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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP

Paulo Romaro

Fatores de sucesso dos investimentos externos diretos - IEDs através de


fusões e aquisições cross border.

Doutorado em administração

São Paulo/SP
2016
  2  

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP

Paulo Romaro

Fatores de sucesso dos investimentos externos diretos - IEDs através de


fusões e aquisições cross border.

Tese apresentada à Banca Examinadora


da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo – PUC/SP, como exigência
parcial para obtenção do título de
DOUTOR em Administração, sob a
orientação do Professor Dr. Fabio Gallo
Garcia.

São Paulo/SP
2016
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Banca  Examinadora:  
 
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DEDICATÓRIA:

A Valéria que me ensinou o que é amar e ser amado.


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AGRADECIMENTO:

Agradeço a PUC – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo pela


concessão de bolsa de estudos na modalidade bolsa dissídio, sem a qual a
realização desta tese não seria possível.
  6  

AGRADECIMENTOS:

Primeiramente a Deus por me manter firme em meus propósitos mesmo nos


momentos mais difíceis.
Ao Profº. Dr. Fabio Gallo Garcia pela orientação, apoio, paciência e acima de
tudo pela amizade fraterna.
Aos Amigos e Professores Dr. Francisco Antonio Serralvo, Diretor da FEA-
PUC, Dr. Belmiro do Nascimento João, Coordenador do programa de pós graduação
em administração, Dr. Eduardo Moreira Pestana, Coordenador do curso de
graduação em administração, Dra. Elisabete Adami, eterna veterana, e Dra. Carolina
Mirabella Belloque, de aluna a colega de publicações, pela convivência quase que
diária na maioria dos casos há mais de vinte anos.
Aos colegas professores da PUC pelas dicas valiosas, amizade e apoio
incondicional.
Aos membros da banca, professores Dr. Ricardo Rochman, Dr. Elmo
Tambosi, Dr. Leonardo Trevisan e Dr. Belmiro João que contribuiram com preciosas
sugestões durante e após o exame de qualificação.
  7  

EPÍGRAFE:

“Globalization was supposed to bring unprecedented benefits to all. Yet, curiously, it


has come to vilified both in the developed and developing world”—Joseph E Stiglitz,
Making Globalization Work, 2006.
  8  

RESUMO

Paulo Romaro. FATORES DE SUCESSO DOS INVESTIMENTOS EXTERNOS


DIRETOS – IEDs ATRAVÉS DE FUSÕES E AQUISIÇÕES CROSS BORDER. Tese
de Doutorado em Administração. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
2016, 122fls..

Esta tese tem como objetivo investigar se as aquisições realizadas por empresas
nacionais de quinze países no exterior durante o período de 2002 a 2015 têm
aumentado o desempenho financeiro dessas empresas. Os países escolhidos
procuram caracterizar estágios diferentes de desenvolvimento econômico e a
confirmação destes estágios diferenciados foi ratificada por uma análise de clusters.
Além disso, baseando-se em ampla literatura econômica e de gestão é realizada
uma análise empírica de fatores determinantes desse sucesso. Os resultados
indicam que, de fato, as investidas cross border de companhias nacionais melhoram
o desempenho. Que é positivamente impactado quando há existencia de recursos
financeiros em abundância no mercado e pelo tamanho das empresas. O volume de
fusões realizados pelas empresas aparentemente geram resultados em forma de u
invertido, ou seja, há uma congestão a partir de uma determinada quantidade de
fusões. Os Estados parecem ser beneficiados com as fusões e aquisições cross
border realizadas pelas empresas nacionais.

Palavras-Chave: Fusões e Aquisições, Internacionalização, Desempenho


Financeiro, Países e Empresas.
  9  

ABSTRACT

Paulo Romaro. SUCCESS FACTORS OF FOREIGN INVESTMENT DIRECT - FDIs


THROUGH MERGERS AND ACQUISITIONS CROSS BORDER. Doctoral Thesis
Business Administration. Pontifical Catholic University of São Paulo, 2016, 122 pgs ..

This thesis aims to investigate the acquisitions carried out by national companies
from fifteen countries abroad during the period 2002-2015 have increased the
financial performance of these companies. The chosen countries seek to
characterize different stages of economic development and confirmation of these
different stages it has been ratified by a cluster analysis. In addition, based on
extensive economic literature and management is carried out an empirical analysis of
determinants of that success. The results indicate that, in fact, invested cross border
national companies improve performance. Which is positively impacted when there is
existence of financial resources in abundance in the market and the size of the
companies. The number of fusions made by companies generate apparently results
in form of an inverted U, that is, there is a congestion from a given amount of the
fusions. States seem to be benefited from mergers and acquisitions cross border by
domestic companies.

Key-words: Mergers and Acquisitions, Internacionalization, Countries, Companies


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS:

AEIC: Conselho americano para a inovação de energia.


AFF: Agriculture, Forest & Fishing – Agricultura, Reflorestamento e Pesca.
ARG: Argentina.
ARPA: Agencia de projetos de pesquisa avançada
ARPA-E: Agencia de projetos de pesquisa avançada - energia
BR: Brasil.
BRICS: Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul.
CERN: Organização europeia para pesquisa nuclear.
CHI: Chile
CHN: China
CON: Construction - Construção.
DARPA: Agencia de projetos de pesquisa avançada de defesa.
EUA: Estados Unidos
FDI: Foreign Direct Investiment – Investimento Externo Direto.
F&A: Fusões e Aquisições.
FIRE: Finance, Insurance & Real Estate – Finanças, Seguros e Imobiliária.
GER: Germany – Alemanha
IED: Investimento Externo Direto.
INDI: India
INDO: Indonésia
JAP: Japão
KOR: Korea – Coréia do Sul
MAN: Manufacturing - Manufatura.
MEX: México.
M&A: Mergers & Acquisitions – Fusões e Aquisições.
MIN: Mining – Mineração.
MINT: México, Indonésia, Nigéria e Turquia.
NASA: Agencia Aeroespacial norteamericana
NIG: Nigéria.
PAD: Public Administration.
RET: Retail Trade - Varejo.
ROA: Return on Asset – Retorno sobre Ativos.
  11  

ROIC: Return on Invested Capital – Retorno sobre o Capital Investido.


RUS: Russia.
SA: South Africa – Africa do Sul
SIC: Código de Setor Industrial
SPSS Statistics: Software de análise estatística.
SVC: Services – Serviços.
TPU: Transport & Public Utilities – Transporte e Utilidades Públicas.
TRIADE: EUA, Alemanha e Japão.
TUR: Turquia.
WST: Wholesale Trade - Atacado.
  12  

LISTA DE FIGURAS:

Figura 1: Capital de risco e o processo da pesquisa pura ao desenvolvimento de


produtos 55
  13  

LISTA DE GRÁFICOS:

Gráfico 1: Dendrograma dos países selecionados 87


  14  

LISTA DE TABELAS:

Tabela 1: Tarifas Aduaneiras Comparadas: 1865 – 1913 média tarifária a partir de


receitas de importações sobre importações totais 34
Tabela 2: Potencial Industrial dos Países em relação ao Potencial Mundial em % 34
Tabela 3: Tempo de Difusão de Tecnologias Inovadoras (em anos) 36
Tabela 4: Taxa de matrícula no ciclo primário (por 10.000 habitantes) 37
Tabela 5: Crescimento do PIB per capita em fases, entre 1870 e 1998 38
Tabela 6: Crescimento (%) do PIB per capita em países selecionados 1973 – 2014
47
Tabela 7: Crescimento (%) do PIB per capita em regiões e blocos econômicos 1973
-2014 48
Tabela 8: Balanço de pagamentos dos EUA: períodos selecionados 71
Tabela 9: Valores correntes (US$) e crescimento (%) do PIB per capita em países
selecionados da AL e Asia, 1980 – 2014 73
Tabela 10: Análise de Clusters – Ward Linkage – Distância Euclidiana Quadrática 88
Tabela 11: Painel Balanceado Fusões e Aquisições 91
Tabela 12: Painel Desbalanceado Fusões e Aquisições 92
Tabela 13: Painel Balanceado IDH 93
Tabela 14: Teste de Chow – crise de 2008 94
SUMÁRIO

1 O Ágora favorável a internacionalização através de Fusões e Aquisições cross


borders 17
1.1. Introdução 17
1.2. Objetivo 28
1.3. Delimitação do Estudo 29
1.4. Relevância do Estudo 29
2 Os ciclos de Internacionalização do capitalismo e os fatores chave de sucesso 31
2.1. As ondas de internacionalização e o Estado 32
2.2. O Estado Moderno Internacional – 1870 a 1913 33
2.3. Sob a Égide do Estado Provedor - Keynesianismo – 1945 a 1973 38
2.4. A Mundialização Financeira – do fim dos anos 80 a 2008 41
2.5. Destacando os fatores 48
3 Descobertas científicas, Evolução Tecnológica e Novos produtos e serviços
revolucionando o mercado e a sociedade. 50
3.1. Estado e tecnologia 50
3.2. A internacionalização sob o ponto de vista da macroeconomia e da estratégia
empresarial 52
3.3. O ciclo completo e o papel do Estado 53
4 A internacionalização do Estado sob a ótica dos países receptores e dos países
promotores. 57
4.1. A internacionalização de fora para dentro 58
4.1.1. A literatura da internacionalização de fora para dentro 59
4.1.1.1. Quanto ao tipo de interesse 62
4.1.1.2. Quanto a forma de entrada 64
4.1.2. O papel do Estado 66
4.2. A internacionalização de dentro para fora 67
4.2.1. A literatura da internacionalização de dentro para fora 67
5. A integração entre as internacionalizações 68
5.1. O exemplo americano 68
5.2. A coordenação do Estado 72
5.3. O que esperar das internacionalizações de fora para dentro 74
5.4. O que esperar das internacionalizações de dentro para fora 75
  16  
 

6 Hipóteses 76
7. Metodologia 78
7.1. Tipo de pesquisa 80
7.2. Revisão da teoria 80
7.3.Universo e amostra 81
7.4. Escolha das Variáveis 82
7.4.1. Variáveis dependentes 82
7.4.2 Variáveis Explicativas 82
7.4.3. Variáveis de controle 83
7.4.4. Modelos 83
8. Análise dos Dados 85
8.1. Análise de Cluster 85
8.2. Análide dos resultados dos IEDs via fusões e aquisições cross border 88
8.3. Relação IDH e IEds via fusões e aquisições cross border 90
9 Considerações Finais 95
Referências 96
Anexos
Anexo 1 - Tabela de Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento por País. 113
Anexo 2 – Invenções Selecionadas 114

Apêndices
Apêndice 1: Análise de clusters – SPSS 120
Apêndice 2:Tabela de Fatores: variaveis independents 121
Apêndice 3: Tabela de IDH de Países Selecionados 122
  17  
 

“Na verdade, a economia capitalista não é e não pode ser


estacionária. Nem está simplesmente se expandindo de maneira
uniforme. Está incessantemente, sendo revolucionada de dentro por
novos empreendimentos, isto é, pela introdução de novos produtos
ou novos métodos de produção ou novas oportunidades comerciais
na estrutura industrial tal como existe a qualquer momento dado.”
Joseph Schumpeter (1942 (2003)).

1 O ÁGORA FAVORÁVEL À INTERNACIONALIZAÇÃO ATRAVÉS DE


FUSÕES E AQUISIÇÕES CROSS BORDERS

O volume de fusões e aquisições de empresas tem entrado em uma


espiral de crescimento sem prescendentes. Procurou-se nesta introdução
indicar os fatores favoráveis a esta corrida às compras pelas empresas
principalmente no exterior. Se quis, também, demonstrar que embora a onda
de internacionalização acentuada nas décadas pré e pós virada do milênio,
que chamamos de globalização, tenha contornos próprios que a diferencia
das demais ondas que ocorreram na história, ela e as demais ondas fazem
parte de um processo contínuo ainda que cada uma tenha as suas próprias
nuances. Sendo o processo de internacionalização da economia um
fenômeno contínuo guarda certas características comuns entre todos os
períodos da história em que se mostrou mais intenso.

1.1. INTRODUÇÃO

Os termos internacionalização e, mais recentemente, globalização, têm


sido utilizados cada vez mais corriqueiramente, principalmente desde
meados dos anos oitenta nos textos acadêmicos, partidos políticos e na
mídia especializada e em geral. Isso evidência que este fenômeno
econômico e social não pode deixar de ser estudado e principalmente, de
serem avaliadas as suas consequências para a sociedade. A dimensão do
fenômeno da internacionalização pode ser visto através do conceito descrito
por Santos:
  18  
 

Trata-se de um processo complexo que atravessa as mais diversas


áreas da vida social, da globalização dos sistemas produtivos e
financeiros à revolução nas tecnologias e práticas de informação e
de comunicação, da erosão do Estado nacional e redescoberta da
sociedade civil ao aumento exponencial das desigualdades sociais,
das grandes movimentações transfronteiriças de pessoas como
emigrantes, turistas ou refugiados ao protagonismo das empresas
multinacionais e das instituições financeiras multilaterais, das novas
práticas culturais e identitárias aos estímulos de consumo
globalizado (Santos 2001, p.19).

Embora pareça um fenômeno contemporâneo não se pode dissocia-lo


do próprio movimento do capitalismo desde os seus primórdios. Ainda que
estejamos “perante processos de mudança contraditórios e desiguais,
variáveis na sua intensidade e até na sua direção” (Santos, 2001 p.19),
natural do processo dialético de desenvolvimento do sistema econômico
predominante no mundo contemporâneo, a sua forma de expansão parece
ter um processo determinante claro de desenvolvimento. Onde alguns
fatores se mostram fundamentais para explicar a dinâmica da
internacionalização e o aprofundamento deste fenômeno. O grau crescente
do comércio internacional, o aumento significativo da importância de
empresas multinacionais e da formação de cadeias produtivas internacionais
pode ser considerado como contínuos ao longo do tempo. Porém, ao
observar mais detalhadamente, pode-se identificar períodos de
intensificação e de amainamento deste processo. Ou seja, a
internacionalização embora aparentemente seja um processo continuo ela,
parece se propagar através de ondas, onde se varia a intensidade, ao longo
da história. Tilly(1995), por exemplo, distingue quatro ondas de globalização
durante o segundo milênio da era cristã: séculos XIII, XVI, XIX e no final do
século XX. A última onda aparente da internacionalização, que vem nos
atingindo nesta virada de século XX-XXI, tornou-se um fenômeno de
extraordinária amplitude e profundidade, e por isso tem chamado tanto a
atenção de diversos estudiosos, que como destaca Santos (2001) vêem
como “uma ruptura em relação às anteriores formas de interações
transfronteiriças”, tendo merecido o nome singular de Globalização.
Como o termo globalização se extende, como acima descrito por
Santos, por um espectro amplo de assuntos. Optou-se por trabalhar com o
termo internacionalização retirado da literatura focada em gestão “dando
  19  
 

maior atenção aos aspectos econômicos e empresariais da globalização”


Mariotto (2007, p.2). Nesse sentido a internacionalização tem um caráter
mais restrito, tendo como atores principais as empresas multinacionais com
suas estratégias de expansão além fronteiras (cross border) e os governos
nacionais com suas políticas de inserção do país na economia mundial.
Mariotto (2007) ainda destaca nesse fenômeno o livre-comércio, o livre fluxo
de capitais entre as nações e a difusão mais rápida e ampla da tecnologia.
Frobel, Heinrichs e Kreye (1980) definem os principais traços da nova
economia mundial – a globalização – como uma economia dominada pelo
sistema financeiro e pelo investimento em escala global; processos de
produção flexíveis e multilocais; baixos custos de transporte; revolução nas
tecnologias de informação e de comunicação; desregulamentação das
economias nacionais e emergência de três grandes capitalismos
transnacionais: o americano, o japonês e o europeu.
Apenas em casos excepcionais onde se fez necessário se utilizará o
termo globalização neste trabalho, com o seu amplo alcance acima descrito
por Santos, ou mesmo o termo mundialização, utilizado por Chesnais (1994)
que enfatiza o apoderamento do capital financeiro, principalmente nesta
última etapa do capitalismo moderno. “um novo regime mundial de
acumulação, cujo funcionamento dependeria das prioridades do capital
privado altamente concentrado – do capital aplicado na produção de bens e
serviços, mas também, de forma crescente, do capital financeiro
centralizado, mantendo-se sob a forma de dinheiro e obtendo rendimento
como tal. Este regime de acumulação, ao qual corresponderiam as formas
conjunturais específicas descritas acima, seria fruto de uma nova fase no
processo da internacionalização, que, chamo de mundialização do capital”
(CHESNAIS, 1995).
Utilizando-se ainda da figura de uma sequencia de ondas, é importante
destacar que o fenômeno de formação de uma onda não está
aparentemente visível, para explicá-lo exige-se conhecimentos mais
aprofundados das causas das marés. Assim, o fenômeno da
internacionalização, tem um aspecto aparente, descrito por Santos (2001)
acima, mas que exige um aprofundamento no estudo das causas que
formam este movimento. Não se tem a pretensão de explorar todas as
  20  
 

causas da formação de um fenômeno tão complexo como este, mas de se


focar nos reflexos econômicos, e ainda mais restritamente, na
internacionalização das empresas e de sua importância. Portanto,
compreende-se este estudo como uma visão parcial sobre o movimento
constante, ainda que pulsante, da internacionalização.
A parte perceptível da internacionalização das empresas, seja via
comércio mundial, aberturas de filiais no exterior ou aquisições de empresas
no estrangeiro, deve ser entendida como a última etapa de um processo
mais amplo que se inicia com períodos de grande desenvolvimento científico
e tecnológico, que se materializarão em produtos e serviços que criarão
ondas de ruptura no modo de vida das pessoas. Mazzucato(2014). A forma
de financiamento deste processo também não pode ser ignorado durante
todo o processo.
Como dito acima o início do processo depende de um salto científico-
tecnológico. Se nas primeiras ondas de internacionalização o processo
inventivo se deu de maneira mais autônoma e criativa de indivíduos geniais,
a partir do início do século XX o processo inventivo se tornou mais científico
e coletivo.
A complexidade das novas empreitadas científicas e tecnológicas
obriga que o investimento necessário para o desenvolvimento seja cada vez
mais vultoso. Exige-se a mobilização de muitos recursos financeiros,
humanos e materiais, principalmente em sua etapa inicial, a fundo perdido. A
expectativa de resultados econômico-financeiros durante as etapas iniciais é
incerto. Daí a importância do Estado como planificador, incentivador e
financiador via agências de fomento, centros de pesquisa e de políticas
claras para a aceleração do desenvolvimento científico Mazzucato(2014),
Santos(2001) e Chang(2013). Por parte das empresas, que, também
necessitam proporcionalmente investirem somas consideráveis de recursos,
é quase um imperativo que seus produtos atinjam amplos mercados para
que se torne viável financeiramente os seus projetos de lançamento de
novos produtos. Ou seja, os produtos saem da prancheta para o mundo real
com a missão de serem aceitos internacionalmente para que a
sustentabilidade do empreendimento seja garantida. Os casos emblemáticos
deste processo são as empresas chamadas de born globals (nascidas
  21  
 

globais). Estas empresas não evoluem gradativamente de empresas


nacionais para internacionais, já iniciam suas atividades com estratégias de
penetração global, tendo operações em vários países. Oviatt e
McDougall(1994), Moen (2002) e Rialp et al. (2005), entre outros. O motivo
disto é o alto custo do desenvolvimento do produto e de entrada no
mercado, exigindo uma expansão rápida de sua base de clientes.
Cada novo ciclo inventivo, momentos da história com grande
concentração de descobertas e inovações, foram seguidos de ciclos
econômicos de espraiamento da tecnologia, através principalmente da
comercialização de produtos, gerada nos centros dos países desenvolvidos
para a periferia econômica.
Embora tenha havido vários ciclos de internacionalização, no sentido
acima descrito, pode-se detectar no capitalismo contemporâneo, desde a
consolidação do Estado-Nação, Congresso de Viena, a existência de três
períodos onde se intensificou o processo de internacionalização. O Estado
Moderno Internacional – 1870 a 1913, o Estado Provedor - Keynesiano –
1945 a 1973 e a Mundialização Financeira – fim dos anos 80 a 2008.
Os ciclos de maior participação além fronteira de empresas e capitais,
normalmente no sentido dos países industrializados – desenvolvidos - para
os países emergentes ou em transição, vêm antecipados por ciclos de
evolução tecnológica, de novas formas de estruturação produtiva das
grandes cadeias setoriais, que vem se tornando mundiais, e de uma
mudança de instituições e de discurso com motivação liberalizante da
economia (CHANG, 2013) (CHANG, 2004 p 19 e 23).
Nesses movimentos cíclicos cabe ressaltar a importância dos Estados
no processo de internacionalização. A utilização do plural serve para
enfatizar o entendimento de que existem posições distintas entre Estados a
serem consideradas no processo de internacionalização das economias
nacionais.
A teoria econômica dominante procura trabalhar como se houvesse um
único papel para o Estado, preferencialmente um papel mínimo. Desde
Adam Smith (1776) e Ricardo (1817), com suas teorias respectivamente
conhecidas como princípio das vantagens absolutas e teoria das vantagens
comparativas, cabe ao Estado liberar a sua economia para que o mercado,
  22  
 

