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Rio de Janeiro
2017
RAFAEL SACH FERREIRA
Rio de Janeiro
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Deborah e Antônio, por terem me ensinado que a busca pelo conhecimento era
o caminho para superar a nossa condição de vida e por terem persistido nesta ideia. Ao meu
irmão Rodrigo que com sua história de vida me mostra que é possível superar os obstáculos
mais difíceis.
A minha esposa Pamela e minha enteada Sabrina pelo cuidado e carinho comigo nos
momentos difíceis e pela compreensão nas vezes em que precisei estar ausente para me
dedicar a este trabalho ou ao curso, além dos incentivos para que eu seguisse adiante.
Obrigado, sem vocês isso não seria possível.
À PREVI, cujo apoio foi fundamental para a conclusão desse projeto pessoal e profissional.
Ao meu orientador, Professor Edson Daniel Lopes Gonçalves pelas contribuições de sua
experiência acadêmica para a conclusão deste trabalho.
Ao meu colega de trabalho Daniel, cuja contribuição foi essencial para meu ingresso no
mestrado.
Aos membros da banca, pelo tempo dispensado à análise deste estudo e pelas contribuições.
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RESUMO
O investimento em Private Equity, que ressurgiu no Brasil em 2005, aparece como uma
alternativa para diversificação dos investimentos dos fundos de pensão. No entanto, para que
essa modalidade de investimento se consolide, é preciso avaliar o desempenho da indústria de
Private Equity nos últimos anos.
O método utilizado para realizar esta avaliação foi Sistema DuPont, funcionando como uma
técnica de busca que ajuda a localizar as áreas-chaves responsáveis pelo desempenho
financeiro da empresa.
Os resultados apontaram claras diferenças financeiras e operacionais entre os grupos de
empresas que já foram desinvestidas pelos FIP e aquelas que ainda fazem parte da carteira.
No primeiro grupo, aproximadamente 71,42% das empresas obtiveram margem líquida
positiva e multiplicador de alavancagem financeira estável em torno de 2 vezes durante, pelo
menos, três anos antes do desinvestimento, gerando impactos positivos nos resultados
acumulados dos indicadores de rentabilidade ROA (Return on Assets, em inglês) e ROE
(Return on Equity, em inglês) calculados pelo Sistema DuPont. A partir da análise desses
dados, será possível, por exemplo, determinar padrões que auxiliem os gestores a completar
de maneira satisfatória o desinvestimento nas empresas que ainda fazem parte da carteira.
A análise das empresas já desinvestidas, em relação aos resultados obtidos e a maneira como
eles foram construídos nos permite concluir que o investimento em Private Equity pode ser
sim uma alternativa para diversificar a carteira de investimentos e reduzir a concentração em
segmentos de renda variável e renda fixa.
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ABSTRACT
Private Equity investment, which has re-emerged in Brazil in 2005, appears as an alternative
to diversify pension fund investments However, for this investment modality to be
consolidated, it is necessary to evaluate the performance of the Private Equity industry in the
last years.
The method used to perform this evaluation was the DuPont System, that acts as a search
technique that helps locate the key areas responsible for the company's financial performance.
The results showed clear financial and operational differences between the groups of
companies that were already disinvested by PEIF and those that are still part of the portfolio.
In the first group, approximately 71.42% of the companies had a positive net margin and a
stable financial leverage multiplier of around 2.0 times for at least three years before the
disinvestment, generating positive impacts on the accumulated results of ROA (Return on
Assets) and ROE (Return on Equity) profitability indicators calculated by the System DuPont.
From this data analysis it will be possible, for instance, to determine standards that will help
managers to satisfactorily complete the divestment process in the companies that are still part
of the portfolio.
The analysis of the companies already divested in relation to the results obtained and the way
they were constructed allows us to conclude that the investment in Private Equity can be an
alternative to diversify portfolio of investments, as well as reduce the concentration in
segments of variable income and fixed income.
Key Words: Private Equity Funds. Private Equity. Companies already divested. System
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LISTA DE TABELAS
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x
LISTA DE FIGURAS
x
xi
LISTA DE GRÁFICOS
xi
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................1
3 METODOLOGIA........................................................................................................... 16
4 CONCLUSÃO................................................................................................................. 64
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67
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1
1 INTRODUÇÃO
1
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2
3
3
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
que fazia com que o ambiente fosse extremamente adverso para o desenvolvimento da
indústria de PE.
Não obstante ao ambiente econômico, a quantidade de instituições com capacidade
para realizar a gestão deste tipo de investimento era bastante limitada. Além disso, o mercado
brasileiro de Private Equity não continha estímulo fiscal e arcabouço jurídico, com
capacidade de proteger os cotistas em eventos adversos, como já era possível observar em
outros mercados mais desenvolvidos.
Na década de 90, após uma série de reformas estruturais no Brasil, tais como a
liberação do comércio, a desregulação de setores, privatizações e o Plano Real, foi criado um
ambiente mais favorável para o desenvolvimento da indústria de PE. Segundo Ross (2015), os
anos de 1997 e 1998, foi marcado por crises financeiras em diversos países ao redor do
mundo, trazendo dificuldades para o mercado brasileiro, resultando na mudança do regime
cambial em 1999. Diante do exposto, o aumento da volatilidade nos mercados nos mercados
externos e internos causaram uma redução crítica dos comprometimentos de investidores de
PE no país durante 1998 e o início de 1999, em especial os investidores institucionais.
Para Rechtman (2008), especificamente no Brasil, é importante destacar a constituição
do Projeto INOVAR, em 2001, que foi fundamental para a aproximação dos investidores
institucionais com o investimento em PE. O referido projeto idealizado e desenvolvido pela
FINEP e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Em 2003, a CVM publicou a Instrução n° 391 que incentivou maior participação dos
fundos de pensões locais em FIP. Em 2005, o GVcepe (FGV, São Paulo) apresentou o
primeiro censo sobre a PE no Brasil, o que foi considerado o ponto de inflexão nas
informações estatísticas e conhecimento da indústria brasileira. Segundo Demaria (2015), as
informações sobre empresas fechadas normalmente são escassas, pois a produção de
informações é cara e como estas companhias não contam com as obrigatoriedades de
divulgação de informações como as empresas de capital aberto, o fornecimento de
informações fica impactado. A maioria das pequenas e médias empresas não contam com
software de planejamento de recursos empresarias (ERP), e seus indicadores financeiros são,
na maioria das vezes muito básicos. Para o referido autor, quando uma empresa fechada
possui contas analíticas, podemos considera isto como prova da “gestão avançada” para
maioria das pequenas e médias empresas.
Para Ross (2015), em 2004 ocorreram os primeiros desinvestimentos de empresas
investidas por PE através de oferta pública de ações e após a reorganização do Private Equity
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no Brasil (Instrução CVM 391 e primeiro censo sobre PE), no ano de 2005 a indústria de FIP
iniciou o seu segundo ciclo de investimentos. Dito isto, podemos perceber que atualmente
vivemos o momento final do segundo ciclo da indústria de PE no Brasil, afinal, segundo
Demaria (2015), fundos de Private Equity têm vida útil de aproximadamente dez anos (alguns
contam com prorrogação opcional de dois ou três anos) e são divididos em um período de
investimento (aproximadamente 5 anos, com alternativa de prorrogação por um ano) e um
período de desinvestimento (cinco anos, com possibilidade de prorrogação). A afirmativa de
Demaria (2015) está parcialmente correta, em nossa experiência, como analista da PREVI, é
possível observar fundos com 8 anos de prazo e outros com 12 anos, embora a maioria siga o
padrão de 10 anos de prazo.
Segundo Cavalcanti (2005), os fundos de Private Equity retêm o investimento ao
passo que a empresa investida progride e se valoriza, para posteriormente liquidar sua
participação na companhia com altos lucros. Não obstante a afirmativa de Cavalcanti (2005),
temos observado alguma dificuldade dos gestores na realização das vendas de participações,
tendo em vista a redução das oportunidades de negócios por conta do momento econômico
vivido no país, afetando fortemente a liquidez do mercado de PE. O referido autor, classifica a
estagnação ou desaceleração da atividade econômica e as taxas de juros elevadas nas
operações comuns de renda fixa, como fundamentais para o pouco desenvolvimento do
mercado de FIP no Brasil, pois não geram incentivo para a realização de negócios promitentes
em curtos espaços de tempo.
Não é incomum ouvir que há muito espaço para crescimento do mercado de Private
Equity no Brasil, principalmente quando se compara o volume investidos em outros países.
