples das decisões proferidas
desejável aplicar melhor algu mas das suas disposições, num dado Estado-Membro.
facilitar mais a livre circulação de decisões e continuar a
reforçar o acesso à justiça. Dada
(5) Tais disposições inserem-se no domínio da cooperação
(1) JO C 218 de 23.7.2011, p. 78.
(2)Posição do Parlamento Europeu de 20 de novembro de 2012 judiciária em matéria civil, na aceção do artigo 81.o
(ainda não publicada no Jornal Oficial) e decisão do Conselho de do Tratado sobre o Funcionamento da União
6 de dezembro de 2012. Europeia (TFUE).
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(3 ) JO L 12 de 16.1.2001, p. 1. Europeia (4) JO C 115 de 4.5.2010, p. 1.
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(6) Para alcançar o objetivo da livre circulação das Conselho, de 18 de dezembro de 2008, relativo à
decisões em matéria civil e comercial, é necessário e
adequado que as regras relativas à competência com petência, à lei aplicável, ao reconhecimento e à
judiciária, ao reconhe cimento e à execução das execução das decisões e à cooperação em matéria de
decisões sejam determinadas por um instrumento obrigações alimentares (5).
legal da União vinculativo e direta mente aplicável.

(11) Para efeitos do presente regulamento, os tribunais dos


(7) Os então Estados-Membros das Comunidades Europeias Estados-Membros incluem os tribunais comuns a vários
celebraram, em 27 de setembro de 1968, no âmbito do Estados-Membros, como o Tribunal de Justiça do
artigo 220.o, quarto travessão, do Tratado que institui Benelux
a Comunidade Económica Europeia, a Convenção de quando exerce a sua competência sobre matérias
Bru xelas relativa à competência judiciária e à abran gidas pelo presente regulamento. Por conseguinte,
execução de decisões em matéria civil e comercial, que as de cisões proferidas por esses tribunais devem ser
foi subsequen temente alterada pelas convenções de reconhe cidas e executadas nos termos do presente
adesão a essa con venção de novos Estados-Membros (1) regulamento.
(a «Convenção de Bruxelas de 1968»). Em 16 de
setembro de 1988, os
então Estados-Membros das Comunidades Europeias e
alguns Estados da EFTA celebraram a Convenção de (12) O presente regulamento não deverá aplicar-se à
Lu gano relativa à competência judiciária e à execução arbitra gem. Nada no presente regulamento deverá
de impedir que os tribunais de um Estado-Membro, caso
decisões em matéria civil e comercial (2) (a lhes seja sub metida uma ação numa matéria para a
«Convenção de Lugano de 1988»), que é paralela à qual as partes celebraram um acordo de arbitragem,
Convenção de Bruxelas de 1968. A Convenção de remetam as partes
Lugano de 1988 tornou-se aplicável à Polónia em 1 de para a arbitragem, suspendam ou encerrem o processo
fevereiro de 2000. ou examinem se a convenção de arbitragem é nula,
ine ficaz ou insuscetível de aplicação nos termos da lei
na cional.

(8) Em 22 de dezembro de 2000, o Conselho adotou o


Regulamento (CE) n.o 44/2001, que substitui a
Conven ção de Bruxelas de 1968, no que se refere aos As decisões proferidas pelos tribunais dos Estados-Mem
territórios bros que determinam se uma convenção de arbitragem
dos Estados-Membros abrangidos pelo TFUE, nas é nula, ineficaz ou insuscetível de aplicação não
relações entre os Estados-Membros, com exceção da deverão estar sujeitas às regras de reconhecimento e
Dinamarca. Pela Decisão 2006/325/CE do Conselho execução
(3), a Comuni dade celebrou um acordo com a estabelecidas no presente regulamento, independente
Dinamarca que assegura mente de o tribunal ter decidido destes aspetos a título
a o aplicação do disposto no Regulamento (CE) principal ou incidental.
n. 44/2001 neste país. A Convenção de Lugano de
1988 foi revista pela Convenção sobre a de 15.1.1997, p. 1. Para a versão consolidada, ver JO C 27
competência judiciária, o reconhecimento e a 2 de 26.1.1998, p. 1.
execução de decisões
em matéria civil e comercial ( 4), assinada em Lugano
em 30 de outubro de 2007 entre a Comunidade, a Di
namarca, a Islândia, a Noruega e a Suíça (a
«Convenção de Lugano de 2007»).

(9) A Convenção de Bruxelas de 1968 deverá continuar a


aplicar-se aos territórios dos Estados-Membros que são
abrangidos pelo âmbito de aplicação territorial dessa con
venção e que estão excluídos do presente regulamento
por força do artigo 355.o do TFUE.

(10) O âmbito de aplicação material do presente regulamento


deverá incluir o essencial da matéria civil e comercial,
com exceção de certas matérias bem definidas, em
parti
cular as obrigações de alimentos, que deverão ser
excluí
das do âmbito de aplicação do presente regulamento
na sequência da adoção do Regulamento (CE) n. o 4/2009
do

(1) JO L 299 de 31.12.1972, p. 32, JO L 304 de 30.10.1978, p. 1, JO


L 388 de 31.12.1982, p. 1, JO L 285 de 3.10.1989, p. 1, JO C 15
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10 de junho de 1958 (a «Convenção de Nova Iorque de
1958»), que prevalece sobre o presente regulamento.
Por outro lado, se um tribunal de um Estado-Membro,
exercendo a sua competência por força do presente re
gulamento ou da lei nacional, determinar que uma con O presente regulamento não deverá aplicar-se a ações
venção de arbitragem é nula, ineficaz ou insuscetível de ou processos conexos relativos, nomeadamente, à criação
aplicação, tal não deverá impedir que a decisão do tribu nal de um tribunal arbitral, aos poderes dos árbitros, à
quanto ao mérito da questão seja reconhecida ou, consoante condu ção do processo arbitral ou a quaisquer outros
o caso, executada nos termos do presente aspetos
regulamento. Tal não deverá prejudicar a competência dos desse processo, nem a ações ou decisões em matéria
tribunais dos Estados-Membros para decidirem do de anulação, revisão, recurso, reconhecimento ou
reconhecimento e execução de sentenças arbitrais de acordo execução de sentenças arbitrais.
com a Convenção sobre o Reconhecimento e a Execução de
Decisões Arbitrais Estrangeiras, celebrada em Nova Iorque em
( ) JO L 319 de 25.11.1988, p. 9.
(3) JO L 120 de 5.5.2006, p. 22.
(4) JO L 147 de 10.6.2009, p. 5. (5) JO L 7 de 10.1.2009, p. 1.
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(13) Deverá haver uma ligação entre os processos a que o


(1) JO L 74 de 27.3.1993, p. 74.
presente regulamento se aplica e o território dos Esta
dos-Membros. Devem, portanto, aplicar-se, em princípio,
as regras comuns em matéria de competência sempre que
o requerido esteja domiciliado num Estado-Membro.

(14) Um requerido não domiciliado num Estado-Membro de


ve, em geral, ficar sujeito às regras de competência
judi ciária aplicáveis no território do Estado-Membro
do tri bunal a que a questão foi submetida.

Todavia, a fim de assegurar a proteção de


consumidores e trabalhadores, salvaguardar a
competência dos tribunais dos Estados-Membros em
situações em relação às quais têm competência
exclusiva e respeitar a autonomia das partes, algumas
normas de competência constantes do presente
regulamento aplicam-se independentemente do
domicílio do requerido.

(15) As regras de competência devem apresentar um


elevado grau de certeza jurídica e fundar-se no
princípio de que em geral a competência tem por base
o domicílio do requerido. Os tribunais deverão estar
sempre disponíveis nesta base, exceto nalgumas
situações bem definidas em
que a matéria em litígio ou a autonomia das partes
jus
tificam um critério de conexão diferente. No
respeitante às pessoas coletivas, o domicílio deve ser
definido de forma autónoma, de modo a aumentar a
transparência das regras comuns e evitar os conflitos
de jurisdição.

(16) O foro do domicílio do requerido deve ser completado


pelos foros alternativos permitidos em razão do
vínculo estreito entre a jurisdição e o litígio ou com
vista a facilitar uma boa administração da justiça. A
existência de vínculo estreito deverá assegurar a
certeza jurídica e evitar a possibilidade de o requerido
ser demandado no
tribunal de um Estado-Membro que não seria razoavel
mente previsível para ele. Este elemento é especialmente
importante nos litígios relativos a obrigações extracon
tratuais decorrentes de violações da privacidade e de
di reitos de personalidade, incluindo a difamação.

(17) O proprietário de objetos culturais na aceção do ar


tigo 1.o, n.o 1, da Diretiva 93/7/CEE do Conselho, de
15 de março de 1993, relativa à restituição de bens
culturais que tenham saído ilicitamente do território
de um Estado-Membro (1) deverá estar habilitado, nos
ter mos do presente regulamento, a intentar uma ação
cível visando a recuperação, fundada no direito de
proprieda de, de um objeto cultural no tribunal do
local onde esteja situado o objeto na data em que o
tribunal for deman
dado. Tais processos não prejudicam os processos inten
tados ao abrigo da Diretiva 93/7/CEE.
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Europeia tribunal designado deverá poder prosseguir a ação
(18) No respeitante aos contratos de seguro, de consumo
e de trabalho, é conveniente proteger a parte mais inde pendentemente de o tribunal não designado já
fraca por meio de regras de competência mais ter deci
favoráveis aos seus interesses do que a regra geral. dido da suspensão da instância.

(19) A autonomia das partes num contrato que não


seja de seguro, de consumo ou de trabalho quanto à
escolha do tribunal competente, no caso de apenas
ser permitida uma autonomia limitada de escolha
do tribunal, deverá ser respeitada sem prejuízo das
competências exclusivas definidas pelo presente
regulamento.

(20) A questão de saber se o pacto atributivo de


jurisdição a favor de um tribunal ou dos tribunais
de um Estado-
-Membro é nulo quanto à sua validade substantiva
deverá ser decidida segundo a lei do Estado-Membro
do tribunal ou tribunais designados no pacto,
incluindo as regras de conflitos de leis desse
Estado-Membro.

(21) O funcionamento harmonioso da justiça obriga a


mini mizar a possibilidade de intentar processos
concorrentes e a evitar que sejam proferidas decisões
inconciliáveis em Estados-Membros diferentes.
Importa prever um meca
nismo claro e eficaz para resolver os casos de
litispen dência e de conexão e para obviar aos
problemas resul
tantes das divergências nacionais quanto à
determinação do momento a partir do qual os
processos são conside rados pendentes. Para efeitos
do presente regulamento, é conveniente fixar esta
data de forma autónoma.

(22) Todavia, a fim de reforçar a eficácia dos acordos


exclu sivos de eleição do foro competente e de evitar
táticas de litigação abusivas, é necessário prever
uma exceção à regra geral de litispendência, a fim de
lidar de forma satisfatória com uma situação
particular no âmbito da qual poderão ocorrer
processos concorrentes. Trata-se
da situação em que é demandado um tribunal
não de signado num acordo exclusivo de eleição do
foro com petente, e o tribunal designado é demandado
subsequen temente num processo com a mesma
causa de pedir e com as mesmas partes. Nesse
caso, o tribunal deman
dado em primeiro lugar deverá ser chamado a
suspender a instância logo que o tribunal designado
seja deman dado e até que este declare que não é
competente por
força do acordo exclusivo de eleição do foro
competente. Isto destina-se a, numa tal situação,
dar prioridade ao tribunal designado para decidir da
validade do acordo e em que medida o acordo se
aplica ao litígio pendente. O
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Esta exceção não deverá aplicar-se a situações em que (2) JO L 174 de 27.6.2001, p. 1.
as partes tenham celebrado acordos exclusivos de eleição
do foro competente incompatíveis ou aos casos em
que o
tribunal designado num tal acordo tenha sido deman
dado em primeiro lugar. Nesses casos, deverá aplicar-
se a regra geral de litispendência constante do
presente re gulamento.

(23) O presente regulamento deverá prever um mecanismo


flexível que permita aos tribunais dos Estados-Membros
ter em conta as ações pendentes em tribunais de
países terceiros, atento sobretudo o facto de as decisões
judiciais
de países terceiros serem suscetíveis de ser reconhecidas
e executadas num dado Estado-Membro por força da
legis lação desse Estado-Membro, e a correta
administração da justiça.

(24) Ao ter em conta a correta administração da justiça, o


tribunal do Estado-Membro em causa deverá avaliar
todas as circunstâncias do caso concreto. Estas
circunstâncias podem incluir os vínculos entre os factos
do processo e as partes e o país terceiro em questão, a
fase em que se encontra o processo no país terceiro no
momento é que é intentado o processo no tribunal do
Estado-Membro, e se é previsível que o tribunal do
país terceiro profira a sua decisão em prazo razoável.

Essa avaliação poderá ainda incluir a ponderação da


ques tão de saber se o tribunal do país terceiro tem
compe tência exclusiva no caso concreto nas mesmas
circuns tâncias em que o tribunal de um Estado-
Membro teria
competência exclusiva.

(25) O conceito de medidas provisórias, incluindo medidas


cautelares, deverá abranger, por exemplo, as providências
cautelares para obtenção de informações ou preservação
de provas a que se referem os artigos 6.o e 7.o da
Diretiva 2004/48/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 29 de abril de 2004, relativa ao respeito
dos direitos de propriedade intelectual (1). Aquele
conceito não deverá abranger medidas cuja natureza
não seja cautelar, como as medidas que ordenem a
audição de testemunhas. Tal não deverá prejudicar a
aplicação do Regulamento (CE)
n.o 1206/2001 do Conselho, de 28 de maio de 2001,
relativo à cooperação entre os tribunais dos Estados-
-Membros no domínio da obtenção de provas em matéria
civil ou comercial (2),

(26) A confiança mútua na administração da justiça na


União justifica o princípio de que as decisões
proferidas num Estado-Membro sejam reconhecidas em
todos os outros

(1) JO L 157 de 30.4.2004, p. 45.


L 351/8 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Estados-Membros sem necessidade de Europeia
qualquer
procedi mento específico. Além disso, o objetivo de
tornar a litigância transfronteiriça menos morosa e No entanto, o reconhecimento de uma decisão só
dispendiosa justifica a supressão da declaração de deverá ser recusado se se verificarem um ou mais
executoriedade an tes da execução no Estado-Membro dos funda mentos de recusa previstos no presente
regulamento.
requerida. Assim, as
decisões proferidas pelos tribunais dos Estados-
Membros devem ser tratadas como se se tratasse de
decisões pro feridas no Estado-Membro requerido.

(27) Para efeitos da livre circulação de decisões, uma


decisão proferida num Estado-Membro deverá ser
reconhecida e
executada em qualquer outro Estado-Membro
mesmo que seja tomada em relação a uma pessoa não
domici liada num Estado-Membro.

(28) Se a decisão contiver uma medida ou injunção que


não seja conhecida na lei do Estado-Membro requerido,
essa medida ou injunção, incluindo qualquer direito
que nela figure, deverá, na medida do possível, ser
adaptada a uma medida ou injunção prevista na lei
desse Estado-Membro
que tenha efeitos equivalentes e vise objetivos
semelhan
tes. Deverá caber a cada Estado-Membro determinar
como e por quem tal adaptação deverá ser efetuada.

(29) A execução direta, no Estado-Membro requerido, de


uma decisão proferida noutro Estado-Membro sem
declaração
de executoriedade não deverá comprometer o
respeito pelos direitos da defesa. Assim sendo, a
pessoa relativa mente à qual a execução é requerida
deverá poder reque rer a recusa de reconhecimento
ou de execução de uma decisão se considerar que se
verifica um dos fundamentos
de recusa do reconhecimento. Entre estes
fundamentos deverá figurar o facto de a pessoa não
ter podido asse gurar a sua defesa caso a decisão
tenha sido proferida à revelia numa ação cível ligada
a um procedimento penal. Deverão igualmente incluir-
se os fundamentos que pode riam ser invocados com
base num acordo entre o Estado-
-Membro requerido e um Estado terceiro celebrado
ao abrigo do artigo 59.o da Convenção de Bruxelas de
1968.

(30) A parte que conteste a execução de uma decisão


profe rida noutro Estado-Membro deverá, na medida do
possí vel, e de acordo com o sistema jurídico do
Estado-Mem bro requerido, poder invocar no mesmo
processo, além dos fundamentos de recusa previstos no
presente regula
mento, também os fundamentos de recusa previstos
na lei nacional e dentro dos prazos estabelecidos
nessa lei.
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(31) Em caso de contestação à execução de uma decisão, os


(37) A fim de garantir que as certidões a usar no quadro do
tribunais do Estado-Membro requerido deverão
poder, durante todo o processo relativo à contestação, reconhecimento ou da execução de decisões, os instru
incluindo mentos autênticos e as transações judiciais concluídas ao
abrigo do presente regulamento sejam atualizados, o
um eventual recurso, permitir a execução, embora res
tringindo-a ou impondo a constituição de uma garantia. po der de adotar atos nos termos do artigo 290. o do
TFUE deverá ser delegado na Comissão no que diz
respeito às alterações aos Anexos I e II do presente
regulamento. É particularmente importante que a
Comissão proceda às
(32) A fim de informar da execução de uma decisão consultas adequadas durante os trabalhos preparatórios,
proferida noutro Estado-Membro a pessoa contra a inclusive a nível de peritos. A Comissão, quando preparar
qual tal execu ção é requerida, a certidão passada ao e redigir atos delegados, deverá assegurar a transmissão
abrigo do presente regulamento, se necessário simultânea, atempada e adequada dos documentos rele
acompanhada da decisão, de verá ser notificada a essa vantes ao Parlamento Europeu e ao Conselho.
pessoa em tempo razoável antes da primeira medida de
execução. Neste contexto, deverá entender-se por
primeira medida de execução a primeira medida de
execução após aquela notificação.
(38) O presente regulamento respeita os direitos
fundamentais e observa os princípios consagrados na
Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia,
sobretudo o direito à ação e a um tribunal imparcial,
(33) Se medidas provisórias, incluindo medidas cautelares, fo previsto no artigo 47.o da Carta.
rem decididas por um tribunal competente para conhecer
do mérito da causa, a sua livre circulação deverá ser
garantida nos termos do presente regulamento. Todavia,
as medidas provisórias, incluindo as medidas cautelares,
impostas por esse tribunal sem que o requerido seja (39) Atendendo a que o objetivo do presente regulamento
notificado para comparecer não deverão ser reconhecidas não pode ser suficientemente alcançado pelos Estados-
ou executadas nos termos do presente regulamento, a -Membros e pode ser mais bem alcançado a nível da
menos que a decisão que contém a medida seja notifi União, a União pode adotar medidas em conformidade
cada ao requerido antes da execução. Tal não deverá com o princípio da subsidiariedade, consagrado no ar
obstar ao reconhecimento e execução dessas medidas tigo 5.o do Tratado da União Europeia (TUE). Em con
ao abrigo da lei nacional. Se medidas provisórias, in formidade com o princípio da proporcionalidade, consa
cluindo medidas cautelares, forem decididas por um grado no mesmo artigo, o presente regulamento
tri bunal de um Estado-Membro que não seja não excede o necessário para alcançar aquele
competente objetivo.
para conhecer do mérito da causa, os seus efeitos deverão
confinar-se, nos termos do presente regulamento, ao ter
ritório desse Estado-Membro.
(40) O Reino Unido e a Irlanda, nos termos do artigo 3.o
do Protocolo n.o 21 relativo à posição do Reino
Unido e da Irlanda, anexo ao TUE e ao então Tratado
(34) Para assegurar a continuidade entre a Convenção de Bru que Institui a
xelas de 1968, o Regulamento (CE) n. o 44/2001 e o Comunidade Europeia, participaram na adoção e aplica
presente regulamento, há que prever disposições transi ção do Regulamento (CE) n.o 44/2001. Nos termos do
tórias. A mesma continuidade deverá ser assegurada artigo 3.o do Protocolo n.o 21 relativo à posição do
no que diz respeito à interpretação, pelo Tribunal de Reino Unido e da Irlanda em relação ao espaço de
Justiça liber dade, segurança e justiça, anexo ao TUE e ao
da União Europeia, da Convenção de Bruxelas de 1968 TFUE, o
e dos regulamentos que a substituem. Reino Unido e a Irlanda notificaram a sua intenção de
participar na aprovação e na aplicação do presente
regu lamento.

(35) O respeito pelos compromissos internacionais subscritos


pelos Estados-Membros implica que o presente
regula mento não prejudique as convenções em que
são parte os Estados-Membros e que incidam sobre (41) Nos termos dos artigos 1.o e 2.o do Protocolo n.o 22
matérias espe cíficas. sobre a posição da Dinamarca, anexo ao TUE e ao
TFUE, a Dinamarca não participa na aprovação do
presente regulamento, não fica por ele vinculada
nem sujeita à
sua aplicação, sem prejuízo da possibilidade de a Dina
(36) Sem prejuízo das obrigações dos Estados-Membros marca aplicar as alterações ao Regulamento (CE)
de correntes dos Tratados, o presente regulamento n.o 44/2001, de acordo com o disposto no artigo 3. o
não de verá prejudicar a aplicação de convenções e do Acordo de 19 de outubro de 2005 entre a
acordos bi laterais entre Estados-Membros e países Comuni dade Europeia e o Reino da Dinamarca
terceiros celebra dos antes da data de entrada em vigor relativo à com petência judiciária, ao reconhecimento
do Regulamento e à execução de decisões em matéria civil e comercial
(1),
L 351/10 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
o Europeia
(CE) n. 44/2001 que abrangem matérias regidas pelo
presente regulamento. (1) JO L 299 de 16.11.2005, p. 62.
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ADOTARAM O PRESENTE REGULAMENTO:


abrange as medidas provisórias, incluindo as medidas caute
lares, impostas por esse tribunal sem que o requerido seja
notificado para comparecer a menos que a decisão que
con tém a medida seja notificada ao requerido antes da
CAPÍTULO I
execução;
ÂMBITO DE APLICAÇÃO E DEFINIÇÕES

Artigo 1.o
b) «Transação judicial», uma transação aprovada por um tribu
1. O presente regulamento aplica-se em matéria civil e co
nal de um Estado-Membro ou celebrada perante o
mercial, independentemente da natureza da jurisdição. Não
tribunal de um Estado-Membro no decurso do processo;
abrange, nomeadamente, as matérias fiscais, aduaneiras ou ad
ministrativas, nem a responsabilidade do Estado por atos ou
omissões no exercício da autoridade do Estado («acta jure
impe rii»).
c) «Instrumento autêntico», um documento exarado ou regis
tado como instrumento autêntico no Estado-Membro de
origem e cuja autenticidade:
2. O presente regulamento não se aplica:

i) se relacione com a assinatura e o conteúdo do


a) Ao estado e à capacidade jurídica das pessoas singulares instrumen to, e
ou aos regimes de bens do casamento ou de relações
que, de acordo com a lei que lhes é aplicável,
produzem efeitos comparáveis ao casamento;
ii) tenha sido confirmada por uma autoridade pública ou
outra autoridade habilitada para esse efeito;
b) Às falências, concordatas e processos análogos;

d) «Estado-Membro de origem», o Estado-Membro em que,


c) À segurança social; con soante o caso, a decisão tenha sido proferida, a
transação judicial aprovada ou celebrada ou o
instrumento autêntico formalmente exarado ou registado;

d) À arbitragem;

e) «Estado-Membro requerido», o Estado-Membro em que é


e) Às obrigações de alimentos decorrentes de uma relação in vocado o reconhecimento da decisão ou em que é
fa miliar, parentesco, casamento ou afinidade; requerida a execução da decisão, da transação judicial ou
do instru mento autêntico;

f) Aos testamentos e sucessões, incluindo as obrigações de


alimentos resultantes do óbito. f) «Tribunal de origem», o tribunal que tiver proferido a
decisão cujo reconhecimento é invocado ou, se for o
caso, cuja execução é requerida.

