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P1 – LABORATÓRIO

ENSAIO DE TRAÇÃO

▪ Resistência
É definida como a medida de capacidade de um material resistir a um esforço a ele aplicado.
▪ Ductilidade
É a capacidade de um material sofrer deformação permanente (plástica) quando submetido a um esforço de tração. Um
material com pouca ductibilidade é denominado frágil.
▪ Tenacidade
É a uma medida do trabalho realizado (ou energia consumida) em uma solicitação que leve o material à fratura.
Corresponde a área total sob a curva σ x ε.
▪ Resiliência
É uma medida da capacidade do material de sofrer uma deformação não permanente (elástica) quando submetido a um
carregamento.
Corresponde a área sob a curva σ x ε no regime elástico.
▪ Maleabilidade
É a capacidade de um material sofrer deformação permanente (plástica) quando submetido a um esforço de compressão.
Um material com pouca maleabilidade é também frágil.

▪ Limite de resistência a tração (σR ou σU)


O valor máximo de resistência obtido para o material que ocorre no valor da carga máxima
QR
σR =
A0

▪ Limite de escoamento (σY ou σE)


É uma medida de resistência do material
convencional: atrelado a um limite n de proporcionalidade
QY
σY =
A0
Fenômeno do limite de escoamento descontínuo:

▪ Módulo de elasticidade (E)


σ = E.ε
Aço: E = 21000 kgf/mm²

É a medida da rigidez do material; quanto maior o módulo, menor será a deformação elástica resultante da aplicação de
uma tensão e mais rígido será o metal.
A medida de E é feita pela tangente da reta característica da zona elástica:

▪ Módulo de resiliência (UR)


σY ²
UR =
2E
Mede a rigidez a rigidez do material na direção perpendicular à direção da carga de tração uniaxial aplicada. Pode ser
obtido considerando a parte elástica do diagrama tensão-deformação.

▪ Módulo de tenacidade (UT)


Energia para romper um material dúctil ou frágil, vide figura abaixo, respectivamente:

▪ Ductilidade
Alongamento percentual e/ou redução de área

▪ Coeficiente de encruamento (n)


Indica a capacidade do material em distribuir a deformação de modo uniforme.
Pode-se demonstrar que para um dado metal o valor de n é igual ao valor da deformação verdadeira na carga máxima (εU)
n = ln(1 + ε U )

Dois materiais metálicos com o mesmo limite de escoamento, porém com valores de n diferentes. Em conseqüência, as
curvas reais são diferentes:
▪ Coeficiente de resistência (K)
Mede a tensão real quando εV = 1

▪ Limite de Ruptura ou Fratura (σF)


QF
σF =
A0

▪ Alongamento percentual
ΔL
AL% = .100
L0
ΔL = L f − L 0
Lf = comprimento final
L0 = comprimento inicial
Pode-se medir diretamente do gráfico quando o ensaio é feito com extensômetro.
Material frágil AL% < 10%

Método para determinação do valor de L para o alongamento:

▪ Redução de área percentual


A0 − A
RA% = .100
A0
Material frágil RA% < 5%

▪ Tensão verdadeira (σV)


Q
σ V = , i = instantâneo
Ai
σ V = σ (ε + 1)

▪ Deformação verdadeira (εV)


Li
ε V = ln
L0
ε V = ln(ε + 1) , válido entre o ponto de escoamento e a carga máxima.

▪ Curva real ou verdadeira


σ V = K .ε Vn
K = coeficiente de resistência
n = coeficiente de encruamento (inclinação da reta)

ln σ V = n. ln ε V + ln K
y = a.x+ b
Determinação dos valores de n e de K na curva log-log:

▪ Variáveis do Ensaio
- temperatura
- velocidade de aplicação da carga (velocidade do ensaio)
└Taxa de deformação ⎛⎜ ε ⎞⎟ = = ...(s −1 )
o velocidade da máquina
⎝ ⎠ comprimento útil do corpo de prova (mm)
Rápido: resistência alta – alongamento menor
Lento: resistência baixa – alongamento maior
o
Padronizado: ε = 10 −3 s −1

▪ Anisotropia do material
Quando o material apresenta propriedades diferentes ao longo de duas ou mais direções de solicitação. É comum em
materiais metálicos processados termomecanicamente, como em processos de laminação, forjamento, extrusão e trefilação.
Esses processos tendem a gerar uma estrutura orientada do material.

Medida da anisotropia
Índice de anisotropia (r) Æ anisotropia plástica
é uma medida da relação entre a deformação na largura e na espessura.

Corpo de prova com seção retangular


Procedimentos:
- medida antes do ensaio
- medida após carga especificada ou carga máxima

w0 = largura inicial / wf = largura final; t0 = espessura inicial / tf = espessura final

⎛w ⎞
ln⎜ f ⎟
w
r= ⎝
0⎠

⎛t f ⎞
ln⎜ ⎟
⎝ t0 ⎠
material isotrópico: r = 1
No caso de chapas laminadas: anisotropia planar (Δr)
Δr = (r0 + r90 – 2r45) / 2 ou r = (r0 + 2r45 + r90) / 4 direção normal

0/90/45 = ângulos de retirada do corpo de prova da chapa em relação a direção de laminação

ENSAIO DE DUREZA
Os ensaios de dureza podem ser divididos em três tipos principais:

▪ risco
- raramente é utilizado para metais, é aplicado a mineralogia.
- é a capacidade de um material riscar o outro.
- a escala de dureza mais conhecida para este método é a escala de MOHS
▪ penetração
Brinell, Rockwell, Vickers, Knoop e Meyer
▪ choque
Shore (dureza Escleroscópica) – pode provocar penetração ou não. Medido por amassamento ou diferença de energia.

▪ Dureza Brinell (HB)


- método não destrutivo
- consiste em comprimir lentamente uma esfera de aço sobre uma superfície plana, polida e limpa de um material, através
de uma carga durante um certo tempo. Essa impressão provoca uma deformação permanente no metal
- o processo de carregamento ocorre na vertical. Se não estiver plana a atuação de esforço da esfera será diferente. Uma
peça com superfície irregular não garante acomodação correta da esfera
- medida do diâmetro d da calota esférica resultante da deformação permanente. Sendo d uma média de duas medidas
realizadas a 90º
- a dureza é definida em unidades de tensão (N/mm² ou kgf/mm²)
- a carga é aplicada por um tempo determinado devido à fluência

O valor de dureza corresponde a carga aplicada dividida pela área de contato superficial:

Q Q 2Q
HB = = =
S C πD. p πD( D − D ² − d ²

SC = área de contato (área superficial)


p = profundidade da impressão

Cuidados na realização do ensaio com relação a localização da impressão:


- afastamento das bordas de 2,5.d
- espessura da peça de pelo menos 10.d
- distância entre duas impressões

Uso de esferas e cargas diferentes das propostas por Brinell:


φ d1 d
sen == 2 = cte
2 D1 D2
Segundo Meyer, para materiais homogêneos o uso de esferas de diâmetros diferentes e com cargas variáveis permite obter
o mesmo valor da dureza, desde que a relação Q/D² seja constante.

Esferas utilizadas (Ø) = 1, 2, 5 e 10 mm


A esfera deverá ter uma dureza 2,5x superior a do material a ser ensaiado

Relação da dureza Brinell com o limite de resistência em tração:


σ R = 0,36 HB , válido para aços, limitado até 380 HB

Vantagens:
- facilidade de execução
- baixo custo de operação
- equipamento simples

Limitações:
- recuperação elástica após a retirada da carga não é descontada
- deformação da calota esférica
- o corpo de prova pode ser inutilizado pelo tamanho da impressão
- não é aplicado a materiais com tratamento superficial (mistura dureza da camada com a dureza do material)

▪ Dureza Meyer (HM)


Em lugar da área de contato, isto é, a área superficial da calota esférica, for usada a área da calota projetada no plano da
superfície.
Representa uma melhor aproximação, devido ao fato de que as forças laterais na superfície inclinada da calota esférica
tendem a se anular e aplicando-se uma pressão bem uniforme, sem atrito, o valor da pressão média será exatamente igual
ao valor dado pela fórmula:
4Q
HM =
πD ²
Não é utilizado em ensaios de rotina.

