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As Transformações nas Medidas de Vibração por Ricardo Góz

18º Predict – Seminário de Manutenção Preditiva e Inspeção de Equipamentos


Excelência Eventos – São Paulo – 20 e 21 de Junho de 2012

Título da Palestra:
“As transformações nas medidas de vibração”
Por Ricardo Góz

Sinopse da Palestra
O objetivo da palestra é mostrar como os procedimentos de medidas mudaram nas últimas
décadas, como estão atualmente e quais são as expectativas de novas formas de medição e
quais serão as próximas ferramentas de análise.
Não há nenhum interesse em saudosismos, nem de dizer “na minha época...”. O interesse é
mostrar como as disponibilidades de eletrônica e de informática influenciaram os analisadores
de vibração, as medidas de vibração e os analistas de vibração.
O interesse maior é valorizar nos analistas a capacidade avaliar as formas de medidas e
saber adequá-las às suas necessidades de medição. Com isto espera-se aumentar tanto a
eficiência do monitoramento como os acertos nos diagnósticos de possíveis defeitos e no
prognóstico da vida útil remanescente das máquinas monitoradas.

Objetivo:
Comentar como eram feitas as medições de vibração algumas décadas atrás, como
mudaram sob a influência das novas técnicas eletrônicas e sob o avanço da disponibilidade da
informática. Fazer um comentário rápido de como as medidas de vibração estão atualmente.

Justificativas:
Não será dada nenhuma conotação saudosista aos comentários. A intenção é valorizar nos
analistas a capacidade crítica nas interpretações das medições. Espera-se com isto garantir
índices maiores de acertos nos diagnósticos de possíveis defeitos das máquinas e nos
prognósticos de vida útil.

Resumo
Não importa muito quando foi feito o primeiro sensor de vibração ou o primeiro
instrumento de medida. É apenas curiosidade. A primeira carta de severidade de vibração foi
publicada por Rathbone em 1939. Pelo menos é uma data aceita como a primeira.
Porém, a percepção de respostas dinâmicas não tem idade. O efeito de uma cacetada era
conhecido desde as primeiras caçadas. O titio Neandertal dava um cacete na cabeça do primo
Dino e nem se importava em determinar as freqüências naturais. O vento e o trovão eram tão
fortes que eram considerados deuses.

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As Transformações nas Medidas de Vibração por Ricardo Góz

Um pouco de História
Apitos e tambores existem desde o começo da humanidade e representam o uso da
vibração. Nesta fase primitiva apareceram instrumentos musicais de percussão, sopro e cordas.
Pitágoras de Samos (570 a 497 AC) passou em uma ferraria e percebeu uma associação dos
sons das diversas marteladas, pensou e criou o diapasão para medir freqüências. Tornou-se o Pai
da Acústica. Montou o primeiro laboratório conhecido para a pesquisa de vibração. Descobriu
que as freqüências naturais são propriedade dos sistemas e não dos martelos. Pitágoras provou
que:
1. A freqüência natural de uma corda é depende dos inversos do comprimento e do diâmetro
e depende diretamente da tensão. Pelo que se sabe, seu equacionamento é correto.
2. A freqüência natural da vibração longitudinal de uma coluna é inversamente proporcional
ao seu comprimento.
3. Em discos de bronze, as naturais variam com o inverso de suas espessuras.
4. Pitágoras mudava a freqüência natural de recipientes colocando água dentro deles.

O primeiro texto de acústica foi escrito por Aristóteles que criou o termo ‘acústica’.

Na época de Aristófanes (450 a 388 AC) gregos e chineses estudaram os pêndulos e os


usaram como medidores de tempo. Descobriram o ‘isocronismo’ – tem período constante.
Heródoto (484 a 425 AC) registra que escavações de tuneis no norte da África (Líbia) eram
monitoradas com um escudo revestido de bronze. Encostado no solo, o escudo gerava um som em
sua freqüência natural com a vibração do solo.
Existem relatos de vários instrumentos. Um merece especial atenção. Um sismógrafo
construído na China por volta do ano de 132 DC. Zhang Heng, físico e matemático, criou um
sismógrafo com um pêndulo de l = 3 m. O movimento do pêndulo fazia que um dos oitos dragões
colocados na tampa, soltasse uma esfera para cair na boca de um dos oito sapos colocados na
base. Esse genial instrumento media a intensidade do abalo sísmico e indicava de qual direção
vinha, resolução de 45º. Com diâmetro de 2 metros e parecia um grande vaso de bronze, conforme
Figura 1 abaixo. Instalado em Luoyang capital da Dinastia Han (206 a 220 AC), o sismógrafo de
Zhang registrou um terremoto ocorrido a cerca de 600 km de distância (National Geographic
Brasil, fev/2004).