através da mão invisível, coordene o processo de trocas de produtos que


maximizem o resultado para ambos os países.
Ao contrastar com a realidade pode-se perceber que existem pelo
menos dois lados assimétricos: os Estados Promotores e os Estados
Receptores da internacionalização. Nos Estados Promotores, ainda que não
exista uma forma única de atuação (TEIXEIRA, 2012), eles se destacam por
serem os timoneiros do processo de desenvolvimento de suas sociedades.
Esses Estados têm uma forte característica Schumpeteriana, criando, mais
que demandas, mercados (MAZZUCATO, 2014). Esse tipo de Estado corre
riscos e cria agendas normalmente de longo prazo por pesquisas em
ciências puras e aplicadas, que se transformarão em novidades tecnológicas
a serem utilizadas no cotidiano e, portanto, com valor econômico-comercial.
Demandas como a corrida espacial ou o sistema de defesa norteamericano
são exemplos que produziram desde alimentos desidratados até a internet.
Quando bem definidas e alinhadas pelo Estado as políticas de
desenvolvimento científico geram uma agenda e um engajamento de
universidades, centros de pesquisa, empresas e agencias de
desenvolvimento e fomento. Para atendê-las, movimentam-se bilhões de
dólares por diversos anos. Nesse processo o risco é mitigado para aqueles
que se engajarem nas diversas etapas que vão desde a pesquisa pura até a
aplicação destas em produtos.
Em contrapartida os Estados receptores são geralmente identificados
com os países menos desenvolvidos, hoje classificados como emergentes
ou em transição, e que tiveram ao longo da história papel secundário ou
irrelevante no processo de desenvolvimento econômico. Mais recentemente,
alguns Estados têm procurado agir de forma a desenvolver as suas
economias através da recepção de capitais e tecnologias estrangeiras. Não
há um consenso de como o Estado deve atuar nesses casos, embora
existam muitos estudos recentes, comparativos ou não, de países do
sudeste asiático, Kohli (2012), da Africa subsaariana, Asongu (2015),
Amendolagine, Boly, Coniglio, Prota e Seric (2013) e dos países
sulamericanos Rocha (2013), Mortimore (2000).
Esses Estados têm sua agenda determinada por fatores contingentes
dentre os quais problemas fiscais (PRADO 2010) e/ou cambiais ou por
  23  
 

fatores estruturais, englobando infraestrutura, baixa poupança e falta de


centros geradores de tecnologia. Os Estados com essas características
procuram através da internacionalização total ou parcial de seus setores
produtivos, resolverem tais questões. Isto atende às necessidades de seu
mercado consumidor, resolve problemas de falta de moeda conversível e
gera empregos – embora nem sempre de qualidade. Mutos acadêmicos
acreditam que a entrada das multinacionais no país hospedeiro traga
consigo capital e tecnologia a ser disseminada, representando “uma força
impulsora do comércio, do aumento do padrão de vida e do desenvolvimento
de nações mais pobres” Mariotto (2007, p.2). Porém, outros economistas
avaliam que no longo prazo alguns problemas podem ocorrer, tais como: (1)
a necessidade de moedas fortes para pagamento de remessas de
dividendos ao exterior, (2) o desequilíbrio fiscal oriundo da necessidade de
investimento em infraestrutura para atrair os investimentos externos diretos -
IEDs que por sua vez têm vantagens ou isenções fiscais. (3) o desincentivo
a pesquisa autoctone (GONÇALVES, 1999).
Embora haja uma correlação alta entre países industrializados e
Estados com características de Promotores de um lado, e países em
desenvolvimento e Estados Receptores, de outro, nada impede que em
alguns setores da economia um país atue como Promotor e em outros
setores da economia ele seja Receptor. Os países em desenvolvimento,
como é o caso do Brasil, é possível detectar esta situação. Daí ter que se
avaliar em que setores o país está disposto a desempenhar o papel de
Promotor, vide setor de prospecção e extração de petróleo em águas
profundas, aeronaves civis de médio porte e tecnologia bancária. E em qual
ele aceita ser Receptor, vide setor automobilístico e de tecnologia da
informação. Ainda que tenha que tentar manter algumas restrições dentro de
um jogo de interesses nacionais e internacionais, ou seja, respeitar a
concertação interna e externa dos grupos de influência é possível
desenvolver uma política consistente de desenvolvimento econômico.
A nova teoria do comércio internacional, ou new trade theory, embora
não refute de imediato a ideia que o livre comércio beneficie mutuamente as
nações, permite dizer que “o livre comércio é melhor do que não haver
  24  
 

comércio, mas não é o mesmo que dizer que o livre comércio é melhor que
uma intervenção sofisticada do governo”. Krugman (1987, p.134)
A forma de atuação do Estado, principalmente frente a Economia e
seus agentes, pode ser muito diferente de país para país, a tradição de suas
instituições e a cultura local influenciarão muito neste processo, como
destaca Teixeira (2012).
Do ponto de vista da iniciativa privada, os riscos e os investimentos
vultosos exigem retornos adequados e cada vez mais, sob o predomínio do
capital financeiro, em prazos curtos, como aponta Chesnais (2015). A
engenharia econômico-financeira passível de ser desenvolvida com a ajuda
do Estado como demandante e financiador dos produtos a serem gerados
em cada fase do projeto reduzem riscos e permitem o desenvolvimento de
projetos de longo prazo sofisticados como destacam Mazzucatto (2014) e
Chang (2004). Uma rede de pesquisa e desenvolvimento pode ser montada,
mantida e ampliada ao sabor da evolução dos projetos até gerarem frutos
comercialmente viáveis. De qualquer forma o processo gera a necessidade
de se atingir o maior número de mercados possível. Somente atingindo um
número significativo de consumidores os produtos ou serviços poderão ter
um custo unitário baixo, e por sua vez preços acessíveis. Conforme destaca
Mariotto (2007,p.28):

[...]os rendimentos podem ser crescentes com a escala de produção.


É o caso dos setores que exigem grandes investimentos iniciais em
instalações, P&D, ou marketing, como a produção de chips de
memória para computadores, de software ou de novos fármacos.

Daí a importância da internacionalização dos mercados, pois o


investimento em novas tecnologias exige cada vez maiores mercados e que
serão atingidos através de arranjos e processos produtivos mais
desenvolvidos e complexos, além de instituições que propiciem um mercado
mais aberto que facilite o fluxo de produtos e serviços.
Onde se quer chegar é que há ondas de internacionalização e que elas
derivam de ciclos anteriores de desenvolvimento cientifico que proporcionam
rupturas tecnológicas. Que os países são afetados de formas diferentes por
estes movimentos. Que o sucesso de aproveitar um novo ciclo depende do
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Estado ter uma postura de patrocinador e de uma concertação entre as


diversas instituições que compõem o cenário político-econômico-científico,
ainda que existam diversas formas de atuação, durante todo o processo de
evolução da nova onda de desenvolvimento. De forma geral as novas ondas
tecnológicas afetam os paradigmas de funcionamento e comportamento de
toda a economia e da sociedade. Na economia vários setores são afetados e
cada vez aparentemente mais nenhum país será hegemônico em todos os
setores. A aposta em algum setor para se investir de forma consistente
desde o desenvolvimento científico até o lançamento de produtos e serviços
atrelados ao conhecimento obtido e a construção de mercados nacionais e
internacionais se torna necessário para ser reconhecido como um país
classificado como desenvolvido. E que nos setores onde não for
protagonista, o Estado deverá trabalhar no sentido de amenizar as
diferenças através da absorção de tecnologias e da redução da dependência
das tecnologias embarcadas a longo prazo, caso queira ser, se não
protagonista, pelo menos coadjuvante na próxima onda. As teorias
econômicas da internacionalização, com enfoque macroeconômico, estão
devendo uma avaliação mais profunda sobre o papel do Estado no ciclo
completo entre o desenvolvimento tecnológico e a internacionalização das
empresas. Os estudos de âmbito mais microeconômico e de estratégia
empresarial também, acabaram trabalhando apenas com o aspecto das
variáveis que influenciam a escolha da estratégia de internacionalização
pelas empresas visando o lucro das empresas a posteriori, ou seja, como se
fosse possível para as empresas optar em ficar apenas no mercado local ou
se aventurar na conquista do mercado internacional.
Conforme Mariotto (2007,p.15):

O objetivo desses estudos, assim como seu enfoque metodológico


não são os mesmos adotados pelos economistas. O objetivo é
orientar as empresas na busca do lucro privado e os modelos
utilizados são baseados mais no estudo de casos de sucesso do que
na elaboração de uma teoria abrangente. Entretanto, vários estudos
com essa perspectiva têm tido impacto importante no curso das
ideias e até influenciado os pesquisadores de formação mais teórica.
Exemplos de estudos influentes com essa perspectiva são o de
Stopford e Wells (1992), os de Johanson e Vahlne (1997), Hamel e
Prahalad (1983), Porter (1986), Ohmae (1989), Bartlett e Ghoshal
(1989), Yip (1992) e Doz et al.(2001).
  26  
 

Esses estudos partem da premissa que as empresas já estão prontas


para a internacionalização. Não contemplam as etapas anteriores do
processo, que envolvem as estratégias e os investimentos das empresas no
desenvolvimento de tecnologias que propiciam as vantagens necessárias
para se tornarem competitivas no mercado internacional. Indo além, o
investimento em desenvolvimento tecnológico é que obriga as empresas a
se internacionalizarem para remunerar adequadamente os investimentos
realizados principalmente em P&D, pois o retorno adequado do capital só
será possível com a diluição dos custos dos investimentos necessários e sua
amortização em um mercado muito amplo, ou seja, as empresas não
pensam na sua internacionalização após o esgotamento do seu mercado
local. Elas já desenvolvem produtos e serviços que necessariamente
deverão ser lançados em diversos mercados para atingir um retorno sobre o
capital adequado. A internacionalização é a última etapa de um longo
processo que se inicia com uma ruptura tecnológica, mas que já está fadada
a acontecer. Neste processo o Estado e suas instituições, e as empresas
mais empreendedoras criam uma relação simbiótica desde o
desenvolvimento de novas tecnologias até a conquista de novos e amplos
mercados.
No mainstream acadêmico e nos meios políticos e jornalístico nas
últimas quatro décadas se propaga a ideia de que o mercado é soberano e é
o melhor planejador (Chang 2013) . Cabendo aos Estados apenas não
interferirem na economia mantendo sua atividade mínima de proteção ao
cidadão e fornecimento básico de saúde e educação. Neste entendimento os
Estados deveriam ter suas fronteiras mais abertas possíveis para que as
vantagens inerentes de cada país no que tange aos aspectos econômicos se
aflorem e o mercado com sua mão invisível alcance o ótimo de pareto e
todos ganhem com isso.
Autores como Mazzucato (2014), Chang (2004) e Skidelsky (2009),
discordam com graus de intensidade diferentes do pensamento dominante.
Estes autores sugerem uma participação ativa do Estado na economia como
protagonista do processo de desenvolvimento.
  27  
 

A internacionalização em seu estágio atual obriga que os Estados


procurem fortalecer suas economias ao mesmo tempo a integra-las a
economia global. Como já antes descrito, não há uma fórmula única sendo
seguida por todos os países. Porém, percebe-se que tanto países
provedores quanto os receptores têm se utilizado dos IEDs como forma de
se desenvolverem, ainda que por rotas diferentes. Os aumentos crescentes
em volume de recursos dos investimentos externos diretos via fusões e
aquisições permitem para alguns conquistarem mercados e insumos
baratos, enquanto para outros é a forma mais rápida de adquirir tecnologia.
E, ainda, para o capital financeiro a forma mais rápida de gerar riqueza.
Importante destacar que a captura de tecnologia –spillovers – não
ocorre de forma garantida e a velocidade da captura da tecnologia pode-se
dar em velocidade muito lenta. Lipsey(2002).

A financeirização da economia levada até a última instância, o


investimento massiço na busca de mercados consumidores, as fusões e
aquisições rotineiras como forma de aumentarem a velocidade de
penetração em novos mercados e a consolidação de posições e de compra
de tecnologias (catch up) são todas facetas importantes para se entender o
estágio da economia mundial atual e em particular dos agentes econômicos
que protagonizam o processo de desenvolvimento econômico: as empresas.
Neste sentido, busca-se entender se o processo de internacionalização das
empresas através de aquisições de empresas em outros países têm
resultado em vantagens reais tanto para as empresas quanto para os
países. Ou este processo parece mais com um jogo de “rouba montes” onde
a somatória dos resultados é zero ou até negativo pelos custos de
transação.

Empresas e Estado são os agentes que cada um a seu modo podem


contribuir para a melhoria do padrão de vida da população. As empresas em
sua busca por lucratividade acabam gerando melhores empregos, maior
volume e qualidade de produtos e serviços à disposição dos cidadãos. Em
última instância são as empresas que geram riqueza para os países.
O Estado através de políticas econômicas ativas procura de um lado
auxiliar o desenvolvimento das empresas – via tecnologia, subsídios,
  28  
 

agencias de fomento, demanda garantida – e de outro tendo uma política


distributiva da renda procura permitir que a população em geral aproveite a
riqueza gerada pelas empresas e capturada através de impostos melhorem
a condição geral de vida da população através de serviços básicos de
qualidade como educação, saúde, transporte e segurança.
A ideia central é que se o Estado é auxiliar de diversas formas das
empresas a se internacionalizarem e, se isto der resultados positivos no
longo prazo, isto também gerará vantagens para a população como um
todo?
Os países são comparados em agrupamentos por suas possíveis
semelhanças nos estágios de desenvolvimento econômico que alcançaram,
pelos desafios que têm pela frente e, também, pela forma em que atuam na
economia internacionalizada. BRICS, MINT, Triade, tigres asiáticos, entre
outras categorizações são tentativas de procurar as igualdades e as
diferenças entre as formas de atuar dos diversos países.

O problema de pesquisa que se apresenta é : “Os IEDs via fusões e


aquisições cross border aumentam o desempenho financeiro da empresa
adquirente e melhora o nível de qualidade de vida do país?”.

Se pretende analisar o nível tecnológico, o ambiente institucional e o


financiamento feito pelo Estado como suporte a internacionalização. Como
essas variáveis impactam no desenvolvimento dos países e a consequente
internacionalização de suas economias e empresas.

1.2 Objetivo

Verificar quais os fatores auxiliam na internacionalização de empresas


através de fusões e aquisições melhorando os resultados financeiros das
empresas adquirentes e se isto reflete no desenvolvimento do país.
  29  
 

1.3 Delimitação do Estudo

O estudo envolve o comparativo entre países selecionados que se


classificam como desenvolvidos, também chamados de tríade (Sassen
1994) - EUA, Alemanha e Japão - e outros classificados como emergentes
com grande destaque na economia global, BRICS - Brasil, Russia, India,
China e Africa do Sul - e MINT - México, Indonésia, Nigéria e Turquia, além
de países com algum histórico de interesse (Argentina, Chile e Coréia do
Sul).

1.4 Relevância do Estudo

Os ciclos de espraiamento das economias centrais para a periferia,


que são de modo geral classificados como períodos de maior
internacionalização da economia mundial, são a parte mais visível de um
processo evolutivo composto de quatro etapas: uma evolução científico-
tecnológica a priori, uma evolução da estruturação produtiva, mudanças
instirucionais com uma maior liberalização institucional e ideológica dos
mercados periféricos e centrais – ainda que esta liberalização não ocorra de
forma homogênea em todos os países – e, por fim, o processo mais notado
do aumento do comércio mundial e de investimentos estrangeiros diretos,
parte visível de cada ciclo de desenvolvimento do capitalismo.
Destaca-se o Estado como um dos atores promotores fundamentais
para a formação dessas ondas evolutivas que terminam num processo de
maior internacionalização. O entendimento de como este Estado se envolve
e impulsiona cada uma das quatro etapas, além de mostrar como ele se
relaciona com o setor privado em cada uma destas etapas e de certa forma
repassa o conhecimento aplicado para as empresas é de fundamental
importância para se propor uma forma de se engajar na próxima onda de
evolução tecnológica. Deve-se, também, avaliar a postura possível do
Estado Hospedeiro e em que medida ele contribui para diminuir ou aumentar
a distância entre os países no que tange ao seu desenvolvimento.
O desenvolvimento deve ser entendido aqui como a possibilidade de
uma melhoria da qualidade de vida da população em geral. Isto é, o
  30  
 

aumento na quantidade e qualidade dos produtos e serviços gerados devem


estar disponíveis dentro do possível de maneira universalizada.
Desta forma espera-se que o processo de desenvolvimento tecnológico
e de internacionalização possa influir de forma positiva na qualidade de vida
das pessoas.
A economia sob a égide do capitalismo vem se internacionalizando de
forma acelerada através de ciclos cada vez mais intensos e curtos. Desde a
formação do Estado moderno, final so século XIX até a década inicial do
século XXI, podemos destacar três destes momentos: 1870 a 1913; 1945 a
1973; e 1989 a 2008. Entender o que ocorre de comum nestes processos de
internacionalização permitirá identificar e analisar os fatores chave que
influenciam nos ciclos de internacionalização. Podendo auxiliar Estados e
Empresas a atuarem por exemplo no quarto ciclo que está nos primórdios de
sua gestação: A economia verde.
Os três ciclos anteriores tiveram suas características próprias, mas
propiciam delinear um processo básico com fatores comuns a todos eles. O
aprendizado do que há de comum poderá auxiliar países e empresas,
principalmente os países emergentes, como o Brasil, a alinhar uma
estratégia de atuação para embarcar, se não como protagonista principal,
pelo menos com um papel de destaque no cenário da economia
internacional.
O ciclo da economia verde pode ser pelas condições da América
Latina, e principalmente do Brasil, uma oportunidade de desenvolvimento
baseado em interesses nacionais.
Apontar para uma concertação, com objetivos e políticas de longo
prazo, onde os grandes atores estejam minimamente de acordo se faz
necessário para a construção de uma economia sólida, independente e
sustentável. Numa destas fronteiras de desenvolvimento, podemos citar
Unger (2012, p.71):

A tecnologia de uso florestal disponível no mundo foi desenvolvida


pensando nas florestas de clima temperado, que são muito mais
homogêneas e menos ricas do que a floresta tropical amazônica.
Nós precisamos criar a tecnologia necessária, e não ficarmos
esperando que o mundo a produza, através de empreendimentos de
mercado estimulados pelo Estado.
  31  
 

Ou seja, não se deve importar tecnologias mas desenvolve-las e


exporta-las com a ajuda do Estado como indutor do processo.
Para um país em desenvolvimento com baixo índice de complexidade
de sua economia. Torna-se necessário traçar uma estratégia que subverta a
ordem estabelecida propiciando um ciclo de desenvolvimento econômico e
de inserção na economia internacional que o leve a condição de
protagonista em alguns setores por ele escolhidas. Descrever um modelo
factível de ser seguido para alcançar esta meta é de fundamental
importância. O modelo escolhido deverá se tornar uma política de Estado,
dentro de uma concertação que envolva os agentes políticos e econômicos
com perfil desenvolvimentista.
O que as empresas brasileiras podem buscar lá fora via aquisições de
outras empresas são tecnologias que possam ser utilizadas de forma
adaptada ao modelo de desenvolvimento proposto para o país. Sabe-se que
isto se torna difícil de ser alcançado por conta de uma financeirização das
escolhas que leva as empresas a optarem por caminhos de resultados
rápidos que as valorizem de imediato nos mercados de capitais. Portanto,
projetos de investimentos com longa maturação encontram dificuldades na
busca de recursos necessários para sua implantação.
  32  
 

2. Os ciclos de Internacionalização do capitalismo e os fatores chave


de sucesso.

“[...]o entendimento da realidade é


inseparável da imaginação do futuro.”
Unger (2005, p.53)

Através do estudo dos últimos três grandes ciclos de


internacionalização procurou-se na literatura os fatores que estiveram
presentes de forma constante e imprescindível para o sucesso das
Empresas e do próprio Estado. A ideia de definir períodos de ondas de
internacionalização não é nova tanto que WESTON, CHUNG, e HOAG
(1990) quanto Post (1994) definiram para os Estados Unidos cinco ondas de
internacionalização. O que chama a atenção é que os autores embora
tenham as suas nuances nas explicações das ondas, de alguma eles
destacam o ambiente institucional, principalmente algumas leis restritivas, e
o avanço tecnológico.

2.1. As ondas de Internacionalização e o Estado.

A ação do Estado como empreendedor em associação com o setor


privado pode ser notada ao longo de toda a história, inclusive em termos de
expansão de seus domínios territoriais (internacionalização). A era dos
descobrimentos, a exploração das “Indias Orientais”, a formação das
colônias africanas e americanas, são exemplos da participação do Estado.
Naquela época o domínio dos Estados conquistados era feito pela força –
vide guerra do ópio ou o genocídio dos povos indigenas. De resto, o
processo parece sempre semelhante, um avanço tecnológico: como o
ocorrido no período das grandes navegações, mudanças institucionais:
assinaturas de tratados, alianças e sociedades mistas captadoras de
recursos financeiros de vulto – Companhia das Indias Orientais e Ocidentais,
e a partir daí uma exploração de novos territórios em busca de matérias
primas, especiarias, mão de obra barata e de mercado consumidor.
  33  
 

Porém, desde o final do século XIX, onde o capitalismo já está mais


consolidado, o processo veio se aperfeiçoando e a criação do Estado
Moderno evoluiu em questões econômicas através da criação de instituições
que fortaleceram o seu papel de agente protagonista. O que diferencia esses
momentos atuais é a forma com que as instituições foram utilizadas para
criar e manter algumas vantagens nas suas relações com os demais países.
Mas ainda mais importante, a forma como a tecnologia é subvencionada,
desenvolvida e apropriada pelos agentes da sociedade. Nestes anos de
Estado Moderno pode-se destacar três períodos importantes deste
processo de evolução tecnológica e internacionalização.

