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LITOE

APOSTILA DO PROCESSO SELETIVO DE MEMBROS 2023/1

1.0 HISTÓRIA

A odontologia do esporte é a área que busca prevenir e tratar os traumatismos dentários e


orofaciais, que ocorreram devido a prática de algum esporte, além disso, compete também
promover e proporcionar a saúde bucal do atleta e até mesmo do amador, de forma que não haja
interferência na saúde ou desempenho do mesmo. O cirurgião dentista com especialização nessa
área deve sempre buscar a comunicação com outros profissionais da área da saúde, para que
compartilhem seus conhecimentos e assim consigam oferecer o melhor para o atleta.

A Academia Brasileira de Odontologia do Esporte foi fundada em 2012 e somente em 14 de outubro


de 2014, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) aprovou a odontologia do esporte como uma
nova especialidade.

2.0 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Trata-se do estudo de como ocorre as alterações nas estruturas e funções do corpo, quando são
expostos a situações agudas ou crônicas de exercícios físicos. Na atividade física, sofremos um
processo inflamatório controlado.

É importante saber do que se trata a fisiologia do exercício e a imunologia porque existe nos atletas
uma particularidade, que o diferencia de uma pessoa sedentária e até mesmo de quem pratica
alguma atividade física regularmente, trata-se da adaptação do corpo de acordo com o estresse
físico que foi gerado devido ao treinamento intenso em que o atleta foi submetido.

O que acontece é que essa adaptação consegue induzir o organismo do individuo a realizar
mudanças fisiológicas drásticas, que acabam refletindo diretamente nas condições: clínica e
sistêmica, possibilitando que seu corpo reaja e se recupere de maneira diferente de indivíduos que
não são atletas.

São exemplos de comportamentos fisiológicos apresentados pelo atleta: retardo da recuperação


inflamatória associada à doença periodontal, estados de imunossupressão e infecção de vias
aéreas superiores.

A adaptação do organismo acaba gerando um aumento de fibras musculares:

- Anaeróbicas: hipertrofia e força;

- Aeróbicas: resistência e condicionamento.

O exercício anaeróbico consiste em intensidade forte, explosivo e de curta duração, normalmente


atletas cujo esporte exija predominantemente exercício anaeróbico vão apresentar elevada massa
muscular.

Já o exercício aeróbico possui intensidade mais lenta, moderada e de forma constante, nesses
casos os atletas vão apresentar pouca massa muscular.

Em relação as considerações cardiorrespiratórias são importantes saber que o VO2 consiste no


consumo máximo de oxigênio, que em repouso é de 5 a 6 de 02/minutos, já durante a pratica de
exercícios físicos de alta intensidade consiste em 50 a 70l de 02/minutos. Pacientes respiradores
bucais acabam apresentando queda de VO2 máximo, diminuindo assim o seu rendimento quando
praticam atividades de alta intensidade.

São componentes do consumo de oxigênio:

- Sistema pulmonar: pode ser melhorado com limitações (respiradores bucais e adequação da
respiração);

- Sistema muscular: pode ser melhorado, também possui limitações (hipertrofia);

- Sistema circulatório: pode ser melhorado, apresenta muita limitação (atividades aeróbicas).

Alterações da resposta imune

- Atividade física controlada/saudável: melhora a resposta imune.

- Overtrainning: deprime o sistema imune, aumenta a fadiga muscular e a chance de infecção nas
vias aéreas superiores.
- Overraching: deprime o sistema imune por um curto período de tempo apenas, aumenta a fadiga
muscular e a chance de infecção nas vias aéreas superiores.

Conceitos

- Fisiologia do esporte: aplicações dos conceitos de fisiologia do exercício dentro do treinamento


do atleta e melhora o desempenho desportivo.

- Atividade física: qualquer movimento produzido pela musculatura esquelética que resulte em
gasto calórico (movimento aleatório).

- Exercício: Atividade repetitiva e planejada / estruturada, com o objetivo de melhorar algum


componente da condição física.

O esporte é a atividade física institucionalizada, competitiva ou amadora. Possui os seguintes


componentes: regras, aprendizagem das habilidades esportivas, cumprimento das regras e
aspectos técnicos / organizacionais.

A aptidão física é a capacidade que o individuo possui para realizar determinado esporte, depende
de dois aspectos: saúde (resistência cardiovascular, resistência muscular, massa muscular e
flexibilidade) e desempenho atlético (agilidade, equilíbrio, potência muscular, velocidade,
coordenação motora e tempo de reação).

3.0 HIGIENE ORAL PARA ATLETAS

Quando se fala sobre esse tema é importante que se tenha em mente que não há um padrão,
porque cada atleta acaba tendo uma rotina de exercícios e alimentação focados em determinado
objetivo e esporte, dessa maneira, é necessário que cada atleta receba o protocolo de higienização
de forma individual.

É importante estar atento a cada atleta e consequentemente a sua rotina, porque a pratica de
exercícios físicos acaba ativando o sistema nervoso simpático, que libera adrenalina, diminuindo
então o fluxo de saliva, o que altera o PH e acaba aumentando a chance de desenvolvimento da
cárie.

Sobre a higiene oral, foi estabelecida uma base para começar a definir o protocolo que cada atleta
vai fazer e ela consiste em:
- A higiene oral deve ser realizada no pós treino;

- Até 1 hora de treino, deve ocorrer a reposição de água;

- Treino com mais de 1 hora, é necessário o uso de gel de carboidratos / isotônicos, para realizar a
reposição de sais minerais e carboidratos;

- Em treinos de até 2 horas ou mais, é indispensável o consumo de carboidrato constante,


posteriormente deve ser realizado a higiene oral.

