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Santos, A.1, Magalhães, B.1, Fernandes, L.1, Fernandes, M1, & Daniel, S.1
1
Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Nota de autor
Este projeto foi realizado no âmbito da unidade curricular Laboratório II, com a
O presente estudo tem como objetivo correlacionar a influência dos animais no bem-estar
psicológico dos indivíduos. A amostra é constituída por 156 indivíduos (75.6% do sexo
feminino), com idades compreendidas entre os 18 e os 88 anos, dos quais 123 (78.8%)
(4.5%) nunca possuíram um animal. Foram utilizados dois instrumentos, a Escala de Empatia
existe uma correlação negativa, moderada e significativa entre as variáveis BEP e a Empatia
residem com os pais, amigos e familiares, a posse de animais e ter filhos apresentam
no sexo, principalmente nas mulheres, na nacionalidade, nos indivíduos que residem com o
companheiro, filhos, sozinho e com outros, nos que têm animais e naqueles que têm filhos. A
Ligação Emocional aos Animais revelou uma relação significativa no sexo, nacionalidade,
sujeitos que residem com o companheiro, com filhos, sozinho, e nos que têm animais, e
filhos. Com o presente estudo foi possível compreender a importância dos animais de
saúde mental.
emocional.
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
2
Abstract
The present study aims to correlate the influence of animals on the psychological well-being
of individuals. The sample consists of 156 individuals (75.6% female), aged between 18 and
88 years, of which 123 (78.8%) report owning pets, 26 (16.7%) do not, but have owned a pet,
and 7 (4.5%) have never owned a pet. Two instruments were used, the Animal Empathy Scale
and the General Psychological Well-Being Questionnaire. The results suggest that there is a
negative, moderate and significant correlation between BEP variables and Animal Empathy
(r2 = .0484), namely in the dimension Empathic Concern for Animals (r2 = .0471). The
results highlight that nationality, individuals residing with parents, friends and relatives,
owning animals and having children show significant differences in BEP. Empathic Concern
residing with partner, children, alone and with others, those who own animals and those who
nationality, subjects who reside with their partner, with children, alone, and in those who
have animals, and children. With the present study it was possible to understand the
attachment.
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
3
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2017), a saúde mental tem sido alvo de
uma crescente visibilidade nos últimos anos, em que as perturbações do foro psíquico têm-se
tornado uma problemática social, a nível global (Israr et al., 2022). A saúde é mais do que a
influenciando a saúde em geral, sendo, também, influenciado por esta (Silva & Jólluskin,
2021). A posse de animais foi considerada um fator de proteção na saúde mental (Saunders et
al., 2017).
O laço emocional entre seres humanos e animais, pode ser equiparado ao estabelecido
entre os indivíduos, quanto à sua intensidade, podendo levar ao pensamento que ter um
designado “efeito animal de estimação” (“pet effect”) (Janssens et al., 2020; Silva &
Jólluskin, 2021).
A relação entre os Homens e os animais é uma das relações mais fortes que existem e
com diversos benefícios, especialmente na saúde física e mental do ser humano (Gonzatti et
al., 2021; Lass‑Hennemann et al., 2022; Scoresby et al., 2021). É frequentemente considerada
uma das estratégias de prevenção e tratamento para indivíduos com, por exemplo, ansiedade
e depressão, podendo ser uma forma mais económica de promoção da saúde (Saunders et al.,
2017). A Terapia Assistida por Animais (TAA) pode promover a saúde física, diminuindo a
aumentando o estímulo para a prática de exercícios (Souza & Castro, 2022). Tal pode ser
facilitado pelo toque físico e mecanismos centrais para reduzir o sofrimento mental (Hawkins
benéfica para indivíduos de diferentes faixas etárias, classes sociais e condições de saúde
vantagens, especificamente para os donos de animais (Israr et al., 2022; Powell et al., 2019).