Ross (2015), apresenta levantamento onde podemos confirmar que ainda há bastante espaço
para esse tipo de investimento no país, quando comparado aos investimentos em PE no EUA
ou Reino Unido, conforme Gráfico 1 a seguir:
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• Definir o potencial máximo – Etapa onde o gestor tem que definir estratégias focadas no
potencial máximo da empresa, com a finalidade de aumentar os lucros e o preço das
ações;
• Traçar o plano – Etapa ondo o gestor define como alcançará o potencial máximo. Muitas
vezes, o plano se concentra em um número reduzido de iniciativas identificadas pelo
gestor para determinar o potencial máximo, principalmente aquelas que criarão o maior
valor para a empresa no médio prazo;
• Explorar o talento – Quando se deve escolher as pessoas certas para a execução do plano
traçado;
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• Promover uma mentalidade orientada a resultados – O gestor do PE deve estar atento para
manter a companhia focada nos resultados, disseminando esta cultura para todas as áreas
da empresa investida, o que poderá gerar ganhos, conduzidos pelas cinco diretrizes
anteriores.
Segundo Cavalcante (2005), empresas que não transparecem ter boa governança
corporativa, desestimulam à atividade de Private Equity. Para Andrade (2006), em relação ao
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Demaria (2015), afirma que a participação dos investidores do FIP é limitada e que o
direito dos cotistas é apenas de ser informados através de relatórios regulares dos
encaminhados pelos gestores dos fundos. Não obstante a esta afirmativa sobre a atuação dos
cotistas, na prática, temos observado no mercado brasileiro de Private Equity, uma atuação
muito grande dos investidores, principalmente através de comitês de investimentos, criados
para definir por exemplo se um fundo deve ou não realizar investimento indicado pelo gestor.
Portanto, no Brasil, o papel do investidor é muito mais ativo, o cotista atua como um
conselheiro ou co-gestor, como alguns preferem chamar. Isso acontece aqui, pois esses
comitês são geralmente constituídos pelos principais cotistas dos fundos que devem, dentre
outras coisas, decidir se aprovam ou não o investimento em uma companhia alvo.
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avaliação e compensação do risco dos ativos que compunham a carteira vis-à-vis o retorno
esperado.
Ross (2015) define risco sistemático como qualquer risco que exerça influência sobre
um grande número de ativos, em maior ou menor grau e o risco não-sistemático como um
risco que influencia um determinado ativo ou um pequeno grupo de ativos.
Entendemos que a diversificação deve ser observada sob dois aspectos em relação a
esse estudo, o primeiro deles é o investimento em Private Equity surgir como alternativa ao
investimento em renda variável, conforme exposto no início desta seção, através da afirmativa
de Demaria (2015), quando diz que PE é um veículo de diversificação e mitigação de risco,
por não ser correlacionado com os mercados de ações em termos de rentabilidade e
volatilidade. O segundo aspecto que deve ser observado em relação a diversificação é em
relação a própria carteira de FIP’s da PREVI, deve-se ter o cuidado de evitar a concentração
em poucos fundos e em fundos características parecidas. A mesma precaução pode ser
utilizada pelo gestor do FIP, evitando compor a carteira do fundo com empresas de um
mesmo setor econômico, o que poderá ser determinante para preservar o retorno aos cotistas
no momento em que um determinado setor econômico passar por dificuldades.
informações como sua posição financeira e econômica, em outras palavras, o analista que está
analisando a empresa, pode avaliar a atratividade de investir em ações da companhia, ou se há
espaço para realização de novos empréstimos, ou se há equilíbrio/insolvência para o
pagamento dos empréstimos já existentes, além de testar se as operações da empresa são
rentáveis e suportam as expectativas dos acionistas.
A análise dos demonstrativos contábeis das companhias investidas por FIP’s não deve
ser restrita apenas ao acompanhamento dos investimentos realizados nas empresas investidas,
o gestor do fundo deve promover uma análise de balanços criteriosa antes mesmo de
apresentar a proposta de investimento ao comitê de cotistas que decidirá pelo investimento ou
não da companhia. Rechtman (2008) chama está etapa de investigação contábil, que ocorre
antes de realizar o investimento, onde o gestor apoiado por auditores independentes de
primeira linha tem como objetivo definir se as demonstrações financeiras da empresa refletem
sua real situação econômica. Segundo o autor, é nesta etapa que normalmente um gestor de
PE deve identificar os passivos da companhia, observando se há o provisionamento ou não
dos mesmos, o que contribuirá para a verificação se os dados informados para determinação
do valor da companhia estão reproduzidos corretamente em seus registros contábeis.
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pode ser considerado um retrato momentâneo da condição financeira de uma empresa. Para
ele, o balanço é uma relação dos ativos e dos passivos da empresa em determinado momento e
a diferença entre ativos e passivos é considerada o valor líquido da companhia, que podemos
chamar de patrimônio líquido.
Segundo Johnson (1993), o Sistema DuPont foi criado como uma fórmula do retorno
do investimento, criada na DuPont Powder Company, pois tinham o intuito de avaliar cada
aspecto das atividades da empresa em termos do preço do capital, além de desenvolverem esta
metodologia com o objetivo de avaliar e controlar a eficiência e rentabilidade de empresa.
Segundo Padoveze (2007), apenas em 1930 esta metodologia foi divulgada à comunidade
empresarial e acadêmica dos Estados Unidos.
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Uma outra abordagem pode ser vista em Silva (2006), quando afirma que o método
DuPont é uma forma gráfica e analítica de demonstrar o retorno sobre o investimento, a partir
da integração entre os índices de atividade (giro do ativo) e a margem líquida. Obviamente,
Silva (2006) estava se referindo ao ROA (taxa de retorno sobre o ativo total). Vale lembrar
que segundo Damodaran (1997), a decomposição do ROA em margem de lucro e coeficiente
de giro dos ativos se torna uma condição clara para a avaliação de mudanças de estratégias
corporativas, ou seja, para uma companhia modificar suas margens de lucros elevadas para
margens menores, na expectativa de vender mais (aumentar o giro dos ativos), o impacto
sobre o ROA poderá ser estimado. Assim, o giro de ativos deve ser aumentado
proporcionalmente ao decréscimo nas margens de lucro para que a companhia sustente o
mesmo ROA.
Além do ROA, outra medida de lucratividade abordada pelo Sistema DuPont é o ROE
(taxa de retorno sobre o patrimônio líquido). Segundo Ross (2015), a diferença entre essas
duas medidas de lucratividade reflete a utilização de dívida para o financiamento dos ativos
da compamhia, ou a alavancagem financeira.
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Para Ross (2015), o Sistema DuPont nos diz que o ROE é afetado por três fatores:
A figura abaixo é uma representação gráfica do que foi dito até aqui sobre a
construção do Sistema DuPont. Ressaltamos que oportunamente, a Figura 2 a seguir será
reutilizada no próximo capítulo para facilitar o entendimento da metodologia utilizada.
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Para Damodaran (1997), uma das limitações em analisar ROA e ROE é que estes
índices mensuram a lucratividade baseando-se em lucros de um período e como os lucros
podem ser diferentes de um período para o outro, o nível de um índice de lucratividade pode
ser um indicador enganoso de lucratividade futura. Independentemente da limitação apontada,
acreditamos que a utilização desta técnica para diversas empresas investidas por FIP’s nos
quais a PREVI é cotista, possibilitará a construção de um banco de dados para a entidade,
com informações suficientemente capaz de permitir a comparação entre o desempenho de
empresas com experiência similares, permitindo e a indicação de melhores estratégias
adotadas no passado, para empresas que se encontro em dificuldades no presente.
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3 METODOLOGIA
Este capítulo busca revelar a metodologia utilizada para aplicação do Sistema DuPont
na avaliação de desempenho das empresas investidas e dos gestores de fundos de Private
Equity que compõem o patrimônio da PREVI. Primeiramente, apresentaremos uma amostra
com as empresas investidas pelos FIPs nos quais a PREVI é cotista, e que servirão de ponto
de partida para a aplicação do Sistema DuPont e assim como a avaliação das empresas e dos
gestores.
Por fim, serão realizadas comparações entre os resultados dos índices rentabilidade
aqui estudados nas diversas empresas, bem como, compararemos os resultados desses índices
com indicadores econômicos como o PIB e o com o desempenho de índice de bolsa ações,
isso porque estamos considerando o investimento em Private Equity como uma forma de
diversificação de investimento da PREVI e uma alternativa ao investimento em renda
variável.
Dito isso, conforme o Relatório Anual 2015, disponível no site da PREVI, a carteira
de Investimentos Estruturados da PREVI encerrou o ano com 31 fundos divididos entre os
Planos de Benefícios 1 e Previ Futuro, cuja a soma de recursos aportados era de R$ 723,6
milhões e R$ 80,8 milhões nos respectivos Planos de Benefícios. Embora os volumes
investidos pareçam vultuosos, representavam apenas 0,50% dos recursos garantidores do
Plano de Benefícios 1 e 1,21% dos recursos garantidores do Plano de Benefícios Previ Futuro,
demonstrando o caráter ainda experimental dos investimentos no Segmento de Investimentos
Estruturados, como dissemos antes, o mercado de FIP’s no Brasil se reorganizou a partir de
2006 e como estes fundos normalmente são longos e só agora começaremos a realmente saber
quais fundos e gestores realmente “deram certo”, a PREVI adotou uma postura conservadora
em termos de recursos alocados neste tipo de investimento.
