Você está na página 1de 13

Saúde e Sociedade

ISSN: 0104-1290
ISSN: 1984-0470
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo.
Associação Paulista de Saúde Pública.

Daltro, Manuela Carla de Souza Lima; Moraes, José Cássio de; Marsiglia, Regina Giffoni
Cuidadores de crianças e adolescentes com transtornos
mentais: mudanças na vida social, familiar e sexual
Saúde e Sociedade, vol. 27, núm. 2, 2018, Abril-Junho, pp. 544-555
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública.

DOI: 10.1590/S0104-12902018156194

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=406263851020

Como citar este artigo


Número completo Sistema de Informação Científica Redalyc
Mais informações do artigo Rede de Revistas Científicas da América Latina e do Caribe, Espanha e Portugal
Site da revista em redalyc.org Sem fins lucrativos acadêmica projeto, desenvolvido no âmbito da iniciativa
acesso aberto
Cuidadores de crianças e adolescentes com
transtornos mentais: mudanças na vida social,
familiar e sexual
Caregivers of children and adolescents with mental
disorders: social, family and sexual changes

Manuela Carla de Souza Lima Daltroa Resumo


a
Faculdades Integradas de Patos. Departamento de Fisioterapia.
Patos, PB, Brasil. Com o processo de desinstitucionalização
E-mail: manucacarla@hotmail.com
psiquiátrica, as famílias passaram a ser as principais
José Cássio de Moraesb provedoras de cuidados aos pacientes. Essa mudança
b
Santa Casa de São Paulo. Faculdade de Ciências Médicas. marcou uma alteração no modo como a família vinha
Departamento de Medicina Social. São Paulo, SP, Brasil.
participando do cuidado ao doente mental, mas as
E-mail: jcassiom@uol.com.br
dificuldades enfrentadas no desempenho do papel
Regina Giffoni Marsigliac de cuidador têm contribuído para transformações
c
Santa Casa de São Paulo. Faculdade de Ciências Médicas. São na sua vida. Esta pesquisa objetivou observar quais
Paulo, SP, Brasil.
E-mail: regina.marsiglia@fcmscsp.edu.br
mudanças ocorrem nos âmbitos social, familiar e
sexual de cuidadores de crianças e adolescentes com
transtornos mentais atendidos em Centro de Atenção
Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi). Participaram da
pesquisa 64 cuidadores de crianças e adolescentes
com transtornos mentais que frequentam um
CAPSi. Os dados foram coletados por meio de
questionário semiestruturado e analisados com base
no programa estatístico Statistical Package for the
Social Sciences. Os resultados demonstram que ser
cuidador de criança ou adolescente com transtorno
mental impacta a vida nos contextos social, conjugal
e sexual, observando que 85,9% dos cuidadores
abandonaram o emprego para cuidar de criança ou
adolescente; somente 34,4% têm momentos de lazer;
81,3% tiveram mudanças na sua vida conjugal, sendo
a maioria (98,1%) para pior; e 31,3% não possuem
relações sexuais. Concluindo-se esta análise, percebe-
se que essa população merece maior atenção das
políticas públicas e da sociedade, e os resultados
deste estudo poderão influir na adequação dos
serviços de saúde mental, uma vez que a saúde de
criança ou adolescente depende da saúde do cuidador.
Correspondência Palavras-chave: Adolescente; Cuidador; Criança;
Manuela Carla de Souza Lima Daltro Mudanças; Transtorno Mental.
Rua Misael de Sousa, 991. Patos, PB, Brasil. CEP 58703-310.

DOI 10.1590/S0104-12902018156194 Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 544
Abstract Introdução
The process of psychiatric deinstitutionalization A American Psychiatric Association (APA) –
led families to become the main caregivers of ou Associação Americana de Psiquiatria (1994)
patients. This changed how the family participates – conceitua transtorno mental como síndrome ou
in the care for the mentally ill, but the difficulties padrão comportamental ou psicológico que ocorre
faced when performing the caregiving role em um indivíduo e que se mostra associado com
contributed to changes in their lives. This research sofrimento ou incapacitação, ou, ainda, com um risco
sought to find what changes occur in the social, significativamente aumentado de sofrimento atual,
family and sexual aspects of caregivers of children como morte, dor, deficiência ou perda importante
and adolescents with mental disorders attended da liberdade.
at a Psychosocial Care Center. The participants Os transtornos psiquiátricos na infância e
were 64 caregivers of children and adolescents na adolescência são extremamente prevalentes,
with mental disorders who attend one of these afetando aproximadamente uma em cada 10 crianças
centers. Data from samples were obtained through brasileiras (Anselmi et al., 2010; Fleitlich; Goodman,
a semi-structured questionnaire and analyzed 2002). A saúde mental infantil atinge todas as
using the software Statistical Package for Social áreas do desenvolvimento e impacta as saúdes
Sciences. The results show that caregivers of a física e mental da família e o rendimento escolar,
child or adolescent with a mental disorder have com suas óbvias consequências na vida adulta.
their lives impacted on social, marital and sexual São difíceis de mensurar os impactos causados
aspects, noting that 85.9% of caregivers left their pela angústia familiar nas situações de conflito e
job to care for the child or adolescent; only 34.4% no desempenho social inadequado na infância, mas
have leisure, 81.3% had changes in their marriage estudos retrospectivos sinalizam esses eventos como
and, for the most part, 98.1%, to worse, and 31.3% marcadores precoces de transtornos mentais no
do not have sex. From this analysis, it can be adulto (Flisher et al., 1997; Greenberg; Domitrovich;
concluded that this population deserves more Bumbarger, 2001; Huang et al., 2005).
attention from public policies and from society, O modelo de atenção à pessoa com transtorno
and that the results of this study may influence mental propõe que o seguimento e a evolução dos
the adequacy of mental health services, since the tratamentos ocorram no contexto das dinâmicas
health of children and adolescents depends on the familiares, devendo a família receber o suporte dos
health of the caregiver. serviços substitutivos em saúde mental e da atenção
Keywords: Adolescent; Caregiver; Child; Changes; básica (Campos et al., 2011). Sabe-se, porém, que os
Mental Disorder. serviços existentes têm dificuldades para assistir
a totalidade das pessoas com transtorno mental
no que concerne à acessibilidade, e que o cuidar
de uma pessoa com transtorno mental constitui
tarefa complexa, em vista das singularidades
apresentadas por esses indivíduos (Borba; Schwartz;
Kantorsi, 2008).
O cuidar nos revela uma interação entre quem
cuida e quem é cuidado, implicando que uma
pessoa assuma a responsabilidade de prestação dos
cuidados enquanto a outra se “limita” a recebê-los
(Martín; Paúl; Roncon, 2000).
Resultados de pesquisas são preocupantes,
pois apontam que as dificuldades enfrentadas no
desempenho do papel de cuidador têm contribuído

