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Música na Educação Básica

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Música na Educação Básica

No espírito do blues!
Práticas musicais coletivas
para o ensino médio
Antonio Cezar Ferreira

In the spirit of blues: collective


musical practices in high school

Resumo Abstract
Este artigo apresenta uma proposta para This article presents a proposal for
alunos do ensino médio terem um contato familiarization with blues and musical
com o blues e com a improvisação musical. improvisation. Ideas and suggestions are
As ideias e sugestões presentes têm como presented to promote a collective musical
objetivo promover uma experiência musical experience. The article proposes activities
em grupo. O artigo propõe atividades para to work with blues as the key element in
trabalhar com o blues como figura central the approach to the jazz genre. The article
na aproximação com o gênero jazz. O texto contributes to demystifying the idea that
contribui para desfazer a ideia de que a the practice of musical improvisation is
prática da improvisação musical é algo difficult and reserved only for the most
difícil e reservado somente aos músicos virtuous musicians.
mais virtuosos.

Keywords: Blues. Jazz. Music


Palavras-chave: Blues. Jazz. Improvisa- improvisation.
ção musical.

FERREIRA, Antonio Cezar. No espírito do blues! Práticas musicais coletivas para o ensino médio. Música na
Educação Básica, v. 9, n. 10/11, 2019.
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Ilustração: Pixabay
INTRODUÇÃO Afinal, o que é o jazz?
O presente texto traz sugestões para a O jazz nasceu nos Estados Unidos da
sala de aula, proporcionando aos alunos América a partir da conexão complexa de
do ensino médio uma melhor compreen- tradições musicais da Europa com as da
são dos elementos do gênero blues. O ob- África. Foram justamente as diferenças entre
jetivo é compartilhar atividades de apre- essas duas tradições musicais que promove-
ciação e criação musical, incentivando ram o surgimento de uma nova abordagem
alunos e professores a improvisarem com da música. Quando os afro-americanos co-
melodias e ritmos. Outro objetivo é des- nheceram a harmonia da música clássica eu-
mistificar a improvisação musical, mos- ropeia, os arranjos das bandas militares, os
trando que todos podem improvisar, se instrumentos, como o cornetim, o clarinete e
providos das ferramentas adequadas. o trombone, eles passaram a usar, em tonali-
dades maiores, conduções melódicas meno-
Antes de iniciar com as práticas coleti-
res, o que resultava em um colorido harmô-
vas de improvisação, o texto tece algumas
nico todo especial (Berendt, 1975).
considerações sobre o jazz e suas relações
com o blues. Os primeiros músicos do jazz eram auto-
didatas e fugiram às concepções há muito
Como podem os professores de música
tempo sedimentadas pela música erudita
trabalhar um assunto tão específico com
europeia no que se refere a produzir um tom
alunos que não estão familiarizados com
puro, claro e preciso. No jazz, os instrumen-
o tema?
tos são tocados – até onde isso é possível –
como se fossem vozes humanas.

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Para Berendt (1975):

Os principais eventos do jazz já não podem


ser mais considerados como simples
“modismos”, e sim como verdadeiros
“estilos”, mesmo porque, dentro dessa
evolução, eles tiveram funções e
características análogas aos diversos
estilos e épocas da música de concerto.
(Berendt, 1975, p.17).

Pode-se afirmar que o jazz é um grande


guarda-chuva sob o qual estão abrigados
vários outros estilos musicais, entre eles o
blues, que se origina no final do século XIX e
segue vivo até hoje (ver Quadro 1). Louis Armstrong (1901-1971) tocando seu trompete, em 1953.
Fonte: Pixabay
Na obra clássica História social do jazz,
Hobsbawm (2008) afirma:

[…] o jazz não é um gênero autocontido Para escutar o jazz


ou imutável. Não é uma linha divisória, mas Incentive os alunos a pesquisarem na
uma vasta zona fronteiriça que o separa internet diferentes estilos de jazz, como
da música popular comum, em grande ragtime, dixieland, swing, bebop, cool,
parte marcada pelo jazz e a ele misturada free jazz, etc. O site All About Jazz (ht-
em vários níveis. Não há um limite fixo que tps://www.allaboutjazz.com) publica
o separe de tipos anteriores de música artigos, vídeos e listas de concertos e
folclórica, das quais emergiu. (Hobsbawm, eventos do jazz clássico ao moderno.
2008, p.47).

