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Aperfeiçoamento
em Gestão da
Qualidade e
Segurança
do Paciente
Unidade de Aprendizagem 1
ATENÇÃO HOSPITALAR NA
REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
1.1 Situação de saúde da população no Paraná
1
Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.
É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.
Diretor Geral
César Augusto Neves Luiz
Presidente da FUNEAS
Marcello Augusto Machado
Coordenação de curso
Eliane Cristina Sanches Maziero - ESPP/CFRH
Docente
Dra. Sandra Lucia Vieira Ulinski
Revisão
Eliane Cristina Sanches Maziero - ESPP/CFRH
Aldiney José Doreto - ESPP/DTAES
Supervisão
Aldiney José Doreto - ESPP/DTAES
24 p.
CDD362.1068
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................................................04
PERFIL SOCIOECONÔMICO........................................................................................................................... 09
PERFIL CULTURAL.............................................................................................................................................. 11
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................ 22
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APRESENTAÇÃO
Bons estudos!
Dra. Sandra Lucia Vieira Ulinski
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Unidade de Aprendizagem 1
Atenção Hospitalar na
Rede de Atenção à Saúde
1.1 Situação de saúde da população no Paraná
Material de consulta:
Videoaula 1: Videoaula 1
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A MUDANÇA DO PERFIL
DEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO
DA POPULAÇÃO
As transições demográfica e epidemiológica provocam impacto no perfil de morbidade e de
mortalidade da população em diferentes países, inclusive no Brasil. O aumento da expectativa de vida ao
nascer e o envelhecimento populacional desencadeiam alterações físicas, funcionais, sociais e psíquicas,
principalmente para a faixa etária superior a 60 anos (SILVEIRA e BATISTA, 2021).
Compreende-se por transição epidemiológica as mudanças que acontecem no tempo nos padrões
de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica e geralmente acontecem
junto outras alterações demográficas, sociais e econômicas. Esse processo envolve três mudanças básicas:
substituição das doenças transmissíveis e causas externas; deslocamento da carga de morbimortalidade dos
grupos mais jovens para os grupos mais idosos; e transformação de uma situação em que predomina a
mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante.
Nas próximas décadas, no Paraná, deverá ocorrer redução das taxas de fecundidade entre as mulheres
mais jovens (até 29 anos) e aumento entre aquelas com idade de 30 a 49 anos, indicando maior ocorrência
de gravidez em idades mais elevadas (Paraná, 2020).
Em relação à mortalidade, a mortalidade infantil deverá ser reduzida ao passo que acontecerá o
aumento dos óbitos em idade mais avançada (acima dos 60 anos) no total de óbitos do Estado.
A tendência de decréscimo no número de crianças deverá permanecer no decênio 2020-2030
(Figura 1). Nesse período, ocorrerá queda no número de pessoas para a faixa etária de 15 a 59 anos.
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Figura 1 – População total, por sexo e faixa etária, taxa geométrica de crescimento anual e
indicadores demográficos selecionados no Paraná, no período de 2010-2030
Por outro lado, as taxas de crescimento da população idosa serão altas nesta década e na próxima. O
número de idosos será aumentado em 756,1 mil pessoas entre 2020 e 2030, respondendo pela totalidade do
crescimento populacional do Estado na citada década. As mudanças na composição populacional podem ser
examinadas por meio de alguns indicadores demográficos. A razão de sexos aponta para pequena redução
da parcela dos homens na população total, aspecto que está associado à maior expectativa de vida das
mulheres (CRUZ et al., 2019).
A intensidade do envelhecimento populacional pode ser analisada por meio do índice de
envelhecimento e pelo percentual de idosos na população total. No primeiro indicador, identifica-se que, de
uma situação de predomínio das crianças em relação ao número de idosos em 2010, o Paraná chegará a 2030
com aproximadamente 111 idosos para cada grupo de 100 crianças (Paraná, 2020).
