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OBRAS POÉTICAS
TOMO SEGUNDO.
V ilï
, .i
POESIAS
SACIÍiVS E PROFANAS
DO
O T enente -G eneral
DADAS A’ LU Z
I
A
pelo so brin h o do d e f u n t o poeta ,
PARI Z,
Na Officina de P. N. R O U G E R O N , rua de
1’Hirondelle, N.° 22.
1821.
POESIAS
S A C R A S .
ODE l.‘
S trophe 1.«
A n tistrop h e i.»
E p o d e 1/
Stj'ophe 2.“
SACRAS. 0
E p o d e 2.”
O peito se embravece :
Voraz zelo as entranlias me consome.
Ah ! foge, erro feroz, respeita o nome
Daquelle a quein conhece
Por SENHOR o Universo; e em vao gemendo
No abismo, esconde teo furor horrendo.
SLrophe 5 .®
A n tistrop lie 5 .®
4 POESIAS
E p o ã e 3 .®
Strophe
A n tistrop h e 4 .*
E p o c h 4 .*’
o homem aparece,
Alçado o nobre collo, e vendo ao lado
Da raollier o semblante lindo e amado,
Por quem morrer parece ;
De raios e de luz se rodeava
Phebo, que alino calor a ludo dava.
Strophe 5 .*
Antislrophe 5.^
JE p o d e 5 .®
S trophe *6.»
tk
A n tistro p h e 6.»
JS p od e 6.'
O mar embravecido,
A terra de mil fruclos , que a guarnecem
Toldada , com que as forças reverdecem
Do homem atrevido :
Tudo aponta a suprema Intelligencia,
I
Adorável autora da existência.
Strophe 7.®
ff' ■
ílííLáCfO'3lÉç%v^*s»-■
P O E S I A S
«
JE p od e 7."
Furioso procura
Embrenhar-se em veredas náo trilhadas :
Ali de novo afia armas usadas
Com que a razao escura
Abate quasi ; até que em fim na morte ,
Do Deus , que nega , encontra o braço forte.
Strophe 8.®
E p o d e 8.®
Se a pérfida Belleza (4 )
De graças e de risos brincadores
Rodeada , e de fervidos amores,
Por toda a redondeza
T e idolatrasse só : tu gemerias
Ainda, ó coração, suspirarias.
Stroplie 9.“
A n tistrop h e 9.''
r OE s I A s
F .pode 9.®
S trophe 10.'
E p o d e lO.
S trophe 1 1.“
A n iistrop h e 11.®
E p o d e 11.
O B S E R V A Ç Õ E S , E N O TA S.
POESIAS
razões , que me movem a supôlo melhor que o ajcima
escrito, sao assaz palpaveis para dispensar-rae afoita-
mente de expôlas n’este logar.
(6) No original lia-se
C A N T A T A 1/
A CEEAÇÂO.
Recilativo
Ao leve soprar
De mn zefiro brando ,
Vida vai cobrando
O lânguido n iar,
Do vasto Oceano
No seio se encerra ;
E a madlda terra
Deixa respirar.
R e cita ü p o 2."
A r ia 2 a.
SACRAS. 17
A r ia 2.*
Fulgentes estrelas
Nos Ceos resplandecem :
Na Terra verdecem
Mil arvores bellas.
Os montes erguidos,
Os vales retumbam
Ao som dos rugidos ,
D qs feros leões.
’Nas azas sustidas,
As aves revoam : A
R ecitativ o 3 .“
A r ia 5 .a
R ecita tív o 4 .”
A r ia 4 .a
« I
Os Ceos entoam
Minha grandeza
Os sei es todos
Juntos pregoam,
Per vários
i modos *,
Do eterno ser
Í20 POESIAS
O incomparável,
Grande , inefável,
Alto poder.
A minha gloria,
Homem , respeita;
Rendido, aceita
Meo mandamento.
Traze á memória ,
Que o Firmamento
P or ti c r ie i: 1
Da morte fera
A mao severa
T u sentirás :
E em vão gemendo,
No avernò horrendo ,
Me chamarás.
Ob s e r v a ç õ e s .
• ti
22 POESIAS
bliines e transcendeu les nao poderão d’outra sorte
ser tratados poeticamente com a dignidade, que lhes
! l'i convem ; e que a posteridade será reconhecida ao meo
defuncto amigo , por haver introduzido esta nova ma
neira e gosto na nossa poesia nacional»
t ■ , " 'r I :} •
1
SACRAS. 2J
A’ I M M O R T A L I D A D E DA ALMA.
S trophe i.»
O O N O R A , e Immortal lyra
Que o Thebario cantor não desdenhava
Sustentar em seos braços;
Quando, inflamado de celeste fogo,
, Os heroes celebrava ,
Que na carreira olímpica a seo carro
A victoria prendiam venturosos.
A n tistrop h e 2.“
S trophe 2.’
-
A n tistrop h e 2.»
De balde te alvoroças ,
O’ morte deshumana ; se pretendes ,
Com frivola ousadia ,
A frias cinzas reduzir-me inteiro:
Teo braço furibundo
Meo corpo desfará : mas de teos golpes
Illesa zombará minha alma intacta.
S A C K A-S. 25
Epode 2 .®
Q u a l ao n a u ta se p in ta o m a n so p o rto ,
Q u a n d o , b ra m in d o o v e n to , o m a r lh e a g o ira
Im m in e n te n a u fra g io :
T a l da im m o rta lid a d e
M e tr a n s p o r ia o su b lim e p e n sa m e n to .
Strophe 3 .*
A bala d e s te m id o ,
O ’ in v ic to S a n so m , la n ç a p e r te r r a
As lu g u b re s c o lu m n a s
Q u e e m s e p u lc h r o c o m m u m h a n i de e n c e rra r-le
C o m teos cru é is im ig o s :
N ão re ce e s fic a r to d o ja z e n d o
N os fra c o s m u ro s da tra id o r a G a z a .
^ntisti'oplie 3 .*
D a m ão o m n ip o te n te
A brazad o desceu o n o b re esprÜ o
Q u e o h o m em e n g ra n d e c e
S o b re a i n e r t e , pesada e v il m a té r ia 5
E , em rá p id o m o m e n t o ,
O p assad o e p re se n te re tra ta n d o ,
S o b re o m esm o fu tu ro estende a v ista.
li..
M ais veloz do q u e a se lta fen de os a r e s ,
E m tirn p o n to in d iv iso se afig u ra
M il diversas im a g e n s ,
Q u e so b e ra n o a rro sta ,
S e p a r a , a ju n ta , co n sid e ra , e ju lg a :
Strophe 4 *“
O te m p o em váo re fo rça
O m u scu loso b r a ç o , e fero in te n ta
E m p a rtes r e ta lh a -lo :
A c o rla d o u r a fo ic e so e n c o n tr a
N o h u m a n o e n te n d im e n to '
A essen cia s im p le s , qu e c o m b in a a ltiv a
ü e um g olp e ideas e n tr e sl d is lin c ta s.
A n tistrop h e 4 .^
O ’ v irtu d e a d o ra v el !
O ’ tu das g ra n d es a lm a s n o b r e e n c a n to ,
D o h o m e m n a s e n tr a n h a s
T e o n o m e está im p re sso : e m b o ra o v icio
O co ra ç á o lh e e m b o te :
S e vê lu z ir n a te rra a tu a im a g e m ,
E n te rn e c id o p a r a , e te c o n te m p la !
s A C E. A b. 27
Epode 4 . “
Strophe 5.^
M as q u e h o r r o r re p e n tin o
D o san g u e o c u rso em ra in h a s veas p re n d e (4) !
D a m o rte o h o rrid o liv ro
E u v e jo a b r ir -s e ! A desp ied ad a p en n a
Q u e o tra ço u , en so p ad a
F o i em san g u in ea tin ta : só c r u e n t o s ,
L u g u b re s c a ra c te re s la d iv izo .
uintistrophe 5 .*
Epode 5 . ”
■I Strophe 6.* ^
li S o f ir m e , e p e rd u rá v e l ( 6 )
O esp irito do h o m e m a despreza ,
Seo g o lp e a fro n ta in tr é p id o .
N ao v a cila u m i n s t a n t e , ao v er q u e tu d o
Q u a n to e x is te a n n u n c ia ,
N o C rea d o r su p rem o , e te rn o N u m e ,
O a m o r da ju s t i ç a , e da v irtu d e .
Antístrophe 6 .*
O v icio tr iu n ifa n te
V ê na te rra e m p u n h a r su b e rb o sc e p tro
D e m a l c o rta d o lo u r o
C in g in d o a refo lh a d a , a stu ta fr e n te :
E m q u a n to alg oz in fa m e
C o m afiad o a lfa n g e la d e stro n c a
A ca b eça do ju s to d esg raçad o .
SACRAS. ^9
Epode 6 .“
Strophe 7 .®
E n tã o a rre b a ta d o
De in so lito p ra z e r e x c la m a : ó g ran d e ,*
O su m rn a p o testad e
Q u e em m e o p e ito g rav aste o a m o r da o r d e m ,
E de g o z a r -te u m dia
F e rv o ro sa a p e te n c ia m e in s p ir a r te !
S e ria em vão qu e tu d o assim fizeste ?
Antistrophe 7 .»
D e ste -m e o se n tim e n to
S u b lim e d’ord em , so p a ra t o r n a r - m e
E s p e c ta d o r a fflicto
ü a desordem que em to d o o vasto m u n d o
S a co d e ard en tes fach os ?
J á m ais o v icio gem erá p u n id o ?
E a v irtu d e in fe liz será sem p rê m io ?
oo POESIAS
Epode 7 .”
S u s p ira re i em vao p o r a d o r a r - t e ,
F a c e a f a c e , em d llicia s in e fá v e is?
D e se jo in te r m in á v e l
D ev o ra rá m in h a a lm a
Q u e c o n te m p la r -te de c o n tin u o a n h e la ?
j
Strophe 8 .»
E u n ã o te te m o , ó m o r te ,
E m vão ra e e n c a r a s c o m su b e rb o a sp e c to :
E rg u e n d o a im m o r ta l fr e n te ,
N o seio im m e n so d o su p re m o N u m e
A brigad o , a v ic to ria
H eide a r r a n c a r - t e n ’esse m esm o i n s t a n t e ,
E m q u e c r u e l a n iq u ila r ‘*m e in te n ta s .
A n listrop h e 8 .*
V e m , ó m in h a e sp e ra n ça ,
O ’ im n io r ta lid a d e , vem c e r c a r * m e :
T e o n o m e só e stre ita
O p e ito do m a lv a d o , qu e despreza
A p la c id a v irtu d e ,
E co m tre m u la b o c a o N ad a in v o ca ,
P a r a e s q u iv a r-s e á m erecid a p e n a .
SACRAS. 01
• E p o d e 8."
T r o e e m b o ra do A verno a voz m ed o n h a j
Q u e te m e ra ria in te n ta c o m b a t e r - t e ;
T o rtu o s o s sophism as.
D e slu m b ra m , m as n â o p o d em
Da v erd ad e e x t in g u ir a lu z b r ilh a n te .
O BSER V A Ç Õ ES , E N O T A S.
SP
54 P O E S I A S
j- que em aparal-o. Estas observações parecerão talvez
miúdas : mas julgo-as de alguma conveniência, nao só
porque serviram de fundamento as alterações que
fiz nas excelentes composições do meo amigo : mas
por que entendo que em urn tempo em que frequ^n-
lemente se publiçam obras poéticas cheas de incor-
recções , e gravíssimos defeitos de lingoagem , lie
de não pequena utilidade fazer sentir aos poetas mo
ços a severidade com que devem castigar suas poe
sias. Nas odes que hoje publico podia mui bem ter
Jogar a indulgência de Horacio : N on ego p a u c iso ffen -
d a r m aculis, ubi plu ra nitent in carm in e. Poróm nào
cstam no mesmo caso a maior parte das composições
poéticas de nossos vesificadores nacionaes , que de
certa epoca em diante se tem dado á luz publica.
íi’i
Ví’
A’ I M M O R T A L I D A D E DA ALM A .
R ec ila liv o
ORQUE c h o ra s , F ile n o ? E u x u g a o p r a n to
Q u e reg a o teo s e m b la n te , o nd e a araisad e
D e seos dedos g ra v o u o te rn o lo q u e .
Ah ! n ão q u eiras c o rta r m in h a esp era n ça ,
E de d or e m b e b e r ih in h a a le g ria .
T u cu id as q u e a m ãò fria
Da m o r te , c o n g e la n d o os fro x o s m e m b ro s,
N os abism os do n ad a in e x c ru ta v e is
V a i de tod o a fo g a r ra in h a e x is t ê n c ia ?
H e o u tro o m eo d estin o ; o u tra a p rom essa
Do e sp irito qu e em m im vive e m e a n im a .
A h o rre n d a se p u ltu ra
C o n te r n ão p od e a lu z b rilh a n te e p u ra ,
Q u e so b e ra n a reg e o c o rp o in e r te ............
N ão d escobres em ti um se n tim e n to
S u b lim e e g ran d io so , qu e p a re c e
T u a vida esten d er a lem da m o rte ?
A tte n ta ...... e scu ta b e m .........O lh a ......... e x a m in a .
5G P O ESIA S
E tn li deve e x i s t i r : eu n ão te e n g a n o .......
T u m e dfees qu e e x is te .......A h ! m eo F ile n o ,
C o m o h e d o ce â le m b r a n ç a
D’essa v id a ir a m o r ta l em qu e , b a n h a d o
D e in e fá v e l p r a z e r , o ju s to g o za
Do seo Deus a p resen ça m ag estosa.
A ria 1 .«
D e s p e r ta , ó m o r te :
Q u e te d e tem ?
T e o cru el b raço
E s f o r ç a , e v era.
V e m , p o r p ie d a d e ,
' J á tr a s p a s s a r -m e ,
E a v is in h a r -m e
D o su ra m o B e m .
Recitativo 2 .®
E q u eres qu e eu p re fira
H u m an o s p assatem p o s a o m o m e n to ,
E m q u e r a ia a feliz o te rn id a d e ?
U m Deus de a m o r m h n fla m ra a :
■i r
E j á n o p e ito m eo m a l c a b e a c h a m m a
Q u e d o cem e rfle o co ra ç ã o m e a b r a z a .
'Eu voo p o r elle : e lle só p o d e
M in h a a lm a , se q u io sa do in fin ito ,
D e to d o s a c ia r : este d esejo
M e to r n a sab oro so
SACRAS. ^7
O c a lîx q u e tu ju lg a s a ra a rg o so .
F ile n o , d o ce a m ig o , a m a o e s te n d e ,
A m in h a a p e rta : n ã o te assuste o vêl-a
D e m o r ta l frio já passada e la n g u id a .
M ais d u ráv el q u e a vida , ’
H e da a m isad e a te a d elicad a ,
S e a v irtu d e a te c e u ........... E m fim , ó m o rte ,
T u m e m o stra s a fo ice in e x o rá v e l.
A m arg a este m o m e n to : eu não t ’o n eg o ,
M eo a m a n te F ile n o ; a voz já p resa .
S in to fa lta r -m e , o san g u e
N as veas c o n g e la r -s e : p e lo ro sto
M e c a i frio su o r : a lu z m a l'p o ss o ^
Das trev a s d is t in g u ir , e sufocader
O c o ra ç ã o desm aiai
V e m im m o r ta lid a d e , v em , ó g ra n d e ívoO
S u b liiïie p e n s a m e n to ,
A d o çar o m eo u ltim o m o m e n to . , -^
, ^ r i a 2.» ^
1
O ’ N um e in fin ito ,
, Q u e a sp iro a g o z a r ,
O m eo p e ito a fflito
E n c h e de v a lo r.
S u a v e esp eran ça
D e so rte m e lh o r ,
Q u a n to d-este in sta n te
Adoças o h o r r o r I
î:*:.
•i:
58 POESIAS
T
ODE 111/
S O B R E A N E C E S S ID A D E DA R E V E L A Ç Ã O .
•, . , S tr o p h e i .»
S i m , P l a l a o , lie v e r d a d e , e a lu a m en te
S u b lim e a d iv in h a v a
Os segredos de u m De us jiis tô e c le m e n te .
- i'
D o lio m e m a ra z ã o m in g iia d a , e escra v a
N ao p od e d escu b rir, um c u lto d in o
D ’aq u elle qu e o cre o u , E n te d iv in o .
E p o d e 1 .®
»
D e sua o rig e m n o b r e
L e m b ra d o , as vezes q u e r em vão s o lta r -s e .