Quadro 1. A história do jazz

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Figura 4

Como forma de linguagem, o blues tem E o que é o blues?


a propriedade de moldar-se a outros idio-
mas e sotaques, como ocorreu no Brasil, O blues forma uma base importante para
onde palavras como dor e amor expressam a música popular do século XX, do jazz ao
as emoções da vida cotidiana. O blues brasi- rock, do soul ao hip-hop. O blues também
leiro traduz de maneira coloquial, mundana, pode ser uma boa porta de entrada para a
os sentimentos dos seus compositores. São compreensão do gênero jazz.
representantes desse estilo musical: Celso
Blues Boy, Renato Fernandes, Bebeco Gar-
cia, entre outros (ver Quadros 3 e 5). Para saber mais
CASTRO, Ruy. Tempestade de ritmos:
Para escutar o blues jazz e música popular no século XX.
São Paulo: Companhia das Letras,
Para que os alunos possam conhecer 2007.
melhor o blues brasileiro, apresente PIEDADE, Acácio. Jazz, música brasi-
um vídeo de um dos artistas abaixo. leira e fricção de musicalidades. Opus,
Acesse o YouTube e digite: v. 11, p. 197-207, dez. 2005.
- “Celso Blues Boy”
- “Renato Fernandes”
Uma boa introdução sobre o blues pode
- “Bebeco Garcia” ser o documentário de Martin Scorsese Li-
ghtning in a bottle: a one night history of
the blues (“Relâmpago em uma garrafa: a
história do blues em uma noite”). 1 O docu-
mentário pode ser apresentado em trechos
selecionados a critério dos professores.

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A principal característica do blues é a Hobsbawn (2008, p. 49) explica que uma


atmosfera triste, 2 oprimida, que é evocada, das peculiaridades do jazz é a combinação
sobretudo, com as blue notes. Essas notas da escala blue 3 (a escala maior comum, com
produzem uma tensão harmônica em rela- a terceira e a sétima abemoladas), usada na
ção à tônica, como a tensão entre um acorde melodia (Figura 1), com a escala maior co-
maior (na harmonia) e uma terça menor (na mum usada na harmonia (Figura 2). 4
melodia). Fundamental para o blues é a sua forma
Quando ouvimos cantoras como Sarah predominante – do mais antigo ao mais mo-
Vaughan e Billie Holiday entoando melodias
que não deixam claro se a tonalidade em 1. O documentário está disponível no YouTube.
questão é maior ou menor (canções tristes,
2. Há exceções de blues alegres ou cômicos, como
mas cheias de energia), a técnica empregada “Slim Gaillard”, de Louis Jordan (Berendt, 1975,
pode estar associada à prática dos cantores p.124).
de jazz que têm origem na interpretação de
3. 
Na literatura traduzida no Brasil, existem pelo
canções tradicionais africanas (rural blues),
menos duas denominações correntes para essa
de resvalar nas notas da escala, evitando escala: escala blue (Hobsbawm, 2008) e escala
atingi-las realmente. blues (Berendt, 1975).
A palavra blues, em inglês, também signi- 4. Alguns músicos do jazz abemolizam também a
fica tristeza ou melancolia. Esse significado quinta nota da escala (Berendt, 1975, p.125).
remete às canções lentas e chorosas canta-
das pelos negros escravizados nas fazendas
de algodão às margens do rio Mississipi, no
sul dos Estados Unidos, por volta de 1870.
Além de marcar o ritmo do trabalho escra-
vo na construção das linhas férreas, as can-
ções ajudavam a amenizar o sofrimento de
um povo discriminado e oprimido. O blues
é a essência da música dos negros levados
da África para os Estados Unidos. É o grito
africano.
Fonte: Pixabay

Sarah Vaughan (1924-1990) Billie Holiday (1915-1959)

