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Agropecuária
Neste módulo iremos aprender um pouco sobre o que são pragas, quais os tipos, os
principais grupos de pragas, o que é MIP e como utilizar, e ainda como monitorar algumas pragas
de importância agrícola.
CONCEITO DE PRAGAS
Qualquer espécie que por algum motivo vier a ficar sem predador, ou seja, outra espécie
que se alimenta dela, e tiver alimento disponível em grande quantidade, pode tornar-se uma
praga, ou seja, a ocorrência de pragas está muito ligada às questões ambientais.
TIPOS DE PRAGAS
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Pragas chaves: São aqueles organismos que frequentemente ou sempre atigem o nível
de controle. Esta praga constitui o ponto chave no estabelecimento de sistema de manejo
das pragas, as quais são geralmente controladas quando se combate a praga chave. São
poucas as espécies nesta categoria nos agroecossistemas, em muitas culturas só ocorre
uma praga chave. Podem ser de classificadas em:
Figura 1: Organismos não-pragas (a), pragas ocasionais (b) e pragas severas (c).
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Componentes do MIP
Os componentes são: diagnose (ou avaliação do agroecossistema), tomada de decisão
e seleção dos métodos de controle (estratégias e táticas do MIP).
Diagnose: Neste componente identificamos de forma simples e corretas das pragas-
chave e ocasionaise seus inimigos naturais.
Tomada de decisão: Neste componente tomamos a decisão ou não de usar métodos
de controle. Esta decisão é baseada em planos de amostragem e em índices de tomada
de decisão (População de praga e predadores, estadio fenologico da cultura e condiçoes
climaticas).
A amostragem é realizada para verificar o nível das populações de pragas e dos
inimigosnaturais nas lavouras. A amostragem deve ser representativa da realidade, barata,
rápida, de fácil obtenção (o agricultor deve executá-la facilmente). Os componentes de um plano
de amostragem são:
a) Dividir a área em talhões: Mesmo genótipo/cultivar, idade, espaçamento, sistema de
condução, tipo de solo e topografia.
b) Tipo de caminhamento: O caminhamento representa a forma de deslocamento para se
fazer a amostragem.
.
Figura 2: Tipos de caminhamento para amostragem. Os retângulos correspondem a um talhão a ser amostrado.
Já as linhas dentro do retângulo representam a forma de caminhamento no talhão para coleta das amostras.
Área Nº de pontos
Lagartas e percevejos Broca das axilas
(ha) amostrados
1-9 6
10-29 8
Uma amostragem
Exame de 10 plantas
30-99 10 colocando-se pano
em cada ponto
branco entre as fileiras
Dividir a área em
Maior
áreas menores de
de
100 ha
100
Atenção: Adentre pelo menos 30m na gleba para fazer a amostragem, evitandoo
efeito de bordadura (borda da plantação).
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Reconhecer cada tipo de inseto é muito importante para proteger aqueles que são úteis
e controlar apenas os que são pragas, quando necessário. A visita semanal à lavoura para
reconhecer e monitorar a quantidade de pragas, em cada parte da planta, permite decidir sobre
o controle no momento correto, evitando danos, perdas e prejuízos na produção (SENAR, 2018).
Tabela 2: principais grupos de pragas agrícolas
Grupo Características
Possuem corpo mole e produzem muscilagem
Lesmas e Caracóis
("gosma").
Possuem corpo em uma única parte e com quatro
Ácaros
pares de pernas
Possuem corpo dividido em três partes e possuem
Insetos
três pares de pernas
Lesmas e caracóis
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Ácaros
Eles são de tamanho muito pequeno (para visualizá-los é necessário o uso de lupa com
aumento de pelo menos 10 vezes), quatro pares de pernas e sugam o conteúdo das células das
plantas. As folhas atacadas por ácaros ficam retorcidas (“encarquilhadas”), com coloração
alterada e com pontuações esbranquiçadas ou com aspecto bronzeado, depende do grupo de
ácaro que ataca as plantas (Figura 4).
Insetos
As principais características dos insetos são: corpo dividido em três partes (cabeça, tórax
e abdômen), pernas e antenas articuladas, um par de antenas, três pares de pernas e asas
geralmente presentes nos adultos (Figura 6).
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Mariposas e Borboletas
Figura 7: (A) Mariposa, (B) Borboleta, (C) Lagarta, (D) Lagarta falsa medideira e (E) Lagarta medideira.
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Secretaria de Justiça De Rondônia - Termo de Cooperação nº 020/ PGE – 2019
aumentam de tamanho e iniciam a perfuração das folhas e se direcionam para a região do
cartucho das plantas (no caso de milho), sendo seu local preferido para o desenvolvimento e
abrigo.
Besouros/cascudinhos
Os adultos são chamados de besouros, seu primeiro par de asas é duro. Eles são pragas
tanto na fase de larva como na fase adulta e aparelho bucal mastigador. Os principais grupos de
besouros pragas são:
Vaquinhas: Os adultos geralmente possuem corpo colorido, antenas visíveis e
causam desfolha (Figura 13A). Suas larvas são finas, esbranquiçadas e possuem
três pares de pernas e atacam principalmente raízes (Figura 14A).
Bicudos: Os adultos possuem um prolongamento no início da cabeça (bico) (Figura
13B). Suas larvas são esbranquiçadas e não possuem pernas visíveis (Figura14B).
Carunchos: Possuem um prolongamento no início da cabeça menor que dos
bicudos e suas asas não cobrem totalmente o abdome (Figura 13C). Suas larvas
sãosemelhantes as dos bicudos (Figura 14B).
Serra-pau: Os adultos possuem antenas muito longas (Figura 13D). Suas larvas
são esbranquiçadas, possuem o início do corpo dilatado e broqueiam caule de
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árvores(Figura 14C).
Corós: Os adultos são escuros, possuem antenas pequenas, o primeiro par de
pernas é próprio para escavação e algumas espécies a cabeça possuem projeções
semelhantes a chifres (Figura 13E). Suas larvas são esbranquiçadas, possuem
formato de “C”, final de seu corpo é dilatado e elas atacam órgãos subterrâneos
principalmenteraízes (Figura 14D).