Nesse período, o percentual de idosos na população estadual passará de 11,1 para 20,8. Ainda, a
razão de dependência evidencia que o número de pessoas potencialmente dependentes (crianças e idosos)
para cada grupo de 100 pessoas potencialmente ativas deverá aumentar nos dois decênios. Em 2030, a razão
será de 65 por 100, com os idosos ampliando sua participação nesse contingente, de 32,3% em 2010 para
52,6% em 2030.
Nesse sentido, a previsão é que o crescimento populacional deverá desacelerar, ao mesmo tempo
que a estrutura etária da população será modificada pela redução do número de crianças e jovens, e em
virtude da crescente participação de idosos no contingente populacional estadual. As taxas de crescimento
da população idosa aumentarão nesta década e na próxima. O número de idosos aumentará em 756,1 mil
pessoas entre 2020 e 2030, correspondendo ao crescimento populacional do Estado na nessa década (Figura 2).
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Figura 2 – Pirâmides etárias da população paranaense, 2010-2030.
Esse envelhecimento da população impacta na prevalência das doenças crônicas no Estado, trazendo
maior consumo de serviços de saúde e aumentando as taxas de internações. Portanto, como as doenças
crônicas estão diretamente relacionadas com idade e estilo de vida, a composição demográfica da população
impacta diretamente na utilização e gastos do sistema de saúde (REIS et al., 2016).
Se, por um lado, os idosos apresentam maior carga de doenças e incapacidades e consomem grande
parte dos serviços de saúde, por outro lado, destacam-se a ineficiência e os altos custos associados aos
modelos vigentes de atenção à saúde ao idoso daí a necessidade do Modelo de Atenção às Condições
Crônicas (MACC) (SILVEIRA e BATISTA, 2021).
Saiba mais:
Quer saber mais sobre esse assunto?
Então acesse: liv101707_informativo.pdf
(ibge.gov.br)
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PERFIL SOCIOECONÔMICO
O rendimento médio mensal domiciliar per capita dos paranaenses foi de R$ 1.508,00 em 2020, o que
inclui não somente a remuneração do trabalho, mas também as aposentadorias, as pensões, as transferências
sociais e os recebimentos de aluguéis, entre outras fontes de renda. No entanto, observa-se diferença entre
os valores recebidos pelos paranaenses, com o 1% mais rico respondendo por 10,2% da massa total de
rendimentos, enquanto que os 20% mais pobres detêm somente 4,2% da riqueza. Esses elevados patamares
de desigualdade estão muito ligados aos desníveis da educação (IBGE, 2020).
Em relação à educação (PARANÁ, 2020), cerca de 53,8% dos paranaenses com 25 anos ou mais de
idade não concluíram o ensino médio, distribuindo-se em 5,9% no grupo que reúne as pessoas sem instrução,
34,6% no estrato dos adultos com o fundamental incompleto, 9,0% de indivíduos com o fundamental
completo e 4,3% na faixa que compreende aqueles com o nível médio incompleto (Figura 3).
Já as pessoas com o ensino médio concluído representam 24,9% do total de indivíduos com pelo
menos 25 anos, suplantando as participações registradas pelos paranaenses com nível superior incompleto
(3,4%) e completo (17,9%).
Figura 3 – Distribuição das pessoas com 25 anos ou mais conforme o nível de instrução, no Paraná em 2018
Em complemento aos indicadores sociais mencionados, cabe citar que 30,3% dos domicílios do Estado
não estão ligados à rede de esgoto sanitário e 7% não têm lixo coletado, o que repercute sobre a saúde da
população (PARANÁ, 2020).
Com a finalidade de analisar a situação dos municípios a partir de fatores indispensáveis para o
desenvolvimento local, o IPARDES desenvolveu o Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM), que
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objetiva captar as condições socioeconômicas dos 399 municípios do Paraná, considerando igual ponderação
em suas dimensões mais importantes: renda, emprego e produção agropecuária; educação; e saúde.
Esse índice segue uma linha parecida à do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Por ter periodicidade anual pode ser usado
como uma alternativa ao IDH.