▪ Dureza Rockwell (HR)


Elimina o tempo necessário para a medição de qualquer dimensão da impressão causada, pois o resultado é lido direta e
automaticamente na máquina de ensaio, sendo portanto, um ensaio mais rápido e livre de erros pessoais. Além disso,
utilizando penetradores pequenos, a impressão pode muitas vezes não prejudicar a peça ensaiada e pode ser usada também
para indicar diferenças pequenas de dureza numa mesma região de uma peça.
Pode ser realizada por dois tipos de máquinas, que se diferenciam pela precisão de seus componentes, tendo ambas a
mesma técnica de operação.
A máquina-padrão mede a dureza Rockwell comum e a máquina mais precisa mede a dureza Rockwell superficial.
O ensaio é baseado na profundidade de penetração de uma ponta, subtraída da recuperação elástica devida à retirada de
uma carga maior e da profundidade causada pela aplicação de uma carga menor. Os penetradores utilizados na dureza
Rockwell são do tipo esférico ou cônico (cone de diamante, tendo 120º de conicidade).

As escalas mais usadas são A, B e C, sendo indicadas por HRA, HRB, HRC, respectivamente.
B
A: penetrador de diamante – escala de maior amplitude de variações
B: penetrador esfera de 1,59mmØ – empregada abaixo de 20 (a dureza Rockell B varia de aproximadamente 50 a 100)
C: penetrador de diamante; carga máxima de 150 kgf – uso prático na faixa de 20 a 70

A espessura mínima para o ensaio é de 10.p, onde p é a profundidade da impressão.


Se a impressão perfurar ou mesmo se ela puder ser notada do outro lado do corpo de prova, deve-se passar para uma escala
menor ou então para a dureza Rockell Superficial. As impressões de dureza devem ser espaçadas de pelo menos 3 vezes o
diâmetro da impressão para evitar interferência.

Vantagens:
- leitura direta, impressão pequena e rapidez do ensaio.
Desvantagens:
- várias escalas, requer boa preparação da superfície.

▪ Dureza Vickers (HV)


O penetrador é uma pirâmide de diamante de base quadrada (indeformável), com um ângulo de 136º entre as faces opostas.
Semelhante ao método Brinell por preservar a relação d/D inicialmente proposta por Brinell, onde d/D = 0,375.
Os valores de dureza obtidos são independentes da carga aplicada, ou seja, ensaios realizados com cargas diferentes
apresentam o mesmo valor de dureza.
Ângulo das tangentes à esfera, para a relação d/D = 0,375 na dureza de Brinell:

carga 1,8544Q
HV = =
área da superfície piramidal L²

As cargas variam de 1 a 120kgf.

Vantagens:
- escala contínua
- impressões pequenas
- precisão de medida
- mede durezas superficiais (microdureza)

Considera-se microdureza Vickers quando não são utilizadas cargas inferiores a 1kgf. Pode-se realizar ensaios com cargas
de até 10gf.
Desvantagens:
- procedimento mais demorado
- exige uma preparação mais cuidadosa do que os métodos anteriores
- irregularidades de impressão levam a erros de medição

As irregularidades podem ocorrer por:


- má preparação do corpo de prova com superfície irregular ou faces não paralelas
- anisotropia do material ensaiado (em materiais com grande anisotropia obtêm-se impressões de formato losango
irregular, de modo que os valores de L medidos a 90º um do outro diferem mais do que o permitido, sendo portanto
necessário tomar a média desses valores)

▪ Dureza Knoop (HK)


- utiliza um penetrador em forma de uma pirâmide alongada, que produz uma impressão conforme a figura abaixo:

A impressão Knoop é mais estreita que a Vickers, sendo possível ser usada na determinação de, por exemplo, finas regiões
de camadas eletrodepositadas ou endurecidas
A profundidade da impressão Knoop é menor que a metade da profundidade causada pela impressão Vickers com a mesma
carga, sendo possível a dureza Knoop medir a dureza de materiais extremamente frágeis como vidro ou certas tintas.
14,229Q , onde L é a diagonal maior da impressão
HK = m
L² m

▪ Dureza por Choque


Ensaio dinâmico que produz a impressão num corpo de prova por meio de um penetrador que bate na superfície plana. O
principio do método considera que o volume da impressão é proporcional ao trabalho realizado para a sua geração. O
trabalho é medido pela energia cinética do pêndulo ou êmbolo utilizado.
Parâmetros:
- altura de queda (h)
- massa do êmbolo (m)
- volume da impressão (V), em mm³
Dureza = m.h / V

▪ Dureza Shore ou Escleroscópica


Mede a altura de rebote ou perda de energia cinética quando um êmbolo de massa conhecida cai de uma altura h, bate na
superfície do corpo de prova e retorna.
Utiliza, portanto, os princípios de choque parcialmente elásticos.
É utilizada apenas para comparação de materiais.

QUADRO RESUMO
P2 – LABORATÓRIO
ENSAIOS RELACIONADOS A FRATURA FRÁGIL

São ensaios que objetivam determinar a tendência de um material de se comportar de maneira frágil

Fratura:
Separação de um componente em duas ou mais partes

As fraturas dúctil e frágil podem ser definidas com base em dois critérios:

• Critério da energia absorvida:


Fratura dúctil: ocorre acompanhada de grande consumo de energia no processo de ruptura
Fratura frágil: ocorre com pouca quantidade de energia absorvida

• Critério de deformação plástica:


Fratura dúctil: há intensa deformação plástica precedendo a fratura
Fratura frágil: a quantidade de deformação precedendo a fratura é muito pequena ou mesmo nula

Nível atômico:
Os comportamentos frágil e dúctil (tenaz) são manifestações dos micro-mecanismos que levam o
material a ruptura. Assim, a fratura dúctil ocorre, normalmente, por cisalhamento (ruptura no plano
da tensão aplicada), enquanto que a fratura frágil ocorre por clivagem (ruptura perpendicular a
tensão aplicada).
Há, entretanto, casos em que fraturas frágeis não ocorrem por clivagem, como é o caso das
fraturas intergranulares, em que a ruptura se dá por decoesão nos contornos de grão, caso dos
aços fragilizados por revenido, ou mesmo por cisalhamento nos contornos de grão, caso das ligas
com precipitação em contornos de grão.

Os metais e ligas metálicas ao trabalharem à temperatura ambiente ou temperaturas moderadamente


elevadas apresentam, normalmente, uma resistência a fratura relativamente elevada, o que se traduz
em um elevado consumo de energia para que o processo de fratura possa ocorrer. Nessas condições,
a fratura ocorre por cisalhamento e o comportamento é dúctil. Com o abaixamento da temperatura
de trabalho, certos metais e suas ligas podem apresentar uma tendência a fraturar por clivagem,
consumindo uma quantidade de energia significativamente inferior àquela consumida em
temperaturas mais elevadas, apresentando um comportamento frágil.
Diagrama de Análise de Fratura: relaciona a tensão com a temperatura, quando existe um estado
triaxial de tensões causado pela trinca.

Ponto A: cruzamento entre as curvas σR e σE.

Curva 1: resistência à fratura de um corpo de prova contendo uma trinca pequena (3 a 5 mm).

Curva 2: curva 1 deslocada para a direita para um material com tamanho de trinca maior.

Curva 3 / Curva CAT (temperatura de imobilização da trinca): limite de deslocamento da curva


1, que define a maior temperatura onde uma trinca, por maior que seja, não se propagará
instavelmente. Neste caso, a ruptura do material só acontecerá por meio de fratura de caráter dúctil.
A direita da curva 3, tem-se a região onde a fratura frágil não ocorre.

Ponto B: encontro da curva de tensão de fratura com a curva do limite de escoamento, quando a
trinca é pequena. Ponto NDT (transição de ductilidade nula), sendo a temperatura mais alta em que
a fratura frágil (instável) pode ocorrer.
A direita da curva 1 materiais com pequena trinca só se romperão apresentando uma certa
deformação plástica, o que não acontece quando as condições de tensão e temperatura atingem um
ponto à esquerda dessa curva.

Ponto C: Ponto FTE (transição elástica da fratura), determina a temperatura acima da qual tensões
elásticas não conseguem propagar uma trinca grande.

Ponto D: Ponto FTP (transição plástica da fratura), representa a temperatura acima da qual o
material se comporta como se fosse isento de trinca, não havendo propagação instável da trinca por
maior que ela seja, e a ruptura só ocorre quando se aumenta a tensão, como no caso do ensaio de
tração.

Abaixo da curva 3 há uma tensão máxima, considerada tensão-limite de segurança, abaixo da qual
não existe a possibilidade de fratura frágil.

O Diagrama de Análise de Fratura serve para qualquer material que apresente essa transição nítida
entre fraturas dúctil e frágil, com o abaixamento da temperatura, como os metais que se cristalizam
no sistema CCC. Os metais que se cristalizam no sistema CFC de média e baixa resistência e os
metais do sistema HC não apresentam essa transição, portanto não rompem por clivagem.