2.2. O Estado Moderno Internacional – 1870 a 1913

Entre 1870 e 1913 o capitalismo se desenvolve de forma espetacular


se comparado com períodos anteriores da história. Podemos destacar três
fatores para explicar esta evolução: (1) inúmeras inovações tecnológicas
que resultaram na ascenção da chamada indústria pesada e indústria
química: máquinas elétricas, motor de combustão interna, corantes
sintéticos, fertilizantes artificiais entre outras invenções (vide anexo 1). Estas
invenções trouxeram em seu bojo uma marca distinta em relação às
invenções do período da revolução industrial um século antes. As novas
tecnologias foram desenvolvidas pela aplicação sistemática dos princípios
científicos e de engenharia, podendo ser rapidamente aperfeiçoadas e
replicadas; (2) o sistema de produção em massa revolucionou a organização
do processo produtivo reduzindo sobremaneira os custos de produção; e (3)
o capitalismo adquire a formatação institucional básica que persiste até hoje:
a empresa de responsabilidade limitada, a lei das falências, o banco central,
o início de um Estado do bem estar social, as leis trabalhistas, entre outras
instituições Chang (2015, p.69-74). Mas este período também é chamado de
a primeira era da globalização, por ser a primeira vez que a economia do
mundo inteiro ficou integrada num só sistema de produção e trocas. Este
período glorioso da economia capitalista era atribuído por alguns estudiosos
como efeito de um liberalismo na política econômica. Havendo poucas
restrições aos movimentos de bens e mercadorias, pessoas e capitais. Na
  34  
 

verdade este período como demonstrado por Chang (2015) não teve este
caráter liberal. O grande instrumento de protecionismo neste período é a
barreira alfandegária, como se pode ver nas tabelas 1 e 2 há um nível
elevado de correlação entre o grau de industrialização dos países e o grau
de proteção de suas industrias via tarifas alfandegárias. Os dados
apresentam um grau de correlação positiva entre proteção alfandegária e
aumento da industrialização dos países mais desenvolvidos.

Tabela 1: Tarifas Aduaneiras Comparadas: 1865 - 1913


média tarifária a partir de receitas de importações sobre importações totais
Ano GBR EUA Alemanha França Japão Argentina Brasil
1865 8,3 33,7 3,7 4,7 4,9 17,5 25,7
1870 7,1 40,9 3,7 2,9 1,8 24,6 31,0
1880 4,7 30,1 5,8 5,2 7,1 26,4 37,2
1887 5,6 29,4 8,1 8,1 9,3 30,0 58,2
1888 5,1 28,4 8,7 8,8 7,0 28,3 47,6
1890 4,8 26,6 8,8 8,0 5,4 33,4 39,4
1900 4,6 27,0 8,1 8,8 5,8 26,5 30,1
1903 6,4 26,9 8,5 8,4 5,2 24,9 38,9
1905 6,4 25,1 8,8 8,6 7,0 23,9 49,3
1907 5,1 23,4 7,4 8,2 9,5 23,0 44,6
1910 4,5 21,0 7,4 8,2 7,8 21,6 41,9
1913 4,4 17,7 6,3 9,2 10,1 20,8 34,2
Fonte: Clemens-Willianson (2001)

Tabela 2: Potencial Industrial dos Países em relação ao Potencial Mundial em %


Países 1880 1900 1913 1928 1938
Grã-Bretanha 22,8 18,5 13,6 10,0 10,7
EUA 14,7 23,7 31,9 39,3 31,4
Alemanha 8,4 13,1 14,8 11,7 12,7
França 7,8 6,8 6,1 6,0 4,4
Itália 2,5 2,6 2,5 2,7 2,7
Russia/URSS 7,8 8,9 8,3 5,3 9,0
Japão 2,5 2,4 2,7 3,3 5,2
Centro 66,5 76,0 79,9 78,3 76,1
Desenvolvidos 79,1 88,9 92,5 92,8 92,8
3o mundo 20,9 11,1 7,5 7,2 7,2
Mundo 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Christian (2005, p.408)

A Inglaterra iniciou um movimento de redução de suas tarifas após


1880 objetivando manter o seu predomínio industrial. Tornou-se a menor
tarifa praticada entre os países Europeus. Durante este período foi a grande
  35  
 

defensora do livre comércio. Os resultados obtidos ao longo dos anos


parece não aprovar a estratégia utilizada pela Inglaterra. Os demais países
europeus e o Japão que iniciam um pouco mais tarde o seu processo de
industrialização têm um posicionamento contrário, aumentando suas
barreiras alfandegárias pós 1870, procurando proteger a sua indústria
nascente ou incipiente. O resultado, com excessão da França, é um
aumento de suas indústrias. Os países da América têm tarifas alfandegárias
muito superiores as praticadas na Europa. Deve-se lembrar que no caso das
Américas outro fator protecionista é a própria distância do continente
Europeu. Os países latino americanos, após expirar os tratados firmados
após a independência, elevaram suas tarifas alfandegárias. O Brasil embora
tivesse uma tarifa alfandegária alta para os padrões da época, não
conseguiu se industrializar. Pode-se levantar quatro argumentos, que
somados, podem explicar esta falta de industrialização: (1) o país não
tributava igualmente os produtos dependendo do país de origem. Desde o
período colonial que a Inglaterra tinha uma série de vantagens na venda de
produtos para o Brasil. (2) As tarifas alfandegárias muito elevadas a partir de
um certo grau só aparentemente têm um caráter protecionista. Isto porque
quando se elimina a concorrência através de mecanismos protecionistas
exagerados, torna-se a indústria local pouco estimulada a se desenvolver já
que tem garantias da manutenção de seu mercado sem esforço. (3) O perfil
exportador de commodities desestimula a industrialização por manter um
cambio favorável a importar os produtos industrializados. (4) A péssima
distribuição de renda não cria um mercado em tamanho adequado que
estimule a produção local. Quanto aos EUA, o problema é mais complexo já
que existiam duas economias distintas: a do Norte e a do Sul. Os EUA do
norte começaram a sua industrialização e procuraram se proteger dos
produtos europeus e garantir o mercado do sul do país para eles. Há uma
redução gradativa de suas tarifas pós virada do século XX na medida em
que a sua indústria ia se desenvolvendo e tornando-se mais competitiva não
necessitando de tanta proteção alfandegária. Embora a tarifa continuasse
elevada em comparação com os países industrializados europeus durante
todo o período.
  36  
 

Outros três fatores devem ser mencionados para que se entenda o


desenvolvimento desigual da industrialização nos diversos países, até
mesmo porque são parte do que podemos chamar de tripé básico para um
desenvolvimento tecnológico consistente, e portanto, um dos pontos centrais
para explicar a vantagem competitiva entre as nações e o sentido do fluxo
de internacionalização: a taxa de escolaridade-educação básica, a inovação
e o tempo de difusão das tecnologias.
Os exemplos utilizados por Clark (2007), na tabela 3, demonstram a
importância dos países se apropriarem das novas tecnologias. Também fica
claro, ainda que sejam apenas alguns exemplos, eles são de grande
relevância e demonstram que há uma correlação entre o tempo de
apropriação de novas tecnologias e o desenvolvimento industrial.

Tabela 3: Tempo de difusão de tecnologias inovadoras (em anos)


Fiação de Algodão 1771 Máquina a Vapor 1775 Locomotiva a Vapor 1825
País Anos País Anos País Anos
França 7 França 3 EUA 5
Alemanha 13 Alemanha 8 França 7
EUA 20 Holanda 10 Bélgica 10
Russia 22 Itália 12 Alemanha 12
Suiça 23 Rússia 23 Itália 14
Holanda 24 EUA 28 Holanda 14
Bélgica 28 Bélgica 16 Dinamarca 19
India 46 Suécia 23 Espanha 23
México 64 Índia 30 Índia 28
Brasil 75 Brasil 35 Brasil 29
Fonte: Clark (2007, p.304)

A partir do final do século XIX as inovações tecnológicas passam a ter


um caráter diferenciado como já dito antes. Elas surgem como
desdobramentos da pesquisa cientifica. As novas tecnologias foram
desenvolvidas pela aplicação sistemática dos princípios científicos e de
engenharia, podendo ser rapidamente aperfeiçoadas e replicadas (CHANG,
2015). Daí a importância de um sistema de ensino que potencialize a
pesquisa e que extenda as suas descobertas de um lado por sua relação
com o setor privado e de outro pela formação de mão de obra qualificada. A
tabela 4 procura mostrar o esforço do Estado na universalização da
  37  
 

Educação de base. Demonstra, também, uma alta correlação negativa entre


número de matriculados no ciclo fundamental de cada país e o atraso no
processo de industrialização e desenvolvimento. A falta de mão de obra
qualificada só foi suprida na medida da intervenção do Estado.

Tabela 4. Taxa de matricula no ciclo primário (por 10.000 habitantes)


Países 1830 1870 1900 1920 1939 1975
EUA 1500 1702 1969 1828a
Alemanha 1700 1550 1576 1570a
Itália 300 681 927 1113 1313
Japão 722b 984 1508 1695
Argentina 511b 808 1356 1417 1399
México 544 456 1314 1905
Brasil 119 258 455 854 1866
China 115 329 948c
Fonte: Easterlin(1981, p.18-19) a=1910; b=1882; c=1960

A junção da falta de educação fundamental, a demora da difusão de


novas tecnologias, o pouco interesse pela indústria, mantendo-se as suas
economias como fundamentalmente extrativistas e agrárias, levou os países
da periferia do capitalismo a um distanciamento crescente em termos de
desenvolvimento.
Apenas nas colônias africanas e asiáticas é que pode-se dizer que
houve uma liberalização econômica de fato. Ainda que tenha sido mais pela
força do que por ideologia. Os países mais fracos na época aceitaram o
laissez-faire.
As doutrinas de livre mercado tiveram adesão no que tange à política
fiscal (orçamento equilibrado) e à política monetária (padrão ouro) nos
países centrais. Por outro lado, esse período é marcado por uma presença
enorme do Estado, pois como dito acima, começaram a ser criadas as leis
trabalhistas, ainda que incipiente há o inicio de Estado do bem estar social,
tornaram-se demandas importantes: os investimentos públicos em
infraestrutura e em educação, e claramente o Estado passa a exercer uma
política de industrialização através da proteção tarifária. Não menos
importante lembrar a participação do Estado na manutenção e ampliação
dos mercados externos através das intervenções militares, vide manutenção
de colônias e de países sob o jugo da força - guerra do ópio, por exemplo.
  38  
 

De 1914 a 1945, podemos considerar que os países que se


industrializaram tardiamente não encontraram espaço para a colocação de
seus produtos no mercado internacional.
[...]a segunda guerra mundial foi uma luta pelo poder em âmbito
mundial. Os have-not powers (Alemanha e Japão, sobretudo) se
rebelaram contra a dominação imperial de há muito exercida pela
Inglaterra e pela França (e, em menor escala, pelos EUA)
Mazzucchelli (2013, p.19).

Podemos então, considerar o período das duas guerras como uma


busca por poder e mercados de alguns países retardatários na corrida
industrial e comercial para suas empresas e produtos.

2.3. Sob a Égide do Estado Provedor - Keynesianismo – 1945 a 1973.

Conhecido como era do ouro do capitalismo, o período de 1945 a 1973,


assim é definido por ter sido marcado pela maior taxa de crescimento já
registrada (vide tabela 5), por taxas de desemprego nos países capitalistas
avançados praticamente nulas, produção estável através de políticas
Keynesianas de estabilidade e inflação baixa.

Tabela 5 - Crescimento do PIB per capita em fases, entre 1870 e 1998.


% PIB
Grupos de Países 1870 - 1913 1950 - 1973 1973 - 1998 Global
Avançados (34) 1,56 3,72 1,98 53,40
Asia dinâmica (15) 0,38 2,61 4,18 25,20
Outros Asia (40) 0,48 4,09 0,59 4,30
América Latina (44) 1,79 2,52 0,99 8,70
Europa Or. E URSS (27) 1,15 3,49 -1,10 5,40
Africa (57) 0,64 2,07 0,01 3,10
Mundo 1,30 2,93 1,33 100,00
Fonte: Maddison (2001, p.128-129)

O que tornou está época da história economicamente tão excepcional


pode ser explicado por uma conjunção de fatores: a utilização de
tecnologias militares desenvolvidas nos anos da guerra no mercado civil, a
mudança e criação de instituições internacionais e nacionais e pela mudança
de padrões culturais e sociais.
  39  
 

O grande número de invenções desenvolvidas, para uso militar ou não,


durante o período que transcorreu entre e inclusive as duas guerras foram
ajustados para uso industrial e comercial, sendo lançados no mercado
mundial no pós guerra: computadores, eletrônicos, radar, turbinas a jato,
borracha sintética, etc (vide anexo 1).
Mudanças institucionais de peso também ocorreram. As instituições
criadas a partir do encontro de grandes economistas e representantes dos
países vencedores da guerra em Bretton Woods em 1944 tinham como
finalidade dar maior estabilidade à economia mundial. Isto permitiria uma
menor vulnerabilidade do sistema econômico que precederam os eventos da
1a e da 2a guerra. Pode-se destacar entre as instituições criadas, o FMI –
Fundo Monetário Internacional, BIRD – Banco Mundial e GATT – Acordo
Geral sobre Comércio e Tarifas.
O FMI tinha como missão financiar a curto prazo os países com
dificuldades no balanço de pagamentos. Estas dificuldades eram
decorrentes das dificuldades de contrabalançar as transações econômicas:
importações e exportações.
O BIRD foi criado para ser um banco de fomento, fornecendo fundos
para projetos de investimento. Portanto, nasceu com a finalidade de fornecer
recursos de longo prazo.
O GATT procurou desenvolver o comércio mundial através de
encontros – rodadas – que tinham por objetivo num primeiro momento baixar
as tarifas alfandegárias, principalmente dos países ricos. Isto estimulou o
comércio mundial.
Ainda cabe destacar a criação da Comunidade Econômica Européia,
um acordo de livre comércio entre diversos países do continente europeu.
A vitória de partidos de esquerda na Europa desenvolveu ainda mais
instituições que ampliaram os benefícios do Estado do bem estar social e de
maiores direitos trabalhistas.
Tão importante quanto as mudanças institucionais e o aproveitamento
do desenvolvimento tecnológico surgido durante a guerra foi a participação
mais ativa do Estado na economia, principalmente atuando sobre mercados
não regulados Chang (2015, p. 83).
  40  
 

As economias europeias que mais sofreram com a guerra, ainda


utilizaram do expediente de nacionalizar e estatizar muitas empresas e
setores inteiros. Vide Itália, Espanha, França, dentre outros.
Neste período a internacionalização se dará através das grandes
corporações multinacionais, que tiveram apoio maciço do Estado. Em plena
guerra fria, as multinacionais representavam uma bandeira do mundo livre e
do americam way of life em terras distantes. Os EUA se beneficiaram de sua
situação financeira e tecnológica no pós-guerra para expandir sua fronteira
econômica sobre o “mundo livre”. Segundo Buckley e Casson (1976) , a
onda de IEDs, com as Empresas Multinacionais instalando filiais em outros
países, no período do pós guerra, teve origem nas empresas intensivas em
P&D, permitindo tratar o conhecimento como um produto intermediário que
elas transferiam da matriz para as filiais no exterior. Mariotto (2007, p.63),
argumenta que “com o deslanche das Empresas Multinacionais - EMNs, logo
após a segunda guerra mundial, o aumento da demanda por produtos
baseados em conhecimento e o crescimento da eficiência e das economias
de escala na produção de conhecimento, somados às dificuldades de se
organizar um mercado para o conhecimento, criaram um poderoso estímulo
para a produção no exterior.”
Mazzucchelli (2013, p.37) resume este período sugerindo que os
países avançados após a guerra se encaminharam para uma mimetização
do modelo norteamericano de produção e consumo. Para tal três vetores de
intervenção embasavam as estratégias de competição entre países: a
incorporação da tecnologia de ponta, a imposição de modalidades de
organização empresarial avançadas e a estruturação de mecanismos de
financiamento adequados. E para ele tais intervenções seriam impossíveis
sem a gestão direta do Estado na formação de setores estratégicos, no
financiamento e na concessão de incentivos e subsídios, na promoção de
exportações e na direção a ser seguida no processo de produção.
Cabe destacar o início da descolonização africana que abriu, em
alguns casos, uma fronteira para a expansão das multinacionais americanas.
A resistência às antigas metrópoles européias foi intensa pelas antigas
colonias. Algo similar aconteceu no sudeste asiático embora com o uso da
força.
  41  
 

Segundo Mazzucchelli (2013, p.36):

A inflexão do crescimento na década de 1970 decorreu da contração


do investimento.[...] após duas décadas de crescimento ininterrupto,
que determinou - em decorrência das projeções mais pessimistas
quanto aos futuros rendimentos – a redução subsequente da taxa de
acumulação.

As expectativas pessimistas que destaca Mazzucchelli derivam do fim


da segunda onda de espraiamento das tecnologias utilizadas a partir do pós-
guerra. Após mais de duas décadas de expansão das tecnologias da
segunda onda seria natural que as margens de lucro recuassem levando a
um período de estagflação.
A exceção a regra, a chamada Asia dinâmica (tabela 5), cresceu como
os demais países frente ao período anterior de grande desenvolvimento
(1870-1913), mas contiuou crescendo no período seguinte acima da era de
ouro. Isto pode ser explicado em parte por ser a região que iniciou a era
dourada sob guerras internas, com intervenções das grandes potencias
direta ou indiretamente, em vários de seus principais países: China,
Vietnam, Coreia, entre outros. E em parte porque suas reconstruções
(principalmente Coreia e Vietnam) foram financiadas pelos EUA e
organizadas pelo Estado, através de governos fortes que dirigiram os
investimentos para o desenvolvimento tecnológico e para a exportação.
Após mais de duas décadas de expansão sem quase nenhum
percalço, a economia global passou a claudicar. No período de 1973 a 1989
decorre uma série de mudanças no campo político que afetariam a
economia mundial. No lado leste houve a queda do muro de Berlin, a
Perestroika, e a Coca-cola na China. No lado Oeste a vitória de partidos
conservadores – Tatcher, Reagan e Pinochet - de discurso liberal e pró
privatização dos serviços públicos via em sua maior parte concessões.
  42  
 

2.4. A Mundialização Financeira – do fim dos anos 80 a 2008.

“Globalization was supposed to bring


unprecedented benefits to all. Yet, curiously, it
has come to vilified both in the developed and
developing world”—Joseph E Stiglitz, Making
Globalization Work, 2006.

“Quando a internet atingia seu mais alto grau de


efervescência em 2000,[...]O vale do Silicio havia
se transformado. O entusiasmo de solucionar
problemas interessantes criando novas
tecnologias já havia esmaecido, e os retornos
financeiros imediatos prevaleciam sobre a missão
de construir empresas de fato duradouras.”-Estrin
(2010, p.29)

Embora este 3o ciclo de internacionalização, nomeado de globalização,


sob a égide do neoliberalismo tem tido como um de seus maiores feitos uma
liberalização do capital mundial e a financeirização das decisões
econômicas, ele não difere dos demais no que tange ao processo descrito
nos demais ciclos. A evolução tecnológica em TI e nos meios de transporte e
logística, talvez sejam o braço mais visível. Seguida de uma liberalização
dos capitais sem precedentes mudou a forma de valorizar os
empreendimentos. O curto prazo tomou conta das perspectivas de
investimento. Nestas últimas 3 décadas houve um deslocamento qualitativo
da coordenação da economia mundial da esfera industrial para a esfera
financeira. É necessário partir deste entendimento se desejamos
compreender o processo da globalização em seu conjunto. A globalização
vista por Chesnais denota uma organização onde se destacam algumas
peculiariedades: (1) integração “imperfeita” e “incompleta” dos mercados
financeiros fortemente hierarquizados; (2) Carência de controle e supervisão;
e (3) A unidade dos mercados financeiros é assegurada pelos operadores
financeiros. Ainda ressalte-se três dimensões da ascensão do setor
financeiro: (1) Relativa autonomização da esfera financeira em relação à
produção e em relação à capacidade de intervenção das autoridades
monetárias; (2) das formas de valorização do capital de natureza
especificamente financeira; e (3) são os operadores que definem quais tipos
  43  
 

de transações, quais países e quais agentes econômicos irão participar.


Destes aspectos derivam-se as características principais aparentes em
nossa época: (1) os capitais estão mais propensos a se liberarem de seus
compromissos rapidamente (foot-loose) gerando maior volatilidade e
consequentemente crises em seus países hospedeiros; e (2) os países em
vias de desenvolvimento são os mais penalizados por não possuírem
mercados financeiros tão integrados e nem empresas capazes de atuar nos
mercados de títulos dos mercados centrais de forma significativa Chesnais
(1998, p.7-33).
No capítulo sobre O homem de Davos, Priestland (2014, p.204-264),
assinala que nestes 30 anos de predomínio do liberalismo econômico
milhões de pessoas se tornaram ricas, porém, os riscos aumentaram de uma
crise sem precedentes. Priestland (2014) assinala (1) a ruptura de
instituições importantes para o aumento potencial do desequilíbrio da
economia e (2) a perda da fé nos condutores da economia de então, mais
precisamente, nos autodenominados Keynesianos, como os fatores que
fortaleceram o movimento atual do capitalismo.
A desregulamentação do setor bancário nos dois principais centros
financeiros do mundo (EUA e UK) é um movimento que tem seu início nos
anos setenta, valendo destacar a abolição da Lei Glass-Steagal, criada no
New Deal. A revogação da lei permitiu aos bancos internacionais usarem a
poupança das famílias comuns para fazer investimentos de alto risco nos
mercados financeiros internacionais. Ao mesmo tempo destaque-se a função
do FMI em pressionar outros países a abrir seus mercados financeiros para
os bancos de investimento estrangeiros.
O Keynesianismo tecnocrático, já desacreditado pós anos setenta foi
substituído por uma nova linha de pensamento. Os adeptos da Hipótese do
Mercado Eficiente - HME. Estes acreditam que os indivíduos agem
racionalmente, isto justificou a fé que os seguidores do mercado
depositaram nos bancos e nos mercados financeiros: só eles poderiam
reagir ao mercado de forma racional e investir capital onde estes fossem
mais produtivos.
Priestland (2014) ainda destaca a importância do que ele chamou
sábios pró-mercado em difundir como um dogma a HME.
  44  
 

Os sábios pró-mercado fizeram, sem dúvida, uma diferença enorme


para o poder do comerciante (capital financeiro principalmente). A
influência deles foi considerável – nas colunas de opinião dos
jornais, nos governos, nas organizações internacionais e em
poderosas instituições privadas, tais como as agências de
classificação de crédito, que avaliam as políticas econômicas do
governo e podem provocar uma fuga de capitais ao reduzir a nota
que lhes atribuem. Também tinham um conjunto de ideias elegantes
e com coerência interna, que podiam ser compreendidas por
pessoas comuns, pelo menos em um nível básico (PRIESTILAND,
2014 p.210).