Num estudo elaborado por Souza e Castro (2022), verificou-se que os donos destes
têm (Israr et al.,2022; Souza & Castro, 2022). Ademais, o estudo mostra que o vínculo com o
animal de estimação proporciona prazer mútuo e uma fonte de apoio emocional (Souza &
Castro, 2022).
são uma fonte de apoio social e emocional, pois podem transmitir sentimentos de vinculação,
que ter um animal de estimação por perto aumenta o afeto positivo e o número de
(2019) demonstrou que, ter animais de companhia durante a infância refletia uma saúde
mental mais positiva, menor sofrimento pessoal, maior empatia, e melhor autoconceito,
animais, percebendo-os como amigos ou membros da família, bem como a dependência dos
físicas (Hawkins et al., 2021). Este aumento pode, consequentemente, aumentar a felicidade,
os não donos, têm maior autoestima e são mais aptos fisicamente (McConnell et al., 2019).
A posse de um animal de estimação, após uma perda social, mostra que os indivíduos
enlutados são menos deprimidos, sentem-se menos solitários e relatam menos uso de
estudo elaborado por Souza e Castro (2022), demonstrou o papel do animal de estimação na
(Hawkins et al., 2021). Neste sentido, a posse de um animal de estimação atenua o risco de
desconexão social, pode melhorar a saúde mental, reduzir sentimentos de solidão, dando
estrutura à vida e proporcionam um efeito calmante (Friesinger et al., 2021; Meier & Maurer,
2022).
podendo representar um risco à saúde, uma vez que podem ser responsáveis pela
disseminação de doenças, infeções, alergias (Meier & Maurer, 2022), ou, ainda, maior
habilidades que podem ser desafiadoras (Meier & Maurer, 2022). Desta forma, ressaltam-se
novos desafios da vida quotidiana e stress para os donos de animais, como despender de mais
tempo para cuidar dos mesmos, a possibilidade de um acréscimo de stress por estar perto de
posse dos animais (e.g., custo dos cuidados veterinários, ração) (Meier & Maurer, 2022; Gan,
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
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et al., 2020). A literatura revela que as preocupações com o sofrimento animal estão
associadas a níveis mais altos de empatia pelos humanos (Gómez-Leal et al., 2021). A
preocupação com o futuro pode gerar ansiedade, originando sentimentos negativos, como
frustração, exaustão e, essencialmente, inadequação e culpa, caso os donos percebam que não
perda de um animal de estimação pode ser uma experiência traumática (Meier & Maurer,
2022), gerando alterações na sua rotina diária, e perda da identidade como cuidador do seu
Uma investigação de Souza e Castro (2022), mostrou que existe uma proximidade na
cuidado, ou marido e mulher (Gan, et al., 2020; Souza & Castro, 2022).
preocupação financeira, desgaste mental e físico, nomeadamente nos mais velhos, com baixa
habitação, principalmente aqueles que residem na zona rural, pode despertar uma maior
propensão a possuir um animal, no caso de uma casa, enquanto viver num apartamento
permite desenvolver um vínculo mais significativo (Meier & Maurer, 2022). Ademais,
Emauz e colaboradores (2018) verificaram que não ter filhos é uma variável preditora da
casados, melhor saúde geral, maior renda familiar, localização mais rural, e ter um
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
7
companheiro que trabalha a tempo inteiro, apresentam uma maior probabilidade de possuírem
animais de estimação.
ciclo do ensino superior. A Proximidade Emocional foi maior em indivíduos com o 3º ciclo
do ensino superior do que em indivíduos com o ensino secundário (Silva & Jólluskin, 2020).
estimação apresentam benefícios para a saúde física e mental, e para o bem-estar psicológico
dos indivíduos, uma minoria relata efeitos negativos. Este facto leva a resultados
indivíduos. Deste modo, de forma a contribuir para a melhor compreensão desta temática e
Com esta finalidade, foram traçados alguns objetivos específicos, designadamente, (1)
ter ou não animais de estimação, residência, estado civil, ter ou não filhos, e com quem
reside), (2) comparar o bem-estar psicológico da amostra, (3) correlacionar a empatia pelos
animais com o bem-estar psicológico, (4) comparar a preocupação empática com animais
entre a amostra, e (5) comparar a ligação emocional aos animais entre a amostra.