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Apesar de os nomes dos fundos aqui estudados serem divulgados no Relatório Anual
da PREVI, os regulamentos dos fundos de Private Equity estabelecem a confidencialidade e
não divulgação dos dados referentes às empresas investidas. Portanto, atribuiremos nomes
fictícios para fundos, empresas e gestores, a fim de respeitar as regras de confidencialidade e
evitar que a PREVI, que cedeu gentilmente os dados, tenha qualquer problema com a
divulgação indevida dos dados. Sem dúvida, os resultados podem conter viés, devido a
utilização de empresas pertencentes a carteira da PREVI, a expansão deste estudo para
empresas investidas por PE não investidos pela PREVI poderá mitigar o risco de viés. A
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Tabela 3, a seguir, estabelece os nomes fictícios pelos quais classificaremos cada um dos
fundos, empresas e gestores do presente estudo:
Através da última coluna da Tabela 3 acima, podemos observar quem são as empresas
desinvestidas. Outro fator que pode ser observado na referida tabela é o percentual que um
determinado FIP possui do capital social de uma determinada companhia investida, que em
alguns casos poderá servir de poder de “barganha” do gestor nos momentos em que ele
investe ou desinveste de uma determinada companhia.
controle de Private Equity pode oferecer às empresas a liberdade para atingir um ponto de
equilíbrio entre o empreendedorismo de um lado e a disciplina financeira do outro.
Segundo Assaf Neto (2010), ativo, passivo e patrimônio líquido podem ser definidos
das seguintes maneiras:
Lembramos que tanto o BP quanto a DRE fazem parte das demonstrações contábeis.
Para Pimentel (2007), as demonstrações contábeis têm como objetivo final analisar a situação
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financeira e econômica de uma empresa e prever futuras situações, contribuindo para tomada
de decisão.
3) Margem Líquida
A margem líquida apresenta qual o lucro líquido para cada unidade de venda realizada
pela companhia, ou seja, corresponde ao que sobra para os acionistas da empresa em relação
as receitas com prestação de serviço e vendas.
Em outras palavras, uma companhia gera um determinado valor financeiro de lucro
líquido para cada unidade monetária vendida. Vale observar que o resultado para este índice
deve ser expresso em percentual e como o valor de vendas é positivo e o lucro líquido é
menor do que as vendas, sendo o lucro positivo ou negativo, o índice normalmente deverá se
encontrar no intervalo entre -100% e 100%. Ressaltamos que poderá existir alguns casos
escassos, onde o valor poderá não pertencer a este intervalo, em função do tamanho do
prejuízo da empresa em determinado exercício.
Ross et al (2015) define a margem líquida como uma medida de lucratividade, se
destinando a medir a eficiência da empresa em utilizar seus ativos e administrar suas
operações.
Como poderemos ver adiante, quanto maior for o resultado para este índice, melhores
serão os resultados para a Taxa de Retorno do Ativo Total (ROA).
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Devemos observar que quanto maior for o valor das vendas ou menor o valor do ativo
total, maior será o resultado para o giro do ativo total. Como exemplo, imaginemos que as
vendas de uma determinada companhia estejam representadas pelo valor de R$ 3 milhões e o
ativo total é de R$ 1 milhão, nesse caso o nosso giro do ativo total será de 3 vezes no ano
pelas vendas, ou seja, a companhia vendeu o equivalente a 3 vezes o seu ativo.
Esse indicador mostra quantas vezes a empresa está vendendo seu ativo em um
determinado período. Quanto maior, melhor e para isso, o ideal é que a aplicação em ativos
esteja se tornando cada vez menor e paralelamente o volume de vendas seja cada vez maior,
justamente pelo fator matemático. Em uma divisão, quando o numerador é maior e o
denominador é menor, consequentemente temos um resultado maior, o que também
aumentará o ROE, como veremos adiante.
Segundo Marion (1998), é aconselhável manter o ativo a um mínimo necessário. Para
ele, ativos ociosos, grandes investimentos em estoques, elevados valores de duplicatas a
receber, prejudicam o giro do ativo total e, consequentemente, a rentabilidade da companhia.
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ROA = Margem Líquida X Giro do Ativo Total = Lucro Líquido x Vendas = Lucro Líquido
Vendas Ativo Total Ativo Total
Nesse caso, uma simples manipulação das formas nos levará ao resultado apresentado
por Ross, ou seja, a razão entre Lucro Líquido e Ativo Total. A possibilidade de encontrar o
resultado para o ROA por diversas maneiras, é especialmente importante nesse estudo, pois
ajudará a entender de onde as companhias estão conseguindo obter resultados ou onde elas
precisam melhorar para atingir um desempenho satisfatório.
Uma outra abordagem para obtenção do ROA pode ser vista em Assaf Neto (2010),
onde o índice é obtido pela divisão do Lucro Operacional pela diferença entre o Ativo Total e
o Lucro Líquido.
Já para Damodaran (1997), o ROA de uma empresa mede sua eficiência operacional
em gerar lucros a partir de seus ativos, antes de considerar os efeitos dos financiamentos. Para
Damodaran (1997) o ROA, uma vez computado, pode ser utilizado de diversas maneiras,
como para comparar diferentes empresas do mesmo ramo de negócios, com o intuito de
avaliar a eficiência operacional.
Para Marion (1998), a combinação de itens do ativo é que gera receita para empresa e
na verdade, o ativo significa investimentos realizados pela empresa no sentido de obter receita
e, por conseguinte, lucro. Para ele, é assim que podemos obter a Taxa de Retorno sobre o
Ativo Total e isso significa o poder de ganho da empresa, ou seja, quanto a empresa ganhou
por unidade monetária investida.
Wernke (2008), define ROA como o indicador que evidencia o retorno conseguido
com o dinheiro aplicado pela empresa em ativos num determinado período. Segundo o autor,
o uso do ROA pode proporcionar alguns benefícios:
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3º. Utilizar o resultado encontrado para o lucro líquido após o imposto de renda e dividir
pelas vendas da companhia no ano analisado, com a finalidade de encontrar a margem
líquida da companhia naquele exercício anual.
4º. Utilizar o Balanço Patrimonial da companhia analisada para selecionar o ativo total da
companhia. Assim como na DRE, construímos o Balanço Patrimonial de todas as 24
companhias da amostra. Destaque para o BP da companhia “2” na Tabela 5 a seguir.
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6º. O resultado do produto entre a margem líquida da companhia e o giro do ativo total é
o que chamamos de Taxa de Retorno do Ativo Total (ROA).
8º. Realizar a divisão do resultado anterior, ou seja, o passivo total mais o patrimônio
líquido da companhia pelo próprio patrimônio líquido e assim, obter o resultado do
multiplicador de alavancagem financeira.
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Ano 2014
Vendas
1.265.048.000,00
menos
Custo dos Lucro Líquido Após
Produtos Vendidos 413.145.000,00 I.R. 57.375.000,00
menos dividido por Margem Líquida
4,54%
DRE
Despesas
Vendas
Operacionais 645.309.000,00 1.265.048.000,00
menos
Despesas
Financeiras 108.063.000,00
menos
Taxa de Retorno Sobre o
Imposto de Renda multiplicado por
41.156.000,00 Ativo Total (ROA) 1,71%
Vendas
1.265.048.000,00
Giro do Ativo Taxa de Retorno Sobre o
Ativo Circulante dividido por multiplicado por
980.557.000,00 Total 0,38 Patrimônio Líquido (ROE) 3,64%
mais Ativo Total
3.360.427.000,00
Balanço Patrimonial
Ativo Permanente
Líquido 2.379.870.000,00
Passivo circulante
402.662.000,00
mais Exigível Total
1.784.168.000,00
Passivo Exigível a Total do Passivo
mais
Longo Prazo 1.381.506.000,00 e PL = Ativo Total 3.360.427.000,00
Multiplicador de
Patrimônio Líquido dividido
1.576.259.000,00 Alavancagem Financeira 2,13
Patrimônio
Líquido 1.576.259.000,00
3.3 ANÁLISE
Embora o objetivo final deste estudo seja verificar atuação dos gestores através do
desempenho econômico, operacional e financeiro das companhias investidas, através do ROA
e ROE, faz-se necessária a observação criteriosa acerca de algumas estatísticas produzidas por
esta pesquisa, como forma de auxiliar na análise da construção do ROA e ROE de cada
empresa analisado por este estudo e na verificação e determinação de algum comportamento
padronizado pelas empresas desinvestidas, com a finalidade aconselhar o mesmo
comportamento aos gestores de empresas ainda investidas.
e investimentos sistemáticos de curto e médio prazo para garantir o retorno mais alto possível
no espaço de tempo de 3 a 5 anos.