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Figura 1

Figura 2

derno –, um esquema harmônico-melódico de 12


compassos:
/ Bb 7 / Eb 7 / Bb 7 / Bb 7 /
/ Eb 7 / Eb 7 / Bb 7 / Bb 7 /
/ F 7 / Eb 7 / Bb 7 / F 7 /
Numa estrofe de blues, formada por 12 compas-
sos, estão presentes as três funções básicas de uma
tonalidade: tônica, subdominante e dominante.
/T/S/T/T/
T = tônica
/S/S/T/T/ D = dominante
/D/S/T/D/ S = subdominante

Esse esquema harmônico, que se divide em três


frases de quatro compassos cada uma, está na base
da maioria das peças de blues. A melodia da segun-
da frase (compassos 5 a 8) tem semelhança com a
melodia da primeira frase (compassos 1 a 4). Essa
forma é conhecida como A – A’ – B:

Pode enterrar meu corpo à margem da autoestrada (chamada)


Pode enterrar meu corpo à margem da autoestrada (repetição)
Para que meu velho espírito possa pegar um ônibus
Greyhound e se mandar (resposta)

MUGGIATI, Roberto. O que é o jazz? São Paulo:


Brasiliense, 1999. p.22.

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Nesse caso, as duas primeiras frases são


idênticas. Distinguem-se apenas na melodia.
Essa forma vocal (chamada [call] – repetição
[call] – resposta [response]) se espelha na
forma melódica. Nos primeiros quatro com-
passos, é feita uma proposição; nos quatro
compassos seguintes, essa proposição é re-
petida com outra harmonia; nos quatro com-
passos finais do texto e da melodia, apresen-
tam uma conclusão.

FASE 1. Peça para os alunos se colocarem


em círculo.
Caindo no improviso
Todos devem dar quatro passos para frente
Quem tentar improvisar com seu instru- (para o centro do círculo) e quatro para trás,
mento musical ou com a voz pela primeira marcando o mesmo ritmo em um compasso
vez terá a sensação de como se estivesse de quatro tempos. Repita o processo até que
aprendendo a andar de bicicleta. Onde aca- um ritmo comum se estabeleça.
ba a experiência de tentar manter o equilí-
brio? Será em um doloroso tombo? No exato FASE 2. Enquanto todos andam para fren-
momento em que o aprendiz consegue se te, o professor marca com palmas uma frase
equilibrar, dobra-se o guidão... rítmica de um compasso. Enquanto todos an-
dam para trás, os alunos devem repetir com
A primeira tentativa de improvisar uma palmas (eco) a frase rítmica apresentada pelo
melodia leva, frequentemente, a nervosismos professor no compasso anterior (Figura 3).
parecidos com esse, com a diferença de que
não ocasiona dores externas. A insegurança FASE 3. Cada aluno apresenta uma frase
é provocada pela falta de instrução quanto rítmica de um compasso, enquanto todos
aos elementos básicos para a prática da im- movimentam-se para frente, que deve ser
provisação musical. repetida pelos outros (eco), enquanto movi-
mentam-se para trás.
A falta de clareza na instrução tem ori-
gem na mistificação de alguns fenômenos FASE 4. Experimente variar o exercício com
do jazz. Segundo o pianista de ragtime Wally percussão corporal ou com vocal.
Rose, o que permite aos músicos de uma Dica: Mantenha o andamento constan-
banda de jazz executar uma nota curtíssima te. O exercício deve ser feito em anda-
numa fração de segundo que não pode ser mento moderado, evitando ficar mais
escrita é “o sentido de ritmo ou swingue no rápido ou mais lento. Na medida em
jazz. Ou você sente esse momento ou você que todos dominam o exercício, é pos-
sível passar para a próxima fase.
está fora do jazz” (Berendt, 1975, p.146). Tais
comentários geram medo no aluno. Trata-se
do velho preconceito: ou a pessoa tem talen- FASE 5. O professor combina com os alu-
to, ou não tem. Ao aluno não resta mais nada nos (marcar com palmas) uma frase rítmica
em que ele possa se orientar. No entanto, de um compasso (pergunta), que deverá ser
todos podem aprender a improvisar, desde idêntica sempre que todos caminharem para
que providos das ferramentas certas. o centro do círculo. Cada aluno, enquanto
todos andam para trás, deve responder com
Atividades com percussão corporal ou vo-
uma frase rítmica de um compasso (com
cal podem ser um excelente meio de trazer
palmas). A frase rítmica de cada aluno deve-
a improvisação para a sala de aula. Convide
rá ser uma resposta para a frase rítmica do
os alunos para um exercício de improvisação
grupo (Figura 4).
com palmas:

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FASE 6. Experimente variar o exercício com


percussão corporal ou com vocal.