Fig. 1: Sismógrafo chinês do segundo século.


(Reproduzido de Dimarogonas, A., Vibration
for Engineers, Prentice Hall, 1995).

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Em tempos mais próximos Galileu estudou as freqüências naturais de pêndulos, Hooke


confirmou as relações de timbre e freqüência, Wallis e Sauveur estudaram os modos de vibrar e
os nós. Sauver criou os termos fundamental e harmônicos.

Em 1802 Chladni estudou a vibração de placas que sensibilizou Napoleão Bonaparte.


Em 1877, Lord Rayleigh desenvolveu as equações para sistemas conservativos.
Em 1902, Frahm divulgou estudos de vibração torcional em eixos de barcos. Frahm
também criou o neutralizador dinâmico de vibrações.
Em 1905, Einstein, estudou vibrações aleatórias
Em 1920, Taylor introduziu a função de correlação e da densidade espectral.
Densidade Espectral? Até hoje isso é dúvida.

A era industrial trouxe máquinas “poderosas” pouco eficientes e barulhentas. Os amigos de


James Watt descobriram que uma substância pegajosa extraída das baleias (espermacete)
facilitava os movimentos das peças. Quase acabaram com as baleias – sua gordura era
combustível para as lamparinas das ruas e o espermacete foi o primeiro lubrificante – início da
tecnologia da lubrificação.
Azar das baleias, mas as máquinas melhoraram.
Espermacete (do latim sperma, esperma ou semente, e cetus, baleia), também designado por cetina ou cetila, é uma substância
cerosa de cor clara produzida pelos cachalotes num órgão, denominado “órgão do espermacete” ou "melão", localizado na
cabeça, à frente do espiráculo. Enquanto o animal está vivo, o espermacete está dissolvido na matéria oleosa que preenche a
cavidade. Embora o cachalote seja a espécie que o produz em maior quantidade (um cachalote adulto tem cerca de 2000 kg da
substância), o espermacete está presente na matéria gorda (óleos de baleia) de outros cetáceos. É um dos produtos que pelo seu
valor mais contribuiu para a viabilidade econômica da caça às baleias.
Deve o seu nome ao fato da solução oleosa encontrada na cavidade dos cachalotes, de onde se extrai o espermacete, ter sido
originalmente confundida com esperma.

A instrumentação disponível nas primeiras décadas do século XX era baseada em


eletrônica analógica. Instrumentos de medição de amplitude, detecção de RMS. Filtros passa-alto
e passa-baixo e filtros de varredura com banda estreita. Eram filtros de banda constante tipo 10
Hz, 3 Hz, 2 Hz e 1 Hz. Outro tipo de analisador eram os filtros de porcentagem constante: 23%,
6%, 3% e 1%. Os espectros eram traçados com um registrador gráfico acoplado com a varredura
do filtro. No início desta fase, quase todos os instrumentos eram de bancada. O sinal de vibração
tinha que ser gravado e trazido à bancada. Existiam gravadores de fita de alta qualidade,
instrumento de laboratório. Podiam gravar em uma velocidade e reproduzir em outra, para
deslocar a faixa de freqüência. Também se cortava um pedaço da fita com um evento transitório,
emendava a fita em um loop e reproduzia repetidamente para ser analisado como sinal periódico.
A Figura 2 abaixo lado mostra um esquema de uso de um gravador de fita.

É ... . A vida do analista de ontem não era assim tão fácil. Além de saber vibração
tinha de ser bom em instrumentação.

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Fig. 2: Exemplo de uso de um gravador de Fig. 3: Um modelo de plotter xy


fita magnética.

Até os anos 70, existiam instrumentos analógicos fantásticos. Existiam alguns instrumentos
de campo, portáteis com baterias recarregáveis. Uma época marcada pelos analisadores de
freqüência. Os analisadores eram filtros de banda estreita. A Schenck tinha um filtro heterodino
muito estreito, quase impossível fazer varredura manual. Os instrumentos tinham um diagrama
funcional do tipo mostrado na Figura 4. Diagrama funcional. Fisicamente eram várias unidades.
Uma para cada função.

Fig. 4: Diagrama funcional de um analisador de vibração do século passado.

O espectro era conseguido combinando uma varredura automática de um filtro com o


avanço da caneta de um registrador gráfico.

Alguns fabricantes usavam um plotter xy, Figura 3. Muito Legal.

