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HISTÓRIA DE SERGIPE
SÍMBOLOS DO ESTADO
A bandeira data do século XIX e foi criada pelo comerciante sergipano Bastos Coelho para
identificar suas embarcações. Porém, os estados vizinhos passaram a associar a bandeira
ao Sergipe, sendo tão popularmente difundida como símbolo do estado que foi oficializada
como tal pelo governador Pereira Lobo, através da lei nº 795 de 19 de outubro de 1920,
ano do centenário da emancipação de Sergipe. Foi hasteada oficialmente pela primeira vez
em 24 de outubro de 1920, na fachada do Palácio Olímpio Campos. A Praça São Francisco é uma praça localizada
no centro histórico da cidade brasileira de São
Cristóvão, no Estado de Sergipe. A Praça foi
fundada junto com a cidade em 1607, e seu
entorno possui edificações construídas entre
os séculos XVII e XIX. Foi protegida em nível
estadual e nacional e designada Patrimônio da
O selo (brasão), oficializado pela Lei nº 2 de 5 de Humanidade em 1º de agosto de 2010
junho de 1892, é usado em documentos e papéis pela UNESCO pelo seu valor como documento
impressos pelo Governo do Estado de Sergipe. É do histórico, paisagístico, urbanístico e
professor Brício Cardoso a criação do brasão. sociocultural do período da União Ibérica,
sendo um importante representante dos
modelos combinados de urbanismo português
e espanhol, tendo em seu redor relevantes
prédios históricos.
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HISTÓRIA DE SERGIPE
PROF. WESLEY GUERRA
Em Canindé, na margem direita do rio São Francisco, bem próximo a hidroelétrica de Xingó,
foram encontrados milhares de objetos e pinturas, além de centenas de esqueletos
pertencentes ao homem primitivo sergipano que habitava o sertão há mais de 9.000 anos.
Por meio de uma série de estudos, em Sergipe, é possível identificar três culturas dentre as
suas comunidades pré-históricas: Cultura Canindé ou Xingó, Tradição Aratu (Pacatuba
e Sul de Cristinápolis) e Tradição Tupi-Guarani (mais recente).
Tabela a seguir mostra as tribos indígenas que habitavam Sergipe pela época do descobrimento e sua respectiva
localização:
DENOMINAÇÃO LOCALIZAÇÃO
Acunãs Perto de Neópolis
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HISTÓRIA DE SERGIPE
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OS ÍNDIOS SERGIPANOS
Na época do descobrimento, as terras de Sergipe eram habitadas por várias tribos indígenas. Além dos Tupinambás e Caetés
nas terras sergipana tinham cerca de 30 aldeias, ambas pertencentes ao grupo Tupi. Que pode ser dividida desta forma:
- Na faixa do litoral sergipano os Tupinambás;
- Ao sul do Estado os Kariri;
- Ao norte de Sergipe, próximo ao Rio São Francisco, os Baimé, Kaxagó, Katu, Xocó,
Romari, Aramuru e Karapotó.
Principais grupos ou nações indígenas brasileiros na época do descobrimento eram:
Tupi, Jê, Aruak e os Caribe ou Caraíba. Em Sergipe viviam dois desses grupos: os Jês
(atual agreste e o sertão) e os Tupis (eram os canoeiros do litoral. Divididos em Tupinambás,
Caetés, Tupiniquins e Tupinauês). *Kiriris ou Cariris.
Os mais famosos caciques tupinambás de Sergipe foram Serigy, Aperipê,
Surubi, Japaratuba, Pacatuba e Pindaíba.
A CATEQUESE JESUÍTA
✓ No início, os missionários contaram com o apoio dos chefes indígenas Aperipê (líder das terras do rio Real até as terras
próximas ao rio Vaza-Barris), Surubi (líder da região do rio Vaza-Barris) e Serigy (líder na região litorânea). Serigy viria a se
tornar o principal líder dos indígenas contra os colonizadores.
✓ Os Padres Gaspar Lourenço e João Salônio vieram para Sergipe em 1575, acompanhados por 20 noviços e escoltados
por 20 soldados, para darem início ao trabalho de catequese.
✓ A catequese começou pelas aldeias tupinambás do Sul entre os rios Itanhy (atual rio Real) e Piauí. Construíram a primeira
igreja de Sergipe, um barracão coberto de palha de pindoba, que recebeu o nome de São Tomé.
✓ Os índios expulsaram os jesuítas e os soldados. Motivo: os soldados roubavam as roças e raptavam mulheres.