Método
Tipo de estudo
correlacional, uma vez que visa relacionar duas variáveis, designadamente empatia com
A amostra é não aleatória e não probabilística, por conveniência, composta por 156
participantes, 118 do sexo feminino (75.6%) e 38 do sexo masculino (24.4%), dos quais 149
posse de animais de estimação, 123 (78.8%) dos inquiridos apontam possuir animais de
estimação, 26 (16.7%) indicam que não possuem animais, mas já possuíram, e 7 (4.5%)
afirma nunca ter tido um animal. Quanto ao local de residência, 76 (48.7%) revelam viver no
meio rural e 80 (51.3%) no meio urbano. Em relação ao estado civil, 124 (79.5%) afirmam
ser solteiros, 26 (16.7%) afirmam estar casado/a ou em união de facto, 5 (3.2%) divorciados,
e 1 (0.6%) viúvo. No que se refere a ter filhos, 132 (84.6%) declaram não ter filhos, 17
(10.9%) apontam ter 2 ou mais filhos, e 7 (4.5%) indicam ter 1 filho. Finalmente, sujeitos
com quem o participante reside foi um tópico avaliado, dos quais 96 (61.5%) declaram viver
com os pais, 39 (25%) com o companheiro/a, 20 (12.8%) com os filhos/as, 19 (12.2%) com
critérios de exclusão são todos aqueles que não preencham os de inclusão. Desta forma, a
amostra inicial foi constituída por 160 participantes, contudo 4 foram excluídos, dado que
Instrumentos
Empatia com Animais, que mede a empatia pelos animais, e o Questionário Geral de
por Emauz e colaboradores (2016) para a população portuguesa, tem como objetivo avaliar a
empatia pelos animais. É constituída por 13 itens, avaliada numa escala de Likert
Discordo ligeiramente; 5- Não concordo nem discordo/ Não sei; 6- Concordo ligeiramente; 7
Ligação Emocional com Animais, constituída por 7 itens e avalia a preocupação pelas
(“Sinto-me incomodado(a) quando vejo as pessoas a dar mimos e beijos em público aos seus
animais de estimação”), 4 (“Há muitas pessoas que são exageradamente afetuosas com os
seus animais de estimação.”), 6 (“É uma parvoíce ficar excessivamente ligado(a) a um animal
de estimação.”), 7 (“Os meus animais de estimação têm uma grande influência no meu estado
de humor. “), 8 (“Fico surpreendido às vezes com a intensidade do desgosto que algumas
pessoas mostram quando lhes morre um velho animal de estimação.”), 10 (“As pessoas
quando os cães saltam para cima de mim e me lambem para me cumprimentar.”). A segunda
subescala é constituída pelos itens 1 (“Entristece-me ver um animal sozinho numa jaula.”), 3
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
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(“Fico perturbado(a) quando vejo um animal idoso e indefeso.”), 5 (“Fico indignado(a) ao ver
(“Tentaria sempre ajudar quando visse um cão ou um cachorro perdidos.”), e 13 (“Detesto ver
aves fechadas onde nem têm espaço para voar.”) (Emauz et al., 2016).
Emocional com Animais é cotada inversamente. A Escala de Empatia com Animais apresenta
Preocupação Empática com Animais indica um alpha de Cronbach de .79 (Emauz et al.,
2016).
Raramente; 3- Às vezes; 4- Muitas vezes; 5- Sempre), o inquirido pode obter uma pontuação
entre 0 e 30, sendo que os pontos dos itens 2, 3 e 6 são obtidos inversamente. Relativamente
Procedimentos
estudo. A disseminação do questionário foi enviado pela rede social WhatsApp, Facebook, e
dados, assim como a possibilidade de desistência a todo o momento, sem sofrer qualquer
encontrando-se o formulário disponível por todo esse período, na plataforma Google Forms.
Análise de dados
A análise de dados foi efetuada com recurso aos programas IBM SPSS Statistics 27 e JASP
0.17.1.
apresentando a média (M), e o desvio padrão (DP). Foram também calculados os valores de
-3 e 3, ou seja, apresentavam uma distribuição platicúrtica (Afonso & Nunes, 2019). Desta
Pearson entre as variáveis empatia com animais e o bem-estar psicológico (BEP). Para a
comparação entre os grupos sexo, nacionalidade, local de residência, e indivíduos com que
reside foi utilizada o T-teste, e para a comparação da posse de animais de estimação e a posse
para a interseção das variáveis de interesse, contudo o tamanho da amostra não era
5% (p = .05).
