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FORTALEZA
2023
WANDERSON LEANDRO ROCHA DA COSTA
Orientador:
Prof. Me. Adroaldo José Silva de Moura
Filho.
FORTALEZA
2023
À Deus. Aos meus pais, Euvaldo Costa e
Ana Cristina.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por todo amor, apoio e incentivo incondicional nas horas de desânimo.
À minha esposa, por todo o amor e incentivo, e por compartilhar os inúmeros momentos
de ansiedade e estresse.
À toda a minha família que esteve presente em todos os momentos da minha vida
estudantil e sempre me incentivou.
À Coordenação do curso de Engenharia Mecânica, pelo apoio.
Ao Prof. Me. Adroaldo José Silva de Moura Filho, pela orientação.
Aos professores participantes da banca examinadora Julietty Barreto Maia de Morais e
André Lunardi de Souza pelas contribuições e sugestões de melhoria.
Aos colegas da turma de curso, pela parceria e amizade.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12
5 CONCLUSÕES...........................................................................................................53
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................59
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
1.2 OBJETIVOS
Nesse capítulo foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os principais temas
necessários para a compreensão dos temas estudados. Essa fundamentação teórica será dividida
em subseções, onde inicialmente foram apresentados os conceitos básicos de fundição e ligas
metálicas. Posteriormente foi abordado o tópico de contração metálica, contemplando os
conceitos, dados e defeitos gerados por esse fenômeno. Para concluir a fundamentação, foi
apresentado os conceitos da simulação, bem como suas vantagens e características.
2.1 Fundição
“A fundição tem sido utilizada pelo homem há mais de quatro milénio A.C., embora
somente há cerca de quatro décadas, a solidificação dos metais e suas ligas tenha começado a
ser pesquisada dentro dos esquemas da metodologia cientifica.” (FERREIRA, 1999, p. 2)
Para Baldam e Vieira (2014), a fundição se caracteriza pelo derramamento de metal
ou liga metálica, no estado líquido, no interior de um molde. Após o escoamento do líquido em
todos os interstícios da cavidade do molde, acontece a etapa de solidificação do metal, obtendo-
se a peça fundida, conforme apresentado na Figura 1. Com o passar do tempo, houve uma
evolução dessa técnica de fabricação, permitindo a confecção de diversas peças com formatos
variados e complexos, com maior versatilidade.
dois grupos, de acordo com o tipo fabricado. Primeiro, tem-se as indústrias que produzem
lingotes, caracterizados pela sua geometria comumente simples, usadas para trabalhos
mecânicos, com o objetivo de gerar formas em gerais, como, chapas, perfis estruturais, barras,
entre outros. Outro grupo são os fabricantes de peças, que utilizam de moldes e metais fundidos
para a confecção de peças e produtos acabados (Net Shape) ou semiacabados (Near Net Shape).
De acordo com Casotti, Filho e Castro (2011), para se obter uma melhor
compreensão do atual momento da fundição, é necessário pontuar informações científicas
básicas, tais como os tipos de processos para confecção do fundido e as composições de ligas
metálicas, que dependendo do método e materiais utilizados, alteram diretamente as
propriedades mecânicas do produto.
Uma das razões para que o processo de fundição em areia seja o responsável pela
grande quantidade de produção de peças fundidas é “a abundância natural de misturas de
moldagem contendo um mineral, como o quartzo, com partículas de pequeno tamanho, que,
frequentemente, ocorre associado a uma argila adequada (8 a 15%)” (KONDIC, 1973, p. 213).
Diversos métodos de moldagem em areia podem ser citados, entre eles estão moldagem em
18
Segundo Mascarenhas Filho (2016), a expressão “verde” denota que umidade foi
adicionada na mistura de areia e aglomerantes. A moldagem em areia verde, para Ferreira
(1999), é a compactação de uma mistura de areia, aditivos, aglomerantes e uma certa quantidade
de humidade sobre um modelo.
De acordo com Baldam e Vieira (2013), após essa compactação, o modelo é
retirado, formando as cavidades para enchimento e geração da peça. Posteriormente, são
alocados os machos, se necessário, e é realizado o fechamento do molde para, em seguida, ser
realizada a etapa de vazamento do metal líquido dentro das cavidades dos moldes.