P esad a n u v em te n e b ro sa o co b re ;
:i 'I S e n te d e sa n im a r-se
E o pesado g rilh ã o m a is a p e r ta r -s e .
ti I
Jr.
SACRAS. •
S trophe 2.\
D esce do O lim p o , ó M u sa lu m in o sa y
Q u e das a cçõ es h u m a n a s
C onserv as a m e m ó ria fastu o sa :
A p arecei , ó folh as d esh u m an as
D o liv ro a n tig o , q u e o m ed o n h o c r im e
P e r to d a p a rte c o m seo sello im p r im e .
A n tistrop h e 2.®
D o h o r r o r a fe rre a fria m a o m e a b a te ,
E o san g u e re p resa d o
N as assustadas veas m a l m e b a te : '
O ’ h o m e m ! pega , e lê so b resa lta d o
As c rim in o s a s p ro v as da b a x ez a
D e lu a en v ile cid a n a tu re z a .
E pode 2 °
De m il feito s a tro zes
As cid ad es cin g id a s se le v a n ta m :
C om e lla s su rgem b a rb a ro s , ferozes ,
Altos gên ios , q u e e sp a n ta m ,
E o sa n g u in á rio d esp otism o p la n ta m .
■ S trophe 5 .*
A qui relu z alfan g e fra tr ic id a ,
Ali o escu ro en g a n o
N a honra^ c ra v a a sp e rrim a ferid a :
O ra a b a x a a m b içao ciiig e in h u m a n o ,
C ru e n to d iad em a j o ra a av areza
E m p u n h a o sc e p tro , em toda a R ed o n d eza.
4o POESIAS
Antistrophe 5.»
\
O ’ M e x ic o ! Ó cid ad es d esgraçad as
Do n ov o a fïlic to m u n d o !
P a r e c e -m e q u e v e jo in d a en sopad as
E m san gu e as vossas casas ; fu rib u n d o
V o ra z fogo n os ares e s ta la n d o ,
Os vossos debeis m u ro s a rra z a n d o .
Epode 3.®
■| .
E m b o r a c a n te a fa m a
■ Í A c o n s ta n te in v e n c ív e l fo rta le z a
D e C o lo m b o i m m o r t a l , d o in v ic to G a m a
A E u ro p e a cru ez a
M a n c h o u d epois a sua n o b r e e m p r e z a .
Strophe 4.®
Q u a l a fe b re a b ra z a d a , se ra iv o z a ( i )
C o m a m ã o p e s tile n te
As veas to ca , c h a m m a fu rio z a
N ’ellas a c c e n d e , e o c a lo r a r d e n t e ,
Q u e da vida era d’a n tes a lim e n to ,
T o r n a da m o r te b a r b a r o in s tr u m e n to .
Antlstrophe 4»“
T a l o h o m e m m il vezes im p e lid o ,
D a p a x ã o q u e o devora ,
A c rim e s faz se rv ir e n fu re cid o
«
:l .:■ O s in v e n to s de u m a a lm a c r e a d o r a ,
^*5 ;M- ' Q u e á n a t u r e z a , c o m c o n s tâ n c ia r a r a ,
P a r a h o n ro sa s fa ç a n h a s a r r a n c a r a .
S A C B A S.
E p o d e 4 .*
*
V e rg o n iio sa ig n o r a n c ia
C o m e lle n a s c e , e Ih e a c o m p a n h a os p a s so s:
O e rro e s le n d e , ch e o de a rro g a n c ia ,
O s a lo n g ad o s b r a ç o s ,
E lh e te c e b ra m in d o a stu to s la ço s.
Strophe 5 .*
A n tistrop lie 5 .»
O h o m e m vias de m ald ad e» re o ,
E in c e r t o m ed itav as
P r o p ic io m o d o de a p la c a r o C e o :
E m duvidas ferv en d o te a g ita v a s :
P ro v a s te e m fim q u e só celeste g u ia * iV
E s te segredo re v e la r p o d ia. %
E p o d e 5 .°
O ’ tu , lct£civa m a is do q u e form o sa ,
, De C h y p r e , in fa m e Dea 5
O ’ ceg o Deus ! ó J u n o a m b icio sa !
T u Ju p ite r su b e rb o , q u e á cad ea
Dos fabu losos N u m es p resid ias ,
E a filha de A genor b a x o ser vias.
A n tistrn phe 6. =
R id ic u lo esqu ad rão , qu e m en ea ste
O sc e p tro so b re a te r r a ,
E o m a l v otad o in c e n so p ro fa n a s te ,
D evido só á q u elle era q u em se e n c e rra
O p o d er , a ju s tiç a , a p ro v id e n cia ,
A bondade , e a su p re m a in te lig ê n c ia .
I
E p o d e 6.°
O vosso d u ro im p é r i o ,
E s trib a d o e ra c h im e r ic a g ra n d ez a ,
L o n g o te m p o o c c u p o u tod o o h e m isp h e rio ;
Da
# h u m a n a n a tu re z a
Assaz p ro v o u a m ise ra fra q u e z a .
’ S tr o p h e 7 ."
»
E ra q u e clim a , á Ia m g ra n d e d esven tu ra
N a sce o ren ied io c e r to ?
O n d e h a b ita a razão su ave e p u ra ,
Q u e possa a lu m ia r m e o p e ito in c e r to ?
De v a lo r re v e sti-lo , c o m q u e a fro n te
In tré p id o do c r im e a e n o rm e fro n te .
S A C K A S.
j4ntistrophe 7 .*
H e p o ss ív e l, B o n d ad e in c o m p a r á v e l,
Q u e a tu a m ao d iv in a .......( 2 )
F o rm a s se a m e n te h u m a n a m ise rá v e l !
Q u e a trev as e fraq u eza vil e in d in a
A co n d em n asse ! e o h o m e m a rra stra d o
Do v icio siga o d etestáv el b ra d o !
Il pode 7 .°
C o m p in c e l en g an o so
De falsas so m b ra s o p ra z e r c e rc a n d o ,
Q u a n ta s vezes c o r r e r p re c ip ito s o
M e viu e x e c u ta n d o
O q u e eu dizia ser to rp e , e e x e c r a n d o ?
Strophe 8 .®
Ântistrophe 8 .®
44 POESIAS
E p o d e 8.®
F a r e i su b ir aos ares
E m denso cresp o fu m o rev o a n d o
D e v ic lim a s o san gu e ? e em teos a lta re s
M il dons a p re se n ta n d o ,
A ca so o teo fu r o r v erei m a is b ra n d o ?
S trophe g.»
Q u a l in q u ie to v o lv e os vagos o lh o s
P e rd id o n a v e g a n te ,
Q u e em to d a p a r te m ise ro s escolh o s
T e m e e n c o n tr a r : ta l ce g o e v a c ila n te
E u e r r o a u m la d o , e o u tro ; n a d a a p re n d o
E m u m golfo de d u vid as g e m e n d o .
A n tistrop h e 9.*
V
Uií'»
•i -,
A h ! desce á te r r a , m essa g eiro au g u sto ,
Q u e h a v eis de i l l u m i n a r - n o s ;
O r v a lh a i, p u ro s C e o s , c h o v e i o ju s to .
T u n ão p o d e s , Deus b o m , a b a n d o n a r -n o s ,
P o is som o s o b ra s tu a s 5 e a c e g u e ira
E s c u re c e do m u n d o a fa ce in te ir a .
E p o d e 9.®
S o b r e o p o d e rru b a d a ,
S u a o rg u lh o sa fr e n te a id o la tr ia
A rra stre , e n os a b ism o s se p u lta d a ,
N ã o -to r n e a lu z do dia
A tu r b a r c o m h o rriv e l o u sa d ia .
Ílíí^
\miem
SACRAS. 45
O BSE R V A Ç Õ E S , E N O TA S.
,
He possivel Bondade incom parável,
Da tua mão divina
Descesse a mente humana miserável ^
Em trevas e fraqueza vil e indina
Em bebida, e que o homem arrastrado
Do vicio siga o detestável brado ?
O L H A c o m o o rg u lh o sa , c a ro S t o c k i e r ,
O a trev id o ro sto
A ig n o r â n c ia le v a n ta , e o e rro a segue
C o m m e n tiro s a m a sca ra ,
C o b rin d o a fe m en tid a h o rre n d a fa c e .
E m vão b la so iia u fan o
O h om em de sy stem as vãos e in c e r to s :
C o m d eslu m b rad o s o lh o s ,
A d m ira n d o o c la r ã o m a l lu m in o so ,
E m vão p re te n d e u m dia
V e r a razão b a x a r dos C eos á T e r r a ,
P e la m ã o con d u zid a
D e p ro fu n d a s sc le n c ia s , e de n o b re
E d u c a ç ã o p ru d e n te .
A n tig o v icio lh e en v en en a o p e it o ,
E de p a x õ e s reb eld es
O c o m p e lle a a r r a s tr a r a v il ca d ea ,
C o m q u e a p e rta d o g em e.
E u v ejo a G r é c i a , e R o m a , e o m u n d o in te ir o .
Desde qu e o te m p o volve
- SACRAS. 47
A fa ta l ro d a , em fu n d os p r e c ip íc io s
C a ir desassisados :
N a vaga fa n ta sia rev o an d o
Dos rniseros h u m a n o s
M il b rilh a n te s p ro je c to s c a p ric h o so s
As F ilh a s da M e m ó ria
F ie is m e m o stra m ; m as o c r im e in san o ,
L eis m il in c o n se q u e n te s ,
D esp ótica a m b içã o , to rp es c o s tu m e s ,
Im p re v isto s su ccessos
S o b re a te rra d e r r u b a m , d esfigu ram ,
S u fo ca m g ran d es p lan o s.
S e m p re rev iv e o d esgraçad o im p é rio
* Dos v erg on h o so s v ic io s ,
E o m u n d o en d u re cid o as co stas verga
A o g o lp e d esabrid o
Do tr ip lic a d o a ç o ite c o m qu e o c r im e
T u d o d o m a , e su je ita .
Q u e lu g u b res ideas ! O m eo p e ito
S o b re sa lta d o tr e m e .
C heo de h o r r o r , e a s s o m b r o , m a s s in c e r o ,
ÁJ c o rru p ç ã o eu digo !
T u es a m in h a h e ra n ç a , da v irtu d e
Só pode ra r o esforço
A’ vereda g u ia r-m e n ão trilh a d a :
M eo co ra ç ã o fraq u ea ,
M a l ou ve a voz do vicio liso n g eira ,
E su b m etid o a segue j
POESIAS
íi
A razão o c o n d e m n a , v o lu n tá rio
R esv ala , p r e c ip ita -s e .
G ra n d e Deus , se c o n te m p lo co m o seco
O teo n o m e r e p it o ;
C o m o cu rv a d o sob os b en s im m en so s ,
Q u e a tu a m ã o esp arg e ,
I n g r a t o , n e m ao m en o s u m in s ta n te
D e a m o r sin to a b r a z a r - m e ,
P o r este n o m e sa n to : e n tã o m e h u m ilh o ;
'i*
E co n fessar n ã o te m o ,
Q u e cego , d u ro c o ra ç ã o n ie a n im a :
Q u e v icio a n tig o e feo ,
S e m du vid a , a lte ro u o n o b r e p e ito
Q u e das m ã o s r e c e b e r á
D o C re a d o r o h o m e m in n o c e n te .
i ^'I Bem su m m o , am o r e te rn o ,
Das tu a s m ã o s n ã o sai a lm a in sen siv el ,
' n•
I n g r a t a , ir r a c io n a v e l.
, .V».
CANTATA 111 -.
<
1
SACRAS.
CANTATA III/ .
S O B R E A N E C E S S ID A D E DA R E V E L A Ç A O .
R ecitativ o.
rí
1 3 O ir o n o s o b e r a n o , q u e elevado
S o b re os astro s se estrib a m ag esloso ,
E de fu lg en tes p ed ras re c a m a d o
D o sol ofu sca o ro s to lu m in o s o ,
O n d e em s ile n c io ferv o ro so c a n to
D e celeste b elleza
R eso a de c o n tin u o o n o m e sa n to
D o im m e n so S e r a u to r da n a tu r e z a ;
S o b re a j a c e n te te rra ,
B a x o u os o lh o s este Deus p o t e n t e ,
T o d o o O ly m p o se a b a la , e em c h a m m a a rd e n te ,
N o fu n d o A v e rn o , p av id o se e n c e r r a
O chefe h o rre n d o da in fe rn a l c o h o r te .
E n tr e as so m b ra s da m o rte ,
O h u m a n o co ra ç ã o viu s e p u lta d o ,
E o te m e r á r io c rim e era toda p a rte hi
E sten d en d o o seo b ra ç o e n s a n g u e n ta d o ;
C o m im p ia fa ta l a rte
II. 4 íú
5o P OE S I AS
M il c o r e s , m il a sp ecto s sim u la n d o
O e rro viu g ira r lo d o o u n iv e rso ;
E o seo n o m e d iv in o p ro fa n a n d o
C o m cu lto v il p e rv e rso ,
E m vaidosas c a d e ira s re clin a d o s
F a lso s sáb ios c o m m ã o t r e m u l a , escu ra ,
M a n c h a v a m da verd ad e a f o r m o s u r a ,
E m suas p ró p ria s fo rça s co n fia d o s.
1
E n tã o o ju s to C re a d o r se a lte ra ,
De c o m p a ix ã o m oi^ido ;
E o ceo e n te rn e c id o
A b o n d a d e a d o ro u q u e tu d o im p e r a .
E sta s vozes em ta n to se e s c u ta r a m
Q u e o N u m e so b e ra n o p r o fe r ia ,
E ao som d iv in o ch ea s de h a r m o n ia
As celestes ab o b ed as so a ra m ,
E p o r m u i la rg o te m p o r e tu m b a r a m .
A r ia ,
O ’ te r r a in g r a ta !
Do C read o r,
Q u e o teo fu r o r
F e r e e m a Ura la ,
C o n h e c e a voz.
H o m e m fero z
Tu
} a m ald ad e
B ra d a v in g a n ç a :
JVlinha b o n d a d e ,
SACRAS. 5l
P o r te s a lv a r ,
N ova esp eran ça
V e m - l e in s p ira r .
L o u c o , e sem tin o ,
C o m p e ilo i m p u r o ,
M eo ro sto p u r o ,
R o sto d iv in o
E m vão p reten d es
D e s c o rlin a r.
T u d o qu e em p ren d es
O e rro au d az
V e m p e r tu r b a r 5
T e c e -te la ç o ,
A ca d a passo
Q u e in te n ta s d a r.
U m salv ad o r
Q u e ro e n v i a r - t e ,
P a r a m o s tr a r -te
M eo te rn o a m o r.
F ie l p in tu ra
D e m in h a essen cia 5
Ig u a l em p u ra ,
D o ce c le m e n c ia ,
P o r t i m o rre n d o
Q u e r -m e a p la c a r :
E o teo h o rre n d o
C rim e esp iar.
POESIAS
T u a ra z ã o
Ennevoada,
E avassalada
P e la p a x ã o ,
E lle a b r ir á :
T e o c o ra ç ã o
S u je ito a o c rim e
L ib e r ta r á .
E m v o í su b lim e
A m in h a . l e i ,
Q u e em ti g r a v e i ,
T e le m b ra rá .
r ; '■ .uC ^
SACRAS. 55
ODE V/
S O B R E A V I R T U D E D: A R E L I G I Ã O
C H R IST Â A .
:á
S trophe i.*
J ) E S E M B A I N H A , M a h o m e t, a espada ,
V em f e r ir - m e , e p r o v a r - m e
Q u e he sa n ta a tu a le i e n san g u en ta d a .
M as o nd e está a voz n o b re e sagrad a
Q u e o ceô , p a ra a v isa r-m e
De tu a v in d a , despediu á T e r r a ,
Q u e im p io devastas c o m tir a n a g u e rra ( i ) .
,A n tistroplie i ,*
Q u e in fla m a d o p ro fe ta , do fu tu ro
O veo d e sco rtin an d o ,
F e z r a ia r a m eo s o lh os teo p e r ju r o ,
C ru e n to n o m e ? D iz e , ó h o m e m du ro j
E m qu e dia , soand o
A tu a v o z , cedeu a n a tu re z a ,
P a r a m o stra r d iv in a a tu a em p reza ?
54 POESIAS
Epr)de 1 .®
N ão q u eiras , au rea ly r a ,
M a n c h a r as tu as co rd a s s o n o r o s a s ,
T u qu em so v irtu d e afin a , e in sp ira ( 2 )
C o m g eslo , e m ãos m im o sas :
N ão resoes o n o m e , e a fa m a in d in a (3 )
D o m o n a rc a im p o sto r da v il M e d in a .