Os dados anuais sobre as empresas desse estudo estão distribuídos conforme
disponibilidade de informações para cada uma das companhias investidas. Portanto o ano de
início e fim destes dados é diferente para cada empresa analisada, sendo o ano de 2007,
aquele onde obtivemos as informações anuais mais antigas utilizadas neste estudo, uma vez
que o ano representa o investimento inicial dos fundos D e H nas companhias 11 e 17
respectivamente.
No Brasil, a maior parte das companhias investidas por fundos de Private Equity não
tem as demonstrações financeiras auditadas antes da realização de investimento por um FIP.
A implantação de auditoria externa independente para as demonstrações financeiras
normalmente acontece após a entrada de um fundo de PE no capital social da companhia,
junto com a instituição de novas regras de governança para a empresa, que são definidas após
negociação entre o gestor do fundo e os demais sócios relevantes da companhia investida,
sendo esta relação formalizada através de acordo de acionistas. Dito isto, embora algumas
empresas possuam dados anuais anteriores a entrada dos FIPs nos quais a PREVI é cotista,
vamos manter o foco da analise apenas nos 136 dados anuais devidamente auditados, desde a
entrada dos fundos no quadro societário das empresas.
Ao observar o resultado geral da amostra para ROA e ROE podemos encontrar 65
desses anos onde o ROA foi positivo, equivalendo a 47,79% dos dados anuais analisados,
demonstrando que nesses anos, as empresas podem ter apresentado boa eficiência operacional
e eficiência no uso dos ativos, ao passo que por 71 vezes os resultados anuais para o ROA
foram negativos, representando 52,21% resultados anuais analisados. Portanto, ao observar a
carteira como um todo para a obtenção do ROA, houve pouca diferença entre o número de
anos em que os resultados foram positivos ou negativos.
Curiosamente, os números se invertem quando queremos observar o ROE dos 136
dados anuais, quando 71 dados anuais ou 52,21% deles foram positivos, indicando a
possibilidade de as empresas investidas terem obtido lucratividade através de eficiência
operacional, eficiência no uso dos ativos ou ainda, através de sua alavancagem financeira. É
importante ressaltar que classificamos como possibilidade de a empresa ter alcançado
lucratividade, pelo simples fato de que é possível que um resultado negativo para o ROA,
combinado com o MAF também negativo produzam um falso resultado positivo para o ROE,
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Por outro lado, ao realizar a conta dos resultados acumulados anualmente dos ROA’s
de cada uma das empresas, percebemos que apenas 9 entre as 24 companhias possuem um
resultado acumulado positivo (superior a 0%), o que poderia indicar melhoras operacionais
proporcionadas pela participação dos gestores de Private Equity ao longo dos anos nessas
empresas, porém o número de companhias com o ROA acumulado é pequeno quando
comparado ao total de 24 companhias, demonstrando que boa parte da carteira necessita
apresentar melhoras operacionais. Este resultado se torna bastante interessante a medida que
analisamos essas 9 empresas e observamos que a maioria delas já foram desinvestidas pelos
gestores aqui analisados, ou seja, 5 delas foram desinvestidas alcançando rentabilidades
bastante satisfatórias. Essas 5 empresas representam 71,43% das empresas desinvestida dessa
amostra. A Tabela 6 a seguir apresenta todas as empresas da amostra que obtiveram o
resultado acumulado para o ROA superior a 0%.
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33
registraram valores positivos para o desempenho acumulado do ROA, apenas 5 delas teve
desempenho superior ao PIB do Brasil, ou seja, ter o ROA acumulado acima de 0%, nem
sempre pode significar sucesso para o gestor.
Pretendemos comparar também os resultados para os ROE’s relativos aos dados
anuais aqui estudados, com o desempenho do índice IBrX, um dos principais índices de ações
da bolsa de valores Bovespa e utilizado como benchmark para carteira de renda variável da
PREVI. Faz sentido a ideia de comparar o ROE das companhias com o índice IBrX, a medida
que o investimento em Private Equity pode ser encarado como uma alternativa ao
investimento em renda variável, tendo em vista a acentuada concentração do patrimônio da
EFPC em ações. Vale lembrar, que para Ross (2015) o ROE é uma medida de como foi o ano
para os acionistas, sendo a verdadeira medida de desempenho do lucro.
Dessa maneira, também podemos dizer que o resultado de 52,21% entre os 136 dados
anuais de todas as companhias analisadas é positivo, tendo em vista o fraco desempenho
acumulado de -18,46% do índice Bovespa 2011 até o final de 2015, onde há maior
concentração das DRE’s balanços patrimoniais ora estudados.
Apesar de considerar o percentual de 52,21% dos dados anuais positivos para o ROE
satisfatório, o resultado acumulado das empresas não apresentou bons números, uma vez que
apenas 9 entre as 24 empresas apresentaram ROE positivo, semelhante ao ocorrido com o
ROA.
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empresas analisadas, 2.472,05%, o que poderia parecer muito bom no primeiro momento, mas
um olhar mais detalhado, mostrará que na verdade o cenário para esta empresa não é nem um
pouco animador, tendo em vista que ela vem obtendo ROA’s negativos em todos os anos
desde o investimento inicial do fundo “C” em 2010. Em 2014 o resultado para o ROE foi
extremamente positivo e isso só aconteceu porque a combinação de patrimônio líquido
negativo da companhia naquele ano (- R$ 135 mil) com o ativo total de R$ 30,3 milhões,
produziram um multiplicador de alavancagem financeira de extremamente negativo (–
224,53). Como sabemos, o ROE é o resultado do produto do ROA, que também foi negativo
naquele ano, pelo MAF, gerando em 2014 um resultado de 8.369,63% para a Taxa de Retorno
sobre o Patrimônio Líquido. Os Gráficos 5 e 6 e a Tabela 7 a seguir ajudam a compreender o
que acabamos de dizer, mostrando como o desempenho da companhia vem se deteriorando a
cada ano, apesar do ROE acumulado ser de 2.472,05%.
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Companhia "7"
Ano ROA ROE
2010 -23,55% -52,69%
2011 -8,32% -21,28%
2012 -10,07% -31,58%
2013 -9,69% -39,99%
2014 -37,28% 8369,63%
2015 -38,54% 98,59%
financeiro nacional, explicam a nova inflexão negativa das vendas desta companhia a partir de
2012. Portanto, apesar do expressivo resultado para o ROE, entendemos que todos os
resultados devem ser observados detalhadamente, a fim de evitar equívocos na análise dos
gestores que prestam serviços para PREVI.
Considerando o exposto nas tabelas apresentadas, o gestor “a” aparece como o maior
expoente, tendo em vista não apenas os resultados de suas empresas para os indicadores ROA
e ROE, como também suas rentabilidades efetivas, conseguindo ser um dos dois gestores da
amostra em questão capazes de conseguir liquidar os investimentos realizados. Entre as 5
empresas investidas por este gestor, 4 delas foram vendidas com retornos acima do retorno
observado para o IBrX no período equivalente ao investimento nessas empresas, conforme
Tabela 10 a seguir:
Observe que o retorno do IBrX na maioria das vezes foi positivo, mostrando que o
investimento em Private Equity foi competitivo quando comparado ao índice acionário.
Destaque para a empresa “4”, cujo retorno efetivo foi de -52,74%, quando na verdade a
companhia foi vendida em janeiro de 2013 para a companhia “6” que também pertencia ao
fundo “A” e foi vendida posteriormente, alcançando o retorno efetivo de 274,44%, sendo esse
o maior retorno efetivo entre todas as empresas da amostra analisada. Portanto, de certa
forma, podemos dizer que até a única companhia do gestor “a” que teve retorno efetivo
negativo, teve um bom desinvestimento, tendo em vista que o desempenho ruim da empresa
poderia ter postergado o desinvestimento da mesma, em caso de venda para outro investidor,
além de agregar na companhia “6” um tipo de serviço que não era oferecido por ela,
contribuindo para percepção de valor da companhia.
A estratégia adotada pelo gestor “a” e respaldada pelos cotistas do fundo considerou o
momento vivido pelas duas companhias. Enquanto a “4” passava por pouco crescimento de
vendas e acumulando EBITDA cada vez piores, a companhia “6” vinha aumentando
consideravelmente suas vendas anualmente, bem como aumentando seu EBITDA. Os dois
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gráficos a seguir exemplificam o que dissemos, através das vendas anuais das empresas “4” e
“6”.
Nesse sentido, podemos considerar que a estratégia de venda da empresa “4” para a
empresa “6” adotada pelo gestor “a” foi extremamente positiva, tendo em vista que as duas
companhias pertencem ao setor de educação, porém com vieses diferentes, sendo a
companhia “4” focada no ramo de educação corporativa, o que serviu para reforçar a ideia de
alienação da companhia “6”, através da ampliação dos negócios que a empresa atuava. Até a
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operação entre as duas companhias, a “6” era exclusivamente focada em ensino superior,
sendo controladora de três instituições de ensino.