Para manter uma moderna linha de moldagem automática, é necessário ter um
controle da moldagem de areia verde. A bentonita é ativada através da água, que une as
partículas de areia e obtém-se uma propriedade que permite a não selagem da areia e mantenha
os aspectos geométricos do molde. (BALDAM; VIEIRA, 2014)
Para Baldam e Vieira (2014), os moldes com areia aglomerada com argila, para sua
produção, necessitam de algumas propriedades, quando estão em equilíbrio, para que possuam
uma compactação uniforme e reproduzam com fidelidade a geometria do modelo. São elas, a
escoabilidade, consistência e plasticidade.
A escoabilidade é uma propriedade que faz com que os grãos da areia de moldagem
escoem entre eles, permitindo um alcance de alto grau de compactação da areia, além da
economia gerada pela quantidade de energia utilizada na operação. A consistência é
basicamente a capacidade que o molde tem de manter a sua forma após a compactação da areia.
Por último, a plasticidade é a capacidade que o molde possui de deformar plasticamente quando
aplicado uma carga externa. (BALDAM; VIEIRA, 2014)
19
“As propriedades das moldações de areia são uma função das características dos
minerais constituintes das areias e dos aglomerantes utilizados para aglutinar os grãos de areia
20
e conferir resistência mecânica [...] para formar o molde [...]” (FERREIRA, 1999, p. 24)
Para Ferreira (1999), algumas características afetam diretamente algumas
propriedades como a refratariedade, a expansão e a permeabilidade da moldação de areia. A
refratariedade é uma propriedade que a areia possui ao suportar as temperaturas de vazamento
dos metais líquidos, sem fundir ou molificar. Ou seja, quanto mais alto for o ponto de fusão da
areia, maior será sua refratariedade.
Ainda para Ferreira (1999), outra propriedade é a permeabilidade. Por exemplo,
quando um metal é vazado para dentro das cavidades do molde, o ar que ocupava o espaço no
interior é deslocado através dos canais e entre os grãos do molde. Se o ar ficar aprisionado no
interior do molde, pode haver falta de metal nas cavidades, ou seja, falta de preenchimento,
gerando defeitos no processo de fundição.
Sendo assim, a permeabilidade é a capacidade que a areia de moldação possui de
permitir o escoamento dos gases entre seus poros, a fim de preencher completamente as
cavidades do molde com metal líquido. Denota-se, também, que uma granulometria fina
dificulta a passagem dos gases e do ar para a vizinhança devido aos minúsculos interstícios do
molde, ao contrário dos grãos grossos, que quando se ligam, apresentam poros mais largos,
facilitando o escoamento dos gases e do ar.
Muitos materiais seguem uma regra geral de expansão quando aquecido e contração
quando resfriado. Na dilatação, pode-se compreender que as areias de sílica sofrem mudanças
polimórficas quando são aquecidas e resfriadas. A expansão volumétrica, ocasionada pelo
aquecimento, é a responsável pelos defeitos geométrico e de forma nas peças originadas do
processo, a altas temperaturas, nas moldações em areia. (FERREIRA, 1999)
A resistência mecânica nas areias de moldação é obtida através da adição de
aglomerante em função da granulometria da areia. Para uma determinada porcentagem de
aglomerante, uma areia de grãos finos apresenta uma menor resistência em comparação com
uma areia de grãos grossos, devido a sua menor dimensão apresentar uma superfície especifica
menor, ou seja, necessitando de maior quantidade de aglomerante para obter uma maior união
dos grãos. (FERREIRA, 1999)
Também para Ferreira (1999), o acabamento superficial das peças vazadas é uma
propriedade que está diretamente ligada ao tamanho e distribuição dos grãos da areia de
moldação. Essa propriedade vai contra a vertente da permeabilidade, pois para se obter uma
elevada permeabilidade nas areias de moldação, é necessário renunciar ao acabamento
superficial desejado para a peça metálica. Outros fatores também podem afetar esse
acabamento. A temperatura e a velocidade em que ocorre o vazamento do metal no molde,
21
podem, por exemplo, se fundir as areias do molde, ocasionando uma falha superficial da peça.