Resultados
os valores de Skewness variam entre -.102 e os valores de Kurtosis de .124. Quanto à Escala
de Empatia com Animais de Elizabeth Paul (2000), o valor de Skewness foi de -1.226 e o
valor de Kurtosis 1.861. As suas dimensões, Ligação Emocional aos Animais e Preocupação
Empática com Animais, apresentaram Skewness -.785 e o valor de Kurtosis .942, e Skewness
normal. No que respeita à consistência interna, o alpha de Cronbach para a escala Empatia
com Animais apresenta-se satisfatório (α = .774), bem como para as dimensões Ligação
Emocional aos Animais (α = .652) e Preocupação Empática com Animais (α = .692). No que
concerne ao BEP, o alpha de Cronbach foi de - .113. Assim, uma vez que, com esse valor, a
escala não apresenta qualquer consistência interna, foi efetuada a sua verificação, tendo sido
possível concluir que os itens 1 e 2 não se encontravam revertidos. Após a sua reversão, o
Através do T-teste, foi possível verificar que o sexo não apresentava uma relação
estatisticamente significativa com o BEP, dado que o valor de p é superior a .05 (t = .515, p =
.608, d = .092), logo a hipótese nula não é rejeitada (Consultar tabela 1). Relativamente à
Desta forma, apesar do p não ser significativo, existe um efeito grande sobre a variável
dependente, o que permite evitar um erro do tipo 2, isto é, afirmar que não há diferenças
quando elas existem. No que concerne à zona de residência, não se verificam relações
estatisticamente significativas, uma vez que o valor de p é superior a 5% e não existe efeito
entre as variáveis (t = .264, p = .792, d = .042) (Consultar tabela 3). Na dimensão “com
quem reside”, a variável “viver com o/a companheiro/a”, apesar do valor de p indicar que
existem diferenças, o d indica que não existe um efeito entre as variáveis (t = 2.255, p = .027,
d = -.409), revelando não existir uma relação significativa (Consultar tabela 4). No entanto,
as variáveis “viver com pais” (t = 1.531, p = .128, d = .251, M = 18.656), “viver com
.094, d = .417, M = 18.158), ainda que o valor de p seja superior a .05, o efeito entre as
variáveis, não foram apontadas quaisquer relações com o BEP, dado que o valor de p é
com o BEP, apresentando um efeito pequeno (F = .842, p = .433, ɲp² = .011), destacando os
indivíduos nunca tiveram animais (M = 19.429), seguidamente os que não têm, mas já
tiveram (M = 19.154), e os que têm (M = 18.740) (Consultar tabela 11). No que respeita a
“ter filhos”, verifica-se uma relação estatisticamente significativa, com um efeito pequeno (F
= 2.746 , p = .067, ɲp² = .035), evidenciando aqueles que têm 2 ou mais (M = 19.824),
seguindo-se aqueles que têm 1 filho (M = 19.143), e os não têm (M = 18.697) (Consultar
tabela 12).
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
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Associação entre Bem-Estar Psicológico e Empatia com Animais
O resultado da correlação de Pearson mostra que existe correlação entre as variáveis BEP e a
relação estatisticamente significativa. Uma vez que se verifica que a correlação é negativa,
Emocional aos Animais não apresentou correlação com o BEP, dado que o valor de p não era
Constata-se, com o T-teste, que o sexo apresenta uma relação estatisticamente significativa
M = 44.714. No que concerne à residência, o valor de p = .272 revela não existir relações
= -.176) (Consultar tabela 2). Quanto à dimensão “com quem reside”, nos indivíduos que
vivem com os familiares, o valor de p revela-se significativo, contudo não existe efeito entre
significativa (Consultar tabela 8). Nos indivíduos que vivem com o companheiro(a) (t =
9, 10, respetivamente). Nos indivíduos que declaram viver com os pais (t = -.387 , p = .700 ,
respetivamente).