Strophe 2 .»
V e m a m eo s b r a ç o s , L iv r o v e n e r a n d o ,
Q u e ao b e rço in d a r e c e n te
D o u n iv erso m e gu ias , r e tr a ta n d o
A cre a d o ra voz a c u jo m a n d o
O sol re sp la n d e sce n te , *
A te rra , e o m a r , e os ceo s su rg em do n ad a
E do h o m e m b rilh a a fa ce su b lim a d a .
Antistrophe 2 .»
E n c e rr a s , p e r v e n tu ra , o q u e m e n d ig a
M in h a a lm a s e q u io s a ,
E o q u e esp era da m ão fiel e a m ig a
D o S e r ir a m e n s o , q u e a fra q u e z a a n tig a
D o h o m e m a fro n to sa
C o n h e cen d o , lh e a p o n ta o lo g a r ond e
àí ■ A p az h a b ita , e o g ra n d e Deus se e sco n d e ?
•| -
Epode 2
A m eig a m g eim id ad e
S u s tin h a a p e n n a do e s c rito r su b lim e
Q u e os teo s a lto s c o n c e ito s tece e e x p r im e :
E n c a n e c id a idad e
As tu as fo lh as o rn a , e te le v a n ta
S o b re tu d o q u e R o m a e G re c ia c a n ta .
Strophe 5.«
Antistroplie 3 .
Ao lu m e da razão im p e rio so
Das p a x ô e s a ousadia
O c o llo so lo p u n h a to rtu o so ;
E a te r ra ao a ce n o g lo rio so
Do h om em se ren d ia ,
Q u e de seo Deus a im ag em r e tr a ta v a ,
E de te rn a im io c e n c ia se ad o rn a v a .
m r
56 POESIAS
Epode 3 .°
E m d elicias b a n h a d o
N âo te m ia qu e a d or a u stera alçasse
O e n c o lh id o b ra ç o , e o d etestad o
F e r r e o p u n h a l cra v a sse
N o seo v a ro n il p e i t o , ín d a assaz fo rte
P a r a v e n ce r o m esm o h o r r o r da m o r te .
Strophe 4.®
S im , eu te r e c o n h e ç o ,, ó in e fá v e l !
O ’ S e r o m n ip o te n te !
S o a b o n d a d e , so v irtu d e a m a v e l
D e teo p od e sa ir seio a d o ra v e l :
M a s c o m o ousa in so le n te
O p rim e ir o m o r t a l , c o m im p io p e ito ,
Q u e b r a n t a r , ju s to Deus , o teo p r e c e ito ?
jintistrophe 4.®
%
SA C RA S. 5y
Epode 4 .°
Q u e n o v a lu z m e a c la ra !
A tten ta , ó M a n e s ! eis o ser qu e lu ta
C o ’ o g ra n d e S e r , e .c u ja raao a v a ra
M a n c h a fero z e e n lu ta
As suas ob ras : fo i o v il p e c c a d o
Q u e do h o m e m a b a teu o n o b re estado.
Strophe 5.»
O ’. S o c ra te s ! ó G ré c ia ! o u v e , e m o d era
T e o a n im o a n cio so j
P ietu m b a e m fim a voz d o ce e sin c e ra
D a Candida verd ad e , q u e severa
S e o ro sto m e lin d ro so
E sco n d eu ta n ta s vezes ao v a len te
A ltiv o esfo rço de teo g en io a rd e n te .
Antistrophe 5 .*
T u e s , R e v e la çã o sa n ta e d iv in a ,
\ A n tiga co m o o m u n d o :
E q u a l riso n h a a u ro ra m a tu tin a ,
T a l m e desp erta a tu a lu z b e n in a
D o so m n o m eo p ro fu n d o :
A s s im , ó su m m o B em ! tu a bondade
C o m u n ica s pied oso em toda a idade (4 ).
r/Á
58 P O E S IA S
Epode 5 °
\
’( ■
Strophe 6 .*
C o m ju r a m e n to e te r n o so le m n lz a
A pied osa p rom essa
O Deus d’A b ram : J a c o b o p ro fe tiz a :
D e varões a lta se rie se diviza ,
Q u e de p in t a r n ão cessa
■''J{í ! U m R e d e m p to r , u m Deus dos ceo s b a x a d o ,
P a r a v aler ao h o m em d esg ra ça d o .
r
Antistrophe 6 .*
O ’ Ju d a ! Is ra e l e m vão se e m p e n h a
p r - î ■'■ C om m ã o fero z , e ousada
P o r a r r a n c a r - t e o s c e p tr o , a té q u e ven h a
■'V’kI.: O g u ia q u e as n a çõ es m o v a e c o n te n h a .
' KU' '•
E s tre la su b lim a d a
’ i .': t . D e t i h ad e n a s c e r , q u e a escu rid a d e
, F u lm in e co m os ra io s da verd ad e.
.r^ M-'î'
'Í ■ '■■■
íí f
iüi'«.
-.i
SACRAS.
Epode 6.
B e th le m m a l co n h e c id a
%
E n t r e as cid ad es de I s r a e l , a fre n te
L e v a n ta a ltiv a : p a tria e scla re cid a
S erás do Deus p o t e n t e ,
Q u e á id o la tria o d en eg rid o c o llo
C o rta rá , desde u m té o u tr o p o lo .
Strophe *5 .» ,
T e o fe rre o c o ra ç a o será m u d a d o ,
O ’ p ov o c rim in o s o ,
S e rá de g ra ça e de v a lo r ce rca d o :
A tten d e , ó D an iel : ja d eb ru ça d o ,
O te m p o p ressu roso
A sem an a da g ran d e v ind a a p o n ta ,
E m q u e do m u n d o a salv açao d e sp o n ta .
Antiàtrophe 7.
JI f ,
:» à 6o POESIAS
„ I
I i-ijic: Epode 7 .°
:"’\tl!‘'
' ■if'î,'
F e c u n d o , a ltiv o m o n te
S o b re o cu m e dos m o n te s vai a lça r~ se ;
•i : ,'T
D ’elle m a n a so n o ra c la r a f o n t e ,
O n d e d e sa fro n ta r-se
V irá da sede a rd e n te q u a n to h a b ita
S o b re a te r r a de m a le s m il a fflita .
Strophe 8 .®
I
E is a p a re c e o D eus de fo rta le z a :
Q u e m p o d e rá e x p o r - t e ,
O ’ I s r a e l , da sua n a tu re z a
A g era çá o s u b lim e , a g ra n d e a ltez a ?
S e o b r a ç o n o b re e fo rte
E m p a r e lh a c o ’ a m esm a e te rn id a d e ,
C o m e lla m ed e su a ira m e n sa id ad e.
Antistrophe 8 .®
I n c l i n a i - v o s , n a ç õ e s , e re v e re n te s
A d o ra i o seo n o m e :
Os seos o lh os afaveis e c le m e n te s
Illu s tr a m do U n iv e r s o as v a ria s g en tes :
E ja fogo co n so m e
O s m udos Deuses , qu e ella s a d o ra ra m ,
E c o m ro u b a d o in c e n so p e rfu m a ra m .
'i i l i .
î»
Epode 8 .
S u b e rb o s d o n s votados
C o m resp eito S a b á , T h a r s is lh e o ff’re c e ;
,E qu aes de m e l os f a v o ^ e lic a d o s ,
T a e s sua lin g u a te c e
D iscu rso s de ju s tiç a e de b o n d ad e
Q u e , em p a ra b o la s , p re sta m a verdad e.
Strophe g.
C h o ra , ó R a c b e l , o san g u e d erram ad o
Dos filh os teos m im o so s
P e la s m ãos de u m tira n o a b o m in a d o :
Ao E g y p to c o r r e e n ta n to o desejado
Dos p ovos m a l d ito s o s :
D o E g y p to c h a m a re i m eo filh o a m av el
D iz de Oseas o D eus sa n to , in efá v el.
Antistrophe g.»
Strophe l o . *
S e m b la n te )a n áo te m , e se r p a re c e
U m h o m e m de a m a rg u ra :
C o m o o v e lh a p a c ific a e m m u d e ce ;
E a b a tid o e n tr e p en a s d esfalece :
A alh ea d esv en tu ra
E m si to m o u m o v id o de p ied ad e ,
E e x p ia assim a nossa in iq u id a d e.
Ardistrophe i o . ®
Epode 1 0 .“
Strophe ii.®
E s c o n d e -fe , ó in fa m e p ro s titu ta !
Je ru s a le m c r u e n ta ,
O so m da tua voz so m b rio e n lu ta
O s sagrad os a lta re s , n e m te escu ta
C o m fa c e m eig a a te n ta
O n u m e so b e ra n o , q u e do E g y p t o
S alv o u o p o v o teo c a n s a d o , e a fflito ,
Antistw phe 1 1 .»
V a g a r á s , c o m o esposa a b an d o n a d a ,
S e m t e m p lo , sem a lta re s :
D ebald e in v o ca rá s a m ão sagrad a
D o Deus d’A bram e Isa a c , qu e o u tra m o ra d a
E ra a p a rta d o s m ares ,
E m te rra s alo n g ad as escolh en d o ,
T e so lta ju s to ao íe o d estin o h o rre n d o .
''A.
04 P O E S I A S.
E p o d e 1 1 .“
Assim p e r m il m a n e ira s ,
D e in flam ad o s p ro p lie ta s m e a n n u n c ia
C a n o ra tu r b a o v en tu ro so dia
Q u e a m il n açu es in te ir a s
H avia fa z e r ver o d esejad o ,
P e r d ifferen tes m o d o s fig u ra d o .
O BSER V A Ç Õ ES , E N O TA S.
( 4) N o o rig in a i estav a
1 '
íS r .
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1, '
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SACRAS. 6*'7
I •'
ODE VI.
SOBRE O M ESM O A S SU M P T O .^
Strophe i.»
( 3 S in a i ! ó m o n ta n h a assig n alad a
Dos p és do O m n ip o te n te !
E u sin to in d a so a r a voz sagrad a ,
Q u e e n tre ra io s p ro m u lg a a le y grav ad a ^ (i)
N o e sp irito in n o c e n te
Do h o m e m ju s to . O ’ liv ro g ra n d e e sa n to !
T u m e en ch es de a sso m b ro , h o r r o r , e esp a n to !
JÍntistrophe
f
68 P O E S I A S
Epode 1 ."
Q u e m do C o m m n m n a u fra g io (3 ) ,
Q u e o o rh e in te ir o em e rro s su b m e rg ia ,
E s te p o v o s a lv o u , e do c o n ta g io
Da cega id o la tr ia ?
Q u e m n o m e io de in h o s p ilo d eserto
D o Im m e n so a m á o lh e faz n o ta r de p e r t o ?
Strophe 2 .*
E ain d a te m e s , ó p rez a d a ly r a ( 4 ) !
L e v a n ta r ás estrelas
O su b lim e m o r t a l , q u e Deus in s p ir a ,
Q u e de celeste fo rça re v e stira ,
E m il v irtu d es b e lla s ?
O ’ M oyses ! tu a voz n ã o m e a llu c in a :
A voz q u e so lta s lie a voz d iv in a .
ntístroplie 2 .*
F e rv e n d o em sa n ta ira a b ra z a d o ra (5 )
Os c rim e s re p re h e n d e
D o H ebreo in g r a to , c u ja fê tra id o ra
A lu z q iie b ra n ta , q u e tu a a lm a a d o ra :
ví S e g u ro a v a ra esten d e ;
■r■■■
R
n V E is v ejo a n a tu re z a esp av o rid a
[ ' í'v V
A teos pés h u m ilh a r ia fre n te e rg u id a .
'f ..
^
í:" ,!
S A C R A S .
J
Epode 2 .°
O p o v o 5 de q u e es g u ia ,
M il vezes e n tre as b re n h a s estre m e ce :
'Ao ver q u e a te r r a , o m a r , a n o i t e , o d i a ,
I
Q u e tu d o te o b e d e c e ; ' •
I *
Strophe 3.» ,
I r -
S e rá s tu , p e r v e n tu ra o p ro m e tid o
M e d ia n e iro a m a v e l ? . . .
Ah ! tu vens p re d iz e -lo , e em to m su bid o
E n to a s de J a c o b o re ce b id o ‘ ’
O rá c u lo a d o ra v el.
Q u e m he p o is esse a n g u sto m e s sa g e iro ,
Q u e o p r a n to had e e n x u g a r ao m u n d o in te iro ?
Anlistroplie 3 . “
Já de J a c o b o sc e p tro n ao im p u n h a
Ju d á , e p ressu rosa
A se m a n a c o rre u qu e affo ito e x p u n h a
O casto D a n ie l, q u a n d o c o m p u n h a
De G a b rie l fo rm o so
Ao fa tid ic o a ce n o : « O nde h e qu e o Ju sto
» P a r a sem p re assentou seo tro n o au gu sto ? »
>■/
:‘íiv
70 P O E S IA S
\
Epode 5 . ”
Q u a l b ú s s o la , ag ita d a
De e m b ra v e c id o m a r , o scila e r r a n te ,
.0 N o rte n áo a tin a ♦, t a l a n cia d a
A m in h a a lm a in c o n s ta n te
C rê , p resu m e , v a cila , in c e r ta tre m e ,
E em duvidas cru éis a fílic ta g em e.
1 ' Strophe 4 .*
B rio so G e d e a o , S a n sã o r o b u s to ,
C u jo se m b la n te d u ro
A o lo n g e d ifu n d ia frio su sto ;
G u e rre iro Jo su é , vos sois do ju s to ,
Q u e a n c io so p r o c u r o ,
%
E scassa s o m b r a , p o r m a is a lta e m p rez a ,
Q u e a b o n e a vossa illu s tr e fo rta le z a .
Antistrophe 4.=^
A b r ilh a n te fo r tu n a , .a jo e lh a n d o ( 6 )
De S a lo m á o p o te n te
J u n t o ao tr o n o ,1a v e jo , d e rra m a n d o
C om m ao p ro fu sa , gesto led o e b r a n d o .
De seos b en s a to r r e n te :
Epode 4.®
O ’ c a n to r p o rte n to s o
Das g ra n d ez a s do N u rp e so b e ra n o !
S e a te rra ste o g ig a n te p a v o r o s o ,
S e o d e stro n c a ste u fa n o ,
Im a g e m es do v e n ce d o r da m o rte ; -
M as não h e , co m o o seo , teo b r a ç o fo rte.
m
Strophe 5.^
V e m a c la r a r - r a e , te r n o Je r e m ia s ,
Q u e de su ave p ra n to
M eo p eito b a n h a s : ó fe rv e n te >Elias !
E tu , su b lim e e n e rg ic o Isa ia s :
V in d e a p o n t a r - m e o S a n to
Das n açõ es , lo n g o te m p o su sp irad o ,
T a n t a s vezes p e r vos* p ro fetisa d o .
Antistroplie 5.®
Epode 5. °
■ií„
Strophe 6.»
E m p o b res p a lh a s in d a te n r o in fa n te
E n v o lto se re co sta ;
T u o viste n a s c e r , ó ra d ia n te
V e n tu ro sa B e th le m , e tr iu n fa n te
A tu a fre n te a rro sta ,
Q u a l os ced ros do L ib a n o c o p a d o s ,
D o v o raz te m p o os g olp es red o b ra d o s.
Aíitistrophe 6.®
D e T lia r s is e S a b á , d on s p recio so s ,
O b e rç o lh e a d o r n a r a m ;
rií;:
E em seos m u ro s os p o v os rev o lto so s
D o N ilo o vii’am , q u a n d o sau d osos
T e r n o s .a is r e lu m b a r a m
E m R a m á , e R a c h e l tris te c h o ra v a ■*
Os F ilh o s*, q u e m ã o im p ia la c e ra v a. ; v. : j
\
r '
S A C K A S. 7'^
Epode 6 .°
Q u a l v e n c e d o r p ied oso ,
Da p az serena au g u sto m e s s a g e ir o ,
E lle se m o stra sem estre p ito so
A p a ra to g u e r r e ir o ,
E m sin g elo triu n fo m eigo e b ra n d o ,
Je ru s a le m a fflicta co n so la n d o .
Strophe 7.*
E rg u e a fa ce j ó S io m ! sacod e a ltiv a
O p ó do teo se m b la n te :
T ra s b o rd a de a le g ria p u ra e viva :
E is o teo ïle d e m p to r , q u e a fo ice esquiva
Do c r im e vem c o n sta n te
E m b o t a r : eis a q u elle g ra n d e d ia
Q u e A b rah am , q u e J a c o b te p ro m e tia .