Artigo 2.o
Para efeitos do presente regulamento entende-se por:
Artigo 3.o
Para efeitos do presente regulamento, «tribunal» compreende
a) «Decisão», qualquer decisão proferida por um tribunal de as seguintes autoridades na medida em que tenham
um Estado-Membro, independentemente da designação que competência em matérias abrangidas pelo presente
lhe for dada, tal como acórdão, sentença, despacho regulamento:
judicial ou mandado de execução, bem como as decisões
de fixação do montante das custas do processo pela
secretaria do tribunal.
a) Na Hungria, em processos sumários de «injunção de
paga mento» (fizetési meghagyásos eljárás), o notário
(közjegyző);
Para efeitos do capítulo III, o termo «decisão» abrange as
medidas provisórias, incluindo as medidas cautelares, decidi
das por um tribunal que, por força do presente
regulamento, é competente para conhecer do mérito da b) Na Suécia, em processos sumários de «injunção de pagamen
causa. Não to» (betalningsföreläggande) e «pedidos de assistência» (han
dräckning), a Autoridade de Execução (Kronofogdemyndigheten).
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CAPÍTULO II ques tão será:


COMPETÊNCIA

SECÇÃO 1

Disposições gerais

Artigo 4.o
1. Sem prejuízo do disposto no presente regulamento, as
pessoas domiciliadas num Estado-Membro devem ser demanda
das, independentemente da sua nacionalidade, nos tribunais
desse Estado-Membro.

2. As pessoas que não possuam a nacionalidade do


Estado-
-Membro em que estão domiciliadas ficam sujeitas, nesse
Estado-
-Membro, às regras de competência aplicáveis aos nacionais.

Artigo 5.o
1. As pessoas domiciliadas num Estado-Membro só
podem ser demandadas nos tribunais de outro Estado-
Membro nos termos das regras enunciadas nas secções 2 a 7
do presente capítulo.

2. Em especial, as regras de competência nacionais notifica


das pelos Estados-Membros à Comissão nos termos do ar
tigo 76.o, n.o 1, alínea a), não se aplicam às pessoas a que
se refere o n.o 1.

Artigo 6.o
1. Se o requerido não tiver domicílio num Estado-Membro, a
competência dos tribunais de cada Estado-Membro é, sem
pre juízo do artigo 18.o, n.o 1, do artigo 21.o, n.o 2, e dos
artigos
24.o e 25.o, regida pela lei desse Estado-Membro.

2. Qualquer pessoa com domicílio num Estado-Membro po


de, independentemente da sua nacionalidade, invocar contra
um requerido que não tenha domicílio nesse Estado-Membro
as regras de competência que nele estejam em vigor,
nomeada
mente as notificadas pelos Estados-Membros à Comissão nos
termos do artigo 76.o, n.o 1, alínea a), do mesmo modo que os
nacionais desse Estado-Membro.

SECÇÃO 2

Competências especiais

Artigo 7.o
As pessoas domiciliadas num Estado-Membro podem ser de
mandadas noutro Estado-Membro:

1) a) Em matéria contratual, perante o tribunal do lugar


onde foi ou deva ser cumprida a obrigação em
questão;

b) Para efeitos da presente disposição e salvo convenção


em contrário, o lugar de cumprimento da obrigação em
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— no caso da venda de bens, o lugar num Estado-
Mem bro onde, nos termos do contrato, os bens
foram ou devam ser entregues,

— no caso da prestação de serviços, o lugar num


Estado-
-Membro onde, nos termos do contrato, os serviços
foram ou devam ser prestados;

c) Se não se aplicar a alínea b), será aplicável a alínea


a);

2) Em matéria extracontratual, perante o tribunal do lugar


onde ocorreu ou poderá ocorrer o facto danoso;

3) Se se tratar de ação de indemnização ou de ação de


resti tuição fundadas em infração penal, perante o
tribunal em que foi intentada a ação pública, na
medida em que, de acordo com a sua lei, esse tribunal
possa conhecer da ação cível;

4) Se se tratar de ação cível, fundada no direito de


propriedade, destinada à recuperação de um objeto
cultural na aceção do artigo 1.o, n.o 1, da Diretiva
93/7/CEE, intentada pela pessoa que reclama o direito
de recuperar um tal objeto, no tribunal do lugar em que
esteja situado o objeto no momento em que o tribunal
for demandado;

5) Se se tratar de um litígio relativo à exploração de uma


sucursal, de uma agência ou de qualquer outro
estabeleci mento, perante o tribunal do lugar em que
tal sucursal, agência ou estabelecimento se encontram;

6) Se se tratar de um litígio contra um fundador,


trustee ou beneficiário de um trust constituído, quer
nos termos da lei, quer por escrito ou por acordo
verbal confirmado por es
crito, nos tribunais do Estado-Membro onde o trust
tem o seu domicílio;

7) Se se tratar de um litígio relativo a reclamação sobre


remu neração devida por assistência ou salvamento de
que tenha beneficiado uma carga ou um frete, perante o
tribunal em cuja jurisdição essa carga ou frete:

a) Tenha sido arrestado para garantir esse pagamento;


ou

b) Poderia ter sido arrestado, para esse efeito, se não


tivesse sido prestada caução ou outra garantia,

desde que a presente disposição só se aplique caso se


alegue que o requerido tem direito sobre a carga ou
frete ou que tinha tal direito no momento daquela
assistência ou salva mento.
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Artigo 8.o c) Tratando-se de um cossegurador, no tribunal de um


Estado-
Uma pessoa com domicílio no território de um Estado-Membro -Membro onde tiver sido intentada ação contra o
pode também ser demandada: segurador principal.

1) Se houver vários requeridos, perante o tribunal do domicílio


de qualquer um deles, desde que os pedidos estejam
ligados entre si por um nexo tão estreito que haja
interesse em que
sejam instruídos e julgados simultaneamente para evitar de
cisões que poderiam ser inconciliáveis se as causas fossem
julgadas separadamente;

2) Se se tratar de chamamento de um garante à ação ou de


qualquer incidente de intervenção de terceiros, no
tribunal
onde foi intentada a ação principal, salvo se esta tiver sido
proposta apenas com o intuito de subtrair o terceiro à
ju risdição do tribunal que seria competente nesse
caso;

3) Se se tratar de um pedido reconvencional que derive


do contrato ou do facto em que se fundamenta a ação
principal, no tribunal onde esta última estiver
pendente;

4) Em matéria contratual, se a ação puder ser apensada a


uma ação em matéria de direitos reais sobre imóveis
dirigida contra o mesmo requerido, no tribunal do
Estado-Membro em cujo território está situado o imóvel.

Artigo 9.o
Se, por força do presente regulamento, um tribunal de um
Estado-Membro for competente para conhecer das ações relati
vas a responsabilidade decorrente da utilização ou da
exploração de um navio, esse tribunal, ou qualquer outro que,
segundo a lei interna do mesmo Estado-Membro, se lhe
substitua, será tam
bém competente para conhecer dos pedidos relativos à
limita
ção daquela responsabilidade.

SECÇÃO 3
Competência em matéria de seguros

Artigo 10.o
Em matéria de seguros, a competência é determinada pela
pre sente secção, sem prejuízo do disposto no artigo 6. o e
no artigo 7.o, ponto 5.

Artigo 11.o
1. O segurador domiciliado no território de um Estado-Mem
bro pode ser demandado:

a) Nos tribunais do Estado-Membro em que tiver domicílio;

b) Noutro Estado-Membro, em caso de ações intentadas pelo


tomador de seguro, o segurado ou um beneficiário, no tri
bunal do lugar em que o requerente tiver o seu domicílio;
ou
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/15
2. O segurador que, não tendo domicílio num Europeia
Estado-
Mem bro, possua sucursal, agência ou qualquer outro
estabelecimento num Estado-Membro será considerado,
quanto aos litígios rela tivos à exploração de tal sucursal,
agência ou estabelecimento, como tendo domicílio nesse
Estado-Membro.

Artigo 12.o
O segurador pode também ser demandado no tribunal do
lugar onde o facto danoso ocorreu quando se trate de um
seguro de responsabilidade civil ou de um seguro que tenha
por objeto bens imóveis. Aplica-se a mesma regra caso se
trate de um seguro que incida simultaneamente sobre bens
móveis e imóveis cobertos pela mesma apólice e atingidos
pelo mesmo sinistro.

Artigo 13.o
1. Em matéria de seguros de responsabilidade civil, o
segu rador pode também ser chamado à ação no processo
intentado pelo lesado contra o segurado, desde que a lei
desse tribunal o permita.

2. O disposto nos artigos 10.o, 11.o e 12.o aplica-se no caso


de ação intentada pelo lesado diretamente contra o
segurador, desde que tal ação direta seja possível.

3. Se o direito aplicável a essa ação direta previr o


incidente do chamamento do tomador do seguro ou do
segurado, o mesmo tribunal será igualmente competente
quanto a eles.

Artigo 14.o
1. Sem prejuízo do disposto no artigo 13.o, n.o 3, o segura
dor só pode intentar uma ação nos tribunais do Estado-
Membro em que estiver domiciliado o requerido, quer este
seja tomador do seguro, segurado ou beneficiário.

2. O disposto na presente secção não prejudica o direito


de formular um pedido reconvencional no tribunal em que,
nos termos da presente secção, tiver sido intentada a ação
principal.

Artigo 15.o
As partes só podem derrogar ao disposto na presente secção
por acordos que:

1) Sejam posteriores ao surgimento do litígio;

2) Permitam ao tomador do seguro, ao segurado ou ao


bene ficiário recorrer a tribunais que não sejam os
indicados na presente secção;

3) Sejam celebrados entre um tomador do seguro e um


segu rador, ambos com domicílio ou residência habitual
num mesmo Estado-Membro no momento da celebração
do con trato, e tenham por efeito atribuir competência aos
tribunais desse Estado-Membro, mesmo que o facto danoso
ocorra no
estrangeiro, salvo se a lei desse Estado-Membro não
permitir tais acordos; ou
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4) Sejam celebrados por um tomador do seguro que não


SECÇÃO 4
tenha domicílio num Estado-Membro, salvo se se tratar
de um seguro obrigatório ou relativo a imóvel sito num Competência em matéria de contratos de consumo
Estado-
-Membro; ou Artigo 17.o
1. Em matéria de contrato celebrado por uma pessoa, o
consumidor, para finalidade que possa ser considerada estranha
5) Digam respeito a um contrato de seguro que cubra um ou à sua atividade comercial ou profissional, a competência é
mais dos riscos enumerados no artigo 16.o. de
terminada pela presente secção, sem prejuízo do disposto no
artigo 6.o e no artigo 7.o, ponto 5, se se tratar de:
Artigo 16.o
Os riscos a que se refere o artigo 15.o, ponto 5, são os
seguin tes: a) Contrato de compra e venda, a prestações, de bens móveis
corpóreos;

1) Qualquer dano:
b) Contrato de empréstimo reembolsável em prestações, ou
outra forma de crédito concedido para financiamento da
a) Em navios de mar, em instalações ao largo da costa venda de tais bens; ou
ou no alto mar ou em aeronaves, causado por eventos
rela cionados com a sua utilização para fins
comerciais;
c) Em todos os outros casos, contrato celebrado com uma
pessoa com atividade comercial ou profissional no
Estado-
b) Em mercadorias que não sejam bagagens dos passageiros, -Membro do domicílio do consumidor ou que dirija essa
durante um transporte total ou parcialmente realizado atividade, por quaisquer meios, a esse Estado-Membro ou
por aqueles navios ou aeronaves. a vários Estados incluindo esse Estado-Membro, desde
que o contrato seja abrangido por essa atividade.

2) Qualquer responsabilidade, com exceção da relativa aos


da nos corporais dos passageiros ou à perda ou aos danos
2. Caso o consumidor celebre um contrato com uma
nas suas bagagens:
con traparte que, não tendo domicílio no território de um
Estado-
-Membro, possua uma sucursal, agência ou outro estabeleci
a) Resultante da utilização ou da exploração dos navios, mento num Estado-Membro, essa contraparte é considerada,
instalações ou aeronaves a que se refere o ponto 1, quanto aos litígios relativos à exploração de tal sucursal, agência
alínea a), desde que, no que respeita a estas últimas, a ou estabelecimento, como tendo domicílio no território desse
lei do Estado-Membro de matrícula da aeronave não Estado-Membro.
proíba as cláusulas atributivas de jurisdição no seguro de
tais riscos;

3. A presente secção não se aplica ao contrato de


b) Pela perda ou pelos danos causados em mercadorias transporte, com exceção dos contratos de fornecimento de
du rante um transporte nos termos do ponto 1, alínea uma combina ção de viagem e alojamento por um preço
b). global.

3) Qualquer perda pecuniária relacionada com a utilização ou a Artigo 18.o


exploração dos navios, instalações ou aeronaves a que se
refere o ponto 1, alínea a), nomeadamente a perda do 1. O consumidor pode intentar uma ação contra a outra
frete ou do benefício do afretamento. parte no contrato, quer nos tribunais do Estado-Membro
onde estiver domiciliada essa parte, quer no tribunal do
lugar onde o consumidor tiver domicílio, independentemente
do domicílio da outra parte.
4) Qualquer risco ou interesse relacionado com um dos
indica dos nos pontos 1 a 3.

2. A outra parte no contrato só pode intentar uma ação


contra o consumidor nos tribunais do Estado-Membro em
5) Não obstante o disposto nos pontos 1 a 4, todos os «gran
cujo território estiver domiciliado o consumidor.
des riscos» definidos na Diretiva 2009/138/CE do Parla
mento Europeu e do Conselho, de 25 de novembro de
2009, relativa ao acesso à atividade de seguros e
resseguros e ao seu exercício (Solvência II) (1). 3. O presente artigo não prejudica o direito de formular
um pedido reconvencional no tribunal em que, nos termos
(1) JO L 335 de 17.12.2009, p. 1. da pre sente secção, tiver sido intentada a ação principal.
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/17
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Artigo 19.o 2. Uma entidade patronal não domiciliada num Estado-


As partes só podem derrogar ao disposto na presente secção Mem bro pode ser demandada nos tribunais de um Estado-
por acordos que: Membro nos termos do n.o 1, alínea b).

1. Sejam posteriores ao surgimento do litígio; Artigo 22.o


1. A entidade patronal só pode intentar uma ação nos tri
bunais do Estado-Membro em que o trabalhador tiver domicílio.
2. Permitam ao consumidor recorrer a tribunais que não sejam
os indicados na presente secção; ou
2. O disposto na presente secção não prejudica o direito
de formular um pedido reconvencional no tribunal em que,
3. Sejam celebrados entre o consumidor e o seu nos termos da presente secção, tiver sido intentada a ação
cocontratante, ambos com domicílio ou residência principal.
habitual, no momento da celebração do contrato, num
mesmo Estado-Membro, e atribuam competência aos
tribunais desse Estado-Membro, salvo se a lei desse Estado- Artigo 23.o
Membro não permitir tais acordos.
As partes só podem derrogar ao disposto na presente secção
por acordos que:
SECÇÃO 5

Competência em matéria de contratos individuais de trabalho 1) Sejam posteriores ao surgimento do litígio; ou


Artigo 20.o
1. Em matéria de contrato individual de trabalho, a 2) Permitam ao trabalhador recorrer a tribunais que não sejam
compe tência é determinada pela presente secção, sem os indicados na presente secção.
prejuízo do disposto no artigo 6. o, no artigo 7.o, ponto 5, e, no
caso de ação intentada contra a entidade patronal, no artigo
8.o, ponto 1. SECÇÃO 6

Competências exclusivas
2. Se um trabalhador celebrar um contrato individual de
Artigo 24.o
trabalho com uma entidade patronal que não tenha domicílio
num Estado-Membro mas tenha uma filial, agência ou outro Têm competência exclusiva os seguintes tribunais de um Esta
estabelecimento num Estado-Membro, considera-se, quanto aos do-Membro, independentemente do domicílio das partes:
litígios resultantes do funcionamento dessa filial, agência ou
estabelecimento, que a entidade patronal tem o seu domicílio
nesse Estado-Membro. 1) Em matéria de direitos reais sobre imóveis e de arrenda
mento de imóveis, os tribunais do Estado-Membro onde
se situa o imóvel.
Artigo 21.o
1. Uma entidade patronal domiciliada num Estado-Membro Todavia, em matéria de contratos de arrendamento de
pode ser demandada: imó veis celebrados para uso pessoal temporário por um
período máximo de seis meses consecutivos, são
igualmente compe tentes os tribunais do Estado-Membro
a) Nos tribunais do Estado-Membro em que tiver domicílio; onde o requerido tiver domicílio, desde que o arrendatário
ou seja uma pessoa singular
e o proprietário e o arrendatário tenham domicílio no
mesmo Estado-Membro.
b) Noutro Estado-Membro:

2) Em matéria de validade da constituição, de nulidade ou


i) no tribunal do lugar onde ou a partir do qual o de dissolução de sociedades ou de outras pessoas coletivas
traba lhador efetua habitualmente o seu trabalho, ou ou associações de pessoas singulares ou coletivas, ou de
validade das decisões dos seus órgãos, os tribunais do
no tribu nal do lugar onde efetuou mais recentemente
Estado-Membro em que a sociedade, pessoa coletiva ou
o seu tra balho, ou
associação tiverem a sua sede. Para determinar essa sede, o
tribunal aplica as suas regras de direito internacional
privado.
ii) se o trabalhador não efetua ou não efetuava
habitual mente o seu trabalho num único país, no
tribunal do lugar onde se situa ou se situava o 3) Em matéria de validade de inscrições em registos
estabelecimento que contratou o trabalhador. públicos, os tribunais do Estado-Membro em que esses
registos sejam conservados.
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4) Em matéria de registo ou validade de patentes, marcas, dese compe tência exclusiva para conhecer da ação contra um
nhos e modelos e outros direitos análogos sujeitos a depó fundador, um
sito ou a registo, independentemente de a questão ser
sus citada por via de ação ou por via de exceção, os
tribunais do
Estado-Membro onde o depósito ou o registo tiver sido
requerido, efetuado ou considerado efetuado nos termos
de um instrumento da União ou de uma convenção
internacio nal.

Sem prejuízo da competência do Instituto Europeu de Pa


tentes ao abrigo da Convenção relativa à Emissão de
Patentes Europeias, assinada em Munique em 5 de
outubro de 1973, os tribunais de cada Estado-Membro são
os únicos compe
tentes em matéria de registo ou de validade das patentes
europeias emitidas para esse Estado-Membro.

5) Em matéria de execução de decisões, os tribunais do


Estado-
-Membro do lugar da execução.

SECÇÃO 7

Extensão de competência

Artigo 25.o
1. Se as partes, independentemente do seu domicílio,
tiverem convencionado que um tribunal ou os tribunais de
um Estado-
-Membro têm competência para decidir quaisquer litígios
que tenham surgido ou que possam surgir de uma
determinada relação jurídica, esse tribunal ou esses tribunais
terão compe tência, a menos que o pacto seja, nos termos da
lei desse Estado-Membro, substantivamente nulo. Essa
competência é ex clusiva, salvo acordo das partes em contrário.
O pacto atributivo de jurisdição deve ser celebrado:

a) Por escrito ou verbalmente com confirmação escrita;

b) De acordo com os usos que as partes tenham estabelecido


entre si; ou

c) No comércio internacional, de acordo com os usos que as


partes conheçam ou devam conhecer e que, em tal
comércio,
sejam amplamente conhecidos e regularmente
observados pelas partes em contratos do mesmo tipo, no
ramo comer cial concreto em questão.

2. Qualquer comunicação por via eletrónica que permita um


registo duradouro do pacto equivale à «forma escrita».

3. O tribunal ou os tribunais de um Estado-Membro a que


o ato constitutivo de um trust atribuir competência têm
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/19
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trustee ou um beneficiário do trust, se se tratar de relações
entre essas pessoas ou dos seus direitos ou obrigações no
âmbito do trust.

4. Os pactos atributivos de jurisdição bem como as


estipu lações similares de atos constitutivos de trusts não
produzem efeitos se forem contrários ao disposto nos
artigos 15.o, 19.o ou 23.o, ou se os tribunais cuja
competência pretendam afastar tiverem competência
exclusiva por força do artigo 24.o.

5. Os pactos atributivos de jurisdição que façam parte


de um contrato são tratados como acordo independente
dos outros termos do contrato.

A validade dos pactos atributivos de jurisdição não pode


ser contestada apenas com o fundamento de que o
contrato não é válido.

Artigo 26.o
1. Para além dos casos em que a competência resulte
de outras disposições do presente regulamento, é
competente o tribunal de um Estado-Membro no qual o
requerido compareça. Esta regra não é aplicável se a
comparência tiver como único objetivo arguir a
incompetência ou se existir outro tribunal com
competência exclusiva por força do artigo 24.o.

2. Nas matérias abrangidas pelas secções 3, 4 e 5,


caso o requerido seja o tomador do seguro, o segurado, o
beneficiário do contrato de seguro, o lesado, um
consumidor ou um traba lhador, o tribunal, antes de se
declarar competente ao abrigo do
n.o 1, deve assegurar que o requerido seja informado do
seu direito de contestar a competência do tribunal e das
consequên cias de comparecer ou não em juízo.