Qualquer processo de fratura envolve duas etapas: a formação e a propagação de trincas. A fratura
dúctil é caracterizada por uma extensa deformação plástica na vizinhança de uma trinca que está
avançando. Esse tipo de trinca é freqüentemente chamado de estável. No caso de uma fratura frágil,
as trincas podem se espalhar de maneira extremamente rápida, com o acompanhamento de muito
pouca deformação plástica. Uma fratura frágil é, pois, instável e propaga-se sem a necessidade de
aumento da tensão a velocidade elevadas, principalmente quando há possibilidade de a trinca
percorrer o material continuamente.

A fratura dúctil é quase sempre preferível por dois motivos:


- a fratura frágil ocorre repentinamente e catastroficamente, sem qualquer aviso (conseqüência da
espontânea e rápida propagação da trinca). Por outro lado, no caso da fratura dúctil, a presença de
deformação plástica dá um alerta de que uma fratura é iminente, permitindo que medidas
preventivas sejam tomadas.
- mais energia de deformação é exigida para induzir uma fratura dúctil, uma vez que materiais
dúcteis são geralmente mais tenazes. Sob a ação de uma tensão de tração aplicada, a maioria das
ligas metálicas são dúcteis, enquanto os cerâmicos são notavelmente frágeis, e os polímeros podem
exibir ambos os tipos de fratura.

Fatores que afetam o mecanismo de fratura:


O modo de fratura dos metais não depende unicamente de suas características intrínsecas como
limite de escoamento, capacidade de encruamento e ductilidade, mas também de fatores externos
como:
• temperatura
• modo e velocidade de carregamento (quanto mais alta for essa velocidade, surgem as piores
condições em que uma trinca pode iniciar sua propagação sob tensões elásticas, motivo da
utilização de cargas de impacto ou choque para os ensaios relacionados à fratura frágil).
• estado de tensões atuante

Ensaio de Impacto: ensaio dinâmico usado principalmente para materiais utilizados em baixa
temperatura, como teste de aceitação do material.
A tendência de um material de se comportar de uma maneira frágil é então medida pelo ensaio de
impacto. O corpo de prova é padronizado e provido de um entalhe para localizar a sua ruptura e
produzir um estado triaxial de tensões, quando ele é submetido a uma flexão por impacto, produzida
por um martelo pendular. A energia que o corpo de prova absorve, para se deformar e romper, é
medida pela diferença entre a altura atingida pelo martelo antes e após o impacto, multiplicada pelo
peso do martelo. Pela medida da área da seção entalhada do corpo de prova, pode-se então obter a
energia absorvida por unidade de área. Quanto menor for a energia absorvida, mais frágil será o
comportamento do material àquela solicitação dinâmica.

Corpos de prova:

• Charpy
- o entalhe é feito no meio do corpo de prova
- existem 3 tipos (A, B e C)
- são livremente apoiados na máquina de ensaio, com uma
distância entre os apoios de 40 mm
• Izod
- seção quadrada de 10 mm de lado com um comprimento de 75 mm
- o entalhe é feito a uma distância de 28 mm de uma das extremidades, tendo a forma de um V
- corpo de prova fica engastado, ficando o entalhe na altura da superfície do engaste.

A ductilidade do metal pode ser avaliada no ensaio de impacto pela porcentagem de contração no
entalhe quanto ao seu aspecto por um exame visual que determina se a fratura foi fibrosa (dúctil),
granular ou cristalina (frágil).

Influência da Temperatura:
O ensaio só é válido se houver separação total das partes rompidas do corpo de prova. Caso isso não
aconteça deve-se diminuir a temperatura. A temperatura de ensaio tem uma influência decisiva nos
resultados obtidos e deve, portanto, ser mencionada no resultado, juntamente com o tipo de corpo
de prova que foi ensaiado.

Temperatura de transição: temperatura onde há uma mudança no caráter de ruptura do material,


passando de dúctil para frágil, ou vice-versa.

Um material poderá ser usado desde que absorva, no ensaio de impacto, uma energia maior que a
energia indicada na temperatura de transição (T) adotada, que pode ser:
Critérios para a temperatura de transição pelo ensaio de impacto

T1: patamar superior, acima da qual a fratura obtida é 100% fibrosa (dúctil); essa temperatura
corresponde à temperatura FTP
T2: corresponde a 50% de fratura fibrosa (dúctil) e 50% de fratura frágil
T3: média dos valores dos patamares superior e inferior
T4: certo valor adotado da energia absorvida; para aços de baixa resistência esse valor é de 20 J
T5: corresponde à temperatura onde a fratura se torna 100% cristalina (frágil); corresponde à
temperatura NDT, onde a deformação plástica é desprezível.

Curva de transição com porcentagem de contração no entalhe (material: aço de baixa resistência)

Para materiais de alta resistência a temperatura influi pouco na resistência à fratura por clivagem,
não havendo, assim, temperatura de transição, sendo possível romperem-se a uma tensão abaixo de
seu limite de escoamento, por outro mecanismo de caráter dúctil. A passagem de fratura com baixa
absorção de energia para fratura com alta absorção é gradual.
Efeito da temperatura em aço 4340; a) de baixa resistência; b) de media resistência; c) de alta resistência. Vê-se
também a porcentagem de fratura fibrosa (dúctil)

O intervalo de transição de um aço depende de outras variáveis (pureza, tamanho de grão, processo
de fabricação), mas sobretudo do tratamento térmico. Quanto mais endurecido o aço, menor é a
faixa de transição.

Em aços ferríticos a temperatura de transição aumenta com o tamanho de grão da ferrita. Este efeito
é atribuído a maior concentração de tensões nas bandas de deslizamento finais em contornos de
grão. Quanto maior o tamanho de grão maior será a largura da banda de deslizamento, aumentando
a concentração de tensões que leva a nucleação de microtrincas nos contornos levando a clivagem.

Microconstituintes: Fases ou estruturas que vão aparecer compondo a estrutura metalográfica do


material. Podem ser:

• Inclusões não metálicas: resultado da presença de impureza no material. Aparece geralmente


alinhada a direção de laminação no centro do grão. A presença de inclusões não metálicas é
prejudicial, pois com o “deslocamento” da matriz pela ação de esforços externos há uma “formação
de trinca”. Nos processos procura-se fazer com que sejam esféricas para diminuir a concentração de
tensões.

• Anisotropia dos microconstituintes: orientação da microestrutura por efeitos de processamento


termomecânico (efeito de direcionalidade nas curvas de impacto em corpos de prova Charpy retirados de três locais
diferentes num aço-doce)
• Tamanho do componente: conseqüência de levar os valores do ensaio para uma condição de
projeto. Efeito da geometria onde há uma diferença na estrutura metalurgia entre componentes de
maior e menor espessura de uma mesma liga ocorrendo queda de tenacidade com o aumento da
espessura
- microestrutura grosseira em componentes espessos
- maior probabilidade de defeitos (trincas)
- maior tendência para um estado plano de deformação
P1 – TEORIA
Ligação Atômica
▪ Ligações primárias: compreendem processos de compartilhamento ou transferência
de elétrons.
Ex: iônica, covalente e metálica.

▪ Ligações secundárias: compreendem a atração entre átomos ou moléculas de natureza