Antistrophe 7 .'
E sc u ta a voz , qu e n o deserto b ra d a
Do p re c u rso r a u s t e r o ,
Q u e havia p r e p a r a r -lh e a ard u a estrad a.
V ê co m o a n a tu re z a o lh a h u m ilh ad a
O a ce n o severo
De teo S e n h o r , vê co m o lh e o b e d e c e ,
C o m o p o r C rea d o r o re c o n h e c e .
O m a r e n ca p e la d o ,
Íi
O sostem so b re as o n d a s , q u e se e sp a n la n i
E ad ora liu m ild e os pés do S e r a m a d o U.
Q u e os ceos , e a te rra c a n ta m :
Ju d á re tu m b a à voz su b lim e e foi le
Í1
t «
Q u e L a z a ro a r r a n c o u das m áo s da m o rte .
lí ;
I î' Strophe 8 .“
M as q u e la n g u o r , ó M u sa , se a p o d era
D a tu a a m o rte c id a ,
C horosa voz ? J á fro u x a n ão se esmere» I
E m acord t»r-se aos son s da ly r a a'ustera Jí,
ff
R :l’Iis? Q u e recu sa se n tid a
•fi
S e g u ir a m ã o q u e , o p le c lr o m e n e a n d o ,
C o m e lla aos a stro s se ia re m o n ta n d o . i
■1 * ■
4
Il
jdntistroplie 8 .®
1
r. '•
O ’ n a tu re z a ! c o b r e te id e d u to
E n u n c a o leo se m b la n te
De te r n o p r a n to fa ça s ver e n x u t o :
N ão b ro tes m a is , ó T e r r a , d o ce fru e to !
T e o cu rso tr iu n fa n te
I
I .)piii!|
D etem , ó S o l ! e fin d e essa a im o n ia ,
Q u e os alto s ceo s e n to ã o n o ite e dia !
■i-
Iti 'i ■hi
SACRAS. 70^
• ' Epode 8 .“
De san gu e está b a n h a d o
O ju s t o , em a fro n to s a c ru z p e n d e n te
O S e n h o r do U n iv e rso tran sp a ssa d o
D e d o r a ce rb a , in g e n te :
T ir a n o p o v o as vestes lh e so rte a :
E tra iç á o o v e n d e u , h o rre n d a e fea.
SiropJie 9.a
Os m a c e ra d o s o lh os lh e c ir c u n d a
P ied osa te rn u ra ,
N o co ra ç ã o a ju n ta á d o r p ro fu n d a
O s doces se n tim e n to s em q u e a b u n d a ,
E do P a i so p ro c u ra
O p erd ão dos a lg o z e s , q u e o c ra v a v a m ,
E n o seo san g u e as im p ia s m ãos b a n h a v a m .
jéntLstrophe 9 .®
O ’ S e r e te rn o ! qu e im p ressã o d e rra m a
A tu a h o rrív e l m o rte
D en tro em m in h a a l m a ! Q u e ab ra z a d a c h a m m a
De tern a g ra tid ã o m eo p e ito in fla m a !
O ’ D e o s , e desta so rte
Q u izeste que o perd ão fosse sei lado
Aos crim in o so s do fa ta l p ecca d o !
P O E S IA S
E p o ã e 9.®
Ob s e r v a ç õ e s , e n o ta s.
1
Entre todas as composições do autor era esta
ode aquella cuja correcção lhe mereceu menos des
velo , sendo talvez a que mais o merecia ; e por isso
foi também aquella em que pratiquei alterações
mais notáveis , e em maior numero : apontarei aqui
. -1
as principaes. Entretanto seja-me licito dizer qu e, en
I '
tre todas as odes sacras de meo defunto amigo , nen
huma conheço , em que mais se manifeste o seo estro
|f i ■
: 1; ! poético, em que resplandeça maior erudição , melhor
escolha de imagens , mais nobreza de dicção , nem
mais força e dedueçao nos argumentos. Estes se di
rigem umas vezes ao entendimento , outras ao co
iSft,
ração, outras á imaginação , e d’este modo elle em
prega habilmente todos os meios de persuasão (sem
desmentir da dignidade propria do genero de poema
que escolhera para expor em toda a sua magnifi
cência as ideas sublimes e grandes , que se propoz in-
M/
K I
S A C K A S.
!:í,k:
s A C R A S.> 8i
ODE VII.
SO BR E 0 M E S M O A S S U M P T O .
Strophe i . »
Antistroplie i .
6 *
84 P O ESIA S
Epode 1
Ao m ed o n h o ru g id o ( 2 )
Do leão de Ju d á e s tr e m e c e n d o ,
S ó in fa m e b a x e z a ,
O m o n s tr o p a t e n t e a ;
E m vão astu to , a p ied ad e im p lo ra
D o S e n h o r ir r ita d o a q u em detesta.
Strophe 2 .»
: ii.
E is , ó p a r lo in fe liz da in iq u id a d e ,
O teo r e tr a to : n e lle os o llio s fita.
T r e m e s de h o r r o r ? . . . N ão d eixes
E m teo p e ito e x tin g u ir d o ce e sp e ra n ça .
A b on d ad e in fin ita ,
O C h risto do Deus vivo em si teos c r im e s
G rav o u , e su b m e rg iu -o s n o seo sa n g u e.
Antistrophe 2 .®
:: i‘-} In g ra tid ã o m e sq u in h a
C o m seo sello m a r c á r a ; m ão d iv in a
A pagou o s i g n a l , e r e n o v o u -m e .
\
SACRAS.
Epode 2 .“
S u b lim e s sons e n ov os
D esfere , ó ly r a , das so n o ra s co rd a s ;
P r e n d e , a r r e b a t a , e n c a n tà
Os ceos , a te r r a , as ond as ;
R ep assa m eos a rm o n ic o s ouvid os
D e celeste su ave m e lo d ia .
Strophe 3.®
Antistrophe 3.®
Ao vero vivo a m o r qu e te co n so m e (3 )
O sangu e q u e d e rra m a s c a rin h o s o ,
O ’ C h risto do D eu s vivo !
R e c o n h e ç o o m eo Deus , o S e r e te rn o
D e in efáv el b o n d ad e ;
Q u e ás suas o b ras q u er c o m u n i c a r - s e ,
M ais e m ais em si m esm o tr a n s fo r m a -la s .
F
Epode 3 .”
Q u a l n a m o ra d o Esposo (4)
O llia , co n tem p la , e tran sp o rtad o adm ij'a
O rosto delicado
Da teim a m eiga E s p o s a ,
Aksim m in h a alm a ab sorta , o Deus e tern o
Abrazada de a m o r h u m ile adora.
Strophe 4 .*
R ev o lv e , ó m ã o p e r ju r a , q u e p re te n d e s
T e o R e d e m p to r fe r ir c o m d u ra g u erra ,
Os factos qu e , volvend o
O tem p o a roda lu b ric a , d e ix a ra
S alv ar do ab ism o escu ro ,
O nd e tu d o desfaz , tu d o a m o r t e c e ,
E em e te rn o silen cio ao m u n d o escon d e.
Antistrophe 4.®
I
Epode 4 .°
Antistroplie 5.®
Antistrophe 6 .*
Epode 6 ."
J á estala e se ap arta
A lisa p ed ra qu e orguU iosa in ten ta
E n c e r r a r o D eus vivo.
A lonitos , prostrad os
P e r te r r a ja z e m os cru eis soldados
Q u e O sagrado deposito vigiara.
Strophe 7.®
' I■
N áo p e rm ita s , S e n lio r , q u e a im rau iid a e torp e
C o rru p çã o co m seo bafo p estilen te
C o n tam in e o teo S a n to .
E m b ra ç a p ro m p to o d iam an tin o escudo ;
C o m elle , firm e o co b re :
In u n d a -o de p razer : da m ao te brota
In e x h a u riv e l fon te de delicias.
yintistî'ophe 7.®
O ’ abrasado P e d ro , ó fervorosa
A m a n te M agdalena , q u em te p ren d e
Os vagarosos passos ?
C o rre anciosa , vôa , vê , e adora
O teo divino M estre ,
Q u e triu n fa n te su rge , e valeroso
D a m o rte p iza o in d om ável collo.
K«-:?
90 P O E S IA S
I l
|> Epode 7 . “
Strophe S.**
I
V^os o v is te s , d iscípu los ditosos ,
G lorioso esqu ad rão , q u e vos n u trie is
De arnor p u ro , e divino :
M u ltid ão v en lu ro sa q u e , ag ita d a
De pasm o e de alegria ,
Adorastes o D eus cle m e n te e santo ,
Já do seio da m o rte resu rg id o .
Antiatrophe 8.=^
\
E ste o facto in a u d ito q u e se lla ra m ,
t :: C om seo san gu e , e n o selo dos op rob rio s.
C on stan tes i-ep itiram :
i 'i i ' T a n ta firm ez a , ó E i r o , n ã o iuspLraiii
T e o s m iserô s so p h ism as ;
Im p áv id o a r r o s tr a r m o n e afron tosã
W - \im
y;^--
ài :>.ii' . 8 ó h e dado a varão piedoso e ju s to .
W S'
S A C R A S.
Epode 8 .°
Q u a i ro m p e o S o l , e ard en te
Dissipa a espessa denegrid a nevoa ,
Q u e to ld a a escu ra te rra ;
A ssim lu z en les raio s
S o b re o E s p irito m eo esta verdade
D erram a , e d’elle as n u v en s afu gen ta.
Strophe 9.®
A n tistro p h e 9 .^ ^
Epode 9.®
Je ru s a le m r e b e ld e , vê alçan d o
O lio rrid o se m b la n te n o teo seio
O c r im e fu rib u n d o :
Já fre m e a cré p ita n te labared a
E m to rn o do teo te m p lo :
E m vão p ro cu ra s e x tin g u i-la : ira d o (8 )
D iv in o so p ro a v o ra z c lia m m a a te a .
^ Antistrophe 10.®
T u a s cu lpad as ru a s e stre m e c e m :
P e r toda p a rte a m o rte te rod ea :
C aliid a em te rra ja z e s,
D e li vidos cad averes ju n c a d a :
N u n ca m ais o teo tem p lo
S e e rg u e rá 5 0 0 teo p ovo v ag ab u n d o
S erá d’o p ro b rio e d o r fatal o b je c to .
1
,\
SACRAS.
Epode 10.®
0 ’ M essias divino , (9 )
T u assim íie lm e n te o p red iceste !
C u m p riu -se o v a tic iiiio :
0 ceg o e rra n te p o v o ,
E s c a rn e o das n a ç õ e s , ao m u n d o ren d e
D a tu a D ivindad e clara p ro v a .
O B S E R V A Ç Õ E S , E N O TA S.
!f riV.i >
crever.
O Messias divino ,
l M -
Assim tu fielmeule o predi/ias,
Í. m'dr
E OS mcos olhos encontram
!i
O vagabundo povo ,
Depois de tantos revolvidos séculos,
Da tua divindade sendo a prova.
'i
O'.
ODE M l l .a
SACRAS. 97
O D E ‘V 111.
S O B R E O M E S M O A S S U M P T O .
Strophe i.®
Antistrophe i.»
Epode i .°
Do L ib an o se ab alam
Os 'a lto s cedros já de o u v ir -m e anciosos :
E os ventos furiosos
O seo zu n id o c a la m ;
D e p e rtu rlia r m eo ca n to tem orosos.
II. . 7
•V
<^8 PO ESIAS
Strophe 2.®
Antistrophe 2.®
E m lon g a assidua g u e rra co m b a ter~ te
■ E depois de co rta d o
O m erecid o lo iro , r e fa z e r -te ,
P a ra de n ovo m ais e m ais v e n c e r -te ,
Ate v e r su ílocado
O leão q u e em ti ru g e c o n c e n tra d o .
V
Epode 2.®
E sg o ta r valoroso
A m argo C alix ; d ’elle im b r ia g a r -te ,
E co m o R e o poi t a r - t e
A nte o D eus ju stiço so :
E is o que v e n h o , ó H o m em n u n c ia r - te .
Strophe 3 .®
D o m im d o fe p o m p a e o friv o lo co n ceito ,
A rm ado de h u m ild a d e ,
D esp rezar c o m se re n o , led o aspeito :
I E ao esp len d o r, que e x ig e vão r e s p e ito ,
^?5í. i
F ru g a l sim p licid ad e
E a p o b rez a a n te p o r , e a carid ad e.
S A C K A S. 99
Antistrophe 3 .®
Epode 5 .®
D o tu m u lo h o r r o r o s o ,
C o m m agestade n o v a , eis erg u e a fre n te :
E .ago ra r e f u lg e n t e ,
M ais q u e o S o l lu m in o so
N os Ceos , in sp ira e b rilh a astro lu z en te.
♦
Strophe 4 .®
Assim P a u lo falava , e sem a b rig o ,
S e m p ro te c to r m u n d a n o ,
P e g e n e ra r in te n ta o o rb e an tig o :
C om desprezo c r u e l , rosto in im ig o ,
O m ed e s o b e r a n o ,
D o m u n d o o sabio liso n g eiro e u fan o.
»
Antistrophe 4.»
A rm ai-v os , ó te rre n a s P otestad es ,
V ib ra i a ferrea espada
D o S e n h o r co n tra o C h r is to , atrocid ad es
P r a t i c a i , e m il novas cru eld ad es 5
D a vossa m ao arm ada
S c rí a m áo que faz viver o nada. '
f
lo o r O E S IA S
JEpode 4 .®
E is ro m p e de Ju d ea
E squ ad rão abrazado em fogo axden le ,
D e u m D eus ju s to e c le m e n te
/
A sublim ad a idea
D e rra m a n d o , e n tre a ce g a h u m a n a g en te.
Strophe 5 .®
Antistrophe 5 ,®
Q u e m , ó co b a rd e P e d ro te rev este ,
De p e ito d ia m a n tin o ? ./
T u já n ão es o fra c o q u e te m e ste
C onfessar o teo M estre , q u e offendeste :
F ir m e e de p asm o d in o
D a m o rte a rro stra s o p u n h a l fe rin o .
Epode 5 .°
P e lo p ó desolada ,
. S e rev o lv e a co n fu sa Id o la tria ,
E fu rio sa ’ b r a m ia
V en d o lu z ir alçad a
r'®' ■< '-i'
A C ru z que o sangue do h o m e m D eus tin g ia.
$ A C R A s. 101
Strophe 6.»
A p a re c e i, ó M a rty r e s a ltiv o s :
A v en eran d a fre n te
D os se p u lch ro s e r g u e i , fazei aos vivos
V e r q u a n to algozes feros v in g a tiv o s
T r a b a lh a m c o m in g e n te
F u r ia , p o r d e stru ir a F é n a sce n te .
Antistrophe 6.»
A qui em b o rb o tõ e s v e jo ferv en d o ,
C ald eiras a b r a z a d a s ,
E n ellas m ã o tir a n a rev olv en d o
Os servos do S e n h o r , ju s to , e tre m e n d o :
N av alh as afiadas
Ali g ira m em rod a a cce le ra d a s.
Epode 6 . “
D u ro fe rro b u id o
As carn es ta lh a á tim id a donzela , •
Q u e d elicad a e b e l l a ,
C o m p e ito revestid o
D e d ivino v ig o r, os Ceos an h ela .
Strophe 7.®
Antistroplie 7.=
Epode 7.°
O ’ h o m e m a tr e v id o ,
A m ão o m n ip o te n te e v e n ce d o ra
R e sp e ita , e h u m ild e ad o ra ,
L* Q u e O m u n d o e n fu re c id o
D om ou , e n e lle a c ru z tr iu n fa n te a r v o r a .'
-JKf:' i'.-
S A C n A s. 3o 5
ODE IXJ
S .O B R E O M E S M O A S S U M P T O .
u E so p ro a g ita a m e n le ferv o ro sa ,
Q iie em vós c lia m e ja , A postolos sag rad os ?
Acaso do In te re sse a m a o im p u r a
A m o v e e desatina ?
N áo , h o m e n s i m m o r t a e s , d e v o s so s lá b io s
Só p e n d e a t e r n a , C a n d id a v e r d a d e ,
E lla a p e n n a m oveu co ra qu e traçastes
As reg ras da Ju stiç a .