Figura 3

Figura 4

podendo esta atividade ser registrada com


Vamos compor um (quem elaborou).
um celular ou com um gravador. Aos poucos,
blues? vão-se somando as diversas composições
dos alunos. É importante não ter pressa para
Convide seus alunos para compor um que as ideias surjam com espontaneidade. A
blues! Para começar o trabalho, sugiro que prática coletiva de criar textos já na forma do
você toque os acordes do blues em Bb (Fi- blues, como em uma banda, pode ser uma
gura 5) algumas vezes, no teclado ou no vio- experiência rica e divertida.
lão. A seguir, pode-se experimentar cantar
versos simples sobre o acompanhamento Incentive os alunos a apresentarem os
do blues em Bb. Você deve salientar que, na versos compostos para os colegas. Eles po-
forma A – A’ – B, a frase [melódica] dos com- dem convidar os colegas para tocar o “seu”
passos 1 a 4 é semelhante à frase [melódi- blues. Momentos de prática musical coletiva
ca] dos compassos 5 a 8, e que, nos últimos instigam os alunos para que troquem expe-
compassos (9 a 12), a melodia serve como riências e criem novos arranjos de forma co-
resposta para o tema proposto. laborativa. No blues e no jazz não há notas
erradas, todas são válidas. O desafio de criar
Peça para os alunos anotarem os versos deve levar os alunos a se arriscar na impro-
compostos em um caderno. Esses versos po- visação, motivando-os a desenvolver sua au-
dem ser lidos em voz alta, individualmente, tonomia.

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Figura 5

[…] o blues é tanto um estado de


Para escutar espírito quanto um sentimento – não
necessariamente de tristeza e depressão,
Antes de prosseguir para a atividade embora na maioria das vezes seja assim –
de apreciação, sugere-se ouvir com e uma forma musical ou linguagem – não
os alunos a versão em estilo blues da necessariamente o clássico blues de doze
música “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga compassos. O blues, porém, também existe
e Humberto Teixeira, cantada por Zé como música folclórica, fora do jazz e além
Pretim (José Geraldo Rodrigues), do dele, com sua evolução própria, que segue
Mato Grosso do Sul. paralela ao jazz, porém não independente
dele. (Hobsbawm, 2008, p.125).
Essa versão mostra como o blues,
como estilo de música, pode estender Segundo o músico Leonard Faether, “[…]
as fronteiras, ganhando novos idiomas
e sotaques.
o blues é a essência do jazz. Possuir um
blues-feeling é possuir um jazz-feeling” (Be-
rendt, 1975, p.124). Com certeza o jazz-feeling
Entrando no espírito do não é algo para ser explicado, mas pode ser
sentido, ouvido, apreciado e explorado.
blues
Convide os alunos para ler e ouvir a intro-
Mas será que o blues se restringe ao can- dução de Leadbelly, cantor do século XIX que
tar ou tocar uma terça ou uma sétima mais cantava um blues ainda arcaico e folclórico-
baixa que o comum? Obviamente o senti- -rural, para a canção “Good mornin’ blues”
do do blues é algo bem mais amplo do que (“Bom-dia blues”)5, de Count Basie, Eddie
se nota na entoação, no fraseado, algo que Durham e James Rushing, considerando o
só se percebe ouvindo. Na concepção de que foi dito anteriormente sobre o blues.
Hobsbawm,
5. 
Coloque “Good mornin’ blues – Leadbelly” no
YouTube e ouça a canção em estilo blues rural
(work song).