“fraca”. Não há transferência ou compartilhamento de elétrons.
Ex: forças de atração secundária, forças de Van der Waals.
▪ Ligação Iônica
- atração mútua entre íons positivos e negativos
- sempre encontrada em compostos cuja composição envolve tanto elementos metálicos
como não-metálicos
- os átomos de um elemento metálico perdem facilmente seus elétrons de valência para
os átomos não-metálicos. No processo, todos os átomos adquirem configurações
estáveis ou de gás inerte e, adicionalmente, uma carga elétrica (se tornam íons)
- não-direcional, a magnitude da ligação é igual em todas as direções ao redor do íon.
- ligação predominante nos materiais cerâmicos
- as energias de ligação são relativamente altas, o que resulta na forma de temperaturas
de fusão elevadas
- os materiais iônicos são materiais duros e quebradiços e, além disso, isolantes elétricos
e térmicos
- à temperatura ambiente, os materiais ligados ionicamente são intrinsecamente
quebradiços, como conseqüência da natureza eletricamente carregada de seus íons
componentes
- exemplo: cloreto de sódio
▪ Ligação Covalente
- as configurações eletrônicas estáveis são adquiridas pelo compartilhamento de elétrons
entre átomos adjacentes. Dois átomos ligados de maneira covalente irão cada um
contribuir com pelo menos um elétron para a ligação e os elétrons compartilhados
podem ser considerados como pertencentes a ambos os átomos
- direcional, ela ocorre entre átomos específicos e pode existir somente na direção entre
um átomo e o outro que participa no compartilhamento de elétrons
- encontrada em sólidos elementares como o diamante (carbono), o silício, o germânio.
- exemplo: metano, oxigênio
- podem ser ligações muito fortes ou muito fracas
▪ Ligação Metálica
- compreende o envolvimento de todos os elétrons da última camada dos átomos de
metais, dessa forma, todos os elétrons da última camada podem se deslocar para
qualquer uma dessas camadas dos átomos (formação da nuvem eletrônica)
- os elétrons livres protegem os núcleos iônicos carregados positivamente das forças
eletrostáticas mutuamente repulsivas que eles iriam, de outra forma, exercer uns sobre
os outros, conseqüentemente a ligação metálica apresenta caráter não-direcional
- à temperatura ambiente a maioria dos metais e suas ligas falha de maneira dúctil, isto
é, ocorre fratura após os materiais experimentarem níveis significativos de deformação
permanente. Esse comportamento é explicado em termos do mecanismo de deformação,
que está implicitamente relacionado às características da ligação metálica
- exemplo: metais e ligas metálicas – Fe, Cu, W, Ar
▪ Ligações Secundárias ou Ligações de Van der Waals
- mais fracas quando comparadas às ligações primárias
- surgem de dipolos atômicos ou moleculares (um dipolo elétrico existirá sempre que
houver separação entre frações positiva e negativa de um átomo ou molécula)
- resultam das forças atrativas de dipolos elétricos, os quais existem em dois tipos
(induzido e permanente)
- ligação de hidrogênio: tipo mais forte de ligação secundária, é um caso especial de
ligação entre moléculas polares. Ocorre entre moléculas nas quais o hidrogênio está
ligado covalentemente a um elemento não metálico, como o flúor (HF), oxigênio (H2O)
e o nitrogênio (NH3). Para cada uma das ligações, o único elétron do hidrogênio é
compartilhado com o outro átomo.

*Polarização molecular: a maior parte das forças de atração de Van der Waals se origina
de dipolos elétricos. Exemplo: fluoreto de hidrogênio. Há dois elétrons disponíveis para
a camada K do hidrogênio e oito para a camada mais externa L do flúor. Entretanto,
dentro da molécula há um desbalanceamento elétrico, pois o par eletrônico
compartilhado circunda mais eficazmente o núcleo positivo do flúor do que o núcleo do
hidrogênio. Conseqüentemente, o centro de carga positiva não coincide com o centro de
carga negativa e tem-se a formação de um dipolo elétrico. Um dipolo elétrico é formado
em toda molécula assimétrica, tornando possível um mecanismo de ligação entre as
moléculas. A polarização molecular do HF é tão pronunciada que possui um dos mais
elevados pontos de ebulição de moléculas diatômicas. Moléculas poliatômicas podem
desenvolver polarizações ainda mais pronunciadas, pois existem possibilidades
adicionais de desbalanceamento elétrico interno.

*Ponte de hidrogênio: a existência dessa ligação provoca uma atração entre moléculas
H2O, sendo responsável pelo ponto de ebulição e elevado calor de vaporização da água.
A ponte de hidrogênio é um caso especial de polarização molecular. O pequeno núcleo
do hidrogênio, que é um próton, é atraído por elétrons não compartilhados de uma
molécula de H2O próxima, formando-se desta forma, a ligação entre as duas moléculas.

Coordenação Atômica
É condicionada pela valência dos átomos envolvidos. A valência define o número de
“vizinhos”, ou seja, o número de ligações que um átomo pode disponibilizar ou formar
com um outro átomo.

▪ Número de coordenação (NC): representa o número de vizinhos mais próximos que


um dado átomo tem. Dois fatores definem o número de coordenação: covalência (o
número de ligações covalentes em torno de um átomo é dependente do número de seus
elétrons de valência) e o empacotamento atômico (como há libertação de energia
quando os átomos ou íons são aproximados, um material se torna mais estável se os
átomos forem arranjados de uma forma mais fechada e as distâncias interatômicas
forem reduzidas)

Fator de empacotamento atômico (FEA) = volume de átomos em uma célula unitária


volume total da célula unitária

Regra geral (exceção H e He):


NC = 8 – G, onde G é o número do grupo na tabela periódica
Arranjos Atômicos
▪ Estruturas moleculares: agrupamento de átomos
- uma molécula pode ser definida como um número limitado de átomos fortemente
ligados entre si, mas, de forma que, as forças de atração entre uma molécula e as demais
sejam relativamente fracas. Estes grupos de átomos, que são eletricamente neutros,
agem como se fossem uma unidade, pois as atrações intramoleculares são muito fortes,
enquanto que as ligações intermoleculares são originadas por forças fracas de Van der
Waals.

▪ Estruturas cristalinas: arranjo ordenado repetitivo de átomos em três dimensões


- um material cristalino é aquele no qual os átomos estão situados em um arranjo que se
repete ou que é periódico ao longo de grandes distâncias atômicas
- ao descrever estruturas cristalinas, com freqüência torna-se conveniente subdividir a
estrutura em pequenas entidades que se repetem, chamadas células unitárias (unidade
básica para formação do cristal)

▪ Sistemas cristalinos:
Em função dos parâmetros de rede, isto é, do comprimento dos lados e dos eixos do
paralelepípedo elementar da célula unitária, e dos ângulos que as suas faces formam
entre si, podem identificar-se sistemas de cristalização, ou sistemas cristalinos básicos.
Neste contexto, um sistema de cristalização é o grupo pontual da malha cristalina, isto é
o conjunto de simetrias de rotação e reflecção permitidas ao manter fixo um ponto da
malha (ignorando os átomos ou moléculas contidos em cada célula unitária).
Imaginando-se o preenchimento geométrico do espaço com arranjos repetitivos de
esferas iguais verifica-se que só existem os seguintes sete sistemas possíveis (com os
ângulos e parâmetros correspondentes):
- cúbico
- tetragonal
- ortorrômbico
- romboédrico ou trigonal
- monoclínico
- triclínico
- hexagonal

A maior parte dos metais e ligas metálicas inclui-se nos sistemas cúbico e hexagonal.

Sistemas Cúbicos

a = distância interatômica (parâmetro de rede)

▪ Cúbico simples (CS) – hipotética para metais puros


- contém um átomo metálico por célula unitária (apenas um oitavo de cada um dos
átomos cai dentro da célula). Os metais não se cristalizam no sistema cúbico simples
(CS), pois o número de coordenação (NC = 6) é baixo e o FEA também.
Apenas 52% do espaço estaria ocupado:
4πr ³
FEA = 3 = 0,52
(2r )³

▪ Cúbico de corpo centrado (CCC)


- o ferro tem estrutura cúbica. À temperatura ambiente, a célula unitária do ferro tem um
átomo em cada vértice do cubo e um outro átomo no centro do cubo. Cada átomo de
ferro é cercado por oito átomos de ferro adjacentes (NC = 8), quer o átomo esteja
localizado em um vértice, quer no centro.
- há dois átomos por célula unitária (um no centro do cubo e oito oitavos nos vértices)

4r
a=
3
- FEA = 0,68, o qual é significativamente maior que o para a estrutura cúbica simples
- exemplos: ferro-α (forma estável de Fe até 912ºC), tungstênio, cromo, molibdênio

▪ Cúbico de face centrada (CFC)


- são mais comuns entre os metais que as estruturas CCC.
- exemplos: ferro-γ (ferro entre 912ºC e 1394ºC) – variação alotrópica, mudança de
estrutura – alumínio, cobre, chumbo, prata, níquel
- cada célula unitária possui quatro átomos (oito oitavos dos vértices, seis metades nos
centros das faces)

4r
a=
2
- FEA = 0,74
- NC = 12
- exemplo de compostos cristalinos: NaCl, FEA = 0,67

Sistemas Hexagonais
▪ Hexagonal Simples (HS)
- análogo ao sistema cúbico simples (não há cristalização de metais), em virtude do
fator de empacotamento ser muito baixo
- NC = 3

▪ Hexagonal Compacto (HC)


- caracterizada pelo fato de que cada átomo de uma dada camada está diretamente
abaixo ou acima dos interstícios formados entre três átomos das camadas adjacentes.
Portanto, cada átomo tangencia três átomos na camada acima do seu plano, seis átomos
no seu próprio plano e três átomos na camada abaixo do seu plano

- FEA = 0,74
- NC = 12
- possui valores idênticos ao de um metal CFC. São diferentes por causa da seqüência
de empilhamento
- exemplos: cádmio, magnésio, titânio, zinco

Polimorfismo (Alotropia)
- dois cristais são ditos polimorfos quando, embora tenham estruturas cristalinas
diferentes, apresentam a mesma composição.
- exemplos: grafite x diamante
ferro-α x ferro-γ
- carbeto de silício (SiC) – pode apresentar até 20 modificações cristalinas, em função
dele gerar compostos.

