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Auxiliar em

Agropecuária

Manejo Integrado de Pragas e Doenças


20 horas
Curso | Auxiliar em Agropecuária

MÓDULO I: MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

Neste módulo iremos aprender um pouco sobre o que são pragas, quais os tipos, os
principais grupos de pragas, o que é MIP e como utilizar, e ainda como monitorar algumas pragas
de importância agrícola.

CONCEITO DE PRAGAS

O que são pragas?

Convencional: Um organismo é considerado praga, quando é constatada sua presença


na cultura.
No manejo integrado de pragas (MIP): Um organismo só é considerado praga quando
causa danos econômicos.

Qualquer espécie que por algum motivo vier a ficar sem predador, ou seja, outra espécie
que se alimenta dela, e tiver alimento disponível em grande quantidade, pode tornar-se uma
praga, ou seja, a ocorrência de pragas está muito ligada às questões ambientais.

Um organismo só é considerado praga quando causa


danos econômicos.

TIPOS DE PRAGAS

De acordo com a parte da planta que é atacada

Praga direta: Ataca diretamente a parte comercializada. Exemplo: Broca pequena do


tomateiro (Neoleucinodes elegantalis) que ataca os frutos do tomateiro.
Praga Indireta: Ataca uma parte da planta que afeta indiretamente a parte comercializada.
Exemplo: Lagarta da soja (Anticarsia gemmatali) que causa desfolha em soja.

De acordo com sua importância

Organismos não-praga: São aqueles que sua densidade populacional (número de


insetos/área) nunca atinge o nível de dano econômico (Figura 2a). Correspondem a
maioria das espécies que se alimentam de plantas encontradas nos agroecossistemas.
Pragas ocasionais ou secundárias: São aqueles que raramente atingem o nível de dano
econômico (Figura 2 b).Exemplo:Ácaros na cultura do café.

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Pragas chaves: São aqueles organismos que frequentemente ou sempre atigem o nível
de controle. Esta praga constitui o ponto chave no estabelecimento de sistema de manejo
das pragas, as quais são geralmente controladas quando se combate a praga chave. São
poucas as espécies nesta categoria nos agroecossistemas, em muitas culturas só ocorre
uma praga chave. Podem ser de classificadas em:

Pragas freqüentes: São organismos que frequentemente atigem o nível de controle.


Exemplo:Cigarrinha verde (Empoasca kraemeri) em feijoeiro.
Pragas severas: São organismos cuja parte de equilíbrio é maior que o nível de
dano econômico (Figura 2c).Exemplo:Formigas saúvas (Atta spp.) em pastagens.

Figura 1: Organismos não-pragas (a), pragas ocasionais (b) e pragas severas (c).

MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS (MIP)

É um sistema de controle de pragas que procura preservar e aumentar os fatores de


mortalidade natural das pragas pelo uso integrado dos métodos de controle selecionados com
base em parâmetros técnicos, econômicos, ecológicos e sociológicos. Este sistema também é
conhecido como manejo ecológico de pragas (MEP) e manejo agroecológico de pragas (MAP).

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Componentes do MIP
Os componentes são: diagnose (ou avaliação do agroecossistema), tomada de decisão
e seleção dos métodos de controle (estratégias e táticas do MIP).
Diagnose: Neste componente identificamos de forma simples e corretas das pragas-
chave e ocasionaise seus inimigos naturais.
Tomada de decisão: Neste componente tomamos a decisão ou não de usar métodos
de controle. Esta decisão é baseada em planos de amostragem e em índices de tomada
de decisão (População de praga e predadores, estadio fenologico da cultura e condiçoes
climaticas).
A amostragem é realizada para verificar o nível das populações de pragas e dos
inimigosnaturais nas lavouras. A amostragem deve ser representativa da realidade, barata,
rápida, de fácil obtenção (o agricultor deve executá-la facilmente). Os componentes de um plano
de amostragem são:
a) Dividir a área em talhões: Mesmo genótipo/cultivar, idade, espaçamento, sistema de
condução, tipo de solo e topografia.
b) Tipo de caminhamento: O caminhamento representa a forma de deslocamento para se
fazer a amostragem.

.
Figura 2: Tipos de caminhamento para amostragem. Os retângulos correspondem a um talhão a ser amostrado.
Já as linhas dentro do retângulo representam a forma de caminhamento no talhão para coleta das amostras.

c) Amostras: as amostras representam a unidade de avaliação da praga ou inimigo


natural. Pode ser uma área de avaliação, uma planta ou parte da planta (caule, folha,
fruto, flor, etc.).
d) Técnica de Amostragem: é a forma de obtenção das amostras, estas podem ser por:
– Contagem direta da população do inseto.
– Uso de aparatos como armadilhas, bandejas, pano de batida, lupa, etc.
e) Número de amostras/talhão: fixo o número de amostras/talhão.
f) Época e Freqüência de Amostragem
A amostragem deve ser realizada com maior freqüência em períodos de maior incidência
das pragas e de maior suscetibilidade da cultura. Geralmente em culturas anuais,
hortaliças e ornamentais as amostragens são realizadas semanalmente. Já em culturas
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perenes as amostragens são realizadas quinzenalmente em períodos de maior
incidência da praga e mensalmente em períodos de menor incidência. Como exemplo
mostrado na Tabela 1 de um plano convencional para amostragem de pragas de soja no
Brasil.

Tabela 1: Amostragem das Pragas da Cultura da Soja, milho e sorgo.

Área Nº de pontos
Lagartas e percevejos Broca das axilas
(ha) amostrados

1-9 6
10-29 8
Uma amostragem
Exame de 10 plantas
30-99 10 colocando-se pano
em cada ponto
branco entre as fileiras
Dividir a área em
Maior
áreas menores de
de
100 ha
100

Atenção: Adentre pelo menos 30m na gleba para fazer a amostragem, evitandoo
efeito de bordadura (borda da plantação).

OBSERVAÇÃO: Mais à frente, discutiremos mais sobre a amostragem de pragas antes e


depois da semeadura.

➢ Devem-se tomar decisões de controle quando: a população da praga é


alta(acima do nível de dano econômico) e a população dos inimigos naturais
é baixa.

Seleção dos métodos de controle de pragas: Os métodos devem ser


selecionados com base em parâmetros técnicos (eficácia), econômicos (maior
lucro), ecotoxicológicos (preservação do ambiente e da saúde humana) e
sociológicos (adaptáveis ao agricultor (a)).
Os principais métodos usados no controle de pragas são:
• Métodos culturais: Emprego de práticas agrícolas normalmente utilizadas no
cultivo das plantas objetivando o controle de pragas;
• Controle biológico: Ação de inimigos naturais na manutenção da densidade das
pragas em nível inferior àquele que ocorreria na ausência desses inimigos naturais;
• Controle mecânico: Uso de técnicas que possibilitem a eliminação direta das
pragas;
• Controle físico: Consiste no uso de métodos como fogo, drenagem, inundação,
temperatura e radiação eletromagnética no controle de pragas.

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• Controle químico: Aplicação de substâncias químicas que causam mortalidade no


controle de pragas;
• Métodos legislativos: Conjunto de leis e portarias relacionados a adoção de
medidas de controle de pragas.
• Método genético: Consiste no controle de pragas através do uso de esterilização
híbrida.
• Controle por comportamento: Consiste no uso de processos (hormônios,
feromônios, atraentes, repelentes e macho estéril) que modifiquem o comportamento
da praga de tal forma a reduzir sua população e danos.

IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS GRUPOS DE PRAGAS

Reconhecer cada tipo de inseto é muito importante para proteger aqueles que são úteis
e controlar apenas os que são pragas, quando necessário. A visita semanal à lavoura para
reconhecer e monitorar a quantidade de pragas, em cada parte da planta, permite decidir sobre
o controle no momento correto, evitando danos, perdas e prejuízos na produção (SENAR, 2018).
Tabela 2: principais grupos de pragas agrícolas
Grupo Características
Possuem corpo mole e produzem muscilagem
Lesmas e Caracóis
("gosma").
Possuem corpo em uma única parte e com quatro
Ácaros
pares de pernas
Possuem corpo dividido em três partes e possuem
Insetos
três pares de pernas

Lesmas e caracóis

Lesmas: não possui uma concha Caracóis e caramujos: corpo mole


externa coberto por uma concha dura

Figura 3: Lesma (esquerda) e caracol (direita).


Fonte: https://www.insectbye.com.br/lesma-caramujo-e-caracol/

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Estas pragas atacam plantas principalmente em ambientes úmidos e ricos em palhada


como ocorre em cultivos de plantio direto. Eles provocam desfolha e causam mortalidade das
plantas reduzindo a população de plantas principalmente em culturas em fase inicial.

Ácaros

Eles são de tamanho muito pequeno (para visualizá-los é necessário o uso de lupa com
aumento de pelo menos 10 vezes), quatro pares de pernas e sugam o conteúdo das células das
plantas. As folhas atacadas por ácaros ficam retorcidas (“encarquilhadas”), com coloração
alterada e com pontuações esbranquiçadas ou com aspecto bronzeado, depende do grupo de
ácaro que ataca as plantas (Figura 4).

Figura 4: Pontos esbranquiçados no inicio do ataque de acaro em folha de soja.

Os principais grupos de ácaros-pragas de plantas são: os ácaros vermelhos, os ácaros


brancos e os microácaros.

Figura 5: (A) Ácaro vermelho, (B) Ácaro branco e (C) Microácaro.

Insetos

As principais características dos insetos são: corpo dividido em três partes (cabeça, tórax
e abdômen), pernas e antenas articuladas, um par de antenas, três pares de pernas e asas
geralmente presentes nos adultos (Figura 6).

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Figura 6: Principais características dos insetos voadores. Fonte: SENAR, 2018.

Mariposas e Borboletas

Os adultos são chamados de mariposas (noturnos e de cores não aparentes) (Figura


7A) ou borboletas (diurnos e de cores vistosas) (Figura 7B).
Suas larvas são chamadas de lagartas e possuem cabeça visível, três pares de pernas no
início do corpo e pernas no final do corpo (Figuras 7C, 7D e 7E). Nesta fase elas são consideradas
pragas, pois causam prejuízos a culturas.

Figura 7: (A) Mariposa, (B) Borboleta, (C) Lagarta, (D) Lagarta falsa medideira e (E) Lagarta medideira.

Principais lagartas que causam danos as culturas:


Só lembrando que existem outras lagartas de importância agrícola. Aqui são mostrados
apenas alguns exemplos.

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

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Figura 8: Lagarta-da-soja e mariposa adulta. Fonte: SENAR, 2018.

Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

Figura 9: Lagarta-falsa-medideira e a mariposa adulta. Fonte: SENAR, 2018 e Embrapa.

Lagarta-da-maça (Heliothis virescens)

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Figura 10: Lagarta (a) e adulto (b) de Heliothis virescens.

Lagarta-das-vagens (Helicoverpa arnigera)

Figura 11: Lagarta-das-vagens e mariposa adulta. Fonte: Embrapa

Lagarta-do-cartucho - Spodoptera spp.


São vários tipos, mas que atacam uma grande quantidade de culturas, como o milho, soja,
trigo, arroz, tomate entre outras. Inicialmente, as lagartas são de tamanho reduzido e, durante a
alimentação, fazem a raspagem nas folhas, sintoma este muito característico do ataque da praga
na lavoura. Com o passar do tempo e seu maior desenvolvimento, estas

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Secretaria de Justiça De Rondônia - Termo de Cooperação nº 020/ PGE – 2019
aumentam de tamanho e iniciam a perfuração das folhas e se direcionam para a região do
cartucho das plantas (no caso de milho), sendo seu local preferido para o desenvolvimento e
abrigo.

Figura 12: Diferentes espécies de Spodopetera. Fonte: Google imagens.

Besouros/cascudinhos

Os adultos são chamados de besouros, seu primeiro par de asas é duro. Eles são pragas
tanto na fase de larva como na fase adulta e aparelho bucal mastigador. Os principais grupos de
besouros pragas são:
Vaquinhas: Os adultos geralmente possuem corpo colorido, antenas visíveis e
causam desfolha (Figura 13A). Suas larvas são finas, esbranquiçadas e possuem
três pares de pernas e atacam principalmente raízes (Figura 14A).
Bicudos: Os adultos possuem um prolongamento no início da cabeça (bico) (Figura
13B). Suas larvas são esbranquiçadas e não possuem pernas visíveis (Figura14B).
Carunchos: Possuem um prolongamento no início da cabeça menor que dos
bicudos e suas asas não cobrem totalmente o abdome (Figura 13C). Suas larvas
sãosemelhantes as dos bicudos (Figura 14B).
Serra-pau: Os adultos possuem antenas muito longas (Figura 13D). Suas larvas
são esbranquiçadas, possuem o início do corpo dilatado e broqueiam caule de

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árvores(Figura 14C).
Corós: Os adultos são escuros, possuem antenas pequenas, o primeiro par de
pernas é próprio para escavação e algumas espécies a cabeça possuem projeções
semelhantes a chifres (Figura 13E). Suas larvas são esbranquiçadas, possuem
formato de “C”, final de seu corpo é dilatado e elas atacam órgãos subterrâneos
principalmenteraízes (Figura 14D).
Larva-arame: Os adultos são escuros, possuem corpo fino, dois espinhos no final
da cabeça e quando os seguramos ao tentarem fugir emitem som semelhante ao
estalo de dedos (Figura 13F). Suas larvas são finas, amarronzadas e atacam
órgãos subterrâneos principalmente raízes (Figura 14E).

Figura 13: Adultos de (A) Vaquinha, (B) Bicudo, (C) Caruncho, (D) Serra-pau, (E) Corós e (F). Fonte: Picanço, 2010.

Figura 14: Larvas de (A) Vaquinha, (B) Bicudo e Caruncho, (C) Serra-pau, (D) Corós e (E) Larva arame.Fonte:
Picanço, 2010.