Para Santos (2015), as ligas metálicas são compostas por dois ou mais elementos,
sendo pelo menos um deles metálicos. Desde os tempos bíblicos até hoje, são considerados
materiais essenciais para a sociedade, e pode-se dizer que permanecerão por muito tempo à
medida que os materiais e os processos de fabricação se desenvolvem. Essas ligas podem ser
classificadas como ferrosas e não-ferrosas, conforme a Figura 4.
geralmente são realizados tratamentos térmicos como o recozimento e normalização para aliviar
as tensões internas e refinar a estrutura, principalmente quando a peça possui diferentes
dimensões. Esse aço também é bastante usado para fabricação de itens ferroviários, por
geralmente possuírem formas simétricas diminuindo as tensões internas, ou mesmo com
geometria complexa, porém, realizando devido tratamento. (CHIAVERINI, 1996).
Ainda de acordo com Chiaverini (1996), nos aços médio carbono, sempre é
necessária a realização de um tratamento térmico com o objetivo de aliviar tensões internas e
aumentar a ductilidade. A destinação dos aços médio carbono se dá nas indústrias ferroviária,
naval, automobilística, construção, entre outros. Já para os aços de alto carbono, suas aplicações
são direcionadas a necessidade de uma elevada dureza e resistência à abrasão, por exemplo,
cilindros de laminação, matrizes ou estampos, entre outros.
Para se ter uma noção numérica de algumas propriedades mecânica dos aços-
carbono, Chiaverini (1996) apresentou dados numéricos dessas propriedades, no estado
normalizado, em peças fundidas, na Tabela 1.
Limite de escoamento
20-27 (200-270) 24-37 (240-360) 38-47 (370-460)
kgf/mm² (Mpa)
As ligas não ferrosas podem ser definidas como ligas metálicas que não possuem o
ferro como seu elemento predominante. As ligas mais importantes do grupo de mão ferrosas
são de magnésio, de alumínio, de cobre, de níquel, de titânio e de zinco. Essas ligas apresentam,
principalmente em elevadas temperaturas, propriedades mecânicas superiores às do aço, como
o titânio e o níquel. (SANTOS, 2015)
25
Para Santos (2015), alguns dos metais não-ferrosos, apresentados na Figura 7, por
exemplo, possuem propriedades não-mecânicas que se sobressaem, tornando a aplicação do aço
inadequada de acordo com a necessidade do processo. Por exemplo, em relação a propriedade
de condutividade térmica, o alumínio se sobressai ao ser empregado em trocadores de calor e
panelas, e, também, são valorizados pela sua facilidade de conformação mecânica. Também há
o cobre, por sua baixa resistividade elétrica, é muito utilizado na produção de fios elétricos. Já
o zinco, por ter um ponto de fusão parcialmente baixo, é bastante utilizado em processos de
fundição.
Figura 7. Ligas não ferrosas
πa2 P (1)
η= − f(c)
8Ql
onde P é a pressão aplicada, a é o raio do tubo, Q é o volume total do metal escoado por unidade
de tempo, l é o comprimento total do tubo f(c) é o fator de correção da energia cinética do
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fluido.
Para medir a viscosidade dos metais líquidos em altas temperaturas é necessário o
uso de cadinho ou do pêndulo oscilante. Devido a isso, o método Sauerwald foi desenvolvido,
pois proporciona a medição do efeito amortecedor da viscosidade do líquido em relação a
oscilação do cadinho ou do pêndulo. Dessa forma, apresenta uma relação matemática das forças
de oscilação e da viscosidade do líquido. (BALDAM; VIEIRA, 2014)
Já a fluidez, pode ser extraída através do conceito da viscosidade, de forma que
evidencie que quando um fluido possui maior fluidez, obrigatoriamente possui uma menor
viscosidade, o qual apresenta uma menor resistência ao escoamento. As características do
molde, a forma de vazamento e as propriedades físicas e químicas dos aços ou ligas são fatores
que influenciam na fluidez. Essa propriedade pode ser evidenciada nos vazamentos de
determinadas ligas em moldes, mostrando a facilidade de enchimento em comparação com
outras. (BALDAM; VIEIRA, 2014)
(centipoises)
Viscosidade
de volume
Metal (escala arbitrária, Tensão (g/cm³)
na
ou Composição 100 unidades superficial a 20°C e
solidificação,
liga para o metal (dinas/cm) temperatura
% do valor a
puro) de líquidos
20°C
2,69
Al 99,99 2,84 100 860 6,6
2,38
Máx.
solubilidade 2,80
Al-Cu 3,1 60 850 6,3
sólida 2,48
(5,7)
Eutético 3,45
Al-Cu 2,4 125 - 4,18
(33) 3,14
Máx.