uma relação estatisticamente significativa (F = 12.138, p = < .001, ɲp² = .137), revelando um
efeito grande, sendo superior nos indivíduos que apontam ter animais de estimação (M =
48.14), seguidamente dos que relatam não ter animais, mas que já tiveram (M = 45.96), e, por
último, os indivíduos que nunca tiveram animais (M = 37.43) (Consultar tabela 11). Na
dimensão ter filhos, constata-se que apesar do p não ser significativo, evidencia-se um efeito
significativa. Desta forma, esta relação é superior nos indivíduos que não têm filhos (M =
47.689), seguindo-se os participantes que indicam ter um filho (M = 45.429), e aqueles que
Com recurso ao T-teste, apesar do valor de p não evidenciar significância, existe um efeito
que concerne à residência (t = -1.417, p = .159, d = -.227), não se evidencia uma relação
observam-se exceções nos itens “reside com pais” (t = -2.704, p = .008 , d = -.461), que
apesar de parecer existir significância, não existe efeito, “reside com amigos” (t = .054, p =
.958, d = .016), “reside com familiares” (t = -.586, p = .563, d = -.135), e “reside com outro”
.502, M = 42.282), e “reside com filhos” (t = 3.396, p = .003, d = .903, M = 39.750) e “reside
tabela 4, 6, 9 respetivamente).
Em relação a ter animais, e através da ANOVA, é possível constatar que existe uma
.077), destacando aquelas que indicaram ter animais atualmente com uma M = 45.25, as que
não têm, mas já tiveram, revelam uma M = 43.04, e as que afirmam nunca ter tido nenhum
animal, M = 38.43. (Consultar tabela 11). Constata-se que na dimensão “ter filhos" existe
.134), sendo maior nos indivíduos que não têm filhos M = 45.46, seguindo-se aqueles que
têm apenas um filho M = 40.29, e, finalmente, com dois ou mais filhos M = 39.53 (Consultar
tabela 12).
Tabela 1
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados do sexo na Preocupação Empática
com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar Psicológico e na Empatia
com Animais
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
17
Sexo
Feminino Masculino Cohen’s
t p
M (DP) M (DP) d
Preocupação 47.949 (6.103) 45.263(6.123) 2.354 .022 .439
Ligação 44.915 (5.543) 43.526 (5.940) 1.274 .208 .242
BEP_total 18.881 (1.988) 18.711(1.707) .515 .608 .092
Tabela 2
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da nacionalidade na Preocupação
Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar Psicológico e na
Empatia com Animais
Nacionalidade
Portuguesa Outra Cohen’s
t p
M (DP) M (DP) d
Preocupação 47.416 (6.075) 44.714 (8.577) .824 .440 .364
Ligação 44.758 (5.561) 40.714 (6.701) 1.571 .164 .657
BEP_total 18.913 (1.899) 17.286 (1.799) 2.332 .054 .879
Tabela 3
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da residência na Preocupação
Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar Psicológico e na
Empatia com Animais
Residência
Meio Rural Meio Urbano
t p Cohen’s d
M (DP) M (DP)
Preocupação 46.737 (5.582) 47.825 (6.722) -1.102 .272 -.176
Ligação 43.921 (5.642) 45.200 (5.631) -1.417 .159 -.227
BEP_total 18.882 (2.020) 18.800 (1.831) .264 .792 .042
Tabela 4
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da variável “viver com
companheiro” na Preocupação Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais,
no Bem-Estar Psicológico e na Empatia com Animais
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
18
Companheiro
Não Sim
t p Cohen’s d
M (DP) M (DP)
Preocupação 47.752 (5.817) 45.923 (7.124) 1.450 .153 .281
Ligação 45.342(4.875) 42.282 (7.119) 2.496 .016 .502
BEP_total 18.650 (1.931) 19.410 (1.788) -2.255 .027 -.409
Tabela 5
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da variável “viver com pais” na
Preocupação Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar
Psicológico e na Empatia com Animais
Pais
Não Sim Cohen’s
t p
M (DP) M (DP) d
Preocupação 47.033 (7.390) 47.458 (5.355) -.387 .700 -.066
Ligação 42.950 (6.575) 45.594 (4.754) -2.704 .008 -.461
BEP_total 19.133 (1.864) 18.656 (1.940) 1.531 .128 .251
Tabela 6
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da variável “viver com filhos” na
Preocupação Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar
Psicológico e na Empatia com Animais
Filhos
Não Sim
t p Cohen’s d
M (DP) M (DP)
Preocupação 47.603 (6.078) 45.200 (6.748) 1.505 .145 .374
