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Andrew Garfield nasceu em uma abastada família de Edimburgo.

Medroso desde seu


nascimento, por vezes via coisas em sua visão periférica, apenas pra se revelarem ser apenas
sombras ante inspeção. Ouvindo sussurros e risadas levadas pelo vento forte. Algo que o atrapalhou
bastante em sua infância, mas que não parecia incomodar seus pais, ao contrário, pareciam por
vezes estranhamente interessados no que via, mesmo que o assegurassem de que era só sua
imaginação.

Hamilton Garfield e Sarah (Richard) Garfield eram um casal um tanto peculiar. Um era
deputado enquanto a outra era CEO de uma empresa imobiliária. Da visão de Andrew o
relacionamento deles sempre foi um pouco distante, mas atribuía isso só trabalho dos dois.
Diferente da maioria dos pais de seus colegas de turma, os pais do garoto raramente o mimavam, o
fazendo se esforçar nos estudos, exercícios, a fazer amigos e a encarar seus medos, por vezes o
fazendo lidar com tarefas que não se encaixavam em sua idade e dificultando seus afazeres normais,
sem que ele soubesse.

As coisas só começaram a mudar no início da adolescência de Andrew, quando seu medo é


estranheza se transformaram em curiosidade e raiva, algo que o meteu em encrencas e confusões o
suficiente para ser transferido. Estranhamente, seus pais não se incomodaram tanto com isso, pelo
contrário pareciam bem animados, e como se quisessem contar algo, mas não o faziam. Ignorando
os pedidos de professores e da diretora de o levar a um psicólogo ou ameaças de chamar o conselho
tutelar, apesar de estranhamente sempre parecer terem algum documento ou funcionário sobre algo.

Mesmo sem o aconselhamento profissional, ambos deram seu melhor para que Andrew
conseguisse canalizar essa hiperatividade de forma mais produtiva, sendo também o momento mais
tranquilo até então, além de serem os meses em que seus pais mais ficaram com ele, além de ser a
época em que começou a se interessar por astronomia.

Enfim a transferência ocorreu e apesar das coisas ainda não estarem perfeitas, Andrew estava
com certeza mais confiante e menos arisco, sendo a fase em que ficou bem mais sociável e popular
no colégio, não que ainda não ocorressem brigas e discussões, mas eram bem menos e o garoto
começou a ficar melhor em escapar das punições e principalmente de ser pego ou sequer
suspeitarem de que havia feito algo.

Outros incidentes ainda aconteciam, como ouvir algum comentário morbidamente cômico
apenas pra notar de que estava sozinho ou quando seu instinto parecia avisá-lo de algo, mas deixou
de falar sobre essas coisas, com medo de ser taxado de esquisito de novo. O tempo foi se passando,
já com 18 anos seus pais começaram a o pressionar pra conseguir um emprego e o que o inspirou a
buscar emprego no instituto da Astronomia de Edimburgo. E foi em parte por essa escolha que
houve seu despertar.
Estava prontamente aproveitando o final do expediente pra usufruir do lugar. Usar dos
telescópios pra olhar os astros, tentar captar sinais interessantes que vinham do espaço, dentre
outras coisas. E justamente enquanto estava verificando esses equipamentos que recebeu um sinal
peculiar. Muito sincronizado e pra ser um sinal aleatório é possuindo um padrão de repetição.
Andrew passou horas tentando decifrar o que era, tanto tempo que não notou quando o planetário
fechou. Nem quando voltou a abrir. Nem que as outras pessoas não o notaram.