✓ A expulsão serviu de motivo para o governador Luís de Brito invadir os “Sertões do rio Real”.
A CONQUISTA DE SERGIPE
O governo português no Brasil, tinha vários interesses em conquistar os “Sertões do rio Real”: tomar posse das
terras dos índios e escravizá-los; ligar por terra a Capitania da Bahia à de Pernambuco; criar gado e plantar cana-de-
açúcar; expulsar franceses e explorar minérios no sertão.
✓ Luís de Brito organizou um grande exército para invadir os “Sertões do rio Real”. O objetivo era punir os tupinambás por
terem abandonado a catequese e expulsado os padres jesuítas.
✓ Na batalha (1575) morreram o cacique Surubi e mais de 1.000 índios. 1.200 nativos foram levados como prisioneiros
para a Bahia.
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HISTÓRIA DE SERGIPE
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No final do século XVII foram criadas vilas. As primeiras vilas de Sergipe no período colonial foram: Santo Antônio
e Almas de Itabaiana, Nossa Senhora da Piedade do Lagarto, Santa Luzia do Itanhy, Santo Amaro das Brotas, Vila
Nova, Santo Antônio do Urubu.
▪ Foram criadas as Câmaras de vereadores.
▪ A imensa maioria da população era analfabeta.
▪ Em 1696, foi a criada a comarca de Sergipe para combater crimes e desordens, e para melhorar as ações da justiça.
▪ Sociedade patriarcal e escravista.
▪ Classe dominante (grandes proprietários de terras), setores médios (funcionários públicos, religiosos, comerciantes),
pobres (pessoas livres ou libertas), escravos.
▪ Para Sergipe foram trazidos diversos grupos africanos: Bantus, Congos, Angolas, Guineus, Gêge-Nagôs,
Malês, Yorubás. Sudaneses*
▪ Resistência à escravidão: em Sergipe os mocambos existiram durante todo o período da escravidão, demonstrando que o
escravismo sergipano foi um dos mais violentos do Brasil.
▪ A Capitania de Sergipe d’El Rey teve várias missões, as principais foram: Água Azeda (São Cristovão), Gerú, Nossa
Senhora da Saúde (Japaratuba), São Félix (Pacatuba), São Pedro (Porta da Folha).
▪
ECONOMIA
❖ Criação de gado (as boiadas subiam para o sertão acompanhando o curso dos rios Sergipe, Vaza-Barris e São
Francisco. Assim, foram surgindo pontos de encontro para descanso dos vaqueiros e dos animais: Boca da Mata, Cemitério
(Aquidabã), Carira, Campos (Tobias Barreto), Enforcados (Nossa Senhora das Dores), Curral de Cima (Poço Redondo), Curral do
Buraco (Porto da Folha) entre outros.
❖ Culturas de subsistência: milho, feijão, arroz e principalmente mandioca (favoreceu a ocupação do agreste
sergipano).
❖ Fumo (troca de escravos).
❖ Algodão (servia como matéria-prima para a indústria de tecidos da Europa).
A CANA-DE-AÇÚCAR EM SERGIPE
✓ No começo do século XVIII cresceu a exportação de açúcar de Sergipe para a Europa.
✓ A maior produção de cana-de-açúcar ocorreu nos vales dos rios Vaza-Barris, Piauí, Sergipe/Cotinguiba por
dois fatores: a existência de vales férteis com solos de massapê preto e amarelo e um clima com chuvas no tempo
certo na região litorânea.
✓ Os principais portos fluviais da Capitania de Sergipe foram: Maruim no rio Ganhamoroba, Estância no rio Piauí, Santa
Luzia no rio Real, Vila Nova no rio São Francisco e São Cristóvão no rio Vaza-Barris.
✓ Laranjeiras era a vila mais importante com 850 casas e 3.000 moradores. De seus engenhos e sobrados, os grandes
senhores de terras controlavam a política e a economia de Sergipe d’El Rey.
✓ Realizações: construção de um canal entre os rios Sergipe e Vaza-Barris; regulamentação da pesca no rio São Francisco;
exploração de minérios na serra de Itabaiana e no cânion do São Francisco; criação do correio terrestre entre São Cristóvão e
Salvador; organização de uma comissão de vacinação para combater a epidemia de varíola que atingiu Sergipe em 1815.