SECÇÃO 8

Verificação da competência e da admissibilidade

Artigo 27.o
O tribunal de um Estado-Membro no qual seja instaurada,
a título principal, uma ação relativamente à qual tenha
competên cia exclusiva o tribunal de outro Estado-
Membro por força do artigo 24.o, deve declarar-se
oficiosamente incompetente

Artigo 28.o
1. Caso o requerido domiciliado num Estado-Membro
seja demandado no tribunal de outro Estado-Membro e
não com pareça em juízo, o juiz deve declarar-se
oficiosamente incom petente, salvo se a sua competência
resultar do disposto no presente regulamento.
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2. O tribunal suspende a instância enquanto não se


verificar que foi dada ao requerido a oportunidade de receber (1) JO L 324 de 10.12.2007, p. 79.
o docu mento que iniciou a instância, ou documento
equivalente, em tempo útil para providenciar pela sua
defesa, ou enquanto não
se verificar que foram efetuadas todas as diligências necessárias
para o efeito.

3. É aplicável o artigo 19.o do Regulamento (CE)


n.o 1393/2007 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13
de novembro de 2007, relativo à citação e à notificação dos
atos judiciais e extrajudiciais em matérias civil e comercial nos
Esta
dos-Membros (citação e notificação de atos) (1), em vez do n.o
2 do presente artigo, se o documento que iniciou a instância,
ou documento equivalente, tiver sido transmitido por um
Estado-
-Membro a outro por força daquele regulamento.

4. Caso não seja aplicável o Regulamento (CE)


n.o 1393/2007, aplica-se o artigo 15. o da Convenção da Haia,
de 15 de novembro de 1965, relativa à citação e à notificação
no estrangeiro dos atos judiciais e extrajudiciais em matérias
civil e comercial, se o documento que iniciou a instância, ou
documento equivalente, tiver sido transmitido ao estrangeiro
por força daquela convenção.

SECÇÃO 9

Litispendência e conexão

Artigo 29.o
1. Sem prejuízo do disposto no artigo 31.o, n.o 2,
quando ações com a mesma causa de pedir e entre as
mesmas partes
forem submetidas à apreciação de tribunais de diferentes Esta
dos-Membros, qualquer tribunal que não seja o tribunal deman
dado em primeiro lugar deve suspender oficiosamente a ins
tância até que seja estabelecida a competência do tribunal
de mandado em primeiro lugar.

2. Nos casos referidos no n.o 1, a pedido de um tribunal a


que ação tenha sido submetida, qualquer outro tribunal deman
dado deve informar o primeiro tribunal, sem demora, da
data em que ação lhe foi submetida nos termos do artigo
32.o.

3. Caso seja estabelecida a competência do tribunal


deman dado em primeiro lugar, o segundo tribunal deve
declarar-se incompetente em favor daquele tribunal.

Artigo 30.o
1. Se estiverem pendentes ações conexas em tribunais de
diferentes Estados-Membros, todos eles podem suspender a ins
tância, com exceção do tribunal demandado em primeiro lugar.

2. Se a ação intentada no tribunal demandado em


primeiro lugar estiver pendente em primeira instância,
qualquer outro tribunal pode igualmente declarar-se
incompetente, a pedido
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/21
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de uma das partes, se o tribunal demandado em primeiro é a primeira autoridade a receber o documento a notificar.
lugar for competente para as ações em questão e a sua lei
permitir a respetiva apensação.

3. Para efeitos do presente artigo, consideram-se conexas as


ações ligadas entre si por um nexo tão estreito que haja
inte resse em que sejam instruídas e julgadas em
conjunto para
evitar decisões eventualmente inconciliáveis se as causas
fossem julgadas separadamente.

Artigo
31.o
1. Se as ações forem da competência exclusiva de vários
tribunais, todos eles devem declarar-se incompetentes em
favor do tribunal demandado em primeiro lugar.

2. Sem prejuízo do artigo 26.o, se for demandado um


tribu nal de um Estado-Membro ao qual é atribuída
competência exclusiva por um pacto referido no artigo 25. o,
os tribunais dos outros Estados-Membros devem suspender a
instância até ao momento em que o tribunal demandado
com base nesse pacto declare que não é competente for
força do mesmo.

3. Se o tribunal designado no pacto se atribuir


competência por força desse pacto, os tribunais dos outros
Estados-Membros devem declarar-se incompetentes a favor
desse tribunal.

4. Os n.os 2 e 3 não se aplicam às matérias regidas


pelas secções 3, 4 e 5 caso o requerente seja o tomador
do seguro, o segurado, um beneficiário do contrato de
seguro, o lesado, um consumidor ou um trabalhador e o
pacto não seja válido nos termos de disposição constante
daquelas secções.

Artigo
32.o
1. Para efeitos da presente secção, considera-se que a ação
foi submetida à apreciação do tribunal:

a) No momento em que for apresentado ao tribunal o


docu mento que dá início à instância, ou documento
equivalente, desde que o requerente tenha tomado
posteriormente as medidas que lhe incumbem para que o
requerido seja citado; ou

b) Se o documento tiver de ser notificado antes de ser


apresen tado a tribunal, no momento em que for
recebido pela autoridade responsável pela notificação,
desde que o reque rente tenha tomado posteriormente as
medidas que lhe in cumbem para que o documento
seja junto ao processo.

A autoridade responsável pela notificação prevista na alínea b)


L 351/22 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
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2. Os tribunais ou as autoridades responsáveis pela notifica país terceiro, o tribunal do Estado Membro pode suspender a
ção prevista no n.o 1 registam, respetivamente, a data de
instância se:
apre sentação do documento que dá início à instância ou
documento
equivalente ou a data da receção dos documentos a notificar.
a) Houver interesse em que as ações conexas sejam instruídas e
julgadas em conjunto para evitar decisões que poderiam
ser inconciliáveis se as causas fossem julgadas
Artigo 33.o separadamente;
1. Se a competência se basear nos artigos 4.o, 7.o, 8.o ou 9.o
e estiver pendente uma ação num tribunal de um país
terceiro no momento em que é demandado o tribunal de um b) For previsível que o tribunal do país terceiro tome uma
Estado- decisão passível de reconhecimento e, se for caso disso, de
-Membro numa ação com a mesma causa de pedir e entre as execução nesse Estado Membro; e
mesmas partes que a ação no tribunal do país terceiro, o tri
bunal do Estado-Membro pode suspender a instância se:

c) O tribunal do Estado-Membro estiver convencido de que


a suspensão da instância é necessária para uma correta
a) For previsível que o tribunal do país terceiro profira uma admi nistração da justiça.
decisão passível de ser reconhecida e, consoante os casos,
executada no Estado-Membro em causa; e
2. O tribunal do Estado-Membro pode dar continuação ao
processo a qualquer momento se:
b) O tribunal do Estado-Membro estiver convencido de que
a suspensão da instância é necessária para a correta
adminis tração da justiça.
a) Considerar que deixou de haver risco de decisões
inconciliá veis;

2. O tribunal do Estado-Membro pode dar continuação ao


processo a qualquer momento se:
b) A instância no tribunal do país terceiro tiver sido
suspensa ou encerrada;

a) A instância no tribunal do país terceiro tiver sido


suspensa ou encerrada; c) Considerar improvável que a ação intentada no tribunal
do país terceiro se conclua num prazo razoável; ou

b) O tribunal do Estado-Membro considerar improvável que


a ação no tribunal do país terceiro se conclua num prazo d) For necessário dar continuação ao processo para garantir
razoável; ou a correta administração da justiça.

c) For necessário dar continuação ao processo para garantir 3. O tribunal do Estado-Membro pode encerrar a instância se
a correta administração da justiça. a ação intentada no tribunal do país terceiro tiver sido concluída
e resultar numa decisão passível de reconhecimento e, se for
caso disso, de execução nesse Estado-Membro.
3. O tribunal do Estado-Membro encerra a instância se a
ação no tribunal do país terceiro tiver sido concluída e
resultar numa decisão passível de reconhecimento e, se for 4. O tribunal do Estado-Membro aplica o presente artigo a
caso disso, de execução nesse Estado-Membro. pedido de qualquer das partes ou, caso a lei nacional o
permita, oficiosamente.

4. O tribunal do Estado-Membro aplica o presente artigo a


pedido de qualquer das partes ou, caso a lei nacional o SECÇÃO 10
permita, oficiosamente. Medidas provisórias e cautelares

Artigo 35.o
Artigo 34.o As medidas provisórias, incluindo as medidas cautelares, previs
o o o o tas na lei de um Estado-Membro podem ser requeridas às au
1. Se a competência se basear nos artigos 4. , 7. , 8. ou 9.
e estiver pendente uma ação no tribunal de um país terceiro toridades judiciais desse Estado-Membro, mesmo que os tribu
no momento em que é demandado o tribunal de um Estado- nais de outro Estado-Membro sejam competentes para conhecer
do mérito da causa.
Mem bro numa ação conexa com a ação intentada no
tribunal do
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/23
Europeia

CAPÍTULO III fundamentos.


RECONHECIMENTO E EXECUÇÃO

SECÇÃO 1

Reconhecimento

Artigo 36.o
1. As decisões proferidas num Estado-Membro são reconhe
cidas nos outros Estados-Membros sem quaisquer
formalidades.

2. Quaisquer partes interessadas podem, nos termos da Sub


secção 2 da Secção 3, requerer uma decisão que declare
não haver motivos para recusar o reconhecimento, nos
termos do artigo 45.o.

3. Se o resultado de uma ação intentada no tribunal de um


Estado-Membro depender da decisão de um incidente de recusa
de reconhecimento, será o mesmo tribunal competente para
conhecer do incidente.

Artigo 37.o
1. As partes que pretendam invocar num Estado-Membro
uma decisão proferida noutro Estado-Membro devem apresen
tar:

a) Uma cópia da decisão que satisfaça as condições necessárias


para atestar a sua autenticidade; e

b) Uma certidão emitida nos termos do artigo 53.o.

2. O tribunal ou autoridade perante a qual seja invocada uma


decisão proferida noutro Estado-Membro pode, se necessário,
requerer que a parte que a invoca lhe forneça, nos termos do
artigo 57.o, uma tradução ou transliteração do conteúdo da
certidão referida no n.o 1, alínea b). Se o tribunal ou
autoridade em causa não puder dar seguimento ao processo
sem que a
própria decisão seja traduzida, poderá exigir da parte essa
tra
dução, em vez da tradução do conteúdo da certidão.

Artigo 38.o
O tribunal ou autoridade perante a qual seja invocada uma
decisão proferida noutro Estado-Membro pode suspender total
ou parcialmente a instância se:

a) A decisão for impugnada no Estado-Membro de origem;


ou

b) For apresentado um pedido de decisão que determine não


haver fundamentos para recusar o reconhecimento nos
ter mos do artigo 45.o, ou de decisão que determine a
recusa do reconhecimento com base num desses
L 351/24 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
SECÇÃO 2
Europeia

Execução

Artigo 39.o
Uma decisão proferida num Estado-Membro que aí tenha força
executória pode ser executada noutro Estado-Membro sem que
seja necessária qualquer declaração de executoriedade.

Artigo 40.o
As decisões executórias implicam, de pleno direito, o poder
de tomar quaisquer medidas cautelares que existam nos
termos da lei do Estado-Membro requerido.

Artigo 41.o
1. Sem prejuízo do disposto na presente secção, o
processo de execução de decisões proferidas noutro Estado-
Membro rege-
-se pela lei do Estado-Membro requerido. Uma decisão
proferida num Estado-Membro que seja executória no
Estado-Membro requerido deve nele ser executada em
condições iguais às de uma decisão proferida nesse Estado-
Membro.

2. Não obstante o disposto no n.o 1, os fundamentos


de recusa ou suspensão da execução previstos na lei do
Estado-
-Membro requerido são aplicáveis desde que não sejam
incom
patíveis com os fundamentos referidos no artigo 45.o.

3. A parte que requer a execução de uma decisão


proferida noutro Estado-Membro não é obrigada a ter um
endereço postal
no Estado-Membro requerido. Essa parte também não é
obri gada a ter um representante autorizado no Estado-
Membro re querido, salvo se a existência de um tal
representante for obri gatória independentemente da
nacionalidade ou do domicílio
das partes.

Artigo 42.o
1. Para efeitos da execução num Estado-Membro de uma
decisão proferida noutro Estado-Membro, o requerente
deve facultar às autoridades de execução competentes:

a) Uma cópia da decisão que satisfaça as condições necessárias


para atestar a sua autenticidade; e

b) Uma certidão emitida nos termos do artigo 53. o que com


prove que a decisão é executória e inclua um extrato
da decisão, bem como, se for caso disso, informações
relevantes sobre os custos processuais reembolsáveis e o
cálculo dos juros.
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/25
Europeia

2. Para efeitos da execução num Estado-Membro de uma


não sejam medidas cautelares enquanto essa tradução não tiver
decisão proferida noutro Estado-Membro que decrete medidas
sido facultada à pessoa contra a qual é requerida a execução.
provisórias, incluindo medidas cautelares, o requerente deve
facultar às autoridades de execução competentes:

O presente número não se aplica caso a decisão já tenha sido


a) Uma cópia da decisão que satisfaça as condições necessárias notificada à pessoa contra a qual é requerida a execução
para atestar a sua autenticidade; numa das línguas a que se refere o primeiro parágrafo ou
acompa nhada de uma tradução para uma dessas línguas.

b) Uma certidão emitida nos termos do artigo 53.o que


conte nha uma descrição da medida e ateste que: 3. O presente artigo não se aplica à execução de medidas
cautelares no âmbito de uma decisão ou quando a pessoa que
requer a execução requer igualmente medidas cautelares ao
i) o tribunal é competente para conhecer do mérito da abrigo do artigo 40.o.
causa,

Artigo 44.o
ii) a decisão é executória no Estado-Membro de origem; e
1. Caso seja apresentado um pedido de recusa da
execução de uma decisão nos termos da Subsecção 2 da
c) Se a medida tiver sido decretada sem que o requerido Secção 3, o tribunal do Estado-Membro requerido pode, a
tenha sido notificado para comparecer, o comprovativo da pedido da pessoa contra a qual é requerida a execução:
notifi cação da decisão.

a) Limitar o processo de execução a medidas cautelares;


3. A autoridade de execução competente pode, se necessário,
exigir que o requerente apresente, nos termos do artigo 57. o,
uma tradução ou transliteração do conteúdo da certidão. b) Subordinar a execução à constituição de uma garantia que
determinará; ou

4. A autoridade de execução competente só pode exigir ao


requerente uma tradução da própria decisão se sem ela
c) Suspender total ou parcialmente o processo de execução.
não puder dar seguimento ao processo.

Artigo 43.o 2. A pedido da pessoa contra a qual é requerida a


execução, a autoridade competente do Estado-Membro
1. Se for requerida a execução de uma decisão proferida requerido suspende o processo de execução se a
noutro Estado-Membro, a certidão emitida nos termos do ar executoriedade da decisão for suspensa no Estado-Membro
tigo 53.o é notificada à pessoa contra a qual a execução é de origem.
requerida antes da primeira medida de execução. A certidão
deve ser acompanhada da decisão se esta ainda não tiver sido
notificada a essa pessoa.
SECÇÃO 3

Recusa de reconhecimento e execução


2. Se a pessoa contra a qual é requerida a execução tiver
domicílio num Estado-Membro que não seja o Estado-Membro Subsecção 1
de origem, pode requerer a tradução da decisão, a fim de
con testar a execução, se esta não estiver escrita ou Recusadereconhecimento
acompanhada de
uma tradução numa das seguintes línguas: Artigo 45.o
1. A pedido de qualquer interessado, o reconhecimento de
uma decisão é recusado se:
a) Uma língua que a pessoa contra a qual é requerida a
execu ção entenda; ou
a) Esse reconhecimento for manifestamente contrário à ordem
pública do Estado-Membro requerido;
b) A língua oficial do Estado-Membro em que essa pessoa
está domiciliada ou, caso existam várias línguas oficiais
nesse Estado-Membro, a língua oficial ou as línguas
oficiais do lugar onde a pessoa tem domicílio. b) Caso a decisão tenha sido proferida à revelia, o
documento que iniciou a instância – ou documento
equivalente – não tiver sido citado ou notificado ao
Se a tradução da decisão for requerida nos termos do requerido revele, em tempo útil e de modo a permitir-lhe
primeiro parágrafo, não poderão ser tomadas medidas de deduzir a sua defesa, a menos
execução que que o requerido não tenha interposto recurso contra a
deci
são tendo embora a possibilidade de o fazer;
L 351/26 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia

c) A decisão for inconciliável com uma decisão proferida no


3. O requerente deve apresentar ao tribunal uma cópia da
Estado-Membro requerido entre as mesmas partes;
decisão e, se necessário, uma tradução ou transliteração da
mesma.

d) A decisão for inconciliável com uma decisão


anteriormente proferida noutro Estado-Membro ou num
Estado terceiro entre as mesmas partes, em ação com a O tribunal pode dispensar a apresentação dos documentos
mesma causa de re feridos no primeiro parágrafo se já os tiver na sua posse
pedir, desde que a decisão proferida anteriormente reúna as ou se considerar que não é razoável exigir que o requerente
condições necessárias para ser reconhecida no Estado-Mem os apre sente. Neste último caso, o tribunal pode exigir que a
bro requerido; outra parte apresente os referidos documentos.

e) A decisão desrespeitar: 4. A parte que requer a recusa de execução de uma


decisão proferida noutro Estado-Membro não é obrigada a
ter um en dereço postal no Estado-Membro requerido. Essa
i) o disposto no Capítulo II, Secções 3, 4 ou 5, caso o parte também não é obrigada a ter um representante
requerido seja o tomador do seguro, o segurado, um autorizado no Estado-
beneficiário do contrato de seguro, o lesado, um consu -Membro requerido, salvo se tal representante for
midor ou um trabalhador, ou obrigatório independentemente da nacionalidade ou do
domicílio das par tes.

ii) o disposto no Capítulo II, Secção 6.


Artigo 48.o
O tribunal decide sem demora do pedido de recusa de execução.
2. Na sua apreciação dos critérios de competência
referidos no n.o 1, alínea e), o tribunal a quem foi
apresentado o pedido fica vinculado à matéria de facto em
que o tribunal de origem fundamentou a sua competência. Artigo 49.o
1. Qualquer das partes pode interpor recurso da decisão
so bre o pedido de recusa de execução.
3. Sem prejuízo do disposto no n. o 1, alínea e), não
pode proceder-se à revisão da competência do tribunal de
origem. O critério da ordem pública referido no n.o 1, alínea
a), não pode ser aplicado às regras de competência. 2. O recurso deve ser interposto no tribunal do Estado-Mem
bro que por este tenha sido comunicado à Comissão, nos ter
mos do artigo 75.o, alínea b), como sendo o tribunal no
4. O pedido de recusa de reconhecimento deve ser qual o recurso deve ser interposto.
apresen tado nos termos da Subsecção 2, e, se for caso disso,
da Secção 4.
Artigo 50.o

Subsecção 2 A decisão proferida no recurso só pode ser contestada por


novo recurso se o tribunal para o qual deva ser interposto o
Recusadeexecução recurso subsequente tiver sido comunicado à Comissão pelo
Estado-
Artigo 46.o -Membro em causa nos termos do artigo 75.o, alínea c).
A pedido da pessoa contra a qual é requerida a execução,
a execução de uma decisão é recusada por qualquer dos
funda mentos referidos no artigo 45.o. Artigo 51.o
1. O tribunal a que é apresentado um pedido de recusa de
o
execução ou que conhece de um recurso interposto nos
Artigo 47. termos dos artigos 49.o ou 50.o pode suspender a instância, se
1. O pedido de recusa de execução deve ser apresentado tiver sido interposto recurso ordinário contra a decisão no
ao tribunal do Estado-Membro que por este tenha sido Estado-
comunicado à Comissão, nos termos do artigo 75.o, alínea a), -Membro de origem ou se o prazo para o interpor não
como sendo o tribunal em que o pedido deve ser tiver expirado. Neste último caso, o tribunal pode fixar
apresentado. um prazo para a interposição do recurso.

2. Na medida em que não seja abrangido pelo presente re 2. Caso a decisão tenha sido proferida na Irlanda, em
gulamento, o processo de recusa de execução é regido pela lei Chipre ou no Reino Unido, qualquer tipo de recurso existente
do Estado-Membro requerido. no Es tado-Membro de origem será tratado como recurso
ordinário para efeitos do n.o 1.
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/27
Europeia

SECÇÃO 4 voca uma decisão proferida noutro Estado-Membro ou se


Disposições comuns apre senta um requerimento nos termos da lei desse Estado-
Membro.
Artigo 52.o
As decisões proferidas num Estado-Membro não podem em
caso algum ser revistas quanto ao mérito da causa no 2. Para efeitos dos formulários referidos nos artigos 53. o e
Estado- 60.o, as traduções ou transliterações podem também ser
-Membro requerido. feitas em qualquer outra das línguas oficiais das instituições da
União que o Estado-Membro em causa tenha declarado poder
aceitar.
Artigo 53.o
A pedido de qualquer interessado, o tribunal de origem 3. As traduções feitas por força do presente regulamento
emite uma certidão utilizando o formulário que se reproduz devem ser feitas por pessoas qualificadas para traduzir num
no Anexo I. dos Estados-Membros.

Artigo 54.o CAPÍTULO IV


1. Se a decisão contiver uma medida ou injunção que não
INSTRUMENTOS AUTÊNTICOS E TRANSAÇÕES JUDICIAIS
seja conhecida na lei do Estado-Membro requerido, essa medida
ou injunção deve ser adaptada, na medida do possível, a uma
Artigo 58.o
medida ou injunção conhecida na lei desse Estado-Membro que
tenha efeitos equivalentes e vise objetivos e interesses 1. Os instrumentos autênticos que sejam executórios no
semelhan tes. Es tado-Membro de origem são executórios nos outros
Estados-
-Membros. A execução de um instrumento autêntico só pode
ser recusada se for manifestamente contrária à ordem
Tal adaptação não pode ter efeitos que vão além dos
pública do Estado-Membro requerido.
previstos na lei do Estado-Membro de origem.

2. Qualquer das partes pode contestar em tribunal a Aplicam-se aos instrumentos autênticos, consoante os casos,
adapta ção da medida ou injunção. a Secção 2, a Subsecção 2 da Secção 3 ou a Secção 4 do
Capítulo III.

3. Se necessário, pode exigir-se que a parte que invoca a


decisão ou requer a respetiva execução forneça uma tradução 2. O instrumento autêntico apresentado deve satisfazer as
ou transliteração da decisão. condições necessárias para comprovar a sua autenticidade no
Estado-Membro de origem.