Ligação 45.287 (5.080) 39.750 (7.025) 3.396 .003 .903
BEP_total 18.743 (1.901) 19.500 (1.960) -1.620 .118 -.392
Tabela 7
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da variável “viver com amigos” na
Preocupação Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar
Psicológico e na Empatia com Animais
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
19
Amigos
Não Sim
t p Cohen’s d
M (DP) M (DP)
Preocupação 47.233 (6.274) 48.200 (5.116) -.569 .581 -.169
Ligação 44.582 (5.734) 44.500 (4.577) .054 .958 .016
BEP_total 18.877 (1.915) 18.300 (2.003) .883 .397 .294
Tabela 8
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da variável “viver com familiares”
na Preocupação Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar
Psicológico e na Empatia com Animais
Familiares
Não Sim
t p Cohen’s d
M (DP) M (DP)
Preocupação 46.898 (6.237) 50.158 (5.188) -2.500 .019 -.568
Ligação 44.489 (5.760) 45.211(4.917) -.586 .563 -.135
BEP_total 18.934 (1.922) 18.158 (1.803) 1.744 .094 .417
Tabela 9
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da variável “viver sozinho” na
Preocupação Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar
Psicológico e na Empatia com Animais
Sozinho
Não Sim Cohen’s
t p
M (DP) M (DP) d
Preocupação 47.448 (5.824) 35.500 (21.920) .770 .582 .745
Ligação 44.675 (5.606) 37.000 (5.657) 1.907 .303 1.363
BEP_total 18.825 (1.914) 20.000 (2.828) -.586 .662 -.487
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
20
Tabela 10
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da variável “viver com outro” na
Preocupação Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar
Psicológico e na Empatia com Animais
Outro
Não Sim
M (DP) M (DP) t p Cohen’s d
Preocupação 47.305 (6.205) 46.500 (7.778) .146 .856 .114
Ligação 44.513 (5.640) 37.000 (5.657) -1.103 .466 -.829
BEP_total 18.838 (1.901) 19.000 (4.243) -.054 .966 -.049
Tabela 11
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da variável “ter animais” na
Preocupação Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar
Psicológico e na Empatia com Animais
Ter animais
Não,
Não, mas já tive nunca Sim, tenho
tive F p
ɲp²
M M M
(DP) (DP) (DP)
37.429 48.138
Preocupação 45.962 (6.447) 12.138 <.001 .137
(9.981) (5.357)
38.429 45.252
Ligação 43.038 (7.219) 6.393 .002 .077
(8.404) (4.831)
19.429 18.740
BEP_total 19.154 (1.515) .842 .433 .011
(1.813) (1.999)
Tabela 12
Médias (M), Desvios Padrões (DP) e efeitos univariados da variável “ter filhos” na
Preocupação Empática com Animais, na Ligação Emocional aos Animais, no Bem-Estar
Psicológico e na Empatia com Animais
Ter filhos
2 ou
1 filho Não tenho
mais
M F p
M M ɲp²
(DP) (DP) (DP)
45.429 45.000 47.689
Preocupação 1.768 .174 .023
(5.912) (8.573) (5.817)
Ligação 40.286 39.529 45.455 11.828 <.001 .134
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
21
(7.697) (7.476) (4.819)
19.143 19.824 18.697
BEP_total 2.746 .067 .035
(2.193) (1.811) (1.894)
Tabela 13
Modelo de Regressão Logística Múltipla para o Bem-Estar Psicológico e Empatia com
Animais
Pearson's p Lower Upper Effect size SE
r 95% CI 95% CI (Fisher's z) Effect
size
BEP total - Empatia-Ani -.220 ** .006 -.364 -.065 -.223 .081
mais Total
BEP total - Preocupação -.217 ** .006 -.362 -.062 -.221 .081
BEP total - Ligação -.054 .504 -.209 .104 -.054 .081
Discussão
preocupação empática com animais entre a amostra, e comparar a ligação emocional aos
animais entre a amostra. Desta forma, são descritos os resultados obtidos, pela ordem
que residem com os pais, amigos e familiares, assim como os que possuem animais e têm
estudo constituída significativamente por indivíduos portugueses que residem com pais,
amigos e familiares, pode explicar estes resultados, uma vez que esta população tende a
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
22
evidenciar uma maior vinculação à família e amigos, propiciando o desenvolvimento de
relações mais estáveis e satisfatórias, podendo traduzir-se num maior BEP. Segundo Mota e
portugueses têm acerca do seu suporte social parece estar associada ao desenvolvimento
positivo do seu bem-estar psicológico. Constatou-se que a perceção de apoio, em geral pais e
que parece verificar-se que quando o indivíduo percebe um maior bem-estar psicológico, esta