✓ Sergipe participou da guerra contra os revoltosos de Pernambuco (Revolução Pernambucana de 1817).
o O território da Capitania de Sergipe d’El Rey era bem maior que o atual estado de Sergipe.
o No decorrer do tempo foram perdidos cerca de 18.000 Km2 para a Bahia, ou seja, 70% do tamanho original.
o As exportações dos produtos sergipanos se realizavam pelo porto de Salvador, assim grande parte dos impostos era
arrecadada pela Bahia.
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- Império: Brigadeiro Manuel Fernandes da Silveira, Manuel Clemente Cavalcanti de Albuquerque, Manuel de Deus
Machado, Inácio José Vicente da Fonseca, Joaquim Marcelino de Brito (Primeiro Reinado).
- Império: José Francisco de Menezes Sobral, Joaquim Marcelino de Brito, José Pinto de Carvalho, José Joaquim Geminiano
de Morais Navarro, Manuel Ribeiro da Silva Lisboa, Inácio Dias de Oliveira, Sebastião Gaspar de Almeida Boto, Manuel Joaquim
Fernandes Barros, Bento de Melo Pereira, José Mariano de Albuquerque Cavalcanti, José Eloy Pessoa da Silva, Joaquim José
Pacheco, Joaquim Martins Fontes, Venceslau de Oliveira Belo, João Pedro da Silva Ferreira, João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu,
Anselmo Francisco Peretti, Manuel Vieira Tosta, José de Sá Bitencourt Câmara, Antônio Joaquim Álvares do Amaral, José Ferreira
Souto, João José de Bittencourt Calazans, Joaquim José Teixeira, Zacarias de Góis, Amâncio João Pereira de Andrade, José Antônio
de Oliveira e Silva, Luiz Antônio Pereira Franco, Inácio Joaquim Barbosa, José da Trindade Prado,barão de Propriá, João Gomes
de Melo, Salvador Correia de Sá e Benevides, João Dabney de Avelar Brotero, Manuel da Cunha Galvão, Tomás Alves Júnior,
Joaquim Tibúrcio Ferreira Gomes, Joaquim Jacinto de Mendonça, Joaquim José de Oliveira, Ângelo Francisco Ramos, Alexandre
Rodrigues da Silva Chaves, Antônio Dias Coelho e Melo, Cincinato Pinto da Silva, José Pereira da Silva Morais, Antônio de Araújo
Aragão Bulcão, Evaristo Ferreira da Veiga, Dionísio Rodrigues Dantas, Francisco José Cardoso Júnior, Vicente Pires da Mota,
Luís Álvares de Azevedo Macedo, Joaquim Bento de Oliveira Júnior, Cipriano de Almeida Sebrão, Manuel do Nascimento da Fonseca
Galvão, Antônio dos Passos Miranda, João Ferreira de Araújo Pinho, José Martins Fontes, Antônio Francisco Correia de Araújo,
Bruno Eduardo da Silva Porfírio, Francisco Ildefonso Ribeiro de Meneses, Raimundo Bráulio Pires Lima, Teófilo Fernandes dos
Santos, Luís Alves Leite de Oliveira Belo, Herculano Marcos Inglês de Sousa, José Aires do Nascimento, Francisco de Gouveia Cunha
Barreto, Luís Caetano Muniz Barreto, Manuel de Araújo Góis, Olímpio Manuel dos Santos Vital, Francisco de Paula Prestes Pimentel,
Jerônimo Sodré Pereira (Segundo Reinado).
A POLÍTICA PROVINCIAL
Durante o reinado de D. Pedro I e o período regencial, a província de Sergipe foi dominada por dois partidos:
O Partido Liberal – senhores de terras e apoiado pela classe média das vilas e das cidades. Apelidado de Camundongo.
O Partido Conservador – portugueses residentes em Sergipe. Conhecidos como Rapinas.
A política era muito violenta. Lutava-se pelo poder através de fraudes eleitorais, roubos de urnas, falsificações de atas
eleitorais e ataques a adversários.
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O CRESCIMENTO URBANO
Os núcleos urbanos eram pequenos.
A maioria da população residia no campo.
O vale do rio Cotinguiba era a região mais rica de Sergipe.
As vilas e povoados mais importantes eram Laranjeiras, Maruim, Santo Amaro e Nossa Senhora do Socorro, devido à
produção e exportação do açúcar.
A MUDANÇA
A capital tinha que ficar próxima ao oceano para favorecer a navegação dos grandes navios estrangeiros a vapor e à vela.
Duas escolhas: o povoado de pescadores da Ilha dos Coqueiros ou as areias próximas ao Arraial do Aracaju.
A Ilha dos Coqueiros era quente e abafada. A escolhida foi o Arraial do Aracaju.
