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VIDYA, v. 28, n. 1, p. 19-32, jan./jun., 2008 - Santa Maria, 2009.

ISSN 0104-270X

INTERFACES ENTRE A PSICOLOGIA E A BIOLOGIA:


TECENDO SABERES NA EDUCAÇÃO
INTERFACES BET WEEN PSYCHOLOGY AND BIOLOGY:
LINKING KNOWLEDGES IN EDUCATION

ROSSANO ANDRÉ DAL-FARR A*

RESUMO ABSTRACT

O desenvolvimento do pensamento científico nas The evolution of Scientific thought in last decades
últimas décadas tem proporcionado a publicação has brought the publication of many research’s
de numerosos e consistentes resultados de pes- results about inter faces bet ween biological and
quisas em diversas áreas a respeito da inter face psychological aspects related to learning. Con-
entre os aspectos biológicos e psicológicos em sequently, it’s ver y impor tant carr y out the in-
relação ao processo de aprendizagem, revestin- terconnections bet ween that knowledge, tr ying
do-se de grande impor tância realizar intercone- to construct an ef ficient educational process for
xões entre esses saberes, no sentido de construir societ y. Considering these aspects, this tex t has
um processo educacional que atenda às expec- the main objective to analyze the implications
tativas da sociedade. Diante dessas premissas, of biological development on education, and
este ar tigo tem como objetivo principal analisar besides, understand the consequences on the
as implicações do desenvolvimento biológico teaching and learning processes in sciences and
sobre a educação, assim como os seus reflexos mathematics.
sobre o processo de ensino e aprendizagem de
Ciências e Matemática. Key words: Teaching and Learning; Biology;
Science and Mathematics Education.
Palavras-chave: Aprendizagem; Biologia; Ensino
de Ciências e Matemática.

*
Doutor em Educação (UFRGS – 2003). Professor e Assessor Pedagógico da Universidade Luterana do Brasil.
Docente e Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade
Luterana do Brasil, Canoas, RS.

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Introdução A neurociência tem demonstrado que a
primeira infância, ou seja, os “anos forma-
Nas últimas décadas, diferentes abordagens tivos”, representam um período de impor-
nas Ciências Humanas e Biológicas percorre- tância vital na estruturação do ser humano,
ram caminhos distintos na tentativa de explicar não apenas no âmbito biológico (neurológi-
temas complexos como a aprendizagem. co), como também no âmbito psicológico
Atualmente, está cada vez mais claro para (DOMINGUES, 2007, p. 33).
pesquisadores de diferentes campos do sa- A relevância dos primeiros anos de vida
ber que o estudo da mente humana não pode na constituição do ser humano é de tal or-
prescindir das interconexões entre a Biologia dem que as aquisições obtidas nesse perío-
e as Ciências Humanas, especialmente em do podem repercutir de forma significativa
relação à Psicologia, a fim de que haja uma por toda a vida do indivíduo. Os engramas
compreensão mais global dos fenômenos produzidos nos anos formativos, ou seja,
envolvidos na aprendizagem, tanto nos as- as representações das informações no sis-
pectos cognitivos quanto afetivos. tema ner voso (DALMAZ; NETTO, 2004),
Em relação ao afeto, será utilizada pre- nessa fase crítica da vida, são como re-
ponderantemente, neste tex to, a perspectiva gistros físicos da memória, nos quais a
citada por Cagnin (2008, p. 474-477), afir- pessoa embasa sua vida psíquica, assim
mando que o termo “parece possuir, no con- como a sua relação com o meio. Da mes-
tex to da Psicologia Cognitiva e das Neuro- ma forma, sendo submetido desde o início
ciências, um sentido abrangente, inclusivo” da sua vida a um mosaico de estímulos de
das emoções, dos estados de humor, dos diferentes naturezas, o desenvolvimento
sentimentos e demais manifestações de ca- do indivíduo ocorre por meio da resul tante
ráter afetivo. Segundo a autora, mesmo dife- dos aspectos biológicos/genéticos e cul tu-
rentes abordagens, inclusive na Neurociência, rais/ambientais.
e a elevada diversidade nas questões teóricas Nesse sentido, ao conjugar resultados
e metodológicas envolvidas, apontam para o de estudos realizados no âmbito biológico,
impor tante papel do afeto como um regula- psicológico e social, assim como as inter-
dor da cognição. faces entre ambos, neste tex to aborda-se a
Devido à grande abrangência dos fe- confluência entre esses aspectos e a sua im-
nômenos que envolvem a aprendizagem, por tância sobre o desenvolvimento humano,
é necessário construirmos processos de com especial atenção à aprendizagem nas
ensino nos quais os saberes oriundos da primeiras fases da vida, e aos reflexos desse
Psicologia e da Biologia estejam coaduna- processo na vida futura.
dos, visando a fornecer subsídios para po- A metodologia utilizada para este estudo
dermos realizar um processo educacional centrou-se na pesquisa bibliográfica, par tin-
que proporcione a facilitação da inserção do das questões específicas da neurociência
social de nossos estudantes. e da genética, passando pelas suas inter fa-