Assim como fizemos com a companhia “7”, devemos estar atentos aos indicadores de
rentabilidade da companhia “6”, afinal a companhia que teve o maior retorno efetivo teve
também o ROE acumulado extremamente negativo (-887,23%) e poderia gerar dúvida sobre a
efetividade de uma relação positiva entre conseguir bons resultados para o ROE e retornos
efetivos satisfatórios, já que teve retorno efetivo de 274,44%. Os dois primeiros anos do
investimento contribuíram bastante para um ROE acumulado ruim.
Companhia "6"
Ano ROA ROE
2010 9,53% -28,60%
2011 -2,28% -548,77%
2012 4,64% 65,94%
2013 3,44% 6,25%
2014 16,86% 26,70%
2015 5,45% 9,98%
Em 2010, ano de entrada do fundo “A” na companhia, mesmo com um ROA de 9,53%
a empresa não foi capaz de obter um resultado satisfatório para o ROE, devido ao fato de que
naquele ano o passivo total ser muito superior ao ativo total, tornando o patrimônio líquido
negativo e por isso, em 2010 o MAF foi negativo (-3), gerando um ROE de -28,60% naquele
ano. Em 2011, com um grande aumento das vendas, a balança entre ativo total e passivo total
se equilibrou, apesar do salto no passivo circulante, levando o patrimônio líquido para o
campo positivo, porém em um valor pequeno o suficiente para gera um MAF de 240,62 (ativo
total = R$ 352,64 milhões / patrimônio líquido = R$ 1,47 milhões), que combinado com um
ROA negativo de 2,28% resultou no pior ROE anual da companhia “6” durante os anos em
que o fundo “A” participou do capital social da companhia. Destacamos que em 2011, o
crescimento das vendas veio acompanhado de crescimento expressivo das despesas
operacionais e financeiras, gerando margem líquida negativa, o que explica o ROA negativo
em naquele ano.
A Tabela 9 mostra que a partir de 2012 os resultados para ROA e ROE da empresa “6”
foram excelentes, portanto podemos inferir que nos dois primeiros anos, a firma passava pela
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fase definida por Gadiesh (2009) como “melhorar o desempenho”, quando o gestor de Private
Equity começa a transformar o plano em realidade e sua prioridade é moldar a organização em
torno do plano.
Um fator interessante sobre o gestor “a” é a concentração de empresas no setor de
educação. Entre as 5 companhias investidas, apenas a companhia “5” não pertence ao setor,
sendo está uma empresa do setor de alimentação, atuando como uma rede varejista de
hortifrutigranjeiros, presente no sudeste do país, tendo como público-alvo as classes A e B,
oferecendo também produtos diferenciados de grande aceitação junto ao cliente, tais como
carnes, laticínios, queijos, vinhos e outros produtos da linha de mercearia. Portanto,
poderíamos até admitir a presença do gestor “a” em uma listagem de gestores pré-aprovados
pela PREVI, porém em caso de oferta de novo FIP, devemos observar qual será o foco de
atuação do novo fundo deste gestor, tendo em vista que este parece ser um especialista no
setor de educação. É claro que isso poderá ser verificado ao expandir esta análise para todas
as empresas investidas por FIP’s em que a PREVI é cotista.
Pelos resultados alcançados no ROA e ROE pelo gestor “a” com o retorno efetivo das
firmas por ele investidas e geridas, principalmente quando os comparamos com os resultados
do IBrX para períodos iguais aos dos investimentos realizados e considerando que o
investimento em PE pode ser uma alternativa para diminuir a concentração de recursos em
renda variável na PREVI, podemos dizer que este gestor se encaixa no perfil apresentado por
Gadiesh (2009), explorado nesse estudo no capítulo de referencial teórico, onde foi dito que
os gestores de Private Equity mais talentosos chegaram a uma fórmula para criação de valor
que está gerando retornos espetaculares, para seus investidores, delineando seis medidas que
devem ser adotadas pelas corporações, relembrando:
• Traçar o plano;
• Melhorar o desempenho;
• Explorar o talento;
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Nesse sentido, entendemos que o gestor “a” se encaixa no perfil de atuação do gestor
que busca o melhor desenvolvimento e desempenho da companhia, gerando maior expectativa
dos cotistas para os resultados de seus investimentos. Dessa forma, entendemos que outros
gestores de FIP’s da PREVI que se dedicarem a agir de tal forma poderão ser tão bem
avaliados pelos analistas do fundo de pensão quanto o referido gestor.
Outro gestor que merece destaque em nossa análise por ter realizado os
desinvestimentos na totalidade de empresas investidas por ele nesta amostra e com ótimo
retorno efetivo das companhias para os cotistas é o gestor “i”. Contudo, apesar do retorno
efetivo alcançado pelo gestor “i”, diferentemente do gestor “a”, os resultados para os
indicadores de rentabilidades acumuladas como o ROA e ROE não foram tão empolgantes,
conforme Tabela 12 a seguir:
Acreditamos que nesse caso, dois fatores comuns em cada uma das companhias foram
importantes para que o retorno efetivo dessas empresas fosse surpreendente em relação ao
ROA e ROE acumulados, sendo o crescimento das companhias e o tamanho que elas
passaram a ter, um desses fatores determinantes para o bom retorno efetivo das mesmas,
considerando que as duas empresas se tornaram bem maiores do que eram no momento do
investimento inicial pelo fundo “K”, portanto demonstrando consolidação de suas teses de
investimentos e se tornando mais sólidas e atrativas para um comprador. O outro fator comum
entre elas é a estratégia adotada pelo gestor ao apresentar para os investidores, empresas cujas
as atividades inerentes a elas, as tornou alvo de outras companhias pertencentes aos mesmos
setores, porém empresas com maior porte e apetite para realizar as aquisições das companhias
investidas pelo fundo “K”. Destacamos que em ambas situações, o gestor “i” ao apresentar as
oportunidades de investimentos nas empresas “23” e “24”, indicou sua percepção em relação
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crescer cada vez mais nem sempre será a melhor estratégia que um gestor poderá adotar, este
plano precisa ser amplamente debatido entre gestor, cotistas e outros sócios da companhia
investida.
Não obstante aos resultados acumulados para o ROA e ROE da companhia “23” não
serem tão empolgantes (ROA = -4,09% e ROE = 1,54%), podemos dizer que a exemplo do
gestor “a”, aqui também foi realizado um trabalho de desenvolvimento gradual na companhia,
tendo em vista que o investimento durou 4 anos e nos 3 últimos anos tanto o ROA e quanto o
ROE foram positivos, mostrando que o resultado negativo na visão acumulada só ocorreu
devido aos péssimos resultados registrados para os indicadores de rentabilidade no primeiro
ano do investimento na companhia “23”.
Já a companhia “24”, foi investida pelo gestor “i” em 2011 ano em que suas receitas
anuais contabilizavam aproximadamente R$ 28,97 milhões e o EBITDA correspondia a R$
2,48 milhões. No exercício fiscal de 2014, a receita passou para R$ 330,80 milhões e o
EBITDA foi para R$ 21,99 milhões. Além de a empresa ter se tornado muito maior do que na
data do investimento, neste caso, o investimento também foi realizado com o viés de vender a
companhia para outra companhia do mesmo setor econômico, conforme proposição de
investimento encaminhada aos cotistas do fundo “K” entes da aprovação do investimento na
empresa. Nesse caso, a companhia “24” que pertencia ao setor de saúde com foco em
oncologia e a participação do fundo foi vendida durante um período de expansão de outro
player do mesmo setor, com pouca atuação nas localidades de atuação da empresa “24”,
porém com caixa suficiente para realizar esta e outras aquisições.
Dessa maneira, o gestor “i” mostra que acumular ROA e ROE negativo não
necessariamente é a única condição para que os gestores de Private Equity encontrem um
bom retorno efetivo no momento de vender as empresas investidas por seus fundos. De fato,
podemos dizer que tanto a estratégia utilizada pelo gestor “a”, quanto a estratégia do gestor
“i” tiveram sucesso, tendo em vista que entre as sete companhias desinvestidas na soma dos
dois gestores apenas uma delas não obteve retorno efetivo superior ao IBrX no período
comparável, conforme quadro a seguir:
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Tabela 11 – Retorno efetivo das Companhias investidas pelos gestores “a” e “i”
Na seção anterior vimos que apesar do retorno efetivo alto para as companhias
desinvestidas, o gestor “a” optou por uma estratégia de construir resultados sólidos para suas
companhias investidas, buscando o desenvolvimento gradual das mesmas até culminar em
resultados positivos para os valores acumulados do ROA e ROE, melhorando
consideravelmente a percepção de valor das companhias investidas perante ao mercado, o que
acabou contribuindo para a realização dos desinvestimentos realizados. Já o gestor “i”, apesar
de também ter apresentado resultados estruturados e consistentes principalmente em relação a
empresa “23”, o gestor direcionou sua estratégia em tornar suas companhias potenciais alvos
para outras firmas com perfil consolidador em seus respectivos setores econômicos.
