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POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE

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Sumário
Sumário ...................................................................................................................... 1

NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 3

Sumário ......................................................................... Erro! Indicador não definido.

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

O PACTO PELA VIDA E A SAÚDE DO IDOSO ......................................................... 8

ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E DADOS DEMOGRÁFICOS ..................... 9

DEMOGRAFIA DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL ............... 10

GESTOR FEDERAL ................................................................................................. 17

GESTOR ESTADUAL ............................................................................................... 18

GESTOR MUNICIPAL .............................................................................................. 18

ÁREA DA EDUCAÇÃO ............................................................................................ 19

PREVIDÊNCIA SOCIAL ........................................................................................... 20

SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ........................................................ 20

TRABALHO E EMPREGO........................................................................................ 22

DESENVOLVIMENTO URBANO .............................................................................. 22

TRANSPORTES ....................................................................................................... 22

ESPORTE E LAZER ................................................................................................. 23

AS AÇÕES ESTRATÉGICAS DA ÁREA TÉCNICA SAÚDE DO IDOSO ................ 23

CADERNETA DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA ...................................................... 23

DIRETRIZES ............................................................................................................. 29

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AÇÕES DE MANUTENÇÃO DA AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA ...................... 32

ESTRATÉGIAS PARA ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO


IDOSA NO SUS, A PARTIR DO MODELO DE ATENÇÃO INTEGRAL MUNICIPAIS
DE SAÚDE O SUS .................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo universal que é compreendido por uma


redução das atividades funcionais e possui algumas tendências em relação as
enfermidades que levam continuamente a construção de políticas públicas para o
idoso tanto no âmbito internacional assim como principalmente no âmbito brasileiro.

Essas políticas estão voltadas não somente para a terceira idade como também
para os profissionais da saúde visando a sua divulgação e implementação. Desta
forma, é verificado um aumento no contingente populacional dos idosos em virtude da
baixa de natalidade, aumento da expectativa de vida, desenvolvimento de novas
tecnologias que vislumbraram tratamentos que até alguns anos atrás eram
impensados uma perspectiva e um prognóstico de vida favorável para algumas
enfermidades. Verifica-se em projeções palpáveis que no último censo 2000 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a população de 60 anos ou mais de idade
no Brasil era de 14.536.029 de pessoas, contra 10.722.705 em 1991. O peso relativo
da população idosa no início da década de noventa representava 7,3%, enquanto em
2000 essa proporção atingia 8,6%.

Considerando a continuidade das tendências verificadas para as taxas de


fecundidade e longevidade da população brasileira as estimativas para os próximos
20 anos indicam que a população idosa poderá exceder 30 milhões de pessoas ao
final deste período, chegando a representar 13% da população no país.

Em meio a essa transição demográfica, é importante ressaltar que, juntamente


com a modificação observada e descrita sob o aspecto quantitativo, precisamos estar
atentos aos aspectos que ultrapassam a quantidade, já que nos preocuparmos com a
qualidade de vida dessa população.

Essa mudança no perfil epidemiológico do país é resultante de transformações


da vida da população nos âmbitos social, econômico e cultural acarretando novos
olhares e planejamentos, para contemplarem suas expectativas de saúde, bem como
atender às demandas biopsicossociais visando ao equilíbrio do processo . Assim,
temos como objetivo neste artigo analisar o desenvolvimento dos programas de saúde

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do idoso na área da saúde com base nas referências contidas nas principais bases
de dados da Biblioteca Virtual da Saúde (BVS). Podemos identificar as seguintes
políticas públicas de saúde que precisam constantemente de reconhecimento e são
objeto de nossa atenção, para o cuidado ao idoso:

Política Nacional do Idoso – Lei 8.842 de 1994; Portaria 702 de 2002 que cria
mecanismos de organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à
Saúde do Idoso tendo como base as condições de gestão e a divisão de
responsabilidades definida pela Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS);
Portaria 703 de 2002 que institui no âmbito do SUS o Programa de assistência aos
Portadores de Doença de Alzheimer; Protocolo de Tratamento da Doença de
Alzheimer – Portaria n.º 843 de 2002; Estatuto do Idoso – Lei 10.741 de 2003 e, a
Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa – Portaria n.º 2.528 de 2006. Com
propriedade percebemos que as políticas públicas em saúde devem se apoiar em
informações objetivas respaldadas por evidências científicas.

A Saúde Pública e a Epidemiologia têm um importante papel nesse processo,


seja por meio do desenvolvimento de pesquisas, como pela coleta sistemática de
informações oriundas dos sistemas de vigilância que possibilita a avaliação
sistemática de dados sobre magnitude, escopo, características e consequências das
doenças. Verificando o desenvolvimento e as mudanças nas políticas públicas para
amparar de forma adequada o idoso, há necessidade de uma reorientação dos
serviços de saúde, investindo-se principalmente na atenção básica com rediscussões
de estratégias preventivas e de promoção à saúde. Por outro lado, os profissionais de
saúde, principalmente aqueles que atuam na rede de atenção básica devem ser alvo
de treinamento e capacitação continuados para se adequarem às necessidades da
população idosa. Levando em consideração que o ambiente familiar constitui-se uma
principal fonte de apoio ao idoso, há que se estimular o fortalecimento das relações
familiares com o propósito de se minimizarem as dificuldades e angústias vivenciadas
por ambos, idosos e familiares.

Portanto, quanto maior for o acesso aos bens e serviços da sociedade, maior
será a qualidade de vida no processo de envelhecimento. E sob esta ótica, os serviços
de saúde têm papel fundamental na atenção à saúde, para que a população idosa
possa usufruir a vida com tudo aquilo que construiu. Para tal, são requeridos

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investimentos que priorizem a prevenção de doenças e controle de condições de
cronicidade que permita aos idosos um viver com qualidade.

A relevância deste artigo está no fato de compreender que assistência de


saúde ao idoso exige dos serviços de saúde e, também da equipe de saúde uma
qualificação diferenciada, porque são estes profissionais que estão na “linha de frente”
do cuidado a esta clientela. A contribuição deste artigo visa também à possibilidade
de reduzir assim a incidência de complicações da saúde do idoso com o conhecimento
de políticas públicas de saúde no Brasil visando uma articulação das ações de saúde
entre os profissionais de saúde.

A descentralização do Sistema Único de Saúde fortaleceu a oportunidade de


se obter um maior contato com a realidade social, política e administrativa dos Estados
e Municípios, mostrando as divergências regionais; implicando, inclusive, em
compromissos dos gestores locais, objetivando o cumprimento de metas através das
ações propostas pelo Ministério da Saúde.

O Pacto Pela Saúde, emitido em 2006, veio para fortalecer esses


compromissos, através de seus componentes de Defesa do SUS e de Gestão. Neste
momento surge a Saúde do Idoso como uma das prioridades e a oportunidade de se
apresentar e discutir, junto aos gestores, profissionais da Rede de Serviços de Saúde
e população em geral, a nova realidade social e epidemiológica que se impõe através
da mudança do perfil demográfico e epidemiológico da população brasileira.

A saúde da pessoa idosa e o envelhecimento são preocupações relevantes do


Ministério da Saúde; é uma das áreas estratégicas do Departamento de Ações
Programáticas e Estratégicas (DAPES) do Ministério da Saúde, onde se incluem:
Saúde da Criança, do Adolescente, da Mulher, do Homem, do Penitenciário, do
Deficiente e Saúde Mental.

Importante ressaltar que a Área Técnica Saúde do Idoso reafirma a


necessidade de mudanças na linha de cuidados e da atenção a essa população,
através da humanização do atendimento, bem como do fomento de inovações,
através da disseminação de conhecimentos específicos para gestores e profissionais
de saúde que atuam na rede, buscando parcerias e divulgando a ideia do
Envelhecimento Ativo.

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Espera-se que a presente publicação, “Atenção à Saúde da Pessoa e
Envelhecimento”, desenvolvida por esta área técnica e que irá se juntar a “SÉRIE
PACTOS PELA SAÚDE 2006”, sirvam de embasamento aos profissionais, gestores,
estudantes e instituições de ensino e pesquisa envolvidas com a temática e com o
compromisso de um melhor atendimento à pessoa idosa em nosso país.

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O PACTO PELA VIDA E A SAÚDE DO IDOSO

A Portaria/GM nº 399, publicada em 22/02/2006, apresenta as Diretrizes do


Pacto pela Saúde, nas quais estão contempladas três dimensões: pela Vida, em
Defesa do SUS e de Gestão. A Saúde do Idoso aparece como uma das prioridades
no Pacto pela Vida, o que significa que, pela primeira vez na história das políticas
públicas no Brasil, a preocupação com a saúde da população idosa brasileira é
explicitada. Assim, neste documento um compromisso é assumido entre os gestores
do SUS, em torno de prioridades que de fato apresentam impacto sobre a situação de
saúde da população brasileira.

As prioridades do Pacto pela Vida, relacionadas no quadro abaixo, foram


estabelecidas por meio de metas nacionais, estaduais, regionais e municipais:

• Saúde do Idoso;

• Controle do câncer do colo do útero e da mama;

• Redução da mortalidade infantil e materna;

• Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com


ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza, hepatite e AIDS;

• Promoção da Saúde;

• Fortalecimento da Atenção Básica;

• Saúde do trabalhador;

• Saúde mental;

• Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas com


deficiência;

• Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência;

• Saúde do homem.

Assim, a Saúde do Idoso tornou-se uma das prioridades do Pacto Pela Vida
como consequência da dinâmica demográfica do país. Em tal perspectiva é que deve
ser visto o conjunto de diretrizes e ações contidas no Pacto pela Vida/Saúde do Idoso,
apresentadas e comentadas no presente texto, que visa subsidiar os Termos de

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Compromisso de Gestão Estaduais e Municipais, na área da atenção à saúde da
população idosa.

ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E DADOS DEMOGRÁFICOS

Para se entender a dimensão do envelhecimento humano será descrita


inicialmente a mudança do perfil demográfico e epidemiológico da população
brasileira e os reflexos destas mudanças para a formulação de políticas públicas em
nosso País.

Envelhecimento da População

Envelhecimento populacional é definido como a mudança na estrutura etária


da população, o que produz um aumento do peso relativo das pessoas acima de
determinada idade, considerada como definidora do início da velhice.

No Brasil, é definida como idosa a pessoa que tem 60 anos ou mais de idade.
O envelhecimento populacional é um fenômeno natural, irreversível e mundial. A
população idosa brasileira tem crescido de forma rápida e em termos proporcionais.

Dentro desse grupo, os denominados “mais idosos, muito idosos ou idosos em


velhice avançada” (acima de 80 anos), também vêm aumentando proporcionalmente
e de maneira mais acelerada, constituindo o segmento populacional que mais cresce
nos últimos tempos, sendo hoje mais de 12% da população idosa.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),


atualmente existem no Brasil, aproximadamente, 20 milhões de pessoas com idade
igual ou superior a 60 anos, o que representa pelo menos 10% da população brasileira.

Segundo projeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde – OMS, no


período de 1950 a 2025, o grupo de idosos no país deverá ter aumentado em quinze
vezes, enquanto a população total em cinco. Assim, o Brasil ocupará o sexto lugar
quanto ao contingente de idosos, alcançando, em 2025, cerca de 32 milhões de
pessoas com 60 anos ou mais de idade.

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É importante destacar, no entanto, as diferenças existentes em relação ao
processo de envelhecimento entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento.
Enquanto nos primeiros o envelhecimento ocorreu de forma lenta e associada à
melhoria nas condições gerais de vida, no segundo, esse processo vem ocorrendo de
forma rápida, sem que haja tempo de uma reorganização social e de saúde
adequadas para atender às novas demandas emergentes.

É função das políticas de saúde contribuir para que mais pessoas alcancem
idades avançadas com o melhor estado de saúde possível, sendo o envelhecimento
ativo e saudável, o principal objetivo. Se considerarmos saúde de forma ampliada,
torna-se necessária alguma mudança no contexto atual em direção à produção de um
ambiente social e cultural mais favorável para população idosa.

DEMOGRAFIA DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL

O efeito combinado da redução dos níveis da fecundidade e da mortalidade no


Brasil tem produzido transformações no padrão etário da população, sobretudo a partir
de meados dos anos de 1980. O formato tipicamente triangular da pirâmide
populacional, com uma base alargada, está cedendo lugar a uma pirâmide
populacional com base mais estreita e vértice mais largo característico de uma
sociedade em acelerado processo de envelhecimento, como demonstram os gráficos
a seguir.

Transição Epidemiológica

O Brasil não é exceção à tendência observada na maioria dos países. Desde a


década de 60, observam-se os processos de transição demográfica, epidemiológica
e nutricional no país, que resultam em alterações nos padrões de ocorrência das
enfermidades. A transição epidemiológica caracteriza-se pela mudança do perfil de
morbidade e de mortalidade de uma população, com diminuição progressiva das
mortes por doenças infectocontagiosas e elevação das mortes por doenças crônicas.
Além disso, apresenta diversidades regionais quanto às características

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socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde. Nos países desenvolvidos, a
transição epidemiológica transcorreu em um período longo, enquanto nos países em
desenvolvimento ocorre de maneira rápida, acarretando profundas necessidades de
adaptação dos serviços de saúde às novas realidades.

Mortalidade

Os agravos decorrentes das doenças crônicas não transmissíveis têm sido as


principais causas de óbito na população idosa, seguindo uma tendência mundial.
Quando são analisadas as causas específicas, a doença cerebrovascular ocupa o
primeiro lugar em mortalidade no país, tanto em idosos quanto na população geral, e
as doenças cardiovasculares, o segundo lugar.

Nos países de alta renda e no mundo de uma forma geral, observa-se o inverso
quanto a essas duas causas, ou seja, doenças cardiovasculares, em primeiro, e
doença cerebrovascular, em segundo. Vários motivos estão implicados nessa
discrepância em relação ao restante do mundo, provavelmente um dos mais
importantes seja a alta prevalência de hipertensão arterial na população brasileira e o
não tratamento ou o tratamento inadequado dessa doença, tendo em vista que a
hipertensão arterial é o principal fator modificável da doença cerebrovascular.

Morbidade e uso de serviços de saúde

Considerando o conjunto das principais causas de internação hospitalar,


observa-se, também para a morbidade, um predomínio de doenças crônicas não
transmissíveis. Todavia, a pneumonia, causa específica que ocupa o segundo lugar,
não se enquadra nesse grupo. Quando se trata de internação hospitalar pelo SUS,
várias considerações precisam ser feitas: o número de internações é condicionado à
oferta do serviço, não obstante guarda alguma relação com a ocorrência da
enfermidade na população; pode haver distorções quanto à notificação da morbidade,
tendo em vista que o sistema que notifica é o mesmo que remunera o prestador do
serviço; nem todos os idosos brasileiros são usuários exclusivos do SUS, em média
70% dos idosos brasileiros o são, porém há variações regionais consideráveis, com
uma tendência de diminuição desses percentuais de Norte para o Sul do país. Quando

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se trata de morbidade em idosos, aspectos da condição de saúde e uso dos serviços
de saúde na comunidade são extremamente importantes.

Marcos legais e normativos

Importante ressaltar, preliminarmente, que no Brasil é considerada idosa a


pessoa com 60 anos ou mais, enquanto que nos países desenvolvidos idoso é aquele
que tem 65 anos ou mais (OMS). No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi
conquistado pela sociedade na Constituição de 1988 e reafirmado com a criação do
Sistema Único de Saúde (SUS), por meio das Leis Orgânicas da Saúde (8080/90 e
8142/90).

As políticas públicas de saúde têm o objetivo de assegurar atenção a toda


população, por meio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,
garantindo integralidade da atenção, indo ao encontro das diferentes realidades e
necessidades de saúde da população e dos indivíduos.

Diante da crescente demanda de uma população que envelhece e em acordo


com os direitos previstos na Constituição de 1988, em 1994 foi promulgada a Política
Nacional do Idoso, através da Lei 8.842/94, regulamentada em 1996 pelo Decreto
1.948/96. Esta política assegurou direitos sociais à pessoa idosa, criando condições
para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e
reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS.

Em 1999, a Portaria Ministerial nº 1.395/99 estabelece a Política Nacional de


Saúde do Idoso, na qual se determina que os órgãos do Ministério da Saúde
relacionados ao tema promovam a elaboração ou a adequação de planos, projetos e
ações em conformidade com as diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas.

Em 2002 é proposta a organização e implantação de Redes Estaduais de


Assistência à Saúde do Idoso (Portaria GM/MS nº 702/2002) tendo como base a
condição de gestão e a divisão de responsabilidades, definidas pela Norma
Operacional de Assistência à Saúde (NOAS 2002). Como parte de operacionalização
das redes, são criados os critérios para cadastramento dos Centros de Referência em
Atenção à Saúde do Idoso

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Em 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente da República sanciona
o Estatuto do Idoso, considerado uma das maiores conquistas sociais da população
idosa em nosso país, ampliando a resposta do Estado e da sociedade às
necessidades da população idosa.

O Capítulo IV da referida Lei, que reza especificamente sobre o papel do SUS


na garantia da atenção à saúde da pessoa idosa de forma integral e em todos os
níveis de atenção, tem nos seus artigos 15 e 19 que:

Art 15.

É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único


de Saúde - SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto
articulado e contínuo das ações e serviços, para prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam
preferencialmente os idosos.

§ 1º A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:

I - cadastramento da população idosa em base territorial;

II - atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;

III - unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de


geriatria e gerontologia social;

IV - atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele


necessitar e esteja impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados
e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e
eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural;

V - reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das sequelas


decorrentes do agravo da saúde;

§ 2º Inclumbre o Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos,


especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos
relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

§ 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança dos


valores diferenciados em razão da idade.

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§ 4º Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão
atendimento especializado, nos termos da lei.

Art. 16

Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante,


devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua
permanência em tempo integral, segundo critério médico. Parágrafo único. Caberá ao
profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o
acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.

Art 17.

Ao idoso que esteja no domínio de duas faculdades mentais é assegurado o direito


de optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável. Parágrafo
único. Não estando o idoso em condições de proceder á opção, esta será feita:

I - pelo curador, quando o idoso for interditado;

II - pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contatado
em tempo hábil;

III - pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para
consulta a curador ou familiar;

IV - pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em
que deverá comunicar ao Ministério Público.

Art. 18.

As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às


necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais,
assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda.

Art. 19.

Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra o idoso serão


obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde a quaisquer dos
seguintes órgãos:

I - autoridade policial;

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II - Ministério Público;

III - Conselho Municipal do Idoso;

IV - Conselho Estadual do Idoso;

V - Conselho Nacional do Idoso.

Em fevereiro de 2006, foi publicado, por meio da Portaria/ GM nº 399, o Pacto


pela Saúde, no qual se inclui Pacto pela Vida. Neste documento, a Saúde do Idoso
aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de gestão,
desencadeando ações de implementação de diretrizes norteadoras para reformulação
da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso.