perceção reflete-se na sua vida, nomeadamente, na relação com todas aquelas figuras
uma vez que seria de esperar que os indivíduos com animais de estimação exibissem níveis
elevados de BEP (Wilson et al., 2021). Silva e Jólluskin (2020), obtiveram resultados
contraditórios ao presente estudo, uma vez que não encontraram diferenças respeitantes aos
donos e não donos de animais, relativamente ao BEP, apesar dos indivíduos do sexo
masculino que possuem um, apresentam maior bem-estar psicológico. Meier e Maurer
Animais, contudo, com a exceção da dimensão Ligação Emocional. Todavia, este resultado é
contrário aos obtidos por Lass‑Hennemann e colaboradores (2020), uma vez que seria
expectável que a Ligação Emocional aos Animais estivesse relacionada de forma positiva
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
23
com o BEP. Desta forma, os resultados obtidos na presente investigação, podem justificar-se
pelo facto de quando os níveis de ligação com o animal são demasiado elevados, o indivíduo
pode substituir o seu bem-estar pelo do animal, passando o seu para segundo plano. Israr e
caráter benéfico para a saúde mental. Também Wilson e colaboradores (2021), encontraram
resultados cuja ligação com os animais e BEP era significativa, em que a posse de animais e
nacionalidade, em sujeitos que vivem com o companheiro, filhos, sozinhos e outros, nos que
têm animais, e filhos. Apesar da correção do teste de Welch, o número de mulheres (118) e de
homens (38) é muito discrepante, podendo influenciar os resultados. As mulheres são mais
preocupação, enquanto os homens tendem a retrair esse tipo de sentimentos, assim, esta
característica de ambos os géneros pode refletir-se nos animais, justificando os dados obtidos.
sentimento de afeto, vínculo e amor entre todos. Tais sentimentos são, muitas vezes,
extensíveis aos animais, percebidos e sentidos como membros iguais integrantes da família.
Também aqueles que vivem sozinhos, podem depositar nos animais mais afeto e
caracterizada pelo vínculo aos animais, o que poderá explicar a relação de significância. A
relação significativa na posse de animais pode justificar-se pelo facto de sujeitos com animais
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
24
serem mais propensos a desenvolver sentimentos de vínculo e preocupação com o mesmo.
o sexo feminino demonstrou maiores índices de empatia com animais. Por sua vez, Gonzatti e
estatisticamente significativas nos sujeitos que viviam sozinhos, todavia eram menos
propensos a ter um animal, desenvolvendo uma baixa preocupação. Apesar dos dados
apontarem que os donos, comparativamente com os não donos, eram mais propensos a viver
com um parceiro ou família, esse fator (viver com familiares) não influenciou os resultados
(Lass‑Hennemann et al., 2020). Refletindo sobre a ANOVA, a posse de animais e ter filhos
encontro do estudo de Gómez-Leal e colaboradores (2021), uma vez que foi observado que
empática e a empatia pelos animais, indicando que essa relação era mais forte nos
participantes que tinham animais de estimação. Quanto a ter filhos, verificou-se que, um
estudo de Emauz e colaboradores (2018) evidenciou que não ter filhos mostrou-se
em que a portuguesa obteve pontuações mais elevadas aquando comparação com outra
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
25
nacionalidade. Residir com o companheiro, filho(s), sozinho, ter animais e filhos traduziu-se
explicados pelo facto da amostra ser constituída maioritariamente por sujeitos portugueses,
nacionalidade pode expressar significância, uma vez que a cultura portuguesa mostra-se
muito ligada aos animais. Os dados relativamente aos sujeitos que vivem com o
companheiro, podem ser explicados pelo indivíduo passar mais tempo sozinho, uma vez que
a vida profissional do companheiro pode implicar estar fora de casa, grande parte do dia,
voltando-se para o animal e desenvolvendo uma ligação emocional maior. O mesmo se pode
observar quanto àqueles que residem sozinhos. Quanto aos filhos, a relação significativa pode
dever-se ao facto dos cuidadores desejarem dar àqueles um animal para o desenvolvimento de
(2022), obtiveram resultados semelhantes, uma vez que foram evidenciadas relações de
ligação emocional com os animais significativas entre pais e filhos, cuidador e cuidado.