A principal objeção, é claro, era que esse novo capitalismo mercantil


não podia ser a base para empregos e investimentos de longo prazo.
O capital precisa ficar imobilizado, a fim de financiar a pesquisa e as
competências necessárias para as complexas indústrias de alta
tecnologia (PRIESTILAND, 2014 p.219).

Se fica claro a dominância da lógica do capital financeiro sobre o


industrial neste último ciclo de internacionalização. Isto não significa que
esta internacionalização não seguiu o mesmo modelo dos ciclos
precedentes. Uma evolução tecnológica profunda em Genética, TI e
Telecomunicações associada a uma revolução na logística internacional
foram preponderantes para a evolução deste ciclo, além é claro da inovação
dos produtos financeiros e da forma de operá-los, os chamados produtos
derivativos. Institucionalmente a maioria dos países deram uma guinada a
direita. Abriram suas economias através da flexibilização de suas leis
permitindo uma maior participação do capital estrangeiro em suas
economias. Há uma compressão tempo/espaço na estruturação das
sociedades e comunidades planetárias (BAUMAN, 1999)
Denota-se também que a evolução do novo ciclo tem um período mais
curto de duração do seu ápice. Se o ápice do primeiro ciclo durou pouco
mais 40 anos, o segundo durou pouco mais de 20 anos e este pouco mais
de 10 anos. O espraiamento se dá de forma mais intensa e rápida dos
países centrais gestores da tecnologia para os países periféricos. Porém
mais rapidamente as margens sobre os produtos caem. O valor dos ativos
que incham com uma certa rapidez eufórica, perdem também o seu valor
  45  
 

com a mesma rapidez ou até mais rápido, gerando crises constantes. O ano
de 2008 representa este fenômeno de crise.
Aparentemente apenas um novo ciclo de evolução científico-
tecnológico pode tornar a impulsionar a economia global.

O período mais recente – 1973 a 2014 - foi dividido em quatro etapas


para se visualizar a evolução da economia mundial. De 1973 a 1988 tivemos
um período de transição política como já descrito acima associado a um
esgotamento do ciclo impulsionado pelas tecnologias do pós guerra - golden
age. Natural, então, a queda acentuada nas taxas de crescimento do PIB per
capita na maioria dos países e regiões em relação a era de ouro. O período
de 1989 a 1998 marca a instalação definitiva da ideologia liberal com a
subida do poder de Tatcher e Reagan. Esse período é marcado pelo
discurso de liberalização da economia. No âmbito interno prega-se mais
veementemente a redução do tamanho do Estado e de suas funções –
privatização de uma série de atividades antes desenvolvidas pelo Estado.
“Foi sob o domínio da doutrina do Mercado livre que se acelerou a
globalização. O Mercado transformou-se no principio de organização da
economia capitalista, em contraposição ao Estado-nação.” Nakano (2012,
p.264-270). No âmbito externo uma redução das barreiras entre países dos
fatores de produção – com excessão a mão de obra como assinala Coyle
(2003, p.181).

De fato, embora algumas medidas, como investimentos e correntes


comerciais ou a extensão da produção estrangeira por companhias
multinacionais, mostrem que a globalização da economia mundial já
ultrapassou as referências definidas na onda de globalização que
ocorreu no fim do século XIX e no começo do XX, o contrário é
verdadeiro no caso da imigração. O fluxo de pessoas é o elo perdido
na globalização moderna. Pró-globalizadores não vêem problema na
ideia de que mercadorias, serviços e capital devem ser livres para ir
a qualquer lugar do mundo, mas por alguma razão o mesmo
princípio geralmente não se aplica às pessoas.

Bauman sublinha que apenas os acionistas “são o único fator


autenticamente livre da determinação espacial” (BAUMAN,1999 p.15).
Destaque, também, deve ser dado a liberalização do fluxo de capitais,
mudando a forma de se pensar os investimentos e seus retornos –
  46  
 

encurtamento do tempo de retorno e aumento da volatilidade do capital. O


período de 1999 a 2008 pode ser descrito como o da integração das
tecnologias da informação: dados, voz e imagens operando de forma
conjunta e com uma rapidez nunca antes vista. Avanços na área médica
também modificaram não só as expectativas de vida, mas todo o estilo de
vida das famílias. Desde a escolha por retardar o nascimento dos filhos até
se manter com uma certa qualidade de vida por mais tempo, para quem
pode pagar por isso. A pirâmide etária definitivamente esta ficando de
pernas pro ar. Estas tecnologias se espraiaram com muita rapidez por todos
os países principalmente através de IEDs, e dentre as formas de alcaçarem
novos territórios cresceram as fusões e joint ventures.
Após o inicio da crise em 2008 até os dias de hoje, quarta etapa, tem
se aprofundado o sentimento de que as economias precisam se reciclar.
Que o modelo mais amplo da economia mundial precisa incorporar de forma
mais definitiva e central questões tais como, bens comuns colaborativos,
economia verde, crowdfunding e a internet das coisas (RIFKIN, 2015)
(MAZZUCATO, 2014).
Como destaca Nakano (2012, p.264-270) “Essa é uma crise centrada
nos Estados Unidos e na Europa, portanto, como vimos, é uma crise do
próprio centro do sistema global de poder, com todas as suas implicações. O
que está em jogo é uma variedade de capitalismo que chegou ao seu limite
e a provável ascensão de um novo tipo de capitalismo e globalização.”
Pode-se visualizar nas quatro etapas, descritas acima, e na evolução
dos PIBs per capita (tabelas 6 e 7) que mesmo com a evolução tecnológica,
destaque para a TI e a biotecnologia, o PIB per capita mundial veio
perdendo sua força de crescimento principalmente nos países centrais. O
curto período de dez anos – 1999 a 2008 – é uma excessão nos indicadores
do PIB per capita a nível mundial. Porém, para os países centrais: Europa,
Japão e EUA até mesmo este período foi de declínio. O desenvolvimento
dos BRICS e outros países de economia média foram responsáveis por
acelerar o PIB per capita durante a década em destaque. Foi através de uma
participação maior na economia global desses países, que evoluíram seu
desempenho através da apropriação de tecnologias adquiridas pelo
desenvolvimento, compra, joint ventures, fusões ou até mesmo pela cópia. O
  47  
 

que há de comum nesses países é uma participação intensa do Estado,


ainda que em cada um dos países o Estado tenha uma forma diferente de
atuação na Economia. Através de escolhas de empresas campeãs,
financiamentos, subsídios, P&D, empresas estatais, participação acionaria
em empresas privadas pelo Estado, de forma direta ou indireta, entre outras,
a participação do Estado nesse período foi intensa na economia e explica
parte do desenvolvimento desses países num momento em que o centro da
economia esteve desacelerando. Após anos de uma lógica econômica
baseada na ideia de que o mercado pode dar as diretrizes de forma eficiente
para a economia, Nakano avalia que desde 2008 “Por razões de
sobrevivência do próprio capitalismo, o Estado-nação está retomando a sua
função reguladora e controladora dos mercados num processo adaptativo.”
Nakano (2012, p. 264-270).

Tabela 6 :Crescimento (%) do PIB per capita em países selecionados 1973 - 2014.

País 1973-1988 1989-1998 1999-2008 2009-2014


Alemanha 2,28% 1,88% 1,57% 0,89%
Argentina -0,49% 2,57% 1,37% 2,53%
Arábia Saudita -1,69% 0,22% 1,99% 2,16%
Australia 1,60% 1,88% 2,25% 0,75%
Brasil 2,48% 0,49% 2,05% 1,66%
China 6,89% 8,31% 9,41% 8,15%
Coreia 8,08% 5,17% 5,06% 2,71%
Espanha 2,03% 2,41% 2,07% -1,19%
Estados Unidos 2,20% 1,89% 1,56% 0,57%
Holanda 1,57% 2,51% 2,02% -0,76%
India 2,21% 3,41% 5,17% 6,05%
Indonesia 4,41% 3,76% 3,31% 4,24%
Italia 2,93% 1,61% 0,90% -2,06%
Japão 3,32% 1,69% 0,95% 0,40%
México 1,42% 1,74% 1,10% 0,48%
Reino Unido 2,34% 1,73% 2,11% -0,06%
Switzerland 0,62% 0,68% 1,60% -0,01%
Turquia 2,11% 2,57% 2,39% 2,30%

Fonte: Banco Mundial. Cálculos do Autor


 

 
 
 
  48  
 

 
 
Tabela 7 : Crescimento (%) do PIB per capita em regiões e blocos econômicos 1973 -2014

Regiões e Países selecionados 1973-1988 1989-1998 1999-2008 2009-2014


East Asia & Pacific (all income levels) 3,14% 2,42% 3,25% 3,24%
East Asia & Pacific (developing only) 5,54% 6,68% 7,79% 7,11%
Euro area 2,26% 2,00% 1,65% -0,43%
Europe & Central Asia (all income levels) 1,96% 1,39% 2,38% -0,09%
Europe & Central Asia (developing only) 1,52% -1,04% 4,63% 1,94%
European Union 2,20% 1,96% 2,01% -0,17%
Heavily indebted poor countries (HIPC) -0,37% -1,09% 1,85% 2,31%
High income 2,31% 1,80% 1,92% 0,38%
High income: nonOECD 0,00% -0,02% 4,40% 1,68%
High income: OECD 2,41% 1,94% 1,74% 0,32%
Latin America & Caribbean (all income
levels) 1,42% 1,31% 1,76% 1,41%
Latin America & Caribbean (developing only) 1,86% 1,06% 1,82% 1,50%
Low & middle income 2,38% 2,13% 4,40% 4,04%
Low income -0,06% -1,32% 1,88% 3,37%
Lower middle income 1,84% 1,21% 4,02% 4,14%
Least developed countries: UN classification -0,05% -0,16% 3,68% 2,56%
Middle East & North Africa (all income levels) 0,73% 2,07% 2,84% 1,16%
Middle East & North Africa (developing only) 0,54% 1,67% 2,70% 0,07%
Middle income 2,46% 2,26% 4,56% 4,19%
North America 2,19% 1,80% 1,59% 0,56%
OECD members 2,25% 1,83% 1,64% 0,25%
South Asia 2,27% 3,03% 4,70% 5,48%
Sub-Saharan Africa (all income levels) -0,48% -0,84% 2,34% 1,21%
Sub-Saharan Africa (developing only) -0,48% -0,88% 2,25% 1,26%
World 1,50% 1,15% 1,85% 0,76%
Fonte: Banco Mundial. Cálculos do Autor.

2.5. Destacando os fatores

Embora cada um destes três ciclos de internacionalização tenha a sua


característica própria, fica claro que todos eles seguem um processo de
evolução tecnológica, adaptação de instituições, participação de um
mercado financeiro articulado e indutor do desenvolvimento – com
instituições públicas e privadas, mudanças na gestão dos arranjos
produtivos e uma participação fundamental do Estado durante todo o
processo. Também denota-se que os ciclos se tornaram mais curtos e mais
dependentes de sua abangencia em termos de países alcançados. Os
impactos econômicos e sociais parecem ser mais relevantes nos países com
  49  
 

alguma infraestrutura para receber as novas tecnologias. Podendo até


tornarem-se atores com alguma relevância na dissiminação e na produção
de produtos e serviços com as novas tecnologias embarcadas.
Destacam-se, portanto, os fatores tecnologia, recursos financeiros
abundantes e existentes de forma organizada, ambiente institucional que
favoreça as empresas, políticas governamentais consistentes.
  50  
 

3 Descobertas científicas, Evolução Tecnológica e Novos produtos e


serviços revolucionando o mercado e a sociedade.

Após destacar a tecnologia, os recursos financeiros, o ambiente institucional


como os fatores que influenciam o desenvolvimento econômico através das
da evolução das empresas. E, dar destaque ao papel do Estado durante
todo o processo de criação de uma nova onda de desenvolvimento
econômico. Procura-se aprofundar no processo de geração de tecnologia e
a importância da internacionalização das empresas como forma de
rentabilizar os investimentos realizados.

3.1. Estado e Tecnologia

Os estudos sobre a internacionalização por um lado, e as pesquisas


sobre o desenvolvimento científico-tecnológico, por outro, têm estado
dissociados. O desafio aqui colocado é o de demonstrar que há uma trilha
que unifica os dois campos de estudo. Este caminho que se origina com a
geração de demandas por soluções de problemas com alto grau de
complexidade e como um grande desafio aos cientistas tem como
demandante em última instância o Estado. As demandas feitas em grande
parte por agencias do Estado, tais como no caso paradigmático americano,
pelo Exército, NASA, DARPA, AEIC, ARPA, ARPA-E, CERN geram uma
agenda que envolve a maior parte dos centros de pesquisa mundiais. Dessa
forma, por um lado, a técnica, oriunda da ciência, passou a ser o principal
fator de produção na criação de valor nas sociedades avançadas
(SILVEIRA; BAZZO, 2014) e (PRIESTLAND, 2014 p.86). De outro lado, a
demanda gerada pelos organismos estatais permitem que o alto grau de
insucesso no curto prazo em pesquisas de ponta se transformem em
sucessos técnico-científicos e econômico-financeiros de longo prazo
(MAZZUCATO,2014).

Grandes laboratórios de pesquisa ao redor do mundo –


Universidades, Laboratórios de grandes empresas e laboratórios públicos,
que precisam de respaldo financeiro e demanda constantes para
  51  
 

sustentarem suas pesquisas. O patrocínio a fundo perdido, pelo menos nas


etapas iniciais de desenvolvimento de novas áreas de pesquisa, só podem
estar a cabo de órgãos financiadores que aceitem o elevado grau de risco e
o longo tempo percorrido até haver algum sucesso, isto é, por agencias de
fomento vinculadas ao Estado. Da geração do conhecimento até a sua
utilização em algum produto ou serviço decorrem muitos anos e muitas
etapas distintas. Na medida em que o conhecimento se torna aplicável –
tornando-se em tecnologia - o nível de risco cai substancialmente.
Normalmente é neste momento que o capital aventureiro privado começa a
se interessar e ao mesmo tempo o conhecimento e as tecnologias migram
dos laboratórios das Universidades e dos laboratórios públicos para
pequenas empresas de alta tecnologia, que hoje em dia são chamadas de
born globals. Um longo caminho foi percorrido quando estas empresas
surgem e muitos recursos públicos já foram gastos. Esta passagem dos
laboratórios das universidades para as empresas recém abertas é crucial
para se entender em que momento o investimento público se torna um bem
privado (MAZZUCATO, 2014). Mas estas empresas nascentes ainda que
possam contar com recursos privados, dependerão de recursos públicos
durante muito tempo ainda. Os produtos que se encontram ao nosso redor
são compostos por tecnologias desenvolvidas por dezenas de anos e
financiados por milhões senão bilhões de dólares. Para que se torne
sustentável esse processo descrito acima é necessário que os produtos
atinjam uma escala de vendas impossível de ser alcançada a nível de uma
localidade. Daí não haver alternativa, os produtos já se originam tendo que
ser vendidos em escala global para serem viáveis. Portanto, a
internacionalização não é uma escolha das empresas, ela é uma etapa
natural e obrigatória para a sobrevivência das empresas e do modelo de
desenvolvimento adotado.
  52  
 

3.2. A internacionalização sob o ponto de vista da macroeconomia e da


estratégia empresarial.

A literatura atual sobre internacionalização pode ser dividida, segundo


a sua origem epistemológica, em duas áreas distintas de estudo para efeito
de análise. Mariotto (2007,p.14) define-as como as áreas de estudo do
comércio exterior e das empresas multinacionais.
A área do estudo do comércio exterior, a mais antiga, se confunde com
a própria origem da ciência econômica. Desde Adam Smith e David Ricardo,
com as teorias das vantagens absolutas e comparativas, até chegarmos no
modelo de Heckscher-Ohlin, no qual é dada ênfase à exportação dos fatores
de produção abundantes e à importação de fatores escassos. Esses estudos
têm como finalidade o desenvolvimento dos países de uma forma geral. Esta
corrente, já em sua origem, segue o receituário liberal dando pouca ou
nenhuma ênfase ao papel regulador e de fomento do Estado, a não ser
como coadijuvante do processo.
O estudo das empresas multinacionais, por sua vez, tem sua origem
nas escolas de negócios. A metodologia e o enfoque são diferentes dos
economistas, pelo menos em sua visão macroeconômica. O objetivo dos
estudos desta área é o de orientar as empresas na busca do lucro através
da internacionalização. A maioria dos estudos seguem a análise de casos de
sucesso na internacionalização. Se dá pouca ênfase na confecção de uma
teoria abrangente Mariotto (2007,p.14). A ideia é criar um receituário de
como empresas devem agir para atuar com sucesso no exterior. Estudos
representativos nessa área são os de Stopford e Wells (1972), os de
Johanson e Vahlne (1977), Hamel e Prahalad (1983), Porter (1986), Ohmae
(1989), Bartlett e Ghoshal (1989) Yip (1992) e Doz et al. (2001). Neste tipo
de análise pouca ou nenhuma consideração é dada às condições
econômicas e sociais dos países hospedeiros e da forte ajuda necessária do
país patrocinador na internacionalização de suas empresas.
Conjuntamente, estas duas frentes, propiciam pensar que a
Internacionalização é unicamente função de um ato voluntário das
empresas.
  53  
 

Não se pretende analisar as diversas escolas e suas abordagens,


apenas esclarecer as suas limitações ao não relacionarem o
desenvolvimento tecnológico com a internacionalização e o papel de
protagonista do Estado neste processo e a falta de escolha quanto a
necessidade de se internacionalizar.

3.3. O ciclo completo e o papel do Estado.

Na introdução de seu livro Estrin (2010) descreve sua trajetória profissional,


que surpreendeu a si própria e a sua família. Mas se estudarmos a história
de muitos dos criadores das ponto.com e outras empresas de tecnologia dos
anos 70 e 80 iremos encontrar relatos similares aos de Estrin (2010, p.65 ).

Quando me matriculei na UCLA, em 1971, as primeiras sementes do


que mais tarde se tornaria a Internet estavam apenas começando a
germinar nas universidades e nos laboratórios de pesquisa fundados
pelo departamento de Defesa. Depois de testemunhar toda a
agitação em torno dessas tentativas pioneiras de interligar
computadores em diferentes partes do globo, quis fazer parte do
plano, e me mudei para o norte do país para uma pós-graduação na
Universidade de Stanford, bem no centro do que hoje chamamos de
vale do Silício. Era a mais jovem e a única mulher em uma equipe de
pesquisa liderada por Vint Cerf, pioneiro da Ciência da Computação
que mais tarde seria chamado de pai da Internet. A equipe de
estudantes de pós-graduação de Cerf estava desenvolvendo um
novo tipo de software de rede – código que possibilita que os
computadores troquem informações – denominado protocolo de
controle de transmissão ou TCP. A sensação de que estávamos
trabalhando em algo importante era unânime. Contudo, mal
sabíamos que o software que desenvolvíamos naquele momento se
tornaria o pilar da Internet e da Web.
Daí me ocorreu uma serendipidade, e eu estava preparada. Meu
primeiro emprego foi em uma empresa de computação que havia
acabado de ser criada, a Zilog, onde descobri a magia de trabalhar
em uma equipe pequena e talentosa. Percebi também que minha
verdadeira paixão e competência não era interagir com máquinas,
mas trabalhar com pessoas para introduzir novas tecnologias no
mercado. Surpreendendo toda a família, até a mim mesma, me
tornei empresaria e empreendedora. Conheci meu ex-marido, Bill
Carrico, na Zilog. Quando fundamos a Bridge Communications, em
1981, nem imaginávamos que acabaríamos criando sete empresas
juntos.