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 545


para um sentimento de sobrecarga dos familiares Metodologia
(Loukissa, 1995; Maurin; Boyd, 1990). Essa
sobrecarga é ainda maior devido à falta de apoio Foi conduzido um estudo de corte transversal.
eficiente dos serviços de saúde mental e dos A coleta de dados foi realizada em um Centro de
profissionais da área. Loukissa (1995) destaca Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) na
que as famílias foram incluídas no processo de cidade de Patos (PB) no primeiro semestre de 2015,
desinstitucionalização como fonte essencial de após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa das
suporte dos pacientes sem terem, no entanto, nem Faculdades Integradas de Patos por meio do parecer
o conhecimento nem a preparação necessários para nº 829.843, de 9 de outubro de 2014.
desempenhar esse papel. Foram incluídos no estudo todos os cuidadores
Takahashi, Tanaka e Miyaoka (2005) apontam de crianças e adolescentes com transtornos
que a presença de uma criança com problemas de mentais atendidos no CAPSi com disponibilidade
saúde mental pode modificar o ambiente doméstico para agendamento de entrevista para coleta de
e causar impacto nos membros da família. Outro dados no período de 1º de maio de 2015 a 30 de
estudo mostrou que cuidadores de crianças com junho de 2015.
transtornos mentais necessitam ser alvo de atenção Atendendo ao critério de inclusão, participaram
dos serviços de saúde, uma vez que apresentam deste estudo responsáveis diretos (que dispensam
sobrecarga pela tensão cotidiana em seus lares, mais de 50% de seu tempo) pelos cuidados prestados
pelo convívio com o sofrimento do outro, pelas a criança ou adolescente com transtornos mentais
preocupações com a criança, pela necessidade de que apresente diagnóstico clínico emitido por
prestar assistência ao menor na vida cotidiana, e, médico e que se encontre em acompanhamento no
ainda, pelo elevado grau de incômodo e dúvida que CAPSi. Foram desconsiderados de acordo com os
expressam ao supervisionar os comportamentos critérios de exclusão os cuidadores que não eram
problemáticos da criança (Marini et al., 2010). os responsáveis diretos pela criança ou adolescente,
A partir do que foi exposto, considera-se que que não aceitaram participar da pesquisa e
o tratamento da criança e do adolescente com que não assinaram o Termo de Consentimento
transtorno mental precisa considerar, além Livre e Esclarecido.
do próprio cuidado, todos os envolvidos nesse Para a coleta de dados foi utilizado questionário
processo. Destaca-se a necessidade de voltar a semiestruturado que teve por objetivo conhecer os
atenção ao familiar cuidador, o que possibilitará perfis demográfico, socioeconômico e cultural dos
identificar possíveis riscos psicossociais e cuidadores. Era composto por questões temáticas
contribuir para a construção de novas práticas que abrangiam dados pessoais e profissionais, de
de recuperação do bem-estar semiestruturado de relacionamento social, vida religiosa, vida conjugal,
todos os envolvidos no processo saúde-doença da rede de cuidados e nível de dependência e dados da
criança e do adolescente. criança ou do adolescente.
Sabendo então da prevalência das doenças Após a autorização do Comitê de Ética em
mentais nos grupos de crianças e adolescentes e da Pesquisa foi iniciada a coleta de dados. O contato
escassez de estudos brasileiros, principalmente no com cada um dos participantes foi realizado
Nordeste do Brasil, surgiu a seguinte problemática: pessoalmente no CAPSi. Nesse contato, os objetivos
quais mudanças ocorrem na vida social, familiar da pesquisa foram explicados pela pesquisadora a
e sexual de cuidadores de crianças e adolescentes cada um dos participantes, que foram informados
com transtornos mentais? Com isso, este trabalho que caso decidissem pela não participação o
teve como objetivo principal observar mudanças acompanhamento das crianças ou dos adolescentes
nos âmbitos social, familiar e sexual de cuidadores na instituição não seria influenciado. De acordo
de crianças e adolescentes com transtornos com a disponibilidade dos participantes, foram
mentais atendidos em um Centro de Atenção agendados data e horário viáveis tanto para a
Psicossocial paraibano. pesquisadora como para os entrevistados.

