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ISSN: 2525-8761
RESUMO
Introdução: Em 2016 os Policiais Militares no Brasil registravam mais de 500 mil
indivíduos, representando uma população que exerce atividade de segurança pública por
todo o território nacional. A literatura apresenta resultados preocupantes quanto ao nível
de atividade física, indicativos de saúde e estado nutricional destes agentes tendo em vista
o labor que realizam. Em vista que a saúde de Policiais Militares está diretamente ligada
à eficiência do seu trabalho a presente pesquisa tem como Objetivos: avaliar o risco de
doenças coronárias em Policiais Militares do Estado do Paraná. Como Métodos: foram
selecionados 121 militares pertencentes a um Batalhão da capital, com amostra de 95
homens e 26 mulheres, sendo aferidas as medidas antropométricas: altura, peso,
circunferência de cintura e do quadril, para o cálculo da relação cintura-quadril (RCQ),
circunferência da cintura (CC) e índice de massa corporal (IMC), visando identificar os
riscos à saúde do grupo avaliado. Como Resultados: constatou-se que 67% da amostra
está acima do peso, enquanto 21% registraram risco de doença coronária segundo a
circunferência de cintura e 3,3% segundo a relação cintura-quadril. Conclusão: pela
ABSTRACT
Introduction: In 2016, Military Police in Brazil registered more than 500,000 individuals,
representing a population that performs public security activities throughout the national
territory. The literature presents worrying results regarding the level of physical activity,
health indicators and nutritional status of these agents in view of the work they perform.
Considering that the health of Military Police officers is directly linked to the efficiency
of their work, this research aims to Objectives: to evaluate the risk of coronary diseases
in Military Police in the State of Paraná. As Methods: 121 soldiers belonging to a
Battalion in the capital were selected, with a sample of 95 men and 26 women, and
anthropometric measurements were taken: height, weight, waist and hip circumference,
to calculate the waist-hip ratio (WHR). , waist circumference (WC) and body mass index
(BMI), aiming to identify the health risks of the evaluated group. As Results: it was found
that 67% of the sample is overweight, while 21% registered a risk of coronary disease
according to waist circumference and 3.3% according to waist-hip ratio. Conclusion: due
to the need for intervention in food associated with the practice of physical activities as a
way to protect the health of the state military.
1 INTRODUÇÃO
As doenças cardíacas são a principal causa de mortes da população mundial
segundo a Organização Mundial da Saúde (1). Só em 2015 por volta de 17,7 milhões de
pessoas vieram a óbito em razão de enfermidades envolvendo o coração (80% envolvendo
ataques do coração e derrames), número que representa 31% do total de mortes no globo,
sendo que 75% destas perdas ocorreramm em países de baixa e média renda (1).
A relevância de estudos envolvendo doenças cardíacas ganha especial atenção
com a epidemia causada pela SARS-CoV-2 (COVID-19), já que boletim publicado pela
American College of Cardiology (2) apresentou dados de que 50% dos pacientes
hospitalizados em razão do COVID-19 registravam doenças crônicas, e destes 40%
acometidos de doença cardiovascular ou cerebrovascular. Em relação aos internados que
vieram a falecer 86% apresentam comprometimento respiratório e destes 33% com
comorbidade cardíaca associada e 7% com acometimento cardíaco de forma isolada (2).
No Brasil os números do Boletim Epidemiológico n0 34 (até a Semana epidemiológica
40 - de 27 de setembro de 2020 a 3 de outubro de 2020), apontam que do total de 142.783
óbitos registrados em razão da COVID-19 uma quantidade expressiva de 91.739 (ou seja
De acordo com Minayo e Souza, 2003 (21) agentes de segurança pública no Brasil
possuem taxa de mortalidade mais alta se comparadas com a população em geral e mesmo
entre esses grupos existe disparidade. Os dados da pesquisa demonstraram que no Brasil
a taxa de mortalidade foi de 26,7 mortes por 100 mil habitantes para a população em
geral, de 55,31 para integrantes da Guarda Municipal, de 206,80 para Policiais Civis e
356,21 para Policiais Militares. A mesma análise foi realizada por gênero sendo
constatado que a taxa de mortalidade do Rio de Janeiro para a população geral é 49,5
contra 97,6 considerado somente os homens, já a taxa de militares estaduais do Rio de
Janeiro mortos por agressão é 3,65 vezes maior que a população geral e 7,2 vezes maior
quando equiparada a população brasileira (21).
As investigações científicas envolvendo a saúde dos profissionais de segurança
pública é uma realidade recente, passando a se consolidar por volta da década de 90,
sofrendo ampliação a partir dos anos 2.000 (21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28). Em 2016 o
Brasil possuía mais de 500 mil Policiais Militares (29) atuando diretamente na segurança
da população, denotando a responsabilidade pela expressividade não só do número, mas
pela atividade que exercem, sendo um assunto de saúde pública.
