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LESÃO MUSCULAR – PROBLEMA 1

1-Diferenciar as modalidades dos atletas esportivos


Fonte: Educa mais Brasil
Profissional x amador
Existem grandes diferenças entre o esporte profissional e o considerado amador. No Brasil, as normas gerais da prática
desportiva são definidas pela Lei 9.615, de 1998, do Governo Federal, que diferencia o caráter não-formal (lúdico) do
formal (regulado por normas nacionais e internacionais de cada modalidade). São quatro formas de “manifestação”
esportiva: educacional, de participação, de formação e de rendimento.
O esporte de rendimento é praticado e organizado a partir de dois modos: o profissional, caracterizado pela remuneração
definida em contrato formal de trabalho, firmado entre o atleta e a entidade de prática desportiva; e o não profissional,
identificado pela liberdade de prática, sem contrato de trabalho, mas com permissão de incentivos materiais e de
patrocínio. Os benefícios e demais meios de fomento da prática esportiva são definidos pela Lei 11.438, de 2006,
embora existam outras normas federais relativas ao tema.
Um atleta profissional possui um treinamento rígido, metas a serem atingidas e um suporte de médicos, fisiologistas e
treinadores para desempenhar o melhor papel. Enquanto isso, o esporte amador pode até possui uma rotina de treinos e
competições, mas sem a mesma pressão e focando sempre no amor pelas atividades ao invés de focar exclusivamente no
desempenho.
2-Discutir a autonomia do fisioterapeuta esportivo
Fonte: COFFITO
CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL
RESOLUÇÃO Nº. 337, DE 08 DE NOVEMBRO DE 2007.
(DOU nº. 21, Seção 1, em 30/01/2008, página 184)
Reconhece a Especialidade de Fisioterapia Esportiva e dá outras providências.
O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO, no exercício de suas atribuições
legais e regimentais e cumprindo o deliberado em sua 164ª Reunião Ordinária, realizada nos dias de 07 e 08 novembro
de 2007, em sua sede, situada na SRTVS, Quadra 701, Conj. L, Ed. Assis Chateaubriand, Bloco II, Sala 602, Brasília –
DF, na conformidade com a competência prevista nos incisos II, III e XII do Art. 5º, da Lei nº. 6.316, de 17.12.1975,
Considerando os termos da Resolução COFFITO n.º 336, de 08/11/2007;
Considerando a evolução acadêmica, científica e social da Fisioterapia, exigente de aprofundamento de conhecimentos
em áreas específicas da assistência fisioterapêutica, dotando os Fisioterapeutas de especificidades acadêmicas e
científicas que os qualifiquem com maiores graus de complexidade, para assim promover assistência às demandas da
saúde funcional com maior propriedade e resolutividade;
Considerando a importância do esporte para a saúde, bem como a manutenção da saúde funcional do indivíduo para a
prática esportiva;
Considerando a atividade física voltada para a promoção, o restabelecimento e/ou manutenção do estado de saúde, para
a prática esportiva amadora e profissional e para o lazer como área de atuação do Fisioterapeuta, amplamente estudada e
reconhecida;
Considerando a organização sócio-cultural da área de atuação, a realização de eventos nacionais e internacionais, a vasta
produção científica, bem como a crescente demanda social para a intervenção desta área de atuação;
Considerando os encaminhamentos da Carta de Londrina, produzida durante o I Fórum Nacional dos Docentes da
Fisioterapia Esportiva realizado em Londrina-PR, no mês de novembro de 2005, que sugeriu diretrizes para
normatização do ensino de pós-graduação referentes à área de Fisioterapia Esportiva;
Considerando os encaminhamentos do II Fórum Nacional de Políticas Profissionais de Fisioterapia e da Terapia
Ocupacional realizado em Belo Horizonte – MG, no mês de novembro de 2006, que sugeriu ao COFFITO, mediante
instrumento normativo e critérios pré-estabelecidos, promover o reconhecimento das novas Especialidades Profissionais,
observando-se os critérios do perfil e competências dos especialistas, produção científica, demanda social, mercado de
trabalho, autonomia profissional, associação científica organizada, curso reconhecido pelo COFFITO e pela associação
científica da área e/ou comprovante do cumprimento de critérios estabelecidos pela entidade representativa da
especialidade.
RESOLVE:
Art. 1º – Reconhecer a Especialidade Fisioterapia Esportiva como própria e de exercício exclusivo por Fisioterapeutas
que assim forem distinguidos, na forma da Resolução COFFITO nº. 336, de 08/11/2007.
Art. 2º – Os Registros dos Títulos de Especialista em Fisioterapia Esportiva serão promovidos pelo COFFITO em
obediência aos requisitos estabelecidos na Resolução COFFITO nº. 336, de 08/11/2007, e também pelo convênio que a
Autarquia Federal celebrar com associação de caráter nacional na área de Fisioterapia Esportiva.
§ 1º. – A Atuação do Fisioterapeuta na Especialidade em Fisioterapia Esportiva se caracteriza pelo exercício profissional
desde a promoção de atenção básica direta à saúde do paciente por meio do diagnóstico cinético-funcional bem como a
eleição e execução de métodos fisioterapêuticos pertinentes a este, observando os seguintes aspectos relacionados à
prática esportiva:
I – Atividade física no contexto da saúde, do esporte e do lazer;
II – Exercício físico e condicionamento físico dentro do processo da recuperação funcional, seguindo os critérios de
retorno à prática esportiva;