2,68
Al-Si solubilidade 3,4 65 820 6,2
2,43
sólida (1,65)
Eutético 2,65
Al-Si 1,8 68 820 3,5
(11,7) 2,46
7,87
Fe 99,99 6,3 100 1790 3,5
6,79
Máx.
7,75
Fe-C solubilidade 8,5 70 1550 -
7,05
sólida (2,01)
Eutético
7,22 Fe-C, 0-1
Fe-C (FeC 4,26) 3,4 140 1330
7,16 Fe-Fe₃C, 3,4
(Fe₃C 4,3)
Fonte: Autor (Adaptado - Kondic, 1973, p. 58.)
Kondic (1973) também afirma que ao realizar uma análise dos dados numéricos da
contração de metais e ligas, pode-se inferir que os valores dependem principalmente da
composição e das características da fase em que se encontram. Como exemplo, pode-se citar o
ferro fundido, pois apresenta uma inconstância na magnitude da contração na solidificação,
porém, possuem dependência na natureza das fases formadas no processo de solidificação.
Quando é formada grafita na fase de resfriamento, devido ao grande volume
específico do metal, a contração volumétrica obtida no metal, na fase de solidificação, é menor
que zero, porém, é obtida uma grande contração volumétrica quando a fase da cementita é
cristalizada.
fundição são valores aproximados devido a fatores capazes de alterar as dimensões, como, a
contração irregular, o deslocamento do modelo e dos machos, as juntas irregulares, entre outros.
A contração de inúmeras ligas gera reduções da geometria real da peça fundida. Através da
Tabela 3, pode-se identificar alguns valores de contração de algumas ligas metálicas.
Contração
Linear Superficial Volumétrica
Ligas metálicas
mm/m mm²/m² mm³/m³
Aço 0,018 0,036 0,054
Ferro fundido cinzento 0,01 0,02 0,03
Ferro fundido maleável 0,021 0,042 0,063
Alumínio 0,018 0,036 0,054
Bronze 0,008 0,016 0,024
Latão 0,015 0,03 0,045
Zinco 0,016 0,032 0,048
Fonte: Autor (Adaptado de Ferreira, 1999, p. 245)
Ferreira (1999) também afirma que a natureza da liga, a forma da peça, o processo
de moldagem e o vazamento, a localização dos alimentadores e a taxa de resfriamento, são
fatores que causam variações da contração metálica. Por exemplo, em peças com geometrias
complexas ou de elevado volume, a criação do modelo não deve utilizar um único valor de
contração.
adicional.
Para Ferreira (1999), os defeitos presentes nas peças fundidas podem ser
classificados de acordo com a causa que os originou e suas localizações. Alguns desses
problemas gerados na peça vazada, a partir da contração metálica proveniente na etapa de
solidificação, podem ser subdivididos em categorias básicas.
O rechupe axial, conforme a Figura 10, é uma variação do rechupe, ambos possuem
a mesma origem, porém são formadas no eixo central de secções prismáticas, cilíndricas ou em
placas. Em geral, esse defeito é muitas vezes Inter dendrítico, possuindo uma superfície
irregular e subdividindo-se por uma determinada área. (FERREIRA, 1999)
contribuíram nas empresas. Entre os benefícios estão, a redução de custos fabris, a melhoria do
rendimento metálico, redução da taxa de rejeição de peças, a redução do tempo médio do
processo em 30% e a satisfação dos clientes. (OLIVEIRA, 2015)
Para auxiliar a tomada de decisão para garantir a qualidade, de acordo com Gondkar
e Inamdar (2014, apud OLIVEIRA, 2015), a velocidade do processo e a redução de custo de
um ensaio prático, é utilizado a simulação computacional, por ser uma ferramenta muito
poderosa para o processo de fundição.