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Nenhum homem branco jamais teve o Após a leitura do texto, converse com os
blues, pois o homem branco não tem alunos sobre os diferentes sentimentos asso-
preocupações. ciados ao blues. Pergunte a eles:
Se você estiver deitado na cama, rola
de um lado para outro e não consegue - O que chama a atenção na letra do poema?
dormir. - Quais sentimentos são possíveis identificar?
O que há com você?
- O que você entende por “estado de espírito”?
Você está envolvido pelo blues.
- Quais outros gêneros musicais podem ser as-
sociados a esse sentimento de protesto e insa-
Se você levantar de manhã e ficar
tisfação?
sentado na beira da cama. Seu pai e
sua mãe estão lá, seus irmãos e suas Também é possível desenvolver uma ativi-
irmãs, seu namorado ou sua namora- dade escrita. Solicite aos alunos que escrevam
da, e você não quer falar com nenhum no caderno o que pensam sobre o poema que
deles, mesmo que nenhum deles tenha
lhe feito algo.
leram.
O que há com você?
Você está possuído pelo blues.

Você está frente a uma mesa coberta.


No prato, frango frito e arroz.
Você sai e, tremendo, você diz: “Oh,
meu Deus, tenha piedade comigo, eu
não consigo comer, eu não consigo
dormir. O que há comigo?”.
Você está envolvido pelo blues. (Be-
rendt, 1975, p.124).

Fonte: divulgação Trio de Janeiro

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CONSIDERAÇÕES Autor
A intenção deste artigo foi propor ativi-
dades musicais que instigassem os alunos
do ensino médio a criar melodias e a im-
provisar, desfazendo a ideia de que a im-
provisação é algo difícil e relegada apenas
aos músicos virtuosos. Antonio Cezar
Ferreira
Embora esse material tenha sido ela- prof.cezar.ferreira@gmail.com
borado pensando no uso de um violão
ou de um teclado, é possível adaptá-lo à Mestre em Educação Musical pela Universi-
prática com outros instrumentos, como dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
flauta doce, xilofones ou metalofones, por bacharel em Piano pela Staatliche Hochschu-
exemplo. le für Musik Rheinland Robert Schumann Ins-
Mesmo que você não tenha experiên- titut (Düsseldorf/Alemanha); licenciado em
cia como professor, com o blues e com a Letras – Português e Alemão pela Universi-
improvisação, arrisque-se com as notas dade do Vale do Rio dos Sinos. Estudou jazz
que não pertencem à escala maior tra- com Hans Lüdemann na Musikhochschule
dicional. Você não vai cair da bicicleta. O Köln (Alemanha). Membro do grupo de pes-
tombo com as notas do blues não acon- quisa Educação Musical e Cotidiano (CNPq/
tece, justamente porque todas as notas UFRGS), desenvolvendo investigações sobre
podem fazer sentido se tocadas no mo- formação de professores de música. Atua
mento certo. E o momento certo você vai como professor particular de música e língua
descobrir praticando, andando de bicicle- alemã.
ta. Não é para soar como os mestres do
blues na primeira tentativa de improviso,
mas para se aproximar aos poucos e com
liberdade da composição.
O jazz faz um jogo entre o compositor
e o solista, dando grande importância à in- Referências
terpretação. Com a abordagem do jazz, o
BERENDT, Joachim E. O Jazz do rag ao rock. São Paulo:
professor valoriza a improvisação coletiva. Perspectiva, 1975.
A forma musical “chamada versus respos-
ta” permite que na prática coletiva o aluno HOBSBAWM, Eric J. História Social do Jazz. São Paulo:
Paz e Terra, 2008.
possa desenvolver o espírito de ter aten-
ção ao solista e aos momentos coletivos. GRANDE ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL. São
E o jazz é um dos gêneros que favorece Paulo: Nova Cultural, 1998.
isso. MESQUITA, Vinícius. Jazz. São Paulo: Abril, 2005.
Entre no espírito do blues! O importan- MUGGIATI, Roberto. O que é o Jazz? São Paulo: Brasi-
te é aprender como se trabalha esse estilo liense, 1999.
musical e, acima de tudo, desenvolver o
prazer da prática musical coletiva na sala
de aula.

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