Com o apoio do Barão de Maruim e outros poderosos senhores de engenho, Inácio Barbosa convocou uma reunião da
Assembleia Provincial na colina do Santo Antônio no dia 17 de março de 1855, com a finalidade de transferir a capital.
A Resolução 413 foi aprovada: confirmava a transferência.
▪ Uma figura popular da velha capital, João Neponuceno Borges, conhecido como João
Bebe Água organizou um grupo de cerca de 400 homens armados para combater a mudança. Mas
o padre da cidade convenceu os sancristovenses a não tomarem essa medida violenta.
VISITA DE D. PEDRO II
- Consta que entre os dias 11 e 19 de janeiro de 1860, Dom Pedro II e a imperatriz Tereza
Cristina conheceram Sergipe. De Aracaju, capital da Província, o imperador visitou as vilas de Barra
dos Coqueiros, Propriá, Vila Nova (Neópolis), Porto da Folha e Itaporanga; também, as
cidades de Maruim, Laranjeiras, Estância e São Cristóvão. O plano inicial era chegar a ex-
capital navegando pelo Vaza-Barris, mas a notícia da barra ressacada (com mar revolto) influiu na
escolha da montaria (cavalo) o que teria inviabilizado assim presença da imperatriz.
- Na manhã do dia 17 de janeiro, às 5 horas, centenas de cavaleiros acompanharam a
comitiva imperial depois da queima de fogos e formalidades de estilo. O imperador trajava paletó
preto, calça branca, chapéu de palha e botas de montaria. A missão era formada por unidade da
Guarda Nacional, Presidente Provincial, Manuel da Cunha Galvão, secretários, chefe da Polícia e
demais autoridades.
- Na chegada a São Cristóvão a comitiva imperial foi recepcionada com vivas e flores, num
centro histórico engalanado de arcos e colchas que ornavam as janelas residenciais. Cerca de 1200
praças, sob o comando do Tenente Coronel José Guilherme da Silveira Teles, da Guarda Nacional, prestaram continência ao
magnânimo Imperador do Brasil. Este ficou hospedado no antigo Palácio Provincial que servia de Câmara Municipal de Vereadores
e fora especialmente preparado para acomodar o ilustre monarca. Na sua estada, Dom Pedro II visitou escolas e arguiu alunos
e professores, esteve nos conventos e igrejas, doou esmola a Santa Casa de Misericórdia, orou na Igreja Matriz, conheceu o
mercado e cemitério local, ainda concedeu beija-mão no salão (atual Sala Horácio Hora, do Museu Histórico de Sergipe). O único
engenho visitado pelo imperador foi o Engenho Escurial.
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• Outro que se destacou foi o capitão da Armada Imperial Aurélio Garcindo Fernandes de Sá, que comandou a canhoneira
“Parnaíba” que participou das célebres batalhas de Riachuelo, Humaitá e Tibiguarí
• A maior parte dos soldados sergipanos eram pobres, negros libertos ou escravizados, e apenados.
• Vários líderes de mocambos tornaram-se famosos pelas ações ousadas que praticaram, destacaram-se João
Mulungu, Laureano, Dionísio, Frutuoso, Saturnino e José Maruim. Suas ações concentravam-se principalmente no vale
do rio Cotinguiba, nas matas e tabuleiros de Divina Pastora, Laranjeiras, Siriri, Capela, Itabaiana e Japaratuba.
Peri e Ceci
CAMPANHA ABOLICIONISTA
Sergipe passou a exportar negros cativos para as lavouras do sul do país.
O Fundo de Emancipação de Escravos comprou a liberdade de mais de 600 cativos da Província.
Vários senhores de engenho, prevendo os acontecimentos, libertaram seus escravos antes mesmo da Lei Áurea.
Na década de 1880, o jornal laranjeirense “O Horizonte” defendeu em seus artigos o fim da escravidão e a
criação de escolas para o povo.
O jornal “Sergipe” apoiou a abolição da escravidão, não por humanidade, mas por achar o trabalho assalariado mais
produtivo.
O maior abolicionista sergipano foi o itaporanguense Francisco José Alves.
No natal de 1882, Francisco Alves fundou em Aracaju a Sociedade Libertadora “Cabana do Pai Thomaz”.
Publicou o jornal “O Libertador”, que fazia propaganda abolicionista e denunciava maus tratos a escravizados.
