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GESTÃO EM

FISIOTERAPIA
Planejamento e
gestão da carreira
para fisioterapeutas
Talita Guerreiro Rodrigues Húngaro

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Caracterizar uma típica carreira profissional na fisioterapia.


> Elaborar um plano de carreira considerando as visões pessoal e profissional.
> Identificar o papel da educação continuada na carreira de fisioterapeuta.

Introdução
O fisioterapeuta é um profissional amplamente capacitado para atuar na pre-
venção, na proteção, na promoção, na reabilitação e na recuperação da saúde.
No âmbito da atuação profissional, as possibilidades de carreira são diversas.
É possível se especializar em sistemas e grupos populacionais específicos ou ainda
optar por uma formação mais ampla com foco, por exemplo, em gerenciamento e
empreendedorismo. Independentemente dos caminhos desejados, o planejamento
e a gestão da carreira são essenciais para que fisioterapeutas atinjam os objetivos
profissionais de curto a longo prazo.
Neste capítulo, você vai estudar as principais carreiras profissionais do fi-
sioterapeuta e entender a importância de um planejamento profissional que
englobe suas características e seus gostos pessoais e profissionais. Além disso,
você vai compreender o papel fundamental da educação continuada na formação
de profissionais capazes de atender às demandas sociais e se qualificar para as
exigências do mercado de trabalho.
2 Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas

Fisioterapia: carreira profissional e


suas possibilidades
A fisioterapia, uma ciência amplamente conhecida por sua atuação na promo-
ção da saúde, previne e reabilita distúrbios e disfunções em todos os sistemas
humanos, independentemente da origem ou do grau de acometimento. Além
disso, cada vez mais o fisioterapeuta assume cargos de gestão, seja na saúde
pública ou privada, atuando na administração de clínicas, hospitais e empresas
de saúde, entre outros.
Pela possibilidade ampla de trabalho, as especialidades são divididas de
acordo com os sistemas corporais e as características do paciente e/ou do
atendimento. Durante a graduação em fisioterapia, o estudante entra em
contato com diversos cenários e se vê na possiblidade de atuar com foco em
sistemas específicos (p. ex.: musculoesquelético, cardíaco), grupos especiais
(p. ex.: saúde da mulher, gerontologia) ou ainda utilizando recursos especia-
lizados (p. ex.: acupuntura, quiropraxia).
Essa abrangência na atuação do fisioterapeuta amplia as opções de car-
reira. O Quadro 1 apresenta as especialidades reconhecidas pelo Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) e que estão entre as
principais carreiras escolhidas por fisioterapeutas.

Quadro 1. Especialidades profissionais reconhecidas pelo Coffito, com suas res-


pectivas resoluções e artigo de definição geral da atuação, quando existente

Fisioterapia em acupuntura

Resolução nº 60, de 22 de junho de 1985: dispõe sobre a prática da acupuntura


pelo fisioterapeuta.
Art. 1º. No exercício de suas atividades profissionais, o Fisioterapeuta poderá
aplicar, complementarmente, os princípios, métodos e técnicas da acupuntura
desde que apresente, ao respectivo Crefito, título, diploma ou certificado de
conclusão de curso específico patrocinado por entidade de acupuntura de
reconhecida idoneidade científica, ou por universidade.

Fisioterapia aquática

Resolução nº 443, de 3 de setembro de 2014: disciplina a especialidade


profissional de fisioterapia aquática e dá outras providências.
Art. 1º [...] Parágrafo único. Para todos os efeitos, considera-se como Fisiote-
rapia Aquática a utilização da água nos diversos ambientes e contextos, em
quaisquer dos seus estados físicos, para fins de atuação do fisioterapeuta
no âmbito da hidroterapia, hidrocinesioterapia, balneoterapia, crenoterapia,
cromoterapia, termalismo, duchas, compressas, vaporização/inalação, crio-
terapia e talassoterapia.