III – Relação do esporte e atividade física no contexto da saúde coletiva e da prevenção das lesões;
IV – Fisiologia do exercício, propriedades biomecânicas do tecido músculo-esquelético e características biomecânicas
das lesões esportivas;
V – Fatores predisponentes (extrínsecos e intrínsecos) relacionados com as modalidades esportivas;
VI – Fatores epidemiológicos e predisponentes à ação da assistência fisioterapêutica especializada na área;
VII – Contextualização dos diferentes níveis de complexidade de atenção à saúde e das políticas públicas de saúde, com
enfoque especial para a Atenção Básica garantindo a promoção da saúde de atletas profissionais, praticantes de
atividades esportivas, incluindo aqueles com deficiência ou necessidades especiais, bem como a prevenção de lesões e a
recuperação funcional em casos de comprometimentos;
§ 2º. Os critérios para a obtenção do Título de Especialista são os disciplinados pela na Resolução COFFITO nº. 336, de
08/11/2007, e também pelo convênio que a Autarquia Federal celebrar com associação de caráter nacional na área de
Fisioterapia Esportiva.
Art. 3º – Os casos omissos serão deliberados pelo Plenário do COFFITO.
Art. 4º – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
3-Classificar as lesões musculares (sinais/sintomas - equimose, claudicação, dor em fisgada, mecanismos de lesão).
Fonte:
- As lesões musculares dos membros inferiores são frequentes em esportes que envolvem ações explosivas, como
corrida em alta velocidade, saltos, mudança de direção e chutes.
MECANISMOS DE LESÃO
- A causa da lesão muscular pode ser considerada indireta ou direta:
Indireta: Pode ser de causa funcional, por sobrecarga mecânica ou lesão neurológica, ou estrutural, que ocorre quando
há ruptura muscular parcial ou completa, como a lesão em concentração excêntrica.
Direta: A lesão direta ocorre no local de contato, o que pode causar uma laceração ou contusão. Mais de 90% de todas
as lesões relacionadas ao esporte são contusões ou estiramentos. As lacerações musculares são as lesões menos
frequentes no esporte.
- A força tênsil exercida sobre o músculo leva a um estiramento excessivo das miofibrilas e, consequentemente, a uma
ruptura próxima à junção miotendínea. Os alongamentos musculares são tipicamente observados nos músculos
superficiais que trabalham cruzando duas articulações, como os músculos recorrentes femoral, semitendíneo e
gastrocnêmio.
- Os isquiotibiais, por exemplo, mostram aumento da tensão muscular à medida que o quadril e o joelho se estendem,
seja no início de um sprint ou de um chute, em um mecanismo clássico de lesão muscular por contração excêntrica de
um músculo biarticulado.
CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO
- A classificação da lesão muscular em 3 níveis ainda é bem conhecida e utilizada. Geralmente é baseado em achados
clínicos relacionados à extensão da ruptura do tecido muscular:
GRAU I - Estiramentos e contusões leves: Representam uma lesão de apenas algumas fibras musculares com pequeno
edema e desconforto, acompanhados de nenhuma ou mínima perda de força e restrição de movimento. Não é possível
palpar nenhum defeito muscular durante a contração muscular.
Embora a dor não cause incapacidade funcional significativa, a manutenção do atleta em atividade não é recomendada
devido ao alto risco de aumento da extensão da lesão.
GRAU II - Alongamentos e hematomas moderados: Causam maiores danos ao músculo, com evidente perda de
função (capacidade de contração). É possível palpar um pequeno defeito muscular, ou gap, no local da lesão, e um leve
hematoma local com eventual equimose ocorre em 2 a 3 dias. A evolução para cicatrização geralmente dura de 2 a 3
semanas e, em aproximadamente 1 mês, o paciente pode retornar à atividade física de forma lenta e cuidadosa.
GRAU III - Estiramento ou contusão grave: Uma lesão que se estende por toda a sessão transversal do músculo e
resulta em perda virtualmente completa da função muscular e dor intensa. A falha na estrutura muscular é evidente, e a
equimose costuma ser extensa, muitas vezes distante do local da ruptura. Este tipo de lesão requer reabilitação intensa e
por longos períodos de até 3 a 4 meses. O paciente pode permanecer com algum grau de dor por meses após a ocorrência
e tratamento da lesão.
FISIOPATOLOGIA
- A cicatrização do músculo esquelético segue uma ordem constante, sem grandes alterações dependendo da causa
(contusão, estiramento ou laceração):
Fase 1 : Destruição – caracterizada pela ruptura e posterior necrose das miofibrilas, pela formação de hematoma no
espaço formado entre o músculo rompido e pela proliferação de células inflamatórias.
Fase 2 : Reparo e remodelação – consiste na fagocitose do tecido necrótico, na regeneração das miofibrilas e na
produção concomitante de tecido conjuntivo cicatricial, neoformação vascular e crescimento neural.
Fase 3 : Remodelação – período de maturação das miofibrilas regeneradas, contração e reorganização do tecido
cicatricial e recuperação da capacidade funcional muscular.
- Como as miofibrilas são fusiformes e muito longas, existe o risco iminente de que a necrose iniciada no local da lesão
se estenda por toda a extensão da fibra. No entanto, existe uma estrutura específica, chamada de banda de contração, que
é uma condensação do material do citoesqueleto que atua como um “sistema antifogo”.