Artigo 55.o
Artigo 59.o
Uma decisão proferida num Estado-Membro que condene
em sanção pecuniária compulsória só é executória no Estado- As transações judiciais que tenham força executiva no Estado-
Mem bro requerido se o montante do pagamento tiver sido -Membro de origem devem ser executadas nos outros Estados-
definiti vamente fixado pelo tribunal de origem. -Membros nas mesmas condições que os instrumentos autênti
cos.

Artigo 56.o
Artigo 60.o
Não pode ser exigida qualquer caução ou depósito, seja qual
A pedido de qualquer interessado, o tribunal ou a autoridade
for a sua designação, à parte que num Estado-Membro
competente do Estado-Membro de origem emite a certidão cujo
requeira a execução de uma decisão proferida noutro Estado-
formulário consta do Anexo II, que deverá incluir um resumo
Membro com fundamento na sua qualidade de estrangeiro ou
da obrigação executória consignada no instrumento
na falta de domicílio ou de residência no Estado-Membro
autêntico ou do acordo entre as partes consignado na
requerido.
transação judicial.

Artigo 57.o
CAPÍTULO V
1. Se for exigida uma tradução ou transliteração nos
DISPOSIÇÕES GERAIS
termos do presente regulamento, essa tradução ou
transliteração deve ser feita na língua oficial do Estado-
Membro em questão ou, se este tiver várias línguas oficiais, Artigo 61.o
na língua oficial ou numa das Não é exigida legalização ou outras formalidades análogas
línguas oficiais dos processos judiciais do lugar em que se in para os documentos emitidos nos Estados-Membros no
L 351/28 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia
contexto do presente regulamento.
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/29
Europeia

Artigo 62.o ser invocada nos Estados-Membros constantes da lista estabele


1. Para determinar se uma parte tem domicílio no Estado- cida pela Comissão nos termos do artigo 76.o, n.o 1, alínea b),
-Membro a cujos tribunais é submetida a questão, o juiz e
aplica a sua lei interna. n.o 2, nas condições previstas na lei nacional. As pessoas domi
ciliadas noutro Estado-Membro podem ser chamadas à ação
perante os tribunais desses Estados-Membros, nos termos das
regras de intervenção de terceiros indicadas nessa lista.
2. Caso a parte não tenha domicílio no Estado-Membro a
cujos tribunais foi submetida a questão, o juiz, para
determinar se a parte tem domicílio noutro Estado-Membro,
aplica a lei desse Estado-Membro.
2. As decisões proferidas nos Estados-Membros por força do
artigo 8.o, ponto 2, e do artigo 13.o são reconhecidas e execu
tadas nos termos do capítulo III em qualquer outro Estado-
Artigo 63.o -Membro. Quaisquer efeitos que as decisões proferidas nos Esta
dos-Membros constantes da lista referida no n.o 1 possam
1. Para efeitos do presente regulamento, uma sociedade pro duzir, nos termos da lei desses Estados-Membros, em
ou outra pessoa coletiva ou associação de pessoas singulares relação a
ou coletivas tem domicílio no lugar em que tiver: terceiros por força do n.o 1 são reconhecidos em todos os
Estados-Membros.

a) A sua sede social;


3. Os Estados-Membros constantes da lista referida no n.o
1 prestam, no âmbito da Rede Judiciária Europeia em matéria
b) A sua administração central; ou civil
e comercial criada pela Decisão 2001/470/CE do Conselho
(1) («Rede Judiciária Europeia»), informações sobre a forma de
de terminar, nos termos da respetiva lei nacional, os efeitos
c) O seu estabelecimento principal. das decisões referidas no segundo período do n.o 2.

2. No que respeita à Irlanda, a Chipre e ao Reino Unido,


«sede social» significa registered office ou, se este não existir, place CAPÍTULO VI
of incorporation (lugar de constituição) ou, se este não existir, o DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
lugar sob cuja lei ocorreu a formation (formação).
Artigo 66.o
1. O presente regulamento aplica-se apenas às ações judiciais
3. Para determinar se um trust tem domicílio no Estado- intentadas, aos instrumentos autênticos formalmente redigidos
-Membro a cujos tribunais tenha sido submetida a questão, o ou registados e às transações judiciais aprovadas ou celebradas
juiz aplica as normas do seu direito internacional privado. em 10 de janeiro de 2015 ou em data posterior.

Artigo 64.o
2. Não obstante o artigo 80.o, o Regulamento (CE)
Sem prejuízo de disposições nacionais mais favoráveis, as
n.o 44/2001 continua a aplicar-se às decisões proferidas em
pes soas domiciliadas num Estado-Membro e contra quem
decorre processo por infração involuntária nos tribunais com ações judiciais intentadas, aos instrumentos autênticos formal
mente redigidos ou registados e às transações judiciais
compe tência penal de outro Estado-Membro de que não
aprova das ou celebradas antes de 10 de janeiro de 2015 e
sejam nacio nais podem entregar a sua defesa a pessoas para abrangidas pelo âmbito de aplicação daquele
tanto habilita das, mesmo que não compareçam regulamento.
pessoalmente. Todavia, o tribunal a que foi submetida a
questão pode ordenar a compa rência pessoal; se tal não
ocorrer, a decisão proferida na ação cível sem que a pessoa
em causa tenha tido a possibilidade de
assegurar a sua defesa pode não ser reconhecida nem executada CAPÍTULO VII
nos outros Estados-Membros.
RELAÇÃO COM OUTROS INSTRUMENTOS

Artigo 67.o
o
Artigo 65. O presente regulamento não prejudica a aplicação das
1. A competência a que se referem o artigo 8.o, ponto 2, disposi ções que, em matérias específicas, regulam a
eo competência judi ciária, o reconhecimento e a execução de
decisões, contidas nos
atos da União ou nas leis nacionais harmonizadas nos termos
desses atos.
artigo 13.o em ações com chamamento de um garante à ação
L 351/30 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia
ou em qualquer incidente de intervenção de terceiros só pode (1) JO L 174 de 27.6.2001, p. 25.
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/31
Europeia

Artigo 68.o
matéria especial são reconhecidas e executadas nos outros
1. O presente regulamento substitui, entre os Estados-Mem Estados-Membros nos termos do presente regulamento.
bros, a Convenção de Bruxelas de 1968, exceto no que se
refere aos territórios dos Estados-Membros que são
abrangidos pelo âmbito de aplicação territorial daquela
Convenção e que estão excluídos do âmbito de aplicação do Se uma convenção relativa a uma matéria especial, de que sejam
presente regulamento por força do artigo 355.o do TFUE. partes o Estado-Membro de origem e o Estado-Membro
reque rido, estabelecer as condições para o reconhecimento e
execução de decisões, tais condições devem ser respeitadas. Em
2. Na medida em que o presente regulamento substitui entre qualquer
os Estados-Membros as disposições da Convenção de Bruxelas caso, pode aplicar-se o disposto no presente regulamento
de 1968, as remissões feitas para esta convenção entendem- sobre reconhecimento e execução de decisões.
se como remissões para o presente regulamento.

Artigo 72.o
Artigo 69.o
O presente regulamento não prejudica os acordos por meio
Sem prejuízo do disposto nos artigos 70.o e 71.o, o presente dos quais os Estados-Membros se comprometeram, antes da
regulamento substitui, entre os Estados-Membros, as entrada
convenções que abrangem as mesmas matérias a que o em vigor do Regulamento (CE) n.o 44/2001, nos termos
presente regula mento se aplica. São substituídas, em do artigo 59.o da Convenção de Bruxelas de 1968, a não
especial, as convenções reconhe cer decisões proferidas, nomeadamente noutro Estado
constantes da lista estabelecida pela Comissão nos termos do contra tante da referida convenção, contra requeridos com
artigo 76.o, n.o 1, alínea c), e n.o 2. domicílio ou residência habitual num Estado terceiro se, nos
casos previs tos no artigo 4.o da referida convenção, a
decisão só possa fundar-se numa competência referida no
artigo 3.o, segundo
Artigo 70.o
parágrafo, da mesma convenção.
1. As convenções referidas no artigo 69.o continuam a
pro duzir efeitos quanto às matérias a que o presente
regulamento não se aplica.
Artigo 73.o
1. O presente regulamento não prejudica a aplicação da Con
2. Essas convenções continuam a produzir efeitos venção de Lugano de 2007.
relativa mente às decisões proferidas, aos instrumentos
autênticos for malmente redigidos ou registados e às
transações judiciais apro vadas ou celebradas antes da data de
entrada em vigor do
Regulamento (CE) n.o 44/2001. 2. O presente regulamento não prejudica a aplicação da Con
venção de Nova Iorque de 1958.

Artigo 71.o
1. O presente regulamento não prejudica as convenções 3. O presente regulamento não prejudica a aplicação das
em que os Estados-Membros são partes e que, em matérias convenções e acordos bilaterais entre países terceiros e Esta
espe ciais, regulem a competência judiciária, o dos-Membros celebrados antes da data de entrada em vigor
reconhecimento ou a execução de decisões. do Regulamento (CE) n.o 44/2001 que dizem respeito a
maté rias regidas pelo presente regulamento.

2. Para assegurar a sua interpretação uniforme, o n.o 1


deve ser aplicado do seguinte modo: CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES FINAIS

a) O presente regulamento não impede que um tribunal de Artigo 74.o


um Estado-Membro que seja parte numa convenção
relativa a uma matéria especial se declare competente, Os Estados-Membros fornecem, no âmbito da Rede
nos termos de tal convenção, mesmo que o requerido Judiciária Europeia, para efeitos da sua divulgação ao
tenha domicílio no território de um Estado-Membro que público, uma des crição dos processos e normas de execução
não seja parte nessa nacionais, incluindo as autoridades competentes para a
convenção. Em qualquer caso, o tribunal chamado a pronun execução, e informações
ciar-se deve aplicar o artigo 28.o do presente regulamento; sobre eventuais restrições neste domínio, em especial
normas de proteção dos devedores e prazos de limitação ou
prescrição.
b) As decisões proferidas num Estado-Membro por um tribunal
cuja competência se funde numa convenção relativa a
uma
L 351/32 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia
Os Estados-Membros devem manter estas informações
per manentemente atualizadas.
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/33
Europeia

Artigo 75.o
Artigo 77.o
Até 10 de janeiro de 2014, os Estados-Membros comunicam à
Comissão: A Comissão fica habilitada a adotar atos delegados, nos
termos do artigo 78.o, no que diz respeito às alterações aos
anexos I e II.

a) Os tribunais aos quais deve ser submetido o pedido de re


cusa de execução, nos termos do artigo 47.o, n.o 1;
Artigo 78.o
1. O poder de adotar atos delegados é conferido à
b) Os tribunais nos quais deve ser interposto recurso da decisão Comissão nas condições estabelecidas no presente artigo.
sobre o pedido de recusa de execução, nos termos do
ar tigo 49.o, n.o 2;
o
2. O poder de adotar atos delegados referido no artigo
77. é
conferido à Comissão por prazo indeterminado a partir de 9
de janeiro de 2013.
c) Os tribunais nos quais devem ser interpostos quaisquer
re cursos subsequentes, nos termos do artigo 50.o;

3. A delegação de poderes referida no artigo 77. o pode ser


d) As línguas aceites para a tradução dos formulários, nos revogada em qualquer momento pelo Parlamento Europeu
ou pelo Conselho. A decisão de revogação põe termo à
ter mos do artigo 57.o, n.o 2.
delegação dos poderes nela especificados. A decisão de
revogação produz efeitos a partir do dia seguinte ao da sua
publicação no Jornal
A Comissão divulga estas informações ao público através de Oficial da União Europeia ou de uma data posterior nela especi
todos os meios adequados, sobretudo através da Rede Judiciária ficada. A decisão de revogação não afeta os atos delegados já
Europeia. em vigor.

Artigo 76.o 4. Assim que adotar um ato delegado, a Comissão


notifica-o simultaneamente ao Parlamento Europeu e ao
1. Os Estados-Membros notificam à Comissão: Conselho.

a) As regras de competência referidas no artigo 5.o, n.o 2, e


5. Os atos delegados adotados nos termos do artigo 77. o só
no artigo 6.o, n.o 2;
entram em vigor se não tiverem sido formuladas objeções
pelo Parlamento Europeu ou pelo Conselho no prazo de dois
meses a contar da notificação desse ato ao Parlamento
b) As regras sobre intervenção de terceiros referidas no Europeu e ao Conselho, ou se, antes do termo desse prazo,
ar tigo 65.o; e o Parlamento Europeu e o Conselho tiverem informado a
Comissão de que não têm objeções a formular. O referido
prazo é prorrogado por dois meses por iniciativa do
Parlamento Europeu ou do Conselho.
c) As convenções referidas no artigo 69.o.

2. Com base nas informações notificadas pelos Estados- Artigo 79.o


-Membros a que se refere o n. o 1, a Comissão estabelece as Até 11 de janeiro de 2022, a Comissão apresenta ao Parla
respetivas listas. mento Europeu, ao Conselho e ao Comité Económico e Social
Europeu um relatório sobre a aplicação do presente regulamen
to. Esse relatório deve incluir uma avaliação da eventual
neces sidade de um novo alargamento das regras sobre
3. Os Estados-Membros notificam à Comissão qualquer alte competência judiciária a requeridos que não estejam
ração dessas listas que venha a ser requerida. A Comissão domiciliados num Esta do-Membro, tendo em conta o
altera as listas em conformidade. funcionamento do presente re gulamento e a possível
evolução da situação a nível internacio nal. O relatório deve
ser acompanhado, se for caso disso, de
4. A Comissão publica as listas e as eventuais alterações uma proposta de alteração do presente regulamento.
posteriores às mesmas no Jornal Oficial da União Europeia.

5. A Comissão divulga ao público todas as informações


no tificadas por força dos n. os 1 e 3 através de todos os
meios adequados, em especial através da Rede Judiciária
Europeia.
L 351/34 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia
São os requisitos processuais necessários ao regular
desenvolvimento da instância, permitindo que o juiz
possa proferir uma decisão sobre o mérito da causa/ação
Anexo III – julgando a ação procedente ou improcedente, consoante
Pressupostos Processuais assista, ou não, razão ao autor. Respeitem: Às Partes
Personalidade jurídica, Capacidade Jurídica,
O objeto ideal quando se propõe uma ação é ter uma Legitimidade, Patrocínio Judiciário Obrigatório e
decisão que ponha fim ao litígio e, assim reconhecer o Interesse em agir + têm de acontecer
mérito da causa. O tribunal decidir sobre aquilo que lhe Ao Tribunal – Competência internacional e interna + têm
foi pedido, ou seja, se ação é procedente ou improcedente. de acontecer Ao Objeto da Causa Aptidão inicial
Quando nasce uma ação estamos no âmbito de uma Litispendência e Caso Julgado não pode acontecer Os
relação jurídica processual. Esta relação jurídica pressupostos processuais distinguemse em: 1º Critério:
processual é constituída pelos sujeitos da ação e pelo positivos ou negativos São positivos aqueles cuja
tribunal. O facto constitutivo é a propositura da ação e a verificação é essencial para que o juiz conheça do mérito
ação considera se proposta após a entrada da petição da causa, ou seja, são positivos todos aqueles que têm de
inicial. Quando o réu é citado estabelecese os sujeitos e o se cumprir, se observar. A personalidade judiciária é um
objeto. Os sujeitos é o autor e o réu. O objeto da ação é a pressuposto positivo, significa que tem de existir. São
causa do pedido e o pedido. A ação é proposta tendo em negativos aqueles cuja verificação obsta a que o juiz
conta uma causa de pacto e de direito e um pedido, ou aprecie o mérito da causa. 2º Critério: nominados ou
seja, um pedido é a consequência da causa de pedido. Há, inominadosConsoante estejam previstos na lei
ainda, a garantia. Os sujeitos têm direitos e deveres nominados ou decorram da doutrina inominados não
processuais, desde logo o da boafé, da humanidade, da estão previstos na lei, é a doutrina que os classifica como
cooperação e se esses princípios não se verificarem as princípio.
partes podem ser litigantes de máfé e de não cooperação
e, será estabelecida uma sanção. Artigo 3º
Pressupostos processuais relativo às partes
Artigo 1º
Ação declarativa regra geral 1. Personalidade Judiciária +importante Consiste na
suscetibilidade de ser “parte” no processo, ou seja, a
1. Fase Inicial Fase dos articulados: Petição possibilidade de ser autor/réu numa ação. art.º 11º, nº 1
inicial, contestação e poderá ou não haver réplica CPC. Ou seja, de ser sujeito de direitos e obrigações
2. Fase intermédia art.º 590.º nº2 CPC/ 6.º nº2 processuais. Manifestase na capacidade de gozo de
No fim da fase dos articulados o juiz irá fazer as direitos e obrigações processuais. Quem tiver
diligências necessárias para suprir a falta de personalidade jurídica tem igualmente personalidade
pressupostos processuais. O juiz convida as judiciária?
partes, se for caso disso, de suprir as O legislador estabeleceu a seguinte equiparação no nº 2
irregularidades. A falta de um pressuposto do art.º 11º CPC – quem tiver personalidade jurídica tem
processual dá lugar a um vício, que se chamam igualmente personalidade judiciária. O que, no caso das
exceções dilatórias. Art.º 577.º Exceções pessoas singulares, nos termos do art.º 66º, nº 1 CC,
dilatórias modalidade de defesa do réu, são ocorre com o nascimento completo e com vida. Adquirida
questões, de natureza processual, que a personalidade jurídica – e porque esta corresponde à
correspondem à falta de pressupostos capacidade civil de gozo de direitos qualquer pessoa,
processuais e impedem o juiz de conhecer o maior ou menor, capaz ou incapaz, pode ser uma parte na
mérito a causa. Présaneador Exceção: Há lugar à causa.
absolvição da instância quando alguma exceção Quanto às pessoas coletivas
dilatória foi dada como procedente, isto é, a Associações constituídas por escritura pública e as
concluir que existe alguma exceção dilatória e fundações reconhecidas pela autoridade administrativa
não já não pode ser corrigida, o juiz absolve o competente – art.º 158º CC;
réu da instância. Art.º 278 CPC 3. Fase final: b Sociedades comerciais devidamente registadas – art.º
audiência de julgamento e sentença. Em 5º CSC c Sociedades sob a forma comercial – art.º 1º, nº
determinados casos excecionais podem ser 4 CSC
verificados a falta de pressupostos processuais, Acontece que o CPC atribui personalidade judiciária a
logo após a petição inicial. Nos casos em que a lei certas “entidades” que não têm ou ainda não têm
determine que há despacho preliminar ou os personalidade jurídica. Tratamse de exceções à
casos em o juiz ao abrigo da adequação formal equiparação prevista no art.º 11º, nº 2 CPC. Designados
tenha determinado. Despacho liminar art.º 226.º pelo legislador como casos de “extensão da personalidade
e 590.º nº1. Após a petição inicial, a citação é judiciária” – art.º 12º e 13º CPC vem ascender, atribuir
promovida oficiosamente pela secretaria, e esta personalidade judiciaria a entidades se não fosse este
cita o réu e começa a decorrer os prazos. artigo 12.º não poderiam dar entrada de ações.
Excecionalmente, poderá ir logo após a petição Por exemplo: Herança jacente alínea a. art.º 12.º CPC é o
inicial para o juiz e, este ordena a citação. NOTA: espaço de tempo entre o nascimento/abertura da
O que são exceções dilatórias? São uma modalidade de sucessão que só ocorre com a morte e aceitação da
defesa do réu. São questões de natureza processual que herança pelos seus herdeiros é que se designa por herança
correspondem à falta de pressupostos processuais que jacente. A partir do momento em que os herdeiros
impedem o juiz de proferir uma decisão sobre o mérito da aceitaram a herança, ação já não é proposta contra a
causa/ação. Art.º 571.º/576.º/ 577.º minha herança, mas contra os herdeiros; Associações
alínea b. do art.º 12.º CPC no espaço de tempo onde foi
feita a escritura mas ainda não foi feito o registo, naquele
Artigo 2º espaço de tempo ela ainda não tem personalidade jurídica
Pressupostos Processuais e Consequências da sua Falta mas já pode dar entrada de ação ou pode contra ela ser
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/35
Europeia
interposta uma ação, tem personalidade judiciária;
Sociedades civis alínea c. art.º 12.º CPC essas também Artigo 6º
têm personalidade judiciária; Capacidade Judiciária
Sociedades comerciais alínea d. art.º 12.º CPC no espaço
de tempo os sócios celebram entre si o contrato de A capacidade judiciária consiste na suscetibilidade de
constituição da sociedade já tem personalidade judiciária estar, por si pessoalmente, em juízo, sendo que
mesmo o registo ainda estar feito; Condomínio alínea e corresponde à capacidade de agir ou à capacidade de
art.º 12.º CPC, o condomínio pode propor ações, o exercício de direitos processuais art.º 15.º n.º1. A qual
legislador deu personalidade judiciária ao condomínio terá, por base e medida, a capacidade de exercício de
resultante da propriedade relativamente às ações que direitos art.º 67º CC tenho capacidade judiciária em
fizerem parte os seus poderes; Navios alínea f art.º 12.º termos simples, a partir do momento em que eu tenho
CPC, os próprios navios podem propor ou contra elas ser capacidade jurídica, o que significa que eu possa estar
impostas ações declarativas. livremente em juízo, sem ser por intermédio de um
Art.º 13.º N.º1 CPC Vem estender a personalidade às representante ou sem necessitar de autorização de
“sucursais, agências, filiais, delegações, ou representações outrem para a prática do ato, isto é, sem necessidade de
podem demandar ou ser demandadas quando a ação recorrer a formas de suprir a falta de capacidade
proceda de facto por elas praticado”. Por exemplo, “eu” judiciária. Nada tem a ver com: A possibilidade de as
sou cliente do Santander Totta se eu tiver um problema partes se fazerem representar voluntariamente por
que agência do Santander Totta de Paços de Ferreira, se procurador por exemplo, moro no estrageiro eu posso
aquela agencia me tiver causado prejuízo, ou qualquer nomear uma pessoa comum ou um solicitado/advogado
problema/litígio, eu posso dar entrada de ação contra para me representar; Nem com os casos, obrigatórios, de
aquela agência e não contra ao Santander Totta, S.A. Art.º se fazerem representar por advogados patrocínio
13.º N.º2 CPC Por exemplo, se a sede do Santander Totta judiciário; Nem com a questão da representação orgânica
estivesse sediada no estrangeiro, nós vamos poder das pessoas coletivas e sociedades art.º 25º CPC por
chamar a filial cá desde que o facto tenha ocorrido em exemplo, quando falamos de uma sociedade “Sílvia
Portugal e, então nós vamos mover a ação contra uma Machado LDA” ela não existe do ponto de vista físico,
agência de um banco de Portugal cá praticado e é o mas a sociedade é representada pelos seus gerentes ou
mesmo para quando se trate de um estrangeiro mas está sócios, ou seja, é sempre representada pelo seu órgão de
cá. administração.