Formigas

As formigas vivem em colônias e são pragas na fase adulta. As formigas podem ser pragas
(formigas cortadeiras) ou inimigos naturais (formigas predadoras). As formigas cortadeiras têm
coloração amarronzada e no topo de sua cabeça possuem um tipo de curvatura (Figura 6A e
B). Já as formigas predadoras têm diversas colorações e a reentrância curvatura no topo de sua
cabeça não é profunda (Figura 6C). As principais formigas cortadeiras são:
Formigas saúvas: possuem ninhos com grande quantidade de terra solta e três
pares de espinhos no seu dorso (Figura 6A).

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Formigas quém-quéns: possuem quatro pares de espinhos noseu dorso e seus


ninhos são pequenos (Figura 6B).

Figura 15:(A) Formiga saúva, (B) Formiga quém-quém e (C) Formiga predadora.

Moscas

Mosca minadora: Os adultos são pequenas moscas de coloração preta com


manchas amarelas. As larvas confeccionam minas finas e serpenteadas(parecem
com serpentes) nas folhas (Figura 16).

A B

Figura 16: (A) Adulto de mosca minadora e danos causados em (B) melão e (C) citros (laranja, limão, tangerina).
Fonte: Embrapa.

Mosca-das-frutas: Os adultos são moscas que possuem desenhos em formatos


de “S” e “V” nas asas, as quais diferem em três tipos: Anastrepha= moscas-das-
frutas sul americanas devido a sua origem e possui coloração amarronzada, a
Ceratitis = moscas-das-frutas do mediterrâneo devido a sua origem e o tórax escuro
e Bactrocera = praga quarentenária presente em Roraima e Pará.

Figura 17: Adultos e larva da moscas-das-frutas. Fonte: MAPA.

Percevejos

Os percevejos na fase adulta têm o primeiro par de asas com a parte inicial dura e a

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parte final mole. Eles possuem aparelho bucal sugador e causam danos às plantas tanto na
fase adulta como na fase jovem.
Os principais percevejos que causam danos as plantas são: percevejo marron,
percevejo verde pequeno, percevejo verde, percevejo barriga verde, entre outros.

B C

A D

Figura 18: (A) Percevejo marrom, (B) percevejo verde pequeno, (C) percevejo verde,
(D) percevejo barriga verde. Fonte: SENAR, 2018.

Gafanhotos e grilos

Os gafanhotos possuem diversas colorações e as asas dos adultos quando em repouso


assume uma posição inclinada (Figura 19C). Tanto os adultos com a fase jovem (animais
menores) (Figura 19D) dos gafanhotos causam desfolha nas plantas.
Os grilos possuem coloração escura e as asas dos adultos quando em repouso assumem
posição horizontal (Figura 19A). Atacam as plantas pequenas cortando-as rente ao solo na fase
adulta e jovem (Figura 19B).

Figura 19: (A) Adulto e (B) jovem de gafanhoto, (C) adulto e (D) jovem de grilo. Fonte: Picanço, 2010.

Outros insetos pragas

Cigarras: Atacam raízes na fase jovem.


Cigarrinhas: Os adultos são coloridos, pequenos e possuem o primeiro par de
asas semelhantes às asas de baratas. Atacam mais na fase adulta.
Cochonilhas: não possuem asas. Geralmente ficam fixas nas plantas como uma
camada branca.
Pulgões: A maioria não possui asas e tem o formato oval.

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Mosca Branca: Seus adultos têm asas recobertas por camada branca e geralmente
atacam as ponteiras das plantas (Figura 20 E). Já suas formas jovens (ninfas) são
esverdeadas, parecem com cochonilhas e ficam fixas na face inferior das partes
baixeiras e mediana das plantas (Figura 20 F).

A B C

D E F

Figura 20: (A) Cigarra, (B) cigarrinha, (C) cochonilha, (D) pulgão, (E) mosca-branca. Fonte: Picanço, 2010.

MONITORAMENTO E AMOSTRAGEM DE PRAGAS

O monitoramento no MIP é uma amostragem sistemática, onde se utilizam armadilhasou


a contagem direta do número de insetos nas plantas ou no solo para se estimar o nível de
infestação de pragas (SENAR, 2018).

Antes da Semeadura (Lagartas e Corós)

1. Saber quais são as pragas que costumam atacar a cultura;


2. Reuna o material necessário
3. Saiba quantos pontos deverão ser amostrados;
Nº de pontos
Área (ha) Lagartas Corós
amostrados
1-9 6 Cave um buraco 1 m de
10-29 8 comprimento por 25 cm
Contagem do número
30-99 10 de largura e 25 cm de
delagartas na área de
profundidade, peneire e
Dividir a área em áreas 1mx1m
Maiorde 100 conte o numero de
menores de 100 ha
coros.

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4. Anote os resultados.

Monitoramento e amostragem de lagartas:


1. Material:
– Duas hastes rígidas de 1,10 m de comprimento cada (podem ser de madeira, metal,
PVC ou plástico); e
– Dois pedaços de fio flexível de 1,20 m de comprimento cada (podem ser de
barbante ou arame) para separar as hastes em 1 m.
2. Monte o gabarito/modelo
Prenda o barbante ou arame às extremidades das hastes rígidas, de forma que o
tamanho final seja de 1 m x 1m.

3. Faça a contagem de lagartas e anote.


Posicione o gabarito na área e faça a contagem de lagartas. Repita quantas vezes
forem necessárias, de acordo com o tamanho da área, e anote o número de lagartas
observadas em cada ponto.

Monitoramento e amostragem de corós:


1. Material:
– Pá reta com lâmina afiada para cortar o solo; e
– Peneira grossa (de arame) para desagregar o solo.

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Atenção: Em solos argilosos (solos pesados, geralmente avermelhados ou amarelos) e


de difícil desagregação, deve-se utilizar peneiras mais grossas. Nesse caso, pode-se
comprar uma tela mais grossa e fixar numa armação, que pode ser quadrada para facilitar
sua confecção.
2. Cave trincheiras (buracos) nos pontos de amostragem
Em cada ponto de amostragem, cave uma trincheira de 1 m de comprimento por 25
cm de largura e 25 cm de profundidade, peneirando todo o solo retirado para contar o
número de corós por ponto de amostragem.

3. Anote o que foi observado


Anote o número de insetos observados em cada ponto de amostragem (exemplo
na Planilha 1) e calcule a média, após completar o número de amostras. Some o número
de insetos observados em cada ponto e divida esse valor pelo número total de pontos.

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Analise o uso de medidas de controle


Adote um método de controle se observar, em média, uma ou mais lagartas/m2 (na
soja), duas ou mais lagartas/m2 (no milho) e quatro ou mais lagartas/m2 (no sorgo).

Atenção: métodos químicos só podem ser indicados por técnicos agrícolas ou Engenheiros
Agrônomos da sua região.

Monitoramento e Amostragem de Pragas em Plantas Adultas

A seguir são os passos gerais que devem ser observado em todas as culturas.
1° Saiba quais são as pragas que costumam atacar a cultura;
2° Identifique a época de maior ataque de pragas
3° Monitore a lavoura

→ Monitoramento de pragas em soja


1° Principais pragas: besouros, percevejos e lagartas.
2° Época de maior ataque: depende da praga

Figura 21: Fases do ciclo da cultura da soja em que ocorrem ataquem por pragas. SENAR, 2018.

3° Monitore semanalmente a lavoura


– O monitoramento deve ser realizado utilizando-se um pano-de-batida ou um
pano branco limpo que tenha 1 m de cada lado. Leve junto caneta e papel para
anotar.

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– Coloque o pano-de-batida enrolado rente ao solo até a base das plantas;


– Cuide para não tocar as plantas antes da colocação do pano-debatida,evitando
assim afugentar os insetos pousados nelas.
– Desenrole o pano de batida

– Bata nas plantas para recolher as amostras de insetos


– Com a mão, bata vigorosamente 5 vezes nas plantas para derrubar os insetos
sobre o pano-de-batida e, rapidamente, dobre e remova-o das plantas para
contar os insetos antes que fujam.
– Conte e anote o que foi coletado
– Anote numa planilha, em colunas separadas, o número de lagartas e o número
de percevejos para cada amostra (Tabela 3).

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Tabela 3: Exemplo de infestação de área até 9 ha, do cálculo do número médio delagartas
e de percevejos durante o monitoramento. Fonte: SENAR, 2018.

4° Analise a necessidade de controle


– Dependerá do numero de indivíduos e a fase da cultura

o Antes do início da floração: 20 ou mais lagartas;


o Após a floração: 4 ou mais lagartas e detectado dano nas flores;
o Lavouras para grãos: 4 ou mais percevejos após o inicio da formação
dasvagens;
o Lavouras para semente: 2 ou mais percevejos após o inicio da
formação dasvagens;

→ Monitoramento de pragas em milho


1° Principais pragas: Lagarta-do-cartucho, percevejo-barriga-verde, cigarrinha, entre
outras.
2° Época de maior ataque: depende da praga

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Figura 22: Fases do ciclo da cultura do milho em que ocorrem ataquem por pragas. Fonte: SENAR, 2018.

3° Monitoramento de lagarta de solo e percevejos


– Em cada ponto de amostragem de 3 m2observe e conte o número de plantas
cortadas na base, murchas ou mortas e em outras 10 plantas, conte o número
de percevejos.
Tabela 4: Exemplo para área até 9 ha, do cálculo da média de plantas cortadas, murchas ou
mortas por metro quadrado e do número de percevejos vivos a cada 10 plantas.

4° Analise o uso de medidas de controle para lagarta de solo e percervejo


– O controle deve ser iniciado quando se observa, em média, duas ou mais plantas
cortadas, murchas ou mortas por metro quadrado ou 1 ou mais

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percevejos vivos a cada 10 plantas.

5° Monitoramento de lagartas e cigarrinhas nas folhas do cartucho do milho


– Em 10 m de linha de milho, observe e conte, semanalmente, o número de plantas
com folhas raspadas ou furadas e com lagartas (igual ou maior que 1cm) ou
cigarrinhas nas folhas do cartucho.

Atenção: Nas plantas com sintomas de infestação (folhas dos cartuchos


raspadas e furadas), o cartucho deve ser aberto para verificar a presença de
lagartas.

Figura 23: Cartucho infestado com lagartas e com cigarrinha-do-milho.

– Conte e anote o que foi observado: Anote, separadamente, numa planilha, o


número total de plantas, o número daquelas com folhas do cartucho raspadas e
furadas e com uma ou mais lagartas (igual ou maior que 1 cm), bem como o
número de cigarrinhas no cartucho, em 10 plantas, para cada ponto de
amostragem.
– Calcule o nível de infestações na lavoura

o Para calcular as porcentagens de plantas com folhas do cartucho infestadas


por lagartas, some o total de cada coluna e divida pelo número de amostras,
obtendo a média.
o Para calcular a infestação de lagartas, multiplique o número médio de plantas
com lagartas por 100 e divida pela média do número total de plantas.
o Para calcular as plantas infestadas pelas cigarrinhas divida o número total
de cigarrinhas por 10 e multiplique pelo número de amostras.

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Tabela 5: Exemplo para área até 9 ha, do cálculo da médio de lagartas e de cigarrinhas
durante o monitoramento de pragas em lavoura de milho. Fonte: SENAR, 2018.

Atenção: Conte primeiro as plantas infestadas, pois se não for observada


infestação de nenhum inseto, anote apenas 0 (zero) nas duas colunas.

Para cálculo da média do número de plantas com lagartas


Para calcular a média, some o número de plantas com lagartas após a anotação da
última amostra e divida pelo número total da amostra.

6°Analise o uso de medidas de controle para lagartas e cigarrinha


– Observar, em média, 20% ou mais de plantas infestadas com lagartas em
lavouras com produtividade média esperada em torno de 3 toneladas de
grãos/ha (50 sacos/ha) ou acima de 10% em lavouras com produtividade média
esperada acima 100 sacos/ha.
– Observar em média uma ou mais cigarrinhas do cartucho do milho por planta.

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→ Monitoramento de moscas-das-frutas
O monitoramento da população de moscas é realizado utilizando-se armadilhas, o
que permite conhecer as espécies presentes, sua abundância e a distribuição,
possibilitando a programação do controle.

Armadilha McPhail
É a armadilha padrão para a coleta de adultos de mosca do tipo Anastrepha (Sul americana),
entretanto coletam-se também adultos de Ceratitis e outros insetos (Figura 24 A). Modelos
alternativos de armadilhas podem ser confeccionados com embalagens plásticas descartáveis,
tais como frasco de soro, garrafas de água mineral, PET e outros recipientes (Figura 25 B).

A B

Figura 24: (A) Armadilha do Tipo McPhail e (B) armadilha alternativa.

Como atrativo alimentar, utiliza-se proteína hidrolizada na concentração de 5%. Em pomares


menores e/ou quintais de casa pode-se usar outros tipos de atrativos nas armadilhas, variando
desde sucos de frutas + açúcar (uva, pêssego, goiaba, laranja, manga e outros.) (1 parte de suco
e 4 partes de água) e melaço de cana-de-açúcar, na concentração de 10% (10 mL de melaço e
100 mL de água). Na figura abaixo tem um esquema de como montar sua armadilha para mosca-
das-frutas.

Figura 25: Ilustração de como montar a armadilha para mosca-das-frutas. Fonte:


http://revistagloborural.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_pri nt/0,3916,1245061-4528-
2,00.html

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Amostragem:
o 1 armadilha McPhail para cada 5 hectares;
o Colocar nas bordas dos pomares (Primeiras e ultimas fileiras de plantas);
o A armadilha deverá ser colocada na planta, em local protegido do sol e do vento, a
uma altura de 1,60 a 2,00 metros acima do nível do solo (Souza & Nascimento, 1999).
Monitoramento: Semanal
Retirar a armadilha, esvaziar o seu conteúdo em um coletor (peneira fina), onde as moscas
ficarão retidas. Do material coletado nas armadilhas selecionam-se as moscas-das-frutas,
coloca-se em recipientes com álcool 70%, para posterior identificação das espécies presentes na
área monitorada.
Para mais informação acesse: https://www.youtube.com/watch?v=FUvDj362DE8

Armadilha Jackson
É a armadilha padrão para a coleta de machos de Ceratitis capitata (mosca do mediterrâneo),
utilizando-se como atrativo o paraferomônio trimedilure que atrai os machos e estes ficam
grudados. É confeccionada em papelão parafinado de cor branca em forma de triângulo, com um
cartão adesivo colocado na parte interna e inferior da armadilha (Figura 26). Estudos vêm sendo
feitos para captura da mosca Bactrocera com a armadilha Jackson
(https://amazonasatual.com.br/jackson-e-usada-no- amazonas-para-combater-ameaca-as-
plantacoes-de-frutas/).