As normas que definem o regime jurídico dos militares do Estado do Paraná
deixam evidente a necessidade de manter em bons niveis o estado de saúde, sob o viés
físico, moral e psicológico (30).
Desde o ingresso na Corporação, os candidatos são submetidos a uma bateria de
exames de saúde e testes de aptidão física e psicológica para avaliar as condições mínimas
para o exercício da profissão conforme os editais de seleção (31). A título ilustrativo, no
último concurso, ainda em andamento, que busca selecionar candidatos para ingresso
como Soldado são exigidos: ter no máximo 30 anos de idade na data do primeiro dia de
inscrição; ter concluído o ensino médio; aprovação em concurso público de provas;
aprovação no Exame de Capacidade Física, Exame de Sanidade Física, Avaliação
Psicológica e Investigação Social; ter nacionalidade brasileira; estar quite com as
obrigações eleitorais; estar quite com as obrigações relativas ao serviço militar; ter
aptidão física e mental e possuir carteira nacional de habilitação (31).
Na Polícia Militar do Paraná há previsão legal para que Policiais e Bombeiros
Militares do Estado estejam em plena capacidade física para o exercício da profissão,
além de ser um pré-requisito para progressão na carreira (30, 32), como condicionante
para realização de cursos internos, além de ser considerado um atributo ético (33). Em
seu artigo 7º o Código de Ética coloca como dever do superior hierárquico “preocupar-se
com a integridade física, moral e psíquica dos subordinados, envidando esforços para bem
encaminhar a solução dos problemas apresentados” espraiando a responsabilidade do
indivíduo para a coletividade, aonde cada um deve cuidar do bem-estar físico do outro.
Dentre as componentes do bem-estar físico citamos a adequada ingestão de nutrientes e
a pratica regular de atividade física.
Em que pese os Policiais Militares terem o dever de manter um estado físico em
condições de exercer suas atividades profissionais, estudos têm demonstrado que a
realidade se mostra diferente. Donadussi et al., 2009 (34), em experimento envolvendo
militares estaduais na cidade de Cascavel/PR, revelaram que 63,9% dos Policiais
Militares apresentaram sobrepeso e obesidade, além de 12% deles estarem com um
quadro de alto risco de complicações metabólicas, enquanto 18,6% se encontravam com
percentual de gordura muito acima do recomendado. O estudo demonstrou, ainda, que
70,7% dos entrevistados apresentaram ingestão lipídica acima do normal (34).
Em outro estudo envolvendo Policiais Militares do Espírito Santo, Cavalcante,
2013 (35) encontrou 50% da amostra com sobrepeso e 33,33% com obesidade, e apenas
um percentual de 16,67% com peso dentro dos parâmetros de normalidade. O autor
aponta que esses agentes nem sempre exibem um estado nutricional adequado quando
incorporam na instituição, sendo factível que haja uma intervenção na saúde, bem como
um acompanhamento para buscar reverter este quadro, como por exemplo provocando
mudanças nos hábitos alimentares e consequente redução de massa corporal geral (35).
Já no Estado do Piauí, Oliveira, 2017 (36) apreciou o estado nutricional de
Policiais Militares que trabalham na atividade operacional e os indicativos de risco
coronariano, estes foram avaliados com relação ao peso, estatura, circunferência de
cintura e de quadril, utilizando como ferramentas metodológicas de análise a
circunferência de cintura (CC), índice de conicidade (IC), índice de massa corporal
(IMC), razão cintura quadril (RCQ) e razão cintura estatura (RCE).
De acordo com a pesquisa os resultados demonstraram que a circunferência da
cintura teve média de 91,17 ± 9,37cm e a circunferência quadril 105,92 ± 66,09cm. Na
avaliação do perfil antropométrico, realizado através do cálculo de índice de massa
corporal, detectou-se que 68,25% dos Policiais Militares estão com excesso de peso,
sendo destes o percentual de 15,87% com obesidade (36).
As investigações que envolvem a relação cintura-quadril ou o índice de massa
corporal ou a circunferência de cintura, são habitualmente utilizados na análise das
condições de saúde, a exemplo de Lima et al., 2016 (37) os quais utilizaram o relação
2 OBJETIVO
Avaliar o risco de doenças coronárias em Policiais Militares no Estado do Paraná.
Como método foram selecionados 121 policiais militares pertencentes a um batalhão da
capital, 95 homens e 26 mulheres, sendo aferidas medidas antropométricas: altura, peso,
circunferência de cintura e do quadril, para o cálculo da relação cintura-quadril (RCQ),
circunferência da cintura (CC) e índice de massa corporal (IMC), visando identificar os
riscos à saúde do grupo avaliado.