A Figura 5 mostra um instrumento muito usado e considerado bom: um medidor com


filtros passa-alto e passa-baixo, um filtro
analógico de banda estreita com varredura
manual e automática e um medidor de fase
para balanceamento. O indicador de
ponteiro tinha uma variação de 40 dB (uma
relação de 1:100). Na sua época outro
famoso era o IRD 350 montado em caixas
pressurizadas para não entrar poeira e
humidade.

Fig. 5: Um instrumento portátil com eletrônica analógica.

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Quando acoplado a um registrador gráfico, fornecia ao analista um registro em papel do


espectro de freqüência da vibração medida.
Um espectro com banda de 3% gastava 3.5 minutos. Nestes 210 segundos o analista via o
desenvolvimento do gráfico. Dava para identificar a componente fundamental de cada possível
defeito e examinar a sua família harmônica.
Quando ia guardar o papel (Figura 6), o diagnóstico estava feito e com pouca chance de
erro. Tudo era muito emocional, envolvente. Muito Legal

Fig. 6: dado o start, a pena vinha traçando, subia e caia marcando cada pico. Se
aquele era o de 1x. Era esperar os picos de 2x, 3x ... . Depois outras famílias. Eu já
conhecia: era engrenagem, não era rolamento. O gráfico avançava 1 mm/s. Este
conjunto tem uma faixa de 50 dB (1:316).

Curiosidade:
Existia uma grande desvantagem vantajosa: não dava para medir espectros em muitos
pontos, demorava muito. Não dava para inventar muitos tipos de medida. O analista da época,
bem ao lado da máquina, usando todo seu conhecimento de máquina, fazia uma análise prévia e
media o espectro no melhor ponto, talvez em uma direção radial e outra medida na axial.
Eram muitas emoções: a máquina vibrando, a instrumentação formada de várias partes,
tudo demorado, poucas opções de medida, responsabilidade de acertar o diagnóstico. Legal.

O espectro era feito com filtros analógicos. A Transformada de Fourier já era conhecida,
mas não cabia em computadores.
Alguns laboratórios começavam a trabalhar com técnicas digitais. Uma maravilha está
mostrada na Figura 7. Não eram muitas as empresas fabricantes de sistemas de análise de
vibração. Eram sistemas muito grandes.

Fig. 7: um analisador digital de bancada Fig. 8: O início da era portátil. O BK 2515.


(BK 2033).

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Eis que chega 1967. Dois matemáticos geniais descobrem uma simplicidade e criam o FFT.
Na década de 70 chegam ao mercado analisadores digitais com o recurso do FFT. Um dos
primeiros portáteis, senão o primeiro, foi o Bruel 2515.
Uma maravilha de 16 kg, 256 linhas, zoom de 5x e memória para armazenar 50 espectros.
Fantástico. Veja Figura 8.
Sucesso total. Agora podia até ver e medir a forma de onda. Alternar forma de onda e
espectro. A forma de onda podia de aceleração ou de velocidade ou de deslocamento. Sensacional.
Vendeu muito. Tinha comunicação para o PC XT (aquele de monitor verde).

A análise de vibração teve um desenvolvimento fantástico. Os analistas se deliciavam com


os novos recursos. As empresas obtiveram lucros enormes com as reduções de custos de
manutenção. As máquinas melhoraram barbaridade. Era a tecnologia chegando e ficando no chão
de fábrica. As histórias confirmavam: recuperação financeira nos primeiros meses.

O mercado de analisadores ganhou novos fabricantes, muitos. Alguns se firmaram como


famosos. Antes era a Bruel e a Schenck na Europa e a IRD nos Estados Unidos. A linha filosófica
européia de um lado e a americana do outro. A Europa com velocidade RMS e os americanos com
deslocamento pico a pico. Mas a IRD participava pouco, só estava em empresas com financiadas
com dinheiro americano. E como a Kodak, demorou muito para entrar na era digital.

Os analistas estavam no céu. Era só sucesso. Pessoas de grande conhecimento técnico


tendo recursos modernos de medição.

Vivas e vivas a Jean Baptiste Fourier, agora na versão pop, o FFT.

Mas a história da humanidade sempre teve muitas surpresas e nada escapa disso.
Não pretendo atribuir culpa ou mérito para este ou aquele. O fantástico BK 2515 de 16 kg
foi ficando pesado e a Bruel não colocou um substituto mais leve. Então apareceu a CSI, a DLI, a
MicroLog, a Entek, a Nicolet e vários outros mais leves. Não sei se melhores, mas eram de 2,5 ou
3 kg. Perto dos 16 kg, invadiram o mercado e o tomaram.