Em 19 de outubro de 2006, foi assinada a portaria nº 2.528 do Ministério da


Saúde, que aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, representando,
assim a atualização da antiga portaria (nº 1935/94). Esta Portaria traz um novo
paradigma para a discussão da situação de saúde dos idosos. Afirma ser
indispensável incluir a condição funcional ao serem formuladas políticas para a saúde
da população idosa, considerando que existem pessoas idosas independentes e uma
parcela da população mais frágil e as ações devem ser pautadas de acordo com estas
especificidades. Além disso, faz parte das diretrizes dessa política a promoção do
Envelhecimento Ativo e Saudável, de acordo com as recomendações da Organização
das Nações Unidas, em 2002.

Em 2009, por meio do Decreto nº 6.800, a Coordenação da Política Nacional


do Idoso passa a ser de responsabilidade da Secretaria Especial dos Direitos
Humanos.

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa A Política Nacional de Saúde da


Pessoa Idosa-PNSPI (Portaria Nº 2.528, de 19 de outubro de 2006) tem como
finalidade primordial a recuperação, manutenção e promoção da autonomia e da
independência da pessoa idosa, direcionando medidas coletivas e individuais de
saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único
de Saúde.

É alvo dessa política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de
idade. A PNSPI tem, entre as suas considerações e pressupostos, o contínuo e
intenso processo de envelhecimento populacional brasileiro; os inegáveis avanços

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políticos e técnicos no campo da gestão da saúde; o conhecimento atual da Ciência;
o conceito de que saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de
autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica; a
necessidade de buscar a qualidade da atenção aos indivíduos idosos por meio de
ações fundamentadas no paradigma da promoção da saúde, além do compromisso
brasileiro com a Assembleia Mundial para o Envelhecimento de 2002.

Os fundamentos da PNSPI derivam da referida Assembleia Mundial Para o


Envelhecimento, cujo documento básico, denominado Plano de Madri tem como
fundamentos:

(a) participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a


pobreza;

(b) fomento à saúde e bem estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável;

(c) criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento; além de

(d) fomento a recursos socioeducativos e de saúde direcionados ao atendimento ao


idoso.

Para que isso vigore, uma série de desafios precisam ser enfrentados, entre eles, a
escassez de estruturas de cuidado intermediário e suporte qualificado ao idoso e seus
familiares, destinados a promover intermediação segura entre a alta hospitalar e a ida
para o domicílio; suporte qualificado e constante aos serviços e indivíduos envolvidos
com o cuidado domiciliar ao idoso, conforme previsto no Estatuto do Idoso, incluindo-
se o apoio às famílias e aos profissionais das equipes de Saúde da Família; superação
da escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com conhecimento em
envelhecimento e saúde da pessoa idosa; implementação das Redes de Assistência
à Saúde do Idoso.

Dentro de tais pressupostos, a promoção à saúde do idoso inclui as seguintes


diretrizes:

• Promoção do envelhecimento ativo e saudável;

• Atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa;

• Estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção;

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• Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da
pessoa idosa;

• Estímulo à participação e fortalecimento do controle social;

• Formação e educação permanente dos profissionais de saúde;

• Divulgação e informação para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS;

• Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à


saúde da pessoa idosa;

• Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. As responsabilidades dos


gestores do SUS também devem ser definidas.

Assim, caberá aos mesmos, em todos os níveis, de forma articulada e conforme


suas competências específicas, prover os meios e atuar para viabilizar o alcance do
propósito desta Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, nos termos do quadro-
síntese que se mostra a seguir.

GESTOR FEDERAL

- Elaborar normas técnicas referentes à atenção à saúde da pessoa idosa no SUS;

- Definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta Política,


considerando que o financiamento do Sistema Único de Saúde é de competência das
três esferas de governo;

- Estabelecer diretrizes para a qualificação e educação permanente em saúde da


pessoa idosa;

- Manter articulação com os estados e municípios para apoio à implantação e


supervisão das ações;

- Promover articulação intersetorial para a efetivação desta Política Nacional;

- Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompanhamento e avaliação do


impacto da implantação/implementação desta Política;

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- Divulgar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa;

- Estimular pesquisas nas áreas de interesse do envelhecimento e da atenção à saúde


da pessoa idosa, nos moldes do propósito e das diretrizes desta Política.

GESTOR ESTADUAL

 Elaborar normas técnicas referentes à atenção à saúde da pessoa idosa no


SUS;
 Definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta
Política, considerando que o financiamento do Sistema Único de Saúde é de
competência das três esferas de governo;
 Discutir e pactuar na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) as estratégias e
metas a serem alcançadas por essa Política a cada ano;
 Promover articulação intersetorial para a efetivação da Política;
 Implementar as diretrizes da educação permanente e qualificação em
consonância com a realidade loco regional;
 Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompanhamento e a avaliação
do impacto da implantação/implementação desta Política;
 Manter articulação com municípios para apoio à implantação e supervisão das
ações;
 Divulgar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa;
 Exercer a vigilância sanitária no tocante a Saúde da Pessoa Idosa e a ações
decorrentes no seu âmbito;
 Apresentar e aprovar proposta de inclusão da Política Nacional de Saúde da
Pessoa Idosa no Conselho Estadual de Saúde.

GESTOR MUNICIPAL

*Elaborar normas técnicas referentes à atenção à saúde da pessoa idosa no SUS;

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*Definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta Política,
considerando que o financiamento do Sistema Único de Saúde é de competência das
três esferas de governo;

*Discutir e pactuar na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) as estratégias e metas


a serem alcançadas por essa Política a cada ano;

*Promover articulação intersetorial para a efetivação da Política;

* Estabelecer mecanismos para a qualificação dos profissionais do sistema local de


saúde;

*Estabelecer instrumentos de gestão e indicadores para o acompanhamento e a


avaliação do impacto da implantação/ implementação da Política;

*Divulgar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa;

*Apresentar e aprovar proposta de inclusão da Política de Saúde da Pessoa Idosa no


Conselho Municipal de Saúde.

Aspecto essencial para a implementação da Política Nacional de Saúde do Idoso


é a articulação intersetorial, para as quais podem, também, ser enunciadas algumas
diretrizes, que correspondem a um amplo conjunto de ações. Nesse sentido, os
gestores do SUS deverão estabelecer, em suas respectivas áreas de abrangência,
processos de articulação permanente, visando ao estabelecimento de parcerias e à
integração institucional que viabilizem a consolidação de compromissos multilaterais
efetivos.

Haverá, de forma solidária, a participação de diferentes segmentos da sociedade,


que estejam direta ou indiretamente relacionados com a presente Política.

No âmbito federal, o Ministério da Saúde articulará com os diversos setores do


Poder Executivo em suas respectivas competências, de modo a alcançar os objetivos
a seguir explicitados. Algumas situações específicas podem ser citadas, como se vê
nos quadros seguintes.

ÁREA DA EDUCAÇÃO

19
a) Inclusão nos currículos escolares de disciplinas que abordem o processo do
envelhecimento, a desmistificação da senescência, como sendo diferente de doença
ou de incapacidade, valorizando a pessoa idosa e divulgando as medidas de
promoção e prevenção de saúde em todas as faixas etárias;

b) Adequação de currículos, metodologias e material didático de formação de


profissionais na área da saúde, visando ao atendimento das diretrizes fixadas nesta
Política;

c) Incentivo à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia nas


instituições de ensino superior, que possam atuar de forma integrada com o SUS,
mediante o estabelecimento de referência e contrareferência de ações e serviços para
o atendimento integral dos indivíduos idosos e a capacitação de equipes
multiprofissionais e interdisciplinares, visando à qualificação contínua do pessoal de
saúde nas áreas de gerência, planejamento, pesquisa e assistência à pessoa idosa;

d) Discussão e readequação de currículos e programas de ensino nas instituições de


ensino superior abertas para a terceira idade, consoante às diretrizes fixadas nesta
Política.

PREVIDÊNCIA SOCIAL

a) Realização de estudos e pesquisas de cunho epidemiológico junto aos segurados,


relativos às doenças e agravos mais prevalentes nesta faixa etária, sobretudo quanto
aos seus impactos no indivíduo, na família, na sociedade, na previdência social e no
setor saúde;

b) Elaboração de programa de trabalho conjunto direcionado aos indivíduos idosos


segurados, consoante às diretrizes fixadas nesta Política.

SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

20
a) Reconhecimento do risco social da pessoa idosa como fator determinante de sua
condição de saúde;

b) Elaboração de inquérito populacional para levantamento e estratificação das


condições de risco social da população idosa brasileira;

c) Elaboração de medidas, com o apontamento de soluções, para abordagem da


população idosa sob risco social;

d) Criação de mecanismos de monitoramento de risco social individual, de fácil


aplicabilidade e utilização por profissionais da atenção básica do SUS e do SUAS;

e) Difusão de informações relativas à preservação da saúde e à prevenção ou


recuperação de incapacidades;

f) Inclusão das diretrizes aqui estabelecidas em seus programas de educação


continuada;

g) Implantação de política de atenção integral aos idosos residentes em Instituições


de Longa Permanência para Idosos;

h) Promoção da formação de grupos sócio-educativos e de auto ajuda entre os


indivíduos idosos, principalmente para aqueles com doenças e agravos mais
prevalentes nesta faixa etária;

i) Implantação e implementação de Centros de Convivência e Centros-Dia, conforme


previsto no Decreto nº 1948/96;

j) Apoio à construção de Políticas Públicas de Assistência Social que considerem as


pessoas, suas circunstâncias e o suporte social e que atuem como aliadas no
processo de desenvolvimento humano e social, e não como tuteladora e
assistencialista, tanto na proteção social básica, como na proteção social especial;

k) Compromisso com a universalização do direito, inclusão social, eqüidade,


descentralização e municipalização das ações, respeitando a dignidade do cidadão e
sua autonomia, favorecendo o acesso à informação, aos benefícios e aos serviços de
qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária;

l) Desenvolvimento de ações de enfrentamento à pobreza.