*Na passagem do século XIX para o XX, devido ao processo que levaria ao fim da escravidão, a onda imigratória chegou
a Sergipe. Holandeses, franceses, escoceses e ingleses se instalaram em Aracaju, na segunda metade do século XIX, para
trabalharem em atividades portuárias. Outros estrangeiros, tais como italianos, portugueses e judeus, instalaram-se em
Aracaju e desenvolveram atividades econômicas ligadas ao comércio, o que permitiu que alguns destes estrangeiros desfrutassem
já no início do século XX boas condições econômicas e sociais. Diversas mudanças foram realizadas, principalmente na arquitetura
da cidade.
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O MOVIMENTO REPUBLICANO
Só teve início em Sergipe em 1887, com a fundação do Clube Republicano de Estância. Em 1888, Felisbelo Freire organizou
o Clube Republicano de Laranjeiras, ao lado de Josino Menezes, Lima Júnior, Baltazar Gois, Vicente Ribeiro, Silvio Romero e Manuel
Curvello. Em novembro de 1888, o Clube Republicano de Laranjeiras criou o jornal “O Republicano” (antes chamado de O
Horizonte e, antes disso, O Laranjeirense), que defendia o fim da monarquia e a implantação da República.
Muitos dos doutores que estudaram em Recife ou na Bahia, como Felisbelo Freire, Sílvio Romero, Fausto
Cardoso e também o professor Baltazar Goes, davam palestras, organizavam em Laranjeiras uma escola para
alfabetizar ex-escravos.
✓ Com a proclamação da República foi criada, em Sergipe, uma junta governativa republicana formada por Siqueira Menezes,
Baltazar Gois e Vicente Oliveira que tomou posse oficializando a República em Sergipe.
INÍCIO DA REPÚBLICA
▪ Felisbelo Freire foi o primeiro presidente (atual cargo de governador) de Sergipe na República. Ele foi nomeado por
Deodoro da Fonseca.
▪ O primeiro presidente eleito de Sergipe foi José Calazans, 1894.
▪ Mas, os republicanos antigos o derrubaram do poder, substituindo-o por João Vieira Leite.
▪ Calazans e seu grupo fugiram para Rosário do Catete.
▪ Os dois grupos políticos ficaram conhecidos popularmente por apelidos: os “Peba” (tatús), republicanos antigos que
tomaram o poder nas “areias do Aracaju; e os “Cabaú” (melaço de cana-de-açúcar), dos ex-monarquistas que fugiram para a vila
de Rosário.
No ano de 1874, Antônio Conselheiro andou por Sergipe. Visitou Itabaiana, Campos, Anápolis (atual Simão Dias), Riachão
do Dantas e Lagarto.
Em Sergipe, o presidente Martinho Garcez e os jornais Diário Oficial e A Notícia chamavam Antônio Conselheiro de “louco”
e “fanático”.
A organização da 2ª coluna da última expedição contra Canudos aconteceu em Aracaju.
O momento máximo foi a chegada do general Cláudio Savaget em Aracaju.
A 2ª coluna partiu para a guerra, acampou em São Cristovão, Itaporanga e Simão Dias e daí seguiu para o sertão baiano.
Muitos sergipanos, seguidores de Conselheiro se envolveram na guerra: Rosa Maria dos Santos de 18 anos (Riachão); as
meninas Josefa e Honória (Itabaianinha); a jagunça Tereza.
O oficial de maior destaque da guerra foi o tenente-coronel Siqueira de Menezes, comandante da lendária Comissão
de Engenharia. Foi chamado de “Jagunço Alourado”, por Euclides da Cunha.
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(Motivado pelo abolicionismo e o republicanismo, participou da imprensa local (Laranjeiras), primeiro como colunista do
jornal O Horizonte, e depois como fundador dos jornais O Laranjeirense e O Republicano. Criação do Banco de Sergipe.
Enfrentou, em seu período administrativo, na área da saúde, surtos de varíola e peste bubônica).
Maurício Graccho Cardoso (1922-1924 (impedido de governar devido aos líderes tenentistas: Eurípedes Esteves de Lima,
Augusto Maynard Gomes, João Soarino de Melo e Manoel Messias de Mendonça) retorna e governa de 1924-1926)
* A cólera aparece na história apenas no século XIX relacionada com a conquista britânica da Índia, as guerras coloniais,
os movimentos de população que disto resultaram. No século XIX, cinco pandemias de cólera correram, a partir da Índia, entre
1817 e 1896. Na Província de Sergipe em dois momentos distintos, em 1855 e em 1862 -1863, a cólera se fez presente de forma
arrasadora, invadindo o início do século XX. Impaludismo e tifo castigaram os seus habitantes (Aracaju) em febres constantes,
que chegaram a ser chamadas “febres do Aracaju”. A cólera, embora não a tivesse atingido em massa, embaraço os primeiros
meses de vida da cidade.