1o 4 POESIAS
H o n ras , riquezas , se m p re aos pés c a lc a s te s : I
A m argo o p ro b rio foi a vossa h e ra n ç a :
S e m fau sto e p o m p a , so de D eus o n o m e
E x a lt a r an h elastes. II
»
B an h ad a do in n o c e n te p u ro san gu e
D e vossos co ra çõ es , ain d a fu m e g a
A te r r a , qu e das g a rra s a rra n c a ste s
Aos falsos m u d os Deuses.
N u n c a ig u a l singeleza da Im p o stu ra
S eg u iu os passos trêm u lo s e in c e rto s.
N u n ca a d o ce riso n h a In g en u id a d e
S e m o stro u ta m visivel.
Q u a n ta s v e z e s , a sua voz p o te n te
As ond as soceg ou : q u an tas da M o rte
Q u e b ro u a d u ra fo ice : e do se p u lck ro
S o lto u as triste s v ictim a s !
sA C Tl A S. lo5
V o s O ju ra ste s c o m c o risla n cia in v ic ta ,
E O m u n d o c o n v ç n cid o ad ora o g ra n d e
P ied oso D e u s , q u e a F é n q p e ito du ro
L h e g rav o u co m p assiv o .
O BSE R V A Ç Õ E S , E N O TA S.
106 P O E S I A S
ODE X."
A ’ P A IX A O D E N . S . J E S U S C H R IS T O .
1^1
SACRAS. 109
DEPRECAÇAO 1/
A’ V I R G Ê M M A R IA N O SSA SEN H O RA .
Ah ! n u n c a m a is o S o l seos raio s v ib re
A legres n este dia ; e de tristez a
U m la m e n to g e ra l resoe em to rn o
De to d a a red on d eza.
S e n h o ra , de q u em sou u m servo in d in o ,
C o raq u e p a la v ra s lo u v a re i teo n o m e ?
T u foste a A urora do form o so dia
i %
E m q u e dos Ceos b a ix a n d o ,
É : = no POESIAS
Jm a g e n i b ella do S u p re m o N u m e ,
D esenhada la desde a e te r n id a d e ,
E digna de m a n d a r os C e o s , e a T e r r a ,
D e que es a S o b era n a ! ^
O ’ M ae do m eo S e n h o r , em l)ora irad os
i l ..
A c a rn e , e o M u n d o , e o b a rb a ro in im ig o
Q u e do T a r la r o h a b ila o la g o im m u n d o ,
C o n tra m im se e m b ra v e c a m .
F a t a l p ecca d o do p r im e ir o h u m a n o ,
Q u e de id ad e em id ad e d o m in a ste ,
N em se m p re has de a c u rv a r a en ferm a ra ça
Do h o m e m d esg raçad o .
112 PO ESIA S
DEPRECAÇÀO II/
A’ M E S M A S E N H O R A .
L e m h r a - te q u e n a c ru z c r u e l , o san g u e
S e verteu do teo F ilh o a n g u stia d o ,
P a ra as ch a g a s la v a r to rp e s , e im p u ra s
Do p e c a d o r q u e a c u lp a te m m a n c h a d o .
O ’ d oce p e n sa m e n to , que d e r r a m a s ,
L iso n g eira e s p e r a n ç a , n o m e o p eito ;
E a p ro te cçã o b e n ig n a m e asseguras
D’aq u ella aqu em o C eo vive su je ito .
a ’ im m o r t a l id a d e
SACRAS. llO
A’ IMMORTALIDADE DA ALMA.
SONETO.
C rêde , c a ro s am igos , n ã o co n su m e
D o T e m p o estragad or a fo u ce erv ad a
E sta viva fa isca , qu e abrasad a
C ah iu do so p ro do su p rem o N u m e.
F a z e m fu g ir o rcfalsad o E n g a n o
Q u e e m vão f o r c e ja , p a ra ver gem en d o
D a verd ad e o sisudo desengan o. Ú
■ \
K
3 l4 POESIAS SACRAS.
SONETO.
I
T r e m e i h ú m a iiò s : to d a a n a tu r e z a ,
Do seò D eus ao’ a ce n o c o n .o c a d a ,
iio b re n eg ro s trov õ es su rg e s e n ta d a ,
E m c ru e l fu rla c o n tr a n o s a cesa .
il
'ri.
P O E S IA S
PROFANAS.
:V
ii
POESIAS
P R OF ANAS .
CANTATA.
P I G M A L I A 0 .
J A da lu c id a A u ro ra sc in tila v a
O tre m u lo fu lg o r , e a N o ite fria
N as m ais re m o ta s p ra ia s do O c c id e iite ,
E n t r e ab ism os gelad os , se esco n d ia .
A m o r im p a c ie n te
Dos F ilh o s de M o rp h e o se a co m p a n h a v a ,
E de P ig m a liã o a a ltiv a m e n t e ,
C o m liso n je iro s s o n h o s , afagava.
O ra de G a la th e a ,
A estatu a airosa e b ella ,
O b ra do seo c i z e l , o b ra divin a ,
S e lh e avivava n a am o ro sa idea :
O ra cu id ava v ê-la
P o u c o a p o u co a n im a r -s e ,
E a m a rm ó re a d u reza tra n s fo r m a r -s e
E m s u a v e , v ita l b ra n d u ra , d in a
D’aq u ella que em C y th era ,
S o b re os A m o res e o P ra z e r d om in a..
r
PO ESIA S
S o b re sa lta d o fre m e ;
E e n tr e illu sô es esp era
G a la th e a a p e r ta r tio s te rn o s b r a ç o s :
M as su b ito d esp erta
P r o c u r a - a , n ã o a vê ; su sp ira , e g em e.
E n t ã o , co ra ro sto triste e ca rre g a d o ,
O c o rp o erg u e ca n sa d o ,
E m a l firm a n d o os p a sso s,
G ira n d o a v ista in c e r ta
P e la vasta o fficin a , o bu sto e n c a r a
Da m a g eslo sa J u n o ,
Q u e ju n to co lo c á ra
Ao do im p la c á v e l, fe ro D eus N e p tu n o :
L a n ç a m ã o do c iz e l ; erg u e o m a r te lo ;
R e p o li-lo s in te n ta ,
E o e x tr e m o id eal to c a r do b e llo .
M as o ciz el da m ã o se lh e e x tr a v ia ;
F r o x o o m a r te lo assenta ,
E n a vivaz a rd e n te fa n ta z ia
S ó G a la th e a c o m p r a z e r re v ia .
A cceso , a rre b a ta d o
De in so lito fu r o r q u e b ra , esm ig alh a
O m á rm o re in c u lp a d o
D os b u s to s , q u e p o lia :
A rre m e ç a p e r te rra , e (i tò a esp alh a
O m a r t e lo , e o c i z e l , co m q u e tr a b a lh a .
V o lv e os o lh o s , re p a ra
D e G a la th e a am ad a
PROFAJSAS.
N a fo rm o su ra rá ra ,
E ferid o de A m o r , cu rv a tre m e n d o
O s jo e lh o s , e já n a o lh e cab en d o
D e n tro d ’a lm a e n c a n ta d a
O tra n s p o rte q u e o a g i t a , a rd id o b r a d a :
« O ’ tu , q u e os Deuses do O lim p o
’» F e re s d e -in v eja , e de e s p a n to ,
» P o rq u e n u n c a p o u d e ta n to
» T o d o o seo a lto p o d er ;
j) H e possivel q u e re u n a s
» T a n t a g ra ça , ta l b ellez a ,
» E te n egu e a N atu rez a
» R e s p ir a r , s e n tir , v iv er ?
» E is do genip o p ro d ig io so b e ra n o :
» N em p o d erá ja m a is o sp V ito h u m a n o ,
» D epois de re m a ta r esta o b ra p r im a ,
» C o n te r fo rça s o b e ja ,
» Q u e pod erosa s e ja ,
» P a r a n o v o s in v en to s , s e m q u e o o p r im a ,
•» T a m g ra n d e esforço d W t e ,
)) E esm o recid o d e sfa le ç a , e ca ia ,
» A m o r , ó D eu s, sem q u em tu d o d esm aia ;
» A m o r qu e m e gu iaste
» O su b lim e ciz el n esta a rd u a e m p v e z a ,
» Ah ! d e s c e , vêm 5 re p a rte
)) Da m in h a vida p a rte
» C om aq u ella , que tu a v a n ta ja ste
)) A’ Deusa da belleza :
POESIAS
» S u p re assim o la n g u o r da n a tu re z a :
» In flu e doce a le n to
. « N a m in h a G a la tlie a ta m fo rm o sa :
» In flu e lh e ra z á o , e se n tim e n to .
» O ’ A m or ! ó D eidade g ran d io sa !
» A n im a -a do c a l o r , em q u e ab razad o
» M eo c o ra ç ã o a teo p o d er se re n d e :
R o u b a a Jo v e esse fa ch o su b lim a d o
» D o q u al a vida p en d e :
» S a c o d e , v ib ra a c h a m m a ,
» Q u e os m o rta e s a v iv e n ta , a n im a , ín fla m m a ,
» O ’ A m o r ! ó Deus g ra n d e ! p e r q u em vive
)) Q u a n to n os vastos m a res
» S e volve , e q u a n to ta lh a os leves ares 5
» P e r qu em tu d o r e v iv e ,
» E c u ja m ão p o te n te d e se n c e rra
» A v ita l fo rça q u e fecu n d a a te r r a !
» E scu ta a voz q u e o teo s o c c o r ro im p lo r a ,
» E a m in h a G a la th e a
» P ossa eu v er sem d em o ra
» S e n tir o fogo , q u e em m eo p e ito o n d ea .
» Deuses , se isto im p ed is , de n o v o digo
» Q u e In v e ja n e g ra e fea
» E m vossos co ra çõ es a c h o u a b r ig o ,
» M as q u e v e jo ! ó ju sto s ceos !
» T r e m e o m á r m o re e resp ira ,
)) E p a re ce se r e tir a
y> Ao to q u e de m in h a m ã o !
r Pi O F A N A s . 12 L
» A gora b ra m e ira d a
» A n a tu re z a c o n tr a m im erg u id a !
» N ao a receio , e nada
» Já n ie pode a s s u s ta r , p o rq u e te v ejo ,
» R esp on d er a m eo fervid o d e s e jo ; ^
» D a r vida a n ov os s e r e s ,
» C re a r o s e n tim e n to
» De m il n ovos p ra z e re s :
» E is 5 ó Deuses ! sem duvida a a m b r o s ia ,
» O d iv in a l s u s te n to ,
■'Ip J » A suave celeste m elo d ia ,
» Q u e e m b e b e de a le g ria ,
» E to r n a glorioso o F irm a rïie n to ! »
H'
I
C o m este p en sa m en to
T r a n s p o r ta d o c o n te m p la a G a la lh e a
( Q u e , ou m ova a m ed o os passos ,
•3 !;i O u rev o lv a o se m b la n te
O u já re c u rv e os b ra ço s
'■"l !■'
E m to r n o ao seo a m a n t e ,
A ca d a m o v im e n to ,
A cada^novo in s ta n te ,
' S e n te u m a n o v a idea ,
S e n te u m n o v o p r a z e r , q u e a sen h o rea ) ,
E n tã o o u tro p ro d ig io A m o r o b ra n d o ,
A lin g o a g em dos sons v a i-lh e in s p ir a n d o ,
E de re p e n te u san d o
D ’este d ote su b lim e
às
6^7
PRO FA N A S. 120
A feliz G a la th e a assim se e x p r i m e :
« E s te m á r m o r e qu e l o c o ,
)> E sta flo r t a m g ra cio sa ,
» N e m esta a rv o re f r o n d o s a ,
» N ad a d’isto , n a d a h e eu :
* » M as , ó tu ! q u e a n te m im v e jo ,
» Q u e to d o o m eo p e ito a b a la s ,
» Q u e ta m d o ce de a m o r falas.
» Ah ! tu sim , ta m b é m es eu.
» V e m a m ira q u erid o o b je to ,
a A p e r ta -m e n o s teo s b ra ç o s ;
» C o n v e n c e -m e em te r n o s la ço s ,
» Q u e eu e tu som os so eu . »
N OTA.
,\
.>
■ , ‘fH'.
íí-'«
P R O F A N A S . 125
O D E .
AO H O M E M S E L V A G E M .
Strophe i . ”
O H O M E M , q u e fizeste ? tu d o b rá d a ;
T u a a n tig a g ra n d ez a
De tod o se eclip so u ; a paz d ou rad a ,
A lib erd ad e c o m ferro s se vê p reza ,
E a p alid a tristeza
E m teo ro sto esp arzid a desfigura
D o Deus , q u e te creo u , a im a g em p u ra .
A n tistroplie i.»
Epode 1. "
Antistrophe 2.»
Strophe 5 .®
Antistrophe 3 .
128 r OE S I A s
Epode 3 .®
S a h iu 'do c e n tr o escu ro
D a T e r r a a d esgren h ad a E n fe rm id a d e ,
E os b ra ço s c o m qu e , u n id a á C ru e ld a d e ,
S e a p erta em laço d u ro ,
E sten d en d o , as ca m p in a s vai ta la n d o ,
E os m iseros h u m a n o s la c e r a n d o .
Strophe 4 .=*
Q u e au g u sta im a g e m de esp le n d o r su b id o
A n te m im se fig u ra !
N u 5 m as de g raça e de v a lo r vestido
O h o m e m n a tu r a l n ã o te m e a d u ra
F e a m ã o da V e n tu r a ;
N o rosto a L ib e rd a d e tra z p in ta d a
De seos sérios p ra z eres ro d ea d a .
Antistrophe 4 .**
S e v e ro v o lte a n d o
As azas d en eg rid as , n ão lh e p in ta
O n u b la d o fu tu ro em n eg ra tin ta
D e m ales m il o b an d o ,
Q u e , de E s p e c tro s c in g in d o a vil f ig u r a ,
D o sab io to rn a m a m o ra d a du ra.
Strophe 5 .»
E u v e jo o m o lle so m n o su su rra n d o
Dos o lh os p e n d u ra r-s e
D o fr ô x o C a ra ib a q u e , e n c o sta n d o
Os m e m b ro s sõ b re a relv a , sem t u r b a r - s e ,
O S ò l vê le v a n ta r -s e ,
E n as o n d a s , de T h e tis e n tre os b ra ço s j
E n tr e g a r - s e de A m o r aos doces laço s.
, Anlislroplie 5 .®
O ’ R a z ã o , o n d e h ab itas ? . . . . n a m o ra d a
D o c rim e fu rio sa ,
P o lid a , m as c r u e l , p a ra m e n ta d a
C om as rou p as do V ic io ; ou n a ditosa
C ab an a v irtu o sa
Do selvagem g r o s s e ir o ? .... D ize.......aon d e ?
E u le c h a m o , ó p h ilo so p h o ! resp on d e.
II. 9
i;> o P O ESIA S
JEpode 5 ."
Q u a l o a stro do dia ,
Q u e n as a lta s m o n ta n h a s se d e m o ra ,
D ep o is q u e a luz b r ilh a n te e c r e a d o r a ,
N os vales já s o m b r ia ,
Apenas aparece ; assim me prende •
O H o m em n a t u r a l , e o E stro a c c e n d e .
Strophe 6 .*
Antistroplie 6.»
E p o d e 6.° m
NOTA.