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 546


Antes do início de cada entrevista, foram abordados Tabela 1 – Continuação
os objetivos da pesquisa e detalhadas as condições de Variável n %
participação e as obrigações da pesquisadora em
Escolaridade
relação ao participante, apresentando-se o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido, que foi Ensino médio incompleto 7 10,9
assinado em duas vias, sendo a segunda entregue ao
Ensino médio completo 27 42,2
entrevistado. Após essa fase, a entrevista foi realizada
pela entrevistadora em linguagem compreensível Ensino superior completo 4 6,3
para o participante. Ocupação
Os dados obtidos foram cotados no programa
Do lar 40 62,5
Statistical Package for Social Sciences (SPSS
22.0). Foram calculadas as estatísticas descritivas Profissional de limpeza 2 3,1
com suas medidas de tendência central (média) Agricultor 2 3,1
e de dispersão (desvio padrão) para as variáveis
Profissional de nível médio/técnico 8 12,5
quantitativas e de frequências absolutas (nº) e
relativas (%) para as variáveis categóricas. Profissional de nível superior 4 6,3

Profissional de serviços pessoais 4 6,3


Resultados
Aposentado 4 6,3
Caracterização da amostra Estado civil

Solteiro 13 20,3
Foram incluídos no estudo 64 cuidadores de
crianças e adolescentes com transtornos mentais que Casado 31 48,4
tiveram disponibilidade para participar do estudo Divorciado 18 28,1
durante o período de coleta dos dados. Não houve
Viúvo 2 3,1
recusas. A idade dos cuidadores variou de 24 a 65 anos
(média=38,9 anos; desvio padrão=8,6 anos). Sessenta Parentesco
(93,8%) eram mulheres, 27 (42,2%) concluíram o ensino Mãe 55 85,9
médio, 40 (62,5%) eram donas de casa, 31 (48,4%) eram
casadas, 30 (46,9%) tinham estrutura familiar nuclear, Pai 3 4,7
46 (71,9%) eram católicos e 55 (85,9%) eram mães das Avó 5 7,8
crianças e adolescentes, como mostrado na Tabela 1.
Tia 1 1,6

Tabela 1 – Características sociodemográficas dos Religião


cuidadores de crianças e adolescentes com transtornos Católica 46 71,9
mentais atendidos no CAPSi da cidade de Patos (PB), 2015
Evangélica 16 25,0
Variável n %
Espírita 2 3,1
Sexo

Feminino 60 93,8

Masculino 4 6,2
A Tabela 2 demonstra que existe uma diferença
altamente significativa (p=0,04) da estrutura
Escolaridade familiar, de acordo com o sexo do cuidador, em
Analfabeto 3 4,7 que no sexo feminino são predominantes os
tipos de estrutura nuclear (50%) e extensa (25%);
Ensino fundamental 23 35,9
já no sexo masculino, 75% formam famílias do
continua... tipo monoparental.

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 547


Tabela 2 – Tipo de estrutura familiar de acordo com o Tabela 3 – Continuação
sexo dos cuidadores de crianças e adolescentes com Variável n %
transtornos mentais atendidos no CAPSi da cidade de
Faixa etária (anos)
Patos (PB), 2015
3a5 6 9,4
Feminino Masculino
Variável p* 6 a 10 28 43,8
n % N %
11 a 14 20 31,3
Estrutura familiar 15 a 17 10 15,6

Nuclear 30 50 0 0 Diagnóstico

Retardo mental 41 64,1


Monoparental 12 20 3 75
0,04 TDAH 10 15,6
Extensa 15 25 0 0
Autismo 8 12,5
Reconstruída 3 5 1 25
Outros 5 7,8
TOTAL 60 100 4 100 Dependência para AVD

*Teste Qui-Quadrado de Pearson. Sim 58 90,6

Não 6 9,4
Uso de medicações psiquiátricas
Caracterização das crianças e dos adolescentes
Sim 53 82,8

Quarenta e cinco (70,3%) usuários do CAPSi Não 11 17,2


eram do sexo masculino. A idade das crianças e Medicação fornecida pelo SUS
dos adolescentes variou de 3 a 17 anos (média=10,6
Sim 36 56,3
anos; desvio padrão=3,7 anos). Vinte e oito
(43,8%) crianças tinham idade entre 6 e 10 anos. Não 13 20,3
O diagnóstico mais frequente foi retardo mental Às vezes 4 6,3
(n=41, 64,1%); 58 (90,6%) menores apresentavam Frequenta outro tratamento
dependência para a realização de atividades da vida
diária; 53 (82,8%) usavam medicação psiquiátrica; Sim 8 12,5

e oito (12,5%) frequentavam outros tratamentos Não 56 87,5


(Associação de Pais e Amigos de Excepcionais). Benefício assistencial
As medicações utilizadas por 36 (56,3%) usuários
Não 34 53,1
eram fornecidas pelo Sistema Único de Saúde, como
aponta a Tabela 3. BPC 20 31,3

Bolsa família 10 15,6


Tabela 3 – Características sociodemográficas e clínicas TDAH: transtorno de déficit de atenção/hiperatividade; AVD: atividades de vida
das crianças e dos adolescentes com transtornos mentais diária; SUS: Sistema Único de Saúde; BPC: Benefício de Prestação Continuada.
atendidos no CAPSi da cidade de Patos (PB), 2015
Variável n % Mudanças após a doença da criança ou do
adolescente
Sexo

Feminino 19 29,7 Cinquenta e cinco (85,9%) cuidadores tiveram


mudanças no trabalho remunerado após o adoecimento
Masculino 45 70,3
da criança ou do adolescente; todos eles relataram ter
continua... deixado de trabalhar para se dedicar à criança. Sessenta