Junto com eles veio a filosofia americana de medir vibração. Para nós brasileiros, foi um
impacto. Uma empresa de São José dos Campos mandou parar tudo e até reorganizar os métodos
de monitoramento. Eles tinham um BK 2515, compraram um analisador/coletor mais novo, mais
rápido e com muito mais memória.
Foi o maior sucesso. Bombou.
Então compraram outros (acho que mais dois) e colocaram pessoas para cumprir rotas. Eles
voltavam com as memórias lotadas e descarregavam no sistema de análise e iam cumprir outra
rota. E voltavam, e descarregavam. O sistema ficou inviável. Eram muitos MBytes de memória e
muitas centenas de espectros por dia.

Tiveram de parar tudo planejar todo o sistema e só depois recomeçaram.

Tudo parecia mais fácil. Bastava contratar mais funcionários e mandar coletar rotas.

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Uma mineradora do Pará, comprou um analisador novo dentro de um pacote que incluía 6
meses de um profissional de Belo Horizonte para montar todas as rotas. Dá para imaginar a
probabilidade deste esquema ter sucesso. Mais um detalhe, a mineradora era nova e a previsão de
entrar em operação era posterior a do carinha ir embora.

Os analistas aprenderam como fazer rotas. Porém são suscetíveis aos inúmeros palpites de
todos em volta. Seguem um padrão não personalizado.
Como os softwares aceitam a identificação dos rolamentos, os números de dentes das
engrenagens, tudo parece muito óbvio e fácil.

Eu não vendo nenhum instrumento, não recebo nada de ninguém. Minha preocupação é
ministrar cursos na área de vibração e fazer algum serviço quando solicitado. Mas tenho
responsabilidade com os participantes dos meus cursos.

Minha maior função e meu objetivo é ensinar.


Não posso catequizar meus participantes de acordo com um ou outro tipo de aparelho. Se
meus clientes quiserem usar API, que usem, se quiserem usar ISO, que usem.
Não é problema meu. Meu problema é ensinar, criar em meus participantes uma criticidade
mínima para definir sua forma de medir e analisar.

Eu não posso incutir nos participantes que “façam isso!” ou “não meçam assim”.

Na década de 70 os FFT se tornaram disponíveis. Esta foi a porta para muitas outras
novidades de análise.

Existia em tele comunicações e estudos da fala, a técnica de um tal de envelope. A


migração para a análise de vibrações foi um pulo. A teoria desta técnica bem conhecida. Consiste
em capturar o sinal envelopado e encontrar sinais modificadores. Não faz diferença para o analista
se é demodulação ou não.

A captura dos sinais envelopados com uma banda passante. A escolha desta banda tem 3
variações:
1 – uma banda passante bem larga, tipo do filtro 3 da SKF;
2 – uma banda passante estreita ajustada bem na ressonância estrutural dos elementos dos
mancais, opções disponíveis no 01 dB e no Bruel;
3 – uma banda estreita ajustada ao lado da freqüência de ressonância estrutural dos
rolamentos, talvez a forma usada pelo PeakVue.

Cada uma destas formas tem suas vantagens e cada fabricante diz que usa a melhor delas.
“a minha medida é que a correta”.

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Novos Recursos de Análise.

Vivas à Informática
Vivas à Matemática

Na transição do analógico para o digital, lá na década de 70, o recurso do uso das médias
foi um grande avanço. Os analistas conseguiam analisar os elementos de um moinho. Médias no
tempo, médias em freqüência, médias exponencial, média ‘force’. Depois, a CSI lançou a média
negativa – legal, outra ajuda boa.
Os diversos tipos de trigger ajudaram os analistas a medir vibrações em situações bem
difíceis.
Lá naquela época, os analistas ficaram fascinados com as novas possibilidades de análise.
Não foi só o recurso do Fourier digital.

Avanços Adicionais

Com a disponibilidade de recursos tão fascinantes, a pesquisa focou nos rolamentos.


Ferramentas como o envelope, PeakVue, Curtose, See, HDF, Spyke e outras formaram um
esquema poderoso de diagnóstico de rolamentos. Os analistas têm recursos muito bons de análise.
Atualmente o foco das pesquisas está nas engrenagens. As ferramentas consagradas para
rolamentos estão sendo testadas em engrenagens. Também estão vindo novos recursos. Um
destaque é a técnica “fase derivativa” que se mostra útil na detecção de trincas. As transformada
de Wavelet, os espectrogramas, estão chegando.
Mais ferramentas para análise de vibração estão chegando: re-amostragem, compressão no
tempo, etc. Com tudo isso, mais máquinas estão colocadas nos programas de monitoramento.