De acordo com Schmidt e Sturm (2013, apud OLIVEIRA, 2015), através da
simulação computacional, conforme a Figura 13, é possível produzir peças fundidas com as
dimensões de projeto corretas, inserindo a contração correta no software, sem a realização do
processo de fundição. Por exemplo, a realização da simulação onde o resultado proporciona a
especificação de um valor de contração, sendo que inicialmente, os valores do fator de
contração metálica são aplicados no modelo CAD. Ao finalizar a simulação, é feita uma análise
da geometria obtida com os valores da contração inseridos no software. Com isso, se necessário,
é realizado correções no projeto dimensional da peça. Então, é realizada outra simulação, e se
suas dimensões finais estiverem iguais ou próximas ao valor de tolerância estabelecido pelo
projetista, o modelo pode ser confeccionado para a produção do fundido.
Ravi (2011) realizou outros estudos que evidenciaram que a substituição de ensaios
fabris pela simulação computacional permitiu atingir uma melhor análise do processo,
34
economia de tempo e redução de rejeições de peças fundidas. Um desses estudos, foi realizado
com duzentas empresas indianas de fundição. Os resultados presentes na pesquisa, mostraram
que as empresas que não utilizam a simulação numérica, possuem uma rejeição de peças maior
do que os usuários que possuem e utilizam da simulação computacional. Essa comparação tem
seus resultados evidenciados na Figura 14.
Figura 14. Taxa de rejeição de fundidos entre usuários e não usuário de simulação.
Não Usuários
% de Rejeição
Usuários de
simulação
O método dos elementos finitos pode ser definido como uma análise matemática,
onde o meio estudado é subdividido em elementos que possuem as propriedades originais. Esse
método se originou ao final do século XVIII, sendo proposto a utilização de funções
matemáticas de aproximação para a solução de problemas. (LOTTI et al, 2006)
Segundo Kobilacz e Pariona (2021), a aplicação da análise proporcionada pelo
método dos elementos finitos é diversa, por exemplo, em problemas em elementos térmicos,
acústicos, estruturais e eletromagnéticos. Ao analisar a transferência de calor, através da
simulação, tanto no metal líquido quanto no molde de areia verde, pode-se obter resultados
muito aceitáveis quando comparados com resultados experimentais.
Para realizar a simulação da solidificação através dos métodos numéricos, a
geometria da peça é dividida em vários elementos, conforme a Figura 15, havendo a aplicação
de equações ao decorrer de intervalos de tempo. Os métodos mais comuns de aproximação
35
utilizados nos programas de simulação são o método das diferenças finitas (MDF) e o método
dos elementos finitos (MEF). (TEIXEIRA, 2013 apud OLIVEIRA, 2015)
De acordo com Santos e Garcia (2015), o método dos volumes finitos é utilizado
para obter a solução numérica de inúmeras equações diferenciais, dividindo os cálculos em
partes menores e menos complexas, através da integração do cálculo diferencial em uma região
denominada de volume de controle. Uma característica do método dos volumes finitos diz que
cada volume discretizado de uma grandeza física segue uma lei de conservação, ou seja, há
conservação da quantidade da grandeza em nível discreto. Tal característica torna esse método
bastante útil para modelagem de questões onde há análise de fluxo.
O fluxo de uma grandeza, nada mais é do que a quantidade dessa grandeza, como
massa ou energia, que percorre as extremidades do volume de controle por unidade de tempo.
Tal propriedade é calculada pela integração da variação de entrada e saída do fluxo.
(MALISKA, 2000)
Para Maliska (2000), existem basicamente dois tipos de fluxo: Fluxo convectivo e
fluxo difuso. O fluxo convectivo é gerado pela velocidade do fluido. Por exemplo, o
escoamento de um líquido quente, por um cano, para uma região de menor temperatura, seria
denominado de fluxo de calor. Já o fluxo difuso é gerado pela não-uniformidade da distribuição
de uma variável no espaço. Esse fluxo pode existir de forma independente, ou seja, havendo ou
não escoamento, mesmo que a velocidade do fluido seja zero.