21
TRABALHO E EMPREGO

a) Elaboração, implantação e implementação de programas de preparação para a


aposentadoria nos setores público e privado;

b) Implantação de ações para a eliminação das discriminações no mercado de


trabalho e a criação de condições que permitam a inserção da pessoa idosa na vida
socioeconômica das comunidades;

c) Levantamento dos indivíduos idosos já aposentados e que retornaram ao mercado


de trabalho, identificando as condições em que atuam no mercado, de forma a coibir
abusos e explorações.

DESENVOLVIMENTO URBANO

a) Implantação de ações para o cumprimento das leis de acessibilidade (Decreto Lei


nº 5296/2004), de modo a auxiliar na manutenção e no apoio à independência
funcional da pessoa idosa;

b) Promoção de ações educativas dirigidas aos agentes executores e beneficiários de


programas habitacionais quanto aos riscos ambientais à capacidade funcional dos
indivíduos idosos.

TRANSPORTES

Implantação de ações que permitam e/ou facilitem o deslocamento do cidadão


idoso, sobretudo aquele que já apresenta dificuldades de locomoção, tais como
elevatórias para acesso aos ônibus na porta de hospitais, rampas nas calçadas,
bancos mais altos nas paradas de ônibus. Em conformidade com a Lei da
Acessibilidade, Decreto Lei nº 5296, de 2 de dezembro de 2004. Justiça e Direitos
Humanos Promoção e defesa dos direitos da pessoa idosa, no tocante às questões
de saúde, mediante o acompanhamento da aplicação das disposições contidas na Lei

22
nº 8.842/94 e seu regulamento (Decreto nº 1.948/96), bem como a Lei nº 10.741/2003,
que estabelece o Estatuto do Idoso.

ESPORTE E LAZER

Estabelecimento de parcerias para a implementação de programas de


atividades físicas e recreativas destinados às pessoas idosas. Ciência e Tecnologia
Fomento à pesquisa na área do envelhecimento, da geriatria e da gerontologia, por
intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (cnpq),
e demais órgãos de incentivo à pesquisa, contemplando estudos e pesquisas que
estejam, prioritariamente, alinhados com as diretrizes propostas nesta Política.

AS AÇÕES ESTRATÉGICAS DA ÁREA TÉCNICA SAÚDE DO IDOSO

A Área Técnica Saúde do Idoso vem desenvolvendo ações estratégicas com


base nas diretrizes contidas na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e nas
metas propostas no Pacto pela Vida de 2006, objetivando promover o envelhecimento
ativo e saudável, a realização de ações de atenção integral e integrada à saúde da
pessoa idosa e de ações intersetoriais de fortalecimento da participação popular e de
educação permanente, que serão descritas a seguir:

CADERNETA DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA

A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é uma ferramenta de identificação de


situações de riscos potenciais para a saúde da pessoa idosa. Traz ao profissional de
saúde a possibilidade de planejar e organizar ações de prevenção, promoção e
recuperação, objetivando a manutenção da capacidade funcional das pessoas
assistidas pelas equipes de saúde. A implantação da caderneta, que se deu
inicialmente a partir das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), foi
acompanhada por um manual de orientação para os profissionais de saúde, que
receberam treinamento e capacitação na grande maioria dos Municípios, para o

23
correto preenchimento e orientação sobre o manuseio da caderneta. A distribuição da
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa iniciou-se em 2007, por meio das Secretarias
Estaduais e Municipais (capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes) de
Saúde. Entre 2007 e 2008 foram disponibilizados dez milhões de exemplares. Até o
momento, já foram distribuídas treze milhões de cadernetas. Espera-se que até 2011,
todos os idosos, usuários do SUS, recebam a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa.

Caderno de Atenção Básica

Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa De 2009 a 2010, junto com as


cadernetas, já foram disponibilizados, oitenta mil exemplares do Caderno de Atenção
Básica: “Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa”. Este Caderno foi elaborado com
a finalidade de oferecer subsídios técnicos específicos em relação à saúde da pessoa
idosa de forma a facilitar a prática diária dos profissionais que atuam na Atenção
Básica. Com uma linguagem acessível, disponibiliza instrumentos e discussões
atualizados, além de protocolos clínicos no sentido de auxiliar a adoção de condutas
mais apropriadas às demandas dessa população, com vistas a uma abordagem
integral à pessoa no processo de envelhecimento. O caderno constitui a principal
referência para os processos de capacitação dos profissionais de nível superior que
atuam na Atenção Básica e pode ser obtido na secretarias estaduais e municipais de
saúde, através da Coordenação de Saúde do Idoso local.

Curso de Aperfeiçoamento em Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa

O Ministério da Saúde – MS, por meio da Área Técnica de Saúde do Idoso,


firmou convênio com a Escola Nacional de Saúde Pública/ FIOCRUZ, para capacitar,
na modalidade à distância (EAD) 500 (quinhentos) profissionais que atuam na rede
de saúde SUS, nas regiões norte e nordeste do país; sendo estendido às regiões
Sudeste, Sul e Centro-Oeste até 2012, objetivando a capacitação de mais 2000 (dois
mil) profissionais - mil em 2011 e mil em 2012.Esta iniciativa faz parte dos esforços do
Ministério da Saúde em divulgar as especificidades da saúde do idoso e
envelhecimento, contribuindo assim para melhor orientação aos profissionais da rede
e diminuir as iniquidades sociais, na busca pela integralidade das ações.

24
Curso de Gestão em Envelhecimento

Em parceria com a ENSP/FIOCRUZ, OPAS (Organização Pan-americana de


Saúde), CIESS (Centro Ibero Americano de Estudos de Seguridade Social), OISS
(Organização Ibero Americana de Seguridade Social), esta Área Técnica objetiva
adaptar e implantar o Curso de Especialização “Gerencia en Salud para Personas
Mayores”.

A adaptação brasileira do Curso de Especialização “Gerencia en Salud para


Personas Mayores” tem como objetivo geral qualificar profissionais de nível superior
que atuam ou tenham interesse em atuar na direção de serviços e programas de
saúde que atendam à população idosa, visando apoiar a implementação da Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Utilizará a metodologia de educação à distancia.
Esta Área Técnica destinará recursos financeiros para as etapas iniciais, por meio de
termo de cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde, OPAS.

Oficinas Estaduais de Prevenção de Osteoporose, Quedas e Fraturas em


Pessoas Idosas

As Oficinas Estaduais de Prevenção da Osteoporose, Quedas e Fraturas em


Pessoas Idosas têm como objetivo propor diretrizes a serem aplicadas nos Estados e
Municípios para melhor orientar profissionais e pacientes em relação à osteoporose /
quedas. As propostas e objetivos das referidas oficinas estão de acordo com a meta
de redução do número de internações por fratura de fêmur em pessoas idosas,
proposta no Pacto pela Vida. Cabe ressaltar que quedas em pessoas idosas é um
problema de saúde pública.

Diante desta situação, o Ministério da Saúde instituiu, em 20 de dezembro de


2007, pela Portaria 3.213, um Comitê Assessor para Prevenção da Osteoporose e
Quedas em Pessoas Idosas com a finalidade de apoiar as políticas públicas
relacionadas à questão das quedas em idosos.

Este comitê foi formado por representantes de diversas sociedades


profissionais que têm interface com o tema, e é coordenado pela Área Técnica Saúde
do Idoso do Ministério da Saúde.

25
O Ministério da Saúde vem desenvolvendo Campanhas de Prevenção da
Osteoporose e Quedas e a realização de Oficinas Estaduais com o objetivo de
sensibilizar e capacitar os profissionais de nível superior, preferencialmente aqueles
que atuam na Atenção Primária / Estratégia Saúde da Família, para trabalhar numa
linha de cuidado que vise à prevenção da osteoporose e das quedas e à identificação
de “idosos caidores”, numa visão multi e interdisciplinar, tendo como instrumento
auxiliar a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa.

A abordagem dessas oficinas inclui o diagnóstico, a prevenção e o tratamento


da osteoporose; conceitos básicos em saúde do idoso e envelhecimento; identificação
de riscos de quedas, intrínsecos e extrínsecos; a avaliação do nível de funcionalidade
da pessoa idosa, além da identificação de idosos que vivem sozinhos, sem familiares
ou uma rede de apoio.

Ao término das oficinas nos estados são elaborados relatórios que irão compor
as diretrizes do Ministério da Saúde para a Prevenção e o Tratamento da Osteoporose
e Quedas em Pessoas Idosas, o que muito irá contribuir para se atingir a meta de
redução do índice de internações por fratura de fêmur. Aspecto correlato é o da
redução das internações por fratura de fêmur, condição que afeta sobremaneira a
população idosa. Neste sentido, a Área Técnica de Saúde do Idoso vem promovendo
a análise de tendências com relação às metas especificamente pactuadas de acordo
com o Pacto pela Vida. Neste campo, considerando-se os anos anteriores a 2006, a
situação é de grande instabilidade com variação significativa nos valores alcançados,
entretanto os dados atuais demonstram processo de redução na taxa de internação
por fratura de fêmur. Esta é uma situação positiva que deve ser acompanhada de
perto, pois o processo de redução deste indicador é importante parâmetro para se
determinar a eficácia das ações implementadas pela esfera federal nos estados e
municípios.

Ações desenvolvidas ou em desenvolvimento em parceria com outras áreas

Dentre outras ações realizadas pela Área Técnica Saúde do Idoso, podem-se
destacar ações estratégicas que foram elencadas no Pacto pela Vida (2006) e aquelas
que a Área Técnica vem acompanhando com interface com outras áreas:

26
• Acolhimento: reorganização do processo de acolhimento à pessoa idosa nas
unidades de saúde, como uma das estratégias de enfrentamento das dificuldades
atuais de acesso; utilização do sistema de agendamento e marcação de consulta e da
referência e contra-referência.