Larva-arame: Os adultos são escuros, possuem corpo fino, dois espinhos no final
da cabeça e quando os seguramos ao tentarem fugir emitem som semelhante ao
estalo de dedos (Figura 13F). Suas larvas são finas, amarronzadas e atacam
órgãos subterrâneos principalmente raízes (Figura 14E).
Figura 13: Adultos de (A) Vaquinha, (B) Bicudo, (C) Caruncho, (D) Serra-pau, (E) Corós e (F). Fonte: Picanço, 2010.
Figura 14: Larvas de (A) Vaquinha, (B) Bicudo e Caruncho, (C) Serra-pau, (D) Corós e (E) Larva arame.Fonte:
Picanço, 2010.
Formigas
As formigas vivem em colônias e são pragas na fase adulta. As formigas podem ser pragas
(formigas cortadeiras) ou inimigos naturais (formigas predadoras). As formigas cortadeiras têm
coloração amarronzada e no topo de sua cabeça possuem um tipo de curvatura (Figura 6A e
B). Já as formigas predadoras têm diversas colorações e a reentrância curvatura no topo de sua
cabeça não é profunda (Figura 6C). As principais formigas cortadeiras são:
Formigas saúvas: possuem ninhos com grande quantidade de terra solta e três
pares de espinhos no seu dorso (Figura 6A).
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Figura 15:(A) Formiga saúva, (B) Formiga quém-quém e (C) Formiga predadora.
Moscas
A B
Figura 16: (A) Adulto de mosca minadora e danos causados em (B) melão e (C) citros (laranja, limão, tangerina).
Fonte: Embrapa.
Percevejos
Os percevejos na fase adulta têm o primeiro par de asas com a parte inicial dura e a
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parte final mole. Eles possuem aparelho bucal sugador e causam danos às plantas tanto na
fase adulta como na fase jovem.
Os principais percevejos que causam danos as plantas são: percevejo marron,
percevejo verde pequeno, percevejo verde, percevejo barriga verde, entre outros.
B C
A D
Figura 18: (A) Percevejo marrom, (B) percevejo verde pequeno, (C) percevejo verde,
(D) percevejo barriga verde. Fonte: SENAR, 2018.
Gafanhotos e grilos
Figura 19: (A) Adulto e (B) jovem de gafanhoto, (C) adulto e (D) jovem de grilo. Fonte: Picanço, 2010.
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Mosca Branca: Seus adultos têm asas recobertas por camada branca e geralmente
atacam as ponteiras das plantas (Figura 20 E). Já suas formas jovens (ninfas) são
esverdeadas, parecem com cochonilhas e ficam fixas na face inferior das partes
baixeiras e mediana das plantas (Figura 20 F).
A B C
D E F
Figura 20: (A) Cigarra, (B) cigarrinha, (C) cochonilha, (D) pulgão, (E) mosca-branca. Fonte: Picanço, 2010.
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4. Anote os resultados.
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Atenção: métodos químicos só podem ser indicados por técnicos agrícolas ou Engenheiros
Agrônomos da sua região.
A seguir são os passos gerais que devem ser observado em todas as culturas.
1° Saiba quais são as pragas que costumam atacar a cultura;
2° Identifique a época de maior ataque de pragas
3° Monitore a lavoura
Figura 21: Fases do ciclo da cultura da soja em que ocorrem ataquem por pragas. SENAR, 2018.
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Tabela 3: Exemplo de infestação de área até 9 ha, do cálculo do número médio delagartas
e de percevejos durante o monitoramento. Fonte: SENAR, 2018.
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Figura 22: Fases do ciclo da cultura do milho em que ocorrem ataquem por pragas. Fonte: SENAR, 2018.
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Tabela 5: Exemplo para área até 9 ha, do cálculo da médio de lagartas e de cigarrinhas
durante o monitoramento de pragas em lavoura de milho. Fonte: SENAR, 2018.
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→ Monitoramento de moscas-das-frutas
O monitoramento da população de moscas é realizado utilizando-se armadilhas, o
que permite conhecer as espécies presentes, sua abundância e a distribuição,
possibilitando a programação do controle.
Armadilha McPhail
É a armadilha padrão para a coleta de adultos de mosca do tipo Anastrepha (Sul americana),
entretanto coletam-se também adultos de Ceratitis e outros insetos (Figura 24 A). Modelos
alternativos de armadilhas podem ser confeccionados com embalagens plásticas descartáveis,
tais como frasco de soro, garrafas de água mineral, PET e outros recipientes (Figura 25 B).
A B
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Amostragem:
o 1 armadilha McPhail para cada 5 hectares;
o Colocar nas bordas dos pomares (Primeiras e ultimas fileiras de plantas);
o A armadilha deverá ser colocada na planta, em local protegido do sol e do vento, a
uma altura de 1,60 a 2,00 metros acima do nível do solo (Souza & Nascimento, 1999).
Monitoramento: Semanal
Retirar a armadilha, esvaziar o seu conteúdo em um coletor (peneira fina), onde as moscas
ficarão retidas. Do material coletado nas armadilhas selecionam-se as moscas-das-frutas,
coloca-se em recipientes com álcool 70%, para posterior identificação das espécies presentes na
área monitorada.
Para mais informação acesse: https://www.youtube.com/watch?v=FUvDj362DE8
Armadilha Jackson
É a armadilha padrão para a coleta de machos de Ceratitis capitata (mosca do mediterrâneo),
utilizando-se como atrativo o paraferomônio trimedilure que atrai os machos e estes ficam
grudados. É confeccionada em papelão parafinado de cor branca em forma de triângulo, com um
cartão adesivo colocado na parte interna e inferior da armadilha (Figura 26). Estudos vêm sendo
feitos para captura da mosca Bactrocera com a armadilha Jackson
(https://amazonasatual.com.br/jackson-e-usada-no- amazonas-para-combater-ameaca-as-
plantacoes-de-frutas/).
Amostragem:
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Tomada de decisão
A tomada de decisão das medidas de controle depende do nível de exigência do
mercado. Para exportação o índice MAD tem que ser menor que 1, para que seja feito
algum controle.