colaboradores (2020), evidenciaram uma relação significativa, em que os donos eram mais
propensos a viver juntos com um parceiro ou família em comparação com os não donos.
o que não permite a generalização dos resultados, bem como a discrepância dos grupos, que
permitindo a interseção das variáveis. Assim, sugere-se que estudos futuros apresentem uma
amostra maior e mais abrangente, relativamente ao sexo, agregado familiar, e maior número
passíveis de generalização.
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
26
Futuramente, sugere-se aprofundar mais variáveis, como por exemplo, de que forma a
interação com o animal se reflete no estado emocional do indivíduo. Para além disso, seria
importante desenvolver mais estudos sobre os aspetos específicos do BEP relacionados com a
importância dos animais no BEP, alertando para a necessidade de um maior foco nos animais
Conclusão
A presença de animais tem vindo a assistir à sua crescente importância no quotidiano dos
indivíduos, uma vez que, cada vez mais, são vistos como companheiros, formas de
posse de animais e ter filhos foram as variáveis com diferenças significativas. Ainda na
mesma variável, verificaram-se relações positivas e moderadas entre a Empatia com Animais,
nas mulheres, na nacionalidade, nos indivíduos que residem com o companheiro, filhos,
sozinho e com outros, nos que têm animais e naqueles que têm filhos. A Ligação Emocional
aos Animais evidenciou uma relação significativa no sexo, na nacionalidade, nos sujeitos que
residem com o companheiro, com filhos e sozinhos, e nos que têm animais, e filhos.
Sendo Portugal um país com uma elevada taxa de uso de fármacos, a posse de animais
de estimação no bem-estar psicológico, podendo ser uma forma e uma ferramenta tanto de
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
27
promoção da saúde mental, quanto de prevenção de patologias que afetam o bem-estar
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Anexo
Questionário
Por favor, leia atentamente o documento e, caso concorde com o propósito do estudo, assine.
solicitamos a sua participação no presente estudo que tem como objetivo relacionar a
estado civil, ter ou não filhos, e com quem reside) e por 19 itens. O preenchimento deste
A confidencialidade dos seus dados será mantida, pois consagramos como obrigação e
dever o sigilo profissional, sendo a sua utilização limitada ao necessário para a prossecução
protegidas, uma vez que não serão solicitados quaisquer dados identificativos dos
participantes, assim como a recolha, sendo via online, não promoverá qualquer contacto com
os mesmos. Apenas a equipa de investigação terá acesso aos registos, que serão guardados
numa pasta encriptada, com o compromisso de destruição dos mesmos, cinco anos após a
Relembramos que a sua participação será voluntária e que poderá recusar a responder
e desistir a qualquer momento, sem que daí resultem quaisquer consequências ou prejuízos,
Questionário sociodemográfico
BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
34
1. Idade
2. Sexo: Feminino/Masculino
3. Nacionalidade: Portuguesa/Outra
Superior
Pais/Filhos(as)/Amigos(as)/Familiares/Sozinho(a)/Outro
Discordo ligeiramente; 5- Não concordo nem discordo/ Não sei; 6- Concordo ligeiramente; 7
com Animais, constituída por 7 itens e avalia a preocupação pelas atitudes de outros
com Animais, formada por 6 itens, e avalia os sentimentos de desconforto perante situações
2016).
estimação.
7. Os meus animais de estimação têm uma grande influência no meu estado de humor.
11. Acho irritante quando os cães saltam para cima de mim e me lambem para me
cumprimentar.
13. Detesto ver aves fechadas onde nem têm espaço para voar.