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ces com a psicologia e as implicações sobre Para os autores supracitados, as evidên-
a aprendizagem, especialmente de Ciências cias nos permitem afirmar que o cérebro hu-
e Matemática. O delineamento utilizado mano não representa uma tábula rasa a ser
para a escolha dos ar tigos e dos livros preenchida pela experiência, assim como
teve como foco justamente as questões de constatou-se que a interação entre os aspec-
“fronteira” entre os respectivos campos tos biológicos e as questões ambientais são
do conhecimento, procurando construir fundamentais na constituição das conexões
pontes entre a Biologia e a Psicologia no entre os neurônios e no desenvolvimento
âmbito da educação nos seus aspectos neurológico (OLIVA et al., 2009).
mais amplos, procurando integrar todos os Verifica-se que a par ticipação dos ele-
elementos envolvidos na complexa consti- mentos genéticos está associada à atuação
tuição do ser humano. do aprendizado, da cultura, principalmente
porque o ser humano nasce dependente de
“Nature and nurture”: ampliando o cuidados, favorecendo a aprendizagem jus-
debate na contemporaneidade tamente pela constatação de que ela ocorre
de forma facilitada pela interação do indiví-
Muitos debates já foram realizados e mui- duo com os outros. É a par tir da relação com
tos ar tigos foram escritos procurando esta- o outro, por intermédio do vínculo afetivo,
belecer a predominância dos aspectos cultu- principalmente nos anos iniciais, que a crian-
rais/ambientais sobre os fatores biológicos/ ça vai tendo acesso ao mundo simbólico,
genéticos, assim como outras abordagens conquistando, assim, avanços significativos
procuraram afirmar a primazia dos elementos no âmbito cognitivo (TASSONI, 2000, p. 3;
biológicos sobre a cultura/educação na cons- DAL-FARRA; PRATES, 2004, p. 94).
tituição do ser humano. Entretanto, a própria Dessa forma, mui tas vezes se torna
convergência de estudos dessas diferentes difícil separar a influência genética da não
áreas têm permitido pensar e compreender a genética, principalmente se considerarmos
complexa natureza humana de forma multifa- a plasticidade cerebral, que torna o indi-
cetada. Inclusive, os resultados das pesqui- viduo al tamente “receptivo” a diferentes
sas relacionando Genética e Psicologia têm estímulos, conduzindo a al terações neuro-
permitido deslocar a questão para nature and lógicas que podem, inclusive, ser de difícil
nurture (natureza e ambiente), substituindo reversão (STHAL, 2002, p. 24).
nature X nurture (natureza versus ambiente) Considera-se a plasticidade cerebral
(DAL-FARRA; PRATES, 2004, p. 94-97). como a capacidade do sistema ner voso
Ampliando o debate, Oliva et al. (2009) afir- central de modificar a sua organização
mam que a discussão agora é “como” a na- estrutural própria e o seu funcionamento,
tureza e a cultura interagem nas experiências processo que ocorre principalmente nos
dos sujeitos, influenciando o desenvolvimento primeiros anos, mas que se reflete por toda
do cérebro. vida (STHAL, 2002, p. 24). A plasticidade