O desempenho municipal é demonstrado por um índice cujo valor varia entre 0 e 1 e, quanto mais
próximo de 1, maior o nível de desempenho. Com base no valor resultante, os municípios são classificados
em quatro grupos: baixo desempenho (0,0000 a 0,3999); médio baixo desempenho (0,4000 a 0,5999); médio
desempenho (0,6000 a 0,7999); e alto desempenho (0,8000 a 1,000).
O cálculo do IPDM 2018 evidenciou melhorias nas condições socioeconômicas dos municípios do
Paraná. Ao analisar a classificação segundo os graus de desenvolvimento, nenhum município obteve situação
considerada de baixo desempenho.
Por outro lado, 379 municípios apresentaram índices de médio e alto desempenho (Figura 4). Os
municípios com os menores graus de desenvolvimento, classificados como de médio-baixo desempenho
foram 29 municípios.
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PERFIL CULTURAL
A mudança dos padrões de consumo e comportamentos reflete no estilo de vida dos indivíduos.
Padrões de consumo e de comportamentos não saudáveis impactam e aumentam as doenças crônicas.
Dentre elas, podemos destacar o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o sexo inseguro, a
falta de atividade física, o excesso de peso, a alimentação inadequada e o estresse social (MENDES, 2011;
BARRETO et al., 2015; MOREIRA et al., 2017).
As doenças crônicas interferem na qualidade de vida dos indivíduos, causam mortes prematuras nos
indivíduos e geram grandes efeitos econômicos negativos para as famílias, as comunidades e os países. Seu
custo econômico é imenso, pois as pessoas portadoras das doenças diminuem suas atividades de trabalho
e perdem seu emprego e os sistemas de saúde alcançam baixos resultados em relação ao manejo dessas
condições de saúde (SILVA et al., 2015; SIMÕES et al., 2021).
Por se tratarem de doenças de longa duração, as doenças crônicas requerem mais ações e serviços de
saúde. Seus gastos são contabilizados por meio das internações e atendimentos ambulatoriais (MORO et al.,
2021).
Apesar da idade ser um dos principais fatores de risco para a maioria das doenças crônicas, a
mortalidade por doenças crônicas na faixa etária de 30-69 anos é essencial para avaliar o cuidado à
saúde da população e seus comportamentos (sedentarismo, dislipidemia, tabagismo, obesidade, dietas
inadequadas e estresse emocional). Podemos citar também o diabetes e a hipertensão arterial, sem controle
adequados, ambos considerados condições crônicas e, ao mesmo tempo, fatores de risco para as doenças
cardiocirculatórias (SIMÕES et al., 2021).
No Paraná, considerando o período de 2014-2018, esse conjunto de doenças correspondeu a 58,83%
de todas as mortes, e 42,0% desses óbitos ocorreram na faixa etária de 30 a 69 anos. A taxa de mortalidade
prematura (TMP) reduziu em 2018 comparada a 2014 (de 324,30 para 320,86/100 mil habitantes), ou seja,
1,06% (Figura 5).
Figura 5 – Taxa de Mortalidade Prematura (30-69 anos) por DCNT no Paraná, no período de 2014 a 2018
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Considerando as DCNT em grupos distintos na faixa etária de 30 a 69 anos em 2018, as neoplasias
ocupam o 1º lugar em taxa de mortalidade, seguidas pelas doenças do aparelho circulatório, pelo diabetes
mellitus e pelas doenças respiratórias crônicas. Contudo, as doenças circulatórias e as respiratórias reduziram
a taxa de mortalidade entre 2014 e 2018, ao passo que as neoplasias e o diabetes apresentaram aumento
dessa taxa no mesmo período (Tabela 1).
Tabela 1 – Taxa de mortalidade Prematura (30-69 anos) por 100 mil habitantes,
por doenças crônicas e variação percentual entre 2014 e 2018, no Paraná
Com relação à faixa etária, a TMP no Paraná em 2018 foi de 1.037/100mil habitantes entre 60 a 69
anos, e a taxa no mesmo ano atingiu 48,96/100 mil habitantes na faixa etária de 30 a 39 anos, sendo esta a
única faixa em que houve aumento da mortalidade (6,01%) (Tabela 2).