Figura 26: Armadilha do tipo Jackson.

Amostragem:

o 1 armadilha Jackson para cada 5 ha na periferia do pomar, em locais protegidos dos


ventos;
o As armadilhas devem ser instaladas no terço superior da copa das plantas que ficam
na periferia do pomar e abrigadas do sol.
Monitoramento: Quinzenal (a cada 15 dias)

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Contando o numero de moscas que ficaram grudadas na armadilha.

Analise os resultados obtidos:


Após a identificação e quantificação das moscas-das-frutas, efetua-se o cálculo do
número de moscas capturadas por armadilha/dia, pela fórmula:

MAD= mosca/armadilha/dia, onde:


M= quantidade de moscas capturadas;
A= número de armadilhas do pomar
D= número de dias de exposição da armadilha.

Tomada de decisão
A tomada de decisão das medidas de controle depende do nível de exigência do
mercado. Para exportação o índice MAD tem que ser menor que 1, para que seja feito
algum controle.

→ Principais pragas do café: identificação e monitoramento


São muitas as pragas do café e todas elas causam danos diretos e indiretos àprodução
e qualidade. A broca sempre foi “a” praga do cafeeiro, título que agora é ocupado pelo
bicho mineiro.

Broca-do-café - Hypothenemus hampei


A broca é a fase jovem dos besouros que atacam os frutos de café e vivem e se reproduzem
dentro dele.

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Figura 27: Fase adulta da broca-do-café (besouro) e danos causados por ela em frutos de café. Fonte:
https://blog.aegro.com.br/pragas-do-cafe/

Amostragem:
Devem ser escolhidas mais de 20 plantas por hectare, em “zigue-zague”. De cada uma
delas, devem ser colhidos 100 frutos, 25 de cada face da planta. Estes frutos são
misturados, para formar uma amostra única. Conta-se o número dos frutos que
apresenta orifícios feitos pela broca na região da coroa (Figura 28). A amostragem deve
ser iniciada na época do trânsito da broca (outubro a dezembro), variável de acordo com
as regiões cafeeiras. Já no monitoramento por armadilha, deve-se utilizar 22
armadilhas/hectare (Tabela 6).

Figura 28: Fruto atingido pela broca-do-café. Foto: Epamig

Monitoramento:
Mensal – baixa infestação da praga
Semanal – alta infestação

Tomada de decisão
Quando o número de frutos infestados representarem de 3% a 5% do total, o controle
da praga deve ser iniciado.

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Tabela 6: Monitoramento e amostragem da broca-do-café.

Em propriedades menores, o controle da broca-do-café pode ser feito utilizando-se de


armadilhas alternativas. As armadilhas podem ser construídas com garrafas pet pintadas com a
cor vermelha. A substância atraente dos insetos pode ser feita com a mistura de 1:3 de etanol
e metanol, acrescida de 1% de ácido benzoico. Para o controle eficiente recomenda-se a
utilização de 22 armadilhas por hectare. A substância atraente deve ser substituída a cada
duas semanas (Figura 29).

No link https://youtu.be/iw4H51R2aCE tem o passo a passo de como


construir a armadilha para broca-do-café.

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Figura 29: Armadilha para monitoramento da broca-do-café. Fonte: Epamig

Bicho Mineiro - Leucoptera coffeella


Devido às mudanças sofridas no sistema produtivo do cafeeiro, o bicho mineiro passou a ser
a praga mais importante da cultura desde a década de 70.
O adulto é uma mariposa que põe seus ovos no terço superior do cafeeiro, na parte de cima
das folhas. Após eclodir (“nascer”), as lagartinhas penetram na folha e começam a consumi-la.

Figura 30: Ciclo biológico do bicho-mineiro a esquerda e crisálida e danos causados por ele, a direita. Fonte:
https://blog.aegro.com.br/pragas-do-cafe/.

Atualmente, temos dois picos populacionais de bicho mineiro, como você pode ver na figura
abaixo, mas isso pode variar de uma região para outra. As medidas de controle devem ser
direcionadas para esses dois períodos.

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Figura 31: Picos populacionais do bicho-mineiro. (Fonte: AgroBayer).

Amostragem:
A amostragem deve começar já em outubro nas regiões mais quentes, ou com a
chegada do período seco em locais mais amenos.
Para a amostragem deve-se escolher de 20 – 30 plantas/hectare, de forma
aleatória, caminhando em “zigue-zague”. Recomenda-se um número mínimo de duas
folhas/planta, sendo uma de cada lado da planta, totalizando em média 100 folhas
amostradas por hectare. Mas sempre que possível coletar mais folhas. Devem-se
avaliar folhas do terço médio e superior das plantas. Escolher cinco ramos laterais
aoacaso de cada lado da planta. Em cada ramo, avaliar uma folha aleatória do 3° ou 4°
par de folhas do ramo (Figura 32).

Figura 32: Ilustração do (A) terço médio e superior das plantas de café e a (B) posição do 3° e 4° par de folhas
dentro do ramo de café.

Avaliação:
Deve ser feita a contagem do numero de folhas com presença de larvas vivas e o
número total de folhas coletadas, para fazer o cálculo, como demonstrado abaixo.

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Tomada de decisão:
Baseado na porcentagem de folhas com larvas vivas e na época de ocorrência:
– Na época seca ter medidas de controle quando atingir 40% das folhas com
larvas vivas;
– Na época chuvosa quando 10% das folhas com larvas vivas;

Tabela 7: Monitoramento e amostragem do bicho-mineiro do cafe.

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Manejo Integrado de Pragas e Doenças


20 horas
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MÓDULO 2: MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS DE PLANTAS

Neste módulo iremos aprender um pouco sobre o que são doenças de plantas, quais os
principais patogenos que causam doenças, e os princípios gerais de manejo de doenças. Bom
estudo!

CONCEITO DE DOENÇA

O que são doenças de plantas?

Doença é o mal funcionamento de células e tecidos da planta que resulta da sua


contínua irritação por um agente patogênico ou fator ambiental e que conduz ao
desenvolvimento de sintomas. O mal funcionamento pode resultar em dano parcial ou
morte da planta ou de suas partes (Agrios, 1988).

O que causam as doenças?

A doença é decorrente de alterações fisiológicas acarretadas exclusivamente por


agentes infecciosos, ou seja, de natureza parasitária ou biótica, com capacidade de
serem transmitidos de uma planta doente para uma planta sadia. Os agentes de
natureza infecciosa incluem fungos, bactérias, fitoplasmas, vírus e viróides, nematóides,
protozoários e plantas parasitas superiores.
Outras definições incluem causas de natureza não infecciosa, não parasitária ou
abiótica, que não podem ser transmitidas de uma planta doente para uma planta sadia.
Dentre as causas de natureza não infecciosa destacam-se as condições desfavoráveis
do ambiente (temperatura excessivamente baixa ou alta, deficiência ou excesso de
umidade, deficiência ou excesso de luz, deficiência de oxigênio, poluição do ar), as
deficiências e/ou desequilíbrios nutricionais e o efeito de fatores químicos.
As doenças bióticas/infecciosas são as mais estudadas e, nesse caso, elas são
resultantes da ação de um microorganismo denominado patógeno, sobre a planta, que é
denominado hospedeiro.

Mas, o que são patógenos?

Patógenos são microrganismos, como fungos, bactérias, protozoários e vírus que


realizam uma interação com a planta, pois vivem dentro dela, invadindo seus tecidos. Esse
processo de invasão gera um processo infeccioso.
Alguns micro-organismos maiores, como ácaros e nematoides podem ser considerados

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patógenos se, devido a sua ação, a planta sofrerá alguma alteração fisiológica
(desenvolvimento alterado, por exemplo).
A planta invadida pelos patógenos recebe o nome de hospedeiro.
Nesse sentido, a representação clássica dos fatores que interagem para ocorrência de
doenças em plantas é o triângulo, onde cada vértice representa um desses fatores (agente
causal = patógeno; planta suscetível = hospedeiro; ambiente favorável = ambiente)

Figura 1: Representação clássica dos fatores que interagem para a ocorrência de doenças em plantas.

O que são fungos, bactérias, vírus e nematóides?

Fungos
Os fungos são organismos uni ou pluricelulares, ou seja, constituídos de uma ou mais
células, popularmente conhecidos como fungos, bolores e cogumelos. Eles são responsáveis
por 70% das doenças de plantas.
Algumas doenças causadas por eles são o tombamento, as podridões, antracnoses, etc.

Bactérias
As bactérias são organismos unicelulares, ou seja, constituído por uma única célula, que
apresentam várias formas e podem produzir seu próprio alimento ou parasitar outros
organismos. As bactérias que causam doença possuem como característica o fato de
multiplicarem-se rapidamente dentro do organismo atacado.
Algumas doenças causadas por bactérias são a murcha bacteriana e algumas
podridões.

Vírus
Um vírus é uma partícula proteica com capacidade de provocar doenças; os vírus só
conseguem se reproduzir dentro de células vivas. Para entrar na planta os vírus precisam de
algum ferimento ou inseto que leve ele junto (chamado vetor). Algumas doenças causadas por
vírus são o vira-cabeça do tomateiro.

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Nematoides
São pequenos organismos filamentosos, também conhecidos como vermes cilíndricos,
que geralmente atacam as raízes das plantas, ocasionando galhas e ferimentos, o que reduz o
desenvolvimento da planta atacada, podendo levá-la a morte.

A B C D

Figura 2: Exemplo de plantas com doenças causadas por (A) fungos, (B) bactérias, (C) vírus e (D) nematóides.
Fonte: Embrapa.

DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS

Tombamento
Sintoma típico: escurecimento e afinamento na base do caule da planta, com isso a planta
enfraquece e tomba/deita. Comum em mudas de hortaliças (Figura 3 A) .
Manejo: sementes sadias e substratos desinfetados.

Podridões
As podridões podem ocorrer em várias partes das plantas, desde a raiz até os frutos e flores.
Sintoma típico: parte afetada fica com aspecto seco (necrose) ou encharcado (podridão
mole). Quando atacam as raízes o sintoma mais comum é a murcha da parte aérea (Figura
3B).
Manejo: redução da fonte de contaminação.
• Usar matéria orgânica no solo;
• Fazer rotação de culturas;
• Remover restos culturais;
• Evitar adensamento de plantas.

Figura 3: Doenças causadas por fungos. (A) tombamento em mudas de tomate e (B) murcha causada por fungos
de solo em batata.

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Antracnoses
Ocorrem em todo mundo e em muitas culturas – grãos, hortaliças, flores, frutíferas, podendo
levar a morte da planta.
Sintoma típico:
• No caule: lesões alongadas e escuras;
• Nas folhas: arroxeamento das nervuras e desenvolvimento de lesões escuras;
• Nas vagens: lesões circulares e deprimidas, de coloração marrom, com os bordos
escuros e salientes, circundados por um anel pardo-vermelhado
• Nos frutos: lesões arredondadas, de cor escura.

Figura 4: Sintomas típicos de antracnose causada por fungos. (A) caule, (B) folhas, (C) Vagens, (D) frutos. Fotos:
Agrolink
Condições favoráveis para o fungo: alta umidade, chuva e irrigação ajudam a espalhar o
fungo e eles sobrevivem em restos culturais
Manejo:
• Plantio em épocas mais secas;
• Evitar adensamento de plantas;
• Usar variedades resistentes;
• Evitar irrigação por aspersão;
• Remoção dos restos culturais.

Manchas foliares
Praticamente todas as culturas são afetadas por manchas foliares causadas por fungos. As
manchas variam quanto ao formato, tamanho e coloração e conforme estas características
as doenças recebem diferentes nomes.
Sintoma típico: necrose na parte afetada, às vezes com perfurações.
Condições favoráveis para o fungo: época quente e chuvosa. Sobrevivem em mais de um
hospedeiro (mais de uma cultura) e nos restos culturais.
Manejo:
• Remoção dos restos culturais;
• Uso de variedades resistentes;
• Evitar adensamento de plantas;

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Mancha de Alternaria – causada pelo fungo Anternaria spp.

Figura 5: Mancha de Alternaria em folhas de couve, soja e tomate. Fotos: Embrapa.

Mancha de Cercospora ou cercosporiose – causada pelo fungo Cercospora spp.


Principal doença na cultura da beterraba e de muita importância no cafeeiro.

Figura 6: Cercosporiose em folhas de milho e beterraba e em frutos e folhas de café. Fotos: Agrolink

Mancha de septoria ou septoriose – causada pelo fungo Septoria spp. Causa muitos
danos na cultura do tomate, podendo levar a morte.

Figura 7: Septoriose em folhas de tomate, trigo e alface. Fotos: Agrolink.

Míldios
São de ocorrência muito freqüente em várias culturas.
Sintoma típico: mais comum nas folhas e são caracterizados por manchas de coloração
verde clara a amarelada, tipo “mancha de óleo”. Em umidade alta surge na parte de baixo
da folha uma camada branca de fungos.
Condições favoráveis para o fungo: alta umidade relativa e/ou molhamento das folhas.
Manejo: semelhante ao de manchas foliares.

Míldio da videira/uva: causada pelo fungo Plasmopara viticola. É a principal doença


fúngica da videira, podendo infectar todas as partes verdes da planta, causando maiores

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danos quando afeta as flores e os frutos.

Figura 8: Mancha de “óleo”, sintomas na parte de baixo das folhas e nos cachos de
uva. Fotos: Embrapa.