(Continua)
Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas 3

(Continuação)

Fisioterapia cardiovascular

Resolução nº 454, de 25 de abril de 2015: disciplina a especialidade profissional


de fisioterapia cardiovascular.
Art. 1º Reconhecer e disciplinar a atuação do Fisioterapeuta Cardiovascular,
que se caracteriza pelo exercício profissional em todos os níveis de atenção
à saúde, em todas as fases do desenvolvimento ontogênico, e nos diversos
grupos populacionais e atenção aos que necessitam do enfoque de promo-
ção, prevenção, proteção, educação, intervenção terapêutica e recuperação
funcional de indivíduos com doenças cardíacas e vasculares periféricas e
síndrome metabólica, nos seguintes ambientes, independentemente da sua
natureza administrativa:
I – hospitalar;
II – ambulatorial (clínicas, consultórios, unidades básicas de saúde);
III – domiciliar.

Fisioterapia dermatofuncional

Resolução nº 362, de 20 de maio de 2009: reconhece a fisioterapia


dermatofuncional como especialidade do profissional fisioterapeuta,
“considerando a necessidade de prover, por meio de uma assistência
profissional adequada e específica, as exigências clínico-cinesiológico-
funcionais dos indivíduos com alterações nas funções da pele e estruturas
relacionadas”.

Fisioterapia esportiva

Resolução nº 337, de 8 de novembro de 2007: reconhece e disciplina a


especialidade de fisioterapia esportiva.
Art. 2º [...] § 1º A Atuação do Fisioterapeuta na Especialidade em Fisioterapia Es-
portiva se caracteriza pelo exercício profissional desde a promoção de atenção
básica direta à saúde do paciente por meio do diagnóstico cinético-funcional
bem como a eleição e execução de métodos fisioterapêuticos pertinentes a
este, observando [...] aspectos relacionados à prática esportiva [...].

Fisioterapia em gerontologia

Resolução nº 476, de 20 de dezembro de 2016: reconhece e regulamenta


a atividade do fisioterapeuta no exercício da especialidade profissional
de fisioterapia em gerontologia. No art. 3º, dá-se ênfase à atuação
do fisioterapeuta, visando à capacidade funcional, à autonomia e à
independência das pessoas em processo de envelhecimento.
(Continua)
4 Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas

(Continuação)

Fisioterapia do trabalho

Resolução nº 465, de 20 de maio de 2016: regulamenta a atividade do


fisioterapeuta no exercício da especialidade profissional em fisioterapia do
trabalho. No art. 3º, dá-se ênfase à atuação do fisioterapeuta na avaliação e
no diagnóstico cinésiológico-funcional, por meio da consulta fisioterapêutica
(solicitando e realizando interconsulta e encaminhamento), para exames
ocupacionais complementares, reabilitação profissional, perícia judicial e
extrajudicial, além dos aspectos de ergonomia e higiene ocupacional.

Fisioterapia neurofuncional

Resolução nº. 189, de 9 de dezembro de 1998: “Art. 1º – Fica reconhecida a


Fisioterapia Neurofuncional como uma especialidade própria e exclusiva do
Fisioterapeuta”.

Fisioterapia oncofuncional

Resolução nº 364, de 20 de maio de 2009: reconhece a fisioterapia


oncofuncional como especialidade do profissional fisioterapeuta,
“considerando a necessidade de prover, por meio de uma assistência
profissional adequada e específica, as exigências clínico-cinesiológico-
funcionais dos indivíduos portadores de débitos funcionais, decorrentes de
doenças oncológicas”.

Fisioterapia respiratória

Resolução nº 318, de 30 de agosto de 2006: “Art. 1º – Designa pela


nomenclatura Fisioterapia Respiratória a especialidade própria e exclusiva
do profissional fisioterapeuta, em seu campo de atuação, anteriormente
designada Fisioterapia Pneumofuncional”.