Direções e Planos Cristalográficos


- utiliza-se como referência básica o sistema cúbico
- as direções e planos são indicados por índices obtidos a partir de vetores para as
direções e vetores normais para os planos
▪ Direções Cristalográficas
- uma direção cristalográfica é definida como uma linha entre dois pontos, ou um vetor

Etapas para determinação dos três índices direcionais:


1) um vetor com o comprimento conveniente é posicionado de tal modo que ele
passa através da origem do sistema de coordenadas
2) o comprimento da projeção do vetor sobre cada um dos três eixos é
determinado; estes são medidos em termos das dimensões da célula unitária, a, b
e c.
3) estes três números são multiplicados ou divididos por um fator comum, a fim de
reduzi-los aos menores valores inteiros
4) os três índices, não separados por vírgulas, são colocados entre colchetes: [uvw]

- os índices negativos são indicados com uma barra sobre o número


- uma família de direções é representada entre colchetes angulados < >

▪ Planos Cristalográficos
- um único plano: os índices são colocados entre parênteses ( )
- família de planos: os índices são colocados entre chaves { }

Procedimento empregado na determinação dos índices h, k e l:


1) se o plano passa através da origem que foi selecionada, ou um outro plano
paralelo deve ser construído no interior da célula unitária mediante uma
translação apropriada, ou uma nova origem deve ser estabelecida no vértice de
uma outra célula unitária
2) neste ponto, o plano cristalográfico ou intercepta ou é paralelo a cada um dos
três eixos
3) os valores inversos desses números são calculados e tomados. Um plano que é
paralelo a um eixo pode ser considerado como tendo uma interseção no infinito
e, portanto, um índice igual a 0
4) se necessário, estes três números são modificados para o conjunto de menores
números inteiros pela multiplicação ou divisão por um fator comum
5) os índices inteiros, não separados por vírgulas, são colocados entre parênteses,
assim: (hkl)

Os índices (hkl) são denominados índices de Miller

Exemplo: Determinação de índices de planos não contidos no cristal


→ → →
N = AB× AC
AB = (-1,3,0)
AC = (-1,0,2)

A (1,0,0)
B (0,3,0)
C (0,0,2)
i j k i j
→ → →
N = AB× AC = − 1 3 0 − 1 3
−1 0 2 −1 0

N = 6i + 3k + 2 j

N = (6,2,3)
IM = (6 2 3)

Método rápido:
- interseções (1 3 2)
⎛1 1 1 ⎞
- inversão ⎜ ⎟
⎝1 3 2 ⎠
- multiplicar por fator comum (6 2 3)
Densidades Atômicas Linear e Planar
- a equivalência direcional está relacionada à densidade atômica linear, no sentido que
direções equivalentes possuem densidades lineares idênticas. O vetor direção está
posicionado de forma a passar através dos centros dos átomos, e a fração do
comprimento da linha que é interceptada por estes átomos é igual a densidade linear.
- os planos cristalográficos que são equivalentes possuem a mesma densidade atômica
planar. O plano de interesse está posicionado de modo tal que ele passa através dos
centros dos átomos. A densidade planar é simplesmente a fração da área cristalográfica
planar total que está ocupada pelos átomos.

▪ Densidade Linear (DL)


DL = comprimento ocupado / comprimento

▪ Densidade Planar (DP)


DP = área ocupada / área do plano

- as densidades linear e planar estão relacionadas com o processo de deslizamento, isto


é, o mecanismos segundo o qual os metais se deformam plasticamente. O deslizamento
ocorre nos planos cristalográficos mais densamente empacotados e, naqueles planos, ao
longo das direções que possuem o maior empacotamento atômico.

▪ Espaçamentos interplanares (di)


a
di =
h² + k ² + l ²

▪ Análise por raios-x


- as estruturas de reticulado são determinadas experimentalmente através de análises por
raios x, que também revelam a estrutura cristalina
- quando um feixe de raios x é dirigido através de um material cristalino, esses raios são
difratados pelos planos dos átomos ou íons dentro do cristal. O ângulo de difração
depende do comprimento de onda dos raios x e das distâncias entre planos adjacentes.

Lei de Bragg:
nλ = 2d i senθ
,onde λ é o comprimento de onda, d i a distância interplanar e θ o ângulo de incidência

Desordem Atômica nos Sólidos


Impureza: elemento(s) presente(s) em menor porção no metal ou liga.
Exemplo – caso onde a impureza é benéfica: prata sterling (prata de lei)
composição: 92,5% de Ag e 7,5% de Cu
a adição de Cu reduz a tendência a oxidação, melhor a resistência mecânica
e torna a liga mais durável

Liga metálica: combinação de dois ou mais elementos


- a adição de átomos de impurezas a um metal irá resultar na formação de uma solução
sólida e/ou uma nova segunda fase.
- a solução sólida em metais depende de átomo solvente (representa o elemento ou
composto que está presente em maior quantidade) e átomo soluto (indica o elemento ou
composto presente em menor concentração).
- uma solução sólida também é homogênea em termos de composição; os átomos de
impurezas estão distribuídos aleatoriamente e uniformemente no interior do sólido

Soluções sólidas: quando os átomos do solvente e soluto têm dimensões e estruturas


eletrônicas semelhantes, as soluções sólidas se formam mais facilmente
Ex: latão (Cu + Zn)
ØCu = 0,1278 nm
ØZn = 0,139 nm

Características dos átomos do soluto e do solvente que determinam o grau segundo o


qual o primeiro se dissolve no segundo:
1) Fator do tamanho atômico – quantidades apreciáveis de um soluto podem ser
acomodadas quando a diferença entre os raios atômicos dos dois tipos de átomos
é menor do que aproximadamente 15%. De outra forma, os átomos do soluto
irão criar distorções substanciais na rede cristalina e uma nova fase irá se formar
2) Estrutura cristalina – para que a solubilidade dos sólidos seja apreciável, as
estruturas cristalinas devem ser as mesmas
3) Eletronegatividade – quanto mais eletropositivo e mais eletronegativo for o
outro, maior é a tendência de que eles venham formar um composto
intermetálico em lugar de uma solução sólida substitucional
4) Valências – sendo iguais todos os demais fatores, um metal terá uma maior
tendência de dissolver o outro de maior valência do que um de menor.

▪ Soluções sólidas substitucionais


- o átomo do soluto ou átomos de impurezas tomam o lugar dos átomos solventes ou os
substituem
Ex. ligas Ni-Cu

▪ Soluções sólidas intersticiais


- os átomos de impureza preenchem os espaços vazios ou interstícios que existem entre
os átomos de solvente
- para materiais metálicos que possuem FEA relativamente elevados, essas posições
intersticiais são relativamente pequenas. Conseqüentemente, o diâmetro atômico de uma
impureza intersticial deve ser substancialmente menor que o diâmetro dos átomos
solventes.
Ex. aço (solução intersticial de carbono no ferro)

Imperfeições nos Cristais


▪ Defeitos Pontuais
- o mais simples é a lacuna, onde um sitio que normalmente deveria estar ocupado está
com um átomo faltando

Geração de defeitos pontuais: relação entre características dos materiais ou fenômenos


relacionados ao material que são dependentes da temperatura
- a necessidade da existência de lacunas é explicada utilizando-se os princípios da
termodinâmica (a presença de lacunas aumenta a entropia do cristal)

Ex. - difusidade dos elementos (capacidade do elemento se deslocar na malha)


- velocidade de deformação por fluência
- condutividade em semi-condutores
Representação matemática geral:
⎛−Q⎞
TAXA = C. exp ⎜ ⎟
⎝ RT ⎠
Q – energia de ativação
R – constante dos gases
T – temperatura absoluta
Taxa = fenômeno estudado
C = constante do processo independente de T

Q 1
ln(TAXA) = ln C − . Equação de Arrhenius
R T

⎛−q⎞
TAXA = C. exp ⎜ ⎟
⎝ RT ⎠
q = energia de ativação dividida pelo número de Avogadro = Q/NA
k = R/NA = constante de Boltzmann = 13,8 x 10-24 J/K

O defeito pontual, em particular as lacunas, ocorrem como um resultado direto da


agitação térmica.
Nv = número de lacunas
N = número de sítios (locais disponíveis na rede cristalina)
Ed = energia do defeito
NV ⎛ E ⎞
= C. exp⎜ − d ⎟
N ⎝ RT ⎠
Para a maioria dos metais a fração Nv/N, logo abaixo do ponto de fusão é da ordem de
10-4, ou seja, 1 em cada 10000 sítios estará vazio.