Míldio do feijão, feijão-vagem, soja e ervilha: causada pelo fungo Peronospora


manshurica

Figura 9: Sintomas de míldio em folhas de soja e feijão. Fotos: Agrolink

Míldio das curcubitáceas – causado pelo fungo Pseudoperonospora cubensis. Culturas


Afetadas: Abóbora, Abobrinha, Chuchu, Maxixe, Melancia, Melão, Pepino

Figura 10: Sintoma de míldio das curcubitáceas. Fotos: Agrolink

Oídios
Doença de ocorrência universal e que ataca muitas culturas, principalmente as cultivadas
em estufas. Estes fungos não matam as plantas infectadas, mas reduzem a área da folha
que é ativa (faz fotossíntese) e com isso há redução no crescimento e quedas na produção.
Sintoma típico: crescimento de massa branca, parecido com talco, na parte de cima das
folhas. Os sintomas aparecem também na parte de baixo das folhas (estagio mais
avançado da doença) e em flores, frutos, gemas e ramos novos.
Condições favoráveis para o fungo: baixa umidade do ar (ar seco) e temperatura amena
(em torno de 24°C).

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Manejo:
• uso de variedades resistentes;
• leite cru com água (1 parte de leite e 9 de água) – a fermentação do leite impede o
desenvolvimento do fungo.

Figura 11: Sintomas de Oídio em folhas de soja, melão e mamão. Fotos: Agrolink

Ferrugens
Esta doença ocorre em áreas que apresentam condições climáticas favoráveis, causa
severas perdas por atacar todas as partes verdes da planta. A ocorrência está vinculada a
áreas onde as temperaturas são elevadas durante a primavera. Por esse motivo, não ocorre
todos os anos em regiões de clima frio.
Sintoma típico: crosta de coloração e aspecto ferruginoso.
Condições favoráveis para o fungo: depende da cultura que ataca.
Manejo:
• Cultivares resistentes.

Ferrugem asiática, ferrugem da soja – causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O seu
principal dano é a desfolha precoce, impedindo a completa formação dos grãos, com
conseqüente redução da produtividade que pode chegar a 70%. Chegou no Brasil em 2001.
Devido à facilidade de disseminação do fungo pelo vento, a doença ocorre em praticamente
todas as regiões produtoras de soja do país.

Figura 12: Sintomas de plantas de soja atacadas pela ferrugem. Fotos: Agrolink

Ferrugem do alho e cebola - causada pelo fungo Puccinia allii. Esta é uma doença comum
e importante na cultura do alho, e a severidade com que ocorre depende do estágio de

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desenvolvimento da cultura e das condições climáticas, podendo causar grandes prejuízos


devido à queda significativa de produção em plantios tardios quando coincidem as condições
ótimas de frio para o desenvolvimento da doença.

Figura 13: Sintomas de plantas de alho e cebola atacadas por ferrugem. Fotos: Agrolink.

Ferrugem-do-cafeeiro – causada pelo fungo Hemileia vastatrix. Causa sérios prejuízos a


cafeicultura. O fungo ataca todas as cultivares de café, porém as cultivares do grupo Coffea
canephora são resistente a doença e do grupo Coffea arábica são suscetíveis. A doença
causa intensa desfolha no cafeeiro e causa perda de produtividade no ano seguinte, o que
piora a qualidade final do café.

Figura 14: Folhas de cafeeiro com sintomas de ferrugem.

DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS

As principais doenças bacterianas são agrupadas em: podridões, manchas foliares e


murchas.
Podridões
As podridões causam perda total do produto afetada tanto em pré como em pós- colheita.
Sintoma típico: amolecimento dos frutos

Podridão mole, canela preta – causada pelas bactérias Erwinia spp. Sob condições de
temperatura e umidade adequadas, a bactéria penetra nos tecidos da planta através de
ferimentos e causa encharcamento. O tecido colonizado torna-se mole, e muitas vezes,
apresenta secreção de líquido com odor fétido. O órgão afetado apodrece rapidamente.
Sintomas de murcha e apodrecimento são comuns.

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Figura 15: Sintomas de podridão mole em frutos de abobora e tomate, cabeça de repolho e hastes de tomate.
Fotos: Agrolink.

Manchas foliares e queimas


Essas doenças afetam uma ampla gama de culturas – alface, repolho, tomate, cenoura,
citros, café, entre outras.

Cancro cítrico - causado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, afeta todas as
espécies e variedades de citros de importância comercial. Os impactos desta doença estão
relacionados à desfolha de plantas, à depreciação da qualidade da produção pela presença
de lesões em frutos, à redução na produção pela queda prematura de frutos e à restrição da
comercialização da produção para áreas livres da doença. É uma das principais doenças de
plantas atualmente no Brasil.
Sintomas: As lesões provocadas pelo cancro cítrico são salientes, o que não ocorre na
maioria das outras doenças e pragas. Os primeiros sintomas aparecem nas folhas, e é
nestas que se encontra em maior quantidade, em comparação com a presença de sintomas
em frutos e ramos.
• Folhas: O primeiro sintoma visível é o aparecimento de pequenas lesões salientes,
que surgem nos dois lados das folhas, sem deformá-las. As lesões aparecem na cor
amarela e logo se tornam marrons. É a única doença conhecida com lesões
salientes que aparecem dos dois lados da folha. Quando a doença está em
estágio mais avançado, as lesões nas folhas ficam corticosas, com centro marrom e
um anel amarelado em volta.
• Frutos: A doença se manifesta pelo surgimento de pequenas manchas amarelas,
com um ponto marrom no centro, que aos poucos vão crescendo e podem ocupar
grande parte da casca do fruto. As manchas são salientes, mais superficiais,
parecidas com verrugas, de cor marrom no centro. Em estágio avançado, as lesões
provocam o rompimento da casca.
• Ramos: As lesões também são salientes, na forma de crostas de cor parda.
Manejo: Erradicação das plantas/ arranque e destruição das plantas afetadas.

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Figura 16: Sintomas de frutos e folhas de citros atacadas com cancro cítrico. Fotos: Fundecitros.

Mancha angular – causada pela bactéria Pseudomonas spp.


Culturas Afetadas: Abóbora, Abobrinha, Chuchu, Maxixe, Melancia, Melão, Pepino
Sintomas: Inicialmente ocorrem pequenas manchas encharcadas nos frutos, tornando-se
posteriormente necróticas. Ao se cortar o fruto, observa-se extensas áreas internas
escurecidas, incluindo as sementes

Figura 17: Sintomas de mancha angular em folhas e frutos. Fotos: Agrolink.

Murchas bacterianas – ou murchadeira causada por Ralstonia solanacearum.


A doença é muito comum nas solanáceas (batata inglesa, tomate, fumo, pimentão, entre
outras). Quando ocorre a contaminação do solo com essa doença, a área fica inadequada
para cultivos por vários anos.
Sintoma: murcha da planta de cima para baixo, que é resultante da interrupção parcial ou
total do fluxo de água desde as raízes até o topo da planta.
Manejo:
• Não plantar em áreas onde a doença já ocorreu;
• Arranquio e destruição das plantas com sintomas;Evitar ferimentos nas plantas;
• Evitar que uma maquina passe de uma área infestada para outra livre de
murchadeira.

Figura 18: Plantas de batata e tomate com murcha bacteriana. Fotos: Embrapa.

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Atenção: Como vimos, algumas doenças fungicas e bacterianas tem os sintomas


bem parecidos. Então, como saber se é fungo ou bactéria?

Fazendo o teste do copo!

Material: copo com água limpa euma faca.


Modo de fazer: corte a parte da planta onde
se observa os sintomas e coloque
imediatamente dentro da água.
Resultado: Positivo para bactéria– você
visualiza um material semitransparente saindo
do corte, como na imagem ao lado.

Figura 19: Teste-do-copo para diagnóstico da murcha-bacteriana e detalhe.

DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS

A maioria dos vírus precisa de tecido vivo para sobreviver e eles não penetram diretamente
nos tecidos das plantas. Por isso, eles entram em plantas sadias por meio de insetos vetores,
na enxertia e/ou por transmissão mecânica, como ao executar uma desbrota e/ou corte em
plantas doentes e se não fizer a limpeza das mãos ou objetos, o vírus é transmitido para a
planta sadia. Alguns vírus são transmitidos por sementes.
Algumas doenças causadas por vírus mais comuns são:
Mosaico
Causado por vírus do tipo Potyvirus.
Transmissão: pulgões, sementes, de forma mecânica.

Figura 20: Doença do mosaico em plantas de tabaco, batata e cebola.

Mosaico-dourado do feijão- BGMV (Bean Golden Mosaic Virus)


Transmissão: mosca-branca. Quando a infecção ocorre no início do desenvolvimento das
plantas, os primeiros trifolíolos aparecem encarquilhados ou curvados para baixo, seguido

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de clareamento ou leve clorose das nervuras. A medida que as folhas desenvolvem-se, as


cloroses nas nervuras transformam-se em pequenas manchas amareladas, conferindo um
aspecto salpicado ao limbo foliar. Trifolíolos encarquilhados podem não se desenvolver
normalmente.

Figura 21: Planta de feijoeiro com sintomas do mosaico-dourado. Fotos: Agrolink.

Vira-cabeça
Causado por vírus do tipo Tospovirus
Transmissão: principalmente por tripes (insetos muito pequenos).

Vira-cabeça do tomateiro: Devido seu principal sintoma de encurvamento do ponteiro


da planta para baixo a doença ficou popularmente conhecida como vira-cabeça. No caso de
infecções tardias as plantas podem desenvolver frutos menores, deformados e com anéis
cloróticos e/ou necróticos. Porém, os sintomas podem variar em função da espécie do
vírus, cultivar, idade em que a planta foi infectada e condições climáticas. Vale ressaltar
que os maiores surtos de vira-cabeça ocorrem nos meses mais quentes e secos do ano
devido a uma maior população de tripes nessa época.

Figura 22: Planta de tomateiro exibindo os sintomas de vira-vabeça. Foto: Sakata sementes.

Vira-cabeça da alface: os sintomas mais comuns são observados primeiramente no


pecíolo e no limbo das folhas internas, mais novas, onde aparecem lesões marrons claras,
que escurecem com o tempo.

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Figura 23: Plantas de alface exibindo os sintomas de vira-cabeça. Foto: Sakta sementes.

Tristeza dos citros


Causada pelo Citrus Tristeza Virus (CTV).
É uma doença de importância econômica, estando presente nas principais regiões citrícolas
do mundo. Embora a tristeza esteja controlada no Brasil, ainda constitui uma ameaça devido
ao seu caráter endêmico, à presença do vetor e à grande variabilidadedo vírus.
Transmissão: porta-enxerto intolerante ao vírus - laranjeira 'Azeda' (Citrus aurantium L.).

Figura 24: Plantas de citros com sintomas de tristeza. Fotos: Adapar.

Atenção: Diagnosticar uma doença causada por vírus não é fácil, principalmente
por que vírus diferentes podem ocasionar sintomas semelhantes na mesma planta
e o mesmo vírus pode ocasionar sintomas semelhantes em plantas de espécies
diferentes.

DOENÇAS CAUSADAS POR NEMATÓIDES

O gênero que causa maiores prejuízos na agricultura é o Meloidoyne (nematóide das


galhas).
Os nematóides infectam as raízes das plantas, mas os sintomas são observados na parte
aérea: redução do crescimento, amarelecimento foliar, murcha das plantas nos períodos mais
quentes do dia. A característica mais importante para diagnose é a presença de galhas nas
raízes (ou tubérculos, em batata) (Figura 24).

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Figura 25: Presença de nematóide das galhas em raízes, tubérculos de batata, raízes de cenoura e em soja.
Fonte: grupo cultivar.

Atenção: Não confunda nematóides com nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio em


plantas que produzem vagens (soja, feijão, ervilha, etc).

Nódulos são externos nas raízes e podem ser retirados com facilidadeda raiz.

Galha é um engrossamento da própria raiz, onde se alojam os nematoides em


desenvolvimento, e por isso, não consegue ser retiradoda raiz.

Teste: Tente cortar os nódulos com a unha, se dentro for uma coloração rosa a
avermelhada é porque são nódulos bons – que fixam nitrogênio.

Figura 26: Nódulos de soja, com interior cor de rosa, indicando a presença da leghemoglobina e,
consequentemente, de um processo ativo de fixação de nitrogênio.

PRINCÍPIOS GERAIS DE MANEJO DE DOENÇAS

Nosso objetivo, em se tratando de doenças de plantas, é fazer o controle dessas doenças.


E como podemos definir a expressão “controlar doenças”?
Controlar doenças é, na maior parte das vezes, reduzir sua incidência ou severidade. Ou
seja, nem sempre temos como objetivo eliminar totalmente essa doença, mas mantê-la num

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nível em que não cause danos às plantas. Para o máximo de eficiência no controle de doenças
em plantas, é imprescindível que se conheça a doença, as relações entre o patógeno e o
hospedeiro, as condições ambientais e os métodos de controle disponíveis.

Os princípios de gerais de controle e o triângulo da doença


Num esforço de sistematização dos métodos de controle até então conhecidos, Whetzel et
al. (1925) e posteriormente outros autores agruparam os métodos de controle em grupos de
princípios biológicos gerais:
• Exclusão - prevenção da entrada de um patógeno numa área ainda não infestada;
• Erradicação - eliminação do patógeno de uma área em que foi introduzido;
• Proteção - interposição de uma barreira protetora entre as partes suscetíveis da
planta e o inóculo do patógeno, antes de ocorrer a deposição;
• Imunização - desenvolvimento de plantas resistentes ou imunes ou, ainda,
desenvolvimento, por meios naturais ou artificiais, de uma população de plantas
imunes ou altamente resistentes, em uma área infestada com o patógeno.
• Terapia - que visa restabelecer a sanidade de uma planta com a qual o patógeno já
estabelecera uma íntima relação parasítica.
• Regulação - baseadas em modificações do ambiente (umidade relativa, temperatura,
etc)
• Evasão - táticas de fuga dirigidas contra o patógeno e/ou contra o ambiente favorável
ao desenvolvimento da doença.

Figura 27: Indicação da atuação dos princípios gerais de controle nos componentes do triângulo da doença

→ Exclusão
Prevenção à entrada de uma área ainda não infestada, ou seja, medidas que
impeçam a entrada de um patógeno com alto poder destrutivo em um local onde
ele ainda não exista.

45
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E quais são essas medidas?

Proibição, fiscalização e interceptação do transito de plantas e produtos


vegetais;
Uso de sementes e mudas com sanidade comprovada;
Utilização de água de irrigação não contaminada;
Cuidados com implementos, que podem servir de meios de disseminação de
patógenos.