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Figura 27: Fase adulta da broca-do-café (besouro) e danos causados por ela em frutos de café. Fonte:
https://blog.aegro.com.br/pragas-do-cafe/
Amostragem:
Devem ser escolhidas mais de 20 plantas por hectare, em “zigue-zague”. De cada uma
delas, devem ser colhidos 100 frutos, 25 de cada face da planta. Estes frutos são
misturados, para formar uma amostra única. Conta-se o número dos frutos que
apresenta orifícios feitos pela broca na região da coroa (Figura 28). A amostragem deve
ser iniciada na época do trânsito da broca (outubro a dezembro), variável de acordo com
as regiões cafeeiras. Já no monitoramento por armadilha, deve-se utilizar 22
armadilhas/hectare (Tabela 6).
Monitoramento:
Mensal – baixa infestação da praga
Semanal – alta infestação
Tomada de decisão
Quando o número de frutos infestados representarem de 3% a 5% do total, o controle
da praga deve ser iniciado.
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Figura 30: Ciclo biológico do bicho-mineiro a esquerda e crisálida e danos causados por ele, a direita. Fonte:
https://blog.aegro.com.br/pragas-do-cafe/.
Atualmente, temos dois picos populacionais de bicho mineiro, como você pode ver na figura
abaixo, mas isso pode variar de uma região para outra. As medidas de controle devem ser
direcionadas para esses dois períodos.
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Amostragem:
A amostragem deve começar já em outubro nas regiões mais quentes, ou com a
chegada do período seco em locais mais amenos.
Para a amostragem deve-se escolher de 20 – 30 plantas/hectare, de forma
aleatória, caminhando em “zigue-zague”. Recomenda-se um número mínimo de duas
folhas/planta, sendo uma de cada lado da planta, totalizando em média 100 folhas
amostradas por hectare. Mas sempre que possível coletar mais folhas. Devem-se
avaliar folhas do terço médio e superior das plantas. Escolher cinco ramos laterais
aoacaso de cada lado da planta. Em cada ramo, avaliar uma folha aleatória do 3° ou 4°
par de folhas do ramo (Figura 32).
Figura 32: Ilustração do (A) terço médio e superior das plantas de café e a (B) posição do 3° e 4° par de folhas
dentro do ramo de café.
Avaliação:
Deve ser feita a contagem do numero de folhas com presença de larvas vivas e o
número total de folhas coletadas, para fazer o cálculo, como demonstrado abaixo.
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Tomada de decisão:
Baseado na porcentagem de folhas com larvas vivas e na época de ocorrência:
– Na época seca ter medidas de controle quando atingir 40% das folhas com
larvas vivas;
– Na época chuvosa quando 10% das folhas com larvas vivas;
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Agropecuária
Neste módulo iremos aprender um pouco sobre o que são doenças de plantas, quais os
principais patogenos que causam doenças, e os princípios gerais de manejo de doenças. Bom
estudo!
CONCEITO DE DOENÇA
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patógenos se, devido a sua ação, a planta sofrerá alguma alteração fisiológica
(desenvolvimento alterado, por exemplo).
A planta invadida pelos patógenos recebe o nome de hospedeiro.
Nesse sentido, a representação clássica dos fatores que interagem para ocorrência de
doenças em plantas é o triângulo, onde cada vértice representa um desses fatores (agente
causal = patógeno; planta suscetível = hospedeiro; ambiente favorável = ambiente)
Figura 1: Representação clássica dos fatores que interagem para a ocorrência de doenças em plantas.
Fungos
Os fungos são organismos uni ou pluricelulares, ou seja, constituídos de uma ou mais
células, popularmente conhecidos como fungos, bolores e cogumelos. Eles são responsáveis
por 70% das doenças de plantas.
Algumas doenças causadas por eles são o tombamento, as podridões, antracnoses, etc.
Bactérias
As bactérias são organismos unicelulares, ou seja, constituído por uma única célula, que
apresentam várias formas e podem produzir seu próprio alimento ou parasitar outros
organismos. As bactérias que causam doença possuem como característica o fato de
multiplicarem-se rapidamente dentro do organismo atacado.
Algumas doenças causadas por bactérias são a murcha bacteriana e algumas
podridões.
Vírus
Um vírus é uma partícula proteica com capacidade de provocar doenças; os vírus só
conseguem se reproduzir dentro de células vivas. Para entrar na planta os vírus precisam de
algum ferimento ou inseto que leve ele junto (chamado vetor). Algumas doenças causadas por
vírus são o vira-cabeça do tomateiro.
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Nematoides
São pequenos organismos filamentosos, também conhecidos como vermes cilíndricos,
que geralmente atacam as raízes das plantas, ocasionando galhas e ferimentos, o que reduz o
desenvolvimento da planta atacada, podendo levá-la a morte.
A B C D
Figura 2: Exemplo de plantas com doenças causadas por (A) fungos, (B) bactérias, (C) vírus e (D) nematóides.
Fonte: Embrapa.
Tombamento
Sintoma típico: escurecimento e afinamento na base do caule da planta, com isso a planta
enfraquece e tomba/deita. Comum em mudas de hortaliças (Figura 3 A) .
Manejo: sementes sadias e substratos desinfetados.
Podridões
As podridões podem ocorrer em várias partes das plantas, desde a raiz até os frutos e flores.
Sintoma típico: parte afetada fica com aspecto seco (necrose) ou encharcado (podridão
mole). Quando atacam as raízes o sintoma mais comum é a murcha da parte aérea (Figura
3B).
Manejo: redução da fonte de contaminação.
• Usar matéria orgânica no solo;
• Fazer rotação de culturas;
• Remover restos culturais;
• Evitar adensamento de plantas.
Figura 3: Doenças causadas por fungos. (A) tombamento em mudas de tomate e (B) murcha causada por fungos
de solo em batata.
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Antracnoses
Ocorrem em todo mundo e em muitas culturas – grãos, hortaliças, flores, frutíferas, podendo
levar a morte da planta.
Sintoma típico:
• No caule: lesões alongadas e escuras;
• Nas folhas: arroxeamento das nervuras e desenvolvimento de lesões escuras;
• Nas vagens: lesões circulares e deprimidas, de coloração marrom, com os bordos
escuros e salientes, circundados por um anel pardo-vermelhado
• Nos frutos: lesões arredondadas, de cor escura.