Até enfim descobrir que os sinais pareciam a partitura de uma música. Andrew nunca havia
sido muito religioso, mas após uma pesquisa descobriu que era a parte da partitura de... Assim que
descobriu isso, sentiu o impulso de mandar o sinal de volta, mesmo sabendo que não havia
aparelhos capazes de alcançar o vazio cósmico num prazo menor do que bilhões de anos. Mesmo
assim ele o fez. E logo em seguida recebeu de volta outro tipo de sinal. Entretanto dessa vez eram
coordenadas da posição de um sistema solar relativo ao vazio e à Terra. E assim ele foi se repetindo
o processo diversas e diversas vezes. Algumas músicas eram religiosas, outras populares, enquanto
algumas eram apenas simples arranjos ou canções tribais antigas. Até que enfim havia mapeado
todo o universo. Nesse ponto já não existia mais Terra, apenas parte do observatório vagava pelo
espaço. O estado de Andrew era patético, pura pele e osso. Parecia morto já a eras, o que de fato
parecia ser verdade. As últimas coordenadas, dadas depois de responder de volta a música stairway
to heaven o levou de volta aquele vazio cósmico. Olhando pelo telescópio começou a ver pequenos
pontos de luz que iam surgindo.

Nesse momento começou a ser sugado em direção ao vazio, que cada vez mais era
preenchido por luzes de estrelas. Passando por planetas, sóis, buracos negros dentre outras coisas
bizarras. Ultrapassando a Umbra e o mundo astral. Agora estava mais perto, conseguia identificar
que as luzes naquele vazio não eram estrelas, mas sim seres. Alguns similares a anjos e outros seres
que não reconheceu. Até por fim chegar no centro de tudo. O Logos da existência. Em um trono
repleto de selos com nomes estava um ser incomensurável e indescritível. Por impulso, marcou um
dos selos com seu nome, usando a própria luz para marcá-lo. E logo em seguida foi jogado de volta.
De volta para o planetário. De volta ao momento em que notou o primeiro sinal. Mas não sem levar
duas coisas.
Andrew então despertava, acordando no meio dos monolitos de Callanish. Desmaiando logo
em seguida. Não sabendo se o que havia visto tinha sido mais sonho e delírio do que realidade ou o
oposto.
Andrew acordou 3 dias depois em sua própria cama, os empregados o ajudando a se
recuperar e explicando o mundo que havia entrado. Muitas das vezes em que havia visto algo de
estranho com seu meio-irmão, com seus primos e tios, com os empregados, até mesmo as visões
que tinha e as coisas que ouviam eram reais. Fragmentos do sobrenatural. E também que seu pai
estava em um momento difícil agora e que não poderia vê-lo no momento. O que não contaram a
ele foi que o motivo disso era o divórcio de seus pais, que após dois anos complicados finalmente
aconteceu quando Andrew despertou, a discussão em que Sarah acusou Hamilton de alterar o
garoto, uma vez que agora o sentia apenas como um parente metamorfo e não um possível garou.

O resto da verdade se revelou nas próximas semanas. Seu pai, um mago e Magister Scholae
do santuário de Chicago era membro da família Garfield, sendo o membro de maior patente da
Ordem de Hermes em Chicago. Descendentes de Pítagoras. Uma família focada não só no estudo da
alma e da ascensão como também do despertar, por séculos estavam estudando como induzir o
despertar. Anos de experimentos não tão éticos fizeram com que boa parte da família desistisse de
métodos mais diretos, uma vez que mesmo que conseguissem criar humanos com habilidades
criadas por magia e herdadas pelo sangue, quase todo outro projeto terminou de forma catastrófica,
causando uma ruptura onde um ramo acabou se afastando, continuando com seus experimentos
enquanto outra ficou por meio século observando e anotando informações novas sobre o despertar.

O que levou eles a uma certa fórmula pra aumentar a chance de tornar alguém um mago,
haviam certas situações que aumentavam a possibilidade de acontecer. A curiosidade, é claro, a
característica mais essencial de um mago. Adversidades a serem superadas. Ter contato com o
sobrenatural. Dentre várias outras, muitas das quais se apresentaram na vida de Andrew. Ao invés
de seu irmão, Henrique, que havia sido praticamente criado dentro da sociedade mágica, ao pedido
de Sarah, Andrew havia tido ao menos algum gosto de uma vida normal antes de ser engolido pela
vida na Ordem.