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cerebral é um elemento decisivo para o Deve-se considerar que a decisiva atua-
processo de aprendizagem, no que tange ção do aprendizado precoce para a constru-
aos aspectos afetivos e cognitivos. ção de um ser humano com a capacidade de
É necessário ratificar que, para a Gené- aprender temas como as relações comple-
tica, ambiente/meio representa todos os fa- xas entre números, fenômenos físicos e bio-
tores não genéticos. Isso significa dizer que, lógicos; o “mundo” que a criança encontra
a par tir da formação do zigoto, se constitui no lar, com disponibilidade maior ou menor
um conjunto de genes sobre o qual atuarão de estímulos; e o acesso a informações, as-
os efeitos do ambiente em interação com sociadas ao cuidado materno/paterno, per-
os aspectos genéticos, envolvendo todos os mitirão o desenvolvimento de indivíduos que
eventos que repercutem sobre o embrião/ possam expressar o seu potencial próprio de
feto, como a nutrição, medicamentos, e a aprendizagem conforme as suas tendências
educação que o ser receberá durante a sua e o seu empenho (DOMINGUES, 2007, p. 43;
vida (DAL-FARRA; PRATES, 2004, p. 94). OLIVA et al., 2009).
Inclusive, tradicionalmente se adota a Estudos diversos têm demonstrado a im-
denominação de filho biológico aos pais por tância das “janelas” de aprendizagem,
que geram o ser, e de pais adotivos aos momentos em que podem ser desenvolvidas
que o educam. No entanto, ambos são pais capacidades específicas, e que permitem o
biológicos, e os que educam serão tanto aprendizado precoce de aspectos que con-
mais “biológicos” quanto mais tenra for tribuirão decisivamente para o aprendizado
a idade desse ser que passarão a cuidar, de abstrações, de relações matemáticas e de
considerando-se a grande atuação do meio classificações entre objetos diferentes, que não
e da educação sobre a plasticidade cere- podem prescindir das elaborações complexas,
bral e a consequente modificação desse configurando os elementos sutis das represen-
cérebro, no qual, quanto mais precoce for tações mentais (DOMINGUES, 2007, p. 57).
a atuação, maior será a modificação. Em face disso, ao pensarmos o proces-
A educação al tera decisivamente a es- so de ensino e aprendizagem com base na
truturação biológica, principalmente em consideração do ser humano em sua inte-
relação ao cérebro, por meio das al tera- gralidade, precisamos desenvolver aborda-
ções nas conexões neuronais (DOMIN- gens que conjuguem as complexas metodo-
GUES, 2007, p. 43). Poderíamos depreen- logias produzidas em pesquisas na área da
der, por tanto, que os pais que fornecem os educação, com o conhecimento que pos-
gametas para a geração do filho, deveriam, suímos dos aspectos afetivos relativos ao
mais adequadamente, ser denominados de desenvolvimento humano, sem olvidar que,
pais genéticos, com a ressalva também da ao longo de suas trajetórias, as pessoas vão
influência da gestação na formação do in- desenvolvendo um conjunto de hábitos que
divíduo, tema que será abordado ao longo estruturam as suas vidas, tornando-as do-
deste trabalho. tadas de habilidades par ticulares conforme

22
o desenvolvimento de suas potencialidades A educação, de forma ampla, envolve
(TASSONI, 2000, p. 2-4; DAL-FARRA; PRA- não apenas os aspectos relativos ao co-
TES, 2004, p. 94-96; MAHONEY; ALMEIDA, nhecimento, à afetividade e ao respeito ao
2005, p. 11-13). outro, mas também, focando especifica-
Outros aspectos impor tantes se referem mente o Ensino de Ciências e Matemática, o
à necessidade da construção do hábito de desenvolvimento da capacidade de realizar
estudar, assim como à capacidade de con- a construção da aprendizagem que muitas
centração por períodos de tempo prolonga- vezes não podem prescindir da dedicação
dos em que o estudante realiza o processo por longos períodos na elaboração de con-
de aprendizagem como construção pessoal, ceitos e da reflexão sobre questões cientí-
desenvolvendo-se cognitivamente e alte- ficas, processos necessários na aquisição
rando a sua estrutura biológica, como os e utilização de raciocínios complexos ine-
estudos da neurociência têm demonstrado rentes ao aprendizado dos fenômenos quí-
(AYDIN, et al. 2007, p. 1859; FULLBRIGHT micos, biológicos e físicos e nas relações
et al. 2000, p. 1854). Resultados de pesqui- matemáticas, assim como nas abstrações
sas recentes demonstram que a experiência inerentes ao processo de matematização
sensorial pode alterar a estrutura e a função das ciências naturais, aspecto relevante no
dos circuitos neurais no neocór tex em de- desenvolvimento do pensamento científico.
senvolvimento. Dessa forma, ao considerar- Esse processo decorre da relação existente en-
mos a complexidade da condição humana, tre as ações realizadas e as suas repercussões
verificamos a necessidade de realizar estu- no cérebro (AYDIN, et al., 2007, p. 1859;
dos que integrem diferentes áreas do saber, FULLBRIGHT et al., 2000, p. 1854).
visando a compreender de forma mais am- Avaliando o desempenho de crianças
pla as questões sociais e biológicas envol- com altas habilidades/superdotação, Hazin
vidas na construção das habilidades do ser (2009) constatou que, mesmo possuindo
humano (OLIVA, 2009, p. 133). habilidades cognitivas específicas de gran-
Ao estudar a aprendizagem na matemática, de repercussão para um bom desempenho
Jesus (2007) identificou a impor tância do as- escolar, principalmente em matemática -
pecto atitudinal, além do conceitual e do pro- demonstravam elevada capacidade de criar
cedimental no desempenho dos estudantes. novas estratégias e flexibilizar o pensamen-
Com base nos resultados do estudo realizado to para se adaptar a condições novas elas
sobre aritmética, assim como nas conclusões podem apresentar resultados não tão favorá-
presentes em outras investigações, o autor ra- veis quando empregam menor capacidade de
tifica que, no momento em que as atitudes de concentração para a realização de atividades.
um aluno em relação a um conteúdo escolar Diante da necessária confluência dos
são favoráveis, o aumento de sua motivação saberes oriundos dos diferentes ramos do
permite que ele tenha esforços mais intensos e conhecimento que estudam a aprendiza-
esteja mais concentrado na aprendizagem. gem, precisamos compreender como tais