Fisioterapia traumato-ortopédica

Resolução nº 260, de 11 de fevereiro de 2009: “Art. 1º – Fica reconhecida a


Fisioterapia Traumato-Ortopédica Funcional como uma especialidade própria e
exclusiva do Fisioterapeuta”.

Fisioterapia em osteopatia

Resolução nº 398, de 3 de agosto de 2011: reconhece a atividade do


fisioterapeuta no exercício da especialidade profissional em osteopatia.
No art. 3º, dá-se ênfase à atuação do fisioterapeuta na avaliação e no
diagnóstico cinésiológico-funcional dos órgãos e sistemas, em especial o
músculo esquelético, e na identificação de alterações da mobilidade visceral,
de tensões das fáscias cranianas e das cavidades internas do corpo humano,
além do domínio das grandes áreas de competência fisioterapêuticas.
(Continua)
Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas 5

(Continuação)

Fisioterapia em quiropraxia

Resolução nº 398, de 3 de agosto de 2011: reconhece a atividade do


fisioterapeuta no exercício da especialidade profissional em quiropraxia.
No art. 3º, dá-se ênfase à atuação do fisioterapeuta na avaliação e no
diagnóstico cinésiológico-funcional dos órgãos, no domínio das grandes
áreas de competências fisioterapêuticas, além de avaliação, planejamento e
prescrição do tratamento fisioterapêutico quiropráxico.

Fisioterapia em saúde da mulher

Resolução nº 372, de 6 de novembro de 2009: reconhece a fisioterapia na


saúde da mulher como especialidade própria e exclusiva do profissional
fisioterapeuta.

Fisioterapia em terapia intensiva

Resolução nº 402, de 3 de agosto de 2011: reconhece e disciplina a atividade


do fisioterapeuta no exercício da especialidade profissional fisioterapia em
terapia intensiva. O art. 3º estabelece que, para o exercício da especialidade
profissional de fisioterapia em terapia intensiva, é necessário o domínio das
grandes áreas de competência: realizar consulta fisioterapêutica, anamnese,
solicitar e realizar interconsulta e encaminhamento; realizar avaliação física
e cinesiofuncional específica do paciente crítico ou potencialmente crítico;
realizar avaliação e monitorização da via aérea natural e artificial do paciente
crítico ou potencialmente crítico; entre outras.

Fonte: Adaptado de Brasil ([2021?]).

Em todas as especialidades possíveis para a carreira do fisioterapeuta,


as ações profissionais são sempre fundamentadas nas ciências biológicas,
morfológicas, fisiológicas e cinesioterapêuticas, nas condições sociais e nas
características comportamentais de cada indivíduo. Além disso, assim como
ocorre nas especialidades voltadas à saúde da mulher ou do idoso, dentro das
demais especialidades, é possível direcionar o atendimento a grupos especiais,
como ocorre, por exemplo, na terapia intensiva direcionada à neonatologia e
pediatria e na fisioterapia neurofuncional em crianças e adolescentes.
A carreira do fisioterapeuta pode se dar no âmbito público ou privado,
sendo possível atuar como empreendedor e proprietário do próprio consul-
tório ou afim, e também em carreira pública, por meio de concursos gerais
ou de especialidades fisioterapêuticas específicas. Além das opções mais
tradicionais, a carreira militar é outra opção para o fisioterapeuta. Atualmente,
nas Forças Armadas, apenas os profissionais de saúde médicos, veterinários,
6 Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas

dentistas e farmacêuticos são considerados profissionais de carreira militar,


porém outros especialistas da área da saúde podem ser contratados de forma
temporária — entre eles, o fisioterapeuta. Já no corpo de saúde da Marinha
e da Aeronáutica, o fisioterapeuta pode ser contratado como parte fixa do
quadro de profissionais no apoio à saúde.
Embora não seja uma especialização particular da fisioterapia e, portanto,
não faça parte das especialidades relacionadas pelo Conselho Regional de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito), cada vez mais os cursos de pós-
-graduação na área de gestão em saúde são cursados por fisioterapeutas.
Com o crescimento do setor de saúde no Brasil, surgiu uma nova demanda
por gestores de saúde com capacidade para desenvolver ações gerenciais
e de administração de recursos financeiros e humanos, além de apresentar
uma visão global prática e multidisciplinar.
Como se pode perceber, a carreira do fisioterapeuta apresenta diversos
caminhos, permitindo que cada profissional faça uma análise particular de
suas competências, suas habilidades e seus gostos individuais para, a partir
daí, definir as melhores estratégias que permitam alcançar seus objetivos
profissionais. Esteja sempre atento às opções de carreira para o fisioterapeuta
e amplie as suas possibilidades.

Para mais informações sobre as Forças Armadas do Brasil e a fisio-


terapia, acesse os sites do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Plano de carreira: visões pessoal e


profissional
Ao planejar uma carreira profissional, o trabalhador se depara com questões
e reflexões necessárias para nortear os seus planos para o futuro. Um plane-
jamento profissional pode ser desenvolvido tanto para guiar o caminho que
um indivíduo planeja para si próprio quanto para indicar as possibilidades
de carreira para os trabalhadores de uma empresa.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE, 2017), no contexto empresarial, o plano de carreira é um programa
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estruturado que indica o caminho que cada trabalhador percorrerá dentro de


uma organização. Nesse plano de carreira, são determinadas as competências
necessárias para cada posição hierárquica dentro de uma empresa. Nesse
caso, o plano de carreira permite ao trabalhador conhecer as habilidades
necessárias para que ele se desenvolva, indicando cursos e treinamentos,
por exemplo, para que essas habilidades sejam adquiridas.
No caso de um plano de carreira individual, é necessário que o profissional
conheça as suas habilidades e os seus gostos, ou inicie refletindo sobre esses
pontos, para que possa reunir o máximo de suas potencialidades dentro
da área que mais o satisfaz (GOLD, 2019). Para a elaboração desse plano de
carreira, o fisioterapeuta deve traçar objetivos e elaborar metas e prazos
para atingi-los.
Por exemplo, vamos imaginar que você vai se graduar em fisioterapia no
final deste ano e quer iniciar o seu planejamento profissional. Nesse caso, é
interessante elaborar e responder algumas perguntas para si próprio:

„ Em qual área desejo trabalhar?


„ Tenho interesse em alguma população em especial?
„ Em quais recursos da fisioterapia desejo ter maior domínio?
„ Em 10 anos, vejo-me trabalhando em hospitais, clínicas, consultórios
ou estúdios?
„ Desejo ter meu próprio empreendimento?
„ Quais são as competências que preciso desenvolver para ter o retorno
financeiro que desejo?

Ao responder a essas questões, você será capaz de direcionar as suas


ações e elaborar metas. Você poderá se candidatar a vagas de emprego na
área específica que deseja atuar ou ainda buscar por especializações que
ajudem a ampliar conhecimentos e desenvolver as habilidades necessárias
para ocupar os cargos que almeja.
O estabelecimento de metas é um dos passos importantes no planeja-
mento da carreira (GOLD, 2019). Essas metas podem ser definidas a partir de
afirmações como: “quero trabalhar com fisioterapia dermatofuncional e foco
em drenagem linfática manual”; “quero trabalhar com fisioterapia aquática em
pacientes portadores da síndrome de Down”; ou ainda “quero trabalhar com
fisioterapia traumato-ortopédica e ter especialização em técnicas posturais”.
8 Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas

Juntamente com os aspectos técnicos da carreira que deseja seguir,


é importante identificar as suas potencialidades. Isso pode ser feito a partir
das seguintes questões:

„ Quais são as características mais evidentes da minha personalidade?


„ Quais são as situações mais desconfortáveis para mim ou aquelas em
que apresento maior dificuldade?
„ Tenho facilidade para trabalhar em equipe? Qual é a minha maior di-
ficuldade nesse sentido?
„ Sou um profissional dinâmico e colaborativo?
„ Tenho facilidade para falar em público?
„ Prefiro atendimentos individuais e ambientes silenciosos? Como me
comporto em atendimentos em grupo e em situações que exigem
liderança?