→ Erradicação
Visa a eliminação de um patógeno de uma determinada área ou região em que
foi introduzido. A erradicação pode ser realizada através de algumas medidas,
como:

Eliminação de plantas ou partes de plantas afetadas = “rouguing”;


Eliminação de hospedeiros selvagens: ao se eliminar hospedeiros a tendência é
o número de patógenos diminuírem;
Aração profunda: com o revolvimento do solo, os patógenos que estão na
superfície, vão para camadas profundas do solo e não sobrevivem;
Desinfestação física e química do solo;
Rotação de culturas: utilização de uma cultura intercalar, que não é
hospedeira do patógeno, levando à sua erradicação.
6.1.3 Proteção

A proteção visa à prevenção do contato do patógeno com o hospedeiro/planta,


através da aplicação de produtos biológicos e/ou químicos e sucesso desse
método depende de fatores como dose, número e época de aplicações,
estabilidade e toxidez dos defensivos.

→ Imunização
A imunização tem como objetivo impedir o estabelecimento do patógeno na
planta, ou seja, o patógeno está na área, mas não consegue se disseminar e
sobreviver. E, como isso é possível?

Imunização genética: uso de variedades resistentes.


Imunização química: uso de fungicidas sistêmicos.
Imunização biológica: realização de pré-imunização.

46
Curso | Auxiliar em Agropecuária

→ Terapia
A terapia visa restabelecer a sanidade de uma planta já doente, ou seja,
recuperar essa planta, através da eliminação do patógeno e melhoria das
condições de reação da planta. Isso pode ser conseguido por meio de:

Podas de ramos afetados;


Uso de fungicidas e bactericidas sistêmicos;
Tratamento térmico (altas temperaturas).

→ Regulação
A regulação tem por objetivo a modificação do ambiente para evitar as
doenças. Algumas medidas importantes são:

Armazenamento em câmaras frigorífi cas: baixas temperaturas podem reduzir


o número de patógenos;
Controle da irrigação;
Plantio menos adensado, fato que aumenta a insolação e reduz a umidade do
ambiente.

→ Evasão
Medidas de controle baseadas na evasão visam a prevenção da doença pela
fuga em relação ao patógeno e/ou às condições ambientais mais favoráveis ao
seu desenvolvimento. Esse método constitui a primeira opção de controle
quando há ausência de variedades resistentes. Como medidas importantes,
podemos citar:

Escolha de área geográfica sem o patógeno;


Escolha de local de plantio sem o patógeno;
Escolha da época de plantio;
Uso de variedades de ciclo curto, que impeçam uma grande disseminação do
patógeno.

47
Coleção SENAR 156

AGROTÓXICOS

Uso correto e seguro


Presidente do Conselho Deliberativo
João Martins da Silva Júnior

Entidades Integrantes do Conselho Deliberativo


Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
Ministério da Educação - MEC
Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB
Agroindústrias / indicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI

Secretário Executivo
Daniel Klüppel Carrara

Chefe do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social


Andréa Barbosa Alves
Coleção SENAR 156

AGROTÓXICOS

Uso correto e seguro

TRABALHADOR NA APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS


© 2011, SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

Coleção SENAR – 156

AGROTÓXICOS
Uso correto e seguro

ILUSTRAÇÕES
Plínio Quartim

SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural


Agrotóxicos: uso correto e seguro / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. --
3. ed. Brasília: SENAR, 2015.
64 p. : il. ; 21 cm -- (Coleção SENAR; 156)

ISBN 978-85-7664-068-4

1. Agrotóxicos, uso correto e seguro. I. Título. II. Série.

CDU 632.95

IMPRESSO NO BRASIL
Sumário Apresentação 5
Introdução 7
Agrotóxicos – Uso correto e seguro 8
I - Conhecer aspectos importantes dos agrotóxicos 9
1 - Conheça os nomes utilizados pelos produtos químicos 9
2 - Identifique a classe toxicológica do produto 10
3 - Identifique a classificação dos agrotóxicos quanto ao uso 10
4 - Identifique a classe dos agrotóxicos quanto a periculosidade ambiental 11
5 - Conheça as vantagens e desvantagens de alguns tipos de formulação
dos agrotóxicos 11
6 - Identifique o risco do uso dos agrotóxicos 13
II - Conhecer os procedimentos para a identificação
dos agrotóxicos 14
1 - Conheça as informações dos rótulos das embalagens de agrotóxicos 14
2 - Conheça as informações contidas na bula dos agrotóxicos 16
III - Conhecer os procedimentos para a compra
de agrotóxicos 17
IV - Conhecer os procedimentos para o transporte de
agrotóxicos para a propriedade 19
V - Conhecer os procedimentos para armazenamento de
agrotóxicos na propriedade 21
1 - Construa o depósito de agrotóxicos de acordo com a legislação 21
2 - Mantenha o depósito organizado 22
3 - Conheça o que deve ser feito com o agrotóxico vencido ou
impróprio para uso 23
VI - Conhecer a importância do uso dos EPIs 24
1 - Conheça as exigências da legislação trabalhista 24
2 - Conheça as vias de exposição do organismo do trabalhador
aos agrotóxicos 26
3 - Conheça as vias de entrada de agrotóxicos no organismo
do trabalhador 28
4 - Conheça as principais peças que compõem o Equipamento de
Proteção Individual 29
5 - Conheça a sequência de vestir e retirar os EPIs 35
6 - Utilize o termo de compromisso de uso dos EPIs 37
VII - Conhecer os cuidados para a aplicação dos agrotóxicos 38
1 - Conheça os cuidados durante a aplicação dos agrotóxicos 41
2 - Conheça os cuidados após a aplicação dos agrotóxicos 43
VIII - Conhecer os tipos das embalagens dos agrotóxicos 47
1 - Conheça as embalagens não-laváveis 47
2 - Conheça as embalagens laváveis 48
IX - Conhecer o preparo e a guarda das embalagens para
a devolução 49
1 - Conheça o preparo das embalagens não-laváveis para a devolução 49
2 - Conheça o preparo das embalagens laváveis para a devolução 51
3 - Saiba como guardar as embalagens vazias até a devolução 54
4 - Saiba quando e onde devolver as embalagens vazias 55
X - Conhecer os tipos e sintomas de intoxicação e as vias
de contaminação 56
1 - Conheça os tipos de intoxicação 56
2 - Conheça as vias de contaminação e os respectivos sintomas da
intoxicação por agrotóxicos 57
XI - Conhecer os procedimentos básicos de
primeiros socorros 59
1 - Conheça os procedimentos para casos de intoxicação 60
2 - Conheça os procedimentos de descontaminação da pele 61
3 - Conheça os procedimentos de desintoxicação dos olhos 62
4 - Conheça os procedimentos de descontaminação da
via respiratória 62
5 - Conheça os procedimentos de descontaminação em casos de ingestão 63
6 - Conheça os procedimentos para atendimento em casos graves
de intoxicação 63
Referências 64
Apresentação
O elevado nível de sofisticação das operações agropecuárias definiu um novo
mundo do trabalho, composto por carreiras e oportunidades profissionais
inéditas, em todas as cadeias produtivas.
Do laboratório de pesquisa até o ponto de venda no supermercado, na feira ou no
porto, há pessoas que precisam apresentar competências que as tornem ágeis,
proativas e ambientalmente conscientes.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) é a escola que dissemina
os avanços da ciência e as novas tecnologias, capacitando homens e mulheres
em cursos de Formação Profissional Rural e Promoção Social, por todo o país.
Nesses cursos, são distribuídas cartilhas, material didático de extrema relevância
por auxiliar na construção do conhecimento e constituir fonte futura de consulta
e referência.
Conquistar melhorias e avançar socialmente e economicamente é o sonho de
cada um de nós. A presente cartilha faz parte de uma série de títulos de interesse
nacional que compõem a Coleção SENAR. Ela representa o comprometimento da
instituição com a qualidade do serviço educacional oferecido aos brasileiros do
campo e pretende contribuir para aumentar as chances de alcance das conquistas
a que cada um tem direito. Um excelente aprendizado!

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural


www.senar.org.br
Coleção | SENAR

5
Introdução
Essa cartilha trata do uso correto e seguro dos agrotóxicos. Fornece
informações relativas à classificação e ao risco da sua utilização, bem
como aos procedimentos para identificação, compra, transporte e arma-
zenamento dos agroquímicos.
Informa sobre as vias de exposição do organismo do trabalhador aos
produtos fitossanitários. Diz respeito aos equipamentos de proteção indi-
vidual - EPIs, ao seu uso, bem como aos cuidados a serem tomados antes,
durante e após a aplicação dos agrotóxicos.
Refere-se também aos tipos de embalagens, como prepará-las e guar-
dá-las até o momento da devolução.
Descreve quais os tipos de intoxicação a os sintomas conforme a via de
contaminação, bem como os procedimentos básicos de primeiros socorros.

Coleção | SENAR

7
Agrotóxicos – Uso correto e seguro
As exigências da moderna agricultura brasileira crescem à medida que
se impõe a necessidade da garantia dos níveis de produção e de pro-
dutividade adequados ao pleno abastecimento do mercado interno e à
geração de excedentes exportáveis que possam contribuir para amenizar
a necessidade de alimentos devido ao constante aumento da população
humana mundial.
Para que isto ocorra, é necessário desenvolver novas tecnologias,
desde o preparo do solo até a colheita e beneficiamento dos produtos.
Dentre estas tecnologias, há o emprego de agrotóxicos para o combate
às pragas, doenças e plantas daninhas, que estão entre os fatores de
redução da produção de alimentos.
A utilização de agrotóxicos deve sempre estar associada a outros
métodos de controle e requer conhecimento por parte dos agricultores
quanto à maneira correta e segura de usá-los a fim de evitar danos à
saúde dos trabalhadores rurais, dos consumidores e ao meio ambiente.
Coleção | SENAR

8
I Conhecer aspectos importantes
dos agrotóxicos
Os agrotóxicos, assim como outros produtos químicos, devem ser ma-
nuseados e utilizados de forma segura e econômica, buscando preservar
o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores e dos consumidores.

1 - Conheça os nomes utilizados pelos


produtos químicos
A palavra “agrotóxicos”, que será utilizada nessa cartilha, define os
produtos químicos utilizados na agricultura conforme à Lei Federal n˚
7.802 de 1989.

Agrotóxico
Produtos Fitossanitários
Pesticida
Agroquímicos
Defensivos Agrícolas
2 - Identifique a classe toxicológica do produto
Essa classificação serve para o homens e animais.

Quadro 1 – Classificação toxicológica dos agrotóxicos

Classe Significado Cor da faixa

Classe I extremamente tóxico

Classe II altamente tóxico

Classe III medianamente tóxico

Classe IV pouco tóxico

Fonte: ANDEF

3 - Identifique a classificação dos agrotóxicos


quanto ao uso
Quadro 2 – Classificação do uso dos agrotóxicos

Tipo de praga Tipo de agrotóxico


Ácaros Acaricida

Fungos Fungicida
Coleção | SENAR

Plantas daninhas Herbicida

Nematoides Nematicida

Formigas Formicida
10
4 - Identifique a classe dos agrotóxicos quanto
a periculosidade ambiental
Quadro 3 – Classificação quanto a periculosidade ambiental

Classe Periculosidade
Classe I Altamente perigoso ao meio ambiente

Classe II Muito perigoso ao meio ambiente

Classe III Perigoso ao meio ambiente

Classe IV Pouco perigoso ao meio ambiente

5 - Conheça as vantagens e desvantagens de


alguns tipos de formulação dos agrotóxicos
Quadro 4 – Tipos de formulação e suas vantagens e desvantagens

Tipos de formulação Vantagens Desvantagens


Concentrado solúvel (SL) - Fácil dosagem Possibilidade de cristalização a
- Fácil homogeneização na calda baixa temperatura
- Estabilidade da calda
- Baixo custo
- Fácil produção
- Menor toxicidade
Concentrado emulsionável - Fácil dosagem - Utiliza solventes orgânicos
(EC) - Fácil homogeneização da calda - Pode ser fitotóxico
- Fácil produção - Baixa estabilidade da calda
- Maior toxicidade
Coleção | SENAR

11
Tipos de formulação Vantagens Desvantagens
Pó molhável (WP) - Baixo custo - Difícil dosagem
- Baixa toxicidade - Necessária pré-dispersão
- Fácil produção - Emissão de pó
- Baixa fitoxicidade - Compactação na estocagem
- Baixa estabilidade da calda
- Incompatibilidade na calda
com outras formulações
Suspensão concentrada - Fácil dosagem - Alto custo
(SC) - Fácil homogeneização da calda - Sedimentação na embalagem
- Menor toxicidade - Difícil produção
- Maior estabilidade na calda que
os pós molháveis
Granulado dispersível - Dosagem mais fácil que os pós - Alto custo
(WG) molháveis - Difícil produção
- Fácil homogeneização da calda
- Menor toxicidade (pouco pó)
- Maior estabilidade na calda que
os pós molháveis
- Alta concentração de ingrediente
ativo, menos dosagem, menos
embalagem
Pó seco (DP) - Baixo custo Difícil dosagem e aplicação
- Aplicação direta
Pó solúvel (SP) - Baixo custo - Difícil dosagem
- Fácil homogeneização da calda - Geralmente higroscópico
Granulado (GR) - Não forma pó - Difícil dosagem
- Aplicação direta - Uso específico
- Aplicação mais fácil que o pó - Custo mais alto que o pó
seco seco
Isca (RB) - Aplicação direta - Sensível a umidade
- Atrai o alvo desejado - Pode atrair outros animais
ou insetos
Coleção | SENAR

Tablete (TB) Dosagem exata Alto custo e difícil preparo

12
6 - Identifique o risco do uso dos agrotóxicos
Risco é a probabilidade de um evento, como a aplicação de agrotóxi-
cos, causar efeito prejudicial à saúde do trabalhador.
O risco depende da ação recíproca entre a toxicidade (classe toxicoló-
gica) do produto e a exposição (uso do Equipamentos de Proteção Indivi-
dual - EPIs) pelo trabalhador.
Quadro 5 – Risco e ação recíproca entre toxicidade e exposição
Risco = Toxicidade X Exposição
Alta Alta

Alto

Baixa Alta

Alto

Alta Baixa

Baixo

Baixa Baixa
Coleção | SENAR

Baixo

Fonte: ANDEF
13
II Conhecer os procedimentos para
a identificação dos agrotóxicos
Além do receituário agronômico, o rótulo e a bula dos agrotóxicos con-
têm informações importantes.