- Uma vez que a fase de destruição diminui, o reparo atual da lesão muscular inicia-se com dois processos simultâneos e
competitivos: a regeneração da via miofibrilar e a formação do tecido conjuntivo cicatricial. Uma progressão equilibrada
desses processos é um pré-requisito para a recuperação ideal da função muscular contrátil.
-Embora as miofibrilas sejam geralmente consideradas não líticas, a capacidade regenerativa do músculo esquelético é
garantida por um mecanismo intrínseco que restaura o trato contrátil lesado.
Durante o desenvolvimento embrionário, uma reserva de células indiferenciadas chamadas células satélites é
armazenada abaixo da lâmina basal de cada miofibrila. Em resposta à lesão, essas células primeiro proliferam, depois se
diferenciam em miofibrilas e finalmente se unem para formar miobríbulos multinucleados.
- Com o tempo, a cicatriz formada diminui de tamanho, levando as bordas da lesão a uma maior aderência entre si. No
entanto, não se sabe se a transecção das miofibrilas dos lados opostos da cicatriz se fundirá definitivamente ou se
formará um septo de tecido conjuntivo entre elas.
- Imediatamente após a lesão muscular, o intervalo formado entre a ruptura das fibras musculares é preenchido por
hematoma. A partir do 1º dia, as células inflamatórias, incluindo os fagócitos, invadem o hematoma e começam a
organizar o coágulo.
- A fibrina e a fibronectina derivadas do sangue se intercalam para formar o tecido de granulação, um quadro inicial e
ancoragem do local para os fibroblastos recrutados. Mais importante ainda, esse novo tecido formado fornece a
propriedade de tensão inicial para resistir às contrações aplicadas contra ele.
- Aproximadamente 10 dias após o trauma, a maturação da cicatriz atinge um ponto em que ela deixa de ser o local mais
frágil da lesão muscular. Embora a maioria das lesões do músculo esquelético cure sem a formação de tecido cicatricial
fibroso incapacitante, a proliferação de fibroblastos pode ser excessiva, resultando na formação de tecido cicatricial
denso dentro da lesão muscular.
- Um processo vital para a regeneração do músculo lesionado é a área de vascularização. A restauração do suprimento
vascular é o primeiro sinal de regeneração e é um pré-requisito para as recuperações morfológicas e funcionais
subsequentes.
DIAGNÓSTICO
- O diagnóstico de uma lesão muscular inicia-se com uma história criteriosa da ocorrência do trauma, seguida de exame
clínico que consiste na inspeção e palpação dos músculos envolvidos, bem como teste da função dos músculos
lesionados sem e com resistência externa.
- O diagnóstico é fácil quando uma história típica de contusão ou distensão muscular é acompanhada por evidência
objetiva de edema e/ou equimose distal à lesão.
- Hematomas pequenos e profundos no ventre muscular podem ser mais difíceis de diagnosticar clinicamente, mas as
modalidades de imagem (ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética) fornecem meios úteis
para verificar e determinar com mais precisão a lesão.
EXAMES COMPLEMENTARES
- USG
A ultrassonografia é tradicionalmente considerada o método de escolha para avaliação inicial da lesão muscular. É um
método de imagem relativamente barato e de fácil acesso. É possível avaliar dinamicamente a contração e ruptura
muscular.
Renoux et al. demonstraram correlação entre a gravidade da lesão muscular aguda avaliada pela US com o tempo de
retorno às atividades esportivas. Esse exame apresenta a desvantagem de ser examinador-dependente, ter campo de
visão limitado e sensibilidade reduzida para avaliação morfológica.
Dependendo do tipo e extensão da lesão, a imagem de US pode fornecer informações úteis sobre a cicatrização
muscular. Na lesão muscular de baixo grau (grau 1) o processo reparativo aparece como um aumento da ecogenicidade
da área da lesão, com redução progressiva de sua extensão.
Lesões de grau superior são caracterizadas pela formação de um hematoma. Durante o processo reparativo, o hematoma
sofre liquefação resultando hipoecoico, com reabsorção progressiva e redução de sua extensão. As margens da lesão
serão hiperecogênicas e material ecogênico no interior da lesão, representando a deposição de tecido cicatricial.
O local de formação da cicatriz deve ser devidamente avaliado, principalmente em caso de persistência de sintomas
anormais. Esta área possui um maior componente de colágeno e menor elasticidade do que o tecido muscular normal,
representando um local de maior risco para lesões recorrentes. Além disso, uma avaliação dinâmica do US durante a
contração concêntrica do músculo afetado é útil para a identificação adequada das margens da lesão e a persistência da
ruptura das fibras ao longo do tempo de cicatrização.
Poucos estudos avaliaram o valor prognóstico da US em lesões musculares relacionadas ao esporte. Um estudo
longitudinal de lesões agudas dos isquiotibiais avaliada por ressonância magnética e US, examinou a correlação entre os
achados diagnósticos e o tempo de recuperação dos jogadores (ou seja, RTP). Os autores verificaram que a extensão da
lesão, definida como área de secção transversal, e a presença de hematoma intramuscular, avaliada pela US, estão
significativamente correlacionadas com o tempo de RTP prolongado.
Por outro lado, outro estudo que investigou o valor prognóstico da US na lesão dos isquiotibiais em jogadores de futebol
não encontrou associação entre os achados da US, incluindo o tamanho da área da lesão e o tempo de RTP.

- RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
É o método de avaliação de imagem utilizado por muitos autores para definir a classificação da lesão muscular.
A capacidade de diferenciar rupturas e edemas e realizar o cálculo do tamanho do hematoma mostrou-se útil para
orientar o tempo de retorno e o risco de re-lesão em atletas. Em lesões crônicas, tem a capacidade de mostrar sinais de
cicatrização tecidual e degeneração gordurosa. Técnicas avançadas de RM permitem a avaliação da microestrutura e
composição muscular.
APRESENTAÇÃO CLÍNICA

- O grupo muscular adutor atua em conjunto com os músculos abdominais inferiores para estabilizar a pelve durante as
atividades que envolvem os membros inferiores. Atletas que participam de atividades que exigem chutes repetitivos,
partidas ou mudanças frequentes de direção apresentam maior incidência de dor crônica na topografia dos adutores.
- Há evidências de que atletas com desequilíbrio entre a musculatura adutora e a parede abdominal são mais propensos a
adquirir pubalgia durante a temporada. Fraqueza dos músculos adutores e diminuição da amplitude de movimento do
quadril também estão relacionados à pubalgia.
- Os pacientes geralmente apresentam dor na região da virilha ou dor medial na coxa e podem ou não relatar um fator
desencadeante. Ao exame físico, apresenta-se dor à palpação com edema focal ao longo dos músculos adutores e
diminuição da força muscular e dor no exercício resistido de adução do quadril.
- Os pacientes podem retomar o esporte após retornar ao padrão anterior de fortalecimento e amplitude de movimento do
quadril e resolução da dor. Devido à predisposição da lesão adutora ser causada pelo desequilíbrio muscular, deve-se
atentar para o fortalecimento da musculatura para evitar novas lesões.