Artigo 4º Artigo 7º
Consequência da Falta de Pressupostos Casos de Incapacidade: Menores Maiores
Acompanhados: Sujeitos a representação Não Sujeitos a
A falta de pressupostos processuais relativos às partes Representação
implica que o juiz deva abster se de conhecer do mérito da Menores Art.º 122º e 123º CC
causa e absolva o réu da instância art.º 278, nº 1 CPC o
juiz vai absolver o réu porque há vícios neste processo que Quem ainda não tiver completado os 18 anos, é
não foram sanados. A absolvição da instância não obsta a considerado menor carece de capacidade de exercício de
que o autor proponha nova ação com o mesmo objeto direitos, não tem capacidade judiciária pelo facto que a lei
art.º 279º, nº 1 CPC.O que se justifica pelo facto de a civil não lhe dá a capacidade para exercer os seus direitos.
questão de fundo ter ficado em aberto. Vaise tentar a Tem personalidade judiciária, mas só pode estar em juízo
tramitação do processo quando temos uma violação do por intermédio do seu representante art.º 16º, nº 1 CPC.
incumprimento destes pressupostos processuais, a A representação fazse pelos seus progenitores poder
primeira regra é tentar sanar, ou seja, se temos um paternal art.º 124º CC ou, subsidiariamente, nos casos de
problema vamos resolver. Só se não conseguirmos tutela art.º 1921º e ss. CC pelo tutor, por exemplo, uma
efetivamente sanar, é que o processo vai absolver o réu da ação contra um menor de 3 anos não é possível, terá de
instância. Como tal desfecho não é o desejado, são ser intentada contra os pais, porque os menores não têm
reconhecidos às partes e ao tribunal diversos meios de capacidade judiciária. Art.º 18º CPC Desacordo entre os
suprir os vícios desde que sanáveis derivados da falta de pais na representação do menor no processo Art.º 18.º
pressupostos processuais, de modo a proporcionar uma n.º 1 Desacordo de ambos os pais de intentar ou não uma
decisão de mérito. Daí que, face à irregularidade ação, requerem então a resolução do conflito no tribunal
resultante da falta de um pressuposto processual, importe competente. Art.º 18.º n.º2 Já deram entrada da ação
saber se o vício é sanável ou insanável. No primeiro caso conjuntamente, mas no desenrolar do processo
podem desencadearse os mecanismos previstos para a desentendemse no qual o caminho deve seguir a ação. A
sanação. No segundo caso, o juiz não pode deixar de lei diz que qualquer um dos pais pode requerer ao juiz da
absterse de conhecer do mérito da causa e, assim, causa que nomeie apenas um dos pais para representar o
absolver o réu da instância. Suprido o vício, fica menor, e com isto dar continuidade à ação. Art.º 18.º n.º3
regularizada a instância e há condições para obter uma O juiz pode nomear um terceiro para representar o
decisão de mérito conforme a parte final do nº 2 e a menor, de acordo com o interesse do menor. Art.º 18.º
primeira parte do nº 3 do art.º 278º CPC. n.º4 Reiniciase a contagem do prazo após a notificação do
representante designado. Art.º 18.º n.º5 Desacordo na
Artigo 5º decisão de o menor intervir ou não, há suspensão do
Consequência da Falta de Personalidade Judiciária processo. Art.º 127º CC: a lei reconhece, excecionalmente,
a validade a certos atos e negócios jurídicos praticados
Uma vez que a falta de personalidade judiciária deriva da por menores e, como tal, quanto a esses o menor dispõe
inexistência da pessoa jurídica, o vício é insanável. de capacidade judiciária. Exemplo: o menor a partir dos
Absolvição do réu da instância – art.º 278º, nº 1, alínea c 16 anos pode trabalhar e, adquiriu com o rendimento do
CPC Exceção: art.º 14º CPC A intervenção da seu trabalho uma máquina, e existe um litígio com a
administração principal por vir a ter lugar por iniciativa empresa que vendeu a máquina, nessa situação apesar de
do juiz, a requerimento da parte contrária ou por ser menor, ele sozinho pode dar entrada de uma ação
iniciativa da própria administração principal. contra a empresa, e a empresa contra ele.
L 351/36 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia
pode praticar qualquer ato; se tiver sido decretada a
Artigo 8º administração parcial a regra é mesma, só tem de intervir
Maiores acompanhados art.º 138º e ss. CC e art.º 891º a o acompanhante se o problema estiver quanto àqueles
904º CPC bens em que é necessária a administração do
acompanhante. O acompanhado pode estar por si
Destinado a maiores impossibilitados, por razões de livremente no processo, apenas necessita da autorização
saúde, deficiência, ou pelo seu comportamento, de do acompanhante para praticar os atos. artigo 19º, nº 1 do
exercer, plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos CPC, c. Outras situações: Incapazes de facto – art.º 20º
ou de, nos mesmos termos, cumprir os seus deveres. O CPC: Foi proposta uma ação contra alguém com anomalia
regime do maior acompanhado tem uma característica psíquica ou outro motivo grave. Essa pessoa não dispõe
importante e essencial que é ser casuístico, neste sentido, de ninguém que a represente e, irá ser nomeado um
nós poderemos ter duas pessoas que aparentemente têm curador. Caso posteriormente lhe seja atribuído o
as mesmas características, os mesmos problemas de benefício do acompanhamento, a representação do
saúde e, no fim poderemos ter sentenças em que o juiz curador cessa e, passa a ser o represenrtante a assumir
fixou um regime diferente, aquele que entende que esse papel. Esse representante irá ser citado
melhor salvaguarda aquela pessoa. O regime será fixado posteriormente. Incertos e ausentes – art.º 22º e 23º CPC
casuisticamente, e irá poderá corresponder, em particular Quando a ação é proposta contra incertos serão
art.º 145º, nº 2 CC a: b Representação geral ou representados eventualmente pelo Ministério Público. A
representação especial com indicação expressa para identidade é incerta, por exemplo, num acidente de carro,
certos atos e negócios é que é necessário a intervenção do alguém bate no meu carro, ninguém viu, não há
representante vai depender da limitação do individuo, testemunhas, se avançasse na ação seria contra incertos
neste caso, das categorias de atos para que seja não sei quem provocou aquele ato. O Ministério Público
necessária; porderá intentar ações a fim de garantir os direitos e
c Administração total à partida o maior acompanhado interesses de ausentes e incapazes. Pessoas coletivas e
não tem nenhum poder de decisão relativamente aos seus sociedades – art.º 25º CPC Entidades que carecem de
bens, é o acompanhante que vai decidir ou parcial de bens personalidade jurídica, mas possuem personalidade e
por exemplo, fixar que o acompanhante é que vai capacidade judiciária – art.º 26º CPC
administrar os imóveis mas, no que diz respeito aos bens
móveis o acompanhado pode por si continuar a decidir; Artigo 9º
d Autorização prévia para a prática de determinados atos Falta de capacidade judiciária
ou categorias de atos o acompanhado continua a ter a
capacidade de gerir e administrar os seus bens, mas para Falta de representação ou representação regular, Esta
a prática de certo ato precisa de pedir autorização, falta impedirá o tribunal de se pronunciar sobre o mérito
depende das limitações. e Intervenções de outro tipo, da ação.
devidamente explicitadas. a. Ação proposta por um maior Sendo um vício sanável isso só acabará por acontecer se
acompanhado: Se for proposta uma ação por um maior não forem realizadas as diligências necessárias para
acompanhado ele é o autor sujeito a representação ou a ultrupassar a falta deste pressuposto processual. O juiz
administração de bens artigo 145º, nº 2, alínea b e c do deve, oficiosamente e a todo o tempo, providenciar pela
CC, ele deve, em regra, ser representado nessa a ação pelo regularização da instância, o que fará assim que se
acompanhante artigo 16º, nº 1 do CPC. Na hipótese de aperceber do vício. art.º28.º e 6.º n.º2 Caso a falta seja do
ter sido decretada a administração de bens, isso só autor: é ordenada a notificação do legal representante do
sucede, no entanto, se a ação se referir a esses bens. A autor art.º 27º, nº 1 e 28º, nº 2 CPC. O qual pode:
administração pode ser de duas espécies: Geral eu Ratificar aprovar os atos praticados vício sanado pelo
preciso do acompanhante para ação Parcialsó preciso do autor incapaz; OU não os ratifica, ficando sem efeito, mas
acompanhante se a ação tiver a ver com alguns bens dos praticálos de novo vício sanado. Art.º 27º, nº 2 CPC Não
qual ele está nomeado para administrar. ratificar os atos ficam sem efeito, designadamente a PI, e
Exemplo: se no processo de maior acompanhado é fixada também não os voltar a praticar. Haverá lugar à
a administrada parcial dos bens, só quanto os imóveis que absolvição do réu da instância art.º 278º, nº 1, c, 577º, c e
o acompanhante intervém, eu acompanhada tenho uma 27º, nº 2 CPC o acompanhado não pode sozinho dar
ação a propor contra uma oficina de carros por causa de entrada de ações e, se o seu acompanhante não sanar o
uma reparação de carros, eu não necessito do vício, a ação terminará com absolvição do réu da
acompanhante, porque é um bem móvel, o juiz deu instância. Caso a falta seja do réu: é ordenada a citação do
liberdade. Se for instaurada uma ação por um maior legal representante art.º 27º, nº 1 e 28º, nº 2 CPC
acompanhado quanto a atos sujeitos a autorização artigo Ratificar os atos praticados vício sanado ou não os
145º, nº 2, alínea d do CC, esse acompanhado pode estar ratificar mas praticálos de novo vício sanado. Art.º 27º,
por si pessoal e livremente em juízo, embora necessite da nº 2 CPC Não ratificar o processado, nem repetir os atos
autorização do acompanhante para a prática de atos em ficam sem efeito, correndo novo prazo para contestar.
processo artigo 19º, nº 1 do CPC; em caso de divergência Caso não seja apresentada contestação nem constituído
entre o maior acompanhado e o acompanhante, prevalece mandatário, deve ser citado o Ministério Público – art.º
a orientação deste último artigo 19º, nº 2 do CPC ou seja, 21º CPC. Se o MP não contestar, o réu fica em situação de
em caso de desacordo irá prevalecer a revelia inoperante, com prosseguimento dos autos art.º
autorização/opinião do acompanhante. 567º e 568º, b CPC podendo o tribunal decidir sobre o
b. Ação proposta contra um maior acompanhadoSe for mérito da causa.
proposta uma ação contra um maior acompanhado Exemplos: Caso seja a falta do autor
sujeito a representação ou a administração de bens, ele Um maior acompanhado viu os seus direitos violados e
deve, em regra, ser representado nessa ação pelo intenta uma ação contra António.
acompanhante artigo 16º, nº 1 do CPC; na hipótese de ter O maior acompanhado não tem capacidade judiciária de
sido decretada a administração de bens, a representação intentar uma ação contra alguém, sem o consentimento
só ocorre, todavia, se a ação respeitar a esses bens; Se se do seu representante legal. O representante legal irá ser
tratar de uma administração geral tem estar o notificado e poderá: 1. Ratificar, ou seja aprovar os atos
acompanhante em representação do maior, o maior não praticados > vício sanado 2. Não ratificar, mas repetir os
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/37
Europeia
atos de novo > vício sanado 3. Não ratificar, nem repetir tem legitimidade do lado passivo réu aquele que tem
os atos ficam sem efeito, caso esta opção aconteça o réu interessem em contrariar ação que contra ele foi proposta
será absolvido da instância Caso seja a falta do réu O , ou seja, quando da procedência da ação resulte para ele
António viu os seus direitos violados e intenta uma ação um prejuízo. art.º30.º Critério Tem interesse em
contra um maior acompanhado. O maior acompanhado é demandar aquele que vai ter vantagem no caso da ação
citado, este deverá informar o seu representante legal. O ser procedente; e, vai ter interesse em contradizer aquele
seu representante poderá: 1. Ratificar, ou seja aprovar os que terá juízo no caso da ação ser procedente. Medese
atos praticados > vício sanado 2. Não ratificar, mas essa vantagem/vantagens tendo em consideração a
repetir os atos de novo > vício sanado 3. Não ratificar, factualidade tal e qual como foi descrita pelo autor na
nem repetir os atos ficam sem efeito, correndo novo prazo petição incial. art.º 30.º nº2 última parte Exemplo: O
para contestar. autor A afirma que celebrou um contrato de compra e
Caso não aconteça a contestação, irá o MP representar o venda com B e propõe a ação contra o mesmo, mas o B diz
maior acompanhado. Se o MP, também não apresentar que não celebrou algum contrato. Este problema não é de
contestação, o réu irá entrar em revelia sem defesa. Com legitimidade, esse problema será de a ação ser julgada
isso, sem elementos da outra parte o juíz irá condenar o procedente ou não. Exceção: Mas, por vezes a lei é que diz
réu pelo que o autor pediu. contra quem a ação deve ser proposta ou por quem a ação
deve ser proposta. art.º 30.º nº2 primeira parte.Ou seja, o
Artigo 10º critério atrás exposto é, ainda assim, um critério
Falta de autorização do acompanhante do maior subsidiário. Poderá haver disposição legal a afastálo, por
exemplo, nos casos de responsabilidade civil emergente
A falta fica sanada com a intervenção ou citação do de acidente de viação: DecretoLei n.º 291/2007, de 21 de
acompanhante, para efeitos de autorização do ato ou, não Agosto Vigora o regime de seguro automóvel obrigatório.
autorizando, para a prática de novo ato, segundo a Por exemplo, de um acidente de viação origina um lesado
orientação do acompanhante. Não sendo suprida essa e o autor dos factos lesados, e o autor dos facto lesados
falta de autorização, aplicarseá o regime anteriormente tem seguro automóvel. Segundo o art.º 64, n.º 1, al. a do
referido, consoante se trate de falta do autor ou do réu. DecretoLei n.º 291/2007, de 21 de Agosto, quando o
Ou seja, se a falta é do autor vai dar lugar à absolvição do lesado na sequência de um acidente de viação quiser
réu da instância, se a falta é do lado do réu será julgado, propor uma ação com vista a ser indemnizado pelos
porque vai ser representado pelo Ministério Público. danos causados e o pedido não exceder o limite fixado
para o capital mínimo obrigatório de responsabilidade
Artigo 11º civil do seguro automóvel a ação é proposta apenas contra
Falta de autorização ou deliberação exigida por lei para o a seguradora, sob pena de ilegitimidade do segurado se a
exercício de poderes de representação acção for proposta contra ele. ilegitimidade singular, e é
um vício insanável, ou seja o réu irá ser absolvido da
Art.º 29º CPC A lei trata, autonomamente, os casos em instância. Nada impede de o autor propor outra ação
que a parte se encontre devidamente representada, mas contra a réu, mas corretamente pois não se conheceu o
falte alguma autorização ou deliberação exigida para o mérito da causa. A lei impõe, também nas ações
exercício da representação. Por exemplo, o administrador destinadas à efetivação da responsabilidade civil
do condomínio apenas poderá representar os condóminos decorrente de acidente de viação, quando o responsável
se a assembleia dos condomínios lhe atribuir para o efeito não beneficie de seguro válido e eficaz e seja
poderes especiais. No caso da falta de alguma autorização desconhecido, que as mesmas sejam propostas contra o
ou deliberação, designarseá um prazo para obtenção da Fundo de Garantia Automóvel e o responsável civil, sob
respetiva autorização ou deliberação. 1. Se a falta respeita pena de ilegitimidade. art.º 62.º, n.º 1, do DecretoLei n.º
ao autor: e a mesma não for apresentada no prazo haverá 291/2007, de 21 de Agosto. Quando o responsável civil
lugar à absolvição do réu da instância art.º 29º, nº 2; por acidentes de viação for desconhecido, o lesado
278º, nº 1, c e 577º, d CPC. Ou seja, se o problema está do demanda diretamente o Fundo de Garantia Automóvel.
lado do autor, se o autor deu entrada da ação art.º 62.º, n.º 2, do DecretoLei n.º 291/2007, de 21 de
irregularmente, por exemplo, foilhe dado prazo e, não Agosto. Há ainda um caso particular de legitimidade,
resolveu, o réu será absolvido visto que não pode ser previsto no art.º 31.º, por vezes não é concretamente
julgado num processo que está erradamente intentado;2. identificável, ou não é apenas uma pessoa que tenha o
Se a falta respeita ao réu: e a mesma não for apresentada interesse relevante, isto porque há certos interesses que
no prazo a ação prosseguirá como se o réu não tivesse são comuns interesses difusos, tais como questões
deduzido oposição art.º 29º, nº 2 CPC. relacionadas com o ambiente, saúde pública, política,
cultura. Quando estão em causa interesses difusos, quem
Artigo 12º é que tem o interesse em demandar, quem são as partes
Legitimidade legítimas? Tem parte legítima qualquer cidadão no gozo
dos seus direitos civis e políticos, as associações e
Noção A legitimidade art.º 30.º a 39.º é as partes têm de fundações defensoras dos interesses em causa, as
ser consideradas partes legítimas da causa para o juiz autarquias locais e o Ministério Público, nos termos
apreciar o mérito da causa. Isto é, a legitimidade, é uma previstos na lei.
posição de autor e réu, em relação ao objeto do processo,
qualidade que justifica que possa aquele autor, ou aquele Artigo 13º
réu, ocuparse em juízo desse objeto do processo. Há a Singularidade ou dualidade de partes e
legitimidade ativa autor pela alegada titularidade do pluralidade de partes
direito que se pretende valer; legitimidade passiva réu
quando alegadamente se encontra na posição de sujeição Esta questão vem relacionada com os sujeitos da relação
ao dever correspondente. Uma pessoa é parte legítima jurídica processual. Pode acontecer que existam num
num processo declarativo quando tem um interesse direto processo mais que um sujeito quer do lado ativo, quer do
na causa. É considerado parte legítima ativa aquele que lado passivos e, até de ambos os lados. Se existir apenas
tem interesse em demandar, isto é, quando a procedência um sujeito no lado ativo e outro no lado passivo, isso dará
da ação representa para ele uma utilidade ou benefício; lugar a um processo com dualidade de partes, o que
L 351/38 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
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configura uma situação de singularidade de sujeitos em pode ter diferentes origens e, por isso, há submodalidades
cada lado da relação processual constituída um autor e de litisconsórcio, a saber: Litisconsórcio necessário legal,
um réu; um demandante e um demandado. Quando há quando é a lei a impor; Litisconsórcio necessário
mais do que um sujeito no lado ativo e/ou no lado passivo convencional, se forem as partes a estipular no negócio
corresponderá uma situação de pluralidade de partes. jurídico a obrigatoriedade de, em caso de litígio, todas as
Que, por sua vez, poderá ser ativa, passiva ou dupla, partes estarem em juízo art.º 33., n. 1; Litisconsórcio
consoante haja, respetivamente, vários autores, vários necessário natural, se a imposição resulta da própria
réus ou vários réus e vários autores. Quando um processo natureza da relação controvertida art.º 33., n°2
tiver pluralidade de partes podem estar acontecer:
Litisconsórcio ou Coligação Quer no litisconsórcio quer Artigo 15º
na coligação, existem mais do que um sujeito. Contudo, Litisconsórcio necessário legal
no litisconsórcio apesar de haver pluralidade de sujeitos,
há apenas uma relação jurídica material controvertida. Exemplos: Num acidente de viação quando estão em
Na coligação, além de identificar mais de que um sujeito, causa danos cujo valor ultrapassa o valor do capital
identifico mais do que uma relação material seguro, é necessário a acção tem que ser proposta contra a
controvertida. Exemplos: Se A é credor de B, C e D, da seguradora e o responsável civil [art.º 64.º, n.º 1, al. b],
quantia de € 3.000,00, obrigação essa que foi assumida do DecretoLei n.º 291/2007, de 21 de Agosto. Sob pena de
conjuntamente, se A demandar os três devedores na ilegitimidade. Nas ações destinadas à efetivação da
mesma ação, essa é uma situação de litisconsórcio. Se, em responsabilidade civil decorrente de acidente de viação,
face de danos causados a vários lesados, na sequência de quando o responsável não beneficie de seguro válido e
um acidente de viação causado pelo condutor de um eficaz e se conhecido, devem ser propostas contra o
único veículo, aqueles propuserem uma só ação a pedir a Fundo de Garantia Automóvel e o responsável civil, sob
correspondente indemnização, o caso é de coligação. pena de ilegitimidade por violação de litisconsórcio
necessário legal art.º 62.º do DecretoLei n.º 291/2007, de
Artigo 14º 21 de agosto.
Espécies de litisconsórcio Voluntário e Necessário – Legal
– Convencional – Natural Caso Especial Necessário Artigo 16º
Conjugal Caso especial de legitimidade dos cônjuges Art.º 34.º CPC