Figura 4: Sintomas típicos de antracnose causada por fungos. (A) caule, (B) folhas, (C) Vagens, (D) frutos. Fotos:
Agrolink
Condições favoráveis para o fungo: alta umidade, chuva e irrigação ajudam a espalhar o
fungo e eles sobrevivem em restos culturais
Manejo:
• Plantio em épocas mais secas;
• Evitar adensamento de plantas;
• Usar variedades resistentes;
• Evitar irrigação por aspersão;
• Remoção dos restos culturais.
Manchas foliares
Praticamente todas as culturas são afetadas por manchas foliares causadas por fungos. As
manchas variam quanto ao formato, tamanho e coloração e conforme estas características
as doenças recebem diferentes nomes.
Sintoma típico: necrose na parte afetada, às vezes com perfurações.
Condições favoráveis para o fungo: época quente e chuvosa. Sobrevivem em mais de um
hospedeiro (mais de uma cultura) e nos restos culturais.
Manejo:
• Remoção dos restos culturais;
• Uso de variedades resistentes;
• Evitar adensamento de plantas;
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Figura 6: Cercosporiose em folhas de milho e beterraba e em frutos e folhas de café. Fotos: Agrolink
Mancha de septoria ou septoriose – causada pelo fungo Septoria spp. Causa muitos
danos na cultura do tomate, podendo levar a morte.
Míldios
São de ocorrência muito freqüente em várias culturas.
Sintoma típico: mais comum nas folhas e são caracterizados por manchas de coloração
verde clara a amarelada, tipo “mancha de óleo”. Em umidade alta surge na parte de baixo
da folha uma camada branca de fungos.
Condições favoráveis para o fungo: alta umidade relativa e/ou molhamento das folhas.
Manejo: semelhante ao de manchas foliares.
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Figura 8: Mancha de “óleo”, sintomas na parte de baixo das folhas e nos cachos de
uva. Fotos: Embrapa.
Oídios
Doença de ocorrência universal e que ataca muitas culturas, principalmente as cultivadas
em estufas. Estes fungos não matam as plantas infectadas, mas reduzem a área da folha
que é ativa (faz fotossíntese) e com isso há redução no crescimento e quedas na produção.
Sintoma típico: crescimento de massa branca, parecido com talco, na parte de cima das
folhas. Os sintomas aparecem também na parte de baixo das folhas (estagio mais
avançado da doença) e em flores, frutos, gemas e ramos novos.
Condições favoráveis para o fungo: baixa umidade do ar (ar seco) e temperatura amena
(em torno de 24°C).
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Manejo:
• uso de variedades resistentes;
• leite cru com água (1 parte de leite e 9 de água) – a fermentação do leite impede o
desenvolvimento do fungo.
Figura 11: Sintomas de Oídio em folhas de soja, melão e mamão. Fotos: Agrolink
Ferrugens
Esta doença ocorre em áreas que apresentam condições climáticas favoráveis, causa
severas perdas por atacar todas as partes verdes da planta. A ocorrência está vinculada a
áreas onde as temperaturas são elevadas durante a primavera. Por esse motivo, não ocorre
todos os anos em regiões de clima frio.
Sintoma típico: crosta de coloração e aspecto ferruginoso.
Condições favoráveis para o fungo: depende da cultura que ataca.
Manejo:
• Cultivares resistentes.
Ferrugem asiática, ferrugem da soja – causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O seu
principal dano é a desfolha precoce, impedindo a completa formação dos grãos, com
conseqüente redução da produtividade que pode chegar a 70%. Chegou no Brasil em 2001.
Devido à facilidade de disseminação do fungo pelo vento, a doença ocorre em praticamente
todas as regiões produtoras de soja do país.
Figura 12: Sintomas de plantas de soja atacadas pela ferrugem. Fotos: Agrolink
Ferrugem do alho e cebola - causada pelo fungo Puccinia allii. Esta é uma doença comum
e importante na cultura do alho, e a severidade com que ocorre depende do estágio de
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Figura 13: Sintomas de plantas de alho e cebola atacadas por ferrugem. Fotos: Agrolink.
Podridão mole, canela preta – causada pelas bactérias Erwinia spp. Sob condições de
temperatura e umidade adequadas, a bactéria penetra nos tecidos da planta através de
ferimentos e causa encharcamento. O tecido colonizado torna-se mole, e muitas vezes,
apresenta secreção de líquido com odor fétido. O órgão afetado apodrece rapidamente.
Sintomas de murcha e apodrecimento são comuns.
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Figura 15: Sintomas de podridão mole em frutos de abobora e tomate, cabeça de repolho e hastes de tomate.
Fotos: Agrolink.
Cancro cítrico - causado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, afeta todas as
espécies e variedades de citros de importância comercial. Os impactos desta doença estão
relacionados à desfolha de plantas, à depreciação da qualidade da produção pela presença
de lesões em frutos, à redução na produção pela queda prematura de frutos e à restrição da
comercialização da produção para áreas livres da doença. É uma das principais doenças de
plantas atualmente no Brasil.
Sintomas: As lesões provocadas pelo cancro cítrico são salientes, o que não ocorre na
maioria das outras doenças e pragas. Os primeiros sintomas aparecem nas folhas, e é
nestas que se encontra em maior quantidade, em comparação com a presença de sintomas
em frutos e ramos.
• Folhas: O primeiro sintoma visível é o aparecimento de pequenas lesões salientes,
que surgem nos dois lados das folhas, sem deformá-las. As lesões aparecem na cor
amarela e logo se tornam marrons. É a única doença conhecida com lesões
salientes que aparecem dos dois lados da folha. Quando a doença está em
estágio mais avançado, as lesões nas folhas ficam corticosas, com centro marrom e
um anel amarelado em volta.
• Frutos: A doença se manifesta pelo surgimento de pequenas manchas amarelas,
com um ponto marrom no centro, que aos poucos vão crescendo e podem ocupar
grande parte da casca do fruto. As manchas são salientes, mais superficiais,
parecidas com verrugas, de cor marrom no centro. Em estágio avançado, as lesões
provocam o rompimento da casca.
• Ramos: As lesões também são salientes, na forma de crostas de cor parda.
Manejo: Erradicação das plantas/ arranque e destruição das plantas afetadas.
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Figura 16: Sintomas de frutos e folhas de citros atacadas com cancro cítrico. Fotos: Fundecitros.
Figura 18: Plantas de batata e tomate com murcha bacteriana. Fotos: Embrapa.