4. Descrever o tempo médio de prognóstico da recuperação em uma lesão muscular.


Fonte:
Quanto tempo demora o tratamento Lesões de estiramento muscular,
Grau 1: demora cerca de 2 semanas para curar,
Grau 2: demora cerca de 8 a 10 semanas para curar;
Grau 3: podem demorar até 6 meses a 1 ano para curar.
5. Identificar o tratamento fisioterapêutico preventivo e pós lesão muscular.
TRATAMENTO (pós)
-Gravidade, local, tecido e recidiva são características importantes a serem consideradas quando uma lesão muscular é
diagnosticada.
-Portanto, o tipo e a localização das lesões musculares podem influenciar as estratégias de recuperação e os exercícios
propostos devem respeitar os princípios de especificidade, progressão e individualização, respeitando a sintomatologia
dolorosa.
-Embora a reabilitação seja subdividida em um número definido de etapas, a duração de cada uma é diferente, e a
progressão não é baseada no tempo, mas em critérios clínicos, funcionais e de imagem. Portanto, a duração de cada fase
é consistente com a dinâmica dos processos de cicatrização que ocorrem no tecido muscular e com a gravidade da lesão.
Cada etapa desse processo tem uma duração personalizada de acordo com os critérios clínicos e de imagem necessários
para passar de uma fase para outra.
-Proposta de protocolo de reabilitação em três fases, com base nas recomendações do ISMuLT (Italian Society of
Muscles, Ligaments and Tendons) e da conferência de consenso italiana:
FASE 0 (0-72h após a lesão)
A ultrassonografia muscular permite detectar o dano estrutural do músculo esquelético após 36-48 h da lesão, pois a
coleção hemorrágica é maximizada após 24 h e diminui após 48 h.
No período pós-lesão imediato (24–72 h) é aconselhável aplicar o princípio PRICE (Proteção, Descanso, Gelo,
Compressão, Elevação). É amplamente utilizado, embora não existam ensaios clínicos randomizados de alta qualidade
que comprovem sua eficácia. Na prática clínica, recomenda-se compressão imediata com ciclos de crioterapia de 15
min, com fases sem gelo entre elas. Crioterapia compressiva (CC), ou seja, a associação entre crioterapia e aplicação de
pressão, merece consideração separada: a duração do CC deve ser de 15 a 20 min, repetida em intervalos de 30 a 60 min
por um total de 6 h, de modo a limitar substancialmente tanto a hemorragia quanto a necrose miofibrilar no local da
lesão. É aconselhável aplicar uma bandagem compressiva e/ou crioterapia compressiva na faixa de 40-50 mmHg.
Recomenda-se um curto período de repouso e/ou relativa imobilização imediatamente após a lesão. Este período de
repouso otimiza a formação de tecido conjuntivo pelos fibroblastos, reduzindo assim o risco de recorrências.
Normalmente, as muletas não são necessárias, enquanto a bandagem pode ser útil tanto para imobilização quanto para
drenagem de líquidos. No entanto, repouso e imobilização devem ser reduzidos apenas aos primeiros dias pós-lesão (3-5
dias). Seria melhor ter um curto período de imobilização seguido de uma carga progressiva capaz de favorecer a correta
progressão do processo de cicatrização (POLICE)
Nas primeiras 72 h pós-lesão, devem ser evitadas fisioterapias que induzam processos endotérmicos pelo possível
aumento do extravasamento de sangue.
Após as primeiras 24 h pós-lesão, é aconselhável iniciar a massagem completa de drenagem linfática e substituir a
bandagem compressiva por uma bandagem elástica.
Após as primeiras 24 h pós-lesão, há pouca evidência sobre a utilidade da terapia de ultra- som pulsado (UST) (1 W/cm
2 ) (frequentemente usado como crio-ultrassom, com o adjuvante da terapia com gelo) e terapia a laser (LT) (500
mW/cm 2 ).
1ª FASE
Objetivos funcionais: Tratamento de fatores predisponentes e músculos antagonistas; atividade de vida diária sem dor;
treinamento de força sem dor do músculo lesionado, pelo menos 50% da carga máxima teórica; recuperação de pelo
menos 90% do déficit de extensibilidade do músculo lesado.
Red Flags: Presença de dor ao realizar exercícios de força ou corrida de baixa velocidade na esteira.
Critérios de imagem: US check no 2º e 4º-5º dia após a lesão.
Considerando que os primeiros 5-7 dias pós- lesão são caracterizados por uma cicatriz não suficientemente densa e
compacta, o maior risco nesse período é que uma contração muscular excessiva aumente o gap da lesão já existente.
O tipo de contração recomendado nesta primeira fase é uma modalidade isométrica. De fato, durante a contração