▪ Defeitos Lineares
- se propagam ao longo de uma direção

Discordância em aresta (cunha): defeito linear que está centralizado em torno da linha
que fica definida ao longo da extremidade do semiplano de átomos adicional
- a magnitude e a direção da distorção da rede cristalina que está associada com uma
discordância são expressas em termos de um vetor de Burgers (b)
- são originadas quando há uma pequena diferença na orientação de partes adjacentes do
cristal em crescimento, de forma que um plano atômico extra é introduzido ou
eliminado
Discordância espiral ou helicoidal: pode ser considerada como sendo formada por uma
tensão cisalhante que é aplicada para produzir a distorção abaixo (a região anterior do
cristal é deslocada a uma distância atômica para a direita em relação a fração inferior; a
distorção atômica associada a uma discordância espiral também é linear e ao longo de
uma linha da discordância, a linha AB)

▪ Defeitos Volumétricos
- linha de interface entre dois cristais: linha de grão
- acontece entre os grãos
- contorno de Macla:
- tipo especial de contorno de grão através do qual existe uma simetria específica
em espelho da rede cristalina; os átomos em um dos lados do contorno estão
localizados em posições de imagem em espelho dos átomos no outro lado do
controno
- a região de material entre esses contornos é chamada de macla
- as maclas resultam de deslocamentos atômicos que são produzidos a partir de
forças mecânicas de cisalhamento aplicadas e também durante tratamentos
térmicos de recozimento realizados após deformações (maclas de recozimento)

Microestrutura
Exemplo de características denominadas microestrutura: tamanhos e formas de grão

Microestrutura x Propriedades
A microestrutura depende de:
- composição química (metal ou liga)
- história termomecânica (rota de produção)

Tipos de microestrutura:
- grão poligonais
- grãos equiaxiais
- grãos alongados
- grãos aciculares
- grãos colunares
Exemplo: Aço AISI 1020
Barra laminada (comercial)
Tamanho de grão (TG) 50μm < TG < 100μm

Determinação do tamanho do grão: caracterização

linha teste – 50 mm

LINHA N.º DE GRÃOS


1 2,5
2 2,5
3 2,5
4 2,5
média 2,5

TG = (comprimento da linha de teste / média de grãos) / aumento


Ex. TG = (50/2,5) / 1 = 20 mm

Existe uma relação entre tensão limite de escoamento e tamanho de grão:


Equação de Hall-Patch:
σ y = σ 0 + K y d −1 / 2
σ y = tensão de escoamento
d = tamanho do grão
σ 0 e K y = constantes do material obtido em tabelas

TG diminui Æ σ y aumenta

Os mecanismos de aumento de resistência normalmente levam prejuízos quanto a


ductilidade e tenacidade dos metais. Contudo, a redução do tamanho de grão produz
aumento da tensão de escoamento sem prejudicar a ductilidade e a tenacidade

Difusão
Cementação: pode ser obtida através do carbono (carbonetação), nitrogênio (nitretação),
C,S,N (sulfocarbonitretação)

Difusão (fenômeno termicamente ativado): transporte de material por movimentos em


escala atômica
Condições:
- deve haver um sítio adjacente vazio
- o átomo deve possuir energia suficiente para quebrar as ligações atômicas que o une
aos seus átomos vizinhos e então causar alguma distorção na rede cristalina durante o
deslocamento

Ex. par de difusão cobre-níquel


- aquecimento a altas temperaturas, abaixo da temperatura de fusão do material com
ponto de fusão mais baixo

1) Mecanismo de interdifusão
- transporte da região de maior concentração para a de menor concentração

2) Autodifusão: normalmente não se observa difusão em um material puro, monofásico,


já que os movimentos atômicos são ao acaso e os átomos são todos idênticos,
entretanto, através do uso de isótopos radioativos, é possível identificar a difusão dos
átomos dentro de sua própria estrutura (autodifusão)

Mecanismos de difusão:
- migração passo a passo de um ponto para outro na rede cristalina

Modelos para movimentação atômica em metais:


- Difusão por lacuna:
- troca de posição do átomo com a lacuna
- necessária a presença de vazios ou lacunas
- sua intensidade dependerá do número de vazios

- Difusão intersticial:
- difusão de impurezas como C, N, H e O, que possuem átomos pequenos o
suficiente para se encaixarem no interior das posições intersticiais
Difusão em regime estacionário:
- a difusão é um processo dependente do tempo
- a quantidade de elementos transportados depende do tempo
- fluxo de difusão (J): o quão rápido ocorre a difusão (taxa de transferência de massa)
M 1 dM
J= Î J= kg/m²s ou átomos/m²s
At A dt
A = área através da qual a difusão está ocorrendo
t = tempo de difusão decorrido

- se o fluxo de difusão não varia com o tempo existe uma condição de estado
estacionário.
Ex. átomos de um gás através de uma placa metálica para a qual as concentrações (ou
pressões do componente em difusão em ambas as superfícies da placa são mantidas
constantes)

Gradiente de concentração entre A e B:


C − C B ΔC dC
gradiente de concentração = A = = (inclinação da reta)
x A − xB Δx dx

A difusão no estado estacionário em uma direção x é aquela em que o fluxo é


proporcional ao gradiente de concentração:
dC
J = −D 1ª lei de Flick
dx
D = coeficiente de difusão (m²/s)
O sinal negativo nessa expressão indica que a direção da difusão se dá contra o
gradiente de concentração, isto é, da concentração mais alta para a concentração mais
baixa.
Força Motriz:
- aquilo que induz a ocorrência de uma reação
Ex. purificação do hidrogênio. Um dos lados de uma chapa fina de paládio metálico é
exposta ao gás impuro, composto pelo hidrogênio e por outros componentes gasosos,
como o nitrogênio, o oxigênio e o vapor d’água. O hidrogênio se difunde seletivamente
através da chapa, para o lado oposto, que é mantido sob uma pressão de hidrogênio
constante e inferior.

Difusão x Difusividade
Coeficiente de difusão (D):
- medida da velocidade com que uma espécie atômica é capaz de se deslocar na matriz
de outra espécie atômica a uma dada temperatura

Difusividade (D0):
- constante definida pelo par atômico envolvido no processo
⎛−Q⎞
D = D0 . exp ⎜ ⎟
⎝ RT ⎠

Casos práticos:
- condições de difusão em regime não estacionário (condições transientes) – o fluxo de
difusão e o gradiente de concentração em um ponto específico no interior de um sólido
variam ao longo do tempo, havendo como resultado um acúmulo ou esgotamento
líquido do componente que se encontra em difusão.

Vai existir acumulação ou depleção das espécies em difusão:


∂C ∂ ⎛ ∂C ⎞
= ⎜D ⎟ segunda lei de flick
∂x ∂x ⎝ ∂x ⎠

Se o coeficiente de difusão for independente da composição, a equação pode ser


simplificada:
∂C ∂ ²C
=D
∂x ∂x ²

Condições de contorno:
1) antes da difusão os átomos soluto difusíveis no sólido estão uniformemente
distribuídos com concentração C0
2) o valor de x na superfície é tomado como 0
3) o instante t = 0 é tomado imediatamente antes do processo iniciar-se

Solução da equação diferencial:


Para t = 0, C = C0 em 0 ≤ x ≤ ∞
Para t > 0, C = CS (a concentração superficial constante) em x = 0
C = C0 em x = ∞
C x − C0 ⎛ x ⎞
= 1 − erf ⎜⎜ ⎟⎟
C S − C0 ⎝ 2 Dt ⎠

C x = concentração a uma profundidade x após decorrido um tempo t


⎛ x ⎞
erf ⎜ ⎟ = função erro de Gauss
⎝ 2 Dt ⎠
CS = concentração da superfície (meio)
C0 = concentração inicial (peça)
x = distância na qual a espécie atômica irá se difundir
t = tempo decorrido

Supondo que queira atingir uma determinada concentração de soluto, Cx, em uma liga:
C x − C0
= cons tan te
C S − C0
x
= cons tan te
2 Dt
x ≅ Dt

Alguns cálculos podem ser facilitados com base nesta relação.