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A maioria dos vírus precisa de tecido vivo para sobreviver e eles não penetram diretamente
nos tecidos das plantas. Por isso, eles entram em plantas sadias por meio de insetos vetores,
na enxertia e/ou por transmissão mecânica, como ao executar uma desbrota e/ou corte em
plantas doentes e se não fizer a limpeza das mãos ou objetos, o vírus é transmitido para a
planta sadia. Alguns vírus são transmitidos por sementes.
Algumas doenças causadas por vírus mais comuns são:
Mosaico
Causado por vírus do tipo Potyvirus.
Transmissão: pulgões, sementes, de forma mecânica.
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Vira-cabeça
Causado por vírus do tipo Tospovirus
Transmissão: principalmente por tripes (insetos muito pequenos).
Figura 22: Planta de tomateiro exibindo os sintomas de vira-vabeça. Foto: Sakata sementes.
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Figura 23: Plantas de alface exibindo os sintomas de vira-cabeça. Foto: Sakta sementes.
Atenção: Diagnosticar uma doença causada por vírus não é fácil, principalmente
por que vírus diferentes podem ocasionar sintomas semelhantes na mesma planta
e o mesmo vírus pode ocasionar sintomas semelhantes em plantas de espécies
diferentes.
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Figura 25: Presença de nematóide das galhas em raízes, tubérculos de batata, raízes de cenoura e em soja.
Fonte: grupo cultivar.
Nódulos são externos nas raízes e podem ser retirados com facilidadeda raiz.
Teste: Tente cortar os nódulos com a unha, se dentro for uma coloração rosa a
avermelhada é porque são nódulos bons – que fixam nitrogênio.
Figura 26: Nódulos de soja, com interior cor de rosa, indicando a presença da leghemoglobina e,
consequentemente, de um processo ativo de fixação de nitrogênio.
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nível em que não cause danos às plantas. Para o máximo de eficiência no controle de doenças
em plantas, é imprescindível que se conheça a doença, as relações entre o patógeno e o
hospedeiro, as condições ambientais e os métodos de controle disponíveis.
Figura 27: Indicação da atuação dos princípios gerais de controle nos componentes do triângulo da doença
→ Exclusão
Prevenção à entrada de uma área ainda não infestada, ou seja, medidas que
impeçam a entrada de um patógeno com alto poder destrutivo em um local onde
ele ainda não exista.
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→ Erradicação
Visa a eliminação de um patógeno de uma determinada área ou região em que
foi introduzido. A erradicação pode ser realizada através de algumas medidas,
como:
→ Imunização
A imunização tem como objetivo impedir o estabelecimento do patógeno na
planta, ou seja, o patógeno está na área, mas não consegue se disseminar e
sobreviver. E, como isso é possível?
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→ Terapia
A terapia visa restabelecer a sanidade de uma planta já doente, ou seja,
recuperar essa planta, através da eliminação do patógeno e melhoria das
condições de reação da planta. Isso pode ser conseguido por meio de:
→ Regulação
A regulação tem por objetivo a modificação do ambiente para evitar as
doenças. Algumas medidas importantes são:
→ Evasão
Medidas de controle baseadas na evasão visam a prevenção da doença pela
fuga em relação ao patógeno e/ou às condições ambientais mais favoráveis ao
seu desenvolvimento. Esse método constitui a primeira opção de controle
quando há ausência de variedades resistentes. Como medidas importantes,
podemos citar:
47
Coleção SENAR 156
AGROTÓXICOS
Secretário Executivo
Daniel Klüppel Carrara
AGROTÓXICOS
AGROTÓXICOS
Uso correto e seguro
ILUSTRAÇÕES
Plínio Quartim
ISBN 978-85-7664-068-4
CDU 632.95
IMPRESSO NO BRASIL
Sumário Apresentação 5
Introdução 7
Agrotóxicos – Uso correto e seguro 8
I - Conhecer aspectos importantes dos agrotóxicos 9
1 - Conheça os nomes utilizados pelos produtos químicos 9
2 - Identifique a classe toxicológica do produto 10
3 - Identifique a classificação dos agrotóxicos quanto ao uso 10
4 - Identifique a classe dos agrotóxicos quanto a periculosidade ambiental 11
5 - Conheça as vantagens e desvantagens de alguns tipos de formulação
dos agrotóxicos 11
6 - Identifique o risco do uso dos agrotóxicos 13
II - Conhecer os procedimentos para a identificação
dos agrotóxicos 14
1 - Conheça as informações dos rótulos das embalagens de agrotóxicos 14
2 - Conheça as informações contidas na bula dos agrotóxicos 16
III - Conhecer os procedimentos para a compra
de agrotóxicos 17
IV - Conhecer os procedimentos para o transporte de
agrotóxicos para a propriedade 19
V - Conhecer os procedimentos para armazenamento de
agrotóxicos na propriedade 21
1 - Construa o depósito de agrotóxicos de acordo com a legislação 21
2 - Mantenha o depósito organizado 22
3 - Conheça o que deve ser feito com o agrotóxico vencido ou
impróprio para uso 23
VI - Conhecer a importância do uso dos EPIs 24
1 - Conheça as exigências da legislação trabalhista 24
2 - Conheça as vias de exposição do organismo do trabalhador
aos agrotóxicos 26
3 - Conheça as vias de entrada de agrotóxicos no organismo
do trabalhador 28
4 - Conheça as principais peças que compõem o Equipamento de
Proteção Individual 29
5 - Conheça a sequência de vestir e retirar os EPIs 35
6 - Utilize o termo de compromisso de uso dos EPIs 37
VII - Conhecer os cuidados para a aplicação dos agrotóxicos 38
1 - Conheça os cuidados durante a aplicação dos agrotóxicos 41
2 - Conheça os cuidados após a aplicação dos agrotóxicos 43
VIII - Conhecer os tipos das embalagens dos agrotóxicos 47
1 - Conheça as embalagens não-laváveis 47
2 - Conheça as embalagens laváveis 48
IX - Conhecer o preparo e a guarda das embalagens para
a devolução 49
1 - Conheça o preparo das embalagens não-laváveis para a devolução 49
2 - Conheça o preparo das embalagens laváveis para a devolução 51
3 - Saiba como guardar as embalagens vazias até a devolução 54
4 - Saiba quando e onde devolver as embalagens vazias 55
X - Conhecer os tipos e sintomas de intoxicação e as vias
de contaminação 56
1 - Conheça os tipos de intoxicação 56
2 - Conheça as vias de contaminação e os respectivos sintomas da
intoxicação por agrotóxicos 57
XI - Conhecer os procedimentos básicos de
primeiros socorros 59
1 - Conheça os procedimentos para casos de intoxicação 60
2 - Conheça os procedimentos de descontaminação da pele 61
3 - Conheça os procedimentos de desintoxicação dos olhos 62
4 - Conheça os procedimentos de descontaminação da
via respiratória 62
5 - Conheça os procedimentos de descontaminação em casos de ingestão 63
6 - Conheça os procedimentos para atendimento em casos graves
de intoxicação 63
Referências 64
Apresentação
O elevado nível de sofisticação das operações agropecuárias definiu um novo
mundo do trabalho, composto por carreiras e oportunidades profissionais
inéditas, em todas as cadeias produtivas.