isométrica, não há deslizamento dos miofilamentos e, portanto, não há macro alteração do comprimento do músculo.
Sugere-se entre 30 e 50 repetições de 10 a 20 s de contração abaixo do limiar de dor. De acordo com os conceitos da
biomecânica, o torque interno varia ao longo da amplitude de movimento (ADM) de cada articulação. Cada articulação
tem graus específicos dentro da ADM em que o músculo é capaz de gerar a força interna máxima e a posição anatômica
da unidade músculo-tendão-osso dá um braço de momento interno máximo, gerando o torque máximo. Para aumentar
gradativamente o estresse mecânico no músculo lesado, é necessário proceder gradativamente ao longo da ADM,
propondo a contração na posição
ADM onde a força interna não é capaz de produzir a maior tensão do músculo.
É importante realizar exercícios corretamente para recuperar a extensibilidade do músculo lesionado (passivo,
assistido/ativo, estático ou dinâmico), e melhor se com esquemas funcionais. Todos os exercícios devem estar abaixo do
limiar da dor. Um aumento da amplitude articular foi verificado para alongamentos realizados seguindo padrões
funcionais. No caso de músculos biarticulares, é aconselhável alongar ambas as áreas de inserção.
Massagens profundas na área afetada devem ser evitadas.
A bandagem elástica é continuada até que haja coleta de líquido.
É útil iniciar um treino aeróbico o mais rápido possível, usando músculos não lesionados (ou seja, treino aeróbico do
tronco superior).
Ao final de cada sessão de trabalho, a massagem com gelo deve ser realizada por 15 a 20 minutos
O uso da estimulação elétrica deve ser incentivado desde os primeiros dias pós-lesão até o final da fase de regeneração
(até aproximadamente a terceira semana pós- lesão). A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é a forma de
estimulação elétrica mais recomendada em suas duas formas: convencional e acupuntura-like; vários ensaios destacam
seu papel potencial na inibição da transmissão de sinais de dor. A eletroestimulação neuromuscular (EENM) utiliza
estimulação elétrica de alta intensidade para provocar contração intermitente e relaxamento das fibras musculares
proximais; é amplamente prescrito para reabilitação física e fortalecimento muscular. Tem sido demonstrado que essas
duas técnicas podem estimular a implantação de células-tronco residentes do músculo dentro da área lesada, juntamente
com o exercício voluntário realizado durante a reabilitação.
Muitos estudos têm demonstrado que a LT pode reduzir o processo inflamatório do tecido muscular lesado, acelerar a
regeneração tecidual , otimizar o metabolismo oxidativo e estimular a proliferação celular. Portanto, o uso de LT parece
ser justificado por evidências suficientes, mesmo que sem alta qualidade.
FASE 2
Objetivos funcionais: Ausência de dor ou sensação de diversidade no músculo lesionado ao realizar exercícios;
recuperação completa da extensibilidade do músculo lesionado; recuperação dos parâmetros específicos do esporte
aeróbico; recuperação completa do peso pré-lesão.
Critérios clínicos: Resolução do edema, se inicialmente presente; ausência de dor em resposta à contração isométrica
máxima; ausência de dor em resposta aos testes de alongamento de amplitude final realizados nos modos ativo e
passivo; amplitude de movimento completa (ADM) das articulações envolvidas no movimento.
Critérios de imagem: Resolução do gap da lesão observada com US ou RM; a presença de tecido de reparo de
granulação dentro da zona cicatricial (ZC), conforme revelado pelo US. Os achados de US observados durante a
cicatrização normal dependem da natureza da lesão original e dos achados ultrassonográficos iniciais. Lesões menores
podem aumentar a ecogenicidade durante o processo de cicatrização. Nestes casos, considera-se normal uma diminuição
progressiva da intensidade ou o seu desaparecimento. Lesões mais proeminentes podem se apresentar como regiões
hipoecogênicas com coleção líquida adjacente. A resolução ou diminuição substancial na quantidade de fluido é
esperada durante o processo normal de cicatrização.
Red Flags: Teste de extensibilidade ainda positivo.
Durante esta fase, o tecido de granulação ganha compacidade e elasticidade. Nesta fase regenerativa devem ser
realizados estímulos mecânicos para induzir uma reparação tecidual ótima.