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aspectos podem ser empregados de forma após o nascimento, auxiliando a aprendizagem
adequada, respeitando o processo de de- e constituindo-se, por tanto, em vantagem para
senvolvimento que ocorre durante toda a o ser humano. A necessidade de cuidado du-
vida do indivíduo. rante longo tempo permite que se mantenha
uma relação duradoura entre os pais e a crian-
O desenvolvimento a partir do período ça, fornecendo estímulos que são impor tantes
intrauterino para o seu desenvolvimento como um adulto
saudável, tanto física quanto psicologicamente.
O desenvolvimento embriológico do ser Nesse processo, desenvolve-se ainda a maior
humano possui peculiaridades que reper- capacidade de estabelecer vínculos, pois o cui-
cutem diretamente sobre as questões da dado após o nascimento repercute na vida pes-
aprendizagem na vida futura, não apenas soal e nos vínculos sociais posteriores.
do ponto de vista biológico, mas também da Para Bjorklund (1997, p. 153), a ima-
educação como um todo. Nesse sentido, a turidade no desenvolvimento, associada
neotenia representa um fenômeno que influi à plasticidade cerebral, possui um caráter
diretamente na estruturação do organismo, adaptativo no sentido de contribuir para que
tanto mor fológica quanto fisiologicamente. o cuidado dos pais/responsáveis pela crian-
Segundo Mithen (1998, p. 104) e Gould ça seja mais intenso. Entretanto, Godfrey e
(1991, p. 355), a neotenia se caracteriza pelo Sutherland (1996, p. 17) afirmam que o cor-
desenvolvimento mais lento, resultando na po humano não apresenta ta xas reduzidas
existência de traços juvenis dos ancestrais de crescimento, e sim que esse crescimento
nos descendentes adultos. Dessa forma, os é prolongado em diversas par tes do corpo,
retardos na estruturação e na maturação ce- incluindo o cérebro. Para esses autores, a
rebrais estão associados ao fato de que, se neotenia não implica em crescimento lento,
houvesse um grande crescimento cerebral já que a manutenção de formas jovens pode
e craniano no ser humano antes do nasci- ocorrer com crescimento acelerado.
mento, haveria comprometimento no par to. No entanto, em uma ou outra perspecti-
Adiciona-se a essas constatações o fato da va, é evidente que a longa permanência com
neotenia ocorrida no desenvolvimento do or- o cuidado materno/paterno contribui deci-
ganismo humano se traduzir de forma espe- sivamente para a aprendizagem. Um longo
cial pela ocorrência tardia de especializações período de infância facilita o desenvolvimen-
típicas desse processo, como a motricidade, to de habilidades mentais complexas que
a capacidade de defesa, a busca de alimento caracterizam a espécie humana (FUTUYMA,
e a maturidade sexual. 1992, 544). Nesse aspecto, é de decisiva
Portanto, nascemos imaturos organica- impor tância o papel dos pais/educadores,
mente e essa imaturidade, que poderia ser considerando a total dependência do recém-
considerada como desvantagem, possibilita nascido/criança, bem como a impor tante
a continuidade do desenvolvimento cerebral formação do vínculo com quem a educa.