Do laboratório de pesquisa até o ponto de venda no supermercado, na feira ou no
porto, há pessoas que precisam apresentar competências que as tornem ágeis,
proativas e ambientalmente conscientes.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) é a escola que dissemina
os avanços da ciência e as novas tecnologias, capacitando homens e mulheres
em cursos de Formação Profissional Rural e Promoção Social, por todo o país.
Nesses cursos, são distribuídas cartilhas, material didático de extrema relevância
por auxiliar na construção do conhecimento e constituir fonte futura de consulta
e referência.
Conquistar melhorias e avançar socialmente e economicamente é o sonho de
cada um de nós. A presente cartilha faz parte de uma série de títulos de interesse
nacional que compõem a Coleção SENAR. Ela representa o comprometimento da
instituição com a qualidade do serviço educacional oferecido aos brasileiros do
campo e pretende contribuir para aumentar as chances de alcance das conquistas
a que cada um tem direito. Um excelente aprendizado!
5
Introdução
Essa cartilha trata do uso correto e seguro dos agrotóxicos. Fornece
informações relativas à classificação e ao risco da sua utilização, bem
como aos procedimentos para identificação, compra, transporte e arma-
zenamento dos agroquímicos.
Informa sobre as vias de exposição do organismo do trabalhador aos
produtos fitossanitários. Diz respeito aos equipamentos de proteção indi-
vidual - EPIs, ao seu uso, bem como aos cuidados a serem tomados antes,
durante e após a aplicação dos agrotóxicos.
Refere-se também aos tipos de embalagens, como prepará-las e guar-
dá-las até o momento da devolução.
Descreve quais os tipos de intoxicação a os sintomas conforme a via de
contaminação, bem como os procedimentos básicos de primeiros socorros.
Coleção | SENAR
7
Agrotóxicos – Uso correto e seguro
As exigências da moderna agricultura brasileira crescem à medida que
se impõe a necessidade da garantia dos níveis de produção e de pro-
dutividade adequados ao pleno abastecimento do mercado interno e à
geração de excedentes exportáveis que possam contribuir para amenizar
a necessidade de alimentos devido ao constante aumento da população
humana mundial.
Para que isto ocorra, é necessário desenvolver novas tecnologias,
desde o preparo do solo até a colheita e beneficiamento dos produtos.
Dentre estas tecnologias, há o emprego de agrotóxicos para o combate
às pragas, doenças e plantas daninhas, que estão entre os fatores de
redução da produção de alimentos.
A utilização de agrotóxicos deve sempre estar associada a outros
métodos de controle e requer conhecimento por parte dos agricultores
quanto à maneira correta e segura de usá-los a fim de evitar danos à
saúde dos trabalhadores rurais, dos consumidores e ao meio ambiente.
Coleção | SENAR
8
I Conhecer aspectos importantes
dos agrotóxicos
Os agrotóxicos, assim como outros produtos químicos, devem ser ma-
nuseados e utilizados de forma segura e econômica, buscando preservar
o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores e dos consumidores.
Agrotóxico
Produtos Fitossanitários
Pesticida
Agroquímicos
Defensivos Agrícolas
2 - Identifique a classe toxicológica do produto
Essa classificação serve para o homens e animais.
Fonte: ANDEF
Fungos Fungicida
Coleção | SENAR
Nematoides Nematicida
Formigas Formicida
10
4 - Identifique a classe dos agrotóxicos quanto
a periculosidade ambiental
Quadro 3 – Classificação quanto a periculosidade ambiental
Classe Periculosidade
Classe I Altamente perigoso ao meio ambiente
11
Tipos de formulação Vantagens Desvantagens
Pó molhável (WP) - Baixo custo - Difícil dosagem
- Baixa toxicidade - Necessária pré-dispersão
- Fácil produção - Emissão de pó
- Baixa fitoxicidade - Compactação na estocagem
- Baixa estabilidade da calda
- Incompatibilidade na calda
com outras formulações
Suspensão concentrada - Fácil dosagem - Alto custo
(SC) - Fácil homogeneização da calda - Sedimentação na embalagem
- Menor toxicidade - Difícil produção
- Maior estabilidade na calda que
os pós molháveis
Granulado dispersível - Dosagem mais fácil que os pós - Alto custo
(WG) molháveis - Difícil produção
- Fácil homogeneização da calda
- Menor toxicidade (pouco pó)
- Maior estabilidade na calda que
os pós molháveis
- Alta concentração de ingrediente
ativo, menos dosagem, menos
embalagem
Pó seco (DP) - Baixo custo Difícil dosagem e aplicação
- Aplicação direta
Pó solúvel (SP) - Baixo custo - Difícil dosagem
- Fácil homogeneização da calda - Geralmente higroscópico
Granulado (GR) - Não forma pó - Difícil dosagem
- Aplicação direta - Uso específico
- Aplicação mais fácil que o pó - Custo mais alto que o pó
seco seco
Isca (RB) - Aplicação direta - Sensível a umidade
- Atrai o alvo desejado - Pode atrair outros animais
ou insetos
Coleção | SENAR
12
6 - Identifique o risco do uso dos agrotóxicos
Risco é a probabilidade de um evento, como a aplicação de agrotóxi-
cos, causar efeito prejudicial à saúde do trabalhador.
