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Guião Apresentação- Rita Lee

Não só é importante conhecer a história de vida de lendas tão irreverentes como esta como
prestar homenagem ao seu legado.

1ª edição- 2016, São Paulo. Escrito por Rita Lee com ajuda de um ghostwriter

Rita Lee Jones nasceu a 31 de Dezembro de 1947 no estado de São Paulo no Brasil.
Foi uma cantora e artista com um papel pivotal no decurso da história da música pop e rock
e popular brasileira. Foi na era do tropicalismo e do new wave (vertente musical) que Rita
Lee deixou marcas incontornáveis e que ainda hoje são referências mundiais.
Viveu uma infância atribulada marcada por vários episódios de rebeldia. Sempre mostrou
ser um espírito livre como canta nas suas músicas. Curiosamente, não pensou ser cantora
inicialmente mas sim atriz, tendo permanecido este sonho ao longo da sua vida.Durante a
adolescência foi-se interessando pela música tendo nesta altura começado a escrever as
suas próprias músicas. Fez parte de vários grupos onde se apresentava publicamente.
Foi então que em 1966, Rita e outros 2 integrantes formaram a banda “Os Mutantes”.
Constituída por voz, percussão, flauta e outros instrumentos pouco usuais na altura (banjo)
esta banda durou 6 anos, estes quais recheados de performances, shows e discos
gravados. Os mutantes chegaram a acompanhar Gilberto Gil no III Festival de Música
Brasileira, na rede de televisão pública, TV Record.
Mas tudo terminou quando os dois outros integrantes do grupo, Arnaldo Baptista e Sérgio
Dias expulsaram Rita do grupo por acharem que ela não tinha um caráter de “Virtuosa
Instrumentalista”.
'A gente resolveu que a partir de agora você está fora dos Mutantes porque nós
resolvemos seguir na linha progressiva-virtuose e você não tem calibre como
instrumentista.' Uma escarrada na cara seria menos humilhante. Em vez de me atirar de
joelhos chorando e pedindo perdão por ter nascido mulher, fiz a silenciosa elegante. Me
retirei da sala em clima dramático, fiz a mala, peguei Danny (a cachorra) e adiós."

Foi 1 ano depois do fim dos Mutantes que Rita, juntamente com Lúcia Turnbull e outros dois
integrantes, formou a banda “Tutti Frutti”. Este grupo focava-se mais no glam rock tendo
como referência o cantor David Bowie.
Foi nesta altura que Rita lançou um dos seus melhores trabalhos, o álbum “Fruto Proibido”
que conta com algumas das músicas mais emblemáticas da cantora e que lhe entregou o
título de “Rainha do rock brasileiro”.
Foi portanto a sua consagração a nível nacional e internacional. Foi nesta altura também
que conheceu o seu futuro marido, pai dos seus filhos e colega de trabalho, Roberto de
Carlos.
Ao longo da sua atividade, “Tutti frutti” sofreu de muita censura e repressão por parte do
governo em vigor na altura. Como se tratava de uma ditadura militar (64-85), muitas das
canções e letras eram proibidas por serem “demasiado alternativas” e por apresentarem
uma mensagem que poderia pôr em causa o regime. O controle era tão grande que Rita
Lee foi presa por posse e uso de maconha, tendo sido presa estando grávida já do seu
primeiro filho. Na altura alegou não possuir aquele tipo de estupefacientes mas sim serem
de amigos já que caso contrário estaria a pôr a sua gravidez em risco.
Ao longo da sua vida trabalhou com artistas de renome como: Ney Matogrosso, Gal Costa,
Lulu Santos, Tim Maia, Gilberto Gil, João Gilberto, Elis Regina já tendo se encontrado com
David Bowie. (Pág 264 fotos).
Rita Lee teve uma vida marcada pelo uso de drogas. Para além do seu vício por bebidas
alcoólicas já assumiu publicamente que utilizou e experimentou vários tipos de drogas das
mais leves às mais pesadas. Um episódio descrito numa entrevista que deu a Pedro Bial,
em 2017, na TV Globo foi o facto de ter entrado na alfândega após regressar do estrangeiro
com um colar de 60 miçangas. Miçangas essas que escondiam no seu interior uma pastilha
de LSD. Rita conta com uma certa leveza que vendeu 50 dessas pastilhas mas não diz o
que fez com as restantes 10.
Este facto não impediu que Rita Lee conseguisse deixar um legado musical riquíssimo e
bastante importante na implementação de um pensamento mais livre, sem preconceitos e
que visa a liberdade individual e a emancipação feminina.

2º livro- Foi durante a pandemia, após a toma da vacina contra a Covid-19 que Rita
começou a sentir sintomas estranhos. Decidiu ir ao hospital ver o que se passava e o que
parecia ser uma simples consulta de rotina transformou-se na batalha que iria enfrentar nos
2 anos seguintes.
Foi-lhe diagnosticado um tumor primário no pulmão, ou seja, um cancro no pulmão. Foi lhe
dito que sobreviveria 2 meses. Entrou em primeiro radioterapia mas a falta de resultados e o
surgimento de mais tumores pelo corpo, incluindo no cérebro, obrigou ao inicio de um
tratamento de quimioterapia.
Mais uma das provas da sua excentricidade, a cantora como forma de protesto contra o
governo que vigorava na altura da pandemia e pela falta de responsabilidade e honestidade
para com o povo brasileiro, chamou o seu tumor de Jair, fazendo referência ao antigo
presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Todos os pequenos tumores que iam surgindo eram
“minibolsonaros”.
Durante este tempo Rita utiliza no livro a sua doença, para fazer várias reflexões sobre a
vida mas sobretudo sobre a morte. Contempla aquilo que viveu e sobre o estado do mundo
atual, apresentando uma perspectiva mais filosófica e vivida, recorrendo muitas vezes a
poemas. Um bom exemplo foi um poema que fez em homenagem a todos os animais na
terra, principalmente os de companhia pois na sua sensibilidade descobriu que estes são
insubstituíveis. eis um excerto: (ver página 146).
Já no final da vida recebeu homenagens de vários cantores do plano brasileiro, tendo sido
uma das mais vistas na altura a da cantora Luísa Sonza. Luísa no programa “Altas horas”
na rede nacional brasileira, TV Globo, cantou uma das mais conhecidas músicas de Rita
Lee “Amor e Sexo” um mês antes da morte da lenda. Marcada por Rita, mesmo após a sua
morte, Luísa dedicou uma música à cantora no seu novo álbum “Escândalo Intimo” onde
utiliza o refrão da música “Lança Perfume” e no final um excerto de uma entrevista onde a
artista mostra mais uma vez a sua personalidade forte, livre e revolucionária.
A dia 8 de Maio deste ano é anunciada a morte da cantora, com apenas 75 anos. o seu
funeral contou com a presença de várias personalidades mediáticas e até mesmo com uma
mensagem do próprio atual presidente brasileiro Lula da Silva.
A vida de Rita Lee Jones foi inesquecível e devemos lembrá-la não como “Rainha do Rock”
já que nas suas palavras era “meio cafona” mas sim como “Padroeira da Liberdade”.

Porque escolhi esta obra?


Rita Lee teve um impacto essencial na história da música brasileira, e eu apreciando
artistas brasileiros não podia deixar de estudar a impulsionadora de todo um novo
movimento musical. Rita Lee também é um símbolo de perseverança, anti-fascista, de
força, firmeza, libertação e emancipação feminina, tornando-a assim eterna.

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