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 548


e um (95,3%) cuidadores relataram ter amigos. Antes explicação para a doença. Cinquenta e dois (81,3%)
do adoecimento da criança, 60 (93,8%) realizavam relataram mudanças na vida conjugal, dos quais 51
atividades de lazer e 22 (34,4%) tinham momentos disseram que ela se tornara pior que antes (Tabela 4).
dedicados ao lazer na época de realização da entrevista; Pode-se perceber que todos os cuidadores possuem
39 (60,9%) cuidadores relataram realizar atividades religião e que a mãe se torna, na maioria das vezes, a
de lazer com a criança, como detalhado na Tabela 4. cuidadora da criança. Um estudo de Cavalheri (2010)
com familiares de pacientes de Centro de Atenção
Tabela 4 – Mudanças na vida de cuidadores de crianças Psicossocial (Caps) mostrou que todos os entrevistados
e adolescentes com transtornos mentais atendidos no tinham religião, à qual recorriam pedindo ajuda divina
CAPSi da cidade de Patos (PB), 2015 para enfrentar as dificuldades encontradas no cuidado
Variável n % com os pacientes.
Estudos com cuidadores de crianças com câncer
Mudança no trabalho
também mostraram que 90% praticam alguma
Sim 55 85,9 religião (Del Bianco Faria; Cardoso, 2010), sendo
Não 9 14,1
que, após o aparecimento da doença, a procura pela
religião aumentou (Beck; Lopes, 2007). Dessa maneira,
Tem amigos percebe-se que a religião tem papel importante na
Sim 61 95,3 vida dos cuidadores, pois age como suporte para
as questões emocionais e no enfrentamento das
Não 3 4,7
situações difíceis. A religião pode ainda dar forças
Lazer antes da criança para continuar lutando, amenizar a culpa e dar sentido
Sim 60 93,8 à vida e à situação enfrentada (Bousso et al., 2011; Del
Bianco Faria; Cardoso, 2010).
Não 4 6,3
A Tabela 5 demonstra que existe diferença
Lazer atualmente estatística significante na vida sexual antes
Sim 22 34,4
e depois do adoecimento da criança, quando
comparados cuidadores dos sexos masculino e
Não 19 29,7 feminino, em que este se mostra bem mais afetado.
Muito pouco 23 35,9
Tabela 5 – Mudanças na vida sexual, de acordo com
Lazer com a criança/o adolescente
o sexo, de cuidadores de crianças e adolescentes com
Sim 39 60,9 transtornos mentais atendidos no CAPSi da cidade de
Não 25 39,1 Patos (PB), 2015
Feminino Masculino
Mudança de religião
Variável p*
N % N %
Sim 11 17,2
Vida sexual atual
Não 53 82,8
Ruim 13 21,7 0 0
Mudança na vida conjugal
Boa 27 45 2 50
Sim 52 81,3
Ótima 0 0 2 50 0,00
Não 12 18,8
Não tem
relação 20 33,3 0 0
Onze (17,2%) cuidadores relataram ter mudado sexual
de religião após o adoecimento da criança, dos quais
TOTAL 60 100 4 100
cinco disseram ter recebido mais apoio, três sentiram
mais fé e outros três mudaram de religião para buscar continua...

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 549


Tabela 5 – Continuação Estudos de Hibbard, Neufeld e Harrinson
(1996) e de Almberg et al. (1998) indicam que
Feminino Masculino
Variável p* o homem cuidador presta cuidados diferentes
N % N % dos da mulher cuidadora, tanto no tipo como
Vida sexual antes na quantidade, podendo influenciar diferentes
fatores, como depressão e experiência do cuidar.
Ruim 1 1,7 0 0
Lamb e Billings (1997) também destacam em seus
Boa 30 50 2 50 estudos que crianças com pais envolvidos possuem
Ótima 29 48,3 2 50
maior aptidão cognitiva, maior empatia, menor
0,84
crença sexualmente estereotipada e maior nível
Não tem de controle interno.
relação 0 0 0 0
No que se refere à idade dos cuidadores, observa-
sexual
se que a média de idade foi de 38,92 anos. Estudos
TOTAL 60 100 4 100 revelam que quanto maior a idade do cuidador, pior
*Teste Qui-Quadrado de Pearson. será a sua qualidade de vida. Essa situação se deve
ao fato de os cuidadores mais velhos já possuírem
algumas limitações (físicas e cognitivas) que
Discussões dificultam os cuidados ao doente mental, pois para
conseguir executar alguns atos inerentes ao cuidar
Neste estudo, pode-se observar a frequência de é necessário realizar tarefas que envolvem certo
cuidadores do sexo feminino (93,8%), concordando esforço físico e capacidade cognitiva (Silva, 2008).
com vários estudos; entre eles, o de Souza Filho et Existiu grande variedade quanto à escolaridade,
al. (2010), que confirmam que nos serviços de saúde visto que a maior dos participantes concluiu o
mental ocorre a presença constante de cuidadores ensino médio. Oliveira et al. (2008) afirmam que
do sexo feminino, pois as relações de cuidado foram alguns sonhos são interrompidos, adiados ou
historicamente construídas ao longo do tempo, modificados, tanto na vida profissional como na
sendo observados papéis de gênero. O cuidar ainda é pessoal, em decorrência de alguma fatalidade
uma função atribuída, na maioria das vezes, ao sexo – neste caso, o nascimento de uma criança com
feminino, embora tenham ocorrido modificações necessidade especial, o que requer muita dedicação
ao longo da história. e justifica a descontinuidade dos estudos da maioria
Kantorski et al. (2012) observam que, com dos cuidadores. Cabe lembrar que a escolaridade
o passar do tempo e com a inserção gradual da é um elemento importante para o exercício das
mulher no mercado de trabalho, o homem foi funções de cuidado, pois auxilia no tratamento
estimulado, aos poucos, a compartilhar parte, (administração de remédios) e na compreensão
mesmo que em menor escala, das funções no lar. das dificuldades enfrentadas pelos pacientes
Espaços antes somente ocupados pelas mulheres e do processo terapêutico, além de facilitar a
nos dias atuais também são tomados por alguns comunicação entre trabalhadores e cuidadores
homens, que desempenham, por exemplo, a função (Kantorski et al., 2012).
de cuidador na família. Alguns estudos (Barroso; Há incidência maior de casados e famílias
Bandeira; Nascimento, 2007; Kantorski et al., 2012) do tipo nuclear; porém, existe um número alto
demonstram a existência de participação masculina de solteiros e divorciados e famílias do tipo
nas tarefas de cuidado; no caso deste estudo, foi de monoparental (23,4%), família extensa (23,4%) e
6,2%. Essa participação é importante e pode trazer família reconstruída (6,3%). Em estudo de Quadros
benefícios ao usuário e aos demais familiares et al. (2012) realizado com 936 cuidadores de
envolvidos, especialmente nas situações em que usuários de Caps, constatou-se que 59,7% dos
há compartilhamento de tarefas, o que auxiliaria entrevistados vivem com um(a) companheiro(a).
a evitar sobrecarga do cuidador. Segundo Féres-Carneiro (1992), a configuração da