Avaliar o estado nutricional e estimar a prevalência de risco aumentado para
doenças cardiovasculares e para doença cardíaca coronariana em policiais militares do
Estado do Paraná.
3 MÉTODOS
3.1 DESENHO DE ESTUDO E AMOSTRA
O presente estudo foi do tipo seccional, para o qual foram convidados a participar
o censo dos integrantes de uma unidade da Polícia Militar do Paraná, assim, 536 policiais
foram elegíveis para participar. Foram definidos como critérios de inclusão ser
voluntário, prestar serviços em Curitiba-PR, possuir entre 21 e 55 anos de idade e assinar
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Como critérios de exclusão foram
definidos o fato de estar afastado das atividades policiais ou não participar de alguma das
etapas.
Os índices definidos pela Organização Mundial da Saúde, 1998 (40) para relação
cintura-quadril indicam que para os homens valores < 1,0 são considerados favoráveis
enquanto índices ≥ 1,0 são desfavoráveis. Para as mulheres > 0,85 são tidos como
favoráveis e ≥ 0,85 são desfavoráveis.
5 RESULTADOS
Visando uma compreensão sistemática dos cortes delimitados pela Organização
Mundial da Saúde (39) quanto ao índice de massa corporal, apresentamos a tabela abaixo
com a classificação de acordo com o índice correspondente:
Dos 121 Policiais Militares avaliados pelo índice de massa corporal nenhum
apresentou magreza (≤18,4Kg/m²), já que o menor índice foi exposto por indivíduo
homem com 18,99 Kg/m². Para eutrofia 39 policiais militares (32,2%) se enquadraram
nessa categoria. Foram identificados 59 policiais militares (48,7%) com sobrepeso,
enquanto 20 se encontram na categoria obesidade classe I (16,5%). Ainda 1,6% (2
militares) alcançaram a obesidade de classe II. Nenhum Policial Militar foi identificado
na obesidade de classe III. Os dados globais demonstraram que 67% dos avaliados estão
acima do peso.
A circunferência da cintura é uma medida comumente utilizada por pesquisadores
para avaliar o risco de doenças cardiovasculares, avaliados segundo caracterização da
OMS (40) nos seguintes parâmetros:
6 DISCUSSÃO
Os dados da presente pesquisa representam uma realidade dos agentes estaduais
de segurança pública no Brasil devido a atividade profissional que exercem. Como foi
comprovado por Minayo e Souza, 2003 (20) o elevado grau de morbimortalidade está
atrelado ao estilo de vida dos agentes, comprovados na presente pesquisa pelos 67% dos
avaliados com algum grau de sobrepeso ou obesidade (segundo índice de massa corporal)
e destes 18,1% com obesidade grau I ou II. Tais dados estão corroborados com os achados
de Donadussi et al., 2009 (34), Cavalcante, 2013 (35), Oliveira, 2017(36) e Lima et al.,
2016 (37).
Ainda que a legislação do Estado do Paraná obrigue os militares a manter aptidão
e sanidade física para o exercício da profissão, esta não é uma realidade aparente na
instituição. Nos três índices avaliados os Policiais Militares apresentam indicativos de
saúde prejudicada.
Em comparação com o estudo de Lima et al., 2016 (37) que apresentou 91% dos
Policiais Militares com algum risco de saúde no Estado do Ceará, é possível dizer que no
Paraná, o grupo avaliado, pode demonstrar que na relação cintura-quadril (2% de homens
e 13% de mulheres) e circunferência da cintura (22% dos homens e 15% entre as
mulheres) a taxa de agentes em risco cardiovascular é muito menor.
Na pesquisa em tela foi verificado que 2/3 dos avaliados foram classificados com
sobrepeso/obesidade (índice de massa corporal), enquanto na avaliação de relação
cintura-quadril e circunferência da cintura o percentual indicou de foma global risco
cardiovascular de 20,7% e 3,3% diferentemente dos estudos de outros Estados, indicando
que os avaliados desta pesquisa apesar de menor risco de cardiopatias em relação a outros
estados, devam realizar atividades físicas que promovam o aumento de massa muscular
e consequentemente o índice de massa coporal em razão do alto número de invíduos com
sobrepeso/obesidade.
7 CONCLUSÃO
Tendo em vista o objetivo da presente pesquisa em verificar o risco de doenças
coronárias de Policiais Militares no Estado do Paraná os resultados encontrados são muito
similares aos de outros grupos de Policiais Militares no Brasil. No entanto na relação
cintura-quadril os índices percentuais ficaram abaixo dos encontrados na literatura, com
apenas 3,3% dos Policiais Militares apresentando risco.
Os resultados apontam para a necessidade de intervenção nutricional e de
atividade física junto aos militares estaduais do Paraná, em vista de que muitos deles
AGRADECIMENTOS
DECLARAÇÃO DE FINANCIAMENTO
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