E ste O d e a o n d e b r i l h a urri e s t r o s u p e r i o r a o q u e se
d e s t in g u e n as m a is b e lla s c o m p o s iç õ e s d ’este genero
e sc rip ta s na lin g o a p o r lu g u e z a , e ta lv e z m esm o q u e
! i'
em tod as as l i n g o a s v i v a s , f o i c o m p o s t a n o a n n o d e
1 7 8 4 » te n d o o a u to r a p e n a s 21 an n o s d e e d ad e j p o r
o c c a s iã o d e u m a d i s p u t a q u e , ern c o n v e r s a ç ã o a m i g a v e l ,
c a su a lm e n te se le v a n to u e n tre m im e e l l e , a cerca das
v a n t a g e n s da vid a so cial. A le itu r a do c e le b re d is c u r
so de J o ã o - J a q u e s R o u s s e a u , so b re a o r ig e m da d esi
g u a l d a d e e n t r e os h o m e n s , fo i a o c c a s iã o q u e m o t i v o u
a nossa p e q u e n a c o n tr o v é r s ia . P a r a te r m in a -la c o n v i
d e i e u o m e o a m i g o a s e g u i r f r i a m e n t e os m e o s r a -
c i o c i n i o s n a a n a l y s e d ^ a q u e lle e l o q u e n t e d is c u i ’s o , p r o -
-c u r a n d o fa zer lh e s e n tir a fa lta d e ló g ic a q ü e em q u asi
t o d o e l l e se o b s e r v a , q u a n d o r e f l e c t i d a m e n l e se e x a m i
n a. N ã o era p o r certo f a c il trazer a este p o u io um
m a n c e b o de im a g in a ç ã o a r d e n te , em e sp e c ia l tra ta n d o-
s e d e a n a l y s ü r c o m f r ie z a u m a c o m p o s i ç ã o q u e , d e -
1 Oii* P O E S IA S
A
v e n d o ser tod a r a z ã o , he tod a fo g o , c o m o q u a si to d o s
os e sc rip lo s que s a i r a i n d a p e r in a d ’ a q u e l l e h o m e m
e x lra o rd in a rio . C o m o q u e r q u e f o s s e , se m p re c o n v ie
m o s p o r fim e m q u e o p e n s a m e n t o d e R o u s s e a u s e r i a
b e l l o p a r a se d e s e n v o l v e r e m u m a co m p o siçã o p o é ti
ca ^ e p a ra q u e a n o ssa le m b r a n ç a n a o fica sse in ú til
a ju s ta m o s q u e o a u t o r , c u ja b r ilh a n t e fan tasia p r o m e
tia e le v a -lo ao p r im e ir o lo g a r e n tre os p oetas ly r ic o s
p o rtu g u e se s , ío m p o se sse u m a O d e P in d arica, n a q u a l
exp o sesse com to d a a p o m p a , e m a g n ificê n cia p o é t i c a ,
o p a ra d o x o de João-Jaques R o u s s e a u , erii t a n t o q u e
eu in d ic a ria , em u m a O d e H o ra cia n a , a verd a d eira o r i
g e m , e as m ais im m e d ia ta s v a n t a g e n s d o estad o s o
c ia l. A ju n t a r e i a q u i a m in h a c o m p o s iç ã o , bem que
m u ito in fe rio r á do m eo a m i g o , p a ra q u e o p u b lic o
v e ja o r e s u lta d o d e u m a c o n v e r s a ç ã o e n tr e d o is m a n
ce b o s q u e a in d a e n tã o e sta v a m p o u c o m a is do q u e no
m e io da carreira de seo s e stu d o s e le m e n ta r e s . A p r e
s e n t o ao p u b l i c o e s t e p a r t o da m in h a m o c id a d e de
ta n to m e lh o r g r a d o , q u a n to e lle a p a r da o b ra d o m eo
a d m ira v e l a m i g o , s e rv irá p a ra fa ze-la m a is r e a lç a r , b e m
com o as so m b ra s n a p in tu r a s e r v e m p a r a fa zer s o b r e -
s a h i r as f i g u r a s t r a g a d a s p e l a m ã o d o p i n t o r . E i s a q u i
p o is o q u e e u escrevi n ’ a q u e lle m o m e n t o .
■^3
P R O F A N A S . lO J
f
ODE
SOBRE O AMOK,
l56 POESIAS
.. / •
ODES ANACREÔNTICAS.
O D E I I .*
O h ! quanto es bella
Vermelha rosa ,
Tu me retratas
Nize formosa.
Lindo botão
Vejo a teo lado ,
Qual junto a Venus
O Filho alado.
Elle de Nize
Me pinta a cor,
E o seo amavel
Terno pudor.
Verdes espinhos,
Para defeza ,
Te pôz era torno
A Natureza.
m'
1
P O E S IA S I
'1 ,
Tal a R azão,
í
S e m p re a d o r a v e l,
í
D e N ize c e rc a l,l
0 p e ito aíà v el : ií :•I
'í: ,!1
í
i•■
/
N ’e lle se e n la ça ,
1
B e m c o m o a h era , r
1* .
E seos desejos *
R e g e severa. l;;
'A
tir
Q u a n d o n o 'm e ig o
S e io de F lo r a í
5( ’í'■■'
0 o rv a lh o a tra h e s V-«
Da r o x a A u ro ra ,
í'
S o b re as m a is flores
B eleza o sten ta s :
D ’e lla s o sc e p tro
T e r . r e p r e s e n ta s .
Ah ! q u a n ta s vezes
D a esp ecie h u m a n a
Ju lg u e i se r N ize
A S o b eran a.
T a m g e n til ro s to
Ja m a is a T e r r a
V iu 5 n ’elle a fo rça
D ’A m or se e n c e r r a .
PROFANAS. 141
Flor mimosa ,
Quero colher-te,
E no meo peito
Sempre trazer-te.
Mas all ! depressa
Tu murcharás , '
E imagens tristes
Me lembrarás.
Já de horror sinto
Torvar-se o sp’rito,
E o coraçáo
Bater-me afflito. , »
A minha Nize
Também da Morte
’ HacTe sentir
O duro Corte !
Fazei-a , ó Ceos ,
Ou menos bellá ,
Ou nunca a Morte ^
Possa vencêlla !
O D E IIL*
Náo lemas Nize ,
Entra sem susto , Í-
No Templo augUsto
Do Deus de Amor.
] 12 P O E S IA S
Enlra : verás
Ligeiro bando
De mil Amores ,
Ledos voando.
Náo te'intimides
De vê-lo armado
D^arco , e d’aljava
Pendente ao lado.
Quando tivesse
Peito de fëra ,
Teo lindo rosto
Brando o fizera.
Venus deseja
Filha chamar-te,
Paphos e Gnido
Quer adorar-te.
O vil ciume.,
Negro furor,
Para assaltar-te,
Não têm valor.
Il
144 P O E S I A S
vwvw^ vwv^*^v%^^v%v*í
CARTA
AOS MEOS AMIGOS,
»l! .it.'
P 11 o F A A S.
O ’ v irtu d e su b lim e ! o leo a m a n te
INome re p ito , e lo g o as M usas descem
A a c c o m p a n h a r -m e em ly ra«d e d ia m a n te .
P r in c ip io a c a n ta r - t e , e se m e oflPrecem
C ru e n to s e rro s , q u e em tro p e l se a p in h a m ,
E a lu z que tin h a q u asi m e e scu re c e m .
As p a x õ e s em f u r o r , p a ra a ju d a -lo s
V e jo re v o lta s 5 m as v en cen d o o m edo ,
C o m m ais fo rç a , ju r e i de m a ltr a ta -lo s .
Desde e n tá o M e lp o m e n e , qu e u m ro ch ed o
N o P in d o h a b ita , e q u e m eo p e ito accen d e ,
Ao ou vid o m e diz isto , em segredo : -
C a lça o c o tb u rn o ; q u e te m o r te p re n d e ?
C o n p in c e l atrev id o , o tris te d a m n o
Das p a x õ e s p in ta , e co m m eo fogo as ren d e .
M as T h a lia travessa , qu e o ty r a n o
V ic io e s c a r n e ç a , d is s e ; e logo o riso
V i r a ia r em seo ro sto , doce e h u m a n o .
C o m m agestoso an d ai’, ch ea de s is o ,
C a llio p e fo rm o sa m e ord en av a
Q u e , altiv o , im ite o M a n tu a n o A nfriso.
M o s tra -m e ao lo n g e a lu m in o sa a lja v a ,
Q u e dos cla rô s V arõ es escon d e o n o m e ,
A Deusa qu e os S a llu stio s in sp ira v a .
II. 10
346 POESIAS
J
I “-! %
■"
VÓS, a quem a mania nao consome,
Í èÍ^Í Caros amigos , de deixar á edade
^ í ii'È 1' '
íiSi
Vindüira escriplos váos, que o'tempo corne :
p ? i'
Vos que o peilo cerrastes á vaidade j
l ’!'.r' E se escreveres , serâo só escriptos
Dictados pelo bera da Humanidade : \
S o c o r r e i-m e cm ta m asp eros co n flito s ;
P o is o n d e m o r a a Candida v ir t u d e ,
T a m b é m h a b ita m os su b lim es ditos,
E L E G I A
A’ A M I S A D E , ■
.w
348 POESIAS
S im : A m igos a çliei 5 fu ja o desgosto
S o b re as azas do T e m p o fu g itiv o ,
E n a te rra n ã o to rn e a a c h a r m a is p osto.
O F a d o , n ’o u tro te m p o , in ju s to , e esquivo
F e z - m e b eb er n o c a lix da desgraça
M il d esp razeres d e a m a r g o r a c tiv o .
E sg o te i, h e v e rd a d e , a h o rrív e l ta s s a :
M as ao tr a g a r do f e l , te rn a am isad e
r
A chei ; ter já n ão te m o a so rte escassa.
J u n to a l i n ã o re c e o fo m e ou sede 5
P o i s , c o m a rm a s sin gelas a V irtu d e
D e e n c a r a r -m e ferozes , as im p e d e .
iifî
N os alto s t e c t o s , n o p en h a sco ru d e ,
S e a m eo lad o te e n c p n tr o , da tristeza
R e c e a r o se m b la n te n u n c a p u d e.
M eo q u erid o F ile n o , a N a tu re z a
E sm e ro u -se em f o r m a r -t e ; n o le o p eito
U n in d o d otes de im m o r ta l-b elleza.
De l i p a ra m im vôa o d elica d o
S e n tim e n to , c o m sua m ã o m im o sa
P o lin d o u m co ra ç ã o p o r t i fo rm a d o .
P R O F A N A S. i 49
PROFANAS. l5l
S ONE T OS .
•SONETO 1.”
OI T o a n n o s apena.s eu c o n ta v a ,
Q u a n d o á fú ria do m a r a b a n d o n n a n d o
A vida , era frá g il l e n h o , e d em an d an d o
N ovos c lim a s , da P a tr ia m e au sen tav a.
E n tr e fe r r o s , pohreza , en ferm id a d e
E u v e jo , ó Ceos ! q u e d or ! q u e in iq u a so rte !
O c o m e ço da m a is riso n h a ed ade. w
v e lh ice c r u e l , ( ó du ra M o rte ! )
Q u e faz tem er ta m triste m o cid a d e ,
P a r a p o u p a r - m e , d escarreg a o c ó rte .
P o E SI AS
S O N E T O II.«
N as loiras tranças da gentil Tircéa
Os Amores, per gosto se prenderam ,
E em seos formosos olhos se esconderam
As très Graças , e a mesma, Cytheréa.
S O N E T O IIL°
Q u e so n h o ta m feliz ! . . . E m m o lle le ito
Os m e m b r o s , c a r o A nfriso rep o u sav a ,
Q u a n d o , as azas b a te n d o , se en co stav a
U m filh o de M o rp h eo so b re o m eo p e ito .
M e n c a n d o u m p in c e l co m ledo a s p e ito ,
N os b ra ço s da A m isade m e p in ta v a ,
Q u e riso n h a o séo te m p lo m e m o stra v a
A onde os Deuses e n tr a m c o m resp eito .
M a l m e viu fo i o e rm o T e m p lo a b r in d o ,
E da D eusa n o T r o n o a im a g em viva
De nossos co raçõ es vi relu zin d o .
ÎL
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i 54 POESIAS
S O N E T O I V .o
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'f* \
Feito de improviso jun to á sepultura de D . Ignez
de Castro,
O s A m ores e m ch u sm a se aj un ta ra m
A fo rm a r esta lu g u b re e sc u ltu ra :
M as ao tr a ç a -la , ch eos de te r n u r a ,
O s,m e ig o s olhos c o m as m aos ta p a r a m .
O G e n io da T ris te z a , q u e in v o c a ra m ,
L h es a p lica o Cizel á p ed ra d u ra ,
Ei a triste m ageslosa se p u ltu ra
De Ig n ez e P e d ro ju n to s a c a b a r a m .
P a ra a d m ira r esta o b ra , la de G n i d o ,
T a lh a n d o os ares , vem lig e ira m e n te ,
V aid oso e u fa n o , o fero Deus Ç u p id o :
S O N E T O V.o
O u v i n d o o p ra n to dos fieis A m o re s ,
Q u e O seo ch efe p ro c u ra m , trasp assad a
D e susto a lin d a V enu s , d esgren h ad a
C o rre a b u sc a r o F ilh o e n tre os p a sto res.
iC
íi i5G P O E S IA S
S O N E T O VI.°
M a ltra ta r a T it h o n A m or ju r a v a ;
P o is ju n to á b ella A urora a d o rm ecid o ,
S e r m ais feliz qu e o p r o p r io R e i de G n id o ,
E m son h os en golfad o im a g in a v a .
V a i de N ize v a le r -s e , qu e ad o rav a ;
N os b ra ço s a segu ra e n te rn e c id o ,
E co m seren o voo despedido ,
Ao lad o de T it h o n a re c o sta v a .
A corda o b r a n c o V elh o , e m a n sa m e n te ,
Os olhos esfregan d o , busca a Esposa ;
M as vendo N iz e , e stra n h o fo g o sè n te.
S O N E T O YI L^
In im ig o fa ta l da fo rm o su ra ,
C o m fa n ta s tic a s co re s , o p in tã fa m ;
E n em ser elle , ao m en o s a c e n á ra m ,
Q u e m d esenvolve as g ra ça s da fig u ra .
AS A VE S,
N oite Philosophidti.
■J ;
iií
P R O F A N A S . 1
Q u a l d e x tr o G e n e r a l , qu e vendo a gu erra
A ssanhar as serp en tes sib ila n te s ,
Da c a rra n c u d a fro n te em m il fileiras
l i
S a b io divide a liiilita r c o h o rte j
Assim a M ae fecu n d a e p ro v id e n te ,
Q u e vigorosa e m eig a co m u n ic a
A tu d o o ser e a vida , co m b a te n d o
C in ca m p o a b e rto a co n fu são escura ,
’ l
16’o -POESIAS
E m seis diversos b a la lliõ es r e p a rte
O liso n je iro m a tiz a d o b a n d o
D as v oad oras aves. Q u a l b a te n d o
As d esen voltas azas lh e d eslu m bra
Os olhos assom brados : q u a l c a n ta n d o
Faz^o le rriv e l tresd o b rad o a ço ite
C a h ir das m aos da p érfid a in im ig a :
Q u a l o u tro en cu rv a as re to rc id a s u n h as ,
E co m g e s to feró z ja cceso em ira
L h e a r r a n c a a vida em n eg ro san g u e en v o lta .
J á v ejo tr iu n fa n te s so b re as n u v en s
wn S o lta r lig eira s d estem id o vôo
As c a r n ic e ir a s aves b ellico sas ,
Q u e só vivera de rou b o s sa n g u in á rio s.
D iferen te fig u ra lh es p in ta ra
D as m a i s , qu e vivem so b re os m an so s ares ,
O su p rem o S e n h o r qu e tu d o reg e 5
Q u a n d o , ch eo de lu z e m agestad e ,
F a z ia r e tu m b a r , do in fo rm e N ad a
N o p erg u iço so re in o , a cre a d o ra
O m n ip o te n te voz. D u ra m a te r ia
Da sua fie n te desce dividida
E m fo rm a o riz o n ta l , E o s tr o lh e c h a m a m :
O ra q u asi a o n a sc e r log o co m e ça
A c u r v a r -s e fero z : o ra já p e rto
D a aguda p o n ta se e n d u re ce , e to rc e :
A p a r te su p e rio r a u m lad o e o u tro
S e esten de , e c o b r e a q u e d e b a x o fic a .
PROFANAS.
As vezes in im ig o d en te a lv eja ,
E a m e a ça do a r os m o ra d o re s.
T u d o n ’ellas r e tr a ta o tu rv o a sp eito
Da fa m in ta , c ru e l fero cid ad e.
F o i ella q u e m , m o v en d o as m aos de f e r r o ,
As u n h as llie arq u eo u , soltou lh e os dedos
Q u e u m a .le v e m e m b ra n a p ren d e e m o u tro s :
P e q u e n a s p ro m in en cia s , que os afeam ,
U n iu a estes , e de força ra ra
O s m e m b ro s todos lh e dotou raiv o sa.
O ’ tu j que cercas o te rre n o espaço ,
Q u e , c o m os o u tro s ‘seres rep u tad o s
P o r elem en to s p r im itiv o s , gozas
Da gloria de fo rm a r a NaUm eza ;
Q u e as vezes susurrando m o lle m e n te
R etratas de C u p id o , o so m n o brando ^
Q u e o u tras vezes zu n in d o fu r io s o ,
Os m a re s rev o lv en d o , Os Ceos in s u lta s ,
D eserto n ão serás. L ig eiras aves
V a m seos n in h o s d e ix a r , e r e m o n ta r-s e
S o b re a m assa pesada qu e lh e o íT reces.