A URBANIZAÇÃO (1900-1930)
• Nas primeiras décadas do século XX, Aracaju foi sendo dotada de serviços e
inovações urbanas;
- Embelezamento de praças;
- Construções de prédios públicos;
- Alargamento de avenidas;
- Água encanada e transporte coletivo, com bondes puxados a burros;
- Inauguração do primeiro cinema mudo;
- Luz elétrica;
- Rede de esgotos;
- A ferrovia Salvador-Aracaju;
- Instalações de telefones nos órgãos do governo;
- Inauguração de escolas;
- Construção da Penitenciária Modelo.
• Os principais bairros que surgiram levavam a princípio, nomes populares: O
Chica Chaves (Industrial), Fundição e Carro Quebrado (São José), Caatinga da
Penitenciária (Bairro América), Oficinas e o Aribé (Siqueira Campos).
A barra entre a Ilha de Santa Luzia (atual Barra dos Coqueiros) e Aracaju
era considerada o “Portão de Sergipe”.
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O CANGAÇO EM SERGIPE
O cangaço foi um fenômeno do banditismo, crimes e violência ocorrido em quase todo o sertão do Nordeste do Brasil, entre
o século XVIII e meados do século XX. Seus membros vagavam em grupos, atravessando estados e atacando cidades, onde
cometiam pilhagens, assassinatos e estupros. Para muitos especialistas, o cangaço nasceu como uma forma de defesa dos
sertanejos diante de graves problemas sociais e da ineficácia do Estado em manter a ordem e aplicar a lei.
Lampião começou a agir em Sergipe em 1928, principalmente nos atuais municípios do sertão e do agreste: Poço
Redondo, Porto da Folha, Canindé, Gararu, Carira, Frei Paulo, Nossa Senhora das Dores, Pinhão, Aquidabã e Capela.
Outros grupos de cangaceiros também atuaram no sertão sergipano a exemplo de Corisco, Zé Baiano e Zé Sereno.
A Região do atual município de Poço Redondo, que à época pertencia a Porto da Folha, foi um verdadeiro centro
de recrutamento de cangaceiros, a exemplo de “Sabiá”, “Canário”, “Delicado”, “Bom de Vera”,
“Beija Flor” e outros.
• Um garoto de Poço Redondo, outros afirmam que era de Itabaiana,
chamado Antônio dos Santos, ao saber que a irmã fora violentada por um
soldado da polícia, matou o criminoso. Ele só tinha 10 anos, em 1928.
Ingressou o bando de Lampião e passou a se chamar “Volta Seca”.
Em 1932 “Volta Seca” foi capturado na Bahia. Acabou denunciando
os principais coiteiros sergipanos que forneciam armas e munição a Lampião.
Somente foi liberado em 1954 depois de cumprir uma pena de 22
anos.
Em julho de 1938, a polícia alagoana conseguiu surpreender o bando de Lampião na gruta do
Angico em Porto da Folha (atual município de Poço Redondo).
A REVOLUÇÃO DE 30 EM SERGIPE
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O governador da época, o usineiro Manuel Dantas, estava disposto a resistir aos revoltosos.
No amanhecer de 16 de outubro, um avião sobrevoou Aracaju e jogou panfletos que apelavam para os
sergipanos apoiarem a revolução vitoriosa.
Uma coluna de 2.000 soldados revolucionários marchava de Maceió em direção a Sergipe, fazendo o
governador do Estado Manuel Dantas e o comandante do 28º BC fugirem para a Bahia.
Tomou posse o governador revolucionário provisório Eronildes de Carvalho, sendo substituído
dias depois pelo general José Calazans.
No 08 de novembro, Augusto Maynard Gomes chegou a Aracaju e logo substituiu Calazans.
Os principais interventores que governaram Sergipe durante o período da Era Vargas foram Maynard Gomes,
Eronildes de Carvalho e Milton Azevedo.
Após a Constituição de 1934, duas coligações de partidos políticos se organizaram em Sergipe: URS (União Republicana de
Sergipe), o partido dos usineiros, junto com o PSD (Partido Social Democrático) de Leandro Maciel; PRS (Partido Republicano de
Sergipe), do interventor Maynard Gomes, o PSP (Partido Social Progressista) de Graccho Cardoso e a APS (Aliança Proletária de
Sergipe).