O caminho trilhado entre a graduação e a fundação de diversas


empresas parece consistente com a história e a época vivida por Estrin e
uma série personagens conhecidos como Bill Gates e Steve Jobs entre
  54  
 

outros. Como esse pequeno trecho acima demonstra, há um investimento


maciço do Estado, através do departamento de Defesa norteamericano, em
pesquisa. É o departamento de Defesa o demandante da pesquisa, o
fundador e/ou fomentador dos laboratórios de pesquisa e seu financiador. As
Universidades estavam engajadas nas pesquisas de ponta e os jovens
pesquisadores tinham um terreno fértil para o seu desenvolvimento. A
passagem da academia para a vida privada fluía com uma certa
naturalidade. Na medida em que várias empresas de tecnologia eram
criadas e suas pesquisas eram demandadas e financiadas pelo Estado,
através respectivamente das agencias ligadas a defesa e a corrida espacial
e de suas agencias de fomento. Não era um problema largar o laboratório da
universidade e criar uma empresa quando se sabia que os seus serviços
seriam contratados pela mesma agencia que já patrocinava as pesquisas
nas Universidades. Daí a levar o conhecimento adquirido em anos de
pesquisa dentro dos laboratórios universitários para empresas recém
criadas que viabilizassem o uso destas tecnologias em produtos
consumíveis era apenas a parte final do processo. Onde o conhecimento
científico se tornava em produtos e serviços de prateleira.
Mazzucato (2014) demonstra que o caminho do investimento em
pesquisa até se tornar algo de uso comercial é longo e arriscado. As
primeiras etapas do processo são as mais arriscadas e as mais longas. Por
isso mesmo estas primeiras etapas acabam sendo demandadas e
financiadas pelo Estado e suas agencias. A taxa de insucesso é muito alta
no início das pesquisas mas se torna bem menor conforme vai se
delineando os potenciais usos do conhecimento adquirido dentro dos centros
de pesquisa. O capital de risco privado só inicia o seu processo aventureiro
de investimento quando os riscos dos projetos já atingiram um grau apenas
moderado.
Ghosh e Nanda (2010) descrevem estágios de investimento do capital
de risco e os associa ao processo de pesquisa e lançamento de produtos
conforme figura 1.
  55  
 

Figura 1: Capital de risco e o processo da pesquisa pura ao desenvolvimento de produtos

Análise  da  ideia   Consolidando  a  


Pesquisa  básica  e   e  testes  pré-­‐ viabilidade   Posicionamento  
aplicada   em  larga  escala  
comerciais   comercial  

Universidades, governo
 

Capital de risco

Projeto/ativos financeiros,
aquisições
por empresas estabelecidas,
mercados de capital público e
privado
Fonte: Ghosh e Nanda (2010)

Esta figura apresentada pelos autores não demonstra a verdadeira


participação do capital público em termos de risco. Primeiro por que a
primeira fase da pesquisa básica e aplicada é a mais demorada, a mais cara
e a que tem a maior taxa de insucesso. Segundo, que as demais etapas
contam também com recursos do Estado em percentual relevante
(AUERSWALD; BRANSCOM, 2003 p. 232).
Estrin (2010, p.71) descreve que:

“Ao avaliar as estratégias de inovação sustentável que funcionaram


no passado, precisamos igualmente adapta-las às novas realidades
econômicas e sociais do mundo contemporâneo. Vários grupos
precisam ser envolvidos para solucionar esse problema, dentre os
quais empresas, organizações governamentais, instituições
financeiras, empresas sem fins lucrativos, acadêmicos, educadores e
pais. Para avançarmos efetivamente, esse conjunto diverso de
protagonistas terá de contar com uma estrutura e linguagem
comum.”
  56  
 

Ao concordar que uma orquestra necessita de vários instrumentistas


diferentes também denota-se a importância de se destacar o papel do
maestro. O Estado tem que assumir essa função.
Carlos Arruda (2015), coordenador do núcleo de inovação da
Fundação Dom Cabral, afirma que “nossas escolas de negócios ensinam o
empresário a ser conservador, a olhar resultados de curto prazo. Com a
inovação é o oposto, é preciso arriscar e planejar para o futuro.” Estrin
(2010), também lamentava-se alertando que a prioridade do entusiasmo de
resolver problemas tinha dado espaço para prioridade dos retornos
financeiros imediatos, prevalecendo sobre a missão de construir empresas
de fato duradouras.
  57  
 

4 A internacionalização do Estado sob a ótica dos países receptores e


dos países promotores.

“O que nos tem faltado , além da


qualificação do nosso povo e da ampliação de
oportunidades, é uma disposição de jogar o
formulário fora. Há duas lições que podemos tirar
do que ocorreu no plano internacional nas últimas
décadas. Primeiro: vai para a frente quem se abre
para o mercado e para o mundo. Segundo: só vai
para a frente quem, ao se abrir para o mercado e
para o mundo, joga fora o formulário.” Unger
(2012, p. 46)

Antes de se avaliar as perspectivas existentes para os países quanto ao seu


posicionamento frente a internacionalização, cabe discriminar o processo de
internacionalização sob a ótica do papel do Estado receptor dos
investimentos e do papel do Estado de origem destes investimentos. Há uma
Internacionalização de fora para dentro, ou seja, o fenômeno que é
percebido pelo país que hospedará investimentos estrangeiros e que
comporá sua matriz de produção com uma maior participação de empresas
estrangeiras. E, há outra percepção de internacionalização de dentro para
fora, isto é, a identificação de um movimento das empresas locais em
procurarem expandir suas fronteiras para fora de seu país sede. Há uma
assimetria, de forma geral, entre o país receptor de investimentos diretos e o
país que patrocina suas empresas a investirem no exterior. De qualquer
forma as experiencias dos setores da economia que tiveram êxito contaram
com uma grande participação do Estado. Como expõem Deos y Oliveira
(2011, p.67) “Las experiencias exitosas en materia internacionalización de
los sectores productivos se debió a políticas públicas concretas en el marco
de estrategias estatales alejadas de la idea de laissez faire.”
  58  
 

4.1. A internacionalização de fora para dentro

O processo de internacionalização que ocorre de fora para dentro, de


forma geral, torna o País receptor dos fluxos de capital refém das estratégias
desenvolvidas pelas grandes corporações. Tornando a sua economia muito
volátil e vulnerável às mudanças de projetos das grandes empresas
multinacionais. Cabe ressaltar o desestímulo ao investimento em inovação
tecnológica oriundo deste tipo de internacionalização, dado que as empresas
aportam no país hospedeiro com uma tecnologia embarcada em seus
produtos superior àquela que poderia ser desenvolvida no curto prazo pelos
centros de pesquisa locais. Cabe destacar ainda que as tecnologias
importadas que estão incorporadas nos produtos de forma geral causam
dois tipos de problemas. O efeito caixa preta, onde muitas das tecnologias
não serão aproveitadas para se realizar spill overs e a inadequação de parte
das tecnologias internalizadas, pois são constituídas para desempenharem
um eficiente papel em seus países originários e não são obrigatoriamente as
mais adequadas para os países hospedeiros. Unger (2012 pg71).
Cabe ao Estado receptor de tais investimentos desenvolver uma
política que permita abrir as possíveis caixas pretas e, com isto, absorver as
tecnologias embarcadas e dissemina-las e, ao mesmo tempo, negociar e
orientar para o desenvolvimento de produtos e serviços mais adequados aos
interesses e às condições locais.
Quanto mais assimétrica é a relação tecnológica entre o país hospedeiro e o
processo produtivo da empresa entrante mais se torna viável, desde que
haja uma intervenção do Estado durante todo o processo, que se possibilite
o avanço tecnológico por um processo mimético. Como ressalta Nakano
(2012) “Como a nossa indústria e os serviços, sobretudo, estão longe da
fronteira tecnológica, há um espaço imenso para aumentar a produtividade
do trabalho com simples processo de catch-up. Trata-se apenas de copiar e
trazer bens de capital de última geração para que a produtividade do
trabalho dê grandes saltos.” Nakano (2012 pg 264-270) Não se trata de fato
de inovação tecnológica, mas os países podem se desenvolver desta forma
como um primeiro passo.
  59  
 

Este tema, além desta introdução, está dividido em quatro partes: A


primeira analiza de forma crítica a literatura teórica concernente a
internacionalização de fora para dentro, contrapondo a literatura criada no
mainstream com uma nova literatura menos ortodoxa e evidências empírico-
históricas. Na segunda seção resumiu-se as evidências deste tipo de
internacionalização sobre a economia, os setores e as empresas. Com
Destaque a questão da criação e difusão da tecnologia e da distribuição de
riqueza. Na terceira seção discuti-se o ambiente político público mais
adequado para receber os Investimentos Externos Diretos -IEDs, do ponto
de vista da empresa entrante e do país. Finalmente, na quarta parte, avalia-
se quais as exigências e salvaguardas que deveriam ser feitas pelo Estado
na entrada de IEDs, principalmente naqueles que têm grande probabilidade
de formação de cartéis ou monopolios e nos casos dos serviços públicos,
garantindo um nível de qualidade e segurança dos serviços minimamente
adequados.

4.1.1. A literatura da internacionalização de fora para dentro

Os investidores do mundo todo, durante as últimas décadas, de


maneira mais intensa vêm procurando investimentos com alta rentabilidade
e baixo risco independentemente de localização geográfica e do setor a ser
investido.
Entender o que acarreta a atratividade de países e setores da
economia se torna fundamental tanto para investidores e gestores das
empresas, quanto para o governo e para os acadêmicos de economia e
gestão.
Sejam investidores especuladores, aqueles que apenas procuram em
prazos curto e médio terem um retorno em títulos mobiliários acima do
normal, ou investidores estrangeiros diretos, aqueles que procuram expandir
sua base de atuação em novos mercados ou na busca de fontes de recursos
naturais ou mão de obra qualificada e barata. Todos estão com seus radares
ligados atentos a possíveis novos investimentos com ganhos extraordinários,
ou seja, ganhos acima da média para classe de risco do investimento.
  60  
 

Para os governos, principalmente para os de países com baixa


poupança, tornar alguns de seus setores atrativos ao capital estrangeiro
torna-se fundamental para obter fluxos de recursos suficientes para
sustentar um crescimento constante da economia e trazer com ele uma
potencial série de benefícios. Aqui cabe uma discussão sobre a necessidade
de recursos estrangeiros e quais os verdadeiros benefícios da
internacionalização de fora para dentro, conforme será discutido durante
está análise crítica da literatura. Além disso, uma política de industrialização
do país precisa ser desenhada encima da atratividade que cada setor da
economia pode gerar e dos benefícios oriundos do desenvolvimento de cada
um desses setores a longo prazo.
Os economistas e gestores obviamente se interessam por desenvolver
modelos que captem as variáveis chaves de desenvolvimento econômico
nesta nova era do capitalismo globalizado e de um sistema cada vez mais
liberalizante do ponto de vista do capital e do comércio, e cada vez mais
regulamentador e restritivo do ponto de vista da livre movimentação de mão
de obra e do uso de tecnologias - vide controle de patentes.
Aparentemente, os economistas e formuladores de politicas de
desenvolvimento, têm dado menos atenção à compra de empresas locais
por empresas estrangeiras. O que tem tornado o país em alguns setores
totalmente dependente de empresas estrangeiras: suas políticas de
expansão e investimento e suas cadeias produtivas internacionais. Dado o
baixo nível de investimento e desenvolvimento de tecnologia, a venda de
empresas nacionais corrobora ainda mais para a perda de tecnologia sob
controle nacional. Levando a reduzir a possibilidade de uma maior
participação nas cadeias produtivas internacionais com maior índice
tecnológico e obviamente com maior valor agregado.
Do ponto de vista do investimento estrangeiro a separação entre capital
especulativo, normalmente com foco no curto prazo, e IDEs, por definição
investimentos de longo prazo, torna-se importante. Pois, para o
desenvolvimento do país apenas este último pode ser considerado como
novo recurso colocado na produção de bens e serviços, mesmo assim com
ressalvas, dado que nas compras de empresas locais, muitas vezes o
investimento na ampliação ou modernização do parque já existente é parte
  61  
 

modesta do total de recursos internalizados na compra e no período pós-


aquisição.
O capital especulativo tem uma importância menor para o desenvolvimento,
cabendo apenas gerar maior liquidez e cobrir, quando o caso, a necessidade
de moeda forte internacional que alguns países têm no curto prazo. Ao
mesmo tempo que cumpre o papel de fornecedor de moeda forte ao país,
gera muita volatilidade por conta das suas entradas e saídas constantes do
país e normalmente cobra um alto custo financeiro por sua hospedagem.
Gerando mais custos econômico-sociais do que benefícios.

Conforme o trabalho de Eid Jr. e Gonçalves Jr. (2011p.23):

Há, todavia, efeitos adversos inerentes à maior participação dos


estrangeiros na atividade bursátil de um país; uma maior
sensibilidade da volatilidade às movimentações desses recursos é
corriqueiramente observada, fenômeno este que pode assumir
contornos inquietantes em se tratando de países emergentes.

Os recursos externos especulativos, investidos em bolsa ou não, de


forma geral não servem para patrocinar novos investimentos, portanto o
desenvolvimento. Eles ficam, enquanto estiverem internalizados no país,
migrando entre aplicações em bolsa, títulos do governo de renda fixa e o
próprio dólar. Associados ao capital financeiro nacional, de forma direta e
indireta, pressionam para que as taxas de juros e os spreads sejam altos
dificultando a captação de recursos a valores adequados pelo capital
produtivo-empreendedor. Se olharmos o volume de recursos existentes
vamos perceber a consistência no volume, que só é alterado em épocas de
crise. Portanto, o que ocorre é apenas uma escolha de onde aplica-lo. Não é
a toa que de forma geral no curto prazo há uma correlação negativa entre a
valorização do dólar e a valorização da bolsa de valores.
Para entendermos as diferenças de abordagens dos tipos de
investidores externos podemos descreve-los quanto ao interesse:
investimentos de curto prazo de caráter especulativo ou investimentos de
longo prazo de caráter colonizador expansionista/empreendedor/agregador;
de outro lado, podemos analisa-los conforme a origem dos recursos:
empresas ou grandes fundos de investimento; e ainda cabe uma outra
  62  
 

abordagem, quanto a forma de entrada nos novos mercados, que de certa


forma esta ligada ao objetivo estratégico das empresas.

4.1.1.1. Quanto ao tipo de interesse:

Como já dito anteriormente, existem os especuladores, que se preocupam


em achar oportunidades de ganhos extraordinários, através da compra e
venda de títulos mobiliários. Normalmente estes investidores, sejam
indivíduos ou grandes fundos, eles não se importam com a finalidade dos
recursos captados. Apenas se preocupam com a rentabilidade de curto
prazo de seus recursos. Nos últimos anos a dificuldade de controlar o capital
financeiro mesmo pelo Estado, que se tornou conivente pela necessidade de
moedas conversíveis, alterou a relação entre o Capital e o Estado.
Como diz Coutinho (2014, p.10-11):

[...]a autonomia sem limites do capital financeiro passou a


acentuar o caráter dominante dos investimentos financeiros
sobre as decisões e omissões dos executivos públicos e
privados, e revela a primazia do mercado secundário de títulos
na busca incessante por mais valorização.

Destaque-se a dissociação entre o capital produtivo e o financeiro


nessa busca desenfreada por ganhos extraordinários que tem levado a uma
situação em que os rendimentos captados na esfera financeira através de
instrumentos derivativos que permitem uma valorização de ativos em parte
fictícios. O crédito fácil levando a um estoque muito acima da produção e da
capacidade de honrar compromissos em caso de crise.
Esse fenômeno, criador das bolhas especulativas, é o maior
desestabilizador de economias frágeis, e pouco contribui para o
ordenamento econômico do país, portanto, para o desenvolvimento.
O capital aplicador de recursos a longo prazo, embora a princípio
possa parecer potencialmente mais saudável para o país hospedeiro, na
prática nem sempre torna esta premissa verdadeira. Os objetivos
estratégicos da empresa podem não estar alinhados ao projeto de
desenvolvimento do país.

Portanto, embora em alguns casos tais investimentos possam


aumentar as capacitações locais, o efeito pode ser negativo quando
os objetivos estiverem inversamente relacionados aos objetivos dos
países em que se instalam (COUTINHO,2014 p.11).
  63  
 

Apenas como exemplo, pode-se imaginar uma grande mineradora que


tenha potencial para verticalizar sua produção podendo assim agregar valor
às suas exportações, algo interessante para o país que melhoraria e
aumentaria a sua pauta de exportação, geraria empregos melhores e
tecnologias superiores, porém, em sua estratégia a Empresa não se
interessa por investir na verticalização, pelo menos não naquele país
hospedeiro. Sendo uma empresa grande além de não se alinhar ao projeto
em curso no país poderá inviabilizar que outras empresas o façam, por
tomar conta do mercado, pela montagem de um quase monopólio e pelo
lobby exercido.
Portanto, seja através de fusões ou de crescimento orgânico, as
empresas investem em outros países para atender a objetivos específicos
que não obrigatoriamente estão alinhados a expectativa que o Estado tem
para o desenvolvimento do setor e para a economia como um todo.
Existem, também os investidores estrangeiros, que têm um espírito
empreendedor Schumpteriano, e desembarcam em outros países em busca
de desbravar novos mercados e oportunidades. Embora estes pareçam ser
a exceção na economia contemporânea, principalmente para países em
desenvolvimento.
Quanto a origem dos recursos:
As duas principais grandes fontes de recursos têm características bem
diferenciadas. As grandes empresas cruzam as suas fronteiras em busca de
mercado e/ou fontes de recursos baratos – humanos e matérias primas e/ou
tecnologias locais. Portanto, elas aplicam seus recursos financeiros de forma
focada para atingir os seus objetivos estratégicos.
A escolha do local depende da existência de condições específicas, tais
como, mão de obra qualificada com nível educacional elevado ou
engenheiros e pesquisadores, que possam ser empregados a custos
significativamente inferiores aos dos países onde se localizam as suas
matrizes. O retorno normalmente é maximizado através de investimentos em
Pesquisa e Desenvolvimento em inovações adaptativas, que não apenas
permitem competir e dominar o mercado local, como também geram
conhecimentos que podem ser úteis à estrutura global do grupo.
  64  
 

Fenômeno mais recente, empresas de pequeno porte, principalmente


europeias, que não fazem parte do núcleo duro da zona do euro, França e
Alemanha, se sentiram impelidas em crescerem para fora da Europa,
redescobrindo as Américas, principalmente do Sul. Os setores bancário, de
telefonia e de laticíneos são exemplos evidentes deste fenômeno.
De outro lado, existem os grandes investidores institucionais, fundos,
que às vezes se especializam em alguns setores. De qualquer forma se
tornam investidores em setores em rápida expansão buscando obter uma
certa hegemonia nos mercados emergentes em que atuam. Vide exemplo,
do setor educacional abaixo.

4.1.1.2. Quanto a forma de entrada:

As empresas buscam se instalar em outros países pela aquisição de


empresas locais, disponíveis para a venda. Neste caso, de forma geral, além
de adquirirem uma fatia de mercado e uma marca já consolidada, pode-se
eventualmente adquirir tecnologia local. Definimos tecnologia nesse caso em
sentido amplo, não apenas aquela inserida no produto ou no seu modo de
produzir, mas também na forma de comercialização, administração e
inserção no mercado doméstico.
Como exemplo podemos pensar no setor educacional brasileiro. Este
setor, no caso brasileiro foi invadido por grandes sistemas de ensino
financiados por fundos de investimento especializados. Aproveitando a
necessidade latente do mercado educacional, principalmente universitário,
que deixou de ser algo estritamente acessível às elites e passou a ser objeto
de consumo de uma classe média que foi expandida nas últimas décadas. A
forma de atuação destes grupos é exemplar para entendermos a evolução
deste tipo de investidores. Estamos falando de investidores com vultosas
somas de dinheiro, portanto, que vislumbram um grande mercado de
massas. Seu target é se expandir rapidamente e manter um Market share
substancial. Neste sentido, correndo o risco de se ter resumido demais o
processo, pode-se apontar as seguintes fases: Num primeiro momento,
identificação e compra de um grupo local que tem expertise neste mercado.
Isto significa adquirir uma escola que tenha tecnologia de ensino adequada
  65  
 

com o mercado de massas a qual o fundo pretende atingir. No caso


universitário brasileiro, por exemplo, significa buscar uma faculdade que
tenha tecnologia de ensino para lidar com uma camada da sociedade que
tem uma série de fatores limitantes para o estudo: recursos financeiros
escassos , tempo restrito para o estudo, repertório sócio-cultural pequeno,
suporte familiar a desejar, deficiência escolar anterior, trabalho concomitante
com o estudo, entre outros fatores. Normalmente por questões financeiras e
de tamanho de mercado esta instituição alvo, no momento da aquisição,
embora pudesse ser grande para os padrões brasileiros, esta longe do
tamanho previsto pelos fundos de investimento. Portanto, esta faculdade
servirá de plataforma para desbravar o mercado. Este segundo momento, o
da expansão e consolidação, é realizado de forma rápida. Aqui vale ressaltar
a grande expertise destes fundos, o faro por potenciais mercados e sua
expansão. Os fundos surfaram na onda do crescimento de uma classe
média ávida pelo primeiro diploma universitário familiar e por um programa
de governo que optou por expandir o ensino universitário através da rede
privada embora financiado através de bolsas públicas. A grande expansão é
realizada com a compra de várias faculdades isoladas que passam a fazer
parte de um mesmo sistema de ensino e funcionar sobre uma mesma
bandeira. Quando o mercado passa a ser dominado por um grupo pequeno
de sistemas de ensino é possível se ver a retirada do mercado, de alguns
dos fundos já satisfeitos com os resultados obtidos e não dispostos a
disputar espaço adicional com outro fundo de investimento. No caso
brasileiro estas mega fusões e aquisições entre os grandes sistemas* já vem
ocorrendo. A terceira fase, que na prática é concomitante com a segunda, é
a de formatar processos administrativos, consolidar a marca e atingir todo o
território economicamente viável. Isto levará aos ganhos de escala e escopo
pretendidos. Não havendo mais riscos são enxugados parte dos processos
acadêmicos procurando atender aos níveis básicos exigidos pelas agências
reguladoras e pela sociedade para a sua permanência no mercado e
maximizar os retornos exigidos pelos cotistas.
* veja que este processo não é exclusivo do sistema educacional, o
setor de telefonia e bancário, de certa forma, aconteceu algo similar.
  66  
 

De outro lado, quando não é possível a entrada pela aquisição de


empresas locais, as empresas procuram leiloar a sua vinda entre os países
da região em busca de benefícios concedidos por estes. Benefícios fiscais
são os mais comuns, porém não os únicos, podendo se estender por
vantagens em financiamentos, localização, infraestrutura, entre outros
benefícios.