• Assistência Farmacêutica: desenvolvimento de ações que visem qualificar a


dispensação e o acesso da população idosa aos medicamentos. Importante ressaltar
também que o Programa Farmácia Popular do Brasil, criada para ampliar o acesso
aos medicamentos para as doenças mais comuns entre os cidadãos beneficia
também a população idosa com diversos medicamentos. Atualmente, o Sistema está
trabalhando com medicamentos para hipertensão, diabetes, colesterol, asma, rinite,
Parkinson, osteoporose e glaucoma, além de fraldas geriátricas.

O Governo Federal paga uma parte do valor dos medicamentos e o cidadão paga o
restante. O valor pago pelo Governo é fixo e equivale a 90% do Valor de Referência.

• Atenção Domiciliar: instituição de prestação de serviço, ofertada por equipe


multidisciplinar, preferencialmente com formação em saúde do idoso e
envelhecimento, valorizando o efeito favorável do ambiente familiar no processo de
recuperação de pacientes e os benefícios adicionais para o cidadão e o sistema de
saúde.

• Imunização: Existe parceria com o PNI (Programa Nacional de Imunizações) desde


1999, para a população idosa também viesse a desfrutar dos benefícios da vacinação,
acontecendo desde aquele ano a primeira de uma série de campanhas anuais de
vacinação, direcionada aos maiores de 65 anos e mais, e a partir de 2000, 60 anos e
mais. Assim, a meta de vacinar a população na faixa de 60 anos e mais contra a
influenza é um desafio que vem sendo conquistado desde 2000, e se fundamenta no
fato de que essa população apresenta maior risco de adoecer e morrer em decorrência
de algumas patologias imunopreveníveis, tais como a gripe e a pneumonia.

• Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST/ AIDS: A Área


Técnica Saúde do Idoso mantém também interface com a área de DST/AIDS do
Ministério da Saúde, desde o ano de 2008. O pressuposto é de exercício pleno da
sexualidade também para as pessoas com 60 anos, dentro do processo de
envelhecimento ativo e saudável. De fato, ocorre o aumento das doenças
sexualmente transmissíveis em pessoas idosas, em especial da AIDS. Segundo

27
dados do Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde (2008) a incidência
de AIDS entre a população idosa, principalmente entre as idosas, praticamente dobrou
nos últimos dez anos (de 7,3 em 96 para 14,5 em 2006), a taxa de mortalidade
também têm aumentado (de 5,5 em 96 para 6,1 em 2006).

Assim, desde 2008 a prevenção das DSTs e AIDS tem como público prioritário
as pessoas com 50 anos e mais, com o objetivo de informar tal população sexo não
tem idade, mas deve ser praticado de forma segura. Como instrumento de prevenção
o MS disponibiliza preservativo feminino e masculino e gel lubrificante de forma
gratuita nas Unidades Básicas de Saúde.

Importante ressaltar que a saúde da pessoa idosa inclui diversos fatores, ambientais,
socioeconômicos, culturais e políticos que vão além do simples fato de ter ou não ter
saúde. Velhice não pode ser sinônimo de doença. Não se fica velho aos 60 anos. O
envelhecimento é um processo natural que ocorre ao longo de toda a experiência de
vida do ser humano, por meio de escolhas e de circunstâncias.

O preconceito contra a velhice e a negação da sociedade quanto a esse


fenômeno colaboram para a dificuldade de se pensar políticas específicas para esse
grupo. Ainda há os que pensam que se investe na infância e se gasta na velhice. Deve
ser um compromisso de todo gestor em saúde compreender que, ainda que os custos
de hospitalizações e cuidados prolongados sejam elevados na parcela idosa, também
aí está se investindo na velhice “Quando o envelhecimento é aceito como um êxito, o
aproveitamento da competência, experiência e dos recursos humanos dos grupos
mais velhos é assumido com naturalidade, como uma vantagem para o crescimento
de sociedades humanas maduras e plenamente integradas”, conforme se estipula no
artigo 6º do chamado Plano de Madri.

O envelhecimento foi uma grande conquista da humanidade no último século,


mas somente o aumento de pessoas idosas não garante aos cidadãos a dignidade
para se viver com qualidade de vida. O envelhecimento da população brasileira é uma
conquista que resulta em demandas trazidas pela parcela idosa, no âmbito do SUS.

Uma atenção contínua e eficaz para a saúde e o bem-estar da população idosa


requer diferentes níveis de intervenção dos serviços de saúde, adequados às distintas
fases da enfermidade e ao grau de incapacidades. Ela deve estar baseada, em última
instância, em uma atenção integral, adequada, de qualidade, humanizada e oportuna.

28
Mesmo que as garantias previstas na lei 10.741/2003, que dispõe sobre o Estatuto do
Idoso, ainda não encontrem condições ideais para sua efetivação, devido à
heterogeneidade das realidades regionais e dos idosos de nosso país e pelas
dificuldades de integração das diversas políticas que tratam das pessoas idosas nas
três esferas de gestão, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa traz em suas
diretrizes condições necessárias para melhorar tal situação. Pode ser lembrado, por
extremamente oportuno, o dito de Simone Du Beauvoir (1976) sobre o tema do
envelhecimento humano: “Paremos de trapacear, o sentido de nossa vida está em
questão no futuro que nos espera; não sabemos quem somos se ignorarmos quem
seremos: aquele velho, aquela velha, reconheçamo-nos neles. Isso é necessário se
quisermos assumir em sua totalidade nossa condição humana. Para começar, não
aceitaremos mais com indiferença a infelicidade da idade avançada, mas sentiremos
que é algo que nos diz respeito. Somos nós os interessados.”

DIRETRIZES

A organização e estruturação da atenção em Redes de Atenção à Saúde é uma


diretriz do SUS orientada pela Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, que
apresenta os fundamentos conceituais e operativos essenciais a esse processo de
organização, com vistas a assegurar ao usuário o conjunto de ações e serviços que
necessita, com efetividade e eficiência.

Outro marco organizativo é o Decreto nº 7.508, de 20 de junho de 2011, que


regulamenta a Lei nº 8.080/1990 e dispõe sobre o planejamento, a assistência à saúde
e a articulação interfederativa.

Cabe destacar também a agenda estratégica do Ministério da Saúde para o


período de 2011-2015, que contempla, no objetivo estratégico, o cuidado da
população idosa com o seguinte texto: “garantir a atenção integral à saúde da pessoa
idosa e dos portadores de doenças crônicas em todos os níveis de atenção”. Nesse
contexto, a Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa define como uma de suas
prioridades, a construção de uma proposta de Modelo de Atenção Integral à Saúde

29
da Pessoa Idosa, com o objetivo de contribuir para a organização da atenção e
ampliação do acesso qualificado da população idosa no âmbito do SUS.

O Modelo apresentará as diretrizes e estratégias para potencializar ações e


serviços dirigidos às pessoas idosas já desenvolvidas nos territórios, de forma que
sejam reconhecidos e articulados diferentes pontos de atenção, compondo a rede de
atenção às pessoas idosas, tendo a Atenção Básica como coordenadora dessa ação.

A atenção deve ser baseada nas necessidades da população, centrada no


indivíduo, considerando sua integração na família e na comunidade, em substituição
à atenção prescritiva e centrada na doença. A especificidade e a heterogeneidade nos
processos de envelhecer devem ser consideradas, a partir dos determinantes sociais
da saúde, nos seus mais diferentes aspectos, considerando ainda as diferenças de
gênero e raça, buscando a equidade e resolutividade do cuidado a ser ofertado. Para
isso, as especificidades e singularidades da população idosa com suas novas
demandas de cuidado devem ser priorizadas na organização e oferta de serviços.

É necessário também incluir em todas as etapas de organização do cuidado a


garantia do acesso, o acolhimento e cuidado humanizados da população idosa nos
serviços de saúde do SUS, ou seja, não só exercitar a escuta, mas propiciar que esta
se traduza em responsabilização e resolutividade, o que leva ao acionamento de
redes internas, externas e multidisciplinares.

O cuidado deve ser orientado a partir da funcionalidade global da pessoa idosa,


considerando o risco de fragilidade existente e o seu grau de dependência
(capacidade de execução), buscando a autonomia (capacidade de decisão) possível,
do sujeito em questão.

Além do investimento na articulação setorial, a articulação intersetorial consiste


em diretriz potente na busca de respostas às demandas da população idosa, em
especial no que se refere à Política de Assistência Social. Essa articulação visa ao
estabelecimento de consensos, definição de responsabilidades compartilhadas para
construção de projetos, com prioridade nos temas da atenção domiciliar, centro-dia,
cuidadores de idosos, enfrentamento à violência e a qualificação do cuidado oferecido
em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).

30
A implantação do modelo deve ser pactuada entre as três esferas do SUS, com
definição de objetivos e metas de curto, médio e longo prazo, investindo no
desenvolvimento da capacidade de gestão para planejar, monitorar e avaliar o
desempenho da atenção ofertada.

A organização do cuidado das pessoas idosas deve ser articulada em rede, no


âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas. A organização e o financiamento
desse cuidado deverão ser pactuados nas Comissões Intergestores. A estruturação
de um sistema logístico que permita a articulação entre os diferentes pontos de
atenção, garantindo o transporte sanitário, estruturando o fluxo dos usuários entre os
diferentes pontos de atenção, tanto nas situações de urgências quanto no
acompanhamento longitudinal.

A regulação deve articular todos os pontos de atenção, constituindo-se como


estratégia para garantir equidade e otimizar a organização da oferta de atenção
integral à população idosa.