De modo geral, as integrais da equação básica do método dos volumes finitos são
aproximadas para se resultar na forma discretizada da lei de conservação. Para Santos e Garcia
(2015), esse método, resumidamente, consiste em 4 etapas:
• Divisão do domínio de análise em volumes de controle finitos.
• Integração da equação diferencial nos volumes de controle.
• Discretização de cada integral de modo a obter um conjunto de equações
algébricas.
• Solução do sistema de equações resultantes, empregando métodos numéricos.
transferência de calor e massa, através de simulações numéricas. Para operar a técnica de CFD,
é necessário conhecer as etapas que regem o processo. A primeira etapa, chamada de pré-
processamento, consiste na entrada dos dados formulados pelo problema a ser resolvido, através
de uma interface na máquina. Após a inserção desses dados, os mesmos são transformados em
códigos reconhecidos por um recurso conhecido como solver. As etapas principais do pré-
processamento são:
• Definição da geometria estudada (Domínio Computacional);
• Criação da malha – Subdivisão do domínio em volumes de controle;
• Definição das propriedades dos materiais e dos fluidos;
• Seleção dos fenômenos a serem estudados;
• Especificação das condições de contorno.
Após a fase de pré-processamento, surge a etapa do processamento ou solver, onde
é aplicada a solução numérica através do método dos volumes finitos. Para resolução das
variáveis criadas na etapa inicial, é realizado as etapas do Método dos Volumes finitos.
(VERSTEEG; MALALASEKERA, 2007 apud AUGUSTO, 2014)
A etapa de pós-processamento, que consiste na apresentação dos resultados obtidos
da simulação, é a última fase da simulação. Para a visualização da solução, pode ser utilizado
diversos tipos de gráficos vetoriais. (AUGUSTO, 2014)
3 METODOLOGIA
Nessa etapa foi selecionado como geometria a ser estudada. O modelo será um
mancal de rolamento, similar a geometria do mancal F-208, conforme a Figura 19, modelo SKF.
Esse modelo para simulação foi selecionado devido ao seu uso em larga escala em roscas
transportadoras de farelos e grãos na indústria alimentícia.
Nessa etapa, foi possível obter o resultado das simulações, sendo apresentado a
deformação vigente no processo de solidificação e, graficamente, as curvas de deslocamento, a
taxa de resfriamento e as regiões de formação de porosidade ou rechupe.
Para a análise do processo, de acordo com Inácio (2018, apud LEAL, 2019), após
processo de discretização, as equações de governo são convertidas em equações lineares. O
sistema de equações pode ser resolvido através do método de Gauss-Seidel, apresentando a
42
equação 2:
𝑎𝑝 𝜑𝑝 = 𝛴𝑛𝑏 (𝑎𝑛𝑏 φ𝑛𝑏 ) + 𝑏 (2)
onde nb traduz-se como os nós vizinhos do volume de controle, ap e anb são coeficientes
principal e linearizados das células vizinhas ao volume de controle para resolução de φp,
respectivamente, e b, é o termo fonte.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para dar início a pesquisa foi realizada a modelagem da peça, conforme a Figura 20
no software SolidWorks, utilizando as dimensões conforme a Figura 21.
pelo software. Em seguida, foi realizada análises dos dados obtidos com as simulações,
dividindo-as em fatores de contração metálica, porosidade e análise térmica das configurações.
4.1.1 Configuração 1 e 2
Pode-se inferir que a areia verde tem uma influência bastante elevada na contração
que ocorre no fundido, de modo que há um pico de deslocamento volumétrico em algumas
zonas devido a umidade armazenada no molde, que ao entrar em contato com o metal fundido,
resfria rapidamente gerando gases e, consequentemente, defeitos que poderiam ser evitados
com um correto dimensionamento do modelo e do massalote.
Uma hipótese adotada para maior contração na extremidade inferior da
configuração 1 em comparação com a configuração 2 se deve ao fato de que enquanto o molde
47
de areia seca permite a passagem de gases de temperaturas elevadas devido a sua baixa
umidade, a areia verde, por possuir um determinado nível de água em sua composição, forma
mais gases, diminuindo a sua permeabilidade.