P2 – TEORIA
Discordâncias e a Deformação Plástica:

Dois tipos fundamentais de discordâncias:

- discordância aresta: distorção localizada da rede cristalina ao longo da extremidade de um


semiplano adicional de átomos, que também define a linha da discordância

- discordância em espiral: resultante de uma distorção por cisalhamento; a sua linha da


discordância passa através do centro de uma rampa espiralada de plano atômico.

Deformação plástica: corresponde ao movimento de grandes números de discordâncias.


O processo pelo qual a deformação plástica é produzida mediante o movimento de uma
discordância é chamado de escorregamento. O plano cristalográfico, ao longo do qual a linha
da discordância de movimenta é o plano de escorregamento.

Rearranjos atômicos que acompanham o movimento de uma discordância aresta à medida que ela se move em
resposta à aplicação de uma tensão de cisalhamento. (a) o semiplano de átomos adicional é chamado de A. (b)
A discordância se move uma distância atômica para a direita à medida que A se liga à porção inferior do plano
B. No processo, a porção superior de B se torna o semiplano adicional. (c) Forma-se um degrau sobre a
superfície do cristal à medida que deixa o semiplano adicional.

A deformação plástica macroscópica corresponde simplesmente a uma deformação


permanente que resulta do movimento de discordâncias, ou escorregamento em resposta à
aplicação de uma tensão de cisalhamento.

Formação de um degrau sobre a superfície de um cristal pelo movimento de uma discordância aresta

No movimento de uma discordância espiral a direção do movimento é perpendicular à direção


da tensão. Para uma discordância aresta, o movimento é paralelo à tensão de cisalhamento.
Contudo, a deformação plástica é a mesma.
Formação de um degrau sobre a superfície de um cristal pelo movimento de uma discordância espiral

Ligas Monofásicas:

Os metais monofásicos têm apenas uma estrutura cristalina, entretanto sua composição pode
ser variada por solução sólida e os seus grãos podem ter várias microestruturas. As
propriedades dos metais monofásicos podem ser ajustadas por deformação plástica e
recristalização.

Os metais monofásicos podem ser metais puros, com apenas um componente.


Ex. cobre, zinco e alumínio.
Entretanto, em muitos casos, um segundo componente é adicionado propositalmente a fim de
melhorar as propriedades. Qualquer combinação de metais, feita com estes objetivos, recebe o
nome de liga.

As ligas são monofásicas quando não é ultrapassado o limite de solubilidade.


Ex. latão (Cu + Zn), bronze (Cu + Sn) e cobre-níquel (Cu + Ni).

Sistemas de Escorregamento:

As discordâncias se movimentam através de direções específicas em um plano preferencial,


chamado de plano de escorregamento. A direção do movimento é chamada de direção de
escorregamento. Essa combinação de plano de escorregamento e da direção de
escorregamento é conhecida por sistema de escorregamento, que depende da estrutura
cristalina do metal e é tal que a distorção atômica que acompanha o movimento de uma
discordância é mínima.

Sistema de escorregamento: corresponde a condição em que um cristal apresenta deformação


plástica por movimentação de discordâncias. Esta condição depende da atuação de uma tensão
cisalhante em uma direção e plano de maior densidade atômica.

O plano de escorregamento é aquele que possui empacotamento mais denso, ou seja, a maior
densidade planar. A direção de escorregamento corresponde à direção que se encontra mais
densamente compactada com átomos, isto é, aquela que possui a maior densidade linear.

Metais CFC e CCC possuem número relativamente grande de sistemas de escorregamento.


Esses metais são bastante dúcteis, pois uma extensa deformação plástica é normalmente
possível ao longo dos vários sistemas. De maneira contrária, metais HC, com poucos sistemas
de escorregamento ativos, são bastante frágeis.
Escorregamento em Monocristais:

As discordâncias aresta, espiral e mista se movem em resposta à


tensões de cisalhamento aplicadas ao longo de um plano de
escorregamento e em uma direção de escorregamento. Apesar de
uma tensão aplicada não poder ser puramente de tração (ou
compressão), existem componentes de cisalhamento em todos os
alinhamentos, à exceção daqueles paralelo e perpendicular à
direção da tensão. Esses componentes são conhecidos como
tensões de cisalhamento resolvidas (τR) e suas magnitudes não
dependem apenas das tensões aplicadas, assim como da
orientação tanto do plano de escorregamento como da direção
dentro do plano.
τR = σ . cos(ø) . cos(λ)

ø: ângulo entre a normal ao plano de escorregamento e a direção da tensão aplicada


λ: ângulo entre as direções de escorregamento e da tensão
σ: tensão aplicada

Em geral ø + λ ≠ 90º, uma vez que não existe a necessidade de o eixo de tração, a normal ao
plano de escorregamento e a direção do escorregamento se encontrarem sobre o mesmo plano.

Um sistema de escorregamento está, em geral, orientado da maneira mais favorável, ou seja:


possui a maior tensão de cisalhamento resolvidam (τR) máx:
(τR)máx = σ[cos(ø)cos(λ)]máx

Em resposta à aplicação de uma tensão de tração ou de compressão, o escorregamento em um


monocristal tem seu início no sistema de escorregamento mais favoravelmente orientado
quando a tensão de cisalhamento resolvida atinge um dado valor crítico, conhecido por tensão
de cisalhamento resolvida crítica, (τcr), a qual representa a tensão de cisalhamento mínima
exigida para iniciar o escorregamento e é uma propriedade do material que determina quando
o escoamento ocorre.

O monocristal se deforma plasticamente ou escoa quando (τR)máx = τcr, e a magnitude da


tensão aplicada exigida para dar início ao escoamento (tensão limite de escoamento σe) é dada
por:
τ cr
σe =
(cos φ cos λ ) máx

A tensão mínima necessária para introduzir o fenômeno do escoamento ocorre quando um


monocristal está orientado de tal forma que ø = λ = 45º, assim:
σ e = 2τ cr

Mecanismos de Aumento de Resistência em Metais:

Uma vez que a deformação plástica macroscópica corresponde ao movimento de grandes


números de discordâncias, a habilidade de um metal para se deformar plasticamente depende
da habilidade das discordâncias para se moverem. Uma vez que a dureza e a resistência estão
relacionadas com a facilidade com que a deformação plástica pode ser induzida mediante a
redução da mobilidade das discordâncias, a resistência mecânica pode ser melhorada, isto é,
maiores forças mecânicas serão necessárias para dar início à deformação plástica. Todavia,
quanto menos restringido estiver o movimento das discordâncias, maior será a facilidade com
a qual um metal poderá se deformar e mais macio e mais fraco ele ser tornará. Todas as
técnicas de aumento de resistência depende do seguinte princípio: restringir ou impedir o
movimento de discordâncias confere maior dureza e mais resistência a um material

• Redução do Tamanho de Grão:

Um material com grãos pequenos é mais duro e mais resistente do que um material que possui
granulação grosseira, uma vez que o primeiro possui uma maior área total de contornos de
grãos para dificultar o movimento das discordâncias.

Equação de Hall-Petch (variação do limite de escoamento de acordo com o tamanho de grão):


−1
σ e = σ 0 + ke d 2

σ e : tensão de escoamento
σ 0 e ke : constantes para cada material específico
d : diâmetro médio do grão

O tamanho do grão pode ser regulado mediante o ajuste da taxa de solidificação a partir da
fase liquida e também por deformação plástica seguida por um tratamento térmico apropriado.

Dependência do limite de escoamento em relação ao tamanho de grão para uma liga de latão

A maior resistência com menores tamanhos de grão pode ser explicada pela razão de haver
uma menor distância (tamanho do grão) para o deslocamento das discordâncias ocorrendo
rapidamente o seu empilhamento nos contornos, o que exigirá maior esforço para continuar o
seu movimento, ou seja, uma energia adicional será necessária para vencer o contorno de grão
e continuar o movimento no grão adjacente. Esse aumento de resistência é acompanhado de
um aumento da ductilidade e da tenacidade. Com menores tamanhos de grão, a propagação de
uma trinca ocorre com maior gasto de energia em função do maior número de vezes que uma
mudança de direção de propagação se faz necessária.
A redução do tamanho de grão é o único método de endurecimento que não prejudica a
tenacidade.
• Endurecimento por Solução Sólida:

Consiste na formação de ligar com átomos de impurezas que entram em solução sólida
substitucional/intesticial. Os metais com pureza elevada são quase sempre mais macios e mais
fracos do que as ligas compostas pelo mesmo metal de base. O aumento na concentração
destas impurezas resulta em um conseqüente aumento no limite de resistência à tração e no
limite de escoamento. Porém é, normalmente, acompanhado de uma redução da ductilidade e
tenacidade.
As ligas são mais resistentes do que os metais puros, pois os átomos de impurezas que entram
em solução sólida impões geralmente deformações da rede cristalina sobre os átomos
hospedeiros vizinhos.