OS NÁUFRAGOS
✓ Foram mais de 600 mortos pelo impacto das explosões ou por afogamento, para apenas 187
sobreviventes, era impossível transportar tantos cadáveres para Aracaju, assim foram enterrados ali
mesmo, nas dunas do Mosqueiro. O local se transformou no primeiro cemitério de náufragos da
América.
✓ Em 31 de julho de 1943 outro navio mercante, o Bagé, foi torpedeado e afundado na costa
sergipana.
✓ Entre os militares sergipanos que participaram da campanha na Itália, três mulheres, as
tenentes enfermeiras: Isabel Novais Feitosa, Joana Simões Araújo e Lenalda Campos.
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Com a saída de Vargas do poder, foram criados novos partidos: PSD (Partido Social
Democrático) formado por políticos ligados ao ex-
presidente Getúlio Vargas. Seu líder sergipano foi
Augusto Maynard; PTB (Partido Trabalhista Brasileiro)
outro partido ligado a Vargas, liderado em Sergipe por
Francisco Macedo; UDN (União Democrática Nacional)
partido de oposição a Vargas, formado por proprietários rurais e banqueiros. Em Sergipe
representava os usineiros.
Alguns políticos sergipanos tinham características populistas: Leandro Maciel, José Conrado de Araújo e Seixas
Dória.
Nesse período “democrático” (pós-Segunda Guerra até o golpe ditatorial) governaram Sergipe:
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Na década de 60 foi inaugurada a Rodoviária Luiz Garcia (1962), após o desmonte do Morro do Bomfim.
Foi construído o primeiro conjunto habitacional de Sergipe: o Agamenon Magalhães (no atual bairro José
Conrado de Araújo).
O governador João Seixas Dória (1963-1964) apoiou as Reformas de Base de João Goulart, enquanto os fazendeiros e
empresários ligados a UDN tentavam impedi-las a todo preço.
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✓ Em 1º de abril de 1964, tropas do Exército derrubaram o presidente da República. O governador de Sergipe Seixas Dória
foi preso juntamente com políticos, líderes estudantis, jornalistas, intelectuais e líderes sindicais nas dependências do quartel do
28º BC.
SEIXAS DÓRIA (janeiro de 1963- abril de 1964) (um dos signatários do “Manifesto dos
governadores democratas; criou uma comissão de tombamento para a preservação do patrimônio
artístico e cultural de Sergipe; conseguiu empréstimos para a construção de um presídio de
mulheres e da Vila Militar de Aracaju e inaugurou o Banco de Fomento Econômico do Estado
de Sergipe; Assumiu a Secretaria de Transportes e Obras Públicas de Sergipe em agosto de 1988,
no governo de Valadares e em 1989, no governo de João Alves Filho; fez parte do Conselho de
administração da Companhia Vale do Rio Doce em julho de 1990; com a eclosão do movimento
político-militar em 31 de março de 1964 fez-se ouvir pelo rádio na noite seguinte. Atacando a
sublevação vitoriosa, teve sua palavra sustada por ordens do comandante do 28º. Batalhão de Caçadores, major Francisco da
Silveira. Em seguida foi preso e substituído no governo de Sergipe pelo vice-governador, Sebastião Celso de Carvalho)
▪ Nesse período, os governadores sergipanos foram indicados pelos presidentes militares, sendo os principais:
Lourival Baptista (1967-1970) Conspícuo administrador do erário público, manteve-se com inflexível
coerência, fiel a seu propósito de promover o desenvolvimento do Estado, nomeando um secretariado de alta
qualificação técnica, que viabilizou a realização de marcantes obras para Sergipe, como a construção do Estádio
Lourival Baptista, o Edifício Estado de Sergipe (sede do Banco do Estado de Sergipe - Banese), além de
importantes serviços nos setores educacional (Universidade Federal, durante seu mandato) e rodoviário. No seu
Governo, que foi caracterizado pela ênfase no trabalho e no progresso, sendo a ele atribuído o título de "O
Realizador", implantou o primeiro Distrito Industrial de Sergipe e iniciou a reforma agrária, com desapropriações
rigorosamente pagas pelo Poder Público, ou utilizando terras do Estado.
João Andrade Garcez (1970-1971) Durante sua gestão, abriu frentes pioneiras de trabalho no setor
rodoviário, em áreas atingidas pela seca, firmando também convênios com o Movimento Brasileiro de Alfabeti-
zação (Mobral) e com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) para atuação no interior do
estado. Assinou ainda contrato de concessão de empréstimo com o Banco do Brasil para a realização dos
trabalhos de dragagem da barra de acesso ao porto de Aracaju.