1 - Conheça as informações dos rótulos das


embalagens de agrotóxicos
As informações dos rótulos das embalagens de agrotóxicos são as
necessárias para a identificação do produto comercial:
• Nome do fabricante;
• Nome comercial do agrotóxico;
• Número de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
cimento (MAPA);
• Composição do agrotóxico;
• Composição do grupo químico;
• Classificação quanto ao modo de ação;
• Tipo de formulação do produto comercial.
Cuidados: meio ambiente Cuidados: precaução de uso,
primeiros socorros e tratamentos

Dados do fabricante

Faixa de classificação Pictogramas para o


Pictogramas para aplicação
toxicológica preparo da calda

Os pictogramas são símbolos gráficos, internacionalmente aceitos, que


possuem uma comunicação exclusivamente visual. Eles visam dar informa-
ções para proteger a saúde das pessoas e o meio ambiente.

Coleção | SENAR

15
2 - Conheça as informações contidas na bula
dos agrotóxicos
A bula contém as informações complementares necessárias para a
identificação do produto comercial, assim como o cuidado no manuseio e
demais procedimentos nas etapas de aplicação.
• Instruções de uso.
• Restrições estabelecidas por órgãos estaduais e municipais.
• Modo de aplicação: níveis mínimos e máximos de calda por área (l/ha)
e doses recomendadas dos agrotóxicos por área e intervalos de aplicação.
• Intervalo de segurança: período de reentrada (intervalo de tempo
em que não é permitido pessoas na lavoura) e de carência (intervalo de
tempo entre a última aplicação e a colheita).
• Limitações de uso: fitotoxicidade para as culturas indicadas, se-
leção de itens do EPI para aplicação e manuseio, informações sobre os
equipamentos de aplicação a serem usados (modo de aplicação); descri-
ção dos procedimentos de lavagem e devolução das embalagens vazias,
destinação de produtos impróprios para uso, manejo de resistência (uso
indiscriminado) e manejo integrado.
• Dados relativos à proteção humana: precauções gerais, no manu-
seio, preparação, durante e após a aplicação, primeiros socorros em casos
de intoxicação, antídotos recomendados, tratamentos médicos sintomáticos
de emergência, números de telefones para casos de emergência; mecanis-
mos de ação, absorção e excreção; efeitos agudos, crônicos e colaterais.
• Dados relativos à proteção do meio ambiente: precauções de uso e
advertência quanto aos cuidados de proteção ao meio ambiente, instruções de
armazenamento do agrotóxico, instruções em caso de acidentes com uso de
agrotóxicos, destinação adequada de resíduos e embalagens, restrições esta-
belecidas por órgãos fiscalizadores, estaduais, municipais e do Distrito Federal.
III Conhecer os procedimentos para
a compra de agrotóxicos
• Consulte um profissional legalmente habilitado para realizar a ava-
liação da lavoura.

• Exija a receita agronômica.


• Exija a nota fiscal.
• Guarde a nota fiscal.
• Não adquira produtos com embalagens danificadas.
• Adquira produtos com rótulo e lacre em perfeito estado.
• Verifique se as informações do rótulo e bula estão legíveis.
• Observe o prazo de validade do agrotóxico.
• Compre somente a quantidade necessária.
• Compre em lojas cadastradas.
• Certifique-se do local de devolução da embalagem vazia e peça
orientação quanto à devolução da mesma.
Coleção | SENAR

18
IV Conhecer os procedimentos para
o transporte de agrotóxicos para
a propriedade
O veículo a ser utilizado deve ter carroceria aberta e deve estar em
perfeitas condições de conservação e uso.
As embalagens devem estar arranjadas de forma segura na carroceria
e cobertas com lona impermeável, fixada à parte traseira do veículo.

Atenção:

Caso a quantidade de agrotóxicos adquirida estiver acima dos limites


de isenção, o comprador deverá solicitar que o transporte seja reali-
zado por transportador habilitado, devidamente instruído para cum-
prir a legislação e as normas sobre transporte de cargas perigosas.
Precaução:

1 - Não transporte embala-


gens danificadas ou com va-
zamentos;
2 - Não permita o transporte
de agrotóxicos dentro de ca-
bines ou na carroceria, junta-
mente com pessoas, animais,
medicamentos ou alimentos;
3 - Ao transportar agrotóxi-
cos, tenha em mãos a nota
fiscal e o envelope com ficha
de emergência;
4 - Solicitar informações sobre
o kit de emergência e os equi-
pamentos de proteção indivi-
dual (EPI) que devem estar no
veículo de transporte.

Alerta ecológico:

Em caso de acidentes com veículo transportando agrotóxicos deve-


-se tomar medidas para evitar que eventuais vazamentos atinjam
mananciais de água, culturas, pessoas, animais, instalações, etc,
pois tais fatos poderão incorrer em penalidades conforme legislação
Coleção | SENAR

da lei de crimes ambientais (art. 56, Lei 9.605/98).

20
V Conhecer os procedimentos para
armazenamento de agrotóxicos
na propriedade

1 - Construa o depósito de agrotóxicos de


acordo com a legislação
• O depósito deve ser construído em alvenaria, com boa ventilação e
iluminação natural.
• O piso deve ser cimentado e o telhado não pode apresentar goteiras.
• As instalações elétricas devem estar em bom estado de conservação
para evitar curto-circuito e incêndios.
• O depósito deve estar sinalizado com placas ou cartazes com sím-
bolos de perigo.
• O depósito deve possuir porta com soleiras, que devem permanecer
trancadas para evitar a entrada de pessoas não autorizadas, crianças e
animais.
• O depósito deve estar a uma distância mínima de 30 metros das
habitações, fontes de água e instalações de animais, e em local livre de
inundações.
• O acesso ao depósito deve ser restrito a trabalhadores devidamente
capacitados.
• A construção do depósito deve possibilitar limpezas e descontami-
nações.
• O depósito deve possuir sistema de proteção contra descargas at-
mosféricas (para-raios).

2 - Mantenha o depósito organizado


• Mantenha os agrotóxicos sempre em
suas embalagens originais e tampadas.
• Mantenha as embalagens sobre es-
trados, com rótulo voltado para fora do
empilhamento e afastado das paredes e
do teto.
• Faça empilhamento estável, com
máximo de embalagens, conforme reco-
mendação dos fabricantes.
Coleção | SENAR

• Mantenha um adequado sistema de proteção contra incêndios.


• Mantenha um controle correto de entradas e saídas de produtos.
22
• Não armazene agrotóxicos juntos com alimentos, rações, sementes
ou medicamentos.
• Permaneça o menor tempo possível dentro do depósito, tendo o
cuidado de não fumar, beber ou comer no local.
• Corrija problemas, como vazamentos de produtos dentro do depó-
sito, providenciando material de absorção rápida para casos eventuais
(areia, serragem, cal, etc.).

Precaução:

Em caso de rompimento das


embalagens, essas devem
receber uma sobrecapa,
preferencialmente de plásti-
co transparente, com o ob-
jetivo de evitar o vazamento
do agrotóxico.

3 - Conheça o que deve ser feito com o


agrotóxico vencido ou impróprio para uso
• O comprador deve comunicar ao revendedor ou fabricante qualquer
produto vencido.
• O produto deve ser devolvido ao representante das fábricas (reven-
das) ou a central de recebimento de embalagens vazias.
Coleção | SENAR

• Os custos envolvidos na devolução do produto, como o transporte,


são de responsabilidade do comprador.

23
VI Conhecer a importância do uso
dos EPIs
Os EPIs são componentes desenvolvidos para a função específica de
proteção de partes do corpo do trabalhador, quando da execução de uma
operação no local de trabalho, visando diminuir o risco de ocorrência de
acidente.
Para o caso específico de agrotóxicos, diferentes EPIs são de uso obri-
gatório, de acordo com a exposição do trabalhador nas etapas de trans-
porte, armazenamento, preparo e aplicação da calda.

1 - Conheça as exigências da legislação


trabalhista
1.1 - Conheça as obrigações
do empregador
• Fornecer ao trabalhador os EPIs apropria-
dos à operação a ser executada.
• Ensinar e treinar o trabalhador quanto ao
uso correto dos EPIs.
• Vigiar e determinar o uso dos EPIs.
• Provideniar a descontaminação dos EPIs ao
final de cada jornada de trabalho.
• Realizar a manutenção e substituição dos EPIs, quando necessário.

Precaução:

Todo EPI deve possuir o número do certificado de aprovação (C.A)


emitido pelo Ministério do Trabalho.

1.2 - Conheça as obrigações do trabalhador


• O uso correto e a conservação dos EPIs.
• Informar ao empregador a necessidade de manutenção ou troca dos EPIs.

Precaução:

1 - Os EPI usados na aplicação de agrotóxico devem ser substituídos


após serem submetidas ao número de lavagens conforme recomen-
dado pelo fabricante;
2 - Os EPI descartados devem ser lavados e sofrer inutilização, com
posterior destinação para descarte junto aos órgãos competentes;
3 - Os encarregados de limpeza e manutenção dos EPI devem estar
protegidos por EPI próprios para essa operação (calça, jaleco, ócu-
los de proteção ou viseira, máscara, avental, botas e luvas de cano
longo, resistentes a solventes orgânicos).
Coleção | SENAR

25
boné árabe viseira facial

respirador

jaleco
avental

luva

calça

bota

2 - Conheça as vias de exposição do


organismo do trabalhador aos agrotóxicos
As vias de exposição podem ser compreendidas como o contato do
Coleção | SENAR

agrotóxico com qualquer parte do organismo humano.


As exposições do trabalhador à contaminação por agrotóxicos podem
ser direta e indireta.
26
2.1 - Identifique a exposição direta
Os trabalhadores estão expostos diretamente à contaminação por
agrotóxicos quando os manipulam durante o armazenamento, transporte,
preparo da calda, aplicação, descarte e descontaminação de equipamen-
tos e vestimentas.

2.2 - Identifique a exposição indireta


A exposição indireta ocorre quando o trabalhador, que não está manu-
seando ou aplicando agrotóxicos, circula e desempenha suas atividades
de trabalhado em áreas vizinhas aos locais onde se faz a manipulação dos
agrotóxicos (armazenamento, transporte, preparo das caldas,aplicação,
descarte e descontaminação de equipamentos e vestimentas), ou ainda
os que trabalham em áreas recém-tratadas.

Coleção | SENAR

27
3 - Conheça as vias de entrada de agrotóxicos
no organismo do trabalhador
As principais vias de entrada de agrotóxicos no organismo do traba-
lhador são:
Via oral: (pela boca)
Ocorre quando no momento do manuseio,
aplicação e preparação da calda o trabalha-
dor decide se alimentar.
Pode acontecer também quando há ina-
lação de névoas, pós, gases e fumaça pela
boca ou ainda pela ingestão de alimentos
sólidos ou líquidos contaminados por agro-
tóxico.
Via dérmica (pela pele):
Ocorre quando no momento do manu-
seio, aplicação e preparação da calda há
contato do produto concentrado ou da calda
com a pele.

Via respiratória (pelo nariz e boca –


pulmões)
Ocorre quando no momento do manu-
seio, aplicação e preparação da calda há ina-
Coleção | SENAR

lação de névoas, pós, gases e fumaça pelo


nariz atingindo os pulmões.

28
Via ocular: (pelos olhos)
Ocorre quando no momento do manuseio,
aplicação e preparação da calda há contato
com os olhos provocado por névoas, pós,
gases, fumaça e respingos.

4 - Conheça as principais peças que compõem


o Equipamento de Proteção Individual
4.1 - Conheça o avental
avental
Protege o corpo do trabalhador
frontalmente ou nas costas, conforme
a operação executada. Deve ser de
material impermeável e de fácil fixação
aos ombros. O comprimento deve ser
até a altura da perneira de proteção
da calça.
Deve ser usado frontalmente, so-
bre o jaleco, no preparo da calda ou
na aplicação com pulverizador esta-
cionário, visando proteger o traba-
lhador contra respingos e também na
operação de conferência ou inspeção
em equipamentos de aplicação.
Coleção | SENAR

Deve ser usado nas costas, sobre


o jaleco, durante a pulverização com equipamentos de aplicação costal
visando proteger o trabalhador contra vazamentos.
29
4.2 - Conheça o respirador (máscara)
O respirador (máscara) protege o trabalhador da inalação de vapores
orgânicos, névoas e partículas finas em suspensão no ar, por meio das
vias respiratórias (nariz e boca – pulmões)

4.2.1 - Escolha o tipo de respirador (máscara)


A escolha do tipo de respirador (máscara) a ser usada, depende dos
seguintes fatores:
• Local em que o agrotóxico será preparado que pode ser em ambien-
te aberto ou fechado;
• Formulação do agrotóxico, isto é, se o produto contém gases e va-
pores orgânicos;
• Concentração, ou seja, o teor de tóxico na atmosfera.

4.2.2 - Conheça o tipo de respirador (máscara)


Essencialmente, existem dois tipos de respiradores (máscaras):
a) Respirador (máscara) sem manutenção (chamadas de descar-
táveis): possuem vida útil relativamente curta dispensando limpeza, ma-
nutenção e higienização e são conhecidos pela sigla PFF ( Peça Semifacial
Filtrante para Partículas). Pro-
tegem contra poeiras, névoas e
fumos.
Existem tipos especiais deno-
minados Filtros de Baixa Capa-
cidade (FBC), com camada de
Coleção | SENAR

carvão ativo para baixas concen-


trações de vapores orgânicos ou
de alguns gases ácidos.
30
b) Respiradores (máscaras)
de baixa manutenção: são aque-
les constituídos por peça contendo
filtros especiais para reposição;
• P-1 ou P-2: Peça semifa-
cial; de baixa manutenção; com
filtros químicos ou mecânicos.
É uma peça semifacial de baixo
custo e filtros substituíveis. Essa
peça facial permite limpeza, mas não a substituição de componentes, ex-
ceto filtros.
• P-1 ou P-2: Peça semifacial com filtros substituíveis.
É uma peça semifacial leve, de fácil manutenção, com pequena restrição
à visão e aos movimentos e protege contra poeiras, névoas, fumos, gases
e vapores. Os filtros são substitíveis e algumas peças podem ser repostas.