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 550


dinâmica familiar, cujo funcionamento pode ser porém, podem surgir problemas em torno da
facilitador ou dificultador, traduz a formação da administração do dinheiro.
saúde mental dos membros de uma família. Para A média de idade das crianças e adolescentes de
Zamberlan e Biasoli-Alves (1996), a promoção de um que os cuidadores do grupo estudado cuidam é de
saudável e adequado desenvolvimento da criança 10,6 anos, com idade mínima de 3 anos e máxima
está intimamente relacionada com a qualidade de 17 anos (desvio padrão=3,7). Dezenove (29,7%)
das relações e das interações constituídas entre são meninas e 45 (70,3%) são meninos. No estudo
os membros da família. de Hoffmann, Santos e Mota (2008), a idade média
Vieira et al. (2008) relataram em sua pesquisa de usuários de CAPSi foi de 11,1 anos. Telles (2006)
que a mãe geralmente é a cuidadora primária da coloca que as meninas são menos suscetíveis às
criança com necessidade especial, visto que na tensões psicossociais da infância. Outros estudos
maioria das vezes a família não está preparada apontam para o fato de que grande parte dos
psicológica e fisicamente para a situação e usuários de serviço de saúde mental infantil é do
abandona a criança com a mãe. Nessa nova fase de sexo masculino (Delfini et al., 2009; Sposito; Savoia,
vida são gerados conflitos afetivos entre o casal, 2006). Ronchi e Avellar (2010) colocam que, dos 51
devido à grande responsabilidade que terão com pacientes em atendimento, 31 (60,8%) são do sexo
o filho deficiente em relação ao custo financeiro masculino e 20 (39,2%) do sexo feminino.
e à discriminação da sociedade e dos familiares, No que se refere ao perfil diagnóstico das
ou até mesmo do próprio pai (Vieira et al., 2008). crianças, este estudo mostra que o retardo
Percebe-se também, neste estudo, que há cuidadores mental é a patologia mais encontrada, com 64,1%
que não são a mãe, mas o pai, a avó ou a tia, o que dos casos. Em estudo de Delfini et al. (2009) foi
pode estar relacionado ao fato de se tratarem de observado que grande parte dos prontuários não
famílias extensas. possui registro da hipótese diagnóstica (24,8%) e,
É grande o número de cuidadores que são donas levando-se em conta a Classificação Internacional
de casa (62,5%). Tunali e Power (2002) explicam que, das Doenças, 21% dos usuários estão no grupo
devido à necessidade de dispensar grande parte do de transtornos de comportamento e transtornos
tempo com a criança, a maioria dos cuidadores não emocionais, 16,2% no grupo de transtornos do
consegue se dedicar à sua carreira profissional, desenvolvimento psicológico e 10,5% apresentam
tendo que, com frequência, abandoná-la. retardo mental. Porém, Yeargin-Allsopp et al.
O Benefício de Prestação Continuada prestado a (1997) afirmam que o retardo mental é um dos
31,3% das crianças ou dos adolescentes é o benefício transtornos neuropsiquiátricos mais comuns em
assistencial previsto constitucionalmente para a crianças e adolescentes. A taxa de prevalência
proteção de idosos e deficientes que comprovem não tradicionalmente citada é de 1% da população
possuir meios de prover sua própria manutenção jovem; porém, alguns autores mencionam taxas
ou tê-la provida pela família, cuja renda familiar de 2% a 3%, e há estimativas de até 10%. Santos et
per capita deve ser inferior a um quarto do salário- al. (2005), em estudo realizado em Salvador (BA),
mínimo. É um benefício que compõe a política apontam que o diagnóstico mais frequente entre
de assistência social brasileira e é um direito os sujeitos de um CAPSi foi o retardo mental, com
assegurado constitucionalmente. No processo um percentual de 42%.
de conquista de direitos sociais, a previsão O nível de dependência da criança ou do
constitucional transformou e fortaleceu os sentidos adolescente nas atividades de vida diária é alto, em
da assistência social no Brasil, deslocando-a razão de possuir transtorno mental. De acordo com
do âmbito de uma regulação unicamente moral Waldman, Swerdloff e Perlman (1999), a transição
para o de uma vinculação propriamente jurídica para a vida adulta pode ser particularmente difícil
(Boschetti, 2006). Quando a pessoa com sofrimento para os adolescentes com deficiência mental e suas
psíquico recebe algum tipo de benefício, a família famílias. Os autores acreditam que muitas vezes
fica um pouco mais aliviada pelo lado financeiro; isso ocorre pela manutenção de intensos cuidados