4.1.2. O papel do Estado

Outra função do Estado é a de equilibrar os fluxos de moeda forte entre


o país e o exterior. A internacionalização de fora para dentro traz no curto
prazo divisas para o país pela compra, mas a longo prazo prazo gera uma
sangria constante de divisas através da distribuição de dividendos das
subsidiárias para as matrizes. Principalmente em setores de serviços isto se
torna ainda mais pernicioso. Pois, as subsidiárias criam fluxos internos em
moeda local e remetem os lucros para suas matrizes em moeda forte. Vide o
caso do Brasil através da Balança de pagamentos no anexo 2. As remessas
de lucros na forma de dividendos, os pagamentos de juros de empréstimos
intra empresas e pela transferência de lucros através de precificação de
insumos e produtos acabados super ou sub faturados.
Nos países, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, fica ainda mais
realçado o papel importante do Estado por estas questões.
A forma de inserção da economia - internacionalização - de um país
afeta os seus graus de dependência de sua economia por participar de uma
rede cada vez mais intrincada e complexa e de autonomia do governo, pela
perda de graus de liberdade de escolha de seus instrumentos de gestão e
planejamento do seu destino econômico e social, ou seja, afeta a sua
soberania.
  67  
 

4.2 A internacionalização de dentro para fora

“o novo é possível, o tempo é real


e a história é aberta.” Carlos Sávio
G. Teixeira in: Encontros/Roberto
Mangabeira Unger. Org. C. S. G.
Teixeira.

Este capítulo procura analisar o fenômeno da internacionalização de


dentro para fora, ou seja, o movimento de saída das empresas locais para o
mercado estrangeiro tornando-se, portanto, empresas multinacionais. Avalia-
se, também, os efeitos gerados por este processo. Ele está dividido em
quatro partes: a primeira analisa de forma crítica a literatura teórica
concernente a internacionalização de dentro para fora, ou seja, contrapondo
a literatura criada no mainstream com uma nova literatura menos ortodoxa e
evidências empírico-históricas. Na segunda, resumimos as evidências deste
tipo de internacionalização sobre a economia, os setores e as empresas.
Destaca-se a importância do Estado, de diversas formas na
internacionalização das empresas, desde o direcionamento dos setores, na
busca de tecnologia e na escolha de setores e de empresas com potencial
de sucesso. Na terceira parte discute-se o ambiente político público e das
instituições necessárias ao apoio a internacionalização das empresas
nacionais. E, por fim, na quarta parte, avalia-se quais as exigências e
salvaguardas que deveriam ser feitas pelo Estado para dar apoio técnico,
político e financeiro às empresas nacionais. Além, de discutirmos a escolha
dos setores a serem apoiados.

4.2.1. A literatura da internacionalização de dentro para fora

O processo de internacionalização de empresas é muito antigo, porém,


nas últimas décadas tem ganho contornos em intensidade, transformando
quantidade em qualidade, ou seja, transformando substantivamente, e não
só qualitativamente, a economia mundial.
A mundialização, como prefere Chesnais, é um fenômeno
contemporâneo, que teve como fatores determinantes preponderantes: a
  68  
 

revolução tecnológica, principalmente em TI, a onda de liberalização


financeira, a necessidade de expansão dos mercados consumidores,
oriunda de uma estagnação inclusive demográfica de alguns mercados
centrais, pressões sociais por melhoria de vida na periferia, exigindo dos
governos posturas mais arrojadas e determinadas no sentido de resolver os
problemas econômico-sociais.
Dois aspectos na literatura da internacionalização, com sua visão
centro-periferia, nos chamam a atenção no contexto atual: A pouca
relevância dada ao papel do Estado neste processo e da tecnologia,
entendida de forma ampla, condicionando o processo de
internacionalização.
A literatura existente no mainstream sobre a internacionalização de
empresas tem focado muito nos objetivos das empresas e nas suas
estratégias específicas de internacionalização. Porém, pouco tem se dito
sobre o papel do Estado como propulsor e direcionador da
internacionalização das empresas. Como direcionador cabe já relacionar que
esta tarefa deve estar vinculada aos ganhos tecnológicos obtidos com a
internacionalização via aquisição e joint ventures. Ou seja, o Estado deve
incentivar a aquisição de empresas com tecnologias embarcadas e portanto,
grande potencial tecnológico a ser importado para toda a cadeia setorial.
Como relata Actis (2015, p.122):

[…]ao contrário de outras abordagens que tratam do fenômeno da


internacionalização produtiva das vantagens intrínsecas das
empresas…tenta entender a dinâmica de longo prazo que teve a
expansão internacional das empresas brasileiras com as mutações
em diversas articulações entre o Estado e o Mercado.
  69  
 

5 A integração entre as internacionalizações

5.1. O exemplo americano

A história norteamericana após a Guerra de secessão nos dá um


exemplo completo da prticipação do Estado como gestor do processo de
desenvolvimento econômico e social de um país transformando-o em um
país desenvolvido. Entre 1870 e 1913 os EUA de Abrham Lincoln em grande
medida agrário se transforma na potencia industrial de Theodore Roosvelt
(HUGHES; CAIN, 2003 p.327). Esta transformação se deve a uma
conjunção de fatores, dentre eles destacam-se a excepcional dotação de
recursos naturais, mão de obra em abundância (inclusive imigrantes
dispostos a tudo), um centro financeiro e de negócios eficiente e afeito ao
risco (TAVARES; BELLUZZO, 2004 p.119). Destaque-se ainda os capitães
de indústria, robber barons, que dominaram o Estado através de práticas
pouco convencionais. E, por fim, mas não menos importante, a existência de

[...]um sistema de livre iniciativa, segundo os admiradores do modelo


americano, deixa as pessoas competirem sem limites e recompensa
os vencedores sem restrições impostas pelo governo ou por uma
cultura igualitária equivocada. Por conseguinte, o sistema cria
incentivos excepcionalmente fortes para o empreendedorismo e a
inovação (CHAG, 2013 p.151).

A expansão da rede ferroviária e com ela o telégrafo possibilitou


incorporar vastas áreas antes virgens e inaproveitadas ao mercado local e
internacional. A concessão de terras pelo Estado e a ação dos bancos de
investimento a mobilidade da força de trabalho criaram um impacto dinâmico
que se retroalimentaram. A ferrovia trouxe em seu bojo a evolução das
indústrias metal-mecânica, mineral(carvão) e da contrução civil. Este
momento histórico “inaugurou novas modalidades de gestão empresarial,
impôs a mobilização de somas gigantescas de capital e construiu as bases
para o nascimento do moderno capitalismo” (MAZZUCCHELLI, 2009 p.180).
Os recursos financeiros para a empreitada da expansão da rede
ferroviária veio também e principalmente da venda de participações nos
  70  
 

mercados externos. A Casa Morgan tornou-se rica e poderosa com a venda


de papéis no exterior.
As transformações da estrutura econômica americana não se reduziu
à ferrovia. A expansão da economia americana se deu em todos os setores
da economia de forma vigorosa. A jornada para o Oeste incorporou muitas
terras cultiváveis, que permitiu desenvolver uma cultura exportadora de
baixo custo por desaguar a produção pelas ferrovias. Em 1910 a indústria de
máquinas já era o principal ramo industrial em termos de valor adicionado,
ultrapassando em muito os setores tradicionais de bens de consumo.
Destaca-se o que já foi descrito anteriormente, ao longo desse período
as mudanças tecnológicas foram notáveis (MAZZUCCHELLI, 2009) e
(CHANG, 2004) e se irradiaram pela agricultura e indústria gerando um
aumento significativo de produtividade. Destaque-se a indústria de petróleo e
a crescente indústria da eletricidade.
Os EUA ao contrário de sua ex-metrópole visou o mercado interno
antes de se preocupar com o mercado externo.
A expansão da rede ferroviária exerceu um grande impacto sobre
diversas industrias nascentes: siderúrgia, mecânica, mineração e da
construção civil. Ainda impactou positivamente, através da ampliação da
fronteira agrícola, a produção de alimentos, o desenvolvimento da produção
de máquinas-ferramenta e a indústria extrativa de mineração e petróleo. A
imigração em grande escala a vigorosa urbanização e, em decorrência
destes fatos, o crescimento da massa salarial e da expansão da demanda
de bens de consumo. A difusão das mudanças tecnológicas por todos os
setores de atividade, a agilidade dos bancos de investimento, a introdução
de novas modalidades de produção (linha de montagem e processos
contínuos) e gestão (“administração científica”) e os apoios múltiplos do
Estado tornaram os Estados Unidos no final do séc. XIX a grande e única
economia capitalista com dimensões continentais.(Mazzucchelli,2009).
Como era de se esperar este desenvolvimento levou as exportações
americanas a superar as Inglesas.
A expansão das exportações norte-americanas modificaram o balanço
de pagamentos do país.
  71  
 

Tabela 8: Balanço de pagamentos dos EUA: períodos selecionados.


1 2 3 4 5 6* 7
Período Bens e Juros e Capitais Transferências Acumulação Erros e
Serviços Dividendos Unilaterais de ouro Omissões
1850- -0,8 -1,0 1,6 0,2 0,0 -
1873
1874- 1,7 -2,2 1,5 -0,6 -0,4 -
1895
1896- 6,8 -1,6 -0,7 -2,6 -1,3 -0,6
1914
Fonte: Walton e Rockoff (2002, p.444)
* Sinal negativo variação positiva no estoque de ouro

A tabela 8. resume o efeito do desenvolvimento dos EUA durante o


período analisado. E faz compreender como um processo bem orquestrado
com uma boa liderança do Estado pode desenvolver uma superpotência
econômica em menos de meio século.
Este processo é que se quer chamar a atenção.
Os recursos necessários ao desenvolvimento dos EUA vieram:
a) de um projeto de desenvolvimento do país com ênfase
primordial no mercado interno;
b) de recursos naturais abundantes que propiciaram insumos
baratos;
c) distribuição de terras de qualidade pelo Estado aos cidadãos e
imigrantes que permitiu uma condição de vida adequada;
d) de mão de obra abundante e de qualidade vinda do além mar
para se manter na América. Só de italianos as estatísticas
apontam para mais de 3,5 milhões;
e) desenvolvimento de um sistema financeiro ágil, moderno e
disposto a correr riscos. Wall Street;
f) da busca de recursos financeiros no além mar. O
desenvolvimento industrial americano não se deu através da
acumulação originária na agricultura;
g) do desenvolvimento e a difusão de tecnologias tiveram um
ambiente muito favorável (vide tabelas 3 e 4 e anexo 1);
  72  
 

h) de novas tecnologias de gestão: “A administração científica”.


Linhas de montagem e Processos produtivos;
i) de um Estado a serviço das empresas com forte presença na
educação e na proteção dos interesses americanos (vide
tabelas 1 e 4); e
j) de uma cultura empreendedora fortemente estimulada.

De 1850 a 1873 podemos perceber que os EUA dependiam de bens e


serviços vindos do exterior assim bem como eram financiados por outros
países, tendo que pagar juros e dividendos. Para contrabalançar as contas
dependiam de capitais oriundos de fora do país.
A utilização eficiente dos recursos propiciou que entre 1874 a 1895 já
houvesse superávit em bens e serviços, embora a conta de juros e
dividendos tenha se tornado muito alta e a necessidade de capital externo
continuasse elevada.
Entre 1896 a 1914 os EUA surgem como a grande nação do
capitalismo moderno. A sua balança superavitária lhe permite com muita
folga pagar os juros e os dividendos aos estrangeiros e se inicia uma nova
era no sentido dos investimentos americanos no exterior.
Este processo de proteção da indústria nascente ao mesmo tempo em
que se busca capitais – e eventualmente tecnologia – no exterior para o
desenvolvimento local muito bem engendrado pelo Estado americano é em
síntese o que se demonstra como um receituário para os países e/ou
setores da economia com atraso em seu desenvolvimento. Claro que isto
não será possível sem um espírito empreendedor.
Na segunda fase desse processo os EUA demonstram uma nova
política, onde os investimentos em tecnologias e a sua punjança econômica
permitem, como algo natural, ir a conquista de novos mercados.

5.2. A coordenação do Estado

Cabe lembrar que alguns Estados Asiáticos retardatários no seu


processo de desenvolvimento como por exemplo Japão, Coreia e China,
  73  
 

cada um a seu tempo, conseguiram galgar uma posição de destaque


seguindo passos razoavelmente parecidos com os EUA. Claro que existem
diferenças de alcance e de estratégias. Mas no sentido geral os itens
elencados de “a” até “j” estão presentes no momento do big bang do
desenvolvimento desses países.
Países continentais, como a maioria dos BRICS, que já têm uma
economia com algum grau de complexidade parecem sofrer mais para
decidir o rumo a ser tomado para alcançar o seu desenvolvimento pleno.
Os Latino americanos também parecem não conseguir deslanchar de
forma consistente em seu desenvolvimento.
A tabela 9 permite verificar a diferença entre os países asiáticos e os
países latino americanos em termos de produtividade alcançada nas últimas
décadas. Enquanto os países asiáticos iniciaram a década de oitenta com
um PIB per capita bem abaixo dos Latino Americanos – exceção Hong Kong,
em 2014 suas economias já se encontram em situação na média bem
superior aos países latinos.

Tabela 9 :Valores correntes (US$) e crescimento (%) do PIB per capita anual em países
selecionados da AL e Asia, 1980 - 2014
1990 2000 2010
Países US$ 1980 Δ%ano Δ%ano Δ%ano US$ 2014 2014/1980
Argentina 4.893 -1,3 -0,8 9,1 22.101 4,5x
Brasil 3.690 -4,1 4,3 7,5 15.153 4,1x
Chile 2.921 3,6 4,4 5,7 23.165 7,9x
Colômbia 2.442 4,3 2,9 3,9 13.148 5,3x
México 4.980 5,1 5,9 5,3 17.925 3,6x
Peru 2.965 -5,1 2,5 8,8 11.988 4,0x
Venezuela 5.754 6,4 3,7 -1,5 17.917 3,1x
China 250 3,8 8,4 10,4 12.893 51,5x
Coreia do Sul 2.302 9,3 8,8 6,3 35.485 15,4x
Hong Kong 6.790 3,9 7,9 6,8 55.166 8,1x
Indonésia 729 7,2 4,2 6,2 10.156 13,9x
Malásia 318 9,0 8,7 7,1 24.520 77,1x
Tailândia 1.090 11,6 4,7 7,8 14.442 13,2x
Taiwan 3.570 6,8 5,8 10,7 43.600 12,2x
Fonte: Economy Watch: http://www.economywatch.com/economic-statistics

Questões prévias que o Estado tem que responder tais como quais
setores privilegiar com uma política protecionista, auxiliando na promoção de
  74  
 

um desenvolvimento tecnológico autóctone e financiamento do processo


como um todo? Quais setores a melhor estratégia é a abertura do mercado
para empresas estrangeiras, embora procurando desenvolver um processo
de catch-up? Normalmente setores onde a fronteira tecnológica está distante
essa estratégia pode ser interessante gerando um aumento da
produtividade. Quais setores e empresas estão preparadas para se
estabelecerem em territórios estrangeiros? Quais regras estabelecer para os
entrantes e para auxiliar as empresas que desejam investor no exterior?
Como organizar o setor gerador de tecnologia? Universidades e centros de
pesquisa? Como integrar as empresas e os centros de pesquisa em
investimentos de longo prazo? Qual a melhor forma de financiar o
desenvolvimento tecnológico e a internacionalização de empresas
nacionais?
A concertação, ou seja, o acordo entre os agentes econômicos e a
sociedade precisa ser firmado para que a direção seja acertada e os
sacrifícios não sejam questionados durante o processo de desenvolvimento.
Os Países Asiáticos parece ter respondido às questões de forma mais
rápida que os latinos e se aproveitaram das últimas ondas de
desenvolvimento do capitalismo.

5.3. O que esperar das internacionalizações de fora para dentro.

Os países hospedeiros deveriam esperar que asa empresas aportem


no país com tecnologia que possa de alguma forma ser copiada, que a
assimilação e o espraiamento da tecnologia embarcada nos produtos e
processos possam ser feitos de forma rápida, agregando valor.
Ainda é objetivo permitir as empresas a atuarem em setores nos quais
os recursos existentes não são suficientes e que demorariam muito tempo
para alcança-los. Tornando-se uma corrida sem possibilidade de alcançar os
primeiros postos.
  75  
 

5.4. O que esperar das internacionalizações de dentro para fora.

Que as empresas que se proponham a se internacionalizar com a


ajuda do Estado procurem trazer tecnologias. E, a longo prazo, se tornem
uma fonte de recursos para financiamento de novos projetos pela sua
atuação direta ou através do financiamento do Estado através do pagamento
de impostos.
  76  
 

6. Hipóteses

Fator Blocos de países encontrados na literatura moderna.

Os blocos de países abaixo demonstrados foram extensamente


descritos na literatura recente. Embora os países de cada bloco tenha as
suas diferenças, eles são descritos por suas semelhanças, ainda que
circunstanciais. Na pesquisa atual a preocupação é entender se do ponto de
vista dos investimentos externos diretos via fusões e aquisições realizados
por suas empresas há um comportamento similar intrabloco.
A tríade, Sassen (1994), Chesnais (1995), formada pelas três grandes
potencias mundiais – EUA, Alemanha e Japão;
O BRICS – Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul;
O MINT – México, Indonésia, Nigéria e Turquia; e
Os 3 países independentes – Chile, Coréia e Argentina.
O acréscimo dos países independentes tem aqui uma função de
explorar países quetêm tido um destaque no cenário econômico
internacional, não por seu tamanho obrigatoriamente, mas pelas políticas
econômicas adotadas por seus Estados ao longo do tempo.
A descoberta da consistência dos comportamentos dentro do grupo
nos permitirá utilizar cada grupo como referencial de análise.

Com base na teoria exposta acima, constrói-se a primeira hipótese


desta tese:

H1: “Os blocos econômicos descritos na literatura comtemporânea se


comportam de forma razoavelmente similar para efeito de fusões e
aquisições”.

Fator volume de fusões

As 3 décadas que conformam a virada do milênio foram marcadas por


um acentuado aumento no número de fusões e aquisições. Algumas
empresas foram às compras com muita avidez. Supondo a racionalidade das
  77  
 

compras pelas empresas. Espera-se que o resultado financeiro obtido pelas


aquisições seja positivo.

H2: “A intensificação do número de IEDs via fusões e aquisições cross


border aumentam o desempenho financeiro da empresa adquirente”.

Fatores Participação do Estado, Inovação Tecnológica, Fontes de


crédito e Ambiente Institucional.

O apoio do Estado na internacionalização de suas empresas tem sido


comprovado, dentre os apoios possíveis destacamos o apoio financeiro,
através da inversão direta ou indireta de capitais pelo governo. Normalmente
setores e empresas são escolhidas para a expansão internacional. O
Estado, ainda atua através do investimento em ciência e tecnologia que são
apropriadas pelas empresas através de mecanismos de transferência. Por
fim, mas não menos importante, o Estado participa como demandador de
conhecimento e de soluções que atendam suas agências de
desenvolvimento.
Espera-se uma relação ótima entre o volume e custo dos recursos
financeiros disponibilizados por entidades privadas e públicas e suas
agencias e o desempenho do adquirente. Essa relação teria o formato de U-
invertido, por inicialmente se mostrar positiva e, a partir de um ponto de
“saturação” corporativa, começar a cair.
A queda dessa curva poderia ser explicada, entre outros fatores, pela
aquisição desenfreada por conta de um excesso liquidez.
A ideia dos efeitos do ambiente institucional das nações sobre o
comportamento individual e organizacional é central no estudo de negócios
internacionais (PENG; WANG; JIANG, 2008). Acadêmicos têm criado
conceitos e medidas dos efeitos de um país por meio da análise de
características do ambiente institucional nacional que, eles acreditam, são
capazes de discriminar países e explicar a variação entre diferentes nações
no comportamento organizacional (BORTOLUZZO; SIQUEIRA; BOEHE;
SHENG, 2013).
  78  
 

No caso das aquisições, o potencial dos negócios é ainda mais


sensível ao grau de eficiência dos mercados, sobretudo dos mercados
financeiro e de controle corporativo, os quais afetam diretamente os custos
envolvidos na transação. Transparência de informações financeiras,
previsibilidade, enforcement de contratos, liquidez do mercado acionário e
presença de intermediários financeiros especializados, tipicamente
encontrados em ambientes institucionais desenvolvidos, diminuem a
complexidade de analisar, negociar, construir contratos e adquirir uma
empresa estrangeira (MEYER; ESTRIN; BHAUMIK; PENG, 2009).
Toda aquisição internacional também está sujeita a diferenças de nível
tecnológico entre as partes que se fundem. A capacidade da empresa
adquirente absorver tecnologia da adquirida e de se utilizar dessa em sua
matriz, é um estimulo à aquisição pois ampliará o potencial de transferência
de conhecimentos e competências. Além disso, a aquisição é interessante
pela aquisição de novos mercados de uma forma rápida e eliminando
concorrências desnecessárias.

Construiu-se com base nas ideias acima outra hipótese a ser testada:

H3: “Os fatores Participação do Estado, via gastos e arrecadações; a


Inovação Tecnológica, via gastos em P&D; o acesso ao crédito, via nível de
endividamento das empresas; e o Ambiente Institucional, via economic
freedom index influenciam no desempenho financeiro da empresa
adquirente”.