Litisconsórcio voluntário e litisconsórcio necessário art.º A lei estabeleceu as situações em que é obrigatória que a
33.º n.º 4 CPC O litisconsórcio significa ter uma ação seja proposta por/contra ambos os cônjuges, do lado
pluralidade de sujeitos, mas apenas uma relação jurídica ativo ou lado passivo. Art.º 34.º nº1 Litisconsórcio
material controvertida. Independente de ser voluntário necessário ativo Art.º 34.º nº3 Litisconsórcio necessário
ou necessário. Quando o litisconsórcio é voluntário art.º passivo
32.º não é obrigatório que todos os sujeitos demandantes Art.º 34.º nº1: Nas ações em que o litígio é a a perda ou a
ou demandados, depende da situação da relação jurídica oneração de bens que só por ambos os cônjuges possam
material controvertida estejam na ação. Embora, se ser alienados ou a perda de direitos que só por ambos
estiverem configuram uma situação de litisconsórcio. possam ser exercidos, incluindo as ações que tenham por
Quando o litisconsórcio é necessário art.º 33.º significa objeto, direta ou indiretamente, a casa de morada de
que todos os sujeitos demandantes ou demandados, família art.º 34.° n. 1, para o lado ativo, e o mesmo n. 1,
depende da situação da relação jurídica material por via da remissão para feita na parte final do n.º 3 do
controvertida têm de estar no processo para que o art.º 34., no lado passivo. Nestas situações é obrigatório
tribunal aprecie o mérito da causa. Se não estiverem no que as ações sejam propostas pelos dois cônjuges, e se
processo, identificamos uma situação de ilegitimidade por forem réus que as ações sejam propostas contra os dois
violação de litisconsórcio necessário. Esta violação cônjuges.Exemplo: Contrato de arrendamento o
determinada a falta de um pressuposto processual que arrendamento foi celebrado, por escrito, e só um dos
pode ser sanável. Se não for, o réu é absolvido da cônjuges é o arrendatário. No entanto, aquele imóvel é a
instância. Quando é obrigatório estar todos os sujeitos no casa de morada de família. Se o senhorio quiser propor
processo? E quando não é preciso? uma ação de despejo, apesar de apenas um ter celebrado e
A lei que diz expressamente; ou, as partes estabeleceram assinado, a ação tem de ser proposta contra os dois
uma convenção; ou, se de acordo com a natureza dos cônjuges.
interesses em causa, a sentença só faça sentido produzir Art.º 34.º nº3 Se o facto é praticado por ambos os
os seus efeitos na medida que os seus intervenientes da cônjuges, estaremos perante uma dívida comunicável da
relação jurídica material controvertida estejam no responsabilidade de ambos os cônjuges, pelo que ambos
processo. Quando o litisconsórcio é voluntário cabe ao os cônjuges devem estar na acção e nela serem
autor optar por envolver, na ação, apenas um dos sujeitos condenados. art.º 34.º, n.º 3 1ªparte Mas o art.º 34.º, n.º
singularidade e a decisão aí obtida também só o vinculará 3, prevê ainda uma terceira situação: litisconcórcio
a ele, ou optar por envolver todos e constituise uma necessário conveniente. Aquela em que o facto é
situação de litisconsórcio voluntário, ou seja, o autor praticado apenas por um dos cônjuges, mas em que o
decide propor a ação contra todos os interessados credor pretenda obter decisão suscetível de ser executada
litisconsórcio voluntário passivo ou uma pluralidade de sobre bens próprios do outro cônjuge, isto é, o que não
interessados decide instaurar uma acção em coautoria teve intervenção no facto constitutivo de obrigação mas,
litisconsórcio voluntário ativo. Não eram obrigados, mas pode ser responsabilizado pela dívida daí emergente. No
fizeram essa escolha. São situações de litisconsórcio entanto, o autor tem que propor a acção contra os dois,
voluntário aquelas em que a lei ou o negócio permitem pois só assim obterá sentença que condene ambos os
que o direito seja exercido por um ou que a obrigação seja cônjuges, e só desse modo será possível, em sede de
exigida de um só dos interessados, bastando presença de execução, atingir, além dos bens comuns a título
um deles em juízo para assegurar a legitimidade. Falamos principal, os bens próprios de um e outro dos cônjuges a
por exemplo, das obrigações solidárias art.º 512.° CC. O título subsidiário.Caso contrário, o património próprio do
litisconsórcio é necessário se for forçosa ou obrigatória a cônjuge que não praticou o acto não poderá mais ser
pluralidade de partes art.º 33.°. Essa obrigatoriedade atingido em sede executiva.
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/39
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pluralidade de partes e a ela corresponde também uma
pluralidade de relações materiais controvertidas. A
Artigo 17º coligação é uma expressão do princípio da economia
Litisconsórcio necessário convencional processual, pois permite que no mesmo processo se
resolva, ou possa resolver, o maior número possível de
No caso do litisconsórcio necessário convencional, a questões. não é obrigatório, é facultativo. A coligação
cláusula que lhe dá origem resulta do próprio negócio ou pode ser ativa ou passiva, designandose, de coligação de
pode a convenção ocorrer em momento posterior, mas autores, quando é ativa e de conjunção de réus, quando é
deve ser reduzida a escrito, através de documento passiva. A lei não admite a coligação em todas as
particular ou por forma mais solene se for essa a forma do situações, é neste espírito que os arts. 36.º e 37.°
negócio que é fonte do litígio. estabelecem os requisitos de admissibilidade da
coligação: a. Condições de fundo ou de compatibilidade e
conexão substantiva requisitos substanciais
Artigo 18º
1. Causa de pedido seja a mesma art.º 36.º, n.º 1;
Litisconsórcio necessário natural
Possibilidade de eu usar a coligação quando a causa de
pedido seja a mesma, mas pedidos diferentes.
Compropriedade: numa ação de divisão de coisa comum
Causa de pedido: perante uma factualidade fazemos o
412.º. Supondo que são três comproprietário A, B e C. A
enquadramento jurídico, ou seja, ao processo levo os
está desavindo com B. Querem propor uma ação de
factos e os direitos. Art.º5.º A causa de pedido dividese
divisão de coisa comum apenas contra C. Os efeitos da
em facto ou em direito. Exemplo: A propõe acção contra
sentença são extinguir aquele direito que pertence a A, B
B. pedindo o pagamento de uma dívida emergente de
e C, mas só são produzidos se todos estiverem no
certo contrato, e contra C, pedindo o pagamento de outra
processo. Ação de preferência. O direito de preferência
dívida emergente do mesmo contrato; ou, A pede contra B
atribui ao seu titular o direito de nas mesmas condições
a anulação de um contrato, com fundamento em coação
adquirir a mesma para si. Havendo violação de direito de
de um terceiro C e pede contra este a indemnização pelos
preferência, isto é, não foi dado a conhecer e foi feito a
danos que isso lhe causou. 2. Relação de prejudicial idade
alienação a outra pessoa, o preferente pode propor uma
ou de dependência entre os pedidos art.º 36.º, n.º 1; O
ação de preferência.
segundo tipo de conexão faz depender a coligação do facto
Acão que visa a declaração de nulidade de contrato de
de os pedidos estarem entre si numa relação de
compra e venda de imóvel quando este já tenha sido
prejudicial idade ou de dependência. Para que um pedido
alienado a terceiro e dado como garantia real através de
se considere dependente de outro, significa que só será
hipoteca a favor de terceiro, caso em que a ação deve ser
procedente se o outro pedido principal também for
proposta não só contra o alienante, mas também contra o
julgado procedente.
terceiro adquirente e os terceiros credores hipotecários.
Exemplo: A propõe acção de reivindicação contra B,
pedindo a restituição do imóvel x, que, entretanto, B
Artigo 19º
havia arrendado a C, e simultaneamente pede a
Ilegitimidade
condenação de C a pagar indemnização por obras de
demolição que este fez no prédio.
Quando detetamos uma falta no que diz respeito à
3. Dependência dos pedidos principais art.º 36.", n. 2
legitimidade, mais concretamente ao litisconcórcio
Possibilidade de eu usar a coligação quando a causa de
necessário, é um vício pode ser sanável designado de
pedido e os pedidos sejam diferentes. Apesar de serem
ilegitimidade. O modo de resolver este vício, é deduzindo
pedidos diferentes, as procedências dos pedidos
o incidente de intervenção de terceiros. Art.º316 nº1 6.º
dependem:
nº2. Ou seja, o vício fica sanável através da intervenção
a da apreciação dos mesmos factos ou; b da interpretação
espontânea ou provocada dos titulares da relação
e aplicação das mesmas regras de Direito ou; c de
controvertida. Pelo que, podem ocorrer as situações
cláusulas de contrato perfeitamente análogas. Exemplos:
seguintes: a o autor apercebese da falta e provoca a
a acidente de viação que envolvem várias pessoas, a causa
intervenção do terceiro, o qual será citado, ficando sanada
de pedido é diferente depende dos danos de cada um, mas
a falta 316.º N.º1 ; b o juiz convida o autor a desencadear
a apreciação dos pedidos é que está dependente da
a intervenção [art.º 6., n.º 2 e 590, n.° 2, al. a e, neste
apreciação da mesma factualidade. b 10 pessoas têm 10
caso, se a mesma for acatada fica sanado o vicio, ainda
contratos com a mesma identidade, e querem invocar que
que o chamado nada faça art.º 320.0]; Porém, se o autor,
uma das cláusulas daquele contrato viola o regime das
convidado a desencadear a intervenção do terceiro, nada
cláusulas contratuais gerais. A apreciação dos vários
fizer, o vício exceção dilatória mantémse e o réu será
pedidos pressupõe a invoação ou a interpretação da
absolvido da instância [arts. 278.º, n.º 1, al. d e 577, al. e].
mesma norma jurídica.
Pode ainda suceder que o próprio interessado
c contratos de adesão: uma seguradora celebra uns x
litisconsorte intervenha no processo, por sua iniciativa,
contratos iguais, mas cada pessoa tem o seu contrato e a
corrigindo a falta de cumprimento do litisconsórcio
causa de pedido é o seu contrato. Se algumas pessoas
necessário, ficando assim sanado o vício art.º 311.º. Ação
quiserem propor uma ação contra a seguradora, a
de preferência: é desencadeada por A que viu
apreciação dos vários pedidos dependem da mesma
desrespeitado o seu direito de preferência se esse direito
cláusula do contrato.
for legal ou convencional com eficácia real oponível a
Portanto, o art.º36.º diz em que situações a coligação é
terceiros. Ia haver uma alienação onerosa com as mesmas
admitida e caso não se verificar essas situações a
condições e A não foi informado e, não pode exercer o seu
coligação é ilegal. b. Condições de forma ou de
direito de preferência. Este, pode, pela via judicial propor
compatibilidade processual requesitos processuais Na
uma ação de preferência 1410.º CC
coligação, há ainda requisitos de natureza processual,
conforme se extrai do art.º 37°. Ou seja, embora se
Artigo 20º
verifique as situações do art.º 36.º há requisitos do art.º
Admissibilidade da coligação Arts 36.º e 37.°
37.º que se devem respeitar igualmente. Os requesitos
substanciais são necessários, mas não suficientes.A
A coligação, é um instituto no qual identificamos uma
coligação apenas será legal na medida em que se
L 351/40 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
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respeitem, em relação aos vários pedidos, as identidades pedidos, deve entenderse que só quanto a esse é que o réu
seguintes: Identidade da forma de processo, de modo que deve ser absolvido da instância.
a forma de processo a usar para todos os pedidos tem que
ser a mesma; não é respeitada esta identidade se para um Artigo 22º
pedido a forma do processo for comum e, para outro, a Patrocínio Judiciário art.º 40º a 52º e 58º CPC
forma de processo for especial; Identidade relativamente
à competência absoluta do tribunal; que é o mesmo que O patrocínio judiciário é considerado pressuposto
dizer que, para os diferentes pedidos, o tribunal onde a processual precisamente nas causas em que este seja
acção seja proposta tem que ser competente em razão da obrigatório a parte estar representada por advogado ou
competência internacional e, ainda, em razão da solicitador ou advogado estagiário. art.º 40º CPC para a
hierarquia e da matéria.As cumulações dos pedidos não ação declarativa e art.º 58º CPC para a ação executiva O
podem ser incompatíveis entre si. Porém, relativamente legislador decreta que vai haver ações em que as partes
aos requisitos processuais, o legislador foi de alguma podem estar sozinhas sem estarem representadas. Nos
forma flexível, isto é, não é absoluto. Atendendo ao casos em que a lei obriga que a parte esteja representada
princípio da gestão processual e da adequação formal. Ou por advogado, solicitador ou advogado estagiário sob
seja, caso a forma do processo não seja igual, ainda assim, pena de estarmos perante um vício processual/uma
o juiz pode admitir a coligação. Atendendo às violação do pressuposto do patrocínio judiciário. Apenas
específicidades do caso concreto, o juiz pode decidir dar versaremos sobre o patrocínio judiciário nas ações
continuidade à coligação por achar importante para o declarativas. Art.º 40º, nº 1 CPC – Constituição
reconhecimento da causa. art.º 37.º, n.º 2. A ser assim, obrigatória de advogado a Causas de valor superior a
cabe ao juiz adaptar o processado à cumulação 5.000 euros causas de valor superior à alçada do tribunal
autorizada. n.º3 Se o tribunal, ou por sua iniciativa, ou a de primeira instância – art.º 629º, nº 1 CPC e art.º 44º
requerimento dos réus, mesmo que se verifiquem LOSJ b Causas em que é sempre admissível o recurso –
condições substantivas e processuais para prosseguir a art.º 629º, nºs 2 e 3 CPC mesmo que as causas tenham
coligação, será possível o juiz afastála. A recusa deve ser valor inferior a 5000 eurosc Nos recursos e nas ações
fundada no facto de haver inconveniente grave em que as propostas nos tribunais superiores toda e qualquer ação
causas sejam instruídas, discutidas e julgadas proposta diretamente por um Tribunal Superior da
conjuntamente art.º 37, n. 4. Nesse caso, o juiz Relação ou no Supremo Tribunal de Justiça.
determinará a notificação do autor para indicar, no prazo
fixado, qual o pedido ou os pedidos que continuarão a ser Artigo 23º
apreciados no processo, sob cominação de, não o fazendo, Falta de Patrocínio Obrigatório art.º 48.º CPC
ser o réu absolvido da instância quanto a todos eles,
aplicandose o disposto no n.º 2 e 3 do artigo 38. Em todo Quando se verificar a falta, insuficiência ou irregularidade
o caso, se ocorrer a absolvição da instância, mas as novas do mandato, o juiz, oficiosamente ou a requerimento da
ações forem propostas dentro de 30 dias a contar do parte, e em qualquer altura do processo, deve convidar a
trânsito em julgado do despacho que ordenou a parte a constituir mandatário ou a regularizar a situação,
separação, os efeitos civis da propositura da ação e da dentro de determinado prazo. Podemos ter que: I. A parte
citação do réu retrotraemse à data em que estes factos se constitui mandatário – fica regularizada a instância fica
produziram no primeiro processo art.º 37.º, n.º 5. resolvido o problema; II. A parte não constitui
mandatário: a Se a parte em falta é o autor – o réu é
Artigo 21º absolvido da instância art.º 41º; 278º, nº 1, e e 577º, h
Ilegalidade da coligação e consequências processuais CPC b Se a parte em falta é o réu – fica sem efeito a
defesa, incorrendo o réu em revelia art.º 41º e 567º CPC
Resulta do que vem exposto, que a coligação só será legal vai ficar sem efeito a defesa e, o réu vai ser julgado à
desde que sejam respeitadas as condições de fundo e de revelia. c Se a parte em falta for o recorrente – fica sem
forma. A não ser assim, isto é, não existindo entre os efeito o recurso art.º 41º CPC Se estivermos a falar na
vários pedidos alguma conexão das exigidas pelo art.º parte de recurso, em que a falta é do recorrente/do autor
36.º ou verificandose algum obstáculo processual à então aqui fica sem efeito do recurso, é a mesma lógica do
coligação, estaremos perante uma coligação ilegal. Mas autor.
essa ilegalidade da coligação é sanável ou suprível. Nos Art.º 42.º CPC Todos os casos em que não estejam
termos do art.º 38.°, falhando as condições de fundo ou previstos no art.º 40.º CPC podem as partes praticar os
substantivas, sucede que: O juiz notifica o autor para, no atos, estar no processo sozinha, apresentar as peças
prazo fixado, indicar qual o pedido que pretende manter processuais, as defesas ou serem representadas por
naquela ação: a O autor faz a escolha e o processo segue advogados ou solicitadores. No processo declarativo os
para apreciação desse pedido, sendo o réu absolvido da solicitadores só intervêm, regra, até 5.000.00€ caso
instância quanto ao pedido que o autor não indicou ou contrário temos de estar em conjunto com o
não escolheu; b O autor não faz a escolha e, nesse caso, o advogado.Art.º 43.º CPC Como é que uma parte constitui
réu é absolvido da instância quanto a todos os pedidos um advogado ou solicitador como mandatário? Através de
art.º 577.º f Caso não se verifique as situações do uma procuração, designada por procuração forense art.º
art.º36.º a coligação é ilegal. Se a ilegalidade resulta do 43.º a CPC.Art.º 47.º CPC Revogação e renúncia do
art.º 37.º a situação é sanável, desde logo pelo art.º 37, mandato, ou seja, o meu cliente pode a dado momento,
n.° 2, na medida em que prevê a possibilidade de desentendeuse comigo, e, pode decidir que revoga a
coligação mesmo quando aos diferentes pedidos procuração, a partir daquele momento eu deixo de ser o
correspondam formas de processo diferentes. No caso seu mandatário. Eu como mandatário a dado momento
específico da ilegalidade da coligação ser determinada por digo “ele não atende ao que eu estou a dizer, então eu vou
força da incompetência absoluta do tribunal se esta se renunciar à procuração”, a partir daí outrem que o
verificar para todos os pedidos, daí vai resultar a represente. Art.º 48.º CPC Falta, insuficiência e
consequência processual própria da incompetência irregularidade do mandato, por exemplo, na procuração
absoluta, que é a absolvição do réu da instância [arts. forense dá poderes ao mandatário para praticar todos os
278.º, n.º 1, al. a, 576.º, n.º 2 e 577.º, al. a. Se a atos, prestar as declarações em defesa de um cliente. Mas
incompetência absoluta for apenas para algum dos a procuração pode ter faltas
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/41
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competência dos tribunais, o seu objetivo é repartir o
Artigo 25º poder jurisdicional pelos diversos tribunais. Ou seja,
Interesse em agir tratase da repartição da entre todos os tribunais, no seu
conjunto, quando confrontados uns com os outros. Com
É o único pressuposto processual inominado, na medida base nisso, a competência internacional, através da qual
em que não tem consagração legal. Mas é se afere se os tribunais portugueses, em bloco, assumem o
acolhido/aceite/tratado, enquanto tal, pela doutrina. Na julgamento de determinada ação. No que concerne à
verdade, a lei prevê casos em que a ação é considerada competência interna, de entre os tribunais portugueses,
inútil, mas nem por isso o tribunal fica impedido de qual o competente para decidir sobre uma determinada
decidir sobre o mérito da causa art.º 535º, nº 2, b, c e d causa. Exemplos de problemas em relação à competência
CPC. Consiste na indispensabilidade de o autor recorrer a internacional: Um francês casou com uma italiana, com
juízo para a satisfação da sua pretensão. O autor só tem domicílio na Bélgica. São separados de facto o francês
interesse em agir quando não dispõe de quaisquer outros mudase para a França e têm um filho. Para exigir a
meios extrajudiciais para realizar a sua pretensão. Seja pensão de alimentos a um deles, qual é o tribunal
porque não existem outros meios, seja porque, existindo, competente? Uma empresa, com sede em Felgueiras,
o autor já os utilizou e esgotou sem sucesso. A lógica deste fabrica sapatos para outra empresa com sede na Holanda.
pressuposto é garantir que só temos ações no tribunal Surgiu um litígio entre as empresas de falta de
para resolver problemas que realmente não se pagamento, qual o tribunal competente?
conseguiam resolver de outra forma, Esta lógica
encaminhanos para o Princípio da Economia Processual Artigo 28º
É considerado como pressuposto processual por duas Competência internacional
razões: I. Porque a instauração de uma ação inútil
sempre causa ao réu prejuízos e incómodos injustificados; Só passamos para a competência interna, se dissermos
II. Porque a justiça, sendo um serviço estadual, só deve sim à Competência Internacional art.º 59.º CPC. Sempre
funcionar quando houver motivos para tal, ou seja, que algum dos elementos da causa as partes, pedido,
quando o autor demonstre um verdadeiro interesse em causa a pedir está em conformidade com a ordem jurídica
agir. Consequências da falta de interesse em agir O de Estado que não seja o português, é necessário aferir de
legislador identificou certos casos como sendo uma a ação pode ser proposta e apreciada por um tribunal
manifestação da falta de interesse em agir. Art.º 535º, nº português ou não. Com o intuito de resolver esta questão
2 CPC: entendese que o réu não deu causa à ação, desde que surge as regras da competência internacional.
que não deduza oposição. Dáse a inversão da regra geral Apenas se aplica o CPC, se não existir nenhum
do pagamento de custas, que condena nas mesmas a parte Regulamento Europeu, ou nenhum tratado internacional
vencida art.º 535º, nº 1 conjugado com o art.º 527º CPC. que seja aplicável. Ou seja, o regulamento europeu, ou a
A falta de cumprimento de um qualquer pressuposto existência de algum tratado internacional prevalece sobre
processual é considerada uma exceção dilatória que vai o CPC. Critérios para aferir a competência internacional
dar lugar à absolvição do réu da instância art.º 577.º CPC. dos tribunais portugueses Os tribunais portugueses não
assumem a competência para todo ou qualquer litígio,
Artigo 26º quando esse litígio envolve mais do que uma ordem
Pressuposto processual relativo ao tribunal jurídica de um Estado, seja em razão da nacionalidade
das partes, do domicílio, do local dos bens. Se aplicarse a
Organização judiciária Lei nº62/2013, 26 agosto LOSJ, competência internacional dos tribunais portugueses, só
ROFTJ Regime da organização e funcionamento dos depois é que se vai apurar a competência interna.
tribunais judiciais DL Nº49/2014 27 março Regulamento Identificar os Estados com os quais os elementos da causa
Bruxelas Nº1215/2012, Art 59 até 95.º CPCO tribunal, têm conexão; Verificar se os Estados envolvido vigora um
enquanto sujeito da relação jurídica processual, é tratado ou convenção internacional; Verificar se a causa é
entidade terceira, independente e imparcial, que é abrangida pelo âmbito de aplicação do regulamento da
chamada a dirimir o litígio art.º202.º CRP. Porém, em UE 1215/2012. Não havendo nenhum tratado ou
cada ação o tribunal apenas estará em condições de convenção aplicável, a solução encontrase nas normas do
exercer essa função se for um tribunal competente. CPC, ou seja, tem aplicação residual. Caso de aplique a lei
Categorias dos tribunais art.º 29.º LOSJ/209.º CRP, processual civil ordinária deve procederse nos termos
Tribunal Constitucional Supremo Tribunal de Justiça e os seguintes
tribunais judiciais de 1ª e 2ª instância Tribunais de 1 verificar se se trata de alguma das situações previstas
Contas Tribunais Administrativos e Fiscais Tribunais como da competência exclusiva dos tribunais
Arbitrais Julgados de Paz Hierarquia dos tribunais portugueses, referidas no art.º 63.º, pois, a ser assim, está
judiciais Supremo Tribunal de Justiça Tribunais de 2ª determinada a competência; 2 Aferir se existe, para o
instância Relação Tribunais de 1ª instância Comarca O caso, alguma convenção anteriormente estabelecida pelas
Supremo Tribunal de Justiça e os Tribunais de 2ª partes. Art.º94.º
instância Relação são, regra geral, tribunais de recurso, 3 Apurar se tem aplicabilidade algum dos princípios
isto é, decidir sobre recursos. O recurso interpõese das previstos no art.º 62.º e respetiva conexão com a ordem
decisões da instância imediatamente anterior. Há jurídica interna Ou seja, quando a questão da
decisões suscetíveis ou não de recurso. 529 CPC competência internacional não seja resolvida por
Admissibilidade de recurso Quando já não for admissível aplicação de convenção, ou tratado interncional ou o
a recurso, a decisão é definitiva, ou seja, caso julgado. 628 Regulamento 1215/2012, são aplicáveis as normas da
CPC Refirase, ainda, que o território nacional se divide competência internacional dos tribunais portugueses
em 23 comarcas. Anexo II LOSJ art.º 62.º, 63.º e 94.º CPC Em primeiro lugar, aferese se a
causa está abrangida por alguma das situações de
Artigo 27º competência exclusiva dos tribunais portugueses e, em
Competência internacional e interna caso afirmativo, é assumida a competência. Se não for o
caso, verificase se há algum pacto de jurisdição válido que
A competência dos tribunais subdividese em: determine o tribunal competente art.º 94.º. Não havendo,
Competência internacional; Competência interna. A a resposta à competência inter nacional é dada pelos
L 351/42 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
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princípios consagrados na lei processual em matéria de Tribunais Administrativos e Fiscais Art.º 64.º/ 40 nº1
competência internacional. art.º 62.º LOSJ O tribunal judicial é, assim, o tribunal comum, com
competência residual. Art.º 65.º CPC
Artigo 29º
Regulamento 1215/2012 Artigo 31º
Organização dos Tribunais de 1ª instância art.º 33.º LOSJ
É aplicável quando estiverem em causa, desde logo, as
partes com domicílio em Estados na UE. O regulamento Tribunais de competência territorial alargada Tribunais
autonomizou algumas matérias, com regras próprias. Por da comarca Os tribunais de competência territorial
exemplo, obrigações art.º 7.º RUE, seguros art.º 10.º alargada art.º 83.º LOSJ vão ver a sua competência
RUE, consumo art.º 17.º RUE, trabalho art.º 20.º RUE e alargada a mais do que uma comarca, por vezes até todo o
competências exclusivas art.º 24.º RUE. Exemplo: Um território nacional e são sempre tribunais de competência
português a caminho de França teve um acidente de especializada, ou seja, tratam de determinadas matérias
viação com um francês a caminho de Portugal, em em específico. Art.º 83. º n. º3 LOSJ; art.º 111. º e ss
Madrid. Qual é o tribunal competente? Este regulamento LOSJ São tribunais de competência alargada: Tribunal de
estabelece: Que regra geral, segundo o Regulamento da propriedade intelectual; art.º 111.º LOSJ Tribunal da
UE, é internacionalmente competente o país do domicílio concorrência, regulação e supervisão; art.º 112.º LOSJ
do réu demandado. Art.º4.º RUE Competências Tribunal marítimo; art.º 113.º LOSJ Tribunal de execução
exclusivas: O regulamento prevê, ainda, competências de penas; art.º 114.º LOSJ Tribunal central de inspeção
exclusivas dos tribunais, independentemente de qualquer criminal; art.º 116.º LOSJ Tribunais da comarca Art.º 79.
que seja o domicílio das partes. Nos seguintes casos: Art.º º LOSJOs tribunais de comarca vão ter apenas uma área
24.º nº1: Em matéria de direitos reais sobre imóveis e de de circunscrição. 1 comarca Têm delimitado o seu campo
arrendamento de imóveis, independente do domicílio das de atuação, do ponto de vista da competência.
partes, é competente os tribunais do Estado Membro Compete a estes tribunais preparar e julgar os processos
onde se situa o imóvel. Nº2: Em matéria de validade da relativos a causas não abrangidas por outros tribunais,
constituição, de nulidade ou de dissolução de sociedades isto é, não é da competência destes julgar causas
ou de outras pessoas coletivas ou associações de pessoas destinados aos tribunais de competência territorial
singulares ou coletivas, ou de validade das decisões dos alargada.
seus órgãos o tribunal do Estado Membro em que a Anexo II LOSJ p. 428 Organização das comarcas
sociedade, pessoa coletiva ou associação tiverem a sua Uma comarca abrange mais do que um município. A lei
sede; Nº3: Em matéria de validade de inscrições em estabelece regras relativamente à competência dos
registos públicos o tribunal do Estado Membro em cujo tribunais Os tribunais de comarca é lhes atribuída
território esses registos estejam conservados; Nº4: Em competência genérica e especializada. Art.º 80.º n.º 2
matéria de inscrição ou de validade de patentes, marcas, Juízos de competência genérica: há tribunais, com
desenhos e modelos ou outros direitos os tribunais do carácter genérico, a quem a lei atribui as causas sem
Estado Membro em cujo território o depósito ou o registo atender à matéria Juízos de competência especializada:
tiver sido requerido, efetuado ou considerado efetuado há tribunais aos quais a lei atribui competência para
nos termos de um instrumento comunitário ou de uma julgar causas relativamente a determinadas matérias,
convenção internacional; Nº5: Em matéria de execução independentemente do valor da causa e da forma do
de decisões os tribunais do Estado Membro do lugar da processo. Por sua vez. Os tribunais da comarca
execução desdobram-se em juízos, que podem ser de competência
Perante uma determinada situação, é necessário verificar, especializada ou genérica. Art.º 81.º Juízos de
em primeiro lugar, se estamos perante uma competência competência especializada tipificados Há juízos de
exclusiva. Se sim, dar resposta à competência através do competência especializada aos quais compete julgar
art.º 24.º RUE. Não é reconhecida uma sentença que seja causas relativas a determinada matéria, que a lei
proferida por um tribunal relacionado com uma matéria especificadamente elenca: Família e menores art.º 122
que por lei os tribunais portugueses eram exclusivamente LOSJ Por exemplo: o juízo de família é competente para
competentes. Caso as partes porventura tenham julgar ações de pensão de alimentos, divórcio, casa de
estabelecido um pacto através do qual atribuem essa morada de família... Trabalho art.º 126 LOSJ LOSJ Por