Tabela 2 – Taxa de mortalidade Prematura (30-69 anos) por 100 mil habitantes,
por doenças crônicas e variação percentual, no Paraná entre 2014 e 2018
As relações entre DCNT e pobreza estão bem estabelecidas e integram um ciclo vicioso. Por um lado, a
pobreza facilita o aparecimento das doenças crônicas e de outro, as doenças crônicas aprofundam a pobreza
(MENDES, 2011; PULLAR et al., 2018).
O estudo de Simões et al. (2021) analisou as mudanças nas prevalências das doenças crônicas, acesso
e utilização de serviços de saúde no Brasil, entre 2008 e 2019. Foi identificado um aumento da frequência das
doenças do aparelho circulatório, diabetes e neoplasias com predomínio em indivíduos brancos e com baixo
nível de escolaridade. Isso ocorre possivelmente por estarem menos expostos aos fatores de proteção como
alimentação saudável, prática de atividade física e acesso aos serviços de saúde.
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O aumento da longevidade brasileira não deve ser tratado somente como um problema. Ele representa
uma conquista e uma responsabilidade para os gestores públicos e para a sociedade. É fundamental
desenvolver políticas e ações de saúde que fortaleçam a autonomia e promovam a vida saudável dos idosos,
assim como garantir uma atenção adequada às suas necessidades.
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ORGANIZAÇÃO DAS REDES DE
ATENÇÃO À SAÚDE NO PARANÁ
Aumentar o acesso às ações e serviços de saúde e adequar às necessidades de saúde da população são
desafios constantes para consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), cuja estruturação deve ser realizada
de forma regionalizada e hierarquizada. Assim, o estabelecimento de regiões de saúde para organizar o
planejamento e a execução de ações e serviços de saúde é uma estratégia fundamental para superar esse
desafio (SILVA e MOTA, 2016).
O processo de regionalização melhora a universalidade do acesso à saúde, conforme si dá a
integraçãocom a oferta de ações e serviços de saúde de um determinado território sociossanitário. Além
disso, otimiza recursos humanos e tecnológicos, por meio do planejamento e da estruturação dos serviços
em rede, segundo as necessidades em saúde no âmbito regional (SANTOS, 2017; DAMACENO et al., 2020).
A Secretaria de Estado da Saúde (SESA) está presente de forma descentralizada em 22 Regionais de
Saúde (Figura 6), cujas sedes administrativas estão localizadas em cidades-polo da região. Nas Regionais, as
instâncias administrativas e de serviços estão integradas com as respectivas superintendências, centralizando
suas ações em três grandes eixos: atenção e gestão em saúde, vigilância em saúde e administração. O corpo
técnico das Regionais é composto de profissionais das diversas áreas do conhecimento, com atuação junto
às equipes municipais, aos consórcios intermunicipais de saúde e à rede SUS no apoio na articulação e no
desenvolvimento da política de saúde da SESA (PARANÁ, 2020).
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A construção da Atenção à Saúde em Rede traz desafios constantes, principalmente com relação à
articulação entre todos os pontos de atenção à saúde em diferentes níveis de complexidade para o cuidado
integral, qualificado e resolutivo, permitindo o acesso e a promoção de direitos das pessoas (Paraná, 2020).
No Paraná, as principais linhas de cuidado vêm sendo implementadas de forma integrada e articulada
entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e a Atenção Ambulatorial Especializada e Hospitalar: Saúde da
Mulher; Atenção Materno-Infantil, da Criança e do Adolescente; Saúde do Idoso; Atenção às Condições
Crônicas; Atenção à Pessoa com Deficiência; Saúde Mental; e Saúde Bucal (PARANÁ, 2020).
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A carteira da gestante, a Linha Guia e Cadernos de Atenção à Saúde são instrumentos orientadores
das ações, propondo uma assistência pautada em boas práticas e em evidência científica desde a detecção
da gravidez até o puerpério (SANTOS et al., 2020).
A estratificação de risco de todas as gestantes e crianças é norteadora para a organização da atenção
em seus diversos níveis. Gestante e criança estratificadas como alto risco ou risco intermediário são assistidas
por equipe multidisciplinar na atenção especializada (PARANÁ, 2018).