O apoio para melhorar o resultado financeiro das empresas


nacionais pelo Estado só faz sentido se se transformar em resultado
para toda a nação. Neste sentido é importante questionar se o
resultado obtido pelas empresas também reflete em melhorias para a
população.

Construiu-se com base nas ideias acima outra hipotese a ser testada:
  79  
 

H4: “O desenvolvimento das empresas via fusões cross borders


impactam na qualidade de vida da população”.
  80  
 

7 Metodologia
Define-se a seguir as fontes de coleta de dados e de que forma foram
coletadas as variáveis, qual o tratamento e modelos econométricos foram
utilizados para atender aos objetivos da pesquisa.

7.1 Tipo de pesquisa

Os tipos de pesquisa utilizados serão a pesquisa descritiva para


mostrar as características de um fenômeno ou população, a pesquisa
explicativa para esclarecer quais fatores influenciam na ocorrência deste
fenômeno e a pesquisa bibliográfica para levantar o que já foi publicado
sobre o tema.

7.2. Revisão da teoria

Por ser um assunto por um lado na fronteira da administração de


políticas públicas, economia e finanças, e de outro lado com um enfoque em
gestão da inovação, arranjos produtivos, institucionalista e do ponto de vista
econômico heterodoxo: Keynesiano e Schumpeteriano.
A pesquisa bibliográfica foi realizada através do portal da CAPES tanto
na sessão de Ciências Sociais Aplicadas quanto na de Economia.
Ainda foram utilizados diversos livros, principalmente de economistas
heterodoxos, editados em sua maioria recentemente. Em economia a
maioria dos periódicos têm uma linha editorial mais focada no mainstream
de cunho neoclássico, ou seja, liberal. Portanto, os autores mais
heterodoxos tendem a publicar suas teses em livros. Embora, também
publiquem em revistas que tenham uma visão mais plural.
Ressalte-se o material produzido no Brasil, principalmente por autores
oriundos do Instituto de Economia da Unicamp e da Escola de Economia de
Empresas da FGV, liderada principalmente pelo professor Bresser Pereira.
  81  
 

7.3 Universo e amostra

Para responder aos questionamentos deste estudo, foram coletadas as


informações de todas as F&As cross border no período de 2002 a 2015.
Foram aplicados os seguintes filtros para a montagem da amostra:
a) as empresas adquirentes têm o seu controle acionário
pertencente ao seu país de origem. Ou seja, as filiais de
multinacionais ou empresas que já tenham o seu capital
controlador fora do país onde está estabelecida não foram
consideradas na montagem da amostra.
b) As empresas adquiridas passaram o controle para a
adquirente. Como garantia da passagem do controle só foram
consideradas as compras que houveram a passagem de
percentual superior a 50% das ações para a compradora.
c) As empresas compradoras são pertencentes aos países
constituintes do BRICS (Brasil, Russia, India, China e Africa
do Sul), do MINT (México, Indonésia, Nigéria e Turquia), dos
três maiores países desenvolvidos (EUA, Japão e Alemanha),
e ainda, países com alguma relevância comparativa pelas
alternativas que estes países escolheram seguir nas últimas
décadas em termos de políticas econômicas (Chile, Coréia do
Sul e Argentina).
d) As empresas compradoras têm todos os dados necessários
disponíveis na base de dados da Bloomberg: Mergers &
Acquisitions Database.
e) As empresas compradoras são de capital aberto.
f) As fusões de instituições financeiras não foram consideradas.

Observação importante: através de coleta aleatória incluiu-se algumas


empresas que não realizaram fusões cross border durante o período
analisado.

Para testar as Hipóteses, todas as empresas participantes da amostra


que passaram pelos filtros acima descritos foram selecionadas, com
  82  
 

excessão às empresas norte-americanas que foram sorteadas por haver um


número muito grande. As informações dessas empresas foram tomadas a
cada ano, de 2002 a 2015. Como as empresas escolhidas obrigatoriamente
têm todas as informações disponíveis isto resultou em um painel
balanceado.
Os dados contábeis das empresas utilizados no trabalho foram, em sua
totalidade, de natureza secundária, advindos de relatórios financeiros e
estudos de mercado, obtidos através da Bloomberg e devidamente
ajustados para a construção das séries de retornos e índices necessários.

7.4. Escolha das variáveis

As variáveis foram selecionadas de acordo com a necessidade de


operacionalização dos constructos e de acordo com a disponibilidade dos
dados existentes.

7.4.1. Variáveis dependentes

O modelo teórico proposto tem como variável resposta de interesse a


criação de valor em FDIs através de F&As cross border. Foi utilizada para a
sua operacionalização a variável de natureza contábil: ROA (return on
assets) calculada ano a ano.

7.4.2. Variáveis explicativas

O modelo para verificação da Hipótese 1 foi construído com base nas


médias obtidas para cada país das variáveis explicativas: Número de Fusões
e Aquisições Cross Borders (MA), Divida (Div), Valor da Empresa (Vemp),
Índice de Liberdade Econômica (IF), Índice de Despesas Governamentais
(DesGov), Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Gastos com
Inovação (Ginov).

O modelo para verificação da Hipótese 2 foi construído com apenas


uma variável explicativa de interesse: Número Anual de Mergers &
  83  
 

Aquisições Cross Borders (MA), operacionalizada por meio do número de


aquisições externas realizadas a cada ano pelas companhias.

O modelo para verificação das Hipóteses 2 e 3 utilizou as variáveis


independentes, propostas como os fatores explicativos de sucesso (aumento
de retorno) das empresas conforme se envolvem em maior ou menor grau
(número de fusões) em IED cross borders, de maneira a medir o impacto de
algumas características das empresas envolvidas em uma fusão ou
aquisição cross border em seu desempenho: Número de Fusões e
Aquisições Cross Borders (MA), Divida (Div), Valor da Empresa (Vemp),
Índice de Liberdade Econômica (IF), Índice de Despesas Governamentais
(DesGov), e Gastos com Inovação (Ginov).
A variável Nível do Ambiente Institucional (IF) terá O Economic
Freedom Índex como referência. Este índice é desenvolvido pela Heritage
Foundation, sendo utilizado como proxie da força das instituições de suporte
ao mercado em um país.

7.4.3. Variável de controle

Para testar a Hipótese 2 e 3, foi incluída no modelo uma variável de


controle identificada como fator relevante que poderia levar uma empresa a
fazer uma F&A internacional (Danzon, Epstein, & Nicholson, 2007; Salis,
2008) e que, se não controlada, pode influenciar o seu desempenho
financeiro: tamanho da empresa (Valor).

7.4.4. Modelos

Para testar as hipóteses do estudo, houve a necessidade de trabalhar


com dois modelos diferentes, um para verificar se as empresas que realizam
F&As cross border criam valor de longo prazo para seus acionistas e outro
para identificar os possíveis fatores determinantes desse valor gerado em
F&A além da fronteira.
Conforme sugerem Salis (2008) e Bollen e Brand (2010), se as
características que determinam o bom desempenho de uma firma forem
  84  
 

também determinantes cruciais de aquisições no exterior, então os


resultados de um modelo que apenas compare médias de desempenho de
grupos de empresas que realizaram e que não realizaram F&A internacional
serão viesados, uma vez que o impacto de uma aquisição pode ser
superestimado e, consequentemente, criar uma expectativa excessiva em
relação aos efeitos dessa operação para uma empresa do país.
De modo a minimizar um possível viés e incluir a heterogeneidade das
empresas no modelo, para a verificação da Hipótese 1, optou-se pela
regressão com dados em painel utilizando a amostra geral das 176
empresas que fizeram pelo menos uma fusão e aquisição além da fronteira
no período de 2002 a 2015.

O modelo de regressão com dados em painel é dado por:

yit = β0 + β1 xit1 + β2 xit2 + ... + βk xitk + ai + εit , i = 1, ..., n e t = 1, ..., T,

em que ai representa o efeito não observado da empresa i e eit


representa o erro aleatório da empresa i no tempo t.
A regressão foi rodada tanto com efeitos fixos quanto com efeitos
aleatórios, sendo feita a escolha entre os modelos a posteriori, por meio do
teste de Hausman.
Para a verificação das Hipóteses de 2 a 4, foi utilizado um modelo de
regressão linear múltipla apenas com a amostra das empresas brasileiras
que realizaram as F&A cross border no período analisado. De modo a
corrigir o viés de seleção do modelo, dado que a amostra das transações
cross border não possui caráter aleatório, optou-se pela utilização do
procedimento de Heckman (1979).
  85  
 

8 Análise dos Dados

Procurou-se em um primeiro momento agrupar os países com alguma


similariedade de comportamento através da aplicação da análise de
conglomerados (clusters analysis). Para que se pudesse analisar as suas
similitudes e justificar os grupamentos sugeridos pela técnica. Num segundo
momento procurou-se através de uma regressão com dados em painel
(cross-sectional time séries data) avaliar se as fusões cross border
realizadas pelas empresas de cada um dos países analisados gerou
resultados financeiros (ROA) significativos de acordo com o número de
fusões realizadas pelas mesmas. Num segundo passo foram incorporadas
as variáveis representativas dos fatores considerados importantes no
desempenho financeiro das empresas quando realizadas fusões e
aquisições cross borders - tecnologia, ambiente institucional e intervenção
governamental. Ainda num terceiro passo, foram inseridos os blocos de
países conforme sugerido pela análise de clusters. Por fim, foram realizadas
uma série de regressões multiplas, onde a variável dependente utilizada foi o
IDH, a intenção foi analisar se os benefícios auferidos pelas empresas com
os investimentos em outros países geram retornos para o próprio país.

8.1 Análise de Cluster

A análise de clusters é uma das técnicas de análise multivariada que


tem como propósito primário o agrupamento de objetos, baseando-se nas
características analisadas. Cada grupo resultante da análise deverá indicar
um alto grau de homogeneidade interna (within cluster) e alta
heterogeneidade externa (between-cluster). A ideia central da análise de
clusters é perceber se é possível compreender as atitudes de uma
população identificando os principais grupos dentro da mesma, podendo-se
com isto, reduzir os dados de uma população inteira a um número
determinado de perfis sem que se perca muita informação relevante para a
análise em foco.
A análise de conglomerados pode ter como objetivos tanto resultados
exploratórios ou confirmatórios. Corrar,Paulo e Dias Fo (2012, pg 329).
  86  
 

No trabalho procurou-se utilizar a análise de clusters como uma


ferramenta mais de comprovação do que exploratória, haja visto que o
resultado obtido é compatível em grande grau com a literatura econômica
sobre o assunto.
O resultado da análise de clusters pode ser visto através de um
dendrograma – gráfico 1 – onde se pode notar a separação dos países
desenvolvidos (tríade) e os em desenvolvimento (todos os demais países).
Este primeiro grupamento demonstra a maior homogeneidade existente por
um lado, entre os países desenvolvidos entre si e, de outro lado, dentre os
países em desenvolvimento.
Quando analisados apenas os países em desenvolvimento podemos
ve-los distinguidos em três subgrupos: BRAT – Brasil, Russia, Africa do Sul
e Turquia; MINIA – México, India, Nigéria, Indonésia e Argentina; e Cs –
China, Coreia e Chile. Chama a atenção os Cs, um bloco que se encontra
mais próximo da Triade. Embora numa primeira vista possam parecer muito
diferentes em termos de política econômica, na prática os três Estados têm
políticas claras e de longo prazo bem definidas. Mesmo o Chile, o mais
liberal dos três, através de uma “concertacion” definida por suas elites desde
o término da ditadura de Pinochet, tem uma política de Estado consistente e
que facilita o desenvolvimento das Empresas e por conseguinte do país.
Os países integrantes dos dois grupos restantes, BRAT e MINIA, têm
em comum políticas de Estado pouco definidas. As políticas são mais
construídas de acordo com o perfil do principal gestor de plantão e de
agendas de curto prazo.
Como exemplo podemos citar o trabalho de Rocha (2013) que ao avaliar a
política de internacionalização do governo Lula ressaltou a concentração do
apoio, principalmente do BNDES, em setores nos quais o Brasil já era
competitivo, como os intensivos em trabalho e recursos naturais, em
detrimento do incentivo a indústrias mais intensivas em tecnologia. Tendo,
ainda como conclusão que “isso ocorreu porque a política pautou-se por
demandas de curto prazo de grupos econômicos privados.” Rocha(2013).
  87  
 

Como procurou-se demonstrar em nossa tese, a importância do Estado


como agente fundamental, atuando de forma mais direta ou indireta, impacta
nos resultados alcançados por suas empresas e pelo próprio país.
E, para avaliarmos nossa primeira hipótese:
H1: “Os blocos econômicos descritos na literatura comtemporânea se
comportam de forma razoavelmente similar para efeito de fusões e
aquisições”.
A análise de clusters nos permite dizer que há evidencias de
comportamentos similares dentro de cada bloco e dispares entre cada bloco.

Gráfico 1 – Dendrograma dos Países Selecionados

Fonte: SPSS elaborado pelo autor


  88  
 

Tabela 10 – Análise de Clusters - Ward Linkage – Distancia Euclidiana Quadrática

Agglomeration Schedule
Stage Cluster Combined Coefficients Stage Cluster First Next Stage
Appears
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 1 Cluster 2
1 4 14 33,196 0 0 8
2 3 9 67,460 0 0 5
3 10 12 114,502 0 0 6
4 1 15 200,704 0 0 8
5 3 13 295,188 2 0 6
6 3 10 429,734 5 3 12
7 8 11 578,563 0 0 11
8 1 4 780,452 4 1 12
9 5 7 983,190 0 0 10
10 5 6 1298,388 9 0 13
11 2 8 1722,514 0 7 14
12 1 3 2338,133 8 6 13
13 1 5 3255,128 12 10 14
14 1 2 6486,902 13 11 0

Fonte: SPSS elaborado pelo autor.

8.2 Análise dos resultados dos IEDs via fusões e aquisições


cross borders.

A análise de painel nos permite avaliar as hipóteses 2 e 3:

H2: “A intensificação do número de IEDs via fusões e aquisições cross


border aumentam o desempenho financeiro da empresa adquirente”.

H3: “Os fatores Participação do Estado, via gastos e arrecadações; a


Inovação Tecnológica, via gastos em P&D; o acesso ao crédito, via nível de
endividamento das empresas; e o Ambiente Institucional, via economic
freedom index influenciam no desempenho financeiro da empresa
adquirente”.

Procuramos através da tabela 11 resumir os resultados obtidos com a


  89  
 

análise em painel. As três primeiras colunas de resultados apontam que o


volume de fusões e aquisições só se mostra relevante, ao nível de 10%, em
termos de resultados financeiros quando trabalhamos com efeitos fixos, ou
seja, quando garantimos que as características das variáveis se mantém
constantes ao longo do tempo.
Com a inclusão das variáveis independentes, 4a,5a e 6a colunas, a
capacidade explicativa do modelo aumenta. Os resultados demonstram um
bom grau explicativo das variáveis endividamento e ambiente.
Nas colunas 7, 8 e 9 são incluídos os blocos originários da análise de
clusters. Os resultados com os clusters não melhoram em relação as
resultados anteriores.
As últimas três colunas demonstram o painel com as variáveis de
tempo (ano). O que há de significativo a ser apontado é que os primeiros
anos da série, até 2007, são significativos, ou seja, os resultados financeiros
das empresas são explicados pelo passar dos anos. A partir de 2008, a crise
do subprime, a os resultados deixam de ser significativos. Foi feita uma
análise de ruptura na série, teste de Chow, e foi identificada a quebra.
Cabe ressaltar que ainda que não significativos consistentemente os
betas são negativos para os blocos com excessão dos Cs. Significando que
o nível do resultado obtido pelas empresas é função dos bons resultados
alcançados pelas empresas chinesas, coreanas e chilenas. Isto não significa
que as empresas dos outro países tiveram resultados negativos em função
das fusões, apenas que eles não foram tão bons quanto as empresas do
cluster Cs.
Parte deste resultado pode ser explicado pela crise de 2008 e parte
pela corrida desenfreada que as empresas de alguns países fizeram em
busca de mercados tendo dinheiro barato em caixa.
Vartanian, Cassano e Caro (2013) demonstraram o crescimento
substantivo dos países que compõem o BRIC no period de 1994 a 2009
como forma de acompanhar os países desenvolvidos que já haviam iniciado
o processo de internacionalização via compras de empresas no exterior.

Andrade e Galina (2013), concluíram em seu trabalho que quanto


maior o grau de internacionalização, menor tende a ser o desempenho
  90  
 

dessas empresas. Ou seja, outros trabalhos também têm chego a conclusão


que empresas de alguns países, por conta da liquidez excessiva pós 2008
na economia – os bancos centrais despejaram muitos recursos baratos na
economia – foram às compras sem muito critério.

8.3 Relação IDH e IEDs via fusões e aquisições cross borders.

H4: “O desenvolvimento das empresas via fusões cross borders


impactam na qualidade de vida da população”.

A tabela 13 aponta para uma alta correlação entre o número de


fusões, ambiente, índice de inovação e dívida com o IDH dos países.
Também demonstra que os clusters BRIT e MINIA correlacionam em
menor grau o investimento em fusões e a melhoria do IDH do país.
Como conjectura podemos avaliar que eses resultados são função de
investimentos, como já dito antes, em fusões em segmentos de baixo valor
agragado, com visão de curto prazo, com dificuldades de fazer catch up das
tecnologias obtidas no exterior, seja por falta de preparo educacional seja
por dificuldades institucionais.
Apenas como exemplo das diferenças entre os blocos aqui analisados
podemos citar na Brasil o caso da JBS, que através de suas compras no
exterior se tornou o maior processador de carne do mundo, ou seja, uma
industria de baixo nível tecnologico. Enquanto isso, a Lenovo foi comprada
por empresas chinesas que se tornaram a maior produtora de computadores
pessoais do mundo.
Obviamente que isto leva a resultados dispares para as empresas e
para os países.
  91  
 

Tabela 11:Painel Balanceado Fusões e Aquisições.


  92  
 

Tabela 12: Painel Desbalanceado Fusões e Aquisições.


       

  93  
 

Tabela 13: Painel Balanceado IDH.


 
VARIABLES   IDH   IDH   IDH   IDH   IDH  
                       
maano   -­‐0.0672***   -­‐0.0505***   -­‐0.0498***   -­‐0.0481**   -­‐0.0483**  
(0.0144)   (0.0184)   (0.0184)   (0.0203)   (0.0203)  
  2.56e-­‐ 2.41e-­‐
dividatotal   06***   06***   7.09e-­‐07   7.47e-­‐07  
  (9.11e-­‐07)   (9.15e-­‐07)   (1.03e-­‐06)   (1.00e-­‐06)  
 
valor_emp     -­‐7.46e-­‐07   -­‐6.54e-­‐07   -­‐4.89e-­‐08   -­‐7.46e-­‐08  
  (8.17e-­‐07)   (8.27e-­‐07)   (9.98e-­‐07)   (9.96e-­‐07)  
 
ind_freedom     -­‐0.0206***   -­‐0.0207***   -­‐0.0257***   -­‐0.0257***  
  (0.00242)   (0.00241)   (0.00329)   (0.00331)  
 
despesas_gov     0.0135***   0.0136***   0.0109***   0.0108***  
  (0.00122)   (0.00121)   (0.00270)   (0.00275)  
 
global_innovation     0.00427*   0.00426*   -­‐0.00710**   -­‐0.00716**  
  (0.00257)   (0.00255)   (0.00308)   (0.00317)  
 
o.triade     -­‐   -­‐  
     
 
brit          
-­‐0.286**    
-­‐0.287**  
      (0.110)   (0.111)  
 
minia         -­‐0.293**   -­‐0.294**  
      (0.142)   (0.144)  
 
cs         0.0778   0.0793  
      (0.102)   (0.103)  
 
retorno        
-­‐0.00161   0.000522  
    (0.00331)     (0.00317)  
 
Constant    
0.823***    
1.089***   1.098***    
2.165***   2.168***  
(0.0348)   (0.150)   (0.151)   (0.395)   (0.400)  
 
 Observations    
143    
142    
142    
142    
142  
R-­‐squared   0.049   0.597   0.598   0.655   0.655  
Robust  standard  errors  in  
parentheses  
***  p<0.01,  **  p<0.05,  *  p<0.1          
Fonte:  SPSS  –          
elaborado  pelo  autor  
         
  94  
 

Tabela 14 – Teste de Chow – crise de 2008.