A m o r as tin lia u n id o , este Deus cego
Q u e estende o seo p o d er do B ru to ao H o m e m ,
A n im an d o o U n iv e rso frio , e in e r te
P e r tod a p a rte c o m seo vivo in flu x o .
Apenas a ben ig n a P rim a v e ra
S u a face riso n h a sobre a T e r r a
P r in c ip ia a m o stra r ; m o v en d o as azas
II. 11
B,
162 POESIAS
O ca rra n cu d o A b u tr e , e e x p o n d o ao ven to
i ’/'
A despida cab eça a u m lad o e o u tr o •
V olv e a c ru e n ta b ip a rtid a lin g oa ;
E so b re a lca n tila d a n u a ro ch a ,
O nde as ond as q u eb ran d o iradas frem em ,
Ou ja so b re o m ais a lto ergu id o c u m e
De p e d re g o s a s, ín g rem es m o n ta n h a s ,
E m vão dos b rav o s v en to s a ç o ita d a s ,
S eo n in h o v a i fo r m a r ; em q u a n to g ira
O ousado F a l ç ã o , ta m b é m n o b ico ,
Q u e em to rn o c e rc a já g astad a p elle ,
Os ap restes tra z e n d o que’ lh e a p o n ta '
A m o r , da N a tu rez a d o ce esteio.
E m q u e te o ccu p as , d ilig e n te Lanioj
Q u a n d o já de m il flores co ro ad a
A estação dos A m ores se a d ia n ta ?
J á te v ejo ra sg a r os leves a r e s ,
E se n tin d o a q u e c e r o ru b ro san g u e
Cedes ta m b é m de A m o r ao v iv o im p u lso .
S im , es t u .......não m e e n g a n o .........a N a tu rez a
N o teo ro stro c a r a c te r m ui distincto
Eistam pou , c o m m ã o firm e e vigorosa,
F azendo<~o m e n o s c u rv o , e in te rro m p e n d o
A co n sta n te , s u b t i l , p olid a m a rg em
C o m m u i visivel fa lh a ; e v ig o r a n d o -o
C om assassino d u p lica d o d en te :
N ão te dem ores , a p ro v eita os d i a s ,
E m q u e ferv e o p r a z e r , e V en u s b ella
P R O F A N A S .
A lí se rv il t e m o r , e a b a tim e n to
Os co ra çõ es b rio so s a m o r t e c e ,
■ -m
P R O F A N A S. 167
»
I
U 370 POESIAS
' I A v o z o m n ip o te n te pode a g o ra
A rra n c a la do R e in o de S u m m a n o .
Disse ; e a Deusa su b in d o ao a lto E m p ír e o ,
A Ju p ite r e x p õ e o in fa m e ro u b o , »
C om la g rim a s de d o r p o n g e n te e viva.
C ond oid o o P a e te rn o lh e p ro m e te
■Que a filh a llie será restitu id a ;
S e , co m fru ctos. do A v ern o , su avisad o
Ainda n ã o tiv e r a fo m e ou sede.
L e i dura ! m a s do F a d o irre v o g á v e l
N o liv ro dos D estinos d e creta d a .
A foita C eres desce ao L ag o E stig io :
M as pode acaso afian çar p ru d e n te
Q u e m a fo rça c o n h e c e , e o v iv o im p u lso
Dos a p etite s a o fem in eo s e x o ,
I,.' I■
P R O r A N A S. 171
f-:
172 P O E S I A S
rayCSF:
iy 4 POESIAS
s
O natural instincto lhe entorpece ,
E aonde sombrio e carregado.
U. 12 * Aaa
. r
«it'
i;
117g POESIAS
O p rim id o p a re c e da le m b ra n ç a
Das p assad as p erfíd ias e cru ezas.
N os clim a s b o rea es do n o v o M u n d o
LÍ T a m b é m to m o u assento ; m a s so ousa
R a ra m en te p o u sa r n o c h ã o ditoso
Q u e de F r a n k lin o g en io so b re -h u m a n o
Salv ou das ira s do celeste r a io ,
E dos fu ro res d o B r ita n o a ltiv o .
M ais liv re e m en o s fera , e m to d a a E u ro p a
A C o ru ja rev o a , a p re se n ta n d o
Q u a e s os d en tes da se rra c o rta d o ra
As p en n a s p rin cip a e s , c o m q u e p a re ce
R e m a r , q u a n d o d ivid e os densos a r e s ,
E n ’elles b a te as p erg u içosas azas.
F u sc a , desagrâdavel c o r lh e afea
O c o rp o de m il p iu m a s estofado.
E m vão n os en cov ad os o lh o s b r ilh a
Ò iris n e g ro 5 n ielles se divisa
D a oleosa av elam a c o r so m b ria .
E m espessos silvados se a g a s a lh a ,
O u n as co p ad as arv o res , e d ’ellas »
N as a b e rta s m u sgosas c a v id a d e s .
D u ra n te o d i a , fr ô x a se re c o lh e ,
M a l e n tr a o S o l n os in v ern o so s sign os.
E nli-e os g em id os fú n eb re s , qu e e x h a la s ,
O ’ triste N o itib ó , lá se d istin g u e m
O s ran g ed o res g r i t o s , q u e do c e n tro »
Dos C e m e te rio s lu g u b re s esp alh as ,
PROFANAS. 179
Pavoroso temor, gelado susto * »
Derramando nos peitos indiscretos »
Dos ignorantes , crédulos humanos , «
A quem a fé estúpida inda oprime ^
De fatídicos, vãos , negros agoiros't ’ ^
Agoiros que de Roma presidiram ^
A’ baxa fundação , e que no tempo ^
De sua colossal gi'andeza ainda ^
As guerreiras emprezas dirigiam , ^
Mas que hoje os mesmos Scipiões e Emilios , ^
Respeito e pasmo do Universo absorto , ^
So de riso'ou de dó dignos fariam : ^
Tanto pode do tempo a dura lima , ^
E da Razão a placida cultura ! ^
O teo dorso amarello , aonde ondeam ^
Pardas escuras manchas de ordinário »
De brancos lindos pontos salpicadas , »
Gentilmente realça , contrastando »
Com a alvura do corpo , e com o rostro, »
Que negro he só na ponta , aguda e curva , »
■
Com que feres e matas os coitados »
Miseros passarinhos innocentes ^ »
E com que fazes implacável guerra »
Aos damninhos , subtis , timidos Ralos. «
Foi n’esta Ave mesquinha pregoeira »
j
De funereos desastres que o Destino »
Transformou esse hypocrita cruento , ))
Dissimulado pérfido Philipe, * »
la *
1 80 .PO ESIA S
iii
PR O F A N A S.
H-IAL
T8 2 POESIAS
I
As r ija s ca rtila g e n s ig u a la n d o , »
De u m a ca lh a a fig u ra re p re se n ta , »
P e r o nd e a ag oa n o v e n tre se lh e e n to r n a . »
O co llo tem despido , e m a l ap en a s »
D e m a cia p e n u g e se g u a rn e c e , »
P e r e n tre a q u a l de q u a n d o em q u a n d o ergu idas»
R a ra s g rosseiras cerd a s se a p re s e n la m : »
In c lin a d a p o stu ra se m p re to m a
C arreg ad o e som h i io ; b em m o stra n d o
N ’este in g ra to p e n d o r a in d o le fera
D e seo c r u e n to g e n io , e d u ro in stin c to .
M en o s fe rin o , ou a n tes m en o s fo rte ,
L a n ça n d o aos ares la m e n to so s g r it o s ,
A nte m eos o lh o s v e jo o P e r e n ó p t e r o ,
H ab itad o r dos lev an tad o s m o n t e s ,
Q u e ousado atrav essou o g ra n d e A n n íb a l,
Q u a n d o o tre m e n d o v oto e x e c u t a n d o ,
A q u e A m iíca r seo P a e o p ersu a d ira ,
E n tro u n a a m en a Ita lia , e a n te as h ostes
Dos P en o s fez tr e m e r o C a p ito lio .
T a m b é m n a G ré cia v iv e , o nd e as scien cias
N ’o u tro te m p o e x is tir a m de m a o s dadas
C ora leis , que a lib erd ad e assegu rav am ,
E o nd e ag ora a Ig n o râ n c ia só d om in a ,
Do D espotism o F ilh a , Irm ã a , e E sp o sa .
N ’esta te rra in feliz , ond e calca d a s
S â o as cin zas de P h o c io n , e A ristid es
Aos pés de vis E u n u c h o s , e de ru des
P O E S IA S
¥
Mas jà vejo no lúcido orizonte ,
¥
Per entre as brancas nuvens, apontando
¥
O amoroso clarão da rôxa Aurora :
,< ’•
192 PO ESIA S
■I
Já oiço O doce armonioso Canto ^
Dos ledos passarinhos , que anunciam . ^
A magestosa apariçáo de Phebo : . ^
Já o Deus que visiveis faz as cores , ^
As trevas afugenta , dardejando ^
Do fulgurante rosto a luz que infunde ^
Nos coraçoes humanos alegria : ^
Suspende, ó Musa , o doloroso Canto , ^
r Q ue, nos lugubres tons da Eólia lyra , ^
Benigna me inspiraste : as a ureas cordas ^
Da Cithara divina aos tons alegres ^
Acomoda de novo : aos indignados ^
De trovejante voz duros accentos ^
Succedam amorosas meigas notas ^
De suave expresíâo : as lindas aves , ^
Cujas vozes escuto, estam pedindo ^
Cantos , onde os Prazeres, onde as Graças ^
Risonhas resplandeçam , e onde o prêmio . ^
Das Virtudes se veja retratado ^
Com apraziveis cores , que despertem , , ^
E arreiguem n’alma os puros sentimentos ^
Da compassiva , meiga humanidade , ^
E da amavel geral beneficencia. ^
Por um pouco , esqueçamos os horrores ^
De cruezas, perfidias , e impiedades , ^
Com que monstros, não homens, deshonraram,^
E afligiram a triste humana Raça. , ^
Dos bons as acções nobres recordando ^
TROFANAS.
As tintas e os pinceis aparelhemos
Para quadros traçar , que ao Homem fraco
Animem na carreira da virtude,
E que esperar lhe façam mais ditosos,
Mais prosperos, alegres, mansos dias.
NOTA.
■394 . P O E S I A S
.5*
‘.'i-íS'
\
196 I’ o E S I A S
CAR T A
DIRIGIDA A MEO AMIGO JOAO DE DEUS
P i r e s F e r r e i r a ,
D ir -m e -h a qu e de L o n d r e s , A m sterd am , B e r lin ,
V ie n n a , se pode dizer qu e sicut et nos manquejam
de um olho ,* n a o duvido : de P a r iz p o r o ra n ad a
digo 5 esp ero as leis civ is p a ra a ju iz a r se fiz e ra m
n ’ellas o q u e devera.
i-
j
s 'J
■j1 !
í PROFANAS. 197 “í
^ He e n tã o q u e a m in h a M usa ,
í D e c a n ta r m ais a n cio sa , •
F e r ir á de n o v o as co rd a s
; D e sua ly r a sau d osa.
E m vão P y r o is re to rc ia
As o re lh a s fu m e g a n tes ,
E c o m rin c h o s d isso n an tes
E t h o n t e o a r a tu rd ia 5
P o rq u e A p o llo e n fu re cid o
M ais e m ais os fu s tig a v a ,
V ib ra n d o a to rta m a n o p la
C o m h o rro ro so esta m p id o :
As velas se d e sfra ld a ra m 5
D in am arq u eza b a n d e ira
P elo s ares o n d e a v a , -3
Com a p a rê n c ia g u erre ira :
'U
200 P OE S I A S
M a s , Ó caso n u n c a visto !
■I ■ O ’ m a ra v ilh a t estu p en d a !
N ão se assuste : h e p o u co ra a is de n ad a ; o H iate
do P ilo to da B a r r a tin h a p ro te sta d o n a q iie lle dia
d e sa rv o ra r; e sem o n d as, n e m v en to q u e ta n to p u
desse , d esarv orou c o m eíFeito 5 e fo i-s e e m b o ra ,
d e ix an d o o b o m P ilo to
, Q u e passeia , a u m la d o e o u tr o ^
V o lv e os o lh o s p e n sa tiv o ;
E o ra f r ô x o , o ra m a is vivo ,
T u d o q u e r , tu d o r e je ita .
A b u z in a ped e e e m b o ca ,
G rito s ásp ero s s o lt a n d o ,
A’s in h o s p ita s m o leta s
P ied a d e su p lica n d o .
Barco atrevido
Que ouve o clamor ,
E condoido
Gira ao redor,
Offerecendo
No alagadiço,
Salgado bojo.
Doce hospedage. » o
Então descendo, '
« Aqui me alojo »
Disse, e entoando
« Boa viagem »,
Clamaram todos ,
Dinamarquezes
E Genovezes,
« Boa viagem. »
Por largo tempo
Os tons diversos
202 P O E SIA S
No ar. dispersos
Se revezaram ,
E retumbaram, /
Amedrontando '
De vagos peixes ;-
Immense bando.
■• I
Vendo-me so , é sem haver quem fizesse retinir
aos meos ouvidos
li Da Lusitana lingua o tom canoro,
Guerra emprehendeiam
Contra esquadrões,
lí;® ''
Em ala postos.
De garrafões
A que arrancaram
Rolhas teimosas,
E despejaram
Nas sequiosas
Goelas vorazes j
Sem , um momento ,
Ouvido a pazes
Quererem dar.
Depois, tocando
Na docil ly r a ,
E descantando
Suas victorias ,
Nos descreveram
Quanto beberam.
A viajar ,
O Tejo e Nilo
Talvez bebessem ,
Se em vinho os rios
Se convertessem :
Pois lia quem diga
Que transportados
Em alegria ,
E coroados
De verdes parras,
A Baccho um dia
Quasi estiveram
P O E SIA S
Para votar
Que o mesmo mar
Enxugariam ;
Se as suas agoas
Baccho pudesse
Vinho tornar. •
Isto me resolveu a imita-los, não em’beber, mas
em referir a minha viagem. Bom será com tudo
dizer, para não denegrir a reputação d’estes Senho
res, mais do que merecera , que elles não eram bê
bados , mas amadores de bom vinho. Se não en
tende bem a diíFerença que há entre estas duas
coisas, consulte a sociedade dos bebedores , que
diffundida per todo o Portugal, tem o Gran’Mestre
em Coimbra.
Em espirito de vinho
Conserva os estatutos,
Que o licor, ó coisa rara !
Respeita e mantem enxutos.
Montesquieu e Plutarcho
Longos annos revolveu ,
Antes qu’esta obra findasse,
A maior que o mundo deu !
PROFANAS. ' 200
»
Das Bacchantes toda a historia
Era très regras decifrando ,
Era outras très, mil diversas
Novas coisas desenhando.
■7 '
I
iiíil.
P R o F A N A S.
B a x a do O ly m p o
T e r n a aleg ria ,
M eig o so rriso :
De co m p a n h ia
A’s lin d as G ra ça s
D e b raço s dados
P ic a n te s ditos
V en h am ligados.
/
2 o8 p o e s i a s
Calma ociosa
Que , esperguiçando-se ,
Vai estirando-se
Per entre as Velas.
Triste figura tem o tal sugeito do sexo feminino
chamado calma :
Quasi sempre bocejando,
Se abre um olho, fecha o outro ,
Pela boca respirando
• Pestilente ingrato alento.
Tem por noivo o inerte somno ,
Que a dormitar a acompanha ,
Com tregeitos se arreganha ,
Quando fino quer falar-lhe.
Vive roncando.
' ï iV-,
De noite e dia ,
Adormentando
Tudo á porfia. 1 1 # .'
Frôxo se estende
A dormitar,
Vinte e tres horas ,
Sem acordar.
Uns a cavallo,
Outros nadando ,
Vem manejando
Armas que callo;
E- callo com razão por serem de um uso raro , e
difícil, e algum tanto sórdidas. Não me obrigue a
dizer-lhe que são odres , ‘'
Onde cerrados
Os ventos rugera,
E tudo estrugem
Assim liados ;
P R O F A N A S . 21 5
De in s ta n te a i n s t a n t e , as o n d as a g ita d a s 5
U m a s so b re o u tra s, c o m fu r o r r e b e n ta m ,
E quaes m ed on h as b o m b a s , rem essad as
P e r in im ig a m ã o , tu d o a m e d re iita m ,
Assim quebrando no Navio estalam ,
E os N au tas todos c o m te m o r se c a la m .
A p recio sa c a n e lla
Da m a l segu ra C o lo m b o ;
De Bengala a rica , e bella
Musselina tam gabada.