A evolução da matemática e da informática é muito rápida e os analistas ficam impactados


com tantas mudanças e possibilidades de análise. No começo do mês de maio, em um fórum
americano surgiu uma questão interessante: “quem já ouviu falar de autocorrelação?” Foi um
tumulto. Alguns tinham ouvido falar do nome, a maioria nem nada. Apenas alguns poucos
conheciam e talvez dois sabiam para que servia.
Até hoje o cepstro é pouco conhecido por muitos analistas.

Os analisadores atuais estão tentando achar equilíbrio entre duas condições:


1 – ser muito simples e diretos para facilitar o uso pelas pessoas que usam; não
necessariamente um analista experiente;
2 – conter muitos recursos para serem usados em tudo;
3 – já trazer embarcados softwares de balanceamento e de alinhamento, medição de
temperatura, tacômetro LED ou laser.

Com a tecnologia, já estão mais acessíveis os analisadores de vários canais, que trazem
mais opções de medida e análise.

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Conseqüências colaterais do avanço tecnológico nas medidas de vibração

Esta é a parte mais difícil de comentar.

Colocaram o público consumidor em situação de não poder comentar. Um exemplo: todos


comentam dos novos automóveis, dos novos caminhões, freios ABS, controle eletrônico de
estabilidade (ESP), pneus para velocidades acima de 170 km/h, e mais um monte de maravilhas.
Uma fábrica famosa “aperfeiçoou a perfeição”. Eu não entendi mais ficou legal. Com tudo isto, no
trecho da rodovia em São João da Boa Vista, tem radar para multar quem passar acima de 30
km/h.
Vão pensar que sou antigo, que devia pensar em andar a 140. Que sou contra as inovações.
Não. Conclusões erradas.

Para que tantos recursos, se um analista compra uma tela LCD de 5 ou 7 polegadas
(polegadas!!!) e usa um mínimo ridículo com escala linear, veja o espectro mostrado abaixo na
Figura 9.

Fig. 9: Uso legal da tela LCD

Outro fato estranho é alguém acompanhar a evolução da vibração da máquina com uma
curva de tendência como a mostrada na Figura 10.

Fig. 10: Curva de tendência com pequena flutuação.

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Mais comentários meus (Ricardo Góz):


1 – os analistas repetem rituais: isso é pico a pico, aquilo é pico, isso é RMS. Por que?
2 – os analistas cumprem uma lei: isso é até 1000 Hz, aquilo é de 1000 a 10000 Hz, aquilo é até
1000 Hz. Por que?
3 – para análise de motor elétrico usar dB. Por que?
4 – o tal instrumento já bloqueou a opção de escolha de tal coisa no envelope. Por que?

Outro fato que causa alguma forma de questionamento é a escolha do número de linhas
para o cálculo do espectro. Para análise quanto melhor a resolução de freqüência melhor. Lógico
que existe um limite, o analista não precisa de resolução de 0.01 Hz/linha, mas se precisar que
use.
Então vem um e diz: “eu não me sinto confortável medindo mais do que 1 Hz/linha”. Tudo
bem, é uma opinião pessoal. Mas para que? O analista vai passar 36 meses medindo com 3200 ou
6400 ou 12800 ou 25600 linhas? E o tempo de medida? E o tamanho do banco de dados?
Depois vêm os criadores de opinião, os ditadores de regras e dizem que o software permite
aplicar 20 máscaras sobre o espectro medido cada uma com seus níveis de alerta, alarme e trip?
Então se é aceito monitorar a máquina em 20 setores do espectro, para que usar em todas as
medições aquela quantidade de linhas?

Ah! Se o analista quiser ver os detalhes todas as vezes que medir, ele pode.
Legal, cada vez que eu for de carro na padaria vou mandar fazer um check-list geral antes
de sair (no carro e em mim).

É jogar no lixo toda a técnica existente de planejamento e controle.

Um fabricante para ganhar tempo na coleta de dados, insinua para o analista fazer um
overlap de 70%. Então aparece um espertinho muito inteligente que diz: “eu uso 50%”. Legal.
Todos sabem quais são as implicações do overlap? E quando usarem um processador mais rápido?
Assim tipo um i7, vai acontecer o que?

Recomendação Final

Cada analista tem dois compromissos de avaliação:


1 – comparar suas máquinas com outras, com padrões estabelecidos;
2 – acompanhar o estado de cada uma de suas máquinas;

Então que faça o melhor possível para o seu caso específico, que meça a vibração da
melhor forma possível, que otimize seus recursos, que colabore com o resto da humanidade
divulgando seus resultados.

E principalmente: que nunca faça algo sem pensar.

Toda ferramenta boa, usada indevidamente, se torna perigosa.


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