24
Essa impor tância é ampliada no momen- formados durante a vida fetal são destruídos
to em que contex tualizamos a aprendizagem após o nascimento (STHAL, 2002, p. 24).
desde o período intrauterino. Pesquisas reali- Tão impor tante quanto o número de neu-
zadas com gestantes constatam a presença da rônios é a formação de conexões entre eles,
memória e da aprendizagem pré-natal frente por intermédio das sinapses, que permitem a
a estímulos, assim como da habituação após transmissão do estímulo de neurônio a neu-
a sua repetição, o que indica a presença de rônio e, consequentemente, da informação
memória (HETEREN et al., 2000, p. 1170), já através do sistema nervoso. Considerando
que a habituação representa a diminuição da que o volume cerebral atinge 95% do tama-
resposta a um estímulo após a exposição re- nho adulto quando a criança atinge os cinco
petida a esse mesmo estímulo, algo observa- anos de idade, há mais sinapses no cérebro
do inclusive em relação à linguagem (HEPPER, aos seis anos de idade do que em qualquer
1996, p. 19). A pesquisadora francesa Marie outro período da vida, devido ao intenso pro-
Claire Busnel (2003, p. 13-15) relata estudos cesso da formação dessas conexões, desde
realizados com gestantes, que demonstram o nascimento (STHAL, 2002, p. 24), sendo
a formação da sensorialidade do feto a par tir os estímulos recebidos pela criança nesse
da sétima semana de gestação em relação ao período de fundamental impor tância para o
paladar e à audição, assim como do tato entre seu desenvolvimento.
as 18 e 20 semanas do período gestacional. Após o volume cerebral atingir 95% do ta-
Segundo a autora, o feto não apenas responde manho adulto, ocorrem dois momentos im-
aos estímulos sensoriais, mas também sente por tantes de renovação neuronal, o primeiro
emoções, sente estimulações e memoriza o entre cinco e dez anos de idade e, o segundo,
que sente (BUSNEL, 2003, p. 29). na adolescência. Nesses casos, a eliminação
competitiva e a reestruturação cerebral, de-
O ser-aprendiz nominada de poda, fazem com que cerca de
metade das conexões sinápticas sejam des-
Considerando o fato do ser humano ter o truídas (STHAL, 2002, p. 25 e 27-28).
seu desenvolvimento em boa par te comple- Nesse período, embora os neurônios não au-
tado após o nascimento, o bebê possui a cai- mentem de número, há um aumento do peso ce-
xa craniana ainda incompleta, com estruturas rebral pelo ao aumento da demanda metabólica
car tilaginosas e com aber turas denominadas em razão de maior gasto energético, ocorrendo
fontanelas, o que possibilita um pronun- aumento do volume cerebral. Há, também, um
ciado desenvolvimento cerebral pós-natal. aumento da espessura do córtex nas regiões
Sabe-se, ainda, que a maioria dos neurônios mais utilizadas por terem recebido mais estímu-
é formada no final do segundo trimestre da los, bem como uma diminuição das regiões não
vida pré-natal, entretanto, 90% dos neurônios utilizadas. “A inatividade pode causar a poda das

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sinapses não utilizadas, e é provável que cause e no parietal inferior bilateral era maior naque-
a destruição apopótica1 (suicídio) de neurônios les com experiência acadêmica em Matemá-
inteiros” (STAHL, 2002, p. 24). Há uma “guerra tica e que, quanto maior o tempo de experi-
competitiva” entre os neurônios para a manu- ência acadêmica, maior a densidade da mas-
tenção de uns e morte de outros, e essa guerra sa cinzenta no lóbulo parietal inferior direito.
inicia-se aos quatro meses pós-natal, atingindo Discorrem os autores que as regiões frontal
seu máximo nos anos formativos. inferior esquerda e parietal bilateral estão en-
Discorre Stahl (2002, p. 24-28) que os fa- volvidas no processamento aritmético e as
tores causais desse processo residem na esti- regiões parietais inferiores são envolvidas
mulação decorrente do meio familiar e social, no raciocínio matemático de alto nível, que
incluindo vivências, exigências, limites impos- requer imagem visual-espacial associada à
tos, referências e aprendizado cognitivo asso- criação mental e ao trabalho com objetos em
ciados a aspectos neurotróficos como a nutri- terceira dimensão.
ção e a mielinização. Tais fatores “aumentam Para Aydin et al. (2007, p. 1864), o es-
conexões” ou “eliminam conexões”, que são os tudo da plasticidade estrutural dependente da
“substratos para as atividades motoras, para a experiência, evidencia a estreita relação exis-
cognição e para a maturidade emocional”. tente entre as experiências vividas e as suas
A formação de novas sinapses ocorre contrapar tidas no cérebro, corporificando o
durante toda a vida, assim como a perda que poderíamos caracterizar como a escul-
delas, permitindo que o aprendizado tam- turação do cérebro dependente daquilo que
bém ocorra. As alterações no cérebro, acontece na vida de cada um, estendendo-
por tanto, ocorrerão na razão direta dos se ainda mais quando inserimos as questões
fatores citados acima e, concomitante ao emocionais, cujos efeitos são contundentes
desenvolvimento do sistema ner voso como na constituição do ser humano.
estrutura mor fológica, ocorre o desenvolvi- Fulbright et al. (2000, p. 1854) identifi-
mento do ser humano em relação aos as- caram que tarefas como a multiplicação e
pectos psicológicos, repercutindo sobre a memorização de números ativam inúmeras
vida do indivíduo. regiões do cérebro. Analisando os resulta-
Aydin et al. (2007, p. 1859), utilizando a dos de ressonância magnética funcional em
mor fometria baseada em voxel2, analisaram 18 adultos, foram observadas atividades
dados de densidade da massa cinzenta do em estruturas como: o giro frontal superior
cérebro de 26 indivíduos com experiência medial, o giro cingulado, o sulco intraparietal
acadêmica na área de Matemática compa- bilateralmente, o gânglio basal esquerdo, os
rando-os com indivíduos controle. Os resul- giros occipitais inferior e lateral direito, o sul-
tados indicaram que a densidade da massa co frontal superior direito e os giros frontais
cinzenta nos lóbulos frontal inferior esquerdo pré-central, inferior e médio. Dessa forma,
1
Apoptose é a mor te celular programada, processo fundamental para o desenvolvimento do organismo pela neces-
sidade de eliminação de par te das células que são formadas durante o crescimento corporal (LEWIN, 2001, p. 829).
2
Técnica relacionada ao cálculo de densidade dos tecidos empregada em métodos de diagnóstico por imagem
como a tomografia computadorizada.