Variação do (a) limite de resistência a tração, (b)


limite de escoamento e (c) ductilidade (AL%) em função do
teor de níquel para ligas cobre-níquel, mostrando o
aumento da resistência

A resistência ao escorregamento é maior quando


os átomos de impureza estão presentes, pois a
deformação global da rede deve aumentar se uma
discordância for separada deles. Assim, as
mesmas interações de deformação da rede irão
existir entre os átomos de impureza e as
discordâncias que estão em movimento durante a
deformação plástica. Dessa forma, a aplicação de uma maior tensão é necessária para primeiro
iniciar e depois dar continuidade à deformação plástica para ligas com solução sólida, como
oposto para metais puros; isto é evidenciado pela melhoria da resistência mecânica e da
dureza.

• Endurecimento por Encruamento:

O encruamento é o fenômeno pelo qual um metal dúctil se torna mais duro e mais resistente
quando submetido a uma deformação plástica. Pelo fato da temperatura em que a deformação
é efetuada ser fria em relação a temperatura absoluta de fusão do metal, também é chamado
de trabalho a frio.
Percentual de trabalho a frio (%TF):
A0 − Ad
%TF = × 100
A0
A0: área original da seção reta que experimenta a deformação
Ad: área após a deformação

Para o aço 1040, latão e cobre, (a) o aumento no limite de


escoamento, (b) o aumento no limite de resistência a
tração e (c) a redução na ductilidade (AL%) em função do
trabalho a frio

O fenômeno do encruamento é explicado com


base em interações entre campos de deformação
de discordâncias. A densidade de discordâncias
em um metal aumenta com a deformação ou com
o encruamento, devido a multiplicação das
discordâncias ou à formação de novas
discordâncias. Conseqüentemente, a distância
média de separação entre as discordâncias
diminui – as discordâncias são posicionadas mais
próximas umas das outras. À medida que a
densidade destas aumenta, essas resistência ao
movimento das mesmas se torna mais
pronunciada. Assim, a tensão imposta necessária
para deformar um metal, aumenta com o trabalho
a frio.

Os efeitos do encruamento podem ser removidos mediante um tratamento térmico de


recozimento.
Material recozido Æ encruamento = 0, trabalho a frio = 0

Recuperação, Recristalização e Crescimento de Grão:

A deformação plástica de uma amostra metálica policristalina a temperaturas que podem ser
consideradas baixas em comparação a sua temperatura absoluta de fusão produz alterações
microestruturais e mudanças nas propriedades dos materiais, incluindo:
- uma alteração na forma do grão
- endurecimento por deformação plástica a frio
- aumento na densidade das discrodâncias

Uma fração da energia gasta na deformação é armazenada no metal na forma de uma energia
de deformação, associada a zonas de tração, compressão e cisalhamento ao redor das recém-
criadas discordâncias. Outras propriedades, como, por exemplo, condutividade elétrica e
resistência a corrosão podem ser modificadas de acordo com a deformação plástica. Essas
propriedades e estruturas podem reverter aos seus estados anteriores mediante um tratamento
térmico apropriado. Essa restauração resulta de dois processos: recuperação e recristalização,
que podem ser seguidos por um crescimento de grão.

• Recuperação:
Durante a recuperação uma parte da energia interna de deformação armazenada é liberada em
virtude do movimento das discordâncias (na ausência da aplicação de uma tensão externa),
como resultado de uma melhor difusão atômica a temperatura mais elevada. Existe alguma
redução no número de discordâncias e são produzidas configurações de discordâncias que
possuem baixas energias de deformação. Além disso, algumas propriedades físicas como as
condutividades elétrica e térmica e afins são recuperadas aos seus estados que existiam antes
do processo de trabalho a frio.

• Recristalização:
Mesmo após o processo de recuperação estar completo, os grãos ainda se apresentam em um
estado de energia de deformação relativamente elevado. A recristalização é o processo de
formação de um novo conjunto de grãos livres de deformação e que possuem dimensões
aproximadamente iguais em todas as direções, com baixas densidades de discordâncias, e que
são característicos das condições que existem antes do processo de trabalho a frio.
Durante a recristalização as propriedades mecânicas que foram alteradas como resultado do
trabalho a frio são restauradas aos seus valores existentes anteriormente, ou seja, o metal se
torna mais macio, menos resistente, porém mais dúctil.
É um processo cuja extensão depende tanto do tempo quanto da temperatura. O grau (ou
fração) de recristalização aumenta em função do tempo.
Foto micrografias mostrando vários estágios da
recristalização e do crescimento de grãos de latão. (a)
Estrutura de grãos submetidos ao trabaho a frio
(33%TF). (b) Estágio inicial de recristalização após
aquecimento por 3s a 580ºC (1075ºF). Os grãos muito
pequenos são aqueles que foram recristalizados. (c)
Substituição parcial de grãos trabalhados a frio por
grãos recristalizados (4s a 580ºC). (d) Recristalização
completa (8s a 580ºC). (e) Crescimento de grão após
15 min a 580ºC. (f) Crescimento de grão após 10 min
a 700ºC (1290ºF).

O comportamento da recristalização de
uma liga metálica é especificado em
termos de uma temperatura de
recristalização, que é a temperatura na
qual a recristalização atinge o seu térmico em exatamente uma hora.
Th: Temperatura de fusão (K)
0,3 Th < Tr < 0,6 Th

A temperatura de recristalização depende de diversos fatores, tais como a quantidade de


trabalho a frio a que o material foi submetido anteriormente e a pureza da liga. Quando
aumenta-se a porcentagem de trabalho a frio, melhora-se a taxa de recristalização, com o
resultado de que a temperatura de recristalização é diminuída e se aproxima de um valor
constante ou valor limite em deformações mais elevadas.
A influência da temperatura de recozimento sobre o limite de resistência a tração e a ductilidade de uma liga de
latão. O tamanho de grão está indicado em função da temperatura de recozimento.
Variação da temperatura de recristalização em função do percentual de trabalho a frio para o ferro. Para
deformações menores do que a crítica (aproximadamente 5%TF) a recristalização não irá ocorrer.

A recristalização ocorre mais rapidamente


em metais puros do que em ligas. Assim, a
formação de ligas aumenta a temperatura
de recristalização.
As operações de deformação plástica são,
frequentemente, realizadas a temperaturas
acima da temperatura de recristalização em
um processo conhecido por trabalho a
quente. O material permanece
relativamente macio e dúctil durante a
deformação, pois ele não sofre
encruamento, portanto, são possíveis
grandes deformações.

Recristalização estática: é aquela que ocorre após a deformação plástica


Recristalização dinâmica: é aquela que ocorre simultaneamente a deformação plástica
aplicada

Parâmetros da Recristalização:
- Quantidade de deformação plástica: quanto maior for a deformação plástica acumulado,
maior será a intensidade da recristalização, ou seja, maior a velocidade do processo
- Temperatura: como se trata de um mecanismo termicamente ativado, quanto maior a
temperatura, maior será a intensidade
- Tempo: afeta a fração recristalizada, ou seja, quanto maior o tempo a uma dada temperatura,
mais completa é a recristalização.

• Crescimento de Grão:

Após a recristalização estar completa, os grãos, livres de deformação, continuarão a crescer se


a amostra do metal for deixada a uma temperatura elevada.
O crescimento de grão não precisa ser precedido por processos de recuperação e
recristalização; ele pode ocorrer em todos os materiais policristalinos, tanto metais, como
cerâmicos.
O crescimento de grão ocorre pela migração de contorno de grão. Nem todos os grãos podem
aumentar de tamanho, porém os grãos maiores crescem à custa dos grãos menores, que
encolhem. Ou seja, a medida que os grãos aumentam de tamanho, a área total de contornos
diminui, produzindo uma redução na energia total, que é a força motriz para o crescimento do
grão (o grão cresce em um processo de redução da energia livre superficial).

CG ≈ƒ(T4,t²) Æ temperatura muito alta – grão grosseiro – prejuízo na tenacidade

O crescimento de grão mais rapidamente a altas temperaturas pode ser explicado pela
melhoria da taxa de difusão.

Processos de Conformação

- Laminação
- Trefilação

Diagrama de Fases

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