4.1.2 Configuração 3 e 4
4.1.3 Configuração 5 e 6
resfriamento devido ao tipo de areia utilizado, sendo o tempo para areia verde de 10,28 horas,
e para areia seca, um tempo de aproximadamente 7,28 horas.
4.1.4 Configuração 7 e 8
4.2 Porosidade
Tal resultado pode ser comprovado através da análise comparativa entre a Figura
52
36 e a Figura 37, onde são realizadas as simulações com uma e duas entradas de material
fundido. Pode-se inferir, também, que a porosidade se apresenta reduzida devido aos fatores de
contração dos materiais, onde o ferro fundido, que tem um fator de contração menor que o do
aço conforme a Tabela 3, possui menor proporção de porosidade. Esse menor fator é
característico de materiais que apresentam alto teor de silício em sua composição, assim como
os ferros fundidos.
É possível inferir que a melhor distribuição do fundido com o aumento do número
de entradas, possibilitou uma formação de menores porosidades, no entanto em maior
quantidade, mesmo mantendo-as próximas às entradas, podendo ser analisado tal fator na
Figura 36, e na Figura 37 nas configurações 5 e 6.
Através das taxas de resfriamento obtidas das configurações compostas pelo aço
GS C-25, conforme as figuras abaixo, é possível inferir que não houve mudança significativa
nas curvas obtidas, sendo o tempo de resfriamento o único fator de divergência entre os
resultados, obtendo para as configurações 1, apresentada na Figura 38 e 2, conforme a Figura
39, um valor de aproximadamente 41 minutos, e para as configurações 5, representada na Figura
40 e 6, conforme a Figura 41, um valor de 43 minutos, para atingir a temperatura de 326,85 ºC,
onde não há mais alterações microestruturais para os materiais analisados.
Uma possível explicação para a maior velocidade de resfriamento que as
configurações 1 e 2 possuem em comparação com as simulações 5 e 6, seria a adição de entradas
que possibilitou uma menor taxa de preenchimento e uma maior distribuição do aporte térmico,
tornando a distribuição de temperatura do molde mais uniforme e diminuindo o potencial
térmico para transferência de calor.
Figura 43, a Figura 44 e a Figura 45, a areia seca possui uma taxa de resfriamento
menor que a areia verde. Os valores obtidos para cada simulação de ferro fundido foram: 21,65
minutos para a configuração 3, 23,08 minutos para a configuração 4, 22,42 minutos para a
configuração 7 e 22,30 minutos para a configuração 8. De forma comparativa, os resultados se
apresentaram menos dispares através do preenchimento com duas entradas.
56
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
CAROLO, Lucas. The Best CAE Software in 2023. 2022. Disponível em:
https://all3dp.com/2/best-cae-software/. Acesso em: 19 jun. 2023.
CASOTTI, Bruna Pretti; BEL FILHO, Egmar Del; CASTRO, Paulo Castor de. Indústria de
fundição: situação atual e perspectivas. BNDES Setorial, n. 33, mar. 2011, p. 121-162, 2011.
CHIAVERINI, Vicente. Aços e ferros fundidos. 7. ed. São Paulo: Associação Brasileira de
Metais, 1996.
GIUSEPPE MIRLISENNA. Método dos Elementos Finitos: o que é?. 2016. Disponível em:
https://www.esss.co/blog/metodo-dos-elementos-finitos-o-que-e/. Acesso em: 20 jun. 2023.
GROOVER, Mikell P. Introdução aos Processos de Fabricação. Rio de Janeiro: Grupo GEN,
2014. E-book. ISBN 978-85-216-2640-4. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-216-2640-4/. Acesso em: 19 jun.
2023.
KOBILACZ, Luiz Gustavo; PARIONA, Moisés Meza. Simulação numérica por elementos
finitos da solidificação de aços inoxidáveis. Revista Brasileira de Iniciação Científica,
Itapetinga, v. 8, n. 8, p. 1-17, jun. 2021.
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Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v. 11, n. 2, p. 35-43, abr. 2006.
Oliveira, Bruno Ferraz de. Fundição. Belém: Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia – Campus Belém; Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Colégio
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