26
as ações cerebrais integradas que envolvem gens, sons, produções midiáticas e tex tos
diferentes regiões do cérebro permitem a re- escolares, pois o aluno que chega às nos-
solução de problemas de forma mais facilita- sas escolas traz um conjunto de experiên-
da, representando um aspecto fundamental cias que o constituem como indivíduo e que
no desenvolvimento da aprendizagem pela estarão presentes nas suas interações com
mobilização de potencialidades distintas. os professores (DAL-FARRA, 2007, p. 5).
Se conceituarmos inteligência como a Nesse sentido, estando cientes de que
capacidade de encontrar soluções mais pre- uma aprendizagem eficaz repercute em toda
cisas e eficientes para cada situação após a a vida do ser humano e, principalmente, que o
análise ampla de todos os fatores envolvidos, próprio direcionamento na vida, muitas vezes,
quando favorecemos o processo de desen- depende da construção pessoal do sujeito
volvimento de potencialidades variadas desde desde a geração no ventre de sua mãe, o pro-
a mais tenra infância, tanto no âmbito afetivo cesso educativo voltado para o pólo da apren-
quanto cognitivo, estaremos desenvolvendo dizagem possui um papel impor tante para a
em nossos estudantes uma capacidade mais formação de indivíduos que precisam desen-
completa e instrumentalizada para a resolu- volver determinados aspectos em alguns mo-
ção dos desafios que serão enfrentados, já mentos impor tantes da vida. Caso contrário,
que as experiências anteriores podem ser terão grandes dificuldades no futuro, espe-
evocadas no sentido de facilitar a tradução cialmente no cenário que vislumbramos hoje
das ocorrências do momento, assim como em relação às transformações que o mundo
de produzir uma resposta mais satisfatória, do trabalho tem apresentado, exigindo profis-
conjugando emoções e raciocínio lógico na sionais cada vez mais capacitados tecnica-
medida da per tinência de ambos em cada mente, em vir tude da crescente inserção da
momento. Ou seja, como afirma Cagnin tecnologia no mundo laboral, sem, no entanto,
(2008), está claro que, nas ações cotidianas, esquecer do desenvolvimento da capacidade
o afeto influencia a memória, a atenção, o jul- de convivência em grupo frente a dinâmicas
gamento e a tomada de decisão. sociais cada vez mais complexas como as que
Considerando que a plasticidade cere- caracterizam a contemporaneidade.
bral permite a ocorrência de mudanças es- A inter face entre os aspectos biológicos e
truturais e funcionais no sistema ner voso os aspectos sociais (ou ambientais, segundo
central como uma resposta às experiências a perspectiva da genética) é crucial para que
vividas, lembramos que nossas crianças possamos entender as formas pelas quais
estão submetidas a uma avalanche de infor- o ser humano se desenvolve e, em suma,
mações e de estímulos das mais diversas como ele aprende a ser o que é e o que será.
naturezas, e, se pretendemos que haja um Ao considerar os avanços que a área de
aprimoramento no processo educativo das Ensino de Ciências e Matemática apresentou
futuras gerações, precisamos repensar o nos últimos anos, verificamos que as pes-
que estamos produzindo em relação a ima- quisas têm proporcionado a construção de

