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Estruturas de Concreto e Fundações

Estruturas Especiais
Reforço Estrutural – Viga - Exemplo

Prof. M.Sc. Antonio de Faria


Prof. DSc. Roberto Chust Carvalho
Prof. M.Sc. Ivan Francklin Junior
Deformação máxima em reforço a flexão com fibras de carbono

• A delaminação do cobrimento ou o deslocamento do sistema CFC pode ocorrer


se os esforços que estiverem ocorrendo nas fibras não puderem ser absorvidos
pelo substrato do concreto;

• Com o objetivo de prevenirmos o deslocamento das lâminas de fibras de


carbono uma limitação deve ser introduzida ao nível de deformação
desenvolvida no sistema;
Deformação máxima em reforço a flexão com fibras de carbono
• As equações abaixo fornecem as expressões que determinam o coeficiente
(km), estabelecido em função da cola;
• O coeficiente (km) tem um valor inferior a (0,90) e deve multiplicar pela
deformação de ruptura do sistema composto para se definir uma limitação de
deformação que previna o deslocamento;
• O coeficiente (km) é baseado exclusivamente numa tendência observada da
experiência que elaboram projetos com sistemas compósitos aderidos
externamente.
Recomendação ACI:
1  n  Efc  tfc 
km   1    0,90 para n  Efc  tfc  180000 N/mm
60  fcu  360000 
1  90000 
km     0,90 para n  Efc  tfc  180000 N/mm
60  fcu  n  Efc  tfc 
onde:
- n  número de camadas do reforço com CFC;
- Efc  módulo de elasticidade do CFC (MPa);
- tfc  espessura de uma camada do sistema CFC (mm);
- fc  deformação de ruptura do reforço com CFC (mm/mm);
Deformação máxima em reforço a flexão com fibras de carbono
Exemplo de utilização:
• Se utilizarmos por exemplo, 4 camadas de lâminas de fibra de carbono o valor
para o coeficiente (km), será:
Especificamente para as lâminas com
dados: as características do exemplo, podemos
- n =4 traçar o gráfico do coeficiente km
- Efc = 227,000 MPa;
- tfc = 0,165 mm;

Valores do coeficiente (km)


- fc = 0,014 mm/mm

n  Efc  tfc  180000


4  227000  0,165  149820  180000

1  n  Efc  tfc 
km   1    0,90
60  fcu  360000  Número de camadas CFC
1  4  227000  0,165 
km   1    0,695  0,90
60  0,014  360000 
Verificação da Dutibilidade
• A utilização de sistemas compostos aderidos externamente a peças de concreto
armado para aumentar a sua resistência à flexão provocará a redução da
dutibilidade orignal da mesma;
• Na maioria dos casos a perda de dutibilidade é desprezível;
• Para que se obtenha um grau suficiente de dutibilidade é recomendável que se
verifique o nível de deformação do aço no estado limite último;
• Uma adequada dutibilidade é conseguida se a deformação no aço no nível de
esmagamento do concreto ou ruptura do sistema composto seja pelo menos
0,005 – (ACI-318-chapter 2);

• Uma maior reserva de resistência é adquirida aplicando-se um fator de redução


no valor da resistência do aço, de valor 0,70 para as seções frágeis ao invés do
valor de 0,90 para seções dúcteis, conforme indicado nas equações a seguir:
Verificação da Dutibilidade
Indicações do fator de redução, segundo o ACI 318 – Chapter 2:
  0,90 para s  0,005
0,20  s - sy 
  0,70  para sy  s  0,005
0,005 - sy
  0,70 para s  sy

Onde (sy) é a deformação de escoamento do aço;


As equações acima podem ser representadas conforme gráfico abaixo:

Gráfico do Fator de redução para Dutibilidade


- Considerando os coeficientes de ponderação preconizados pela norma
americana – ACI 440-2R:

Onde:
ffu  tensão de tração máxima de projeto do compósito de FRP
ffu* tensão de tração máxima de projeto do compósito de FRP (fornecida por ensaio
ou fabricante)
fu  deformação máxima de projeto do compósito de FRP
fu* deformação máxima do compósito de FRP (fornecida por ensaio ou fabricante)
CE  coeficiente de exposição ambiental
Fibra de Carbono - Características físicas:
Viga – Exemplo numérico
• Uma viga existente de concreto armado deverá ser reforçada para receber
carregamentos majorados que a solicitam com um momento fletor máximo
M = 205,92 kN.m;
• O momento fletor devido ao peso próprio da viga é Mg = 29,0 kN.m;
• Deverá ser utilizado para reforço a fibra de carbono, sendo as características
da viga são as fornecidas abaixo:

Adotar:
- fck = 20,0 MPa;
- fyk = 500 MPa (CA-50);
- d = 65,0 cm;
- d´ = 4,0 cm;
- EFC = 228000 MPa;

cotas em mm
Viga – Exemplo numérico - Resolução
• Determinação da deformação correspondente ao peso próprio da viga;
Mg0  29,0 kN  m
M 2900 kx  0,036
kM    0,024 Para kM  0,024  
bw  d 2  fcd 20  652  2,0  kz  0,986
1,4

x  kx  d  0,036  65  2,34 cm M 2900


Fts    45,26 kN
z  kz  d  0,986  65  64,07 cm z 64,07

Fts 45,26 kN fs 4,79


fs    4,79 εs, g    0,000228  0,228 %0
As 9,45 cm 2 Es 21000
Viga – Exemplo numérico – Equacionamento do Problema

Fcs  resultante da força de compressão na armadura superior;


Fcc  resultante da força de compressão no concreto;
Fts  resultante da força de tração na armadura inferior;
Ffc  resultante da força de tração na fibra de carbono;
Viga – Equilíbrio de Momento Fletor em Relação a Borda Inferior (Fibra de Carbono)

M  0 A

Fcs  h - d´´  Fcc  z  d´ - Fts  d´  Md


Fcc  αC  fcd  b  λ  x  αC  λ  fcd  b  x
  
Fcs  h - d´´  αX  λ  fcd  b  x   d -  x  d´ - Fts  d´  Md
 2 
 λ 2
αC  λ  fcd  b  d  d´  x -  x   Md - Fcs  h - d´´  Fts  d´
 2 

 d  d´ x - λ  x 2   Md - Fcs  h - d´´  Fts  d´



 2  αC  λ  fcd  b

 λ 2  Md - Fcs  h - d´´  Fts  d´


d  d´  x - 2  x  - αC  λ  fcd  b
0
 
Viga – Equilíbrio de Momento Fletor em Relação a Borda Inferior (Fibra de Carbono)

 d  d´ x - λ  x 2  - Md - Fcs  h - d´´  Fts  d´  0



 2  αC  λ  fcd  b
  a  x2  b  x  c  0
 a
 2
 b -h
c  Md - Fcs  h - d´´  Fts  d´ x
- b  b2  4  a  c
 αc  λ  fcd  b 2a

x  0,45  concretos classe I
kx   
d 0,35  concretos classe II

 kx  0,259  domínio 2

0,259  kx  (0,45 ou 0,35)  domínio 3
- Determinação da deformação específica nos materiais estruturais:
Concreto – Armadura tracionada:

 10%0
 Se kx  0,259  εc  1  1  εs  10%0
 kx

Se kx  0,259  εc  3,5%0  εs  εc   1  1

  kx 
Armadura comprimida: (quando necessária):

 d´´ 
εs´  εc  1  
 kx  d 
Fibra de Carbono:

 h 
εfc  εc    1
 kx  d 
- Determinação da resultante força nos materiais estruturais:
Fcc  αc  λ  fcd  b  x
Fcs  As´fyd F hor 0
Fts  FFc - Fcc - Fcs  0
Fts  As  fyd
FFc  Fcc  Fcs - Fts
FFc  AFc  fFc
- Determinação da tensão na fibra de carbono:

εFc*  εFc - εs, g fFc*  km  fFc

fFc  εFc  EFc


- Determinação da área de fibra de carbono necessária:
FFc
AFc 
fFc *
- Determinação da posição da Linha Neutra, no ELU, para o esforço final:

  0,8
 a   0,4
 2 2
 b  - h  - 69 cm

M d - Fcs  h - d´´  Fts  d´
1,4  20592 - 1,6  50
1,15
 69  2 ,5   9, 45  50
1,15
4
c    1330,32 cm
 αc  λ  fcd  b 0,85  0,8  2,0  20
 1,4

- b  b 2  4  a  c 69 - 69 2  4  0,4 1330,32
x   22,12 cm
2a 2  0,4
x 22,12
kx    0,340  0,45  ok! Como kx 0,340 > 0,256  Domínio 3
d 69 - 4
Fibra de Carbono:

 h 
εfc  εc    1
 kx  d 
- Determinação da resultante força nos materiais estruturais:
2,0
Fcc  αc  λ  fcd  b  x  0,85  0,8   20  22,12  429,67 kN
1,4
50
Fcs  As´fyd  1,60   69,57 kN
1,15
50
Fts  As  fyd  9,45   410,87 kN
1,15
FFc  AFc  fFc