PTI OFANAS. 217
H e m e lh o r viver sem n a d a ,
Q u e a b rir-s e p érfid o ro m b o ^
N a vistosa carav ella /
Q u e su rca as o nd as ousada , '
E q u e do m a r a b r a v e z a ,
F a z c o m fu ria d esh u m an a y
I r d a r c o m d ono e riq u eza
L a n o R e in o de P a n ta n a .
S o b re as n u v en s q u asi sobe
O n a v io m a l seguro j ^
D esce log o de re p e n te
T e do abism o ao c e n tr o escu ro :
B a la n çe a a u m la d o e o u tro ,
P e r m il p artes estalan d o 5 l;
R o u c a a v o z , já m a l se en ten d e
O P ilo to co m m a n d a n d o .
'ft' ‘j
..ti'
P O E S IA S
S u o r frio b a n h a o ro sto
N á o so m en te ao passageiro ;
C o rre a té p elo sem b la n te
Do ro b u sto m a rin h e iro .
U .
C a m b a lea o c o rp o to d o ,
F a lt a o p é esco rreg a n d o 5
J á p a re ce que n as vêas
Vai-se o san g u e c o n g e la n d o .
Q u e , sem p ied ad e,
In te n te a m o r te
T r a g a r -m e a g o ra ?
N en h u m a ed ade
C o n tra e lla h e fo r te ;
F e r e e d evora ,
E ra um m o m e n to ,
O m a c ile n to
V e lh o teim o so ,
E o c o rp u le n to
M a n c e b o airo so
Q u e em verdes a n n o s
S e co n fia v a ,
E so de en g a n o s
S e a p a sce n ta v a .
PROFANAS. 219
P a c iê n c ia ! m o rr e r e i , é fic a re i su m id o n o abis
m o , sem h a v er m â o q u e possa i r la v r a r u m e p i-
ta p h io so b re a m in h a se p u ltu ra . M as debalde eu
v e jo o su sto p in tad o so b re o ro sto de u m an tig o
P ilo t o d’estes m a re s j d ebald e as trevas da n o ite
a c re s c e n ta m um h o r r o r de m o rte ao e s p e c tá c u lo
tem ero so q u e os v en to s e as ond as a p resen ta m ; de
b ald e tu d o m e faz e stre m e ce r ; a in d a a esp era n ça
m e não fugiu de to d o , a in d a m e está dizendo ,
M u ito em segredo ; v r
« N ão te n h a m ed o. »
In d a v erei
Os m eos am ig o s ,
E stes p erig o s
L h es c o n t a r e i ,
E a c a ta d u ra
H o r r e n d a , e du ra
D a m o rte fera
L h e s p in ta r e i.
i, m
S e eu ao m en o s soubesse n a d a r , p e r v e n tu ra m e
fu rta ria á m o rte qu e m e está im m in e n te . C om o h e
lo u co e b a rb a ro o sy stem a de ed u ca çã o qu e os
E u ro p e o s te m ad o p tad o ! T o m a r a m dos G rego s e
dos R o m a n o s o q u e estes tin h a m de p e io r ; a p r e n
d eram a fazer-se p ed an tes, e esqu eceram -se de fazer-
se h om en s. A ad o lescên cia, edade p re cio sa , g a sta -se
em g ra n g e a r vicios , e d e c o ra r coisas m u ita s vezes
I .
220 P O E S IA S
Ah ! se H o m ero navegasse ,
E de U ly sse s a jo r n a d a ,
P e lo s m a re s co n tra sta d g ,
C u rioso a co m p a n h a sse ;
S e o n a v io am ea ça sse
N os roch ed o s s o s s o b r a r ,
E to d a a p o b re e q u ip a g e m
E n tr e as ond as se p u lta r :
P o d e ser q u e n ão co n ta sse
D o astu to G re g o a v ia g e m ,
O u qu e ao m e n o s , a o c a n t a - I a ,
M u ita s vezes gag u ejasse.
As M usas p in ta m a M o rte ,
M as tre m e m só de a v ista -la 5
p r o f a n a s . 22 1
E la n o P in d o ,
C astello fo rte
T e m lev a n ta d o ,
O n d e su b in d o
N ad a re c e a ra
Do v e n to ira d o .
C am õ es :
I
222 P Ü E S1 A S
Q u e so b re as ond as p r im e ir o
A rriscou tudo p e rd e r.
Q u a l a la n g u id a setta ,
Da m ão velha e ca n sa d a
De P r ia m o em fu r o r a r r e m e s s a d a ,
N em lev em en te e n c e ta
As a rm as do in im ig o e m b ra v e c id o ;
A n te s , m a l fere o a r , c a i já sem fo rça :
T a l in d a o m a r se e sfo rça ,
E la n ça a lg u m b ra m id o 5
M as sem v ig o r , e le n to
A s ond as erg u e e a b a te
E m o m esm o m o m e n to ,
E n o N avio b ate ,
Já q u asi sem a le n to .
In v u ln e rá v e l
Vi
S o b re e le m e n to
T a m im p la c á v e l,
Q u e p riv ile g io !
N ão co n ced id o
I
N e m ao C o lleg io
Dos E le ito re s
Q u e em R a tisb o n a
Im p e ra d o re s
V am c o ro a r. , vn
N ão c o n h e ço q u em legasse
T a l p o rção de A ttico s a l ,
E aos v in d oiros p rep a ra sse
U m p ra z e r q u e ta n to v a i.
Soltas risad as ,
C om todo o p eito
As gargalhadas
;í:
■ 5' I
224 P O E S I A S
E u la rg a ria ,
E a g e n te toda
C o n v id aria
A p ô r - se em roda
P a r a e scu ta r.
S o de o p e n sa r ,
J á estou lán d o
S e m d e sca n sa r.
M a s o n d e estam os ?
Q u a l h e a C osta
Q u e n av eg am o s ?
E sp e re n m p o u co ;
V o u p e r g u n ta r :
E stam o s d efro n te da C a ta lu n h a ,
P r o v in c ia in d o m it a ,
T r is t e p resa g io ,
° Q u e a lg u m ad agio
P r o m e tte á H esp an h a !
B e m p o u co im p o r ta ,
F ic o sa lta n d o ,
S e m p re b r in c a n d o
C o ’ as lo ira s filh as
^ Do c la ro A p o llo
rll|_
i '
Q ue
PROFANAS. 225
Q u e desde o b e rço
N o m eig o co llo
Já m e afag àv am ,
E m e e n sin a v a m
A ltos segred os
C om q u e , a lg u m d ia ,
T r o n c o s , roch ed o s
A b alaria.
C o m o riso n h a s
M e vêm b u sca r !
D e ix a m o P in d o
P o r m e a fa g a r.
E is T e r p s ic o r e !
U m b elisção
jJfr,
P r e te n d o d a r-lh e
N a lin d a m ã o .
F o i m u ito f o r t e ;
F ic o u q u e ix o s a ,
E de m im o sa
S e fez m ais b e lla .
i E u te rp e a ly r a
y
i4 T r a s so b raçad a ,
P ed e q u e seja
P e r m im to c a d a :
Ah ! v a i-te E u te rp e ,
N ão posso ag o ra :
S e m a lto estilo
E voz sonoi'a ,
lí. i5
o E .s I A s
O grande Pindaro
Quem imitasse ,
Meilior seria
Qne se lançasse
No fundo mar ;
Onde um concerto
Co’üs surdos peixes
Fosse entoar. .
Vem cá Thalia :
De fina graça
Vem salpicar
Os lindos versos
Que vou cantar.
Mas caprichoso,
Já não te quero :
Rosto severo
Pareces ter :
Queres discursos
Longos fazer ?
De fel amargo
Meo peito encher ?
Foge depressa ,
Desaparece,
Engana a quem
Mal te conhece.
E tu Calliope
Impertinente ,
Mandas que intente
f
P K O F A ÍNA S. 1227
Uma Epopêa ?
Galante idea !
Que me faria
Perder de todo
Minha alegria.
Como he possível,
O’ Melpomene,
Que o mar serene,
E o vento abrande,
E nem assim
Teo rosto acene
Algum prazer ?
Sempre a verter
Pranto de dor,
E de furor
Scenas traçando,
Punhaes e mortes ,
Vives, sonhando.
Hoje á porfia 'il
Todas danadas, hi
Para enfadar-me,
Vindes ligadas.
Deixai-me embora,
E do Parnasso
No monte escasso
Ide habitar.
Sois nove doidas,
O’ nove Irmãas ! n
i 5^
228 P O E SIA S
E n v e r g o n h a i-vos j
J á tendes c 5 as.
F o r a m se em b o ra , d e ix a r a m -m e to d a s , e m u ito
a p r o p o s ito j p o rq u e e n tra m o s n o golfo d e L y a o que
b a n h a as co sta s de F r a n ç a ; e em m a té ria s de F r a n
ç a , chiton. E stas M u sas são fa la d o ra s, e se fica ssem ,
p o d iam in s p ir a r -m e a lg u n s versos Catonicos: o qu e
sei’ia co iz a m u i a r r is c a d a . H e m e lh o r p a c ific a -
m e n te
E n t r a r em G e n o v a , ,
O n d e en g o lfa d o ,
V iv o n o E stad o
D as Senhorias.
D aqu i v a g a ra m
P e r to d a a E u ro p a ,
E v e n to em p o p a
T u d o in n u n d a r a m .
De H isp an os Doms
G ir a m c e rc a d a s ,
Q u e lh es p re p a ra m
R ic a s pousadas.
P a la c io s , casas ,
H o sp ício s te m ,
O nde en d oid ecem
G en tes de b e m .
PROFANAS. ^29
Té no Mondego ,
Na vâa Cidade ,
Possuem grossa
Famosa herdade.
Feliz o dia
Em que a nobreza
Do tu Romano
Ha de , outra vez ,
Da Senhoria,
Do Dom Hispano ,
A vãa grandeza
Ver a seos pés.
O S E O C A LD A S.
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TOMO I.
P S A LMO V.
VT.
D om in e, ne in fu r o r e tu o......
N ão m e e x p r o b r e is , S e n h o r , os m eos d e licto s. i6 .
VII.
VIII.
I X. P A R T E I.»
, Conjitebor t i b i , D om in e.......
De t i , S e n h o r , de t i , n o m eo P s a lte r io . 24. -
IX . PARTE 2.»
X.
Salvum m e f a c , D om in e.......
S o c c o r r e - m e , S e n h o r , pois q u e a verd ad e. 33.
i•
iií- é:
I N D I C E . 255
P S AL MO XII.
XV.
fivBiy
C o n serv a -m e, D om in e ....
Conserva-me , Senhor, que em li espero. 46,
XVI.
E x a u d i f D om ine f Ju stitiam meaín^ •••.
ii r.
Senhor, escuta as orações de um justo.
XVII.
XIX.
E x a u d ia t te Dorninus, in die in bu lation is
Vae sem susto, ó Monarca virtuoso. 83.
MT’
i
256 INDICE.
PSALMO XX. 1:
XXIV.
^ d l e , D om ine , levavi.......
A ti, Senhor eterno , ergui minha alma. 114.
XXV.
Ju d ic a m e . D o m in e, q u o n ia m .,...
Julga-me, ó Deus, e vê que da innocencia. 118.
XXVI.
Dom inus illum inatio m ea , e t......
He O meo Deus que me illumina , e salva. 120.
Í : g
U îii XXVII.
A d le , D o m in e, c la m a b o .....
Ao meo Senhor eu clamarei : responde. 127.
I N D I C E . 207
PSALM O X X V III.
O s co rd eiro s m a is ferm o so s. i 5 o.
X X IX .
E x a lt n b o te , D o m in e , quoniarn ...
G ra ç a s ao m eo S e n h o r , em fim resp iro . i36.
X X X .
In te , D o m in e , speravi ..
E u nao d e s m a ia re i, m in h a esp e ra n ça . i4 i.
X X X I .
X X X I I . !
E x u l t a t e , J u s l i , in D o m in o ..
E m vós se a c c e n d a . 1 Ó5 .
X X X I I I .
X X X I V .
X X X V .
X X X V II.
H. /
D o m in e , ne in fu r o r e tu o ..
Su sp en d e o teo fu r o r , e iiâ o m e acuses. 1 79-
X X X V III.
D i x i , custodiam v ia s m ea s ...
S im , eu resolvo m o d e ra r m eos passos. i 83.
m X X X I X .
X L II.
,
J u d ica m e D e u s , et d iscern e ca u s a m ...
A s s e n ta -te , ó S e n h o r , escu ta , e ju l g a - m e . 199'
X L III.
P SALMO XLIV.
E w c ta v it cor meurn verbw n honum ......
No meo peilo resoou.
XLV.
Deus noster , rej'u§iuin et virtu s.......
Deus lie riosso refugio , e valentia. 2i 5.
XLVL
Omnes g en tes, plau dite m anibus......
As rnaos baleiido congregai-vos , Povos. 219.
XLVII.
M agnus Dorninus et la u d ab ilis niints......
O Senhor he grande, e dino. 221.
XLVIII.
A udite hœ c , om nes gen tes......
Escutai , o Mortaes, meos sons divinos. 225.
XLIX.
Deus , deorum D om in u s, locutus est......
Fallou o Deus dos Deuses soberano. 25i .
V
L.
M iserere m e t, Deus 3 secundum m agnam ....»
Piedade, ó Deus : de mim te compadece. 238.
LL
Q uid g îoriaris in m a litio , q u i.....
Porque te pavoneas na maldade. 25 o.
24o i n d i c e .
P SA LM O L U . Pag. 255.
LU I.
»1
D eu s , in nornine tuo salyum m e f a c ...
Ah ! m eo S e n h o r , a h ! s a lv a -m e. 254.
LIV.
E x a u d i y D e u s , o ra tio n em ..
^ As su p licas h u m ild e s. , 269.
LV.
M iserere m eî, D e u s , q u o n ia m ..
^ He p o s s iv e l, S e n h o r , q u e T e n a o d o a. 277.
LVI.
L V IL
S i v ere utique Ju siitia m lo q u im in i ..
S e O n o m e de ju iz e s so b re a te r r a . 288.
LIX .
D e u s y repulisti n os e t ...
^ S e ir a d o , ó ju s to Deus , re p e liste . 5o3.
L X .
yt
E x a u d i y D eu s y dcprecation em mearn ...
E scu ta , Ó m eo S e n h o r ; p o rq u e não sen tes. 3 o8 ,
IN DICE.
PSA LM O LXI.
L X II.
L X II I.
\
L X IV .
7 e decet hj-mnus.......
^ N o erg u id o cu m e de S io n ressoem .
LXV.
' L X V I.
L X V II.
P S A L M O L X I X .
L X X I.
L X X 11.
L X X I I I .
L X X l V.
Confitebimur t i b i , D eu s.......
S im n ieo Deus , o Leo iio m e e x a lta r e m o s . 393.
L X X V .
^ 1K
N otus in Ju d cea D eus......
E m Ju d e a co n lie cid o .
CIV.
"FI
/^
í n d i c e . 2^0
P S A L M Ü C X V I.
T O M O IL^
POESIAS SACRAS.
ODE I.
S o b re a e x is le n c ia de D eu s. I.
C A N T A T A I.
i5.
A’ C reaçao .
ODE II.
/
C A N T A T A I I.
O D E III.
O D E IV . i p
S o b re a e x is tê n c ia do P e c c a d o o rig in a l. 46.
C A N T A T A III.
^44 I N D I C E .
» ODE V.
O D E V III.
S o b re o m esm o assu m p to .
97
.P
O D E IX ,
O D E X.
/
A’ p a ix ã o de N . S . Jesu s C liristo . 106.
D E P R E C A Ç A O I."
DEPRECAÇAO I I .»
A’ m esm a S e n h o ra . 112.
I
SO N E T O .
SO N ET O .
t 1^..,
POESIAS PROFANAS.
CANTATA.
P ig m a liá o . Pag. 1 1 7 .
ODE.
O D E S O B R E O A M O R , C onsid erad o c o m o
p r in c ip io e esteio da o rd em s o c ia l. i3 5 .
U
O D E S A N A C R E Ô N T IC A S . i38 .
E L E G IA á A m isade , d irig id a ao D o u to r F r a n -
c is c o -Jo s é de A lm e id a , n ’ella designado p elo
n o m e de F ile n o . i 4;7 *
S O N E T O S . Pag.
S oneto I.° i 5 i.
I
S oneto I I .° i 52.
S oneto I I I .° i53 .
S oneto V .°
S oneto V I.° 10 6.
F IM .
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