Para garantir a qualidade da atenção, é necessário assegurar recursos


humanos suficientes e capacitados, reforçando a necessidade de investimento na
formação profissional e educação permanente. O respeito aos direitos humanos,
garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas idosas, o combate ao estigma, à
violência e ao preconceito, assim como a garantia da equidade de gênero e raça
devem nortear toda a ação voltada à pessoa idosa. O modelo de atenção prevê
também estímulos à participação dos usuários do SUS.

A organização da atenção e da gestão no SUS ainda se caracteriza pela grande


fragmentação de serviços e programas, de ações e de práticas clínicas que se
expressam na incoerência entre as ofertas de serviços e as necessidades de atenção
(MENDES, 2011).

A atenção à pessoa idosa implica a construção de um novo paradigma das


práticas de saúde, na medida em que demanda a ampliação do olhar em relação ao
modelo biomédico vigente focado na doença e na cura. O idoso apresenta
características peculiares quanto à apresentação, instalação e desfecho dos agravos
em saúde, traduzidas pela maior vulnerabilidade a eventos adversos, necessitando
de intervenções multidimensionais e multissetoriais com foco no cuidado.

31
AÇÕES DE MANUTENÇÃO DA AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA

Capacidade funcional orienta o cuidado Necessidade de Intervenções


multidimensionais e intersetoriais DCNT como principais causas de morbimortalidade
e incapacidade

- Aumento da demanda pelo uso de serviços Maior vulnerabilidade Heterogeneidade


dos processos de envelhecimento

-Fatores socioeconômicos, acesso serviços públicos, hábitos de vida, aspectos


culturais Novos arranjos familiares, famílias menores.

- necessidade de Política intersetorial de cuidados

- cuidador, rede social no território, atenção domiciliar e oferta de serviços dia


Particularidades do cuidado à Pessoa Idosa.

Nesse novo paradigma, é fundamental identificar condicionantes e


determinantes do processo saúde/doença, em particular no que tange à capacidade
funcional.

A perda da funcionalidade contribui significativamente para o comprometimento


da qualidade de vida da pessoa idosa, de seus familiares e cuidadores. Tanto que
representa o condicionante mais importante de desfechos desfavoráveis na pessoa
idosa, como hospitalização, institucionalização e morte, com grande impacto social e
econômico. Vários elementos clínicos, biológicos, sociais e culturais atuam, isolada
ou sinergicamente, para a determinação da perda da funcionalidade.

O declínio funcional da pessoa idosa é previsível, evitável e pode ser adiado,


entretanto, o modelo atual de atenção não o reconhece como uma condição-problema.
Estratégias que visam à promoção, manutenção e recuperação da capacidade
funcional têm sido demonstradas como custo efetivas.

A avaliação global de saúde da pessoa idosa deve contemplar as dimensões


social, clínica, mental e funcional, e contribuir na identificação do conjunto das

32
necessidades do idoso, possibilitando a otimização da alocação de recursos e
estratégias de cuidado.

Ao mesmo tempo, deve ampliar a compreensão do processo de


envelhecimento permitindo a identificação e classificação de riscos e finalmente a
elaboração de Projeto Terapêutico Singular.

O declínio funcional do idoso ocorre frequentemente em um contexto de


múltiplos e complexos problemas de saúde, que se traduzem em síndromes
geriátricas, tais como: instabilidade postural, insuficiência cognitiva, imobilidade,
incontinência e iatrogenia, que requerem conhecimentos à luz dos fundamentos da
gerontologia, habilidades e atitudes dos profissionais da saúde, bem como ações
específicas não contempladas pelas redes existentes.

A pessoa idosa apresenta profundas particularidades biopsicossociais que a


diferenciam da população adulta, até mesmo dentro da faixa etária há
heterogeneidade no processo de envelhecimento. Nesse sentido, destaca-se a
importância da estratificação de risco, requisito fundamental para a estruturação de
uma rede.

De um lado, por exemplo, temos a pessoa idosa que é capaz de gerenciar sua
vida de forma independente e autônoma, mesmo apresentando alguma situação
crônica de saúde, mas que não se associa, necessariamente, a maior vulnerabilidade.
Enquanto este grupo representa em torno de 70% das pessoas idosas, cerca de 30%
são consideradas frágeis ou em risco de fragilidade, apresentando maior
vulnerabilidade caracterizada por dependência funcional, incapacidades ou condições
de saúde preditoras de desfechos adversos, necessitando de acesso e cuidado
qualificado no SUS.

As ações e intervenções oferecidas às pessoas idosas frágeis baseadas


simplesmente na abordagem da doença são potencialmente perigosas, sendo
responsáveis pela alta prevalência de iatrogenia, considerada uma das principais
síndromes geriátricas.

A “epidemia de doenças crônicas e de incapacidades funcionais” resulta no uso


mais intensivo e prolongado dos serviços de saúde, exigindo adequação das redes de
atenção à saúde para responder às necessidades emergentes.

33
O perfil epidemiológico da população idosa é caracterizado pela tripla carga de
doenças com forte predomínio das condições crônicas, prevalência de elevada
mortalidade e morbidade por condições agudas decorrentes de causas externas e
agudizações de condições crônicas. A maioria dos idosos é portadora de doenças ou
disfunções orgânicas, mas cabe destacar que esse quadro não significa
necessariamente limitação de suas atividades, restrição da participação social ou do
desempenho do seu papel social.

A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 2008,


apresentou os seguintes dados sobre condições crônicas entre a população idosa:
68,7% apresentavam pelo menos uma doença ou agravo não transmissível, sendo
que 53,3% apresentavam hipertensão; 24,2% artrite; 17,3% doenças do coração; 16,1%
diabetes e 12% depressão. Além disso, cerca de 1/5 das pessoas idosas (22%)
apresentavam duas doenças e/ou agravos crônicos e 13% apresentavam três ou mais.
Sobre a prevalência de idosos com alguma limitação funcional, a pesquisa registrou
seu aumento por faixa etária, sendo que entre 60 a 69 anos apresentou 28%; 70 a 79
anos correspondem a 42,5%; e entre a população mais idosa, com 80 anos ou mais,
a prevalência da limitação funcional sobe para 64,3% dos idosos. Para a construção
do indicador de limitação funcional foram considerados os critérios Atividades de Vida
Diária (AVD) e três indicadores de mobilidade. Segundo dado dessa pesquisa, é
possível identificar o percentual da população idosa sem limitação funcional. Na faixa
etária de 60 a 69 anos, 72% dos idosos são independentes funcionais, reduzindo para
57,5% na faixa etária de 70 a 79 anos e com expressivo declínio da capacidade
funcional entre os mais idosos, totalizando 35,7% na faixa etária de 80 anos e mais.

Esses dados reforçam a necessidade de ampliação de ações de promoção de


saúde dirigidas à população idosa e à população em geral, pois além de reforçar os
hábitos saudáveis de vida reafirma-se também o entendimento do envelhecimento
enquanto processo.

O IBGE identificou, no Censo Demográfico de 2010, o percentual de pessoas


com deficiência – visual, auditiva, motora, mental ou intelectual – e observou que
67,73% encontravam-se no grupo etário de 65 anos ou mais. A deficiência visual foi a
de maior prevalência neste grupo etário (49,8%), seguido pela deficiência motora
(38,3%), deficiência auditiva (25,6%) e a deficiência mental ou intelectual (2,9%). A

34
partir do dado desagregado por grupo etário observou-se, entre as pessoas de 60 a
64 anos, a prevalência de pelo menos uma deficiência (54,19%).

O declínio funcional progressivo associado aos expressivos graus de


dependência e alta prevalência de doenças crônicas é responsável pelas numerosas
demandas assistenciais e pela necessidade de cuidados prolongados. Sobre a
utilização de serviços de saúde, 73% da população idosa é usuária do SUS, 51% têm
domicílio cadastrado na ESF e 53% utiliza posto ou centro de saúde como primeiro
local de atendimento. No entanto, é importante sinalizar que o envelhecimento não é
sinônimo de incapacidades e dependência, mas de maior vulnerabilidade, requerendo
cuidados que considerem as especificidades da população que envelhece.

O processo de envelhecimento é natural, irreversível e individual, marcado pela


heterogeneidade entre os idosos, em função de suas características sociais, pessoais,
econômicas e culturais que foram estruturando ao longo da vida. Nessa perspectiva,
a OMS considera como determinantes do envelhecimento ativo a situação econômica
e social, as condições de saúde, o comportamento em saúde, o ambiente físico e a
provisão de serviços de saúde.

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, reforça a importância de


implementar a avaliação funcional individual e coletiva. Nesse sentido, considera três
categorias de pessoas idosas:

1) o idoso independente, aquele capaz de realizar sem dificuldades e sem ajuda todas
as atividades de vida diária;

2) os indivíduos idosos com potencial para desenvolver fragilidade, que são


independentes, mas apresentam algumas dificuldades nas atividades instrumentais
de vida diária (AIVD) e merecem atenção específica pelas equipes de saúde com
acompanhamento mais frequente;

3) os idosos frágeis ou em situação de fragilidade, que são os que vivem em ILPIs,


acamados, estiveram hospitalizados recentemente por qualquer razão, apresentam
doenças causadoras de incapacidade funcional – acidente vascular encefálico,
síndromes demenciais e outras doenças neurodegenerativas, etilismo, neoplasia
terminal, amputações de membros.

35
Estes se encontram com pelo menos uma incapacidade funcional básica ou
vivem em situação de violência doméstica. Por critério etário, a literatura estabelece
como frágeis os idosos com 75 anos ou mais, sendo que outros critérios poderão ser
acrescidos de acordo com as realidades locais. Assim, ficam estabelecidos dois
grandes eixos norteadores para a integralidade de ações: o enfrentamento das
fragilidades da pessoa idosa, família, cuidadores e sistemas de saúde; promoção da
saúde e da integração social, em todos os pontos de atenção.