4.0 TRAUMATISMOS

Os tipos de traumatismos que podem acontecer com atletas e até mesmo amadores são variados
e podem ocorrer de acordo com o tipo de esporte realizado, movimentos e esforço físico exercidos,
normalmente acabam sendo divididos em dois grupos:

Traumatismos diretos: Fratura de um dente ocasionada por cotovelada recebida em um jogo de


futebol.

Traumatismos indiretos: Lesão de ATM resultante da pressão dentária exercida por um


halterofilista.

Devido ao grande número de traumas e consequentemente tantas áreas de estudo, o cirurgião


dentista especializado em odontologia do esporte possui um leque de atuação bem grande e
diverso, como: área de prevenção, reabilitação. Acompanhamento de emergência e outras. É
necessário que o profissional esteja muito bem capacitado para atender as demandas tão
particulares que são apresentadas por cada atleta, esporte e instituições esportivas.

5.0 PROTETORES BUCAIS

Trata-se de dispositivos intra orais, resilientes, usados para aumentar a área de superfície que vai
receber o impacto, distribuindo o mesmo e diminuindo o risco de traumatismo do sistema
estomatognático (dentes, maxilar, mandíbula, ATM´s e tecidos moles adjacentes).

- Deve ser personalizado ao atleta e ao esporte que ele pratica;

- Indicado para quase todas as modalidades esportivas;

- Se corretamente confeccionados, minimizam traumas diretos e indiretos, protegendo o usuário de


patologias inerentes ao seu esporte.
São requisitos para a confecção dos protetores bucais;

- Permitir a fala (principalmente em esportes coletivos, para combinar passes e trocas);

- Liberdade de troca respiratória (durante o treinamento o atleta aumenta sua atividade pulmonar);

- Permitir a ingestão de líquidos (durante os treinos prolongados a ingestão de líquidos e


suplementos é necessária e muita das vezes obrigatória);

- Boa adaptação e conforto (incômodos atrapalharão a concentração do atleta durante o treino ou


competições);

-Proteção de dentes, tecidos e estruturas adjacentes (principal função do protetor bucal).

Classificação de protetores bucais

- Tipo 1 (universal ou de estoque): dificultam a fala e a respiração, pré-fabricados (P,M e G),


mantidos no lugar pela oclusão (impõe a hiperatividade muscular), feito de látex ou cloreto de
polivinil e apresentam baixo custo.

- Tipo 2 (termoplástico): baixo custo, “ferve e morde” – imerso em água quente e encaixado na
arcada para dar o formato, falsa sensação de segurança, adaptação deficiente, dificultam a fala e
a respiração e são mantidos no lugar pela oclusão (impõe à hiperatividade muscular).

- Tipo 3 (customizados): custo relativo/moderado, confeccionados sob medida a partir de um molde


individual, pode não necessariamente alcançar a oclusão completa equilibrada, oferece boa
adaptação e proteção, confeccionados pela técnica a vácuo e diminui a dificuldade de fala e de
respiração.

- Tipo 4 (customizados multilaminados): alto custo, semelhante ao tipo 3, maior versatilidade no


design e construção, várias camadas (lâminas) de EVA, grau de proteção máxima ao atleta,
confeccionado em máquina de termo pressurizadora e possui espessura uniforme.

- Tipo 5 (customizados otimizadores): tem a intenção de potencializar a performance do atleta; o


objetivo é confeccionar o protetor em uma posição mandibular que aumente a passagem de
ventilação respiratória e diminua o estresse sobre a ATM, consequentemente aumentando a
produção de hormônios desencadeada na resposta ao estresse que a oclusão ocasiona na
atividade física.
Contra indicações

- Mordida aberta anterior (contato prematuro posterior aproxima o côndilo da fossa mandibular,
aumentando as chances de fratura na cabeça da mandíbula);

- Doença periodontal extensa (o protetor recebe e dissipa as forças de impacto aumentando a


chance de extrações);

- Outras doenças podem ser mascaradas pelo uso do protetor bucal, como a cárie por exemplo.

6.0 CORPO DOS ATLETAS

Os atletas apresentam uma supressão do sistema imunológico associada a própria intensidade da


atividade ocasionada pelo excesso de treinamento, essa situação se apresenta nas seguintes
situações:

- Overreaching: depleção do sistema imune por treinamento físico intenso de curto prazo.

- Overtraining: depleção do sistema imune ocasionado por treinamento intenso e de longo prazo.

Sobre as alterações que podem acontecer:

- Dificuldade de recuperação de lesões ligadas à presença de doenças inflamatórias bucais como


inflamações pulpares e doença periodontal.

- Maior incidência de traumatismos dentários e dento-alveolares.

- Aumento do risco à DTM´s ligado á frequência de traumas de cabeça e pescoço.

- Maior incidência de traumatismos crânio faciais.

- Aumento da adrenalina e diminuição da salivação = xerostomia e limpeza salivar prejudicada.

- Maior concentração de moduladores para dor (DTM’s e outras patologias inflamatórias e


infecciosas mascaradas pela adaptação à dor).

- Aumento da sensibilidade dentaria ligada à erosão causada pela dieta rica em carboidratos e
suplementos erosivos (açúcares e isotônicos).

- Maior concentração de mediadores inflamatórios e radicais livres (retardo de recuperações


inflamatórias e lesões).

- Aumento do índice de cárie ligado à diminuição da salivação + ingestão de açúcar (dieta e


suplementos) + inadequada higiene oral.

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