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 551


ao filho com deficiência mental. Eles defendem que No que se refere ao relacionamento conjugal
quando os filhos com deficiência mental crescem, do cuidador, é relevante o número de cuidadores
seus pais ficam ansiosos com as oportunidades que afirmaram ter havido mudanças, e em 98,1%
que eles terão no futuro e os cuidados de que vão dos casos essa mudança conjugal foi para pior.
necessitar. A manutenção da dependência pode ser A presença de uma criança com deficiência na
motivo de frustração tanto para os adolescentes família constitui motivo adicional de tensão
quanto para seus pais (Schneider et al., 2006). marital (D’Antino, 1998). Barbosa, Balieiro e
É possível observar também que poucos são Pettengill (2012) afirmam que a presença de um
os usuários do CAPSi que frequentam outro tipo filho com algum tipo de deficiência pode causar
de tratamento, pois, como relatado por alguns mudanças conflituosas e inconstantes, levando a
cuidadores, o CAPSi fornece equipes multi e um distanciamento na relação conjugal. Walker
interdisciplinares que conseguem suprir todas as e Zeman (1992), trabalhando com famílias com
necessidades da criança ou do adolescente. crianças doentes crônicas, afirmaram que a doença
É possível observar que ocorreram mudanças do filho pode gerar conflitos na relação conjugal
no contexto de trabalho remunerado, e que todos devido, principalmente, à divisão dos papéis
os cuidadores que pararam de trabalhar disseram referentes aos cuidados necessários à criança.
que o fizeram para cuidar da criança. Em pesquisa O que chama bastante atenção neste estudo
realizada no município de Santa Cruz do Sul (RS), são as mudanças nos relacionamentos sexuais,
Petry (2005) constatou, pelo depoimento de algumas e o grande número de cuidadores que não tem
mães, que havia inconformidade em relação à relações sexuais (31,3%). Em seus estudos, Beck
necessidade de deixar o trabalho para cuidar do e Lopes (2007) observaram que o relacionamento
familiar com sofrimento psíquico. sexual foi afetado em 80% dos casos de cuidadores
Somente 3,2% dos cuidadores afirmam não de crianças com câncer, que relataram não ter
ter amigos, e sabe-se que a presença de amigos tempo para pensar em sexo, não ter clima nem
constitui importante estratégia de diminuição da vontade para ter relações sexuais. Outros autores
sobrecarga do cuidador (Bandeira; Barroso, 2005; também citam essas questões de interferência no
Nakatani et al., 2003). relacionamento conjugal e afirmam a importância de
Vinte e dois (34,4%) cuidadores realizam aconselhamentos para quebra desses tabus (Smith;
atividades de lazer, sendo que, antes do adoecimento Smith; Toseland, 1991). Essas questões são relevantes
da criança ou do adolescente, 60 (93,8%) o faziam. e devem ser mais bem investigadas, principalmente
Imaginário (2008) afirma que a tarefa de cuidar nos cuidadores de crianças e adolescentes com
pode produzir sobrecarga intensa, que acaba por transtornos mentais, pois é escassa a literatura
comprometer a saúde, a vida social, a relação com os sobre esse tema nessa população.
outros membros da família, o lazer, a disponibilidade É importante ressaltar que, quando vista a
financeira, a rotina doméstica, o desempenho questão do gênero em relacionamentos sexuais,
profissional e inúmeros outros aspectos da vida os dados de cuidadores homens não tiveram
familiar e pessoal. Os cuidadores manifestam, por modificação, enquanto cuidadoras mulheres
vezes, abandono do seu autocuidado, falta de tempo sofreram grande impacto nesse aspecto. Pinquart e
para poder descansar e desconforto. Outro aspecto Sorensen (2006) realizaram metanálise comparando
importante é que grande parte dos cuidadores que cuidadores homens com mulheres, observando que
executam atividades lazer não o faz com a criança cuidadores homens tinham índices de estresse e
e o adolescente, pois, muitas vezes, estes são depressão mais baixos e níveis mais elevados de
estigmatizados pelas próprias características de bem-estar subjetivo e de saúde física. Andrade,
sua deficiência e acabam sendo isolados do meio Garcia e Cano (2009), por sua vez, consideram que
social em que vivem, por não serem considerados a relação conjugal necessita de relação amorosa
como adultos produtivos em potencial, e dar muito íntima e que o bem-estar (físico e emocional)
mais trabalho para sair de casa. influencia o relacionamento sexual.

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 552


Considerações finais BARROSO, S. M.; BANDEIRA, M.; NASCIMENTO,
E. Sobrecarga de familiares de pacientes
Este estudo buscou observar quais mudanças psiquiátricos atendidos na rede pública. Revista
ocorrem nos âmbitos social, familiar e sexual de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 34, n. 6,
de cuidadores de crianças e adolescentes com p. 270-277, 2007.
transtornos mentais, mostrando que ser cuidador BECK, A. R. M.; LOPES, M. H. B. M. Cuidadores de
impacta significativamente a vida nos contextos crianças com câncer: aspectos da vida afetados
social e conjugal. pela atividade de cuidador. Revista Brasileira de
Dito isto, percebe-se que essa população merece Enfermagem, Brasília, DF, v. 60, n. 6, p. 670-675,
maior atenção das políticas públicas e da sociedade, 2007.
e os resultados deste estudo poderão influir na
adequação dos serviços de saúde mental, uma vez BORBA, L. O.; SCHWARTZ E.; KANTORSI L,
que a saúde da criança e do adolescente depende da P. A sobrecarga da família que convive com a
saúde do cuidador. realidade do transtorno mental. Acta Paulista
de Enfermagem, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 588-594,
Referências 2008.