O risco depende da ação recíproca entre a toxicidade (classe toxicoló-
gica) do produto e a exposição (uso do Equipamentos de Proteção Indivi-
dual - EPIs) pelo trabalhador.
Quadro 5 – Risco e ação recíproca entre toxicidade e exposição
Risco = Toxicidade X Exposição
Alta Alta
Alto
Baixa Alta
Alto
Alta Baixa
Baixo
Baixa Baixa
Coleção | SENAR
Baixo
Fonte: ANDEF
13
II Conhecer os procedimentos para
a identificação dos agrotóxicos
Além do receituário agronômico, o rótulo e a bula dos agrotóxicos con-
têm informações importantes.
Dados do fabricante
Coleção | SENAR
15
2 - Conheça as informações contidas na bula
dos agrotóxicos
A bula contém as informações complementares necessárias para a
identificação do produto comercial, assim como o cuidado no manuseio e
demais procedimentos nas etapas de aplicação.
• Instruções de uso.
• Restrições estabelecidas por órgãos estaduais e municipais.
• Modo de aplicação: níveis mínimos e máximos de calda por área (l/ha)
e doses recomendadas dos agrotóxicos por área e intervalos de aplicação.
• Intervalo de segurança: período de reentrada (intervalo de tempo
em que não é permitido pessoas na lavoura) e de carência (intervalo de
tempo entre a última aplicação e a colheita).
• Limitações de uso: fitotoxicidade para as culturas indicadas, se-
leção de itens do EPI para aplicação e manuseio, informações sobre os
equipamentos de aplicação a serem usados (modo de aplicação); descri-
ção dos procedimentos de lavagem e devolução das embalagens vazias,
destinação de produtos impróprios para uso, manejo de resistência (uso
indiscriminado) e manejo integrado.
• Dados relativos à proteção humana: precauções gerais, no manu-
seio, preparação, durante e após a aplicação, primeiros socorros em casos
de intoxicação, antídotos recomendados, tratamentos médicos sintomáticos
de emergência, números de telefones para casos de emergência; mecanis-
mos de ação, absorção e excreção; efeitos agudos, crônicos e colaterais.
• Dados relativos à proteção do meio ambiente: precauções de uso e
advertência quanto aos cuidados de proteção ao meio ambiente, instruções de
armazenamento do agrotóxico, instruções em caso de acidentes com uso de
agrotóxicos, destinação adequada de resíduos e embalagens, restrições esta-
belecidas por órgãos fiscalizadores, estaduais, municipais e do Distrito Federal.
III Conhecer os procedimentos para
a compra de agrotóxicos
• Consulte um profissional legalmente habilitado para realizar a ava-
liação da lavoura.
18
IV Conhecer os procedimentos para
o transporte de agrotóxicos para
a propriedade
O veículo a ser utilizado deve ter carroceria aberta e deve estar em
perfeitas condições de conservação e uso.
As embalagens devem estar arranjadas de forma segura na carroceria
e cobertas com lona impermeável, fixada à parte traseira do veículo.
Atenção:
Alerta ecológico:
20
V Conhecer os procedimentos para
armazenamento de agrotóxicos
na propriedade
Precaução:
23
VI Conhecer a importância do uso
dos EPIs
Os EPIs são componentes desenvolvidos para a função específica de
proteção de partes do corpo do trabalhador, quando da execução de uma
operação no local de trabalho, visando diminuir o risco de ocorrência de
acidente.
Para o caso específico de agrotóxicos, diferentes EPIs são de uso obri-
gatório, de acordo com a exposição do trabalhador nas etapas de trans-
porte, armazenamento, preparo e aplicação da calda.
Precaução:
Precaução:
25
boné árabe viseira facial
respirador
jaleco
avental
luva
calça
bota
Coleção | SENAR
27
3 - Conheça as vias de entrada de agrotóxicos
no organismo do trabalhador
As principais vias de entrada de agrotóxicos no organismo do traba-
lhador são:
Via oral: (pela boca)
Ocorre quando no momento do manuseio,
aplicação e preparação da calda o trabalha-
dor decide se alimentar.
Pode acontecer também quando há ina-
lação de névoas, pós, gases e fumaça pela
boca ou ainda pela ingestão de alimentos
sólidos ou líquidos contaminados por agro-
tóxico.
Via dérmica (pela pele):
Ocorre quando no momento do manu-
seio, aplicação e preparação da calda há
contato do produto concentrado ou da calda
com a pele.
28
Via ocular: (pelos olhos)
Ocorre quando no momento do manuseio,
aplicação e preparação da calda há contato
com os olhos provocado por névoas, pós,
gases, fumaça e respingos.
32
4.3 - Conheça as luvas
As luvas protegem as mãos, que é
a parte do corpo humano com maior
risco de exposição. As mais recomen-
dadas são de borracha nitrílica ou
neoprene, materiais que podem ser
utilizados com qualquer tipo de formu-
lação.
Precaução:
33
4.5 - Conheça o boné árabe
Protege o couro cabeludo, orelhas
e o pescoço contra respingos da pul-
verização e do sol. Deve ser de tecido
de algodão tratado para tornar-se hi-
drorepelente. Alguns fabricantes de EPI
incorporaram o boné árabe ao jaleco
em forma de capuz (touca).
calça
cordões da calça e do jaleco devem estar bem ajustados e
guardados para dentro da roupa.
34
4.7 - Conheça as botas
As botas devem ser impermeáveis, de
preferência de PVC, brancas e usadas
com meia de algodão. A barra da calça
deve ficar fora do cano, para a calda não
escorrer para os pés.
6º Viseira
7º Boné árabe
8º Luvas
35
Precaução:
1 - As pernas da calça têm que ser vestidas por fora do cano da bota;
2 - As mangas do jaleco têm que ser vestidas por fora do cano da
luva para aplicações abaixo do tronco do aplicador, em casos de
equipamentos com aplicação individualizada (costal, bengala, esta-
cionários, etc.);
3 - No caso de aplicações em culturas de porte alto, acima do
tronco, as mangas do jaleco têm que ser vestidas por dentro dos
canos das luvas.