Conforme definimos na seção 3.2.2 (Aplicação do Sistema DuPont), para obter os
resultados para o ROA e ROE de cada uma das empresas analisadas, é extremamente
necessário calcular alguns números e indicadores, em especial a margem líquida, o giro total
do ativo e o multiplicador de alavancagem financeira. Nesse sentido, nesta seção focaremos
em como estão sendo construídos os ROA’s e ROE’s das empresas já desinvestidas pelos
FIP’s da PREVI através do resultado e análise dos números e indicadores necessários para
que cheguemos ao ROA e ROE de cada companhia, ou seja, a aplicação do Sistema DuPont.
Na sequência realizaremos uma comparação com as companhias que ainda não alcançaram o
desinvestimento, com a finalidade de determinar características marcantes que dividem os
dois grupos de empresas, as desinvestidas e as ainda investidas.
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Na tabela a seguir, separamos cada uma das variáveis que ajudam a construir o ROA e
ROE das companhias já desinvestidas.
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3 anos consecutivos de resultados positivos e relevantes para margem líquida, enquanto a “4”
obteve resultado negativo no 4° e 5° ano do investimento.
Outra coincidência relevante relacionada ao investimento nessas duas empresas, “3” e
“4”, fica por conta do setor de atuação. As duas companhias não só pertencem ao setor de
educação como também ao mesmo nicho de atuação, com foco na educação corporativa,
podendo demonstrar uma tendência de maiores dificuldades conjunturais para empresas
inseridas neste ramo de atuação do setor de educação e/ou dificuldades para o gestor “a” neste
tipo segmento, tendo em vista o seu desempenho em outros nichos do mercado de educação.
Na tentativa de descobrir se o momento conjuntural era realmente ruim para empresas deste
segmento, realizamos pesquisa para tentar encontrar companhias listadas na BM&F Bovespa
que pudessem ser classificadas como comparáveis com as empresas “3” e “4” e averiguar se
em períodos semelhantes aos investimentos realizados nessas firmas, os retornos das
companhias listadas foram parecidos com os das duas companhias aqui analisadas. Não foi
possível fazer maiores análises, pois encontramos apenas uma empresa listada com
características semelhantes.
A única empresa comparável a “3” e “4”, segundo seu nicho de atuação é Dtcom
Direct, que conforme descrição em seu próprio site na internet, oferece ao mercado
experiências inovadoras de comunicação corporativa e educação. Portanto, não há empresas
suficientes para que possamos afirmar que o momento conjuntural em que ocorreu o
investimento nas companhias “3” e “4” foi ruim.
Como a Tabela 12 pode mostrar, a companhia “5” apresentou a margem líquida mais
estável entre as empresas da amostra que já foram desinvestidas, porém, a companhia também
apresentou a margem líquida mais apertada, consequência das dificuldades em diminuir os
impactos dos custos das mercadorias vendidas e das despesas operacionais, o que é uma
característica do setor de supermercados. Devemos nos lembrar que a companhia “5” é uma
rede varejista de hortifrutigranjeiros, presente no sudeste do país, tendo como público-alvo as
classes A e B, oferecendo também produtos diferenciados de grande aceitação junto ao
cliente, tais como carnes, laticínios, queijos, vinhos e outros produtos da linha de mercearia.
Apesar da margem líquida apertada, os ROA’s e ROE’s registrados para “5” foram muito
bons ao longo dos 6 anos em que o fundo participou do capital da companhia, fruto da
excelente gestão do giro total do ativo realizada pelos executivos da empresa que contou com
o auxílio do gestor “a”, sendo a média anual igual a 3,12 para o giro do ativo total durante os
anos de investimento do fundo “B”, a mais alta entre todas as companhias já desinvestidas,
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resultado conseguido principalmente através do maior crescimento das vendas líquidas do que
o crescimento observado nos custos dos produtos vendidos e nas despesas operacionais. Além
disso, o deslocamento do MAF para um patamar mais elevado a partir do 3° ano do
investimento e a manutenção desse patamar nos anos seguintes, foram um dos principais
fatores para os sucessivos bons resultados para ROE, como sabemos, o ROE pode ser obtido
através do produto entre ROA e MAF.
Na seção 3.3.1 dissemos que o gestor “a” era especializado no setor de educação e por
isso a PREVI deveria ter cautela ao inseri-lo em uma lista de gestores pré-aprovados em caso
de decidir aportar recursos em novos fundos, se o novo fundo não fosse especificamente
focado no setor de educação. Porém, observando não somente a sequência de resultados
positivos para ROA e ROE ao longo dos anos na companhia “5”, bem como a estabilidade
com que esses resultados foram construídos, podemos sim deixar de ser tão receosos caso o
gestor “a” apresente um novo fundo de Private Equity para PREVI que não seja focado no
setor de educação, é claro que devemos expandir esta análise para outras empresas que
compõem a carteira do fundo “B”, mas que não fizeram parte deste estudo. Corrobora
fortemente com a ideia de que o gestor “a” pode alcançar sucesso fora do setor no qual é
especialista, o fato de que o retorno efetivo da companhia “5” ter sido de 164,78%, período
em que o índice IBrX teve valorização de apenas 5,31%, portanto investir em uma empresa do
setor de supermercados através de um fundo de PE foi melhor do que alocar o mesmo recurso
em renda variável.
Ao analisar a Tabela 12, podemos identificar um determinado padrão na construção
dos resultados para o ROA e ROE das companhias “2”, “6” e “23”, apesar de não serem
comparáveis em termos de setor econômico de atuação. As duas primeiras são do setor de
educação, porém nichos diferentes, onde a “2” tem foco na educação básica e pré-
universitária, possuindo escolas, cursos preparatórios, cursos técnicos, sistemas de ensino,
curso de inglês e editoras e a companhia “6” possuindo 3 faculdades e oferecendo cursos de
educação coorporativa. A empresa “23” como dissemos anteriormente, desenvolve tecnologia
para operação de minas subterrâneas.
O padrão observado através da Tabela 12 nas companhias citadas no parágrafo
anterior fica por conta dos valores maiores para margem líquida, em comparação com as
demais empresas da amostra. Repare que nos 3 últimos anos do investimento nessas
companhias a margem líquida foi superior a 4%. Outra semelhança entre estas companhias é o
baixo giro do ativo total, nenhuma delas teve a média do giro do ativo total acima de 1,
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indicando que as mesmas levam mais de um ano para vender seus ativos e consequentemente,
apresentaram mais dificuldades para gerar caixa rapidamente quando comparadas as outras
companhias já desinvestidas. Apesar disso, entendemos que o giro baixo foi compensado pela
alta margem líquidas dessas empresas, o que permitiu que elas tivessem bons resultados para
o ROA, que combinados com a manutenção dos multiplicadores de alavancagem financeira
perto de 2 nos últimos anos do investimento nessas empresas, como pode ser visto na Tabela
14, permitiram que os ROE’s dessas companhias também fossem bastante satisfatórios,
principalmente nos anos finais dos investimentos. Com isso, as companhias “2”, “6” e “23”
obtiveram respectivamente 149,88%, 274,44% e 100,81% como retornos efetivos e as
rentabilidades correspondentes ao IBrX nos mesmos períodos foram 11,99%, -3,72% e 8,02%
respectivamente, mostrando que houve ganho para PREVI ao alocar recursos nesses
investimentos ao invés de ter colocado estes recursos em renda variável.
Se acrescentarmos a companhia “3” ao grupo de empresas que acabamos de citar (“2”,
“6” e “23”), podemos perceber características bastantes semelhantes ainda, a margem líquida
por exemplo continua mantendo um patamar acima de 4% nos 3 últimos anos do
investimento, exceto pelo último ano da companhia “3” que teve margem líquida de 2,29%,
acreditamos que isso pode ter contribuído para que o retorno efetivo dessa companhia tenha
sido menor do que as outras 3 (“2”, “6” e “23”), sendo o retorno efetivo de “3” igual a
79,48%, mas ainda assim superior ao IBrX no mesmo período, que teve rentabilidade de 25%.
Outra característica semelhante da “3” com estas companhias é o MAF próximo a 2 nos
últimos anos em que a companhia figurava como investimento do fundo. Com isso, podemos
perceber que a manutenção do MAF em torno de 2 é uma característica marcante no gestor
“a”, tendo em vista que entre as 5 empresas deste gestor, apenas a empresa “5” não
apresentou este comportamento, gerando indicativos para os analistas da PREVI de que a
manutenção do MAF nesse patamar em outras companhias que ainda não foram desinvestidas
por FIP’s em que a PREVI participa, poderá contribuir para a melhora de resultados das
mesmas. O que reforça esta ideia é o fato de que a companhia “23” que também obteve
excelentes resultados seguiu este mesmo procedimento em relação ao MAF, ou seja, ter uma
estrutura de capital onde a quantidade de capital de terceiros é bem próxima a quantidade de
capital próprio, ou seja, ter 100% a mais de capital investido no negócio, potencializa
positivamente a base de ativos para conseguir bons retornos, claro que para isso, o custo de
capitação do capital de terceiros deve ser inferior aos retornos proporcionados pelos
investimentos realizados com o capital emprestado.