O mapeamento das nossas aptidões, competências e habilidades, bem


como dos pontos em que apresentamos maiores dificuldades, é importante
tanto para que saibamos utilizar os pontos fortes como fator norteador de
um plano de carreira quanto para investirmos em aprimorar nossas carac-
terísticas de menor habilidade, se estas forem necessárias para alcançar
nossos objetivos. Se você deseja se tornar professor de ensino superior em
cursos de fisioterapia, mas identifica que é tímido e sente desconforto ao
falar em público, poderá estabelecer metas que incluam cursos de oratória e
dinâmicas de grupo, atividades que contribuirão para a excelência das suas
habilidades ao longo de todo o processo de formação.
Após todas essas reflexões, você poderá organizar suas anotações e elabo-
rar metas claras, classificando-as como realizáveis em curto, médio ou longo
prazo. Esses prazos devem ser definidos por você, com base na análise das
suas metas particulares e da realidade na qual você está inserido. O Quadro
2 apresenta um modelo que pode ser utilizado como guia na elaboração das
metas e dos prazos para o seu plano de carreira.
Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas 9

Quadro 2. Exemplo para o estabelecimento de metas e prazos em um plano


de carreira individual

Classificação
Prazo para execução Exemplos de metas
das metas

Primeiro você deve definir „ Iniciar o trabalho na área que


o que considera um desejo — por exemplo, me
prazo curto e adequado candidatar para vagas em
à sua realidade e de clínicas especializadas em
Metas de acordo com as metas que fisioterapia neurofuncional.
curto prazo estipulou. Por exemplo: „ Inscrever-me em um
metas de curto prazo treinamento profissional
serão aquelas realizáveis com técnicas específicas
em até 6 meses. — por exemplo, curso de
pilates.

Exemplo de prazo: „ Concluir pelo menos 1 ano de


de 1 a 2 anos. experiência na área em que
Metas de desejo seguir carreira.
médio prazo „ Finalizar uma pós-graduação
para me especializar na área
em que almejo atuar.

Exemplo de prazo: mais „ Atuar como fisioterapeuta


de 2 anos, ou de 5 a 10 especialista em meu próprio
anos. O importante é consultório.
Metas de
organizar os prazos de „ Iniciar um curso de mestrado.
longo prazo
acordo com as metas que „ Atuar como professor
estabeleceu e trabalhar especialista em cursos de
para cumpri-las. formação e treinamentos.

Neste item, você pode „ Ser diretor de uma clínica


incluir desejos — mesmo conceituada.
Metas para que não pareçam „ Atuar como professor titular
alcançáveis no momento, em um curso de graduação
o futuro —
mas que fazem parte de em fisioterapia.
prazos mais
um sonho de carreira e „ Abrir minha própria clínica
distantes que contribuirão para de fisioterapia e empregar
sua motivação durante a outros profissionais
formação profissional. fisioterapeutas.
10 Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas

Ao refletir sobre os nossos desejos e estabelecer metas e prazos para


alcançar nossos objetivos, devemos ser claros e realistas, principalmente
quanto às metas classificadas como de curto e médio prazo. Especialmente
nesse caso, a avaliação dos custos necessários para cada etapa é um fator
importante para reflexão. Isso pode ser feito por meio das seguintes questões:

„ Qual é o valor mensal da pós-graduação que desejo cursar?


„ Quais são as possibilidades de pagamento?
„ É possível pleitear descontos?
„ Consigo utilizar algum programa de incentivo do governo?
„ Quanto devo poupar por mês para custear os gastos?