27
metodologias específicas e eficientes para en- matemática demonstrou que a organização
sinar Ciências e Matemática desde a pré-esco- funcional de seus cérebros se caracterizava
la, construindo um processo educativo facilita- diferentemente do que ocorria com outros
dor da aprendizagem de conteúdos complexos estudantes, por uma maior cooperação en-
ministrados para faixas etárias posteriores. tre os hemisférios direito e esquerdo no mo-
Sasseron e Carvalho (2008, p. 350), ao mento de resolução de problemas (O’BOYLE,
estudarem a aprendizagem de ciências com 2005, p. 247).
alunos da terceira série do ensino fundamental, Ao considerar a predominância de
verificaram as contribuições das atividades que determinadas ações de cada um dos he-
promovem o desenvolvimento de habilidades misférios cerebrais, sendo o esquerdo
próprias dos estudantes no fazer científico e na caracterizado por ser mais “lógico” e o
construção de relações entre as questões cien- hemisfério direi to pela intuição e por uma
tíficas e tecnológicas, elevando o interesse dos visão mais holística, a atuação conjunta de
estudantes por questões impor tantes da atuali- ambos proporciona a formação de um pro-
dade em relação às suas vidas, favorecendo o cesso educacional mais completo e condi-
seu desenvolvimento como indivíduos. zente com a ideia do ser humano do ponto
Se associarmos os aspectos cognitivos de vista integral, coadunando a afetividade
com os afetivos, respeitando as peculiari- com os aspectos cogni tivos, o que contri-
dades individuais, a aplicação das metodo- bui para as suas tomadas de decisões.
logias de ensino encontrará um terreno mais Mahoney e Almeida (2005, p. 15), de-
fér til para a sua concretização na constru- monstrando as contribuições dos estudos
ção do ser-aprendiz. de Henri Wallon para o processo de ensi-
no-aprendizagem, enfatizam que, ao lado
Afetividade e aprendizagem dos aspectos teóricos, a sensibilidade, a
curiosidade, a atenção, o questionamento
Os estudos a respeito da memória, pro- e a habilidade de obser vação do professor
duzidos em larga escala nas últimas déca- são relevantes. Nesse contex to, a afetivida-
das, demonstram claramente a impor tância de, definida como a “disposição do ser hu-
que as emoções possuem na retenção de mano de ser afetado pelo mundo ex terno/
informações e na facilidade de evocá-las interno por sensações ligadas a tonalidades
posteriormente (SCHACTER, 2003, p. 200). agradáveis ou desagradáveis”, representa
Esse fato se estende às questões que envol- um aspecto fundamental na interação en-
vem o aprendizado de abstrações impor tan- tre professor e aluno em diferentes fases
tes na matemática, assim como à constru- do seu desenvolvimento como ser humano
ção de relações entre estruturas e funções (MAHONEY; ALMEIDA, 2005, p. 19 e 22).
nas ciências naturais. Embora com abordagens distintas, tanto a
Estudo realizado com adolescentes que Biologia quanto as Ciências Humanas pautam-
apresentavam facilidade na aprendizagem de se pela conjugação entre cognição e afeto, no