 
           Source  |              SS                   df                   MS                               Number  of  obs  =        1899  
-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐+-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐                               F(  20,    1878)  =        5.75  
             Model  |    7100.84594           20       355.042297                         Prob  >  F            =    0.0000  
       Residual  |    116031.727       1878       61.7847321                         R-­‐squared          =    0.0577  
-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐+-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐                               Adj  R-­‐squared  =    0.0476  
             Total  |    123132.573         1898       64.8749066                         Root  MSE            =    7.8603  
-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐  
                   retorno     |            Coef.         Std.  Err.               t          P>|t|            [95%  Conf.  Interval]  
-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐+-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐  
 maano       |      .1645886         .1852822             0.89         0.374        -­‐.1987921        .5279692  
 dividatotal     |    -­‐.0000793        .0000182          -­‐4.36         0.000        -­‐.0001149      -­‐.0000436  
 valor_emp     |      .0000489         .0000101            4.86         0.000          .0000292        .0000687  
 ind_freedom     |    -­‐.0485408         .0427481           -­‐1.14       0.256        -­‐.1323797          .035298  
 despesas_gov     |      .0249354         .0238865            1.04         0.297        -­‐.0219116        .0717823  
 IDH       |    -­‐1.094213        .9993391          -­‐1.09         0.274        -­‐3.054145          .865719  
global_innovation  |    -­‐.0308116         .0420922           -­‐0.73         0.464        -­‐.1133639        .0517408  
   triade       |                    0    (omitted)  
   brit       |      .5287967         .9272158            0.57         0.569        -­‐1.289685        2.347278  
   minia     |      2.058195         1.107816            1.86         0.063        -­‐.1144846        4.230875  
     cs       |      .9222199         .9984892            0.92         0.356        -­‐1.036045        2.880485  
     g       |                    0    (omitted)  
     gxma       |      .5375056          .334044             1.61         0.108        -­‐.1176309        1.192642  
     gxve       |    -­‐.0000453        .0000103          -­‐4.41         0.000        -­‐.0000655      -­‐.0000252  
     gxif       |      .1550062        .0741725            2.09         0.037          .0095371        .3004753  
     gxdg       |      .0642078        .0437482            1.47         0.142        -­‐.0215925          .150008  
     gxidh       |        2.35234         1.729335            1.36         0.174          -­‐1.03928        5.743959  
     gxgi       |    -­‐.0660411        .0637464          -­‐1.04         0.300        -­‐.1910622        .0589801  
     gxt       |    -­‐10.00501        7.210055          -­‐1.39         0.165        -­‐24.14557        4.135553  
     gxb       |    -­‐10.44694        6.981771          -­‐1.50         0.135        -­‐24.13978        3.245908  
     gxm       |    -­‐13.87639         7.198492           -­‐1.93         0.054        -­‐27.99428        .2414924  
     gxcs       |    -­‐12.30903          8.37589           -­‐1.47         0.142        -­‐28.73606        4.117996  
     cons       |      7.191415         4.288733            1.68         0.094        -­‐1.219768          15.6026  
-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐  
.  test  g  gxma  gxve  gxif  gxdg  gxidh  gxgi  gxt  gxb  gxm  gxcs  
 (  1)    o.g  =  0  
 (  2)    gxma  =  0  
 (  3)    gxve  =  0  
 (  4)    gxif  =  0  
 (  5)    gxdg  =  0  
 (  6)    gxidh  =  0  
 (  7)    gxgi  =  0  
 (  8)    gxt  =  0  
 (  9)    gxb  =  0  
 (10)    gxm  =  0  
 (11)    gxcs  =  0  
             Constraint  1  dropped  
             F(  10,    1878)  =        5.30  
                       Prob  >  F  =        0.0000  
 
note:  triade  omitted  because  of  collinearity  
note:  g  omitted  because  of  collinearity  
Fonte:  SPSS  –  elaborado  pelo  autor  
 
 
 
  95  
 

9 Considerações Finais

O que queriamos demonstrar com esta tese é que o processo de


desenvolvimento de um país precisa ser coordenado e focado. A falta de
coordenação pode levar no curto prazo a algum ganho, mas não levará a
economia a um patamar diferenciado.
As empresas também podem ter algum resultado de curto prazo com
aquisições aleatórias, fruto de recursos baratos, subsidios governamentais e
compras de ocasião.
Porém, o desenvolvimento de longo prazo e sustentável só se dará
com o preenchimento de algums quesitos básicos. Dentre eles gastos com
pesquisa e desenvolvimento articulado entre entidades públicas e privadas,
recursos financeiros estruturados para dar suporte ao volume de
investimentos, ambiente institucional favorável, espraiamento da tecnologia
pela cadeia produtiva como um todo, inserção das empresas nacionais na
cadeia produtiva internacional e adequação do nível da mão de obra através
do ensino regular e de escolas técnicas de qualidade.
Esta pesquisa procurou dar uma pequena contribuição sobre assunto
tão amplo e importante para o desenvolvimento dos Estados.
  96  
 

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 113  
 

   
Anexo 1 - Tabela de Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento por País.

Fonte: UNCTAD
 114  
 

ANEXO 2 – Invenções Selecionadas

INVENÇÃO ANO INVENTOR PAÍS


China ou na
pólvora 1000 - Arábia
espelho, vidro 1200 Venezianos Itália
bússola magnética, 1200 - China, Europa
óculos 1280 Salvino degli Armati ou Alessandro di Spina Itália
máquina de impressão, tipos móveis 1450 Johannes Gutenberg Alemanha
relógio de bolso 1500 Peter Henlein Alemanha
lápis 1565 Conrad Gesner Suíça
termômetro 1592 Galileo Itália
composto de microscópio óptico, 1600 Hans e Zacharias Jansen Holanda
telescópio, óptica 1608 Hans Lippershey Holanda
submarino 1620 Cornelis Drebbel Holanda
barômetro 1643 Evangelista Torricelli Itália
pêndulo do relógio, 1656 Christiaan Huygens Holanda
Inglaterra e
cálculo 1680 Sir Isaac Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz Alemanha
máquina a vapor 1698 Thomas Savery Inglaterra
cronômetro 1762 John Harrison Inglaterra
máquina de debulhar 1778 Andrew Meikle Escócia
balão de ar quente 1783 Joseph Montgolfier & Étienne França
lente bifocal 1784 Benjamin Franklin EUA
lâmpada a óleo 1784 Aimé Argand Suíça
guilhotina 1792 Joseph-Ignace Guillotin França
descaroçador de algodão 1793 Eli Whitney EUA
rolamento de esfera 1794 Philip Vaughan Inglaterra
sistema métrico de medida 1795 Academia Francesa de Ciências França
vacinação 1796 Edward Jenner Inglaterra
para-quedas 1797 AndrŽ-Jacques Garnerin França
bateria, de armazenamento de energia 1800 Alessandro Volta Itália
navio a vapor 1807 Robert Fulton EUA
conservas alimentares 1809 Nicolas Appert França
bicicleta 1818 Baron Karl Drais de de Sauerbrun Alemanha
estetoscópio 1819 RenŽ-ThŽophile-Hyacinthe La‘nnec França
cimento, portland 1824 Joseph Aspdin Inglaterra
fogão a gás 1826 James da Sharp Reino Unido
partidas de atrito 1827 John Walker Inglaterra
locomotiva 1829 George Stephenson Inglaterra
termostato 1830 Andrew Ure Reino Unido
tecido elastico 1830 Thomas Hancock Reino Unido
reaper, mecânica 1831 Cyrus Hall McCormick EUA
motor elétrico 1834 Thomas Davenport EUA
telégrafo 1835 Samuel FB Morse EUA
arado 1836 John Deere EUA
revólver 1836 Samuel Colt EUA
fotografia 1837 Louis-Jacques-MandŽ Daguerre França
 115  
 

Código Morse 1838 Samuel FB Morse EUA


célula de combustível 1839 William R. Grove Reino Unido
borracha, vulcanizada 1839 Charles Goodyear EUA
máquina de costura 1841 BarthŽlemy Thimonnier França
fac-símile (fax) 1842 Alexander Bain Escócia
geladeira 1842 John Gorrie EUA
elástico 1845 Stephen Perry Reino Unido
saxofone 1846 Antoine-Joseph Sax Bélgica
dirigível 1852 Henri Giffard França
elevador 1852 Elisha Graves Otis EUA
seringa hipodérmica 1853 Charles Gabriel Pravaz França
limpeza a seco 1855 Jean Baptiste Jolly França
motor de combustão interna 1859 ƒtienne Lenoir França
poço de petróleo 1859 Edwin Drake Laurentine EUA
pasteurização 1864 Louis Pasteur França
concreto armado 1867 Joseph Monier França
dinamite 1867 Alfred Nobel Suécia
máquina de escrever 1868 Christopher Latham Sholes EUA
celulóide 1869 John Wesley Hyatt EUA
margarina 1869 Hippolyte Mge-Mouris França
vaselina 1870 Robert Chesebrough EUA
goma de mascar 1870 Thomas Adams EUA
papelão, papelão ondulado 1871 Albert Jones EUA
tabela periódica 1871 Dmitry Ivanovich Mendeleyev Russia
policloreto de vinila (PVC) 1872 Eugen Baumann Alemanha
jeans 1873 Levi Strauss, Jacob Davis EUA
arame farpado 1874 Joseph Glidden EUA
DDT 1874 Othmar Zeidler Alemanha
Escócia /
telefone, com fio de linha 1876 Alexander Graham Bell Canadá / EUA
fonógrafo 1877 Thomas Alva Edison EUA
separador de creme (processamento de
laticínios) 1878 Carl Gustaf Patrik de Laval Suécia
Reino Unido /
microfone 1878 David E. Hughes EUA
lâmpada incandescente, 1879 Thomas Alva Edison EUA
EUA,
sacarina 1879 Ira Remsen, Constantin Fahlberg Alemanha
ferro elétrico 1882 Henry W. Seely EUA
fotográficos, cinematográficos 1884 George Eastman EUA
Louis-Marie-Hilaire Bernigaud, conde de
raiom 1884 Chardonnet França
arranha-céu, estrutura de aço 1884 William Le Baron Jenney EUA
motocicleta 1885 Gottlieb Daimler, Wilhelm Maybach Alemanha
lava-louças 1886 Josephine Cochrane EUA
lentes de contato 1887 Adolf Fick Alemanha
câmera fotográfica portátil 1888 George Eastman EUA
pneus, pneumáticos 1888 John Boyd Dunlop Reino Unido
automóvel 1889 Gottlieb Daimler Alemanha
câmera cinematográfica 1891 Thomas Alva Edison, William KL Dickson EUA
 116  
 

escada rolante 1891 Jesse W. Reno EUA


vácuo frasco, (Thermos) 1892 Sir James Dewar Escócia
trator 1892 John Froehlich EUA
torradeira elétrica 1893 Crompton Co. Reino Unido
ziper 1893 Whitcomb L. Judson EUA
X-ray imaging 1895 Wilhelm Conrad Ršntgen Alemanha
rádio 1896 Guglielmo Marconi Itália
fogão elétrico 1896 William Hadaway EUA
aspirina 1897 Felix Hoffmann (Bayer) Alemanha
gelatina 1897 Pearle B. Wait EUA
lanterna portátil a pilhas 1899 Conrad Hubert Rœssia / EUA
aspirador de pó elétrico 1901 Herbert Cecil Booth Reino Unido
ar condicionado 1902 Willis Haviland Portadora EUA
avião impulsionados por motores 1903 Wilbur e Orville Wright EUA
lápis de cor de cera para crianças 1903 Edwin Binney, C. Harold Smith EUA
eletrocardiograma (ECG, ECG) 1903 Willem Einthoven Holanda
silicone 1904 Frederic Stanley Kipping Reino Unido
radar 1904 Christian HŸlsmeyer Alemanha
café descafeinado 1905 Ludwig Roselius Alemanha
animação, motion picture 1906 J. Stuart Blackton EUA
Baquelite 1907 Leo Hendrik Baekeland EUA
Noruega /
motor, motor de popa 1907 Ole Evinrude EUA
máquina de lavar roupa elétrica 1907 Alva J. Fisher EUA
Contador Geiger 1908 Hans Geiger Alemanha
neon iluminação 1910 Georges Claude França
celofane 1911 Jacques E. Brandenberger Suíça
linha de montagem 1913 Henry Ford EUA
aço inoxidável 1914 Harry Brearley Reino Unido
sonar 1915 Paul Langevin França
tanque militar 1915 Comit Landships Admiralty Reino Unido
híbridos de milho 1917 Donald F. Jones EUA
Alemanha /
detector de metais 1920 Gerhard Fisher EUA
auto-rádio 1920 William P. Lear EUA
adesivo curativo 1921 Earle Dickson EUA
Sir Frederick Grant Banting, Charles H.
extração de insulina 1921 Melhor Canadá
polígrafo (detector de mentiras) 1921 John A. Larson EUA
snowmobile 1922 Joseph-Armand Bombardier Canadá
alto-falante 1924 Chester W. Rice, Edward W. Kellogg EUA
tecidos, faciais descartáveis 1924 Kimberly-Clark Co. EUA
alimentos congelados 1924 Clarence Birdseye EUA
aerosol 1926 Erik Rotheim Noruega
motor, o foguete de combustível líquido 1926 Robert H. Goddard EUA
alimentos para bebes preparados 1927 Dorothy Gerber EUA
quartzo relógio 1927 Warren A. Marrison Canadá / EUA
Vladimir Kosma Zworykin, Philo Taylor Russia / EUA,
televisão 1927 Farnsworth EUA
 117  
 

audiotape 1928 Fritz Pfleumer Alemanha


máquina de barbear 1928 Jacob Schick EUA
eletroencefalograma (EEG) 1929 Hans Berger Alemanha
Sir John Douglas Cockcroft, Ernest Thomas Irlanda / Reino
acelerador de partículas 1929 Sinton Walton Unido
banco de sangue 1930 Charles Richard Drew EUA
motor, jet 1930 Sir Frank Whittle Reino Unido
Fita adesiva 1930 Richard Drew (3M) EUA
preservativos, o latex 1930 - -
toalha de papel 1931 Arthur Scott EUA
gravação de som estereofônico 1931 Alan Dower Blumlein Reino Unido
tampão, algodão 1931 Earle Cleveland Haas EUA
parquímetro 1932 Carl C. Magee EUA
microscópio eletrônico 1933 Ernst Ruska Alemanha
lavanderia automática 1934 JF Cantrell EUA
lampada fluorescente 1934 Arthur Compton EUA
polietileno 1935 Eric Fawcett, Reginald Gibson Reino Unido
Escala Richter 1935 Charles Francis Richter, Beno Gutenberg EUA
nylon 1937 Wallace H. Carothers EUA
fotocópia (xerox) 1937 Chester F. Carlson EUA
fibra de vidro 1938 Owens Corning (Corp) EUA
caneta esferográfica 1938 Lazlo Biro Hungria
Teflon 1938 Roy Plunkett EUA
computador, eletrônica digital 1939 John V. Atanasoff, Clifford E. Berry EUA
helicóptero 1939 Igor Sikorsky Russia / EUA
cortador de grama, a gasolina 1940 Leonard Goodall EUA
guitarra elétrica 1941 Les Paul EUA
mísseis guiados 1942 Wernher von Braun Alemanha
reator nuclear 1942 Enrico Fermi EUA
aparelhagem de mergulho 1943 Jacques Cousteau, ƒmile Gagnan França
rifle de assalto 1944 Hugo Schmeisser Alemanha
protetor solar 1944 Benjamin Verde EUA
bomba atômica 1945 J. Robert Oppenheimer, et al. EUA
forno de microondas 1945 Percy L. Spencer EUA
bikini 1946 Louis Reard França
datação por carbono 14 1946 Willard F. Libby EUA
alimentos liofilizados 1946 Earl W. Flosdorf EUA
telefone móvel 1946 Bell Laboratories EUA
fotografia instantânea 1947 Edwin Herbert Terra EUA
John Bardeen, Walter Brattain H., William B.
transistor 1947 Shockley EUA
holografia 1948 Dennis Gabor Hungria
Velcro 1948 George de Mestral Suíça
Frank McNamara, Ralph Schneider (Diners
cartão de crédito 1950 Club ') EUA
fraldas, descartáveis 1950 Marion Donovan EUA
controle remoto, televisão 1950 Robert Adler EUA
fita de vídeo 1950 Charles Ginsburg EUA
contraceptivos, oral 1950 Gregory Pincus, John Rock, Min Chueh EUA
 118  
 

Chang

líquido corretivo branco 1951 Bette Nesmith EUA


codigo de barras 1952 Joseph Woodland EUA
bomba, termonuclear (hidrogênio) 1952 Edward Teller, et al. EUA
desfibrilador 1952 Paul M. Zoll EUA
marcapasso cardíaco 1952 Paul M. Zoll EUA
diamante, artificial 1955 General Electric Co. EUA
fibra óptica 1955 Narinder S. Kapany êndia
música de sintetizador 1955 Harry Olson, Herbert Belar EUA
respirador 1955 Forrest M. Bird EUA
satélite artificial 1957 Sergey Korolev, et al. URSS
circuito integrado 1958 Jack Kilby S. EUA
Gordon Gould e Charles Townes r’gido,
laser 1958 Arthur L. Schawlow (inventado em separado) EUA
ultra-sonografia 1958 Ian Donald Reino Unido
comunicações por satélite 1960 John Robinson Pierce EUA
diodo emissor de luz (LED) 1962 Nick Holonyak, Jr. EUA
display de cristal líquido (LCD) 1963 George Heilmeier EUA
mouse, computador 1964 Douglas Engelbart EUA
aspartame 1965 James Schlatter EUA
Kevlar 1965 Stephanie Kwolek EUA
calculadora eletrônica portátil 1967 Jack Kilby S. EUA
caixa automático (ATM) 1968 Don Wetzel EUA
motos de água 1968 Bombardier, Inc. Canadá
Advanced Research Projects Agency
Internet 1969 (ARPA) do Departamento de Defesa EUA
videocassete 1969 Sony Corp Japão
clonagem animal 1970 John B. Gurdon Reino Unido
relógio de pulso digital 1970 John M. Bergey EUA
ressonância magnética (MRI) 1970 Raymond Damadian, Lauterbur Paulo EUA
correio eletrônico (e-mail) 1971 Ray Tomlinson EUA
processador de alimentos 1971 Pierre Verdon França
Reino Unido,
tomografia computadorizada (TC, CAT scan) 1972 Godfrey Hounsfield, Allan Cormack EUA
Ray W. Fuller, Bryan B. Molloy, David T.
Prozac 1972 Wong EUA
video games 1972 Nolan Bushnell EUA
engenharia genética 1973 Stanley N. Cohen, Herbert W. Boyer EUA
MITS (Micro Instrumentation Telemetry
computador pessoal, 1974 Sistemas) EUA
fertilização in vitro (FIV), humanos 1978 Patrick Steptoe e Robert Edwards Reino Unido
estéreo, pessoal 1979 Sony Corp Japão
Holanda,
disco compacto (CD) 1980 Philips Electronics, Sony Corp Jap‹o
pele sintética 1981 Ioannis V. Yannas, John F. Burke EUA
camcorder 1982 Sony Corp Japão
computador portátil 1983 Radio Shack Corp EUA
Fingerprinting de DNA 1984 Alec Jeffreys Reino Unido
correção da visão a laser 1987 Stephen Trokel EUA
realidade virtual 1989 Jaron Lanier EUA
World Wide Web 1989 Tim Berners-Lee Reino Unido
 119  
 

consórcio de empresas internacionais de Japão, EUA,


digitais videodisco (DVD) 1995 eletrônicos Holanda
Viagra 1997 Pfizer Inc. EUA

Leer m‡s: http://www.pesquisa-unificada.com/products/a300-inven%c3%a7%c3%b5es-/


 120  
 

Apêndice 1. Análise de clusters - SPSS


Initial Cluster Centers
Cluster
1 2 3
M&amp;A ,1313 ,8667 ,5446
ROA 8,3734 3,7416 4,3219
ROE 13,6168 8,8366 8,0452
ROIC 10,8295 8,3918 8,8599
fredoom 76,8750 69,8000 51,2150
despgov 85,5450 33,0850 63,9000
idh ,7300 ,5600 ,3800
inov 41,2000 57,0500 39,3200

a
Iteration History
Iteration Change in Cluster Centers
1 2 3
1 13,780 16,815 11,301
2 ,000 ,000 ,000
a. Convergence achieved due to no or small change
in cluster centers. The maximum absolute coordinate
change for any center is ,000. The current iteration is
2. The minimum distance between initial centers is
34,382.

Final Cluster Centers


Cluster
1 2 3
M&amp;A ,2522 ,6377 ,4064
ROA 5,8255 5,0565 5,9993
ROE 10,5310 8,5758 11,6686
ROIC 8,8123 8,6617 10,2575
fredoom 63,8610 72,8350 56,4214
despgov 85,0520 49,5650 71,3988
idh ,9740 ,3967 ,8557
inov 40,8460 57,0400 34,1986

Number of Cases in each Cluster


1 5,000
Cluster 2 3,000
3 7,000
Valid 15,000
Missing ,000
 
 121  
 

Apêndice 2 - Tabela de Fatores: variaveis independentes

gastos
Despesas impostos governo /
Geral Governamentais Negócios Trade Investimentos financeiro /PIB % PNB
Chile 77,7 83,1 72,1 86,4 85,0 70,0 20,2 23,7
Brasil 56,5 55,2 61,4 69,4 55,0 50,0 33,7 33,4
Argentina 43,8 51,3 56,0 67,4 30,0 30,0 30,6 40,0
EUA 75,4 54,7 84,7 87,0 70,0 70,0 25,4 39,0
Mexico 65,2 76,4 70,7 79,2 70,0 60,0 19,7 28,1
Alemanha 74,4 41,3 90,0 88,0 90,0 70,0 36,7 44,3
Japão 73,1 46,2 82,5 82,6 70,0 60,0 30,3 42,3
Coréia 71,7 69,7 91,1 74,6 70,0 80,0 24,3 31,8
Indonésia 59,4 89,0 54,0 80,4 40,0 60,0 11,8 19,1
India 56,2 78,1 47,6 71,0 35,0 40,0 16,7 27,0
China 52,0 74,3 54,2 72,8 30,0 30,0 19,4 29,3
Nigéria 57,5 94,6 48,7 64,8 40,0 40,0 3,1 13,4
Africa do Sul 61,9 69,9 69,7 77,0 45,0 60,0 31,7 24,7
Turquia 62,1 55,6 65,4 84,4 75,0 60,0 29,3 38,5
Russia 50,6 56,2 72,2 72,4 25,0 30,0 34,8 38,2
fonte: elaborado pelo autor adaptado do Economic Freedom Index - Heritage Fondation
http://www.heritage.org/index/ranking
 122  
 

Apêndice 3 – Tabela de IDH de Países Selecionados

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