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Não podemos afirmar que este padrão, margem líquida alta e MAF próximo de 2 seja
a única maneira de alcançar sucesso nos investimentos em FIP’s afinal, temos a companhia
“5” e “24” que contrariam este raciocínio, oferecendo aos gestores outras possibilidades de
realizar bons desinvestimentos. Porém, o fato de ter 4 empresas desinvestidas com sucesso
seguindo este padrão de margem líquida alta e MAF próximo de 2, com retorno efetivo
satisfatório e acima do IBrX, em um total de 7 empresas já desinvestidas na amostra em
questão, possibilita que os analistas da PREVI atuem como conselheiros dos gestores, no
sentido de direciona-los para este padrão, com a finalidade de alcançar desinvestimento
positivo para os fundos de Private Equity.
Como vimos na Tabela 12, o resultado acumulado para ROE da companhia “24” não
foi tão satisfatório (-105,86%), embora o ROA tenha apresentado resultado acumulado de
7,86%. A empresa demonstrou a mesma volatilidade na margem líquida observada no
comportamento das companhias “3” e “4”. Além disso, o giro total do ativo sempre esteve
abaixo de 1 e MAF alternou anos com valores altos e outros com valores mais altos ainda,
indicando um endividamento bastante alto da empresa. Como sabemos, a companhia teve
retorno efetivo de 150,24%, enquanto o índice IBrX se valorizou em 11,22% no mesmo
período em que “24” esteve investida pelo fundo “K”, demonstrando que também nesse caso
foi melhor para PREVI investir em Private Equity do que em renda variável. Acreditamos que
o que diferenciou o retorno efetivo da companhia “24” em relação aos retornos efetivos de
“3” e “4” foi, em primeiro lugar como dissemos na seção anterior a estratégia adotada pelo
gestor “i” ao participar de firmas com potencial para serem adquiridas, por estarem em setores
que indicam consolidação entre os players, mas também gostaríamos de destacar o fato de o
desinvestimento ter ocorrido em maio de 2015, portanto na ocasião o comprador tinha acesso
aos últimos números divulgados pela auditores da empresa (2014), quando a margem líquida
foi de 14,68%, muito maior do que os outros anos que pudemos observar na maostra, o ROA
de 12,33% e o ROE de 82,03%. Portanto, podemos ver aqui também um caso onde a margem
líquida foi um diferencial na hora de realizar o desinvestimento, tendo em vista que os
números relativos ao ano de 2014 foram excepcionalmente superiores aos anos anteriores, o
que auxiliou a ideia de que os anos com resultados ruins da companhia haviam ficado para
trás.
Sobre a importância da margem líquida para realizar desinvestimentos, o Gráfico 9 a
seguir apresenta uma característica semelhante entre algumas das companhias já
desinvestidas. Observe que as companhias apresentam um primeiro período em que a margem
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líquida apresenta um claro movimento de crescimento que geralmente levou 3 ou 4 anos até
atingir seu pico e em seguida, 1 ou 2 anos depois quando ocorre crescimento menor da
margem líquida ocorre o desinvestimento.
Gadiesh (2009) afirma que o gestor de Private Equity deve identificar uma lista das
iniciativas do mais alto potencial da empresa investida, as áreas que merecem atenção e
investimentos sistemáticos de curto e médio prazos para garantir o retorno mais alto possível
no espaço de tempo de 3 a 5 anos. Como podemos observar na Tabela 12 e no gráfico
anterior, as companhias desinvestidas pelos gestores “a” e “i” têm seguido o prazo
estabelecido por Gadiesh.
Os gráficos a seguir contribuem para um melhor entendimento do que descrevemos
sobre o movimento de aceleração do crescimento da margem líquida das empresas
desinvestidas seguido de um movimento de crescimento menor da margem líquidas dessas
firmas. Os Gráficos 10 e 11 a seguir são repetições do Gráfico 9, porém dando destaque para
as companhias “2” e “6”. O mesmo movimento pode ser percebido também nas empresas “3”,
“5” e “23”.
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Gráfico 10. Margem líquida das Companhias desinvestidas – Destaque para Companhia “2”
Fonte: elaborado pelo autor
Gráfico 11. Margem líquida das Companhias desinvestidas – Destaque para Companhia “6”
Fonte: elaborado pelo autor
Com base nesses gráficos e nas afirmações de Gadiesh sobre o prazo em que o gestor
deve buscar o máximo retorno para o investimento, acreditamos que entre o 5° e 6° ano após
o investimento do FIP seja o momento ideal para o gestor buscar o desinvestimento da
companhia, tendo em vista que as empresas investidas começam a apresentar sinais de “perda
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de fôlego” no crescimento da margem líquida. Esse talvez seja o momento em que o gestor
deve buscar um comprador para a participação do FIP na empresa, demonstrando para esse
investidor que a estrutura de governança estabelecida nos últimos anos, os bons resultados
conquistados e uma nova rodada de investimentos ou um aumento de capital na empresa,
poderão leva-la a um novo ciclo de rentabilidade, sendo que dessa vez, a companhia é mais
forte e sólida do que quando o fundo de Private Equity aportou recursos nela pela primeira
vez.
Não podemos descartar a hipótese em que o gestor leve mais do que os 5 ou 6 anos
para realizar o desinvestimento, para os casos em que o gestor não consegue “arrumar a casa”
logo nos primeiros anos, ou seja, o gestor leva mais do que 3 anos para começar a conseguir
resultados positivos para ROA e ROE. Neste caso, o gestor deverá continuar na busca por
bons resultados, a fim de facilitar a busca por um novo investidor que ofereça saída para o
fundo do capital social da companhia.
Com base no raciocínio apresentado, identificamos no Gráfico 12 a seguir, que mostra
a margem líquida de algumas companhias ainda investidas pelos FIP’s da PREVI e
destacamos que a companhia “12” é a única que está exatamente no momento em que o
crescimento da margem líquida “perde o fôlego”. O que serve de alerta para que os analistas
da PREVI cobrarem imediatamente que o gestor “c” inicie busca por investidor interessado
em comprar a participação do fundo “D” na companhia “12”.
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4° 4,78% 5,00% 13,17% 7,09% -5,52% 9,39% -5,83% -33,00% -10,73% -0,69% -2,51% -1,71%
5° -9,25% 4,85% 10,09% -4,43% -86,01% -5,20% -21,81% -15,97%
6° -4,15% 18,06% -52,00% 2,77% -88,49% -24,76%
7° -10,55% 14,36% -61,78% -11,79% -17,44%
8º -25,42% -14,98% 28,84% -3,86%
9º -12,28% 30,80% 9,26%
Média -0,24% 1,76% 3,26% 8,54% -0,56% -2,88% -20,52% -21,83% -11,85% -1,12% -15,31% -6,50%
1° 0,76 0,37 0,27 0,50 1,33 0,53 0,62 0,06 1,00 1,81 0,18 0,67
2° 0,91 0,42 0,77 0,61 1,61 0,48 0,35 0,12 1,04 1,79 0,41 0,77
Giro do Ativo Total
3° 1,10 0,34 0,13 0,80 1,55 0,54 0,55 0,09 0,99 1,30 0,42 0,71
4° 1,09 0,44 0,16 0,90 1,31 0,66 0,47 0,02 1,07 1,24 0,45 0,71
5° 0,39 0,21 0,35 0,54 0,26 0,04 0,43 0,32
6° 0,21 0,21 0,28 0,06 0,34 0,22
7° 0,20 0,27 0,30 0,05 0,20
8º 0,23 0,27 0,07 0,19
9º 0,23 0,29 0,26
Média 0,97 0,39 0,27 0,52 1,45 0,55 0,38 0,06 1,03 1,53 0,37 0,57
Multiplicador de Alavancagem
1° 4,83 1,92 1,11 1,70 6,79 1,06 1,53 27,47 2,53 6,05 3,61 5,33
2° 2,94 2,47 1,46 1,90 6,66 1,09 3,84 2,05 2,94 4,13 3,96 3,04
3° 2,69 2,56 2,29 2,20 5,17 1,34 2,17 1,50 3,98 3,97 4,28 2,92
4° 2,52 2,42 2,23 2,22 9,58 1,12 1,87 2,37 4,98 4,87 4,40 3,51
Financeira
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margens líquidas das companhias, maiores serão as chances de ocorrer bons desinvestimentos
e maiores retornos efetivos para os cotistas.
Dado que já destacamos a importância que a margem líquida tem demonstrado em
nossa análise e a importância do crescimento da companhia, buscamos analisar também se
existe algum outro padrão que diferencie os grupos de empresas desinvestidas e investidas.