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que tange ao desenvolvimento amplo das po- exemplo, as relações entre afetividade e
tencialidades desde o início da formação do Matemática, as implicações sociais do co-
ser humano. Por tanto, no âmbito da interação nhecimento biológico, a relação dos pres-
entre professores e alunos, essas amplas supostos da Física teórica com a constru-
questões devem ser consideradas na constru- ção do pensamento científico nas demais
ção do ser aprendiz, que possa responder aos ciências, ou até mesmo a necessidade de
desafios da contemporaneidade de forma tec- integrarmos as estruturas do cérebro liga-
nicamente eficiente, mas também eticamente das ao afeto e à cognição para entender-
orientada e socialmente justa. Aprender signi- mos como se processa a aprendizagem
fica também reconhecer o espaço do outro, nas diferentes áreas do conhecimento.
bem como os seus anseios e necessidades Projetando-se, inicialmente, por linhas di-
em relação à convivência mútua. vergentes, as ciências têm apresentado
Em tempo de interconexões entre as ciên- uma reconciliação integrativa que suscita
cias, no qual convergências entre as áreas novas abordagens para entender a com-
do conhecimento se tornam imprescindíveis plexidade inerente ao ser humano em seus
para solucionarmos os problemas atuais, amplos domínios, em meio a experiências
somos premidos a encontrar caminhos mais que podem ser semelhantes para um ou
sólidos na conjugação dos saberes construí- para outro, mas que são percebidas indivi-
dos nas Ciências da Natureza e as suas inter- dualmente de forma par ticular.
faces inevitáveis com as Ciências Humanas. Tal fato pode ser evidenciado pelo interes-
Embora calcadas em construtos teóricos se crescente nos estudos relativos ao afeto e à
que par tam do mesmo princípio, o ser hu- cognição na atualidade e embora essas inves-
mano, ambas tomaram caminhos distintos tigações apresentem enfoques distintos, há a
a par tir da consolidação da Ciência Moder- preocupação de conhecer melhor a inter face
na nos séculos X VII e X VIII, engendrando entre ambos (CAGNIN, 2008, p. 497-498).
a consolidação de práticas científicas com Ao ampliar o olhar, verifica-se que, bus-
as suas peculiaridades inerentes a cada cando o equilíbrio entre estar centrado em
método e a cada técnica utilizada, per fa- si e estar centrado no outro, ou seja, entre
zendo uma diferenciação progressiva en- o conhecimento de si e o conhecimento do
tre os resul tados obtidos pelos ramos do mundo (MAHONEY; ALMEIDA, 2005, p. 24),
conhecimento. o indivíduo desenvolver-se-á no que tange às
Entretanto, as linhas outrora divergentes suas potencialidades relativas ao desenvol-
passaram a se reencontrar no momento em vimento do conhecimento, mas também no
que a educação, de forma mais ampla, pro- âmbito da solidariedade, por reconhecer as
cura definir o processo de aprendizagem no necessidades do outro, per fazendo o cami-
ser humano. Dessa forma, as abordagens nho que conduz para o desenvolvimento in-
contemporâneas passaram a apresentar tegral da sociedade e concretizando o efetivo
encaminhamentos profícuos, como, por e necessário papel da educação.

29
Considerações finais infância, respeitando os fatores inerentes ao
desenvolvimento sadio das crianças no âm-
A análise realizada em tex tos oriundos bito psicossocial. Por meio dessa perspectiva,
de diferentes campos do conhecimento afetividade e raciocínio lógico andam de mãos
aponta para a convergência entre as ques- dadas na constituição do ser aprendiz.
tões biológicas e a Psicologia, no sentido de Convergindo três fatos consolidados na
compreender-se de forma ampla o processo Ciência Contemporânea, a saber: a) a explo-
educacional do ser humano. são de tecnologias surgidas a par tir do sécu-
A par tir dos estudos concernentes ao lo X X, que permitiram esquadrinhar o cérebro
desenvolvimento embriológico e fetal, que pela observação em tempo real das funções
demonstram as características neotênicas e neurológicas; b) os estudos já consolidados
também a aprendizagem que ocorre desde sobre as interações entre a Biologia e a Psico-
o período intra-uterino, verifica-se a presen- logia; e c) a consideração do indivíduo em seu
ça de influências mútuas entre as estruturas contex to social, advinda das abordagens de
biológicas - principalmente o cérebro – e o diferentes correntes de pensamento, é pos-
ambiente em que vive o indivíduo. sível constatar a emergência do ser humano
Com base nessas premissas, podemos do ponto de vista integral, que aprende tam-
compreender as questões profundas relativas bém porque sente, que desenvolve raciocínio
à aprendizagem diante das alterações que o lógico também porque se entusiasma, e que
cérebro experimenta desde os primeiros anos lembra também porque se emociona.
de vida, como observamos na plasticidade, ou Nesse sentido, o indivíduo precisa reconhe-
seja, na capacidade de modificação da organi- cer as suas necessidades, mas também as ne-
zação estrutural e funcional ocorrida ao longo cessidades do outro, assim como o professor
da vida, conforme os reflexos decorrentes da precisa reconhecer as necessidades de seus
experiência vivida pelos seres. alunos para poder auxiliar na resolução de suas
A dependência que o recém-nascido tem dificuldades e para contribuir cada vez mais
de seus pais e cuidadores, associada ao pro- com o seu processo educacional.
cesso de plasticidade cerebral, conduz para
uma reflexão ampla a respeito das decisivas Referências Bibliográficas
possibilidades de construir um processo
educacional consistente e que possa coadu- AYDIN, K.; UCAR, A.; OGUZ, K. K.; OKUR, O. O.;
nar as diferentes potencialidades do ser hu- AGAYEV, A.; UNAL, Z.; YILMAZ, S.; OZTURK,
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