36
Precaução:
Coleção | SENAR
37
VII Conhecer os cuidados para a
aplicação dos agrotóxicos
O bom resultado do controle de pragas, doenças e plantas daninhas
é muito dependente da aplicação correta de agrotóxicos. Uma aplicação
não correta, além de gastar mais agrotóxico do que o necessário poderá
contaminar os trabalhadores e o meio ambiente.
Precaução:
3,2 a 6,5 km/h Brisa leve Folhas oscilam – sente Ideal para a
o vento na face pulverização
Coleção | SENAR
39
6,5 a 9,6 km/h Vento leve Folhas e ramos Evitar pulverização
finos em constante de herbicidas
movimento
Precaução:
40
1.4 - Selecione a água a ser utilizada
A água deve ser limpa e de boa qualidade química para a preparação
da calda de pulverização.
Alerta ecológico:
Atenção:
2.3 - Conheça os
procedimentos para
guardar os EPI
• Guarde os EPI separadamen-
te das roupas da família para evitar
contaminação.
• O respirador descartável e os
filtros do respirador de baixa ma-
nutenção devem ser guardados em
sacos plásticos.
45
2.5 - Conheça os procedimentos de revisão e
descarte dos EPI
• Faça revisão periódica e substitua os EPI estragados.
• Faça o controle do tempo de uso do EPI e respeite a validade.
• Faça a lavagem dos EPI estragados ou com validade vencida e inuti-
lize-os antes de levá-los à unidade de recebimento.
46
VIII Conhecer os tipos das
embalagens dos agrotóxicos
Basicamente as embalagens de agrotóxicos são de dois tipos: não-
laváveis e laváveis.
48
IX Conhecer o preparo e a guarda
das embalagens para a devolução
Imediatamente após o uso, as embalagens devem ser preparadas para
a devolução de acordo com o seu tipo.
Atenção:
50
• EMBALAGENS SECUNDÁRIAS
As embalagens secundárias podem ser utilizadas
para acondicionar as embalagens rígidas e devem
ser armazenadas separadamente das embalagens
contaminadas.
51
como: caixa de bateria automotiva; caixa de passagem para fios e cabos
elétricos; embalagem para óleo lubrificante e tubo para esgoto, etc.
Atenção:
Alerta ecológico:
53
2.2.5 - Transfira a água de lavagem para o interior do
tanque do pulverizador por dispositivo próprio para essa
função
Atenção:
54
4 - Saiba quando e onde devolver as
embalagens vazias
O produtor tem o prazo de até 1 ano (contado após a compra dos pro-
dutos) para devolver todas as embalagens vazias junto com as tampas e
rótulos na unidade de recebimento credenciada pelo Instituto Nacional de
Embalagens Vazias (inpEV), indicada na nota fiscal de compra do produto.
Precaução:
57
Quadro 7 - Via de contaminação por agrotóxico e respectivos
sintomas
58
XI Conhecer os procedimentos
básicos de primeiros socorros
Em geral, os casos de contaminação por agrotóxicos são resultados
de erros cometidos durante as etapas de transporte, armazenamento,
manuseio, aplicação, descontaminações de equipamentos, embalagens e
EPI e são causados pela falta de informações ou descuido do trabalhador.
Por causa da distância das lavouras de hospitais e médicos, poderão
ocorrer demoras no atendimento do trabalhador com sintomas de into-
xicação. Assim, medidas de primeiros socorros representam o esforço
imediato de auxiliar o trabalhador enquanto não se chega ao médico.
Isso poderá ser feito por pessoas com conhecimentos básicos de primei-
ras medidas de socorro em situações de emergência.
Atenção:
60
Precaução:
Todo trabalhador
com suspeita de in-
toxicação deve rece-
ber atendimento mé-
dico imediato. Nunca
espere os sintomas
se intensificarem.
2 - Conheça os procedimentos de
descontaminação da pele
2.1 - Retire imediatamente as roupas contaminadas
Verifique as recomendações de primeiros socorros no rótulo ou na bula
do produto e, se não houver contra indicação, lave com água e sabão as
partes do corpo contaminadas.
Precaução:
Coleção | SENAR
61
3 - Conheça os procedimentos de
desintoxicação dos olhos
3.1 - Lave os olhos
em caso de contato
com o agrotóxico
cuidadosamente com
bastante água corrente
e limpa, conforme
instruções constantes
no rótulo ou bula do
produto
4 - Conheça os procedimentos de
descontaminação da via respiratória
Antes de entrar em local fechado onde possa ter contaminantes (agro-
tóxicos) no ar ambiente, providencie a ventilação do local (abertura de
portas e janelas).
Ocorrendo intoxicação por inalação, leve a vítima para local fresco e
Coleção | SENAR
62
5 - Conheça os procedimentos de
descontaminação em casos de ingestão
Em casos de ingestão procurar o atendimento médico imediato.
Os antídotos e tratamentos somente devem ser ministrados por profis-
sionais qualificados.
Precaução:
63
Referências
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de armazenamento
de produtos fitossanitários. São Paulo: Linea Creativa, 2005. 26 p.
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de segurança e
saúde do aplicador de produtos fitossanitários. São Paulo: Linea Creativa,
2006. 26 p.
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de tecnologia de aplica-
ção de produtos fitossanitários. São Paulo: Linea Creativa, 2005. 50 p.
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de transporte de
produtos fitossanitários. São Paulo: Linea Creativa, 2005. 46 p.
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de uso correto e
seguro de produtos fitossanitários/ agrotóxicos. São Paulo: Linea Creativa,
2005. 26 p.
Instituto Nacional de Processamento de Embalagens vazias (Brasil). Saiba como
lavar e devolver suas embalagens vazias de agrotóxicos. São Paulo, 2011.
Disponível em http://www.inpev.org.br/. Acesso em: 13 jun. 2011.
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Paraná). Trabalhador na aplicação
de agrotóxicos: pulverizador costal manual. Curitiba, 2005. 98 p. ( coleção
Senar Paraná, 190).
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Rio de Janeiro). Norma regulamen-
tadora de segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicul-
tura, exploração florestal e aquicultura: NR 31. Rio de Janeiro, 2005. 36 p.
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (São Paulo). Trabalhador na apli-
cação de agrotóxicos: aplicação de agrotóxicos com pulverizador costal
manual. São Paulo, 2010. 29 p.
Coleção | SENAR