4.2.3 - Faça a manutenção e a troca de filtros dos


respiradores
a) Prazo de validade: verificar na embalagem e, ou, no filtro.
b) Deformação: trocar quando a deformação impedir a boa vedação
ou as válvulas apresentarem defeitos.
c) Saturação de filtros:
• Filtro mecânico: deve ser trocado quando o trabalhador sentir di-
ficuldade para inalar, isto significa que o filtro mecânico está saturado e
houve entupimento;
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• Filtro químico de carvão ativado: substituí-lo quando o trabalhador


começar a sentir cheiro ou gosto do contaminante, o que significa que o
filtro químico está saturado.
31
Precaução:

O respirador deve ser trocado conforme qualquer das situações des-


critas anteriormente ocorrer primeiro.

4.2.4 - Conheça as regras para uso dos respiradores


Ao utilizar o respirador, o trabalhador deve seguir regras recomenda-
das:
• Deve-se treinar o trabalhador como colocar corretamente o respira-
dor e como fazer a sua vedação;

• Para cada trabalhador deve ser feito teste de selagem e vedação;


• Ao utilizar o respirador, o trabalhador deve estar barbeado, para
melhor vedação;
• O trabalhador deve estar com as mãos limpas no momento de colo-
car e retirar o respirador;
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• Após usar o respirador limpá-lo e em seguida guardá-lo em saco


plástico limpo e em local seco.

32
4.3 - Conheça as luvas
As luvas protegem as mãos, que é
a parte do corpo humano com maior
risco de exposição. As mais recomen-
dadas são de borracha nitrílica ou
neoprene, materiais que podem ser
utilizados com qualquer tipo de formu-
lação.

4.4 - Conheça a viseira


A viseira é usada para proteger os
olhos e o rosto das gotas ou névoas
de pulverização. Deve ser de aceta-
to com maior transparência possível
para não distorcer a imagem, forrada
com esponja na testa para impedir o
contato com o rosto do trabalhador
para evitar o embaçamento e permitir
o uso simultâneo do respirador, quan-
do necessário.

Precaução:

1 - Casos em que o respirador não possibilite o uso da viseira, essa


poderá ser substituída por óculos de proteção.
2 - Em algumas situações em que não houver vapores orgânicos ou
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partículas em suspensão no ar ambiente, o uso da viseira e do boné


árabe ou capuz, poderá dispensar o uso do respirador.

33
4.5 - Conheça o boné árabe
Protege o couro cabeludo, orelhas
e o pescoço contra respingos da pul-
verização e do sol. Deve ser de tecido
de algodão tratado para tornar-se hi-
drorepelente. Alguns fabricantes de EPI
incorporaram o boné árabe ao jaleco
em forma de capuz (touca).

4.6 - Conheça o jaleco e a calça


jaleco
O jaleco e a calça protegem o corpo
do trabalhador de névoas e respingos
dos agrotóxicos, entretanto, em casos
de exposições acentuadas (vazamen-
tos) ou jatos dirigidos, não protegem.
Devem ser em tecido de algodão trata-
do para tornar-se hidrorepelente.
A calça deve receber reforço adi-
cional nas pernas com material im-
permeável (perneira), para aumentar
a proteção. Deve ser vestida sobre a
roupa comum (bermuda e camisa de
algodão) para maior conforto e per-
mitir a retirada em locais abertos. Os
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calça
cordões da calça e do jaleco devem estar bem ajustados e
guardados para dentro da roupa.

34
4.7 - Conheça as botas
As botas devem ser impermeáveis, de
preferência de PVC, brancas e usadas
com meia de algodão. A barra da calça
deve ficar fora do cano, para a calda não
escorrer para os pés.

5 - Conheça a sequência de vestir e retirar os EPIs


Para evitar a contaminação das peças do EPI e a exposição do traba-
lhador, deve-se seguir uma sequência lógica para vestir e retirá-las.

5.1 - Conheça a sequência de vestir cada peça dos


EPIs
1º Calça
2º Jaleco
3º Botas
4º Avental
5º Respirador
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6º Viseira
7º Boné árabe
8º Luvas
35
Precaução:

1 - As pernas da calça têm que ser vestidas por fora do cano da bota;
2 - As mangas do jaleco têm que ser vestidas por fora do cano da
luva para aplicações abaixo do tronco do aplicador, em casos de
equipamentos com aplicação individualizada (costal, bengala, esta-
cionários, etc.);
3 - No caso de aplicações em culturas de porte alto, acima do
tronco, as mangas do jaleco têm que ser vestidas por dentro dos
canos das luvas.

5.2 - Conheça a sequência de retirar cada peça dos


EPIs
1º Lavar as luvas com água e sabão neutro
2º Boné árabe
3º Viseira facial
4º Avental
5º Jaleco
6º Botas
7º Calça
8º Luvas
9º Respirador
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36
Precaução:

Após a retirada de todas as peças do EPI o trabalhador deve lavar


as mãos e o rosto.

6 - Utilize o termo de compromisso de uso


dos EPIs
Conforme as situações de trabalho e de uso dos agrotóxicos, o traba-
lhador ao receber os EPIs deve assinar um termo de compromisso de uso
correto, e, este permanecerá arquivado para efeitos comprobatórios.

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37
VII Conhecer os cuidados para a
aplicação dos agrotóxicos
O bom resultado do controle de pragas, doenças e plantas daninhas
é muito dependente da aplicação correta de agrotóxicos. Uma aplicação
não correta, além de gastar mais agrotóxico do que o necessário poderá
contaminar os trabalhadores e o meio ambiente.

Precaução:

1 - O empregador rural deve proporcionar capacitação sobre, pre-


venção de acidentes com agrotóxicos a todos ao trabalhadores
expostos diretamente a contaminação durante o armazenamento,
transporte, preparação da calda, aplicação, descarte e descontami-
nação de equipamentos e EPI.
2 - Conforme a legislação, a aplicação de agrotóxicos e seu manu-
seio é proibido para pessoas com idade inferior a 18 anos, idade
superior a 60 anos e por gestante.

1.1 - Conheça os cuidados antes da aplicação dos


agrotóxicos

1.2 - Verifique as condições climáticas no dia da


aplicação do agrotóxico
• Temperatura deve ser menor que 30˚C (30 graus Celsius).
• Umidade relativa do ar deve ser de no mínimo de 55%.
• Trabalhe nas horas mais frescas do dia, de preferência no amanhe-
cer e ao entardecer.
• Não trabalhe em dias chuvosos.
• Observe a velocidade do ar próximo à altura do bico para evitar a deriva,
ou seja, o deslocamento da calda para fora do alvo desejado. (Quadro nº 6)

Quadro 6 - Velocidade do ar próximo à altura do bico para evitar


a deriva

Velocidade Descrição Sinais visíveis Pulverização


aproximada do ar à
altura do bico
Menos que 2 km/h Calmo Fumaça sobe Pulverização não
verticalmente recomendável

2,0 a 3,2 km/h Quase calmo Fumaça inclinada Pulverização não


recomendável

3,2 a 6,5 km/h Brisa leve Folhas oscilam – sente Ideal para a
o vento na face pulverização
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39
6,5 a 9,6 km/h Vento leve Folhas e ramos Evitar pulverização
finos em constante de herbicidas
movimento

9,6 a 14,5 km/h Vento moderado Movimento de galhos, Impróprio para


poeira e pedaços de pulverização
papel são levantados

Fonte: Hamilton Ramos - IAC

1.3 - Verifique o estado do equipamento de


aplicação (pulverizador)
• Providencie o EPI indicado para o tipo de aplicação.
• Verifique as partes que compõem o equipamento de aplicação.
• Selecione o bico de acordo com a formulação e indicação do produto,
garantindo uma pulverização eficiente.
• Observe constantemente o equipamento para identificar se há va-
zamentos.

Precaução:

1 - A conservação, manutenção, limpeza e utilização dos equipa-


mentos só poderão ser realizadas por pessoas treinadas e com EPI
apropriado à operação.
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2 - A limpeza dos equipamentos será executada de forma a não con-


taminar poços, rios, córregos e quaisquer coleções de água.

40
1.4 - Selecione a água a ser utilizada
A água deve ser limpa e de boa qualidade química para a preparação
da calda de pulverização.

1 - Conheça os cuidados durante a aplicação


dos agrotóxicos
• Não aplique próximo a rios, lagos, nascentes, represas e áreas re-
sidenciais.
• Não desentupa bicos com a boca.
• Não fuma, beba e coma durante o manuseio e a aplicação.
• Não permita animais e pessoas não autorizadas e desprotegidas na
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área durante e após a aplicação.


• Não manipule agrotóxicos com ferimentos expostos ou se estiver
com problemas de saúde.
41
• Mantenha a velocidade de passadas e a pressão (bombeamento)
constante.
• Mantenha o bico a 30 cm do alvo.
• Procure trabalhar na mesma direção do vento.
• Faça a aplicação com resultado de acordo com a ação do produto.
• Controle a deriva.
Deriva é o deslocamento da calda para fora do alvo desejado. Pode
ocorrer pela ação do vento, escorrimentos ou vaporização do diluente e
do produto. É uma das principais causas de contaminação do aplicador, do
ambiente e de resultados insatisfatórios nas aplicações.
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• Calcule o volume de calda para evitar sobras no final de uma jornada


de trabalho.
42
• O volume de calda que sobrar no tanque do pulverizador deve ser
diluído com água de 8 a 10 vezes e aplicado nas bordaduras da área tra-
tada ou nos carreadores (casos de herbicidas e dessecantes).

Alerta ecológico:

Nunca jogue sobras ou restos de produtos em rios, lagos ou demais


coleções d’água.

Atenção:

Se o produto que estiver sendo aplicado for um herbicida o repasse


em áreas tratadas poderá causar fitotoxicidade e deve ser evitado.

2 - Conheça os cuidados após a aplicação dos


agrotóxicos
2.1 - Conheça os períodos de segurança
Os períodos de segurança (período de reentrada na lavoura e período
de carência) são necessários para evitar a contaminação do trabalhador
e do produto a ser colhido.

2.1.1 - Identifique o período de reentrada na lavoura


Coleção | SENAR

O período de reentrada é definido como o número de dias após a


aplicação do agrotóxico em que é vedada a entrada de pessoas na área
tratada, sem o uso de EPI adequado. Esta informação consta na bula ou
rótulo do produto.
43
2.1.2 - Controle o período de carência ou intervalo de
segurança
O período de carência ou intervalo de segurança é o número de dias
que deve ser respeitado entre a última aplicação e a colheita. Este prazo
é importante para garantir que o alimento colhido não contenha resíduo
acima do limite máximo permitido.

2.2 - Conheça os procedimentos para lavar os EPI


• Os EPI devem ser lavados separadamente das roupas da família.
• A pessoa responsável pela lavagem dos EPI deve estar protegida
com calça, jaleco, óculos de proteção ou viseira, máscara, avental, botas
e luvas de cano longo.
• A lavagem dos EPI deve ser feita cuidadosamente e enxaguadas com
bastante água corrente.
• Os EPI não devem ser esfregados, não devem ficar de molho e nem
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receber alvejantes, pois estes podem tirar a hidrorrepelência.


• Botas, viseira, luvas e avental devem ser enxaguados com bastante
água corrente.
44
• Os EPI devem
ser secos à sombra.

2.3 - Conheça os
procedimentos para
guardar os EPI
• Guarde os EPI separadamen-
te das roupas da família para evitar
contaminação.
• O respirador descartável e os
filtros do respirador de baixa ma-
nutenção devem ser guardados em
sacos plásticos.

2.4 - Conheça as obrigações do trabalhador e do


produtor (patrão) relativas à manutenção dos EPI
• É obrigação do trabalhador informar ao produtor (patrão) à necessi-
dade de manutenção ou troca dos EPI.
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• É obrigação do produtor (patrão) fazer a manutenção ou repor os


EPI danificados.

45
2.5 - Conheça os procedimentos de revisão e
descarte dos EPI
• Faça revisão periódica e substitua os EPI estragados.
• Faça o controle do tempo de uso do EPI e respeite a validade.
• Faça a lavagem dos EPI estragados ou com validade vencida e inuti-
lize-os antes de levá-los à unidade de recebimento.

2.6 - Conheça os procedimentos em relação ao


trabalhador
• É obrigatório, ao final da aplicação do agrotóxico, que o trabalhador
tome banho completo com bastante água e sabão.
• Em seguida o trabalhador deve vestir roupas limpas.
• Mantenha sempre a barba, unhas e cabelos cortados.
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46
VIII Conhecer os tipos das
embalagens dos agrotóxicos
Basicamente as embalagens de agrotóxicos são de dois tipos: não-
laváveis e laváveis.

1 - Conheça as embalagens não-laváveis


As embalagens não-laváveis são as rígidas que não utilizam água
como veículo de pulverização, as flexíveis e as secundárias.
• Embalagens rígidas não-laváveis (embalagens rígidas que não uti-
lizam água como veículo de pulverização), exemplo: embalagens de pro-
dutos para tratamento de sementes.
• Embalagens flexíveis são aque-
las que entram em contato direto com
o produto e não podem ser lavadas.
São normalmente feitas de material
flexível, como: sacos ou saquinhos
plásticos, sacos de papel, sacos plásti-
cos metalizados ou mistos.

• Embalagens secundárias são


as embalagens que não entram em
contato direto com os produtos agro-
tóxicos, exemplo: caixas secundárias
de papelão usadas para transportar
outras embalagens.

2 - Conheça as embalagens laváveis


As embalagens laváveis são as rígidas que acondicionam formulações
líquidas de agrotóxicos para serem diluídas em água (plásticas, metálicas
e de vidro).
Coleção | SENAR

48
IX Conhecer o preparo e a guarda
das embalagens para a devolução
Imediatamente após o uso, as embalagens devem ser preparadas para
a devolução de acordo com o seu tipo.