PAULO BARRETO (1971-1975) Durante sua administração ampliou a rede educacional do estado,
construindo ginásios e aperfeiçoando a biblioteca estadual. Também nesse período foi aprovado o Estatuto
do Magistério estadual. No setor agrícola, a política de seu governo voltou-se para o fortalecimento do
cooperativismo no interior do estado e para a ampliação do sistema de abastecimento de água para o
combate às secas, promovendo ainda o asfaltamento de rodovias estaduais. Foram lançadas as bases para
a instalação do Distrito Industrial de Estância, foi criada a Telecomunicações de Sergipe (Telergipe), pri-
meira subsidiária da Telecomunicações Brasileiras (Telebrás), e organizada a Empresa Sergipana de
Turismo (Emsetur).
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DJENAL TAVARES DE QUEIRÓS (14 de maio de 1982- 15 de março de 1983) nasceu em Frei Paulo
(SE), no dia 12 de maio de 1916, filho de Rosalvo Queirós e de Djanira Tavares Queirós.
Eleito vice-governador pela via indireta em maio de 1979, após a extinção do bipartidarismo filiou-
se ao Partido Democrático Social (PDS), sucessor da ARENA. Em maio de 1982 assumiu o Executivo estadual
sergipano depois que o então governador Augusto Franco desincompatibilizou-se para disputar uma vaga
na Câmara dos Deputados.
SERGIPE E OS CONTRASTES
o Em Sergipe, os governos militares realizaram construções das chamadas “obras faraônicas”, a exemplo do Edifício Estado
de Sergipe, conhecido como o “Maria Feliciana” e estádios de futebol.
o Aumentou o número de famílias camponesas sem-terra.
o Muitos empresários e políticos receberam benefícios financeiros na agricultura e na construção civil, além de concessões
de meios de comunicação social.
O RESTABELECIMENTO DA DEMOCRACIA EM SERGIPE (Nova República)
- No final do regime militar foi permitida a volta do pluripartidarismo.
- A partir de 1982 todos os governadores de Sergipe foram eleitos pelo voto popular:
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a favor da cassação de Aécio Neves no conselho de ética do Senado; Parque dos Cajueiros (Parque Governador Antônio Carlos
Valadares).
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DANÇA DE SÃO GONÇALO (origem lusitana) segundo a tradição, São Gonçalo era um
religioso alegre e brincalhão, tocava alaúde, viola, e, cantava para as prostitutas dançarem até se
cansarem e recolherem-se, evitando com isso que fossem pecar com os homens. São Gonçalo teria
conseguido salvar nove delas da prostituição. Os grupos em sua maioria são formados somente
por homens em fila dupla, vestidos com trajes femininos. Seus membros usam vestidos brancos
ou estampados com calças por baixo, além de colares, brincos, pulseiras, lenços amarrados na
cabeça e fitas coloridas. A dança realiza-se, geralmente, na Festa de Santos Reis e São Benedito,
no dia 6 de Janeiro. Em Laranjeiras, São Gonçalo encontra-se no povoado Mussuca. Existem
grupos do folguedo nos municípios de Itaporanga D’Ajuda, Pinhão, Poço Verde, Riachão do
Dantas, São Cristóvão e Simão Dias.
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Principais referências:
- DANTAS, Ibarê. História de Sergipe: República (1889-2000). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2004.
- ____________. A tutela militar em Sergipe: 1964-1984 (partidos e eleições num Estado autoritário). 2 ed. São
Cristóvão: Editora UFS, 2014.
- NUNES, Maria Thétis. Sergipe Colonial I. Sergipe: UFS; Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
- ____________. Sergipe Provincial II: 1840-1889. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Aracaju: Banco do Estado de
Sergipe, 2006.
- ____________. História da educação em Sergipe. Governo do Estado de Sergipe. São Paulo: Editora Paz e Terra,
1984.
- Diana Maria de Faro Leal Diniz [et al.]. Textos para a história de Sergipe. Aracaju: UFS e Banco do Estado de Sergipe,
1991.
- MONTEIRO, Diogo Francisco Couto e RODRIGUES, Kléber. Temas de História e Cultura indígena em Sergipe. Aracaju:
Infographics, 2016.
- CARMO, Sura Souza. Doce Província?: o cotidiano do escravo na historiografia sobre Sergipe oitocentista. Aracaju:
IHGSE, 2017.
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