FFc  Fcc  Fcs - Fts


FFc  429,67  69,57 - 410,87
FFc  88,36 kN
Concreto:
εc  3,5%0
Aço:
1   1 
εs  εc    1  3,5%0    1  6,794%0
 kx   0,340 
Fibra de Carbono:
 h   69 
εfc  εc    1  3,5%0    1  7,428%0
 kx  d   0,340  65 
εFc*  εFc - εs, g  7,428 - 0,228  7,200%0
7,200
fFc  εFc  EFc   228000  1641,6 MPa
1000
fFc*  km  fFc  0,9 1641,6  1477,4 MPa
- Determinação da área de fibra de carbono necessária:
FFc 88,36
AFc    0,598 cm 2
fFc * 147,74
- Considerando espessura da fibra (efc) igual a 1,64 mm, tem-se:
AFc 59,8
bFc    36,5 mm
eFc 1,64

Considerando que a largura da viga é de 20,0 cm, pode-se adotar 2 camadas de fibra
de carbono de 20 mm cada lâmina;
- Detalhe da seção transversal reforçada:

cotas em mm
Determinação das Tensões de Cisalhamento na Resina
• Um questionamento muito comum quando do dimensionamento dos reforços
dos elementos de concreto armado é o valor da tensão tangencial de
cisalhamento que se origina na interface do concreto existente com a matriz
epoxídica do sistema composto;
• Essa tensão é a que solicita a resina que faz a impregnação da fibra e que
podemos simplesmente definir como a tensão que atual na “cola” do sistema;

Tensões que solicitam um elemento de comprimento (dx)


Determinação das Tensões de Cisalhamento na Resina
• A figura anterior mostra os esforços que se desenvolvem em um elemento
qualquer de comprimento (dx) do elemento de concreto a ser reforçado;
• Seja uma viga de concreto armado cuja seção transversal é mostrada na figura
abaixo;
Determinação do valor de (0)
• A tensão máxima de cisalhamento ocorre no eixo neutro da seção e tem o
seguinte valor:
 HLN  0
C  τ 0  bw  dx  C  dC
C  dC - C dC
τo  
bw  dx bw  dx

Seção transversal da viga


Determinação do valor de (0)

Sabendo que (M = C.z), onde:

T  zt  S  zs dM dC dC dC Q
z   z  Q   z ou seja:  (1) assim:
T S dx dx dx dx z

1 Q Q
τ0   
bw z bw  z
Determinação do valor de (S)
H  0  C-T  τ b s w  dx  C  dC - (T  dT)  C  dC - T - dT

 dC  dT 
1
τs 
bw  dx
1  dC dT 
τs     (2)
bw  dx dx 
Para (Ms), teremos:
Q
Ms  C  zz - T  zs - zt  dC Q dT z
 zs  Q
  
  zs   zs  zt 
dM dC dT dx z dx zs - zt 
dx dx dx  zs 
dM Q    1
 
Q z 
dx
dT
3
dx zs  zt
Substituindo (1) e (3) em (2), tem-se:
  zs    
 Q    1  1 Q
Q
 zs  z
 Q  zs  z  
τs   1 
τs     
1 Q z  τs     z

zs - zt   bw  z  zs - zt  
bw  z zs - zt   bw  z
   
Por aproximação podemos utilizar para o valor de
onde, (s), a seguinte expressão:
T  zt  S  zs  S 
z τs  τ0   
TS ST 
Viga – Exemplo numérico - Resolução

• Exemplo de como pode ser determinado o nível de tensão de cisalhamento na


interface entre o substrato de concreto e a matriz epoxídica de um sistema de
fibras de carbono, analisaremos a viga anterior, para a qual temos:
• Mreforço = 205,92 kN.m = 20592 kN.cm;
• Vreforço = 91,53 kN;

Esforços atuantes na seção em estudo


Viga – Exemplo numérico – Resolução
• Será determinado o centro de gravidade dos esforços C e C´ em relação à face
superior da viga e de T e S em relação a face inferior da viga;

69,67  2,5  448,8  9,24 410,87  4,0  92,20  0


 8,33 cm  3,27 cm
69,67  448,8 410,87  92,20
ou seja: z  69 - 8,33 - 3,27  57,40 cm
• As resultantes dos esforços de compressão e de tração atuantes na seção da
viga são apresentados na figura abaixo:

Resultante dos esforços atuantes na seção em estudo


Viga – Exemplo numérico – Resolução

Tem-se então:
V 91,53 kN
τ0    0,0797  0,797 MPa
bw  z 20  57,40 cm 2

Assim, a tensão na “cola” do sistema é dada por:

S  92,2  kN
τs  τ0   0,0797     0,0146  0,146 MPa
ST  92,2  410,87  cm 2
Viga – Exemplo numérico

• Uma viga existente de concreto armado deverá ser reforçada para receber
carregamentos majorados que a solicitam com um esforço cortante máximo
de Vref = 124,5 kN;
• Utilizar para o reforço sistema composto com a fibra de carbono, sendo as
características da viga são as fornecidas abaixo:

Adotar:
- fck = 20,0 MPa;
- fyk = 500 MPa (CA-50);
- d = 65,0 cm;
- d´ = 4,0 cm;
- Estribo existente:  6,3 mm c/ 20 cm;
- Fibra de Carbono - e = 1,65 mm;
- ft,FC = 3500 MPa;
- EFC = 228000 MPa;
- Largura da FC: 150 ou 200 mm
Viga – Exemplo numérico - Resolução

Verificação da ruína das diagonais comprimidas do concreto e armadura mínima

 fck 
Vsd  VRd2 VRd2  0,27  αv  fcd  bw  d αv  1  
 250 
 20  2,0
VRd2  0,27  1    20  (69  4,0)  461,3 kN
 250  1,4
Vsd, máximo  γf  V  1,4 124,5  174,3 kN  VRd2  ok!

Asw, mínimo 0,3  3 fck 2 0,3  3 20 2 cm 2


 0,2   bw  senα  0,2   20  0,0177
s fywk 500 cm 2

Asw 2  0,315 cm 2 Asw, mín cm 2


  0,0315 2
  0,0177
s 20 cm s cm 2
Viga – Exemplo numérico - Resolução

Determinação do esforço cortante máximo resistido pela viga sem reforço:


 Asw  50
Vsw   .0,9.d.fyd.(senα  cos ) Vsw  0,0315  0,9  (69  4, 0 )   80,12 kN
 s  1,15
0,7  0,3 3
Vc  Vc0  0,6  fctd  bw  d fctd   fck 2
1,4
 0,7  0,3 3 2 
  20 
Vc  0,6     20  (69  4,0)  86,21 kN
1,4
 10 
 
 
Vsd  VRd3  Vc  Vsw Vsd  86,21  80,12  166,33 kN

Vsd 166,33
V   118,81 kN
γf 1,4
Vd  Vd, ref - Vd  174,3 - 166,33  7,97 kN
Viga – Exemplo numérico - Resolução

fFC  Tensão limite de ruptura da fibra de carbono; É determinada pela expressão abaixo:
fFC  R  fFC, u
R  Fator de redução da resistência última da fibra de carbono que determina o nível de
Tensão da fibra na ruptura;
k1  k2  e 0,005
R  e  Comprimento efetivo de aderência das fibras de carbono;
11900  fu fu
1
e    0 0  comprimento efetivo de colagem de uma lâmina de fibra de carbono;
n n  número de camadas de lâminas de fibra de carbono;
k1  constante que depende da resistência do concreto a compressão;
2
 fcd  3
k1   
 27 
dfe
k2 
df
dfe  comprimento efetivamente aderido da lâmina de fibra de carbono utilizada;
df  comprimento da lâmina de fibra de carbono, tipicamente de valor (d-hf);
Viga – Exemplo numérico - Resolução

- Pode-se considerar para a deformação última da fibra o valor (fu = 0,017), segundo o ACI;
- fe = 0,004 para elementos confinados por fibra de carbono em seus quatro lados;
- fu = kv. fu ≤ 0,004 para elementos confinados em três lados (envolvimento em “U”) ou
em dois lados (envolvimento lateral);
df  d - hs  65 - 9 56,0 cm
2
 20 
2 3
   1,4 
fcd 3
k1        0,654 MPa 1
 27   27  e   0  55 mm
  n
dfe 50,5
fu  0,017 dfe  df - e  56 - 5,5 50,5 cm
k2    0,902
df 56

k1  k2  e 0,654  0,902  55 ffc  0,160  3500  560 MPa


R   0,160
11900  fu 11900  0,017
Viga – Exemplo numérico - Resolução

Calculando a área da fibra de carbono necessária para o reforço ao cisalhamento:


7,97 bfc bfc
 2  0,165  56,0   0,564  1,0
0,9  0,85 sfc sfc
Podemos utilizar a solução adotada acima considerando fibras de carbono com largura de
15 cm;
2  0,165 15  56,0
sFC   26,6  26,0 cm
10,42
O reforço seria, então, executado com lâminas de fibra de carbono com largura de 15 cm
espaçadas a cada 26,0 cm entre eixos;

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