A funcionalidade global é base do conceito de saúde da pessoa idosa, definida


como a capacidade de gerir a própria vida e cuidar de si mesmo. O declínio funcional
refere-se à perda da autonomia ou da independência, pois restringe a participação
social do indivíduo (MORAES, 2012).

A identificação da fragilidade/estratificação (idoso independente e autônomo;


idoso em risco de fragilização; e idoso frágil) é fundamental para o planejamento das
ações em saúde, definição de metas terapêuticas e priorização do cuidado.

Como então identificar a fragilidade da pessoa idosa? Uma estratégia


fundamental é lançar mão da avaliação multidimensional, que reconhece e ajuda no
planejamento do cuidado, em especial ao idoso frágil, sendo necessariamente
realizada por equipe interdisciplinar.

Algumas iniciativas integradas são importantes para se conhecer as


vulnerabilidades desse grupo populacional, como a Caderneta de Saúde da Pessoa
Idosa, o Caderno de Atenção básica sobre envelhecimento e a capacitação dos
profissionais. A caderneta, em sua versão revisada de 2014, permite identificar
situações de risco para a saúde das pessoas idosas, informações sobre a sua
condição de saúde, suporte familiar e social, fornecendo subsídios técnicos que
ajudarão na qualificação da prática diária das equipes de saúde, em especial dos
profissionais da atenção básica.

36
ESTRATÉGIAS PARA ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE DA
POPULAÇÃO IDOSA NO SUS, A PARTIR DO MODELO DE
ATENÇÃO INTEGRAL MUNICIPAIS DE SAÚDE O SUS

Adotou a organização em Redes de Atenção à Saúde como estratégia para


responder aos problemas vivenciados na gestão do sistema, como a fragmentação do
sistema de saúde, a concorrência entre os serviços, o uso inadequado de recursos
com elevação dos custos, a falta de seguimento horizontal dos usuários, o aumento
da prevalência das doenças crônicas e a necessidade de monitoramento e avaliação.

Nesse contexto, as Redes de Atenção à Saúde (RAS) são arranjos


organizativos formados por ações e serviços de saúde, com diferentes configurações
tecnológicas e missões assistenciais, articulados de forma complementar, de base
territorial, tendo como atributos: a atenção básica como primeiro ponto de atenção e
principal porta de entrada do sistema, constituída por equipe multidisciplinar que cubra
toda a população, integrando e coordenando o cuidado para atender às necessidades
de saúde, conforme apregoa a Portaria 4.279/2010, que estabelece diretrizes para a
organização da RAS.

A utilização dos pontos de atenção das RAS, a partir da orientação e


organização do cuidado proposto pelo modelo de atenção à saúde da pessoa idosa,
teve como motivações:

• Estreitar e aperfeiçoar a articulação entre as equipes da atenção básica e as equipes


dos demais componentes da RAS, para garantir maior resolutividade dos cuidados
prestados à população idosa nos territórios e acompanhamento sistemáticos dos
casos mais complexos.

• Buscar melhores resultados sanitários nas condições crônicas, diminuição das


referências para especialistas e hospitais, aumento da eficiência dos sistemas de
saúde, produção de serviços mais custo efetivos e melhorias na satisfação dos
usuários em relação aos serviços de saúde.

• Ampliar e qualificar o acesso da pessoa idosa ao SUS, a partir das suas


especificidades.

37
A Atenção Básica de Saúde, primeiro nível de atenção, deve atuar como porta
de entrada do sistema, com ampla cobertura populacional e equipe multidisciplinar,
devendo cumprir o papel de ordenadora da atenção, integrando e coordenando o
cuidado, atendendo às necessidades de saúde no âmbito de sua atuação e garantindo
o acesso qualificado aos demais serviços de saúde.

O modelo de atenção considera, além dos pontos de atenção da Atenção


Básica, os da Atenção Especializada Ambulatorial e Atenção Especializada Hospitalar
e os sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico. Esses pontos de atenção, a partir
de suas densidades tecnológicas, prestam serviços de promoção, prevenção, apoio
diagnóstico, tratamento, gestão de casos, reabilitação e cuidados paliativos, devendo
atuar de forma articulada e integrada.

O modelo requer pensar, portanto, em novos arranjos intra e intersetoriais,


visando responder aos novos desafios que o acelerado processo de envelhecimento
da população brasileira nos impõe. E implica a articulação em rede conforme quadro
a seguir:

Componentes do Modelo de Atenção a Saúde Integral da Pessoa Idosa no SUS

Integralidade

- Cuidade em Rede

- Intersetorialidade

Atenção Básica ordenadora do cuidado

Acolhimento

- cuidado humanizado Educação Continuada Acessibilidade Controle social


Integração na comunidade Pessoa Idosa Capacidade Funcional Redes temáticas
Atenção Ambulatorial Especializada Atenção Hospitalar Especializada Apoio e
inclusão família / cuidadores Segurança do paciente Alimentação Saudável Atividade
Física.

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Para implementar esse modelo e buscar responder às demandas de saúde das
pessoas idosas, posteriormente serão propostas linhas de cuidado, considerando a
condição funcional, de forma que se articulem respostas macro e micro institucionais,
ordenando o processo de trabalho em saúde, demandas de organização do sistema
de saúde e suas interfaces, e também para que se equacione o caminhar do usuário
na Linha de Cuidado, de forma que estas respondam às necessidades dos usuários.

Articulações dos diferentes programas e pontos de atenção: investindo na


atenção integral A Atenção Básica (AB) desempenha um importante papel na
estruturação da atenção à saúde no SUS como ordenadora e coordenadora do
cuidado, visando garantir a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do
cuidado, além de contribuir para a organização dos pontos de atenção, com ampliação
do acesso e qualificação do cuidado.

A Atenção Básica é a porta de entrada prioritária dos usuários do SUS.

A pessoa idosa sempre estará vinculada à atenção básica, independentemente


de ser assistida em outro ponto de atenção, sendo a AB responsável pelo
acompanhamento do caso, de forma articulada e integrada aos outros pontos de
atenção. As UBS, compostas por equipes multiprofissionais, são responsáveis por
ações de saúde individual e coletivas.

No elenco de atividades e prioridades das equipes das UBS, encontram-se a


identificação e o registro das condições de saúde da população idosa, com destaque
para a população idosa frágil ou em processo de fragilização, no território.

O cuidado da pessoa idosa inicia-se com a corresponsabilidade entre


profissionais da atenção básica e dos profissionais que atuam nos demais pontos de
atenção dos diferentes componentes, possibilitando as articulações necessárias para
potencializar as ações desenvolvidas pela Rede de Atenção à Saúde. No elenco de
ofertas, destaca-se a importância de ações e serviços de promoção, prevenção,
proteção, diagnóstico e reabilitação da saúde, por meio da ampliação da cobertura
vacinal, orientações sobre alimentação e nutrição, práticas de atividades físicas,
orientação sobre prevenção e acompanhamento de vítimas de violência, prevenção
de quedas, higiene e saúde bucal, auto cuidado, prevenção de doenças sexualmente

39
transmissíveis, orientação e acompanhamento das doenças crônicas, do sofrimento
mental, decorrentes ou não do uso de álcool e outras drogas, dirigidas não só a
pessoa idosa, mas também aos seus familiares e cuidadores, e fundamentalmente na
assistência às condições clínicas mais comuns que adoecem o idoso.

O MS apresenta algumas estratégias, dirigidas aos profissionais de saúde e em


especial aos da atenção básica, como a implantação da caderneta de saúde da
pessoa idosa, a ampla divulgação e distribuição do Caderno de Atenção Básica sobre
envelhecimento e saúde da pessoa idosa e o investimento em diferentes formas de
capacitação que objetivam instrumentalizar as equipes para ampliar e qualificar o
acesso da pessoa idosa na atenção básica.

Além disso, uma função fundamental nessa ampliação e qualificação do acesso


é a identificação das pessoas idosas no território, mapeando os idosos mais
vulneráveis, de forma a atender suas necessidades de saúde, além de acompanhar a
evolução das condições de saúde com ênfase na funcionalidade e monitorar o
seguimento na rede.

A atuação integrada, desenvolvida pelas equipes multiprofissionais, que


constituem os NASFs, com as equipes de Saúde da Família (ESF), com as equipes
de atenção básica para populações específicas e com o programa Academia da
Saúde, além das equipes dos demais níveis de atenção, permite realizar discussões
de casos clínicos, atendimento compartilhado entre profissionais tanto na Unidade de
Saúde como nas visitas domiciliares, construção conjunta de projetos terapêuticos de
forma a ampliar e qualificar as intervenções no território.

Essas ações de saúde também podem ser intersetoriais, com foco prioritário
nas ações de prevenção e promoção da saúde. Para a qualificação da atenção à
população idosa, é importante a inclusão de determinados temas no escopo de
atuação das referidas equipes, tais como: prevenção da violência, prevenção de
quedas, alimentação e nutrição, saúde bucal, identificação de condições e doenças
crônicas, transtornos mentais decorrentes ou não do uso de álcool e outras drogas,
questões medicamentosas (como polifarmácia e interações).

Esses temas são determinantes na definição das condições de saúde da


população idosa e na elaboração do planejamento do cuidado. As Academias da
Saúde constituem espaços de promoção da saúde com a realização de atividades

40
físicas, práticas corporais, artísticas, informações sobre segurança alimentar e
nutricional, com impacto positivo na autonomia e mobilização da população descrita.

Configuram-se como espaços privilegiados para a inclusão da população idosa.


Nesse sentido, o programa precisa levar em consideração as especificidades desse
grupo populacional, seus interesses, bem como suas limitações corporais, cognitivas
ou de outra natureza, ao realizar a planificação de suas atividades.