Incluir o planejamento financeiro em sua planilha de metas e até mesmo


programar cursos para gerenciamento dos seus recursos financeiros pode
ser interessante e contribuir ainda mais para sua capacitação profissional.
Considerando o plano de carreiras, além dos métodos individuais de
planejamento profissional, foram desenvolvidas outras especializações pro-
fissionais, e foram elaboradas estratégias para auxiliar a construção de uma
carreira. Profissionais com formação em psicologia podem atuar especifica-
mente em análise de vocações profissionais, contribuindo para a identificação
de habilidades. Há também os coaches e mentors, que se utilizam de técnicas
e metodologias específicas e atuam como mentores, auxiliando profissionais
de diversas áreas a elaborar planejamentos e atingir suas metas de carreira
(SOUZA; LESSA, 2019).
A demanda por profissionais capazes de resolver problemas e que sejam
dinâmicos e cientes de suas potencialidades está sempre em alta. Para dominar
sua área de trabalho e se manter atualizado, estabeleça metas e prazos, mas
se lembre especialmente da ação: dê os passos necessários para que as metas
de curto prazo sejam cumpridas. Cumprir as metas propostas é fundamental
para o sucesso do plano elaborado e ajuda a manter a motivação necessária
para seguir sua carreira com êxito.

A educação continuada na formação


do fisioterapeuta
A atualização profissional é essencial em todas as áreas de atuação. Cada
vez mais, as evoluções tecnológicas e científicas modificam nossa maneira
de trabalhar e exigem que os profissionais estejam em constante adaptação
Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas 11

e aperfeiçoamento. Educação continuada é o nome que se dá a esse conceito


de aprendizagem, em que o indivíduo busca a qualificação e a excelência de
forma permanente, seja no âmbito pessoal, profissional ou acadêmico.
As áreas da saúde tiveram um grande crescimento nos últimos anos.
As evoluções tecnológicas e as pesquisas científicas, agora muito mais di-
fundidas por meio da internet, aceleraram a evolução e as possibilidades de
abordagens no atendimento: aprendemos a prevenir mais e a tratar melhor.
Se antes a continuidade do aprendizado já era desejada, atualmente é im-
prescindível. Assim, o fisioterapeuta deve se manter em formação durante
toda a sua jornada profissional, incluindo em seu planejamento de carreira
formas de aperfeiçoamento, treinamento e atualização.
A educação a distância é uma realidade em crescimento: cursos de gradu-
ação, pós-graduação, treinamentos, conferências, simpósios, especializações,
formação profissional, workshops, congressos — tudo pode ser encontrado na
modalidade on-line. No ano de 2019, o ensino a distância (EAD) já estava em
ascensão; porém, com a pandemia de covid-19 e seus vários impactos no ano
de 2020, as tecnologias avançaram, e a modalidade EAD se tornou ainda mais
robusta e qualificada. Migramos para o ambiente virtual e pudemos, muitas
vezes, encaixar o aprendizado em nossos horários livres. Para a formação do
fisioterapeuta, o EAD e as inúmeras plataformas de compartilhamento de
informação são meios úteis para estimular o desenvolvimento profissional
e a educação continuada.
Treinamento profissional em grupo é outro formato bastante utilizado
por diversas empresas para garantir a atualização dos seus trabalhadores.
No caso do fisioterapeuta, treinamentos em equipamentos específicos, como
os utilizados nos tratamentos dermatofuncionais, ou em técnicas terapêu-
ticas (RPG, pilates, Bobath, osteopatia, microfisioterapia, etc.) são maneiras
importantes de atualizar o conhecimento profissional já adquirido em es-
pecializações prévias. Outra boa maneira de se manter atualizado em sua
área de trabalho é acompanhar os sites e as redes sociais de órgãos oficiais
e de grandes centros profissionais e se manter em contato com instituições
de formação, faculdades e universidades, que normalmente compartilham
notícias, regulamentações e legislações específicas, assim como os sites do
Coffito e dos Crefitos.
No contexto da educação profissional contínua, foi instituída em 2004,
por meio da Portaria nº 198/GM, de 13 de fevereiro, a Política Nacional de
Educação Permanente em Saúde (PNEPS), como estratégia do Sistema Único
de Saúde (SUS) para formar e desenvolver profissionais. O conceito principal
da educação permanente no âmbito da saúde é a aprendizagem cotidiana e
12 Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas

coletiva, por meio, entre outros, de programas para o fortalecimento das


práticas de educação continuada no serviço público. O objetivo é estimular,
fortalecer, acompanhar e qualificar trabalhadores a partir da realidade local
associada à análise coletiva dos processos de trabalho no SUS (BRASIL, 2004).
Apesar de muitas vezes serem utilizadas com o mesmo intuito, conceitu-
almente pode-se diferenciar educação continuada e educação permanente.
Enquanto a educação continuada é uma prática autônoma do profissional,
com objetivo técnico-científico e foco na qualificação do indivíduo, a educação
permanente tende a se relacionar com práticas institucionalizadas, com foco
maior em resolução de problemas e transformação da prática. A educação
continuada é aquela de domínio do próprio profissional, enquanto a edu-
cação permanente pode ter característica multiprofissional, conectando as
experiências cotidianas de outros profissionais da saúde (FERNANDES, 2016).
De acordo com o Coffito e com as diretrizes curriculares do Ministério
da Educação, a formação do fisioterapeuta deve promover habilidades e
competências específicas — entre elas, a educação permanente. Ou seja,
a continuidade da formação profissional em toda a carreira faz parte das
competências profissionais esperadas de profissionais da saúde, incluindo
o fisioterapeuta (BRASIL, 2002).
É importante ressaltar também que, nos últimos anos, ocorreram mudanças
na grade curricular de formação do fisioterapeuta, além de surgirem novas
especializações regulamentadas e serem feitas alterações nas legislações
nas áreas da saúde e do trabalho. Cabe ao fisioterapeuta se manter atento e
atualizado sobre todas as mudanças pertinentes ao seu exercício profissional.
A fisioterapia é uma área de trabalho rica em possibilidades e permite que
o profissional atue em áreas distintas e adeque suas habilidades e aptidões
ao plano de carreira. Estabelecer metas, agrupá-las conforme as prioridades
e os prazos para execução e elaborar um programa regular e abrangente de
educação continuada possibilitará que você estruture uma carreira sólida, que
atenda a todas as suas demandas individuais e que seja compatível com as
exigências de um mercado cada vez mais em ascensão para o fisioterapeuta.

Para conhecer e refletir um pouco mais sobre o que se tem produzido


para fortalecer a PNEPS no Brasil, consulte a Política na íntegra,
disponível no site da Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde.
Planejamento e gestão da carreira para fisioterapeutas 13

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES
nº 4, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Fisioterapia. Brasília: Ministério da Educação, 2002. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES042002.pdf. Acesso em: 2 out. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 198/GM/MS, de 13 de fevereiro de 2004. Institui
a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema
Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor e
dá outras providências. Brasília: Ministério da Educação, 2004. Disponível em: https://
www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1832.pdf. Acesso em: 2 out. 2021.
BRASIL. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Especialidades reco-
nhecidas pelo COFFITO. Brasília: COFFITO, [2021?]. Disponível em: https://www.coffito.
gov.br/nsite/?page_id=2350. Acesso em: 2 out. 2021.
FERNANDES, R. M. C. Educação permanente e políticas sociais. Campinas: Editora Papel
Social, 2016.
GOLD, M. Gestão de carreira: como ser o protagonista da sua própria história. São
Paulo: Editora Saraiva UNI, 2019.
SEBRAE. Plano de carreira: o que é e como criar. SEBRAE, 14 ago. 2017. Disponível em:
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/plano-de-carreira-o-que-e-
-e-como-criar,66d839f5192ed510VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em: 2 out. 2021.
SOUZA, A. C. A. A.; LESSA, B. S. Coaching e carreira. Porto Alegre: Sagah, 2019.

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