A atenção especializada pode ser oferecida em um ambulatório do Hospital de Referência à Gestante
de Alto Risco e Risco Intermediário e/ou nos Consórcios Intermunicipais de Saúde. Os hospitais foram
classificados conforme a estratificação de risco das gestantes: Hospitais de Risco Habitual, Risco Intermediário
e de Alto Risco, garantindo, assim, um atendimento de qualidade (Paraná, 2020).
Na Figura 7, é possível observar a evolução da Razão de Mortalidade Materna (RMM) no Paraná.
A queda da mortalidade materna no Paraná é resultado do processo de organização da Linha de Cuidado
à Saúde da Mulher e Atenção Materno-Infantil em todas as unidades de atenção primária; a estratificação
de risco e a vinculação da gestante conforme estratificação de risco ao pré-natal de risco; a vinculação ao
hospital mais adequado para atender o seu parto; e capacitação permanente dos profissionais de saúde
(APS) (DEMITI e GASQUEZ, 2017).
Figura 7 – Série histórica de Razão de Mortalidade Materna (RMM) no período de 2000 a 2018, Paraná
Ainda permanece o desafio de reduzir as taxas de cesárea no estado, que se apresentam acima de
60% nos últimos oito anos (Paraná, 2020), indicando um impacto negativo para a saúde materno-infantil
(Lopes et al., 2019).
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LINHA DE CUIDADO À SAÚDE DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Esta Linha de Cuidado acompanha a criança desde o nascimento até os 19 anos de idade, priorizando
a primeira infância com enfoque para os primeiros 1.000 dias de vida e as populações mais vulneráveis
(PARANÁ, 2020).
É preconizada a estratificação das crianças, conforme o grau de risco: alto risco, risco intermediário
e risco habitual para assegurar o cuidado adequado às crianças com maior chance de adoecer ou morrer
no primeiro ano de vida. As crianças estratificadas como alto risco e risco intermediário são acompanhadas
tanto por serviço de referência como pela equipe da APS.
A mãe recebe a Carteira de Saúde da Criança na alta hospitalar, na qual consta dados do parto e
do nascimento, os resultados dos testes de triagem neonatal, o relatório do período do internamento, as
vacinas realizadas, além de encaminhamentos e orientações (SALLEs e TORIYAMA, 2017).
Teste do Olhinho: realizado para identificar qualquer alteração que possa causar obstrução no
eixo visual e uma possível cegueira.
Estimular o aleitamento materno é fundamental para a saúde e a qualidade de vida da criança (Brasil,
2018). O apoio ao aleitamento materno deve ser iniciado na gestação e incentivado até o segundo ano de
vida ou mais, sendo exclusivo até o sexto mês de vida pela Estratégia
Amamenta e Alimenta Brasil. O estado do Paraná apoia a Estratégia
Amamenta e Alimenta Brasil com certificação de unidades APS que
aderem, incentivam e atingem metas relacionadas. A Linha de Cuidado
à Saúde da Criança segue as diretrizes da Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Criança (Brasil, 2018) que tem como principais
ações: incentivo e qualificação do acompanhamento do crescimento
e desenvolvimento, alimentação saudável e prevenção do sobrepeso e
obesidade infantil; combate à desnutrição e às anemias carenciais,
imunização; atenção às doenças prevalentes; atenção à saúde bucal;
atenção à saúde mental; prevenção de acidentes, de maus-tratos,
de violência e do trabalho infantil; atenção à criança portadora de
deficiência (Salles e Toriyama, 2017).
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Saiba mais
Quer saber mais sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança?
Então acesse: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2018/07/
Pol%C3%ADtica-Nacional-de-Aten%C3%A7%C3%A3o-Integral-%C3%A0-Sa%C3%BAde-da-
Crian%C3%A7a-PNAISC-Vers%C3%A3o-Eletr%C3%B4nica.pdf
Podemos observar a partir da Tabela 2 que a Taxa de Mortalidade Infantil vem decrescendo no Paraná,
no período entre 2014 e 2018. Ao analisar seus componentes etários, identificamos que o componente pós-
neonatal apresentou redução de 13,4%.