competência e, é internacionalmente competente o país exemplo: o juízo de trabalho é competente para julgar
que determinaram. Art.º 25.º RUE Regras especiais: ~ A ações de ilicitude do despedimento, cobrar crédito
lei para proteger o consumidor admite que: ao laborais... Comércio art.º 128 LOSJ Execução art.º 129
consumidor é licito propor uma ação contra uma empresa LOSJ Central cível 117.º LOSJLocal cível art.º 130.º
que tenha sede noutro país e considerasse competente o LOSJ. Ou seja, são juízos que tratam de determinadas
tribunal do domicílio do consumidor. Seguindo, depois, matérias e, só são competentes para essas matérias. Mas,
as regras da competência interna. Art.º 17.º e 18.º RUE embora na LOSJ diga que estes juízos existam e têm estas
competências, nem todas as comarcas têm todos os
Artigo 30º juízos. São juízos que a lei não faz um elenco
Competência interna especificados das matérias que lhes cabe julgar. Tratam
de matéria cível, mas a sua competência distinguese
No que respeita aos tribunais judiciais, qual o tribunal tendo em conta outro critério além da matéria. Ou seja,
português, em concreto, que vai julgar certa causa. estes tribunais, as suas competências também são
A jurisdição repartese pelos diferentes tribunais segundo atribuídas e distinguem um do outro em razão do valor e
os seguintes critérios: art.º 60 n.º2 CPC/ 37 n.º1 LOSJ da forma do processo. Os juízos de competência genérica,
Matéria, Hierarquia, Valor da causa, Território Estes são competentes, na respetiva área territorial, quando as
critérios têm de se verificar cumulativamente. causas não sejam atribuídas a outros juízos ou tribunal de
Competência em razão da matéria Após apurar a competência territorial alargada, ou seja possuem
competência internacional e, esta ser da competência dos claramente competência residual. art.º 130 n.º 1 LOSJ
tribunais portugueses, a primeira coisa a verficar é se os Apenas pode haver um tribunal competente para uma
tribunais judiciais são competentes em detrimento de causa em concreto.
outras ordens jurisdicionais Tribunal de Contas,
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/43
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Artigo 32º Relação, acrescido de € 0,01, ou seja, € 30.000,01 art.º
Competência em razão da hierarquia art.º 42.º LOSJ 303. n.º1. Ou seja, as causas têm um valor e há critérios
para saber através dos quais se atribui um valor. A lei
Em razão da hierarquia os tribunais estão organizados: reparte a competência entre os juízes centrais cíveis e
Supremo Tribunal de Justiça Tribunais de 2ª instância juízes locais cíveis, atendendo ao valor. Apenas é aplicável
Relação Tribunais de 1ª instância Comarca Quanto à os juízes centrais cíveis e juízes locais cíveis quando,
competência em razão da hierarquia, a regra geral é que entretanto, não apliquei um tribunal de competência
os tribunais superiores são tribunais de recurso art.º alargada ou de um juízo de competência especializada,
129.º CPC ver, arts. 68.° e 69.º, e arts. 52., al. a, 53.0, al. b porque estes são competentes independentemente da
e c, 55.° al. a, 73.°, al a, da LOSJ. São tribunais que forma do processo e do valor da causa.
reapreciam as decisões dos tribunais hierarquicamente Se chegar à conclusão que a competência é de um juízes
inferiores. As generalidades das ações são apresentadas centrais cíveis, ou juízes locais cíveis, ou é da competência
em juízo através de acções judiciais que dão entrada nos genérica aqui é que entra o critério do valor. Como a lei
tribunais de primeira instância. Apenas em casos destingue a atribuição destes critérios? Art.º 117. º, n. º 1,
excecionais, os tribunais superiores funcionam como al. a LOSJ Os juízes centrais cíveis só julgam ações cujo
primeira instância, como acontece, por exemplo, nas valor superior a €50.000, 00 e que sigam a forma de
ações referidas nos arts. 55.0, al. b e c e, ainda, nas alíneas processo comum. Estes são critérios cumulativos.
b, c, e do art.º 73.º da LOSJ. Art.º 130. º, n. º 1 LOSJ Aos juízos locais cíveis e aos
juízos de competência genérica são competentes para
Artigo 32º tudo o que os outros não são. Ou seja, julgam ações
Competência em razão do valor da causa art.º 41.º LOSJ declarativas de processo comum de valor até € 50.000,00
e, o julgamento das acções declarativas de processo
Quando falamos em competência em razão do valor da especial, de qualquer valor.
causa, há desde logo um conceito prévio o valor da causa. Em conclusão, o critério do valor só chega a aplicarse caso
Este conceito pressupõe à aplicação deste critério. O valor a competência do tribunal não fique desde logo definida
da causa art.º296.ºCPC é o valor, expresso em moeda, da pela aplicação do critério da matéria. Há tribunais e juízos
expressão económica do pedido. Não nenhuma ação em que são competentes independentemente da forma do
tribunal que entre sem que lhe seja atribuído um valor, processo e do valor da causa. Por exemplo um juízo de
toda a causa tem um valor. Quem atribui esse valor em família, um juízo de trabalho, um tribunal da propriedade
primeiro lugar é o autor art.º 552.º nº1 al. f CPC e, o réu intelectual... Ou seja, é essencial qual o valor da causa e a
na contestação pode contrariar esse valor art.º 558.º CPC. forma do processo.
No final, mais concretamente no despacho saneador,
quem fixa o valor definitivamente é o juiz. art.º 306.º Artigo 33º
CPC. Porque as causas têm um valor? Funções do valor da Competência em razão do território Art.º 70.º e ss
causa: art.º 296.º n.º 2 e 3 CPC Para atender a
competência do tribunal; A forma do processo de O legislador definiu vários foros de competência uns
execução comum; A relação da causa com a alçada do especiais e um geral, os especiais prevalecem sobre o
tribunal para efeitos de admissibilidade de recurso; Para geral, para determinadas ações o legislador entendeu que
aferir as custas judicias. Portanto, a lei determinou que a devia privilegiar um determinado elemento de conexão
competência dos tribunais está relacionado com o valor para definir qual é o tribunal territorialmente
da causa, ou seja, é um dos critérios da atribuição de competente. Assim, num caso concreto, em primeiro
competência. Iremos encontrar tribunais que só julgam lugar tem que se aferir qual a natureza da causa, isto é,
causas até um determinado valor e, outros tribunais que para propor uma ação de execução específica, ou de
só julgam causas a partir de um dado valor. Como se indemnização, re revindicação, acidente de viação, cobrar
atribui um valor às causas? Quanto aos critérios honorários, divórcio, e verificar se há algum foro especial
determinativos do valor da causa, previstos nos arts. aplicável. Se houver, é esse que se aplica, identificando o
297.º a 304.º CPC, há um critério geral e critérios respetivo elemento de conexão. Se não houver, aplicase o
especiais. Os critérios especiais prevalecem sobre o critério geral. Mas, seja aplicável o foro geral ou especial
critério geral. Quando formulo mais do que um pedido o tem de se verificar qual o elemento de conexão.
valor da causa corresponde à soma desses pedidos. Pelo
critério geral, no caso de se pretender obter uma quantia Artigo 33º
certa em dinheiro, é esse o valor da causa; se pela ação se Foro real ou da situação dos bens art.º 70.º
pretende obter um benefício diverso, o valor da causa é a
quantia em dinheiro equivalente a esse benefício art.º Âmbito de aplicação. As ações referentes a direitos reais
297., n.º 1 CPC; Dos critérios especiais, salientamos os ou pessoais de gozo sobre imóveis. Os direitos reais são,
seguintes: Ações de despejo, ou seja ações que está em por exemplo, de propriedade, usufruto, servidões sobre
causa um contrato de arrendamento e o autor pretende imóveis. Os direitos pessoais de gozo são direitos de
que o contrato cesse. O valor é o da renda de dois anos e natureza obrigacional, mas que proporcionam o gozo de
meio 30 meses, acrescido do valor das rendas em dívida uma coisa, por exemplo, o comodato, o depósito, a
ou do valor da indemnização requerida, que for superior partilha pecuária. As acções de divisão de coisa comum,
art.º 298.º, n.º 1; Ações de alimentos, o valor é o Dê despejo, De preferência De execução específica sobre
quíntuplo da anuidade correspondente ao pedido art.º imóveis, Todas estas ações devem ser propostas no
298.º, n.º 3; A ação tiver por objeto a apreciação da tribunal da situação dos bens. elemento de conexão. Ou
existência, validade, cumprimento, modificação ou seja, independentemente do domicílio do autor ou do réu,
resolução de um ato jurídico, atendese ao valor do ato para que o tribunal seja territorialmente a ação tem de ser
determinado pelo preço ou estipulado pelas partes art.º proposta no tribunal do local da situação do bem, sob
301.º n.º1; Ação de reivindicação do direito de pena do tribunal ser incompetente territorialmente.
propriedade é o valor da coisa reivindicada art.º 302.°
n.º1 ; Artigo 34º
Ações sobre o estado das pessoas ou sobre interesses Foro obrigacional art.º 71.º
imateriais, é o valor correspondente ao valor da alçada da
L 351/44 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
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No art.º71.º o disposto do nº2 prevalece sobre o n.º 1, ou entende que é aplicável o foro conexional, nos termos do
seja afasta o n.º1. Destinando se a ação a efetivar a art.º 78.º, n.º 1, al. c, onde se determina que é competente
responsabilidade civil baseada em facto ilícito ou pelo o tribunal em que deva ser proposta a ação respetiva.
risco, o tribunal competente é o do lugar onde o facto
gerador da responsabilidade ocorreu art.º 71.º, n.º 2 No Artigo 37º
art.º 71.º n.º 1 1ª parte regra Âmbito de aplicação: Ações Foro geral ou do domicílio do réu art.º 80.°
que se destinem a exigir o cumprimento de obrigações
Ações indemnização pelo não cumprimento ou pelo Este é o critério subsidiário, que se aplica em todos os
cumprimento defeituoso Ações de resolução do contrato casos não previstos nas regras anteriores ou em
por falta de cumprimento Todas estas ações devem ser disposições especiais. É competente para a ação o
propostas no tribunal do domicílio do réu. elemento de tribunal do domicílio do réu. Porém, se o réu for o Estado,
conexão No art.º 71.º n.º 1 2ª parte. Neste disposto, o ou se for outra pessoa coletiva ou uma sociedade ao
âmbito de aplicação é o mesmo que o art.º 71.º n.º 1 1ª tribunal do domicílio do réu, a regra geral é a prevista no
parte, apenas se poderá determinar outro elemento de art.º 81. No caso do Estado, substituise o domicílio do réu
conexão, neste caso, o tribunal competente é aferido pelo pelo domicílio do autor. Sendo outra pessoa coletiva ou
lugar do cumprimento da obrigação. O autor tem a uma sociedade, o tribunal territorialmente competente,
faculdade de optar pelo tribunal do lugar em que a na falta de foro especial, é o tribunal da sede da
obrigação deveria ser cumprida. Mas, esta faculdade é administração principal ou da sede da sucursal, agência,
condicionada, ou seja, o autor não pode usar em todas as filial, delegação ou representação, conforme contra quem
situações. Apenas pode usar quando o autor e o réu seja dirigida a ação.
tenham o domicílio na mesma área metropolitana de
Lisboa ou do Porto, ou quando o réu é uma pessoa Artigo 38º
coletiva. Qual é o lugar do cumprimento da obrigação? O Competência interna convencional
lugar de cumprimento da obrigação determinasse do
seguinte modo: No âmbito da competência interna, há ainda a questão da
Ou as partes estipularam, ou se não estipularam são competência convencional. Isto é, aferir se as partes
aplicáveis as regras supletivas do CC arts. poderão ou não celebrar acordos relativos à competência
772.º/773.º/774.º Art.º 772.º Regra geral: o lugar de do tribunal. Se as partes têm a liberdade de convencionar
cumprimento é o domicílio do réu não altera nada Art.º sobre o tribunal que irá julgar a sua causa. Art.º 95.°:
773.º Entrega de coisa móvel: o lugar de cumprimento é o segundo esta norma não é possível convencionar algumas
lugar onde a coisa se encontrava competências em razão de alguns critérios: 1 Não podem
Art.º 774.º Obrigações pecuniária: o lugar de ser afastadas as regras de competência em razão da
cumprimento é o domicílio do credor inverte matéria, não posso numa questão de contrato de c/v dizer
que um tribunal de família é competente; da hierarquia
Artigo 35º não posso dizer que o Supremo Tribunal de Justiça julgue
Foro do autor art.º 72.º pela primeira uma determinada questão; e do valor. 2 A
lei admite que as partes possam convencionar a
Para as ações de divórcio e de separação de pessoas e competência em razão do território, mas não
bens é competente o tribunal do domicílio ou da relativamente a qualquer critério escolher a comarca
residência do autor, porque este é o presumível cônjuge territorialmente competente.Com exceção dos casos
não incumpridor. previstos no art.º 104.º. Este artigo refere casos de
incompetência territorial que são de conhecimento
Artigo 35º A oficioso, isto é quando se violar um dos artigos referidos
Foro hereditário art.º 72.°A no art.º 104.º o tribunal, constatando que esse critério de
competência territorial foi violado, ele próprio declarase
Em matéria sucessória é competente o tribunal do lugar incompetente em razão do território. Os foros do art.º
da abertura da sucessão. Porém, se, no momento da sua 104 são foros imperativos, isto é, foros que as partes não
morte, o autor da sucessão não tiver residência habitual podem convencionar. mais importantes 70.º; primeira
em território português, é competente o tribunal em cuja parte do nº1 e nº2 do art.º 71.º Por exemplo: um acidente
circunscrição esse autor teve a sua última residência de viação que aconteceu em Felgueiras apesar das
habitual em território nacional. Na impossibilidade de seguradoras terem sede em lisboa e, os condutores serem
aplicar estes critérios, caso o autor da sucessão tenha de Faro e, outro Bragança, o tribunal territorialmente
nacionalidade portuguesa ou houver bens situados em competente é do lugar da ocorrência do facto, ou seja, a
Portugal, o tribunal competente é: a havendo imóveis, o Comarca de Porto Este. Se o autor propor a ação no
tribunal da situação dos bens, ou, situandose os imóveis tribunal de Bragança, mesmo que o réu não diga nada, o
em circunscrições diferentes, o tribunal da situação do tribunal vai declarar competente. ou seja, é de
maior número; ou, b não havendo imóveis, o tribunal de conhecimento oficioso No caso de ser possível celebrar
Lisboa. um pacto de competência, este tem de resultar de uma
declaração expressa pelas partes e tem de ser escrita. E,
Artigo 36º ainda as partes devem dizer para quê que estão a
Foro conexional art.º 73.º não sai em casos práticos estabelecer a competência. Exemplo de quando a
competência só pode convencionar em razão do
Para a ação de honorários de mandatários judiciais ou território: art.º 80.º regra geral
técnicos e para a cobrança das quantias adiantadas ao
cliente, é competente o tribunal da causa na qual foi Artigo 39º
prestado o serviço, devendo aquela correr por apenso a Incompetência do tribunal
esta. Porém, se a causa tiver sido instaurada na Relação
ou no Supremo, a ação de honorários correrá no tribunal Quando os pressupostos relativos à competência do
da comarca do domicílio do devedor. Quanto a tribunal não se verifiquem temos a incompetência do
procedimentos cautelares que não sejam arresto, tribunal. A incompetência pode ser: Incompetência
arrolamento ou embargo de obra nova, também se absoluta arts. 96.° a 101.° ou; Incompetência relativa
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/45
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arts. 102.° a 105.°. Para um caso concreto é necessário: pode ser arguida pelo réu quando apresenta a contestação
Saber o tipo de incompetência; Regime jurídico da N.º 2 Quando for o réu a invocar a incompetência
incompetência se é ou não de conhecimento oficioso Até relativa, o autor pode defender-se por escrito. Poderá
que momento podemos suscitar a questão Consequência pronunciar-se no articulado seguinte que houver na
após a declaração de incompetência réplica quando exista, se não existir poderá pronunciar-se
num articulado próprio, prazo de 10 dias. Quando o
Artigo 40º tribunal é relativamente incompetente passará para outro
Incompetência absoluta tribunal, para evitar que o processo avance. Etapas: O
autor propôs a ação; O réu contesta e invoca a
Temos incompetência absoluta art.º 96.°. quando incompetência; O autor é notificado: se houver réplica
violamos as regras de competência em razão da matéria e pronunciasse na réplica, se não houver o autor tem 10
da hierarquia, bem como das regras de competência dias para criar um articulado próprio peça processual que
internacional; e, ainda, quando houver a preterição de entra no processo e permite às partes levarem factos que
tribunal arbitral.quando as partes convencionarem que assegurem a sua defesa art.º 147.º CPC Estão sujeitas ao
caso houvesse um litígio, iriam para um tribunal arbitral regime da incompetência relativa oficiosa, os casos em
Exemplo: Aconteceu um acidente de viação em Espanha, que se tenha violado: as regras da competência em razão
entre um português e um francês; o português tinha do valor art.º 104.º, n.º 2; as regras da competência em
domicílio na Bélgica e o francês com domicílio em razão do território, quando se trate da violação dos foros
Portugal. Vieram propor a ação em Portugal, os tribunais de competência territorial imperativos, ou seja, de que as
portugueses não são internacionalmente competentes partes não podem dispor [art.º 104.º, n.º 1, al. a] e 95.º,
porque Portugal não é o lugar da ocorrência do facto. É n.º 1, parte final Não é de conhecimento oficioso
uma incompetência que viola a competência incompetência relativa por violação do território quando
internacional, logo é uma incompetência absoluta. estiverem em causa a violação de foros de competência
Quando é ou não de conhecimento oficioso? A lei diz que territorial que não sejam os que estão enumerados no
a incompetência absoluta pode ser arguida pelas partes, art.º 104.º n.º 1 a exemplo: foro do autor art.º 80.º E,
ou seja, invocarem que o tribunal é incompetente; e, deve também, a incompetência relativa gerada por violação de
ser suscitada pelo tribunal. Deve ser arguida ou pelas uma convenção que as partes hajam acordado rt. 95.º
partes ou pelo tribunal até ao trânsito em julgado. CPC Nestes casos, o juiz deve suscitar e decidir a questão
Exceção art.º 97.º, n.º 1 Não é de conhecimento oficioso da incompetência até ao despacho saneador, podendo a
mas pode ser arguido pelas partes a violação do pacto decisão ser incluída neste sempre que o tribunal se julgue
privativo de jurisdição art.º 94º e a preterição do tribunal competente, ou seja o tribunal onde a ação foi proposta só
arbitral. Exemplo, tínhamos celebrado um pacto privativo faz o despacho saneador se achar que é competente; não
de jurisdição e, decidimos que era Angola porém depois havendo lugar a saneador, pode a questão ser suscitada
umas das partes propôs nos tribunais portugueses, o até à prolação do primeiro despacho subsequente ao
tribunal só vai ser incompetente se uma das partes disser termo dos articulados art.º 104., n.° 3. AECOPEC Efeito:
alguma coisa, apesar de por regra ser uma incompetência Conhecida e decidida a incompetência relativa do
absoluta. Revogaram a convenção tacitamente. Art.º 97.º, tribunal, no caso de incompetência relativa exceção
n.º 2 No entanto, se a incompetência disser respeito à dilatória ocorre a remessa dos autos para o tribunal
violação das regras de competência em razão da matéria competente. art.º 105.º, n.° 3 e 278.º, n.° 2, 1 parte /577.º
que apenas respeitem aos tribunais judiciais só pode ser
arguida, ou oficiosamente conhecida, até ser proferido Artigo 42º
despacho saneador, ou, não havendo lugar a este, até ao Metodologia Casos Práticos 1º Competência Internacional
início da audiência de discussão e julgamento. Ou seja,
uma ação que tenha sido proposta num tribunal cível e, 2º Competência interna – Critérios Caso concreto Afastar
que afinal era do tribunal administrativo e fiscal é de as outras ordens jurisdicionais Tribunais Judiciais: qual a
conhecimento oficioso e pode ser invocado até ao trânsito instância? Quanto à hierarquia: organização dos
em julgado. Porém, se for uma ação que deveria ter sido tribunais Quanto ao território: consoante a comarca
proposta num juízo central cível e foi para o juízo de Quanto à Matéria Quanto ao valor da causa e forma do
trabalho exemplo só pode ser arguida, ou oficiosamente processo Exemplo: A, B e C são comproprietários. A tem
conhecida, até ser proferido despacho saneador, ou, não domicílio no Porto, B em Bragança e C em Lisboa, o
havendo lugar a este, até ao início da audiência de imóvel dos três é sito em Amarante. O valor do imóvel é
discussão e julgamento. Efeito: A procedência da exceção de 80.000,00€. A propôs uma ação de divisão de coisa
dilatória de incompetência absoluta gera a absolvição do comum contra B e C. Qual é o tribunal competente?
réu da instância art.º 99.º, n.º 1 e 278.º, n.º 1, al. a / Tribunal Judicial de 1.ª Instância Território: Foro real
577.º.mais importante a regra Porém, salvo violação de art.º70.º ação de divisão de coisa comum o tribunal
pacto privativo de jurisdição ou preterição de tribunal competente é o da situação dos bens, neste caso é o sito
arbitral, se a incompetência for decretada depois de fim do imóvel é Amarante que pertence à comarca de Porto
dos articulados, podem estes aproveitar-se desde que o Este. Territorialmente competente é Porto Este. Matéria:
autor requeira, no prazo de 10 dias a contar do trânsito Há algum juízo de competência especializada ou algum
em julgado da decisão, a remessa do processo ao tribunal tribunal de competência alargada para divisão de coisa
em que a ação deveria ter sido proposta, desde que o réu comum? Não. Então vai estar ou na competência de um
não ofereça oposição justificada art.º 99.º, n.º 2 e 3. juízo central cívil, ou local cívil ou de competência
genérica. Central cívil apesar do valor ser superior a
Artigo 41º 50 000 euros, a forma do processo não segue a forma de
Incompetência relativa processo comum, mas sim especial Local cívil juízo local
cível de Amarante p.520 ROFTJ tem juízos e não secções
A incompetência é relativa quando se violam as regras de MAPA III Valor da causa: art.º 302
competência seguintes: violação de regras de competência
interna em razão do valor, em razão do território e Artigo 43º
violação da competência convencional art.º 102.°.Regime
de arguição art.º 103.º CPC A incompetência relativa Joaquim empresário em nome individual com domicílio
L 351/46 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
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em Gondomar celebrou um contrato de c/v com Valongo. Imaginando que a ação foi proposta no central
Humberto unipessoal limitada. Joaquim vendeu-lhe o fio, cível do Porto, qual é o problema? É uma incompetência
concede se em Valongo. Estavam em causa 20.000,00€, o em razão do valor, o Tribunal só poderia considerar-se
Joaquim entregou o fim e, a empresa não pagou. O incompetente ainda que o réu não tivesse dito nada na
Joaquim propôs uma ação declarativa de condenação contestação se fosse de conhecimento oficioso, a regra da
para exigir o pagamento. Se fossem autores qual era o competência em razão do valor é de conhecimento
Tribunal que propunham a ação? Para saber qual é o oficioso art.º 104.º n.º 2.
tribunal competente aplicar a regra da competência. A
competência dos tribunais é aferida em razão da sua Artigo 44º
competência internacional e interna. Em relação à São 3 Pressupostos relativos aos objetos da causa
competência internacional, neste caso concreto, e,
considerando que não há nenhum elemento de conexão Aptidão da Petição Inicial Na P.I todos os requisitos que
com outros Estados, não restando dúvidas que seja pelo ela tem de cumprir para estar corretamente elaborada.
critério geral pelo domicílio do réu aplicável há luz do art.º 186º CPC Litispendência Não pode ocorrer. Temos
Regulamento de Bruxelas, que os Tribunais Portugueses litispendência se temos as mesmas partes, a mesma causa
são competentes. Em razão da competência interna são de pedido a decorrer em tribunal. Caso Julgado Não pode
aplicáveis os Tribunais Judiciais a questão é deste ocorrer. A causa já transitou em julgada, já foi apreciada.
tribunal e, não de outras ordens jurisdicionais e, como art.º 580.º e art.º 582.º CPC. PI é apresentada pelo autor,
estamos nos Tribunais Judiciais em razão da hierarquia é a 1.ª peça processual, é através dela que nasce uma
são os Tribunais de 1.ª instância. Relativamente à matéria ação. Quando falamos do objeto da causa referimo-nos ao
aplica-se o art.º 71.º CPC para exigir o cumprimento da pedido e à causa de pedir. Efeito jurídico que se pretende
obrigação. Este artigo está dividido em 2 partes. A 1.ª obter, ou seja, aquilo que o autor quer art.º 581º, nº 3
parte constitui a regra e se o autor quiser pode usar CPC. Formulado na PI art.º 552º, nº 1, e CPC Limitador
sempre esta 1.ª parte, por esta parte o tribunal da atuação do tribunal art.º 609º, nº 1 e 615º, nº 1, e CPC
territorialmente competente é a o domicílio do réu logo, Exemplo: o autor quer exigir a condenação do réu a
no caso concreto a sede do réu situasse em Valongo e, determinado valor. Conjunto de factos que integram a
pertence à Comarca do Porto, então territorialmente previsão da norma jurídica que estatui o efeito jurídico
competente é a comarca do Porto. A 2.ª parte aplica-se pretendido pelo autor. Fundamentos nos quais se
ao concreto uma vez que o réu é uma pessoa coletiva logo, sustenta o pedido, e que necessitam de ter relevância
seria competente territorialmente o Tribunal o lugar do jurídica. Os factos que levam ao pedido. O pedido é o que
cumprimento, como as partes não estipularam, aplica-se delimita o juiz, este não tem margem legal à luz do
as normas supletivas do Código Civil, no caso concreto, Princípio do Dispositivo para ir para além.
como é para pagar uma quantia em dinheiro aplica se o
art.º 774.º CC, que diz que o lugar do cumprimento é o do
domicílio do credor, ou seja, seria em Gondomar. O autor
poderia propor a ação territorialmente falando no
tribunal do domicílio do credor, se quisesse por esse ser Artigo 45º
lugar o lugar do cumprimento há luz das regras supletivas Aptidão da Petição Inicial
do Código Civil e, porque o réu é uma pessoa coletiva e, é
aplicar se o autor assim quiser a 2.ª parte do art.º 71.º n.º Para que a PI seja apta é necessário que o autor alegue a
1, vai dar a Gondomar e, também pertence à Comarca do causa de pedir, formule o pedido e que exista
Porto. Neste caso o autor poderia propor a ação compatibilidade entre a causa de pedir e o pedido, ou
territorialmente falando no tribunal domicílio do réu em seja, a questão da PI ela será apta se não se verificar
Valongo ou no tribunal do domicílio do credor em nenhuma causa de ineptidão. Requisitos da PI art.º 186º,
Gondomar.1.ª Parte Elemento de conexão domicílio do nº 2 CPC: Versos PI inepta Conter o pedido e a causa de
réu 2.ª Parte Elemento de conexão lugar do cumprimento pedir; Ambos serem inteligíveis não obscuros; Não
da obrigação faculdade condicionada usa só se acontecer estarem em contradição. Art.º 186.º CPC N. º1 A nulidade
uma das duas coisas o réu ser uma pessoa coletiva ou significa que tem efeitos retroativos, ou seja, nunca
ambos terem domicilio na mesma área metropolitana Na existiu isto quando a petição é inepta. N.º 2 a Falta do
questão da matéria, os tribunais estão divididos em razão pedido ou causa de pedir. Por exemplo, o autor exige a
da matéria: em juízos de competência genérica e condenação do réu, e não apresenta nem factos ou
competência especializada, que há juízos com justificações, ou seja, a PI é inepta. Contradição entre o
competência especializada com competências tipificadas, pedido e a causa de pedir Simulação de causas de pedir ou
quando é deles é deles, caso não seja deles vamos ter de pedidos substancialmente incompatíveis. Se acontecerem
introduzir outro critério, designadamente o valor e a estas situações então, dizemos que a Petição Inicial é
forma do processo. Constata se em face do que nos é inepta, isto é, temos um pressuposto processual que não
descrito que não há de facto nenhum juízo daqueles com está aqui verificado. A Petição Inicial é a base, é ela que
competências especificadas para fazer cobranças destas, dá origem ao processo, é ela que se delimita o pedido, a
portanto não é da família, não é do trabalho, não é do causa de pedir, é ela que conduz todo o processo. Se a
comércio, não é da concorrência. Contudo é uma questão base está errada, porque acontece uma das três situações
civil e, como afastamos todos os outros, restando apenas que vimos no art.º 186.º CPC então, temos uma petição
o central civil, local civil e competência genérica. O valor inepta, cuja consequência é a nulidade do processo, logo o
desta ação é 20.000,00€, de acordo com o art.º 301.º réu é absolvido da instância. art.º 278º, nº 1, alínea b e
CPC, não é o central cível porque só julgam causas acima 577º, alínea b ambos do CPC. Exceção: nº 3 art.º 186º
de 50.000,00€ art.º 117.º LOSJ, logo aplicarseá o local CPCÉ uma exceção à questão da ineptidão. A petição
civil ou competência genérica ao abrigo do art.º 130.º inicial está mal elaborada. E o réu na contestação alega
LOSJ.A partir daqui só concluo qual é o Tribunal que a PI. falta o pedido ou a causa do pedido art.º 186 n.
Competente a partir dos mapas. Partindo da 1.ª parte do º2 al.a Mas, o réu sabe exatamente o que o autor está a
art.º 71.º CPC o tribunal competente seria o juízo local pedir, apenas lhe é conveniente interpretar dessa maneira
cível de Valongo. Se optarmos pela 2.ª parte do art.º 71.º para ser absolvido da instância, nesse caso a arguição não
CPC o tribunal competente seria o juízo local cível de é julgada procedente e o juiz convida o autor a elaborar a
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/47
Europeia
PI corretamente. é só para os casos da alínea a)