É muito importante, assim, que as secretarias estaduais e municipais ofertem


espaços de convivência intergeracional; invistam em ações que atendam algumas
necessidades específicas da população idosa como fortalecimento muscular,
equilíbrio e marcha; orientações sobre alimentação saudável, saúde bucal e auto
cuidado.

A prática de uma alimentação saudável é importante em todas as fases da vida.


No entanto, após os 60 anos, as alterações fisiológicas exercem grande influência
sobre o estado nutricional.

A população idosa é propensa a alterações nutricionais devido a fatores


relacionados às modificações fisiológicas, psicológicas e sociais, ocorrência de
doenças crônicas, uso de diversas medicações, dificuldades com a alimentação, e
alterações da mobilidade com dependência funcional. Nesse contexto, a inserção de
temas como disfagia e desnutrição nas ações de promoção e prevenção da saúde é
fundamental (SBGG, 2011).

O levantamento e registro de informações estratégicas sobre a situação de


saúde das pessoas idosas no sistema de informação da Atenção Básica, como por
exemplo, no e-SUS, é fundamental para o conhecimento do perfil da população idosa
adscrita, pois possibilita a identificação daquelas que apresentam maior
vulnerabilidade, viabilizando, dessa forma, que o acompanhamento e o provimento da
complementaridade do cuidado sejam articulados aos demais componentes da RAS,
em especial dos idosos identificados como frágeis ou em risco de fragilidade.

Cabe destacar também o Programa Melhor em Casa, voltado para pessoas


com necessidade de reabilitação motora, pessoas idosas, pacientes crônicos sem
agravamento ou em situação pós-cirúrgica, tem como oferta a assistência
multiprofissional e humanizada nos domicílios, com cuidados mais próximos da família.

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O atendimento é realizado por equipes multidisciplinares, formadas
prioritariamente por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeuta.
Outros profissionais como fonoaudiólogos, nutricionistas, odontólogos, psicólogos e
farmacêuticos também poderão compor as equipes de apoio.

O Melhor em Casa é executado em parceria com estados e municípios,


encontra-se articulado com as Redes de Atenção à Saúde (Saúde Mais Perto de Você
e Saúde Toda Hora), ampliando o cuidado na Atenção Básica, na urgência e
emergência no SUS. As equipes do Melhor em Casa atuam de maneira integrada com
os serviços da Atenção Básica, Unidades com Salas de Estabilização, UPAs, SAMU
192 e com as unidades hospitalares.

Os dados de 2012 sobre os usuários do Programa mostram que 68,9% são


pessoas idosas. Os idosos mais idosos, acima de 80 anos, correspondem a 31,1% de
todos os pacientes atendidos. Logo, as estatísticas apontam para a necessidade de
ampliar a articulação entre o Programa Melhor em Casa e a Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa, com impacto na atenção das três esferas de gestão do SUS.

Além da qualificação e organização da Atenção Básica como ordenadora das


Redes de Atenção à Saúde, também é importante organizar pontos de atenção
ambulatorial e hospitalar especializados. Como preconizado pela Organização Pan-
Americana da Saúde, “o processo de estruturação de redes de atenção à saúde no
SUS pressupõe a organização dos serviços de atenção especializada, de urgência e
emergência e de apoio diagnóstico e terapêutico, em lógica regional, respeitando-se
os princípios de qualidade, acesso e economia de escala” (OPAS, 2010, p.68).

Esses serviços devem ser complementares e estar integrados à AB, de forma


a garantir um cuidado integral, articulado e adequado às necessidades da população,
sobrelevando a atenção fragmentada que ainda predomina. A superação da atuação
fragmentada e isolada não significa ignorar as especificidades de cada grupo
populacional. Ao contrário, visa coordenar o cuidado, otimizar os processos e garantir
a integralidade dos serviços de saúde.

Alguns estudos como o de Bernabei et al. (1998), realizado com idosos frágeis,
constataram que a atenção integrada levou a menos internações hospitalares, menos
consultas na atenção primária à saúde, melhor capacidade funcional dessas pessoas
e a um sistema mais custo/efetivo” (apud MENDES, 2011, p.70).

42
Como vimos anteriormente, a população idosa apresenta características
peculiares que devem ser contempladas pelos serviços de saúde, necessitando de
intervenções multidimensionais e multissetoriais com foco no cuidado e com ênfase
na pessoa idosa frágil, articuladas com os demais pontos de atenção da RAS. Tal
proposta justifica-se no sentido de que uma grande parcela dos idosos necessita de
conhecimento especializado, intervenções e métodos de investigação específicos
cujos níveis de complexidade estão fora do escopo das equipes da Atenção Básica
como, por exemplo: avaliação neuropsicológica; reabilitação cognitiva; reabilitação
física; reabilitação fonoaudiológica; investigação de disfagia no idoso; diagnóstico
diferencial de síndromes complexas, como síncope, quedas e demência; manejo de
fármacos especiais; entre outros. Nos pontos de atenção especializada, os seguintes
aspectos devem ser observados para que se cumpram os pressupostos da RAS:
planejamento a partir das necessidades de saúde da população idosa no território;
comunicação, regulação e coordenação do cuidado com a ABS; equipe
multiprofissional; uso articulado de linhas-guia e protocolos clínicos; integração de
prontuários e informações; utilização de tecnologias de gestão da clínica, com
estratificação de riscos; entre outros.

Os pontos de atenção ambulatorial especializada, pontos secundários das


Redes de Atenção à Saúde, apresentam grande importância nessa rede articulada de
ações e serviços. Historicamente, a assistência ambulatorial de média complexidade
possui alguns problemas recorrentes, a exemplo da “ausência de planejamento, não
observação das necessidades/perfil da população, acesso baseado na oferta de
serviços; incorporação tecnológica acrítica, serviços com baixa resolubilidade, baixos
investimentos em qualificação profissional, insuficiência dos parâmetros técnicos e
epidemiológicos existentes e baixa regulação da oferta existente pela gestão pública”
(OPAS, 2010, p.65).

No entanto, a articulação em rede é um fator estruturante para a superação


desses obstáculos. No tocante à saúde da pessoa idosa, algumas estratégias ganham
destaque, tais como: a conformação de equipes multiprofissionais com formação em
saúde da pessoa idosa; a educação permanente e capacitação de profissionais e
cuidadores; a atenção aos idosos em contextos de fragilidade, etc. Mendes destaca,
por exemplo, que “os atendimentos contínuos de idosos frágeis devem ter como foco
a avaliação e monitoramento da capacidade funcional, a avaliação e monitoramento

43
dos medicamentos, a redução dos riscos de queda e o monitoramento do auto cuidado
e do trabalho dos cuidadores e da família” (MENDES, 2011, p.217).

Nesse cenário, destaca-se a importância de alguns pontos de atenção


ambulatorial especializada integrar a rede de cuidados às pessoas idosas, em
especial as frágeis ou em risco de fragilização.

Podemos citar os Centros de Especialidades Odontológicas que, segundo a


Portaria GM nº 599/2006, são estabelecimentos de saúde classificados como Clínica
Especializada ou Ambulatório de Especialidade. Os CEOs foram estruturados para
oferecer à população, no mínimo, os seguintes serviços:

I – diagnóstico bucal, com ênfase no diagnóstico e detecção do câncer bucal;

II – periodontia especializada;

III – cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros;

IV – endodontia; e

V – atendimento a portadores de necessidades especiais.

A porta de entrada para o esses centros é a Atenção Básica, e no caso dos


municípios que estão na Estratégia Saúde da Família, o encaminhamento dos casos
mais complexos é realizado pelas equipes de saúde bucal.

Além dos CEOs, destaca-se a importância da implantação de Laboratórios


Regionais de Prótese Dentária (LRPD), que são unidades próprias do município ou
unidades terceirizadas credenciadas para confecção de próteses totais, próteses
parciais removíveis e prótese coronária/intrarradiculares e fixas/adesivas.

É importante salientar que pesquisas demonstram que as condições de saúde


bucal das pessoas idosas podem comprometer sua qualidade de vida e acarretar
outros problemas de saúde, uma vez que essa população está mais propensa ao
edentulismo e à necessidade de próteses (MOREIRA et al, 2005; ROCHA, MIRANDA,
2013).

Ao lado do câncer de boca, a ausência de dentes é um dos mais graves


problemas da saúde bucal no Brasil, e hoje afeta cerca de 75% dos idosos. Por
conseguinte, os profissionais das equipes de saúde bucal deverão realizar ações de

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promoção da saúde e orientações à pessoa idosa, à família e ao cuidador quanto a
cuidados de higiene bucal e prótese dentária, como forma de prevenção dos agravos
relacionados com a saúde bucal.

Cabe destaque também os Centros Especializados em Reabilitação (CER),


pontos de atenção ambulatorial especializada que realizam diagnóstico, avaliação,
orientação, estimulação precoce e atendimento especializado em reabilitação,
concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, servindo de referência
para a rede de atenção à saúde no território.

O CER é organizado de acordo com o número de modalidades de reabilitação


de que dispõe que podem ser: Auditiva, Física, Intelectual, Visual, Ostomia e às
Múltiplas Deficiências, as quais são acrescentadas os módulos de apoios, sendo que
cada módulo possui os ambientes de acordo com as necessidades específicas. O
CER integra a Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência, que também investe na
ampliação da oferta de Órtese, Prótese e Meios Auxiliares de Locomoção (OPM) e
medidas preventivas de perda funcional, de redução do ritmo da perda funcional e/ou
da melhora ou recuperação da função. Considerando que 67,73% das pessoas com
mais de 65 anos apresentam ao menos uma deficiência, a articulação entre os
profissionais de saúde da pessoa idosa e da rede de cuidados às pessoas com
deficiência é muito importante para a garantia de ações que incluam as
especificidades da população idosa nessa Rede.

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REFERÊNCIAS

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