Com isso, selecionamos algumas empresas da amostra e verificamos comportamento distinto
entre os grupos (desinvestidas e investidas) ao observar o crescimento percentual das vendas
líquidas e do EBITDA, entre o primeiro e último ano do investimento para as empresas já
desinvestidas e para as empresas ainda investidas, verificamos o crescimento entre o primeiro
ano do investimento nelas e 2015, que é o último ano com dados disponíveis para o presente
estudo. Conforme o Gráfico 14 a seguir, entre as companhias já desinvestidas (“2”, “3”, “5”,
“6” e “23”) o crescimento das vendas sempre foi perto de 200% ou mais do que isso e o
crescimento de seus EBITDA’s sempre foram positivos, mostrando que as margens líquidas
dessas empresas foram boas, dentre outras coisas, porque receberam também uma excelente
contribuição do crescimento das vendas e de seus EBTIDA’s a cada ano, exceto pela
companhia “4” que como sabemos foi incorporada pela companhia “6” com retorno líquido
de -52,74%. O Gráfico 14 mostra que entre as empresas que ainda não foram desinvestidas
(“9”, “11”, “12”, “15”, “19” e “21”) algumas apresentaram crescimento nas vendas líquidas e
no EBITDA, porém muito mais modestos do que os crescimentos de vendas do grupo de
empresas desinvestidas, exceto pela companhia “22” que teve crescimento das vendas bem
superior aos 200%, porém o crescimento do EBITDA foi negativo.
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Podemos dizer então que o ideal é que uma companhia investida por Private Equity
deve apresentar crescimento expressivo de suas vendas, acompanhado do crescimento do
EBITDA, que contribuirão para excelentes resultados da margem líquida, que por sua vez
influenciarão o ROA e ROE, colaborando para um desinvestimento que traga bastante retorno
para o cotista.
Passando a observar mais o comportamento do giro do ativo total, enxergamos claras
diferenças entre os dois grupos em relação à média. O grupo onde se encontram as empresas
já desinvestidas possui média de 1,42 para o giro do ativo total, enquanto as companhias ainda
investidas possuem média de 0,57, mostrando que o segundo grupo encontrou muito mais
dificuldades para gerar caixa. Não seria correto afirmar que para um gestor alcançar
desinvestimento positivo em alguma companhia, ele precisa ter o giro do ativo total bem alto
ou maior do que 1, afinal já falamos aqui de casos de sucesso no desinvestimento como os das
companhias “2”, “6” e “23”, mas a comparação simples entre os giros das companhias da
Tabela 12 e da Tabela 13 são fortes indicativos que as chances de conseguir realizar o
desinvestimento são maiores em companhias com giro do ativo total mais alto.
Além do giro total do ativo ser mais alto no grupo onde se encontram as empresas
desinvestidas, chama a atenção também que já no 1° ano do investimento o grupo de
empresas desinvestidas apresenta média de 1,27 contra 0,67 das empresas investidas.
Mostrando que os gestores “a” e “i” levam vantagem sobre os outros gestores inclusive na
escolha dos investimentos, pois selecionam e apresentam aos cotistas de seus fundos,
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empresas com estruturas melhores. O Gráfico 15 a seguir mostra o giro do ativo total das
companhias desinvestidas e o Gráfico 16 apresenta o giro total do ativo de algumas empresas
ainda investidas por FIPs em que a PREVI figura com cotista que compõe a amostra
analisada.
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A análise dos dois gráficos acima, bem como a análise das Tabelas 12 e 13, chamam a
atenção novamente para capacidade dos gestores “a” e “i” em selecionar companhias com
números melhores do que as companhias escolhidas pelos demais gestores. Notamos que já
no primeiro ano dos investimentos as empresas já desinvestidas possuíam MAF menor do que
o primeiro ano das empresas sem desinvestimento, o que mostra que o endividamento do
primeiro grupo era menor desde o início do investimento, permitindo inclusive que em alguns
casos, como podemos ver no Gráfico 17, os gestores “a” e “i” puderam aumentar o
endividamento de suas companhias até um patamar que fosse possível manter a boa
administração das companhias. Por outro lado, os gestores do grupo de companhias ainda
investidas sofreram bastante para tentar abaixar o endividamento de suas companhias, mesmo
que se endividar fosse necessário para alavancar as vendas e ainda assim tiveram que lidar
com o baixo giro do ativo total como vimos anteriormente.
Para Ross (2015), a dívida exerce pressão sobre a empresa, porque os pagamentos de
juros e principal são obrigações e se eles não forem cumpridos, a empresa pode arriscar-se
ater algum tipo de dificuldade financeira. Para o autor, a principal dificuldade financeira é a
falência, na qual a propriedade dos ativos da companhia é legalmente transferida dos
acionistas para os credores. Em seu livro, Ross (2015) afirma que em 02/09/2014, o jornal
Valor Econômico noticiou que, de janeiro a agosto de 2014, haviam sido registrados 572
pedidos de recuperação judicial no Brasil, sendo 188 de empresas do setor industrial, um
crescimento de 5% em relação ao mesmo período de 2013. Entendemos que isso explica de
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4 CONCLUSÃO
• Margem líquida alta, giro do ativo total e MAF não tão altos, porém estáveis e quase
repetidos anualmente;
• Margem líquida baixa, porém com o giro do ativo total e MAF relativamente altos,
para alavancar os resultados do ROA e ROE; e
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Para os próximos trabalhos, indicamos estender esta análise para todo o universo de
empresas que citamos e verificar a existência de novas estratégias de sucesso para serem
exploradas.
Entendemos que quanto mais empresas investidas adotarem as estratégias
identificadas aqui como boas, mais o investimento em Private Equity se consolidará como
uma alternativa viável para evitar a concentração em renda variável e renda fixa. A velocidade
e o sucesso desta conclusão dependerão também de uma melhora macroeconômica do Brasil,
uma vez que os investimentos em Private Equity estão intimamente ligados a economia
interna.
Em relação ao crescimento das companhias investidas, notamos que ele foi decisivo
para a realização do desinvestimento em algumas companhias, pois foi o que permitiu tornar
estas companhias mais sólidas e atrativas para novos investidores. Importante notar que a
empresa crescer cada vez mais nem sempre será a melhor estratégia que um gestor poderá
adotar, este plano precisa ser amplamente debatido entre gestor, cotistas e outros sócios da
companhia investida, pois há o risco de reduzir o número de estratégias de saída do
investimento.
Outro ponto que serve de alerta para os analistas é que mesmo que o ROA e/ou ROE
acumulados de uma determinada empresa sejam muito positivos, o analista não deverá deixar
de verificar a construção desses indicadores de rentabilidade, ou seja, mesmo assim ele deverá
analisar a margem líquida, o giro do ativo total e o MAF em todos os anos do investimento,
para não cometer o erro de tomar conclusões precipitadas.
Vale destacar a utilização dos mesmos indicadores para todos as empresas, sem
qualquer diferenciação setorial, de maneira que todos os papéis foram avaliados da mesma
forma. A simplificação foi necessária à medida que não foi possível preparar um banco de
dados com os indicadores como margem líquida, giro do ativo total, MAF, ROA e ROE
divididos setorialmente, a fim de compara-los com os mesmos indicadores das empresas
analisadas por este estudo. No entanto, para a utilização do modelo aqui apresentado em um
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próximo estudo expandido para mais companhias, faz-se importante esta consideração,
permitindo a avaliação de critérios e indicadores específicos de cada setor.
Todos os critérios avaliados no modelo referem-se ao passado das empresas, o que
sugere que a adoção de critérios que vislumbrem o futuro dos ativos, como por exemplo, a
expectativa de rentabilidade de cada uma das empresas investidas fornecida pelos gestores
quando solicitados, poderia trazer maior convergência entre as expectativas de cotistas e
gestores. Nesse sentido, a substituição da atual metodologia de avaliação de fundos de Private
Equity, utilizada na PREVI, pelo sistema DuPont, não seria a melhor solução, uma vez que
este sistema apresenta bons elementos indicativos para a saúde financeira/econômica das
empresas investidas e a atual metodologia abrange também questões como governança das
companhias investidas, práticas de RSA, relacionamento com os cotistas, além da expectativa
futura para as companhias investidas e a percepção dos analistas da PREVI para o atual
momento de cada empresa. Assim a solução mais viável seria incluir a avaliação de
desempenho de empresas investidas por PE através do Sistema DuPont na atual metodologia
de avaliação da PREVI, tornando mais robusta a percepção do analista para o atual momento
de cada empresa e ainda fornecendo indícios de qual deverá ser o caminho a seguir para
melhorar o desempenho das companhias, tornando o acompanhamento mais preciso e
direcionado.
Por fim, entendemos que a avaliação de empresas pelo Sistema DuPont tornará a atual
metodologia de avaliação de fundos de Private Equity da PREVI mais completa.
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Acesso em 11/11/2016
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