Há a introdução de exercícios concêntricos progressivamente intensos. Durante uma contração concêntrica, a maior
parte do músculo encurta devido ao movimento de deslizamento dos miofilamentos com uma força relativamente
constante proporcional à carga externa, de modo que a ZC não é submetida à tração e as bordas musculares irregulares,
evitando a diástase. A contração concêntrica deve ser lenta e controlada; podem ser manuais no início, e posteriormente
com equipamento isotônico. Sessenta por cento de uma repetição máxima (RM) não deve ser excedida ao realizar esses
exercícios nesta etapa. A fase excêntrica do movimento deve, em todos os casos, ser reduzida à intensidade mínima
possível.
Continue realizando exercícios para recuperar a extensibilidade do músculo lesionado.
Devem ser iniciados exercícios proprioceptivos Exercícios de equilíbrio em superfícies de formas diferentes, estáveis ou
instáveis, com ou sem desestabilização recorrente, com ou sem solicitação de tarefas cognitivas adicionais, se possível,
com apoio do sistema visual.
A prática da massagem pode ser introduzida à medida que se inicia a finalização dos processos de cicatrização tecidual.
Um 'programa de estabilidade do core' deve ser introduzido no plano de reabilitação, eventualmente combinado com
exercícios proprioceptivos.
Exercícios aeróbicos podem ser introduzidos nesta fase: A progressão temporal deve ser bicicleta estacionária, aparelho
elíptico, corrida antigravitacional e, por fim, corrida em esteira.
FASE 3
Objetivos funcionais: Consolidação das características de força e extensibilidade do músculo lesado; recuperação das
habilidades específicas do esporte; recuperação dos parâmetros atléticos específicos do esporte de alta intensidade;
resistência de trabalho do músculo lesionado.
Critérios clínicos: Ausência de dor em resposta à contração concêntrica realizada em intensidade crescente contra
resistência; ausência de dor em resposta à contração excêntrica submáxima.
Red Flags: Sensação muscular “diferente” durante ou após o treino.
Devem ser propostos exercícios de força e extensibilidade que induzam a remodelação do tecido de reparo com base no
esporte praticado, dependendo também do movimento que causou a lesão. A fase de remodelação pode durar mais de 60
dias, dependendo da extensão anatômica da lesão.
Exercícios predominantemente baseados em contrações excêntricas de intensidade progressivamente crescente poderiam
ser iniciados após atingir uma contração concêntrica efetiva. Estes devem ser músculo e localização especificados. Estes
podem ser realizados mesmo com o uso de bandagens elásticas de resistência, onde a intensidade da fase excêntrica é
progressivamente aumentada. Mesmo que alguns autores sugiram a introdução de exercícios excêntricos o quanto antes
no protocolo de reabilitação, a 3ª fase deve ser a preferida para a sua execução. Além disso, as evidências sobre
exercícios isoinerciais estão aumentando.
Poderia haver a inclusão de exercícios isocinéticos.
Os alongamentos devem ser introduzidos gradualmente e os exercícios não devem causar o início da dor. O tempo de
alongamento inicialmente é de 10 a 15 segundos e, posteriormente, até 1 minuto, a fim de induzir uma deformação
plástica durável, e não apenas transitória, dentro da área de reorganização estrutural. Para músculos biarticulares,
considere os tendões de origem e inserção.
A corrida pode ser melhorada durante esta fase, desde que os valores dinamométricos do músculo lesionado tenham sido
restabelecidos em pelo menos 70% do nível pré-lesão ou do membro oposto, e com o uso de monitoramento por GPS.
Exercícios específicos do esporte podem ser introduzidos com cautela ao final da terceira fase.
É importante considerar um atleta “curado” desde que respeitados três conceitos [ 9 ]: progressão na recuperação da
intensidade da partida, monitoramento contínuo das características do músculo lesionado após treinos e partidas.
-Embora existam tantos exercícios de reabilitação utilizados, cada lesão muscular deve ser tratada de forma diferente,
procurando individualizá-la o máximo possível.
-Devem seguir um cronograma bem estruturado e adequado à lesão ou distúrbio específico: como dissemos
anteriormente, a progressão correta deve ser exercícios isométricos (1ª fase), concêntricos (2ª fase) e excêntricos (3ª
fase); os exercícios proprioceptivos, neuromusculares e de alongamento também têm um papel importante no processo
de reabilitação.