ALMBERG, B. et al. Differences between and BOSCHETTI, I. Seguridade social e trabalho:


within genders in caregiving strain: comparison paradoxos na construção das políticas de
between caregivers of demented and non- previdência e assistência social no Brasil.
caregivers of nondemented elderly people. Journal Brasília, DF: Letras Livres: EdUnB, 2006.
of Advanced Nursing, Oxford, v. 28, n. 4, p. 849- BOUSSO, R. S. et al. Crenças religiosas, doença e
858, 1998. morte: perspectiva da família na experiência de
ANDRADE, A.; GARCIA, A.; CANO, D. Preditores da doença. Revista da Escola de Enfermagem da USP,
satisfação global em relacionamentos românticos. São Paulo, v. 45, n. 2, p. 391-397, 2011.
Psicologia: Teoria e Prática, São Paulo, v. 11, n. 3, CAMPOS, R. O. et al. Saúde mental na atenção
p. 143-156, 2009. primária à saúde: estudo avaliativo em uma
grande cidade brasileira. Ciência e Saúde Coletiva,
ANSELMI, L. et al. Prevalence of psychiatric
Rio de Janeiro, v. 16, n. 12, p. 4643-4652, 2011.
disorders in a Brazilian birth cohort of 11-year-
olds. Social Psychiatry and Psychiatric CAVALHERI, S. C. Transformações do modelo
Epidemiology, Berlin, v. 45, n. 1, p. 135-142, 2010. assistencial em saúde mental e seu impacto
na família. Revista Brasileira de Enfermagem,
APA – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION.
Brasília, DF, v. 63, n. 1, p. 51-57, 2010.
Diagnostic and statistical manual of mental
disorders. 4. ed. Washington, DC, 1994. D’ANTINO, M. E. F. A máscara e o rosto da
instituição especializada: marcas que o passado
BANDEIRA, M.; BARROSO, S. M. Sobrecarga
abriga e o presente esconde. São Paulo: Memnon,
das famílias de pacientes psiquiátricos. Jornal
1998.
Brasileiro Psiquiátrico, Rio de Janeiro, v. 54, n. 1,
p. 34-46, 2005. DEL BIANCO FARIA, A. M.; CARDOSO, C. L.
Aspectos psicossociais de acompanhantes
BARBOSA, M. A. M.; BALIEIRO, M. M. F. G.;
cuidadores de crianças com câncer: stress e
PETTENGILL, M. A. M. Cuidado centrado na família
enfrentamento. Estudos de Psicologia, Campinas,
no contexto da criança com deficiência e sua
v. 27, n. 1, p. 13-20, 2010.
família: uma análise reflexiva. Texto e Contexto
Enfermagem, Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 194-199, DELFINI, P. S. S. et al. Perfil dos usuários de um
2012. Disponível em: <https://bit.ly/2IV6P17>. centro de atenção psicossocial infanto-juvenil
Acesso em: 12 jul. 2012. da grande São Paulo, Brasil. Revista Brasileira

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 553


de Crescimento e Desenvolvimento Humano, São LOUKISSA, D. Family burden in chronic mental
Paulo, v. 19, n. 2, p. 226-236, 2009. illness: a review of research studies. Journal of
Advanced Nursing, Oxford, v. 21, n. 2, p. 248-255,
FÉRES-CARNEIRO, T. Família e saúde mental.
Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, DF, v. 8, 1995.
p. 485-493, 1992. MARINI, A. M. et al. Sobrecarga de cuidadores na
FLEITLICH, B. W.; GOODMAN, R. Implantação psiquiatria infantil. Revista Neurociências, São
e implementação de serviços de saúde mental Paulo, v. 18, n. 3, p. 300-306, 2010.
comunitários para crianças e adolescentes. MARTÍN, I.; PAÚL, C.; RONCON, J. Estudo de
Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 24, adaptação e validação da Escala de Avaliação de
n. 1, p. 2, 2002. Cuidado Informal. Psicologia, Saúde e Doenças,
FLISHER, A. J. et al. Correlates of unmet need Lisboa, v. 1, n. 1, p. 3-9, 2000.
for mental health services by children and MAURIN, J. T.; BOYD, C. B. Burden of mental
adolescents. Psychological Medicine, London, illness on the family: a critical review. Archives of
v. 27, n. 5, p. 1145-1154, 1997. Psychiatric Nursing, Orlando, v. 4, n. 2, p. 99-107,
GREENBERG, M. T.; DOMITROVICH, C.; 1990.
BUMBARGER, B. The prevention of mental NAKATANI, A. Y. K. et al. Perfil dos cuidadores
disorders in school-aged children: current state informais de idosos com déficit de autocuidado
of the field. Prevention and Treatment, Hamilton, atendidos pelo Programa de Saúde da Família.
v. 4, n. 1, p. 1-59, 2001. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia,
HIBBARD, J.; NEUFELD, A.; HARRINSON, M. v. 5, n. 1, p. 15-20, 2003. Disponível em:
Gender differences in the support networks of <https://bit.ly/2J151n9>. Acesso em: 14 nov. 2017.
caregivers. Journal of Gerontological Nursing, OLIVEIRA, M. F. S. et al. Qualidade de vida do
Thorofare, v. 22, n. 9, p. 15-23, 1996. cuidador de crianças com paralisia cerebral.
HOFFMANN, M. C. C. L.; SANTOS, D. N.; MOTA, E. Revista Brasileira em Promoção da Saúde,
L. A. Caracterização dos usuários e dos serviços Fortaleza, v. 21, n. 4, p. 275-280, 2008.
prestados por Centros de Atenção Psicossocial PETRY, A. R. Esquizofrenia e representação social:
Infanto-Juvenil. Cadernos de Saúde Pública, Rio estudo de casos em Santa Cruz do Sul. Santa Cruz
de Janeiro, v. 24, n. 3, p. 633-642, 2008. do Sul: Edunisc, 2005.
HUANG, L. et al. Transforming mental health PINQUART, M.; SORENSEN, S. Gender differences
care for children and their families. The American in caregiver stressors, social resources, and
Psychologist, Washington, DC, v. 60, n. 6, p. 615- health: an updated meta-analysis. Jornals of
627, 2005. Gerontololgy: series B, Psychological Sciences and
IMAGINÁRIO, C. O idoso dependente no contexto Social Sciences, Washington, DC, v. 61, n. 1, p. 33-
familiar. 2. ed. Coimbra: Formasau, 2008. 45, 2006.
KANTORSKI, L. P. et al. Perfil dos familiares QUADROS, L. C. M. et al. Transtornos
cuidadores de usuários de Centros de Atenção psiquiátricos menores em cuidadores de
Psicossocial do Sul do Brasil. Revista Gaúcha de familiares de usuários de Centros de Atenção
Enfermagem, Porto Alegre, v. 33, n. 1, p. 85-92, Psicossocial do Sul do Brasil. Cadernos de Saúde
2012. Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 1, p. 95-103, 2012.
LAMB, M. E.; BILLINGS, L. A. L. Fathers of RONCHI, J. P.; AVELLAR, L. Z. Saúde mental da
children with especial needs. In: LAMB, M. E. criança e do adolescente: a experiência do CAPSi
(Org.). The role of the father in child development. da cidade de Vitória-ES. Psicologia: Teoria e
New York: Wiley, 1997. p. 179-190. Prática, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 71-84, 2010.