Um fator de risco importante para a sobrevivência nas primeiras horas de vida é o baixo peso ao
nascer, especialmente, nos primeiros dias de vida (período neonatal). Ao analisar o peso ao nascer, identifica-
se que, em 2018, os menores de 1 kg representaram 32,8% dos óbitos, 1 kg a < 1,5Kg (12,6%), 1,5 à < 2,5 Kg
(20,9%) e > 2,5 Kg (29%) (Tabela 3).
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93,5% dos municípios do Paraná. Nesse contexto, existe também o Programa Crescer Saudável com foco na
prevenção e o controle da obesidade infantil, fortalecendo o cuidado integrado e multidisciplinar.
Visando o cuidado dos adolescentes na atenção básica, o Ministério da Saúde lançou em 2017
o documento “Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica”. As ações de saúde são
elaboradas com as especificidades características dessa fase, mas também busca a inserção desses jovens em
ações que os caracterizem como protagonistas sociais, por incentivo às suas potencialidades e na construção
de cidadania (Brasil, 2017)”. As ações de saúde são elaboradas com as especificidades características dessa
fase, mas também busca a inserção desses jovens em ações que os caracterizem como protagonistas sociais,
por incentivo às suas potencialidades e na construção de cidadania (BRASIL, 2017).
Figura 3 – Taxas de internação de idosos por 10 mil habitantes pelas cinco causas mais
frequentes no Paraná, no período de 2014 a 2018
Ressalta-se que, as internações hospitalares podem representar alto risco para a saúde dos
idosos, pois podem aumentar vulnerabilidades para imobilidade, incontinência, depressão, desnutrição,
desenvolvimento de comorbidades, declínio cognitivo, deterioração da capacidade funcional e até mesmo
a taxa de mortalidade (PREVIATO et al., 2017). Nesse sentido, torna-se imperativo intensificar ações de
promoção de envelhecimento saudável.
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LINHA DE CUIDADO ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS
O Paraná segue o Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC) desde 2014, que tem como base
a estratificação de risco. O MACC tem cinco níveis de intervenção, conforme pode ser visto na Figura 8.
O MACC está sendo aplicado para o manejo das condições crônicas nas seguintes linhas de cuidado
no Paraná: Materno-Infantil, Hipertensão Arterial e Diabetes, Saúde Mental e Idosos. Implantado em várias
regiões do Paraná, apresenta resultados positivos.
Esses componentes devem estar articulados entre si, para assegurar a integralidade do cuidado e o
acesso regulado a cada ponto de atenção.
O componente da Atenção Especializada em Reabilitação é formado por estabelecimentos de saúde
habilitados em apenas um Serviço de Reabilitação, composto pelo Centro Especializado em Reabilitação
(CER) e pelo Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). Esses pontos de atenção estão distribuídos por
todo o estado, nas 22 Regiões de Saúde.
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LINHA DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) tem a proposta de inserir a lógica da Atenção Psicossocial
em diversos pontos de atenção, além dos específicos de saúde mental. A RAPS é norteadora para o modelo
assistencial em saúde mental e para implementar a proposta da Reforma Psiquiátrica brasileira.
Segundo a Portaria 3.588, de 14 de dezembro de 2017, integram a RAPS: Atenção Básica (AB),
Centros de Convivência, Consultório de Rua, Unidades de Acolhimento Adulto e Infanto-Juvenil, Serviços
Residenciais Terapêuticos I e II (SRT), Hospital Dia, Unidades de referência especializadas em hospitais gerais,
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nas suas diversas modalidades, equipe multiprofissional de atenção
especializada em saúde mental e hospitais psiquiátricos como pontos de atenção (BRASIL, 2017a).
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REFERÊNCIAS
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desafios para o Sistema de Saúde Pública. Revista Kairós: Gerontologia, v. 18, n. 1, p. 325-339, 2015. ISSN 2176-901X.
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Curso de:
Aperfeiçoamento
em Gestão da
Qualidade e
Segurança
do Paciente
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