Artigo 46º
Não verificação da litispendência e do caso julgado

Art.º 580º a 582º CPC É proibida a repetição de


causas/processos, em que os seus elementos
individualizadores sejam os mesmos sujeitos e pedido e
causa de pedir; seja em simultâneo litispendência, seja
sucessivamente caso julgado. Litispendência – repetição
de causa processo, estando outro ainda em curso; Caso
julgado repetição de causa/processo depois do primeiro
ter sido decidido por sentença que já não admite recurso
só aí temos trânsito em julgado. O não cumprimento
destes pressupostos negativos é insanável, isto é, perante
uma situação de litispendência ou caso julgado deverá o
juiz abster-se de conhecer do mérito da causa repetente
ver art.º 582º CPC, e absolver o réu da instância art.º
278º, nº 1, e e 577º, i CPC A causa repetente é aquela que
é proposta em segundo lugar e será no âmbito desta que o
réu invocará, em sua defesa, a litispendência ou o caso
julgado, sem prejuízo de o próprio tribunal conhecer
oficiosamente dessa exceção dilatória art.º 578º CPC.
Art.º 582.º N.º 1 a data em que o réu é citado é que
determina qual é a 1ª ação proposta. É na segunda ação
que eu tenho que invocar a exceção da litispendência. O
réu sabe que tem uma ação contra si quando é citado.
Art.º 582.º N.º3 Se a data da 1ª ação e da 2ª ação for a
mesma, a data é da entrada da PI Tramitação: O processo
inicia pela petição A secretaria do tribunal cita o réu,
informação que tem um processo a decorrer contra si e, o
réu é chamado a contestar O trabalho do autor foi o de
identificar qual é o seu problema, qual é o direito que está
a ser violado, explicar a causa de pedido para que o juiz
sentencie a seu favor O trabalho do réu é defender-se. Ele
é que tem de arguir a litispendência ou o caso julgado.
L 351/48 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia
Artigo 80.o
O presente regulamento revoga o Regulamento (CE)
n.o 44/2001. As referências ao regulamento revogado devem entender-se como sendo feitas para o presente regulamento, e
devem ser lidas de acordo com o quadro de correspondência constante do Anexo III.

Artigo 81.o
O presente regulamento entra em vigor no vigésimo dia seguinte ao da sua publicação no Jornal Oficial
da União Europeia.

Aplica-se a partir de 10 de janeiro de 2015, com exceção dos artigos 75.o e 76.o, que se aplicam a partir de
10 de janeiro de 2014.

O presente regulamento é obrigatório em todos os seus elementos e diretamente aplicável


nos Estados-Membros nos termos dos Tratados.

Feito em Estrasburgo, em 12 de dezembro de 2012.

Pelo Parlamento
Pelo Conselho
Europeu O
O Presidente
Presidente
A. D. MAVROYIANNIS
M. SCHULZ
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/49
Europeia

ANEXO I
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/23
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L 351/24 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
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20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/25
Europeia
L 351/26 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
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ANEXO II
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/27
Europeia
L 351/28 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/29
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ANEXO III

QUADRO DE CORRESPONDÊNCIAS

Regulamento (CE) n.o 44/2001 Presente Regulamento


o o
Artigo 1. , n. 1 o o
Artigo 1. , n. 1
o o
Artigo 1. , n. 2, proémio Artigo 1.o, n.o 2, proémio

Artigo 1.o, n.o 2, alínea a) Artigo 1.o, n.o 2, alíneas a) e f)

Artigo 1.o, n.o 2, alíneas b) a d) Artigo 1.o, n.o 2, alíneas b) a d)

— Artigo 1.o, n.o 2, alínea e)

Artigo 1.o, n.o 3 —

— Artigo 2.o

Artigo 2.o Artigo 4.o

Artigo 3.o Artigo 5.o

Artigo 4.o Artigo 6.o

Artigo 5.o, proémio Artigo 7.o, proémio

Artigo 5.o, ponto 1 Artigo 7.o, ponto 1

Artigo 5.o, ponto 2 —

Artigo 5.o, pontos 3 e 4 Artigo 7.o, pontos 2 e 3

— Artigo 7, ponto 4

Artigo 5.o, pontos 5 a 7 Artigo 7.o, pontos 5 a 7

Artigo 6.o Artigo 8.o

Artigo 7.o Artigo 9.o

Artigo 8.o Artigo 10.o

Artigo 9.o Artigo 11.o

Artigo 10.o Artigo 12.o

Artigo 11.o Artigo 13.o

Artigo 12.o Artigo 14.o

Artigo 13.o Artigo 15.o

Artigo 14.o Artigo 16.o

Artigo 15.o Artigo 17.o

Artigo 16.o Artigo 18.o

Artigo 17.o Artigo 19.o

Artigo 18.o Artigo 20.o

Artigo 19.o, pontos 1 e 2 Artigo 21.o, n.o 1

— Artigo 21.o, n.o 2

Artigo 20.o Artigo 22.o

Artigo 21.o Artigo 23.o

Artigo 22.o Artigo 24.o

Artigo 23.o, n.os 1 e 2 Artigo 25.o, n.os 1 e 2


L 351/30 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia

Regulamento (CE) n.o 44/2001 Presente Regulamento

Artigo 23.o, n.o 3 —


o os
Artigo 23. , n. 4 e 5 Artigo 25.o, n.os 3 e 4

— Artigo 25.o, n.o 5

Artigo 24.o Artigo 26.o, n.o 1

— Artigo 26.o, n.o 2

Artigo 25.o Artigo 27.o

Artigo 26.o Artigo 28.o

Artigo 27.o, n.o 1 Artigo 29.o, n.o 1

— Artigo 29.o, n.o 2

Artigo 27.o, n.o 2 Artigo 29.o, n.o 3

Artigo 28.o Artigo 30.o

Artigo 29.o Artigo 31.o, n.o 1

— Artigo 31.o, n.o 2

— Artigo 31.o, n.o 3

— Artigo 31.o, n.o 4

Artigo 30.o Artigo 32.o, n.o 1, alíneas a) e b)

— Artigo 32.o, n.o 1, segundo parágrafo

— Artigo 32.o, n.o 2

— Artigo 33.o

— Artigo 34.o

Artigo 31.o Artigo 35.o

Artigo 32.o Artigo 2.o, alínea a)

Artigo 33.o Artigo 36.o

— Artigo 37.o

— Artigo 39.o

— Artigo 40.o

— Artigo 41.o

— Artigo 42.o

— Artigo 43.o

— Artigo 44.o

Artigo 34.o Artigo 45.o, n.o 1, alíneas a) a d)

Artigo 35.o, n.o 1 Artigo 45.o, n.o 1, alínea e)

Artigo 35.o, n.o 2 Artigo 45.o, n.o 2

Artigo 35.o, n.o 3 Artigo 45.o, n.o 3

— Artigo 45.o, n.o 4

Artigo 36.o Artigo 52.o

Artigo 37.o, n.o 1 Artigo 38.o, alínea a)

Artigo 38.o —
20.12.2012 PT Jornal Oficial da União L 351/31
Europeia

Regulamento (CE) n.o 44/2001 Presente Regulamento

Artigo 39.o —

Artigo 40. o

Artigo 41.o —

Artigo 42. o

Artigo 43.o —

Artigo 44. o

Artigo 45.o —

Artigo 46. o

Artigo 47.o —

Artigo 48. o

— Artigo 46.o

— Artigo 47.o

— Artigo 48.o

— Artigo 49.o

— Artigo 50.o

— Artigo 51.o

— Artigo 54.o

Artigo 49.o Artigo 55.o

Artigo 50.o —

Artigo 51.o Artigo 56.o

Artigo 52.o —

Artigo 53.o —

Artigo 54. o
Artigo 53.o

Artigo 55.o, n.o 1 —

Artigo 55.o, n.o 2 Artigo 37.o, n.o 2, artigo 47.o, n.o 3, e artigo 57.o

Artigo 56.o Artigo 61.o

Artigo 57.o, n.o 1 Artigo 58.o, n.o 1

Artigo 57.o, n.o 2 —

Artigo 57.o, n.o 3 Artigo 58.o, n.o 2

Artigo 57.o, n.o 4 Artigo 60.o

Artigo 58.o Artigos 59.o e 60.o

Artigo 59.o Artigo 62.o

Artigo 60.o Artigo 63.o

Artigo 61.o Artigo 64.o

Artigo 62.o Artigo 3.o

Artigo 63.o —

Artigo 64.o —

Artigo 65.o Artigo 65.o, n.os 1 e 2


L 351/32 PT Jornal Oficial da União 20.12.2012
Europeia

Regulamento (CE) n.o 44/2001 Presente Regulamento

— Artigo 65.o, n.o 3


Artigo 66.o Artigo 66.o

Artigo 67.o Artigo 67.o

Artigo 68.o Artigo 68.o

Artigo 69.o Artigo 69.o

Artigo 70.o Artigo 70.o

Artigo 71.o Artigo 71.o

Artigo 72.o Artigo 72.o


— Artigo 73.o

Artigo 73.o Artigo 79.o

Artigo 74.o, n.o 1 Artigo 75.o, primeiro parágrafo, alíneas a), b) e c), e ar
tigo 76.o, n.o 1, alínea a)

Artigo 74.o, n.o 2 Artigo 77.o

— Artigo 78.o

— Artigo 80.o

Artigo 75.o —

Artigo 76.o Artigo 81.o

Anexo I Artigo 76.o, n.o 1, alínea a)

Anexo II Artigo 75.o, alínea a)

Anexo III Artigo 75.o, alínea b)

Anexo IV Artigo 75.o, alínea c)

Anexo V Anexos I e II
Anexo VI Anexo II

— Anexo III

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