Exercícios isométricos

Exercícios isométricos

Exercícios dinâmicos com resistência manual


Exercícios dinâmicos com resistência elástica

Exercícios proprioceptivos

Exercícios de prevenção secundária


Prevenção de adutores em Copenhague

RETORNO AO JOGO (Return to play)


-O processo de RTT deve ser o mais individualizado possível, para permitir um retorno seguro e rápido após uma lesão
muscular. A conferência de consenso italiana listou alguns pontos-chave:
Ausência de sintomas clínicos;
Ausência de dor ou sensibilidade durante a palpação muscular;
Ausência de dor ao alongamento passivo e ativo;
Ausência de dor à contração isométrica, concêntrica e excêntrica;
Conclusão do programa de reabilitação prescrito;
RM e imagem de US;
Sentimentos subjetivos do jogador levados em consideração.
-Recomenda-se que o atleta realize um treinamento normal de uma semana de pelo menos quatro sessões sem dor,
desconforto ou 'medo'. Durante esta semana, o desempenho pode ser monitorado para normalidade pelo sistema de
posicionamento global (GPS) e dados de frequência cardíaca.
-Este controlo de desempenho deverá ser alargado às competições posteriores ao RTP. O valor de referência, abaixo do
qual o julgamento positivo do RTP é postergado, é arbitrariamente fixado em uma diferença máxima de 10% entre os
dados pré-lesão e os dados registrados durante o período de aquisição após o RTT.
-Além disso, uma avaliação da capacidade aeróbica é recomendada. Um VO2 máximo igual a pelo menos 90% do seu
nível pré-lesão parece oferecer mais garantias para um RTP mais seguro.
-Avaliação específica para adutores: Teste de estresse púbico;
Teste resistido de adução do quadril; Teste de compressão;
Teste de alongamento passivo do adutor;
Força dos músculos adutores avaliada por testes dinamométricos;
Teste de chute; Teste carioca.
PREVENÇÃO (preventivo)
-Músculos biarticulares e arquiteturas mais complexas de músculos são suscetíveis a distensões musculares, como
isquiotibiais e adutores longos, que juntos correspondem a mais de 50% das lesões no futebol. Por serem de contração
rápida, esses músculos estão mais expostos ao mecanismo de contração excêntrica. Além disso, apresentam maior limiar
de pré-tensão muscular
-Diferentes intervenções são abordadas na literatura, no âmbito preventivo. Dentre eles, podemos observar protocolos
voltados ao ganho de habilidades físicas treináveis, que incluem força, flexibilidade, equilíbrio e propriocepção
(neuromuscular).
-A revisão sistemática de Ferreira et al.] investigaram a eficácia de diferentes programas (força concêntrica e excêntrica,
Nordic Isquiotibiais e “FIFA 11+”) na prevenção de lesões nos isquiotibiais em jogadores de futebol do sexo masculino.
Os resultados observados foram semelhantes aos achados deste estudo em relação ao treinamento de força excêntrico.
Este estudo concluiu que, dentre os protocolos investigados, o treinamento excêntrico foi o mais eficaz na redução da
incidência de lesões nos isquiotibiais quando comparado aos grupos com treinamento convencional.
-Depois de revisar os cinco estudos que atenderam aos critérios de inclusão, o CAE aumentou significativamente a
EHAD em todos os estudos que examinaram a EHAD e aumentou significativamente a relação EHAB e EHAD:EHAB
em todos os estudos que examinaram a relação EHAD:EHAB. O CAE também produziu pico EMG do adutor longo de
108% na perna dominante, que foi maior do que outros exercícios que visam o adutor longo.

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