Atenção:

As embalagens não devolvidas ou não preparadas adequadamen-


te para devolução poderão gerar multa para o agricultor, além de
enquadrá-lo na Lei nº 9605/98 de Crimes Ambientais.

1 - Conheça o preparo das embalagens não-


laváveis para a devolução
• EMBALAGENS RÍGIDAS NÃO-LAVÁVEIS
As embalagens rígidas não-laváveis devem ser tampadas e acondicio-
nadas de preferência, na própria caixa de embarque e não devem ser per-
furadas.
As tampas, quando não rosqueadas nas embalagens rígidas não-la-
váveis devem ser colocadas dentro de uma embalagem de resgate (saco
plástico padronizado) fechada e identificada.
A embalagem de resgate deve ser adquirida no revendedor.
• EMBALAGENS FLEXÍVEIS
As embalagens flexíveis devem ser esvaziadas completamente na oca-
sião do uso e guardadas dentro de uma embalagem de resgate (saco
plásticos padronizados) fechada e identificada.
A embalagem de resgate deve ser adquirida no revendedor.
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50
• EMBALAGENS SECUNDÁRIAS
As embalagens secundárias podem ser utilizadas
para acondicionar as embalagens rígidas e devem
ser armazenadas separadamente das embalagens
contaminadas.

2 - Conheça o preparo das embalagens


laváveis para a devolução
As embalagens laváveis (embalagens rígidas que acondicionam for-
mulações líquidas de agrotóxicos para serem diluídas em água) plásticas
ou metálicas, depois de esvaziadas no tanque do pulverizador, devem
ser lavadas, isto é, submetidas à tríplice lavagem ou a lavagem sobre
pressão e devolvidas na unidade de recebimento indicada na nota fiscal
de compra do produto.
A destinação final correta (devolução) das embalagens laváveis rígidas
vazias de agrotóxicos contribui para a preservação da saúde humana
Coleção | SENAR

e do meio ambiente e possibilita a economia de produto. Além disso, se


lavadas adequadamente no momento de aplicação do produto, as emba-
lagens vazias podem ser recicladas, isto é, transformadas em artefatos

51
como: caixa de bateria automotiva; caixa de passagem para fios e cabos
elétricos; embalagem para óleo lubrificante e tubo para esgoto, etc.

Atenção:

As embalagens devem ser lavadas no momento da preparação da


calda para que a água da lavagem seja despejada no próprio pul-
verizador.

Alerta ecológico:

O não aproveitamento dos resíduos da lavagem das embalagens im-


plica na possibilidade desses contaminarem o meio ambiente.

2.1 - Realize a tríplice lavagem


A tríplice lavagem é realizada da seguinte forma:

2.1.1 - Esvazie completamente o conteúdo da embalagem


no tanque do pulverizador

2.1.2 - Adicione água limpa à embalagem até 1/4 do seu


volume

2.1.3 - Tampe bem a embalagem e agite-a por 30


segundos
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2.1.4 - Despeje a água de lavagem no tanque do


pulverizador
52
As operações descritas nos itens 2.1.2, 2.1.3 e 2.1.4 deverão ser
realizadas 3 vezes.

2.1.5 - Inutilize a embalagem plástica ou metálica,


perfurando o fundo

2.2 - Realize a lavagem sob-pressão


A lavagem sob-pressão é realizada somente em pulverizadores com
acessórios adaptados pra esta finalidade e ocorre da seguinte forma:

2.2.1 - Esvazie totalmente o conteúdo da embalagem no


tanque do pulverizador

2.2.2 - Encaixe a embalagem vazia no local apropriado do


dispositivo lavador instalado no pulverizador

2.2.3 - Acione o mecanismo para liberar o jato de água


limpa

2.2.4 - Direcione o jato de água para todas as paredes


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internas da embalagem com movimentação circular, por 30


segundos

53
2.2.5 - Transfira a água de lavagem para o interior do
tanque do pulverizador por dispositivo próprio para essa
função

2.2.6 - Inutilize a embalagem plástica ou metálica


perfurando o fundo

3 - Saiba como guardar as embalagens vazias


até a devolução
Após o preparo, as embalagens vazias não laváveis e laváveis devem
ser armazenadas em local coberto e trancado, ao abrigo de chuva e com
boa ventilação. Este local pode ser o próprio depósito das embalagens
cheias. Neste caso, as embalagens vazias devem ficar separadas das
cheias.

Atenção:

As embalagens vazias podem permanecer armazenadas tempora-


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riamente na propriedade até que seja reunida quantidade suficiente


para serem levadas à unidade de recebimento.

54
4 - Saiba quando e onde devolver as
embalagens vazias
O produtor tem o prazo de até 1 ano (contado após a compra dos pro-
dutos) para devolver todas as embalagens vazias junto com as tampas e
rótulos na unidade de recebimento credenciada pelo Instituto Nacional de
Embalagens Vazias (inpEV), indicada na nota fiscal de compra do produto.

No caso de ocorrer sobra de produto na embalagem, ela poderá ser


devolvida até 6 meses após o vencimento.
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O comprovante de entrega das embalagens deve ser guardado por um


ano para fins de fiscalização.
55
X Conhecer os tipos e sintomas
de intoxicação e as vias de
contaminação

1 - Conheça os tipos de intoxicação


O contato do agrotóxico com qualquer parte do organismo do traba-
lhador (exposição) pode causar intoxicação que se manifesta por meio de
sinais e sintomas.
A absorção do agrotóxico pelo corpo humano depende da via pela qual
ele penetra no organismo.
A absorção por via dérmica (por meio da pele) é a mais importante.
A absorção por via respiratória (pelo nariz e boca – pulmões) é conse-
quência da aspiração de partículas, gases ou vapores.
A contaminação por via oral (pela boca) é menos frequente e só ocorre
por acidente ou descuido.
A ação tóxica causada pelo agrotóxico absorvido pelo organismo do
trabalhador se manifesta quando o nível da substância atinge certos li-
mites e permanece, enquanto esse nível não for reduzido. Isso permite
identificar dois tipos de intoxicação.

1.1 - Identifique a intoxicação aguda


Esse tipo de intoxicação é caracterizado como de surgimento rápido
após uma excessiva exposição, por curto período, a produtos altamente
tóxicos. Podem ser de forma branda, moderada ou grave, dependendo da
quantidade do agrotóxico contaminante.

1.2 - Identifique a intoxicação crônica


Esse tipo de intoxicação é caracterizado como de surgimento tardio,
após períodos longos (semanas, meses ou anos) de exposição pequena
ou moderada a agrotóxicos ou a múltiplas formulações ou misturas de
produtos, acarretando danos irreversíveis.

Precaução:

O trabalhador que apresentar sintomas de intoxicação deve ser ime-


diatamente afastado das atividades e transportado para atendimen-
to médico, acompanhado das informações contidas nos rótulos e
bulas dos agrotóxicos aos quais tenha sido exposto e contactar o
0800 de Emergência Médica do fabricante do produto, para orientar
o atendimento médico local.

2 - Conheça as vias de contaminação e os


respectivos sintomas da intoxicação por
agrotóxicos
A exposição a níveis tóxicos de agrotóxicos resulta numa variedade
de sintomas que dependem do produto usado, da dose absorvida e das
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condições de saúde do trabalhador conforme descrito no Quadro 7.

57
Quadro 7 - Via de contaminação por agrotóxico e respectivos
sintomas

Via de contaminação Sintomas


Contaminação por contato com a pele (via - Irritação (pele seca e rachada);
dérmica) - Mudança de coloração da pele (áreas
amareladas ou avermelhadas);
- Descamação (pele escamosa ou com aspecto
de sarna).
Contaminação por inalação (via respiratória) - Ardor na garganta e pulmões;
- Tosse;
- Rouquidão;
- Congestionamento das vias respiratórias.
Contaminação por ingestão (via oral) - Irritação da boca e garganta;
- Dor no peito;
- Náuseas;
- Diarreia;
- Transpiração anormal;
- Dor de cabeça;
- Fraqueza e cãimbra.
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58
XI Conhecer os procedimentos
básicos de primeiros socorros
Em geral, os casos de contaminação por agrotóxicos são resultados
de erros cometidos durante as etapas de transporte, armazenamento,
manuseio, aplicação, descontaminações de equipamentos, embalagens e
EPI e são causados pela falta de informações ou descuido do trabalhador.
Por causa da distância das lavouras de hospitais e médicos, poderão
ocorrer demoras no atendimento do trabalhador com sintomas de into-
xicação. Assim, medidas de primeiros socorros representam o esforço
imediato de auxiliar o trabalhador enquanto não se chega ao médico.
Isso poderá ser feito por pessoas com conhecimentos básicos de primei-
ras medidas de socorro em situações de emergência.

Atenção:

1 - Toda embalagem de agro-


tóxico possui informações de
primeiros socorros no rótulo e
na bula.
2 - Os fabricantes de agrotó-
xicos disponibilizam na bula,
os telefones de atendimento
de emergência 24h, para
orientar os usuários.
1 - Conheça os procedimentos para casos de
intoxicação
Retire o trabalhador com sintomas de intoxicação do local ou retire a
fonte de contaminação de perto dele.

Preste atendimento ao trabalhador de acordo com as instruções de


primeiros socorros descritas no rótulo ou na bula do produto.
Dê banho com água corrente e vista roupas limpas no trabalhador,
levando-o imediatamente para o serviço de saúde mais próximo. Não se
esqueça de mostrar a bula ou rótulo do produto ao médico ou enfermeira.
Ligue para o telefone de emergência do fabricante, assim que chegar
ao serviço de saúde e informe os seguintes dados: nome e idade do traba-
lhador, o nome do médico ou da enfermeira e o telefone do serviço de saú-
de, para que o fabricante passe mais informações sobre a toxicologia do
produto para o profissional de saúde que estiver fazendo o atendimento.
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60
Precaução:

Todo trabalhador
com suspeita de in-
toxicação deve rece-
ber atendimento mé-
dico imediato. Nunca
espere os sintomas
se intensificarem.

2 - Conheça os procedimentos de
descontaminação da pele
2.1 - Retire imediatamente as roupas contaminadas
Verifique as recomendações de primeiros socorros no rótulo ou na bula
do produto e, se não houver contra indicação, lave com água e sabão as
partes do corpo contaminadas.

2.2 - Seque com um pano limpo

2.3 - Vista roupas limpas

Precaução:
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Se uma grande superfície do corpo foi contaminada, o banho com-


pleto é o mais indicado, lavando bem o couro cabeludo, atrás das
orelhas, axilas, unhas e região genital.

61
3 - Conheça os procedimentos de
desintoxicação dos olhos
3.1 - Lave os olhos
em caso de contato
com o agrotóxico
cuidadosamente com
bastante água corrente
e limpa, conforme
instruções constantes
no rótulo ou bula do
produto

3.2 - Encaminhe o trabalhador ao médico levando o


rótulo ou bula do produto

4 - Conheça os procedimentos de
descontaminação da via respiratória
Antes de entrar em local fechado onde possa ter contaminantes (agro-
tóxicos) no ar ambiente, providencie a ventilação do local (abertura de
portas e janelas).
Ocorrendo intoxicação por inalação, leve a vítima para local fresco e
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ventilado e afrouxe as roupas para facilitar a passagem do ar. Caso as


roupas estejam contaminadas, retire-as.

62
5 - Conheça os procedimentos de
descontaminação em casos de ingestão
Em casos de ingestão procurar o atendimento médico imediato.
Os antídotos e tratamentos somente devem ser ministrados por profis-
sionais qualificados.

Precaução:

Para provocar o vômito ou não, consultar a bula do agrotóxico usado


na aplicação.

6 - Conheça os procedimentos para


atendimento em casos graves de intoxicação
Os cuidados a serem tomados com o trabalhador gravemente intoxica-
do até que ele receba assistência médica são:
• Pessoa desacordada: o trabalhador deve ser colocado deitado de
lado, com a cabeça ligeiramente levantada e mantendo as vias respirató-
rias desobstruídas;
• Pessoa com convulsão: cuidar para que o trabalhador não bata a
cabeça;
• Pessoa com febre: umedecer com pano úmido o corpo do trabalha-
dor para abrandar o efeito da febre.
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63
Referências
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de armazenamento
de produtos fitossanitários. São Paulo: Linea Creativa, 2005. 26 p.
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de segurança e
saúde do aplicador de produtos fitossanitários. São Paulo: Linea Creativa,
2006. 26 p.
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de tecnologia de aplica-
ção de produtos fitossanitários. São Paulo: Linea Creativa, 2005. 50 p.
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de transporte de
produtos fitossanitários. São Paulo: Linea Creativa, 2005. 46 p.
Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil). Manual de uso correto e
seguro de produtos fitossanitários/ agrotóxicos. São Paulo: Linea Creativa,
2005. 26 p.
Instituto Nacional de Processamento de Embalagens vazias (Brasil). Saiba como
lavar e devolver suas embalagens vazias de agrotóxicos. São Paulo, 2011.
Disponível em http://www.inpev.org.br/. Acesso em: 13 jun. 2011.
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Paraná). Trabalhador na aplicação
de agrotóxicos: pulverizador costal manual. Curitiba, 2005. 98 p. ( coleção
Senar Paraná, 190).
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Rio de Janeiro). Norma regulamen-
tadora de segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicul-
tura, exploração florestal e aquicultura: NR 31. Rio de Janeiro, 2005. 36 p.
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (São Paulo). Trabalhador na apli-
cação de agrotóxicos: aplicação de agrotóxicos com pulverizador costal
manual. São Paulo, 2010. 29 p.
Coleção | SENAR

ZAMBOLIM, Laércio (Ed.); CONCEIÇÃO, Marçal Zuppi da (Ed.); SANTIAGO, Thaís


( Ed.) O que engenheiros agrônomos devem saber para orientar o uso de
produtos fitossanitários. 2. ed. Viçosa: UFV, 2003. 376 p.
64
www.senar.org.br
Acesse também o portal de educação à distância do SENAR:
http://ead.senar.org.br/

SGAN Quadra 601, Módulo K


Ed. Antônio Ernesto de Salvo - 1º andar
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