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 554


SANTOS, N. D.; CARVALHO, M. M.; PINHO, M. TELLES, H. P. R. S. Infância e saúde mental:
A. Atendimento em psiquiatria da infância e teoria, clínica e recomendações para políticas
adolescência em serviços públicos de Salvador. públicas. 2006. Dissertação (Mestrado em Saúde
Revista Baiana de Saúde Pública, Secretaria da Pública) – Universidade de São Paulo, São Paulo,
Saúde do Estado da Bahia, v. 29, n.1, jun. 2005. 2006.
SCHNEIDER, J. et al. Families challenged by and TUNALI, B.; POWER, T. J. Coping by redefinition:
accommodating to the adolescent years. Journal cognitive appraisals in mothers of children with
of Intellectual Disability Research, Hoboken, v. 50, autism and children without autism. Journal of
n. 12, p. 926-936, 2006. Autism and Developmental Disorders, New York,
v. 32, n. 1, p. 25-34, 2002.
SILVA, S. T. A qualidade de vida dos cuidadores
de pessoas com deficiência auditiva. 2008. VIEIRA, N. G. B. et al. O cotidiano de mães com
Dissertação (Mestrado em Saúde da Família) crianças portadoras de paralisia cerebral. Revista
– Faculdade de Saúde e Gestão do Trabalho, Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 21,
Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2008. n. 1, p. 55-60, 2008.
SMITH, G.; SMITH, M.; TOSELAND, R. Problems WALDMAN, B. H.; SWERDLOFF, M.; PERLMAN,
identified by family caregiver in counseling. S. P. Sexuality and youngsters with mental
Gerontologist, New York, v. 31, n. 1, p. 15-22, 1991. retardation. Journal of Dentistry for Children,
Chicago, v. 66, n. 5, p. 348-352, 1999.
SOUZA FILHO, M. D. et al. Avaliação da
sobrecarga em familiares cuidadores de pacientes WALKER, L. S.; ZEMAN, J. L. Parental response
esquizofrênicos adultos. Psicologia em Estudo, to child illness behavior. Journal of Pediatric
Maringá, v. 15, n. 3, p. 639-647, 2010. Psychology, Washington, DC, v. 17, n. 1, p. 49-71,
1992.
SPOSITO, B. P.; SAVOIA, M. G. Atendimento
especializado a adolescentes portadores YEARGIN-ALLSOPP, M. et al. Reported biomedical
de transtornos psiquiátricos: um estudo causes and associated medical conditions
descritivo. Psicologia: Teoria e Prática, São Paulo, for mental retardation among 10-year-old
v. 8, n. 1, p. 31-47, 2006. children, metropolitan Atlanta, 1985 to 1987.
Developmental Medicine and Child Neurolology,
TAKAHASHI, M.; TANAKA, K.; MIYAOKA, H.
London, v. 39, n. 3, p. 142-149, 1997.
Depression and associated factors of informal
caregivers versus professional caregivers of ZAMBERLAN, M. A. T.; BIASOLI-ALVES, Z. M. N.
demented patients. Psychiatry and Clinical Interações familiares: teoria, pesquisa e subsídios
Neurosciences, Carlton, v. 59, n. 4, p. 473-480, 2005. à intervenção. Londrina: UEL, 1996.

Contribuição dos autores


Daltro foi responsável pela concepção do estudo, coleta e análise dos
dados. Marsiglia e Moraes contribuíram para a redação do artigo.

Recebido: 02/11/2015
Reapresentado: 17/11/2017
Aprovado: 11/12/2017

Saúde Soc. São Paulo, v.27, n.2, p.544-555, 2018 555

Você também pode gostar