Mas enfim começou seu treinamento, um estudo árduo, mas pelo qual já tinha alguma
vantagem, afinal já tinha consigo um dos antigos pactos com seres celestes de sua família e sua
Palavra de poder, Astra. Mesmo que não conhecesse tão bem os nomes, ritos, cálculos e
instrumentos que deveria usar para canaliza-los.
Se focando na alquimia, enoquiano e geometria divina Andrew ia adquirindo conhecimento
e poder, especialmente por ter sua família de sangue o ajudando, criando um ambiente um pouco
mais amigável do que geralmente era com outros iniciados, ainda que fossem bem mais exigentes.
Seu treinamento também envolveu simulações de combate e de defesa, afinal os herméticos não só
eram os ainda mais envolvidos na guerra contra a tecnocracia, como sua descendência e o fato de
ter uma Maravilha poderiam o tornar um alvo.

Após dez meses de treinamento, Andrew, pela alcunha de Astra, criou um nome para si
mesmo, conseguindo atingir o grau seguinte da Ordem, virando um Initiate exemptus e por fim
tendo algum tempo para descansar de todo o estudo, aperfeiçoamento, burocracia e politicagem.
Além de meramente relaxar e passar um tempo com seus irmãos, primos e amigos que havia feito o
jovem tomou duas semanas pra ver como sua mãe estava.

O que quase acarretou em sua morte nas mãos da matilha de Sarah, escapando apenas por ter
conseguido atrasar os lobisomens com o pouco que sabia e pela intromissão de sua mãe que o
reconheceu, parando os outros garous. Após o susto e uma certa suspeita eles tiveram alguma
privacidade para conversar. Apesar de certo ressentimento de ambas as partes, uma por achar que
foi enganada e outro por ter sido abandonado, conseguiram sair parcialmente em bons termos, com
Andrews vez ou outra os visitando e até ficando amigo do resto da matilha, aprendendo um pouco
mais sobre a Umbra e os espíritos.

Mesmo estando agora envolvido na política, estudo do oculto e ocasionais combates contra
tecnocratas e outros perigos do mundo sobrenatural, seu fascínio com a astronomia e com aquilo
que está além da película, aprendendo a usar a lente arcana que tinha para infundir Primórdio a algo
quando luz refletia sob ela, possibilitando que mesmo que não conseguisse viajar, pudesse ver os
seres invisíveis e até outros reinos, além de outros artifícios.

Mas havia de tomar rumo em sua vida, por mais que adorasse suas pesquisas aquilo por
vezes se mostrava enfadonho, além do mais, segundo o código da Ordem já estava em um posto em
que deveria se disponibilizar a conseguir aprendizes, mesmo que fosse improvável devido a lista de
espera.
Aproveitando-se então do caráter mais político e diplomático que os herméticos deveriam
representar, Andrew começou a viajar para atuar como tal, apaziguar e estabelecer laços entre as
tradições e até mesmo outros seres sobrenaturais, qualquer aliado contra os inimigos da Ascenção
era um aliado bem-vindo, e ter seres que não eram afetados pelo paradoxo ao seu lado não era nada
ruim.

Foi durante uma dessas viagens, especificamente para Washington que uma grande
oportunidade apareceu. Havia uma grande disputa territorial entre os herméticos, etéricos e coristas.
Através de capital político, muita discussão, troca de favores, chantagem e duelo arcano Andrew
conseguiu chegar a um acordo não só entre eles, mas também entre outras cabalas das demais
tradições. Criando uma universidade que serviria como um ponto de aprendizado de recém
despertos e aspirantes a despertos, onde os magos receberiam o necessário para um entendimento
básico do mundo das sombras antes de escolherem uma tradição e os adormecidos recebiam,
através de suas aulas, que variavam das matérias de engenharia, astronomia, direito, teologia, dentre
outras, cada uma com significados ocultos, cifras e mensagens subliminares que indicavam a
verdadeira Magika.

O sucesso nessa empreitada o garantiu um lugar no conselho da universidade, assim como


um posto superior na ordem hermética, como um adepto.

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